Você está na página 1de 21

1

CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC

LUCIANO DE ASSIS NUTELS

MANEJO REPRODUTIVO EM BUBALINOS: revisão de


literatura

MACEIÓ-AL
2019/2
2

LUCIANO DE ASSIS NUTELS

MANEJO REPRODUTIVO EM BUBALINOS: revisão de


literatura

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como


requisito final, para conclusão do curso de Medicina
Veterinária do Centro Universitário Cesmac, sob a
orientação da Profa. Dra. Valesca Barreto Luz.

MACEIÓ-AL
2019/2
3
4

LUCIANO DE ASSIS NUTELS

MANEJO REPRODUTIVO EM BUBALINOS: revisão de


literatura

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como


requisito final, para conclusão do curso de Medicina
Veterinária do Centro Universitário Cesmac, sob a
orientação da Profa. Dra. Valesca Barreto Luz.

APROVADO EM: ___/___/___

________________________________________
Orientadora Profa. Dra. Valesca Barreto Luz

BANCA EXAMINADORA

PROFA. MA. MARIANA MENDONÇA MAIA CAVALCANTE


PROF. ME. AGNELO DOUGLAS DO NASCIMENTO JUNIOR
5

AGRADECIMENTOS

Venho por meio deste trabalho agradecer aos meus pais que a todo momento
me apoiaram, acreditaram, ajudaram e arcaram com meu sonho. Agradeço também
aos professores e minha orientadora que me passaram conhecimento, me
prepararam para estar apto ao mercado de trabalho e a minha formação.
6

MANEJO REPRODUTIVO EM BUBALINOS: revisão de literatura


REPRODUCTIVE MANAGEMENT IN BUFFALOES: literature review

Luciano De Assis Nutels


Graduando do Curso de Medicina Veterinária
luciano_nutels@hotmail.com

Valesca Barreto Luz


Doutora em Biotecnologia da Rede Nordeste de Biotecnologia
valesca_barreto@hotmail.com

RESUMO
A criação de búfalos vem se difundindo mundialmente devido à superioridade que pode apresentar
em relação aos outros ruminantes domésticos, principalmente a adaptação às diversas condições
climáticas do território brasileiro, sendo que ele poderá produzir carne e leite para suprir as
necessidades do mercado nacional, propiciando grande contribuição ao atendimento da demanda
familiar. Os búfalos possuem temperamento bastante dócil, o que facilita sua criação e manejo, e são
muito rústicos, adaptando-se bem às mais variadas condições ambientais. No Brasil, são comuns as
raças Mediterrâneas, Murrah, Jafarabadi e Carabão. Objetivou-se relatar a importância do manejo
reprodutivo em búfalos. Este estudo tratou-se de uma pesquisa bibliográfica na qual foram realizadas
consultas no portal de periódicos capes, revistas indexadas, monografias, dissertações, teses bem
como através de bases de dados online, a exemplo do Google acadêmico e portal Embrapa
(Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). Foram utilizadas literaturas clássicas e sem
delimitação do tempo de publicação. Os descritores para esta pesquisa foram buscados em livros e
sites. Diante do exposto, a revisão a seguir irá apresentar algumas biotécnicas e a importância do
manejo reprodutivo em búfalos, de acordo com a exigência de cada raça.

PALAVRAS-CHAVE: Biotecnologia. Reprodução. Manejo. Bubalinos.

ABSTRACT
The breeding of buffaloes is spreading worldwide due to the superiority it can present in relation to
other domestic ruminants, mainly the adaptation to the diverse climatic conditions of the Brazilian
territory, being that it can produce meat and milk to supply the needs of the national market, providing
great contribution to meeting family demand. The buffaloes have a rather docile temperament, which
facilitates their creation and handling, and are very rustic, adapting well to the most varied
environmental conditions. In Brazil, the Mediterranean, Murrah, Jafarabadi and Carabão races are
common. The objective of this study was to report the importance of reproductive management in
buffaloes. This study was a bibliographical research in which the portal of periodicals capes, indexed
journals, monographs, dissertations, theses as well as through online databases, such as Google
academic and portal Embrapa (Brazilian Research Company Agropecuária). Classical literatures will
be used without delimitation of the publication time. Descriptors for this search were searched for in
books and websites. In view of the above, the following review will address some biotechniques and
the importance of reproductive management in buffalo, according to the requirement of each breed.

