“Professor” DIREITO COMERCIAL ORIGEM. O Direito Comercial surge na Idade Média com o desenvolvimento mercantil. O Prof. Belga, Van Ryn afirma que o domínio próprio do Direito Comercial é o conjunto de regras jurídicas relativas à actividade do homem aplicada à produção, à apropriação, à circulação e ao consumo das riquezas; NOÇÃO. É o sistema jurídico normativo que disciplina de modo especial os actos de comércio e actividades dos comerciantes. DIVISÃO. Terrestre, Marítimo e Aeronáutico CARACTERISTICAS. - Simplicidade: Menos formalista - Cosmopolitismo/ Internacionalidade - Onerosidade: Comerciante busca o lucro. - Elasticidade: Carácter mais renovador, Dinâmico. - Fragmentarismo FONTES DO DIREITO COMERCIAL Externas: Tratados e convenções internacionais (artigo 13 CRA) Internas: Leis Comerciais; Jurisprudência; Doutrina; Usos e costumes comerciais (artigo 1-4 CC). Podem ser: Secundum legem: Previstos em lei; Praeter legem: Na omissão da lei; Contra legem: Contra lei (cheque pré-datado) ACTOS COMERCIAIS NOÇÃO – art. 2º C.Com São aqueles actos que se acham especialmente regulados pelo código comercial, e todos os contratos e obrigações dos comerciantes que não forem de natureza exclusivamente civil, se o contrário do próprio acto não resultar. Critérios para definição do acto comercial (linhagem objectiva) • Finalidade especulativa; • Inter posição nas trocas ou na circulação das riquezas; • Existência de uma empresa. CATEGORIAS DE ACTOS COMERCIAIS (ALFREDO ROCCO) Actos constitutivos (ou pela sua natureza intrínsecas) 1.Actos de interposição na troca de mercadorias, dos títulos e dos prédios urbanos e rústicos (compra para revenda e ulterior revenda); 2. Actos de interposição na troca do dinheiro contra dinheiro a crédito (operações bancárias); 3. Actos de interposição na troca de trabalho (empresas); 4. Actos de interposição na troca de riscos (seguros). Actos por conexão ou acessórios 1. Actos directamente declarados comerciais pela lei, em virtude da sua conexão normal com negócios comerciais. 2. Actos cuja conexão com uma actividade comercial se presume (todos os actos praticados pelos comerciantes) 3. Actos cuja conexão como negócio comercial carece de ser demonstrada. CLASSIFICAÇÃO DOS ACTOS DE COMERCIAIS 1. Objectivos ou actos de comércio por força da lei: são todos aqueles regulados no Código Comercial a) Operações sobre títulos da dívida pública; b) Actos referentes às sociedades comerciais (Lei nº 1/04 de 13 de Fevereiro); c) Operações sobre letras de câmbio, notas promissórias, bilhetes de mercadorias, cheques, títulos emitidos armazéns gerais; (…) 2. Subjectivos ou actos de Comércio por natureza: Todos contratos e obrigações dos comerciantes, que não forem de natureza exclusivamente civil, se o contrário do próprio acto não resultar. ACTOS COMERCIAIS OBJECTIVOS Interpretação da 1ª parte do artigo 2º do C.com 1. Fiança – art. 101º C.com; 2. Empresas – art. 230º C.com; 3. Mandato – art. 231º C.com; 4. Conta corrente – art. 344º ss C.com; 5. Operações de bancos – art. 362º ss C.com; 6. Transporte – art. 366 ss C.com; 7. Penhor – art. 397º ss C.com; 8. Empréstimo – art. 394º ss C.com; 9. Deposito – art. 403º ss C.com; 10. Deposito de género e mercadoria em armazéns gerais – art. 408º ss C.com; 11. Compra e venda – art. 463º ss C.com; 12. Reporte – art. 477º ss C.com; 13. Escambo ou troca – art. 408º C.com; 14. Aluguer – art. 481º - 482º C.com; 15. Transmissão e reforma do título de crédito mercantil – art. 483º - 484º C.com; Obs - DOS ACTOS DE COMERCIO TEMOS AINDA: Actos de comércio autónomo: são os qualificados de mercantis por si mesmo. Actos de comércio acessórios: são os que devem a sua comercialidade ao facto de se ligarem a actos mercantis. Ex: Fiança – art. 101º; Mandato – art. 231º; Empréstimo – art. 394º C.com, etc. Actos bilateralmente comerciais: são actos cuja comercialidade se verifica em ambas as partes. Actos unilateralmente comerciais: são actos cuja comercialidade se verifica apenas em relação a uma das partes. O COMERCIANTE NOÇÃO Podem ser comerciantes as pessoas singulares que não estando impedidas legalmente de exercerem uma actividade mercantil por si ou por representante, faz desta, profissão. artº13.