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Bonduki:

Primórdios da intervenção estatal na habitação - higienismo.


Apesar de intervenções do poder público no controle sanitários de habitações, em obras
de saneamento, distribuição de água e coleta de esgoto e a criação de legislação de
controle e uso do solo no final do século XIX, a provisão habitacional por parte do Estado,
se inicia a partir da Era Vargas.

Cap. 2

A junção entre a criação de órgãos governamentais e instituições de ensino, que geraram


debates, pesquisar e reflexões, além do amplo leque de setores sociais sobre a ineficácia
da iniciativa privada na produção habitacional, como entidades empresariais, forças
políticas com influências junto aos trabalhadores, técnicos e a opinião pública,
consolidaram a noção de que o Estado que deveria garantir condições dignas de moradia,
investindo recursos públicos e fundos sociais para a questão.

Pág. 80: Esse consenso respaldou a criação ou o fortalecimento de dos órgãos


governamentais encarregados de produzir ou financiar a produção de habitações, como
as Carteiras Prediais dos Institutos de Aposentadoria e Pensões, e a Fundação da Casa
Popular. Nas décadas de 1940 e 1950, as críticas que surgiram e as políticas e com relação
as políticas desses órgãos, foram motivadas mais pelo motivo de gestão na mente dos
recursos do que por uma posição contrária a intervenção do Estado.

No cenário político - coisas que favoreceram a intervenção do Estado na economia e no


provimento aos trabalhadores das condições básicas de sobrevivência, inclusive a
produção habitacional social a partir da década de 1930:
 Ascensão do fascismo
 Socialismo
 Keynesianismo
 Social-democracia, a partir dos anos 20 em alguns países europeus.
Resultado em 1942 na Lei do Inquilinato.
Pág. 83: “ até décadas de 1930, era raro que operários e trabalhadores de baixa ainda
fossem donos de suas moradias, e mesmo grande parte da classe média ocupava casas de
aluguel já que o estado não se imiscuir na provisão de moradia subsidiadas, não havendo
linha de financiamento nem esquemas que facilitassem a construção de casas nas
periferias dos outros urbanos pelos próprios trabalhadores, é muito difícil para qualquer
assalariado adquirir um bem cujo valor absoluto ultrapassava em muito seus rendimentos
mensais e sua capacidade de poupança.

As habitações coletivas eram vistas como uma ameaça à vida familiar plenas e normal
devidas às tentações, à infidelidade, à delinquência, aos maus hábitos. Para que isso não
acontecesse seria necessário um lar, só possível na casa individual, recriando o espírito
burguês, cristão e etnocêntrico de família nuclear, monogâmica e individual, considerada
o padrão “natural” de organização social. Assim, a partir de 1930, a questão principal
deixou de ser a salubridade da moradia, para a viabilização do acesso à casa própria.
Mas para que isso ocorresse era necessário facilitar o acesso buscando o barateamento da
habitação, para isso buscou-se duas soluções:
1- Técnica: racionalização e simplificação dos sistemas construtivos, redução do padrão
dos acabamentos e dos pés direitos, mudança do código de obras, estandardização das
unidades, normatização dos materiais, combate à especulação imobiliária, com isenção
fiscal favorecendo não mais os construtores de casas operárias, mas os loteadores das
periferia.
2- De “localização urbana”: viabilização do acesso à periferia, ocupando a chamada zona
rural, com o rebaixamento das condições urbanas. Para isso, era necessário melhorar o
sistema de transporte coletivo, assegurando a chegada do trabalhador até o seu trabalho.
Essa expansão horizontal em direção à periferia criou para sempre dificuldades para a
organização de um sistema de transportes. Além disso, já haviam críticas de que esse
sistema sairia caro em termos de urbanização, transporte e infraestrutura, é que esse tipo
de barateamento seria cobrado no futuro.
Pág. 96: “A casa própria para os trabalhadores era o modelo de aplicação que interessava
as elites, mas para isso era necessário difundir a ideia de que para se tornar proprietário
os trabalhadores dependiam apenas do próprio esforço, além de ter que morar na zona
rural ou periferia, Em locais sem água encanada, sem coleta de esgoto, sem luz elétrica e
apenas com um transporte coletivo capaz de levar até o local de trabalho, nesse sentido é
fundamental convencê-lo de que isso era melhor que a vida nas moradias coletivas
situados no centro da cidade.“

Pág. 84: “para o trabalhador urbano, a casa própria simbolizava o progresso material. Ao
viabilizar o acesso à propriedade, à sociedade estaria valorizando o trabalho,
demonstrando que ele compensava, gera frutos e riqueza. Por outro lado, a difusão da
pequena propriedade era vista como meio de dar estabilidade ao regime, contrapondo-se
as ideias socialistas e comunistas. Com isso, o estado estaria de ser disseminando a
propriedade em vez de aboli-la e, assim, promovendo o bem comum. Os trabalhadores,
deixando de ser uma ameaça, teria uma casa própria um objeto capaz de compensar todos
os sacrifícios já que o morador do cortiço ou da moradia infecta estava condenada ser
revoltado,. Pronto Para embarcar em aventuras esquerdistas para desestabilizar a ordem
pública e social.
Pág. 95: “Nesse Novo modelo de habitação, o lar da família operária transformado em
proprietária torna-se um pequeno mundo protegido de todas as desgraças. Habitação
sadia, higiênica, individual e própria será o ponto de partida para eliminação dos riscos
de convulsão social e para a difusão de uma visão conservadora de organização social
através de sua unidade geradora: a família. Constrói-se uma utopia na qual os operários
reproduzem o modo de vida pequeno burguês, mantendo a ordem capitalista e sendo
atendidos por um estado protetor e por entidades assistencialistas capazes de garantir um
futuro seguro para todos.

Cap. 3: origens da produção estatal da moradia.

Ressaltar:
1- O que eram?
2- Em qual conjuntura histórica foram criadas.
3- Como funcionavam?
4- Quais os resultados?

