Você está na página 1de 21

CONHECIMENTO NA PRÁTICA

Projetos pedagógicos Terceiro setor


Foco na gestão de pessoas tem pautado a Entidades buscam na administração
maioria das mudanças nos currículos profissional a saída para obter melhores
das escolas de Administração resultados e mais credibilidade junto à sociedade Fevereiro/2010 Ano 33 - nº 284

Gente
de visão
Ouse olhar diferente
Na Era do Conhecimento,
profissionais com foco e novas
perspectivas enxergam a empresa
–e o mundo– com mais nitidez
Carta ao leitor

Pensar, ousar, inovar


O conhecimento como ferramenta competitiva não é conhecimentos –não estamos falando de treinamen-
privilégio da geração atual. Na chamada Revolução Indus- tos nem de cursos de capacitação, mas de conteúdos
trial, que ganhou esse nome por substituir a produção que ampliam a intelectualidade– não é uma atribui-
doméstica pelo sistema fabril (um notável avanço tecno- ção exclusiva das empresas.
lógico para a época –entre 1750 e 1950), diversos proble- Todavia, não se devem furtar do direito de estimular
mas enfrentados pelas organizações foram solucionados e proporcionar aos seus colaboradores meios de chegar
pela capacidade criativa e intelectual do homem. ao caminho do saber. Esses, por sua vez, precisam ter
A diferença para os dias de hoje é que o conheci- em mente que a procura do desenvolvimento é uma
mento era tácito, ficava restrito ao contexto em que se tarefa que lhes pertence. Afinal, uma coisa é receber in-
encontrava inserido. O seu domínio estava ligado ao formação e ter um diploma na parede, a outra, é saber
poder, logo, compartilhá-lo era o mesmo que perder. o que fazer com o conhecimento adquirido.
Esse conceito começou a ruir com a intensificação das A transformação do conhecimento em competên-
transformações econômicas, políticas, sociais e cultu- cia é a chave para gerar resultados e, consequen-
rais, a partir da década de 90, com a globalização dos temente, fazer com que a força de trabalho seja
reconhecida. Certamente, os que possuem espírito
empreendedor estão um passo adiante nesse pro-
A transformação cesso, por incorporarem à capacidade de execução
coragem e ousadia para inovar. Mas, não se pode
do conhecimento esquecer que ser criativo e inovador são qualidades
em competência é a chave que qualquer pessoa pode ter. Basta sair do como-
dismo da rotina para ser diferente.
para gerar resultados e, Responsável pela administração dos valores nas
companhias, o atual contexto impõe aos gestores
consequentemente, fazer uma série de desafios. O primeiro, e talvez o mais
com que a força de trabalho importante, é o de se moldarem às exigências que
extrapolam as habilidades do cargo. É isso que fará
seja reconhecida” sensibilizar seus pares para a necessidade de se ali-
nharem aos valores, crenças e missão da empresa e,
por conseguinte, formarem uma base de conheci-
mercados. As mudanças nas práticas de gestão torna- mento. Ou como diz o título da matéria: “ir além dos
ram-se frequentes e surgiram novas formas de orga- muros da organização”.
nização de trabalho. Um sinal de que o conhecimento Boa leitura!
deveria ser aberto e o acesso às informações amplo.
Nesse novo cenário, as empresas descobriram que o
que as diferenciariam nos segmentos que atuam seria a
forma como aplicariam o que conhecem. Para isso, pas-
saram a depender do capital intelectual, ou, em outras
palavras, de ter pessoas em seus quadros que saibam
pensar, criar, inovar, ousar, compartilhar.
Esse é o tom da matéria principal desta edição da
Revista Administrador Profissional. Além de desta-
car os atributos que o profissional deve ter para aten- Adm. Walter Sigollo
Presidente do Conselho Regional
der as expectativas competitivas das organizações, a de Administração de São Paulo -
ideia é mostrar aos leitores que o desenvolvimento de CRA-SP

3
Expediente
10 Conhecimento
06 Panorama

Foto: Lucas Lacaz


Editor Tendências do mercado de Programas de relacionamento acadêmico do
Conselho Regional de Administração de São Paulo trabalho e exigências do CRA-SP debatem com alunos e professores,
Ministério da Educação entre outros temas, a ética profissional e a
Presidente obrigam escolas de função social do administrador
Administrador Walter Sigollo
Administração a manter
Diretores
Adm. José Alfredo Machado de Assis
currículos atualizados
24 Perfil
O administrador Adriano Schincariol explica
Vice-presidente Administrativo porque o grupo que comanda cresce tanto
Adm. Paulo Roberto Segatelli Câmara

28 Canal Aberto
Vice-presidente de Relações Externas
Adm. Cid Nardy
Vice-presidente de Planejamento
Cursos transmitidos por TV Corporativa, dispo-
Adm. Joaquim Carlos Dias
nível no CRA-SP, visam aprimorar desenvolvi-
Vice-presidente para Assuntos Acadêmicos mento profissional dos administradores

30
Adm. Teresinha Covas Lisboa
1º Secretário Estilo
Adm. Roberta de Carvalho Cardoso Aumento da consciência ambiental contribui
2º Secretário para a disseminação de um novo conceito
Adm. Antonio Geraldo Wolff de edificação: o condomínio sustentável
1º Tesoureiro
Adm. Idalberto Chiavenato
2º Tesoureiro 34 Opinião
O consultor Luiz Bersou explica porque planejar
Conselheiros requer imersão e sincronia mental profundas
Marcio Gonçalves Moreira, Anna Luiza do Amaral Boranga, Carlos dos envolvidos em cada etapa do processo
Antonio Monteiro, Alberto Emmanuel de Carvalho Whitaker,

14 Na Prática
Hamilton Luiz Corrêa, Luiz Eduardo Reis de Magalhães, Alexandre
Uriel Ortega Duarte, Milton Luiz Milioni, Luiz Carlos Vendramini

18 Capa
Representantes no CFA: Roberto Carvalho Cardoso (efetivo) e Terceiro Setor busca
Mauro Kreuz (suplente) gestores profissionais para
Conselho Editorial para RAP 2009/2010 assumir cargos estratégicos.
Coordenadora: Adm. Teresinha Covas Lisboa. Adm. Alexandre O objetivo é obter melhores
Uriel Ortega Duarte, Adm. Anna Luiza do Amaral Boranga, Adm. resultados operacionais
Cid Nardy, Adm. Hamilton Luiz Corrêa, Adm. Luiz Carlos Ven- e mais credibilidade
dramini, Adm. Milton Luiz Milioni, Adm. Paulo Roberto Segatelli Nos últimos anos,
Câmara, Adm. Roberta de Carvalho Cardoso.
as empresas vêm
Produção
Conselho Regional de Administração de São Paulo
passando por
Depto. Marketing e Comunicação mudanças constantes.
Coordenação Editorial e Gráfica.........Entrelinhas Comunicação Ltda. Para continuarem
Editor-responsável ............................................................. Luiz Gallo (MTb 14.576)
Publicidade..................................Publicidade Nominal Representações
competitivas, buscam
Impressão.......................................................Plural Editora e Gráfica Ltda. profissionais que,
Tiragem..............................................................................50.000 exemplares
além do domínio de suas
A RAP é uma publicação mensal do Conselho Regional de Admi-
nistração (CRA-SP), sob a responsabilidade do Conselho Editorial
funções, sejam inovadores
do CRA-SP. As reportagens não refletem necessariamente a e saibam compartilhar
opinião do CRA-SP.
conhecimentos

Rua Estados Unidos, 889 - Jardim América - São Paulo - SP


CEP 01427-001 - Telefone: (11) 3087-3200
atendimento@crasp.gov.br - www.crasp.gov.br
Panorama PROFISSIONAL
Revista do Conselho Regional de Administração de São Paulo • CRA-SP

Programas IBGC certifica Olho vivo


aproximam conselheiros para fugir do
o CRA-SP de empresas desemprego
dos futuros Administradores registrados por Diego Sartorato

