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AUTARQUIA EDUCACIONAL VALE DO SÃO FRANCISCO

FACAPE – FACUDADE DE CIÊNCIAS APLICADAS E SOCIAIS DE PETROLINA

CURSO DE SERVIÇO SOCIAL

INDUSTRIA DA SECA E QUESTÃO SOCIAL

BRUNA TAÍS DA CRUZ OLIVEIRA

PETROLINA-PE

2019
AUTARQUIA EDUCACIONAL VALE DO SÃO FRANCISCO

FACAPE – FACUDADE DE CIÊNCIAS APLICADAS E SOCIAIS DE PETROLINA

CURSO DE SERVIÇO SOCIAL

INDUSTRIA DA SECA E QUESTÃO SOCIAL

BRUNA TAÍS DA CRUZ OLIVEIRA

Projeto de monografia apresentado


como requisito de avaliação para a disciplina
trabalho de conclusão I sob a supervisão de
Glaucia.

PETROLINA-PE

2019
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.............................................................................................................................7
2. JUSTIFICATIVA..........................................................................................................................7
3. OBJETIVOS.................................................................................................................................9
3.1. OBJETIVO GERAL.............................................................................................................9
3.2. OBJETIVOS ESPECIFICOS..............................................................................................9
4. FUNDAMENTAÇÃO TEORICA..............................................................................................10
5. METODOLOGIA........................................................................................................................13
6. CRONOGRAMA........................................................................................................................13
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..............................................................................................14
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1. INTRODUÇÃO

Durante a história o Nordeste sempre teve seus problemas sociais


atribuídos a seca, análises feitas sem nenhuma perspectiva crítica e
reforçadas pela mídia, literatura, e principalmente, por quem se beneficia da
miséria resultante da “seca”, como políticos e agentes econômicos.

Entretanto, no século XX Antônio Callado com sua visão


desmistificadora acerca de temas poucos comentados ou estudados, no qual
já denunciava os problemas que haviam no semiárido na rádio em que
trabalhava (jornal correio), passa a designar a estratégia política aplicada no
nordeste de indústria da seca, termo que faz menção aos “poderosos” que se
utilizam da seca para benefício próprio, para obter vantagens como capital e
mais valia.

E por meio disso, uma pequena parcela da população passa a


compreender que os aspectos sociais do sertão estão relacionados a política
e vão além de clima, solo, vegetação. Já que a seca em si não é um
problema especificamente brasileiro, ocorrendo também em outros países,
podendo se observar que não existe uma desigualdade social como aqui.

Esta pesquisa busca provocar reflexões acerca da estrutura social,


questionamentos a respeito da atuação das empresas de desenvolvimento
regional, tendo em vista a importância do conhecimento para melhorar
políticas públicas e consequentemente a qualidade de vida dos que fazem
uso dessas políticas.

Nesse contexto, buscaremos compreender de que forma a indústria


da seca está relacionada a problemas sociais existentes no distrito do Uruás
em Petrolina-Pe.

2. JUSTIFICATIVA
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Tendo em vista que o fenômeno da seca é considerado o fator


primordial da fome, afetando direitos básicos como a alimentação e até
mesmo a sobrevivência, mas sabendo que a seca não é a única responsável
pela miséria na região e que os problemas sociais perpassam por questões
como distribuição de renda e de terras, como também o reforço político que
utiliza-se desse fenômeno para benefício próprio, o que caracteriza a
chamada “indústria da seca”.

É nesse contexto que se dá a necessidade de um estudo quanto a


indústria da seca na região, a fim de compreender os mecanismos utilizados
pelos políticos e grupos econômicos, para quem sabe descontinuar esse
processo. Sabendo-se que as comunidades já são afetadas pela seca, que
inviabiliza algumas atividades e que além disso grupos políticos e econômicos
tiram proveito do flagelo na região, intensificando a desigualdade sociais.

Dito isso, e observado o contexto de famílias que residem no


Semiárido nordestino, diviso que há grande necessidade de um mergulho na
história dessa gente, como também de quem acredite em suas possiblidades
e o mais importante: trazer uma discussão política expondo como a corrupção
é a maior causadora do sofrimento, miséria e opressão dos sertanejos, sendo
assim, desmistificando o mito da seca.

