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ACTIVIDADE COMERCIAL
TÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
CAPÍTULO I
ÂMBITO E PRINCÍPIOS
ARTIGO 1º
(Objecto)
ARTIGO 2º
(Fontes)
São fontes de direito comercial, para além das normas do presente diploma:
ARTIGO 3º
(Princípios)
ARTIGO 4º
(Lei reguladora dos actos dos empresários comerciais)
1. Os actos dos empresários comerciais são regulados:
a) Quanto à substância e efeitos das obrigações, pela lei do lugar onde
forem celebrados, salvo convenção em contrário;
b) Quando ao modo do seu cumprimento, pela lei do lugar onde este se
realizar;
c) Quanto à forma externa, pela lei do lugar onde forem celebrados, salvo
nos casos em que a lei expressamente ordenar o contrário.
2. O disposto na alínea a) do número anterior não será aplicável quando, da
sua execução, resultar ofensa ao direito público angolano ou aos
princípios de ordem pública.
3. Todas as disposições da presente lei e demais legislação complementar são
aplicáveis às relações comerciais com estrangeiros, excepto nos casos em
TÍTULO II
EMPRESÁRIOS COMERCIAIS
CAPÍTULO I
(Disposições Gerais)
ARTIGO 5º
(Empresários comerciais)
Para efeitos do presente diploma, são considerados empresários comerciais:
a. Os empresários individuais;
b. As sociedades comerciais.
ARTIGO 6º
(Empresários individuais)
1. São considerados empresários individuais as pessoas singulares que
exerçam habitualmente o comércio como profissão.
2. A organização dos empresários individuais é regulada pelo disposto no
Livro II do presente diploma.
ARTIGO 7º
(Sociedades comerciais)
1. As sociedades comerciais são as pessoas colectivas cujo objectivo é o
exercício de actividade comercial e se constituam nos termos do
disposto no presente Código.
2. Os tipos e regras aplicáveis à constituição e funcionamento das
sociedades comerciais são regulados pelo disposto no Livro III deste
diploma.
ARTIGO 8º
ARTIGO 9º
(Sociedades irregulares)
São consideradas inexistentes as sociedades com um fim comercial que não se
constituam nos termos deste Código, ficando, todos quantos em nome delas
contratarem, obrigados pelos respectivos actos, pessoal, ilimitada e
solidariamente.
Artigo 10º
(Capacidade comercial)
1. Pode ser empresário comercial toda a pessoa, singular ou colectiva,
residente ou não residente, que tiver capacidade civil, sem prejuízo do
disposto em legislação especial.
2. A capacidade comercial dos angolanos que contraem obrigações mercantis
no estrangeiro e a dos estrangeiros que contraem obrigações em Angola é
regulada pela lei pessoal de cada um, salvo, quanto aos estrangeiros,
naquilo que violar princípios de ordem pública angolanos.
ARTIGO 11º
(Impedimentos e Incompatibilidades)
1. Não podem ser empresários comerciais:
a. As pessoas colectivas cujo objecto não seja comercial e não
tenham por objecto interesses comerciais;
b. Os menores, interditos ou incapazes que, nos termos da lei
aplicável, estejam impedidos de exercer a actividade
comercial;
c. Os antigos empresários a quem tenha sido aplicado, a título
de sanção, esse impedimento.
2. O Estado, os órgãos locais do Estado, as autarquias locais, as pessoas
colectivas de utilidade pública e os institutos públicos não podem ser
empresários comerciais, mas podem, nos limites das suas atribuições,
ARTIGO 12º
(Empresários casados)
1. Os empresários casados em regime de comunhão de adquiridos não
necessitam de consentimento do seu conjugue ou companheiro de união
de facto para:
a. No decurso normal da sua actividade, alienar ou onerar os
bens afectos à sua actividade comercial;
b. Contrair empréstimos que onerem apenas os bens afectos à
sua actividade comercial;
c. Onerar ou dispor dos bens que resultem do exercício da sua
actividade comercial.
2. As dívidas comerciais do cônjuge empresário presumem-se contraídas em
proveito comum do casal.
3. Quando for exigido a qualquer dos cônjuges o cumprimento de uma
obrigação emergente de acto de comércio, ainda que este o seja apenas em
relação a uma das partes, não há lugar à moratória estabelecida no
número 1 do artigo 64º do Código de Família.
CAPÍTULO II
Obrigações dos Empresários Comerciais
Secção I
(Disposição Geral)
ARTIGO 13º
(Obrigações)
Sem prejuízo de quaisquer outras disposições deste Código em sentido
contrário, constituem obrigações dos empresários comerciais:
a. Adoptar uma firma;
Secção II
(Firma)
ARTIGO 14º
(Disposição Geral sobre a Firma)
1. Os empresários comerciais são designados, no exercício da sua
actividade comercial, sob um nome comercial, que constitui a sua
firma.
2. A firma dos empresários deve obedecer aos princípios da verdade e de
novidade.
3. As regras específicas relativas ao empresário individual e às sociedades
comerciais, bem como às cooperativas, constam das disposições que
lhes são aplicáveis, nos termos dos Livros seguintes.
ARTIGO 15º
(Principio da verdade)
1. Os elementos utilizados na composição da firma devem ser verdadeiros
e não induzir em erro sobre a identificação, natureza, dimensão e
actividades do seu titular.
2. Não podem ser utilizados na composição da firma:
a. Elementos, ainda que constituídos por designações de fantasia,
siglas ou composições, que sugiram actividades diferentes da que
o seu titular exerce ou se propõe exercer;
b. Expressões que possam induzir em erro quanto à caracterização
jurídica do empresário, designadamente a utilização por pessoas
singulares de designações que sugiram a existência de uma
pessoa colectiva, ou, por pessoas colectivas com fim lucrativo, de
expressões utilizadas para designação de organismos públicos ou
de associações sem finalidades lucrativas.
ARTIGO 17º
(Língua)
1. A firma deve obrigatoriamente ser escrita em português e / ou noutra
das línguas nacionais
2. Do disposto no número anterior exceptua-se a utilização de palavras
que não pertençam às línguas oficiais quando:
a. Entrem na composição de firmas já registadas;
b. Correspondam a vocábulos comuns sem tradução adequada nas
línguas oficiais ou sejam de uso generalizado;
c. Correspondam, total ou parcialmente, a nomes ou firmas de
sócios;
d. Constituam marcas ou nomes cujo uso seja legítimo nos termos
das respectivas disposições legais;
e. Resultem da fusão de palavras ou partes de palavras que
pertençam de línguas admissíveis e / ou respeitem as outras
regras estabelecidas nas alíneas anteriores;
f. Visem uma maior facilidade de penetração no mercado.
ARTIGO 18º
(Outros requisitos da firma)
1. As firmas não podem ser ofensivas da moral pública e dos bons
costumes.
2. As firmas não podem desrespeitar os símbolos nacionais,
personalidades, épocas ou instituições cujo nome ou significado devam
ser honrados por razões históricas, cientificas, institucionais, culturais
ou outras.
ARTIGO 19º
(Transmissão da firma)
1. O novo adquirente de uma empresa ou estabelecimento comercial pode
continuar a geri-lo sob a mesma firma, se os interessados nisso
concordarem, aditando-lhe a declaração de nele haver sucedido.
2. É proibida a aquisição de uma firma comercial sem a do
estabelecimento a que ele se achar ligada.
ARTIGO 20º
(Registo da firma)
O direito de exclusividade do uso da firma só se constitui após o seu registo na
competente Conservatória do Registo Comercial competente.
ARTIGO 21º
(Uso ilegal da firma)
O uso ilegal de uma firma confere aos interessados o direito de exigir a sua
proibição bem como uma indemnização pelos danos daí emergentes, sem
prejuízo da correspondente acção criminal, se a ela houver lugar.
Secção III
Escrituração Comercial
ARTIGO 22º
(Função da escrituração comercial)
Todo o empresário é obrigado a ter escrituração e contabilidade organizadas,
adequadas à sua actividade comercial, que deem a conhecer, fácil, clara e
precisamente, as suas operações comerciais e respectivo balanço e inventário.
ARTIGO 23º
(Livros obrigatórios)
1. São livros obrigatórios para todos os empresários:
a) Diário;
Artigo 24º
(Diário)
1. No diário são lançados, individual e diariamente, todos os actos
relacionados com a actividade comercial do empresarial.
2. É válida a anotação conjunta dos totais das operações por períodos não
superiores a um mês, desde que a sua descrição apareça noutros livros ou
registos auxiliares, de acordo com a natureza da actividade de que se
trate.
Artigo 25º
(Razão)
Artigo 26º
(Inventário e balanços)
Artigo 28º
(Livros de actas)
1. Os livros de actas servem para neles se lavrarem as actas das reuniões de
sócois, administradores, directores e do órgão de fiscalização, devendo
conter, sem prejuízo de outras exigências legais:
a) A data em que foi celebrada;
b) Os nomes dos participantes ou a lista de presenças;
c) Os votos emitidos;
d) As deliberações tomadas e respectivos fundamentos.
2. As actas das Assembleias Gerais devem ser assinadas pela mesa, quando
a houver e, não a havendo, pelos participantes.
3. Os restantes livros de actas devem ser assinados pelos respectivos
membros.
Artigo 29º
(Legalização dos livros obrigatórios)
1. Os livros dos empresários devem ser obrigatoriamente legalizados pelo
notário.
2. A legalização dos livros consiste na assinatura dos termos de abertura e
de encerramento bem como na colocação, na primeira folha de cada
um, do número de folhas do livro e, em todas as folhas de cada livro, do
respectivo números e rúbrica.
3. A legalização dos livros dos empresários que possa ser feita utilizando
meios electrónicos pode ser substituída pelo adopção de outros
instrumentos que garantam a inalterabilidade da informação neles
contida.
Artigo 30º
(Quem pode fazer a escrituração)
1. Sem prejuízo de regras especiais estabelecidas neste diploma ou noutra
legislação aplicável, todo o empresário pode fazer a sua escrituração
mercantil, por si ou por outra pessoa a quem para tal autorizar.
Artigo 31º
(Requisitos formais de escrituração)
1. Todos os livros devem ser elaborados com clareza, por ordem
cronológica, sem espaços em branco, interpolações, emendas ou
rasuras, devendo os erros ou omissões ser corrigidos logo que
detectados e, se for necessário efectuar qualquer cancelamento, este
deve ser feito por forma a que as palavras canceladas fiquem legíveis.
2. Nos livros não podem ser utilizadas abreviaturas ou símbolos cujo
significado não seja previsto por lei, regulamento ou prática comercial
corrente.
3. A escrituração deve ser efectuada em português e os valores devem ser
indicados em Kwanzas, ainda que sejam também efectuados em
qualquer outra moeda.
Artigo 32º
(Conservação dos livros e documentação)
1. Todo o empresário é obrigado a arquivar a correspondência que receber, os
documentos que comprovem pagamentos e os livros da sua escrituração
mercantil, devendo conservar tudo pelo período de 10 anos.
2. A cessação do exercício da actividade comercial não exonera o empresário
do dever estabelecido no número anterior e, em caso de falecimento, esse
dever recai sobre os seus herdeiros.
3. Em caso de dissolução ou liquidação da actividade comercial, cabe aos
liquidatários o dever estabelecido no número 1.
4. Findo o prazo estabelecido no número 1, os documentos podem ser
inutilizados, devendo essa inutilização ser feita por forma a impedir a sua
posterior leitura ou reconstituição.
Artigo 33º
(Caracter secreto da escrituração mercantil)
1. A escrituração mercantil dos empresários é secreta, sem prejuízo do
disposto nos números seguintes e em disposições especiais.
Artigo 35º
(Escrituração electrónica)
A escrituração comercial e os livros que a integram podem ser feitos por via
electrónica, desde que cumpram os princípios e determinações da presente lei
e legislação complementar, incluindo o Plano Geral de Contabilidade.
Artigo 36º
(Microfilmagem da escrituração mercantil)
1. Os empresários comerciais podem proceder à microfilmagem dos
documentos de suporte da sua escrituração mercantil, que substituem,
para todos os efeitos, os originais.
2. As operações de microfilmagem devem ser executadas com o rigor técnico
necessário a garantir a fiel reprodução dos documentos sobre que recaem.
3. As fotocópias e ampliações obtidas a partir do microfilme têm a força
probatória do original, em juízo ou fora dele, desde que contenham a
assinatura do responsável pela microfilmagem devidamente autenticada.
Secção III
Registo comercial
Artigo 37º
(Finalidade do registo comercial)
Sem prejuízo de outros efeitos que lhe possam ser atribuídos por lei, o registo
comercial tem essencialmente por fim dar publicidade à qualidade de
empresário das pessoas singulares e colectivas, bem como aos factos jurídicos
especificados na lei relativos aos empresários e aos navios mercantes.
Artigo 38º
(Actos compreendidos no registo comercial)
O registo comercial compreende:
Artigo 39º
(Legislação aplicável)
Secção IV
Prestação de Contas
ARTIGO 40º
(Prestação de contas)
Os empresários são obrigados a dar balanço anual ao seu activo e passivo nos
três primeiros meses do ano imediato e a lança-lo no livro de inventários e
balanços, assinando-o devidamente.
ARTIGO 41º
(Contabilidade)
1. Os empresários são obrigados a ter a sua contabilidade organizada de
acordo com o Plano Geral de Contabilidade.
2. As contas anuais devem ser redigidas com clareza e mostrar a imagem fiel
da situação financeira e patrimonial do empresário e dos resultados da
sua actividade.
ARTIGO 42º
(Assinatura das contas anuais ou do exercício)
1. As contas anuais ou de exercício devem ser assinadas:
a) Pelo próprio empresário, se se tratar de um empresário
individual;
b) Pelos administradores, no caso das sociedades comerciais.
ARTIGO 43º
(Auditoria das contas anuais)
Sem prejuízo de outras disposições legais aplicáveis em matéria de auditoria
às contas anuais, os empresários são obrigados a, quando a lei ou o tribunal o
determine, submeter as suas contas anuais a auditoria independente.
TÍTULO III
ESTABELECIMENTO COMERCIAL
Capítulo I
Disposições Gerais
ARTIGO 44º
(Noção de estabelecimento comercial)
O estabelecimento comercial integra a universalidade de bens, direitos e
factores produtivos organizados pelo empresário comercial para o exercício da
actividade comercial profissional.
ARTIGO 45º
(Elementos do estabelecimento comercial)
O estabelecimento comercial inclui todo o activo e passivo organizado pelo
empresário incluindo, entre outros:
a. Os direitos relativos ao uso das instalações afectas ao exercício da
actividade comercial;
b. Os direitos sobre os equipamentos, mercadorias e a quaisquer outros
elementos a ele pertencentes;
c. O direito ao nome e insígnia do estabelecimento.
ARTIGO 46º
(Estabelecimento principal e outras formas de representação)
1. As sociedades comerciais podem organizar-se, no país ou no estrangeiro,
da seguinte forma:
Capítulo II
Sinais distintivos do estabelecimento comercial
ARTIGO 47º
Artigo 48º
(Elementos não permitidos)
1. Não é permitida a utilização, no nome ou insígnia de estabelecimento
comercial, dos seguintes elementos:
a) Caracteres que façam parte de marcas, modelos ou desenhos registados
por outrem;
b) Sinais ou indicações cujo uso se tornou genérico na linguagem
comercial;
c) Elementos de marcas excluídas de protecção.
2. A utilização, no nome ou insígnia de estabelecimento comercial, de
palavras em língua estrangeira só é permitida nos seguintes casos:
a) Entrem na composição da firma do respectivo proprietário;
b) Correspondam a vocábulos comuns sem tradução adequada nas
línguas oficiais ou sejam de uso generalizado;
c) Correspondam, total ou parcialmente, a nomes ou firmas de
sócios;
d) Constituam marcas ou nomes cujo uso seja legítimo nos termos
das respectivas disposições legais;
e) Resultem da fusão de palavras ou partes de palavras que
pertençam de línguas admissíveis e / ou respeitem as outras
regras estabelecidas nas alíneas anteriores;
f) Visem uma maior facilidade de penetração no mercado.
Artigo 49º
Registo e protecção do nome e insígnia)
1. A propriedade e o uso exclusivo em todo o território nacional do nome e
insígnia do estabelecimento são garantidos pelo seu registo.
Artigo 50º
(Pedido de registo)
1. O pedido de registo deve incluir, para além dos elementos de identificação
do requerente, os seguintes:
a) O nome pretendido para o estabelecimento e/ou a descrição resumida
da insígnia;
b) Dados sobre as sucursais, filiais ou outras representações a que se
pretende aplicar o mesmo nome ou insígnia.
2. Ao requerimento devem ser juntos:
a) Todos os documentos que comprovem a propriedade do
estabelecimento e a legalidade da sua existência;
b) Um exemplar da insígnia impressa.
Artigo 51º
(Recusa, nulidade e caducidade do registo)
1. O registo do nome e da insígnia apenas pode ser recusado quando violem
qualquer das proibições constantes do presente diploma.
2. É nulo o registo do nome e da insígnia de estabelecimento quando:
a) For efectuado com infracção das disposições legais ou ofensa dos
direitos de terceiros;
b) Constituir uma reprodução de imitação de outro já registado.
3. O registo do nome e da insígnia caduca:
a) Por falta de uso durante 5 (cinco) anos consecutivos;
b) Pela renúncia do proprietário expressa em documento e desde que
não haja prejuízo para terceiros;
c) Por encerramento ou liquidação do estabelecimento respectivo;
d) Por falta de renovação do título;
e) Se sofrerem modificações na sua composição ou forma não previstas
no presente diploma.
Capítulo III
Negócios jurídicos sobre o estabelecimento comercial
ARTIGO 53º
(Direitos e acções sobre o estabelecimento comercial)
1. A propriedade e a posse do estabelecimento comercial adquirem-se e
transmitem-se nos termos gerais de direito.
2. O proprietário do estabelecimento comercial pode obter o reconhecimento
do seu direito de propriedade face a qualquer possuidor ou detentor do
estabelecimento e a consequente restituição deste, que só poderá ser
recusada nos casos previstos na lei.
3. O possuidor do estabelecimento comercial pode recorrer aos meios gerais
de defesa da posse do estabelecimento.
4. O estabelecimento comercial pode ser penhorado em execução movida
contra o empresário, por quaisquer dívidas da sua responsabilidade.
5. O exercício dos direitos referidos nos números anteriores não depende da
descriminação nem prova dos direitos sobre os bens individualizados
integrados na universalidade do estabelecimento.
6. O proprietário, cessionário da exploração ou usufrutuário de um
estabelecimento comercial tem direito a ser indemnizado pelas perdas e
danos sofridos em consequência de facto culposo de terceiro que
prejudique o funcionamento, a reputação comercial ou a aptidão lucrativa
do estabelecimento.
ARTIGO 54º
(Negócios jurídicos sobre o estabelecimento comercial)
1. O estabelecimento comercial pode ser alienado a título gratuito ou
oneroso, dado em locação ou ser objecto de constituição de hipoteca,
produzindo esta os seus efeitos independentemente da entrega do
estabelecimento ao credor hipotecário.
Artigo 55º
(Trespasse de estabelecimento comercial)
1. Designa-se por trespasse todo o acto entre vivos pelo qual se transmite a
propriedade do estabelecimento comercial.
2. O trespasse pode ser parcial, se se convencionar que ele apenas abranja
os bens e factores de produção afectos a uma ou algumas das actividades
exploradas no estabelecimento, ou que ele apenas abranja determinada
delegação, agência, escritório ou outra unidade técnica de produção ou
exploração, de entre as que fazem parte do estabelecimento.
3. O disposto no número 1 não obsta a que as partes convencionem a
exclusão do trespasse de elementos que anteriormente estavam adstritos à
universalidade do estabelecimento comercial, desde que a transmissão
abranja os elementos mínimos necessários para que o estabelecimento
permaneça apto para a sua actividade.
4. É permitida, quando ocorra o trespasse, a transmissão, sem dependência
de autorização do senhorio, da posição de arrendatário do imóvel ou
imóveis onde o estabelecimento comercial se achar instalado.
Artigo 56º
(Dever de não concorrência do trespassante)
Capítulo I
Arrendamento Comercial
Artigo 58º
(Noção)
Considera-se comercial o arrendamento de prédios urbanos ou rústicos para
fins directamente relacionados com o exercício de uma actividade comercial,
industrial ou agrícola.
Artigo 59º
(Arrendamento para instalação de estabelecimento comercial)
1. O arrendamento de um imóvel para instalação de estabelecimento
comercial, para o qual não for convencionado prazo entre as partes,
considera-se celebrado por duração indeterminada.
2. Caso haja ou não sido fixado prazo, e com vista a proteger a actividade
comercial do empresário, é-lhe assegurado o direito à renovação do
contrato, desde que:
a) O contrato de locação tenha sido celebrado por escrito, com prazo não
inferior a cinco anos;
b) O empresário comercial locatário explore actividade comercial no
mesmo ramo, pelo prazo mínimo ininterrupto de três anos.
3. A renovação obrigatória do arrendamento do estabelecimento comercial a
que se refere o número anterior não pode ser feita por mais de duas vezes.
Artigo 60º
(Forma)
1. O arrendamento comercial está sujeito a forma escrita, com assinatura
reconhecida de ambos os contraentes, devendo ser registado na
Conservatória competente.
2. Não obstante a falta de título escrito e registado, o arrendamento será
reconhecido em juízo por qualquer outro meio de prova, quando se
demonstre que a falta é imputável ao senhorio.
Artigo 61º
(Cessão do direito ao arrendamento e subarrendamento)
1. Pode fazer-se, sem autorização do senhorio, a cessão do direito ao
arrendamento comercial nos casos de trespasse e cessão de exploração do
estabelecimento comercial nos termos previstos nos artigos 55º e 57º.
2. Em caso de trespasse ou cessão de exploração do estabelecimento
comercial, o senhorio não tem o direito de opção ou de preferência.
3. É proibido o subarrendamento, total ou parcial de imóvel arrendado para
o exercício da actividade comercial, industrial ou agrícola sem a expressa
autorização do senhorio.
4. O subarrendamento não autorizado considera-se, contudo, ratificado pelo
senhorio se ele reconhecer o subarrendatário como tal.
Artigo 62º
(Legislação aplicável)
CAPÍTULO II
Contrato de lojista em Centro Comercial
Artigo 63º
(Noção)
1. Para efeitos do presente diploma, o centro comercial deve ter uma área
bruta mínima de 1.000 m2 e um número mínimo de 12 lojas, de venda a
retalho e/ou de prestação de serviços, devendo estas, na sua maior parte,
prosseguir actividades diversificadas e especializadas.
Artigo 65º
(Características dos contratos de lojista)
1. Os contratos de lojista em centros comerciais ficam sujeitos a legislação
específica, que se caracteriza, essencialmente, pelos seguintes elementos:
a) O centro pode fixar uma taxa de ingresso, equivalente a um máximo
de seis meses de renda, que pode apenas ser cobrada uma vez e que
deve ser devolvida ao lojista no fim do contrato;
b) O prazo mínimo do arrendamento deve ser de cinco anos, podendo
as partes fixar um prazo superior;
c) A remuneração mensal compreende uma parte fixa, a acordar entre
as partes e uma parte que constitui a contribuição dos lojistas para
as despesas ou encargos comuns;
d) O lojista tem direito a ceder a sua posição contratual, desde que isso
não se traduza em prejuízo para o centro, nomeadamente em termos
de ramo ou sector, marcas e outras razões objectivas.
Artigo 66º
(Legislação aplicável)
TÍTULO V
CUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES DO EMPRESÁRIO
Capítulo I
Responsabilidade social e governação corporativa
Artigo 67º
(Noção)
A responsabilidade social e ambiental consiste na integração voluntária de
preocupações sociais e ambientais por parte das empresas, nas suas
operações e na sua interacção com outras partes interessadas.
Artigo 68º
(Responsabilidade social e ambiental)
1. No exercício das suas actividades comerciais, as empresas e empresários
estão obrigados a desenvolver as suas operações respeitando
Artigo 69º
(Governação corporativa)
Artigo 70º
(Disposição Geral)
1. A concorrência entre empresários deve desenvolver-se nos termos da lei e
por forma a não lesar os interesses da economia nacional.
2. Sem prejuízo do disposto em leis especiais, são proibidos todos os actos,
acordos ou práticas que visem impedir, falsear ou restringir a
concorrência.
Artigo 71º
(Limites contratuais)
1. A convenção que estabelece regras de concorrência entre empresários
deve, sob pena de nulidade, ser reduzida a escrito, limitada a certas
regiões ou a uma determinada actividade, e respeitar as regras
estabelecidas no número anterior.
2. As convenções a que se refere o número anterior devem ter um prazo
máximo de cinco anos.
Artigo 72º
(Obrigação de contratar)
Secção II
Concorrência desleal
Artigo 73º
(Definição)
1. Constitui concorrência desleal todo o acto de concorrência que se revele
contrário às normas legais e usos deontológicos da actividade económica
Artigo 74º
(Ofertas)
Artigo 75º
Secção III
Penalização da Concorrência desleal
Artigo 76º
(Acção por concorrência desleal)
Artigo 77º
(Sanções)
1. A sentença que declare a existência da prática de actos de concorrência
desleal deve determinar a proibição da sua continuação e indicar os meios
para eliminar os prejuízos sofridos.
Artigo 78º
TÍTULO VI
GARANTIAS
CAPÍTULO I
Disposições Gerais
Artigo 79º
(Tipos de garantias)
1. No exercício da sua actividade comercial, os empresários podem constituir
quaisquer garantias, pessoais ou reais.
2. São consideradas garantias comerciais, para além das garantias gerais e
especiais previstas no Código Civil, nomeadamente, as seguintes:
a) Penhor mercantil;
b) Garantia flutuante;
c) Garantia autónoma.
3. São, ainda, admitidas as seguintes garantias indirectas ou aparentes e as
seguintes cláusulas de garantia e segurança:
a) Carta de conforto;
b) Cláusula da “negative pledge”;
c) “Cláusula pari passu”;
d) Cláusula do “cross default” ou incumprimento cruzado.
Secção I
Disposições Gerais
Artigo 80º
(Requisitos e modalidades)
1. Para que o penhor seja mercantil é necessário que a dívida que garante
resulte do exercício de uma actividade comercial.
2. O penhor mercantil pode ser constituído com ou sem desapossamento.
3. A constituição de penhor mercantil só pode ser efectuada sem
desapossamento quando incida sobre bens afectos ao exercício da
actividade comercial.
4. A constituição de penhor mercantil será sempre sem desapossamento
quando incida sobre bens imprescindíveis ao exercício da actividade
comercial do empresário.
Artigo 81º
(Âmbito)
Artigo 82º
Artigo 83º
Artigo 84º
(Alienação ou oneração de bens empenhados)
1. O dono de bens objecto de penhor mercantil sem desapossamento é
considerado, quanto ao direito pignoratício, possuidor em nome alheio e
incorre na responsabilidade dos fiéis depositários se alienar, modificar,
destruir ou desviar o bem sem o consentimento escrito do credor
pignoratício, bem como se o empenhar de novo sem que, no novo contrato,
se mencione expressamente a existência do penhor ou penhores anteriores
que, em qualquer caso, preferem por ordem de datas.
2. Tratando-se de bens pertencentes a uma pessoa colectiva, o disposto no
número anterior aplica-se àqueles a quem incumbe a sua administração.
Secção II
Artigo 86º
Artigo 87º
(Regras especiais para o penhor sobre a empresa ou estabelecimento)
1. Sem prejuízo do disposto nos números seguintes, o penhor sobre a
empresa comercial abrange todos os bens, corpóreos ou incorpóreos, que a
compõem ao momento da constituição do penhor, independentemente de
constarem ou não dos registos contabilísticos do empresário; neste caso, é
ao credor que incumbe a prova de que certo bem pertence à empresa para
efeitos da garantia o abranger.
2. Para que o penhor sobre a empresa comercial produza efeitos sobre os
bens sujeitos a registo, que estão afectados à mesma, é necessário que
seja averbado no registo de cada um desses bens.
3. O penhor abrange também os bens que ulteriormente forem incluídos na
empresa, a partir dessa inclusão; libertando-se dele os bens que, de
acordo com as regras de uma administração criteriosa e ordenada, sejam
Artigo 88º
Artigo 89º
Artigo 90º
1. Não sendo pago o seu crédito, o credor pignoratício tem direito a exigir a
venda judicial da empresa.
2. A venda judicial será organizada por forma a que a empresa não seja
destruída.
3. Se a venda da empresa em globo não for possível, proceder-se-á à venda
por unidades autónomas e, só se esta não for possível, se poderá liquidar
a empresa, caso em que, o credor pignoratício passa a ter, sobre cada um
dos bens que compõem a empresa nesse momento, um direito de penhor
ou de hipoteca, consoante a natureza do bem respectivo.
CAPÍTULO III
Garantia flutuante
Artigo 91º
(Noção)
1. A garantia flutuante é aquela que versa sobre todos ou parte dos bens,
excepto os imóveis, que estejam ou venham a estar afectados ao exercício
de uma actividade comercial e cujos efeitos ficam suspensos até ao
momento em que, verificado o fundamento previsto na lei ou no contrato,
o credor provoque a consolidação da garantia.
2. O carácter flutuante da garantia deve ser expressamente estipulado no
acto da sua constituição.
3. A garantia flutuante apenas pode ser constituída por obrigações
contraídas no exercício da actividade comercial.
Artigo 93º
(Forma e publicidade)
Artigo 94º
(Conteúdo mínimo)
Artigo 96º
(Consolidação)
Artigo 97º
(Efeitos da consolidação)
Artigo 98º
1. A garantia flutuante que onera vários créditos produz os seus efeitos face
aos devedores dos créditos onerados a partir da inscrição da notificação de
consolidação, desde que a notificação seja publicada.
2. A publicação referida no número anterior não é necessária se a garantia
flutuante e a notificação de consolidação forem oponíveis aos devedores
dos créditos onerados da mesma maneira que uma cessão de créditos.
Artigo 99º
Artigo 100º
(Prioridade)
Artigo 101º
(Cancelamento da consolidação)
(Garantia autónoma)
Artigo 102º
(Noção)
Artigo 103º
(Modo de cumprimento)
(Garante e beneficiário)
Artigo 105º
(Autonomia)
Artigo 106º
(Forma e irrevogabilidade)
1. A garantia autónoma só é válida se for celebrada por escrito.
2. Salvo convenção em contrário, a garantia autónoma é irrevogável.
Artigo 107º
Artigo 108º
(Modificações)
Artigo 109º
Artigo 110º
(Cessão do direito à cobrança)
1. Salvo estipulação contratual ou convenção entre o garante e o beneficiário
em contrário, o beneficiário pode ceder a terceiro qualquer quantia que lhe
seja devida ou que lhe venha a ser devida ao abrigo da garantia.
