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FACULDADE FLEMING

ELISÂNGELA RODRIGUES CAETANO

O PAPEL DO ASSISTENTE SOCIAL NA INTERVENSÃO E PROMOÇÃO


DA SAÚDE FAMILIAR

ITAPIPOCA – CE
2021
FACULDADE FLEMING

ELISÂNGELA RODRIGUES CAETANO

O PAPEL DO ASSISTENTE SOCIAL NA INTERVENSÃO E PROMOÇÃO


DA SAÚDE FAMILIAR

Trabalho de conclusão de curso


apresentado como requisito
parcial à obtenção do título
especialista em ASSISTÊNCIA
SOCIAL E SAÚDE PÚBLICA

ITAPIPOCA – CE
2021
O PAPEL DO ASSISTENTE SOCIAL NA INTERVENSÃO E PROMOÇÃO DA SAÚDE
FAMILIAR

Autor1, Elisângela Rodrigues Caetano

Declaro que sou autor(a)¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o mesmo
foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja parcial ou
integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e corretamente
referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de investigações empíricas por
mim realizadas para fins de produção deste trabalho.
Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e
administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio ou violação aos
direitos autorais. (Consulte a 3ª Cláusula, § 4º, do Contrato de Prestação de Serviços). “Deixar este texto
no trabalho”.

RESUMO- O presente estudo traz uma abordagem sucinta sobre o Papel do assistente social na
intervenção e promoção da saúde familiar. A proposta é ponderar sobre o desempenho desse
profissional frente às variadas demandas e necessidades das famílias, levando em consideração o
contexto em que essas famílias vivem, bem como as necessidades urgentes de intervenção e promoção
da saúde familiar. Para a realização desse trabalhou adotou-se como metodologia a pesquisa
bibliográfica, observando os saberes construídos na prática do assistente social tendo como referências
teóricas autores que refletem a importância do papel do profissional de assistência social na intervenção
familiar, tais como Iamamoto e Medeiros. Os resultados demonstram que inúmeros fatores estão
relacionados durante o processo de intervenção e que há a necessidade profunda de que o Profissional
de assistência social domine os conhecimentos dentro do seu campo de atuação. Além disso, é
essencial contar com a colaboração e expertise de outros profissionais para alcançar plenamente e de
maneira satisfatória os objetivos estabelecidos. Isso ocorre porque qualquer pequeno equívoco durante o
processo de intervenção pode acarretar consequências significativas para as famílias, comprometendo,
assim, o processo vital de promoção de saúde crucial para o bem-estar familiar. Assim, conhecer as
ferramentas interventivas e os processos a elas relacionados se fazem necessário para que haja
resultados positivos e satisfatório.

PALAVRAS-CHAVE: Serviço Social. Intervenção. Promoção da saúde. Família.

