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Estima-se que, no início do século XVI, o litoral brasileiro, em função da presença dos
povos indígenas, já possuía uma densidade entre 4 e 5 habitantes por quilômetro
quadrado e de até 9 habitantes por quilômetro quadrado em algumas regiões. Através
da presença destes povos, a paisagem brasileira já havia sido apresentada a um
elemento bastante influente: o fogo. Seu uso sistemático para caçar favoreceu, por
exemplo, a extensão ou manutenção dos cerrados em detrimento de áreas florestais:
"Na toponímia tupi, retomada de relatos do século XVI, (...) há uma enorme
diversidade de palavras retratando padrões de vegetação originados pelos
desmatamentos, pelos retalhamentos de florestas e pelo uso do fogo. Muitos desses
termos são nomes de bairros e cidades no Brasil: caapuera (roça que já foi); Ibirapuera
(árvore que já foi); Caucaia (mato queimado ou incêndio da mata); Catumbi (beira da
mata); Caatanduva (mato ralo e áspero); capixaba (roçado preparado para plantio);
cairussu (queimada)".
Adaptado de Miranda, National Geographic.
Na pesquisa de processos como o descrito, existe uma noção que vem sendo revista e
um fator que ajudou a provocar essa releitura.
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Com base em projeções realizadas por especialistas, prevê-se, para o fim do século
XXI, aumento de temperatura média, no planeta, entre 1,4°C e 5,8°C. Como
consequência desse aquecimento, possivelmente o clima será mais quente e mais
úmido bem como ocorrerão mais enchentes em algumas áreas e secas crônicas em
outras. O aquecimento também provocará o desaparecimento de algumas geleiras, o
que acarretará o aumento do nível dos oceanos e a inundação de certas áreas
litorâneas.
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Considere o texto a seguir:
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A humanidade progrediu tanto em termos tecnológicos que passou a ver a natureza
como algo separado dela mesma. A crescente intervenção humana nos ciclos naturais
está alterando o sistema terrestre. As atividades humanas retiram ou acrescentam
depósitos de sedimentos no ambiente, interferindo nos fluxos de energia.
Já nos séculos XVIII e XIX, os impactos ambientais provocados pela crescente
industrialização eram muito grandes. Entretanto, ainda eram localizados e atingiam
basicamente os trabalhadores e as camadas mais pobres da população. Com o passar
do tempo, devido à crescente expansão do processo de industrialização e
urbanização, os impactos foram aumentando, até que, no pós-Segunda Guerra
Mundial (1939-1945), passaram a ter consequências globais. Muitos dos recursos
utilizados na produção são extraídos diretamente da natureza.
Adap. MOREIRA, J. C. e SENE, E. "Geografia para o ensino médio: geografia geral e do
Brasil". São Paulo: Scipione, 2002. p. 458.
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Leia o trecho a seguir:
O modo de organização das sociedades, que retrata sua configuração cultural, é que
comanda as interferências do homem sobre o seu ambiente. A busca de alternativas
aos processos produtivos atuais e ao modo de consumir passa obrigatoriamente pela
mudança dos hábitos culturais e de organização social.
QUEIROZ NETO, José P. Mudanças globais e um novo mapa do mundo. In: SOUZA,
M. A. A. de. et al. (Orgs.). "O novo mapa do mundo. Natureza e sociedade hoje: uma leitura
geográfica." 2 ed. São Paulo: Hucitec, 1994. p. 109.
Essa mudança de que fala o autor pode ser identificada, atualmente, na:
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Uma pesquisadora francesa produziu o seguinte texto para caracterizar nosso país:
(A) fazer parte do mundo tropical, mas ter um crescimento urbano semelhante ao dos
países temperados.
(B) não conseguir evitar seu rápido crescimento urbano, por ser um país com grande
extensão de fronteiras terrestres e de costa.
(C) possuir grandes diferenças sociais e regionais e ser considerado um país
moderno do Terceiro Mundo.
(D) possuir vastos territórios subpovoados, apesar de não ter recursos econômicos e
tecnológicos para explorá-los.