2. Se o garante ou outra pessoa obrigada a efectuar o pagamento receber
uma notificação do beneficiário indicando ter efectuado uma cessão
irrevogável, o pagamento ao cessionário libera o devedor, no montante do
pagamento efectuado, da sua obrigação derivada da garantia autónoma.
Artigo 111º
(Extinção do direito a pedir o pagamento)
1. O direito de o beneficiário pedir o pagamento com base na garantia
extingue-se quando:
a) O garante tenha recebido uma declaração do beneficiário, liberando-
o da sua obrigação;
b) O beneficiário e o garante tenham acordado na revogação da
garantia;
Artigo 112º
(Caducidade)
1. Se o último dia do prazo da garantia não for um dia útil, a garantia
autónoma caduca no primeiro dia útil seguinte.
2. Se a extinção da garantia autónoma estiver dependente da verificação de
uma certo facto ou evento, a caducidade ocorre quando o garante seja
notificado da respectiva verificação, nos termos previstos na garantia.
3. Não sendo estipulado prazo, a garantia autónoma caduca seis anos após a
sua constituição.
Artigo 113º
Artigo 114 º
(Pedido)
Artigo 115º
Artigo 116º
(Pagamento)
Artigo 117º
(Excepções)
Artigo 118º
(Providências cautelares)
(Garantias aparentes)
Secção I
Carta de Conforto
Artigo 119º
(Carta de conforto)
Artigo 120º
(Conteúdo da carta de conforto)
As declarações a incluir na carta de conforto podem ser variadas, incluindo,
nomeadamente:
a) Declarações de conhecimento ou de concordância com a concessão do
crédito;
b) Declarações de manutenção da participação no capital social e de
confiança na gestão da sociedade;
c) Declarações de influência na gestão e de adopção de certa política
empresarial;
d) Declarações de solvência da empresa devedora.
Artigo 121º
(Tipos de cartas de conforto)
1. As garantias emitidas através de cartas de conforto podem ser fortes ou
fracas.
Secção II
Artigo 123º
(Cláusula “pari passu”)
1. A cláusula “pari passu” consiste na cláusula pela qual o devedor assegura
ao credor que o seu crédito se mantém privilegiado em relação a outros
créditos que venha a contrair.
2. A cláusula “pari passu” não é oponível a terceiros, concorrendo, assim,
todos os credores do devedor, em rateio, em situação de igualdade.
3. A cláusula “pari passu” obedece à forma estabelecida para o contrato em
que se encontra inserida.
Artigo 124º
(Cláusula cross default)
TÍTULO VII
DISPOSIÇÕES FINAIS
Artigo 125º
(Juros)
1. A taxa dos juros comerciais é de 10%, sem prejuízo de estipulação escrita
em contrário, quanto ao modo de determinação e variabilidade das taxas.
2. Aos créditos de natureza comercial acresce, em caso de mora do devedor,
uma sobretaxa de 2% sobre a taxa fixada nos termos no número anterior,
sem prejuízo do disposto em lei especial.
Artigo 126º
(Onerosidade)
Artigo 127º
(Prescrição)
EMPRESÁRIOS INDIVIDUAIS
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
ARTIGO 128º
(Definição)
ARTIGO 129º
(Exclusão)
ARTIGO 130º
(Facturação bruta anual)
ARTIGO 131º
(Firma)
4. O empresário individual que não use como firma apenas o seu nome
completo ou abreviado tem direito ao uso exclusivo da sua firma desde a
data do registo definitivo, ficando esta exclusividade circunscrita à
província onde se encontra localizado o seu estabelecimento principal.
CAPÍTULO II
ARTIGO 132º
(Constituição Imediata)
ARTIGO 133º
(Meios electrónicos)
ARTIGO 134º
ARTIGO 135º
CAPÍTULO III
ARTIGO 136º
(Património autónomo)
ARTIGO 137º
CAPÍTULO IV
CESSAÇÃO E LIQUIDAÇÃO
ARTIGO 138º
(Cessação da actividade)
ARTIGO 140º
ARTIGO 141º
(Disposições aplicáveis à liquidação)
PRESTAÇÃO DE CONTAS E
ARTIGO 142º
(Registos contabilísticos)
ARTIGO 143º
(Responsabilidade pela constituição, alteração ou registo)
1. O empresário individual responde perante qualquer interessado pela
inexactidão ou deficiências das indicações e declarações prestadas no acto
constitutivo, nos termos da legislação geral aplicável.
ARTIGO 144º
(Infracções aos documentos que servem de base às contas anuais)
1. O empresário individual ou o liquidatário do património autónomo que,
por dolo ou negligência grosseira, elaborar ou apresentar documentos que
sirvam de base às contas anuais do exercício e que omitam, dissimulem,
aumentem ou diminuam, sem fundamento legal, qualquer elemento do
activo ou passivo, será punido nos termos da legislação aplicável.
SOCIEDADES COMERCIAIS
TÍTULO I
PARTE GERAL
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Artigo 145º
(Noção e Tipos de sociedades Comerciais)
Artigo 146º
(Lei pessoal)
1. As sociedades comerciais têm como lei pessoal a lei do Estado onde se
encontra situada a sua sede principal e efectiva.
2. A sociedade que tenha em Angola a sede estatutária não pode, contudo,
opor a terceiros a sua sujeição a lei diferente da angolana.
Artigo 147º
(Exercício de actividade permanente em Angola por sociedades com sede
no exterior)
1. A sociedade que não tenha a sede efectiva em Angola, mas deseje exercer a
sua actividade no país por mais de 2 (dois) anos, deve estabelecer uma
representação permanente, obtendo as autorizações necessárias para o
efeito.
2. A sociedade que não cumpra o disposto no número anterior fica obrigada
pelos actos praticados em seu nome em Angola, e com ela respondem
solidariamente os seus administradores e quaisquer outras pessoas que,
em representação dela, tenham praticado esses actos.
3. O tribunal deve, a requerimento do Ministério Público ou de qualquer
interessado, ordenar que a sociedade que não dê cumprimento ao disposto
no número 1 cesse a sua actividade e decrete a liquidação do património
situado em Angola, podendo dar-lhe um prazo de máximo de 90 dias para
regularizar a sua situação.
CAPÍTULO II
Artigo 149º
(Personalidade jurídica)
As sociedades gozam de personalidade jurídica a partir da data do registo do
contrato de sociedade.
Artigo 150º
(Capacidade jurídica)
1. A capacidade jurídica da sociedade compreende os direitos e as
obrigações necessários ou convenientes à realização do seu fim, com
excepção daqueles que lhe sejam vedados por lei ou que sejam
inseparáveis da personalidade singular.
2. Não são consideradas contrárias ao fim da sociedade as liberalidades
consideradas usuais, segundo as circunstâncias do momento em que são
realizadas, as condições da sociedade e que tenham em vista a promoção
da sua responsabilidade social, nos termos deste código.
3. Considera-se contrária ao fim da sociedade a prestação de quaisquer
garantias de dívidas de outrem, salvo havendo interesse próprio da
sociedade garante que a justifique, devendo tal interesse ser objecto de
declaração escrita que o fundamente por parte da administração da
sociedade.
Artigo 151º
(Responsabilidade civil)
1. A sociedade responde civilmente pelos actos ou omissões dos seus
representantes legais, nos mesmos termos em que os comitentes
respondem pelos actos ou omissões dos seus comissários.
CAPÍTULO III
CONSTITUIÇÃO DA SOCIEDADE
Secção I
Contrato de sociedade
Artigo 152º
(Forma e conteúdo do contrato de sociedade)
1. A constituição da sociedade deve constar de documento particular com
assinaturas reconhecidas presencialmente, salvo se os bens que
constituem as entradas dos sócios impuserem forma legal mais exigente.
2. Dos estatutos da sociedade devem obrigatoriamente constar:
a) Os nomes ou firmas de todos os sócios;
b) O tipo de sociedade;
c) A firma da sociedade;
d) O objecto da sociedade;
e) A sede da sociedade;
f) O capital social, com indicação da natureza da entrada de cada sócio,
modo e do prazo da sua realização;
g) O modelo de administração e de fiscalização da sociedade.
3. Dos estatutos da sociedade devem, ainda, constar os direitos especiais que
porventura se confiram a alguns sócios, nos termos do artigo 175.º do
presente Código.
Artigo 153º
(Objecto social)
1. Devem ser indicadas no contrato de sociedade, como objecto social, as
actividades que a sociedade se propõe exercer.
Artigo 154º
(Sede)
1. A sede da sociedade deve ser estabelecida em local concretamente definido,
que constitui o seu domicílio.
2. Se o contrato de sociedade o permitir, o órgão de administração da
sociedade pode mudar a sede social para outro local dentro do território
nacional.
Artigo 155º
(Capital social)
O capital social deve ser expresso em Kwanzas.
Artigo 156º
(Duração)
1. A sociedade constitui-se por tempo indeterminado, salvo se os estatutos
estipularem a sua duração limitada.
2. A duração da sociedade fixada nos estatutos só pode ser alterada por
deliberação dos sócios tomada antes do termo do prazo fixado.
3. Depois do prazo a que se refere o número anterior, a prorrogação da
sociedade dissolvida só pode ser deliberada nos termos do artigo 299º.
Artigo 157º
(Acordos parassociais)
1. Sem prejuízo do disposto nos números seguintes, os acordos parassociais
celebrados entre todos ou entre alguns sócios, pelos quais estes, nessa
qualidade, se obrigam a uma conduta não proibida por lei, apenas
produzem efeitos entre os contraentes, não podendo, com base neles, ser
impugnados actos da sociedade ou dos sócios para com a sociedade.
2. Nas sociedades por quotas e nas sociedades anónimas emitentes de acções
não admitidas à negociação em mercado regulamentado, os acordos
Artigo 158º
(Registo)
1. Sem prejuízo do disposto no número seguinte, os administradores da
sociedade têm o dever de a registar no prazo de 30 dias a contar da sua
nomeação ou da data em que os sócios celebraram o contrato de
sociedade, consoante a que mais cedo ocorrer.
2. Qualquer sócio tem legitimidade para promover o registo da sociedade.
3. O Ministério Público deve promover a liquidação da sociedade não
registada que exerça actividade há mais de 12 meses.
Artigo 159º
(Efeitos dos actos anteriores ao registo)
1. Com o registo, a sociedade assume:
a) Os direitos e obrigações decorrentes dos actos anteriormente praticados
em nome dela;
b) A obrigação de reembolso das despesas inerentes ao processo de
constituição, designadamente, as despesas fiscais e com emolumentos
notariais e de registo.
2. Todas as demais despesas anteriores ao registo, incluindo honorários por
serviços prestados no âmbito do processo de constituição, podem ser
assumidas pela sociedade.
3. Antes do registo, as transmissões entre vivos das participações sociais e as
alterações dos estatutos devem ser aprovadas pela unanimidade dos
sócios.
4. Se, antes do registo, for dado início à actividade social, os que agirem em
representação da sociedade, bem como os sócios que autorizaram tal
actuação, são solidariamente responsáveis pelos actos praticados, não
havendo lugar à excussão prévia do património afecto à actividade da
sociedade.
Artigo 161º
Artigo 164º
(Sócios admitidos na sociedade posteriormente à constituição)
O disposto nos artigos 162º e 163º é também aplicável, com as necessárias
adaptações, no caso de o sócio cuja vontade tenha sido viciada ou de o sócio
incapaz ter ingressado na sociedade através de um negócio jurídico com esta
celebrado posteriormente à sua constituição.
Artigo 165º
(Notificação do sócio para anular ou confirmar o negócio)
1. Se assistir a qualquer dos sócios o direito de anulação ou exoneração
previsto nos artigos 162º e 164º, qualquer interessado pode notificá-lo para
que exerça o seu direito, sob pena de o vício ficar sanado, disso dando
conhecimento à sociedade.
2. O vício considera-se sanado se o notificado não intentar a acção no prazo
de 180 dias a contar do dia em que tenha recebido a notificação.
Artigo 166º
(Satisfação por outra via do interesse do demandante)
1. Proposta a acção para fazer valer os direitos conferidos pelos artigos º 162º
e 164º, pode a sociedade ou qualquer dos sócios requerer ao tribunal a
homologação de medidas adequadas à satisfação do interesse do autor, de
modo a evitar a consequência jurídica a que a acção se dirige.
2. Sem prejuízo do disposto no artigo seguinte, as medidas propostas devem
ser previamente aprovadas pelos sócios, através de deliberação que
obedeça aos requisitos exigidos pela natureza dessas medidas, estando o
autor excluído de participar nesta deliberação.
Artigo 167º
(Aquisição da participação social do autor)
1. Se a medida proposta consistir na aquisição da participação social do autor
por um dos sócios ou por terceiro indicado por algum dos sócios, devem
estes justificar unicamente que a sociedade não pretende apresentar ela
própria outras soluções e que, além disso, estão satisfeitos os requisitos de
que a lei ou o contrato de sociedade fazem depender a transmissão de
participações sociais entre sócios ou para terceiros, respectivamente.
2. Não havendo, no caso referido no número anterior, acordo das partes
quanto ao preço, proceder-se-á à avaliação da participação social nos
termos previstos no Código Civil.
3. Nos casos previstos no artigo 162º, o preço indicado pelos peritos não será
homologado se for inferior ao valor nominal da participação social do autor.
4. Determinado pelo tribunal o preço a pagar, a aquisição da participação
social deve ser homologada logo que o pagamento seja efectuado ou a
respectiva quantia depositada à ordem do tribunal ou logo que o
adquirente preste garantias bastantes de que efectuará o pagamento no
prazo que, em seu prudente arbítrio, o juiz lhe assinalar, valendo a
sentença homologatória como título de aquisição da participação social.
Artigo 168º
(Redução do negócio)
À invalidade parcial do contrato de sociedade aplica-se o disposto no Código
Civil.
Artigo 169º
(Efeitos da invalidade)
1. A declaração de nulidade e a anulação do contrato de sociedade
determinam a entrada da sociedade em liquidação, nos termos previstos
neste Código, devendo este efeito ser mencionado na sentença.
2. A eficácia dos negócios jurídicos anteriormente concluídos em nome da
sociedade não é afectada pela declaração de nulidade nem pela anulação
do contrato de sociedade.
Artigo 170º
(Arbitragem societária)
1. Os litígios entre sócios ou entre sócios ou membros dos órgãos sociais e a
sociedade podem ser submetidos a arbitragem.
2. O sócio que não tenha votado favoravelmente a introdução de cláusula
compromissória nos estatutos, ou a sua modificação ou supressão pode
exonerar-se da sociedade, no prazo de 60 dias a contar da data em que a
deliberação foi tomada ou da data em que teve conhecimento da
deliberação.
3. Não prevendo os estatutos cláusula compromissória, pode ser celebrado
compromisso arbitral, contanto que a assembleia geral o aprove pela
maioria dos votos necessária para a alteração dos estatutos.
4. O tribunal arbitral julgará segundo o direito constituído os litígios
respeitantes à responsabilidade dos membros dos órgãos sociais e a factos
sujeitos a registo obrigatório.
5. Os árbitros são nomeados por entidade imparcial, de reconhecida
idoneidade, devendo a cláusula compromissória inserida nos estatutos
indicar a entidade a quem cabe a nomeação de árbitros.
6. A sentença arbitral produz efeitos em relação a todos os sócios e órgãos
sociais, independentemente de terem intervindo na acção.
7. As acções e decisões arbitrais estão sujeitas a registo nos mesmos termos
das acções judiciais.
Artigo 172º
(Inactividade não declarada)
1. Considera-se em situação de inactividade não declarada, a sociedade que:
a) tenha sido registada e que não tenha declarado qualquer actividade à
autoridade fiscal competente nos 3 anos subsequentes à sua
constituição;
b) tendo já tido actividade, não declarou qualquer actividade à autoridade
fiscal competente nos últimos 3 anos.
2. O disposto no número 5 do artigo anterior é aplicável à sociedade que se
encontre em situação de inactividade não declarada nos termos deste
artigo.
Artigo 173º
(Obrigações dos sócios)
Todo o sócio é obrigado a:
a) entrar para a sociedade com dinheiro ou bens susceptíveis de penhora e
adequados à realização do objecto e fins sociais;
b) participar nas perdas, nos termos previstos no presente código;
c) efectuar à sociedade, sempre que exigíveis, prestações acessórias;
d) contribuir para o desenvolvimento da sociedade;
e) não prejudicar a sociedade, por acção ou omissão.
Artigo 174º
(Direitos dos sócios)
1. Todo o sócio tem direito a:
a) quinhoar nos lucros;
b) participar nas deliberações de sócios, sem prejuízo das restrições
previstas na lei;
c) obter informações sobre a vida da sociedade e, nomeadamente,
examinar a respectiva escrituração;
d) eleger os órgãos de administração e de fiscalização da sociedade.
2. É proibida toda a estipulação pela qual algum sócio deva receber juros ou
outra importância certa em retribuição do seu capital ou que lhe confira
um direito especial à obtenção de informação sobre a vida da sociedade.
Artigo 175º
(Direitos especiais)
1. Só podem ser constituídos direitos especiais a favor de algum sócio por
estipulação nos estatutos.
2. Os direitos especiais de natureza patrimonial são transmissíveis com a
participação social respectiva, excepto se for outro o regime convencionado,
sendo intransmissíveis os direitos especiais de natureza pessoal.
3. Nas sociedades anónimas os direitos especiais são atribuídos a categorias
de acções.
Artigo 176º
Artigo 177º
(Momento de realização das entradas)
1. As entradas dos sócios devem ser realizadas no momento da celebração do
contrato de sociedade, podendo este estabelecer o diferimento da realização
de parte das entradas em dinheiro.
2. O pagamento das entradas em dinheiro só pode ser diferido para datas
certas ou condicionado a factos certos e determinados, não podendo
ultrapassar o prazo máximo de 1 ano, contado da data de celebração do
contrato de sociedade.
3. O contrato de sociedade só pode determinar o diferimento de até 50% do
valor das entradas em dinheiro.
4. A realização das entradas em espécie não pode ser diferida.
Artigo 178º
(Cumprimento da obrigação de entrada)
1. O direito da sociedade à realização das entradas é irrenunciável e
insusceptível de compensação.
2. O sócio que não realizar pontualmente a sua entrada responde pelo valor
em dívida, juros moratórios e demais prejuízos causados à sociedade,
podendo os estatutos fixar uma cláusula penal para o não cumprimento da
obrigação de entrada.
3. Enquanto o sócio não cumprir integralmente a sua obrigação de entrada
não pode exercer os direitos sociais correspondentes à parte em mora.
Artigo 179º
(Direitos dos credores quanto às entradas)
1. Os credores de qualquer sociedade podem:
a) Sub-rogar-se à sociedade no exercício dos direitos que a esta caibam
relativamente às entradas não realizadas e exigíveis;
b) Promover judicialmente a realização das entradas antes de estas se
terem tornado exigíveis, desde que isso seja necessário para a
conservação ou satisfação dos seus créditos.
Artigo 180º
(Obrigação de prestações acessórias)
Artigo 181º
(Contrato de suprimento)
1. Contrato de suprimento é o contrato pelo qual o sócio empresta à
sociedade dinheiro ou outra coisa fungível, ficando aquela obrigada a
restituir-lhe outro tanto, do mesmo género e qualidade, ou pelo qual o
sócio convenciona com a sociedade o diferimento do vencimento de
créditos seus sobre ela, desde que, em qualquer dos casos, o prazo de
reembolso seja superior a 1 ano.
2. O contrato de suprimento pode ser celebrado por documento particular
subscrito pela sociedade e pelo sócio ou, em alternativa, constar de
deliberação da assembleia geral aprovada pelo sócio que assuma a
Artigo 182º
1. Não tendo sido estipulado prazo para o reembolso dos suprimentos, ele
pode ocorrer a todo o tampo, nos termos do Código Civil, mas, na fixação
do prazo, devem ser tidas em conta as consequências que do reembolso
derivem para a sociedade, podendo, designadamente, determinar que o
pagamento seja fraccionado em certo número de prestações.
2. Os credores de suprimentos não podem requerer, por esses créditos, a
falência da sociedade, mas a concordata concluída no processo de falência
produz efeitos em relação aos credores de suprimentos.
3. Decretada a falência ou dissolvida a sociedade, só podem ser reembolsados
os suprimentos depois de inteiramente pagas as dívidas da sociedade a
terceiros, não sendo admissível a compensação de créditos da sociedade
com créditos de suprimentos.
4. O reembolso de suprimentos efectuado no ano anterior à sentença
declaratória de falência é resolúvel nos termos das disposições aplicáveis
do Código de Processo Civil.
5. São nulas as garantias reais prestadas pela sociedade relativas a
obrigações de reembolso de suprimentos.
Artigo 183º
(Participação nos lucros e perdas)
1. Salvo disposição legal ou estatutária expressa em contrário, os sócios
participam nos lucros e nas perdas da sociedade na proporção dos valores
nominais das respectivas participações no capital.
Artigo 184º
(Reserva legal)
Artigo 185º
(Deliberação de distribuição de lucros)
1. A distribuição de lucros, ainda que antecipada, deve ser objecto de
deliberação da assembleia geral, que deve descriminar os montantes a
distribuir e, sendo caso disso, os que serão levados a reservas livres.
2. O órgão de administração tem o dever de não executar qualquer
deliberação de distribuição de lucros sempre que a mesma ou a sua
execução viole o disposto no artigo seguinte.
3. O órgão de administração que deixe de executar a deliberação nos termos
do número anterior, deve comunicar ao órgão de fiscalização, quando este
exista, as razões da sua decisão e convocar uma assembleia geral para
apreciar e deliberar sobre a situação, no prazo de 8 dias a contar da data
da decisão de não execução da deliberação.
4. A assembleia geral só pode deliberar a não distribuição de mais de metade
dos lucros do exercício mediante deliberação aprovada por 75% dos votos
correspondentes ao capital social, e até ao limite de três exercícios
consecutivos.
Artigo 187º
(Restituição de bens indevidamente recebidos)
1. Os sócios devem restituir à sociedade os bens que dela tenham recebido
com violação do disposto no artigo anterior, salvo se desconheciam a
irregularidade da distribuição ou, tendo em conta as circunstâncias, não
tinham obrigação de a conhecer.
2. Para efeitos do disposto neste artigo, o recebimento de bens inclui
quaisquer lucros ou reservas, sendo-lhe equiparável qualquer facto que
beneficie o património dos sócios com valores indevidamente recebidos.
3. Os credores sociais podem pedir judicialmente a restituição à sociedade
dos bens indevidamente recebidos pelos sócios, desde que a não restituição
afecte significativamente a garantia dos seus créditos.
Artigo 188º
(Perda de metade do capital)
1. O órgão de administração da sociedade que, pelas contas de exercício,
verifique que a situação líquida da sociedade é inferior a metade do valor
do capital social, deve propor à assembleia geral que o capital seja reduzido
ou que a sociedade seja dissolvida, podendo os sócios realizar, nos 60 dias
seguintes à deliberação que da proposta resultar, novas entradas que
reintegrem o património em, pelo menos, o valor correspondente ao capital
social.
2. A proposta a que se refere o número anterior deve ser apresentada na
própria assembleia que apreciar as contas ou em assembleia convocada
Artigo 189º
(Usufruto e penhor de participações)
1. A constituição de usufruto e penhor sobre participações sociais está sujeita
à forma exigida e às limitações estabelecidas para a transmissão das
respectivas participações.
2. O usufrutuário de participações sociais tem direito:
a) aos lucros distribuídos na pendência do usufruto;
b) a exercer o direito de voto correspondente à participação social, salvo
nas deliberações relativas à alteração dos estatutos, cisão, fusão,
transformação ou dissolução da sociedade, casos em que o direito de
voto pertence conjuntamente ao usufrutuário e ao titular da
participação social;
c) a usufruir os valores que caibam à participação social no acto de
liquidação da sociedade ou de amortização da participação social.
3. Os direitos inerentes à participação social, em especial o direito aos lucros,
só podem ser exercidos pelo credor pignoratício quando assim for
convencionado pelas partes, mas o saldo da liquidação da sociedade deve
ser entregue ao credor pignoratício para pagamento do montante em
dívida, devendo o excesso ser restituído ao titular da participação.
Artigo 190º
(Aquisição e alienação de bens a sócios)
1. A aquisição e alienação de bens da sociedade a sócios, titulares de uma
participação superior a 5% do capital social, devem ser obrigatoriamente
aprovadas por deliberação da assembleia geral, na qual o sócio a quem os
bens devem ser adquiridos ou por quem devem ser alienados não pode
votar.
Artigo 191º
(Direito à informação)
1. Sem prejuízo do previsto para cada tipo de sociedade, o sócio tem direito a:
a) Consultar os livros de actas da assembleia geral e do órgão de
fiscalização, quando exista;
b) Consultar o livro de registo de acções;
c) Consultar todos os documentos que devam ser disponibilizados aos
sócios antes da assembleia geral;
d) Solicitar ao órgão de administração e ao órgão de fiscalização
quaisquer informações pertinentes sobre assuntos constantes na
ordem de trabalhos da assembleia geral antes de se proceder à
votação, desde que relevantes para o exercício do direito de voto;
e) Requerer ao órgão de administração que preste informação por
escrito sobre qualquer aspecto relativo à gestão da sociedade;
f) Requerer cópia ou tirar fotografias, nos termos do Código Civil, às
deliberações constantes do livro de actas ou do livro de registo de
acções
g) Fazer-se acompanhar por especialista que considere adequado, no
âmbito da obtenção de informação prevista nas alíneas anteriores;
2. O sócio que utilize informação obtida no âmbito do exercício do seu direito
à informação em prejuízo da sociedade, responde pelos danos que lhe
causar.
3. Caso seja recusada ao sócio a informação requerida ou, de qualquer modo,
este se veja impossibilitado de a obter, o sócio pode requerer ao tribunal
que ordene à sociedade que lhe preste a informação, devendo o juiz ouvir a
sociedade e decidir no prazo máximo de 20 dias a contar do pedido.
4. Sendo o pedido de informação indicado no número anterior deferido pelo
tribunal, os administradores responsáveis pela recusa de informação
CAPÍTULO IV
ÓRGÃOS SOCIAIS
Secção I
Disposições Gerais
Artigo 193º
(Órgãos sociais)
Secção II
Assembleia geral
Artigo 194º
(Competência)
Artigo 196º
(Assembleia universal)
1. Assembleia universal é a assembleia geral não regularmente convocada em
que estejam presentes todos os sócios e todos manifestem vontade de que a
assembleia se constitua e delibere sobre determinado assunto.
2. Os sócios podem reunir-se em assembleia geral, sem observância das
formalidades prévias, sendo nesse caso aplicáveis todos os preceitos legais
e contratuais relativos ao funcionamento da assembleia, a qual, porém, só
pode deliberar sobre quaisquer assuntos com o consentimento de todos os
sócios.
3. Os sócios só podem fazer-se representar numa assembleia universal desde
que, do instrumento de representação, constem expressamente os poderes
necessários para o efeito.
Artigo 197º
(Deliberações unânimes por escrito)
Os sócios podem deliberar unanimemente por escrito, em documento que
inclua a proposta de deliberação, devidamente datado, assinado por todos os
sócios e enviado à sociedade, considerando-se a deliberação tomada na data
em que seja recebida pela sociedade.
Artigo 198º
(Deliberações por voto escrito)
1. Se os estatutos assim o estabelecerem, os sócios podem tomar deliberações
por voto escrito.
Artigo 199º
(Reuniões e representação)
1. Salvo disposição legal em contrário, todos os sócios têm direito a participar
nas reuniões da assembleia geral, discutindo e votando as propostas de
deliberação aí apresentadas.
2. A assembleia geral reúne anualmente nos 3 meses subsequentes ao termo
de cada exercício para deliberar, pelo menos, sobre os assuntos indicados
nas alínea a) e b) do artigo 194º.
3. A assembleia geral reúne extraordinariamente sempre que devidamente
convocada, por iniciativa do presidente da mesa ou a requerimento do
órgão de administração, do órgão de fiscalização ou de sócios que
representem, pelo menos, 10% do capital social.
4. As reuniões da assembleia geral podem ter lugar:
a) Na sede da sociedade ou em qualquer outro lugar, na província onde se
localiza a sede da sociedade, que o presidente da mesa entenda
conveniente;
b) Em qualquer outro lugar do território nacional ou no estrangeiro, desde
que fixado por acordo unânime dos sócios;
c) Caso tal esteja previsto e regulado nos estatutos da sociedade, através
de meios electrónicos, sendo a sociedade responsável por assegurar a
autenticidade das declarações emitidas pelos sócios e a segurança das
comunicações.
Artigo 200º
(Convocação)
1. A assembleia geral é convocada de acordo com as regras previstas para
cada tipo de sociedade.
2. A convocatória para a primeira assembleia geral que tiver lugar após a
constituição da sociedade cabe a qualquer sócio.
3. Caso a pessoa a quem caiba a convocação da assembleia geral, nos termos
do número 1, a não convoque quando deva legalmente fazê-lo, pode a
assembleia geral ser convocada pelo órgão de administração, pelo órgão de
fiscalização ou pelos sócios que tenham solicitado a sua convocação,
devendo as despesas da respectiva convocação ser suportadas pela
sociedade.
4. Caso a convocação não seja efectuada por nenhuma das pessoas indicadas
no número anterior, pode requerer-se a convocação judicial da assembleia
geral, nos termos do Código de Processo Civil.
Artigo 201º
(Requisitos da convocatória)
1. A convocatória deve indicar a firma, sede e número de registo comercial da
sociedade, o local exacto, dia e hora da reunião, bem como indicação da
respectiva ordem de trabalhos.
2. Caso existam documentos de suporte à reunião da assembleia geral, a sua
existência e localização para consulta devem ser expressamente
mencionados na convocatória ou distribuídos aos sócios.
Artigo 202º
(Funcionamento)
1. As reuniões da assembleia geral são conduzidas por uma mesa, composta
por um presidente e por um secretário.
2. O presidente e o secretário são eleitos pela assembleia geral, podendo ser
ou não sócios da sociedade.
3. Em caso de inexistência ou de não comparência do presidente ou do
secretário, servirá de presidente o sócio que detiver maior participação no
capital social e, em caso de igualdade, o sócio mais velho, e de secretário o
sócio que este indicar.
Artigo 203º
(Interrupção e suspensão das reuniões)
1. Quando a discussão dos assuntos constantes da ordem de trabalhos não
se esgotar no dia em que a reunião for realizada, deve esta continuar no
primeiro dia útil subsequente, no mesmo local e à mesma hora.
2. Sem prejuízo do disposto no número anterior, pode ser deliberada a
suspensão da reunião da assembleia geral e marcada nova sessão da
mesma reunião para outra data, nos 30 dias seguintes à data em que a
respectiva reunião teve início.