1
E-mail do autor
1 INTRODUÇÃO

Com a chegada de novos padrões nos relacionamentos interpessoal no âmbito


estrutural familiar esta assume importância ímpar como sujeito das políticas públicas
principalmente no que diz respeito à promoção da saúde. Sabe-se que a relação do
Serviço Social com a família, tomada como sujeito de intervenção profissional é de
muito tempo. No Brasil, o Serviço Social tem sua origem nos meados dos anos 30 do
século passado. Nesse período, tendo em vista a prática de ações sociais voltadas para
o acolhimento e cuidados com a saúde da família e de indivíduos fragilizados
socialmente e da família, a Igreja Católica passa a proporcionar uma formação
específica para jovens de famílias tradicionais. Com o tempo a profissão de serviço
social foi legalmente reconhecida. Estudos e desenvolvimento de pesquisas se fizeram
necessários para que o assistente social, agora como profissional amparado por lei,
pudesse intervir de forma consciente e segura no âmbito familiar. Esses
conhecimentos e pesquisas possibilitaram ao Assistente Social fazer uso de
ferramentas adequadas afim de analisar o indivíduo em seu meio social e assim,
realizar a intervenção necessária e os encaminhamentos ao sistema de atendimento a
fim de atender às diversas demandas e necessidades familiares, considerando o
contexto específico em que essas famílias vivem e suas necessidades relacionadas à
intervenção e promoção da saúde no âmbito familiar.
Assim o presente texto visa fomentar reflexões a respeito da intervenção
profissional dos assistentes sociais junto às famílias na atualidade e assinala alguns
indicativos para os cuidados indispensáveis que precisam serem levados em conta, no
momento de sua atuação, pelos profissionais da assistência social ao desenvolvem
ações com esse público. Para a realização deste trabalho, optou-se pela pesquisa
bibliográfica pesquisa bibliográfica, realizada em livros e sites da internet, tendo em
vista o aprofundamento teórico da temática exposta.
Assim, buscou-se bases teóricas em diferentes autores que de alguma forma
pudessem corroborar para aprofundar o tema aqui proposto: O papel do assistente
social na intervenção e promoção da saúde familiar.
2 DESENVOLVIMENTO

2.1 O SERVIÇO SOCIAL NO CONTEXTO HISTÓRICO MUNDIAL

O Serviço Social é uma profissão dinâmica e embora tenha um curto espaço de


tempo quando comparado seu surgimento ao de outras profissões, seu processo
histórico revela beleza e preocupação com o bem-estar do outro.
Dentro do contexto mundial o aparecimento do Serviço social está atrelado à
Questão Social referente à mudança do trabalho escravo para o trabalho remunerado
ou trabalho livre o que caracteriza uma sociedade capitalista com um mercado
conduzido e orientado por relações dominadas pelo controle do capital.
A revolução industrial na Inglaterra e a Revolução Francesa ocorridas no final do
século XVIII resultaram em grandes oportunidades para a produção de riquezas, o
avanço da ciência e uma grande inovação no campo tecnológico. Dentro desse novo
contexto de grandes mudanças de desenvolvimento tecnológico, cientifico e de uma
crescente urbanização das cidades, no mundo europeu surgiram também novas
classes sociais. As divisões sociais passaram a ser organizadas com base na posse
dos meios de produção. Surgia assim os proprietários detentores dos meios de
produção e a classe de trabalhadores que dispunha apenas da sua força de trabalho
como elemento de sobrevivência. Sobre esse fato Ioakimidis explica que:
Enquanto o velho mundo desaparecia e a urbanização redesenhava o mapa
da Europa, novas classes sociais surgiram; desta vez, o que determinou o
poder e o status não foi a linhagem aristocrática, mas principalmente a posse
dos meios de produção. As divisões sociais foram reorganizadas entre os
proprietários dos meios de produção e aqueles que “não possuíam nada além
de sua capacidade de trabalhar”. Esse fato mudou o nosso mundo para
sempre. (IOAKIMIDIS, 2019, p. 271)

Percebe-se então que dentro dessa relação social de produção, dois


personagens se destacam: o capitalista que detém o domínio da situação por ser o
proprietário dos meios de produção e o proletariado que tem sua força de trabalho
mercantilizada como seu único meio de sobrevivência.
O novo sistema que surgia tinha como objetivo principal o aumento das taxas de
lucro sem se importar com a situação de pobreza da população trabalhadora,
característica da nova realidade introduzida pelas economias de mercado.
Em face da intervenção social do Estado e da igreja Católica, Santos et al explica
que:
A essa altura a visão da sociedade passa a se modificar, no aspecto do
entendimento da relação de exploração existente entre o capital e o trabalho.
O Estado agora precisa dar atenção à classe trabalhadora, no
desenvolvimento de sua política. (SANTOS et al, 2013, p. 152)

