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Introdução
No meio dos Oceanos Atlântico, Pacífico e Índico existem cordilheiras submarinas, que se
elevam a até cerca de 4.000 m acima do assoalho oceânico. Estas cordilheiras marcam imensas
rupturas na crosta, ao longo das quais há extravasamentos periféricos de lava basáltica vinda das
partes mais internas (astenosfera), como se um contínuo suprimento de material do manto
subjacente ascendesse pela fratura, empurrando as placas em direções opostas (zona de
acreção de placa). Nestas condições, algumas porções da astenosfera devem se fundir
originando magma que é um material rochoso fundido, que contém cristais em suspensão e
gases dissolvidos, e que se forma quando a temperatura aumenta provocando fusão no
manto ou na crosta. O magma que se forma debaixo das cadeias meso-oceânicas ascende para
o topo da litosfera, onde se resfria e cristaliza formando nova crosta oceânica (Fig. 2).
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Figura 2: Esquema de formação de cordilheiras meso-oceânicas.
Resumindo:
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Colisão entre placa continental e placa oceânica: SEMPRE a placa oceânica entra abaixo da
placa continental, por ser mais pesada (o basalto é uma rocha mais pesada que o granito,
por conta dos minerais que o compõem), formando cordilheira no continente, pelo
enrugamento da placa continental. Ocorre formação de zona de subducção, ou seja, há
destruição de placa oceânica antiga. Exemplos: Andes, Montanhas Rochosas.
Colisão entre duas placas oceânicas: uma das duas placas oceânicas entra embaixo da
outra (a que está sofrendo maior pressão), e isso ocasiona a formação de uma fossa
submarina profunda. Ocorre formação de zona de subducção, ou seja, há destruição de
placa oceânica antiga. Exemplo: Fossa das Marianas.
Colisão entre duas placas continentais: NENHUMA das placas continentais entra embaixo
da outra, porque ambas são muito leves. Pode ocorrer a formação de cordilheira
continental ou o fechamento de um mar ou oceano. NÃO OCORRE formação de zona de
subducção, ou seja, não há destruição de placas. Exemplo: Himalaia, Alpes, Pirineus,
fechamento do Mar Mediterrâneo.
-Atrito entre placas: nesse caso não há destruição nem formação de placa oceânica,
apenas atrito, o que ocasiona fenômenos como vulcanismos e terremotos. NÃO OCORRE
formação de zona de subducção. Exemplo: Falha de San Andreas, na costa da Califórnia.
Assim, os oceanos são formados pela divisão de continentes (por exemplo, há 180 milhões
de anos atrás, um grande continente chamado Gondwana dividiu-se formando a África, a América
do Sul e o oceano Atlântico). Outros oceanos podem ser fechados por movimentos convergentes
das placas (por exemplo o Mar Mediterrâneo está sendo fechado pela aproximação entre a África
e a Europa).
A litosfera rochosa semi-rígida é constituída por uma série de placas de tamanhos
variáveis (de centenas a milhares de quilômetros de largura), cujo movimento é responsável pela
configuração atual dos continentes e bacias oceânicas. A litosfera atual é constituída por seis
grandes placas (Eurasiana, Africana, Americana, Indo-Australiana, Pacífica e Antártica) e
inúmeras placas menores, que se movem numa velocidade que varia de 1 a 12cm por ano. A
medida que as placas se movem, tudo que está sobre as placas se move também. Se parte do
capeamento é crosta oceânica e o resto é crosta continental, tanto o fundo oceânico quanto o
continente se moverão com a mesma velocidade e na mesma direção da placa inteira (Fig. 4).
Os limites entre as placas podem ser divergentes, onde elas se separam criando fundo
oceânico, ou convergentes onde elas colidem formando cadeias montanhosas continentais ou
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fechando oceanos. Podem ainda ser limites transformantes, onde uma placa passa ao lado da
outra, com atrito mas sem criar nem consumir material. Todos estes tipos de limites são zonas de
instabilidade tectônica, ou seja, sujeitas a terremotos e vulcões.
Neste processo, as posições dos continentes no globo terrestre também são modificadas
em relação ao Equador e aos pólos, explicando em parte as mudanças climáticas em cada
continente ao longo do tempo geológico.