 Instituto de Aposentadoria e Pensões e Fundação Casa Popular: foram os


primeiros órgãos federais que atuaram no setor de habitação social, criados entre
1933 e 1938, a partir do esquema de funcionamento da antiga Caixa de
Aposentadoria e Pensões (CAPS) primeira regulamentação previdenciária criada
em 1923, porém embora atendesse o movimento operário era desvinculada do
Estado.

o Arrecadação: contribuição tripartite (empregado, empregador e Estado), porém


dois deles (o Estado e parte dos empregadores), estavam sempre inadimplentes, e
foram sobretudo os trabalhadores que financiaram a previdência e através dela,
importantes projetos estatais e privados de desenvolvimento econômico.
o Financiou projetos estratégicos com significativo volume de recursos dirigidos
para implantação da infraestrutura industrial.
o Havia uma tensão permanente entre a perspectiva social relacionada a redução das
taxas de juros e a dilatação dos prazos de pagamento como medidas favoráveis ao
atendimento dos setores de renda mais baixa, e outra atuaria ao com preocupação
de destinar recursos de previdência para segmentos de renda mais elevada
objetivando uma rentabilidade superior a obtida com títulos da dívida pública.Na
época já existia uma disputa por recursos públicos entre os que lutavam por uma
política social de habitação e os incorporadores imobiliários privados interessados
na construção e venda de apartamentos de luxo, disputa que nunca Deixou de
existir.
o Planos A, B e C - Pág. 104-111.
o Todos os estudos sobre os IAPs apontam a existência de apadrinhamento político
e clientelismo na indicação da demanda para os conjuntos,para obtenção dos
financiamentos e apropriação privada de recursos públicos Que pelo seu caráter
corporativo estabelecia uma distinção entre quem podia e quem Não podia ser
beneficiado, não pelo aspecto social, mas pela Associação a uma corporação.
Traçou se com isso uma linha divisória entre os cidadãos com direitos sociais,
entre os quais os trabalhadores assalariados e o sub cidadãos, que não tinha lugar
na nova ordem social (os não assalariados). A maneira com os setores populares
não assalariados eram tratados pelo estado pós 30 é um sintoma dessa exclusão
imposta pelo corporativismo em segmentos importantes da sociedade que ainda
não haviam sido integrados à economia formal capitalista. Pela ótica dos
institutos, os favelados eram estigmatizados como “marginais“ e excluídos da
proteção do Estado, Que defende o discurso de discriminação dos pobres que não
merece o apoio dos operários a quem se destinavam as políticas sociais
promovidas pelo Estado. O bem estar e a felicidade eram direito apenas daqueles
que tinham carteira assinada, Gerando um fracionamento por classe.
o A estruturação corporativa das IAPS gerava uma diferenciação entre as próprias
categorias profissionais, os bancários, por exemplo, era uma categoria
privilegiada, Que recebiam salários médios muito superiores aos demais
trabalhadores e, em consequência, seu Instituto, o IAPB proporcionava um melhor
atendimento habitacional para seus associados. Durante a crise do estado novo, a
vontade política de Vargas para mudar a estrutura institucional e as políticas
sociais evidenciaram-se na proposta de unificação das IAPs no Instituto de
Serviço Social do Brasil (ISSB), que chegou a ser instituído por decreto
universalizando os serviços da previdência social a todos os habitantes e
ampliando os serviços assistenciais superando o corporativismo que até então
limitava atendimento, mas a deposição de Vargas interrompeu a implementação
dessas medidas. Sendo assim criava categorias privilegiadas e Excluia setores
sociais fazendo da sua atuação no setor Habitacional restrita insuficiente para as
necessidades de um país que se urbanizava com rapidez. Assim como excluir o
trabalhador rural, o estado também deixou de lado os trabalhadores informais
urbanos, que permaneceram sem direitos sociais (o que se repete até os dias
atuais).
o Os IAPs tendo seus fundos de lapidados por investimentos imobiliários que não
dava um retorno, corroídos que eram pela inflação, os institutos resignaram se
atribuir tal desgraça a uma cota de sacrifício, em “nome do social“. E
gradativamente, com a redução das reservas previdenciárias nos anos 50, foram
deixando de investir nos planos A e B (social) para investir no plano C (atuarial)
como elemento compensatório das aplicações feitas em obras de caráter social.
o Financiar um lugar moradias abaixo do custo, sem dispor de recursos para dar
continuidade ação não configurava uma política social e sim populismo, com
objetivos políticos de curto prazo. Uma política de habitação social deveria
estabelecer critérios de investimento que dirigissem os subsídios para que de fato
tinha necessidade, definindo a origem dos recursos necessários para cobri-los. E
por outro lado, garantir o retorno dos recursos a serem financiados para que não
houvesse depreciação de seus fundos. Só nessas condições seria possível manter
um fluxo constante de recursos para sustentar a produção habitacional.
o Premiados pela necessidade de preservar seu patrimônio, privados da contribuição
do estado, que nunca integralizou a parte que ele cabia nas receitas e subordinados
a uma concepção corporativa fragmentária, os institutos mais entravaram do que
contribuíram para a consolidação de uma política de habitação social.

 Contexto das transformações do setor Habitacional: grave crise de moradia,


atribuição estado da responsabilidade pelo enfrentamento do problema
Habitacional e emergência de novos modelos de moradia, baseados no
autoempreedimento da casa própria.

Pág. 100: “Embora A questão habitacional fosse reconhecida como um problema do


estado, até 1964 interesses contraditórios presentes nos governos populistas,
descontinuidade administrativa e falta de prioridade impediram a implementação de uma
política de habitação social de maior alcance. E, na ausência de uma ação mais efetiva do
governo, a Lei do Inquilinato com o congelamento dos aluguéis, foi sucessivamente
prorrogada com argumento de que era preciso resolver o problema de habitação antes de
se liberar os aluguéis. No entanto, a produção de habitação social no período não foi
irrisória, como comprovam os conjuntos habitacionais do IAPI. Mas o caráter
fragmentário de intervenção acabou por restringir ação pública e estimular a busca, pela
própria população, de soluções informais para o problema habitacional, como a favela e
a casa auto empreendida em loteamentos periféricos.”