Para mais, a formação do assistente social constitui-se como


instrumento de emancipação ou “libertação” das classes oprimidas. Através
da intervenção do assistente social o indivíduo é incitado a refletir sobre o
processo de produção e

reprodução no qual está inserido. Assim, sendo o indivíduo


conscientizado, apropriando-se de suas capacidades para que suas ações
sejam capazes de modificar a realidade em que está inserido.

Trançando um paralelo entre essas duas questões e me vendo


como futura profissional de serviço social, no qual tem-se a atuação norteada
por um código de ética e expressões da questão social como a matéria prima
do seu fazer profissional, de acordo com Iamamoto. Busquei analisar qual
seria a estratégia para uma intervenção que venha a modificar a formação
estrutural dessas comunidades, cheguei à conclusão que através da
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economia solidaria essas famílias podem estar mais próximas do que


chamamos de dignidade, identificando as possibilidades, valorizando o que
cada um tem de melhor, mostrando a grandeza dessa gente, e desfazendo a
ideia de que sertanejo precisa de caridade por falta de capacidade, seja essa
incapacidade atribuída a terra, que é tida como improdutiva, da chuva que
nunca vem ou de um povo rude incapaz de aprender.

Logo, o tema é relevante pois não se trata apenas de um direito ou


uma garantia individual, mas sim de um grupo que sofre com a falta de
legitimação de direitos básicos e políticas públicas com pouca efetivação.

3. OBJETIVOS
1. OBJETIVO GERAL

Investigar de que forma a indústria da seca tem se beneficiado do


flagelo da seca e desconhecimento dos povos que residem na zona rural no
sertão Petrolinense.

2. OBJETIVOS ESPECIFICOS

 Traçar um perfil das famílias que vivem no distrito uruás-


Petrolina no

semiárido nordestino na região do vale são Francisco

 Verificar de que forma as empresas de desenvolvimento regional


atuam nessas regiões, com enfoque no projeto pontal em Petrolina.

 Identificar as políticas públicas que chegam a essas pessoas

 Fazer uma análise dos impactos da transposição do rio são


Francisco na região
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 Pesquisar as cooperativas ou programas de economia solidaria


existentes

4. FUNDAMENTAÇÃO TEORICA

O sertão nordestino brasileiro tem como clima preponderante o


semiárido, com temperaturas elevadas e baixos índices pluviométricos.
Durante um longo período de tempo não há chuvas, resultando nos famosos
períodos da seca. Sendo esse um fenômeno natural que consequentemente
impossibilita algumas atividades que necessitam de água, por um longo
período de tempo.

Em detrimento desse fenômeno a região semiárida tem sofrido com a


falta de insumos básicos para a sobrevivência. Mas o principal fator da
miséria dos nordestinos está ligado ao descaso das entidades
governamentais e não a seca, como muitos pensam.

Estamos acostumados com a ideia de que todas as expressões


ocasionadas pela desigualdade social no Nordeste são decorrentes da seca.
Essa fabulação foi construída através dos meios de comunicação: filmes,
livros, televisão, musicas, rádio. Assim perpetuaram e continuam a transmitir
o pensamento de terra dos miseráveis e sem possibilidades. Fruto da falta de
uma perspectiva crítica sobre a região, mas também de interesses políticos

A literatura, na dramaturgia, na música e nas artes plásticas


do início do século XX, o tema da seca também apareceu como um
fenômeno relacionado aos desastres sociais e morais, uma
fatalidade
que desorganizava o modo de vida das famílias e da sociedade,
sendo
responsabilizada pelos conflitos sociais na região (o cangaço e o
messianismo), naturalizando as questões sociais (ALBUQUERQUE
JÚNIOR,1999, p. 121).
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Com o passar dos anos e graças a autores ou jornalistas como


Antônio Callado começou a ser desenhado uma nova mentalidade acerca do
sertão semiárido nordestino. Callado denuncia ainda no século XX o que ele
chama de indústria, uma manobra política e das elites dominantes para se
beneficiar desse flagelo, e faz várias denúncias a respeito do que estava por
trás das políticas públicas que eram usadas como obras assistenciais com a
finalidade de perpetuar toda a problemática existente na região, alimentando
a vulnerabilidade desses povos.