(E) ter elevados índices de pobreza, por ser um país com grande extensão territorial
e predomínio de atividades rurais.
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Em 1999, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento elaborou o
"Relatório do Desenvolvimento Humano", do qual foi extraído o trecho abaixo.
Nos últimos anos da década de 90, o quinto da população mundial que vive nos países
de renda mais elevada tinha:
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Sabe-se que uma área de quatro hectares de floresta, na região tropical, pode conter
cerca de 375 espécies de plantas, enquanto uma área florestal do mesmo tamanho,
em região temperada, pode apresentar entre 10 e 15 espécies.
O notável padrão de diversidade das florestas tropicais se deve a vários fatores, entre
os quais é possível citar:
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Leia o Texto I de Josué de Castro, publicado em 1947.
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A produção agrícola brasileira evoluiu, na última década, de forma diferenciada. No
caso da cultura de grãos, por exemplo, verifica-se, nos últimos anos, um crescimento
significativo da produção da soja e do milho, como mostra o gráfico.
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As florestas tropicais úmidas contribuem muito para a manutenção da vida no planeta,
por meio do chamado sequestro de carbono atmosférico. Resultados de observações
sucessivas, nas ultimas décadas, indicam que a Floresta Amazônica é capaz de
absorver ate 300 milhões de toneladas de carbono por ano. Conclui-se, portanto, que
as florestas exercem importante papel no controle:
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LUCRO NA ADVERSIDADE
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Exportações de computadores
Adaptado de www.worldmapper.org
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O CHOQUE DO NOVO
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RADIOGRAFIA DO SÉCULO XX NO SEU FINAL
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Pela primeira vez na história da humanidade, tornou-se possível organizar a produção,
e não apenas o comércio, em escala transnacional. Portanto, enquanto a divisão
global do trabalho estava antes confinada à troca de produtos entre regiões
específicas, hoje é possível produzir independentemente das fronteiras nacionais e
continentais. (...)
Na minha opinião, há certa confusão entre duas coisas bem diferentes. Não há dúvida
de que a globalização, em alguns aspectos, independe da atuação governamental. O
mesmo não se dá com a ideologia baseada na globalização, a ideologia neoliberal do
livre mercado. Essa ideologia baseia-se no pressuposto de que a liberalização do
mercado otimiza o crescimento e a riqueza no mundo, e leva à melhor distribuição
desse incremento. Em minha opinião, ninguém nunca conseguiu justificar de maneira
satisfatória essa concepção.
(Adaptado de HOBSBAWN, Eric. "O novo século." São Paulo:
Companhia das Letras, 2000.)
A crítica do autor a tal ideologia pode ser expressa, de forma sucinta, pelo argumento
de que a:
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A história em quadrinhos ilustra a relação entre oferta e procura como propulsora da
dinâmica de mercado.
(A) caráter contraditório do salário, que tanto é um custo para o empregador como é
a base do consumo no mercado.
(B) desequilíbrio provocado pela ação do Estado na economia, que tanto promove a
acumulação como evita as crises econômicas.
(C) desestímulo à poupança, que tanto aumenta o consumo nas nações
desenvolvidas como amplia o mercado de produtos primários.
(D) efeito negativo da redução dos lucros da economia globalizada, que tanto
incentiva investimentos como produz o equilíbrio entre oferta e procura.
(E) expansão da oferta de crédito, que induz ao endividamento da população e não
aumenta os lucros dos produtores.
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BRASIL
Brasil
Mostra a tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assim
(Cazuza / George Israel / Nilo Romero)
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"Ao invés do analfabetismo tradicionalmente identificado nos séculos XIX e XX com o
não-conhecimento pleno da língua de origem, ganha destaque atualmente um novo
tipo de analfabetismo imposto pela mudança técnica e informacional."
(POCHMAN, Marcio. "O emprego na globalização". São Paulo: Boitempo, 2001.)
No texto acima, o autor compara duas formas de analfabetismo que podem ser
associadas às atividades econômicas do passado e do presente, respectivamente.