3. Uma mesma reunião da assembleia geral só pode ser suspensa duas vezes.
Artigo 204º
(Impedimentos de voto)
1. Nenhum sócio pode votar, ainda que em representação de outro sócio,
quando a lei expressamente o proíba ou quando se encontre em situação
de conflito de interesses relativamente à matéria objecto de deliberação.
2. Existe conflito de interesses quando a deliberação recair, designadamente,
sobre:
a) Liberação de uma obrigação do sócio, quer nessa qualidade ou em
qualquer outra;
b) Litígio entre a sociedade e o sócio;
Artigo 205º
(Quórum de reunião)
1. A lei ou os estatutos podem exigir um quórum para que a assembleia geral
se possa constituir para deliberar sobre determinado assunto.
2. A convocatória pode, desde logo, fixar uma data para a segunda reunião,
para o caso de não estar presente o quórum constitutivo necessário para
que a primeira reunião tenha lugar, desde que entre as duas datas
medeiem, pelo menos, 7 (sete) dias, não podendo a segunda reunião ter
lugar para além de 30 dias após a data da primeira reunião.
Artigo 206º
(Quórum deliberativo)
1. Salvo disposição legal ou contratual em contrário, as deliberações
consideram-se aprovadas com a maioria dos votos emitidos.
2. Os votos que cabem aos sócios impedidos de votar nos termos do artigo
204º e as abstenções não são tidos em conta para a determinação da
maioria exigida por lei ou pelos estatutos.
Artigo 207º
(Unidade de voto)
1. Os votos de cada sócio não podem ser emitidos, numa mesma votação, em
sentidos diversos nem ser parcialmente exercidos.
2. A violação do disposto no número anterior importa que todos os votos
emitidos pelo sócio nessa votação sejam computados como abstenções.
3. Um sócio que represente outros pode votar em sentido diverso ou abster-se
quando aqueles que representa o não façam.
Artigo 209º
(Deliberações nulas)
1. São nulas as deliberações da assembleia geral:
a) Aprovadas em assembleia geral não convocada, salvo se todos os sócios
tiverem estado presentes ou representados, nos termos previstos no
artigo 196º;
b) Aprovadas mediante voto escrito nos termos do artigo 198º, sem que
todos os sócios com direito a voto tenham sido convidados a exercer
esse direito, salvo se todos eles tenham emitido o seu voto;
c) Cujo conteúdo não esteja, por natureza, sujeito a deliberação dos
sócios;
d) Cujo conteúdo, directa ou indirectamente, seja ofensivo dos bons
costumes ou de disposições legais de carácter imperativo.
2. Não se consideram convocadas as assembleias:
a) que tenham sido convocadas por quem não tenha competência para o
efeito;
b) cuja convocatória não indique o dia, a hora e o local da reunião;
c) que reúnam em dia, hora ou local diversos dos constantes da
convocatória.
3. A nulidade prevista nas alíneas a) e b) do número 1 não pode ser arguida
pelos sócios ausentes e não representados nem pelos sócios não
participantes na deliberação por escrito, quando estes tenham,
posteriormente e por escrito, dado o seu assentimento à deliberação.
Artigo 211º
(Deliberações anuláveis)
1. São anuláveis as deliberações que:
a) violem disposições da lei ou do contrato de sociedade, quando ao caso
não caiba a nulidade nos termos do artigo 209º;
b) possam conduzir a que qualquer dos sócios consiga, através do
exercício do direito de voto, vantagens especiais para si ou para terceiro,
em prejuízo da sociedade ou de outros sócios ou, simplesmente,
prejudiquem aquela ou estes, a menos que se prove que as deliberações
teriam sido aprovadas mesmo sem os votos abusivos;
c) não tenham sido precedidas de fornecimento ao sócio de elementos
mínimos de informação.
2. Para os efeitos deste artigo e do artigo 209º, quando as estipulações
contratuais se limitem a reproduzir preceitos legais, são estes considerados
directamente violados.
Artigo 212º
(Anulação)
1. O órgão de fiscalização da sociedade deve dar a conhecer aos sócios, em
assembleia geral, a anulabilidade de qualquer deliberação anterior, a fim
de que eles a renovem, sendo possível, ou intentem, querendo, a respectiva
acção judicial.
2. A anulabilidade pode ser arguida pelo órgão de fiscalização ou por qualquer
sócio que não tenha votado no sentido que fez vencimento nem
posteriormente tenha aprovado, expressa ou tacitamente, a deliberação.
3. O prazo para a proposição da acção de anulação é de 30 dias, contados a
partir da data em que:
a) Foi encerrada a assembleia geral em que a deliberação anulável tenha
sido aprovada;
b) A deliberação se considera tomada, quando não o tenha sido em
assembleia geral;
c) O sócio teve conhecimento da deliberação, se esta incidir sobre assunto
que não constava da convocatória.
4. Sendo uma assembleia geral interrompida por mais de 15 (quinze) dias, as
deliberações anteriores à interrupção podem ser anuladas nos 30 (trinta)
dias seguintes àquele em que a deliberação foi tomada, sem prejuízo do
disposto no número 3.
5. A proposição da acção de anulação não depende da apresentação da acta
da assembleia em que tenha sido aprovada a deliberação anulável, mas, se
o sócio invocar a impossibilidade de a obter, o juiz ordenará a notificação
das pessoas que, nos termos da lei, devem assinar a acta, para a
apresentarem no tribunal, no prazo de 60 dias a contar da notificação,
suspendendo-se a instância até essa apresentação.
Artigo 213º
(Disposições comuns às acções de nulidade e de anulação)
1. Tanto a acção de nulidade como a de anulação devem ser propostas contra
a sociedade.
2. Havendo várias acções de declaração de invalidade da mesma deliberação,
devem elas ser apensadas, observando-se as regras estabelecidas no
Código de Processo Civil.
3. A sociedade apenas suportará os encargos das acções propostas pelo órgão
de fiscalização ou, na sua falta, por qualquer administrador ou director,
quando sejam julgadas procedentes.
Artigo 214º
(Eficácia do caso julgado)
1. A sentença que declarar nula ou anular uma deliberação produz efeitos em
relação a todos os sócios e órgãos da sociedade, mesmo que não tenham
sido parte ou não tenham intervindo na acção.
2. A declaração de nulidade ou a anulação não prejudicam os direitos
adquiridos por terceiros de boa-fé, com fundamento em actos praticados
em execução da deliberação.
3. Para efeitos do disposto no número anterior, é considerado de boa-fé o
terceiro adquirente que, no momento da aquisição, desconhecia sem culpa
o vício da deliberação nula ou anulável.
Artigo 216º
(Actas)
1. As deliberações dos sócios só podem ser provadas pelas actas das
assembleias ou, quando sejam admitidas deliberações por escrito, pelos
documentos onde constem essas deliberações.
2. A acta deve, pelo menos, conter:
a) A indicação do lugar, o dia e a hora da reunião;
b) O nome de quem presidiu à assembleia e de quem a secretariou;
c) A ordem de trabalhos;
d) Os documentos e os relatórios submetidos à apreciação da assembleia;
e) O teor das deliberações propostas e o resultado das votações;
f) O sentido das declarações de voto dos sócios, se estes o requererem.
3. As actas devem ser lavradas no respectivo livro, devendo nele, também,
fazer-se menção das deliberações tomadas por escrito e das que constem
de instrumento notarial.
4. As actas avulsas devem conter a assinatura de quem presidiu à reunião e
de quem a secretariou reconhecidas notarialmente, bem como do secretário
da sociedade, quando exista, nos termos do artigo 226º.
Secção III
Órgão de administração
Artigo 217º
(Composição)
1. A composição, designação, destituição e funcionamento do órgão de
administração obedece às regras fixadas para cada tipo de sociedade,
devendo o respectivo modelo ser determinado logo nos estatutos da
sociedade, nos termos da alínea g) do número 2 do artigo 152º.
2. Pode ser administrador qualquer pessoa singular ou colectiva com
capacidade jurídica plena.
3. Se uma pessoa colectiva for designada administrador deve nomear uma
pessoa singular para exercer o cargo em sua representação, respondendo a
pessoa colectiva solidariamente pelos actos desta.
4. Às reuniões do órgão de administração aplica-se, com as necessárias
adaptações, o disposto no número 3 do artigo 202º.
Artigo 218º
(Competência)
Secção IV
Órgão de fiscalização
Artigo 220º
(Composição)
Artigo 221º
(Incompatibilidades)
Artigo 222º
Artigo 224º
(Competência)
Artigo 225º
Secção V
Secretário
Artigo 226º
Secção VI
Artigo 227º
(Responsabilidade quanto à constituição da sociedade)
Os sócios fundadores e os administradores respondem solidariamente para
com a sociedade pela inexactidão ou deficiência de quaisquer declarações que
tenham prestado aquando da sua constituição, salvo se ignoravam, sem
culpa, os factos que lhe deram origem.
Artigo 228º
(Responsabilidade por danos causados à sociedade)
1. Os administradores respondem para com a sociedade pelos danos que lhe
causarem, por actos ou omissões praticados com violação dos deveres
legais ou contratuais, salvo se provarem que procederam sem culpa.
2. Não são responsáveis pelos danos resultantes de uma deliberação do órgão
de administração os administradores que nela não tenham participado,
tenham votado vencidos e não tenham participado na respectiva execução,
Artigo 229º
(Exclusão, limitação, transacção e renúncia)
1. É nula qualquer cláusula que exclua ou limite a responsabilidade dos
administradores.
2. A sociedade só pode transigir sobre o seu direito à indemnização ou a ele
renunciar mediante deliberação da assembleia geral, aprovada por, pelo
menos, 75% dos votos correspondentes ao capital social, estando os
possíveis responsáveis impedidos de votar nessa deliberação, e desde que
tal não constitua diminuição relevante da garantia dos credores.
3. A deliberação da assembleia geral que aprove as contas ou o relatório de
gestão não implica renúncia ao direito à indemnização da sociedade.
Artigo 230º
(Acção de responsabilidade proposta pela sociedade)
1. A assembleia geral delibera, por maioria simples, ficando os possíveis
responsáveis impedidos de votar, a propositura de acção de
responsabilidade por danos causados à sociedade, no prazo de 30 (trinta)
dias a contar da data da deliberação.
2. A deliberação indicada no número anterior implica a destituição imediata
dos administradores contra quem a acção deva ser intentada, e, sendo
necessário, a nomeação de representantes especiais para o exercício do
direito de acção da sociedade.
Artigo 232º
(Responsabilidade para com os credores sociais)
1. Os administradores respondem para com os credores da sociedade
quando, pela inobservância culposa das disposições legais ou estatutárias
destinadas à protecção destes, o património social se torne insuficiente
para a satisfação dos respectivos créditos.
2. A obrigação de indemnização que recaia sobre os administradores nos
termos deste artigo não se extingue relativamente aos credores pela
renúncia ou transacção da sociedade, nem pelo facto de o acto ou omissão
assentar em deliberação da assembleia geral.
3. À responsabilidade prevista neste artigo é aplicável o disposto nos
números 2, 3, 4 e 5 do artigo 228º.
Artigo 233º
(Responsabilidade para com os sócios e terceiros)
Os administradores respondem, também, nos termos gerais, para com os
sócios e terceiros pelos danos que, no exercício das suas funções, lhes tenham
causado.
Artigo 234º
(Responsabilidade de gerentes, procuradores)
As disposições dos artigos 228º a 233º aplicam-se, com as necessárias
adaptações, aos gerentes, procuradores e a todas as pessoas que, de facto,
desempenhem funções de administração da sociedade.
Artigo 236º
(Noção e responsabilidade do sócio dominante)
CAPÍTULO V
PRESTAÇÃO DE CONTAS E LIVROS DA SOCIEDADE
Artigo 237º
Artigo 238º
(Relatório do órgão de fiscalização)
1. O relatório de gestão, as contas de exercício e os demais documentos de
prestação de contas devem ser entregues ao órgão de fiscalização,
instruídos com os documentos que lhes servem de suporte, até 30 dias
antes da data da assembleia geral anual.
2. O órgão de fiscalização deve elaborar um relatório, nos termos da alínea c)
do número 3 do artigo 224º, no qual deve indicar:
a) se as contas de exercício e o relatório de gestão são exactos e completos,
reflectindo a situação patrimonial real da sociedade, respeitando as
exigências legais e estatutárias;
b) as diligências e verificações efectuadas pelo órgão de fiscalização e o
resultado destas;
c) os critérios valorimétricos adoptados pelo órgão de administração e a
sua adequação;
d) as irregularidades verificadas;
e) as alterações que o órgão de fiscalização entenda devam ser
introduzidas nos documentos indicados no número 1, e a respectiva
fundamentação.
3. Ao relatório do órgão de fiscalização aplica-se, com as necessárias
adaptações, o disposto nos números 3 e 4 do artigo anterior.
Artigo 240º
(Aprovação judicial das contas do exercício)
1. Se o relatório de gestão, as contas do exercício e os demais documentos de
prestação de contas não forem apresentados à assembleia geral no prazo
indicado no número 5 do artigo 237º, pode qualquer sócio requerer ao
tribunal a fixação de um prazo, não superior a 30 dias, para a sua
apresentação.
2. Se, decorrido o prazo fixado pelo tribunal nos termos do número anterior, o
órgão de administração não tiver apresentado contas, o tribunal pode
determinar a destituição dos membros do órgão de administração que não
tenham cumprido com as suas obrigações, ordenar inquérito judicial à
sociedade, e nomear um administrador judicial para elaborar o relatório de
gestão, as contas do exercício e demais documentos de prestação de contas
em falta.
3. O administrador judicial deverá convocar a assembleia geral anual e
submeter para aprovação dos sócios o relatório de gestão, as contas do
exercício e os demais documentos de prestação de contas.
4. Não sendo as contas aprovadas nos termos do número anterior, deve o
administrador judicial requerer ao tribunal que elas sejam aprovadas
judicialmente, devendo estas ser acompanhadas por parecer de
contabilista ou perito contabilista independente.
5. Sendo o relatório de gestão, as contas do exercício e os demais documentos
de prestação de contas apresentados à assembleia geral atempadamente, e
tendo esta deliberado a elaboração de novas contas ou a reformulação das
contas apresentadas, pode qualquer membro do órgão de administração,
nos 8 dias subsequentes à data da deliberação da assembleia geral,
Artigo 241º
(Livros obrigatórios e respectiva consulta)
1. Para além dos livros referidos no artigo 23º, as sociedades devem ainda ter:
a) Livro de actas da assembleia geral;
Secção I
Alterações em geral
Artigo 242º
(Deliberação de alteração)
1. Compete à assembleia geral deliberar sobre as alterações aos estatutos,
que deverão observar a forma prevista no número 1 do artigo 152º.
2. O aumento das prestações impostas aos sócios pela deliberação de
alteração dos estatutos só vincula os sócios que consentirem nessa
alteração.
Secção II
Aumento do capital social
Artigo 243º
(Requisitos da deliberação)
1. A deliberação do aumento de capital social deve mencionar expressamente:
a) Se o aumento consiste na realização de novas entradas ou na
incorporação de reservas;
b) O montante do aumento;
c) A natureza das novas entradas e os prazos para a sua realização ou,
sendo caso disso, as reservas a incorporar;
d) O ágio, se o houver;
e) Se no aumento participam apenas todos ou alguns sócios ou também
terceiros;
f) Se são criadas novas participações sociais ou se é aumentado o valor
nominal das já existentes.
2. Não pode ser deliberado aumento de capital social enquanto não estiver
definitivamente realizado o capital social inicial ou proveniente de aumento
anterior.
3. A deliberação de aumento de capital deve ser precedida de parecer do órgão
de fiscalização, quando exista, registada e publicada.
4. O capital considera-se aumentado a partir do momento do registo da
deliberação.
Artigo 245º
(Aumento por incorporação de reservas)
1. Não sendo deliberado na assembleia geral anual ou em assembleia para o
efeito convocada no prazo máximo de 60 dias após a aprovação das
contas de exercício, o aumento de capital por incorporação de reservas
importa a organização e aprovação de um balanço especial nos termos
previstos para o balanço anual.
2. Salvo deliberação em contrário da assembleia geral, as quotas ou acções
próprias da sociedade participam desta modalidade de aumento.
3. O aumento de capital por incorporação de reservas incide também sobre
as participações sociais sujeitas a usufruto.
Secção III
Redução do capital social
Artigo 246º
(Requisitos da deliberação)
1. A deliberação de redução do capital deve mencionar expressamente:
a) A finalidade da redução, designadamente se se destina à cobertura de
prejuízos ou à libertação de excesso de capital;
b) Quais as participações atingidas pela redução, e se há lugar à
redução do valor nominal, ao reagrupamento ou à extinção de
participações sociais.
2. A deliberação de redução do capital deve ser registada, considerando-se
desde então o capital reduzido, e publicada.
Artigo 247º
(Redução destinada à liberação de excesso de capital social)
1. A redução destinada à liberação de excesso de capital social só pode ser
deliberada se a situação líquida da sociedade exceder o novo capital em,
Artigo 248º
(Redução destinada à cobertura de perdas)
1. O disposto no artigo anterior não é aplicável quando a redução se destinar
a:
a) cobertura de perdas;
b) constituição ou reforço da reserva legal.
2. Os sócios não ficam exonerados das suas obrigações de liberação do
capital em caso de redução destinada à cobertura de perdas.
CAPÍTULO VII
FUSÃO DE SOCIEDADES
Artigo 249º
(Noção e modalidades)
1. A fusão de sociedades é a reunião, numa só, de duas ou mais sociedades,
ainda que de tipo diverso.
2. As sociedades dissolvidas podem fundir-se com outras sociedades,
dissolvidas ou não, se preencherem os requisitos de que depende o
regresso ao exercício da actividade social, mas não com sociedades cuja
falência haja sido requerida.
3. A fusão tem as seguintes modalidades:
Artigo 250º
(Projecto de fusão)
1. Os órgãos de administração das sociedades que pretendam fundir-se
devem elaborar, em conjunto, um projecto de fusão do qual constem,
designadamente, os seguintes elementos:
a) A modalidade, os motivos, as condições e os objectivos da fusão,
relativamente a todas as sociedades participantes;
b) A firma, a sede, o montante do capital social e o número do registo
comercial de cada uma das sociedades participantes;
c) A participação que alguma das sociedades tenha no capital de outra;
d) Os balanços das sociedades intervenientes, especialmente organizados
até noventa dias antes da deliberação de fusão, dos quais conste,
designadamente, o valor dos elementos do activo e do passivo a
transferir para a sociedade incorporante ou para a nova sociedade;
e) As acções ou quotas a atribuir aos sócios da sociedade a incorporar ou
das sociedades a fundir, especificando-se a relação de troca das
participações sociais;
f) O projecto das alterações a introduzir nos estatutos da sociedade
incorporante ou o projecto de estatutos da nova sociedade;
g) As medidas de protecção dos direitos dos credores sociais e dos direitos
sobre lucros de terceiros;
h) A data a partir da qual as operações da sociedade ou sociedades
incorporadas ou das sociedades a fundir são consideradas, do ponto de
vista contabilístico, como efectuadas por conta da sociedade
incorporante ou da nova sociedade;
i) Os direitos assegurados pela sociedade incorporante ou pela nova
sociedade a sócios que sejam titulares de direitos especiais;
Artigo 251º
(Fiscalização do projecto de fusão)
1. O órgão de administração de cada uma das sociedades participantes na
fusão deve comunicar o projecto desta ao respectivo órgão de fiscalização
ou, caso ele não exista, a contabilista ou perito contabilista independente,
para que seja emitido parecer.
2. O parecer do órgão de fiscalização ou do contabilista ou perito contabilista
independente, conforme o caso, deverá ser fundamentado e incidir sobre a
adequação e razoabilidade da relação de troca das participações sociais.
3. O órgão de fiscalização ou o contabilista ou perito contabilista
independente podem exigir das sociedades participantes as informações ou
documentos que julguem necessários e proceder aos exames que entendam
adequados ao cumprimento das suas obrigações.
Artigo 252º
(Informação sobre o projecto de fusão)
1. Devem convocar-se as assembleias gerais de cada uma das sociedades
participantes, para deliberarem sobre o projecto de fusão.
2. Simultaneamente com a convocatória das assembleias gerais referidas no
número 1, deve ser publicado, num dos jornais mais lidos na localidade
onde se encontra a sede da sociedade, um aviso de que o projecto de fusão
pode ser consultado, na sede de cada sociedade, pelos respectivos sócios e
credores sociais, que podem obter cópia integral e sem encargos dos
seguintes documentos:
a) Projecto de fusão;
b) Relatório e pareceres sobre o projecto;
Artigo 253º
(Aprovação do projecto de fusão)
1. O órgão de administração deve declarar perante a assembleia geral se,
desde a elaboração do projecto de fusão, houve alteração relevante das
circunstâncias em que aquele se fundou e, no caso afirmativo, propor as
alterações do projecto que julgue necessárias.
2. Quando tenha havido uma alteração relevante daquelas circunstâncias, a
assembleia geral deve deliberar se o processo de fusão prossegue com ou
sem alterações, ou se deve recomeçar-se um novo projecto de fusão.
3. A proposta a apresentar às várias assembleias gerais deve ser
rigorosamente igual, considerando-se, sem prejuízo de posterior renovação
da proposta, que qualquer modificação nela introduzida equivale à sua
rejeição.
4. Durante a assembleia geral, os sócios podem exigir quaisquer informações
sobre as sociedades participantes que se revelem necessárias à apreciação
do projecto de fusão.
5. As deliberações sobre a fusão são aprovadas pela maioria prevista, em cada
sociedade, para a alteração dos estatutos, exigindo-se o consentimento de
todos os sócios afectados para a respectiva execução, quando esta:
a) Aumente as obrigações de todos ou de alguns sócios;
b) Afecte os direitos especiais de que sejam titulares alguns sócios;
c) Altere a proporção das participações sociais de um sócio em face dos
restantes sócios da mesma sociedade, salvo na medida em que a
alteração resulte de pagamentos que lhe sejam exigidos para respeitar
disposições legais que imponham um valor mínimo ou um valor certo de
cada unidade de participação.
6. Se alguma das sociedades participantes tiver várias categorias de acções, a
deliberação da respectiva assembleia geral que aprove a fusão só é eficaz
depois de aprovada pela assembleia especial de cada categoria.
Artigo 255º
(Exoneração de sócios discordantes)
1. Se a lei ou os estatutos atribuírem ao sócio que vote contra o projecto de
fusão o direito de se exonerar, pode este exigir, nos 30 dias subsequentes à
data da publicação prevista no número 1 do artigo seguinte, que a
sociedade adquira ou faça adquirir a sua participação social.
2. Na falta de disposição estatutária ou de acordo das partes, o valor da
participação social deve ser fixado por um contabilista ou perito
contabilista independente, indicado pela sociedade no prazo de 15 (quinze)
dias a contar da data em que o sócio requereu a exoneração.
3. Para efeitos do disposto no número anterior, o contabilista ou perito
contabilista independente deve apresentar o seu relatório no prazo de 30
dias a contar da sua nomeação, devendo a sociedade pagar ao sócio a
contrapartida da exoneração nele determinada no prazo de 90 dias, sob
pena de o sócio requerer a dissolução da sociedade.
4. O direito de o sócio alienar, por outro modo, a sua participação social não é
afectado pelo disposto nos números anteriores nem a essa alienação,
quando efectuada nos prazos aí fixados, podem obstar limitações
estatutárias.
Artigo 257º
(Efeitos da oposição)
1. A oposição judicial deduzida por qualquer credor impede o registo da
fusão, até que se verifique algum dos seguintes factos:
a) Ter sido julgada improcedente a oposição, por sentença transitada em
julgado ou, no caso de absolvição da instância, não ter o opoente
intentado nova acção no prazo de 30 dias;
b) Ter havido desistência do opoente;
c) Ter a sociedade satisfeito o direito do opoente ou prestado a caução
fixada por acordo ou por decisão judicial;
d) Terem os opoentes consentido na no registo da fusão;
e) Terem sido consignadas em depósito as importâncias devidas aos
opoentes.
2. Se julgar procedente a oposição, o tribunal determinará o reembolso do
crédito do opoente ou, não podendo este exigi-lo, a prestação de caução.
3. O disposto no artigo anterior e nos números 1 e 2 do presente artigo, não
obsta à aplicação das cláusulas contratuais que atribuam ao credor o
direito à imediata satisfação do seu crédito se a sociedade devedora se
fundir.
Artigo 259º
(Portadores de outros títulos)
Os portadores de títulos que não sejam acções, mas aos quais sejam inerentes
direitos especiais, continuarão a gozar, na sociedade incorporante ou na nova
sociedade, de direitos pelo menos equivalentes, salvo se:
a) For deliberado, em assembleia especial dos portadores de títulos, e por
maioria absoluta do número de títulos de cada espécie, que os referidos
direitos podem ser alterados;
b) Todos os portadores de cada espécie de títulos consentirem
individualmente na modificação dos seus direitos, caso não esteja
prevista, na lei ou nos estatutos, a existência de assembleia especial;
c) O projecto de fusão previr a aquisição desses títulos pela sociedade
incorporante ou pela nova sociedade e as condições dessa aquisição
forem aprovadas, em assembleia especial, pela maioria simples dos
portadores dos títulos presentes e representados.
Artigo 261º
(Condição ou termo)
Se a eficácia da fusão estiver sujeita a condição ou termo suspensivos e se,
antes da verificação da condição ou do termo, ocorrer uma alteração relevante
das circunstâncias em que as deliberações se basearam, pode a assembleia
geral de qualquer das sociedades participantes deliberar que seja requerida
judicialmente a resolução ou a modificação do contrato de fusão segundo
juízos de equidade, ficando a eficácia deste diferida até ao trânsito em julgado
da decisão a proferir no processo.
Artigo 262º
(Responsabilidade emergente da fusão)
1. Os membros do órgão de administração e do órgão de fiscalização de cada
uma das sociedades participantes são solidariamente responsáveis pelos
danos causados pela fusão à sociedade, aos seus sócios e credores, caso
não tenham observado a diligência de um gestor criterioso na verificação
da situação patrimonial da sociedade e na conclusão da fusão.
2. A extinção de sociedades ocasionada pela fusão não impede o exercício dos
direitos de indemnização previstos no número anterior e dos direitos que
resultem da fusão a favor delas ou contra elas, considerando-se essas
sociedades existentes para esse efeito.
Artigo 263º
(Nulidade do contrato de fusão)
1. A nulidade do contrato de fusão só pode ser declarada por decisão judicial,
com fundamento na prévia declaração de nulidade ou anulação de alguma
das deliberações das assembleias gerais das sociedades participantes.
2. A acção de nulidade do contrato de fusão só pode ser proposta enquanto
não tiverem sido sanados os vícios existentes, mas nunca depois de
decorridos seis meses a contar da data da publicação do contrato de fusão
definitivamente registado ou da publicação da sentença transitada em
julgado que declare nula ou anule alguma das deliberações das
assembleias gerais das sociedades participantes.
3. O tribunal não pode declarar a nulidade do contrato de fusão se o vício que
a produz for sanado no prazo que fixar.
CAPÍTULO VIII
CISÃO DE SOCIEDADES
Secção I
Disposições gerais
Artigo 264º
(Noção e modalidades)
1. É permitido a uma sociedade efectuar:
a) Uma cisão simples, pela qual destaque parte do seu património para
com ela constituir outra sociedade;
b) Uma cisão-dissolução, pela qual se dissolve e divide o seu património,
sendo cada uma das partes resultantes destinada a constituir nova
sociedade;
c) Uma cisão-fusão, pela qual destaque partes do seu património ou se
dissolve, dividindo o seu património em duas ou mais partes, para as
fundir com sociedades já existentes ou com partes do património de
outras sociedades, separadas por idênticos processos e com igual
finalidade.
2. As sociedades resultantes da cisão podem ser de tipo diferente do da
sociedade cindida.
Artigo 265º
(Projecto de cisão)
Cabe aos órgãos de administração das sociedades participantes elaborar um
projecto de cisão, do qual constem, designadamente, os seguintes elementos:
Artigo 266º
(Disposições aplicáveis)
É aplicável à cisão de sociedades, com as necessárias adaptações, o disposto
relativamente à fusão.
Artigo 268º
(Responsabilidade por dívidas)
1. A sociedade cindida responde solidariamente pelas dívidas que, por força
da cisão, tenham sido transmitidas para a sociedade já existente ou para a
nova sociedade.
2. As sociedades beneficiárias das entradas resultantes da cisão respondem
solidariamente, até ao valor dessas entradas, pelas dívidas da sociedade
cindida anteriores à inscrição da cisão no registo comercial, podendo,
todavia, convencionar-se que a responsabilidade é conjunta.
3. A sociedade que, por motivo da solidariedade prescrita nos números
anteriores, pague dívidas que não lhe tenham sido transmitidas, tem
direito de regresso contra a devedora principal.
Secção II
Cisão simples
Artigo 269º
(Requisitos da cisão simples)
1. A cisão-simples prevista na alínea a) do número 1 do artigo 264º não é
possível:
a) Se o valor do património da sociedade cindida se tornar inferior à soma
das importâncias do capital social e da reserva legal e não se proceder,
antes da cisão ou juntamente com ela, à correspondente redução do
capital social;
b) Se o capital da sociedade a cindir não estiver inteiramente liberado.
2. Nas sociedades por quotas adicionar-se-á, para os efeitos da alínea a) do
número anterior, a importância das prestações suplementares
eventualmente efectuadas pelos sócios e ainda não reembolsadas.
3. A verificação das condições exigidas nos números precedentes constará
expressamente dos pareceres e relatórios do órgão de administração, do
órgão de fiscalização e do contabilista ou perito contabilista independente.
Artigo 271º
(Redução do capital da sociedade a cindir)
Secção III
Cisão-dissolução
Artigo 272º
(Extensão)
1. A cisão-dissolução prevista na alínea b) do número 1 do artigo 264º deve
abranger todo o património da sociedade a cindir.
2. Se a deliberação que aprove a cisão não tiver estabelecido o critério de
transmissão de bens ou de dívidas que não constem do projecto definitivo
de cisão, serão essas dívidas e bens repartidos pelas novas sociedades na
proporção que resultar do projecto de cisão, sem prejuízo do disposto no
artigo 270º.
Secção IV
Cisão-fusão
Artigo 274º
(Requisitos especiais da cisão-fusão)
Os requisitos a que, por lei ou por contrato, esteja submetida a transmissão
de certos bens ou direitos são também exigidos no caso de cisão-fusão.
Artigo 275º
(Constituição de novas sociedades)
1. Na constituição de novas sociedades, por cisões-fusões simultâneas de
duas ou mais sociedades, apenas estas podem intervir.
2. A participação dos sócios da sociedade cindida na formação do capital
social da nova sociedade não pode ser superior ao valor dos bens
destacados, líquido das dívidas que convencionalmente os acompanhem.
