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GEOPOLÍTICA II

ORIGENS DA GUERRA FRIA

As origens da Guerra Fria podem ser traçadas até ao fim da 1ª Guerra Mundial e à
criação da URSS, que significa uma vitória do comunismo, algo muito mal recebido pelos
EUA. A 2ª GM veio agudizar estas tensões.
Há múltiplas origens da GF e por isso mesmo torna-se difícil e muito pouco preciso
encontrar um marco temporal específico para o começo deste confronto. Mas há 3
momentos paradigmáticos:

Discurso de Churchill em 1946 – “Cortina de ferro” -> Documentário “ Cold War – Iron
Curtain” – “an Iron curtain has descended over Europe
Discurso de Truman em 1947 – institucionaliza a doutrina Truman – é preciso conter o
avanço comunista no contexto global – Esta doutrina marca o inicio da GF digamos e a
formação de 2 blocos.
Plano Marshal em 1947 – plano de reabilitação económica para a Europa

E quanto às causas profundas:

1. Carta do Atlântico de 1941 – Roosevelt e Churchill proclamam uma série de princípios


que deveriam ser respeitados em caso da derrota alemã da guerra – todos os princípios
e processos de descolonização estão presentes, assentes predominantemente no
principio de autodeterminação dos povos. Todas as potencias defendiam a
autodeterminação dos povos, mas de formas bastante diferentes; além disso, intervêm
em poxy wars e procuram atrair os recém-criados para a sua área de influência.
2. Conferência de Yaltsa – 3 líderes; Roosevelt, Churchill e Stalin negoceiam as
condições de repartição as zonas de influencia entre o Oeste e o Leste (fim da 2ª GM) –
define muito a zona de influência, a formação do bloco antagónico
3. Bombardeamentos nucleares dos EUA no Japão em 1945, para além de abreviarem
a já previsível rendição do Japão, os ataques são passíveis de ser interpretados como
um aviso (indireto à URSS – considerada como uma potência de alta influência na
Eurásia. É igualmente o primeiro passo para a escalada nuclear e estratégia de dissuasão
– fomentou outros conflitos e seria o primeiro sinal da estratégia de contenção da parte
dos EUA à URSS;
4. Vazio geoestratégico da Europa Central: Hitler tinha conseguido materializar o
grande sonho alemão de uma área inteiramente germanizada, a EC. Após a sua derrota,
nota-se um vazio geoestratégico, o que facilita a divisão entre as potências aliadas
vencedoras.
5. Formação da ONU 1945: cooperar pela segurança coletiva: Carta de S. Francisco é a
carta fundadora. Apesar dos pontos positivos, a própria estrutura interna das NU
encoraja a emergência de problemas, criando contradições e consequentemente
contribuindo para o crescer da guerra fria: direito de veto; natureza oligárquica; acaba
totalmente paralisada em múltiplas ocasiões. Este direito de veto acaba por consolidar
a hegemonia das grandes potências. Esta hegemonia acaba por formalizar o sistema de
blocos, assim como a descolonização não pacífica e eclosão de guerras por delegação
na periferia do sistema bipolar.
Se estes fatores se encontraram na origem do confronto bipolar, outros permitiram que
ela durasse quer no tempo, quer no espaço.

QUESTÕES CENTRAIS DA GUERRA FRIA/ANTAGONISMO LESTE-OESTE

Existem tensões crescentes já anteriores à guerra. EUA enquanto potência marítima e


URSS potência terrestre. Foram ganhando capacidade de dissuasão do uso da força
gigante, assim como um poder de ataque enorme – ameaa mútua à iminência de
ataque.

Antagonismo ideológico

Mas primeiramente, a guerra fria, trata predominantemente de um confronto entre 2


blocos que viam o mundo de formas profundamente diferentes: bloco ocidental e bloco
de leste (coletivismo, estado intervencionista, economias planificadas). Cada um destes
modos de vida serviu como bandeira para a expansão da influência dos blocos, e
justificar opções políticas. No contexto deste antagonismo, vale a pena referir qu4 estes
princípios não foram invioláveis; pelo contrário, as potências colocavam de lado estes
valores dos quais se diziam defensores, em prol de decisões muito mais pragmáticas.
Exemplo: Leste – apoio a oligarquias; Oeste – apoiar ditaduras na América Latina e
África. Importava apenas atrair aliados.

Questão Alemã

Partilha da Europa em blocos antagónicos

Projeção da Questão Alemã à escala regional; qualquer ameaça interna servia como
razão para intervenção armada por qualquer um dos atores: intervenção do Pacto de
Varsóvia na Hungria e Checoslováquia; internvação da NATO em Itália.
Europa -> centro do conflito bipolar e depois o 3º mundo – ou seja já repercussões ao
nível global

Escalada armamentista (relacionado sempre com dissuasão)

Competição de carácter permanente, transversal a todos os momentos GF;


Nível quantitativo e qualitativo (evolução tecnolófica e etc)
Vem de continuação de projetos já da altura da guerra, mas vem a ser acelerado
Escalada -> competição pela maior capacidade de destruição possível, logo
acompanhada por uma campanha de dissuasão, de forma a evitar que a URSS e os EUA
nunca atingissem um nível de violência tão forte que causassem a eventual destruição
do planeta

Descolonização

Prova de que a guerra ideológica leva também a interpretações muito diferentes –


autodeterminação dos povos.
Descolonização revolucionária – perfilhados pela URSS
Descolonização neoliberal EUA
E o mundo recém-independente era um campo privilegiado para as superpotências
espalharem as suas influências.

ESTRATÉGIAS DOMINANTES NA GUERRA FRIA

Gerais:
▪ Dissuasão Nuclear
▪ Estratégia indireta
o Guerras por delegação
o Manobras diplomáticas (bilaterais ou multilaterais)
o Manobras económicas – constituição dos blocos, procura de recursos
o Manobras de agitação – em particular nos parceiros da potência rival
Objetivos centrais:
▪ MAD – associada à dissuasão nuclear – Destruição mútua assegurada —
tradução do inglês mutual assured destruction, abreviado MAD (loucura) — é
uma doutrina de estratégia militar onde o uso maciço de armas nucleares por
um dos lados iria efetivamente resultar na destruição de ambos, atacante e
defensor. É baseada na teoria da intimidação, através da qual o desenvolvimento
de armas cada vez mais poderosas é essencial para impedir que o inimigo use as
mesmas armas.
▪ Divisão do mundo em esferas de influência

Traços dominantes estratégia dos EUA

Estratégia de contenção: diz respeito à percepção da ameaça soviética ao nível regional


e global, muito particularmente em relação à Europa Central.
Washington mantinha então uma visão realista -> “síndrome de cerco” -> os EUA não
permitem que certas regiões de interesse caíssem nas mãos da URSSS – o rimland
europeu, assim como as ilhas do sudeste asiático -> a fronteira não poderia avançar para
lá desta zona.
Esta teoria vem inspirar-se nas grandes teorias geopolíticas do poder global.
Importância evidente da NATO – que para além do controlo do rimland, pactos de
cooperação com o sudeste asiático, acordou um tratado tmabém com o Médio Oriente.

Estratégia de dissuasão: os EUA dispuseram sempre da iniciativa pela corrida na área


militar, tecnológica, genética, etcs. Até ao momento da explosão da bomba A pela URSS,
os EUA detinham a superioridade nestas áreas, sendo uma corrida muito
desequilibrada.

Estratégia face ao terceiro mundo: A posição dos EUA sempre foi reativa, não tinha
iniciativa de ação neste domínio, preferindo reagir à atuação de Moscovo.
A partir de 50, surgem os Não Alinhados: já que o símbolo deste movimento sempre foi
o apoio à libertação dos povos, criaram sempre problemas para o lado de Washington.
Por um lado, tinham de se colocar ao lado dos aliados que agora não queriam perder os
impérios (ou seja, não intervia nos movimentos de independência). Por outro lado,
sendo os EUA eles mesmos um país surgido de um movimento pela independência e
liberdade, deveria igualmente apoiar os países da sua luta.

Traços dominantes estratégia da URSS

Síndrome de cerco: a Rússia é reativa, ainda assim à própria estratégia dos EUA,
procurando igualmente adaptar a realidade às suas ações pela defesa dos seus
interesses. Ficou bem claro em 3 eixos fundamentais:
a) Europa Central: procurou conter a expansão dos EUA; manter uma zona
tamão nas regiões contíguas à sua fronteira pela sua própria defesa: doutrina
Brejnev
b) Europa Ocidental: o objetivo de Moscovo não era a transição do bloco liberal
para o bloco socialista, mas sim que estes países se tornassem neutros;
procurar atrair estes países para a esfera de leste seria interpretado de uma
forma muito clara como um ataque direto a Washington e, por isso, a URSS
decidiu levar a cabo ma estratégia mais subtil, solidificando pontos de
contacto.
c) Fronteiras asiáticas: procurou por último combater a força marítima dos EUA
– procurando construir uma força marítima igualmente – bases estratégicas.