Porém a sociedade não estava preparada para responder de forma satisfatória à


essas novas necessidades que surgiam em face da nova conjuntura capitalista e
problemas sociais que tendiam cada vez mais se fortalecer diante da nova situação
social. Assim, ações com a intenção de “fazer o bem” foram desenvolvidas por
voluntários. Essas ações ganharam forma através de atos de caridade onde pessoas
com melhores condições financeiras ou habilidade para angariar recursos se colocavam
à serviço dos outros. Tal prática tinha como base o assistencialismo que se consolidava
por meio de um conjunto de atividades baseadas na intuição, na fé e na experiência
tendo em vista o combate à pobreza.
Nessa conjuntura de desigualdade social, a Questão Social surge tendo como
objetivo exigir a formulação de políticas sociais que beneficiem a classe operária
desfavorecida diante da constante exploração de mão de obra.
É importante ressaltar que dentro desse contexto de intervenção frente à questão
Social o Serviço social começa a se estabelecer como profissão tendo como pioneiras
assistentes sociais femininas oriundas da elite da classe média alta europeia.
Posteriormente a esse período, a categoria profissional passou a engajar-se em
diversas lutas sociais vinculadas a pauta se diferentes aspectos da situação humana.

2.2 SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL: UMA BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO


HISTÓRICA

Seus fundamentos estão estruturados no final do século 19, coincidindo com o


início do processo de industrialização e do crescimento da população urbana. Tem sua
origem dentro do âmbito e das concepções de caridade praticadas na Igreja Católica.
Assim as primeiras Assistentes Sociais no Brasil surgem no seio da Igreja Católica
possuindo a base social e ideológica intrínseca a esta doutrina.
No Brasil, a história do Serviço Social surge na década de 1930, período em que
o país vivenciava um momento de turbulências culminando em diversas manifestações
do proletariado que lutava por melhores condições de trabalho e justiça social.
Pressionado, o governo cria organismos normatizadores e disciplinares das relações de
trabalho, como o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio.
Nesse período, com a finalidade de praticar ações sociais, a Igreja passa a
proporcionar uma formação específica para as jovens de famílias tradicionais. Assim,
surgiu em 1936 a primeira Escola de Serviço Social, em São Paulo, coordenada por
Albertina Ferreira Ramos e Maria Kiehl, ambas sócias do Centro de Estudos de Ação
Social, vinculado a Igreja Católica.
Sobre esse processo Iamamoto e Carvalho relatam:
A implantação do Serviço Social não é [...] um processo isolado. Relaciona-se
diretamente às profundas transformações econômicas e sociais [...]. Seu
surgimento se dá no seio do bloco católico, que manterá por um período
relativamente longo um quase monopólio de formação dos agentes sociais
especializados, tanto a partir de sua própria base social, como de sua
doutrina e ideologia. (IAMAMOTO, 1998, p. 213).

Percebe-se, portanto, que a Igreja Católica é responsável pelo seu ideário inicial,
seu campo de ação, pelas agências de formação dos primeiros Assistentes Sociais.
Isso foi de grande importância na configuração da identidade que baliza a origem do
Serviço Social no Brasil.
Durante as décadas de 1940 e 1950, o Serviço Social brasileiro sofre ampla
influência norte-americana e é marcado profundamente pelo tecnicismo. Nessas
décadas, a base positivista, funcionalista e sistêmica, do Serviço Social aqui no Brasil
tinha sua maior base de inspiração na psicanálise e na sociologia.
De acordo com Junqueira
A partir dos meados da década de quarenta, assumiu o Serviço Social uma
preocupação pragmatista, alienada pela metodologia trazida dos Estados
Unidos, em razão de considerável intercâmbio (bolsas de estudo e literatura)
iniciado com aquele País, como resposta a uma quase ausência de métodos
e técnicas na concepção européia do Serviço Social, que então predominava.
(JUNQUEIRA apud MARQUES, 1997, p. 73).