A política agrícola brasileira dá, atualmente, especial atenção ao debate acerca dos
alimentos transgênicos, estabelecendo regras que limitam sua produção e seu
consumo.
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LEI DE TERRAS
Art. 1 Ficam proibidas as aquisições de terras devolutas por outro título que não seja o
de compra. Excetuam-se as terras situadas nos limites do Império com países
estrangeiros em uma zona de 10 léguas as quais poderão ser concedidas
gratuitamente.
Art. 2 Os que se apossarem de terras devolutas ou de alheias, e nelas derrubarem
matos ou lhes puserem fogo, serão obrigados a despejo (...) e, de mais, sofrerão a
pena de dois a seis meses de prisão e multa de cem mil réis, além da satisfação do
dano causado (...).
(Lei n. 601, de 18/09/1850. In: Coleção das leis do Brasil)
As motivações que originaram a Lei de Terras, de 1850, ainda hoje são causas de
conflitos em relação à propriedade rural no Brasil.
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TEXTO I
"No contexto maior da economia colonial, a produção para o mercado interno - gado e
alimentos - apresentava um forte caráter de subordinação face à grande produção de
exportação. (...) Enquanto os compradores compareciam a um mercado de preços
tabelados, os produtores de alimentos são obrigados a comprar os gêneros de que
necessitam - escravos, ferros, tachos, armas - em um mercado livre, quase sempre
com preços estabelecidos na base do exclusivo colonial, sem qualquer concorrência."
(SILVA, Francisco Carlos Teixeira da. In: LINHARES, M. Yedda (org.). "História geral do Brasil".
Rio de Janeiro: Campus, 2000.)
TEXTO II
"A luta pelos alimentos como direito e pela comida sadia é das menos obscurantistas
que pode haver, reflete o direito à vida e à escolha do que comer e ser informado
sobre o que está comendo. É uma luta dos direitos do consumidor contra a lógica
voraz dos grandes consórcios alimentícios, dentre os quais se destaca o Monsanto -
que ocupa vários cargos no governo Bush, tal sua força e voracidade."
(SADER, Emir. In: "Época", março de 2001.)
A alternativa que aproxima os dois textos, por apontar uma semelhança entre o
processo brasileiro de produção de alimentos, no passado e no presente, é:
(A) Dificuldade de exportação dos produtos brasileiros, devido aos entraves internos,
como a atuação do MST.
(B) O Estado deixa para agricultores de subsistência a tarefa da produção alimentar.
(C) As políticas públicas para o setor agrário provocam preços altos dos produtos
exportados.
(D) As ações do Estado priorizam a produção alimentícia, através de consórcios
internacionais.
(E) A produção agrícola se mantém subordinada a interesses externos.
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Os nossos tupinambás muito se admiram dos franceses e outros estrangeiros se
darem ao trabalho de irem buscar o seu arabutan (pau-brasil). Uma vez um velho
perguntou-me:
- Por que vinde vós outros, mairs (franceses) e perós (portugueses), buscar lenha de
tão longe para vos aquecer? Não tendes madeira em vossa terra?
Respondi que tínhamos muita, mas não daquela qualidade, e que não a queimávamos,
como ele o supunha, mas dela extraímos tinta para tingir, tal qual o faziam eles com os
seus cordões de algodão e alguma plumas.
Retrucou o velho imediatamente:
- E porventura precisais de muito?
- Sim, respondi-lhe, pois no nosso país existem negociantes que possuem mais panos,
(...) e outras mercadorias do que podeis imaginar...
- Ah! retrucou o selvagem (...), mas esse homem tão rico de que me falas não morre?
- Sim, disse eu, morre como os outros.
... perguntou-me de novo:
- E quando morrem, para quem fica o que deixam?
- Para seus filhos, se os têm, respondi;...
