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na prática Estilo

JOVENS ADMINISTRADORES CRIMES VIRTUAIS


Recém-saídos das universidades, Desenvolvimento do País
eles ocupam, cada vez mais, contribui para proliferação Março/2012 Ano 35 - nº 309
os postos mais altos de ataques de hackers

Gestão
verde
Preocupação com
meio ambiente
e valores
sociais reforça o
engajamento do
administrador
nas questões de
sustentabilidade
Carta ao Leitor

Amiga da
sociedade
Nos últimos anos, a sustentabilidade tem sido um nização. Como o termo diz, inovar é fazer algo
dos assuntos recorrentes das pautas dos debates como não era feito antes. Assim, mediante a soma
empresariais. E não é para menos. Ao contrário de do conhecimento dos colaboradores e de outros
alguns modismos que permeiam o mundo corpo- atores que compõem a organização, também é
rativo, a preocupação demonstrada por algumas possível formar um conjunto de ideias inovadoras
organizações com o meio ambiente e com os va- para um desenvolvimento eficiente e sustentável.
lores sociais, baseada na ética e na transparência, Outro ponto a ser destacado são os índices, como
revela que elas estão dispostas a serem, cada vez o ISE, da Bolsa de Mercadorias e Futuros e Bolsa
mais, parte integrante da sociedade. de Valores de São Paulo (BM&FBovespa), que va-
Atualmente, porém, diante de milhões de vo- lorizam a sustentabilidade das empresas.
zes que conclamam pela colocação em prática de Pela sua formação multidisciplinar e por ser
ações e atividades que garantem um crescimento um agente de mudanças, o administrador pode
econômico com equilíbrio ambiental e justiça contribuir muito para essa transformação. Graças
social, adotar uma postura meramente demagó- à sua visão sempre focada em resultados, tem a
gica, quando se fala em sustentabilidade é, no seu favor o uso da liderança para que os modelos
mínimo, atestar a irresponsabilidade. Em outras definidos expandam os horizontes da empresa. E
palavras, não adianta mais se mostrar politica- de que forma? Uma delas é conscientizar os cola-
mente correta. É preciso que as ações, aos olhos boradores para serem os multiplicadores dessas
da sociedade, comprovem essa mentalidade. ações, e também para que saibam que mesmo
O que pode servir de obstáculo para algumas colocando em prática as ações sustentáveis da
empresas é o fato de que aderir às políticas de melhor forma, sempre é possível fazer melhor.
sustentabilidade exige uma nova forma de admi- Boa leitura!
nistrar, já que terão como “cúmplices” a sociedade.
É preciso, nesse sentido, investir na mudança e
entender que tão importante quanto produzir os
melhores retornos para os investidores é colo-
car toda a sua expertise para atender às causas
sociais –necessidades e anseios– dos cenários
em que se encontram instalados. Afinal, hoje o
mercado pede isso. Os consumidores estão cada
vez mais criteriosos e, não raros, valorizam as
instituições que, além de se preocuparem com a
qualidade, produzem legados que não interferem Adm. Walter Sigollo
Zanone Fraissat

no desenvolvimento das futuras gerações. Presidente do Conselho


A bem da verdade, a procura por fórmulas que Regional de Administração
garantem a sustentabilidade deveria fazer parte de São Paulo - CRA-SP
dos programas de inovação de qualquer orga-

3
facebook.com/ twitter.com/
oficial.crasp cra_sp

Sumário
Editor
Conselho Regional de Administração de São Paulo
Seccionais CRA-SP
Para servir de apoio aos profissionais no interior e servir
3. Carta ao Leitor
como extensão da própria entidade, o CRA-SP está presente,
Presidente por meio de seccionais, em oito regiões do Estado:
Administrador Walter Sigollo
Diretores Seccional de Bauru
Coord. Regional: Adm. Elcio Eidi Itida
6. Panorama
Adm. José Alfredo Machado de Assis
Vice-presidente Administrativo Av. Nações Unidas, quadra 17-17 – sala 109
Vila Santo Antônio – 17013-905 – Bauru – SP
Sangue novo Eventos promovidos
pelo CRA-SP e informações
Adm. Milton Luiz Milioni
Vice-presidente de Relações Externas
Tel.: (14) 3223-1857 – Fax: (14) 3223-6497
seccional.bauru@crasp.gov.br
no comando de interesse do administrador
Adm. Alberto Emmanuel de Carvalho Whitaker Atendimento : 8h30 às 12h e das 13 às 17h30 em Na Prática
Vice-presidente de Planejamento
Adm. Hamilton Luiz Corrêa
Vice-presidente para Assuntos Acadêmicos
Associação dos Administradores de Campinas
Presidente: Adm. João Batista Pereira Júnior
Rua Barão de Paranapanema, 146 – cj. 44-A
13. MIT Sloan
Adm. Teresinha Covas Lisboa Bosque – 13026-010 – Campinas – SP Estratégia global
1º Secretário Tel.: (19) 3251-9660 – Fax: (19) 3251-9688 Por que uma ação
www.aarc.org.br – aarc@aarc.org.br
Adm. Roberta de Carvalho Cardoso Atendimento : 8h30 às 17h integrada nem sempre
2º Secretário
Associação dos Bacharéis em Economia,
é ideal para todas as empresas
Adm. Antonio Geraldo Wolff
1º Tesoureiro Ciências Contábeis, e Administração de Jundiaí
Presidente: Adm. Eric Jacques Lucien Winandy

16. Na Prática
Adm. Homero Luís Santos Av. Dr. Sebastião Mendes Silva, 901
2º Tesoureiro
Conselheiros
Anhangabaú – 13208-090 – Jundiaí – SP
Tel.: (11) 4521-4867 – Fax: (11) 4586-7299 Perigo
Novos líderes
Alexandre Uriel Ortega Duarte, Álvaro Augusto
Araújo Mello, Arlindo Vicente Junior, Carlos Antônio Monteiro,
www.crajundiai.com.br – secretaria@abeca.com.br
Atendimento : 9h às 17h invisível Com uma nova forma de
Edgar Kanemoto, Luiz Carlos Vendramini, Marcio Gonçalves
Moreira e Nelson Reinaldo Pratti Seccional de Ribeirão Preto em Estilo administrar, os jovens chegam
Coord. Regional: Adm. Marcelo Torres ao topo das organizações
Conselho Editorial para RAP 20011/2012 Delegado: Adm. Marcos Silveira Aguiar
Coordenador: José Alfredo Machado de Assis. Alberto Av. Braz Oláia Acosta, 727 – cj 109
Emmanuel C. Whitaker, Hamilton Luiz Corrêa, Luiz Carlos Jardim Califórnia – 14026-040 – Ribeirão Preto – SP
Vendramini, Marcio Gonçalves Moreira, Milton Luiz Milioni,
Roberta de Carvalho Cardoso, Teresinha Covas Lisboa
e Maria Cecilia Stroka.
Tel.: (16) 3621-1061 – Fax: (16) 3621-3827
seccional.ribeiraopreto@crasp.gov.br
Atendimento : 8h30 às 17h30
20. Capa
Sustentabilidade
Produção
Conselho Regional de Administração de São Paulo
Seccional de Santos Além dos acionistas,
(Baixada Santista e Vale do Ribeira)
Departamento de Desenvolvimento Institucional Coord. Regional: Adm. Renata Farias Pizarro Busch as empresas estão descobrindo
Av. Ana Costa, 296, sala 14 que também precisam gerar
Coordenação Editorial e Gráfica Campo Grande – 11060-000 – Santos – SP
Entrelinhas Comunicação Ltda. Tel.: (13) 3221-9357 – Fax: (13) 3221-9360 valor para a sociedade
seccional.baixadasantista@crasp.gov.br
Editor-responsável Atendimento : 8h30 às 17h30
Luiz Gallo (MTb 14.576)
Publicidade
Publicidade Nominal Representações
Associação dos Administradores
de São José do Rio Preto 26. Perfil
Impressão Presidente: Adm. José Carlos Simões Adm. Karina Bertocco Trindade
Plural Editora e Gráfica Ltda. Rua Luiz Antônio da Silveira, 89
Boa Vista – 15025-020 – São José do Rio Preto – SP Trabalhar no setor público é ter a
Tiragem Tel.: (17) 3234-1676 possibilidade de fazer a diferença
50.000 exemplares www.siarp.org.br – siarp@ig.com.br
Atendimento : 8h30 às 17h30 na qualidade de vida das pessoas
A RAP é uma publicação mensal do Conselho Regional de
Administração de São Paulo (CRA-SP), sob a responsabilidade Seccional de São José dos Campos
de seu Conselho Editorial. As reportagens não refletem
30. Estilo
(Vale do Paraíba e Litoral Norte)
necessariamente a opinião do CRA-SP. Coord. Regional: Adm. Dejair Dutra de Souza
Rua Euclides Miragaia, 700 – sala 25
Rua Estados Unidos, 889 Centro – 12245-820 – São José dos Campos – SP Crimes virtuais
Jardim América – 01427-001 – SP Tel.: (12) 3923-9954 – Fax: (12) 3913-4326
Tel.: (11) 3087-3200
atendimento@crasp.gov.br seccional.valedoparaiba@crasp.gov.br Proteção inadequada

Sustentabilidade:
www.crasp.gov.br
Atendimento : 8h30 às 12h e das 13h às 17h30 contribui para que informações
Seccional de Sorocaba das empresas sejam roubadas
Coord. Regional: Adm. Aida Rodrigues
Rua Antônio Carlos Comitre, 510 – sala 86
a razão social
Parque Campolim – 18047-620 – Sorocaba – SP
Tel: (15) 3233-8565 – Fax: (15) 3233-6059
seccional.sorocaba@crasp.gov.br
das empresas 34. Opinião
Atendimento: 8h30 às 12h e das 13h às 17h30 em Capa Adm. João M. Jodas
Panorama
por Luiz Gallo | fotos Marcelo Marques

Trabalho a
nários). Nas grandes organizações
(acima de 500 funcionários), 59%
ainda não adotaram a modalidade.