Porém, um movimento de renovação da profissão que buscou a reatualização do


tradicionalismo profissional e uma ruptura com o conservadorismo surge entre os anos
60 e 70. Em 1979, a profissão de serviço
Social se tornou laica passando a compor o campo das Ciências Sociais. Isso
ocorreu no Congresso da Virada, evento esse que se tornou um marco para o Serviço
Social no Brasil.
A década de 90 abriu novos horizontes para o Serviço Social o qual começou a
assumir dimensões amplas no Brasil e no mundo com destaque para as questões
sociais e situações que ferem os direitos a cidadania, moral e ética. O Serviço Social
passou a atuar também no chamado terceiro setor, nos conselhos de direitos e a
ocupar funções de assessoria.
Outro passo que contribuiu para a efetivação da carreira de Serviço Social foi
regulamentação da profissão através da Lei 8662, de 7 de junho de 1993, que legitima
o Conselho Federal de Serviço Social e os Conselhos Regionais.
Nos anos 2000, ocorre um crescente o número de cursos de graduação
objetivando assegurar uma ampliação da categoria do Serviço Social, nas mais
diferentes esferas da sociedade.
O Serviço Social é uma profissão de nível superior e hoje se consolidou com
uma formação voltada para os direitos humanos, políticas públicas, políticas da infância
e juventude, dentre outros temas. Na graduação, o estudante é preparado para lidar
com os desafios da sociedade atual e adquirir conhecimentos e habilidades para atuar
na promoção da cidadania e da justiça social.

2.3 SERVIÇO SOCIAL E FAMÍLIA: A INTERVENÇÃO DO PROFISSIONAL DE


ASSISTÊNCIA SOCIAL NO ÂMBITO FAMILIAR

Muitos autores defendem que pensar em Serviço Social é pensar a família. Em


toda trajetória da profissão, as famílias foram seu objeto de intervenção e alvo de
processos de trabalho, marcando desta forma seu trabalho profissional no âmbito
familiar. A compreensão das respostas dadas pelos profissionais nas intervenções e
atuações diante da família presume uma retomada do bojo histórico da profissão e do
contexto sócio-político que a determina.
Por isso o conhecimento é, sem dúvida alguma, o instrumento principal no
exercício da profissão, pois proporciona ao profissional do serviço social uma real
dimensão das diferentes possibilidades de intervenção. O conhecimento dá ao
profissional a garantia necessária para escolher, de acordo com o objetivo, o
instrumento adequado de que necessite para realizar uma intervenção segura.
Nesse sentido o domínio das ferramentas de intervenção torna-se um dos fatores
fundamentais, para que o profissional possa atuar com segurança sem causar prejuízos
ao usuário.
Por isso faz-se necessário que os objetivos profissionais sejam claros pois isso é
o que define quais instrumentos e técnicas serão empregados durante o processo de
intervenção. Portanto, o ato de agir exige planejamento para a efetivação de uma ação
profissional qualificada e segura.
De acordo com Medeiros (2017) é no momento da execução que a metodologia
a ser aplicada é concebida, onde o profissional deve se questionar do “porquê”, “para
quê” e ”como” determinado instrumento deve ser empregado.
Entre os instrumentos e técnicas do Serviço Social está a observação, a
entrevista, a visita domiciliar, a visita institucional, a elaboração da documentação em
relatórios e pareceres e articulação com redes de recursos sociais. O estudo social,
parecer ou laudo social estão entre os documentos elaborados pelo profissional de
Serviço Social. A elaboração desses documentos depende da utilização articulada de
vários outros instrumentos como a visita domiciliar ou institucional, a entrevista
individual ou conjunta, a observação e a análise de documentos.
Segundo Medeiros (2017) os diferentes espaços sócio ocupacionais obriga aos
profissionais a realizar constantes reflexões acerca dos instrumentos a serem
utilizados. Pois trata-se de uma escolha que deve ser prudente, de modo que o
indivíduo não seja penalizado quanto à promoção dos seus direitos quaisquer que
sejam. Tampouco responsabilizado pois, segundo a autora, isso reforçaria a lógica da
exclusão social.
Por isso se faz necessário ter clareza dos objetivos e isso implica a construção
de um bom plano de intervenção para o trabalho social com as famílias. Para começar
é imprescindível realizar um mapeamento das ações existentes na organização
dirigidas ao atendimento e trabalho com os grupos familiares. Por meio desse
mapeamento o profissional poderá analisar se as ações respondem (em parte) às
demandas e necessidades sociais das famílias atendidas. Outro ponto importante, é
refletir sobre os objetivos dessas ações e consequentemente, se necessário, projetar
novas ações a fim de que os objetivos propostos no projeto de intervenção sejam
alcançados. Esse procedimento inicial cooperará para impedir o desenvolvimento de
ações supérfluas e para avaliar, sistematizar e registrar as ações já efetivadas.
Por atuar diretamente na realidade social das famílias, o processo de
qualificação profissional deve ser constante e integral para o pleno exercício da prática.
A apreensão da realidade social possibilita que as demandas apresentadas possam ser
subsidiadas com propostas mais amplas de intervenção.
É importante ressaltar que:
Os desafios presentes no campo da atuação exigem do (a) profissional o
domínio de informações, para identificação dos instrumentos a serem
acionados e requer habilidades técnico-operacionais, que permitam um
profícuo diálogo com os diferentes segmentos sociais. O conhecimento da
realidade possibilita o seu deciframento para „iluminar‟ a condução do
trabalho a ser realizado. A pesquisa, portanto, revela-se um vital instrumento
e torna-se fundamental incorporá-la aos procedimentos rotineiros.”
(CFESS/COFI, 2002, p.12).