Vulcões e Terremotos
O material rochoso em profundidade está submetido a pressões e temperaturas altíssimas
(astenosfera) e, quando a placa litosférica rígida sofre uma ruptura, este material se funde e tende
a escapar por ela, extravasando na superfície (vulcanismo) ou ficando retido dentro da crosta,
quando não consegue chegar à superfície (plutonismo). O material que extravasa é constituído
por gases, lavas e cinzas. A atividade vulcânica pode formar ilhas em meio aos oceanos (Havaí,
Açores, etc.) ou destruí-las em instantes. Pode ocorrer nos continentes, formando montanhas
(Estromboli e Vesúvio na Itália, Osorno e Vila Rica no Chile, Santa Helena nos EUA). Podem
também constituir o vulcanismo fissural como na lslândia. O mais espetacular aspecto construtivo
do vulcanismo é o que ocorre nas cadeias meso-oceânicas, que representam limites divergentes
de placas, gerando verdadeiras cordilheiras submarinas, formando assoalho oceânico novo a
cada extravasamento e causando, assim, a expansão oceânica.
Os terremotos são tremores ou abalos causados pela liberação repentina da energia
acumulada durante longos intervalos de tempo em que as placas tectônicas sofreram esforços
para se movimentar. Quando o atrito entre elas é vencido (subducção ou falha transformante) ou
quando partes se rompem (separação de placas), ocorrem os abalos. Estes abalos têm
intensidade, duração e freqüência variáveis, podendo resultar em grandes modificações na
superfície, não só pela destruição que causam, mas por estarem associados aos movimentos das
placas tectônicas.
Os hipocentros (pontos de origem dos terremotos) e epicentros (projeções verticais dos
hipocentros na superfície) estão localizados preferencialmente em zonas limitrofes de placas
tectônicas, onde elas se chocam e sofrem subducção e enrugamento formando respectivamente
fossas oceânicas e cordilheiras continentais, ou onde elas se separam, nas cadeias dorsais meso-
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oceânicas. Ocorrem terremotos também no limites onde as placas se movem lateralmente em
sentidos opostos (falhas transformantes).
No mapa mundial pode-se observar que a distribuição dos terremotos forma faixas
contínuas ao longo das fossas oceânicas e cadeias continentais e meso-oceânicas. É famoso o
"cinturão de fogo circumpacífico", sujeito a freqüentes e intensos terremotos (exemplo da Falha de
San Andreas, EUA), formando uma faixa muito ativa em volta do Oceano Pacífico (Fig. 5).
Também existem terremotos que não são devidos aos movimentos das placas, mas a esforços
chamados lntra-placas. São menos freqüentes, menos intensos, e relacionados à reativação de
falhas (rupturas) muito antigas na crosta (Exs. recentes: João Câmara, RN e Rio de Janeiro).
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da água. Por isto, todas as porções da crosta e da litosfera estão, neste sentido, flutuando – a
propriedade de balanço flotacional ideal entre segmentos da litosfera é a isostasia. A
isostasia é a razão pela qual os continentes são elevados (rochas com menor densidade) e as
bacias oceânicas rebaixadas (rochas de maior densidade).
Se a superfície da Terra fosse plana e uniformemente coberta pela água dos oceanos, a
profundidade média do oceano seria de 2,6 Km. Na realidade, os oceanos cobrem 71% da
superfície do planeta e sua profundidade média é de 3,8 Km. Os 29% restantes da superfície
terrestre são ocupados por terra, numa altitude média de 0,8 Km acima do nível do mar. Os
continentes ascendem abruptamente e se colocam a cerca de 4,6 Km acima da profundidade
média do fundo oceânico. A razão disso é que a crosta continental tem uma densidade de
2,7g/cm3 enquanto a crosta oceânica tem densidade de 3,2g/cm3. Neste sentido, ambos os tipos
de rochas devem ser considerados como “flutuando” sobre o manto. A crosta continental é leve e
por isso sobe; a crosta oceânica é densa e por isso afunda.
O limite das bacias oceânicas não coincide com as margens continentais emersas e há
uma plataforma submersa de largura variável que forma uma franja em torno dos
continentes conhecida como plataforma continental. A borda atual das bacias oceânicas é o
talude continental, um pronunciado declive na margem da plataforma continental (Fig. 6).
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Figura 8 – Perfil do fundo do mar comparando as formas de cadeia meso-oceânica e
trincheira.