distância, uma
Chama a atenção o fato de que
apenas 21% das empresas assu-
mem o custo total do trabalho
virtual, como instalações, mobi-

realidade
liário e telefonia. O mais comum
← Especialistas
debateram a Lei
(49,3%) é dividir os recursos com
12.551/2011, que os teletrabalhadores.
alterou o artigo 6º
da CLT. O evento Um dos destaques é a preo-
contou ainda com cupação com o meio ambiente.
a apresentação
Para a maioria das empresas
Modalidade passou a ser reconhecida do estudo "O
Trabalho Flexível nas
Empresas Brasileiras",
(77%), existe a consciência de
pela CLT, mas especialistas dizem coordenado pelo
administrador e
que a modalidade contribui para
a redução da poluição; 46% acre-
que legislação é genérica conselheiro do
CRA-SP Álvaro Mello ditam ser uma forma de trabalho
sustentável. “As relações de tra-
balho caminham para modelos
que valorizam a sustentabili-
A Lei 12.551/2011 que alte- intercomunicação, por si só, não Roberto Baumgartner, diretor de de acordo com a CLT. “Caso haja Estudo inédito dade do planeta e a satisfação
rou o artigo 6º da Consolidação caracteriza o regime de sobre- Relações Institucionais da Eden- extrapolações, devem ser pagas O fórum foi aberto com a apre- do funcionário”, enfatizou Dulce,
das Leis do Trabalho (CLT) gera aviso, uma vez que o empregado red Brasil; Wolnei Tadeu Ferreira, como horas extras”, esclareceu. sentação da pesquisa “O Trabalho para quem o tema deverá ga-
polêmica e divide opiniões. Mas nem sempre permanece em sua diretor jurídico da Associação Ele admitiu ser ainda muito Flexível nas Empresas Brasilei- nhar mais projeção com a
não é por ter conferido ao tra- residência aguardando uma con- Brasileira de Recursos Humanos cedo para saber como a Justiça ras”. Realizada em outubro do ano alteração do artigo 6º da CLT.
balho a distância (teletrabalho) vocação para o serviço. (ABRH-Nacional); e Inês Restier, do Trabalho irá se comportar passado pelo Centro de Estudos
o mesmo status do realizado no Esse foi o motivo que levou diretora da MICR – Consultoria diante dessa mudança. “Porém, de Teletrabalho e Alternativas de Desmistificação
estabelecimento do empregador, o Grupo de Excelência Conver- e Treinamento Empresarial. enquanto não se criar uma ju- Trabalho Flexível (Cetel) da Busi- Para Mello, é preciso desmistificar
e sim por mencionar que o uso gência Tecnológica e Mobili- “A lei virtualizou a subordi- risprudência, a exemplo do que ness School São Paulo (BSP), sob o trabalho virtual. “A maioria das
de meios telemáticos entre em- dade Corporativa do CRA-SP a nação, antes caracterizada pela ocorreu com o aviso prévio a coordenação do administrador organizações internacionais já
presas e funcionários equivale, promover um fórum com pales- presença do funcionário diante proporcional, poderá haver um Álvaro Mello, o objetivo do es- estabeleceu sedes virtuais no mo-
para fins jurídicos, às ordens trantes conhecedores do tema, do empregador. Essa prática aumento brutal das demandas tudo –inédito no País– foi levan- delo 24 horas x 7 dias da semana
dadas diretamente aos empre- que falaram sobre as principais não é mais necessária, pode ser jurídicas”, disse, ao lembrar tar visões, práticas atuais e planos x 365 dias por ano, acessível em
gados. Por não fazer nenhuma mudanças para os empregados feita por e-mail, o que facilita que ainda existem vários pon- de adoção de diferentes e novas qualquer parte do planeta. O obje-
regulação do sobreaviso, período e empresas e as oportunidades sua comprovação. Em tese, po- tos sem respostas, como o caso formas de trabalho pelas empre- tivo é substituir a presença física
em que o trabalhador, mesmo em para o trabalhador a distância. derá haver um grande número do funcionário que recebe uma sas, especificamente o trabalho dos empregados nos mesmos lo-
descanso, fica à disposição da Participaram do evento o ad- de reclamações trabalhistas”, mensagem importante fora do remoto. Foram consideradas as cais pela participação numa rede
empresa para alguma emergên- ministrador Álvaro Mello, conse- enfatizou Pastore. “A lei é muito seu horário normal de traba- respostas de 151 profissionais de comunicação eletrônica, por
cia, há entendimentos como o de lheiro do CRA-SP e presidente da genérica, não observa as espe- lho. “Será obrigado –ou não– de 236 empresas contatadas. meio do uso de recursos e progra-
que o simples fato dele portar um Sociedade Brasileira de Teletra- cificidades das empresas, o que a responder”, questiona. De acordo com o estudo, que mas que favoreçam a cooperação.
celular corporativo, mesmo que balho e Teleatividades (Sobratt); gera insegurança jurídica. Mui- Para evitar problemas, aconse- foi apresentado por Dulce Perdi- E isso pressupõe que o ambiente
não o utilize após o expediente, José Eduardo Pastore, membro tos pontos poderiam ser abor- lha as empresas a implantar me- gão, sócia da consultoria Test of de trabalho não depende mais
já é motivo para requerer o paga- do Conselho Superior de Assun- dados na Convenção Coletiva didas que estabeleçam políticas The Future e outra coordenadora do tempo nem do espaço, mas
mento de horas extras. tos Jurídicos e Legislativos da Fe- do Trabalho”, ressaltou. claras de uso dos equipamentos da pesquisa, metade das empre- da harmonia das pessoas com
Para especialistas, esse enten- deração das Indústrias do Estado Na visão de Apostólico, a nova de intercomunicação. “Hoje a lei sas (49,7%) adotou alguma mo- a tecnologia”, destacou.
dimento contraria a Súmula 428 de São Paulo (Fiesp); Magnus lei não traz alterações importantes ampliou a territorialidade, mu- dalidade de trabalho flexível nos A pesquisa completa pode ser
do Tribunal Superior do Traba- Ribas Aposlólico, diretor de Re- em relação às já determinadas pe- dando o tempo e a distância. A 12 meses anteriores ao estudo. A conferida em http://www.crasp.
lho (TST), de maio de 2011, que lações do Trabalho da Federação las jurisprudências. Para ele, a jor- negociação poderá ser o cami- prática é mais comum (62%) entre gov.br/crasp/centro/interna_
prevê que o uso de aparelho de Brasileira de Bancos (Febraban); nada de trabalho está preservada nho”, complementou Ferreira. empresas menores (20 a 49 funcio- centro.aspx?secao_id=247

6 7
Panorama
por Maria Cecilia Stroka

Experiência
essa função, ambos não ficam tecnólogos e a importância que culo mínimo. Hoje são regidas
alheios à questão da qualificação ganharam. Ninguém discorda que pelas diretrizes curriculares
profissional. Atuamos junto ao o mercado está cada vez mais exi- que vêm a ser a possibilidade

ímpar
Ministério da Educação, o que é gente. Hoje, um diploma de gra- das faculdades se adaptarem à
muito importante para contribuir duação é comum. Espera-se mais necessidade local e temporal.
com a avaliação e melhor quali- do profissional, ou seja, que ele Consequentemente, estão mais
ficação dos cursos superiores de possua uma pós-graduação, mes- voltadas para o mercado e cada
Administração. Há uma preocu- trado, doutorado. Enfim, quanto vez mais têm cumprido o seu
pação permanente com a forma- melhor a qualificação, maiores as papel, uma vez que têm for-
Atual presidente do Sindicato dos Administradores no Estado de São ção profissional. Os Conselhos chances nas organizações. mado excelente profissionais.
Paulo – Saesp-SP, o administrador Roberto Carvalho Cardoso acumula e Sindicatos também oferecem
uma experiência ímpar à frente do CRA-SP, além de ter se destacado no treinamentos específicos, através RAP: Como professor, o se-
Conselho Federal de Administração. Nesta entrevista, ele fala do reco- de cursos e palestras sob medida nhor acredita que as faculdades "Hoje, um diploma de
nhecimento e da aceitação das entidades de classe nos últimos anos e para a área, pois conhecem as de Administração têm prepa-
do crescimento exponencial da profissão de administrador. necessidades do mercado e dos rado os estudantes para a reali-
graduação é comum.
profissionais. É importante salien- dade do mercado atual? Espera-se mais do
tar que, atualmente no mundo, a Adm. Roberto Carvalho Car-
profissional, ou seja,

Divulgação
RAP: Desde que iniciou seu abrem-se contribuindo para a tendência é de cursos serem ofe- doso: Sim. Hoje as faculdades
trabalho em entidades, quais as evolução, atualização e para que recidos em menor tempo, conse- estão mais voltadas para o mer- que ele possua uma
principais mudanças desse perí- a profissão adapte-se às novas quentemente com menor custo e cado e têm formado excelentes
odo para os dias atuais? realidades do mercado de tra- mais focados na área de atuação. profissionais. No passado, es-
pós-graduação,
Adm. Roberto Carvalho Car- balho, inclusive aqueles campos Prova disso são os cursos para tavam engessadas pelo currí- mestrado, doutorado"
doso: O reconhecimento e a acei- de atuação já previstos em lei na
tação das entidades de classe são, época de sua regulamentação.
sem dúvida, uma das grandes O Conselho é um órgão que de-
mudanças. Quando surgiram os fende a sociedade quanto à atu- turbulências e sobreviverem com
Conselhos, a ideia que se tinha era ação dos administradores. Vale recursos escassos, e, no segundo,
de serem mais uma repartição pú- ressaltar que o modelo brasileiro para tirar o máximo proveito pos-
blica somando-se às demais. Hoje de Conselho Profissional é único sível para as organizações.
em dias todos sabem qual é o seu no mundo, pois são os próprios O administrador é, portanto, fun-
papel e sua importância. profissionais que viabilizam a damental em diversos e diferentes
fiscalização da sua profissão com momentos, níveis e setores da so-
RAP: Em relação ao adminis- seus próprios recursos. ciedade. A administração é uma
trador, ele já está consciente da profissão que abarca toda a gama
importância de seu registro? RAP: O senhor acha que o de aptidões de um jovem, tanto para
Adm. Roberto Carvalho Car- cenário atual da economia bra- o lado humano como quantitativo.
doso: Na verdade, a nossa pro- sileira pode destacar a impor- Isso é possível por oferecer uma
fissão tem uma característica tância do administrador nas série de possibilidades a partir de
muito peculiar: não é tão bem empresas públicas e privadas? distintas qualificações que prepa-
definida como outras. O registro Adm. Roberto Carvalho Car- ram os estudantes para atuarem em
é obrigatório, porém, não temos doso: O administrador está sinergia com o mercado de trabalho.
–similarmente aos advogados, presente em diversas áreas. A pro-
engenheiros ou contadores, para fissão tem apresentado um cresci- RAP: De que forma o Sindicato
citar alguns exemplos– uma fá- mento exponencial. Além disso, o ou o Conselho podem contribuir
cil identificação. Por outro lado, trabalho do administrador é ne- para a qualificação profissional?
essa característica possibilita um cessário tanto em momentos de Adm. Roberto Carvalho Car-
aspecto muito positivo. Por ser crise como no de economia aque- doso: Devemos considerar um
mais geral, não há uma limitação cida. No primeiro, é fundamental aspecto importante: apesar de os
e todo o tempo novos campos para as empresas passarem pelas Conselhos e Sindicatos não terem

8
Panorama
por Loraine Calza

Social
Sartori e Sigollo
(no centro da foto): Cursos: Atualização
profissional a distância Projeto
encontro abriu