profissionais no CRA-SP têm desconto de Laerte Leite Cordeiro e José


Augusto Minarelli estiveram no
10% nas inscrições ao programa CRA- SP para falar sobre a transfor-
Um dos objetivos mação de adversidades em oportu-
nidades no mundo dos negócios
é mostrar as ações por Luiz Gallo –especialmente em momento de
colocadas em prática transição entre empregos. Cordeiro
Contribuir para o aprimo- é mestre em Administração pelas
na defesa da profissão ramento profissional, valori- universidades Michigan State, Har-
zar a função de conselheiro e vard e Stanford (todas nos Estados
ampliar as práticas de gover- Unidos), e Minarelli é diretor-presi-
nança nas empresas. Esses dente da consultoria Lens & Mina-
por Diego Sartorato foram convocados entre o quadro de afiliados do foram os motivos que leva- relli, além de ser autor conceituado
CRA-SP para falar com os alunos. ram o Instituto Brasileiro de livros sobre RH.
Dois programas se destacam no projeto de relacio- Nos dois encontros, a ética profissional, a fun- de Governança Corporativa “Crises econômicas, atitudes go-
namento acadêmico e garantem que o CRA-SP con- ção social do administrador, o papel do CRA-SP (IBGC) a lançar no ano pas- vernamentais e inovações tecnológi-
siga manter-se próximo dos futuros administradores e de seus afiliados e outros assuntos ligados à sado o seu Programa de Cer- cas provocam mudanças contínuas,
que ingressarão no mercado de trabalho depois de profissão fazem parte do diálogo entre o Conse- tificação. Nesse sentido, o instituto entende que, por exercer e, por isso, devemos ficar atentos
concluirem o ensino superior: “Visita ao CRA” e lho, estudantes e professores. Os participantes ga- função relevante na governança corporativa das organizações, para manter a empregabilidade”,
“CRA na Faculdade”. Esses encontros proporcionam nham um kit com material informativo do CRA-SP a capacitação do administrador está muito ligada à certificação alertou Cordeiro, para quem a atua-
o primeiro contato dos estudantes de Administração e concorrem a uma mochila. voltada para o Conselho Fiscal. lização constante de conhecimentos
com o Conselho que virá a representá-los depois de A maior parte dos alunos que participou das pa- O Guia de Orientação para o Conselho Fiscal do IBGC define e autoavaliação dos administrado-
formados, além de apresentarem as vantagens e os lestras na sede do CRA ou em suas próprias institui- o conselheiro como o profissional que exerce papel fiscaliza- res é o caminho para atender às exi-
serviços prestados pelo órgão em todo o Estado. ções era, em 2009, do primeiro e dos últimos anos, dor, independente da diretoria e do Conselho de Administra- gências das empresas.
Pelo programa “Visita ao CRA”, em 2009, foi rea- de acordo com pesquisa aplicada aos participantes ção, e que busca, por meio dos princípios da transparência, “A empregabilidade está ligada à
lizada uma dezena de palestras na sede do Conselho a cada evento. Dos 971 alunos que responderam ao equidade e prestação de contas, contribuir para o melhor de- capacidade de atualização do pro-
para quase 500 alunos de faculdades de São Paulo, questionário, 27% eram calouros e 40%, veteranos. sempenho da organização, especialmente em relação ao con- fissional. Porém, o senso comum a
do interior e do litoral, como Jundiaí, Assis, Campi- Após a palestra institucional, existe a possibilidade do trole de seus atos internos. direciona. É preciso ter inteligência
nas, Marília, Bebedouro e Santos. As escolas podem CRA-SP realizar a inscrição dos estudantes, sem buro- Administradores registrados no CRA-SP têm desconto de 10% mercadológica. Inteligência gera ne-
agendar os encontros para uma turma de alunos e cracia, na própria faculdade. Benefícios como isenção da nas inscrições. A promoção é válida para 2010. Já com o desconto, gócios e oportunidades de trabalho”,
professores. Tendo um administrador como anfitrião, taxa de inscrição e cobrança da anuidade somente após a modalidade experiência (exige vivência de seis anos como conse- completou Minarelli. O consultor apre-
os visitantes conhecem as instalações e a infraestru- a colação de grau são oferecidos. Basta que a comissão lheiro de Administração ou oito anos como executivo de primeiro sentou os seis pontos que considera
tura do Conselho e tomam conhecimento das ações de formatura, o centro acadêmico ou a própria faculdade escalão em organizações) sai a R$ 810,00, e a exame (experiência primordiais para encarar a mudança
colocadas em prática na defesa da profissão e do apri- agendem a visita ao Departamento de Registro. de três anos como conselheiro de Administração ou executivo de profissional: adequação vocacional,
moramento profissional. Durante a solenidade de colação de grau, os for- primeiro escalão em organizações ou, ainda, ser um especialista competência, idoneidade, saúde (fí-
Já o “CRA na Faculdade” realizou 28 palestras mandos recebem a carteira profissional e já podem em governança corporativa) a R$ 990,00. sica, mental e espiritual), relaciona-
dentro das faculdades para mais de 3,8 mil estu- ser consideradores administradores. Mais informações: Marcos Jacobina (marcos.jacobina@ibgc.org.br) mentos variados e reserva financeira
dantes no ano passado. No total, 11 palestrantes Mais informações: cra.academico@crasp.gov.br ou Fernanda Pureza (fernanda.pureza@ibgc.org.br) ou fontes alternativas de renda.

6 7
Panorama PROFISSIONAL
Revista do Conselho Regional de Administração de São Paulo • CRA-SP

Prazo de opção Indicações de leitura


pelo recolhimento
sindical expira em
P
Planejamento História da Riqueza
e Controle Financeiro do Homem:
FFundamentos e Casos Práticos do feudalismo

28 de fevereiro M
d
de Orçamento Empresarial
Masakazu Hoji e Hélio Alves da Silva
Editora Atlas, 1ª edição, 2010
E
ao século XXI
Leo Huberman
Editora LTC, 22ª edição, 2010
Medida evita o desconto Páginas: 160 – Preço: R$ 35,00
P Páginas: 330 – Preço: R$ 69,00

de um dia de salário, em março A obra mostra porque, em períodos O autor explica a história pelo es-
tturbulentos ou de bonança, o pla- tudo da teoria econômica e, ao
nejamento financeiro é parte essencial da atividade mesmo tempo, aborda a Economia por meio do estu-
empresarial. Segundo os autores, a falta desse com- do da história, conseguindo tornar mais compreensí-
por Luiz Gallo gos 582 e 585 da Consolidação das Leis do Tra- portamento é um dos principais motivos de falência vel a aventura do homem sobre a terra e o seu poder
balho, o exercício das atividades mencionadas de empresas, especialmente entre as de pequeno e de transformar a vida.
Os adm inist radores têm até 28 de fevereiro acima, mesmo que o registro do profissional na médio portes. O leitor é orientado com casos práti- A edição foi revisada e ampliada e conta com a cola-
para exercer o direito de optar pelo recolhimento empresa não seja como “Administrador”, per- cos de orçamentos de uma empresa industrial e outra boração da historiadora Márcia Guerra, que escreveu
da contribuição sindical obrigatória em favor do mitirá a opção de recolhimento ao Saesp. Para de prestação de serviços. Os conceitos são reforçados dois capítulos sobre o mundo pós-guerra.
sindicato da categoria, no caso o dos Adminis- isso, ele precisa ser bacharel em Administração, por meio de questões teóricas e exercícios constantes O livro é direcionado a profissionais e estudantes de
tradores no Estado de São Paulo (Saesp). ter o competente registro no CRA e estar em dia em todos os capítulos. Economia e Administração.
Quem fizer essa escolha deverá encaminhar à com suas obrigações.
empresa em que está registrado uma Declaração
de Opção e uma cópia do boleto de contribuição.
Esses documentos estão disponíveis para down-
load no site do Saesp (www.saesp-sp.com.br).
A medida evita o desconto de um dia de salário,
Conselheiro do
em março, para o sindicato majoritário da orga- CRA-SP assume
nização em que trabalha. O valor da contribuição
é de R$ 26,00. presidência da Angrad
De acordo com artigo 2.º da Lei 4.769, de 9 de se-
tembro de 1965, que rege a profissão, as atividades O administrador Mauro Kreuz, conselheiro su-
abaixo são pertinentes ao administrador: plente do CRA-SP junto ao Conselho Federal de
a) pareceres, relatórios, planos, projetos, arbitra- Administração (CFA), é o novo presidente da
gens, laudos, assessoria em geral, chefia intermedi- Associação Nacional dos Cursos de Graduação em
ária, direção superior; Administração (Angrad) para o biênio 2010/2011.
b) pesquisas, estudos, análise, interpretação, Em seu discurso de posse, Kreuz afirmou que, entre
planejamento, implantação, coordenação e con- os desafios de sua gestão, está o de agregar valor
trole dos trabalhos nos campos da Administra- efetivo ao ensino de graduação. “Temos de encontrar
ção, como: administração e seleção de pessoal, maneiras para fazer com que as instituições sintam
organização e métodos, orçamentos, adminis- que vale a pena fazer parte da Angrad”, justificou.
tração de material, administração financeira, Com o objetivo de promover a elevação da quali-
administração mercadológica, administração de dade de ensino da Administração, a Angrad surgiu
produção, relações industriais, bem como ou- como resultado do I Encontro Nacional de Avaliação
tros campos em que esses se desdobrem ou aos de Cursos de Graduação em Administração, realizado
quais sejam conexos. em agosto de 1990, na Universidade de São Paulo. Ao
O CRA-SP alerta os responsáveis pelas áreas todo, são mais de 1.100 associados institucionais, dos
de Recursos Humanos que, conforme os arti- quais 800 entidades de ensino superior.

8
Conhecimento PROFISSIONAL
Revista do Conselho Regional de Administração de São Paulo • CRA-SP

e espanhóis. É uma convivência im- com os professores de estatística,


portante”, afirma o coordenador. para que as aulas contemplem sem-
Já a Pontifícia Universidade Ca- pre aspectos diretamente ligados à
tólica (PUC) de São Paulo resolveu Administração, como a pesquisa
seguir um caminho completa- mercadológica.
mente diferente: o curso deixará de
ter cinco anos em 2010 para igua- Interferência
lar os quatro anos oferecidos pela Ta nt o a A n h em bi-Mo r u m bi
maioria das instituições, e a saída quanto a PUC buscaram caminhos
na hora de enxugar o curso foi re- distintos para combater o mesmo
duzir drasticamente as disciplinas mal: o fato de que a área de Admi-
não exclusivas da Administração. nistração é, além de uma das que
“A informática, que tínhamos mais cresce, a mais “invadida” por
posto há pouco tempo no currí- profissionais de diversos setores
culo, até cancelamos. Os alunos –quase levando ao pé da letra a
chegam à aula sabendo mais do brincadeira entre universitários de
outros cursos que afirmam querer o

f o r m a
diploma em mãos para virar gerente

e m
O aluno não

Entrando
de churrascaria. Mais do que isso,
profissionais de várias áreas, abun-
precisa ser dantes nas gerências de Recursos

a ç ã o c orrem especialista e sim Humanos, ocupam diversas posi-

s de A d m in is t r ções inerentes ao administrador.

Cursos superiorepara driblar as adversidad aprofundar-se O coordenador do curso de Ad-


es conforme sua
ministração do Mackenzie, Sérgio

e manter suas grades curriculares área de atuação”


Lex, demonstra preocupação com
a competição entre alunos de Ad-
ministração e de outras formações,
relevantes e atu
alizadas Fotos: Divulgação
Adm. Elisabete Adami Pereira dos Santos,
coordenadora do curso de Administração da
e por isso fez reformas parecidas
com as da Anhembi-Morumbi para
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo este ano. “Perdemos, de fato, mui-
tas vagas para outras áreas. Por
isso, resolvemos reforçar a ma-
por Diego Sartorato A resolução n° 4/2005 da Câ- “Não é só uma questão para quem gadas ao agronegócio (“uma área que os professores, não fazia sen- temática, por exemplo, para que
mara de Educação Superior traçou se especializa em RH, uma área esquecida pelas faculdades”, pon- tido”, avalia a coordenadora do o nosso aluno seja competitivo.