CAPÍTULO XIX
TRANSFORMAÇÃO DE SOCIEDADES
Artigo 276º
(Noção e modalidades)
1. Salvo disposição legal em contrário, uma sociedade comercial pode, após a
sua constituição, adoptar outro tipo societário.
2. As sociedades civis podem transformar-se em sociedades comerciais,
adoptando um dos tipos enumerados no artigo 145º.
3. A transformação de uma sociedade nos termos dos números anteriores não
importa a sua dissolução.
Artigo 278º
(Relatório de transformação e parecer)
1. O órgão de administração deve elaborar um relatório justificativo da
transformação, o qual deve ser acompanhado:
a) Do balanço do último exercício da sociedade a transformar,
devidamente aprovado, se encerrado há menos de seis meses antes da
deliberação que aprove a transformação, ou de balanço elaborado
especialmente para o efeito;
b) Do projecto de estatutos pelo qual a sociedade passará a reger-se.
2. Se for apresentado o balanço do último exercício, o órgão de administração
deve declarar no relatório que a situação patrimonial da sociedade não
sofreu modificações significativas ou indicar as que entretanto tiverem
ocorrido.
3. À fiscalização do projecto, aplica-se, com as necessárias adaptações, o
disposto no artigo 251º.
Artigo 280º
(Exoneração de sócios discordantes)
1. Os sócios que tenham votado vencidos a deliberação que aprovou a
transformação podem exonerar-se, declarando-o, por escrito, nos trinta
dias seguintes à publicação desta deliberação.
2. Os sócios que se exonerarem da sociedade, nos termos do número 1,
receberão o valor da sua participação social calculado nos termos do artigo
255º.
3. Se o pagamento do valor da exoneração aos sócios discordantes tornar o
património da sociedade inferior ao valor do capital social e da reserva
legal, a assembleia geral deve deliberar a redução do capital ou a revogação
da deliberação que aprovou a transformação.
4. O sócio discordante é considerado exonerado na data do registo da
transformação.
Artigo 281º
(Direitos de terceiros)
1. Os direitos dos credores obrigacionistas anteriormente existentes mantêm-
se e continuam a ser regulados pelas normas aplicáveis a essa espécie de
credores.
CAPITULO X
DISSOLUÇÃO E LIQUIDAÇÃO DA SOCIEDADE
Secção I
Dissolução
Artigo 282º
(Causas de dissolução)
1. Sem prejuízo do disposto na lei ou nos estatutos, a sociedade dissolve-se
nos seguintes casos:
a) Por deliberação dos sócios, aprovada pela maioria exigida para a
alteração do contrato de sociedade;
b) Por não ter solicitado a renovação da suspensão de actividade antes
do termo do período em curso ou por ter atingido o prazo máximo de
suspensão de actividade previsto na lei;
c) Por se encontrar em situação de inactividade não declarada;
d) Pelo decurso do prazo fixado nos estatutos;
e) Pela extinção, impossibilidade ou ilicitude do seu objecto;
f) Por ter sido declarada falida;
g) Por sentença judicial que determine a sua dissolução.
2. A assembleia geral convocada para deliberar sobre a verificação de
alguma causa de dissolução pode, sendo isso possível, deliberar a
alteração dos estatutos de modo a permitir a continuação da sociedade,
por maioria simples dos votos emitidos.
3. O Ministério Público, qualquer sócio, credor têm legitimidade para
requerer a dissolução judicial da sociedade sempre que entendam que se
verifica uma causa de dissolução, e ainda que a assembleia geral tenha
deliberado que tal causa de dissolução não se verifica.
Artigo 284º
(Regime da dissolução judicial)
1. A acção de dissolução pode ser proposta contra a sociedade por algum
sócio, credor social ou pelo Ministério Público.
2. Sendo isso possível, a dissolução não deve ser decretada se, na pendência
da acção, o vício for sanado.
3. A acção de dissolução deve ser proposta no prazo de seis meses a contar
da data em que o autor tomou conhecimento da ocorrência do facto
previsto no contrato social como causa de dissolução, mas nunca depois
de decorridos dois anos sobre a verificação do facto.
Secção II
Liquidação
Artigo 285º
(Regras gerais)
1. A sociedade em liquidação mantém a personalidade jurídica e, salvo
disposição em contrário, continuam a ser-lhe aplicáveis as disposições
que regem as sociedades não dissolvidas.
2. A partir da dissolução, à firma da sociedade deve ser aditada a menção
«sociedade em liquidação» ou «em liquidação» até à sua efectiva
liquidação.
Artigo 287º
(Liquidação por transmissão global)
1. A assembleia geral pode deliberar, com o consentimento escrito de todos
os credores da sociedade, que todo o património da sociedade dissolvida
seja transmitido para algum ou alguns sócios, recebendo os restantes
sócios a quantia que lhes caiba em dinheiro.
2. À liquidação por transmissão global é aplicável o disposto no número 2 do
artigo anterior.
Artigo 288º
(Actos prévios e duração)
1. O órgão de administração deve, nos 30 dias subsequentes à dissolução da
sociedade, elaborar os documentos de prestação de contas reportados à
data da dissolução, entregando-os, juntamente com todos os livros,
documentos e bens da sociedade aos liquidatários.
2. Em caso de não cumprimento da obrigação prevista no número anterior,
devem os liquidatários elaborar a prestação de contas da sociedade,
ficando os membros do órgão de administração que não cumpriram as
suas obrigações impedidos de exercer funções.
3. Salvo se a assembleia geral determinar prazo inferior, a liquidação e a
partilha devem estar concluídas no prazo de 3 anos a contar da
Artigo 289º
(Nomeação e destituição de liquidatários)
1. A deliberação da assembleia geral ou a sentença que determinar a
dissolução da sociedade deve nomear os liquidatários, que podem ser
administradores da sociedade, contabilistas ou peritos contabilistas ou
outras pessoas com competência técnica para o exercício das funções,
indicando a respectiva remuneração, que constitui um encargo da
liquidação.
2. A assembleia geral pode deliberar a destituição e a nomeação de novos
liquidatários, a qualquer momento, podendo o órgão de fiscalização,
qualquer sócio ou credor da sociedade requerer judicialmente a
destituição de liquidatário, com fundamento em justa causa.
3. A nomeação e a destituição de liquidatários está sujeita a registo,
Artigo 290º
(Deveres, poderes e responsabilidade dos liquidatários)
1. Os liquidatários têm, em geral, os deveres, os poderes e a
responsabilidade dos administradores da sociedade, cabendo-lhes:
a) Concluir os negócios pendentes;
b) Cumprir as obrigações da sociedade;
c) Cobrar os créditos da sociedade;
d) Vender o património residual, salvo o disposto no número 1 do
artigo 294º.
e) Propor a partilha dos bens sociais.
2. Por deliberação da assembleia geral, inscrita no registo comercial, pode
o liquidatário ser autorizado a:
a) Continuar temporariamente a actividade anterior da sociedade;
b) Contrair empréstimos necessários à conclusão da liquidação;
c) Proceder à alienação total do património da sociedade;
Artigo 291º
(Exigibilidade de débitos e créditos da sociedade)
1. Ainda que os prazos tenham sido estabelecidos em benefício do credor, a
dissolução da sociedade não torna exigíveis as dívidas desta, salvo no
caso de falência ou de acordo diverso entre a sociedade e qualquer
credor, sem prejuízo de os liquidatários poderem sempre antecipar o seu
pagamento.
2. Ainda que os prazos tenham sido estabelecidos em benefício da
sociedade, os créditos desta sobre terceiros e sobre sócios relativamente a
dívidas não incluídas no número seguinte devem ser reclamados pelos
liquidatários.
3. As cláusulas de diferimento da realização de entrada caducam na data da
dissolução da sociedade, mas dessas dívidas dos sócios os liquidatários
só poderão exigir as importâncias necessárias à satisfação do passivo da
sociedade e das despesas de liquidação, depois de esgotado o activo
social, no qual se incluirão os créditos litigiosos ou considerados
incobráveis.
Artigo 292º
(Liquidação do passivo social)
1. Liquidados os bens sociais sobre que recaia qualquer garantia real, é
imediatamente feito o pagamento aos credores com garantia real, os
quais, não ficando integralmente pagos, são logo incluídos pelo saldo
entre os credores comuns, os quais serão pagos por rateio.
2. No caso de se verificarem as circunstâncias de o credor estar em mora ou
quando, sem culpa, o devedor não puder efectuar a prestação ou não
puder fazê-lo com segurança por motivos relacionados com o credor,
devem os liquidatários proceder à consignação em depósito da coisa
devida, não podendo a sociedade revogar a consignação, salvo provando
que a dívida se extinguiu por outra causa.
Artigo 293º
(Contas do exercício da liquidação)
1. Nos 3 primeiros meses de cada ano civil, os liquidatários devem prestar
contas da liquidação, as quais devem ser acompanhadas por um relatório
pormenorizado do estado da mesma.
2. O relatório e as contas anuais da liquidação devem ser organizados,
apreciados e aprovados nos termos prescritos para os documentos de
prestação de contas dos administradores, com as necessárias adaptações.
Artigo 294º
(Partilha do activo restante)
1. Depois de satisfeitos ou garantidos os direitos dos credores da sociedade,
nos termos do artigo 292º, o activo restante pode ser partilhado em
espécie, se essa partilha estiver prevista no contrato social ou for
aprovada por deliberação unânime dos sócios.
2. O activo restante é destinado, em primeiro lugar, ao reembolso do valor
nominal das entradas efectivamente realizadas, sem prejuízo do disposto
no contrato de sociedade para o caso de os bens com que o sócio realizou
a entrada terem valor superior ao valor nominal desta.
3. Se não puder ser feito o reembolso integral, o activo restante é partilhado
entre os sócios proporcionalmente ao valor nominal das entradas
efectivamente realizadas, salvo se outro tiver sido o critério estabelecido
no contrato de sociedade.
4. O saldo existente após o reembolso integral, é partilhado entre os sócios
na proporção aplicável à distribuição de lucros.
5. Os liquidatários podem retirar do activo restante as importâncias
estimadas para suportar os encargos da liquidação até à extinção da
sociedade.
Artigo 296º
(Responsabilidade dos liquidatários perante os credores sociais)
1. Os liquidatários respondem pessoalmente perante os credores sociais
cujos direitos não tenham sido satisfeitos ou garantidos pela partilha,
quando informarem falsamente, nos documentos apresentados à
assembleia para os efeitos do artigo anterior, que os direitos de todos os
credores sociais estão satisfeitos ou garantidos.
2. Os liquidatários responsáveis nos termos do número anterior que não
tenham agido com dolo gozam de direito de regresso contra os antigos
sócios.
Artigo 297º
(Entrega dos bens partilhados)
1. Deliberada a partilha, os liquidatários devem entregar os bens
adjudicados a cada sócio e, se para a transmissão de algum desses bens
for exigida escritura pública ou outra formalidade, devem ainda outorgar
essa escritura ou cumprir essa formalidade.
2. É admitida a consignação em depósito nos termos gerais.
Artigo 298º
(Registo)
1. Os liquidatários devem requerer o registo da conclusão da liquidação.
Artigo 299º
(Regresso à actividade)
1. A assembleia geral pode deliberar, pela maioria exigida para a dissolução,
que cesse a liquidação da sociedade e esta retome a sua actividade.
2. A deliberação não pode ser aprovada:
a) Antes de o passivo ter sido liquidado, nos termos do artigo 292º,
exceptuados os créditos cujo reembolso, na liquidação, for
expressamente dispensado pelos respectivos titulares;
b) Enquanto se mantiver alguma causa de dissolução;
c) Se o saldo da liquidação não cobrir o capital social, a não ser que haja
redução deste.
3. Para os efeitos do disposto na alínea b) do número anterior:
a) A mesma deliberação pode aprovar as providências necessárias para
fazer cessar alguma causa de dissolução;
b) No caso de dissolução por morte do sócio, é exigido o voto concordante
dos sucessores para a aprovação da deliberação referida no número 1.
4. Se a deliberação for aprovada depois de iniciada a partilha, o sócio cuja
participação fique reduzida em mais de metade em relação à que
anteriormente detinha, pode exonerar-se da sociedade, recebendo a parte
que pela partilha lhe caberia.
Artigo 300º
(Acções pendentes)
1. A extinção da sociedade não obsta ao prosseguimento das acções em que
aquela seja parte, mas será a sociedade substituída pela generalidade dos
sócios, representados pelos liquidatários, nos termos dos números 2, 4 e
5 do artigo seguinte e números 2 e 5 do artigo 302º.
2. A instância não se suspende nem é necessária a habilitação.
Artigo 302º
(Activo superveniente)
1. Verificando-se, depois de concluída a liquidação e extinta a sociedade, a
existência de bens não partilhados, compete aos liquidatários propor
partilha adicional aos antigos sócios e, se os antigos sócios não acordarem
unanimemente na partilha em espécie, deverão os liquidatários praticar
os actos necessários à partilha em dinheiro.
2. As acções para cobrança de dívidas à sociedade podem ser propostas
pelos liquidatários, que, para o efeito, são considerados representantes
CAPÍTULO XI
PUBLICIDADE DE ACTOS SOCIAIS
Artigo 303º
(Actos sujeitos a registo e publicação)
Os actos relativos à sociedade estão sujeitos a publicação e registo, nos termos
da lei respectiva.
Artigo 304º
(Publicações obrigatórias)
1. As publicações obrigatórias dos actos sujeitos a registo, nos termos da lei
aplicável, devem ser feitas no Diário da República, suportando a sociedade
as respectivas despesas.
2. Os avisos, anúncios e convocatórias dirigidos aos sócios ou a credores,
quando a lei ou o contrato mandem publicá-los mas não estejam previstos
no número anterior, devem ser publicados num jornal da localidade onde
se encontra a sede da sociedade ou, na falta deste, num dos jornais aí mais
lidos.
Artigo 305º
(Promoção do registo e publicações)
1. Os administradores devem requerer o registo e a publicação dos actos a
eles sujeitos, salvo o registo das acções, o qual deve ser requerido pelo
respectivo titular.
Artigo 306º
(Falta de registo ou de publicação)
1. Os actos sujeito a registo e publicação que não tenham sido registados ou
publicados são ineficazes em relação a terceiros, salvo quando solução
diversa resulte da lei.
2. Não se aplica o disposto no número anterior se a sociedade provar que o
acto está registado e que o terceiro tem conhecimento dele.
3. Os actos praticados nos trinta dias subsequentes à publicação não são
oponíveis pela sociedade a terceiros que provem ter estado, durante todo
esse período, impossibilitados de tomar conhecimento da publicação.
4. Os actos apenas sujeitos a registo não podem ser opostos pela sociedade
a terceiros enquanto o registo não for efectuado.
Artigo 307º
(Responsabilidade por divergência entre o registo e a publicação)
1. A sociedade responde pelos prejuízos causados a terceiros pela
divergência entre o teor do registo e o teor da publicação, quando
resultem de culpa dos administradores, liquidatários ou outros
representantes.
2. A pessoa que tenha requerido o registo e promovido as publicações deve
tomar, no prazo de 5 dias a contar da data em que teve conhecimento da
divergência, as providências necessárias para que esta seja sanada.
3. No caso de haver divergência entre o teor da publicação e o teor do
registo, a sociedade não pode opor a terceiros o teor da publicação, mas
estes podem prevalecer-se dele, salvo se a sociedade provar que o terceiro
tinha conhecimento do teor do registo.
Artigo 309º
(Menções em actos externos)
Sem prejuízo de outras menções exigidas por leis especiais, em todos os
contratos, correspondência, publicações, anúncios e de um modo geral em
toda a sua actividade externa, as sociedades devem indicar claramente, além
da firma, o tipo, a sede e o número de matrícula no registo comercial, e sendo
caso disso, a menção de que a sociedade se encontra em liquidação.
CAPÍTULO XII
PRESCRIÇÃO
Artigo 310º
(Prescrição)
1. Os direitos da sociedade contra os fundadores, sócios, administradores,
membros dos órgãos de fiscalização, contabilistas ou peritos contabilistas
e liquidatários, bem como os direitos destes contra a sociedade,
prescrevem no prazo de 5 anos, contados a partir da verificação dos
seguintes factos:
a) Início da mora, quanto à obrigação de entrada de capital ou de
prestações suplementares;
b) Termo da conduta dolosa ou negligente do fundador, administrador,
membro do órgão de fiscalização, contabilista ou perito contabilista ou
liquidatário ou a sua revelação, se aquela tiver sido ocultada;
c) Produção do dano, relativamente à obrigação de indemnizar a
sociedade, mesmo que este não se tenha integralmente verificado;
d) Data em que a transmissão de quotas ou de acções se torne eficaz em
relação à sociedade quanto à responsabilidade dos transmitentes;
e) Vencimento de qualquer outra obrigação;
f) Prática do acto em nome da sociedade irregular por falta de forma do
contrato social ou por falta de registo.
TÍTULO II
(Características)
Artigo 313º
Artigo 314º
(Firma)
A firma das sociedades por quotas deve ser composta, com ou sem sigla, pelo nome
ou firma de todos, algum ou alguns dos sócios ou por uma denominação particular,
Artigo 315º
(Capital social)
CAPÍTULO II
Secção I
Artigo 317º
(Obrigações gerais)
Artigo 319º
Artigo 320º
Artigo 321º
Secção III
Artigo 322º
(Exigibilidade da obrigação)
Artigo 325º
Artigo 326º
Secção IV
Direito à Informação
Artigo 327º
Artigo 329º
(Inquérito Judicial)
CAPÍTULO III
QUOTAS
Secção I
Unidade, Valor e Divisão de Quotas
Artigo 330º
Artigo 331º
(Divisão de quotas)
Artigo 332º
Secção II
Contitularidade da Quota
Artigo 333º
Artigo 334º
(Representante comum)
Secção III
Transmissão de Quotas
Subsecção I
Disposição geral
Artigo 335º
(Casos de transmissão)
Artigo 336º
(Transmissão por morte)
Artigo 337º
Artigo 338º
Subsecção III
Cessão de Quotas
Artigo 339º
1. A cessão de quotas entre vivos deve ser reduzida à forma escrita com
reconhecimento presencial das assinaturas e registada.
2. Salvo disposição em contrário, a cessão de quotas depende do
consentimento da sociedade, não produzindo quaisquer efeitos em relação
a esta enquanto o consentimento não for prestado, salvo tratando-se de
Artigo 340º
(Consentimento)
(Recusa do consentimento)
Artigo 342º
(Amortização de quotas)
1. A amortização de uma quota só pode ter lugar quando permitida por lei ou
pelo contrato de sociedade e produz a extinção da quota, sem prejuízo,
porém, dos direitos já adquiridos e das obrigações já vencidas.
2. Salvo no caso de redução do capital social, a sociedade não pode amortizar
quotas:
a) Que não estejam totalmente liberadas;
b) Quando a sua situação líquida, depois de paga a amortização, se tornar
inferior à soma do capital social e da reserva legal.
3. Se a sociedade atribuir ao sócio o direito à amortização da quota, aplica-se
o disposto sobre exoneração de sócios.
4. Se a sociedade tiver o direito de amortizar a quota, pode, em vez disso,
adquiri-la ou fazê-la adquirir por qualquer sócio ou por terceiro.
5. No caso de se optar pela aquisição, aplica-se o disposto nos números 3 e 4
e na primeira parte do número 5 do artigo 336º.
Artigo 343º
(Amortização voluntária)
(Amortização coerciva)
Artigo 345º
Artigo 346º
(Contrapartida da amortização)
Artigo 347º
Artigo 348º
Secção V
Execução da Quota
Artigo 349º
(Execução da quota)
Artigo 350º
(Exoneração)
Artigo 351º
(Contrapartida da exoneração)
Artigo 352º
Artigo 353º
1. Pode ser excluído, por decisão judicial, o sócio que, com o seu
comportamento desleal ou gravemente perturbador da vida ou do
funcionamento da sociedade, lhe tenha causado ou possa vir a causar
prejuízos relevantes.
2. A proposição da acção de exclusão deve ser deliberada pelos sócios, que
podem nomear representantes especiais para esse efeito.
3. Nos 30 dias posteriores ao trânsito em julgado da sentença que decrete a
exclusão, deve a sociedade amortizar a quota do sócio, adquiri-la ou fazê-
la adquirir, sob pena de a exclusão ficar sem efeito.
4. Na falta de cláusula do contrato de sociedade em contrário, o sócio
excluído por sentença tem direito ao valor da sua quota, calculado com
Artigo 354º
CAPÍTULO V
Artigo 355º
1. Para além das competências previstas no artigo 194º e de outros que a lei
ou o contrato de sociedade especificamente indicarem, dependem, em
especial, de deliberação dos sócios, os seguintes actos:
a) A exigência ou restituição de prestações suplementares;
b) A aquisição, alienação e oneração de quotas próprias, o exercício do
direito de preferência na transmissão de quotas entre vivos e o
consentimento para a divisão ou cessão de quotas;
c) A exclusão ou limitação da responsabilidade dos administradores ou
membros do órgão de fiscalização;
Artigo 356º
(Formas de deliberação)
1. As deliberações dos sócios podem ser tomadas por qualquer das formas
previstas no artigo 195º.
2. Salvo nos casos em que a lei ou o contrato de sociedade o proíbam, as
deliberações por voto escrito ficam sujeitas ao disposto no artigo seguinte.
Artigo 357º
Artigo 358º
(Assembleias gerais)
Artigo 359º
(Convocatória a requerimento de sócios)
Artigo 360º
(Votos)
CAPÍTULO VI
ADMINISTRAÇÃO, FISCALIZAÇÃO E SECRETÁRIO
Artigo 361º
(Administração da sociedade)
Artigo 362º
(Presidente do Conselho de Administração)
1. Sendo a sociedade administrada por um conselho de administração, o
contrato de sociedade pode estabelecer que a assembleia geral competente
para a eleição do conselho de administração designe, também, o
respectivo presidente.
2. Na falta da cláusula no contrato de sociedade a que se refere o número
anterior, o conselho de administração escolhe o seu presidente, podendo
substituí-lo quando o entender.
3. Ao presidente é atribuído voto de qualidade nas seguintes situações:
a) Quando o conselho seja composto por um número par de
administradores;
b) Quando haja empate na votação;
c) Nos restantes casos, se o contrato de sociedade o estabelecer.
4. Nos casos referidos na alínea a) do número anterior, nas ausências e
impedimentos do presidente, tem voto de qualidade o membro do
conselho de administração ao qual tenha sido atribuído esse direito no
respectivo acto de designação.
Artigo 363º
(Competência do órgão de administração)
(Representação)
Artigo 365º
Artigo 366º
(Substituição de administradores)
Artigo 367º
(Invalidade e arguição da invalidade das deliberações)
Aplica-se às deliberações do órgão de administração o disposto nos artigos
492º e 493º, com as devidas adaptações.
Artigo 369º
(Duração)
Artigo 371º
Artigo 373º
(Fiscalização)
(Dever de prevenção)
1. Nas sociedades por quotas onde haja órgão de fiscalização, compete a este
ou a qualquer dos seus membros, comunicar imediatamente à sociedade
por escrito, os factos que considere reveladores de graves dificuldades na
prossecução do objecto social ou na actuação da sociedade.
2. O órgão de administração deve responder pela mesma via, nos 30 dias
seguintes à recepção da carta a que se refere o número anterior.
3. Na falta de resposta ou se não considerar satisfatória a resposta dada, o
órgão de fiscalização deve requerer a convocação de uma assembleia geral.
Artigo 375º
(Secretário)
CAPÍTULO VII
APRECIAÇÃO ANUAL DA SITUAÇÃO DA SOCIEDADE
Artigo 376º
(Relatório de gestão e contas do exercício)
CAPITULO VIII
ALTERAÇÕES DO CONTRATO DE SOCIEDADE
Artigo 377º
(Deliberações)
(Direito de preferência)
Artigo 379º
Artigo 380º
(Dissolução da sociedade)
CAPÍTULO X
Artigo 382º
(Constituição)
1. A sociedade por quotas pode ser constituída com um único sócio, pessoa
singular ou colectiva, que é detentor da totalidade do capital social, que
deve ser representado por uma única quota.
2. Uma pessoa singular não pode ser sócia de mais do que uma sociedade
unipessoal sendo obrigada, no caso de tal vir a ocorrer, a reconstituir a
pluralidade de sócios na sociedade em que adquirir tal posição em último
lugar.
3. Uma sociedade por quotas unipessoal não pode ter como sócio único
outra sociedade por quotas unipessoal.
4. As sociedades unipessoais não podem participar em outras sociedades
comerciais ou civis, nem adquirir participações nelas.
5. No caso de violação das disposições dos números anteriores, qualquer
interessado poderá requerer a dissolução judicial da sociedade.
Artigo 383º
(Firma)
Artigo 385º
(Pluralidade de sócios)
1. O sócio único de uma sociedade unipessoal por quotas pode transformar
esta sociedade em sociedade por quotas plural através da divisão e cessão
de quotas ou de aumento do capital social por entrada de novo sócio,
devendo, nesse caso, ser eliminada da fima da expressão “sociedade
unipessoal” ou a abreviatura “SU”, que nela se contenha.
2. O documento que consigne a divisão e cessão de quota ou o aumento do
capital deverá ter as assinaturas reconhecidas presencialmente e constitui
título bastante para o registo da modificação.
Artigo 386º
(Decisões do sócio único)
Artigo 388º
(Responsabilidade pelas dívidas sociais)
1. O sócio único de uma sociedade unipessoal responde subsidiariamente à
sociedade pelas obrigações sociais, até ao limite do capital social.
2. O sócio pode, ainda, responder, solidária, subsidiária ou conjuntamente
com a sociedade, pelas dívidas sociais até determinado montante a
estabelecer no contrato social, a efectivar apenas em fase de liquidação
que, no entanto, não pode ser inferior à metade do capital social.
3. Sem prejuízo do previsto nos números anteriores, em caso de falência da
sociedade unipessoal, o sócio único responde com todo o seu património
pelas obrigações sociais, contando que se prove que não foram observados
os princípios da afectação do património da sociedade ao cumprimento das
respectivas obrigações e da separação patrimonial em relação ao sócio
único.
(Disposições Subsidiárias)
Às sociedades unipessoais por quotas aplicam-se as normas que regulam as
sociedades por quotas, salvo as que pressupõem a pluralidade de sócios.
TÍTULO III
SOCIEDADES ANÓNIMAS
CAPÍTULO I
CARACTERÍSTICAS E CONSTITUIÇÃO
Artigo 390º
(Características)
Artigo 391º
(Conteúdo obrigatório do contrato de sociedade)
Sem prejuízo do disposto no número 2 do artigo 152º, o contrato de sociedade
deve, obrigatória e especificamente, indicar:
Artigo 392º
(Firma)
A firma da sociedade anónima é formada pelo nome ou firma de um ou de
alguns dos sócios ou por uma denominação particular ou pela reunião desses
dois elementos, seguida da expressão “Sociedade Anónima” ou pela
abreviatura “S.A.” correspondente.
Artigo 393º
Artigo 394º
Artigo 396º
Artigo 397º
(Constituição da sociedade sem subscrição pública)
Artigo 399º
Subscrição incompleta
Artigo 400º
(Assembleia constitutiva)
Artigo 401º
(Contrato de sociedade)
CAPÍTULO II
Secção I
Obrigação de entrada
Artigo 403º
(Realização das entradas)
Artigo 405º
1. A sociedade a favor da qual tenham sido perdidas acções nos termos dos
artigos anteriores, deverá, no prazo de 60 dias, proceder à sua venda por
montante não inferior ao seu valor nominal.
2. Os accionistas gozam do direito de preferência na aquisição das acções
perdidas a favor da sociedade, na proporção das respectivas participações.
3. Se vários accionistas pretenderem adquirir a totalidade das acções, abrir-
se-á licitação entre eles.
4. Caso o valor da venda das acções seja superior ao montante em dívida, o
excesso será entregue ao sócio remisso.
Secção II
Prestações Acessórias
Artigo 406º
Secção III
Direito à Informação
Artigo 407º
Artigo 408º
Artigo 409º
Artigo 410º
(Inquérito judicial)
Secção IV
Artigo 413º
Artigo 414º
CAPÍTULO III
ACÇÕES
Secção I
Disposições gerais
Artigo 415º
1. As acções não podem ser emitidas por valor inferior ao seu valor nominal,
mas, no valor da emissão, pode ser descontada a despesa resultante da
sua colocação firme por uma instituição bancária ou por outra como tal
considerada para esse efeito.
2. Sendo as acções emitidas por valor superior ao valor nominal, o ágio
realizado fica sujeito ao regime da reserva legal.
3. A violação do disposto no número anterior implica a nulidade da
deliberação e do acto de emissão, sem prejuízo da responsabilidade civil e
criminal dos que neles participaram.
Artigo 416º
Artigo 417º
(Categorias de acções)
Artigo 418º
(Registo de acções)
Categorias de Acções
Subsecção I
Disposição Geral
Artigo 420º
(Disposição Geral)
Subsecção II
Artigo 421º
Artigo 423º
(Conversão de acções ordinárias em acções preferenciais sem voto)
Artigo 424º
Artigo 425º
(Não cumprimento da obrigação de remir)
1. O contrato de sociedade pode estabelecer sanções para o não
cumprimento, pela sociedade, da obrigação de remir acções na data fixada
pelo contrato social ou pela assembleia geral.
Subsecção IV
Acções de fruição
Artigo 426º
(Acções de Fruição)
1. São acções de fruição as acções ordinárias amortizadas sem redução do
capital social, nos termos do artigo 439º, depois de inteiramente
reembolsadas.
2. As acções de fruição constituem uma categoria autónoma e esse facto deve
constar do título ou do registo das acções.
3. Os direitos patrimoniais inerentes às acções de fruição são os
estabelecidos nas alíneas a), b) e c) do número 6 do artigo 439º,
mantendo-se os restantes direitos sociais.
Artigo 427º
(Conversão de acções de fruição)
1. As acções de fruição podem ser convertidas em acções de capital, por
deliberações da assembleia geral e da assembleia especial dos seus
titulares, aprovadas, em ambos os casos, pela maioria exigida para a
alteração do contrato de sociedade.
2. A conversão tanto pode ser efectuada por meio da retenção dos dividendos
a que, num ou mais exercícios, teriam direito os titulares das acções de
fruição, como através da realização, em dinheiro, de capital pelos
accionistas interessados se as assembleias a que se refere o número
anterior a autorizarem.
Secção III
Acções Próprias
Artigo 428º
1. Uma sociedade não pode, quer directamente, quer por interposta pessoa,
subscrever acções próprias nem adquiri-las fora dos casos e das condições
previstos na lei.