Daniela Smania\TJSP
portas para a parceria

Criança
GP Gestão Pública
Voltado ao segmento de órgãos e instituições de Administração Pública
Aids (PCA)
Editor de apresentações gráficas (Aulas 1, 2, 3, 4 e 5/5) É uma ONG sem fins lucrativos
Gerenciamento estratégico de projetos (Aulas 1, 2, 3, 4 e 5/5) que apoia famílias carentes res-
Habilidade de comunicação escrita (Aulas 1 e 2/2)
ponsáveis por crianças portadoras

CRA-SP e TJSP firmam


Lições de macroeconomia para finanças pessoais
do vírus HIV, de zero a 12 anos.
Técnicas de concentração e relaxamento (Aulas 1, 2 e 3/3)
NR10 – Segurança em instalações e serviços
com eletricidade (Aulas 7, 8, 9 e 10/14)
Fundada em 1991, luta para
promover a inclusão social e

parceria em benefício Os cursos são transmitidos, por meio de uma TV Corporativa, na


sede do Conselho, de segunda à sexta-feira, das 10h às 19h. Inscri-
_MIT-SLOAN_309
ções pelo e-mail eventos.participe@crasp.gov.br ou pelo telefone
manter a dignidade das crianças
e de seus familiares. É mantida
por voluntários e receitas do ba-

da sociedade
(11) 3087.3200 – Departamento de Relações Externas. As reservas zar permanente da instituição e
devem ser feitas com antecedência. A programação completa está eventos beneficentes.
em www.cursos.crasp.gov.br
Contatos:
E-mail: pca@pca.org.br
Telefone: (11) 2275.9516/2569
O CRA-SP vai desenvolver pro- nado como interlocutor oficial da palmente porque a aptidão polí- Mais informações: www.pca.org.br
jetos de treinamento e capacita- parceria, e a assessora de Comu- tico-administrativa, normalmente,
ção dos servidores do quadro do nicação e Marketing do CRA-SP, é própria dos doutos nessa seara".
Tribunal de Justiça do Estado São Maria Cecilia Stroka. Na cerimônia de posse, por exem-
Paulo (TJSP), órgão composto "O objetivo da visita foi pro- plo, Sartori disse que é preciso
atualmente por 360 desembar- mover uma aproximação entre colocar a casa em ordem, refa-
gadores, mais de 2 mil juízes e as duas instituições para que o zendo instalações, valorizando
quase 50 mil funcionários, e que CRA-SP pudesse colaborar em a gente que move o Judiciário,
acumula mais de 18 milhões de ações imediatas nas questões li- palmilhando o caminho da igual-
processos. A parceria, estabele- gadas à administração do TJSP, dade e da transparência. "Sem o
cida como resultado da visita rea- tais como gestão de orçamento Judiciário, as leis são meros textos
lizada pelo presidente do CRA-SP, e desenvolvimento de pessoas, e abstratos, sem utilidade", afirmou.
administrador Walter Sigollo, ao na realização de palestras e semi- Outras prioridades da ges-
presidente do TJSP Ivan Sartori, nários. Como fruto do encontro, tão de Sartori são a aprovação
no dia 2 de fevereiro deste ano, estabelecemos uma parceria de- da PEC (Proposta de Emenda à
reitera o compromisso do Conse- sinteressada e em benefício da Constituição) que destina 6% da
lho com a disseminação da ges- sociedade", resumiu Sigollo, que arrecadação do Estado ao Poder
tão eficiente tanto nas empresas colocou ainda o Conselho, inclu- Judiciário (hoje são 4,04%) e a
públicas quanto privadas. sive suas instalações, à disposição criação de 2.100 cargos de as-
Além dos presidentes dos ór- do Tribunal para o treinamento e sistentes jurídicos para auxiliar
gãos, participaram da visita o a capacitação de servidores. juízes de primeiro grau. Para o
desembargador Grava Brasil, o Eleito presidente do TJSP em presidente, dois aspectos são ne-
diretor assessor da Presidência dezembro de 2011, Sartori to- cessários e fundamentais em re-
do TJSP, Kauy Carlos Lopérgolo mou posse como presidente em lação aos servidores: o financeiro
de Aguiar, o administrador Rogé- 6 de fevereiro deste ano. Desde –já que o Estado acaba por perder
rio Góes, coordenador do Grupo o início da sua gestão, ele estabe- os bons funcionários– e a repo-
de Excelência em Administração leceu como uma das prioridades sição de servidores, porque eles
Legal do CRA-SP e que foi desig- a administração do TJSP, "princi- são a alavanca do Judiciário

10
Panorama
por Luiz Gallo | fotos Marcelo Marques

Leve hipnose
Pensamentos, sentimentos e até desejos
inconscientes levam as pessoas às compras
ninos para cativar suas consumido-
ras. “A baunilha induz o cérebro da
mulher a comprar mais."
Segundo Sandra, diante de diver-
sos estímulos, os filtros do cérebro
absorvem apenas 1% das informa-
ções, daí a importância do uso de
cores. Vermelho, por exemplo, esti-
mula o consumo de alimentos; ama-
← Em palestra relo dá a ideia de transparência;
no CRA-SP, a
administradora
branco, luminosidade; verde, pon-
Sandra Regina deração e consenso. “A cor chega
Inácio explicou
como o a aumentar o reconhecimento de
neuromarketing uma marca em até 80%”, salientou.
desperta a atenção
do consumidor. A apresentação de Sandra foi
repleta de exemplos como o uso
correto de cores e imagens em
Cerca de 85% das compras não pelas áreas de marketing. Assim, anúncios e como eles despertam
são feitas de forma consciente, rebatizado de neuromarketing, a atenção do cérebro, transmi-
mas por indução. E por que isso tem como função o estudo da es- tindo confiança e credibilidade.
acontece? A resposta foi dada pela sência do comportamento do con- Um dos casos mais famosos de
administradora e Ph.D em Psicolo- sumidor e visa a atender desejos, neuromarketing, segundo a admi-
gia Clínica Sandra Regina da Luz impulsos e motivações por meio nistradora, foi registrado em 1975.
Inácio, coordenadora do Grupo de das reações neurológicas a deter- Um “teste cego” revelou que mais de
Excelência em Empresas Familia- minados estímulos externos. 75% dos consumidores americanos
res, em palestra no CRA-SP. “Muitas vezes uma mulher entra preferiam a Pepsi, embora a Coca-
“Embora não perceba, o consu- numa loja só para comprar um par Cola fosse a líder de vendas. Entre-
midor, ao entrar em contato com de sapatos, mas leva também uma tanto, ao contrário do que poderia
diversas cores, sons e aromas, fica bolsa que nunca irá usar. Isso acon- se supor, a experiência não foi su-
sob uma hipnose leve. Quando isso tece porque nosso cérebro é indu- ficiente para fazer com que as ven-
acontece, tudo o que vier ele aceita. É zido. Ele não é capaz de distinguir das da Coca-Cola despencassem.
o insconsciente que nos rege. São os a verdade da mentira e leva-nos a Para os cientistas, o que contribuiu
pensamentos, sentimentos e dese- comprar por recompensa e puni- para a manutenção da liderança se
jos inconscientes que impulsionam ção. É por isso que os mais jovens deveu ao que o cérebro levou em
as decisões de compra em todos sempre querem trocar equipamen- conta: história, logomarca, cor, de-
os dias de nossas vidas”, afirmou. tos como celulares e computado- sign, aroma e, principalmente, lem-
O estudo desse comportamento, res”, afirmou, ao revelar que o leve branças da infância. “É por meio
que recebe o nome de neurobran- aroma de baunilha é o segredo das emoções que o cérebro codifica
ding, é amplamente explorado usado pelas lojas de artigos femi- o que tem valor”, enfatizou.

12
Você tem uma
estratégia global?
Por Chris Carr1 e David Collis2

Uma estratégia integrada globalmente não é o ideal avaliar as implicações estratégicas dessas mudan-
para toda empresa. Um fator importante a considerar ças de ambiente, tentamos enquadrar e descrever
é a participação de mercado combinada das maiores quatro cenários competitivos, de acordo com o nível
empresas em seu setor –e como isso está mudando. do CR4 (Concentration Ratio) global, e se ele foi su-
Ao analisar estratégias apropriadas para a eco- bindo ou caindo. Cada cenário oferece uma oportu-
nomia global de hoje, altos executivos irão ouvir nidade diferente para lucro e diferentes implicações
conselhos contraditórios. Alguns dizem que você na forma como as empresas podem competir.
precisa se mover rapidamente, antes que os con-
correntes, para estabelecer uma presença mundial; Um caso para a globalização
outros citam dados que mostram que essa aborda- Economistas como Frederic M. Scherer e Ross David
gem é muitas vezes menos rentável. descobriram que, no momento em que os quatro
Aqueles que defendem uma abordagem global, in- maiores personagens em uma indústria doméstica
cluindo Thomas L. Friedman em seu livro “O Mundo atingem uma participação de mercado combinada
é Plano”, argumentam que o sucesso exige tratar o próxima dos 40%, têm reconhecida sua interdepen-
mundo como uma única entidade. Aqueles que ad- dência. As tentativas de uma empresa para aumentar
vogam uma forma mais geograficamente restrita de a participação de mercado estimulariam respostas
estratégia dizem que o mundo é, na melhor das hipó- de rivais, incentivando conluio oligopolista.
teses, semi-integrado, e que as empresas inteligentes Da mesma forma, quando a concentração da in-
podem capitalizar sobre as diferenças regionais e dústria de escopo global atinge o ponto de 40%, os
nacionais. A realidade é que nenhuma abordagem principais competidores precisam reconhecer sua in-
é apropriada para qualquer circunstância. Portanto, terdependência e adotar uma estratégia global. Mesmo
os executivos precisam entender quando prosseguir quando o nível de concentração é menor, mas os CR4
em um caminho e quando perseguir o outro. estão aumentando suas participações e começando a
Em nossa opinião, os critérios precisam ser pen- se aproximar do limiar de 40%, os gestores podem es-
sados para a dinâmica da indústria em particular, tar diante de um caso convincente para a globalização.
especificamente os níveis de concentração dos Quando os primeiros aviões romperam a barreira
quatro maiores concorrentes (o que chamamos do som, os pilotos de teste tiveram dificuldade em
de taxa de concentração global, ou CR4). Nossa controlar suas aeronaves (na verdade, vários caíram)
análise de 50 indústrias revela índices extrema- até que os engenheiros perceberam que os princí-
mente elevados de concentração global –média pios de controle próximo ao ultrapassar a barreira do
de 50%, que é 1,5% superior a oito anos atrás. som são diferentes daqueles abaixo dela. Vemos um
O pequeno aumento por si só não significa que a fenômeno análogo ocorrendo com o entendimento
indústria está se tornando mais global. Na verdade, das empresas quanto à concentração da indústria.
ele esconde diferenças dramáticas de indústria para Tradicionalmente, os economistas tratam a con-
indústria. Algumas, como a de aço e cimento, viram centração global decrescente como um sinal de
um enorme aumento na concentração; outras, como fragmentação internacional e da concorrência que
a de automóveis, realmente viram declínios. Para não é verdadeiramente global. No entanto, uma vez