Em uma entrevista sobre as políticas públicas e o Nordeste em 1998,


Celso Furtado afirmou:

De qualquer modo, o Nordeste, hoje em dia, é outra coisa. Tem um sistema


industrial bastante sólido, um sistema viário muito bom. Tudo isso foi feito,
mas na estrutura agrária não se tocou. Então, você tem 10 milhões de
pessoas que passam fome quando há uma seca. A coisa perversa da
estrutura agrária do Nordeste é que não existe um sistema de assalariados
propriamente. A massa da população é de meeiros. Meeiro em terra de
latifundiário trabalha sob forma de participação e produtos, é pago em
produto natural. Produz para comer. O excedente que é comercializado
beneficia o dono da terra. A parte do trabalhador é só para ele sobreviver, é
um salário de sobrevivência. Nessa estrutura social tão particular, o ponto
fraco é o pobrezinho que está lá em baixo, o morador o meeiro, que produz
comida para sobreviver e criar um excedente para o dono da terra. Quando
acontece uma seca, todo o sistema sofre, mas o peso maior é suportado
pelos que estão mais embaixo. A seca é, na verdade, o colapso da
produção agrícola. [...] (Furtado, 1998)

Ribeiro é assertivo ao afirmar que:

Entre o poder federal e a massa flagelada pela seca medeia, porém, a


poderosa camada senhorial dos coronéis, que controla toda a vida do
sertão, monopolizando não só as terras e o gado, mas as posições de
mando e as oportunidades de trabalho que enseja a máquina
governamental. (...) Esses donos da vida, das terras e dos rebanhos
agem sempre durante as secas, mais comovidos pela perda de seu gado do
que pelo peso do flagelo que recai sobre os trabalhadores sertanejos, e
sempre predispostos a se apropriarem das ajudas governamentais
destinadas aos flagelados. (Ribeiro, 1995, p. 348)

Realmente, fica claro que os representantes políticos tem colocado


poucos esforços a fim de sanar os problemas ocasionados pela seca e que
ao lado desses estão as elites aproveitando o máximo que conseguem das
políticas assistencialistas. Não somente dificultando o processo de
emancipação, mas prolongando a problemática da seca.

E tomando consciência de manobras como essas, da indústria da


seca, compreendendo de que forma ela funciona, que se pode traçar
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estratégias para que esse processo seja descontinuado. Assim, com clareza
sobre os aspectos que rodeiam essa temática, os profissionais possam
emancipar esses grupos, através de associativismo, mutirões, organizar a
classe de trabalhadores, atuando de tal forma para que esses grupos tenham
compreensão do contexto em que estão inseridos proporcionando-lhes
liberdade em vários âmbitos de suas vidas, como por exemplo financeiro.
afim de torna-los autônomos para que sua liberdade vá além do ir e vir como
garantia predisposta em legislação e assim tenham liberdade de escolha,
para que suas atitudes não sejam tomadas baseadas somente nas
alternativas sobreviver ou morrer.

Netto diz a respeito do compromisso do assistente social:

tem em seu núcleo o reconhecimento da liberdade como valor ético central


– a liberdade concebida historicamente, como possibilidade de escolher
entre alternativas concretas; daí um compromisso com a autonomia, a
emancipação e a plena expansão dos indivíduos sociais.
Consequentemente, o projeto profissional vinculasse a um projeto societário
que propõe a construção de uma nova ordem social, sem dominação e/ou
exploração de classe, etnia e gênero. (NETTO, 1999, p. 104‐5).

Para que isso possa ser possível, há uma enorme necessidade de


reconhecer as potencialidades e fazer com que essas pessoas também se
reconheçam como agentes de poder, assumindo o controle de sua realidade,
valorizando seu espaço, desmistificando também para outros povos a visão
que se tem do sertão, no qual acredita-se ser uma terra de exacerbadas
fragilidades e dependente da caridade dos demais.