2. As acções próprias subscritas ou adquiridas em nome da sociedade e por
conta dela, pertencem à pessoa que as subscreveu ou adquiriu, incluindo a
obrigação de as liberar, sem prejuízo do disposto na parte final do número
anterior.
3. Os administradores que intervierem nos actos a que se refere o número
anterior são solidariamente responsáveis pela liberação das acções e pelo
reembolso das importâncias que a sociedade entregou à pessoa que liberou
ou adquiriu acções próprias, sendo irrenunciável o direito ao reembolso.
4. São nulos os negócios jurídicos através dos quais a sociedade venha a
adquirir acções próprias das pessoas que encarregou de as subscrever ou
adquirir, mas a nulidade não abrange a aquisição de tais acções em
processo de execução, se o executado não possuir outros bens penhoráveis.
Artigo 429º
Artigo 430º
(Deliberação para aquisição de acções próprias)
1. A aquisição de acções próprias depende de deliberação da assembleia geral
da qual devem constar, nomeadamente, os seguintes elementos:
a) o número de acções a adquirir;
b) o prazo, nunca superior a 18 meses a contar da data da deliberação,
durante o qual as acções podem ser adquiridas;
c) as pessoas a quem devem ser adquiridas as acções, sempre que seja
permitida a aquisição de acções a pessoas determinadas;
d) a contrapartida, sendo a aquisição feita a título oneroso.
Artigo 431º
(Deliberação para alienação de acções próprias)
1. A alienação de acções próprias depende de deliberação da assembleia geral
da qual devem constar, nomeadamente, os seguintes elementos:
a) o número de acções a alienar;
b) o prazo, nunca superior a 18 meses a contar da data da deliberação,
durante o qual as acções podem ser alienadas;
c) a modalidade de alienação;
d) o preço mínimo ou outra contrapartida autorizada, sendo a alienação
feita a título oneroso.
2. A alienação de acções próprias apenas pode ser decidida pelo conselho de
administração, quando a lei a imponha, mas, em tal caso, deve, na
primeira assembleia geral que se realize a seguir, explicar aos accionistas
as condições em que ela foi realizada.
Artigo 432º
(Igualdade de tratamento dos accionistas)
A aquisição e a alienação de acções próprias devem respeitar, sob pena de
nulidade, o princípio da igualdade de tratamento dos accionistas, sempre que
a ele não se oponha a natureza do caso.
Artigo 434º
(Tempo de posse das acções próprias)
1. A sociedade não pode deter, por período superior a 3 anos, um número de
acções próprias que representem mais de 10% do seu capital, mesmo tendo
elas sido licitamente adquiridas, nem por mais de um ano as que
ilicitamente adquiriu, quando a lei não decretar a nulidade da aquisição.
2. Devem ser extintas as acções próprias que, nos termos e nos prazos do
número anterior, não forem alienadas.
3. Os administradores respondem pelos prejuízos sofridos pela sociedade,
pelos seus credores e por terceiros, por causa da aquisição ilícita de acções
próprias, da extinção de acções próprias prescrita neste artigo ou da falta
de extinção.
Artigo 435º
(Regime das acções próprias)
1. Enquanto as acções pertencerem à sociedade:
a) todos os direitos a elas inerentes ficam suspensos, à excepção do
direito de receber novas acções, em caso de aumento do capital social
por incorporação de reservas;
b) torna-se indisponível uma reserva de montante igual àquele que, por
elas, esteja contabilizado.
Artigo 436º
Secção IV
Transmissão de Acções
Artigo 437º
(Transmissão de acções)
1. A transmissão das acções não pode ser excluída no contrato de sociedade
nem sujeita a restrições que a lei não preveja.
2. O contrato de sociedade pode, contudo, limitar a transmissão de acções
nominativas desde que:
a) subordine a transmissão ao consentimento da sociedade;
b) estabeleça o direito de preferência a favor dos outros accionistas, assim
como as condições do respectivo exercício;
Artigo 438º
(Concessão e recusa do consentimento)
1. Compete à assembleia geral conceder ou recusar o consentimento para a
transmissão de acções nominativas, a menos que o contrato de sociedade
confira essa competência a outro órgão.
2. O consentimento só pode ser recusado desde que se verifique algum dos
motivos de recusa especificados no contrato de sociedade ou, quando este
for omisso a esse respeito, com fundamento em interesse relevante da
sociedade.
3. Os motivos da recusa devem ser indicados na deliberação que recusar o
consentimento.
4. O contrato de sociedade deve, sob pena de nulidade da cláusula que
subordina a transmissão das acções ao consentimento da sociedade:
a) fixar um prazo, não superior a 30 dias, para a sociedade se pronunciar
sobre o pedido de consentimento;
b) estipular que é livre a transmissão das acções, se a sociedade não se
pronunciar no prazo referido na alínea anterior;
c) estabelecer a obrigação de a sociedade, no caso de recusa
fundamentada do consentimento, fazer adquirir as acções por outra
Secção V
Amortização de Acções
Artigo 439º
(Amortização de acções sem redução do capital social)
1. A assembleia geral pode deliberar, pela maioria dos votos exigida para a
alteração do contrato de sociedade, que o capital seja reembolsado, no
todo ou em parte, e que os accionistas recebam o valor nominal de cada
acção, ou parte dele, desde que para esse efeito sejam exclusivamente
utilizados os fundos que, nos termos dos artigos 186º, número 2º e 187º,
possam ser distribuídos aos accionistas.
2. Os reembolsos efectuados de harmonia com o presente artigo não
importam redução do capital social.
3. O reembolso parcial do valor nominal é feito por igual para a totalidade das
acções existentes.
4. O reembolso total do valor nominal de determinadas acções pode, sem
prejuízo das acções remíveis, ser efectuado por sorteio, se o contrato de
sociedade o permitir.
5. Fora do caso previsto no número anterior, a amortização de determinadas
acções por sorteio exige a concordância, expressa ou tácita, dos titulares
das acções sorteadas.
6. Após o reembolso, que é definitivo, os direitos patrimoniais inerentes às
acções são alterados da maneira seguinte:
a) as acções reembolsadas na totalidade só compartilham, com as
restantes, os lucros de exercício, depois de a estas ser atribuído um
dividendo, cujo limite máximo deve ser estipulado no contrato social
ou, na falta de estipulação, ter valor igual à taxa de juro legal;
Artigo 440º
(Amortizações com redução do capital social)
1. As acções de uma sociedade podem, em certos casos e sem autorização dos
seus titulares, ser amortizadas quando o contrato de sociedade o impuser
ou permitir.
2. A amortização de acções aqui regulada importa sempre redução do capital
da sociedade, extinguindo-se as acções amortizadas na data da publicação
do acto de alteração do contrato de sociedade para redução do capital.
3. Os factos que impuserem ou permitirem a amortização devem ser definidos
no contrato de sociedade.
4. À redução do capital social por amortização de acções aplica-se o disposto
no artigo 237º, excepto:
a) se forem amortizadas acções inteiramente liberadas, postas à
disposição da sociedade a título gratuito;
b) se, para a amortização de acções inteiramente liberadas, tiverem sido
unicamente utilizados fundos que, nos termos dos artigos 186º e 187º,
possam ser distribuídos aos accionistas, caso em que deve ser criada
uma reserva sujeita ao regime da reserva legal, e de quantia equivalente
à soma do valor nominal das acções amortizadas.
CAPÍTULO IV
OBRIGAÇÕES
Secção I
Disposições Gerais
Artigo 442º
(Limite de emissão de obrigações)
1. As sociedades anónimas não podem emitir obrigações cujo valor exceda o
montante do capital social realizado e existente segundo o último balanço
aprovado, acrescido do capital aumentado e realizado após o
encerramento do balanço.
2. Para o apuramento do limite máximo estabelecido no número anterior,
contam-se todas as obrigações emitidas pela sociedade à data da
deliberação que aprove a emissão de novas obrigações.
Artigo 444º
(Registo)
Estão sujeitas a registo comercial a emissão de obrigações e a emissão de
cada uma das suas séries, quando realizadas através de oferta particular,
excepto se, dentro do prazo para requerer o registo, tiver ocorrido a admissão
das mesmas à negociação em mercado regulamentado de valores mobiliários.
Artigo 445º
(Obrigações próprias)
1. A sociedade só pode adquirir obrigações próprias nas mesmas
circunstâncias em que pode adquirir acções próprias, podendo ainda
adquiri-las para conversão ou amortização.
2. Enquanto essas obrigações pertencerem à sociedade são suspensos os
respectivos direitos, podendo, porém, ser convertidas ou amortizadas nos
termos gerais.
Artigo 446º
(Assembleia de obrigacionistas)
1. Os credores obrigacionistas de uma mesma emissão podem reunir-se em
assembleia, que deve ser convocada e presidida:
a) pelo representante comum dos obrigacionistas;
Artigo 447º
(Invalidade das deliberações)
1. Às deliberações da assembleia de obrigacionistas são aplicáveis, com
necessárias adaptações, as disposições relativas à invalidade das
deliberações dos sócios em geral, constantes dos artigos 199º e seguintes.
2. É anulável a deliberação que viole as condições do empréstimo
obrigacionista.
3. A acção de nulidade e a acção de anulação devem ser propostas contra o
conjunto de obrigacionistas, na pessoa do representante comum.
4. Na falta de representante comum ou não tendo este aprovado a
deliberação, o autor deve requerer, na petição inicial, que seja nomeado,
de entre eles, um representante especial dos obrigacionistas que votaram
a deliberação.
Artigo 448º
(Representante comum dos obrigacionistas)
1. Todos os titulares de obrigações relativas a uma emissão devem ter um
representante comum que deve ser advogado ou contabilista devidamente
habilitado ou pessoa singular idónea e dotada de capacidade jurídica, seja
ou não obrigacionista.
2. Podem ser nomeados um ou mais substitutos do representante comum.
3. A remuneração do representante comum é fixada pela assembleia geral de
obrigacionistas e constitui encargo da sociedade e se o representante
comum ou a sociedade não concordarem com a remuneração assim
fixada, podem requerer ao tribunal que a estabeleça.
Artigo 449º
(Designação e destituição do representante comum)
1. A designação do representante comum, a duração das suas funções e a
sua destituição são deliberadas pela assembleia geral de obrigacionistas e
devem ser comunicadas por escrito à sociedade e inscritas no registo
comercial, a requerimento da sociedade.
Artigo 450º
(Funções do representante comum)
1. Incumbe ao representante comum praticar, em nome dos obrigacionistas,
os actos de gestão necessários à defesa dos seus interesses comuns,
competindo-lhe, além do mais:
a) representar o conjunto dos obrigacionistas perante a sociedade;
b) representar em juízo o conjunto dos obrigacionistas, designadamente, em
acções propostas contra a sociedade e em processos de execução ou de
liquidação do património desta;
c) assistir às assembleias gerais de accionistas;
d) receber e examinar a mesma documentação que a sociedade envie ou
torne acessível aos accionistas, nas condições estabelecidas para estes;
e) assistir aos sorteios para o reembolso de obrigações;
f) convocar e presidir à assembleia de obrigacionistas;
g) prestar aos obrigacionistas as informações que estes lhe tenham
solicitado sobre os factos relevantes de interesse comum.
2. O representante comum não pode receber juros nem quaisquer
importâncias devidas pela sociedade a cada um dos obrigacionistas.
Artigo 451º
(Responsabilidade do representante comum)
O representante comum responde, nos termos gerais, pelos seus actos ou
omissões que contrariem as deliberações da assembleia de obrigacionistas ou
que violem gravemente as disposições que esta aprove para regular as suas
funções.
Artigo 452º
(Modalidades)
1. As obrigações podem ser emitidas nas seguintes modalidades:
a) obrigações ordinárias que confiram um juro fixo;
b) obrigações que, além de conferirem um juro fixo, habilitem o seu titular
a um juro suplementar ou a um prémio de reembolso;
c) obrigações com juro e plano de reembolso variáveis, em função dos
lucros da sociedade;
d) obrigações convertíveis em acções;
e) obrigações que confiram o direito a subscrever uma ou várias acções;
f) obrigações com prémios de emissão;
g) obrigações com garantia real sobre determinados bens da sociedade ou
privilégio creditório geral sobre o activo da sociedade sem impedir a
negociação dos bens que o compõem.
2. As obrigações previstas nas alíneas d) e e) do número anterior devem ser
emitidas nos termos que vierem a ser estabelecidos por lei especial.
3. A emissão de obrigações com garantia real sobre bens sujeitos a registo é,
depois de registada, oponível a terceiros.
4. As garantias constituídas para cada emissão de obrigações conferem aos
respectivos obrigacionistas preferência sobre os obrigacionistas das
emissões seguintes, mas, dentro de cada emissão, os titulares de
obrigações de todas as séries concorrem em igualdade.
Artigo 453º
(Juro suplementar ou prémio de reembolso)
1. Nas obrigações com juro suplementar ou prémio de reembolso, o juro ou o
prémio podem ser:
a) estabelecidos como percentagem fixa do lucro líquido de cada exercício,
independentemente do seu montante e das suas oscilações, durante
todo o período de vida do empréstimo;
b) estabelecidos nos termos da alínea anterior, mas somente para o caso
de o lucro de exercício ultrapassar um limite mínimo estipulado na
Artigo 454º
(Lucro a considerar)
1. O lucro a considerar para efeitos do disposto nas alíneas a) e b) do artigo
anterior é o correspondente ao lucro de exercício distribuível, não se
considerando como custos as amortizações e as provisões efectuadas para
além dos máximos legalmente admitidos para efeitos de imposto
industrial,
2. A determinação do lucro que há-de servir de base ao apuramento das
importâncias destinadas aos obrigacionistas, assim como o cálculo dessas
importâncias, são obrigatoriamente submetidos, juntamente com o
relatório e as contas de cada exercício, ao parecer de um contabilista ou
perito contabilista designado pela assembleia de obrigacionistas no prazo
de 60 dias a contar do termo da primeira subscrição das obrigações ou da
vacatura do cargo, quando ela ocorra.
3. São aplicáveis ao contabilista e ao perito contabilista as
incompatibilidades estabelecidas pelo artigo 221º para os membros do
conselho fiscal.
Artigo 455º
(Definição das condições de emissão)
1. A deliberação da assembleia geral que aprove a emissão das obrigações
previstas nas alíneas a) e b) do número 1 do artigo 453º deve definir:
a) o montante global da emissão, as razões que a justificam, o valor
nominal das obrigações, o preço por que são emitidas e o preço de
reembolso ou o modo de o determinar;
b) a taxa de juro e, conforme os casos, a forma de cálculo da dotação para
o pagamento de juro e reembolso ou a taxa de juro fixo e o critério de
apuramento de juro suplementar ou do prémio de reembolso;
c) o plano de amortização do empréstimo;
d) a identificação dos subscritores e o número de obrigações a subscrever
por cada um, quando a sociedade não recorra a subscrição pública.
2. A deliberação pode reservar a totalidade ou parte das obrigações a emitir a
accionistas ou a obrigacionistas.
Artigo 456º
(Pagamento do juro suplementar e do prémio de reembolso)
1. O juro suplementar relativo a cada ano pode ser pago por uma ou mais
vezes, separadamente ou em conjunto com o juro fixo, de harmonia com o
estabelecido na emissão.
2. No caso de a amortização de uma obrigação ocorrer antes da data do
vencimento do juro suplementar, deve a sociedade emitente fornecer ao
respectivo titular documento que lhe permita exercer o seu direito a juro
suplementar, sendo caso disso.
3. O prémio de reembolso deve ser integralmente pago na data da
amortização das obrigações, não podendo essa data ser fixada em
CAPÍTULO V
DELIBERAÇÕES DOS ACCIONISTAS
Artigo 457º
(Forma e âmbito das deliberações)
1. Os accionistas podem deliberar unanimemente por escrito, nos termos
do artigo 197º, ou em assembleia geral cuja convocação e reunião são
efectuadas pela forma e nos termos previstos no presente capítulo.
2. Os accionistas deliberam sobre todas as matérias que lhes forem
especialmente atribuídas por lei ou pelo contrato social bem como sobre
questões que interessem à sociedade, desde que não compreendidas
nas atribuições dos restantes órgãos sociais.
3. Os accionistas só podem deliberar sobre matérias de gestão da
sociedade, se o órgão de administração o solicitar.
Artigo 458º
(Mesa da assembleia geral)
1. A mesa da assembleia geral é constituída por, pelo menos, um
presidente e um secretário, podendo ainda incluir um ou dois vice-
presidentes e um ou dois secretários, nomeados no contrato de
sociedade ou eleitos em assembleia geral.
2. Salvo estipulação do contrato de sociedade em contrário, os membros
da Mesa da assembleia geral serão escolhidos, por um período máximo
de quatro anos, de entre os accionistas ou de entre pessoas singulares
estranhas à sociedade, desde que, em qualquer caso, gozem de plena
capacidade jurídica.
3. Se o contrato social nada disser, na falta de pessoas eleitas nos termos
do número anterior ou, no caso de elas não comparecerem à assembleia
geral convocada, exercerá as funções de presidente da mesa o
Artigo 459º
(Convocatória da assembleia geral)
1. A assembleia geral deve ser convocada sempre que a lei, o contrato de
sociedade, o conselho de administração ou o conselho fiscal o
determinem.
2. A assembleia geral deve ainda ser convocada quando um ou mais
accionistas possuidores de acções com valor correspondente a, pelo
menos, 5% do capital social, o requeiram, por escrito, ao presidente da
mesa da assembleia geral, indicando os motivos que justificam a
necessidade da reunião.
3. Se o presidente da mesa deferir o requerimento, deve promover a
publicação da convocatória da assembleia geral, de modo a que ela
reúna antes de decorridos 60 dias a contar da data da recepção do
requerimento.
4. Se não deferir expressamente o requerimento dos accionistas ou se não
convocar a assembleia geral nos termos dos números anteriores, o
presidente da mesa deve justificar por escrito a sua decisão, no prazo
de 15 dias a contar da data da recepção do requerimento.
5. Em caso de indeferimento do requerimento, podem os accionistas que o
tenham subscrito requerer judicialmente a convocação da assembleia
geral e se o juiz deferir o pedido, as custas judiciais e as despesas
incorridas com a convocação e com a reunião da assembleia geral são
suportadas pela sociedade.
Artigo 460º
(Assembleia geral Anual)
1. Nos três primeiros meses de cada ano a assembleia geral deve reunir-se
para apreciar e deliberar sobre os assuntos previstos no número 2 do
artigo 199º.
Artigo 461º
(Convocação da assembleia)
1. A assembleia é convocada pelo presidente da mesa ou, nos casos especiais
previstos na lei, pelo presidente do conselho fiscal ou pelo tribunal, nos
termos do artigo 459º.
2. A convocatória deve ser publicada com a antecedência mínima de 30 dias
em relação à data da assembleia.
3. O contrato de sociedade pode exigir que os accionistas sejam convocados
por outras formas e quando todas as acções da sociedade forem
nominativas, o contrato pode substituir as publicações por cartas
registadas, devendo estas ser recebidas com a antecedência mínima de 30
dias em relação à data da assembleia.
4. A convocatória deve, para além dos requisitos constantes do artigo 201º,
conter:
a) a indicação da espécie, geral ou especial, da assembleia;
b) os requisitos a que estiverem subordinados a participação e o exercício
do direito de voto.
5. A convocatória deve claramente indicar o assunto que é objecto de
deliberação e, quando se trate de alteração do contrato de sociedade, deve
ainda mencionar as cláusulas contratuais a modificar, suprimir ou
acrescentar, anexando o texto integral das cláusulas propostas ou
indicando que esse texto fica, a partir da publicação, à disposição dos
accionistas na sede social.
6. O disposto no número anterior não prejudica o direito dos accionistas de,
na própria assembleia, propor uma redacção diferente para as mesmas
cláusulas ou de deliberar alterações de outras cláusulas que se tornem
necessárias em função das alterações relativas às cláusulas mencionadas
na convocatória.
Artigo 463º
(Participação na assembleia geral)
1. Têm direito a estar presentes na assembleia geral, e aí discutir e votar,
os accionistas que, segundo a lei e o contrato de sociedade, tiverem
direito a, pelo menos, um voto.
2. Salvo disposição do contrato de sociedade em contrário, podem,
também, assistir à assembleia geral e participar na discussão dos
assuntos incluídos na ordem de trabalhos, os accionistas sem direito a
voto e os obrigacionistas.
3. Os representantes comuns de titulares de acções preferenciais sem voto
e de obrigacionistas podem estar presentes nas assembleias gerais.
4. Os administradores e os membros do conselho fiscal devem estar
presentes em todas as assembleias gerais.
5. Os peritos contabilistas que tenham examinado as contas da sociedade
devem estar presentes na assembleia geral anual.
6. Sempre que o contrato de sociedade exija a titularidade de um certo
número de acções para conferir direito a voto, podem os accionistas que
detenham menor número de acções agrupar-se de forma a atingir o
número exigido ou um número superior e fazer-se representar por um
deles.
Artigo 464º
(Representação de accionistas)
1. O contrato de sociedade pode limitar o número de accionistas que uma
mesma pessoa pode representar.
3. A representação é revogável, considerando-se revogada com a presença
do representado na assembleia geral.
4. Os membros do conselho fiscal não podem solicitar representação nem
ser indicados como representantes.
5. Se o accionista, consentindo na representação solicitada, der instruções
sobre o sentido do voto, pode o solicitante recusar a representação, mas
deve urgentemente comunicar a recusa ao accionista.
6. Ocorrendo circunstâncias imprevistas, o representante pode, se assim
especificado no instrumento referido no número 5 do artigo 199º, votar
no sentido que julgue melhor satisfazer os interesses do representado,
devendo, nesse caso, com a maior urgência, informar o representado
sobre o voto que emitiu, dando-lhe as devidas explicações.
Artigo 465º
(Lista de presenças)
1. Salvo se todos os accionistas assinarem a acta, o Presidente da assembleia
geral deve mandar organizar a lista dos accionistas presentes e
representados no início da reunião.
2. A lista de presenças deve indicar:
a) o nome e o domicílio de cada um dos accionistas presentes;
b) o nome e o domicílio de cada um dos accionistas representados e o
nome e o domicílio dos respectivos representantes;
c) o número, a categoria e o valor nominal das acções pertencentes a cada
accionista presente ou representado.
3. Os accionistas presentes e os representantes de accionistas devem
rubricar a lista de presenças no lugar a isso destinado.
4. A lista de presenças fica arquivada na sociedade, devendo esta facultar a
consulta e cópia da mesma aos accionistas que o solicitem.
(Quórum)
1. Salvo o disposto no contrato de sociedade ou no número seguinte, em
primeira convocação, a assembleia pode deliberar independentemente do
número de accionistas presentes ou representados.
2. Para a assembleia poder deliberar, em primeira convocação, sobre a
alteração do contrato de sociedade, fusão, cisão, transformação,
dissolução da sociedade ou outros assuntos para os quais a lei exija
maioria qualificada, sem a especificar, devem estar presentes ou
representados accionistas que possuam, pelo menos, acções de valor
correspondente a 1/3 do capital social com direito a voto.
3. Em segunda convocação, a assembleia pode deliberar independentemente
do número de accionistas presentes ou representados, seja qual for a
parte do capital social que detenham.
4. Na convocatória de uma Assembleia geral pode, desde logo, ser fixada uma
segunda data de reunião para o caso de ela não poder reunir-se na
primeira data marcada, por falta de representação do capital social exigido
por lei ou pelo contrato de sociedade, desde que entre as duas datas
medeiem mais de 15 dias, aplicando-se ao funcionamento da assembleia
convocada para reunir na segunda data fixada as regras relativas à
assembleia da segunda convocação.
Artigo 467º
(Votos)
1. Na falta de cláusula contratual que disponha de modo diferente e sem
prejuízo do que, em contrário, especialmente se prescreva na lei, a cada
acção corresponde um voto.
2. O contrato de sociedade pode, contudo, dispor que:
a) a um certo número de acções corresponda um só voto, desde que essa
correspondência abranja todas as acções emitidas pela sociedade e
fique cabendo um voto, pelo menos, a cada fracção correspondente, em
moeda nacional, a USD 500,00 de capital social;
b) não sejam contados votos acima de certo número, quando forem
emitidos por um mesmo accionista, quer em nome próprio, quer como
representante de outros accionistas.
Artigo 468º
(Maioria)
1. Sem prejuízo do que diversamente a lei ou o contrato social disponham, a
assembleia geral delibera por maioria simples dos votos emitidos.
2. Na deliberação para a eleição de titulares de órgãos sociais ou para a
designação de peritos contabilistas, havendo várias propostas, vence
aquela que tiver a seu favor maior número de votos.
3. A deliberação que, recaindo sobre qualquer das matérias referidas no
número 2 do artigo 466º, implique a alteração do contrato de sociedade,
Artigo 469º
(Actas)
1. De cada reunião da assembleia geral deve ser lavrada acta, a qual é
redigida pelo secretário e assinada por ele e pelo presidente da mesa, e
ainda por todos os accionistas se assim o exigir o contrato de sociedade ou
uma deliberação dos sócios.
2. Pode, porém, ser deliberado que a acta seja aprovada pela assembleia
geral antes de ser assinada nos termos do número anterior.
Artigo 470º
(Assembleias especiais de accionistas)
1. As disposições legais e contratuais que regulam a convocação, reunião e
funcionamento da assembleia geral são aplicáveis às assembleias
especiais dos titulares de acções de certa categoria.
2. Quando a lei exigir maioria qualificada para determinada deliberação da
Assembleia geral, igual maioria é exigida para as deliberações das
assembleias especiais que incidam sobre a mesma matéria.
3. Não pode haver assembleias especiais de titulares de acções ordinárias.
Secção I
Disposições gerais
Artigo 471º
Artigo 472º
(Composição)
1. O conselho de administração é constituído pelo número de membros
fixado no contrato de sociedade, mas quando o capital social não
ultrapassar quantia equivalente, em moeda nacional, a USD 50.000,00, a
sociedade pode optar por ter um administrador único.
2. Nas sociedades emitentes de valores mobiliários admitidos à negociação
em mercado regulamentado, o conselho de administração deve incluir pelo
menos um membro que tenha formação superior e conhecimentos em
economia ou gestão e que seja independente.
3. Considera-se independente, para os efeitos aqui previstos, a pessoa que
não esteja associada a qualquer grupo de interesses específicos na
sociedade, nem se encontre em situação susceptível de afectar a sua
isenção, nomeadamente em virtude ser titular ou actuar em nome ou por
conta de titulares de participação qualificada igual ou superior a 2% do
capital da sociedade ou ter sido eleita para mais de dois mandatos,
contínuos ou intercalados.
4. O contrato de sociedade pode prever a existência de administradores
suplentes, cujo número não pode exceder metade do número dos
administradores efectivos.
Artigo 473º
(Designação)
1. Os administradores podem ser designados no contrato de sociedade ou
eleitos pela assembleia geral ou pela assembleia constitutiva.
2. Não pode ser atribuído a certas categorias de acções o direito de
designarem administradores, mas o contrato de sociedade pode estipular
que a eleição dos administradores seja aprovada pelos votos
correspondentes a uma certa percentagem do capital social, ou que a
eleição de alguns deles, em número não superior a 1/3 da totalidade, seja
aprovada pela maioria dos votos conferidos a certas acções.
Artigo 474º
(Duração do mandato)
1. A duração do mandato dos administradores deve ser fixada no contrato de
sociedade, não podendo ser superior a 4 anos civis, considerando-se como
completo o ano civil em que foram designados.
2. Na falta de fixação no contrato, entende-se que a designação é feita por
quatro anos civis, sendo permitida a reeleição.
3. Findo o período pelo qual foram designados, os administradores mantêm-
se em funções até nova designação, sem prejuízo do preceituado nos
artigos 477º, 486º e 487º.
Artigo 475º°
(Regras especiais de eleição)
1. O contrato de sociedade pode estabelecer que para eleger até ao máximo
de 1/3 dos administradores se proceda a uma eleição à parte, entre
pessoas propostas em listas subscritas por grupos de accionistas que
possuam um mínimo de 10% e um máximo de 20% do capital.
2. Cada uma das listas referidas no número anterior deve propor, pelo
menos, duas pessoas elegíveis por cada um dos cargos a preencher e, se
forem apresentadas listas por mais de um grupo de accionistas, a votação
incide sobre o conjunto das listas propostas, mas nenhum accionista pode
subscrever mais do que uma lista.
3. A eleição à parte prevista no número 1 só pode ter lugar depois de ter sido
eleito o número de administradores fixado no contrato de sociedade.
4. O contrato de sociedade pode ainda atribuir à minoria de accionistas que
tenha votado contra a eleição dos administradores, desde que essa
minoria represente no mínimo 10% do capital social, o direito de designar,
pelo menos, um administrador.
5. Para o exercício do direito estabelecido no número anterior, a eleição é
feita, na mesma assembleia, por votação de entre os accionistas da
referida minoria, substituindo o administrador por esta eleito a pessoa
Artigo 476º
(Substituição de administradores)
1. No caso de, a título definitivo, faltar ou ficar impedido ou incapacitado
algum administrador, deve este ser substituído:
a) pelos suplentes chamados pelo presidente, pela ordem por que figurem
na lista submetida à assembleia geral;
b) por cooptação do conselho de administração, se não houver suplentes,
a menos que os administradores em exercício não sejam em número
suficiente para o conselho de administração deliberar;
c) por designação, pelo conselho fiscal, de um substituto, quando não
tenha havido cooptação no prazo de 60 dias a contar da declaração de
falta definitiva, impedimento ou incapacitação;
d) por eleição de novo administrador.
2. A cooptação e a designação pelo conselho fiscal devem ser ratificadas na
primeira assembleia geral que se reúna depois desses actos.
3. As substituições efectuadas nos termos do número 1 perduram até ao fim
do período para o qual foram eleitos os administradores.
4. As substituições temporárias só são admitidas no caso de suspensão dos
administradores, sendo-lhes aplicável, também, o disposto no número 1.
5. Se faltar o administrador ou os administradores eleitos ao abrigo das
regras especiais do artigo 475º, procede-se a uma nova eleição de acordo
com aquelas regras.
Artigo 477º
(Nomeação judicial)
1. Qualquer accionista pode requerer a nomeação judicial de um
administrador, até que se proceda à eleição do conselho de administração,
quando:
a) Por mais de 60 dias, o conselho de administração eleito não tenha
reunido por falta de administradores efectivos em número suficiente e
não se tenha procedido à respectiva substituição nos termos do artigo
anterior;
b) Tiverem decorrido mais de 180 dias sobre o termo do mandato para que
foram eleitos os administradores sem se ter realizado nova eleição.
2. O administrador nomeado judicialmente nos termos do número anterior é
equiparado ao administrador único previsto no número 2 do artigo 471º.
3. Nos casos previstos no número 1 deste artigo, os administradores em
exercício cessam as suas funções na data da nomeação do administrador
judicial.