 Fundação da Casa Popular: uma tentativa frustrada de política habitacional nos


anos 40 - Pág. 115
o O projeto da fundação da casa Popular fracassou porque os grupos sociais que
mais seriam beneficiados estavam desorganizados ou dos interessados em ser
interlocutores do governo na formulação de uma política social, Ao passo que os
setores que se opunham ao projeto por interesses corporativos, econômicos ou
políticos, agiram com eficiência para desmantela-lo. O anteprojeto sofreu
profundas transformações a partir dos vetos feitos pelos diversos atores coletivos
que participaram da arena decisória. A oposição viria da indústria da construção
civil que termina a dificuldade de obtenção de materiais de construção para os
empreendimentos privados prejudicando o lucrativo negócio das incorporações
para venda, Além da interrupção dos créditos imobiliários para as incorporações.
Além disso também se opunham os escalões superiores do IAPS E os grupos
ligados a estrutura pelego-corporativa do Ministério do Trabalho, pois esse visava
a unificação das carteiras pedi as os institutos e sua transferência para a fundação
da casa Popular e desse modo, geraria um enfraquecimento dos institutos e
reduziria seu poder, rompendo laços clientelísticos e retirando de suas mãos o
controle na distribuição dos benefícios previdenciários. Portanto essa unificação
feria interesses corporativos onde nos institutos existiam categorias muito mais
privilegiadas em termos de atendimento, pois, recebendo salários superiores,
contribuíam com valores mais elevados, como no caso dos institutos os bancários.
Assim unificado universalizado o atendimento, Colocaria fim dos privilégios
promovendo uma espécie de políticas redistributiva. Os sindicatos também se
opuseram ao anteprojeto pois queriam eles próprios assumir o controle do aparato
administrativo dos IAPs e por que entendiam que a SP acabaria minando os
institutos previdenciários. Queriam, na verdade, articular o movimento sindical
aos institutos, ampliando sua esfera de poder. Mas justificaram sua posição um
argumento de que os institutos estavam capacitados para enfrentar o problema
habitacional. Já o partido comunista foi contrário a FCP considerando a um
instrumento conservador para iludir os trabalhadores. Os comunistas criticaram
sobretudo o fato de a FCP propor a casa própria como uma forma básica de acesso
à moradia, medida que considerava reacionária e que visaria cooptar os setores
populares. As entidades profissionais ligados a área de construção civil como o
Instituto dos Arquitetos do Brasil e o clube de engenharia também se opuseram
ao anteprojeto dizendo que invocava o problema da habitação e da política urbana
como “mera construção de casas”, o que seria uma crítica infundada posto que o
decreto que instituiu a SP previa várias intervenções ligadas ao desenvolvimento
o Contexto histórico: a crise habitacional atingiu seu clímax no período da Segunda
Guerra e nos anos seguintes. Em meio a desenfreada especulação imobiliária e
aumento da produção de edifícios de luxo, empate financiados com recursos
previdenciários, desapareceram as casas e os apartamentos para locação. O
congelamento dos aluguéis, instituído pela Lei do inquilinato em 1942, como
suposta resposta do governo carência de moradias agravou a situação
desestimulando a colocação de novos imóveis no mercado de locação e
provocando uma enxurrada de despejos. E, para piorar, o crescimento da atividade
econômica pela conjuntura da guerra gerou uma intensificação do processo de
urbanização e migração interna em direção as grandes cidades, ampliando a
demanda por alojamento. Percebe-se nitidamente a oposição da esquerda ao anti
projeto em razão do caráter conservador vinculado sobretudo a igreja católica que
enfatizava a relação entre a família moradia como fundamento da estruturação
moral e cristã das classes populares. A defesa da casa própria foi enfaticamente
defendida pelos setores católicos, ao passo que setores de esquerda, influenciados
pelo PCB, privilegiavam soluções habitacionais baseadas no aluguel. Porém
sobretudo os técnicos do Ministério do Trabalho, adeptos das doutrinas sociais da
igreja que formularam e defenderam uma intervenção mais rigorosa do Estado na
questão da moradia.Desse modo o projeto original da FCP foi frustrado e sua
implementação não foi suspensa mas perdeu a força que teria caso centralizasse a
política nacional de habitação e dispusesse de recursos de origem não
orçamentária para implementar seus programas.Essa inexistência de recursos de
origem não orçamentária fragilizaram a FCP que teve de contar com recursos de
outras fontes como a cobrança de impostos, que nunca se viabilizou tanto por
sonegação como por que os estados, que seriam responsáveis por seu
recolhimento, contestaram a sua implantação e se mostraram desinteressados
tanto em arrecadar o imposto como em receber o benefício, já que estavam
interessados em criar órgãos regionais para enfrentar o problema habitacional.(Por
outro lado essa tentativa de articular com o poder municipal e outras instituições
locais mostra que a FCP tinha consciência da importância do apoio tanto
financeiro quanto técnico além da busca de soluções habitacionais para problemas
locais e regionais).Por essa razão o imposto sobre as transações imobiliárias foi
extinto em 1951, fazendo com que a FCP dependesse quase que só dos recursos
orçamentários da União, disputados por todos os setores de governo e projetos de
desenvolvimento. Sem outra fonte de recursos e diz preparada para enfrentar a
depreciação inflacionária que corroía suas aplicações e o retorno de sua exígua
carteira de financiamentos, restringindo a a realizações inexpressivas, como a
construção de conjuntos habitacionais em terrenos doados pelas prefeituras, que
também se encarregavam da infraestrutura. Depois das críticas ao anteprojeto, a
SP adotou a construção de casas de locação com alternativas de acesso à moradia,
mas, de maneira geral, seus programas privilegiaram a casa própria, sobretudo em
conjuntos habitacionais possibilitando o acesso à propriedade, aspiração cada vez
mais forte entre os trabalhadores, a FCP foi desde o inicio utilizada com objetivos
políticos (governo Dutra ).
o Os mecanismos para selecionar os beneficiários eram duvidosos com limitações
ao acesso excessivamente genéricas, dando-se preferência brasileiros residentes
no país com mais de 10 anos, a famílias grandes e de renda inferior a 12,8 salários
mínimos. A limitação de renda pouco influia pois o teto elevado, permitindo
acesso de família de classe média (o que só não ocorreu com maior frequência por
que morar em conjunto habitacional era considerado final de pobreza). Havia
também um tráfico de influências de natureza político partidária ou no âmbito da
própria burocracia, onde o clientelismo era regra geral.
o Desse modo a FCP sobreviveria por inércia até 1964, sendo considerada um
símbolo da ineficiência governamental e do predomínio da fisiologia em
detrimento da racionalidade e do interesse público. Demonstra que o estado não
se organizam de modo enfrentar de maneira séria e consequente o problema
habitacional agindo de forma fragmentária nas carteiras prediais dos institutos de
aposentadoria, na Fundação de casa Popular, e em números institutos
previdenciários de funcionários públicos, em órgãos estaduais ou
municipais desvinculados de uma política habitacional geral não dando a devida
prioridade a questão da moradia social. Apesar do momento no final da guerra e-
mail é dramática falta de moradias, a conjuntura ser propício para implementação
de uma política habitacional a derrubada de Vargas no entanto, eliminou elemento
decisivo: o empenho governamental para enfrentar as resistências institucionais,
burocráticas, políticas e de setores econômicos que seriam afetados. Forçado pela
conjuntura, o governo Dutra criou a FCP, que poderia ter desempenhado esse
papel se tivesse conseguido impor-se aos interesses parcelados da burocracia
estatal e conquistar apoio consistente de setores da sociedade. Os governos
populistas subsequentes trataram a questão da moradia menos como uma política
pública e mais como instrumento fisiológico para segurar apoio eleitoral os
partidos governistas. O resultado da proliferação de órgãos públicos promotores
de habitação social e a escassez de resultados gerou apenas uma política miúda de
clientela e nenhuma visão abrangente da questão habitacional. A falta de uma
política global para o setor, com estratégias de produção em financiamento e
regras para garantir o retorno adequado dos investimentos, tornou a intervenção
pública cada vez mais relevante. Se os atuais os recursos tivessem se concentrado
não só órgão capaz de implementar uma política habitacional para o país, a
capacidade do governo responder ao problema teria sido muito maior. No entanto,
ambiguidade da intervenção habitacional desenvolvida pelos IAPs, aliadas
políticas de tonio que não previam mecanismos para enfrentar a inflação
crescente, acabaram por inviabilizar a produção em níveis elevados. Sem
estratégia para enfrentar o problema, o estado brasileiro foi incapaz de substituir
os empreendedores privados com o provedor de moradias para os trabalhadores.
Isso tornou inevitável surgimento de soluções habitacionais baseadas no
autoempreendimento e na autoconstrução, ou seja, no financiamento e construção
de moradias pelos próprios trabalhadores.
o A fundação da casa Popular foi criada no governo Dutra, Em um de maio de 1946
para intervir na questão da moradia pois, esse problema passar a ter grande
visibilidade política e adquirirá potencial para articular um consenso, pois
incorporava demanda popular (habitação e emprego) E Empresariais
(especialmente das Indústrias de materiais e da construção civil). Assim, o
governo se utilizou da questão como forma de demonstrar sensibilidade social
numa área explosiva e, de certa forma, compensar o conservadorismo do seu
governo. O período de maior produção, de 1946 a 1950, coincidiu com o Pico da
crise habitacional e da politização da questão. Em apenas cinco anos de governo
Dutra foram construídos 52,1% do total de unidades habitacionais em conjuntos
(Plano A) produzidas durante todos 27 anos de existência das carteiras prediais
dos IAPs e 45% da produção da FCP.

