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HIDROLOGIA E RECURSOS HÍDRICOS

INTRODUÇÃO GERAL
Os recursos hídricos no contexto das
interpretações e perspectivas da crise
ambiental

Vanderlei de Oliveira Ferreira


• Circunstâncias

• Correntes de interpretação

• Desafios das ciências ambientais


CIRCUNSTÂNCIAS
Urbanização acelerada e omissa em relação
às variáveis ambientais
CIDADE MEDIEVAL
http://www.slideshare.net/JDLIMA/idade-mdia-crescimento-ubano-e-sociedade/
Miami/EUA

http://www.allenmorris.com/are-we-headed-another-miami-condo-bubble/ https://dicasdaflorida.com.br/wp-content/uploads/2018/10/porto-miami-florida.jpg

CIDADE DO SÉCULO XXI


http://www.skyscrapercity.com https://brasil.elpais.com/brasil/2017/01/18/politica/1484769932_342623.html

Lagos/Nigéria São Paulo/Brasil


CIDADES DO SÉCULO XXI?
Desmatamento e defaunação
Meio ambiente rural
Deserto verde e defaunação
Alterações nos aspectos quali-quantitativos
da água
A questão da água

http://ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=16776
Perturbações físicas e químicas aos
oceanos
Acidificação dos oceanos

Fonte: IPCC, 2013, p. 10.


Aquecimento observado dos oceanos
(1950-2010)

Mais de 60% do
aumento líquido
de energia no
sistema climático
é armazenado na
parte superior do
oceano.
Elevação observada do nível dos oceanos
(1900-2010)

Durante o período
de 1901 a 2018, o
nível médio global
do mar aumentou
25 cm.

Fonte: IPCC, 2013, p. 8.

Seção 3: Tendências e impactos observados da mudança climática


Aquecimento global e mudanças climáticas
Mudanças na temperatura em escala global

IPCC AR6 (Intergovernmental Panel on Climate Change). Summary for Policymakers. In: MASSON-DELMOTTE, V., P. ZHAI, A. PIRANI, S. L.
CONNORS, C. PÉAN, S. BERGER, N. CAUD, Y. CHEN, L. GOLDFARB, M. I. GOMIS, M. HUANG, K. LEITZELL, E. LONNOY, J.B.R.
MATTHEWS, T. K. MAYCOCK, T. WATERFIELD, O. YELEKÇI, R. YU AND B. ZHOU (Eds). Climate Change 2021: The Physical Science Basis.
Contribution of Working Group I to the Sixth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change. Cambridge University
Press, 2021, 41 pp.
Mudanças nas precipitações em escala global

IPCC AR6 (Intergovernmental Panel on Climate Change). Summary for Policymakers. In: MASSON-DELMOTTE, V., P. ZHAI, A. PIRANI, S. L.
CONNORS, C. PÉAN, S. BERGER, N. CAUD, Y. CHEN, L. GOLDFARB, M. I. GOMIS, M. HUANG, K. LEITZELL, E. LONNOY, J.B.R.
MATTHEWS, T. K. MAYCOCK, T. WATERFIELD, O. YELEKÇI, R. YU AND B. ZHOU (Eds). Climate Change 2021: The Physical Science Basis.
Contribution of Working Group I to the Sixth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change. Cambridge University
Press, 2021, 41 pp.
Mudança nas precipitações em escala regional

Marcovitch, Jacques (coord.); Margulis, Sergio & Dubeux, Carolina Burle Schmidt (eds.) Economia da mudança do clima no Brasil: custos e
oportunidades. IBEP Gráfica, 2010, pp. 6-8.
Mudança climática
Eventos extremos

https://www.searanews.com.br/tempos-extremos-mudancas-climaticas/
Pertinência do conceito de risco

“Considerando a média mundial, estamos


no nível dos romanos dos tempos de
Pompéia em termos de prevenção do
risco. Só estamos mais avançados que
eles em termos de meios de
intervenção de socorro”
Edézio Teixeira de Carvalho
O Tempo; 10/01/15; Opinião, p. A11
CORRENTES DE INTERPRETAÇÃO
CRISE AMBIENTAL
Correntes de interpretação
Neomalthusianos

Em alusão à teoria populacional criada pelo demógrafo e economista iluminista Thomas


Robert Malthus. O livro “Ensaio sobre o princípio da população” foi publicado por
Malthus em 1798.
A humanidade está condenada à
infelicidade.

“... Acreditavam, e ainda acreditam, que o


mundo já está superpovoado e portanto
condenado ao desastre, seja pela
exaustão dos recursos naturais esgotáveis,
seja pela excessiva sobrecarga de
poluentes aos sistemas de sustentação da
vida” (SACHS, 1993:11).
Limites do Crescimento: a atualização de 30
anos.