Artigo 478º
(Presidente do conselho de administração)
1. O contrato de sociedade pode estabelecer que a assembleia geral
competente para a eleição do conselho de administração designe, também,
o respectivo presidente.
2. Na falta da cláusula contratual a que se refere o número anterior, o
conselho de administração escolhe o seu presidente, podendo substitui-lo
quando o entender.
3. O contrato de sociedade pode atribuir ao presidente voto de qualidade,
devendo sempre fazê-lo quando o Conselho de administração seja
composto por um número par de administradores.
4. Sendo atribuído voto de qualidade ao presidente do conselho de
administração com número par, nas ausências e impedimentos do
Artigo 479º
(Caução)
1. Os administradores devem caucionar a sua gestão pela forma estabelecida
no contrato de sociedade ou, no silêncio deste, pela forma que for
deliberada pela assembleia geral de Accionistas ou pela assembleia
constitutiva ou, na falta de tal deliberação, por qualquer forma admitida
por lei.
2. A caução não deve ser inferior ao equivalente, em moeda nacional, a USD
30.000,00 no caso de sociedades emitentes de valores mobiliários
admitidos à negociação em mercado regulamentado ou de sociedades que
cumpram os critérios do número 2 do artigo 494º, ou a USD 15.000,00 no
caso das restantes sociedades.
3. Excepto no caso das sociedades emitentes de valores mobiliários
admitidos à negociação em mercado regulamentado ou de sociedades que
cumpram os critérios do número 2 do artigo 494º, a caução pode ser
dispensada por deliberação da assembleia geral ou da assembleia
constitutiva que eleja o conselho de administração ou o administrador
único e ainda por disposição do contrato de sociedade quando nele se
proceda à designação do conselho de administração ou do administrador.
4. Caso não seja dispensada, a caução deve ser prestada no prazo de 30 dias
a contar da data da designação, eleição ou nomeação, conforme o caso,
sob pena de cessação imediata de funções, e manter-se-á até ao termo do
ano civil seguinte àquele em que o administrador caucionado tiver cessado
as suas funções.
Artigo 480º
(Negócios com a sociedade)
1. A sociedade não pode conceder empréstimos ou crédito a administradores,
efectuar pagamentos por conta deles, garantir obrigações que eles tenham
contraído ou fazer-lhes adiantamentos de remunerações superiores a 1
mês.
2. Os contratos celebrados entre a sociedade e os seus administradores,
directamente ou por intermédio de terceiro, são nulos excepto se tiverem
Artigo 481º
(Exercício de outras actividades)
1. São aplicáveis aos administradores das sociedades anónimas, com as
devidas adaptações, os preceitos do artigo 368º.
2. Os administradores não podem, durante o período para que foram
designados, exercer na sociedade ou em sociedade que com ela se
encontre em relação de domínio ou de grupo, quaisquer funções ao abrigo
de contrato de trabalho ou de prestação de serviços, nem podem celebrar
com elas quaisquer contratos desse tipo para vigorarem depois de as
funções de administrador terem cessado.
3. Quando o administrador designado já exercia na sociedade ou sociedades
referidas no número anterior, funções ao abrigo de contrato de trabalho ou
de prestação de serviços, esses contratos extinguem-se ou suspendem-se,
conforme tiverem sido celebrados há menos ou há mais de um ano,
respectivamente.
Artigo 482º
(Remuneração)
1. Compete à assembleia geral de Accionistas fixar a remuneração de cada
um dos administradores, tendo em conta a situação económica da
sociedade e as funções por eles exercidas.
2. A remuneração pode consistir numa quantia certa ou numa combinação
desta com uma percentagem dos lucros de exercício fixada pela
Assembleia geral devendo, porém, o contrato de sociedade prever a
percentagem global destinada a remunerar os administradores.
Artigo 483º
(Suspensão temporária de administradores)
1. Os administradores podem ser suspensos pelo conselho fiscal quando:
a) razões de saúde os impossibilitem, temporariamente, de exercer as
respectivas funções;
b) outras circunstâncias pessoais impeçam o exercício das referidas
funções por tempo presumivelmente superior a 60 dias, sempre que os
administradores nessas condições solicitem a sua suspensão
temporária ou o próprio conselho fiscal entenda que o interesse da
sociedade impõe aquela suspensão.
2. Salvo disposição em contrário do contrato de sociedade, suspendem-se,
durante o período em que os administradores estiverem suspensos, os
seus poderes, direitos e deveres, à excepção dos deveres que não
pressuponham o exercício de funções.
3. Caso a impossibilidade ou incapacidade temporária se prolonguem por
mais de 180 dias, a assembleia geral pode, por sua iniciativa ou por
proposta do conselho fiscal, deliberar a cessação de funções do
administrador.
Artigo 484º
(Incapacidade superveniente)
Artigo 485º
(Reforma dos administradores)
1. O contrato de sociedade pode estabelecer a adopção pela assembleia geral,
de um regime de reforma por velhice ou invalidez dos administradores a
cargo da sociedade, ou de atribuição de complementos de pensões de
Artigo 486º
(Destituição)
1. A deliberação da assembleia geral que, sem justa causa, destitua um
administrador eleito ao abrigo das regras especiais do artigo 475º, não
produz efeitos se accionistas que representem, pelo menos, 10% do capital
social tiverem votado contra tal deliberação.
2. Um ou mais accionistas titulares de acções correspondentes a, pelo
menos, 10% do capital social podem, enquanto não tiver sido convocada
assembleia geral para deliberar sobre o assunto, requerer a destituição
judicial de um administrador com fundamento em justa causa.
3. Se a destituição não se fundar em justa causa, o administrador tem direito
a indemnização pelos danos sofridos, nos termos previstos no contrato de
administração ou nos termos gerais de direito, não podendo, em qualquer
caso, a indemnização exceder o montante das remunerações que receberia
até ao fim do seu mandato.
4. Constituem justa causa de destituição, nomeadamente a violação grave
dos deveres do administrador e a inaptidão para o exercício das
respectivas funções.
5. Os administradores nomeados pelo Estado, ou por entidade a ele
legalmente equiparada para este efeito, não podem ser destituídos pela
àssembleia geral que, em relação a eles, se deve limitar a propor a sua
destituição à entidade que o nomeou.
Artigo 487º
(Renúncia)
1. Qualquer administrador pode renunciar ao seu cargo, dirigindo para o
efeito uma carta ao presidente do conselho de administração ou, não
existindo Presidente do conselho de administração ou sendo ele o
renunciante, ao órgão de fiscalização.
Artigo 488º
(Competência e poderes de gestão)
1. São atribuições do conselho de administração:
a) representar a sociedade, em exclusivo e com plenos poderes;
b) gerir a sociedade com autonomia, só devendo subordinar-se às
deliberações da assembleia geral e às intervenções do conselho fiscal
nos casos em que a lei ou o contrato de sociedade o imponham.
2. No âmbito da competência que lhe é conferida pela alínea b) do número
anterior, o conselho de administração tem o poder de deliberar sobre
qualquer assunto que diga respeito à administração da sociedade,
nomeadamente sobre:
a) a escolha do seu presidente, sem prejuízo do disposto no número 1 do
artigo 478º;
b) a cooptação de administradores;
c) o pedido de convocação de assembleias gerais;
d) a elaboração dos relatórios e contas anuais;
e) a aquisição, alienação, oneração e arrendamento de coisas imóveis;
f) a contracção de empréstimos e a prestação de cauções ou de garantias
pessoais ou reais pela sociedade;
g) a abertura ou encerramento de filiais, sucursais, delegações ou outras
formas de representação da sociedade ou de estabelecimentos ou de
partes importantes deles;
h) a extensão ou redução importante da actividade da sociedade;
i) as modificações importantes na organização da empresa;
j) o estabelecimento ou cessação de cooperação duradoura e importante
com outras empresas;
k) a mudança de sede social e aumentos de capital, nos termos do
contrato de sociedade;
l) os projectos de fusão, cisão ou transformação da sociedade;
m) qualquer outro assunto sobre o qual algum administrador requeira
deliberação.
Artigo 490º
(Poderes de representação)
1. Os poderes de representação do conselho de administração são exercidos
em conjunto pelos administradores, ficando a sociedade vinculada pelos
negócios jurídicos celebrados ou ratificados pela maioria dos seus
administradores ou por número menor destes fixado no contrato de
sociedade.
Artigo 491º
(Reuniões e deliberações do conselho de administração)
1. Sem prejuízo do que diferentemente dispuser o contrato de sociedade, o
conselho de administração deve reunir, pelo menos, uma vez em cada
mês.
2. O conselho de administração reúne sempre que for convocado pelo seu
presidente ou por dois ou mais administradores.
3. A convocação deve fazer-se por escrito e com a devida antecedência, a
menos que o contrato de sociedade preveja outra forma de convocação ou
reuniões em datas previamente determinadas.
4. A validade das deliberações do conselho de administração depende da
presença da maioria dos seus membros.
5. O contrato de sociedade pode permitir que, mediante carta dirigida ao
presidente, qualquer administrador se faça representar por outro
administrador, não podendo, no entanto, a mesma carta ser utilizada para
mais do que uma reunião.
6. Sempre que haja um conflito de interesses entre a sociedade e um
administrador, deve este avisar o presidente do conselho de administração
e abster-se de votar a deliberação a que respeite aquele conflito.
7. As deliberações são aprovadas por maioria absoluta dos votos dos
administradores presentes.
8. De cada reunião deve ser lavrada acta, no livro respectivo, que, depois de
aprovada, deve ser assinada por todos os que naquela tiverem participado.
Artigo 493º
(Arguição da invalidade das deliberações)
1. O conselho de administração ou a assembleia geral podem declarar a
nulidade ou anular as deliberações viciadas, a requerimento de qualquer
administrador, accionista com direito a voto ou do conselho fiscal,
deduzido no prazo de um ano a contar do conhecimento do vício que lhe
serve de fundamento.
2. O direito de requerer a declaração de nulidade ou a anulação da
deliberação viciada caduca se tiverem decorrido três anos após a sua
aprovação.
3. Os prazos fixados nos números anteriores não se aplicam quando se trate
de apreciação, pela assembleia geral, de actos dos administradores, os
quais podem sempre ser declarados nulos ou anulados, mesmo que o
assunto não tenha sido incluído na respectiva ordem de trabalhos.
4. A assembleia geral pode, no entanto, ratificar qualquer deliberação
anulável ou substituir por deliberação sua a deliberação nula, se esta não
versar sobre matéria da exclusiva competência do conselho de
administração.
5. Os administradores não devem executar nem permitir que sejam
executadas deliberações nulas do conselho de administração.
4. Se o conselho fiscal for composto por três membros, devem ser designados
um ou dois suplentes e se for composto por número superior de membros,
devem ser sempre designados dois suplentes.
Artigo 495º
(Requisitos dos membros do conselho fiscal ou do fiscal único)
1. O fiscal único e o seu suplente devem ser peritos contabilistas e não podem
ser accionistas.
2. O conselho fiscal deve incluir um perito contabilista ou uma sociedade de
peritos contabilistas, salvo se for adoptada a modalidade prevista na alínea
c) do número 1 do artigo anterior.
Artigo 496º
(Designação e eleição)
1. Os membros do órgão de fiscalização, incluindo os respectivos suplentes,
são eleitos em assembleia geral pelo período estabelecido no contrato de
sociedade nos termos do artigo anterior, podendo a primeira designação
ser feita no contrato de sociedade ou pela assembleia constitutiva.
2. Na falta de indicação no contrato de sociedade, entende-se que a
designação e eleição são feitas para o período máximo de quatro anos,
sendo permitida a reeleição.
3. O contrato de sociedade ou a assembleia geral devem designar ou eleger o
presidente do conselho fiscal, mas se ele cessar, por qualquer motivo, as
suas funções antes de terminar o período para que foi designado ou eleito,
os outros membros do conselho fiscal escolhem um deles para
desempenhar aquele cargo até ao fim do período referido.
Artigo 497º
(Nomeação oficiosa do perito contabilista)
1. A falta de designação do perito contabilista ou sociedade de contabilistas e
peritos contabilistas pelo órgão social competente, no prazo de 30 dias,
deve ser comunicada por qualquer accionista ou membro dos órgãos
sociais à Ordem dos Contabilistas e Peritos Contabilistas de Angola nos 15
dias seguintes.
2. A Ordem dos Contabilistas e Peritos Contabilistas de Angola deve, nos 15
dias seguintes à recepção da comunicação, proceder à nomeação oficiosa
de um perito contabilista para a sociedade, podendo a assembleia geral
Artigo 498º
(Nomeação judicial a requerimento da administração ou de accionistas)
1. Se a assembleia geral não eleger os membros efectivos e suplentes do
órgão de fiscalização, a administração da sociedade deve requerer
judicialmente a sua nomeação, a qual pode também ser requerida por
qualquer dos seus accionistas.
2. Os membros nomeados judicialmente têm direito a uma remuneração de
montante fixo que o tribunal determinar em seu prudente arbítrio e
cessam as suas funções logo que a assembleia geral proceda à eleição.
3. O pagamento das remunerações e das custas judiciais constitui encargo
da sociedade.
Artigo 499º
(Nomeação judicial a requerimento de minorias)
1. Os titulares de acções que representem, pelo menos, 10% do capital social
podem, nos 30 dias seguintes à reunião da assembleia geral que eleger o
conselho fiscal, requerer ao tribunal que nomeie mais um membro efectivo
e mais um membro suplente para aquele órgão, desde que os requerentes
tenham votado contra as propostas de eleição que tiverem obtido
vencimento e tenham feito consignar na acta o seu voto.
2. Se várias minorias tiverem exercido o direito conferido no número anterior,
o tribunal pode nomear dois membros efectivos e os respectivos suplentes.
3. Os membros judicialmente nomeados cessam as suas funções com o
termo do mandato dos membros eleitos, mas o conselho fiscal pode, antes
disso, requerer a sua substituição com fundamento em justa causa.
4. Para os efeitos deste artigo, apenas podem ser consideradas as acções de
que os accionistas sejam titulares há, pelo menos, seis meses à data em
que se realizar a assembleia geral que eleja o conselho fiscal.
Artigo 501º
(Destituição)
1. Ocorrendo justa causa, a assembleia geral pode destituir os membros do
órgão de fiscalização que não tenham sido nomeados judicialmente nos
termos do artigo 223º.
2. Tratando-se de administrador nomeado judicialmente, o tribunal pode, a
pedido da administração ou dos accionistas que hajam requerido a sua
nomeação, destituir, mediante o processo regulado pelo Código de
Processo Civil, os membros do órgão de fiscalização nomeados
judicialmente, devendo, nesse o tribunal proceder a nova nomeação
judicial.
Artigo 502º
(Atribuições do fiscal único e do conselho fiscal)
1. Para além das previstas no artigo 224º, são atribuições do órgão de
fiscalização:
a) convocar a assembleia geral, quando o presidente da respectiva mesa o
não faça;
b) fiscalizar a eficácia do sistema de gestão de riscos, do sistema de
controlo interno e do sistema de auditoria interna, se existentes.
c) Receber as comunicações de irregularidades apresentadas por
accionistas, colaboradores da sociedade ou quaisquer outros
interessados.
2. Quando seja adoptada a modalidade prevista na alínea c) do número 1 do
artigo 494º, compete ainda ao conselho fiscal:
a) fiscalizar o processo de preparação e de divulgação de informação
financeira;
b) propor à assembleia geral a designação do perito contabilista;
c) fiscalizar a revisão de contas e os documentos de prestação de
contas da sociedade;
Artigo 503º
(Deveres do fiscal único e dos membros do conselho fiscal)
1. O fiscal único, o perito contabilista ou os membros do conselho fiscal,
quando exista, têm o dever de:
a) participar nas respectivas reuniões e assistir às assembleias gerais e às
reuniões do conselho de administração ou do conselho de
administração executivo para as quais sejam convocados pelo
respectivo presidente ou em que se apreciem as contas do exercício;
b) exercer as suas funções de fiscalização de forma conscienciosa e
imparcial;
c) guardar segredo dos factos e informações de que tiverem conhecimento
no exercício as suas funções, sem prejuízo do dever prescrito no
número 3 deste artigo;
d) dar conhecimento à administração das verificações, fiscalizações e
diligências que tiverem feito e dos resultados das mesmas;
e) registar, por escrito, todas as verificações, fiscalizações e denúncias
recebidas bem como as providências tomadas e o resultado das
mesmas.
2. Salvo autorização, por escrito, da assembleia geral e do conselho de
administração, o fiscal único, o perito contabilista e os membros do
conselho fiscal não podem divulgar segredos comerciais ou industriais de
que tenham tomado conhecimento no exercício das suas funções.
3. O fiscal único, o perito contabilista e os membros do conselho fiscal que,
sem motivo justificado, faltem, durante o exercício social, a duas reuniões
deste órgão ou não compareçam a uma assembleia geral ou a duas
reuniões do conselho de administração previstas na alínea a) do número 1
deste artigo perdem o seu cargo.
Artigo 505º
(Remuneração)
A remuneração do fiscal único, do perito contabilista e dos membros do
conselho fiscal deve consistir numa quantia fixa, determinada nos termos
previstos no artigo 482º.
Secção IV
Conselho de administração executivo
Artigo 507º
(Composição do conselho de administração executivo)
1. O conselho de administração executivo a que se refere a alínea b) do
número 1 do artigo 471º, é composto pelo número de administradores
fixado nos estatutos, mas a sociedade cujo capital social seja superior ao
equivalente a USD 50.000,00, não pode ter um administrador executivo
único.
2. É aplicável ao conselho de administração executivo de sociedades
emitentes de valores mobiliários admitidos à negociação em mercado
regulamentado o disposto nos números 2 e 3 do artigo 472º.
Artigo 508º
(Designação)
1. Se não forem designados nos estatutos, o administrador único ou
administradores são designados, conforme previsto no contrato de
sociedade, pelo Conselho de Supervisão ou pela assembleia geral, que
Artigo 509º
(Nomeação judicial)
À nomeação judicial de administradores executivos aplica-se, com as
necessárias adaptações, o disposto no artigo 477º.
Artigo 511º
Artigo 512º
(Remuneração)
É aplicável à remuneração dos membros do conselho de administração
executivo o disposto no artigo 482º, cabendo a sua fixação ao conselho de
supervisão, à assembleia geral ou a uma comissão por esta nomeada.
Artigo 513º
(Destituição e suspensão)
1. Qualquer administrador pode ser destituído a qualquer momento pelo
órgão que, nos termos do artigo 473º, for competente para a sua
designação mas o conselho de supervisão pode propor a destituição à
assembleia geral, e proceder à suspensão, até dois meses, de qualquer
membro do conselho de administração executivo.
2. Aplica-se à destituição de membros do conselho de administração
executivo o disposto nos números 4 e 5 do artigo 486º e à suspensão o
disposto no artigo 483º.
Artigo 515º
(Relações do conselho de administração executivo com o conselho de
supervisão)
1. O conselho de administração executivo deve comunicar ao conselho de
supervisão:
a) Pelo menos uma vez por ano, a política de gestão que tenciona seguir,
bem como os factos e circunstâncias que tiverem determinado as suas
opções;
b) Trimestralmente, antes da reunião do conselho de supervisão, a
situação da sociedade e a evolução dos negócios, indicando,
designadamente, o volume das vendas e serviços prestados;
c) Até 30 dias antes da reunião da assembleia geral anual, o relatório de
gestão relativo ao exercício anterior.
2. O conselho de administração executivo deve prestar ao presidente do
conselho de supervisão informação detalhada sobre qualquer negócio ou
sobre quaisquer circunstâncias que possam vir a influenciar
significativamente a rentabilidade ou liquidez da sociedade.
3. Nas informações previstas nos números anteriores devem incluir-se
quaisquer factos ou circunstâncias que afectem sociedades em relação de
domínio ou de grupo que possam reflectir-se na situação da sociedade.
4. Sem prejuízo da fiscalização exercida pela comissão referida no número 2
do artigo 526º, o presidente do conselho de supervisão pode exigir ao
Artigo 516º
(Remissões)
1. Às reuniões e deliberações do conselho de administração executivo aplica-
se o disposto nos artigos 491º e 492º e nos números 1 e 5 do artigo 493º,
com as seguintes adaptações:
a) A declaração de nulidade e a anulação competem ao conselho de
supervisão;
b) O pedido de declaração de nulidade ou de anulação pode ser formulado
por qualquer administrador ou membro do conselho de supervisão.
2. À caução a prestar pelos administradores aplica-se o disposto no artigo
479º.
3. À reforma dos administradores aplica-se o disposto no artigo 485º, mas a
aprovação do regulamento compete ao conselho de supervisão ou, se o
contrato de sociedade o determinar, à assembleia geral.
Secção V
Conselho de supervisão
Artigo 517º
(Composição)
1. O conselho de supervisão a que se refere a alínea b) do número 1 do artigo
471º é composto pelo número de membros fixado no contrato de sociedade
Artigo 518º
(Designação)
Artigo 519º
(Presidente do conselho de supervisão)
À designação do presidente do Conselho de Supervisão aplica-se, com as
necessárias adaptações, o disposto no artigo 478º.
Artigo 521º
(Nomeação judicial)
1. Se, por qualquer razão, o conselho de supervisão deixar de ter o número de
membros necessário para se poder reunir, o tribunal pode, a pedido de
qualquer dos seus membros, do conselho de administração executivo ou de
qualquer accionista nomear o número de membros em falta.
2. O conselho de administração executivo deve apresentar o requerimento
previsto no número anterior logo que tenha conhecimento da diminuição
do número de membros do conselho de supervisão.
3. Os membros nomeados pelo tribunal têm os mesmos direitos e deveres dos
outros membros do conselho de supervisão, mas as respectivas nomeações
caducam logo que as vagas sejam preenchidas nos termos da lei ou do
contrato.
Artigo 522º
(Remuneração)
1. Na falta de estipulação contratual, as funções de membro do conselho de
supervisão são remunerados nos termos fixados pela assembleia geral ou
por uma comissão de remunerações por ela nomeada, tendo em conta as
funções desempenhadas e a situação económica da sociedade.
2. A remuneração deve consistir numa quantia fixa, podendo a assembleia
geral, a qualquer tempo, reduzi-la ou aumentá-la, tendo em conta os
factores referidos no número anterior.
Artigo 524º
(Dever de segredo)
Os membros do conselho de supervisão estão obrigados a guardar segredo dos
factos e informações de que tenham conhecimento em razão das suas funções.
Artigo 525º
(Poderes de representação)
1. Nas relações da sociedade com os seus administradores, a sociedade
obriga-se pela assinatura de dois membros do conselho de supervisão por
ele designados.
2. Na contratação dos peritos, nos termos da alínea o) do artigo 523º, a
sociedade é representada pelos membros do conselho de supervisão,
aplicando-se, com as necessárias adaptações, o disposto nos artigos 490º e
219º.
Artigo 527º
(Remissões)
1. Aos negócios celebrados entre membros do conselho de supervisão e a
sociedade aplica-se, com as necessárias adaptações, o disposto no artigo
480º.
2. Às reuniões e deliberações do conselho de supervisão aplica-se o disposto
nos artigos 491º a 493º, com as seguintes adaptações:
a) O conselho de supervisão deve reunir, pelo menos, uma vez por
trimestre;
b) A convocação pode ser feita pelo conselho de administração executivo,
se o presidente do conselho de supervisão não o tiver feito nos 15 dias
seguintes à recepção do pedido por aquele formulado;
Secção VI
Contabilista ou perito contabilista
Artigo 528º
(Designação)
Nas sociedades que adoptem a estrutura referida na alínea b) do número 1 do
artigo 471º e ou a estrutura referida na alínea c) do número 1 do artigo 494º,
a assembleia geral deve, sob proposta do conselho de supervisão ou da sua
comissão para as matérias financeiras ou do conselho fiscal, designar, por um
período de até quatro, anos um perito contabilista ou uma sociedade de
contabilistas ou peritos contabilistas para proceder ao exame das contas da
sociedade, e em especial exercer as funções previstas nos artigos 224º e 502º.
Secção VII
Secretário
Artigo 529º
(Designação)
1. As sociedades emitentes de acções admitidas à negociação em mercado
regulamentado devem designar um secretário da sociedade e um suplente.
2. O secretário e o seu suplente são designados pela assembleia constitutiva
ou, posteriormente, pelo conselho de administração ou pelo conselho de
administração executivo, por deliberação registada em acta.
3. As funções de secretário são exercidas por pessoa com formação superior
adequada às funções a desempenhar, por período que deve ser coincidente
com a duração do mandato dos órgãos sociais que o designarem, renovável
por uma ou mais vezes.
4. O secretário não pode, como tal, desempenhar funções em mais de sete
sociedades, salvo no caso de sociedades que se encontrem nas situações
previstas no Título VI deste Livro e em caso de falta ou impedimento é
substituído pelo suplente.
Artigo 530º
(Atribuições)
1. Para além de outras previstas no contrato de sociedade, o secretário tem as
seguintes atribuições:
a) secretariar as reuniões dos órgãos sociais;
b) lavrar as actas e assiná-las conjuntamente com o presidente da mesa
da assembleia geral ou, no caso de outros órgãos sociais, com os seus
membros;
c) conservar, guardar e manter em ordem os livros e folhas de actas, as
listas de presenças, o livro de registo de acções, bem como o expediente
com eles relacionados;
d) proceder à expedição das convocatórias para as reuniões de todos os
órgãos sociais;
e) certificar as assinaturas dos membros dos órgãos sociais apostas nos
documentos da sociedade;
f) certificar que as cópias ou transcrições extraídas dos livros da
sociedade ou dos documentos arquivados são verdadeiras, completas e
actuais;
g) satisfazer, no âmbito das suas atribuições, as solicitações feitas pelos
accionistas no exercício do direito à informação e prestar a informações
solicitada pelos membros dos órgãos sociais que exercem funções de
fiscalização sobre deliberações da administração,
h) certificar o conteúdo, total ou parcial, do contrato de sociedade bem
como a identidade dos membros dos diversos órgãos e respectivos
poderes;
i) certificar cópias dos estatutos actualizados, das deliberações dos sócios
e da administração e dos registos constantes dos livros da sociedade,
bem como assegurar a sua entrega ou envio aos accionistas que os
tenham solicitado;
CAPÍTULO VII
COMUNICAÇÃO DE PARTICIPAÇÕES E ABUSO DE INFORMAÇÕES
Artigo 531º
(Comunicação de participações)
1. Os membros dos órgãos de administração e de fiscalização das sociedades
anónimas devem comunicar, por escrito, a esses órgãos:
a) o número de acções e de obrigações da sociedade, ou das sociedades
com as quais esta se encontre em relação de domínio ou de grupo, de
que são titulares;
b) a aquisição, alienação ou oneração de acções e de obrigações da
sociedade, ou das sociedades com as quais esta se encontre em relação
de domínio ou de grupo, que tenham realizado.
2. A comunicação a que se refere o número anterior deve ser feita no prazo de
30 dias:
a) a contar da data em que foram designadas ou eleitas as pessoas
indicadas no número 1, relativamente às acções e às obrigações de que
elas já eram titulares à data da designação ou da eleição;
b) a contar da data da aquisição, alienação ou oneração de acções e de
obrigações, se estes factos tiverem ocorrido posteriormente à
designação ou à eleição das pessoas indicadas no número 1.
3. Em anexo ao relatório anual do órgão de administração, deve ser
apresentada, relativamente a cada uma das pessoas referidas no número
1, a lista de acções e obrigações abrangidas pelo presente artigo e pelo
artigo seguinte, com menção dos factos neles enumerados, ocorridos
durante o exercício a que o relatório respeita, especificando o montante das
acções ou obrigações e a contrapartida paga ou recebida.
4. O não cumprimento do dever de comunicação imposto por este artigo
constitui justa causa de destituição.
Artigo 533º
(Comunicação das participações de accionistas)
1. O accionista que for titular de acções ao portador não registadas, que
representem, pelo menos, 10%, 30%, ou 50% do capital de uma sociedade,
deve comunicar a esta o número de acções de que for titular.
2. É aplicável à comunicação de participações regulada neste artigo o
disposto no número 1 do artigo anterior, com as necessárias adaptações.
Artigo 534º
(Abuso de informação)
1. Os membros dos órgãos de administração ou de fiscalização de uma
sociedade anónima, as pessoa que lhe tenham prestado serviços e as
pessoas que exerçam cargos na função pública, que, tomando
conhecimento de factos relativos à sociedade, aos quais não tenha sido
dada publicidade e que sejam susceptíveis de influenciar o valor dos títulos
emitidos pela sociedade, adquiram ou alienem acções ou obrigações desta,
ou de qualquer outra que com ela se encontre em relação de domínio ou de
grupo e, deste modo obtenham um lucro ou evitem um prejuízo, devem
indemnizar os lesados nos termos gerais.
2. Não havendo lesados, ou não sendo possível identificá-los, deve o
enriquecido restituir à sociedade aquilo com que se locupletou em virtude
do abuso de informação.
3. Nos mesmos termos, respondem as pessoas indicadas no número 1 que,
culposamente, revelem a terceiros os factos ali descritos, assim como os
terceiros que, conhecendo a natureza confidencial dos factos revelados,
adquiram ou alienem acções ou obrigações da sociedade ou de outra que
com ela se encontre em relação de domínio ou de grupo e desse modo
obtenham um lucro ou evitem um prejuízo.
4. Se os factos referidos no número 1 respeitarem à fusão de sociedades, o
disposto nos números anteriores aplica-se às acções e obrigações das
sociedades participantes e das sociedades que com elas se encontrem em
relação de domínio ou de grupo.
Artigo 535º
(Inquérito judicial)
1. Para os efeitos do disposto nos números 1 e 3 do artigo anterior, qualquer
accionista pode requerer a realização de um inquérito judicial, no âmbito
do qual pode ser ordenada a destituição do infractor e a sua condenação a
indemnizar os lesados ou a sociedade, nos termos previstos no mesmo
artigo.
2. O inquérito deve ser requerido no prazo de 6 meses a contar da data da
publicação do relatório anual da administração.
3. Durante 5 anos a contar da destituição, as pessoas destituídas não podem
desempenhar cargos na mesma sociedade ou em qualquer outra que com
ela se encontre em relação de domínio ou de grupo.
CAPÍTULO VIII
APRECIAÇÃO ANUAL DA SITUAÇÃO DA SOCIEDADE
Artigo 536º
(Exame e certificação das contas)
1. Até 30 dias antes da assembleia geral anual a que se refere o artigo 460º, o
conselho de administração ou o conselho de administração executivo
devem apresentar ao conselho fiscal ou ao perito contabilista o relatório de
gestão e as contas do exercício.
2. O membro do conselho fiscal que for perito contabilista ou, no caso das
sociedades que adoptem as modalidades referidas na alínea a) do número 1
do artigo 471º e no número 2 do artigo 494º o perito contabilista devem
apreciar o relatório de gestão e examinar as contas com vista à sua
certificação legal.