13
que as indústrias se aproximam do limite crítico de ▪ Guerras mundiais. Indústrias onde a concentra- de capital intensivo, como o setor aeroespacial, nais por meio de aquisições. Em poucos anos, a
40%, o declínio também pode significar que os ope- ção é superior a 40%, mas onde o nível de concentra- de vidro, eletrodomésticos e pneus. No exem- consolidação global remodelou a indústria. A SAB
radores globais históricos estão sendo desafiados ção está diminuindo, têm uma dinâmica diferente, que plo de empresas de aparelhos eletrodomésticos, adquiriu a Miller, Heineken e Carlsberg dividindo
por novos concorrentes e que as guerras globais chamamos “guerras globais”. Nessas configurações, como Whirlpool e Electrolux, a escala nacional é a S&N; AmBev, do Brasil, se fundiu com a Inter-
competitivas estão a pleno vapor. líderes mundiais históricos estão cedendo espaço de alavancada antes de expandir a sua atuação geo- brew da Bélgica, em seguida, à Anheuser-Busch.
No contexto da economia global, os níveis de mercado para novos, e agressivos, concorrentes. gráfica para novas economias de escala. A Haier, Cada jogador substancial nacional no Reino Unido,
concentração tendem a diminuir quando países ▪ Terrenos regional e nacional. Indústrias onde a por sua vez, mais recentemente ampliou seu foco França e Estados Unidos desapareceu.
que tinham ficado de fora do mercado interna- concentração é inferior a 40%, e onde a concentração em produtos menores e de menor preço, junta- No geral, a primeira abordagem ainda tende a
cional tornam-se os principais mercados. Em- é baixa ou em declínio (como é comum no setor de mente com suas vantagens de custo de trabalho preservar a hegemonia de jogadores altamente
presas locais muitas vezes bem-sucedidas no serviços), tendem a ser organizados regional ou nacio- e escala, proporcionada pelo grande mercado da inovadores dos Estados Unidos, da Europa e do
desenvolvimento de fortes posições em mercados nalmente como oposição ao modelo estratégico global. China. Com isso, alcançou rápido crescimento Japão/Coreia, mas observe como novos competi-
de origem passam então a usar essas posições ▪ Deslocamento de terreno. Indústrias onde as para se tornar a nº 4 em aparelhos, após a com- dores, de países emergentes, estão cada vez mais
para ganhar espaço no mercado global. mudanças estão em movimento e a concentração, pra da divisão da Sanyo eletrodomésticos. se sobressaindo na segunda e terceira abordagens
Por exemplo, o Haier Group, fabricante chinês mesmo que ainda modesta, pode crescer rapida- A terceira abordagem é a consolidação global ao explorar qualquer complacência dos operadores
de eletrônicos e de bens consumo, aproveitou mente (por exemplo, aço) podem ser descritas como com fusões e aquisições ambiciosas. A indústria da históricos tradicionalmente poderosos.
as vantagens dos custos internos e modelo de deslocamento de terrenos. Nesses setores, as empre- cerveja é um bom exemplo. Até a década de 1990, Continua na próxima edição →
negócios, desenvolvidos para atender às neces- sas devem prestar muita atenção para a mudança a cerveja foi em grande parte do mundo governada
sidades de mercado na China, em uma partici- de estratégia local para uma estratégia global. por empresas domésticas: Bass no Reino Unido e Copyright ©Massachusetts Institute of Technology, 2011. Todos os direitos reservados

pação de mercado cada vez maior em outros Anheuser-Busch nos Estados Unidos eram extre-
lugares. Esses ganhos não são prenúncio do fim Uma vez que a natureza da competição difere de mamente rentáveis. Em seguida, alguns jogadores,
da globalização, mas, sim, eles sugerem que os indústria para indústria, as recomendações de es- como a Scottish & Newcastle (S&N), na Europa, 1
professor de estratégia corporativa da Universidade de Edin-
operadores históricos devem desenvolver es- tratégias variam. No entanto, os gestores devem ter e South African Breweries (SAB), na África, co- burgo, na Escócia
tratégias globais para enfrentar as ameaças de cuidado ao descartar outros cenários que não o seu meçaram a construir posições de mercado regio- 2
professor adjunto de estratégia da Harvard Business School
competidores globais emergentes. como irrelevantes. Padrões de evolução são dinâmi-
A indústria automobilística mundial oferece um cas; terrenos muitas vezes passam por mudanças sig-
exemplo útil. Esse mercado tornou-se um pouco nificativas na medida em que a globalização avança.
menos concentrado nas duas últimas décadas.
No entanto, cabe ressaltar o atual nível de con- Oligopólios globais
corrência na Ásia, à medida que concorrentes O terreno dos oligopólios globais é um ambiente
como a Kia e a Hyundai, da Coreia do Sul, fize- relativamente tolerante para as empresas nesta fase
ram incursões de mercado na Europa e América da evolução da indústria. Na verdade, dadas às mar-
do Norte a ponto de criar uma indústria cada gens de lucro generosas, poderia mesmo revelar-
vez mais dinâmica. Na verdade, o confortável se hospitaleiro para fracos atores internacionais.
oligopólio mundial que proporcionou um guarda- Existem três principais maneiras de se tornar um
chuva protetor para jogadores mais fracos participante nesta estrutura da indústria, cada uma
internacionais deu lugar a uma guerra global. delas exige integração internacional.
A primeira maneira de se tornar um grande jo-
Lendo os dados gador é por meio da inovação no desenvolvimento
Níveis de concentração global e as mudanças nes- de novos setores da indústria. Por exemplo, em
ses níveis podem ajudar as empresas a identificar tecnologias digitais, Microsoft, Google e Facebook
as estratégias mais eficazes. Com base em nossa foram capazes de estabelecer rapidamente posi-
análise de dados do setor, foram definidos quatro ções dominantes. Cada uma pegou uma quota do
contextos e prováveis caminhos evolutivos: enorme lucro por meio da visão de que o vencedor
▪ Oligopólios globais. Indústrias com níveis de leva tudo, embora monopólios sejam inexistentes e
concentração globais acima de 40% e níveis de con- vantagens baseadas na inovação sejam difíceis de
centração ascendentes criam “oligopólios globais”. sustentar ao longo do tempo.
Em tais ambientes industriais, o poder do oligopólio Já a segunda maneira é a alavancagem de es-
é alto e crescente, à medida que seus participantes cala e de especialização, como muitas vezes é de-
tentam alavancar suas vantagens de escala. monstrado pelos líderes históricos em empresas

14
Na Prática
por Bruna Fasano

O
autor inglês Francis Ba- Famintos por retornos de suas Em nome da paz
con escreveu em 1909 atividades, se adaptam facilmente Como as relações humanas são
o ensaio “Virtude dos às diversas gerações. “A mistura sempre complicadas, é nor-
Jovens e dos Velhos”. de gerações forma um ambiente mal que a mistura de gerações
Nele, debate longamente as muito rico, com várias linhas de provoque conflitos dentro das
virtudes de ser jovem, a visão pensamentos e modos diferentes empresas. “É relativamente
de mundo e a capacidade infi- de agir sobre o mesmo problema. comum acontecer brigas pelo
nita que tem de mudanças. Fala Se bem aproveitado, esse am- poder, e isso ocorre tanto de
também dos velhos, com sua sa- biente se torna fértil para novas forma explícita quanto velada”,
bedoria imensa e os erros que ideias, para superar desafios e ob- aponta o administrador Murilo
cometem pela farta experiência ter o melhor de cada profissional Lemos, consultor de Projetos
e pelo poder de acúmulo da vida. de acordo com seu perfil”, analisa da Fundação Getulio Vargas e
Mais de cem anos após, as consi- o administrador Alessandro Fi- coordenador do Comitê Jovens
derações de Bacon sobre as dife- nardi, 38 anos, pós-graduado em Administradores do CRA-SP.
renças de idade parecem atuais e marketing. Sua tese de mestrado A melhor forma de lidar com
se enquadram perfeitamente nas não poderia ser mais propícia: esse desconforto é a conversa. “O
disputas veladas –ou não– no am- “Relacionamento entre Gerações departamento de Recursos Hu-
biente de trabalho e permeiam no Ambiente de Trabalho”. manos tem que buscar a sinergia
os conflitos de gerações. entre as pessoas e não agir passi-
A bem da verdade é que pouca vamente”, enfatiza Lemos. “Uma
idade no registro de nascimento “A mistura de grande empresa não pode ser fo-
não significa necessariamente ser cada apenas no desenvolvimento
jovem demais para ocupar cargos
gerações forma um da marca e do produto, mas tam-
elevados, inclusive o da presidên- ambiente muito rico, bém nas pessoas. A distribuição
cia da empresa. O cenário tem da força de trabalho em todos os
mostrado que é crescente o nú-
com várias linhas de níveis gera equilíbrio e faz com
mero de recém-saídos das univer- pensamentos e modos que a competência seja vista in-
sidades, com o aprendizado ainda dependentemente da idade e da
em fase de consolidação, ocupando
diferentes de agir” experiência”, complementa.
a cadeira mais alta da hierarquia. Administrador Alessandro Finardi, E quem viveu uma relação de
Nascidos a partir de 1978, os no- pós-graduado em marketing conflito jamais se esquece. O ad-
vos líderes pertencem à chamada ministrador Daniel Kobata, de
“Geração Y”. São independentes, 33 anos, também integrante do
“nasceram” conectados à internet, Finardi chama a atenção para Comitê Jovens Administradores
não suportam burocracia, lidam em a importância da utilização do do CRA-SP, já passou por três ex-
pé de igualdade com qualquer ní- conhecimento de integrantes de periências como líder. Em uma

Sangue novo
vel hierárquico, conseguem desen- outras gerações que estão come- delas, gerenciou indiretamente
volver diversas tarefas ao mesmo çando a se aposentar. “O ideal é 400 pessoas. “Precisávamos im-
tempo e não se apegam às organi- que transmitissem essa bagagem plementar uma nova tecnologia
zações por lealdade, mas pela opor- para a atual. A troca é fundamen- para que a administração de

no comando
tunidade de serem reconhecidos. tal para que os valores e a marca Recursos Humanos e a folha de
Bem diferente das gerações da empresa não se percam, e pagamentos fossem feitas com
mais antigas que trabalhavam para que não haja uma mudança mais agilidade e pudessem ser
em busca da estabilidade no radical, mas que se renove por acompanhadas via internet. A
emprego e, com isso, acumular meio da visão de mundo que os primeira reação dos mais anti-
riquezas, ou estavam interessa- jovens trazem”, aconselha. “Acre- gos foi de desconfiança e insegu-
Quem são, como pensam das em alcançar a independência dito que todo profissional deveria rança. Ficaram em dúvida sobre

e agem os líderes jovens


financeira e o equilíbrio entre ter um mentor, um coaching de a necessidade da mudança, de
a vida pessoal e a profissional. outra geração”, diz Finardi. como passariam a administrar

