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Cap. 2
As habitações coletivas eram vistas como uma ameaça à vida familiar plenas e normal
devidas às tentações, à infidelidade, à delinquência, aos maus hábitos. Para que isso não
acontecesse seria necessário um lar, só possível na casa individual, recriando o espírito
burguês, cristão e etnocêntrico de família nuclear, monogâmica e individual, considerada
o padrão “natural” de organização social. Assim, a partir de 1930, a questão principal
deixou de ser a salubridade da moradia, para a viabilização do acesso à casa própria.
Mas para que isso ocorresse era necessário facilitar o acesso buscando o barateamento da
habitação, para isso buscou-se duas soluções:
1- Técnica: racionalização e simplificação dos sistemas construtivos, redução do padrão
dos acabamentos e dos pés direitos, mudança do código de obras, estandardização das
unidades, normatização dos materiais, combate à especulação imobiliária, com isenção
fiscal favorecendo não mais os construtores de casas operárias, mas os loteadores das
periferia.
2- De “localização urbana”: viabilização do acesso à periferia, ocupando a chamada zona
rural, com o rebaixamento das condições urbanas. Para isso, era necessário melhorar o
sistema de transporte coletivo, assegurando a chegada do trabalhador até o seu trabalho.
Essa expansão horizontal em direção à periferia criou para sempre dificuldades para a
organização de um sistema de transportes. Além disso, já haviam críticas de que esse
sistema sairia caro em termos de urbanização, transporte e infraestrutura, é que esse tipo
de barateamento seria cobrado no futuro.
Pág. 96: “A casa própria para os trabalhadores era o modelo de aplicação que interessava
as elites, mas para isso era necessário difundir a ideia de que para se tornar proprietário
os trabalhadores dependiam apenas do próprio esforço, além de ter que morar na zona
rural ou periferia, Em locais sem água encanada, sem coleta de esgoto, sem luz elétrica e
apenas com um transporte coletivo capaz de levar até o local de trabalho, nesse sentido é
fundamental convencê-lo de que isso era melhor que a vida nas moradias coletivas
situados no centro da cidade.“
Pág. 84: “para o trabalhador urbano, a casa própria simbolizava o progresso material. Ao
viabilizar o acesso à propriedade, à sociedade estaria valorizando o trabalho,
demonstrando que ele compensava, gera frutos e riqueza. Por outro lado, a difusão da
pequena propriedade era vista como meio de dar estabilidade ao regime, contrapondo-se
as ideias socialistas e comunistas. Com isso, o estado estaria de ser disseminando a
propriedade em vez de aboli-la e, assim, promovendo o bem comum. Os trabalhadores,
deixando de ser uma ameaça, teria uma casa própria um objeto capaz de compensar todos
os sacrifícios já que o morador do cortiço ou da moradia infecta estava condenada ser
revoltado,. Pronto Para embarcar em aventuras esquerdistas para desestabilizar a ordem
pública e social.
Pág. 95: “Nesse Novo modelo de habitação, o lar da família operária transformado em
proprietária torna-se um pequeno mundo protegido de todas as desgraças. Habitação
sadia, higiênica, individual e própria será o ponto de partida para eliminação dos riscos
de convulsão social e para a difusão de uma visão conservadora de organização social
através de sua unidade geradora: a família. Constrói-se uma utopia na qual os operários
reproduzem o modo de vida pequeno burguês, mantendo a ordem capitalista e sendo
atendidos por um estado protetor e por entidades assistencialistas capazes de garantir um
futuro seguro para todos.
Ressaltar:
1- O que eram?
2- Em qual conjuntura histórica foram criadas.
3- Como funcionavam?
4- Quais os resultados?
Resultado:
Fundação Casa Popular: em 18 anos, total de 143 conjuntos com 18.132 unidades
habitacionais.
IAPs: no mesmo período totalizaram 123.995 unidades, Sem contar os milhares
de apartamentos financiados para classe média.
Isso evidencia o fracasso da Fundação casa popular no âmbito da política habitacional
dos anos 40, além de demonstrar a incapacidade do Estado formular e implementar uma
política habitacional consistente como das causas da formação, expansão e consolidação
de soluções informais de produção da moradia, entre elas o padrão periférico de
crescimento urbano das grandes cidades brasileiras.
No entanto, percebe-se que o Estado agiu de diferentes formas para reduzir o peso da
habitação no orçamento do trabalhador e esse talvez tenha sido o principal resultado da
intervenção do estado na questão da habitação, Como também foi criadoUm consenso de
que essa política tinha de mudar e de que era necessário uma reestruturação efetiva na
intervenção habitacional, contudo nenhum dos governos seguintes conseguiu formular e
implementar uma nova política.
Final: tanta política descentralizada quanto é centralizada não deram certo. Discutir o
porque para finalizar a subseção.
A Lei do Inquilinato:
Tão importante quanto a produção estatal de moradias foi a difusão e aceitação da ideia
de que o estado deveria se responsabilizar por garantir um padrão habitacional mínimo
para os trabalhadores urbanos, a custos compatíveis com os seus salários. A partir dos
anos 30 criou-se um relativo consenso nas elites quanto a necessidade da intervenção
estatal, pretendendo impedir que os custos com moradia subissem a. De pressionar o
salários mas, por outro lado, temia-se que as condições de habitação se agravassem ainda
mais, comprometendo discurso jeito lista de proteção do trabalhador. Segundo uma
posição que logo se tornou dominante, a iniciativa privada não tinha condições de atender
ao mercado de habitações populares “higiênicas“, pois a população de baixa renda não
poderia garantir a rentabilidade exigida pelos investidores privados e para isso o estado
deveria intervir não só como produtor e financiador mas também para proteger o inquilino
dos locadores “inescrupulosos“ e assegurar a suas condições mínimas de habitabilidade.