- Na verdade, continuou o velho, (...) agora vejo que vós outros mairs sois grandes
loucos, pois atravessais o mar e sofreis grandes incômodos, (...) para amontoar
riquezas para os vossos filhos, (...). Não será a terra que vos nutriu suficiente para
alimentá-los também? Temos pais, mães e filhos a quem amamos; mas estamos
certos de que, depois de nossa morte, a terra que nos nutriu também os nutrirá, por
isso descansamos sem maiores cuidados.
LÉRY, Jean de. Viagem à Terra do Brasil. Rio de Janeiro, Biblioteca do Exército Editora, 1960,
p. 153-154
A certeza que tinha o tupinambá, no diálogo descrito, de que a terra que o havia
alimentado também alimentaria seus descendentes, desapareceu a partir da ocupação
efetiva do solo brasileiro pelo colonizador europeu, com a introdução da plantation
como atividade econômica fundamental na colônia. Assinale a opção que contenha a
combinação de fatores que respondem pela desestruturação do equilíbrio da natureza
que até então existia:
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I. O desmatamento em larga escala para implantar as lavouras de cana.
II. A inexistência de lavouras de abastecimento interno.
III. O caráter mercantil da empresa colonial, exigindo escala maior da produção.
IV. A falta de matrizes energéticas diversificadas, ampliando o desmatamento para
usar a lenha, única fonte energética.
Estão corretas:
(A) I e II;
(B) II e III;
(C) III e IV;
(D) I e III;
(E) II e IV.
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Comer com as mãos era um hábito comum na Europa, no século XVI. A técnica
empregada pelo índio no Brasil e por um português de Portugal era, aliás, a mesma:
apanhavam o alimento com três dedos da mão direita (polegar, indicador e médio) e
atiravam-no para dentro da boca.
Um viajante europeu de nome Freireyss, de passagem pelo Rio de Janeiro, já no
século XIX, conta como “nas casas das roças despejam-se simplesmente alguns
pratos de farinha sobre a mesa ou num balainho, donde cada um se serve com os
dedos, arremessando, com um movimento rápido, a farinha na boca, sem que a
mínima parcela caia para fora”. Outros viajantes oitocentistas, como John Luccock,
Carl Seidler, Tollenare e Maria Graham descrevem esse hábito em todo o Brasil e
entre todas as classes sociais. Mas para Saint-Hilaire, os brasileiros “lançam a [farinha
de mandioca] à boca com uma destreza adquirida, na origem, dos indígenas, e que ao
europeu muito custa imitar”.
Aluísio de Azevedo, em seu romance Girândola de amores (1882), descreve com
realismo os hábitos de uma senhora abastada que só saboreava a moqueca de peixe
"sem talher, à mão".
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Leia os textos a seguir:
Fomos em busca dos homens fugidos de nosso povoado e descobrimos que cinco
deles e suas famílias estavam nas terras de Eulogio, mas os homens deste senhor
impediram-nos com violência de nos aproximar da entrada do domínio.
(Egito romano, em 332 d.C.)
... os colonos não têm liberdade para abandonar o campo ao qual estão atados por
sua condição e seu nascimento. Se dele se afastam em busca de outra casa, devem
ser devolvidos, acorrentados e castigados.
(Valentiniano, em 371 d.C.)
“Para um homem ter o pão da terra, há de ter roça; para comer carne, há de ter
caçador; para comer peixe, pescador; para vestir roupa lavada, lavadeira; ... e os que
não podem alcançar a tanto número de escravos, ou passam miséria, realmente, ou
vendo-se no espelho dos demais lhes parece que é miserável a sua vida.
(Padre Vieira, 1608-1697).
“O que mais espanta os Índios e os faz fugir dos Portugueses, e por consequência das
igrejas, são as tiranias que com eles usam, obrigando-os a servir toda sua vida como
escravos, apartando mulheres de maridos, pais de filhos, ferrando-os, vendendo-os,
etc. [...] estas injustiças foram a causa da destruição das igrejas...”
Padre José de Anchieta, na segunda metade do século XVI.