16 17
Na Prática

← Para o bando’ o ambiente empresarial.


administrador Murilo
Refiro-me ao incômodo que surge
Choque Lemos, coordenador
do Comitê Jovens quando a empresa questiona o
de gerações Administradores
do CRA-SP (foto
velho paradigma ‘investimentos
à esquerda), a versus retorno’. Ouço de diversas
Baby boomers distribuição da força organizações comentários sobre
de trabalho gera
Nascidos entre 1946 e 1964 equilíbrio e faz com
o comportamento desses jovens,
têm como característica a que a competência que as têm feito considerar na
estabilidade do emprego, apareça. Já para
o acúmulo de riqueza e a Renata Maglioca,
balança da análise corporativa o
busca por identidade da Companhia de quanto é vantajoso contratá-los
Talentos, os jovens e investir neles. Muitos, enalteci-
executivos se
destacam por uma dos pela mídia e pela sociedade,
nova maneira de ingressam no mercado de traba-
realizar atividades
Geração X
lho agindo da forma como atuam
Nascidos entre 1965 e 1978,
na vida pessoal: com pressa, exi-
acompanharam o início de gentes e extremamente focados
novas tecnologias. Trabalham “Uma grande em si mesmo. Isso tudo seria
em busca da independência relativamente administrável se
financeira e do equilíbrio entre empresa não pode estivessem produzindo resul-
vida pessoal e profissional
ser focada apenas tados fantásticos. O problema
é que, em muitas organizações,
no desenvolvimento eles simplesmente não estão.
da marca e do Dessa forma, a empresa e seus
líderes vêm refletindo sobre
Geração Y
Nascidos a partir de 1978,
produto, mas nas o custo desse investimento, o

Marcelo Marques
são independentes, não pessoas também” quanto ele está valendo a pena

Divulgação
se apegam às organiza-
ções. Trabalham em busca Administrador Murilo Lemos, consultor
e se está trazendo o retorno
do reconhecimento de Projetos da Fundação Getulio Vargas esperado”, afirma Elaine.
e coordenador do Comitê Jovens “Não é apenas uma questão
Administradores do CRA-SP. de escolha ter líderes de pouca
idade. Com a economia do Bra-
sil aquecida, postos de trabalho
surgindo o tempo todo, mão de
os recursos de modo interativo e ção a um cargo superior deve tes também deveriam instruir o de comando acontece tranquila- tecnologia, consegue executar obra escassa, há menos gestores
on-line, e questionaram a impor- se apoiar em um tripé, em que jovem que fatalmente chegará à mente, seja qual for o caminho tarefas rapidamente e com qua- preparados. Por isso, o dina-
tância da inovação. O fato é que a tempo de casa, experiência e in- liderança”, afirma Kobata. escolhido. As rotas de estágio são lidade, traz uma nova maneira mismo do jovem e a visão acele-
empresa estava ficando obsoleta dicações formam a sustentação muito úteis e ajudam a conhecer de realizar atividades e possui rada fazem com que rapidamente
sem esse tipo de recurso. Está- que garante o reconhecimento. Pote de ouro diversas áreas da empresa. Nelas, uma capacidade ímpar de trata- eles sejam alçados para cargos
vamos usando uma quantidade Já para a geração atual, a com- O rumo ao posto mais alto não se pode se destacar com projetos mento igualitário, com respeito de chefia, mesmo nem sem-
absurda de papel enquanto as petência é fator independente da dá de forma linear. Há muitas ma- fora do campo de atuação, o que à diversidade”, acredita. pre preparados para assumir
concorrentes faziam todo o pro- experiência. “Ouvi com frequên- neiras de alcançar essa posição proporciona uma visão global da Já Elaine Saad, vice-presidente esses postos”, contrapõe Kobata.
cesso eletronicamente. Foi uma cia que os jovens líderes não sendo obstinado e persistente. As organização”, aponta Renata Ma- da Associação Brasileira de Recur- De qualquer forma, se ainda se
arte de convencimento até que possuem cultura sólida, que ela portas de entrada para começar gliocca, gerente de inovação da sos Humanos (ABRH-Nacional) e questiona a sua liderança, por
todos aceitassem”, recorda. é de almanaque, que são dotados a ser notado na organização pas- Companhia de Talentos. gerente geral da consultoria YSC estar em fase de maturação, o
O que as gerações antigas mais de visão sem aprofundamento e sam por programas de estágio, Para ela, uma das vantagens de Brasil, não enxerga apenas o lado certo é que, independentemente
criticam nos líderes de pouca promovem ações incompletas e cursos de iniciação, como os de ter um jovem em posto de gerên- bom dos “inexperientes” atuando da idade, eles a têm exercido
idade são a falta de experiência cheias de erros porque fazem trainee , e o primeiro emprego. cia é que ele possui as mesmas como líderes. “Há uma tendência com competência. E é isso que
e o tempo em que estão dentro tudo correndo. Pode até ter fun- “Para quem é líder natural, a características do consumidor. de comportamento por parte de fará com que todos lhe rendam
da empresa. Em geral, a promo- damento, mas os mais experien- forma como atinge a posição “Além disso, é conectado em muitos deles que vem ‘pertur- respeito e admiração.

18 19
Capa
por Marcos Palhares

“E
stamos entrando em uma nova economia. E uma participação tímida na Eco 92, hoje
ela é verde, amigável ao meio ambiente. Co- é um dos protagonistas importantes no
loca as empresas a serviço da sociedade, não enfrentamento do problema. Independen-
o contrário. É uma economia responsável, com temente dos governos, tem consciência
processos decisórios baseados na ética e na que deve agir”, afirma Feldman, que lan-
transparência, com baixa emissão de carbono, çou, em 2011, o livro “Sustentabilidade
máxima inclusão social e total transparência. Porque não é mais planetária, onde eu entro nisso?”.
suficiente que a empresa gere valor apenas para os seus acio- “Os administradores também preci-
nistas, mas também para a sociedade como um todo, a partir de sarão aprender a trabalhar mais com
identificação das causas sociais e aplicando sua expertise em- seus stakeholders , para refinar as
presarial para atendê-las. O termo razão social, que é o registro informações sobre sustentabilidade
da empresa, significa exatamente isso. Esse é o seu sentido his- e os riscos atrelados a elas”, ressalta
tórico: contribuir com a sociedade”. Dessa forma, Henrique Lian, Glaucia Terro, coordenadora das ati-
gerente executivo de Relações Institucionais do Instituto Ethos, vidades do Global Reporting Initiative
consegue resumir a necessidade de preocupação cada vez maior (GRI) no Brasil, uma organização não
das empresas brasileiras com as questões de sustentabilidade. governamental internacional cuja mis-
De fato, desde 1992, quando o Rio de Janeiro sediou a Eco- são é desenvolver e disseminar diretri-
92 (ou Cúpula da Terra) que o desenvolvimento sustentável zes para a elaboração de relatórios de
passou a integrar a agenda e direcionar o planejamento de sustentabilidade utilizadas voluntaria-
nossos administradores. Porém, ainda falta muito para que a mente por empresas do mundo todo.
economia “verde” se torne realidade. “Surgiram muitas práticas
exemplares e salutares, mas ainda não foram capazes de mu- Pesquisa e inovação
dar o mercado”, reconhece Lian. Assim, o conjunto de 193 paí- Há 12 anos, a Natura, empresa de cos-
ses da Organização das Nações Unidas (ONU) promoverá, em méticos líder no setor de venda direta no
junho, a conferência Rio+20, novamente no Rio, para reiterar Brasil, decidiu incorporar ativos da biodi-
o compromisso mundial com o desenvolvimento sustentável. versidade brasileira na fabricação de seus
A administradora Andrea Goldschmidt, diretora de Aten- produtos, unindo ciência e conhecimento
dimento da Apoena Sustentável, consultoria de gestão es- tradicional de comunidades agroextra-
pecializada em sustentabilidade, aposta que as propostas tivistas, com geração de oportunidades
inovadoras devem nortear o evento –e o direcionamento de trabalho e renda. “Acreditamos que
futuro das empresas. “Às vezes, pensamos que estamos fa- a busca pelas transformações no atual
zendo tudo certo. Mas não atentamos que pode ser ainda modelo de negócios passa pela mobili-
melhor. Esse fórum vai trazer ideias que podem ser trans- zação da sociedade e de sua capacidade
portadas para as empresas, para assuntos que não estavam para desenvolver novas propostas e so-
na pauta, soluções que antes não se pensava”, avalia. Porém, luções. Nesse sentido, a Natura enxerga
a apresentação de novas propostas não significa que serão o investimento em pesquisa e inovação

Sustentabilidade:
assimiladas com facilidade pelo mercado. Por isso, o que como uma das principais iniciativas capa-
se espera dos administradores é uma nova postura. “Serão zes de mudar a realidade da Amazônia e
necessários ajustes de conduta nas empresas”, diz o admi- tornar a região um grande polo mundial
nistrador Homero Luís dos Santos, conselheiro do CRA-SP. de tecnologia e negócios sustentáveis”,
“Uma nova forma de gerir será necessária, na qual os interes- explica Marcelo Cardoso, vice-presidente

a razão social das empresas ses das várias partes constituintes da sociedade deverão estar
representados na administração empresarial, como fator de mo-
deração dos anseios pela maximização do retorno financeiro dos
de Desenvolvimento Organizacional
e Sustentabilidade da empresa.
Em relação aos compromissos socio-
investidores, hoje dominante”, acrescenta Santos. Esse protago- ambientais, reduziu em 5,3% as emis-
Eventos como o Rio+20 reforçam a preocupação com nismo das empresas na busca por uma sociedade mais justa e sões relativas de gases do efeito estufa.
o meio ambiente, os valores sociais e o impacto desse responsável também é apontado pelo administrador Fabio Fel-
dmann, que atua na área de meio ambiente e desenvolvimento
Desde 2007, acumula a redução de um
quarto dessas emissões (25,4%) e tem a
direcionamento na gestão dos administradores sustentável desde os anos 1970. “O setor empresarial, que teve meta de chegar a 2013 com 33% menos