Estratégia de dissuasão: ao contrário do referido sobre os EUA, a URSS nunca teve a


supremacia neste campo. Estratégia apenas reativa, com o intuito de estabelecer
alguma paridade, manter o estatuo de superpotência, como parte integrante do
conflito.

Estratégia face ao terceiro mundo: Passa-se precisamente o inverso nesta área; maior
iniciativa e capacidade de atuação, de moldar a forma como as dinâmicas políticas e
geoestratégicas evoluem. Falamos não apenas de guerras por proxy, mas eram
igualmente desenvolvidas estratégias diplomáticas.
Queria maior presença, de forma a consolidar a posição soviética no que tocava à
implementação da doutrina comunista – supostamente focada na libertação dos povos
seria uma prioridade... Entretanto volta para primeiro plano.
A estratégia mais relevante no contexto da confrontação bipolar, que permitiu mais
ganhos de aliados e posições estratégicas.

CASO PRÁTICO: GUERRA DO VIETNAME

ªªª EM FALTA

MOVIMENTO DOS ALINHADOS

Origens

Conferência de Bandung (1955) – origem do movimento dos não alinhados


Estados promotores da conferência – Índia, Indonésia, Paquistão, Sri Lanka e Myanamr
Estados participantes – 29 do Continente Africano e Asiático
O chamado 3º mundo emerge- como um 3º polo de poder. Estes países visavam
promover mecanismos de promoção económica e cultural entre os participantes: não
como apenas forma de sobrevivência, mas agindo em oposição às políticas
expansionistas de Washington e Moscovo.
Embora mais perto de Moscovo, chegaram à conclusão que se deviam opor a ambos. A
China tem um papel relevante, mas entretanto durante a GF perde o papel. Regressa ao
Movimento no fim.

O presidente da Índia vai guiar a emancipação.

EUA e movimento dos NA

- Ceticismo: Washington sempre se mostrou extremamente cético face ao movimento.


Acusava estes países de perverterem o princípio das nacionalidades e de traírem
alianças internacionais.

- Ameaça à sobrevivência do bloco ocidental: já que estes países estavam associados à


bandeira da independência e libertação dos povos. Por um lado, os EUA não se poderiam
aproximar nem simpatizar abertamente com a causa deste movimento uma vez que
alguns dos seus aliados (sobretudo no quadro da NATO) eram ainda potências coloniais,
contra estes movimentos de descolonização. Por outro lado, os EUA não podiam
negligenciar o movimento dos NA, no contexto de alianças mas igualmente porque o 3º
mundo surgia como palco de influência soviética.

- Estratégia de contenção – o terceiro mundo é uma proxy como a URSS.

- E também motivações estratégicas envolvidas.

Fases:

• 61: Administração Kennedy +++: este uma maior aproximação dos EUA a este
movimento.
o O presidente anuncia um projeto de novas fronteiras que visava
promover uma maior aproximação ao 3º mundo, mas também através
de um apoio mais claro aos processos de descolonização em África –
fomentar aparecimento de novos processos de independência que se
opusessem aqueles apoiados pelo bloco soviético
o Contudo, a estratégia de aproximação não foi suficiente: uma vez que os
NA continuavam a mostrar-se mais apoiantes dos movimentos
apoiados por Moscovo – mais consequentes na ideologia que servia de
base à libertação; mais liberto das relações com potências coloniais.
o Contudo, seguiu-se rapidamente o deteriorar destas relações: exemplo
de certos episódios como a Baía dos Porcos

• 69: Admnistração Nixon: bastante mais antipática e oposta ao MNA


o Considerava o MNA como uma extensão de Moscovo e ameaça ao bloco
ocidental.
o As intervenções norte americanas acabaram elas próprias por pisar os
países dos NA e empurra-los para a lógica soviética.
o Foi esta política americana que levou muitos dos países NA a abandonar
a política de neutralidade, a favor de uma solidariedade muito mais
militante em favor da URSS -> motivada não por ideologia, mas por
questões regionais
o Ao mesmo tempo, EUA já bastante extenuados devido ao
intervencionismo – África do Sul, Rodésia, Portugal, América Latina
(operação Condor) -> alianças existentes acabaram por obrigas
Washnington a retirar os EUA desta área
• 77: Administração Carter: ainda fez um esforço por dissociar os EUA da
operação Condor, mas não foi suficiente
o Houve a Revolução Iraniana (maioria xiita, minoria sunita) – os EUA são
obrigados a recuar estrategicamente do Irão. Aconteceram também
outras coisas.
o Instala-se uma lógica de ameaça geral, dado que qualquer ação não
liberal era considerado um ataque direto aos EUA, que respondiam com
intervenção direta.

• 81: Reagan leva à inversão do recuo estratégico dos EUA.


o Apoia movimentos contrarrevolucionários anticomunistas, com
incidência na América Latina e Sul da Ásia (de forma a preservar a ordem
global dominada pelos EUA)
o Reativação da estratégia de Contenção – conter a influência da URSS no
terceiro mundo – todos os tumultos sociais e políticos no 3º mundo
eram parte de um complot soviético contra os EUA. Por outro lado, os
países europeus eram capazes de compreender que existiam causas
endógenas, estruturais, que nada tinham a ver com a esfera global.

Ou seja, esta atmosfera de ceticismo e desconfiança acabar por ser transversal


a toda a guerra fria apesar de momentos de entendimento e cooperação.
Apesar de com Kennedy se ter iniciado um esforço de aproximação, esta não foi
suficiente. As relações deterioraram-se com o conflito da Baía dos Porcos. Com
a chegada de Nixon, a antipatia para com o MNA rapidamente se propagou. Com
Carter, faz-se de novo um esforço por dissociar os EUA de vários momentos maus
– como a operação Condor -, mas vários acontecimentos minam esta tentativa.
Cada vez mais se considerava que qualquer ação liberal existente era um ataque
aos EUA. Depois com Reagan chega-se à inversão do recuo estratégico anterior
dos EUA, apoiando movimentos anti-comunistas e reativando a estratégia de
contenção.

URSS e o movimento dos NA


- Ao contrário dos EUA, sempre se mostrou muito mais a favor destes países.
Procurou desenvolver estratégias e mecanismos para a aproximação destes
países (económicos, sociais e políticos). O que foi facilitado pela proximidade
ideológica de ambas as partes.

- Numa posição de relativa desvantagem geoestratégica, a URSS sempre


procurou jogar de alguma forma com armas diferentes. Através de uma
estratégia mais ampla de destabilização do bloco ocidental – a URSS usou a
agitação política-social, a destabilizção de bases estrangeiras dos EUA, apoiou
movimentos de libertação nacional e contra o colonialismo, e o fornecimento de
armas as estes movimentos, procurando expandir a sua área de influência.

- Acabou por criar uma aliança informal entre a URSS e o movimento dos NA –
oferecia apoio de qualquer tipo sem os constrangimentos que os EUA traziam.

- Extensão ideológica e estratégia da URSS a praticamente todo o terceiro Mundo


– Ásia, África e América Latina.
Extensão da ideologia a países como o Congo, Somália, Benin – onde se
assiste muito concretamente à tomada de poder por regimes marxistas/afro comunistas
Oportunidade também para Moscovo estender a sua influência à
independência de Angola e Moçambique (com o apoio da Alemanha Oriental e Cuba)
Depois muito mais foco nos países do médio oriente

- Os EUA levaram como resposto uma série de intervenções:


Guatemala (54)
Cuba – onde já se consolidava um regime antiamericano, mas em vão,
pois o país torna-se num autentico satélite da URSS – grande derrota para os
EUA e uma importante vitória geoestratégica para a URSS

- Para além de estratégias ligadas a logica mais direta de confrontação bipolar,


há uma estratégia bem interessante de sedução dos países do 3º mundo.
74 – Moscovo apoiou a abolição do programa de ação para o
estabelecimento de uma nova ordem internacional, no quadro da ONU. Esta
tinha sido já uma iniciativa dos PNA, originária de Bandung (mais uma vez aliança
informal).