“Ao reconhecer a existência deste sujeito social e das


potencialidades emancipatórias da Economia Solidária é igualmente
necessário reconhecer novos direitos de cidadania para as formas de
organização econômica baseadas no trabalho associado, na
propriedade coletiva, na cooperação, na autogestão, na
sustentabilidade e na solidariedade. Além disso, é necessário
implantar e efetivar o acesso aos bens e recursos públicos de forma
subsidiada e diferenciada para seu desenvolvimento, tal qual ocorre
com outros segmentos sociais (...)” (II CONAES, Resolução 41)
É certo que com o passar do tempo houve melhorias, mas ainda
grande parte da população vive em condições precárias. Um cenário que
pode ser mudado através de algumas ações como: sustentabilidade,
agricultura familiar, participação social, entre outras alternativas.
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“Hoje, no Brasil, há comunidades em situação de vulnerabilidade que se


mobilizam para pôr em marcha outro desenvolvimento promovido por
empreendimentos familiares ou coletivos, sob a forma de cooperativas ou
associações de produtores familiares, redes, cadeias produtivas e grupos
informais. (...) É nesse sentido que a Economia Solidária é uma estratégia
para um novo modelo de desenvolvimento sustentável, includente e
solidário” (I CONAES, resolução n. 15).

Compreender que os que residem no sertão em um ambiente tão


hostil, são pessoas oprimidas, que sofrem das mais diversas formas de
violência por parte do Estado e das elites, e que essas pessoas são tão
capazes quanto as residentes em outras localidades, é o ponto de partida
para projetos que possam dar certo, substituindo o sentimento de pena, por
um olhar aprofundado sobre a potencialidade dessa gente e dessa região,
respeitando as diferenças e individualidades de cada ser.

Contribuir para a implementação de ações integradas para o semiárido; a


conservação, o uso sustentável e recomposição ambiental dos
recursos naturais; a quebra do monopólio do acesso à terra, água e
outros meios de produção; apoia a difusão de métodos, técnicas e
procedimentos que contribuam para a convivência com o semiárido.
(ASA, 2001, p.71)
Realmente, os nossos ficcionistas do século passado contaram tantas
cenas esquisitas, derramaram no sertão ressequido tantas ossadas,
pintaram o sol e o céu nordestino com tintas tão vermelhas, que alguns
políticos, sinceramente inquietos, pensaram em transferir da região
maldita para zonas amenas toda a população da região. (Ramos apud
Albuquerque Júnior, 1999, p. 200)

5. METODOLOGIA

Este trabalho foi desenvolvido por meio de um estudo qualitativo em


conjunto com pesquisa bibliográfica, levamento de dados com entrevistas e
aplicação de questionários, os sujeitos estudados são os residentes na
região, como também os funcionários públicos que ali prestam serviço e os
envolvidos em projetos de desenvolvimento regional que ali funcionam.

6. CRONOGRAMA

ETAPAS FEV MARÇO ABRIL MAIO JUNHO


LEVANTAMENTO X X
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BIBLIOGRAFICO
FICHAMENTO DE X X
TEXTOS
COLETA DE X X
FONTES
ENTREVISTAS E X
APLICAÇÃO DE
QUEST.
ANALISE DAS X
FONTES E
TABULAÇÃO DE
DADOS
REDAÇÃO DO X X
TRABALHO
CORREÇÃO/ENT X X
REGA

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

ALBUQUERQUE JÚNIOR, Durval Muniz. A invenção do Nordeste e


outras
artes. Recife: FNJ, Ed. Massangana; São Paulo: Cortez, 1999.

ASA (Articulação do Semi-Árido Brasileiro). Programa de Formação e


Mobilização Social Para a Convivência com o Semi-Árido. Recife:
ASA, 2001. Mimeogr.

NETTO, J. P. A construção do projeto ético‐político


contemporâneo. In: Capacitação em Serviço Social e Política Social.
Módulo 1. Brasília: CEAD/ABEPSS/CFESS, 1999.

RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro: a formação e o sentido do


Brasil. São
Paulo: Companhia das Letras, 1995.

I CONAES. Ia CONFERÊNCIA NACIONAL DE ECONOMIA


SOLIDÁRIA. Anais. Brasília: SENAES/MTE, 2006.

II CONAES. IIa CONFERÊNCIA NACIONAL DE ECONOMIA


SOLIDÁRIA.
Documento Final. Brasília: SENAES/MTE, 2010.
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