Resultado:
 Fundação Casa Popular: em 18 anos, total de 143 conjuntos com 18.132 unidades
habitacionais.
 IAPs: no mesmo período totalizaram 123.995 unidades, Sem contar os milhares
de apartamentos financiados para classe média.
Isso evidencia o fracasso da Fundação casa popular no âmbito da política habitacional
dos anos 40, além de demonstrar a incapacidade do Estado formular e implementar uma
política habitacional consistente como das causas da formação, expansão e consolidação
de soluções informais de produção da moradia, entre elas o padrão periférico de
crescimento urbano das grandes cidades brasileiras.
No entanto, percebe-se que o Estado agiu de diferentes formas para reduzir o peso da
habitação no orçamento do trabalhador e esse talvez tenha sido o principal resultado da
intervenção do estado na questão da habitação, Como também foi criadoUm consenso de
que essa política tinha de mudar e de que era necessário uma reestruturação efetiva na
intervenção habitacional, contudo nenhum dos governos seguintes conseguiu formular e
implementar uma nova política.

Final: tanta política descentralizada quanto é centralizada não deram certo. Discutir o
porque para finalizar a subseção.

A tentativa de centralização foi um fracasso tanto na unificação das IAPs da unificação


das IAPs com a FCP.

A Lei do Inquilinato:

Intervenção estatal na regulamentação das relações entre inquilinos e proprietários, que


duraram décadas, em que os aluguéis foram congelados, Transformando as formas de
provisão habitacional no Brasil e desestimulando a produção rentes está transferindo para
estado para os próprios trabalhadores do encargo de produzir as suas moradias.

-Estruturar o texto a partir das Principais intervenções do governo federal: congelamento


dos aluguéis, produção em massa de moradias por intermédio dos IAPs e criação da
Fundação Casa Popular.

-Conjuntura: transformações políticas, urbanização, crescimento econômico, mobilização


popular e redesenho urbano.

Tão importante quanto a produção estatal de moradias foi a difusão e aceitação da ideia
de que o estado deveria se responsabilizar por garantir um padrão habitacional mínimo
para os trabalhadores urbanos, a custos compatíveis com os seus salários. A partir dos
anos 30 criou-se um relativo consenso nas elites quanto a necessidade da intervenção
estatal, pretendendo impedir que os custos com moradia subissem a. De pressionar o
salários mas, por outro lado, temia-se que as condições de habitação se agravassem ainda
mais, comprometendo discurso jeito lista de proteção do trabalhador. Segundo uma
posição que logo se tornou dominante, a iniciativa privada não tinha condições de atender
ao mercado de habitações populares “higiênicas“, pois a população de baixa renda não
poderia garantir a rentabilidade exigida pelos investidores privados e para isso o estado
deveria intervir não só como produtor e financiador mas também para proteger o inquilino
dos locadores “inescrupulosos“ e assegurar a suas condições mínimas de habitabilidade.

Antes da Lei do Inquilinato - Código Civil: O proprietário tem domínio absoluto sobre
imóvel objeto da locação poderá alugar ou não, ainda que numerosas famílias fiquem é o
desabrigo. O preço do aluguel podia ser fixado livremente locatário tinha de se sujeitar as
condições acordadas, entre as quais o prazo determinado da locação, findo o qual o imóvel
deveria ser desocupado. Assim predominavam os princípios individualistas e o “sentido
absoluto da propriedade“.