KEYWORDS: Biotechnology. Reproduction. Management. Buffaloes.


7

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 8
2 METODOLOGIA.............................................................................................. 9
3 REVISÃO DE LITERATURA........................................................................... 10
3.1 OS BUBALINOS.......................................................................................... 10
3.2 SELEÇÃO DE REPRODUÇÃO................................................................... 11
3.3 ESTAÇÃO DE MONTA................................................................................ 12
3.4 INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL....................................................................... 12
3.5 INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM TEMPO FIXO.......................................... 13
3.6 TRANSFERÊNCIA DE EMBRIÕES............................................................. 13
3.7 PRODUÇÃO INVIRTRO DE EMBRIÕES.................................................... 14
3.8 ALIMENTAÇÃO........................................................................................... 14
3.9 SANIDADE................................................................................................... 15
3.10 DESCARTE................................................................................................ 17
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................ 18
REFERÊNCIAS.................................................................................................. 19
8

1 INTRODUÇÃO

Ocupando uma das posições de destaque internacional encontramos a criação


de búfalos, não apenas por seu número expressivo de animais, como também pela
qualidade excelente de seu plantel. O mercado voltado para bubalinos vem
apresentando desde 2011 um crescimento significativamente superior ao observado
em bovinos. Contudo, para se manter um país competitivo, faz-se necessária a
incorporação de novas biotécnicas visando acelerar e facilitar o melhoramento
genético (BRASIL, 2017).
Os búfalos apresentam ótima digestibilidade alimentar sob condições de menor
oferta ou de oferta menos adequada. Com bom manejo os búfalos respondem com
uma excelente e segura docilidade, além de apresentar uma alta fertilidade em
condições usuais de manejo observadas em nosso país. Nas mesmas condições de
manejo os búfalos mostram taxa de fertilidade superiores aos dos bovinos
(RIBEIRO, 2002).
O manejo varia de acordo com a quantidade de animais por hectare e conforme
a localização da fazenda, fertilidade do solo, qualidade e tipo de pastagens e
sistema de criação da propriedade (BARUSELLI, 2001).
Dentre as raças de búfalos criadas no Brasil são comuns as raças Mediterrâneas,
Murrah, Jafarabadi e Carabão, assim destacando-se a Murrah e o Mediterrâneo que
se distribuem pelas cincos regiões do Brasil. Na maioria das regiões a criação é para
a produção de carne. São abatidos anualmente 254 mil búfalos, movimentando um
mercado de R$ 996 milhões. A produção de leite representa outra importante
atribuição do búfalo, não somente para o consumo in natura, mas também para o
preparo de queijos especiais e manteiga (SIQUEIRA et al., 2014).
Os bubalinos podem ser criados nas mais diversas condições climáticas, muitas
vezes apresentando-se como uma opção para o aproveitamento de áreas da
propriedade às quais os bovinos não se adaptam. A preferência por regiões
alagadas ou áreas pantanosas é bastante peculiar para a espécie, devido os búfalos
possuírem um menor número de glândulas sudoríparas em relação aos bovinos e
sua pele escura apresentar uma espessa camada de epiderme, fazendo com que
eles sejam menos eficientes quanto a sua termorregulação. Assim, eles procuram a
água para se refrescarem e para se protegerem do ataque de insetos e parasitos
(VALE, 1994; OHASHI et al., 2017).
9

