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Historiador, especialista em história contemporânea e mestrando em Psicologia Social pela Universidade Federal
do Pará – Brasil
ORCID - https://orcid.org/0000-0001-8059-0538
tal homo oeconomicus, como propôs Foucault, em seu curso Nascimento da Biopolítica, estaria
presente neste meio o percurso de uma “mão invisível” que guiaria, ou potencializaria, o
funcionamento deste sujeito econômico, ou melhor, deste “homem econômico”. (2008: p. 379)
Voltando-nos, agora, para Marx, lembremo-nos que no seio de sua obra O Capital
(1867), já fica claro que o teor da qualidade da produção, e preços competitivos para o produto
final, está inteiramente ligada à dinâmica do capitalismo, como podemos ver, “Marx articulou
teoricamente a busca incessante por inovações, a obtenção de super-lucros e a concorrência
intercapitalista. Dessa elaboração depreende-se que a inovação tecnológica está ligada ao motor
da dinâmica do sistema capitalista” (2002: p. 829).
À priori, a evolução técnica dependeria da qualidade da produção e também do
maquinário industrial: quanto melhor a ferramenta, melhor a manutenção ou construção do
produto final. Assim, a intensa disputa entre os diversos capitais e industrias, à nível mundial,
também provocaria a tensão necessária para contribuir ao crescimento tecnológico. Tudo isto
aliado à inteira e volúvel produção dos bens de consumo: quanto maior a quantidade produzida,
quanto mais ágil e potente sua produção, maior será a geração de lucro e menores serão os
preços, dando inteiro valor de mercado ao produto ofertado. (2002: p. 829)
Temos, aqui, em certa medida, algo importante. Como podemos ver, tanto em Smith,
quanto em Marx, a origem das inovações tecnológicas estão no centro da indústria e coincidem
diretamente com o modus operandi da mesma. Isto leva a crer que a produção gera não apenas
bens de consumo mas está intrínseca com a criação de inovação tecnológica, quiçá, da própria
ciência. Se guiarmo-nos pela via do pensamento de Michel Foucault, o entendimento deste
percurso se dá de maneira fácil: pensando a respeito das relações de poder, e acentuando que
as mesmas atravessam todas as etapas da indústria, do funcionário ao patrão, lembremos que
em boa fase dos anos 70, o filósofo francês mostrou que “poder produz saber”. Saber este que
pode facilmente ser entendido no conjunto paralelo aos produtos finais das indústrias, bem
como da produção de saber cientifico originada naquelas. Finalizando, os meios de produção e
a mão-de-obra, mesmo que na condição de mais valia, seriam capazes de produzir saber,
técnica, conhecimento.
O neo-schumpeterianismo, neste ponto de vista, agrega-se das teorias anteriormente
analisadas, já que perece junto à falta de teorias de capital e concorrência. É importante
apreciarmos que, convencionalmente, o trajeto “normal” das inovações tecnológicas se daria,
segundo o schumpeterianismo, da seguinte maneira:
A visão convencional considera o modelo linear (articulando o percurso entre ciência,
tecnologia e produção, nessa ordem), define a ciência como um bem público e a
tecnologia como um bem privado, assume o progresso tecnológico como demand-pull
considera a ciência como exógena à atividade econômica.
Isto foi duramente criticado pelos próprio economistas da chamada escola neo-
schumpeteriana. Já que entendiam que a ciência não seria um processo exterior às tais
atividades econômicas, mas, presentes nela, firmando, assim, inclusive, um processo evolutivo
da mesma. Desta maneira, o neo-schumpeterianismo compreende-se como uma guinada em
vistas às “as complexas interações entre ciência e tecnologia, na medida em que a ciência pode
ser avaliada como líder ou seguidora da tecnologia”. (2002: p. 838).
Bibliografia Utilizada:
LIMA JÚNIOR, P. et al. Marx como referencial para análise de relações entre ciência,
tecnologia e sociedade. Ciência & Educação, Bauru, v. 20, n. 1, p. 175-194, 2014.