Lei do Inquilinato - Primeira fase: promulgada em 1921 (Decreto-4403/21) e revogada


apenas em 28 de dezembro de 1928 (Decreto 5617), foi adotada sobre o impacto de uma
crise de moradias dos centros urbanos, sobretudo no Rio de Janeiro, em decorrência da
redução da construção de casas durante a Primeira Guerra. Também foi consequência das
agitações operários que sacudiram o Rio de Janeiro em São Paulo no período de 1917 à
1920, quando o problema da moradia esteve em pauta, até mesmo com propostas de greve
de aluguel, o movimento de inquilinos de forte inspiração anarquista fez parte de uma
onde Internacional de protestos contra as condições habitacionais os valores dos aluguéis.
O decreto tinha clara intenção de não prejudicar os interesses dos locadores, e
regulamentava apenas nos casos de locação verbal, respeitando os contratos escritos.
Estabelecia o prazo mínimo de locação de um ano, automaticamente renovado se qualquer
uma das partes não manifestasse, com o mínimo de três meses de antecedência, o desejo
de rescindir o contrato.

Lei do Inquilinato - Segunda fase:


De 20 de agosto de 1942 (decreto-lei - 4598): visando uma aparente defesa do inquilino
teve início uma legislação do inquilinato a qual seria aprovado uma longa sequência de
leis que foram sendo renovadas até 1964, Mantendo-se sempre fora de restrições ao
reajuste dos aluguéis e as despesas injustificados, porém com certas medidas liberalizam
antes como álibi fixação pelo proprietário do aluguel do imóvel cuja construção fosse
iniciada depois da publicação da lei.

 O significado do congelamento dos aluguéis: A maioria da população em 1940


reside em moradias alugadas (quase 70% dos domicílios em São Paulo), apesar
de na época, já estarem difundidas outras alternativas de moradia. Todo e qualquer
cálculo que pretende determinar o gás com habitação ou orçamento familiar
utilizava aluguel com base. Por isso, o congelamento dos aluguéis desorganizou
não só estrutura do mercado de aluguéis como próprio mercado imobiliário. No
entanto entre a adoção legal da medida e a prática das transações imobiliárias
havia uma enorme distância que sempre beneficiava amplamente os locadores.

 A Lei do Inquilinato como instrumento de defesa das classes populares: A


justificativa oficial para adoção da lei era a defesa da economia popular abalada
pelo aumento do custo de vida com a declaração de guerra os Países Baixos
(carestia de bens de necessidade, inflação e queda do salário real), tenderia a se
agravar se o governo não tomar as medidas para interromper a tendência de alta
dos aluguéis. Porém a lei do inquilinato desempenha um papel ambíguo,
transferindo renda entre os vários setores sociais. Por um lado, serviu como
instrumento de defesa dos inquilinos já instalados (a única medida bem sucedida
de controle de preços durante a guerra). Mas seus efeitos contraditórios geraram
isca seis e uma espécie de câmbio clandestino nas poucas moradias desocupadas,
o que criar um enorme dificuldade para os não proprietários e não instalados em
casas de aluguel até 1942, além de afetar a rentabilidade dos proprietários
cientistas. Os grandes beneficiados foram os seus empregadores urbanos, pois
passaram a contar com pelo menos parte de seus empregados operários obrigado
usar um curso decrescente, ajudando a reduzir a pressão altista sobre os salários
(favoreceu a grupos dominantes). Para o governo a medida significou uma
ampliação da sua base de apoio sem que precisasse tocar nos interesses capitalistas
que se beneficiavam com a inflação e a carestia.

 Lei do Inquilinato como instrumento de penalização dos rentistas urbanos: os


proprietários de casas de aluguel fone os grandes prejudicados pela lei pois as com
a construção de casas de aluguel até então era um excelente investimento com
rendimento mensal certo e seguro, onde o investidor contava com excepcional
valorização imobiliária ocasionada pela expansão da cidade.
A hipótese de Bonduki é a de que a intenção governamental era a de reduzir atração que
setor imobiliário exercia sobre os investidores e capitalistas em geral, com objetivo de
concentrar recursos na montagem do parque industrial brasileiro, E ao mesmo tempo
reduzir ou eliminar um setor social não produtivo que vivia basicamente de rendas.

 A Lei do Inquilinato como instrumento de política econômica - pacto de classes e


de redução salarial: foi parte integrante da série de intervenções efetuadas pelo
estado após 1930 visando direcionar economia para criação de um novo e mais
dinâmico modo de acumulação baseado numa estrutura urbana industrial. Assim,
a lei se tornou uma medida de caráter nitidamente planifica dor que visava de um
lado reduzir o custo de reprodução da força de trabalho urbana, ampliando a taxa
de acumulação da empresa industrial e, de outro, transferir para o setor industrial,
estatal ou privado, investimentos que normalmente se inclinariam para o mercado
de locação.
 O primeiro objetivo visava garantir o fornecimento de mão-de-obra barata as
indústrias (com a redução do custo da reprodução da força de trabalho urbana e
assim carrear a maior quantidade de recursos internos, já que não se tinha capital
estrangeiro para arcar com os custos do desenvolvimento do parque industrial ).
 O segundo objetivo procurava por meio da distribuição de ganhos e perdas entre
os diversos extratos ou grupos das classes capitalistas, viabilizaram fluxo contínuo
de capital para Indústria (para isso foi necessário reduzir a rentabilidade da
locação). Assim a lei do inquilinato limitou drasticamente a liquidez do imóvel
alugado, além de introduzir incentivar a insegurança no mercado imobiliário.
 Interessava aos empresários os aluguéis baixos já que com o fim do congelamento
dos aluguéis iria se gerar entre os operários que moravam nas proximidades da
fábrica a obrigatoriedade de se mudar para longe que consequentemente afetaria
as empresas pela queda na produtividade.
(Serviu mais como um instrumento de política econômica do que social).

 Com relação aos inquilinos: Consequência negativa - aqueles que conseguiram se


manter nas moradias com aluguéis antigos puderam conservar seu aniver de vida,
repassando o “prejuízos“ aos proprietários das casas, no entanto os recém-
chegados a metrópole e os que eram despejados ou “vendiam“ seu direito aos
aluguéis congelados só conseguiu moradia pagando um aluguel (diluído ou
concentrada sobre várias formas de luva) muito mais elevado o que acarreta uma
diminuição de seu nível de vida. (em razão do desestímulo e redução da
construção de moradias, afetando os trabalhadores e a classe média). Criaram-se
assim as condições econômicas para o surgimento e a proliferação de novas
“soluções“ habitacionais de baixo custo ou de custo monetário nulo como a casa
própria em favelas ou loteamentos particulares.