º C.Com. Sujeitos da relação jurídico – mercantil Comerciantes & Não comerciantes Art. 7º C.com. Obs: Os sujeitos podem ser pessoas singulares ou colectivas, com capacidade civil de exercício. Os actores determinantes no direito mercantil são os comerciantes. SUJEITOS LEGALMENTE Pessoas singulares: INIBIDOS não são DA PROFISSÃO comerciantes DE COMÉRCIO os agricultores, art 230.º pfo 1º, 1ª parte e pfo 2º - artº464.º nº 2 e 4; os artesãos, os profissionais liberais (advogados, médicos, contabilistas, jornalistas); trabalhadores autónomo(escritores, pintores, escultores e músicos, artº 230.º Pfo 3º do C.Com. Gerentes de determinadas sociedades comerciais (art. 253º C.com) Os sócios de sociedades em nome colectivo (art. 182º nº 1 LSC) Os gerentes nas sociedades por quotas (art. 287º LSC) Os administradores nas sociedades anónimas (art. 287º LSC) Os sócios comanditados (art. 287º LSC) Os magistrados judiciais (art. 179º nº 5 CRA) Pessoas colectivas: artº14.º C.Com. há proibição para certas pessoas colectivas, como associações e corporações. Assim: Associações de fim desinteressado ou altruístico; art. 14.º nº 1; Associações de fim desinteressado ou egoístico mas ideal: SUJEITOS DE QUALIFICAÇÃO DUVIDOSA Mandatários Comerciais: Os mandatários comerciais com representação não são comerciantes. Gerentes de Comércio, Caixeiros e Auxiliares de comerciante (art.248.º CCom) Comissários Comerciais (art.266.º C.Com); Mediadores: devem ser considerados comerciantes quando explorem uma empresa comercial que se enquadre no âmbito do art. 230.º nº 3. Corretores: Se forem sociedades comerciais, são comerciantes. Enquanto pessoas singulares há que distinguir aqueles que actuam com representação que não são comerciantes e os que actuam sem representação que serãocomerciantes. Gerentes Comerciais: são comerciantes porque exercem uma actividade de intermediação nas trocas; Sócios de sociedades de responsabilidade ilimitada;(…) OBRIGAÇÕES ESPECIAIS DOS COMERCIANTES – ART. 18 C.COM Os comerciantes são especialmente obrigados: 1- Adoptar uma firma; 2- Ter escrituração mercantil; 3- A fazer inscrever no registo comercial os actos a ele sujeitos; 4- A dar balanço e a prestar contas. O estatuto do comerciante Regime jurídico aplicável, artigo 100.º C.Com e212.º CC Os comerciantes possuem um estatuto que se traduz no seguinte: 1- Os actos dos comerciantes são considerados subjectivamente comerciais (art. 2º C.com, 2ª parte); 2- As dívidas comerciais dos comerciantes casados presumem-se contraídas no exercício do respectivo comercio. Art. 15º C.com; 3- A prova de certos factos em que intervêm comerciantes é facilitada. Art. 396º C.com. FIRMA E DENOMINAÇÃO NOÇÃO. FIRMA: Nome comercial através do qual, todo comerciante é designado no exercício do seu comercio e com o qual assina os documentos respeitantes a sua actividade (comercial) DENOMINAÇÃO: O sinal identificador de não comerciantes, e pode nalguns casos ser composta por nomes de pessoas. COMPOSIÇÃO. Firma dos comerciantes individuais. Art. 20º C.Com; Firma das sociedades comerciais. Art. 12º; 203º; 220º; 303º … LSC PRINCÍPIOS CONFORMADORES DA COMPOSIÇÃO DAS FIRMAS E DENOMINAÇÕES 1.Princípio da Verdade, art.12.º LSC: a firma não deve incluir quaisquer elementos falsos que possam induzir em erro tanto a identidade do empresário como dos sócios. 2.Princípio da Novidade ou Exclusividade. Art.27º C.com A firma a adoptar pelo comerciante deve ser distinta daquelas que já estejam registadas; Este princípio visa garantir e proteger o comerciante e terceiros (credores e o público) e tem uma função diferenciadora. 3.Princípio da capacidade Distintiva, art.12.º nº 5 e 6 LSC: Para as firmas -denominações os sinais distintivos devem diferenciar o seu titular de outros comerciantes. 4.Princípio da Unidade, art.19.º C.Com – O comerciante deve adoptar uma firma mesmo que tenha vários estabelecimentos. 5.Princípio da Licitude, art.12.º nº 6 LSC – Proibição da inclusão na firma, de expressões não admitidas pela lei, contrárias à ordem pública e aos bons costumes. ALTERAÇÃO DAS FIRMAS E DENOMINAÇÕES. Art. 220ºnº3 LSC
