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A construção do conhecimento do
agricultor e a ação ou prática pedagógica do
extensionista
Figura 3.3: Esquema circular: troca de conhecimentos entre extensionista, agricultores e universidade Fonte: CTISM
É importante ressaltar que a construção do
conhecimento acontece de forma contínua e se
retroalimenta ao longo do processo. Assim, as
percepções da realidade dos agricultores, os
principais manejadores e tomadores de decisão
no agroecossistema, evoluciona na medica que
acontece a interação com a realidade e com os
conhecimentos. Outra questão importante é
que a construção do conhecimento e as
variáveis a serem consideradas pelo agricultor
na tomada de decisão não estão isentas da
influência das externalidades da unidade de
produção, tais como acesso ao crédito,
infraestruturas (estradas, energia elétrica...),
acesso a insumos de produção (mudas, adubo,
equipamentos...), possibilidades de mercado,
ação de instituições (sindicatos, prefeituras,
cooperativas...), etc. A Figura 3.4 procura
mostrar o processo contínuo de construção do
conhecimento dos agricultores. Esse processo
garantirá a mudança nos sistemas de
produção. Os processos lineares tendem a
manter o agricultor na situação onde ele se
encontra, pois geram muitas incertezas. Já os
processos construtivos: por considerarem os
saberes dos agricultores; por respeitarem o
tempo necessário para esses tomarem as
decisões; por atuarem em todas as etapas do
processo de produção (formação, implantação
ou modificações do sistema de produção,
facilitação do acesso ao crédito, mercados,
organização...), tendem a mudar a realidade.
Figura 3.4: Mapa conceitual / Fonte: CTISM, adaptado do autor
Figura 3.5: Figura ilustrativa da necessidade de adequação dos materiais de apoio com a realidade Fonte: CTISM, adaptado de
http://joycebaldini.blogspot.com.br/2011/05/aula-14-processos-de-aprendizagem
Marcar reunião, encontro, dia de campo que
comece muito cedo ou termine muito tarde
espanta os(as) agricultores(as), pois as
propriedades rurais têm atividades no início
da manhã e final da tarde que precisam ser
realizadas todos os dias.
• Os encontros coletivos devem ser realizados
no turno que os(as) agricultores(as) julgam
melhor, mesmo que esse seja à noite. Sempre
tem o dia da semana mais propício para cada
grupo se reunir. Tem as épocas do ano em que
é praticamente impossível reunir os
agricultores, como por exemplo, a época da
colheita. Por outro, lado a duração desses
encontros deve ser no máximo de 3 horas, para
não se tornar cansativo e improdutivo.
Aberturas das atividades com discursos longos
não são ideais, se o discurso for imprescindível
cuide para que seja breve.
• Agende com antecedência as atividades, mas
nunca com muita antecedência, a rotina dos
agricultores é dinâmica e eles podem esquecer.
Por outro lado, encontros de última hora
tendem a ter baixa presença. Quando se trata
de atividades como dia de campo, curso,
viagem de estudos é importante o convite
pessoal para cada família de agricultor, pois é
sinônimo de valorização desses pelo
extensionista.
A linguagem a ser utilizada, tanto oral como
escrita, deve ser a linguagem do quotidiano.
Termos científicos, técnicos, siglas ou em
línguas estrangeiras devem ser transpostos de
forma que todos entendam. Sempre opte pelo
caminho do diálogo, ou seja, converse com
os(as) agricultores(as) e não fale para eles(as).
• Nunca subestime os conhecimentos dos(as)
agricultores(as), eles sempre sabem mais do
que deixam transparecer. Por mais domínio
técnico que você tenha sobre determinado
assunto, sempre é possível aprender com
os(as) agricultores(as).
• As atividades formativas e grupais devem
estar sempre organizadas e contextualizadas
no planejamento de longo prazo da ação
extensionista.
• A postura do extensionista é fundamental
para construir uma relação de confiança com
os(as) agricultores(as). Uma postura
profissional onde a responsabilidade,
pontualidade e cumprimento de acordos são
imprescindíveis. Prepare sempre com
antecedência qualquer atividade, mesmo que
seja individual. Chegue sempre antes da hora
marcada para o início das atividades, os(as)
agricultores(as) costumam ser pontuais e o
extensionista é o responsável pela organização
do espaço e dos materiais necessários para a
atividade.
• Cuidado com os convites, trabalhos e
orientação sem considerar a questão de gênero
e a juventude rural. É importante que a
extensão rural trabalhe com a família toda e
não apenas com os homens. Por isso, ao fazer
convites é importante que apareçam o nome de
todos.
• E lembre-se: a melhor solução tecnológica é
aquela que resolve os problemas da família de
agricultores, cabe no seu bolso e está de
acordo com as características
agroecossistêmicas.
Resumo
Essa aula trata de uma concepção diferenciada
de extensão rural chamada construtivista.
Essa concepção de extensão considera que os
conhecimentos para o rural devem ser
construídos e não transmitidos. Essa
construção de conhecimentos acontece na
medida em que existe interação entre os(as)
extensionistas e agricultores(as) e entre os
próprios agricultores(as). A construção de
conhecimentos requer que se valorizem tanto
os conhecimentos técnicos e dos(as)
extensionistas, como os conhecimentos
dos(as) agricultores(as), nas mais diversas
esferas, ou seja, produtiva, ambiental, social e
de mercado. Talvez o maior desafio do(a)
extensionista rural é, a partir da realidade e das
políticas públicas, realizar uma ação
extensionista de processo e não fragmentada e
pontual. A extensão rural construtivista não
desvaloriza os conhecimentos técnicos,
mas também não os diviniza. Procura-se uma
ação educativa para transformação de
realidades. Por outro lado, parte do princípio
que a agricultura sustentável deve ser o
horizonte da ação extensionista. Um processo
de comunicação de acordo com a realidade
rural é imprescindível para um processo
construtivista.
Atividade
1. Os vídeos que podem ser encontrados nos
links:
https://www.youtube.com/watch?v=qj64kLRJzHw
https://www.youtube.com/watch?v=1oUKiW1eV8E