É
natural que um profissional em linhas gerais quais devem ser que realmente cresce muito. Mas dera Orsi) e à administração inter- curso, a administradora Elisabete O administrador, em geral, chega
encontre a faculdade em que os eixos do programa pedagógico a gestão de pessoas e o trabalho nacional; e também para dar mais Adami Pereira dos Santos. ao mercado muito fraco nesse
estudou completamente re- e das práticas do curso de Admi- em equipe são exigências cada vez peso às disciplinas técnicas: mate- “Tínhamos muitas matemáticas, ponto”, avalia. O Mackenzie plane-
formulada após alguns anos de for- nistração em todas as universida- mais constantes do mercado, seja mática, estatística, metodologia da direito diversos.... São acessórios. jou para os próximos três anos tes-
mado. Mas, para o administrador, des do Brasil. Mas são indicações no marketing, seja nas finanças. pesquisa, entre outras. O aluno não precisa ser especialista tar diversas alterações no currículo.
isso pode acontecer antes mesmo genéricas. Ainda está nas mãos Isso não se transforma necessaria- “A questão da internacionali- nesses assuntos, pode se aprofun- “As faculdades precisam bus-
de terminar o curso: seja de olho das faculdades descobrir como mente em disciplina, só que passou dade é a mais importante, porque dar à medida que escolhe sua área car o que de melhor têm, dentro
nas últimas tendências do mercado formar um profissional mais ade- a ter mais peso no curso como um nos últimos anos o Brasil efetiva- de atuação favorita”, continua. “Fe- de seus contextos locais, sociais e
de trabalho ou para atender à exi- quado às expectativas de emprega- todo”, diz Ademar Orsi, coordena- mente se inseriu no mercado inter- chamos com aquilo que é vinculado econômicos, para formar os melho-
gências do Ministério da Educação dores e, no caso da administração, dor do curso de Administração da nacional. Damos ao aluno muitas e específico do nosso campo”. As res profissionais possíveis, com o
(MEC), as grades curriculares e a empregados –o foco na gestão de Anhembi-Morumbi. oportunidades de intercâmbio na disciplinas técnicas que sobraram conhecimento necessário da área.
carga horária dos cursos no Estado pessoas e nos recursos humanos Lá, as principais mudanças curri- América Latina e na Europa e tam- tiveram de se adaptar: o novo cur- Somos os que, realmente, enfrenta-
chegam a passar por mudanças a tem pautado muitas das mudanças culares no ano passado ocorreram bém recebemos muitos estudan- rículo foi motivo, por exemplo, de mos mais disputa com pessoas de
cada dois semestres. de currículo mais recentes. para incluir na grade disciplinas li- tes, principalmente sulamericanos uma conversa séria de Elisabete outras formações. Mas campo para

10 11
Conhecimento PROFISSIONAL
Revista do Conselho Regional de Administração de São Paulo • CRA-SP

Entre o relógio e a coleira


Além das mudanças de conte- Mudanças
údo, quase todas as faculdades no Curso de
tiveram de recauchutar um outro Administração
aspecto importante da formação
profissional do administrador: a
carga horária. Desde 2007, uma
resolução da Câmara de Ensino 1950 1965 1993 2003 2004 2007
Surgem os A profissão É instituído o Censo do MEC Governo federal Câmara de Ensino Superior,
Superior do MEC definiu que a primeiros é reconhecida primeiro currículo revela a existência acata sugestões do MEC, define duração mí-
cursos e regulamentada mínimo para o curso de quase 2 mil da Angrad e do CFA nima de 3 mil horas-aula para
carga horária mínima para os cur- superiores de pelo governo de Administração, cursos de e altera currículo o curso de Administração,
sos de administração é de 3 mil Administração
Pública e de
federal, passando
a existir de fato
mas a mecânica
das habilitações
Administração
no Brasil
mínimo para se
adequar ao novo
considerando a hora-aula de
60 minutos (até então, valia a
horas –contadas como horas-aula Empresas geram críticas mercado de 50 minutos)
de 60 minutos, e não 50 como an-
teriormente. O prazo para se ade-
quar às mudanças é este ano. mínima para o curso de Adminis- que mede aproximadamente o no curso. “Nos saímos muito bem penho eles teriam no provão.
No Mackenzie, o curso que tinha tração traz resultados positivos. quanto cada aluno aprendeu no no Enade e isso não significa que não “A nota da Universidade onde o
cerca de 2.800 horas se adequou Ainda assim, nem toda interfe- curso. “Muitas instituições estão tenhamos autonomia ou excelência administrador se formou conta
para alcançar o mínimo exigido rência do MEC é bem-vinda. Kreuz mais preocupadas em sair-se bem nos nossos cursos. Temos as duas para o mercado. Sempre tivemos
pelo MEC. Na PUC, quase houve demonstra preocupação com o no Enade do que exercitar sua au- coisas. As mudanças que fizemos ótimas avaliações. Alguns alunos
redução, mas o patamar próximo excesso de valorização que vem tonomia pedagógica e ordenar em nossa grade são atualizações im- tinham medo que uma queda na
das 4 mil horas-aula permanece, sendo dado às notas do Exame sua própria vida acadêmica. Igual portantes, e está mantida a missão nota ‘queimasse o filme’ deles”,
apesar da diminuição na duração Nacional de Desempenho dos ao que ocorreu no ensino médio, da FGV de formar alunos para o Bra- conta a professora Elisabete.
Sérgio Lex, coordenador do curso de cinco para quatro Estudantes (Enade), o “provão” onde o jovem só é preparado para sil e para o mundo”, analisa.
do curso de Administração da
Universidade Presbiteriana Mackenzie o vestibular, e não para a vida”,
avalia o professor.
O que faz a Sua teoria é de que a prova, pa- É possível
dronizada em todo o País, remove
o bom profissional sempre existe”, diferença é o a autonomia dos cursos em definir combinar
resume o administrador Mauro
Kreuz, presidente da Associação
que sabem e o que grades mais adequadas à realidade
local em que estão inseridas. Preju-
bom desempenho
Nacional dos Cursos de Graduação conseguem fazer ízo que seria percebido, principal- no provão e
em Administração (Angrad). mente, nas faculdades de regiões
Kreuz não tem preferência pelo re- com o que sabem” menores, afastadas dos grandes qualidade no curso”
forço das disciplinas técnicas ou es- centros. “De repente, lá se forma
pecíficas da Administração. Para ele, Adm. Mauro Kreuz, presidente da um administrador que não pode- Maria José Tonelli, vice-diretora da
independentemente de disciplinas, Associação Nacional dos cursos de Graduação ria concorrer com um formando de Escola de Administração de Empresas
é prioritário trabalhar a gestão de em Administração - Angrad (foto ao lado) uma instituição de ponta, mas que da Fundação Getúlio Vargas (foto)
pessoas, mas no campo individual: tem especializações e especifici-
o administrador recém-formado pre- dades próprias para suas necessi-
cisa aprender a administrar melhor a anos. “Achava-se que um curso dades e é um ótimo administrador. Sendo ou não um aspecto limi-
si mesmo. “O que faz a diferença é a de cinco anos é muito longo, que Nunca ouvi falar de nota do Enade tador para as instituições, o fato
seguinte questão: o que meus alunos nós e os nossos alunos perdería- definir se alguém é bom ou mau é que a nota do Enade também
sabem e o que conseguem fazer com mos mercado. Eu, pessoalmente, profissional”, conclui. não sai da cabeça dos estudan-
o que sabem. E hoje, mais do que discordo. Mas conseguimos ba- Não se trata de uma visão genera- tes. Na PUC, a primeira reação
nunca, embora seja um tema pouco lancear bem mantendo a carga lizada. Para a vice-diretora da Escola dos alunos de currículo antigo
trabalhado, a parte comportamental, horária original em horas-aula”, de Administração de Empresas da quando souberam que os ca-
de atitude, a forma adequada de me explica Elisabete. De qualquer Fundação Getúlio Vargas, Maria José louros passariam por um curso
portar para cumprir o que preciso, a forma, é consenso que a determi- Tonelli, é possível combinar bom de- diferente –e mais curto– foi jus-
minha ética e o meu caráter”, analisa. nação de uma boa carga horária sempenho no “provão” e qualidade tamente questionar qual desem-

12 13
Na Prática PROFISSIONAL
Revista do Conselho Regional de Administração de São Paulo • CRA-SP

A gestão
por Melissa Diniz credibilidade junto aos órgãos go- Para especialistas, a profissiona- Atenta a essa necessidade, a Armando Marcos Scarpino, le-
vernamentais, sociedade e empre- lização gerencial das ONGs revela Apae-SP é uma das entidades que vou para a entidade a experiên-

profissional E
m ritmo acelerado de cresci- sários –seus financiadores– quanto uma mudança de paradigma por vem modificando os mecanismos cia de 36 anos à frente de sua
mento no Brasil, o chamado à aplicação de recursos. Nada mais parte da sociedade que, nos últimos gerenciais no que se refere a pla- indústria de tintas. “Somos uma
Terceiro Setor –que reúne en- justo. O hospital do Graacc, para se anos, passou a enxergar essas insti- nejamento de custos, relação com ONG de utilidade pública e

chega ao tidades sociais sem fins lucrativos


identificadas como ONGs (organiza-
ter uma ideia, realiza mensalmente
cerca de 2.500 atendimentos, entre
tuições como peças importantes na
engrenagem social. Por outro lado,
clientes e avaliação de resultados.
No comando está Aracélia Lúcia
toda a diretoria é

Terceiro
ções não-governamentais)– vive um sessões de quimioterapia, consul- também demonstra uma preocupa- Costa, que tem especialização em
momento de intensa profissionali- tas, cirurgias e transplantes. ção das organizações sérias em evi- Gestão
zação administrativa. Prova disso é O termo “Terceiro Setor” foi criado tar contratempos jurídicos. “A falta