Os comerciantes podem de forma livre alterar as firmas
ou denominações nas seguintes situações: Retirada, exclusão ou morte de sócio cujo nome civil consta da firma; Quando se verificam transformações de sociedade; Quando se adquire uma firma; Lesão a direito de outro comerciante. Extinção da firma A extinção da firma pode ocorrer quando em princípio se verificar a cessação da actividade do comerciante ou com o cancelamento do registo. TEORIA GERAL DAS SOCIEDADES A sociedade como organização jurídica da empresa As sociedades comerciais são a estrutura típica da empresa nas economias de mercado; O Código Civil trata a sociedade como um contrato (art. 980º), mas as sociedades comerciais são também uma pessoa jurídica (art. 5º da L.S.C). Nos termos do art. 1º da L.S.C, as sociedades comerciais têm necessariamente por objecto a prática de actos de comercio e as sociedades que tenham por objecto a pratica de actos de comercio devem revestir um dos tipos previstos no Código. Uma vez constituída definitivamente a sociedade, as relações passam a ser dos sócios para com a sociedade – pessoa jurídica – e já não mais entre eles. A sociedade, como pessoa jurídica, ganha autonomia e sobre põe-se ao negócio constitutivo. Definição de Contrato de Sociedade “Contrato de Sociedade é aquele em que duas ou mais pessoas se obrigam a contribuir com bens ou serviços para o exercício em comum de certa actividade económica, que não seja de mera fruição, a fim de repartirem os lucros resultantes dessa actividade.” Art. 980º CC ELEMENTOS ESTRUTURANTES DO CONTRATO DE SOCIEDADE Elemento pessoal – pessoas Elemento patrimonial – o património da sociedade Actividade económica – não é de mera fruição Finalidade lucrativa – o lucro da sociedade Mas há que distinguir quatro planos da finalidade lucrativa: O lucro da sociedade; A afectação desse lucro; A distribuição do lucro; A valorização da participação social. Tipos de sociedades comerciais Nos termos do art. 2º da L.S.C as sociedades que tenham por objecto o exercício de uma actividade comercial têm de adoptar um dos tipos previstos na Código. Vigora aqui o princípio da tipicidade ou do “numerus clausus”. A L.S.C. prevê quatro tipos de sociedades comerciais: Sociedade em nome colectivo; Sociedade por quota; Sociedade anónima; Sociedade em comandita. As sociedades em nome colectivo são as chamadas sociedades de responsabilidade ilimitada por os sócios poderem responder pessoalmente com todo seu património pelas dívidas da sociedade, depois de esgotado o património desta (art. 176.º, nº 1 L.S.C.). Em consequência, a sociedade é “fechada” no sentido de que as partes sociais só podem ser cedidas com o consentimento unânime dos sócios (art. 184.º, nº 1 L.S.C.) e mesmo a transmissão “mortis causa” não é automática (art. 186.º L.S.C.). CONTINUAÇÃO As sociedades por quotas são, de longe, o tipo societário mais utilizado na prática por corresponder à estrutura típica da pequena e média empresa. Ao contrário das sociedades em nome colectivo, são sociedades de responsabilidade limitada, por quanto os sócios não respondem pelas dívidas da sociedade, salvo se se constituírem garantes, mas são solidariamente responsáveis pela realização integral do capital social. Sociedades anónimas são o tipo característico da empresa de maior dimensão. O seu capital mínimo é de um montante em kuanza equivalente a USD 20.000,00 e deverão ter, em principio, pelo menos, 5 accionistas. Os accionistas respondem apenas pela realização das acções de que são titulares. As sociedades em comandita são um tipo misto em que existem sócios de responsabilidade ilimitada – os comanditados – e sócios de responsabilidade limitada – os comanditários. As sociedades em comandita podem revestir a forma de comandita simples ou comandita por acções. A PERSONALIDADE JURÍDICA E A CAPACIDADE DE DIREITO A personalidade jurídica O art. 5.