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Sabemos que a realidade formadora do povo brasileiro combinou de forma nem
sempre harmônica o convívio de três grandes etnias, inicialmente: os brancos
europeus, os negros africanos e o indígena autóctone. Assinale, entre as alternativas
abaixo, aquela que informa corretamente a contribuição ou a característica de um
destes elementos.
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Em 1718, bandeirantes de São Paulo descobriram ouro em Cuiabá. Para manter
contato com essa área longínqua, estabeleceu-se um sistema de transporte através de
rios, que é uma das originalidades da história do Brasil, as "monções". Eram comboios
de canoas que, por mais de cento e cinquenta anos, ligaram São Paulo aos centros
mineradores do oeste. Dessas minas, o movimento expansionista atravessou o então
chamado "mato grosso do rio Jauru" (que deu nome ao futuro estado) e atingia as
margens do Guaporé, onde novas minas foram descobertas em 1734: da bacia do
Prata os bandeirantes paulistas passaram à do Amazonas. Em pouco tempo,
estabeleceu-se a ligação com Belém, pelo rio Madeira, também por comboios de
canoas, as "monções do norte". Com elas, os dois movimentos de penetração se
encontravam: era a ligação entre os estados do Brasil e do Maranhão que afinal se
estabelecia (...).
www2.mre.gov.br/.../ portg/h_diplom/lc001.htm
O texto acima narra e a gravura confirma uma das formas de ocupação do território
brasileiro, obedecendo a um critério bastante nítido e que aparece em uma das opções
a seguir, assinale-a:
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Observe a gravura a seguir:
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Português de Vila de Beira Alta, A. V. Coutinho era casado, alfabetizado e padeiro de
profissão. Membro do Conselho Geral do trabalho Operário na Federação dos
Trabalhadores, tinha 24 anos quando foi expulso, após várias detenções, por sua
participação no movimento grevista. Por ocasião de sua última prisão, foram
apreendidos, em sua residência, um retrato de Kropotkin, evidenciando sua filiação ao
comunismo-anárquico; um artigo datilografado intitulado "A Questão Social no Brasil";
um quadro denominado "Um Flagrante Tormento", de inspiração anarquista, e os 36
livros dirigidos à causa operária. Partidário da Propaganda pela Ação, como vários
padeiros da mesma nacionalidade, Coutinho exercia, sem dúvida alguma, liderança
destacada no conjunto do movimento, o que aparece comprovado pelo registro de
inúmeros protestos contra a sua expulsão.
(MENEZES, Lená M. de. Os Indesejáveis: desclassificados da modernidade. Protesto, crime e
expulsão na Capital Federal (1890-1930). Rio de Janeiro, Ed. UERJ, 1996, p. 110).
A expulsão de estrangeiros por atividade anti-social foi uma constante nas primeiras
décadas do século XX. O avanço da industrialização no país levou a um crescimento
numérico do proletariado industrial que,
(A) por ser composto majoritariamente por imigrantes europeus, foi completamente
dominado por ideias anarquistas até a década de 1930.
(B) por divergir da forma de organização do Estado republicano no Brasil, tentou se
organizar em partidos políticos operários de orientação anarquista.
(C) embora descontente com a intensa exploração sofrida, manteve sua luta por
direitos sociais e trabalhistas dentro da legalidade do Estado Republicano.
(D) fortemente influenciado por ideias anarquistas, se utilizou da ação direta como
método de luta preferencial contra o Estado.
(E) Alienado e disperso, não conseguiu qualquer forma de sucesso em sua luta
social ou política, o que justifica o processo de repressão feito pelo estado.
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Alexis de Tocqueville, no seu livro sobre as origens da Revolução Francesa, intitulado
“O Antigo Regime e a Revolução”, formulou diversas proposições, hoje clássicas,
acerca dos fatores que provocaram a queda do Antigo Regime.