Setor que instituições como o Grupo de


Apoio ao Adolescente e à Criança
com Câncer (Graacc) e a Associação
nos Estados Unidos para designar
movimentos que não se enquadra-
vam no Estado nem na iniciativa
de conhecimento geren-
cial é a maior causa

dos Pais e Amigos dos Excepcionais privada, e que começaram a ganhar


Entidades buscam (Apae), de São Paulo, foram buscar
na iniciativa privada pessoas com
força há cerca de 40 anos. Em todo
o mundo, milhares de cidadãos se
administradores larga experiência em gestão para as- organizaram em prol de causas
sumir cargos estratégicos. sociais, como a defesa dos
para potencializar “Gerenciar uma ONG como em- direitos huma nos,
resultados presa, levando a sério todos os
procedimentos administrativos,
a e colog ia e o
combate à
operacionais financeiros e de recursos humanos, fome. voluntária, inclusive eu.
permite reduzir custos e otimizar Temos um Cons elho que
e ganhar resultados”, explica Hélio Con- elege os diretores e o presidente.
credibilidade na tador, superintendente
administrativo-
de inter-
venções
de Organizações Sociais e Gestão
de Governo e Política Pública.
Estou na casa há 20 anos e já passei
por diversos cargos, o que me aju-
hora de aplicar os p or ir- “A Apae-SP optou por uma ad- dou a ter conhecimento sobre to-
regularidades ministração profissional para po- dos os setores técnicos”, esclarece.
recursos nas ONGs. Por conta der cumprir sua missão social de
disso, tenho orientado as en- forma mais ampla e prestar con-
tidades para que invistam cada tas para a sociedade de maneira “Não é
vez mais na profissionalização da mais transparente ainda”, explica.
gestão”, enfatiza o advogado e ad- A associação, que instituiu o “teste mais
No Brasil, o sur-
ministrador Arcênio Rodrigues da
Silva, consultor jurídico de diversas
do pezinho no Brasil” (exame la-
boratorial feito em recém-nascidos
possível gerir
gimento da expres- organizações não-governamentais. para detectar precocemente do- uma organização
são deu-se em meados “Não é mais possível gerir uma or- enças metabólicas, genéticas e/ou
dos anos 80, dando origem ganização de qualquer natureza de infecciosas), em 1976, é referência de qualquer
às ONGs. Naquela época, as en-
tidades funcionavam como uma
maneira amadora ou sem a técnica
necessária. Queremos fomentar a
nacional e internacional em preven-
ção, tecnologia e inclusão de pes-
natureza de
espécie de assessoria a grupos po- contratação de profissionais habili- soas com deficiência intelectual. maneira amadora
f inanceiro pulares sem qualquer intervenção do tados para potencializar a eficácia Em 2009, atendeu 7.580 pessoas.
do Graacc. Es- Estado, uma vez que o País ainda do trabalho das Oscips (Organiza- Assim também é a política ad- ou sem a técnica
pecializado em Ad-
ministração Industrial
vivia as consequências de anos de
regime autoritário. Com o tempo
ções da Sociedade Civil de Interesse
Público)”, afirma Heitor Kuser, pre-
ministrativa das Casas André
Luiz, que promovem atendimento
necessária”
e em Marketing, Contador e a consolidação da democracia, a sidente do Instituto Brasileiro de gratuito a 1.400 pessoas com Heitor Kuser, presidente do Instituto
diz que ao partir para uma pos- sociedade começou a clamar por Desenvolvimento Econômico e So- deficiência mental, com a ajuda Brasileiro de Desenvolvimento Econômico
tura administrativa profissional, as outras causas, criando grupos cada cial (IBDES) e da Associação Brasi- de 2.100 funcionários e 1.500 e Social (IBDES) e da Associação Brasileira
instituições passaram a ter mais vez mais organizados e atuantes. leira das Oscips (Abrascip). volu nt ár io s. S eu p r e s id ent e, das Oscips (Abrascip)

14 15
Na Prática PROFISSIONAL
Revista do Conselho Regional de Administração de São Paulo • CRA-SP

rias e convênios com o governo e re- e das certificações pretendidas, ou- são obrigadas a apresentar ba- parte e que, de alguma maneira,
ONG ou OSCIP?

Foto: Marcelo Marques


ceba recursos para executar projetos. tras leis também dispõem sobre o lanço anual e relatório social, que posso ser útil a pessoas tão carentes
Entenda a diferença Nos termos legais, as organizações assunto, o que dificulta muito a in- normalmente ficam disponíveis e necessitadas”, finaliza.
não precisam se qualificar como terpretação e o entendimento sobre em seus sites”, afirma. No caso
ONG OSCIP
Oscip. Mas o título, diz o especia- sua legalidade. “Por isso, se faz ne- de suspeita de irregularidades, o
Não existe no Qualificação
ordenamento decorrente da lista, confere maior credibilidade. cessária a criação de um novo marco Ministério Público tem autonomia

Foto: Divulgação
jurídico brasileiro Lei 9.790/99 “A fiscalização dessas organiza- legislativo para as organizações sem para investigá-las.
ou Lei do
Terceiro Setor ções está definida em lei e deve ser fins lucrativos, que regulamente o Mas, não são apenas as insti-
feita pelo Estado e pela sociedade. acesso a recursos públicos em todos tuições que ganham ao recorrer
Expressa ONG Seus gestores respondem com seu os seus aspectos e que seja único e a profissionais. “Para o adminis-
genericamente que obtém patrimônio, portanto devem gerir transparente, a fim de viabilizar um trador, principalmente aqueles
o conjunto de certificado
organizações do emitido com cuidado”, afirma. Além disso, melhor entendimento”, diz. que já atingiram um alto patamar
terceiro setor pelo poder reitera, a legislação não permite que No caso das organizações que em sua carreira ou já se aposen-
público federal
as Oscips representem grupos ou in- preferem manter-se totalmente taram, assumir um cargo em uma
Em geral, é É uma teresses particulares. distantes das esferas de governo, organização de cunho social é um
constituída qualificação De acordo com o administrador os recursos vêm de parcerias com novo e instigante desafio, além
para fins não opcional
econômicos para ONGs Arcênio da Silva, existem outros ti- pessoas físicas e jurídicas, que de agregar muito ao currículo”,
e finalidade já existentes pos de certificados conferidos pelos fazem doações ou compram seus comenta o administrador.
não lucrativa, ou novas
dependente de produtos, explica Arcênio da Silva. Já na opinião de Armando Scar-
doações privadas Além da sociedade, essas orga- pino, o benefício de lutar por uma
Gerenciar
e/ou estatais Para o Adm. Arcênio Rodrigues
Legislação confusa nizações devem prestar contas dos causa social é extremamente gratifi- da Silva, assumir um cargo numa
Fonte: Sebrae-MG

organização de cunho social é um


Um dos problemas que mais im- gastos e trabalhos para as empre- cante. “Eu me sinto muito bem e feliz
Nada impede,
contudo, que
Para obtê-la,
é necessário põe obstáculos a essas instituições é uma ONG sas que as financiam. “As ONGs por saber que estou fazendo a minha
instigante e novo desafio

tenha fins ou se enquadrar


atividades de
cunho econômico
em alguns dos
objetivos sociais
a legislação confusa a que estão sub-
metidas. Por trás da sigla ONG estão
como empresa
estabelecidos na
Lei 9.790/99 as Oscips, caso do Instituto Ethos de permite reduzir
Desenvolvimento Social, as entida-
des filantrópicas, como a Apae-SP, custos e otimizar
e as de utilidade, como as Casas An-
dré Luiz e o Graacc. Mas há também
resultados”
COMO AJUDAR as organizações sem esse tipo de Hélio Contador, superintendente
qualificação, casos do WWF-Brasil administrativo-financeiro do Graacc (foto)
A manutenção e o sucesso das atividades (dedicada à conservação da natu-
das entidades citadas na matéria depen-
dem de contribuições de empresas e reza) e do Instituto Ayrton Senna
de pessoas físicas. Para fazer isso, não
é preciso esperar por datas específicas, (desenvolve soluções sociais volta- governos estaduais e municipais às
como o Natal, por exemplo. das ao desenvolvimento humano). ONGs e que proporcionam uma sé-
“Com o advento da Lei Federal rie de benefícios fiscais. Cabe a elas
• Graacc 9.790/99, que regulamentou o Ter- provarem que seus estatutos estão
www.graacc.org.br
(11) 5908.9100 ceiro Setor, as entidades tiveram de de acordo com as leis específicas
• Apae- SP escolher o tipo de certificação que para consegui-los. E para mantê-los,
www.apaesp.org.br melhor se enquadram, limitando-se devem prestar contas de despesas e
– (11) 5539-7289
a apenas uma, que dá direito a diver- do trabalho realizado.
• Instituto Ayrton Senna sas isenções tributárias”, explica Ku- O Código Civil, explica Lisandra
www.senna.globo.com
ser. Lembra também que, segundo a Arantes Carvalho, assessora jurí-
• Casas André Luiz legislação, Oscip é uma associação dica da Associação Brasileira das
www.andreluiz.org.br
(11) 2457.7733 de direito privado sem fins lucrati- Organizações Não-Governamentais
• WWF Brasil
vos, cujo estatuto foi aprovado pelo (Abong), traz os requisitos estatu-
www.wwf.org.br Ministério da Justiça. Tal certificado tários que devem ser seguidos pelas
permite que a entidade firme parce- ONGs. Mas, dependendo do formato

16 17
Capa PROFISSIONAL
Revista do Conselho Regional de Administração de São Paulo • CRA-SP

Olhar além dos


muros organizacionais
Profissional que faz a diferença é o que
transforma conhecimento em competência
por Luiz Gallo