3. Após o exame, o perito contabilista deve emitir documento de certificação
de contas, o qual deve incluir:
a) Uma introdução, identificando as contas que são objecto da certificação
e a estrutura de relato utilizada na sua elaboração;
Artigo 537º
(Apreciação da certificação de contas)
1. O órgão de fiscalização deve apreciar o relatório do contabilista ou perito
contabilista a que se refere o artigo anterior, o qual passa, depois de
apreciado, a fazer parte do relatório a que se refere a alínea g) do número 1
do artigo 502º.
2. Concordando o órgão de fiscalização com a certificação legal ou com a
declaração de impossibilidade de certificação legal das contas, deve
declarar expressamente tal concordância no seu próprio relatório.
3. Se discordar, deve esse órgão indicar as razões da discordância,
procedendo do seguinte modo:
a) se recusar a aprovação ou se a conceder com reservas, deve mencionar
a recusa ou a aprovação com reservas, respectivamente;
b) se aprovar as contas sem reservas ou se as aprovar com reservas
diferentes das indicadas no relatório do perito contabilista, deve
declarar que, pelas razões especificadas, o conselho não chegou a
acordo sobre a aprovação das contas.
Artigo 538º
CAPÍTULO IX
AUMENTO E REDUÇÃO DO CAPITAL SOCIAL
Artigo 539º
(Aumento do capital social deliberado pelo órgão de administração)
1. O contrato de sociedade pode autorizar o órgão de administração a
aumentar o capital social, por uma ou mais vezes, com entradas em
dinheiro, estabelecendo as condições em que esse órgão pode exercer tal
competência, nomeadamente:
a) fixando o limite máximo do aumento;
b) fixando o prazo, nunca superior a 5 anos, durante o qual tal
competência pode ser exercida, entendendo-se que esse prazo é de cinco
anos, se nenhum outro tiver sido fixado;
c) mencionando os direitos atribuídos às acções a emitir, sendo apenas
autorizada a emissão de acções ordinárias, se nada tiver sido
mencionado.
2. Antes de aprovar a deliberação, o órgão de administração deve submeter o
respectivo projecto ao órgão de fiscalização, podendo, se este não der
parecer favorável, submeter a divergência a deliberação da assembleia
geral.
3. A assembleia geral pode, mediante deliberação aprovada pela maioria
exigida para as alterações do contrato de sociedade, renovar os poderes
conferidos ao órgão de administração.
4. Ao aumento de capital deliberado pelo órgão de administração aplica-se,
com as necessárias adaptações, o disposto no número 4 do artigo 243º.
(Subscrição incompleta)
1. Não sendo inteiramente subscrito um aumento de capital, a deliberação
considera-se sem efeito, salvo se nela se tiver previsto que, nesse caso, o
aumento é limitado às subscrições efectuadas.
2. O anúncio do aumento do capital a que se refere o número 1 do artigo
541º deve indicar o regime aplicável à subscrição incompleta.
3. No caso de o aumento ficar sem efeito, por não se ter completado a
subscrição, o órgão de administração deve, nos quinze dias seguintes ao
seu encerramento, avisar daquele facto os subscritores, restituindo-lhes
as importâncias recebidas, logo que, para esse efeito, eles se
apresentarem.
Artigo 541º
(Direito de preferência)
1. Na subscrição das acções representativas do aumento do capital social por
entradas em dinheiro, os accionistas têm preferência sobre os não
accionistas.
2. As novas acções devem ser repartidas entre os accionistas que exerçam o
direito de preferência, pela forma seguinte:
a) a cada accionista é atribuído um número de novas acções proporcional
ao número de acções de que já seja titular ou um número inferior de
acções que queira subscrever;
b) a cada accionista pode ser atribuído um número de novas acções
superior àquele a que tem direito, nos termos da primeira parte da
alínea anterior, na medida em que a disponibilidade de acções,
resultante da existência de rateios excedentários, o permita.
3. Caso não tenha sido transmitido a outrem, o direito de preferência na
subscrição de novas acções caduca quando o seu titular o não exerça
tempestivamente, podendo, nesse caso, as acções não subscritas ser
sorteadas entre todos os accionistas.
4. O disposto no número anterior é igualmente aplicável ao direito de
preferência transmitido.
5. Existindo várias categorias de acções, todos os accionistas têm igual
direito de preferência na subscrição das novas acções, quer estas sejam
ordinárias quer sejam de uma qualquer categoria especial, mas se as
Artigo 542º
(Aviso e prazo para exercício do direito de preferência)
1. Sem prejuízo do disposto no artigo 192º, os accionistas devem ser
avisados do prazo e das condições para o exercício do direito de
preferência, por meio de anúncio, e se as acções forem nominativas,
devem os preferentes ser avisados por escrito.
2. O prazo referido no número anterior não pode ser inferior a 15 dias,
contados da data em que a comunicação se considera efectuada.
Artigo 543º
(Limitação e supressão do direito de preferência)
1. O direito de preferência na subscrição de novas acções não pode ser
limitado nem suprimido, a não ser nos termos dos números seguintes.
2. A assembleia geral que delibere um aumento do capital social pode limitar
ou suprimir o direito de preferência dos accionistas nesse aumento, desde
que o interesse social o justifique, podendo, ainda, limitar ou suprimir
esse direito para aumentos de capital deliberados ou a deliberar pelo órgão
de administração nos termos do artigo 539º.
3. Se a proposta de limitação ou supressão do direito de preferência for
apresentada pelo órgão de administração, deve ser acompanhada de um
relatório escrito apresentando as razões que a justificam e indicando o
modo de atribuição das novas acções, as condições de liberação, o preço
da emissão e os critérios utilizados para a determinação do preço.
Artigo 544º
(Subscrição indirecta)
1. A assembleia geral que delibere o aumento do capital social pode também
deliberar que as acções correspondentes ao aumento sejam subscritas por
uma instituição financeira que assuma a obrigação de as oferecer aos
Artigo 545º
Artigo 546º
(Redução do capital social por extinção de acções próprias)
1. A assembleia geral pode deliberar que o capital da sociedade seja reduzido
por meio de extinção de acções próprias, nos termos do disposto no
número 4 do artigo 440º.
CAPÍTULO X
DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE
Artigo 547º
(Dissolução)
1. A deliberação de dissolução da sociedade deve ser aprovada nos termos
previstos nos números 2 e 3 do artigo 466º e nos números 3, 4 e 5 do
artigo 468º, se o contrato social não estabelecer maioria ou requisitos mais
exigentes.
2. A simples vontade dos accionistas, quando não seja manifestada na
deliberação prevista no número anterior, não constitui causa de
dissolução da sociedade.
CAPÍTULO XI
SOCIEDADE UNIPESSOAL ANÓNIMA
Artigo 548º
(Unipessoalidade originária)
1. O Estado e as entidades a ele equiparadas podem constituir sociedades
anónimas de cujas acções sejam inicialmente os únicos titulares.
2. Podem também constituir sociedades de cujas acções sejam inicialmente
as únicas titulares, as sociedades anónimas de direito angolano que não
sejam elas próprias sociedades unipessoais e as sociedades estrangeiras
autorizadas a exercer actividades em Angola, no termos previstos no artigo
147º deste Código.
Artigo 550º
(Firma)
A firma da sociedade unipessoal anónima deve incluir a expressão “sociedade
unipessoal” ou a abreviatura “SU” antes da abreviatura S.A.
Artigo 551º
(Disposições subsidiárias)
Às sociedades unipessoais anónimas aplica-se, com as necessárias
adaptações, o disposto nos artigos 384º a 388º e ainda as normas que regulam
as sociedades anónimas, salvo as que pressupõem a plural.
TÍTULO IV
SOCIEDADES COLIGADAS
CAPÍTULO I
Disposições gerais
Artigo 552º
(Âmbito de aplicação)
Artigo 553º
(Noção)
Secção I
Artigo 554º
(Noção)
Artigo 555º
(Dever de comunicação)
Artigo 556º
(Noção)
Artigo 557º
(Dever de comunicação)
CAPÍTULO III
Secção I
Disposições Gerais
Artigo 558º
(Noção)
(Dever de comunicação)
Artigo 560º
(Proibição de aquisições)
Artigo 561º
Artigo 562º
Artigo 563º
Grupos de Facto
Artigo 564º
Responsabilidade da sociedade dominante
1. A sociedade dominante deve promover a realização do objecto social da
sociedade dominada, sendo responsável para com os restantes sócios
desta e seus trabalhadores pelo cumprimento deste dever.
2. A sociedade dominante que use o poder de domínio de maneira a
prejudicar a sociedade ou os outros sócios responde pelos danos causados
àquela ou a estes.
3. Constituem, nomeadamente, fundamento do dever de indemnizar:
a) Impedir a sociedade dominada de realizar o seu objecto;
b) Fazer eleger administrador ou membro do conselho fiscal ou fiscal
único que se sabe inapto, moral ou tecnicamente;
c) Fazer aprovar deliberações com o consciente propósito de obter para
si ou para terceiro vantagem indevida em prejuízo da sociedade, de
outros sócios ou de credores daquela;
d) Promover alterações do contrato de sociedade ou a liquidação, fusão,
cisão ou transformação da sociedade dominada, em prejuízo dos
demais sócios e seus trabalhadores;
e) Adoptar medidas e tomar decisões que lesem os interesses da
sociedade dominada ou causem prejuízos a esta ou aos seus sócios
minoritários ou trabalhadores;
f) Induzir membros dos órgãos de administração ou de fiscalização da
participada a praticar actos ilegais ou contrários aos seus
estatutários;
g) Celebrar, directamente ou por interposta pessoa, qualquer negócio
com a sociedade dominada, que implique para esta a promessa ou a
concessão de benefícios excessivos ou injustificados a outrem;
h) Aprovar ou fazer aprovar contas irregulares da sociedade dominada.
4. Qualquer sócio da sociedade dominada pode impugnar os actos
irregulares a que se refere o número anterior, e propor a respectiva acção
de indemnização.
5. O administrador, mandatário, membro do conselho fiscal ou fiscal único
que pratique, celebre ou não impeça, podendo fazê-lo, a prática ou a
Artigo 565º
Artigo 566º
(Tipos)
Artigo 567º
(Regime do contrato)
Subsecção I
Artigo 568º
(Direcção Comum)
Artigo 569º
(Concorrência)
Artigo 571º
Artigo 572º
Artigo 573º
(Garantia de lucros)
Artigo 574º
(Deveres e responsabilidades)
Artigo 575º
Artigo 576º
Artigo 577º
(Conteúdo do relatório)
1. O relatório consolidado deve conter, pelo menos, uma exposição fiel e clara
sobre a evolução dos negócios, do desempenho e da posição das
sociedades compreendidas na consolidação, consideradas no seu
conjunto, bem como uma descrição dos principais riscos e incertezas com
que se defrontam.
2. A exposição prevista no número anterior deve incluir uma análise
equilibrada e global da evolução dos negócios, do desempenho e da
posição das sociedades compreendidas na consolidação, consideradas no
seu conjunto, conforme com a dimensão e complexidade da sua
actividade.
3. Na medida do necessário para a compreensão da evolução do desempenho
ou da posição das referidas sociedades, a análise prevista no número
anterior deve abranger tanto os aspectos financeiros como, quando
Artigo 578º
TÍTULO V
DISPOSIÇÕES PENAIS
Artigo 579º
1. O administrador de uma sociedade que omitir ou, por qualquer forma, fizer
com que outrem omita actos necessários à realização de entradas de
capital será punido com multa de 30 a 90 dias.
2. Se a omissão tiver por fim específico causar dano material ou moral a
algum sócio, à sociedade ou a terceiro, a multa será de 60 a 120 dias.
Artigo 580º
Artigo 581º
Artigo 583º
Artigo 585º
Artigo 586º
1. Todo aquele que, por qualquer modo, impedir algum sócio ou outra pessoa
com legitimidade para o fazer, de participar em assembleias gerais de sócios
ou de obrigacionistas, regularmente convocadas e constituídas, de a elas
Artigo 587º
(Participação fraudulenta em assembleia)
Artigo 588º
Artigo 589º
(Informações falsas)
Artigo 590º
Artigo 591º
Artigo 592º
Artigo 593º
Artigo 594º
Artigo 595º
Artigo 596º
Artigo 597º
Artigo 598º
(Disposições comuns)
COOPERATIVAS
TÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
ARTIGO 600º
(Noção)
ARTIGO 601º
(Graus de cooperativas)
ARTIGO 603º
(Direito subsidiário)
ARTIGO 604º
(Princípios Cooperativos)
ARTIGO 605º
ARTIGO 606º
(Responsabilidades)
ARTIGO 607º
TÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
CAPÍTULO I
Artigo 608º
(Definição)
Artigo 609º
(Liberdade de língua)
Artigo 611º
Artigo 612º
CAPÍTULO II
Regime Geral
Artigo 613º
(Solidariedade nas obrigações comerciais)
1. Nas obrigações comerciais, os devedores respondem solidariamente, salvo
disposição em contrário.
2. O disposto no número anterior não é aplicável aos co-obrigados em relação
aos quais as obrigações assumidas não forem mercantis.
3. Sempre que a lei estabelecer a natureza solidária da obrigação, ela não
pode ser excluída por estipulação das partes.
Artigo 614º
(Solidariedade imprópria da fiança comercial)
O fiador de uma obrigação comercial, ainda que não seja comerciante, não
pode invocar o benefício da excussão regulado pelo Código Civil, em matéria
de caso julgado, nas relações entre o credor e o fiador.
Artigo 615º
(Obrigação de Juros)
1. Há lugar ao pagamento de juros em todos os actos comerciais, sempre que
isso resulte da estipulação das partes, da presente lei ou de outra
legislação comercial.
Artigo 616º
(Direito supletivo)
Em tudo o que não estiver especialmente regulado para cada tipo de contrato, são
supletivamente aplicáveis aos contratos comerciais, as disposições sobre contratos da
mesma natureza.
Artigo 617º
(Lei aplicável)
Artigo 618º
(Jurisdição)
Artigo 619º
(Formas de cessação)
(Mútuo acordo)
O acordo pelo qual as partes decidem pôr termo à relação contratual deve
obedecer à forma adoptada para a celebração do contrato.
Artigo 621º
(Caducidade)
Os contratos caducam:
Artigo 622º
(Duração do contrato)
Artigo 623º
(Denúncia)
Artigo 624.º
(Falta de pré-aviso)
Artigo 625.º
(Resolução)
1. O contrato pode ser resolvido por qualquer das partes nos seguintes casos:
a) Se a outra parte faltar ao cumprimento das suas obrigações, quando,
pela gravidade ou reiteração dos incumprimentos, não seja exigível a
subsistência do vínculo contratual;
b) Se ocorrerem circunstâncias que tornem impossível ou prejudiquem
gravemente a realização do objecto contratual, em termos de não ser
exigível que o contrato se mantenha até expirar o prazo convencionado
ou imposto em caso de denúncia.
2. A resolução do contrato é feita através de notificação escrita à outra parte,
no prazo de um mês após o conhecimento dos factos que a justificam,
devendo indicar as razões em que se fundamenta.
Artigo 626.º
(Indemnização)
CAPÍTULO I
(Disposições Gerais)
Artigo 627º
(Âmbito)
(Aceitação)
Artigo 629º
Artigo 630º
(Cláusulas prevalentes)
Artigo 631º
Artigo 632º
(Interpretação e integração)
Artigo 633º
(Cláusulas ambíguas)
Secção I
Disposições Comuns
Artigo 634º
(Princípio Geral)
Secção II
Relações entre comerciantes e/ou entidades equiparadas
Artigo 635º
Artigo 636º
Artigo 637º
Secção III
Relações com os consumidores finais
Artigo 638º
Artigo 639º
(Cláusulas absolutamente proibidas)
Para além das constantes na secção anterior, são, ainda, proibidas em absoluto,
nomeadamente as cláusulas que:
a) Limitem ou, por qualquer forma, alterem as obrigações assumidas na
contratação directamente por quem as proponha ou pelo seu
representante;
b) Confiram a quem as proponha a faculdade exclusiva de verificar e
estabelecer a qualidade das coisas e serviços fornecidos;
Artigo 640º
Secção IV
Consequências da utilização de cláusulas proibidas
Artigo 641º
Artigo 642º
Artigo 643º
(Declaração de nulidade)
As nulidades previstas neste Título são invocáveis nos termos gerais.
Artigo 644º
(Acção inibitória)
As cláusulas contratuais gerais, elaboradas para utilização futura, que violem
o disposto nos artigos 634º, 636º e 637º, 639º e 640º podem ser proibidas por
decisão judicial, independentemente da sua efectiva inclusão em contratos.
Artigo 645º
(Legitimidade activa)
1. A acção destinada a obter a condenação na abstenção da utilização de
cláusulas contratuais gerais que violem o presente Título só pode ser
intentada:
a) Por associações de defesa do consumidor, reconhecidas e
representativas;
b) Por associações sindicais, profissionais ou de interesses económicos
legalmente constituídas, actuando no âmbito das suas atribuições;
c) Pelo Ministério Público, oficiosamente ou a solicitação fundamentada de
qualquer interessado.
2. As entidades referidas no número anterior actuam no processo em nome
próprio, embora façam valer um direito que pertence, em conjunto, aos
consumidores susceptíveis de vir a ser atingidos pelas cláusulas cuja
proibição é solicitada.
Artigo 646º
(Legitimidade passiva)
1. A acção inibitória pode ser intentada:
a) Contra quem proponha contratos que incluam cláusulas contratuais
gerais proibidas ou aceite propostas feitas nos seus termos;
b) Contra quem, independentemente de as propor ou utilizar, as
recomende a terceiros.
Artigo 647º
(Tribunal competente)
Artigo 648º
Artigo 649º
(Proibição provisória)
Artigo 651º
Artigo 652º
Artigo 653º
Artigo 654º
(Serviço de registo)
NORMAS DE CONFLITOS
Artigo 655º
Artigo 656º
(Direito ressalvado)
Capítulo I
Mandato Comercial
Secção I
Disposições Gerais
Artigo 657º
(Definição)
1. Ocorre o mandato comercial quando algum empresário encarrega outrem
de praticar um ou mais actos de comércio.
2. Embora possa conter poderes gerais, o mandato comercial só pode
autorizar actos não mercantis por declaração expressa.
Artigo 658º
(Remuneração do mandatário)
1. O mandato comercial não se presume gratuito, tendo todo o mandatário
direito a uma remuneração pelo seu trabalho.
2. A remuneração será regulada por acordo entre as partes e, não o havendo,
pelos usos do local onde for executado o mandato.
Artigo 659º
(Recusa do mandato)
1. Se o comerciante não quiser aceitar o mandato comercial que lhe é
proposto por outro comerciante com quem mantém relações comerciais,
deve comunica-lo, de imediato, ao mandante, ficando, contudo, obrigado a
praticar as diligências que se revelem necessárias para a conservação de
quaisquer mercadorias que lhe tenham sido remetidas ou de quaisquer
direitos que necessitem de ser salvaguardados, até que o mandante tome
as necessárias providências.
2. No caso referido no número anterior, o mandatário tem direito a ser
remunerado pelas diligências que pratique, nos termos do artigo anterior.
3. Se o mandante nada disser após a comunicação a que se refere o número
1, o mandatário a quem tenham sido remetidas as mercadorias ou
confiados direitos pode:
Artigo 660º
(Extensão do mandato)
O mandato comercial que contiver instruções especiais para certas
particularidades do negócio, presume-se amplo para as outras; e aquele que
só tiver poderes para um determinado negócio compreende todos os actos
necessários à sua execução, ainda que não expressamente indicados.
Artigo 661º
(Mercadorias danificadas)
1. Se as mercadorias que o mandatário receber por conta do mandante
apresentarem sinais visíveis de danificações, sofridas durante o
transporte, deve o mandatário praticar todos os actos necessários à
salvaguarda dos direitos do mandante, sob pena de ficar responsável pelas
mercadorias recebidas, tal como constar dos respectivos documentos.
2. Se as deteriorações forem tais que exijam providências urgentes, o
mandatário poderá fazer vender as mercadorias, em estabelecimento
apropriado ou em hasta pública, avisando imediatamente o mandante.
Artigo 662º
(Responsabilidade pelas mercadorias)
1. O mandatário é responsável, durante a guarda e conservação das
mercadorias do mandante, pelos prejuízos não resultantes do decurso do
tempo, caso fortuito, força maior ou vício inerente à natureza das coisas.
2. O mandatário deve segurar as mercadorias do mandante, contra os riscos
comuns do tipo de negócio, ficando este obrigado a satisfazer os
respectivos prémios e demais despesas, apenas deixando de ser
responsável pela falta e continuação do seguro se tiver recebido ordens
expressas do mandante para não os efectuar ou se este recusar a remessa
de fundos para efectuar os pagamentos devidos.
Artigo 664º
(Cumprimento do mandato)
1. O mandatário que não cumprir o mandato em conformidade com as
instruções recebidas e, na falta ou insuficiência delas, com os usos do
comércio, responde por perdas e danos que ocorram.
2. O mandatário é obrigado a participar ao mandante todos os factos que
possam levá-lo a modificar ou revogar o mandato.
Artigo 665º
(Presunção da ratificação do negócio)
O mandatário deve, sem demora, avisar o mandante da execução do mandato
e, quando este não responder imediatamente, presume-se ratificar o negócio,
ainda que o mandatário tenha excedido os poderes do mandato.
Artigo 666º
(Responsabilidade por quantias não entregues)
Artigo 667º
Artigo 668º
(Obrigações do mandante)
1. Salvo convenção em contrário, o mandante é obrigado a fornecer ao
mandatário todos os meios necessários à execução do mandato.
2. Não é obrigatório o desempenho do mandato que exija provisão de fundos,
ainda que tenha sido aceite, enquanto o mandante não puser à disposição
do mandatário as importâncias que lhe forem necessárias.
3. Se os fundos remetidos pelo mandante forem insuficientes para o
mandatário executar o mandato, este pode suspender as suas diligências.
4. Estipulada a antecipação de fundos por parte do mandatário, fica este
obrigado a supri-los, excepto no caso de cessação de pagamentos ou
falência do mandante.
5. No caso referido no número anterior, o mandante é obrigado a pagar ao
mandatário juros das quantias devidas ao mandatário, a contar do dia em
que as devia ter entregue ou expedido.
Artigo 669º
(Pluralidade de mandatários)
1. Sendo várias pessoas encarregadas do mesmo mandato, sem declaração
de deverem operar conjuntamente, presume-se deverem operar uma na
falta de outra, pela ordem de nomeação.
2. Se houver declaração de operarem conjuntamente, e se o mandato não for
aceite por todas, as que o aceitarem ficam obrigadas a cumpri-lo, se
constituírem maioria.
Artigo 670º
(Revogação e renúncia não justificadas do mandato)
A revogação e renúncia do mandato, não justificadas, dão causa, na falta de
pena convencional, a indemnização de perdas e danos.
Artigo 672º
(Privilégios creditórios do mandatário)
CAPÍTULO II
SECÇÃO I
Disposições Gerais
Artigo 673º
(Noção)
1. São consideradas comerciais:
a) As compras de coisas móveis, para revenda ou locação;
b) As compras, para revenda, de quaisquer títulos de crédito negociáveis;
Artigo 674º
O contrato de compra e venda mercantil de coisa móvel pode ser feito, ainda
que directamente, para pessoas que sejam nomeadas posteriormente, nos
termos do Código Civil.
Artigo 675º
Artigo 677º
O vendedor que que obriga a entregar a coisa vendida antes de lhe ser pago o
seu preço, considera-se aquele exonerado dessa obrigação se o comprador
falir antes da entrega, salvo se houver prestação de caução ao respectivo
pagamento.
Artigo 678º
Artigo 679º
1. Se o prazo para a entrega das coisas vendidas não for convencionado, deve
o vendedor pô-las à disposição do comprador nos 3 (três) dias úteis
seguintes ao contrato, se elas tiverem sido compradas e pagas à vista.
2. Se a venda das coisas não se fizer à vista e o prazo para entrega não for
convencionado, poderá o comprador fazê-lo fixar judicialmente.
3. No momento da entrega, o vendedor deve entregar ao comprador todos os
documentos legalmente exigíveis ou necessários para que as coisas
vendidas possam ser imediatamente utilizadas, e, se for caso disso, na
língua acordada ou, se não a houver, em português.
Artigo 680º
Artigo 681º
Artigo 682º
(Usos)
1. Nos contratos celebrados entre empresários comerciais no exercício do seu
comércio, as partes ficam vinculadas pelos usos em que consentirem e
pelas práticas que, entre elas, estabelecerem.
2. Salvo convenção em contrário, entende-se que as partes consideram
aplicáveis ao contrato todo e qualquer uso de que tenham ou devessem ter
conhecimento.
3. Para os efeitos do número anterior, considera-se uso qualquer prática ou
modo de actuação que, sendo regularmente observado em certo lugar ou
determinada actividade, seja de molde a justificar a expectativa de que
será observado no contrato em questão.
SECÇÃO II
Artigo 684º
(Riscos de evicção)
Artigo 685º
CAPÍTULO III
FORNECIMENTO
Artigo 687º
(Noção)
Artigo 688º
Artigo 690º
Artigo 691º
(Resolução do contrato)
Artigo 692º
(Suspensão do fornecimento)
Artigo 693º
(Pacto de preferência)
1. A convenção pela qual o fornecido assume a obrigação de dar preferência
ao fornecedor, na celebração de um novo contrato de fornecimento com o
mesmo objecto, não pode celebrar-se por mais de cinco anos, ficando
reduzida a esse limite quando estipulada por tempo superior.
2. No decurso do contrato, o fornecido é obrigado a comunicar ao fornecedor
as condições mais favoráveis que eventualmente lhe sejam propostas por
terceiro, ficando o fornecedor obrigado a declarar, sob pena de caducidade
do contrato, no prazo estabelecido ou, na sua falta, no mais curto prazo
possível, se pretende exercer o seu direito de preferência.
Artigo 694º
(Denúncia)
Artigo 696º
(Remissão)
CAPÍTULO IV
Artigo 699º
(Obrigações do destinatário dos serviços)
O destinatário dos serviços assume, entre outras, as seguintes obrigações:
a) Disponibilizar os locais, as instalações e os equipamentos necessários,
que sejam de sua responsabilidade, conforme a natureza dos serviços a
serem prestados;
b) Pagar pontualmente o preço dos serviços;
c) Sempre que se justifique, emitir certificado de conclusão dos serviços
ou documento equivalente;
d) Acompanhar a prestação dos serviços.
Secção III
Remuneração
Artigo 700º
(Adiantamento das despesas)
Salvo estipulação em contrário, o destinatário dos serviços pode proceder ao
pagamento adiantado das despesas necessárias à prestação dos serviços.
Secção IV
Cessação do Contrato
Artigo 702º
(Formas de cessação do contrato)
1. O contrato de prestação de serviços mercantis pode cessar por:
a) Mútuo acordo das partes;
b) Caducidade, findo o prazo estipulado ou realizado o seu objecto;
c) Denúncia, nos termos dos artigos seguintes; e
d) Resolução,
2. Sem prejuízo do disposto nos artigos seguintes, é aplicável à cessação do
contrato de prestação de serviços mercantis o disposto nos artigos 619º a
626º.
Artigo 703º
(Caducidade)
Artigo 704º
(Denúncia)
1. Ainda que não se tenha estipulado prazo para o contrato ou quando este
seja por tempo indeterminado, é lícito às partes denunciar o contrato,
mediante pré-aviso com a antecedência mínima de 30 (trinta) dias de
calendário, se a remuneração for paga mensalmente.
2. Salvo legislação especial, é lícita a cláusula que estabeleça prazo de pré-
aviso superior a trinta dias, bem como a que estabeleça o valor da
Artigo 705º
Artigo 706º
Artigo 707º
(Fixação do prazo)
(Resolução)
CAPÍTULO V
CONTA CORRENTE
Artigo 709º
(Noção)
1. O contrato de conta corrente é o contrato pelo qual as partes se obrigam a
anotar, a débito e a crédito, os valores derivados das entregas reciprocas,
considerando-se inexigíveis e indisponíveis até ao encerramento da conta.
2. O saldo da conta só é exigível no prazo estipulado.
3. Se, no fim do prazo estipulado, não for pedido o pagamento, considera-se
o contrato renovado por tempo indeterminado e o saldo será tido como a
primeira entrega da nova conta.
Artigo 710º
(Créditos excluídos)
Artigo 711º
Artigo 713º
(Eficácia da garantia dos créditos inscritos)
1. Se o crédito inscrito na conta tiver uma garantia real ou pessoal, o
correntista tem direito a executar a garantia para o saldo existente a seu
favor no encerramento da conta, até ao limite do crédito garantido.
2. O disposto no número anterior é aplicável aos créditos relativamente aos
quais existe um co-obrigado solidário.
Artigo 714º
(Créditos contra terceiros)
1. Salvo convenção em contrário entre as partes, a inclusão na conta de um
crédito contra um terceiro presume-se feita com a cláusula “salva boa
cobrança”.
2. Se o crédito não for satisfeito, a contraparte tem o direito de, em
alternativa, accionar o terceiro devedor ou eliminar a parcela da respectiva
conta, reintegrando na sua razão a entrega que tenha efectuado.
3. A parcela pode ser eliminada mesmo depois de a contraparte ter
accionado sem sucesso o terceiro devedor.
Artigo 715º
(Penhora do saldo)
1. Se o credor de um contraente tiver penhorado o eventual saldo da conta
respeitante ao seu devedor, o outro contraente não pode, com novas
entregas, prejudicar o credor.
2. Para efeitos do disposto no número anterior, não se consideram novas
entregas as efectuadas no seguimento de direitos nascidos antes da
penhora.
Artigo 716º
Artigo 717º
(Aprovação da conta)
Artigo 718º
(Cessação do contrato)
Artigo 719º
(Objecto das operações de bolsa)
1. Podem ser objecto das operações de bolsa:
a) Os fundos públicos, nacionais ou estrangeiros;
b) As letras, livranças, cheques, acções e obrigações de sociedades
comerciais e toda a espécie de valores comerciais procedentes de
pessoas com capacidade legal para contratar;
c) A venda de metais amoedados ou em barra e de pedras preciosas;
d) A venda de qualquer espécie de mercadorias;
e) Quaisquer valores mobiliários que, nos termos da lei, possam ser
objecto destas operações.
2. São considerados fundos públicos, para efeitos da alínea do número 1
deste artigo:
a) Os emitidos pelos Governos ou órgãos administrativos, nacionais ou
estrangeiros;
b) Os emitidos com garantia do governo ou dos órgãos administrativos
nacionais por estabelecimentos públicos ou por empresas privadas.