Donnella Meadows,
Jorgen Randers e
Dennis Meadows,
após atualizar os
dados e aprimorar a
análise, dizem
1972 confirmar os
resultados já
2004
apontados na versão
original.

Membros brasileiros do Clube de Roma: Fernando Henrique Cardoso, Hélio


Jaguaribe, Cândido Mendes de Almeida
Estamos aqui!
Prognóstico sombrio
.
“Colapso ecológico, originado pela
depleção dos recursos naturais e a
mudança do clima global.”
“Falta de energia, devido ao esgotamento
do petróleo e do gás”.
“A perda da estabilidade econômica
provocada pela dívida norte-americana e
um complexo e insustentável sistema
financeiro internacional”.
Cornucopianos

Em alusão à cabra Amalteia, que cedeu leite a Zeus (recém-nascido). Ao se tornar rei
dos deuses, Zeus, em sinal de agradecimento, concedeu um poder especial aos chifres
de Amalteia: aquele que os possuísse poderia obter tudo o que desejasse.
Já não somos mais uma sociedade de átomos,
vivemos entre átomos e bits, numa cultura complexa.

“Os cornucopianos confiam na capacidade


de superar a escassez física e as
consequências deletérias do lançamento
de dejetos na biosfera por meio do ajuste
tecnológico” (SACHS, 1993:12).
Adoção de
tecnologias limpas
Degradação ambiental

Renda per capita


“A tecnologia é capaz de fazer brotar a
abundância, manter o crescimento
exponencial e democratizar o bem estar.
Um guerreiro Masai, do Quênia, dispõe
hoje em dia de mais informação, pelo
Google, ou pelo celular, do que o
presidente dos Estados Unidos há 15
anos”.

“Qualquer pessoa em situação de


exclusão social, mas que tenha um
telefone conectado à Internet, pode
receber uma educação universitária e
usufruir a abundância da Cornucópia
moderna”.

2012
Marxistas
Marx preocupou-se mais com a exploração da força
de trabalho do que com a degradação da natureza.

“... a origem da crise ambiental está no tipo de relações


sociais de produção adotado pela sociedade. A crise
ecológica como extensão da crise do capitalismo”
(FOLADORI, 1997:146).

“Em situações de extrema pobreza, o indivíduo marginalizado


da sociedade e da economia nacional não tem nenhum
compromisso para evitar a degradação ambiental, uma vez
que a sociedade não impede sua própria degradação
como pessoa" (GUIMARÃES, 1991, p. 17).
Os causadores e as vítimas da crise
ambiental são sujeitos sociais
específicos, diferenciados pela lógica
da apropriação privada dos recursos
naturais.
“Produção limpa e produção verde somente
podem ter uma existência em forma de nichos,
mas não influenciar o sistema como um todo.
Capitalismo sem produção material generalizada
e crescente de mercadorias é impossível. Por
isso, sob suas condições, não haverá a tão
prometida ‘reconciliação entre economia e
ecologia” (DIERKES, 1998:7).
“Dois espectros assombram o mundo no
século 21: a catástrofe ecológica e a
automação” (FRASE, 2016).
“É mais fácil imaginar o fim do mundo do
que o fim do capitalismo”
Fredric JAMESON, 2016
Desenvolvimento sustentável
Crescimento
Seres anaeróbicos e Desenvolvimento
industrial
aeróbicos, atmosfera Sustentável
termo-regulada com O2 Transição
Biodiversidade, Recuperação
imobilização
dos
de Carbono
ecossistemas

Crescimento
humano em
detrimento de
outras espécies,
ainda sem uso Ajuste da
de energéticos população e
fósseis mudança dos
sistemas de
produção e
consumo
Do Pré-cambriano Holoceno
ao Pleistoceno - 10 000 1500 2000 2100 Tempo
Uso e aplicação da expressão “desenvolvimento
sustentável”

• Polissemia: diferentes significados são empregados de


acordo com diferentes interesses.

• Banalização da expressão e uso indevido.


Persistem as desigualdades sociais e persistem os impactos
ambientais

Para a solução de um problema não se podem


utilizar as mesmas ferramentas que causaram o
problema (A.Einstein).

O paradigma da sustentabilidade exige novos


valores, novas ferramentas, novos
comportamentos, e uma base ética
compromissada com a vida.
Desafios da sustentabilidade

 Não é possível o crescimento infinito com recursos naturais finitos;

 É impossível a expansão global do atual padrão de consumo dos


ricos;

 Ciência e Tecnologia têm limites na superação dos desafios;

 A “mão invisível do mercado” não é capaz de produzir equidade;

 O Desenvolvimento Sustentável não pode estar submisso à


racionalidade econômica;

 É difícil construir relações de cooperação num mundo competitivo.