Antes da Lei do Inquilinato - Código Civil: O proprietário tem domínio absoluto sobre
imóvel objeto da locação poderá alugar ou não, ainda que numerosas famílias fiquem é o
desabrigo. O preço do aluguel podia ser fixado livremente locatário tinha de se sujeitar as
condições acordadas, entre as quais o prazo determinado da locação, findo o qual o imóvel
deveria ser desocupado. Assim predominavam os princípios individualistas e o “sentido
absoluto da propriedade“.
Consequência positiva - apesar disso alguns membros da classe média e baixa classe
média que conseguiram resistir ao despejo foram beneficiados com aluguéis baixos ou
mesmo, em certos casos, puderam adquira casa em que moravam, pois muitos
proprietários, impossibilitados de reaver seus imóveis acabaram por vender luz aos
próprios inquilinos em condições facilitadas.
Pelo menos em parte a crise foi feito das medidas adotadas pelo governo: desestímulo
provocado pelo governo investimento imobiliário; lei do inquilinato; restrições ao crédito
imobiliário (suspensão dos financiamentos de incorporações concedidos pelos IAPs;
Restrição ao crédito hipotecário concedido por bancos e entidades particulares, através
da manutenção de baixas taxas de juros; proibição aos bancos de realizar a Rê descontos
de duplicatas emitidas por incorporadores; paralisação do financiamento imobiliário e na
década de 1950, instituição de medidas que restringiram a aplicação das reservas técnicas
das companhias de seguros no financiamento imobiliário) - desse modo os empréstimos
começaram a ter prazos cada vez mais curtos e juros cada vez mais elevados, tentando
frear o desvio de recursos gerados na Indústria e no comércio para o setor imobiliário se
tornou um dos maiores empecilhos para a industrialização.
-Fez com que surgisse aspiração pela casa própria (classe média e baixa) em razão da
segurança familiar.
O início da operação dos ônibus entre 1924 em 1925 foi essencial para
viabilização do padrão periférico em razão do acesso a áreas distantes e pouco
ocupadas.
A casa própria auto empreendidas ao mesmo tempo que permite uma redução
salarial conveniente ao capitalismo selvagem brasileiro, representou para os
trabalhadores uma perspectiva mesmo que dos oia, ascensão social de estabilidade
familiar. Isso não só pela possibilidade de escapar do aluguel ir morar a custo
quase novo como, sobretudo, representar a única perspectiva de entesouramento,
de formação de um patrimônio e de obtenção de uma renda extra que dependesse
do trabalho que uma família trabalhadora podia almeja. No entanto contribuiu
para aumentar a exploração do trabalho.
Se para os mais ricos a casa própria pode ser importante por aspectos simbólicos
e subjetivos, como satisfação própria, garantia de estabilidade a criação de um
ambiente doméstico compatível com o gosto, status social e cultura da família,
para os pobres, além desses elementos, a opção pela casa própria torna-se um
refúgio seguro contra incertezas que o mercado de trabalho e as condições de vida
urbana reserva um trabalhador que envelhece.
apesar do Benny H a ter estruturado, pela primeira vez no país, uma verdadeira
política habitacional concretizando que Vargas pretendia em 1945 para a
Fundação casa Popular, em muitos aspectos ele significou um retrocesso em
relação ao que foi realizado pelos e a P.S., como na qualidade dos projetos dos
conjuntos residenciais. A partir de 1964, ocorreu um divórcio entre arquitetura e
moradia popular, com grandes repercussões na atualidade do espaço urbano.
-BNH: Nos anos 80, as críticas ação do governo federal na área adaptação e os diferentes
aspectos do modelo central desenvolvimentista aguçaram se junto com a oposição regime
autoritário. Na imprensa, universidades, organizações e movimentos comunitários,
entidades profissionais etc. Surgiram propostas alternativas de políticas urbanas e
habitacionais, por vezes encampada em programas de governo de administrações mais
progressistas. Ganhou em fazer a defesa do desenvolvimento sustentável, baseado na
participação comunitária o respeito ao meio ambiente, buscando romper a ideia de
crescimento e progresso a qualquer custo, Que predomina desde o período jeito lista. A
necessidade de enfrentar o desafio da cidade real, com projetos de urbanização de
assentamentos precários, o desenvolvimento de novas formas de gestão dos
empreendimentos habitacionais, como auto gestão e a congestão, incorporando a parceria
com organizações não governamentais, a adoção de critérios sociais no financiamento e
valorização da arquitetura nos projetos habitacionais passaram a ser defendidas ao lado
de medidas com uma descentralização das políticas habitacionais e urbanas, ampliando
se a participação dos municípios e das organizações não governamentais e a revisão da
legislação urbanística elitista.
Essas propostas começaram a ser colocadas em prática em meados dos anos 80 em
programas habitacionais alternativos, desenvolvidos por algumas prefeituras, no período
em que se ampliou a crise do estado brasileiro e a desestruturação do sistema financeiro
da habitação. Lentamente, iniciou-se um longo processo de transição para novas
propostas de gestão urbana, ainda não concluído.