P
or mais que se diga que sa- mento de informações necessárias A administração do saber, en-
ber dominar as atribuições para a tomada de decisões. Assim, tretanto, tem gerado uma série
profissionais seja sinônimo mais do que o domínio das habili- de desafios para a área de ges-
de competência, o fato é que diante dades exigidas pelo cargo, é pre- tão de pessoas. O maior deles,
das constantes mudanças impos- ciso saber ousar, inovar, adquirir explica o administrador Vicente
tas ao mundo corporativo, em e compartilhar conhecimentos, Picarelli Filho, gestor de Capital
decorrência das movimentações e empreender, ir além dos limites Humano da Deloitte, é romper
globalizações sociais, econômicas, que o cargo confere. a mentalidade que predomina
culturais, políticas e tecnológicas, Essa exigência é reflexo de uma nas organizações que adotam
esse atributo está deixando de ser nova realidade da economia mun- modelos de gestão ineficientes,
garantia de emprego. Diferente- dial, que obriga as corporações a presos à paradigmas hierárqui-
mente do que ocorria na Era Indus- gerir o conhecimento e a inteli- cos, à burocracia excessiva e a
trial, em que as pessoas serviam gência que circulam em seus de- uma cultura organizacional de
de recursos para o que efetiva- partamentos para se manterem baixa participação. “É preciso
mente fazia funcionar as organi- competitivas. As transformações, também renovar o conceito de
zações –máquinas, equipamentos, quase sempre radicais e abrangen- liderança, pois a maior parte
ferramentas etc–, hoje, na chamada tes, contribuíram para a comodi- dela ainda baseia sua forma
Era do Conhecimento, são requi- tização dos produtos e serviços. de atuação no poder conferido
sitadas para gerar valor por meio Para se diferenciarem, tiveram de pela hierarquia, não pela capa-
da inovação, do atendimento per- partir para a busca de pessoas cidade de influenciar pessoas
sonalizado, das contribuições para participativas, flexíveis, ousadas, para que tenham comporta-
melhorias nos processos de traba- inovadoras. Em outras palavras: mento e atitudes desejados e
lho, na velocidade de execução de de profissionais que sabem olhar alinhados com as necessidades
uma estratégia, do compartilha- além dos muros da organização. do mercado”, ressalta.

18 19
Capa PROFISSIONAL
Revista do Conselho Regional de Administração de São Paulo • CRA-SP

Desafios à parte, cabe ao ges-


O que é O convívio entre

Foto: Andrea Camargo


tor de pessoas ser o arquiteto dos
novos ambientes de trabalho, que
permitam aos profissionais expres- a geração gerações deve
sarem o que tem de melhor. “O ser marcado
gestor passa a ter um novo compor-
tamento na forma de administrar.
70% 74% 93% 65% 71% 25% pelo equilíbrio.
Deve se moldar aos desafios para
servir de exemplo aos seus subor-
acham
divertido
dizem que
a relação
acham o
desenvolvimento
querem ficar acreditam
mais de 5 anos
tem acesso
nos valores a blogs e Ou seja, uma
dinados. É isso que os fazem a ter trabalhar com a chefia crucial para ficar na empresa da empresa redes sociais
interesse em criar uma base de co- é boa na empresa
Fonte: Pesquisa do Hay Group com
deve completar
nhecimento. Afinal, se a Era do Co-
nhecimento traz novos valores para
5.560 jovens em seis empresas brasileiras
a outra
a organização, eles têm de ser com-
partilhados por todos”, diz Wagner
Brunini, diretor de Recursos Hu- as empresas façam isso por eles, A busca pelo conhecimento grandes e de pouca flexibilidade de errar, o que representa para as
manos da Basf para a América do “O colaborador é parte ativa na nunca foi privilégio da geração e, ainda, de se aproximarem empresas uma oportunidade de
Sul. Para ele, a reciprocidade das busca pelo conhecimento e autode- atual. Porém, sua propagação cada vez mais dos anseios do crescimento. Na visão de especia-
relações depende da forma como o senvolvimento. A fase do eu quero como ferramenta de inovação e consumidor. E o que influenciou listas, é a que está mais preparada
gestor incentiva os colaboradores a me desenvolver, mas a empresa de liderança foi acentuada a par- decisivamente para isso foi que para ir além das organizações. A
perceber que, se quiserem ser com- não faz nada, é coisa do século pas- tir do final da década de 1980, as pessoas tiveram acesso facili- justificativa está no fato de ser
petitivos, não devem esperar que sado”, ressalta Brunini, que tam- com o fenômeno da globali- tado a inúmeras informações so- uma geração que resiste menos às
bém é presidente da Associação bre os negócios. A partir daí, os mudanças e é ávida por aprender, Wagner
W
Wag ner
e Br
Bruni
Brunini
un ni
uni n enfatiza
enfati
enf at za quee o
ati
co abo
col
colaborador
ab radador
orr é parte
partte ativa
ativ
tivaa na
na busca
busc
busc
uss a pelo
pelo
e
Brasileira de Recursos Humanos, trabalhos passaram a ser feitos o que a leva a realizar múltiplas ta- connhec
conhecimento
hee ime
meento
ntt e aut
autode
autodesenvolvimento
ode
deesen
see vol
v vim
vo v ent
entoo
seccional São Paulo. As pessoas por processos e em grupos, ali- refas e a passar por várias funções.
Foto: Divulgação

No seu entendimento, o colabo- nhados com a missão e os obje- Tantas vantagens, no entanto,
rador somente será percebido se somente tivos da organização. Em suma, não significam que integrantes de
souber dominar o conhecimento,
o que lhe confere a prerrogativa
serão percebidas elas deixaram de representar um
problema –eram treinadas para
outras gerações não passaram por
processos de mudanças. “Passa-
mudanças mexe com comporta-
mentos. Para que sejam bem-su-
de poder discordar dos procedi- se souberem produzir, sem direito a questio- ram, sim, mas de uma forma mais cedidas, o ideal é que elas venham
mentos de seus superiores, quando namentos– para se transforma- lenta, sem a cobrança exaustiva por sempre da forma mais transparente
estiverem errados. Esse comporta- dominar o rem em vantagem. resultados”, esclarece Brunini. Com possível. As pessoas, explica Bru-
mento não representa a extinção
da hierarquia –sempre vai haver al-
conhecimento” Geração Y
isso, muitos têm dificuldades de se
integrar –e até mesmo de aceitar– às
nini, têm o direito de saber por que
as transformações estão ocorrendo
guém no comando–, mas é sinal de Wagner Brunini, diretor de Recursos Numa corrida entre gerações estruturas que exigem menos for- e quais são os impactos se elas dei-
que ela está perdendo força. “Tudo Humanos da Basf para a América do Sul para ver quem ganha o controle malidade entre gestores e subordi- xarem de ser colocadas em prática.
porque não se muda uma cultura e presidente da Associação Brasileira de do conhecimento, a chamada Ge- nados. Porém, de acordo com o seu “Com a transparência, o comporta-
de uma hora para a outra. Estamos Recursos Humanos, seccional São Paulo ração Y, formada por jovens entre ensinamento, o convívio entre gera- mento tende a ficar mais na linha
saindo de um estilo autoritário e 18 e 30 anos que entraram no mer- ções deve ser marcado pelo equilí- da adaptação do que na de rejeição
paternalista, do tipo ‘manda quem cado de trabalho nesta década, é a brio. Ou seja, uma deve completar ou de ignorância”, ressaltou.
pode, obedece quem tem juízo’, zação, que impôs transforma- que demonstra ter mais potencial. a outra. Os baby boomers, nasci- Uma das formas de mudar o com-
para uma gestão mais transparente ções cada vez mais frequentes. Nascidos sob o signo da Era do dos entre 1946 e 1963, por exem- portamento das pessoas é desenvol-
e participativa”. Ou, como definiu Na maioria dos casos, as mu- Conhecimento, esses jovens che- plo, por influência da Geração Y ver competências ou conjuntos de
o psicólogo Inácio Stoffel, especia- danças implantadas represen- gam às organizações munidos de podem entender que as mudanças conhecimentos específicos que as
lista em Psicologia Organizacional, tam um conjunto de alterações informações sobre o que acontece são processos naturais, da mesma preparem para atuar de forma mais
O Adm. Vicente Picarelli Filho, diz a empresa está deixando de ser que já vinha sendo experimenta- ao redor e estão sempre dispostos forma que podem influenciar a Y ampla nos mercados de interesse
que o comportamento das pessoas uma relação unilateral de poder/ dos pelas organizações desde a a apresentar soluções criativas. com a sua experiência. da empresa. Ao mesmo tempo,
pode ser mudado por meio do
desenvolvimento das competências submissão, para ser uma associa- Era Industrial. Foram formas de São também empreendedores das De qualquer forma, preparar é importante que percebam que os
ção de interesses comuns. livrarem-se de estruturas muito próprias carreiras, não têm medo profissionais para fazer frente às objetivos sociais e de negócios es-

20 21
Capa PROFISSIONAL
Revista do Conselho Regional de Administração de São Paulo • CRA-SP