- Porém, também há casos igualmente de cisões entre a URSS e os países de 3º


mundo
Como a situação do Egito - Em 1981, essas relações foram cortadas como
resultado da oposição soviética ao tratado de paz egípcio-israelense
Com a revolução iraniana 79 - Durante a Guerra Irã-Iraque, a União
Soviética - que se encontrava envolvida no conflito afegão - se ocupa para o lado
oeste através do fornecimento de grandes quantidades de armas
convencionais para Saddam Hussein. O aiatolá Khomeini acreditava que
o Islã era incompatível com os ideais comunistas da União Soviética, o que
tornou Saddam um aliado de Moscou.
CONCLUSÂO

Ainda que de forma tímida, o movimento dos NA teve um contributo relevante e não
linear para GF.
1) Inicialmente – neutral, de mediação, de construção de paz.
2) Depois – de pendor mais socialista, influenciou os contornos geográficos no
mundo pós descolonização, induzido simultaneamente reações por parte de
ambos os polos.
O que se verificou nesta relação triangulada foi que ao invés de terem iniciativa, tanto
os EUA como a URSS acabaram por reagir ao que se sucedia no terceiro mundo,
adaptando apenas as suas estratégias quando entreviam.

Este movimento mantém-se até hoje, ocupando grande parte do sul global. O que
sucedeu após a GF foi que emergeu uma necessidade obvia de repensar o objetivo e a
pretensão do movimento no contexto de uma ordem mundial super diferente.

CORRIDA AO ARMAMENTO E EQUÍLIBRIO DO TERROR NA GUERRA FRIA

CASO PRÁTICO: CRISE DOS MISSEIS DE CUBA

- Mudança doutrinária. Passagem da era de Estaline para Era Kruschev -> O que implica
uma série de mudanças ao nível interno, mas também externo, na relação entre
superpotências. -> Pretende-se uma relação de coexistência pacífica. (Ex: visita de
Kruchev aos EUA acaba por simbolizar esta ideia)

- Para que isto fosse viável, e tivesse tradução na prática, dever-se ia procurar a
limitação de armamento à disposição de ambas às superpotências.

CONTUDO

- Tudo se alterou rapidamente.


- Em 1960 a URSS denunciou a violação do seu espaço aéreo por um avião espião
norte-americano -> escalar de tensões entre as superpotências e destruição dos
processos diplomáticos de reaproximação amigável das grandes potências.

- A crise dos misseis vem no seguimento do triunfo revolucionário de Fidel Castro em


Cuba (1959) após a deposição do regime de direita de Baptista. Constitui um dano ao
orgulho dos EUA, assim como ameaça estratégica – enorme proximidade.

- Kennedy aprovou então a Baía dos Porcos - uma tentativa frustrada de invadir o sul
de Cuba empreendida em abril de 1961 por um grupo paramilitar de exilados
cubanos anticastristas. Operação fracassa e leva ao escalar das tensões

- Isto levou apenas a que a URSS se aproximasse mais de Cuba (para o transporte de
alimentos, maquinaria e armas convencionais). Lá está: grande vantagem estratégica
para o bloco soviético ter uma base aliada na área de suposta influencia americana.
Oficialmente não se falava em local nenhum de transporte de armamento nuclear, mas
na prática, via-se o aumento de barcos soviéticos destinados a Cuba.

- Com estas dúvidas e descontentamento dos EUA, Washington inicia o


reconhecimento do terreno e em 62 Kennedy anuncia publicamente a presença de
misseis nucleares em território cubano – evidentemente uma ameaça à sobrevivência
norte americana. Descontentes, os EUA impõem um embargo – pressionam para que
Cuba fosse expulsa da organização de Estados Americanos – o que conseguiu em 1962.

- A ONU tenta mediar esta querela, ainda que sem sucesso. Em geral, o discurso usado
pelos dirigentes das duas superpotências e movimentações estratégicas ao nível dos
exércitos apontam para uma prontidão para o uso das armas, incluindo nucleares, para
responder a qualquer tipo de agressão.

Durante os 13 dias da crise gerou-se uma perceção generalizada que o mundo estava à
beira do abismo da confrontação nuclear. No entanto, este episódio terminou com a
retirada dos misseis soviéticos, com a ajuda de contactos entre os líderes e através da
mediação internacional.

Lebrow

Analise tudo o que já foi escrito sobre a crise – a maior parte das análises assentam em
pressupostos racionalistas – questão racional de ponderação custo/benefício;
ganhos/perdas; informação disponível aos envolvidos, que determinaria aqui a sua
conduta perante a crise.

Sugere que:
1) Nenhuma das teorias assenta em dados concretos, em factos irrefutáveis.
Existe a produção de um conhecimento, de um mito que perpetua a visão dos
EUA, o que convém aos EUA e mais tarde também à URSS, e que silencia todo
o leque de conhecimentos alternativos.
2) Esta visão sobre a crise acaba por assentar em dados também falaciosos, como
o facto de se considerar Kruchev como ator racional (dado que ele não tinha
legitimidade ou credibilidade no próprio país...)

O autor diz-nos que a história da guerra fria tem sido continuamente


instrumentalizada para contar a história do vencedor – parece que todo o resto do
mundo não existiu; apenas os EUA e URSS.

Leffey e Julta

Estes autores falam-nos da descolonização da crise dos mísseis de cuba, ou seja, a


forma como há nomes diferentes para diferentes países/interpretações.

a) Crise dos mísseis de Cuba para os EUA – há armamento em Cuba que tinha
potencialidade para atingir os EUA
b) Crise do Caribe para a URSS – há um aliado em perigo
c) Crise outubro para Cuba – existiu uma crise porque estavam a ser mais uma vez
atacados pelo EUA

Foram estas diferenças interpretativas que levaram à crise. Será que o armamento era
ofensivo ou defensivo? Será que a situação foi exagerada?

Numa perspetiva americana, o propósito das armas nucleares é indiferente; a própria


existência dessas armas é já uma ameaça. Por outro lado, estamos nas vésperas de
eleições nos EUA, há a necessidade de catapultar Kennedy como salvador.

Mais uma vez, a história é contada pelos vencedores. Os EUA acabam por pickandchose
os episódios que pretendem tratar. Moldando a história.
1) É contada do ponto de vista americano, que negligencia a presença de
bastantes mais armas nucleares na Turquia (aliado americano na altura,
direcionadas à URSS).
2) Negligencia a posição cubana. Silenciamento constante de quem não
integra o norte global. Para ter uma narrativa mais ampla é necessário
envolver mais atores.

CISÃO SINO-SOVIÉTICA

Por ruptura sino-soviética designa-se a crise nas relações entre a República Popular da
China e a União Soviética que começou em finais da década de 1950 e se
intensificaria durante a década de 1960.

Aliança soviética – anos 50

- China e Rússia assinam o tratado de assistência mútua em 1950.


- A China trata-se de um aliado estratégico no sudeste asiático;
- Mao aceita a liderança de Estaline;
- Existe um aumento contínuo de assistência à China.
- Existe um acordo em termos de matéria de cooperação militar 1955.

CONTUDO AS RELAÇÔES DETERIORAM-SE COM A CHEGADA DE KRUSHCHEV ->


antipatia em relação à China, devido a disputas ideológicas na segunda metade da
década.

Cisão sino-soviética – anos 60.

- Disputas ideológicas (muito sobre o princípio de inevitabilidade da guerra – Mao


defendia não inevitabilidade da guerra - as armas nucleares seriao sobrevalorizadas,
teria de se resolver o conflito pela batalha convencional).
- Melhoria das relações entre os EUA e a URSS, enquanto isto a URSS via a aproximação
da China aos EUA numa dimensão mais ideológica.
- Assim, Mao Tsé-tung começava a ver a China como a nova referência real do
comunismo no mundo, que deveria abandonar uma União Soviética que traía a causa
ideológica. Precisamente este crescente confronto ideológico levaria a União Soviética
a cancelar o seu intuito de ajudar a China no seu projeto nuclear; revogou a promessa
de fornecer tecnologia necessária para a construção de uma bomba atômica pela
China; ordenou a saída de todos os seus especialistas estabelecidos na China e
cancelou os projetos de cooperação técnica.
- Posição neutra na guerra sino-indiana também provocou uma cisão – crítica: primeira
vez que um Estado Comunista não ficava do lado de outro Estado comunista.
- Também é digno de nota que a crise dos mísseis soviéticos em Cuba, ainda em 1962,
deu oportunidade a Mao Tsé-Tung de atrair comunistas descontentes com a política
de coexistência pacífica, acusada de revisionismo.

As discórdias entre Mao (que se sentia humilhado pela destalinização, embora não
tivesse sido cético em relação a este chefe) e Krushchev eram constantes e crescentes;
ao mesmo tempo que há uma mudança política dos EUA e o crescimento do
relacionamento entre EUA e o URSS.
MAIOR CRÍTICA: A URSS ESTÁ A ABANDONAR O SEU IRMAO IDEOLOGICO, A URSS ESTÁ
A VIRAR COSTAS AO VERDADEIRMO COMUNISMO LENINISTA!