O que define quais instrumentos e técnicas serão utilizados na intervenção são


os objetivos profissionais, ou seja, o ato de agir requer planejamento para a execução
da ação profissional. No ato de planejar o profissional deve refletir sobre a metodologia
a ser utilizada se questionando “porquê”, “para quê” e ”como” determinado instrumento
deve ser utilizado.
Cabe, portanto, aqui esclarecer que não se pode confundir instrumento com
instrumentalidade. Instrumento são técnicas aprendidas e utilizadas pelo assistente
social durante o processo intervencional. A instrumentalidade, porém, vai além dessas
técnicas, pois é a capacidade de apreensão e compreensão da realidade de forma
crítica, propositiva e criativa. É somente através da práxis que se consegue analisar a
sociedade e suas múltiplas contradições.
De acordo com Guerra, 2002 (apud, COSTA, 2008, p.38) “Portanto, na medida
em que os profissionais utilizam, criam e adéquam às condições existentes,
transformando-as em meios/instrumentos para a objetivação das intencionalidades,
suas ações passam a ser portadoras de instrumentalidade”.
Dessa forma nas palavras da autora, compreende-se que:
[...] a instrumentalidade no exercício profissional refere-se não ao conjunto de
instrumentos e técnicas, mas a uma determinada capacidade constitutiva da
profissão, construída e reconstruída no processo sócio histórico. (GUERRA,
2000a, p.23).

Gueiros (2010) observa que:


Um trabalho que abarque esse processo conjunto com a família deve estar
diretamente associado às necessidades apresentadas por ela, mas, via de
regra, é importante que se realizem, além de sua inclusão em políticas de
proteção social, diferentes modalidades de atendimento, algumas de caráter
individualizado e outras de caráter coletivo. Esse cuidado é necessário
porque um indivíduo, ou uma família, pode melhor se expressar em uma
determinada modalidade do que em outra e, assim, ampliam-se as
possibilidades de identificação de suas questões e de suas potencialidades.
(GUEIROS, 2010, s/n.p.).

Nesse sentido, o papel do assistente social na intervenção familiar deve resultar


de uma análise criteriosa das demandas e do percurso de vida social das famílias ou
dos sujeitos ou a quem está direcionada a ação profissional, de modo inclusivo para
obter uma compreensão mais apurada das estratégias de enfrentamento dos indivíduos
sociais, das vulnerabilidades sociais da população alvo, tendo sempre como alvo as
causas estruturais de seu empobrecimento e de seu deslocamento social.