O ajuste das exigências traba- ram ações específicas para aten-


lhistas à realidade do mercado
está fazendo com que vínculos
As gerações der a Geração Y. Segundo ela, as
empresas deviam olhar com mais
empregatícios sejam substituídos atenção para esse público, apesar
por parcerias, contribuindo para o de reconhecer que ele tem uma
surgimento de formas flexíveis de 1945 relação diferenciada de trabalho,
Tradicionais
trabalho. Os espaços ocupacionais 1963 não cria vínculo e troca facilmente
Baby 1979
tornaram-se mais amplos e entra- Boomers de emprego.
Geração X 1994
ram em cena redes colaborativas, D e qua lquer for ma, at es t a m
Geração Y
empregos virtuais, consultores, os gestores, o profissional dese-
Geração Z
part time (meio período) e tercei- nhado para o futuro deverá chegar
ros. Nesse cenário, o risco que se ao mercado de trabalho com po-
corre é o distanciamento das regras sicionamentos críticos e exigentes.
estabelecidas pela Consolidação RH, principalmente os que envolvem retenção de talentos por requererem Para minimizar a evasão de ta- Na bagagem, soluções criativas,
das Leis do Trabalho (CLT), elabo- o gerenciamento da performance or- estudos e avaliações profundas e es- lentos, as empresas apostam em inovadoras e ousadas que podem
rada há mais de 50 anos, quando ganizacional e os sistemas de avalia- pecializadas, nem sempre disponí- programas de formação de lide- impactar nas decisões da em-
os ambientes laborais eram basea- ção e feedback dos profissionais. veis internamente. “É mais comum rança e avaliação de potencial. presa. Como diz o escritor ame-
dos em estruturas hierárquicas que A criação de uma identidade en- encontrarmos ações e práticas mais Essas ações, na visão de Jucila, ricano Alvin Toffler, autor de “A
abrigavam uma grande quantidade tre a empresa e os profissionais, informais que não geram custos altos são valorizadas pelos jovens. No Terceira Onda”: “o conhecimento
de cargos em diversos níveis e po- para que sintam a existência de sin- e atendem principalmente as ques- entanto, de acordo com o estudo, é o substituto último de todas as
sições. Hoje, os cargos deixaram tonia entre seu propósito de vida e tões de curto prazo.”, justifica. apenas 30% das companhias cria- formas de produção”.
de ser a referência para a gestão de
pessoas. Em seus lugares, entraram
Jucila Gosling, gestora de
Talentos da Towers Watson as competências que significam a É importante
capacidade de entrega que as pes-
soas têm independente de sua posi- a criação de
tejam alinhados com seus valores e
ção na estrutura das empresas.
uma identidade
propósito de vida. “Essa percepção Guerra de talentos entre a empresa
fará com que as mudanças ocorram Como o profissional que faz a
de uma maneira mais profunda e diferença é aquele que agrega e e os profissionais”
duradoura”, diz Picarelli. transforma o conhecimento em
Baseado no tripé “conhecimento, competência, é normal que ele seja Adm. Vicente Picarelli Filho, gestor de
habilidade, atitude”, os modelos de alvo de disputa entre as empre- Capital Humano da Deloitte
competências têm como função sas para ver com quem fica o seu
contribuir para a lida com questões passe. Nessa “guerra de talentos”,
inéditas do contexto empresarial, é claro, vence quem oferecer mais os negócios da organização, e um
a partir do pressuposto de que poder de atração e de retenção. ambiente de trabalho que acena
somente a avaliação técnica das Picarelli aconselha as organizações a para oportunidades e recompensas
pessoas baseada nas habilidades avaliarem constantemente essas es- justas, também são vistas por es-
que possuem não é suficiente para tratégias, visto que as mudanças no pecialistas como processos impor-
atender as exigências do cargo. Os mercado são muito rápidas. Ele su- tantes de retenção de pessoas.
modelos de competência, explica gere a criação de uma inteligência na Responsável pela pesquisa da To-
Jucila Gosling, gestora de Talentos organização para monitorar a oferta wers Watson, que identificou junto a
da Towers Watson, ajudam nas no- e a demanda da força de trabalho, 133 empresas de grande e médio por-
vas relações de trabalho por refletir principalmente se a companhia ti- tes de diversos segmentos as tendên-
exatamente o que a empresa pre- ver atuação internacional. Entende cias e melhores práticas em gestão
cisa reforçar ou desenvolver, sem- também ser necessário o amadure- de 2009, Jucila diz que poucas orga-
pre alinhado às suas estratégias. cimento constante dos processos de nizações adotam práticas formais de

22
Perfil PROFISSIONAL
Revista do Conselho Regional de Administração de São Paulo • CRA-SP

Caminhar com as
próprias pernas
Paixão pelo trabalho
e vontade de crescer
por Luiz Gallo

E
m 2003, com apenas 27 anos, o administrador Adriano Schincariol assumiu o coman-
do do grupo Schincariol, maior produtora de cervejas com capital 100% nacional. Um
ano depois, apenas para mensurar o estilo aguerrido de sua gestão, foi responsável
por um dos maiores fenômenos de Marketing: o lançamento da Nova Schin, que fez com que
a empresa ampliasse o faturamento daquele ano em R$ 1 bilhão.
Formado pela Faculdade Prudente de Moraes, de Itu, interior de São Paulo, a mesma cida-
de que abriga a sede do grupo, e com MBA pela escola de negócios suíça IMD, Adriano
revela que, quando garoto, o sonho era ser engenheiro. Mas, por estar sempre ao lado do
pai acompanhando o dia a dia dos negócios, a opção por Administração nasceu do entendi-
mento de que ela proporcionaria uma formação ampla, o que o colocaria sempre à frente de
diversos projetos. “Foi realmente a escolha mais acertada.”
Do pai e de seus avós, diz ter herdado o empreendedorismo, a paixão pelo trabalho, a garra,
a dedicação e a vontade de crescer. São características que moldam o seu estilo de adminis-
trar e que ajudam na modernização da Schincariol, hoje transformada, aos 70 anos de ativi-
dades, de cervejaria em importante indústria de bebidas. São 14 fábricas em 12 Estados, que
empregam diretamente 9 mil pessoas, produzem 5 bilhões de litros por ano e garantem uma
participação de 12% do mercado de cervejas. Como reconhecimento por suas ações no desen-
volvimento da profissão, Adriano foi homenageado, em fevereiro, pelo Conselho Regional de
Administração de São Paulo com a entrega do título “Administrador Destaque”. Antes disso,
concedeu entrevista à Revista Administrador Profissional. Confira os principais trechos:
Adriano Schincariol é registrado
Fotos: Lucas Lacaz no CRA-SP pelo nº 69.399-5

24 25
Perfil PROFISSIONAL
Revista do Conselho Regional de Administração de São Paulo • CRA-SP

Revista Administrador Profissio- Os processos foram moderniza- importante por dar o conhecimento RAP: Onde a empresa pretende em especial sob o enfoque da go- prometimento. Como incentivamos
nal: A sucessão é um dos maiores dos, possibilitando a obtenção de necessário às técnicas mais moder- estar daqui a cinco anos? vernança, vai nos possibilitar trans- o crescimento e o desenvolvimento
dilemas das empresas familiares. ganhos de eficiência e competiti- nas de gestão, especialmente em Schincariol: Queremos ser a in- correr essa jornada com eficiência. dos colaboradores, não são raros os
Qual era sua experiência ao assu- vidade. Adotamos também uma uma empresa com atuação nacional dústria de bebidas mais admirada e casos de ascensão na empresa.
mir o comando da Schincariol? comunicação rápida e eficiente, e em permanente expansão. melhor gerenciada do Brasil. A ideia RAP: Como se dá o processo de
Adriano Schincariol: Sempre an- além de uma logística igualmente é consolidar o grupo como deten- inovação da empresa? As pessoas RAP: O que a empresa faz na
dei muito colado em meu pai, o que eficaz, por primarmos pela exce- RAP: A Schincariol está longe de tor de produtos das mais diversas são incentivadas a apresentar no- área da responsabilidade social?
me fez passar por todos os setores lência em serviços. ser a primeira cervejaria do País? categorias e expandi-lo por meio vas ideias? Schincariol: Estamos cada vez
da empresa. Tinha uma experiência Schincariol: Somos a indústria da introdução de inovações rápidas Schincariol: Temos uma área de- mais envolvidos com a sociedade,
um pouco maior nas áreas comer- RAP: Que análise o senhor faz de bebidas com o maior leque de e de altíssimo impacto. A intenção dicada à inovação e à qualidade, revertendo parte do lucro no apoio
cial e de Marketing, mas a proxi- da empresa nos anos em que ela produtos e a maior cervejaria do é se destacar pela atenção e pela inserida na diretoria de operações. a diversas iniciativas. Por meio de
midade da rotina diária de trabalho está sob seu comando? Qual a Brasil com capital 100% nacional. superioridade de nossos serviços, Logo, qualquer contribuição é bem- campanhas que visam conscienti-
permitiu que eu tivesse uma visão participação da Administração Em muitas praças, somos líderes atendendo a uma grande variedade vinda. A empresa dispõe de dois zar os colaboradores, obtivemos,
de todo o negócio. Isso foi prepon- nesse processo? de mercado ou próximos da lide- de canais de distribuição. Junto ao canais abertos para receber e avaliar em 2009, reduções significativas
derante para que a escolha recaísse Schincariol: Prefiro falar das ca- rança. Desfrutamos de uma posi- mercado, queremos desfrutar do as ideias que podem contribuir para no consumo de recursos naturais.
sobre meu nome, apesar de termos racterísticas de um grupo que com- ção que nos permite crescer com reconhecimento público como uma a melhoria de produtos e processos. A água economizada, por exem-
outros administradores na família pletou 70 anos. O meu trabalho, as próprias pernas. Vale destacar organização rentável e de desempe- Nossos colaboradores são incentiva- plo, daria para abastecer uma
que vinham sendo preparados para assim como o de todos que vieram que construímos a empresa com di- nho superior em um segmento de dos para isso e são reconhecidos pu- cidade como Itu, de 150 mil habi-
se envolver com a empresa. antes de mim e também daqueles ferencial e excelência na prestação acirrada competição. Nesse projeto, blicamente. Essa é uma característica tantes, por 40 dias. A redução da
que virão, contém as marcas dessa de serviços, o que nos garante o ex- os administradores exercem papel que esperamos do nosso time. emissão de gases do efeito estufa
RAP: A reorganização do negó- trajetória, que são a garra, o empre- cepcional relacionamento com nos- fundamental, pois canalizam esfor- equivaleu ao plantio de quase 68
cio faz parte da profissionalização endedorismo, a vontade de crescer sos distribuidores, colaboradores e ços, identificam oportunidades e li- RAP: Qual o perfil que o profis- mil árvores. Outros exemplos são
da gestão? e de estar em permanente evolução. comunidades. Isso nos leva a obter deram equipes em prol de objetivos sional deve ter para trabalhar na os programas Schin Inclusão Efi-
Schincariol: Modernizamos a Nesse contexto, a Administração é resultados expressivos. bem definidos. A Administração, Schincariol? ciente, voltados à integração de
gestão de governança corporativa, Schincariol: Além de desenvolver profissionais com deficiências,
alinhado-a com as melhores práticas o trabalho com excelência, procu- o Inclusão Digital, que promove
de mercado. Com isso, promovemos ramos profissionais que tenham a inserção de jovens em situação
Adriano Schincariol foi homenageado
relevantes mudanças organizacio- pelo CRA-SP com a entrega do título iniciativa e paixão por servir, que de vulnerabilidade no mercado
nais e ampliamos a interlocução com “Administrador Destaque”, atuem sempre em busca dos melho- de trabalho, e o Schin Saúde, que
em fevereiro de 2010
nossos diferentes públicos. Estarmos res resultados, com respeito à ética, oferece aos colaboradores e fami-
entre as líderes do setor é resultado ao próximo, e que saibam construir liares serviços médicos variados.
de uma administração eficiente e boas relações. Pode parecer exage- Além disso, em Itu está a sede do
comprometida com resultados, que rado, mas é realmente perceptível Centro de Estudos Experimentais
se reflete na solidez financeira do o orgulho das pessoas por fazerem SOS Mata Atlântica – Grupo Schin-
grupo. As operações da companhia parte deste time. Nosso clima é de cariol, que desenvolve projetos de
estão integradas, de maneira uni- camaradagem, sem abrir mão do restauração florestal, de banco de
forme e transparente e a gestão é profissionalismo, da garra e do com- sementes, produção de mudas e
profissionalizada. As decisões são programas de capacitação técnica
tomadas pelo Conselho de Admi- e de educação ambiental voltados
nistração, composto por membros Construímos para crianças em idade escolar.
independentes, e ratificadas por
auditoria externa. a empresa RAP: Por que a Schincariol não

