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A longa Guerra do Golfo: uma análise comparativa das Guerras do Golfo e

do Iraque sob a ótica das Doutrinas Powell e Bush (1991-2003)

John Lennon Lima e Silva1

"Em janeiro de 1991, os Estados Unidos colocaram em movimento a sua máquina militar
através da Operação 'Tempestade no Deserto' contra o Iraque. Era a Doutrina Powell
sendo aplicada no campo militar e estratégico conjugada com a Doutrina Carter nas
searas econômica e política".

A expansão da política americana pós-guerra se fez presente de forma mais acentuada


nos países considerados de “terceiro mundo”. Muitos conflitos foram focalizados em territórios
fora do eixo do conflito entre as potencias EUA x URSS. A luta por influência desses
determinados territórios se estabeleceram, sobretudo, pelo interesse na captação de fontes
petrolíferas, matriz de energia altamente consumida pelos Países. Deste modo, as articulações
geopolíticas e financeiras passam a focalizar suas intenções em uma clara dominação dos
lugares, cujo os índices de reservas eram altamente produtivos.

É nesse cenário que se perpetua politicas incisivas no cenário internacional por parte do
governo Americano. Esse direcionamento fará com que as intervenções e manobras em busca
de alianças, se tornem o foco de manutenção da força de dominação e influencia norte
americana dentro do oriente médio. Nessa perspectiva, podemos elucidar essas medidas a partir
das mediatas ações ocasionadas pela doutrina Carter, doutrina Powell e doutrina Bush, como
exemplos de políticas direcionadas aos interesses por influência e petróleo dentro do território
do sudoeste asiático.

Podemos inferir também, uma leitura dentro de uma longa linha histórica, baseada numa
construção de posicionamento político e econômico, que começa em 1973 e permanece até os
dias atuais, que tem como claro objetivo a imposição do poder americano em áreas
determinadas como estratégicas. Nessas circunstancias, a Doutrina Powell nos dá a percepção
de como o Estados Unidos passam a exercer seu poderio militar e de influência dentro do Golfo
Pérsico, território esse rico em reservas de petróleo e, portanto, alvo fundamental para a
manutenção do fornecimento de energia americana.

1
Historiador, especialista em história contemporânea e mestrando em Psicologia Social pela Universidade Federal
do Pará – Brasil
ORCID - https://orcid.org/0000-0001-8059-0538
Essa postura já havia sido enquadrada dentro das ações na Doutrina Carter, que já na
década de oitenta, iniciou um longo processo de intervenção e combinação de alianças com
países considerados chave para esse processo, como a Arábia Saudita e Irã. Desta forma, o
então presidente Jimmy Carter deixava claro “a região do Golfo Pérsico era vital para a
geopolítica da Casa Branca. ” E “que se fosse necessário empregar até meios militares para que
os objetivos dos Estados Unidos fossem protegidos, ele o faria” (ZARPELÃO, 2011 pg. 2).

Essa postura nos permite entender que nesse momento, a política internacional
americana se fazia de uma maneira expansionista e se necessário dominadora, articulando
meios para que sua influência dentro da região do oriente médio fosse mantida “Em outras
palavras, o Oriente Médio deveria ser sua área de influência, livre das ingerências da União
Soviética e dos países europeus ocidentais como o Reino Unido e a França.” (Zarpelão, 2011.
pg. 4)

Baseado nessa postura, a continuação de um interesse continuo nessa área teve como
consequência a formação de uma nova doutrina, baseada também na preservação dos interesses
americanos nesse mesmo território: a doutrina Powell. Como já apresentada, garantiu essa
determinada combinação e continuidade, e apresentou numa nova dinâmica de combate por
parte dos americanos, onde a tecnológica bélica prezava pela baixa perda de contingente, e
ataques incisivos. A guerra do Golfo mostrou que os americanos estavam mais do que nunca
interessados na expansão dentro do oriente médio, porém com novas características baseadas
em novas perspectivas a serem combatidas, como terrorismo e também qualquer um que
ameaçasse a hegemonia americana no local sendo assim denominados de inimigos.

Deste mesmo modo, a combinação desses fatores se fez presente também no final da
década de noventa e início do século XXI, moldados pelos ataques terroristas as cidades
americanas em 2011, inaugurou uma nova fase dessa intervenção com a chamada Doutrina
Bush. A partir dela, os americanos em posse do discurso antiterrorismo, direcionaram seus
esforços ao combate de organizações denominadas terroristas e que tinham segundo o próprio
discurso do governo americano: um aparelhamento com alguns estados islâmicos. A invasão
ao Iraque a partir do ano de 2003, mostrou novamente a faceta de interesses americana dentro
do território. Com o discurso de interceptar a produção de armas de destruição em massa, aos
poucos a consolidação da intervenção se mostrou também direcionada as grandes reservas de
petróleo no pais.
Assim, analisando a linha tênue dos acontecimentos históricos desde a chamada
Doutrina Carter, concluímos que os eventos posteriores a essa doutrina, exibem uma clara
concordância sobre os interesses americanos dentro do oriente médio. A doutrina Powell e Bush
se estruturam a partir da construção do discurso hegemônico americano, usando da
superioridade bélica e de influência para determinar as ações políticas e econômicas em vários
territórios, precisamente nos ricos em reservas de petróleo. Portanto, a doutrina Powell e Bush,
podem ser consideradas como eventos contínuos, postulados dentro da dominação norte
americana no território, pois a guerra do Golfo iniciada em 1991 foi determinante para a posse
do discurso que orientou a nova fase da intervenção, com a invasão do Iraque em 2003.

REFERENCIAS

ZARPELÃO, Sandro Heleno Morais. A longa Guerra do Golfo sob a ótica das Doutrinas
Powell e Carter (1991-2003). Anais do XXV Simpósio Nacional de História – ANPUH,
Fortaleza, 2009, p. 1-9.

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