Consequência positiva - apesar disso alguns membros da classe média e baixa classe
média que conseguiram resistir ao despejo foram beneficiados com aluguéis baixos ou
mesmo, em certos casos, puderam adquira casa em que moravam, pois muitos
proprietários, impossibilitados de reaver seus imóveis acabaram por vender luz aos
próprios inquilinos em condições facilitadas.

o A lei do inquilinato como instrumento para desestimular o investimento


imobiliário: pelo menos até meados da década de 30 investir em casas de aluguel
era uma alternativa bastante rentável. A ampla gama de opções habitacionais para
aluguel (desde casas ou apartamentos residenciais para classe média até pequenos
como dos de aluguel nos Fundos de lotes, passando por vilas, cortiços patinhos e
conjuntos de casas germinadas) dava margem para que qualquer investidor,
independente do volume de “capital“ que dispusesse, entrasse no negócio. Isto é,
a rentabilidade propiciada por esse tipo de investimento em relação ao “trabalho“
que exigia, ao pequeno risco que implicava e a reduzido grau de complexidade do
negócio, aliado a esse nem de valorização futura, era bastante atraente. Em épocas
de inflação baixa, em dia cerca de 12% a 18% ao ano, além da valorização do
terreno onde se localizava o imóvel. Tais condições favoráveis prevalecerão até
meados da década de 1930, assegurando a produção regular de moradias de
aluguel.

 As várias facetas da lei do inquilinato (usar o texto como base e ir justificando):

o Instrumento de defesa da economia popular, estratégia de destruição da classe


produtiva dos rentistas, medida para reduzir o custo da reprodução da força de
trabalho, instrumento de política econômica para acelerar o que cimento do setor
industrial, forma de destinação do estado populista (tudo isso explica emergência
permanência do congelamento dos aluguéis). A complexa composição política do
estado novo e da democracia liberal após 1945, baseada no Pacto de classes,
permitiu que cada medida dotada pelo estado atendesse interesses diferentes e
contraditórias. Nesse complexo jogo de interesses, os mais prejudicados foram os
proprietários de imóveis de locação e os mais beneficiados os empresários
urbanos, sobretudo aqueles vinculados ao setor industrial baseado na “substituição
de importações”. As classes populares, um dos pilares ou talvez o pilar mais
importante do estado populista, sofrendo de forma diferenciada os efeitos da
medida (falar dos lados positivos e negativos).

Da crise da habitação dos anos 40 o auto- empreendimento da casa própria (resumo):

 crise: causada pelas mudanças estruturais um sistema produtivo (desenvolvimento


da indústria e comércio que causaram êxodo rural, com trabalhadores a procura
de melhores remunerações na cidades) e na provisão de moradia (desestímulo e
redução da construção); tudo ele foi gravado pela segunda guerra mundial
(escassez generalizada, câmbio clandestino e especulação de bens de consumo
populares); renovações urbanas como a desapropriações e demolições para a
implantação do Plano de Avenidas pelo Prefeito Prestes Maia (estimulo à
especulação e escassez de prédios).

Pelo menos em parte a crise foi feito das medidas adotadas pelo governo: desestímulo
provocado pelo governo investimento imobiliário; lei do inquilinato; restrições ao crédito
imobiliário (suspensão dos financiamentos de incorporações concedidos pelos IAPs;
Restrição ao crédito hipotecário concedido por bancos e entidades particulares, através
da manutenção de baixas taxas de juros; proibição aos bancos de realizar a Rê descontos
de duplicatas emitidas por incorporadores; paralisação do financiamento imobiliário e na
década de 1950, instituição de medidas que restringiram a aplicação das reservas técnicas
das companhias de seguros no financiamento imobiliário) - desse modo os empréstimos
começaram a ter prazos cada vez mais curtos e juros cada vez mais elevados, tentando
frear o desvio de recursos gerados na Indústria e no comércio para o setor imobiliário se
tornou um dos maiores empecilhos para a industrialização.

 A Lei do Inquilinato que supostamente visava proteger os inquilinos esteve longe


deles garantir tranquilidade pois não impediu que os locadores buscando melhorar
a remuneração, utilizasse mecanismos e expedientes legais, ilegais, coercitivos,
violentos ou amigáveis para se esquivar ao espírito da lei (como por exemplo
ameaça verbal ou física de despejo ou por sua solicitação legal, pois era
desesperadora para o inquilino a possibilidade de ficar sem a moradia que
ocupava. Já para o proprietário, livrar-se do locatário antigo significava dar um
outro destino para imóvel, certamente com melhor remuneração. Assim, sem
poder aumentar o aluguel ou despejar legalmente o inquilino, os locadores
tentavam usar violência ou coerção para, numa nova locação, se beneficiar de um
mercado desfavorável para os inquilinos. Além disso os advogados desenvolver
um inúmeros argumentos jurídicos que possibilitavam ao juiz mais liberais
aprovar o despejo, como por exemplo, alegações de uma suposta necessidade do
imóvel para construção de uma obra de maior dimensão.
 Quando ficou claro que a lei de proteção inquilinato não é uma medida de
emergência e permanecer em vigor por muito tempo, os despejos cresceram e
tornaram-se um tormento para quem vivia em moradia alugada. Os despejados
não tinha nenhuma perspectiva de conseguir outra moradia por um preço sequer
próximo ao que vinham pagando. Os despejados de baixa renda, em geral
moradores de cortiços localizados os antigos bairros populares próximos ao
centro, tinham dificuldade para manter as vantagens locacionais anteriores, Pois
se encontravam uma moradia teria um aluguel mais alto e, ainda precisariam pagar
as luvas (venda de móveis e objetos apreço extorsivos). Ademais, boa parte dos
proprietários desse tipo de imóvel optava, para obter o despejo pela sua demolição
visando a construção de prédios novos. Por outro lado, novos edifícios de
apartamentos de aluguel, opção de moradia mais comum na classe média, foram
uma das soluções que os senhorios encontraram para reaver seu patrimônio e
transformá-los em condomínio e colocar à venda, individualmente, os
apartamentos (a brecha na lei que mudou a difusão da pequena propriedade urbana
e da casa própria, pois tornar o trabalhador um proprietário gerava instabilidade
social e política, um dos objetivos do governo populista). Para os despejados, e
mesmo para os ainda alojados, aspiração pela casa própria começou a ser
acalentada, como condição básica para segurança familiar. De maneira
contraditória, automotor no mercado de locação com um suposto objetivo de
proteger o locatário, a lei acabou criando uma foto expectativa pela casa própria.
Será que ele não, antes condição natural de todo trabalhador, tornou-se uma
situação incômoda e sem futuro. O inquilino sentia que, mais cedo ou mais tarde,
perderia a vantagem do aluguel antigo e ficaria sem ter onde morar. Tudo isso
contribuiu para que buscasse viabilizar o sonho da casa própria na periferia onde,
apesar das precárias condições de habitua lidar had, era possível vislumbrar um
horizonte de tranquilidade.