Artigo 720º
Artigo 721º
(Natureza comercial)
Artigo 722º
CAPÍTULO VIII
SEGURO
Artigo 723º
(Sujeitos do contrato)
Artigo 725º
Artigo 726º
(Vigência e formação do contrato)
1. O contrato de seguro produz efeitos a partir da data da sua celebração.
2. As partes podem, no entanto, condicionar o início da sua vigência ao
pagamento do prémio, subscrição da apólice ou a quaisquer outros factos.
3. No caso de seguros individuais em que o tomador seja uma pessoa
singular, e sem prejuízo de poder ser convencionado outro prazo, o
contrato considera-se celebrado, nos termos propostos, 15 dias após a
recepção da proposta de seguro sem que a seguradora tenha notificado o
proponente da recusa ou da necessidade de recolher esclarecimentos
essenciais à avaliação do risco, nomeadamente exame médico ou
apreciação local do risco ou da coisa segura.
Artigo 727º
(Obrigações da seguradora)
Artigo 728º
(Prescrição)
Artigo 729º
(Caducidade)
Artigo 730º
CAPÍTULO IX
EMPRÉSTIMO
Artigo 731º
Para que o contrato de empréstimo seja havido por comercial é necessário que
a coisa cedida seja destinada a qualquer acto mercantil.
Artigo 732º
(Carácter oneroso)
Artigo 733º
(Prova)
O empréstimo mercantil entre comerciantes admite, seja qual for o seu valor,
todo o género de prova.
DEPÓSITO
Secção I
Disposições Gerais
Artigo 734º
1. Depósito é o contrato pelo qual uma pessoa entrega a outra uma coisa,
móvel ou imóvel, para que a guarde e restitua quando for exigido.
2. Para que o depósito seja considerado mercantil é necessário que integre
géneros ou mercadorias destinados ao exercício da actividade comercial.
Artigo 735º
(Remuneração do depósito)
Artigo 736º
Artigo 737º
Artigo 738º
Secção II
Artigo 739º
(Noção)
Artigo 740º
Artigo 741º
(Direitos do depositante)
Artigo 742º
Artigo 743º
Artigo 745º
Artigo 746º
(Oneração dos títulos)
A venda por falta de pagamento não se suspende nos casos referidos nos dois
artigos anteriores, sendo, porém depositado o respectivo preço até decisão
final.
CAPÍTULO XI
REPORTE
Artigo 748º
(Noção e forma)
Artigo 749º
Artigo 750º
(Direito de opção)
Artigo 752º
Artigo 753º
Artigo 754º
(Incumprimento)
CAPÍTULO XI
TROCA
Artigo 756º
CAPÍTULO XII
LOCAÇÃO
Artigo 757º
A locação é mercantil quando a coisa tiver sido adquirida para se locar o seu
uso.
CAPÍTULO XIII
TRANSPORTE
Secção I
Disposições Gerais
Artigo 759º
(Noção)
Artigo 760º
(Regime)
Artigo 761º
(Obrigações do transportador)
Artigo 762º
(Direitos do transportador)
a) Organizar a sua actividade, nos termos da lei, da forma que melhor lhe
convier;
b) Dar instruções ao passageiro, expedidor ou destinatário sobre o
transporte, desde que conformes com a lei;
Secção II
Transporte de Pessoas
Artigo 763º
(Duração do transporte)
Artigo 764º
(Responsabilidade do transportador)
Artigo 765º
(Transporte cumulativo)
Secção III
Transporte de Bens
Artigo 766º
(Duração do transporte)
Artigo 767º
Artigo 768º
(Documentos de transporte)
Artigo 769º
Artigo 770º
Artigo 771º
Artigo 772º
(Direitos do destinatário)
Artigo 773º
(Impedimento de entrega)
Artigo 775º
Artigo 776º
Artigo 778º
(Diminuição natural)
Artigo 779º
Artigo 780º
Artigo 781º
(Transporte cumulativo)
Artigo 783º
(Transportador subsequente)
Artigo 784º
(Cobrança de créditos)
Artigo 786º
TÍTULO IV
CAPÍTULO I
COMISSÃO
Secção I
Disposições Gerais
Artigo 787º
(Noção)
Artigo 788º
Revogação da comissão
Enquanto o negócio não for celebrado, o comitente pode, a todo o tempo,
revogar a ordem para a sua celebração, caso em que o comissário tem direito
ao reembolso das despesas efectuadas e a uma retribuição proporcional ao
serviço prestado.
Secção II
Artigo 789º
(Disposição geral)
Artigo 790º
(Obrigações do comissário)
1. O comissário é obrigado a:
a) Tomar todas as providências adequadas à protecção dos interesses do
comitente e a seguir as suas instruções;
b) A prestar ao comitente as informações pertinentes e, em particular, a
comunicar de imediato a execução da comissão;
c) A prestar contas ao comitente do negócio efectuado e a entregar-lhe os
resultados da operação.
2. O comissário fica directamente obrigado perante as pessoas com quem
contrata como se o negócio fosse seu, não tendo estas direito de acção
contra o comitente, nem este contra elas, ficando, porém, salvas as que
possam competir, entre si, ao comitente e ao comissário.
Artigo 792º
Artigo 793º
Artigo 794º
1. O comissário que vender por preço inferior ao indicado pelo comitente ou,
não o havendo, por preço inferior ao corrente, é responsável perante o
comitente pela diferença de preço, excepto se provar que a venda evitou ao
comitente um prejuízo maior e que as circunstâncias não lhe permitiram
cumprir as suas instruções.
2. Se o comissário comprar por preço superior ao que lhe tenha sido fixado
ou, na falta de fixação, por preço superior ao corrente, o comitente não é
obrigado a aceitar o negócio, excepto se o comissário concordar em receber
apenas o preço que aquele fixou ou o preço corrente.
3. Consistindo o incumprimento do comissário em não ser a coisa comprada
da qualidade recomendada, o comitente não é obrigado a aceitar o negócio.
4. O disposto nos números anteriores não prejudica o direito de o comitente
exigir uma indemnização pelos prejuízos resultantes do incumprimento da
comissão.
Artigo 795º
(Operações a crédito)
Artigo 797º
Artigo 798º
Artigo 799º
Artigo 800º
Artigo 802º
Artigo 803º
(Mora do comitente)
Artigo 804º
Retribuição
Artigo 805º
(Despesas)
Artigo 806º
(Direito de retenção)
Artigo 807º
CAPÍTULO II
CONTA EM PARTICIPAÇÃO
Artigo 808º
(Noção)
Artigo 809º
(Forma do contrato)
Artigo 810º
(Contribuição do Associado)
Artigo 811º
(Participação nas perdas e lucros)
1. O critério de determinação da participação do associado nos lucros ou nas
perdas é determinado no contrato.
2. Não estando fixado no contrato, mas estando contratualmente avaliadas as
contribuições do associante e do associado, a participação do associado
Artigo 812º
(Deveres do associante)
1. Para além de outros que resultem da lei ou do contrato, constituem
deveres do associante:
a) Gerir o negócio com a diligência de um gestor criterioso e ordenado;
b) Conservar as bases essenciais da associação, não podendo, sem o
consentimento do associado, fazer cessar ou suspender o
funcionamento da empresa, substituir o seu objecto ou alterar a forma
jurídica da sua exploração.
c) Não concorrer com a empresa com a qual foi celebrado o contrato de
conta em participação, sem o consentimento expresso do associado;
d) Prestar ao associado as informações justificadas pela natureza e objecto
do contrato;
e) Prestar contas do exercício da conta em participação.
2. O contrato pode estipular que determinados actos de gestão não devam ser
praticados pelo associante sem o prévio parecer ou consentimento do
associado.
3. O associado poderá ordenar auditorias anuais às contas do associante,
cujo custo, caso se prove a correcção dessas contas, será suportado pelo
associado.
Artigo 813º
(Pluralidade de associados)
1. Sendo várias as pessoas que se ligam numa só conta em participação, ao
mesmo associante, não se presume a solidariedade dos débitos e créditos
daquelas para com este.
2. O exercício dos direitos, nomeadamente de intervenção na administração,
de informação e de fiscalização, e o cumprimento dos deveres pelos vários
associados serão regulados no contrato. Na falta dessa regulamentação
esses direitos e deveres serão exercidos individual e independentemente
por cada um deles.
Artigo 814º
(Extinção da conta em participação)
Para além dos casos previstos expressamente na lei ou no contrato, a conta
em participação extingue-se nos seguintes casos:
a) Pela completa realização do seu objecto;
b) Pela impossibilidade de realização do seu objecto;
c) Pelo decurso do tempo convencionado, se o houver;
d) Pela morte ou extinção do associante ou do associado, nos termos do
disposto nos artigos seguintes;
e) Pela fusão do associante com o associado;
f) Pela vontade de qualquer dos contraentes nos termos do artigo 10º;
g) Pela falência ou insolvência do associante.
Artigo 815º
(Morte do associante ou do associado)
1. A morte do associante ou do associado não extingue a conta em
participação, mas será lícito ao contraente sobrevivo ou aos herdeiros do
Artigo 816º
(Extinção do associante ou do associado)
Salvo disposição em contrário no contrato, a conta em participação termina
pela dissolução do associante ou do associado.
Artigo 817º
(Resolução do Contrato)
1. Os contratos celebrados por tempo determinado, ou que tenham por
objecto operações determinadas, podem ser resolvidos antecipadamente
por qualquer das partes com fundamento em justa causa.
2. Resultando essa justa causa de facto culposo ou doloso de uma parte, a
outra parte poderá exigir indemnização pelos prejuízos sofridos com o
termo da conta em participação.
3. Os contratos cuja duração não seja determinada e cujo objecto não
consista em operações determinadas podem ser extintos por vontade de
uma das partes, em qualquer momento depois da celebração do contrato,
depois de decorridos 10 (dez) anos sobre a sua celebração.
4. A extinção do contrato nos termos do número 3 deste artigo não exonera
de responsabilidade quando o exercício do respectivo direito deva
considerar-se ilegítimo, nos termos do Código Civil.
CAPÍTULO III
CONSÓRCIO
Artigo 819º
(Noção)
1. Consórcio é o contrato pelo qual duas ou mais pessoas, singulares ou
colectivas, se obrigam entre si a, de forma concertada e temporária, realizar
certa actividade ou efectuar certa contribuição, com vista, nomeadamente,
a:
a) Realização de actos, materiais ou jurídicos, preparatórios de um
determinado empreendimento ou actividade.
b) Execução de determinado empreendimento ou actividade;
Artigo 820º
(Forma e conteúdo do contrato)
1. O Contrato de consórcio está sujeito a forma escrita, salvo se, entre os
membros do consórcio, houver lugar a transmissão de bens imóveis, caso
em que só é válido se for celebrado por escritura pública.
2. A falta de escritura pública só produz nulidade total do negócio quando
não forem aplicáveis as regras estabelecidas no Código Civil, de modo a que
a contribuição se converta no simples uso dos bens cuja transmissão exige
aquela forma.
3. Sem prejuízo de quaisquer normas imperativas aplicáveis, os termos e
condições do contrato serão livremente estabelecidos pelas partes.
Artigo 821º
(Modificações do contrato)
1. As modificações do contrato de consórcio requerem o acordo de todos os
contraentes, excepto se o próprio contrato o dispensar, estabelecendo
outras regras de deliberação.
2. As modificações devem seguir a forma utilizada para o contrato.
3. Salvo convenção em contrário, o contrato não é afectado pelas mudanças
de administração ou de sócios a que eventualmente haja lugar nos
membros quando estes sejam pessoas colectivas.
Artigo 823º
(Gestão do consórcio)
1. No contrato de consórcio, os membros podem constituir um órgão de
gestão, com a função de:
a) Organizar a cooperação entre as partes na realização do objecto do
consórcio e promover as medidas necessárias à execução do contrato;
a) Negociar quaisquer contratos a celebrar com terceiros, no âmbito do
consórcio;
b) Receber e dirigir a terceiros as declarações previstas nos contratos,
excepto quando envolvam modificação ou resolução dos contratos;
c) Receber de terceiros envolvidos nos contratos quaisquer importâncias
devidas aos membros do consórcio;
d) Efectuar a recepção ou expedição de mercadorias para os membros do
consórcio;
e) Abrir contas bancárias em nome do consórcio;
f) Contratar trabalhadores e consultores técnicos, económicos, jurídicos,
contabilísticos ou outros adequados às necessidades e remunerar esses
serviços.
2. Apenas por procuração especial podem ser conferidos ao órgão de gestão
poderes para a celebração, modificação ou celebração de contratos com
terceiros no âmbito do contrato de consórcio, bem como poderes para
representação em juízo e para transacção.
Artigo 824º
(Deveres dos membros do consórcio)
Além dos deveres gerais decorrentes da lei e do contrato, cabe, em especial, a
cada membro do consórcio:
a) Abster-se de concorrer com o consórcio, a não ser nos termos em que
isso lhe seja expressamente permitido;
b) Fornecer aos outros membros do consórcio e em especial ao chefe,
todas as informações que considere relevantes;
c) Permitir exames às actividades ou bens que, pelo contrato, esteja
obrigado a prestar a terceiros.
Artigo 825º
(Exoneração dos membros)
1. Qualquer dos membros do consórcio pode dele exonerar-se se:
a) Sem culpa, ficar impossibilitado de cumprir as obrigações ou de prestar
a totalidade ou parte das contribuições a que se obrigou;
b) Ocorrerem as circunstâncias previstas nas alíneas b) ou c) do número
dois do artigo seguinte relativamente a outro ou outros dos membros de
que resulte prejuízo grave e os outros membros não decidam resolver o
contrato quanto ao inadimplente.
2. No caso referido na alínea b) do número anterior, o membro que se exonere
do consórcio tem o direito de ser indemnizado, nos termos gerais, pelos
danos que decorram desse facto.
Artigo 826º
(Resolução do Contrato)
1. Ocorrendo justa causa, o contrato de consórcio pode ser resolvido quanto a
algum ou alguns dos seus membros, mediante declarações escritas
emanadas de todos os outros.
2. Considera-se justa causa para efeitos do número anterior:
a) A declaração de falência ou a homologação de concordata;
Artigo 827º
(Extinção do consórcio)
1. O consórcio extingue-se por:
a) acordo unânime dos seus membros;
b) realização do seu objecto ou pela impossibilidade da sua realização;
c) decurso do prazo fixado no contrato, se o houver, não havendo
prorrogação;
d) se extinguir a pluralidade dos seus membros;
e) qualquer outra causa prevista no contrato.
2. Não se verificando nenhuma das hipóteses previstas no número anterior, o
consórcio extinguir-se-á decorridos 10 (dez) anos sobre a data da sua
celebração, sem prejuízo de eventuais prorrogações expressas.
Artigo 828º
Artigo 830º
Artigo 832º
(Relações com terceiros)
1. Nas relações dos membros do consórcio externo com terceiros, não se
presume solidariedade activa ou passiva entre membros.
2. A estipulação, em contratos com terceiros, de multas ou outras cláusulas
penais a cargo de todos os membros do consórcio não faz presumir
solidariedade destes quanto a outras obrigações activas ou passivas.
3. A obrigação de indemnizar terceiros por facto constitutivo de
responsabilidade civil é restrita àquele dos membros do consórcio externo a
que por lei, essa responsabilidade for imputável, sem prejuízo das
disposições internas quanto à distribuição desse encargo.
Artigo 833º
CAPITULO IV
AGRUPAMENTO DE EMPRESAS
Artigo 834º
(Noção)
1. Por Agrupamento de Empresas entende-se a associação entre pessoas
singulares ou colectivas, sem prejuízo da sua personalidade jurídica, a fim
Artigo 835º
(Forma do Contrato)
1. O contrato constitutivo do Agrupamento de Empresas deve ser reduzido a
escrito e deve ser registado, estabelecendo, nomeadamente:
a) a firma;
b) o objecto;
c) a duração, quando limitada;
d) as contribuições dos agrupados e a constituição do capital;
e) os direitos e obrigações dos agrupados;
f) a administração e fiscalização;
g) a prorrogação, dissolução, liquidação e partilha;
h) a designação e destituição dos administradores;
i) a entrada e saída dos membros do agrupamento.
2. O contrato está sujeito às publicações exigidas por lei para a constituição
das sociedades.
3. As modificações do contrato só podem ser deliberadas por maioria não
inferior a três quartos do número de agrupados e obedecem às exigências
de forma e publicidade requeridas para a constituição do agrupamento.
4. O Agrupamento de Empresas adquire personalidade jurídica com a
inscrição do acto constitutivo no registo comercial.
5. O agrupamento é obrigado a fazer a sua inscrição fiscal.
Artigo 836º
(Firma)
1. A firma do Agrupamento poderá consistir numa denominação ou ser
formada pelos nomes ou firmas de todos os seus membros ou de, pelo
Artigo 837º
(Registo comercial)
Para efeitos de registo o agrupamento é equiparado às sociedades comerciais.
Artigo 838º
(Capacidade)
1. O agrupamento pode constituir um fundo comum para o pagamento das
despesas que resultem da sua actividade.
Artigo 839º
(Restrições)
A capacidade do agrupamento não compreende:
a) a aquisição do direito de propriedade ou de outros direitos reais
sobre coisas imóveis, salvo se o imóvel se destinar à instalação da
sua sede, delegação ou serviço próprio;
b) a participação em sociedades civis ou comerciais ou em outros
agrupamentos de empresas;
c) o exercício de cargos sociais em quaisquer sociedades, associações
ou agrupamentos de empresas.
(Administração)
1. A Administração é exercida por uma ou mais pessoas, nos termos
designados no contrato.
2. Compete à assembleia geral a nomeação e exoneração dos administradores
do agrupamento, bem como estabelecer as respectivas remunerações,
quando devidas.
3. É aplicável aos administradores estranhos ao agrupamento, ainda que
tenham sido nomeados no contrato, o disposto no presente Código para as
sociedades comerciais.
Artigo 841º
(Fiscalização)
Para fiscalizar a gestão e dar parecer sobre as contas, a assembleia geral deve
nomear uma ou mais pessoas, nos termos da legislação aplicável às
sociedades comerciais.
Artigo 842º
(Deliberações)
1. As deliberações dos sócios são tomadas à pluralidade de votos contando-se
um voto por cada sócio, salvo disposição em contrário do contrato.
2. A administração presta contas anualmente.
Artigo 843º
(Responsabilidade)
1. As empresas agrupadas respondem solidariamente pelas dívidas do
agrupamento.
2. Os credores do agrupamento não podem exigir das empresas agrupadas o
pagamento do seu crédito enquanto não estiverem excutidos os bens do
agrupamento.
Artigo 845º
Artigo 846º
(Exoneração de membros)
1. O membro do agrupamento pode exonerar-se:
a) nos termos autorizados no contrato;
b) quando se oponha a qualquer modificação importante introduzida no
agrupamento;
c) quando houver decorrido o prazo de, pelo menos, 10 (dez) anos desde a
sua admissão e estiverem cumpridas as obrigações por ele assumidas.
2. A exoneração produzirá efeito 30 (trinta) dias depois de notificação feita,
por escrito, à administração.
Artigo 847º
(Exclusão de membro)
A exclusão de qualquer membro é da competência da assembleia geral,
quando:
a) o agrupado deixar de exercer a actividade económica para a qual o
agrupamento serve de complemento;
b) for declarado falido ou insolvente;
Artigo 848º
(Liquidação)
A liquidação da parte do membro exonerado ou excluído e, ainda, a do
transmissário não admitido pelo agrupamento será feita de harmonia com o
disposto no Código Civil.
Artigo 849º
(Penalidades)
1. O agrupamento que exerça actividade acessória directamente lucrativa não
autorizada pelo contrato, ou que exerça, de modo principal, actividade
directamente lucrativa autorizada como acessória, fica ilimitadamente
responsável pelas obrigações que contrair.
2. Os administradores do agrupamento que se encontre nas circunstâncias
do número anterior serão punidos individualmente com multa, nos termos
que vierem a ser regulamentados, sem prejuízo da responsabilidade
solidária de todos os membros.
Artigo 850º
(Dissolução)
1. O agrupamento dissolve-se:
a) Nos termos definidos no contrato;
b) A requerimento de qualquer interessado, em caso de violação grave das
normas legais que disciplinam a actividade;
c) A requerimento do membro que houver respondido por obrigações do
agrupamento vencidas e em mora.
2. A morte, interdição, inabilitação, falência, insolvência, dissolução ou
vontade de um ou mais membros não determina a dissolução do
agrupamento, salvo disposição em contrário no contrato.
Artigo 852º
(Disposições supletivas)
Em tudo o que não estiver especialmente regulado no presente diploma, são
aplicáveis aos agrupamentos as disposições aplicáveis às sociedades
comerciais.
CAPITULO V
OUTROS CONTRATOS DE COOPERAÇÃO
Artigo 853º
(Outras formas de cooperação)
Para além dos previstos nos Capítulos anteriores, as pessoas singulares ou
colectivas poderão celebrar outros contratos de cooperação, nomeadamente as
associações em participação, para a realização em conjunto de um objecto
económico comum, nomeadamente nas seguintes áreas:
a) Distribuição e comercialização;
b) Produção;
c) Exploração de recursos naturais;
d) Investigação, tecnologia e assistência técnica;
e) Administração geral.
Artigo 854º
(Pressupostos)
A celebração dos contratos de cooperação deve assentar nos seguintes
pressupostos:
a) Igualdade entre as partes;
b) Inexistência de personalidade jurídica;
c) Participação de todas as partes no processo de tomada de decisões;
d) Tomada de decisões por unanimidade;
Artigo 855º
(Conteúdo do contrato)
Os contratos de cooperação devem conter disposições que consagrem a boa fé
e o espírito de confiança entre as partes e estabeleçam, nomeadamente:
a) Uma definição precisa do objecto do contrato;
b) A correcta estipulação dos direitos e obrigações das partes;
c) A criação de uma organização, mais ou menos complexa, de acordo com
as necessidades, e que integre, pelo menos, um órgão deliberativo e um
órgão executivo;
d) A forma de resolução de conflitos.
Artigo 856º
(Forma do Contrato)
Os contratos de cooperação entre empresas estão sujeitos a forma escrita,
salvo se, houver lugar à transmissão de bens imóveis, caso em que só será
válido se for celebrado por escritura pública.
CAPÍTULO I
CONTRATOS DE AGÊNCIA
Secção I
Disposições gerais
Artigo 857º
(Noção)
Artigo 858º
O agente só pode celebrar contratos em nome da outra parte se esta lhe tiver
conferido, por escrito, os necessários poderes.
Artigo 859º
(Forma do contrato)
Artigo 860º
Artigo 861º
(Cobrança de créditos)
Artigo 862º
(Exclusividade)
Artigo 863º
(Subagência)
Secção II
Obrigações e direitos das partes
Artigo 865º
(Obrigações do Agente)
Artigo 866º
(Obrigação de segredo)
Artigo 868º
(Garantia de cumprimento)
Artigo 869º
(Impossibilidade temporária)
Artigo 870º
(Direitos do Agente)
Artigo 871º
(Direito a aviso)
Artigo 872º
(Retribuição)
Artigo 873º
(Direito à comissão)
1. O agente tem direito a receber uma comissão pelos contratos que tenha
promovido bem como pelos contratos celebrados com clientes por si
angariados, desde que concluídos antes do termo da relação de agência.
2. Caso goze de um direito de exclusivo para uma zona geográfica ou um
círculo de clientes, o agente tem, igualmente, direito a receber uma
comissão por actos concluídos, durante a vigência do contrato, com
clientes pertencentes a essa zona ou círculo de clientes.
Artigo 874º
Artigo 875º
Artigo 877º
(Despesas)
Secção III
Protecção de terceiros
Artigo 878º
(Dever de informação)
Artigo 879º
(Representação aparente)
Secção IV
Cessação do contrato
Artigo 881º
(Formas de cessação)
Artigo 882º
(Caducidade)
Artigo 883º
(Falta de pré-aviso)
Artigo 884º
(Indemnização de clientela)
1. Sem prejuízo de qualquer outra indemnização a que haja lugar nos termos
das disposições anteriores, o agente tem direito, após a cessação do
contrato, a uma indemnização de clientela, desde que sejam preenchidos,
cumulativamente, os seguintes requisitos:
a) O agente tenha angariado novos clientes para a outra parte ou
aumentado substancialmente o volume de negócios com a clientela já
existente;
b) A outra parte venha a beneficiar consideravelmente, mesmo após a
cessação do contrato, da actividade desenvolvida pelo agente;
c) O agente deixe de receber qualquer retribuição por contratos
negociados ou concluídos, após a cessação do contrato, com os clientes
referidos na alínea a).
2. Em caso de morte do agente, a indemnização de clientela pode ser exigida
pelos respectivos herdeiros.
3. Não é devida indemnização de clientela se o contrato tiver cessado por
razões imputáveis ao agente ou se este, por acordo com a outra parte,
houver cedido a terceiro a sua posição contratual.
Artigo 885º
Artigo 886º
(Direito de retenção)
Artigo 887º
(Obrigação de restituir)
Disposições Gerais
Artigo 888º
(Noção)
Artigo 889º
(Tipos de franchising)
O franchising diz-se:
(Exclusividade)
Artigo 891º
(Sub-contratação)
Secção II
Direitos e Obrigações das partes
Artigo 892º
Artigo 893º
(Remuneração)
Artigo 894º
Artigo 896º
(Organização do negócio)
Secção III
Artigo 897º
(Normas aplicáveis)
(Direito supletivo)
CAPÍTULO III
CONTRATO DE CONCESSÃO COMERCIAL
Secção I
Disposições Gerais
Artigo 899º
Artigo 900º
Artigo 901º
(Exclusividade)
Secção II
Direitos e obrigações das partes
Artigo 902º
(Obrigações do concessionário)
Artigo 903º
(Pagamentos e deduções)
Artigo 904º
(Obrigações do concedente)
Artigo 905º
(Garantia de cumprimento)
1. Salvo convenção em contrário, o concessionário pode garantir, através de
convenção reduzida a escrito, o cumprimento das obrigações de terceiro,
desde que respeitantes a contrato por si negociado ou concluído.
Artigo 906º
(Instruções do concedente)
1. Salvo disposição em contrário, o concedente pode estabelecer as regras e
condições, incluindo prazos de pagamento, dos contratos a celebrar pelo
concessionário com terceiros para mercadorias que aquele forneça.
2. Caso o concessionário não respeite essas condições, o concessionário é
obrigado a cumpri-las para com o concedente, incluindo os prazos de
pagamento.
3. Se o concedente revogar algumas das instruções referidas no número 1, é
obrigado a reembolsar e indemnizar o concessionário palas despesas que
este haja efectuado, bem como pelos prejuízos sofridos.
4. Considera-se justificado que, no exercício das suas funções, o
concessionário exceda as instruções do comitente nos seguintes casos:
a) Quando os actos que pratique acarretem vantagens para o concedente;
b) Quando haja urgência na celebração do negócio.
5. Nos casos a que se refere o número anterior, considera-se sanado o
excesso em caso de ratificação do negócio pelo concedente.
Artigo 907º
(Direitos do Concessionário)
1. Constituem direitos do concessionário, nomeadamente:
a) Ser remunerado nos termos acordados, em regra uma percentagem
sobre o valor dos contratos que celebra;
b) Ser reembolsado das despesas que haja efectuado por motivo da
negociação, celebração e execução dos contratos;
c) Ser reembolsado e indemnizado no caso de os contratos por ele
celebrados não poderem ser realizados por motivo imputável ao
concedente.
2. Salvo convenção expressa em contrário, o concessionário pode fazer
negócio consigo próprio.
(Direito ao aviso)
Secção III
Cessação do contrato e disposições finais
Artigo 909º
(Normas aplicáveis)
Artigo 910º
(Direito supletivo)
TÍTULOS DE CRÉDITO
TÍTULO I
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
ARTIGO 911º
(Definição e requisitos)
d) o nome do devedor;
Artigo 912º
Artigo 913º
(Liberdade de emissão)
Artigo 914º
a) os títulos ao portador;
b) títulos à ordem;
c) títulos nominativos.
Artigo 915º
(Juros)
(Aquisição de títulos)
1. Não pode ser impugnada a aquisição dos títulos de crédito por terceiro de
boa fé efectuada em conformidade com as regras da sua circulação.
Artigo 917º
ARTIGO 918º
(Aval)
Artigo 920º
Artigo 921º
(Legislação aplicável)
Artigo 922º
(Definição e transmissão)
1. São títulos de crédito ao portador aqueles referidos pela lei como tal ou
em que, pelo texto ou pela sua forma, se depreende inequivocamente
que a prestação é devida ao seu portador, sem que a identidade do seu
titular se encontre revelada no título em causa.
CAPÍTULO III
Artigo 923º
(Definição e transmissão)
Artigo 924º
(Legítimo portador)
Artigo 926º
(Responsabilidade do endossante)
Artigo 927º
(Título em branco)
1. O título à ordem pode ser subscrito com alguns dos seus elementos
essenciais em branco, caso em que deve ser celebrado um acordo escrito
de preenchimento assinado pelo emitente e pelo portador.
(Nulidade do título)
CAPÍTULO IV
TÍTULOS DE CRÉDITO NOMINATIVOS
Artigo 929º
(Definição e transmissão)
Artigo 930º
(Endosso e averbamento)
CAPÍTULO I
Artigo 931º
(Legislação aplicável)
CAPÍTULO II
ACÇÕES E OBRIGAÇÕES
Artigo 932º
(Legislação aplicável)
CAPÍTULO III
SUBSECÇÃO I
Artigo 933º
(Regime geral)
2. Para valer como título de crédito, o extracto de factura deve conter, para
além do disposto no artigo 911º:
e) a assinatura do vendedor.
4. Uma vez emitido pelo vendedor, o extracto deve ser enviado para aceite ao
comprador, que aceita através da aposição da sua assinatura e devolve ao
primeiro no prazo de dez dias.
SUBSECÇÃO II
Certificados de depósito
ARTIGO 934º
(Regime geral)
b) o número do certificado;
SUBSECÇÃO III
Artigo 935º
Artigo 936º
(Levantamento antecipado)
Artigo 937º
(Levantamento parcial)
Artigo 938º
1. O portador de uma cautela de penhor que não paga até à data do seu
vencimento pode apresentá-la a protesto, nos mesmos termos das letras.
2. Decorridos dez dias depois do protesto referido no número anterior, pode o
portador proceder à venda do penhor, nos termos gerais de direito.
3. O endossante que pagar ao portador fica sub-rogado nos direitos deste, e
poderá fazer proceder à venda do penhor nos termos referidos.
Artigo 939º
Artigo 940º
Artigo 942º
O portador da cautela de penhor que não tenha feito o devido protesto ou que
não tenha procedido à venda dos géneros ou mercadorias no prazo legal perde
todo o direito contra os endossantes, mas conserva o direito de acção contra o
devedor.