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Figura 10: Elementos geométricos de uma falha: blocos de falha: muro ou lapa e teto ou
capa; escarpa e plano de falha.
As falhas podem ser vistas diretamente no campo (Fig. 11) ou serem inferidas diretamente
por meios geofísicos, fotografias aéreas, imagens de satélite, mapas geológicos e topográficos.
Em relação ao movimento relativo entre os blocos, as falhas podem ser classificadas como
normais ou de gravidade (onde a capa desce em relação à lapa), inversa ou de empurrão (onde a
capa sobe em relação à lapa), transcorrente (sem deslocamento vertical, mas horizontal, com o
plano da falha perpendicular à superfície) e oblíqua (também sem deslocamento vertical, e sim
horizontal, porém com plano de falha oblíquo à superfície) (Fig. 12).
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Figura 12: Classificação de falhas com base no movimento relativo entre blocos
adjacentes: a) falha normal; b) falha inversa; c) falha transcorrente; d) falha oblíqua.
As dobras são deformações dúcteis que afetam corpos rochosos da crosta terrestre.
Acham-se associadas a cadeias de montanhas de diferentes idades e possuem expressão na
paisagem, sendo visíveis em imagens de satélite. São caracterizadas por ondulações de
dimensões variáveis e podem se manifestar em três escalas: microscópica, mesoscópica e
macroscópica. A escala microscópica corresponde à escala de estudo em que a estrutura é
observada com o auxílio de microscópio ou lupa. Na escala mesoscópica a estrutura é visualizada
de modo contínuo desde amostras na escala de mão até afloramento (Figs. 13 e 14). Na escala
macroscópica a estrutura observada é produto da integração e reconstrução de afloramentos,
sendo, em geral, representada em perfis ou mapas geológicos.
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Figura 14: Dobras observadas em escala de afloramento.
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variar com o tipo de rocha e com a profundidade na crosta, bem como com a taxa de deformação.
A observação do estilo deve ser feita num plano perpendicular ao eixo da dobra. Este plano é
referido como plano de perfil da dobra (Fig. 15). Em qualquer outro plano diferente deste, o estilo
da dobra será alterado. Ainda na Fig. 15 são indicados os principais elementos geométricos de
uma superfície dobrada cilíndrica, definidos a seguir. Linha de charneira corresponde à linha que
une os pontos de curvatura máxima da dobra. Uma outra linha dessa superfície que une os pontos
de curvatura mínima é denominada linha de inflexão da dobra. Esta linha divide as dobras em dois
setores: um de convexidade voltada para cima e outro, para baixo. A orientação da linha de
charneira permite definir a posição espacial da dobra, horizontal, vertical ou inclinada. Ela situa-se
numa região da dobra conhecida como zona de charneira da dobra. A superfície axial pode ser
curva ou plana, sendo nesse caso referida como plano axial. Ela é definida como uma superfície
que contém a linha de charneira da superfície dobrada.
Figura 15: Elementos geométricos de uma superfície dobrada cilíndrica (a) e plano de perfil
de uma dobra (b): Sa – Superfície axial; Lc – Linha de charneira; Li – Linha de inflexão; Zc –
zona de charneira; Fl – Flanco.
Do ponto de vista genético, as dobras podem ser classificadas em dois tipos: atectônicas e
tectônicas. As primeiras são formadas na superfície ou próximas a ela, em condições muito
semelhantes à condição ambiente, sendo desencadeadas pela ação gravitacional e possuem
expressão apenas local; as últimas são formadas sob condições variadas de esforço, temperatura
e pressão, sendo mais relacionadas com processos de evolução da crosta, em particular com a
formação de cadeias de montanhas. Com base na estatrigrafia, é comum classificar as dobras em
sinclinais e anticlinais. Embora seja uma classificação que implica o uso de critérios
estratigráficos, isso nem sempre é seguido. Define-se sinclinal como uma dobra que possui
camadas mais novas no seu interior, e as mais antigas no exterior; no anticlinal, é o oposto, as
camadas mais antigas estão no núcleo (Fig. 16).
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Figura 16: Esquema de dobras sinclinais e anticlinais. Sequência estratigráfica das
camadas: 1-mais antiga; 2-intermediária; 3-mais nova.