Nunca esquecer que há sempre o contributo direto e indireto dos EUA (percepções e
reações aos EUA). Diretamente, existe por exemplo em Kruschev uma maior
aproximação a este, com várias vias para o socialismo; desejo de controlar a
intervenção dos EUA na Europa de Leste. Indiretamente, existe a perceção partilhada
de que os EUA estão a enfraquecer; contudo, existem reações divergentes : Mao quer
intensificar a luta contra o capitalismo; enquanto Krushchev quer optar melhorar as
relações com o ocidente.

Como também existem (Triângulo estratégico) 4 fases dentro deste triângulo que
acabam por favorecer os EUA

a) 69 – Confronto militar URSS/China


b) Declaração do bloco soviético
Inconsistências ideológicas do comunismo devido às guerras entre Camboja e
Vietname – mais uma vez incongruências entre a URSS e a China – na altura
pensava-se que seria apenas possível um confronto entre nações capitalistas ou
capitalista e comunista
c) Revolução Cultural
Maoísmo
Conflito fronteiriço sino- criou condições para uma aproximação entre a China e
os EUA
d) Aproximação sino-soviética
Os EUA continuavam como aliado para contrabalançar o poder da URSS.

Durante a década de 1970, a República Popular da China iniciou uma política de


aproximação aos Estados Unidos da América e às potências ocidentais. Isto permitiu-
lhe arrebatar à República da China, o regime de Taiwan, o lugar da China nas Nações
Unidas e conseguir por fim o reconhecimento diplomático da maioria dos países
ocidentais que continuavam a reconhecer no regime de Chiang Kai-shek em Taiwan o
governo legítimo da China.
Face a esta abertura de relações com os países ocidentais, as relações entre China e
União Soviética mantiveram-se distantes até finais da década de 1980, quando o líder
soviético Mikhail Gorbachov iniciou um processo de abertura que o levaria a visitar a
China em 1989

DESCOLONIZAÇÃO

Processo prolongado e cumulativo, pois quando existe opressão, existe sempre


tentativa de resistência (Foucault).

Existiu uma reivindicação tripartida:


a) Paz e justiça
b) Igualdade
c) Autonomia

- Para compreendermos a descolonização, temos de compreender a colonização. Mas


aqui importa olhar para os impérios coloniais modernos, que após a era dos
descobrimentos se foram fixando nos continentes americanos e asiáticos.

- Este processo foi motivado por fins maioritariamente geoestratégicos – afirmação de


poder à escala regional e global. Com a Revolução Industrial, dá-se a transformação
destes interesses, agora económicos, centrados em interesses económicos: matérias-
primas, mão de obra, etc.

- Cada império europeu desenvolveu as suas próprias características mas existem ainda
assim bases comuns:
a) Ocupação de territórios distantes, por uma metrópole sem ligação histórica ao
território colonizado;
b) Este território é totalmente dependente da metrópole. Kjéllen vai interpretar a
colonização de forma geopolítica – noção do estado vital.

Manutenção das relações de dependência: 4 áreas especificamente

Política: o estatuto colonial caracterizava-se por estruturas de poder e de decisão


centralizadas e dependentes da metrópole; objetivo de cristalização das relações de
dependência e da sua subalternidade – marginalização e inferiorização cívica do local;
fenómeno em que o nativo era visto como um estrangeiro da própria terra;
desumanização que leva a que os locais sejam vistos como bens materiais.
Existem, contudo, dois modelos:
A) Política de assimilação: Portugal, França. Pertença alegada do território, falsa
integração das colonias no todo da metrópole; acaba por fundamentar uma
logica de resistência de uma camada intermedia, nem local nem colonizadora,
explorada pelo governo.
B) Política da autonomia: Reino Unido. Colónia como fonte de recursos, inserido
na lógica de mercado em desenvolvimento – limitou a imigração de nacionais
(e quando acontecia era apenas temporário e tinha como objetivo ocupar os
cargos políticos).

Militar: força armada como instrumento de repressão colonial; ocupação militar da


colónia pela metrópole; grande parte da população local era mesmo recrutada para os
contingentes militares.
Claramente o porta voz do regime de opressão colonial.

Económica: aproveitamento total.


Exploração direta (Estado) ou indireta (companhias concessionárias, não diretamente
ligadas ao aparelho estatal)
Necessidade contínua de crescimento e enriquecimento das potencias europeias
“O suor e os cadáveres dos colonizados permitiram o bem-estar e o progresso da
Europa” – Frantz Fanon

Sociocultural: redução do colonizado a um estatuto marginal;


Discursos civilizadores e paternalistas
Superioridade racial

COLONIZAÇÃO COMO PROCESSO MARCADO PELA VIOLÊNCIA E PELA INJUSTIÇA


COLONIAL -> Contribuição destas questões para o crescimento e desejo de
independência.

Fases da descolonização – por vezes há overlap por ser muito prolongado, segundo
Pezarat Correia

1 – Tomada de consciência
2 – Luta de libertação
3 – Transferência de poder
4 – Independência
5 – Consolidação de indentidade nacional

1 – Tomada de consciência

1. Carta do Atlântico 1941 : direito ao autogoverno para todos os povos e nações


2. Participação de vários milhares de homens provenientes das colónias na II GM
ao lado dos aliados – consciência de que se lutam pela liberdade doe outros ,
podem igualmente lutar pelos objetivos da sua causa
3. Independência dos povos colonizados na Ásia – efeito contágio em África
4. Quadro estratégico da GF – apoio aos movimentos de independência; fim dos
impérios coloniais europeus; 1945 – Carta das NU inclui um capítulo
inteiramente dedicado às colónias; também o 5º congresso pan-africano: apelo
a todos os povos de África para a luta pela independência.

2 - Luta de libertação

Várias formas:
a) Organização e pressão política
b) Luta armada (guerra como continuação da política por outros meios –
Clausewitz) – explicação da lógica da guerra colonial e descolonização
armada

Contexto internacional

Estratégia norte-americana:

- Nixon torna-se mais tolerante em relação aos obstáculos aos processos de


descolonização;
- Imperativo de apoio aos regimes brancos na África Austral – devido à necessidade de
contrabalançar a influência da URSS no terceiro mundo

Esta última escolha estratégica levou contudo a consequências não desejadas, como:
- Desconfiança em relação aos EUA
- Propensão pelo Bloco Leste
- Conflitualidade e violência

O EUA claramente não percebeu a incapacidade de Portugal em manter as suas


colónias em África, o que eventualmente veio degradar as relações entre os EUA e as
colónias africanas.

3 – Transferência de poder

Ciclo vicioso. As potências coloniais chegam a um ponto em que não têm outra
alternativa do que aceitar as negociações e reconhecer a independência dos povos.

4 – Independência

Vazio de quadros administrativos; os novos dirigentes voltavam de longos anos em


exílio; classe política desatualizada da realidade local. Os primeiros anos mostram-se
como um período de experimentação do governo, tentativa e erro – o que levou
igualmente a uma enorme degradação socioeconómica.

5 – Consolidação da identidade nacional por fim.

Existe uma persistência da violência colonial transversal às 5 fases (violência


estrutural) Isto leva a:
a) Estados falhados
b) Colapsos económicos
c) Degradação dos serviços básicos.

Esta violência estrutural e estruturante está presente no filme A Batalha de Argel


(1956-1957), que fala sobre a frente de libertação nacional da Argélia contra a
metrópole colonizadora francesa e todos os rivais políticos (cisões internas).
 Espaços físicos habitados por colonizadores e colonizados
 Divisão do trabalho
 Condescendência francesa – os franceses trazem a civilização,a prosperidade ao
país e agora os argelinos tratam-nos assim?
 Menosprezo e desumanização dos colonizados – exemplo da opressão
champanhe – opressão cultural muito forte, tanto por ser álcool como por ser
francês
 Suspensão dos direitos legais dos colonizadores;
 Uso extensivo da tortura
 Desigualdade no acesso aos recursos
 Relações de dependência.

FIM DA GUERRA FRIA E EPISÓDIOS QUE MARCARAM A NOVA ORDEM MUNDIAL

Fim da Guerra Fria

- Existe a vitória do bloco ocidental EUA


- Competição armamentista: incapacidade da URSS para acompanhar o esforço
armamentista norte-americano
- Clara incapacidade da URSS manter a sua esfera de influência à escola global: Ex:
primeiro manifestou-se no Afeganistão (fragilização da URSSS) e depois arrastou-se a
outros contextos geográficos como a Europa de Leste.

Análise geopolítica:
1) Após o colapso da URSS autores como Mahan e Spykman – que defendiam
a superioridade da potencia marítima – vêm as suas teorias validadas, ao
contrário de Mackinder.
2) Vemos igualmente o triunfo da política de contenção de Kennan.

OS EUA após a vitória da Guerra Fria, mostram-se como hiperpotência, dominando o


sistema global.