º é peremptório ao declarar que: “as sociedades gozam de personalidade jurídica a partir da data do registo do contrato pelo qual se constituem, sem prejuízo do disposto da presente lei quanto à fusão, cisão ou transformação de sociedades”. A sociedade adquire, por conseguinte, personalidade jurídica a partir do seu registo definitivo na Conservatória do Registo Comercial e passa, então, a ser susceptível de titularidade de direitos e obrigações e a ter capacidade de direito. A capacidade de Direito A capacidade de direito das sociedades comerciais, como pessoas colectivas, está delimitada pelo seu objecto (art. 160.ºC.C). Mas, aqui há que distinguir o objecto mediato, que é a realização de lucros – necessário para todas as sociedades (art.980.º C.C) – do objecto imediato, a actividade comercial concreta que a sociedade se propõe exercer e que deve constar dos estatutos (art. 10.º, nº 1, al d),e 13.º L.S.C.). ASPECTOS PATRIMONIAIS E FINANCEIROS DA SOCIEDADE A sociedade comercial, como pessoa jurídica, é titular de um património. No momento da constituição, o património da sociedade é constituído pelas entradas dos sócios correspondente às suas participações no capital social. Numa acepção, o património é constituído pelos bens, valores e créditos de que a sociedade é titular; A obrigação de prestar contas Conforme prescreve o art. 29.º do Código Comercial, “todo o comerciante é obrigado a ter livros que dêem a conhecer, fácil, clara e precisamente, as suas operações comerciais e fortuna” e as sociedades comerciais, como comerciantes (art.13.º, n.º 2 do Código Comercial), estão naturalmente sujeitas a essa obrigação. Nos termos do art. 70.º n.º 1, os administradores deve “elaborar e submeterem aos órgãos competentes da sociedade o relatório de gestão, as contas do exercício e os demais documentos de prestação de contas previstos na lei, relativamente a cada ano civil”. O relatório de gestão deve conter uma exposição fiel e clara sobre a evolução dos negócios sociais e sobre a situação da sociedade (art.71.º L.S.C.). AS OBRIGAÇÕES DOS SÓCIOS Obrigações de entradas No contrato de sociedade os sócios subscrevem uma participação social – constituídas por partes sociais, quotas ou acções – e obrigam-se a realizar ou liberar o respectivo valor (art. 980.º C.C.). Com a subscrição da participação social constitui-se a obrigação de entrada; a realização ou liberação do capital é o acto de cumprimento dessa obrigação. As entradas dos sócios podem ser: Em dinheiro; Em espécie; Em trabalho. Os direitos dos sócios O direito à qualidade de sócio O direito a informação O direito de participar nas deliberações sociais FUSÃO, CISÃO E TRANSFORMAÇÃO DE EMPRESAS E SOCIEDADES COMERCIAIS
Fusão (art. 102.º e ss. L.S.C.)
A fusão consiste na união de duas ou mais sociedades, ainda que de tipo diverso, numa só (art. 102.º, n.º 4 L.S.C.). Cisão (art.118.º e ss. L.S.C.) A cisão de sociedades está ligada ao processo de especialização da economia e consiste no destaque de parte do património de uma sociedade para com ele formar outra sociedade ou ser incorporado numa sociedade Assim, há três modalidades de cisão: Cisão simples em que se destaca parte do património de uma sociedade para com ele constituir outra sociedade (art. 124.º L.S.C.); Cisão-dissolução em que se dissolve a sociedade cindida dividindo-se o seu património, sendo cada uma das partes destinada a constituir nova sociedade; Cisão – fusão em que se destaca parte do património da sociedade para fundir com sociedade já existente. Transformação (art. 130.º e ss. L.S.C.) A transformação consiste na modificação do tipo societário sem que isso importe a dissolução da sociedade. Exemplo a transformação de uma DIREITO COMERCIAL
Teoria Geral do Direito Comercial: Direito Comercial e Atividades Empresariais Mercantis - Introdução à Teoria Geral da Concorrência e dos Bens Imateriais