Resumo - para talvez estruturar o texto:

Lei do Inquilinato > crise habitacional (década de 1940) > IAPs/FCP

 tumultuou o mercado de locação com o suposto objetivo de proteger o locatário,


e no final criou uma forte expectativa pela casa própria.
 Na prática causou despejos (coração, violência, brechas na lei): despejos para
venda do terreno e construção de prédios novos.
Troca de terrenos que abrigavam vilas, casas e cortiços para venda e construção de
fábricas, armazéns, edifícios e áreas comerciais.

 causou também novas formas de alojamento em razão do despejo em massa como


as favelas e os loteamentos periféricos.

-Fez com que surgisse aspiração pela casa própria (classe média e baixa) em razão da
segurança familiar.

Assim, se vê que o governo populista manteve uma ambiguidade própria de quem


responde a interesses díspares.

A habitação por conta do trabalhador


Medidas do governo para reduzir o custo da habitação: congelamento dos aluguéis;
produção habitacional pelo estado e além disso não evitou a precariedade nos loteamentos
(pois acarretaria no aumento do valor do lote, da moradia e da força de trabalho).

Na década de 1940, em consequência da crise habitacional, da desestruturação do


mercado rentista e da incapacidade do estado em financiar o promover a produção de
moradia e larga escala, consolidou-se uma série de pedintes de construção de casas à
margem no mercado formal e do estado que, de modo sintético, irei chamar de alta
empreendimento de moradia popular, baseado no trinômio loteamento periférico, casa
própria e autoconstrução.

 Consequências: ausência do poder público na preferida cidades permitiu a


ocupação irregular do solo de uma verdadeira produção doméstica, não capitalista,
de um bem essencial à sobrevivência do trabalhador. Ao desqualificar a produção
da moradia com mercadoria (transformando a numa espécie de serviço social -
conjuntos habitacionais dos IAPs), Descaracterizando o seu valor com a
dissociação do custo de produção do valor do aluguel (provocado pela lei do
inquilinato), ou então produzida com o valor de uso, no caso do auto
empreendimento - configura-se Uma situação na qual se deixa de contabilizar o
valor da habitação. E essa redução anulação do custo da moradia acarreta uma
diminuição do custo da força de trabalho, sem que essa deixa de ser alojada,
contudo, ampliando-se assim a taxa de acumulação do capital.

A relação entre o poder público e os loteamentos - o Estado não só deixou de combater


como estimular abertura de loteamentos clandestinos isso passam pela moradia popular,
ao mesmo tempo que punir os que ele e o residir com a legislação quem pedir a instalação
de Serviços Urbanos. Dentre as ações públicas que beneficiaram modelo periférico,
merece destaque a legislação federal, que regulamentou loteamento de terrenos (Decreto-
Lei 58, de 1937) que privilegiava os aspectos jurídicos dos loteamentos, com registro em
cartório as garantias aos que compravam os lotes em prestações, deixando de tratar do
controle urbanístico. A medida em que a suas eram executados em desacordo com as leis,
restava poder público “não aceitar essas suas“. Dessa forma, não é obrigado a incluí-las
em seu patrimônio nem levar até elas os serviços urbanos.
A omissão da prefeitura viabilizou moradia popular sempre o investimento público no
setor, além disso modelo difundiu a pequena propriedade urbana para ampla camada de
trabalhadores de baixa e média renda, propiciando holismo a sensação de ascensão social
sem que houvesse redistribuição de renda, elevando elevação dos salários ou
comprometimento da acumulação.

 A expansão periférica garantia dois objetivos a décadas buscados pela elite:


desavenças e segregar.

 Como consequência ocorreu a precariedade das moradias e a desqualificação do


modo de morar urbano.

 O início da operação dos ônibus entre 1924 em 1925 foi essencial para
viabilização do padrão periférico em razão do acesso a áreas distantes e pouco
ocupadas.

O significado da casa própria para o Trabalhador

 A casa própria auto empreendidas ao mesmo tempo que permite uma redução
salarial conveniente ao capitalismo selvagem brasileiro, representou para os
trabalhadores uma perspectiva mesmo que dos oia, ascensão social de estabilidade
familiar. Isso não só pela possibilidade de escapar do aluguel ir morar a custo
quase novo como, sobretudo, representar a única perspectiva de entesouramento,
de formação de um patrimônio e de obtenção de uma renda extra que dependesse
do trabalho que uma família trabalhadora podia almeja. No entanto contribuiu
para aumentar a exploração do trabalho.

 A casa própria representava para os trabalhadores uma melhoria efetiva de suas


perspectivas de vida, proporcionando-lhes condições mais favoráveis para
sobreviver em uma sociedade em que os direitos sociais inexistem ou são poucos
respeitados. A previdência social funcionava de maneira precária, os mecanismo
de poupança monetária implicavam perdas em valor real e que não havia (legal
ou informalmente) estabilidade habitacional. Representava segurança de um
abrigo permanente e a garantia de morar, a médio prazo, praticamente a custo
zero; a possibilidade de auferir renda extra com a subi locação de cômodos no
lote; a perspectiva concreta de entesourar, acumular não de enriquecer mais dispor
de um bem de valor muito mais alto em relação ao preço do trabalho assalariado.
Além disso era possível amoldar casa aos desejos da família. Nela era possível
gerar e criar os filhos, aconchega luz e manter luz longe dos perigos da suas;
guardar os bens que a sociedade de consumo informação começava a impingir
através da criação de novas necessidades; abrigar a velhice quando o mercado de
trabalho nada mais oferece ao trabalhador., Situar a mulher em seu papel
convencional de “rainha do lar“.