Criação de uma nova ordem internacional como ambição histórica

Pós IGM – Sistema estruturado em torno da SDN (Wilson) – os EUA acabam contudo
por ficar de fora desta organização.
Pós II GM – criação e características da ONU – encarregue de garantir a manutenção da
paz e segurança (Roosevelt)
Pós GF – após a invasão do Kuwait e Iraque: mundo unipolar liderado pelos EUA,
assentes nos princípios wilsonianos de cooperação e segurança coletiva, promoção da
democracia, prosperidade, paz (George W Bush pai)

Há um estado gramsciano – o velho ainda não morreu, o novo não floresceu. A visão
do SI torna-se extremamente confusa e dividida entre defensores de um mundo
policêntrico, unipolar ou uma aliança entre URSS e EUA.
O que parece ter surgido foi um mundo unipolar – liderança no mundo.

- Unipolaridade norte-americana:
3 principais interesses estratégicos (Huntington 1991)
1. Manter os EUA como primeira potencia global (contenção do Japão)
2. Conter a emergência de uma potencia político-militar hegemónica na
Eurásia (still)
3. Proteger os interesses geopolíticos e geoestratégicos norte-americanos no
Terceiro Mundo (Golfo Pérsico e América Central)

Sistema uni-multipolar (Huntingtion 1999)


Novo conceito – existência de uma superpotência (EUA) e várias grandes
potenciais regionais (de limitado poder à escola global, mas com grande
influência regional).
Adivinha uma transição para um sistema multipolar no século XXI.

- Episódios que marcaram a nova ordem mundial

1- Gorbatchev: aproximação ao ocidente


Reconhecem inferioridade face aos EUA
Procuram transição pacífica da bipolaridade para
unipolaridade

2- Queda do muro de Berlim e fim da divisão alemã: não há uma


reunificação Alemã, mas sim a perda da Alemanha oriental pelo
pacto de Varsóvia (passou para a NATO)

3- Guerra do Golfo (1990-91 EUA a lutar pela libertação do Kuwaiit vs


Iraque): sobreposição da vontade dos EUA à vontade da ONU,
estando preparados para usar a força.

4- Golpe de Moscovo (1991): acelerou o desmembramento da URSS

5- Guerra dos Balcãs (1992): EUA como superpotência; sobreposição à


ONU; ONU é mais uma vez um instrumento militar da liderança
global norte-americana

- Características de uma nova ordem mundial

✓ Uma única superpotência


✓ Sobrevivência da NATO (mesmo sem um inimigo)
✓ Megablocos económicos regionais
✓ Metamorfose dos ex-países socialistas
✓ Conflito N/S – desigualdades – perda total de influência e voz de
outros pólos além dos aliados com os EUA, com outras
preocupações
✓ Novas conflitualidades
✓ Alargamento e aprofundamento da agenda de segurança
✓ Superioridade militar dos EUA – reforço do seu poderio militar
✓ Uniateralismo norte-americano – em toda e qualquer tomada de
decisão em problemas globais; desvinculação de compromissos
quando são contrários aos seus

Grande incoerência entre as palavras dos EUA e as suas práticas –


notamos que pelos poucos ataques terroristas que se passam no Ocidente,
existem muitíssimos mais ataques no resto do mundo.
Os EUA gastam quase tanto no seu orçamento de defesa como o resto
do mundo.

Ikenberry, teórico das Relações Internacionais, fala de um


neoimperialismo e hegemonia norte-americana.

1. Manutenção da unipolaridade
2. Nova análise das ameaças globais
3. Guerras ofensivas, preemptivas e preventivas
4. Revisão do conceito de soberania
5. Desvalorização dos tratados internacionais – unilateralismo
isolacionista
6. Resposta direta às ameaças – missão dos EUA, papel do polícia
7. Estabilizaçao internacional não é um fim em si mesma

Estratégia global neo-imperal -> unipolaridade geestratégica à escala


global; liberalização de mercado; mundialização da comunicação.
Crítica: O imperialismo é o estado máximo do capitalismo (Lenine).

Texto: The end of history? – Francis Fukuyama (1989)

Fukuyama – neoconservador

A história chegou ao fim (visão hegeliana) com a vitória global das democracias liberais
e com a derrota do socialismo soviético.
O confronto dialético entre as duas forças ideológicas (liberalismo – tese – e comunismo
– antítese) durante a GF terminou com o colapso políticos e económico socialista na
URSS, e com ele terminou também o motor da história.

Ainda assim, desiludido com a forma como os EUA conduziram a sua PE. Eventualmente
começa a critica-la de forma consistente, na lógica em que esta prejudicava a ideologia
liberal que ele via.

GUERRA GLOBAL CONTRA O TERRORISMO

Texto: Calling 911: geopolitics, security and America's new war Dalby 2010

*** EM FALTA
CASO PRÁTICO: A RÚSSIA DE VLADIMIR PUTIN

- A Rússia no fim da GF tentou relacionar-se o máximo com as potências ocidentais –


desenvolveu algumas parcerias estratégicas com a NATO, EU e os EUA.
- Contudo, acabou por se desiludir com as estruturas ocidentais, considerando que não
era valorizada pelas mesmas.
- Assim, em 2008, Vladmir Putin chega ao poder em 2000 e em 2008 afirma, no seu
culminar que:
✓ Quer uma Rússia forte, pragmática e assertiva
✓ Quer restaurar o estatuto de grande potência
✓ Contesta a unipolaridade norte-americana
✓ Desenvolve uma PE multivetorial – não se consegue definir muito bem.
✓ Considera que a ordem internacional deve ser multipolar.
✓ Democracia soberana – “modelo democrático russo”.

Texto: Richar Sawka “New Cold War or twenty years crisis?” (2008)

Introdução:
- Discutir a PE russa vai sempre de encontro a como os 2 mandatos de Putin desde 2000
a 2008 vão de encontro a tipos de política e de tomadas de decisão diferente. Mas
estes mandatos não podem ser discutidos separadamente e a verdade é que, no
primeiro mandanto, falava-se no papel da Rússia no mundo ao passo que n segundo
mandato fala-se mesmo da Guerrra Fria e de como a mesma tinha de ser ganha pelo
melhor.
- O artigo analisa o conceito de GF
a) a nível substantivo – se estamos a entrar no período de GF realmente
b) a nível discursivo – porquê da GF continuar presente no entendimento das RI

- Desde o fim da URSS: Rússia passou por um grande período de transformação, a custo
de uma maior integração politica e económica, que a fez perder alguns ganhos
estratégicos. Não foi ainda encontrado um equilibro satisfatório entre integração e
autonomia.

- 1º período pós-independência: internacionalismo liberal – marcado pela viragem e


abertura a ocidente PE russa assente no discurso promovido por Gorbachev “casa
comum Europeia” e prosseguido por Ieltsin e o MNE Kozyrev. Nesta fase, a Russia
reforça relações com as CEs, adere à Parceria para a Paz no âmbito da NATO e pede
adesão ao Conselho da Europa.

- A pressão para a mudança de orientação política externa russa vai resultar no início de
outra fase: competitividade pragmática, com a chegada do MNE Primakov, em 1996. C
- Com uma visão mais crítica do ocidente, embora assumindo uma postura de
cooperação, adiciona a PE russa a necessidade de desenvolvimento de relações com a
China, Índia e Médio Oriente.
- Este pragmatismo ocorria a dois níveis: o que a Rússia realmente queria (A) e
o que a Rússia era obrigada a fazer. (B)
- Anos 90: Rússia atravessava uma grave crise económica. Putin chegou e assumiu uma
posição realista de que era necessário ir de encontro às necessidades domésticas ao
mesmo tempo que se fazia um esforço no sentido de uma maior integração na
economia mundial.
- Quando Putin chegou ao poder, ele queria normalizar a PE RUSSA: ao invés de
ser muito a favor ou muito contra, a ideia é que a Russia se tornasse apenas “outra
potência” e estabelecesse relações de cooperação com todos os países. No entanto, o
facto de se verem super superiores tornou tal ação difici.
- Mas há quem defenda que ver isto desta perspetiva é redutor: a Russia é mais
uma joiner do que apenas uma grande potência. Autores falam em Euroasianismo – com
linhas diferentes, o que faz perder grande parte do valor intelectual: Putin não vai ao
encontro do Eurosianismo per se, mas ao papel da Russia na Eurásia. A ação do chefe
de estado vai de encontro a uma tentativa de rutura com as considerações tradicionais
de realismo, a ideia do “zero-sum game”.