20 21
Capa

carbono. Também adotou um novo pro- A carteira atual do ISE, que vigora até O conceito ainda é pouco difundido
cesso de seleção e desenvolvimento de dezembro deste ano, reúne 51 ações de no Brasil. “É preciso divulgar que é pos-
fornecedores, que incorpora de maneira 38 companhias. Elas representam 18 sível ser empreendedor competitivo no
objetiva o desempenho socioambiental setores e somam R$ 961 bilhões em va- mercado e, ao mesmo tempo, mais so-
ao critério econômico. “Com essa frente, lor de mercado, o equivalente a 43,72% cial. Há um grande espaço para desen-
pretende reforçar sua presença e o do total do valor das companhias com volvimento de negócios com esse foco.
comprometimento no desenvolvimento ações negociadas na BM&FBovespa. A comunicação tem que melhorar, para
sustentável da região, ao fomentar Empresas como essas seguem a linha atrair mais investidores”, opina Andrea.
oportunidades de negócio por meio do do que Muhammad Yunus, vencedor do Mesmo sem o conhecimento específico
estímulo ao empreendedorismo de base Prêmio Nobel da Paz em 2006, defi-
tecnológica”, detalha Victor Fernan- niu como o Setor 2,5 –aquele formado
des, diretor de Ciência & Tecnologia, por companhias que, apesar de terem “Todas as empresas são agentes
Ideias e Conceitos da Natura. fins lucrativos, são preocupadas com
Outra atuação destacada em Sustenta- projetos na área social e em benefício
sociais e geram impactos positivos
bilidade é a do Grupo CCR, responsável da comunidade onde estão inseridas. e negativos. O mais importante é
por 1.922 quilômetros de rodovias da “O Setor 2,5 parece ser uma tendência
que elas não se alienem de seus

Divulgação
malha concedida nos Estados de São com grande potencial de desenvolvi-
Paulo, Rio de Janeiro e Paraná. Em 2010, mento e de alto valor social, graças a impactos negativos e que tratem de
a empresa iniciou a análise, definição de uma mentalidade mais sensível à com-
prioridades e o planejamento de ações plexidade sistêmica do mundo atual e
gerenciá-los a fim de minimizá-los”
estruturadas, de forma a minimizar os que revela um compromisso implícito Glaucia Terro, coordenadora das atividades
impactos sociais, econômicos e ambien- com a sustentabilidade”, pontua Santos. do Global Reporting Initiative - GRI Brasil
tais de sua atividade e promover um de-
senvolvimento sustentável. “Com o apoio
de colaboradores e da liderança, foram
definidas algumas prioridades dentro do
projeto de Sustentabilidade, que são re- ceito internacional Triple Bottom Line ← “O setor empresarial
tem consciência que deve
dução de acidentes, congestionamentos, (TBL), que avalia, de forma integrada, agir”, diz o administrador
emissão de gases e consumo de água e elementos ambientais, sociais e eco- Fabio Feldman (foto
acima); ao lado, Henrique
energia, além do controle de resíduos nômico-financeiros. Seus princípios Lian, gerente executivo
sólidos”, afirma Francisco Bulhões, res- abrangem ainda a governança cor- de Relações Institucionais
do Instituto Ethos, para
ponsável pela Comunicação, Marketing porativa, as características gerais e a quem a sustentabilidade
e Sustentabilidade do grupo. natureza dos produtos e as mudanças coloca as empresas a
serviço da sociedade; e a
Entre as medidas programadas para climáticas. “Incentivamos um modelo administradora Andrea
Goldschmidt, diretora de
os próximos anos, está a de intensifi- de gestão que inspira a condução dos Atendimento da Apoena
car o uso do chamado asfalto ecológico negócios em harmonia com projetos Sustentável: “podemos
fazer ainda melhor”
–mistura composta de 15% a 20% de de curto e longo prazo, tanto da socie-
borracha oriunda de pneus usados. Atu- dade quanto do planeta”, define Sonia
almente, 15% das rodovias administradas Favaretto, diretora de Sustentabilidade
pela CCR usam a tecnologia, que é cerca da BM&FBovespa. “Nossa expectativa
de 30% mais cara que a tradicional. é que tais iniciativas possam colabo-
rar para a crescente valorização da
Agenda de Sustentabilidade Agenda de Sustentabilidade junto aos
Tanto Natura como CCR integram o Ín- nossos públicos de relacionamento e à
dice de Sustentabilidade Empresarial sociedade como um todo. Nessa pers-

Divulgação
(ISE) da Bolsa de Mercadorias e Futu- pectiva, a inserção desse novo olhar
Divulgação

ros e Bolsa de Valores de São Paulo na administração das empresas é fun-


(BM&FBovespa). Criado em dezembro damental como fio condutor e instru-
de 2005, o ISE tem como base o con- mento de alinhamento”, acrescenta.

22 23
Capa

da empresa teve papel importante pre- Capacidade de gestão


servando o poder de comunicação do pro- Diante desses novos paradigmas e dos de-
duto”, salienta. Mas esse ainda é um ponto safios para alcançá-los, os administradores,
sensível para as empresas: o confronto mais do que nunca, devem focar o desen-
entre a necessidade de poluir menos volvimento sustentável. “A sustentabilidade
e as estratégias da área de marketing. entrou no mundo das empresas, de modo
“Embalagem é um instrumento im- que esses profissionais têm enorme respon-
portante de comunicação, de atitude sabilidade na gestão do tema. Para tanto,
da marca. A redução de seu tamanho e têm de possuir uma nova mentalidade, que
de seu potencial de visualização nunca seja capaz de incorporar os novos temas”,
é bem visto pela área de marketing”, atenta Feldman. “As novas habilidades exigi-
comenta Lian, do Instituto Ethos. “Mas das são várias, desde questões de natureza
se deve pensar que, com mudanças, mais técnica até requisitos de liderança para

Luiz Prado/Divulgação BM&FBOVESPA


pode servir para mostrar respeito ao o engajamento com os stakeholders das
meio ambiente e ao consumidor.” Ou empresas. Reconhecer a dimensão política
seja, em nome do bem maior, as empre- no consumo por meio dos vários proces-
sas devem repensar suas estratégias. “É sos de certificação trará novas exigências
importante atuar com os fundamentos para o administrador”, completa.
da economia verde. Assim, o marke-
Divulgação

ting e a publicidade vão ter elementos


concretos para trabalharem em suas “As novas habilidades exigidas são
campanhas”, sugere Glaucia. Por sua
vez, Santos lembra que agora há uma
várias, desde questões de natureza mais
legislação para regular o destino dos técnica até requisitos de liderança para
resíduos sólidos. “A Política Nacional de
← Marcelo Cardoso, sobre o Setor 2,5 e suas implicações, há rados todos os meses. Preocupação idên- Resíduos Sólidos estabeleceu que essa
o engajamento com os stakeholders
vice-presidente de
Desenvolvimento
um consenso sobre a responsabilidade tica tiveram os 2,6 mil supermercados destinação passou a ser uma responsa- das empresas. Reconhecer a dimensão
dos administradores com a sociedade. filiados à Associação Paulista de Super- bilidade compartilhada”, afirma.
Organizacional e
Sustentabilidade da
“Todas as empresas são agentes sociais mercados (Apas), que pararam de distri- Aprovada em 2010, a nova Política
política no consumo por meio dos vários
Natura: as transformações
no atual modelo de
negócios passam
e geram impactos positivos e negati- buir sacolas plásticas aos consumidores Nacional de Resíduos Sólidos (lei fede- processos de certificação trará novas
vos. O mais importante é que elas não definitivamente. Com isso, estima-se que ral nº 12.305/2010) impôs uma nova
pela mobilização da
sociedade” ao lado, se alienem de seus impactos negati- 453,3 milhões de sacolas a menos deixa- maneira de como lidar com a destina-
exigências para o administrador”
Sonia Favaretto, diretora
de Sustentabilidade vos e que tratem de gerenciá-los a fim rão de poluir o meio ambiente por ano. ção final dos resíduos sólidos. Técni- Administrador Fabio Feldmann, atua na área de meio
da BM&F Bovespa:
“incentivamos a gestão
de minimizá-los”, resume Glaucia. Em substituição, a Apas distribuiu 6 cas como coleta seletiva, reciclagem e ambiente e desenvolvimento sustentável desde os anos 1970.
que inspira negócios em milhões de sacolas reutilizáveis para os logística reversa formam a base dessa
harmonia com projetos da
sociedade e do planeta” Reciclagem e marketing consumidores. “Cada pequena mudança estrutura, que se fortalece no conceito
Essa minimização pode ser notada em me- faz uma grande diferença”, afirmou João de responsabilidade compartilhada,
A Rio + 20 é o nome da Conferência das Nações Unidas
didas recentes de outras empresas no Bra- Galassi, presidente da entidade. Esse tam- modelo de obrigações que reúne to- sobre Desenvolvimento Sustentável, que será realizada
sil. Um exemplo é a Johnson & Johnson, bém é o pensamento de Andrea, que cita dos os elos da cadeia produtiva. “É naquela cidade de 13 a 22 de junho, cujo objetivo é de-
que inaugurou em 2011 uma fábrica de o exemplo da Unilever. A empresa lançou uma das políticas mais avançadas do finir a agenda do desenvolvimento sustentável para as
plásticos própria para reciclar o material uma versão líquida do tradicional sabão mundo, mas que exige maior diálogo próximas décadas. A denominação marca os 20 anos
da realização da Conferência das Nações Unidas sobre
restante de processos fabris de produ- para lavagem de roupas Omo, que, por com a sociedade. Todos são chamados Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92). A confe-
tos como absorventes e reutilizá-lo para ser mais concentrada, já ajudou a econo- a contribuir e têm responsabilidade”, rência terá dois temas principais:
outros fins. Até o fim do ano passado, mizar água e evitou a emissão de 130 elogia Lian. “É uma ferramenta impor-
processou cerca de 500 toneladas de re- mil toneladas de carbono da atmosfera. tante para o chamado ciclo fechado de a. A economia verde no contexto do desenvolvi-
mento sustentável e da erradicação da pobreza
síduos. A fábrica faz parte da Central de “Com isso, reduziu a embalagem e o preço produção. Se a empresa tem obrigação
Reciclagem de Resíduos da Johnson, que do produto. E faz com que o consumidor de dar destino aos seus resíduos, nada b. A estrutura institucional para o desenvolvi- O que é
garante a destinação adequada de cerca aprenda a diluir em casa, pois é mais ba- mais óbvio que eles voltem como in- mento sustentável a Rio+20
de 80% das mil toneladas de resíduos ge- rato e rende mais. A área de marketing sumo para a sua ou para outra fábrica.”