RAP: Quais as principais mudan- com diferencial tem interesse em abrir o capital?
Schincariol: Nosso objetivo é
ças que implantou em sua gestão?
Schincariol: Posso citar a diversi-
e excelência continuar no caminho do desen-
volvimento sustentável, garan-
ficação dos produtos que contribuiu na prestação tindo a perenidade do grupo. A
para que a cervejaria fosse transfor- única coisa que está à venda é a
mada em uma indústria de bebidas. de serviços” nossa cerveja bem gelada.

26 27
Canal Aberto PROFISSIONAL
Revista do Conselho Regional de Administração de São Paulo • CRA-SP

Cursos de março
AD Autodesenvolvimento

Programação
Excel I - Básico
Excel I - Intermediário
Excel II - Básico
Desenvolvendo equipes de alto desempenho

de TV Corporativa,
Entrevista – Nutrição e cuidados com obesidade
Lições de macroeconomia para finanças pessoais
Relacionamento interpessoal e as questões de gênero

GC Gestão Corporativa

disponível no CRA-SP, Complexidade de gerência e da organização moderna


Modelos gerências contemporâneos

atualiza conhecimentos
O fenômeno workaholic – Riscos da atividade gerencial
Origem e evolução dos modelos gerenciais
Poder e influência como instrumentos da ação gerencial
HP12C – Um instrumento de tomada de decisão financeira

do administrador GP Gestão Pública

A internet e os riscos – Pedofilia e pornografia infanto-juvenil


Introdução à segurança com eletricidade
NR 10 – Rotinas e procedimentos de trabalho
NR 10 – Riscos em instalações e serviços com eletricidade
Orçamento público – Em busca da eficiência
O reuso da água
Orçamento público - Planejar é preciso?

N
o ar, desde o mês pas- údo pela Internet, os cursos são grama, a data e a hora de sua Sobre a Dtcom
sado, a TV Cor porativa transmitidos de segunda a sexta- escolha. A programação mensal Fundada no ano 2000, com a de soluções de comunicação, edu- permite a formação de uma rede
d i s p o n ível n o CRA-SP feira, das 10h às 19h, via satélite, dos canais Dtcom pode ser con- participação de grupos empre- cação à distância e capacitação. de comunicação, em tempo real,
vem apresentando uma série por meio de três canais: ferida na íntegra no endere ço sariais e de investidores como a A TV Corporativa Dtcom (TVC) é com filiais, clientes, distribuidores
de cursos que permite aos ad- • AD Autodesenvolvimento: w w w.crasp.gov.br/dtcom Umuarama Participações, o Grupo uma solução multiplataforma que e fornecedores interligados.
ministradores e tecnólogos re- auxilia em competências, conhe- A participação é livre de cus- Icatu, a Mongeral Previdência e o
gistrados, além de estudantes
da área, terem acesso a conte-
cimentos e atitudes que agregam
valores e geram resultados;
tos, mas, como as vagas são li-
mitadas, é importante que as
Grupo Petrelli de Comunicação,
a Dtcom atua junto ao mercado
Confira a programação completa
údos sobre campos relevantes • GC Gestão Corporativa: dedi- reservas sejam feitas com, pelo corporativo e público, por meio em www.crasp.gov.br/dtcom
da Administração. cado às técnicas gerenciais e or- menos, uma semana de antece-
A iniciativa, que tem como ganizacionais, fornece recursos dência à data desejada.
objetivo contribuir para o apri- em temas como gestão, finanças,
moramento do desenvolvimento marketing etc;
profissional dos administrado- • GP Gestão Pública: voltado ao São aulas com
res, é resultado de uma parce- segmento de órgãos e instituições
ria entre o CRA-SP e a Dtcom de Administração Pública. uma hora de
(Direct to Company S.A.), em- Para assisti-los, o administra- duração, mais
presa de educação a distância dor deve se inscrever pelo e-mail
atuante nos meios empresariais eventos.participe@crasp.gov. duas horas de
de todo o País. Com aulas de uma
hora de duração na sede do Con-
br ou ligar para (11) 3087.3200
– Departamento de Relações
conteúdo pela
selho, mais duas horas de conte- Externas, mencionando o pro- Internet
28 29
Estilo PROFISSIONAL
Revista do Conselho Regional de Administração de São Paulo • CRA-SP

Os prédios começam Impactos ambientais

a ficar verdes
em edificações nos
Estados Unidos 12% 30% 65% 70%

Fonte:

Aumento da consciência ambiental estimula


U.S. Green Building Council

Uso de água Emissão Produção Consumo de

a construção de condomínios sustentáveis de gases de resíduos eletricidade

por João Novaes

D
ificilmente outra palavra é o Leadership in Energy and Envi-
tenha se tornado tão cor- ronmental Design (Leed), concedido
rente neste início de sécu- pela ONG WGBC (World Green Buil-
lo quanto sustentabilidade. Ao ding Council). A entidade, que atua
relacionar aspectos econômicos, em 117 países, auxilia no desenvol-
sociais, culturais e ambientais da vimento da indústria de construção
sociedade humana e de se tornar sustentável. No Brasil, é representada
um dos componentes do cotidia- pela Green Building Council (GBC),
no profissional, a sustentabilidade que pretende criar um selo próprio, voláteis orgânicos e carpetes deve
passou a ocupar todos os espaços. adaptado à realidade local. ser evitado), sistema de ar condicio-
Agora, o conceito chega às residên- A primeira edificação no Brasil a nado vedado, para evitar acúmulo de
cias com a proposta de modificar a receber um certificado de sustenta- e conforto, os usuários têm menos sujeira, entre outras possibilidades.
maneira de viver e de morar. bilidade foi uma agência do Banco problemas de saúde, o que gera De acordo com Paola Figueire-
O novo estilo atende pelo nome Real, em Cotia, na região metropo- mais produtividade”, enfatiza. do, vice-presidente do Grupo Sus-
de green building, –“prédio verde” litana de São Paulo, que iniciou o Kawakami lembra que a conser- tentaX, mesmo representando, em
na tradução literal–, ou “condomí- processo em 2004. Hoje, segundo vação energética pode ser feita por média, 5% a mais no investimen-
nio sustentável”, como vem sendo a GBC, existem apenas 12 empre- Hugo Marques da Rosa, presidente meio do uso de luminárias de alta to, estudos do US Green Building
chamado. Surgidos na década de endimentos certificados e 166 em e fundador da Método. eficiência, lâmpadas frias, elevado- Council mostram que as constru-
1990, são empreendimentos que se processo de certificação. Um deles é O montante gasto com tecno- res inteligentes e geradores. O uso ções verdes aumentam a produtivi-
utilizam de tecnologias limpas com a primeira torre –de um total de qua- logias limpas é compensado pela racional de água pode ser consegui- dade dos funcionários em até 16%,
o objetivo de reduzir os impactos tro– do Rochaverá Corporate Towers, de vista técnico e ecológico. A his- economia com os custos de ener- do pela utilização da água de chuva, reduzem o consumo de energia em
causados pela construção no meio construção da Método Engenharia. tória da Método sempre foi marca- gia e água. “Nunca vi nenhum válvulas de duplo fluxo, torneiras e cerca de 30%, o uso de água em
ambiente. Em edificações já cons- A obra, que reúne vários conceitos da por ações sócio-ambientais, que empreendimento sustentável que descargas inteligentes. Ele aponta 50% e o da emissão de gás carbô-
truídas, a adaptação ainda é cara, de green building, como sistemas vão desde alfabetização de adultos não começasse a dar retorno em outros três aspectos que são leva- nico em 35%. Os custos de manu-
mas o investimento vale a pena em de reutilização de água e de geração em canteiros de obra à certificação três ou quatro anos”, afirma Nel- dos em conta na hora da certificação: tenção e operação são até 40%
função da valorização do imóvel. alternativa de energia para garan- ambiental de algumas de suas edi- son Kawakami, diretor-executivo localização do prédio –o impacto menores, com vida útil prolongada.
Para ter o carimbo de condomínio tir auto-suficiência, é considerada o ficações. “Faz parte do nosso DNA da GBC Brasil. “Há o caso de um que causará ao meio ambiente e a
sustentável, é preciso que sistemas maior complexo de escritórios de alto buscar as melhores práticas sus- shopping center, em São Paulo, consequente reposição do dano; tipo Novidade?
e processos –eficiência energética, padrão de São Paulo. A segunda tor- tentáveis, desde gerenciar o con- que isso se deu logo no primei- de material usado– se for reciclável Apesar do aumento de interes-
uso racional da água, espaço susten- re está em processo de certificação. sumo da água e da energia, fazer ro mês. Bastou trocar descargas diminui substancialmente a quan- se por certificações, Kawakami
tável, qualidade ambiental interna e O empreendimento faz parte da escolhas corretas dos materiais, e torneiras antigas por aparelhos tidade de entulho; e qualidade do afirma que o país ainda engatinha
materiais sustentáveis– sejam reco- filosofia da empresa que pretende tratar os resíduos produzidos pela seletivos. Estudos mostram que ambiente, valorizado por aspectos em relação à Europa e aos Estados
nhecidos por meio da conquista de desenvolver todas as suas obras de construção e manter a qualidade em construções projetadas para como o acesso à visão externa, ar Unidos. “O conceito está presen-
selos de qualidade. O mais famoso uma forma sustentável, do ponto do ambiente interno”, esclarece proporcionar melhor iluminação renovado (o uso de materiais como te em menos de 1% das constru-