2.4 ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NA PROMOÇÃO DA SAÚDE FAMILIAR

A ação interventiva do profissional de assistência social no âmbito familiar leva a


outro fator fundamental para o bem estar social da família: a saúde familiar. Dentro
desse contexto, o profissional de assistência social desempenha um papel crucial na
promoção do bem-estar e na melhoria da qualidade de vida das famílias. A interação
direta com os indivíduos e a compreensão profunda das dinâmicas familiares capacitam
os assistentes sociais a desempenhar uma função estratégica na intervenção e
promoção da saúde no contexto público.
Nesse sentido Sodré (2014) explica que:
Quando centrado nas atividades de promoção, o trabalho é voltado para a
produção de vínculos e acolhimento. “Promover” à saúde também se
apresenta como um modelo de educação formal, centrado em salas de aula
nas escolas, e o profissional apresenta-se como aquele que “ensina” boas
práticas, hábitos ou comportamentos. (SODRÉ, 2014, p. 69).

Um dos principais aspectos dessa atuação é a identificação e abordagem das


necessidades específicas de cada família. Por meio de entrevistas, observação e
análise contextual, os assistentes sociais conseguem traçar um panorama abrangente
das condições de saúde, fatores socioeconômicos e dinâmicas familiares que podem
impactar diretamente o estado de saúde geral.
Ainda de acordo com Sodré (2014):
Os trabalhos de promoção à saúde não se tornam objetos apenas de
profissionais da área médica, mas ao contrário, deverão favorecer o
envolvimento e a participação de todas as pessoas, as organizações da
sociedade civil, as associações de bairros etc. Nessa perspectiva, dar-se-á
ênfase não apenas à saúde, mas toda uma rede de temas diversos deverá
ser abordada a fim de criar possibilidades de mudanças nos modos de vida,
comportamentos e no ambiente em que vivem e convivem as pessoas. Esse
enfoque deve abranger as instâncias municipal, regional e federal, além de
incentivar a intersetorialidade das ações. (SODRÉ, 2014, p. 74).

A intervenção efetiva do assistente social inclui a facilitação do acesso aos


serviços de saúde, fornecendo informações pertinentes sobre prevenção, tratamento e
cuidados. Além disso, eles desempenham um papel essencial na orientação das
famílias sobre os recursos disponíveis na comunidade e na promoção de práticas
saudáveis no ambiente doméstico.
No cenário de programas de saúde pública, o assistente social atua como um elo
crítico entre os usuários dos serviços de saúde e as políticas governamentais. Sua
capacidade de advocacia é fundamental para garantir que as necessidades específicas
das famílias sejam consideradas nas formulações de políticas de saúde, contribuindo
assim para a construção de estratégias mais inclusivas e eficazes.
Outro aspecto importante é a abordagem preventiva que os assistentes sociais
podem adotar. Por meio de educação em saúde e promoção de práticas saudáveis,
eles capacitam as famílias a tomar decisões informadas e a adotar comportamentos
que contribuam para a prevenção de doenças e a promoção do bem-estar a longo
prazo.
Segundo Buss, (2002) para efetivamente promover a saúde, é fundamental
combinar conhecimentos técnicos com saberes populares. Isso se traduz em realizar
ações interdisciplinares, nas quais os indivíduos se tornam protagonistas, resultando,
por conseguinte, em um padrão de vida otimizado.
Na visão de Sodré (2014) quando se trata da saúde familiar
Promoção não é apenas questão de existência, é questão de qualidade de
existência. Grande parte dos pro- gramas de promoção da saúde passa pela
mudança de comportamentos e hábitos de vida. Essa confusão entre os
termos ocorre por ser a promoção um campo novo, ao contrário da
prevenção, que já está consolidado entre as práticas de saúde. A raiz da
questão pauta-se no entendimento sobre a saúde não apenas como ausência
de doenças, mas é analisada a partir de vários outros aspectos da vida de
uma pessoa ou de um grupo antes de considerá-los ou não saudáveis.
(SODRÉ, 2014, p. 74).

