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Historiador, especialista em história contemporânea e mestrando em Psicologia Social pela
Universidade Federal do Pará – Brasil
ORCID - https://orcid.org/0000-0001-8059-0538
a diminuição do desenvolvimento de suas nações, além da queda dos lucros advindos da
exploração dos mercados consumidores.
Deste modo, Alvez e Martine sem indagam se de fato o tripé: Economia, sociedade
e meio ambiente seriam a fórmula do desenvolvimento da sociedade moderna, e
questionam como esse equilíbrio parece ainda ser um grande desafio para as políticas
ambientais. Assim, de tripé, essa perspectiva passaria a um enorme trilema no século
XXI, trazendo consigo o abismo de diferenças ocasionadas pela má gestão dos recursos
em pró do lucro. Como crescer sem destruir? Como desenvolver o bem-estar da sociedade
sem que isso culmine no fim de florestas, rios e culturas primordiais? Esses
questionamentos seriam bem mais elucidados se não fosse a grande barreira da não
conscientização. A sociedade do consumo e do prazer pela posse está cada vez mais
seduzida pela satisfação momentânea, e transformam necessidades em mera cobiça por
comprar, usar, descartar etc. A preocupação por um planeta onde as próximas gerações
possam usufruir das riquezas naturais que possuímos, se materializa nas catástrofes
antrópicas: Desmatamento, morte de rios, quebra de barragens de dejetos entre outros.
Sobre isso, mostra-se presente a enorme necessidade de uma reeducação
ambiental e formação crítica sobre as questões ambientais. A formação cidadã precisa ir
além das demandas éticas e morais comuns, assim como é necessário se ampliar uma
abordagem pedagógica visando suprir a falta dessa conscientização sobre o planeta e a
urgência em ajuda-lo. De fato, é dever dos educadores propor alternativas que possam se
manifestar em uma ordem prática e participativa de auxílio ao meio ambiente.
Pensando nisso, Souza (2015) nos mostra o quanto pode ser presente o papel da
educação nessa mudança de pensamento e postura, partindo do ambiente escolar. Para
ele, é sempre necessário incluir em todas as demandas educacionais, a reflexão sobre essa
problemática e para isso, o mesmo aborda sobre o dialogo possível sobre a disciplina
história e o meio ambiente, ressaltando como uma área rica nessa formação crítica das
ações humanas e suas consequências, pode desenvolver um trabalho capaz de articular
tempo x meio ambiente. A escola vem se tornando muitas vezes o palco de primeiro
contato nessa renovação de pensamento sobre a natureza e o homem e como se pode a
partir de pequenas ações, assumir uma conduta de respeito e preservação. Pensamento
sustentável e ação cidadã é o desafio dos educadores do novo milênio, e revela um quadro
importante dessa realidade: quanto mais se reeduca ambientalmente, mais a próximas
gerações poderão usufruir desse bem-estar.
O momento pelo qual o planejamento econômico passou a ser direcionado para o
crescimento sustentável, nos mostra que as luzes vermelhas foram acessas e que medidas
emergenciais devem ser tomadas. A conduta da produção em larga escala e do consumo
exagerado de matéria prima não renovável, mostra a face mais desafiadora da
globalização e sua postura obsessiva por lucro e rentabilidade financeira. O desrespeito
pela dignidade humana e ambiental chega em lugares que deveriam emanar a
conscientização do desenvolvimento sustentável, como a Amazônia, por exemplo, que
indiscutivelmente se tornou objeto de cobiça das grandes corporações e objetificação da
riqueza. Essa corrida pela exploração da riqueza amazônica levanta uma problemática
que muitas vezes é colocada de lado aos olhos da justiça social, onde a propriedade a terra
de populações tradicionais é violada e consequentemente tem seu modo de vida e cultura
destruídos.
Essa conduta de desrespeito se potencializou nos conflitos do sertão amazônico,
que historicamente foi construída a base de sangue de inocentes e de ativistas que se
prontificaram a defender o interesse de seu povo e seu lugar. Podemos colocar aqui a luta
de Chico Mendes e da missionaria Dorothy Stang, assassinados a mando de pessoas
ligadas a terra e ao controle financeiro local. No filme Amazônia em Chamas (1994),
podemos acompanhar as ações de Chico Mendes em pró da terra, contra a elite financeira
exploratória, ressaltando o cotidiano dos trabalhadores na floresta, que muitas vezes
deixavam suas terras natais em busca de uma vida melhor em meio a mata, mas tinham
suas vidas controladas pelos abusos dos grandes proprietários. Chico é um dos
personagens que se apresentam como agente conscientizador da realidade sofrida que
muitas famílias viviam, mas que passa ser alvo de escarnio e ódio por quem o vê como
uma ameaça aos negócios. Chico não foi o primeiro e nem o último que teve sua história
interrompida pelo processo predatório do capital e obviamente sua luta não foi esquecida
e tão pouco apagada.
Isso nos mostra o reflexo dessa problematização entre crescer e desenvolver,
sempre ligada a um interesse pelo capital que mata, pune, desmata e destrói. Precisamos
participar mais desse debate e criar uma narrativa para o futuro que se apresenta tão
sombriamente em relação a natureza. As histórias de Chicos e Dorothys precisam ser
espelhos do descaso e ganancia que a floresta vem se tornando.
REFERENCIAS
MARTINE G, ALVES JED. Economia, sociedade e meio ambiente no século 21: tripé
ou trilema da sustentabilidade? Rev. bras. estud. popul. 2015;32(3):433-460.