- Realismo de Putin tem


características idealistas -> a Rússia é parte da comunidade europeia e que tem
de ser aceite
instrumentalização da realpolitik -> se algo fere o amor próprio é “overreacted”
Ou seja, influência global, mas tendo em conta o ratio da ambição com recursos;
grande potência mas não em termos revisionistas e teóricos, mas práticos e
relacionados com a sua ação para manter o status quo, ao mesmo tempo, maior
importância dada à imagem.

- Putin também fala da necessidade da Rússia se juntar às organizações ocidentais,


mas à sua maneira: mais do que tentar ser uma alternativa à unipolaridade do SI, a
Russia devia agir como o campeão da autonomia dos estados soberanos – insider
como outsider -> dualismo

- Putin queria melhorar a situação económica da Rússia e conseguiu fazê-lo através da


exportação de energia, dos recursos naturais. (MAS “milagre putin” -> ficou aquém do
realizado pelas potencias do SI)

- Posteriormente, as coisas não melhoraram em nada já para não falar que agora com
a autoconfiança russa é difícil a Russia juntar-se a OIs sem se sentir constrangida e sem
os ocidentais entenderem a posição e ideias sem achar que lhe estão a dar demais..

PODEMOS DIZER QUE DE CERTO MODO EXISTEM 2 PUTIN E DOIS TIPOS DE POLÍTICA
EXTERNA. Mas não há indicadores formais. Entao provavelmente ação de Putin e Russia
resulta de um acumular de desencantamento com as suas tentativas de maior
proximidade com o Ocidente, que tem corrido mal. Existem então falhas no
ajustamento politico, estratégico, intelectual e cultural as circunstâncias:

Falha política:
1) Permanência de instituições criadas e usadas durante a GF (Nato e seu
alargamento)
2) Diferença ideológica de Moscovo (autonomia) contra do Ocidente
(democracia)
3) Dificuldade em falar abertamente sobre a questão de assimetria – A Russia
nunca se apresenta como a parte que perdeu – diferente da Alemanha e do
Japao – mas sim como uma grande potência
4) Problemas políticos entre as diferentes façoes na Rússia
5) Problemas externos: contexto internacional de cada vez maior insegurança e
com mais ameças: dificuldade para a Rússia criar as suas instituições e ter
sucesso – quando as ocidentais estão, uma por uma, a falhar

Estratégica:
1) SI não tem um mecanismo de plena integração para as potências emergentes
– faz levantar questões de legitimidade e dá espaço para ideias de Guerra
aparecerem
2) Aparecimento de nova idade nuclear
3) Bases militares norte-americanas estarem em territórios até então controlados
por URSS -> deixa a Russia desconfiada
4) Avanço assimétrico da NATO, acompanhado com a retirada Russia
5) Assimetria em relação as vantagens estratégicas: NATO e EU fizerem
alargamentos aos antigos países da URSS
6) Potencial fim do acordo sobre Armas Convencionais na Europa (a Russia
acabou por suspender a ratificação deste tratado)
7) A Russia foi aumentando e diminuindo os preços do petróleo aos vizinhos e
isso foi visto pelos ocidentais como uma afronta e uma tentativa da Russia se
tornar uma potencia energética

Intelectual
1) Falta uma boa e objetiva analise académica (durante os anos 90 – quando a
Rússia estava mais aberta), mas que não aconteceu muito por erro e
deslegitimação dos académicos
2) Diáloo paternalista e unipolar dos EUA ajudava a necessidade de continuar a
sua hegemonia e controlar a ação dúbia e pouco democrática da Russia

Cultural
1) Má vontade quando pensamos nas relações entre os países
2) Rússia continua a ser percepcionada como anormal no sistema de política e
seguranças europeus.

Conclusão
A ideia de uma nova GF faz parte uma incapacidade do ocidente em entender a Rússia
e vice-versa. Muita da questão política parte da não-resolução de conflitos que
prevaleceram da Guerra Fria, do trabalho académico pouco real e também da própria
política externa russa que parece contraditória com Putin a tentar integrar instituições
do sistema internacional ao mesmo tempo que apela à autonomia e soberania russa.
O termo GF é, portanto, apenas uma metáfora contemporânea nas RI para descrever
uma relação que nunca será perfeita.
CASO PRÁTICO: As RELAÇÕES ENERGÉTICAS O TRIÂNGULO RÚSSIA-EU-UCRÂNIA

Texto: Elena Kropatcheva “Playing Both Ends Against the Middle: Russia’s Geopolitical
Energy Games with EU and Ukraine”

Introdução
- Este artigo foca-se no facto dos mesmos jogarem entre si jogos estratégicos que apenas
faz com que todos percam e nenhum ganhe qualquer tipo de superioridade. Neste
artigo, a geopolítica da energia é portanto o interplay de políticas relativas à energia
um nível internacional, baseada numa mistura complexa de cálculos de
custo/benefício.
- A Rússia é quem fornece a energia, a EU é quem consome a energia (cerca de 20%) e
a Ucrânia é tanto um país que compra como um país que serve de via de transição de
energia.
- Depois do desmembramento da URSS, a Russia sempre mostrou interesse em
negociar e aproximar-se da Ucrancia porque esta lhe era estrategicamente e
historicamente importante; Contudo, o Ocidente começou a interessar-se e
aproximar-se institucionalmente da Ucrania; a Rússia ficou desonfiada e a Ucrânia
numa posição de “passar de um lado para o outro”.

1. Rússia contra Ucrânia e os EU

- A Russia detem grande parte das suas companhias de gás (Gazprom – ligada ao
estado) em território ucraniano, o que deixa os EUA e EU reticentes. Mas a Ucrania
tem a GTS que é nacional - em 2009 foi modernizada com a ajuda da UE
- No caso do petróleo, a Ucrania esta completamente dependente da vontade
russa já que a ultima controla grande parte do investimento.
- Conclusão: as atividades das companhias energéticas russas na Ucrânia estão a ir
de encontro aos interesses realistas de aumentar a influência russa no território
ucraniano, mas temos o Ocidente pronto a apoiar todos os projetos que ajudem a
Ucrânia não seja tao dependente em termos energéticos.

2. Rússia contra Ucrânia

- Apesar de ser entre estes dois, a EU começa a estar igualmente envolvida.


- Anos 90: os 2 viveram conflitos energéticos: a Russia ameaçava aumentar os
preços e a Ucrania aumentar o valor da transição. (Quem sofria indiretamente era
a EU). A GazProm pediu um aumento de preços à Ucrania - porque os desta eram
mais baixos do que a média europeia – que a Ucrania não respeitou e desviou gás
que seria para os paíseus europeus.
- A situação perdurou. Negociaçoes foram conseguidas e ficaram estabelecidos
preços mais acessíveis mas havia sempre a dúvida se a Ucrania pagava ou não.
- Em 2006, a EU via a situação como a Russia má a tentar estabelecer controlo
sobre uma fraca Ucrania (podiam atingir a Russia, a Ucrania era especial por isso).
Existe uma aproximação ao Ocidente entre Russia e Ucrania.
- Apesar do conflito se passar entre a Russia e a Ucrania vemos a EU e os EUA
presentes e entendemos como a geopolítica e geoeconomia estoa ligados neste
jogo estratégico.

3. Rússia e EU contra Ucrânia

- Tem a ver com o facto da Russia pretender diversificar os seus aquedutos – fim
da URSS e com os conflitos na Ucrania - a Russia tem apenas um aqueduto direto
a Finlandia para fazer contacto com a Europa.
- A EU acaba por ser prisioneira e tem noção disso entre os conflitos da Russia e
Ucrania e da instabilidade interna da Ucrania.
- A Russia e a EU juntaram-se para construir a Yamal Pipeline.
- A Russia e a EU trambalham em conjunto e do mesmo lado, apesar de haver
alguma inquietação no interior da EU (com os países de Leste desconfiados...)

4. EU e Ucrânia contra Rússia

- A EU com o conflito russo-ucraniano percebeu que precisava de diversificar as


suas rotas mas também fontes e por isso tentou estabelecer relações com a Asia
Central, Caucaso e Africa, sempre contra-atacada pela Russia (com relações
também com esses países mas Venezuela e Irão)
- Exemplo: tentativa de criar o aqueduto White Stream que deixaria a Russia de
fora mas iria incluir a participação da Ucrania – parte da estratégia da EU
- No final entendemos que esta competição geopolítica já vai além da Russia-
Ucrania-EU, envolvendo países da Ásia Central e do Cáucaso e até outros
continentes.

Conclusão
Entendemos que as políticas energéticas, mais do que considerações políticas e
económicas, tem uma base em aspirações geopolíticas.

E atualmente? Mudança politica na Ucrânia (+ estável), Acordos entre Russia e


Ucrania, aquedutos continuam a tentar ser construídos, Ucrania com agenda mais
para o Ocidente, mais atores estão presentes.