Nesse sentido, percebe-se que o assistente social desempenha um papel


multifacetado na intervenção e promoção da saúde familiar, contribuindo para a
construção de comunidades mais saudáveis e resilientes. Sua abordagem centrada na
pessoa, aliada à compreensão profunda das questões sociais, posiciona-os como
agentes fundamentais na promoção da saúde pública no contexto familiar.

3 CONCLUSÃO

Diante do exposto conclui-se que a intervenção profissional do assistente social


e a promoção da saúde familiar a ser desenvolvida com esse público demanda
conhecimento e requer um profissional crítico, atento à realidade contemporânea e
competente.
Isso significa que os desafios presentes no campo da atuação do assistente
social exigem do profissional o domínio de informações, conhecimento da realidade,
habilidades técnico-operacionais para que ocorra de forma livre o diálogo com os
sujeitos do seu campo de atuação. O conhecimento da realidade permite o seu
deciframento para “iluminar” o caminho a ser percorrido na condução do trabalho a ser
efetivado.
Ficou evidente que o papel assistente social vai muito além de preencher fichas,
documentos e ouvir o indivíduo. Ele deve estar disposto a realizar um trabalho social
que envolva um processo conjunto com a família o qual deve estar diretamente
associado às necessidades apresentadas por ela.
Nesse sentido é importante que se realizem também a inclusão das famílias em
políticas de proteção social e que sejam realizadas diferentes modalidades de
atendimento, sejam eles de caráter individualizado ou coletivo. Esse tipo de
atendimento se faz necessário porque um indivíduo, ou uma família, poderá se
expressar com mais liberdade em uma determinada modalidade de atendimento do que
em outra e, assim, aumenta as possibilidades de identificação de suas questões e de
suas potencialidades.
Por fim o trabalho deixa claro que como a família também é um núcleo de
contradições, é somente através da práxis que se consegue analisar a sociedade e
seus múltiplos contrastes e para atuar diretamente na realidade social das famílias, o
processo de qualificação profissional deve ser constante e integral para o pleno
exercício da prática profissional.
4 REFERÊNCIAS

CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL – CFESS. As atribuições privativas do


(a) assistente social em questão. Brasília, fev. 2002.
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Dimensões Teóricos-Metodológica, Ético-Política e Técnico-Operativa e Exercício
Profissional. Dissertação de Mestrado em Serviço Social. Natal: UFRN, 2008.
GUEIROS, Dalva Azevedo. Família e trabalho social: intervenções no âmbito do
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GUERRA, Yolanda. Instrumentalidade do processo de trabalho e serviço social. In:
Serviço Social & Sociedade. São Paulo: Cortez, n. 62, 2000a.
IAMAMOTO, CARVALHO, R. Relações sociais e Serviço Social no Brasil: esboço de
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___________, M. Renovação e conservadorismo no Serviço Social: ensaios críticos. 4.
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IAMAMOTO, Marilda. O Serviço Social na contemporaneidade. São Paulo: Cortez,
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IOAKIMIDIS, Vassilis. Reflexões sobre a história: desenvolvimento e evolução do
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MARQUES, A. Uma existência a Serviço do Social: (1938-1988): Helena Junqueira.
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SANTOS, Sandra Nascimento dos. TELES, Silvia Batista. BEZERRA, Clara Angélica de
Almeida Santos. A origem do Serviço Social no Mundo e no Brasil. Cadernos de
Graduação - Ciências Humanas e Sociais. Aracaju, v. 1, n.17, p. 152, out. 2013.
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Disponível em:https://bvsms.saude.gov.br/bvs/is_digital/is_0103/IS23(1)021.pdf. Acesso
em: 25 de dez. 2023

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