Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Quadro 1
A Ilha de Páscoa
Jared Diamond, no seu livro “Colapso”, analisa a ascensão e queda das
civilizações, mediante cinco fatores. “Quatro desses fatores – dano
ambiental, mudança climática, vizinhança hostil e parceiros comerciais
amistosos – podem ou não se mostrar significativos para uma sociedade
particular. O quinto fator – as repostas da sociedade aos seus problemas
ambientais – sempre se mostrou significativo” (pág. 27). Sob esta
perspectiva, Diamond descreve a história da Ilha de Páscoa,
possivelmente o pedaço de terra habitado mais isolado do mundo,
com apenas 170 km2, localizado no Oceano Pacífico e onde se
encontram as famosas esculturas conhecidas como moais. Como esta
ilha foi colonizada? Como aquela sociedade primitiva conseguiu
erguer aquelas esculturas de 5 a 6 metros de comprimento com 10 a
270 toneladas? Como se deu sua evolução e como chegou ao estado
de pobreza e aridez quando os primeiros exploradores europeus,
liderados por Jacob Roggeveen, chegaram lá em 1722? O que
aconteceu com todas as árvores que certamente outrora estiverem ali?
Estas perguntas perturbaram os estudiosos e motivaram muitas
pesquisas. Datações radiocarbônicas indicam a colonização da ilha
por algumas famílias de insulares polinésios por volta do ano 900
d.C. Com solos férteis em função dos derramamentos vulcânicos, a
dieta dos habitantes era baseada em produtos agrícolas e espécies
marinhas. A população, dividida em classes sociais, chegou ao seu
auge entre seis a trinta mil pessoas (35 a 176 habitantes/km2), que com
seus hábitos religiosos e de consumo, presenciaram o desmatamento
de toda a floresta existente na ilha, com o desaparecimento de todas
as espécies arbóreas, configurando um dos exemplos mais extremos
de degradação ambiental da história, similar talvez à situação que
1.3.1 Histórico
A busca por um sistema que se sustente conciliando o crescimento
socioeconômico e a preservação ambiental é consequência de um
processo histórico de questionamentos e debates sobre os impactos
gerados pelo atual modelo de desenvolvimento ao meio ambiente e à
sociedade. Tais discussões se intensificaram na segunda metade do
século XX, quando alguns eventos marcantes podem ser citados.
Em 1962, o lançamento do livro Silent Spring (Primavera Silenciosa),
de Rachel Carson, expondo os efeitos adversos sobre a biodiversidade
causados pelo uso do pesticida DDT nos Estados Unidos, é um dos
Quadro 2
Ecologia industrial
O conceito de Ecologia Industrial provém da ideia de que as
atividades industriais devem ser consideradas ecossistemas, nos
quais as etapas ou unidades produtivas são níveis tróficos
caracterizados pelos constantes fluxos de energia e matéria entre si.
Em linhas gerais, nos ecossistemas naturais, a energia é proveniente
do Sol e armazenada em vegetais que alimentam os herbívoros, que,
por sua vez, alimentam os carnívoros que, por fim são decompostos e
oferecem nutrientes aos vegetais. A sustentabilidade deste
ecossistema natural global está na constante oferta de energia solar e
na reciclagem de nutrientes, que se dá pela utilização dos rejeitos de
um nível trófico como matéria-prima em outro, além dos ciclos
biogeoquímicos, tais como enxofre, nitrogênio e carbono.
Na Ecologia Industrial, cujo conceito ficou mundialmente
conhecido pela publicação de Frosh e Gallapoulos (1989), as unidades
produtivas são vistas como sistemas integrados pelo aproveitamento
interno de resíduos e a redução de entradas e saídas de matéria e
energia (Figura a). Este método se difere do convencional, composto
por unidades isoladas em si, consumidoras de matérias-primas e
geradoras de poluição, sem adotar práticas de reuso ou reciclagem
(Figura b).