REALIDADES REGIONAIS: O MÉDIO ORIENTE

CASO PRÁTICO: O MURO DE SEPARAÇÃO E A GEOPOLÍTICA DA OCUPAÇÃO DA


PALESTINA

CASO PRÁTICO: A GUERRA NA SÍRIA E A QUESTÃO DOS REFUGIADOS

Contexto:
- Após o desmembramento do Império Otomano, deu-se a criação de fronteiras
artificiais nesta área do Médio Oriente. A Síria, que ficou sob o mandato francês,
não escapou à vage de independências após a 2ª GM.
- Os movimentos pró-libertação eram fundamentalmente nacionalistas e
seculares e é com eles que após a independência, a família Al-Assad chega ao
poder. A ascensão ao poder por via da libertação do país conferiu legitimidade aos
Al-Assad para governar.
- Contudo, esta legitimidade foi enfraquecendo: problemas de ordem económica
levaram ao aumento da contestação popular. Em 2011, a Síria sofria retrações
económicas e altos índices de desemprego:
- Fraca adaptação da economia ao mercado livre;
- Indústria instável
- Deterioração dos padrões de vida e direitos humanos com uma situação
deplorável, conquistanto a atenção de várias organizações estrangeiras;
- Redução do apoio do Estado aos menos desfavorecidos;
- O país esteve sob estado de “exepção” de 1963 a 1911, o que permitia às
forças de segurança fazarem e prenderem quem quer que fosse, sem justificações;
- Regime de partido único;

ATENÇÃO: Sociedade síria: a maioria é sunita mas os que controlam o aparelho


do estado são xiitas. 10% são cristãos.

Então houve um clima de descontentamento com o regime de Bashar Al Assad


– março 2011 – ecos da Primavera Árabe; o governo ainda tentou reconquistar o apoio
popular com medidas de aumento do salário mínimo e termino do estado de
excepção, mas....
MAS Repressão violenta contra a população manifestante -> Criação do
Exército de Libertação Sírio – Guerra Civil (2012)
Com tentativas falhadas de mediação do conflito -> Internacionalização
conflito, com a comunidade internacional altamente dividido:

Contra Assad: EUA; EU; Turquia (pretendem uma mudança de regime que seja
favorável à sua osiçao na região e à questão de Israel)
Apoiam Asssad: Rússia; Irão; China

Há quem defenda que a Guerra na Síria é uma nova proxy war, semelhante às da GF.
As dinâmicas da GF são, na verdade, muito semelhantes:
1) Tem-se verificado falta de vontade em resolver a questão da Síria -> o
organismo que teria interesse em fazê-lo: CSNU não consegue lidar com a
questão. Novo bloqueio do CS? Nova GF? Nova bipolaridade? (Importa
saber que a China imita a Russia – 2011 vetaram uma resolução contra o
governo sírio)
2) Apoios cruzados ao armamento, nos financiamentos, nas divisões
territoriais da região para cada grupo etc – a verdade é que a guerra
também é um negócio e isso contribui para que esta esteja neste impasse
há 6 anos. Qualquer resolução válida do conflito tem imensas implicações.
OU SEJA A GEOPOLÍTICA DOS RECURSOS, QUESTAO CURDA, EXPANSAO DO
DAESH SEMPRE PRESENTES.
GUERRA DA SÍRIA = COMPLEXIDADE INTERNA + INTERNACIONAL + RELIGIOSA
+ ÉTNICA + OPERACIONAL ESTRATÉGICA (hard power vs soft power)

Então múltiplos atores envolvidos, principais:


✓ EUA – querem prevenir avanços das organizações terroristas; conter o Irão,
prevenir a proliferação nuclear e do uso de armas químicas e biológicas; limitar
a instabilidade da região;
✓ Turquia: Opõe-se a: governo de Bashar Al-Assad e separatistas curdos; Apoia:
coalizão liderada pelos EUA e rebeldes.
✓ Arábia Saudita: Opõe-se a: Bashar Al-Assad; Apoia: rebeldes sunitas.
✓ Rússia – cimentar as parcerias no Médio Oriente; melhorar a sua imagem
internacional; maior integração no SI; também se opõe ao EI; A Síria é um
importante comprador de armamentos da Rússia;
✓ Irão (potência xiita)– evitar um maior isolamento (a Síria é o seu único aliado –
a quem fornece armas e apoio financeiro) e combater os insurgentes sunitas.
Para o Irã, a subordinação de Assad é chave para impor freio à
influência de seu grande rival na região, a Arábia Saudita; também
quer destruir o EI

EI - milícia sunita ; Desde o começo de 2014, entrou em cena o grupo extremista


autodenominado Estado Islâmico, enfrentando tanto o governo como os rebeldes,
sejam radicais ou moderados. (nasceu dos Al-Qaeda). Está contra o regime de Assad e
contra os EUA.

Há um reconhecimento da gravidade da situação dos refugiados, mas há falta de


respostas adequadas. Segundo dados de abril deste ano, há 5 milhões de refugiados
registados (sem incluir as pessoas deslocadas internamente). Continuam a ser os
países vizinhos a mais acolher. Na Europa, a ajuda económica e humanitária a esta
população deslocada tem-se revelado insuficiente. A Europa tem falhado no seu
acolhimento.

Texto: Nicole Ostrand “The Syrian Refugee Crisis: A Comparison of Responses by


Germany, Sweden, The UK e EUA”

Os vizinhos da Síria como a Jordânia, Líbano, Turquia são aqueles que suportam o
maior preso destes deslocamentos, debatendo-se com grandes impactos nas suas
economias, sociedades e infraestruturas, ameaçando a estabilidade de toda a região.

Ao mesmo tempo, os refugiados enfrentam problemas de integração nas sociedades


e de acesso a necessidades básicas, como pro exemplo segurança, comida e habitação,
levando-os a expandir a área onde procuram asilo – a Europa..

Análise do fardo e custos da crise de refugiados sírios na comunidade internacional,


comparando opiniões da Alemanha, Suécia, EUA e Reino Unido.
1) EUA e Reino Unido – maiores dadores estatais bilaterais de ajuda
humanitária na Siria
2) Alemanha e Suécia como países industrializados que mais refugiados
resultantes da crise acolheram
2 Tipos de recomendações finais:
a) Aumentar o nível de partilha e distribuição deste fardo no SI, de modo a
reduzir a tensão nos países vizinhos
b) Aumentar o restabelecimento de refugiados, permitir-lhes o acesso a
proteção através de embaixadas e facilitar a reunificação de famílias, para
que seja melhorado o nível de proteção disponível para os sírios nos seus
países de acolhimento

Texto: “The Diplomatic Dimensions of the Syrian Conflict?”

Similarmente às políticas de blocos da GF, pode-se dizer que o mundo está agora
dividido em 3 blocos principais, relativos à sua posição quanto ao conflito sírio:
1) Bloco não ocidental (China, Russia, Irao)
2) Bloco ocidental (EUA; EU; Turquia; Arabia Saudita)
3) Bloco neutral (Israel e Paquistao)
Política de Blocos -> Escalada de tensões e aprofundamento do conflito

Ou seja, conclusões:

1) Ao contrário do que aconteceu com a presença da NATO e ONU na Líbia, o


conflito sírio está-se a provar bastante mais difícil e sensível de ser tratado na
plataforma global
2) Aquilo que está a dificultar a chegada a um consenso por parte do CSNU –é
primariamente o conflito de interesses e a procura de poder por parte dos
grandes poderes mundias
3) Como resultado, ainda não fo encontrada uma solução diplomática nem
política para o conflio, que tem vindo a intensificar-se devido às ajudas
militares e indiretas tanto ao regime como aos grupos de oposição, fornecidas
pelos seus respetivos aliados.

REALIDADES REGIONAIS: O NORTE DE ÁFRICA

CASO PRÁTICO: A PRIMAVERA ÁRABE

Primavera Árabe – alusão à Primavera de Praga.


Começou com os primeiros protestes que ocorreram na Tunísia a Dezembro de
2010, com a autoimolação de Mohamed Bouazizi, numa forma de protesto contra
a corrupção policial e maus tratos.

Quando os Estados são os próprios agressores e se mostram incapazes de


comprimir o contrato social, facilmente protestos localizados se transformam em
protestes generalizados e passam de escalas nacionais para os países vizinhos,
onde se vivem situações semelhantes. Materializou-se o efeito de contágio na
Argélia, Jordânia, Egipto e Iémen (e Síria?).
Os Estados autoritários reagiram e tentaram descredibilizar estes protestos,
dizendo que eram incitados por atores externos. Narrativa de tentar encontrar um
inimigo, um bode expiatório.

Mesmo com as reações repressivas dos Estados que sofria a contestação popular, os
efeitos da Primavera Árabe resultaram na deposição de vários chefes de Estado e
na retração de diversos líderes.