Tectônica Global
O embrião de uma revolução nas ciências geológicas foi apresentada no início do século
XX pelo cientista alemão Alfred Wegener, sob o nome de Teoria da Deriva Continental, que
afirmava que os continentes já estiveram unidos anteriormente em um único e imenso bloco, o
qual ele denominou Pangea, o qual se fragmentou inicialmente em dois blocos: o setentrional, que
ele denominou Laurásia, e o meridional, denominado Gondwana (Fig. 17).
Figura 17: Pangea e sua divisão em dois continentes, Laurásia ao norte e Gondwana ao sul,
separados pelo Mar de Tethys.
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Evidências de glaciação, há aproximadamente 300 M.a. na região Sudeste do Brasil, Sul
da África, Índia, Oeste da Austrália e Antártica.
No entanto, Wegener não conseguiu responder a questão fundamentais, como, por exemplo:
Que forças seriam capazes de mover os imensos blocos continentais? Como uma crosta
rígida como a continental deslizaria sobre uma outra crosta rígida como a oceânica, sem que
fossem quebradas pelo atrito? Infelizmente, naquela época as propriedades plásticas da
astenosfera não eram ainda conhecidas, o que impediu Wegener de explicar sua teoria. Por
causa disso, Wegener não foi considerado um pesquisador sério e sua teoria foi sendo
esquecida. Porém, na década de 1940, durante a Segunda Guerra Mundial, devido às
necessidades militares de localização de submarinos no fundo dos mares, os mesmos foram
mapeados, onde se comprovou a existência de cordilheiras submarinas e fossas muito
profundas, destoando da imagem de planície monótona com alguns picos e planaltos isolados
que se imaginava na época para o fundo do mar. Outra ferramenta importante foi o advento da
geocronologia, que permitia datar as rochas, e constatou-se que, no Atlântico Norte, as rochas
que se encontravam no centro eram mais jovens do que as rochas do assoalho oceânico mais
próximas dos continentes (Fig. 18). O estudo do magnetismo das rochas também contribuiu
para uma melhor compreensão dos movimentos da crosta continental. Estudos de
paleomagnetismo revelaram que as posições primitivas dos pólos magnéticos da Terra tinham
mudado ao longo do tempo geológico em relação às posições atuais dos continentes. Como
sabia-se que o eixo magnético da Terra coincidia com o seu eixo rotacional, os dados
paleomagnéticos poderiam indicar, ao invés de mudanças do eixo magnético, um movimento
relativo entre os continentes.
Em 1962, Hess sugeriu a hipótese da expansão do assoalho oceânico; com base os dados
geológicos e geofísicos disponíveis, este autor propunha que as estruturas do fundo oceânico
estariam relacionadas a processos de convecção no interior da Terra. Tais processos seriam
originados pelo alto fluxo de calor emanado na dorsal meso-oceânica, que provocaria a ascensão
de material do manto, devido ao aumento da temperatura que o tornaria menos denso (Fig. 19);
de acordo com Hess, esse material, ao atingir a superfície, se movimentaria lateralmente e o
fundo oceânico se afastaria da dorsal. A fenda existente na crista da dorsal não continuaria a
crescer porque o espaço deixado pelo material que saiu para formar a nova crosta oceânica é
preenchido por novas lavas, que, ao se solidificarem, formam um novo fundo oceânico. A
continuidade desse processo produziria, portanto, a expansão do assoalho oceânico. A Deriva
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Continental e a expansão do fundo dos oceanos seriam assim uma conseqüência das correntes
de convecção. Assim, em função da expansão dos fundos oceânicos, os continentes viajariam
como passageiros, fixos em uma placa, como se estivessem em uma esteira rolante. Com a
continuidade do processo de geração de crosta oceânica, em algum outro local deveria haver um
consumo ou destruição desta crosta, do contrário a Terra expandiria. A destruição da crosta
oceânica mais antiga ocorreria nas chamadas Zonas de Subducção, que seriam locais onde a
crosta oceânica mais densa mergulharia para o interior da Terra até atingir condições de pressão
e temperatura suficientes para sofrer fusão e ser incorporada novamente ao manto.
Bibliografia
Skinner, B.J. & Porter, S.C. 1987. Physical Geology. John Wiley & Sons, New York, 750p.
Teixeira, W.; Toledo, M.C.M.; Fairchild, T.R. & Taioli, F. 2000. Decifrando a Terra. Ed. Oficina de
Textos, São Paulo.
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