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Perfil
por Luiz Gallo | fotos Marcelo Marques

É preciso
Revista Administrador Profissional: Ser admi-

gostar
nistrador público é exercer um cargo que exige
liderança. Como mobilizar as pessoas para que
isso se torne uma realidade?
Adm. Karla Bertocco Trindade: Acredito que para
ter êxito, mais do que motivação, é preciso ter uma
seleção criteriosa dos profissionais que formarão
sua equipe. Eles devem acreditar que trabalhar no
setor público é fazer a diferença na qualidade de
vida das pessoas. Tem muita gente que se guia ou se
motiva com o salário. É claro que ele é importante,

do que se faz
mas muitas vezes torna-se um problema na admi-
nistração pública. Assim, é preciso gostar muito
do que se faz, e se sentir sempre motivado. Precisa
ver nos projetos uma finalidade, como melhorar a
qualidade das rodovias e as condições de sanea-
mento, tornar tudo mais barato, integrar cada vez
mais pessoas no serviço. Se isso não fizer a pessoa
Para a administradora Karla Bertocco Trindade, feliz, aí provavelmente você terá muita dificuldade
de motivá-la na administração pública.
diretora geral da Artesp, trabalhar no setor público RAP: Como o administrador pode contribuir
é fazer a diferença na qualidade de vida das pessoas para uma política de resultados?
Adm. Karla: Na administração pública e na privada
é importante que o administrador tenha metas claras,
dê condições para que os colaboradores cumpram

“A
lém de uma visão ampla do currículo O começo de sua carreira, no entanto, foi na as metas, controle o que está sob a responsabilidade
de Administração de Empresas, o curso iniciativa privada. Tão logo se formou, atuou da sua instituição. É isso que vai gerar uma política
tinha como atrativos disciplinas que como trainee na Esso, onde foi efetivada e por de resultados. Penso também que uma política de
uniam economia, direito e gestão, en- lá trabalhou durante dois anos. Em 2000 sur- gratificação também contribui bastante para que se-
tre outras. Mas um diferencial foi decisivo na minha giu a oportunidade de ingressar no governo jam alcançados, mas isso nem sempre é simples de
escolha: um administrador público tem a oportuni- de São Paulo para acompanhar todos os con- ser implementado na administração pública, o que
dade –e o dever– de planejar e desenvolver ações vênios assinados com os municípios. Três anos acredito ser um dos pontos que podemos melhorar.
que visam a atender as necessidades e aos direitos depois foi contratada como assessora da pre-
da sociedade.” É dessa forma que a administradora sidência da Sabesp, onde ficou até 2006. No RAP: Em administração pública é possível falar
Karla Bertocco Trindade, diretora geral da Agência ano seguinte, já pós-graduada em Direito Ad- em inovação e criatividade?
Reguladora de Transporte do Estado de São Paulo ministrativo, tornou-se coordenadora estadual Adm. Karla: Sim. Um exemplo é o Sistema Ponto
(Artesp), justifica sua graduação em Administração de Saneamento na Secretaria de Saneamento e a Ponto, projeto inovador capitaneado pela Artesp e
Pública, em 1998, pela Fundação Getulio Vargas. Energia do Estado de São Paulo (Arsesp). Entre que passará a cobrar dos usuários de forma eletrô-
Em cerimônia realizada no CRA-SP, Karla foi home- 2008 e 2010, foi diretora de Relações Institu- nica e por quilômetro. É uma evolução dos contratos
nageada com a distinção Administrador Destaque, cionais da mesma agência. Toda essa experiência de concessão firmados anteriormente. Em 1996, não
honraria concedida a profissionais que se destacam levou-a à Artesp no começo de 2011. era possível ter um sistema 100% eletrônico, pois a
tanto na esfera pública quanto privada. “A posição A homenagem prestada à Karla, mais do que o tecnologia não era tão difundida e o custo não era
que ocupo representa o maior desafio de minha car- reconhecimento de sua capacidade profissional, tão razoável como hoje. Nosso desafio é compati-
reira”, disse ao retratar a alegria de ser reconhecida também representa um agradecimento a todas as bilizar essa evolução técnica e tecnológica com os
pelo trabalho à frente da agência, responsável por mulheres que, com competência, garra e dedica- contratos de concessão em vigor, sem desrespeitá-
regular e fiscalizar todas as modalidades de serviços ção, contribuem para o engrandecimento do País. los, e que isso resulte em redução de custos, mais
públicos de transporte autorizados, permitidos ou Confira os principais trechos da entrevista que eficiência e conforto para os usuários. A ideia desse
concedidos a entidades de direito privado. concedeu à Revista Administrador Profissional: sistema é oferecer uma tarifa que reflita exatamente

26 27
Perfil

a distância percorrida. Ou seja, paga-se pelo que neis, um custo muito elevado para um volume de tranquila da parte do Estado acompanhar a execu- aumenta os trajetos de curta distância. Com con-
se anda na rodovia. A ideia é que com todos pa- veículos não muito significativo. Mas é um projeto ção desses contratos, mas, do outro, tem um custo sequência, amplia-se o número de acidentes e
gando pelo trecho percorrido seja possível reduzir estratégico para o Estado, por ser acesso ao Porto mais elevado, pois, ao admitir todos os riscos, o a velocidade média é reduzida. Realmente, essa
a tarifa média das concessões de rodovias. É uma de São Sebastião. A saída nesse caso é uma PPP. privado cobra um custo maior do que se fosse é uma questão que deve ser melhor trabalhada
alternativa que representa justiça para os usuários.. Entendo, porém, que esse tipo de parceria não compartilhado. No início das concessões era difícil e a Artesp já está estudando uma forma de fa-
é uma panaceia que resolve todos os problemas estimar todos os riscos envolvidos no processo. zer com que esses empreendimentos arquem
RAP: Como se dará o funcionamento desse de infraestrutura do País. Ainda precisa de acom- Passados mais de 10 anos, já é mais fácil identi- com os custos dos impactos que geram.
sistema Ponto a Ponto? panhamento, recursos para o que não é possível ficá-los, em especial o de demanda. Nos últimos
Adm. Karla: Inicialmente, por meio de oito pórticos conceder, além de uma gestão mais apurada e anos, tivemos um boom de pessoas comprando RAP: O que trouxe -e ainda traz- de positivo o pro-
distribuídos ao longo da SP 75 (liga Campinas a So- cuidadosa dos investimentos. Mas acredito nelas. veículos e utilizando as rodovias. Apesar disso, grama de concessões rodoviárias iniciado em 1998?
rocaba), que farão a detecção dos veículos. Antenas Sou otimista e entendo que irão ajudar a melhorar não poderíamos promover uma redução tarifária, Adm. Karla: O principal ganho das concessões
vão ler os tags instalados nos carros e o valor será as condições de infraestrutura. Nessa linha, vale porque faz parte do risco do concessionário, as- rodoviárias em São Paulo foi efetivar obras de
debitado na conta informada pelo usuário. Hoje, o ressaltar que ainda existe uma pendência que é sim como se o número de veículos tivesse dimi- ampliação planejadas para acompanhar o cresci-
motorista desembolsa R$ 10,10 pelos 70,5 quilôme- a questão tributária, que atravanca o processo. nuído. Entendo que, se o Estado tiver um controle mento em médio e longo prazos. Assim, indepen-
tros colocados à sua disposição. Com o novo modelo, Isso faz com que, em algumas situações, saia mais melhor ou condições de traçar uma boa expec- dentemente do momento político e econômico
cairá para R$ 4,00, ou seja, uma redução de 60%. barato para o Estado construir e depois conceder. tativa do risco, poderá vir a compartilhá-lo. Isso que se passa e irá passar, ao longo de 20, 30
reduziria a taxa interna de retorno do negócio e anos, os altos investimentos necessários à se-
RAP: As parcerias-público-privadas são as RAP: O governo paulista acena para um novo consequentemente o valor das tarifas de pedágio. gurança e à fluidez das rodovias paulistas sob
alternativas que o nosso País precisa para modelo de concessão em que os riscos de de- concessão estão garantidos. E nesse sentido o
g arant ir a infraestrutura necessária ao manda são compartilhados. Isso não pode trazer RAP: A construção de grandes empreendimentos papel das agências reguladoras é fundamental
seu desenvolvimento? prejuízos para o Estado? às margens das rodovias provocam impactos. Não para assegurar os interesses da população. Hoje
Adm. Karla: São formas de concessão. Temos Adm. Karla: O que está em discussão é a ma- seria o caso pagar por uma espécie de pedágio? São Paulo tem a melhor infraestrutura rodovi-
rodovias em que só a tarifa de pedágio não é triz de risco dos contratos de concessão, que hoje Adm. Karla: Sim. As estradas têm uma voca- ária do País e os reflexos disso atingem não
suficiente para cobrir todos os investimentos, até abrange riscos como demanda, construção, meio ção voltada mais para o transporte de cargas ou somente os motoristas, mas também a econo-
por estarem em regiões de proteção ambiental. ambiente etc. Depois que o concessionário assume de passageiros para longas distâncias. Porém, mia como um todo. Os municípios atendidos
É o caso da Tamoios em que é necessário fazer a concessão, a tarifa tem de cobrir todos esses ris- o que se vê são supermercados, hipermercados por rodovias em excelentes condições tornam-
praticamente toda a duplicação da rodovia em tú- cos. Isso faz com que, de um lado, seja mais ágil e e shoppings instalados às suas margens, o que se mais atrativos para os setores produtivos e,
consequentemente, aumentam a arrecadação
de impostos e geração de empregos.
"É importante que o
RAP: Quais são as penalidades que as conces-
administrador tenha metas sionárias estão sujeitas caso não cumpram com
claras, dê condições para que as obrigações outorgadas?
Adm. Karla: Estão sujeitas a penalizações
os colaboradores cumpram as que vão desde advertências a multas previstas
metas e controle o que está contratualmente. No limite, podem até mesmo
perder as concessões. Sempre que necessá-
sob sua responsabilidade" rio, as multas são aplicadas, mas a fiscaliza-
← A administradora Karla Bertocco Trindade, registrada no ção da agência acompanha sistematicamente
CRA-SP pelo nº 68.030, recebeu a láurea de "Administrador o andamento das obrig ações contratuais
Destaque" na reunião Plenária nº 3930, em 6 de fevereiro de 2012 para assegurar o seu cumprimento.