Até à data, mudanças:


- Ben Ali perde o controlo do aparelho securitário (Faz) e refugia-se na Arábia
Saudita;
- Mubarak do Egito renuncia em 2011 após 19 dias de protesto, terminando o
mandato de 30 anos
- Líbia: Khadafi (que governou 42 anos) acabou morto por rebeldes, após 8 meses
de guerra civil
- Presidente do Iémen não se recandidatou em 2013 (pondo fim ao seu mandato
de 35 anos)

Causas: ressentimentos gerais da população face aos seus regimes autoritários e


incapazes de cumprirem o contrato social. Os protestos foram levados a cabo
sobretudo por segementos da sociedade com dificuldades de sustento económico,
pessoas desprotegidas pelos regimes e população jovem
Meios: manifestações pacíficas que só após de terem sido recebidas
repressivamente passam a manifestações violentas; uso das novas tecnologias
como meios de contágio de contestação (facebook)
Características comus: receberam como reaçao estatal tanto a repressão, como
algumas concessões e benefícios ( Jordânia e Marrocos – concessões; Arábia Saudita
– usou poder económico) que pudessem diminuir as rebeliões protestos tiveram
uma natureza horizontal, primeiramente, e depois juntaram-se-lhes organizações
da sociedade civil e sindicatos

Texto: Aras & Yorulmaziar “ State, region and order: geopolitics of the Arab Spring”

Conclusão

✓ A nova geopolítica da Primavera Árabe levou à eventual queda da ordem


regional – novos atores não estatais recorreram à violência e ao terrorismo
em nome das “causas justas”.
✓ Este novo cenário geopolítico também viu a passagem do doméstico para o
regional e do regional para o global, com as fronteiras entre as políticas
domésticas e regionais tornarem-se cada vez mais indefinidas e vasto
número de problemas regionais a ganharem relevância mundial
✓ Existe a possibilidade de um sistema de Estados-nação do género Vestefália
no MENA – depende da capacidade dos Estados recém-restáveis
conseguirem manter o seu poder e união territorial, bem como a finalização
do desenho das fronteiras desta zona (não sendo, contudo, garantindo que
vá funcionar como funcionou na Europa)
✓ Resiliência e autoritária provou a flexibilidade e adaptabilidade dos
regimes árabes, no entanto, as revoluções estão longe de ser dadas como
terminadas. O atual cenário geopolítico, com todas as suas complexidades,
pode ser uma sugestão daquilo que virá a ser a nova ordem normal da
região;
✓ Os efeitos em cadeia de falhanço de Estado e crises geopolíticas não são um
bom agoiro tanto para a ordem regional como para a ordem global. A visão
geopolítica emergente introduz uma mistura perigosa de perda de
autoridade estatal com instabilidade. Sectarismo, extremismo, rivalidades
globais e por fim irredentismo (aspiração de um povo a completar a própria
unidade territorial nacional, anexando terras sujeitas ao domínio
estrangeiro). A nova ordem regional no MENA encara novos desafios de
territorialização não-estatal, disputas soberanas e falhanço estatal, entre
outros problemas.

REALIDADES REGIONAIS: A EUROPA

CASO PRÁTICO: A CRISE UCRANIANA

Com a independência no fim da Guerra Fria dá-se uma quadrupla transição:


económica, política, institucional e identitária. Não podemos esquecer nunca a
oscilação sempre em termos de PE – EU vs Rússia.

Há um fracasso na modernização política e económica:


- Corrupção
- Desigualdades económicas
- Oligarquias ligadas à Rússia – energia;
- Vulnerabilidade e pressões políticas vindas da Rússia.

Então dá- se o Euromaidan em Novembro de 2013.

▪ O gás natural produzido pela Rússia tem um papel relevante na crise.


Hoje, a Europa importa 30% do gás russo, número que já foi de 45%. A
Ucrânia está entre os países que mais consome gás natural no mundo e
também redistribui o produto. No seu território, passam 80% do gás
russo vendido aos europeus por meio de gasodutos. No controlo dos
preços do gás natural, os russos com frequência ameaçam suspender o
seu fornecimento aos ucranianos. Em 2006 e 2009 -> os 2 países
entraram em crise devido a um desentendimento no valor do ás e
suspeitas de que a Ucrânia tinha desviado a país vizinhos. Neste cenário,
o desconto de 2 biliões anuais de dólares para o governo ucraniano fê-
lo abandonar o acordo com a EU.
▪ Tudo começou em quando o presidente decidiu abandonar um acordo
de livre comércio com a EU para se alinhar à Rússia. O acordo com os
russos incluía uma ajuda financeira, descontos no preço do gás
produzido pela Rússia comprado pela Ucrânia e a promessa de uma
zona de comércio livre.
▪ Dão-se então manifestações heterógeneas – estudantes (inicialmente
conduzido por estudantes universitários), trabalhadores, oligarcas,
ativistas, etc
▪ Realmentehá grande visibilidade da sociedade civil na escolha do rumo
político do paíse e não de um espaço representativo das elites corruptas
▪ Como é óbvio há uma forte repressão das forças de segurança ligadas ao
regime e dá-se então a escalada de violência.
▪ Contudo, Yanukovych cai em Fevereiro de 2014 – líder do Partido das
Regiões e presidente desde 2010
▪ Os Russos intervêm:
o Encontram no Euromaidan um esquema ocidental para expandir
a sua influencia
o A Russia prometeu sanções económicas como retaliação
o Anexação da Crimeia (é um estado autónomo e 60% da população
russa). Na Crimeia, os conflitos entre militantes prós e anti russos
acirram o conflito. A Rúsia, com uma base naval no litoral da
Crimeira, enviou tropas. O nr de soldados chegou a 30 mil. No final
de fevereiro, o Parlamento em Simferopol – capital da Crimeia –
foi invadido por separatistas com bandeiras da Rússia. Foi criado
um referendo para a população decidir. Foi aprovado em Março.
▪ Para o presidento interno da Ucrânia e para o secretário-geral da NATO
da altura e outros líderes, a ação é ilegal pois pela constituição ucraniana,
a decisão de rever fronteiras é assunto paras de referendo nacional.

Texto: Cristian Nitoiu “Towards conflict or coopration? The Ukraine crisis and EU-
Russia relations”

Conclusão

Argumento central: a crise ucraniana alterou a dicotomia da relação EU/Rússia para


uma situação de conflito, ao fazer aumentar o peso de três tensões já previamente
existentes entre as potências, mas que até então tinham sido ignoradas pelas partes.
Se estes assuntos continuarem a ser ignorados, podem levar a conflitos mais severos
e noutras áreas de interesse geográfico.
Em relação a essas 3 tensões hoje em dia:
1) Os Estados-membros mantêm as suas opiniões individuais e muitas vezes
divergentes quanto a Moscovo, apesar das sanções contra Rússia terem sido
um passo importante no sentido de uma política comum europeia face a esta
questão. No entanto isto pode exacerbar a síndrome de cerco tão próprio da
Rússia e fazê-los reagir mais violentamente
2) Com este conflito, a Rússia decidiu voltar a sua atenção para outra área
geográfica, como a Ásia Central, mas as percepçoes dos dois poderes face ao
outro mantêm-se (mantém-se a tensão geopolítica)
3) As divergências quanto a valores e pontos de vistas têm-se tornado ainda
maiores com este conflito, com a Rússia a descartar valores ocidentais básicos
como o R2P, a soberania e o legitimo uso da força e DI, entre outros. Isto resulta
da crença de que estes valores foram decididos unilateralmente pelo Ocidente,
não se adaptando, portanto, à realidade.

Texto: Marko Bojeun “Origins of Ukrainian Crisis”

Conclusão

Argumento central: o autor vê a rivalidade EUA/Rússia como apenas um dos diversos


fatores que levaram à eclosão desta crise. Ou seja, não se deve analisar este conflito
apenas à luz das ações das grandes potências.

É também importante

1) A situação interna ucraniana


2) Isolamento da Ucrania dos blocos económicos regionais e de segurança regionais
tanto do Ocidento como do Leste
3) Restabelecimento do imperialismo russo
4) Rivalidade entre o imperialismo russo e o europeu para incorporar a Ucrania nas
suas respetivas estratégias transnacionais
5) Controntaçao entre um poder americano em declínio e um poder russo
renascido na Europa

Aliás, uma resposta terá de colmatar a incapacidade da elite governante ucraniana em


responder à expectativas e necessidades populares.
E seja qual for a grande potência que acabe por integrar a Ucrânia na sua esfera de
influência, isto é claramente uma intenção imperialista por ambas as partes. No entanto,
seja qual for a escolha final da Ucrânia, a sua população não vai compactuar com ela.

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