DESAFIOS DAS CIÊNCIAS AMBIENTAIS
"Quando acordou, o dinossauro
ainda estava lá".
Augusto Monterroso
Ponto de vista hegemônico

“O crescimento é a solução”. Tudo tem


que crescer sempre: infraestrutura, energia,
produção, exportações e consumo.
Gestão Ambiental

• É a forma pela qual a sociedade se


mobiliza visando a manutenção ou
conquista de uma qualidade ambiental
desejada.

• Adota estrutura e instrumentos para


gerenciar atividades que podem trazer
consequências indesejáveis ao meio
ambiente e à sociedade.

Com base em estudos técnicos


...com base em estudos técnicos

• “A ciência é de longe o mais bem-


sucedido conhecimento acessível aos
humanos - ensina que o máximo que
podemos esperar é um aperfeiçoamento
sucessivo de nosso entendimento, um
aprendizado por meio de nossos erros,
uma abordagem assintótica do Universo,
mas com a condição de que a certeza
absoluta sempre nos escapará”.
Carl Sagan – “O mundo assombrado pelos demônios”
PRIMEIRO GRANDE DESAFIO
...com base em estudos técnicos

“(...) é igualmente impossível conhecer o todo sem conhecer as


partes, e conhecer as partes sem conhecer o todo”.
Edgar Morin
MODELAGEM: soluções numéricas?
SEGNDO GRANDE DESAFIO
ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO

Seul, Coréia (1920)

Seul, Coréia (1970) Seul, Coréia (2019)


https://www.ser.org/default.aspx
Belo Horizonte, 2020

Agência Nitro/AE/VEJA

São Paulo, 2020

Folha de São Paulo


Petrópolis/RJ, 2022

TV Brasil

São Sebastião/SP, 2023

FERNANDO MARRON/AFP - 20.02.2023


Fernando Reis - http://br.olhares.com/

Ninguém escuta!
BIBLIOGRAFIA CITADA
• BOULDING, Kenneth. General Systems Theory: The Skeleton of Science,
Management Science, 1956
• CARVALHO, Edézio Teixeira de. Geologia urbana para todos: uma para
visão de Belo Horizonte. Belo Horizonte, 1999.
• DIAMANDIS, P. H., KOTLER, S. Abundance: the future is better than you
think. New York, Free Press, 2012.
• DIERKES, Hermann. Ökologischer Marxismus – marxistische Ökologie.
Köln: VSPVerlag, 1998.
• FOLADORI, Guillermo. A Questão Ambiental em Marx. In: Crítica marxista,
São Paulo: Xamã, 1997, nº 4.
• FRASE, Peter. Four futures: life after capitalism. London: Verso Books,
2016.
• GUIMARÃES, R. The Ecopolitics of Development in the Third World:
Politics and Environment in Brazil. Boulder e Londres: Lynne Rienner
Publishers, 1991.
• JAMESON, Fredric, Future city, New left review, 21 (1), 2013, p. 76.
• MEADOWS, D.H.; MEADOWS, D. L.; RANDERS, J. The Limits of Growth.
New York, 1972.
BIBLIOGRAFIA CITADA
• Meadows, Donella H, Jørgen Randers, and Dennis L. Meadows. The
Limits to Growth: The 30-Year Update. White River Junction, Vt: Chelsea
Green Publishing Company, 2004. Print.
• Morin E. Introdução ao pensamento complexo. 4. ed. Trad. Eliane Lisboa.
Porto Alegre: Sulina, 2011. 120 p.
• RODRIGUES, José Carlos. A cultura do lixo e sua angústia. In: GARCIA,
Pedro Benjamim (Ed.). Falas em torno do lixo. Rio de Janeiro:
NOVA/ISER/PÓLIS, 1992. pp. 7 – 11
• SACHS, Ignacy. Estratégias de Transição Para o Século XXI:
Desenvolvimento e Meio Ambiente. São Paulo: Studio Nobel, 1993 (pp.
11-55)
• Sagan, Carl. (1995/2006). O mundo assombrado pelos demônios: a
ciência vista como uma vela na escuridão. Ed. Cia das Letras.
• Solow, R. M. 1956. “A Contribution to the Theory of Economic Growth.”
Quarterly Journal of Economics, 1956, 70 (1): 65–94.
• Solow, R. M., and J. E. Stiglitz.. Output, Employment, and Wages in the
Short Run. Quarterly Journal of Economics, 1968, 82 (4): 537–60.
FIM

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