28
Estilo
por Nathalia Melati

Perigo invisível
Investir em sistemas de segurança nem sempre
significa que as informações estão seguras

C
om a onda crescente de Para ser uma vítima poten- sempre elas têm noção do risco
violência que assola o cial, basta abrir uma página na que correm e, com isso, aca-
País, é natural ter certos internet. Sidney Ito, sócio líder bam não tomando os cuidados
cuidados com a segu- da consultoria KPMG, afirma necessários”, afirma.
rança. Sair do caixa eletrônico que as ameaças virtuais podem A verdade é que o mundo ciber-
contando dinheiro ou andar pelas ser encontradas desde as com- nético é altamente instável. Os
ruas com aparelhos eletrônicos pras com cartões de crédito até recentes ataques feitos por gru-
muito à vista, por exemplo, são nos e-mails que solicitam que pos de hackers, como o Anony-
atitudes impensáveis. Até mesmo se clique em links desconheci- mos, a agências bancárias e até
a divulgação de informações pes- dos. Um exemplo corriqueiro é a mesmo ao Vaticano, mostram o
soais, como os números do RG e época da entrega da Declaração quanto as organizações devem
do CPF, merece atenção. Mas de Imposto de Renda, em que ficar de antenas ligadas. “A preo-
como se proteger de ameaças que as pessoas recebem mensagens cupação não é somente com o
não são visíveis nem palpáveis, solicitando que informem da- roubo de informações de produ-
os chamados crimes virtuais? dos sigilosos, por estarem com tos desenvolvidos e/ou comer-
Levantamento divulgado pela o “nome sujo” na praça. Apesar cializados, mas também com os
Symantec, empresa líder em pro- de absurdo, porque a Receita ja- dados dos clientes”, afirma André
gramas de proteção de computa- mais enviaria um e-mail assim, Carraretto, engenheiro de siste-
dores, alerta que mais de 80% dos muitos "caem nesse golpe”. mas da Symantec, que adverte:
usuários adultos de internet no “o roubo de informações pode
Brasil já foram vítimas de crimes Cenário corporativo não ser o único problema, já que
cibernéticos. A lista inclui desde a As empresas também não pro- alguns segmentos têm prejuízos
invasão de perfis em redes sociais, tegem adequadamente seus financeiros imediatos se o site
phishing (fraude eletrônica que dados. Pesquisa da consultoria ficar fora do ar. Toda informa-
busca roubar os dados do usuá- PricewaterhouseCoopers (PwC) ção gerada por uma computador
rio), até vírus e outros malwares diz que 32% das organizações precisa estar segura”, alerta.
(software destinado a capturar brasileiras são vítimas de ci-
informações de um computador). bercrimes, um índice maior do Como se proteger
Os crimes que lideram o que a média global, de 23%. “O Quando se fala em segurança da
ranking são: vírus e malwares Brasil tem um cenário propício informação, Carraretto ensina
somando 68% do total de ocor- para esse tipo de ataque por que nenhuma é 100% confiável.
rências. Em segundo está a inva- estar em franco desenvolvi- Assim, as empresas precisam –e
são de perfis em redes sociais, mento, o que contribui para o devem– avaliar os riscos que po-
com 19%, seguido de mensagens crescimento dos investimentos dem correr e traçar planos de de-
de phishing, com 11%. O resul- das grandes empresas, princi- fesa com medidas únicas. Ou seja,
tado dos dados mostra que as palmente na área do comércio muitas ferramentas podem ser
pessoas, hoje, sofrem mais cri- eletrônico”, explica Fernando usadas, mas é fundamental saber
mes virtuais (59% dos entrevis- Cevallos, gerente sênior da escolher quais são as melhores
tados) do que na vida real (19%). PwC. “O problema é que nem para suprir as necessidades.

30 31
Estilo

A segurança da informação Alguns vilões


se divide em três etapas: polí- do mundo digital
tica, ferramentas e treinamento
de pessoal. As políticas funcio- Vírus – Programas específicos que
nam como o código de ética contaminam os computadores, e que
podem roubar dados
virtual da empresa, já que de-
finem o que o funcionário pode Malware – Combinação das palavras
inglesas malicious e software, é um
ou não fazer na rede, como programa que se infiltra com a
acesso a e-mail particular, re- intenção de causar danos ou roubar
des de relacionamento e outras informações
páginas de conteúdo diverso. Spyware – Programas que recolhem
Uma vez definidas essas dire- informações sobre o usuário e seus
costumes
trizes, é importante mantê-las
por meio de ferramentas espe- Cavalo de Troia ou Trojan Horse –
cializadas. Por exemplo: se uma Programa malicioso que pode entrar
em um computador disfarçado como
empresa não permite que o fun- programa comum e legítimo. Serve
cionário acesse redes sociais, para facilitar a abertura de portas para
usuários mal intencionados
esses canais devem ter suas
páginas bloqueadas. O mesmo Phishing – E-mails que se passam
se aplica a outros sites que, de como sendo de fontes confiáveis.
Geralmente contam com um link
alguma forma, podem contribuir malicioso que leva a páginas sem
para transportar informações. sentido e instala “cavalos de troia”

Piti Reali
Para Ito, se a política da em-
presa impõe controle rígido so-
bre informações confidenciais, ← Da direita

pode estabelecer, por exemplo, a


para a esquerda:
Fernando Cevallos, Números nada
proibição de entrada de pen dri-
ves e até mesmo envio de e-mails trabalho para ser concluído, mas "Depois de desligado,
gerente sênior da
Pricewaterhouse- confortáveis
Coopers: "O Brasil Fonte: Symantec e
com arquivos anexados. seu computador pessoal está in- o colaborador não tem um cenário
propício para os
PricewaterhouseCoopers
O último passo é informar os fectado por vírus. Assim, o pro-
funcionários sobre os riscos que jeto em que está trabalhando deve ter contato com crimes virtuais";.
André Carraretto,
68 %
eles e a empresa podem correr poderá ser visualizado por ter- a rede da empresa, engenheiro
de sistemas da
das ocorrências de crimes

Divulgação
caso não sigam essas políticas. ceiros e prejudicar a organiza-
“É necessário que tenham conhe- ção para qual presta serviços.
procedimento que Symantec: "a
maior parte dos
digitais são causadas
por vírus e malwares

cimentos mínimos das ameaças Outra fonte de ameaça virtual, evita fraudes" vazamentos

que vêm pela internet, como não de acordo com Ito, podem ser Sidney Ito, sócio líder da KPMG
acontece por meio
do pessoal interno".
19 %
são de invasões a perfis
clicar em links desconhecidos e os funcionários descontentes. em redes sociais
não baixar arquivos para o com- “Propositalmente podem divul-
putador da empresa”, afirma Car- gar informações confidenciais”. cimento público? A pesquisa da Mas se o caso ganhar as man- é uma questão delicada, já que
raretto. Para ele, esse é o elo mais O mesmo cuidado se aplica aos PwC aponta que 63% das entre- chetes, aconselha as empresas a nem sempre é justo culpar a em- 11 %
mensagens de phishing
fraco do processo de segurança. colaboradores demitidos. “Depois vistadas temem que a repercus- assumir a responsabilidade, rea- presa por uma falha cometida
“A maior parte do vazamento de de desligado, não deve ter con- são provoque danos à reputação. firmando o objetivo de melhorar por uma única pessoa ou por pe-
informações acontece por meio tato com a rede da empresa, o “Assumir que o sistema de infor- os controles e processos. “O im- quenos grupos. Mas, como o que
do pessoal interno”, ressalta. que evita fraudes”, aconselha. mação foi atacado pode também portante é demonstrar preocupa- conta é a imagem arranhada, se- 32 %
das organizações
Carraretto explica que os va- abalar a confiança que o consu- ção e deixar claro que medidas gue o coro dos especialistas que brasileiras são vítimas
zamentos nem sempre ocorrem E agora? midor tem na organização”, diz estão sendo tomadas para evitar concordam que já passou da hora de crimes digitais
por má fé, mas por desconhe- Quando um crime digital é detec- Ito, para quem, normalmente, a futuros ataques”, enfatiza Ito. de as empresas prestarem mais
cimento. É o caso de um fun- tado, fica a dúvida: as empresas postura adotada é ficar quieto e Porém, ele entende que "cha- atenção na segurança de seus 23 %
cionário que leva para casa um devem ou não levá-lo ao conhe- arcar com os prejuízos. mar a responsabilidade" para si sistemas de informação. é a média mundial

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Opinião

EMPRESA
FAMILIAR (II)
As abordagens sobre o tema quando, por algum motivo, se primentos de obrigações legais/
feitas pelo administrador Ricardo percebe que é hora de profissio- societárias/fiscais e outros
Fraga Moreira Miragaia na edição nalizar a empresa. Se não for bem benefícios mais que poderão
passada desta revista permitem- dimensionada, conduzida e en- ser carreados para a empresa.
me, com sua devida licença, adi- tendida pelos titulares, causará Essa prática também tem sido
cionar algumas considerações. ressentimentos, desestímulos e adotada em empresas que têm
O exercício da profissão propor- até a morte de algum deles e, por participações minoritárias, nas
cionou-me certas visões, acumu- conseguinte, do próprio negócio. quais os sócios entendem que
ladas ao longo de quase quatro No artigo anterior, medidas so- esses conselheiros são funda-
décadas, que me conduzem a lucionadoras foram muito bem mentais para defender seus inte-
implementar soluções em casos sugeridas. Nessa complementa- resses de maneira imparcial, bem
de empresas administradas por ção, salientaria a formação de como para relatar ao Conselho
familiares, as quais requerem conselhos fiscais compostos por Administrativo um quadro real
tratamentos das mais diversas terceiros, sendo três profissionais, de como se encontra a empresa,
ordens e, às vezes, totalmente preferencialmente administrado- o que facilita a identificação de
opostos de um caso para outro. res, com visão de diversas áreas problemas, oportunidades e a
E nisso reside o valor da atuação empresariais (contábil, jurídica, tomada de decisões.
do administrador, que, ao mergu- governança corporativa etc). Sem
lhar no processo de análise da si- atuar na administração direta
tuação em que se encontra o seu e sem vínculos societários ou
Adm. João M. Jodas
‘’cliente’’, sempre busca encontrar empregatícios, teriam uma parti- CRA-SP nº 4.548
uma visão clara, objetiva, livre de cipação ativa nos momentos de Conselheiro fiscal
ações movidas por sentimentos análise situacional e de tomada de de empresas
e/ou defesa de valores que nor- decisões dos sócios e da empresa. familiares
malmente estão interferindo na Trata-se de um modelo sim-
gestão, na performance e no su- ples, de custo relativamente
cesso da empresa controlada por baixo, uma vez que pela legis-
membros de uma mesma família. lação a remuneração se situa
A problemática pode surgir em 10% do volume pago aos
num processo de sucessão pelo diretores legais. Sem contar o
Colaborações para esta seção
afastamento do fundador, crise benefício de poder contar com podem ser enviadas para o e-mail
de confiabilidade ou de defini- a expertise de profissionais al- institucional@crasp.gov.br
Os textos devem conter no máximo
ção de poderes e responsabilida- tamente qualificados para con- 3.000 caracteres (com espaço),
des, agravando-se sobremaneira tribuir com a solução de alguma nome completo do autor, foto em
quando os números começam a crise e/ou com a melhora da per- alta resolução e o registro no CRA-SP.
sinalizar cores que igualmente en- formance operacional e de lucra- → Este artigo reflete, exclusiva-
mente, a opinião de seu autor.
rubescem seus sócios e gestores. tividade do empreendimento, o O CRA-SP não se responsabiliza
Também poderá se manifestar que evita incorrer em descum- pelas ideias nele contidas.

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