A esse respeito, considere as afirmativas abaixo:
I. O reinado de Luís XVI foi a época mais próspera da antiga monarquia e foi esta
prosperidade que apressou a revolução;
II. Apesar dos progressos da civilização, a condição do camponês francês era, às
vezes, pior no século XVIII do que o fora no século XIII;
III. Em meados do século XVIII, os homens de letras assumiram os principais cargos
políticos da monarquia e puderam, assim, propagar a irreligiosidade como
doutrina oficial;
IV. A destruição da liberdade política e a separação de classes foram a causa de
quase todas as doenças que mataram o Antigo Regime.
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“Temos aqui bem clara a diferença entre o estado de natureza e o estado de guerra,
os quais, embora já tenham sido objeto de confusão por algumas pessoas, estão
muito distantes um do outro: um é um estado de paz, benevolência, assistência e
conservação recíprocas; o outro, um estado de hostilidade, maldade, violência e
mútua destruição.”
LOCKE, John. “Segundo tratado sobre o governo civil”, citado por BOBBIO, Norberto.
Locke e o Direito Natural. 2ª edição, Brasília: Editora UnB, 1998, p. 177.
Nesta passagem, Locke, pensador inglês do século XVII, demonstra sua oposição às
ideias de outro teórico inglês do mesmo século, Hobbes. Podemos identificar as
correntes de pensamento político a que se ligaram estes dois pensadores,
respectivamente:
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“O Império britânico não se reduz às colônias autônomas e ao Reino Unido.
Compreende uma parte muito mais vasta, uma população muito maior sob os climas
tropicais, onde um grande povoamento europeu é impossível e onde as populações
indígenas ultrapassam sempre largamente o número de habitantes brancos...
Sentimos hoje que o nosso governo sobre esses territórios não pode justificar-se se
não mostrarmos que ele aumenta a felicidade e a prosperidade do povo (bravos), e
afirmo que o nosso governo efetivamente levou a esses países, que nunca tinham
conhecido esses benefícios, a segurança, a paz e uma prosperidade relativa (bravos).
Prosseguindo nesta obra de civilização, cumpramos o que penso ser a nossa missão
nacional, e encontraremos nessa empresa em que exercer aquelas qualidades e
aquelas virtudes que fizeram de nós uma grande raça governante (aclamações)...
Afirmo que quase por toda a parte onde o governo da Rainha foi estabelecido e a
grande ‘Pax britannica’ reforçada, a vida e a propriedade tornaram-se mais seguras, e
as condições materiais da massa da população foram melhoradas (bravos)...”
Joseph Chamberlain, 1836-1914, “Discursos coloniais”, IN: FREITAS, Gustavo.
900 textos e documentos de História. vol. 3. Lisboa, Plátano, s/data, 1996, 2ª edição, pp. 180-181.
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Analise os textos seguintes.
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No que se relaciona particularmente com os camponeses, a burguesia não tinha
nenhum interesse em vê-los derrubar, usando as jacqueries [revoltas camponesas], o
regime senhorial, e a Assembleia Constituinte não tardaria em prová-lo, pelas
atenções que ela lhe demonstrou. Mas, ainda uma vez, admitindo-se mesmo que ela
tivesse uma opinião contrária, não tinha necessidade do Grande Medo: as insurreições
camponesas tinham começado antes dele.”
LEFEBVRE, Georges. O Grande Medo de 1789. Rio de Janeiro: Editora Campus, 1979, p. 192.
O chamado Grande Medo de 1789 foi um acontecimento que agitou o campo francês
no verão daquele ano e que, pelo seu radicalismo, surpreendeu os diversos setores da
elite francesa e teve consequências cruciais para as lutas sociais do processo
revolucionário na França. Sobre este acontecimento, é correto afirmar que:
(A) consolidou a aliança entre os setores radicais urbanos e rurais franceses, uma
vez que ambos tinham como projeto eliminar fisicamente a nobreza, o que foi
conseguido, posteriormente, nas cidades com o Grande Terror jacobino.
(B) foi a expressão da situação de miséria e desespero de setores do campesinato
francês que, estimulado por boatos sobre uma conspiração aristocrática em curso
após o 14 de julho, invadiram os castelos e puseram fim aos laços de
dependência que os ligavam à nobreza.