 Se para os mais ricos a casa própria pode ser importante por aspectos simbólicos
e subjetivos, como satisfação própria, garantia de estabilidade a criação de um
ambiente doméstico compatível com o gosto, status social e cultura da família,
para os pobres, além desses elementos, a opção pela casa própria torna-se um
refúgio seguro contra incertezas que o mercado de trabalho e as condições de vida
urbana reserva um trabalhador que envelhece.

 esse modelo habitacional resultou resultante tem raízes claramente conservadoras


e pequeno burgueses, tanto no âmbito geral, como no do micropolítico da
organização da vida privada. Essa passa girar em torno da família nuclear,
consolidada, monogâmica e reprodutoras dos valores tradicionais, concretizando
o modo de vida individualista, pobre de relações sociais e pouco receptivo aos
processos coletivos de organização e participação. Ao contrário do que
acreditavam os arquitetos modernos brasileiros dos anos 40 e 50 que viam na
habitação do operário industrial um espaço cada vez mais socializado, onde os
equipamentos coletivos passariam a ter importância crescente em relação ao
ambiente doméstico, familiar individual - o modelo habitacional que se
desenvolveu no maior e mais moderno centro industrial do país caracterizou-se
por uma concepção tradicional e conservadora de modo de vida de morar.
Habitação moderna na qual o trabalhador e sua mulher seriam liberados do
serviços domésticos para poder participar de atividades culturais, recreativas e
políticas, não se concretizou. As formas de entretenimento mais comuns seriam o
rádio, televisão e a visita parentes, atividades que se desenvolvem no âmbito da
família e do lar.
O fim da era Vargas e a busca de novos horizontes para a cidade do presente

 embora, indiscutivelmente, a criação do BNH e 1964 marcou início de um novo


período na história da habitação no Brasil, não é possível compreender-lo sem a
experiência de erros e acertos da ação habitacional dos Institutos de
Aposentadoria e Pensões e da Fundação Casa Popular.

 apesar do Benny H a ter estruturado, pela primeira vez no país, uma verdadeira
política habitacional concretizando que Vargas pretendia em 1945 para a
Fundação casa Popular, em muitos aspectos ele significou um retrocesso em
relação ao que foi realizado pelos e a P.S., como na qualidade dos projetos dos
conjuntos residenciais. A partir de 1964, ocorreu um divórcio entre arquitetura e
moradia popular, com grandes repercussões na atualidade do espaço urbano.

 BNH: projetos medíocres, uniformes, monótonos e desvinculados nome do meio


físico e da cidade, uma intervenção urbanística muito inferior a dos IAPs que
tinham qualidade arquitetônica ligada a concepção que orientou essa produção,
baseada na ideia da habitação como serviço público e na valorização do espaço
coletivo como uma expressão frustrada do estado de bem-estar social que no
Brasil não passou de um devaneio. Parece não ter conseguido seduzir os
moradores os conjuntos residenciais. Os apartamentos dos IAPs foram vendidos
para os moradores individualizando a propriedade e desarticulando a ideia da
Habitação comum serviço público e predominando nesses conjuntos modo de vida
mais privado.

-semelhanças entre o BNH e o estado novo: autoritarismo na concepção das políticas e


nas intervenções; centralização da gestão e ausência de participação dos usuários e da
sociedade em geral; desrespeito ao meio ambiente e ao patrimônio cultural numa lógica
em que predominou o mito da modernidade; priorização do transporte individual;
preferência pelas grandes obras, muitas vezes desnecessárias, canalizando recursos
públicos para empreiteiras e priorização nos financiamentos habitacionais para o setores
de renda média.
-BNH: Centralizou praticamente todos os recursos disponíveis para investimento em
habitação e grande parte dos destinados ao saneamento urbano, difundiu um tipo de
intervenção que foi adotado em quase todas as cidades do país independente de suas
especificidades urbanas, sociais e corporais, caracterizando-se pela gestão centralizada,
ausência de participação comunitária, ênfase na produção de casas prontas por
empreiteiras, localização periférica e projetos medíocres foi o modelo de política
habitacional baseado no financiamento ao produtor e não ao usuário final, e no equilíbrio
financeiro do sistema que excluiu parcelas da população que não disponho da renda
mínima para ter acesso ao financiamento deixando de atender os trabalhadores que autom
empreenderam, a cursos muito mais baixos, a construção de sua moradia. Buscou reduzir
o custo da moradia para tentar atender a população que vinha se empobrecendo, ao invés
de alterar o processo de gestão e produção que encarecia o produto final, apoiando
iniciativas que a população já vinha promovendo, optou por rebaixar a qualidade da
construção e tamanho da unidade, financiando moradias cada vez menores, mais precárias
e distante, Que deixam saudades da qualidade dos conjuntos residenciais dos IAPs.
Mesmo assim, essa soluções permaneceram inacessíveis a população de quem dar baixa
que sem alternativas, continuou a auto empreender a construção da casa, de modo cada
vez mais improvisado em loteamentos periféricos ou em favelas.

-BNH: Nos anos 80, as críticas ação do governo federal na área adaptação e os diferentes
aspectos do modelo central desenvolvimentista aguçaram se junto com a oposição regime
autoritário. Na imprensa, universidades, organizações e movimentos comunitários,
entidades profissionais etc. Surgiram propostas alternativas de políticas urbanas e
habitacionais, por vezes encampada em programas de governo de administrações mais
progressistas. Ganhou em fazer a defesa do desenvolvimento sustentável, baseado na
participação comunitária o respeito ao meio ambiente, buscando romper a ideia de
crescimento e progresso a qualquer custo, Que predomina desde o período jeito lista. A
necessidade de enfrentar o desafio da cidade real, com projetos de urbanização de
assentamentos precários, o desenvolvimento de novas formas de gestão dos
empreendimentos habitacionais, como auto gestão e a congestão, incorporando a parceria
com organizações não governamentais, a adoção de critérios sociais no financiamento e
valorização da arquitetura nos projetos habitacionais passaram a ser defendidas ao lado
de medidas com uma descentralização das políticas habitacionais e urbanas, ampliando
se a participação dos municípios e das organizações não governamentais e a revisão da
legislação urbanística elitista.
Essas propostas começaram a ser colocadas em prática em meados dos anos 80 em
programas habitacionais alternativos, desenvolvidos por algumas prefeituras, no período
em que se ampliou a crise do estado brasileiro e a desestruturação do sistema financeiro
da habitação. Lentamente, iniciou-se um longo processo de transição para novas
propostas de gestão urbana, ainda não concluído.

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