30 31
Estilo PROFISSIONAL
Revista do Conselho Regional de Administração de São Paulo • CRA-SP

ções”. É muito pouco, mas é assim Paola afirma que as empresas Ela ressalta que o tema já passou di, que prevê a obrigatoriedade da Nova consciência Rochaverá, um dos empreendimentos

Foto: Divulgação
que se implanta uma cultura. Temos que ainda não iniciaram processos a ser compreendido e respeitado utilização de “alternativas tecno- Os envolvidos na área da sus- que adotou o conceito green building
relações fortes com organismos para produção e serviços de baixo pelos administradores, mas ainda lógicas ambientalmente susten- tentabilidade têm notado uma
governamentais que apoiam essas carbono (redução da emissão dos existem dúvidas sobre como passar táveis”. Se aprovado, todo prédio maior consciência ambiental e
iniciativas. Além disso, oferecemos gases causadores do efeito estu- da teoria à prática. “Muitas empre- ou condomínio no Estado terá mudança de atitude nas pes-
cursos de graduação e palestras em fa) perderão espaço no mercado. sas também não entenderam que de adotar mecanismos como o soas. “Essa transformação nos
diversas faculdades, atraindo enge- “Engenheiros, arquitetos e decora- para ser sustentáveis precisam que reaproveitamento e economia de questiona se não podemos fazer
nheiros, arquitetos e, cada vez mais dores estão passando por um pro- seus produtos e serviços também os energia, água e lixo. as coisas de modo a trazer mais
administradores”, afirmou. cesso de aprendizado importante, sejam. Alguns profissionais acham O projeto, que já foi discutido benefícios, impactando menos
que publicar relatórios de sustenta- com a Secretaria Estadual do Meio
bilidade já tornam as empresas com Ambiente, além de setores da
Temos essa característica. Mas, é o que se sociedade como Conselho Regio- É uma
Foto: Divulgação

chama de maquiagem verde (gre- nal dos Corretores de Imóveis de


relações enwashing), ou seja, tentam passar São Paulo (Creci-SP) e Sindicato iniciativa
por sustentáveis, sem, de fato, o das Empresas de Compra, Ven-
fortes com serem”, alertou. Para Paola, o cami- da, Locação e Administração de importante que
organismos nho é outro: “Por meio do desenvol-
vimento de estratégias corporativas
Imóveis Residenciais e Comerciais
do Estado de São Paulo (Secovi),
muda a forma
governamentais sustentáveis que tracem um pano- deverá ser votado ainda no primei- como concebemos
rama da situação atual e anali- ro trimestre desse ano.
que apoiam sem os interesses dos públicos da Porém, os especialistas pedem e construímos
empresa. É isso que eleva o valor cautela antes da aprovação. “A
essas iniciativas. da marca e torna a empresa mais iniciativa muda a forma como edificações”
Nelson Kawakami, rentável e sustentável.” concebemos e construímos edi- Paola Figueiredo, vice-presidente
diretor-executivo da GBC Brasil (foto) A falta de legislação pró- ficações, daí merecer um amplo do Grupo SustentaX
pria também é apontada como debate. Acredito ser um ótimo
empecilho para que o conceito tema para ser apreciado pelo
o de construir seguindo critérios não deslanche. No entanto, seus Conselho Brasileiro de Constru- o meio ambiente e ajudando a Bigardi acredita que essa mudan-
que poucam impactam o meio defensores estão prestes a ganhar ções Sustentáveis (CBCS), antes aumentar a qualidade de vida”, ça se deve a um amadurecimento
ambiente. Não diria que é resis- um fortíssimo aliado, que poderá de ser levado adiante”, aconselha diz Paola, que complementa: cultural das pessoas. “Se eu tivesse
tência, é o tempo de aprendizado acelerar de vez essa tendência, Paola. Kawakami admite que o “são ações que começam em tentado aprovar esse projeto há uns
e mudança de paradigmas. Muitos ao menos em todo o território problema do alto custo de conver- casa, como a de adquirir pro- cinco anos, seria muito difícil. Nem
ainda acreditam que sustentabili- paulista. Tramita na Assembléia sores e aquecedores de energia dutos que respeitam a susten- se cogitava falar em coleta seletiva
dade tem a ver com rusticidade e Legislativa do Estado de São Pau- solar, por exemplo, ainda invia- tabilidade, a eliminação de de lixo, por exemplo. Hoje parece
primitivismo. Pelo contrário, é mais lo o Projeto de Lei 799/2009, de biliza seu uso especialmente em desperdícios, como água e luz, haver mais consciência, em especial
eficiência, conforto e qualidade”. autoria do deputado Pedro Bigar- condomínios residenciais. e a reciclagem do lixo.” por parte dos jovens”, conclui.

Benefícios do Economias Resíduos Co2 Água Energia


Melhorias na 82,1% Considerando os custos típicos de um escri-
tório (EUA), 1% de ganho na produtividade
Green Building possíveis Produtividade tem maior representatividade que 100% de
redução no consumo de energia

Aumento de eficiência
com o Custo de mão 12,9%
de obra X Custos
Green de instalações
4,1%
Redução do impacto ambiental Building ($/m2/Ano)
Fonte: 0,6%
Melhoria da qualidade Fonte: Rocky Mountain Institute 0,3%
Cushman Carnegie Mellon University’s
do ambiente interno & Wakefield Center for Building Performance
and Diagnostics
Associação da marca ao Salário & Tecnologia Aluguel Energia Realocação
conceito de sustentabilidade % 50-90 30-50 35 30 Benefícios interna

32 33
Opinião

O planejamento
é a chave do êxito
O tema “Planejamento” é um e planejamento e execução finan- cadeias de trabalho. Ou seja, temos
dos que mais gera frustrações nas ceira. Esse número cai para quatro 12 motores e 1 sincronia.
pessoas que o buscam como fer- ou cinco se a empresa não for da Preocupar-se com as consequên-
ramenta eficaz. Antes de criticá- área da indústria e comércio. Da cias de projetos não planejados ab-
lo, porém, é preciso analisar as sincronia desses planejamentos sorve toda a nossa energia. Por outro
causas que levam ao insucesso. nascem o ritmo, a cadência e a uti- lado, quando construímos os plane-
E isso pode ser feito por meio lização mais adequada dos recur- jamentos necessários, edificamos o
de respostas para perguntas como sos em termos de capital de giro futuro da empresa pela sequência
“Quantos planejamentos existem?” dos variáveis. Resumindo: sete pla- correta de pensamentos, orienta-
“Quantas são suas categorias?” e nejamentos operacionais, sete alo- ções, ações e monitoramentos. Isso
“Quais os campos de trabalho em cações de recursos, uma sincronia. se dá em regime de baixa energia,
que as técnicas de planejamento são com mais lucidez, cadência e menos
realmente necessárias?” Essas inda- erros. Ou, como disse Manuel de
gações mostram que não podemos Planejar é Forn y Foxá, grande estadista espa-
tratá-lo de forma única nem genérica. nhol, planejar é fazer hoje, aqui e
É preciso deixar claro que em qual- fazer hoje agora o necessário para que o futuro
quer organização existem três impor-
tantes campos em que as técnicas de
o necessário para aconteça como queremos.
Planejar não é um ato administra-
planejamento podem ser aplicadas, que o futuro tivo, burocrático, mas requer imersão
sempre com objetivos diferentes.
No primeiro, encontram-se os cinco
aconteça como e sincronia mental profundas dos en-
volvidos em cada etapa do processo,
jogos fundamentais, a saber: estra- queremos” bem como visão antecipada dos pro-
tégico, de mercado, operacional, da blemas. É um fenômeno humano e
cultura e da construção da confiança não um conjunto de técnicas.
na organização; e do capital. Na prá- O último campo concentra os 12 Recentemente, em palestra sobre
tica, são cinco planejamentos. Juntos, motores operacionais da organiza- gestão de contratos, fiz referência ao
permitem a construção de uma sin- ção, distribuídos em cinco jogos: que foi o planejamento adotado para
cronia da inteligência, que pode ser estratégico (inteligência do negócio, as Olimpíadas de Barcelona e o que
usada como orientação de visão, for- plantar e colher, inovação e escalada foi para os Jogos Panamericanos do
mação de objetivos e como atacá-los. estratégica), mercado (comercial e Rio de Janeiro. O êxito retumbante e
Em suma, temos: cinco jogos, cinco exportação), operacional (informa- o fracasso envergonhado. As razões
planejamentos, uma sincronia. ção, produção, compras e logística), estão aí. Planejar é bom, dá certo.
No segundo, estão os sete pla- cultura (motor humano) e capital.
Adm. Luiz Bersou
nejamentos básicos e operacionais: Esses motores requerem objetivos CRA-SP n.68.120-2
planejamento e execução comer- e planejamentos específicos. Neles, Consultor em Gestão
cial, de produção, de compras, de temos o que se denomina de Gestão Empresarial
formação de estoques, de novos da Sequência & Consequência, que
produtos, de logística de entrega; se dá por meio do planejamento nas

Colab orações para est a s e ção p odem s er env iada s para o e-ma il marketing@crasp.gov.br - Os tex tos devem conter
no máx imo 3.0 0 0 caracteres (com espaço), nome completo do autor, foto em alt a resolução e o regist ro no CRA-SP.

34

Você também pode gostar