(C) correspondeu à adesão de setores do campesinato francês às propostas radicais
do iluminismo, especialmente aquelas de Rousseau, que defendia a tese da
necessidade da igualdade econômica e social para que se efetivasse a
verdadeira liberdade.
(D) representou a efetiva expropriação da nobreza proprietária e a divisão da terra
entre as famílias camponesas, o que estava de acordo com o projeto da grande
burguesia francesa, de construir uma sociedade igualitária e fraterna.
(E) significou a definitiva ruptura dos camponeses franceses com a Igreja Católica,
uma vez que esta pregava a submissão à ordem estamental como determinação
divina, que deveria ser respeitada por todos os setores da sociedade.
35
As duas magistrais obras que aparecem acima são testemunhos de uma época sem
precedentes no processo histórico.
"Nunca uma civilização dera tão grande lugar à pintura e à música, nem erguera ao céu tão
altas cúpulas, nem elevara ao nível da alta literatura tantas línguas nacionais encerradas em
tão exíguo espaço. Nunca no passado da humanidade tinham surgido tantas invenções em tão
pouco tempo. Pois o Renascimento foi, especialmente, progresso técnico; deu ao homem do
Ocidente maior domínio sobre um mundo mais bem conhecido. Ensinou-lhe a atravessar os
oceanos, a fabricar ferro fundido, a servir-se das armas de fogo, a contar as horas com um
motor, a imprimir, a utilizar dia a dia a letra de câmbio e o seguro marítimo".
DELUMEAU, Jean, A Civilização do Renascimento, vol. 1, p. 23.
"Que obra-prima é o homem! Como é nobre em sua razão! Como é infinito em faculdades! Em
forma e movimentos, como é expressivo e maravilhoso! Nas ações, como se parece com um
anjo!
Na inteligência, como se parece com um deus! A maravilha do mundo! O padrão de todos os
seres criados!"
Hamlet,William Shakespeare, trad., São Paulo: Martin Claret, 2002, p.47.
36
O Universo cultural brasileiro apresenta uma diversidade típica de um processo
histórico híbrido com etnias e processos de ocupação bem definidos. Entre as lendas e
“historias que o povo conta”, está a do Saci-Pererê.
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CARTA DA TERRA
Um dia a vida surgiu na terra. A terra tinha com a vida um cordão umbilical. A vida e a
terra. A terra era grande e a vida era pequena. Inicial.
A vida foi crescendo e a terra ficando menor, não pequena. Cercada, a terra virou
coisa de alguém, não de todos, não comum. Virou a sorte de alguns e a desgraça de
tantos. Na história foi tema de revoltas, revoluções, transformações. A terra e a cerca.
A terra e o grande proprietário. A terra e o sem terra. E a morte.
Muitas reformas se fizeram para dividir a terra, para torná-la de muitos e, quem sabe,
até de todas as pessoas. Mas isso não aconteceu em todos os lugares. A democracia
esbarrou na cerca e se feriu nos seus arames farpados. (...) Onde se fez a reforma o
progresso chegou. Mas a verdade é que até agora a cerca venceu, o que nasceu para
todas as pessoas, em poucas mãos ainda está.
No Brasil, a terra, também cercada, está no centro da história. Os pedaços que foram
democratizados custaram muito sangue, dor e sofrimento. Virou poder de Portugal,
dos coronéis, dos grandes grupos, virou privilégio, poder político, base da exclusão,
força do apartheid. Nas cidades virou mansões e favelas. Virou absurdo sem limites,
tabu.
Mas é tanta, é tão grande, tão produtiva que a cerca treme, os limites se rompem, a
história muda e ao longo do tempo o momento chega para pensar diferente: a erra é
bem planetário, não pode ser privilégio de ninguém, é bem social e não privado, é
patrimônio da humanidade e não arma do egoísmo particular de ninguém. É para
produzir, gerar alimentos, empregos, viver. É bem de todos para todos. Esse é o único
destino possível para a terra. (...)
Herbert de Souza (Betinho), 1995
38
Refletindo-se sobre a questão da terra no Brasil, é possível afirmar que:
39
Os deuses deram ao homem o intelecto e as mãos e fizeram-no semelhante a eles,
dando-lhe poder sobre os outros animais; este poder consiste não só em ser capaz
de trabalhar de acordo com a ordem normal da natureza, mais ainda em ultrapassar
as leis desta; de tal modo que, dando forma ou podendo dar forma a outras
naturezas, outros rumos, outros sistemas com a sua mente, com essa liberdade sem
a qual a referida semelhança não existiria, acaba por assemelhar a um deus na terra.
BRUNO, Giordano. Spaccio della bestia trionfante. séc. XVI, citado por HELLER, Agnes.
O homem do renascimento. Lisboa, Editorial Presença,1982, pp. 354-5
(A) I e II;
(B) I e III;
(C) I e IV;
(D) II e IV;
(E) II e III.
40
“A criação de um proletariado despossuído, (...) cultivadores vítimas de expropriações
violentas repetidas, foi necessariamente mais rápida que sua absorção pela
nascentes manufaturas. (...) Forma-se uma massa de mendigos, ladrões e
vagabundos. Desde o final do século XV e durante todo o século XVI na Europa
Ocidental foi criada uma legislação sanguinária contra o ócio. Os pais da atual classe
operária foram castigados por terem sido reduzidos à situação de vagabundos e
pobres. A legislação os tratava como criminosos voluntários; ela pressupunha que
dependia de seu livre arbítrio continuar a trabalhar como antes.”
MARX, Karl. O Capital. Paris, Garnier-Flamarion, 1969.
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Nesta questão, são feitas três afirmativas, cada uma delas pode estar certa ou errada.
Leia-as com atenção e responda de acordo com a tabela abaixo:
42
Ao longo de sua expansão imperialista na Ásia e na África, durante o século XIX,
sobretudo entre 1870 e 1914, as potências capitalistas europeias estabeleceram
diversos tipos de colônias, as quais, do ponto-de-vista da sua forma de exploração e
de ocupação, podem ser divididas em dois tipos básicos: as colônias de
enquadramento e as colônias de enraizamento ou de fixação. Tais tipos, concebidos, é
claro, a partir da perspectiva do colonizador, correspondem a diferenças quanto à
maneira de empreender a colonização, mas tiveram, também, influência, bem mais
tarde, no encaminhamento do processo de descolonização. As proposições abaixo
buscam identificar aquelas formas de ocupação e de exploração em conexão com os
já citados tipos de colônias, isto é:
Assinale:
43
A expansão imperialista europeia, durante o século XIX, notadamente após 1870/1880,
pode ser considerada uma consequência da:
(A) 1 e 2;
(B) 2 e 3;
(C) 3 e 4;
(D) 3 e 5;
(E) 2e4
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Zumbi, o líder maior do Quilombo de Palmares, foi uma das maiores personalidades da
resistência africana à escravidão. Segundo as historiadoras Elza Nadai e Joana
Neves, "o século XVI foi marcado por uma guerra sem tréguas aos quilombos de
Palmares". Sobre a resistência negra à escravidão no Brasil, é correto afirmar que:
(A) A única vez em que os negros escravos se insurgiram contra a escravidão foi sob
a liderança de Zumbi, que organizou a comunidade de Palmares.
(B) Além das revoltas e dos quilombos, os escravos cometiam assassinatos, crimes,
suicídios, mutilações e outras formas de resistir à condição de escravo.
(C) Os quilombos, centros de resistência negra que se constituíam nos matos e nas
florestas, não mantinham qualquer contato com as populações das vilas e
reproduziam fielmente a estrutura social das tribos da África.
(D) Com exceção do quilombo de Palmares, a única forma de resistência encontrada
pelos escravos foi o sincretismo religioso, em que conseguiam praticar sua
religião ancestral.
(E) A organização dos Quilombos era fruto da ação dos nativos que usavam os
negros para se defender dos europeus, numericamente superiores.
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