Dentre os fatores ambientais, o fotoperíodo, a precipitação pluviométrica, a


umidade relativa do ar e a temperatura têm efeitos pronunciados sobre o
comportamento reprodutivo da espécie. A importância de cada um desses fatores
varia muito segundo a situação geográfica, as condições de criação e o sistema de
manejo (CAMPO et al., 2005).
Do ponto de vista reprodutivo os bubalinos apresentam características inerentes
à espécie, como por exemplo, algumas particularidades do ciclo estral da búfala e a
possibilidade de sazonalidade reprodutiva, variável de acordo com a região. A
expansão da bubalinocultura brasileira necessita da implantação de técnicas
modernas e de aprofundado estudo da performance reprodutiva do búfalo nas
diversas regiões com vocação para essa produção (MIYASAKI et al., 2014).
Maximizar a eficiência reprodutiva é de grande importância para a produção de
leite e carne. No entanto, o desenvolvimento de novos e melhores métodos para
aumentar o desempenho reprodutivo do búfalo depende de um conhecimento
profundo dos mecanismos endócrinos e fisiológicos e do controle dos processos
reprodutivos (PEREIRA, 2016).
Dentre os problemas na estrutura populacional de búfalos no Brasil, os criadores
recorrem a introdução de novos indivíduos no rebanho, projetando sistemas de
acasalamento que reduzem a consanguinidade. Assim, o potencial genético pode
ser multiplicado mais rapidamente através de biotécnicas da reprodução, como a
inseminação artificial (IA), inseminação artificial em tempo fixo (IATF), transferência
de embriões (TE), aspiração folicular guiada por ultrassom aliada à produção in vitro
de embriões (OPU-PIV) e criopreservação de sêmen e embriões (MELLO et al.,
2018).
Diante do exposto, a revisão a seguir abordará algumas biotécnicas e a
importância do manejo reprodutivo em búfalos, de acordo com a exigência de cada
raça.

2 METODOLOGIA

Este estudo tratou-se de uma pesquisa bibliográfica na qual foram realizadas


consultas no portal de periódicos capes, revistas indexadas, monografias,
dissertações, teses bem como através de bases de dados online, a exemplo do
Google acadêmico e portal Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa
10

Agropecuária). Foram utilizadas literaturas clássicas e sem delimitação do tempo de


publicação. Os descritores para esta pesquisa foram buscados em livros e sites a
exemplo de http://decs.bvs.br/.

3 REVISÃO DE LITERATURA

3.1 Os bubalinos

Os búfalos são mamíferos, pertencentes à grande família dos bovídeos,


reunidos por Linneu, em 1758, em sua obra intitulada Systema Naturae, em um
único gênero denominado Bos, dando-lhe denominações específicas, muitas delas
ainda em uso. Com a evolução da zoologia, estudos posteriores determinaram
diversas modificações na sistemática e novos gêneros foram criados para alguns
animais (ZICARELLI, 1997).
São animais da espécie Bubalus bubalis, raças Jafarabadi, Mediterrâneo,
Murrah e Carabao. O mais provável ancestral do búfalo doméstico, cujo nome
científico é Bubalus bubalis L., é o Arnee ou búfalo selvagem indiano que habitava,
no passado, o sul da África ou, provavelmente, o norte da Índia, Sri Lanka e
Indochina. O Arnee foi denominado Bubalus arnee por Keer, em 1792
(HARRINGTON, 1997).
Muitas das raças existentes hoje, com suas características bem definidas,
desenvolveram-se por meio de seleção natural durante um longo período. Foram
encontrados, nos montes Siwalik, norte da Índia, restos fósseis de dois tipos
distintos de búfalos do Plioceno, um relacionado com o búfalo indiano e outro com o
Tamarao e o Anoa. Essa forma fóssil de búfalo parece ser o elo definitivo entre o
tipo indiano e seus afins do Extremo Oriente e ancestrais extintos (GRUNERT;
GREGORY,1989).
A introdução dos búfalos no Brasil foi dada na entrada pela Ilha de Marajó, na
importação realizada pelo criador paraense Vicente Chermont de Miranda, que
adquiriu búfalos da raça Mediterrâneo, do Conde italiano Rospigliosi Camilo, de
Roma, em fevereiro de 1895. Os animais foram embarcados no Porto de Nantes,
França, e transportados em um navio denominado Brasileiro. Nos anos seguintes,
muitas outras importações foram realizadas pelo mesmo criador e por outros da Ilha
11

de Marajó, da Região do Baixo Amazonas, do Nordeste, do Sul e de Minas


(TONHATI, 2000).
Segundo Siqueira et al. (2014) no Brasil, são quatro as raças reconhecidas
oficialmente pela Associação Brasileira de Criadores de Búfalos – ABCB:
Jafarabadi – originária da Floresta do Gir, península Kathiavar, oeste da Índia.
Caracteriza-se pela forma peculiar da cabeça e chifres longos e caídos. Considerada
de aptidão mista, carne e leite, é o mais pesado dos bubalinos. A pelagem é preta e
bem definida. Apresenta duas variedades bem distintas, a Gir e a Palitana
(SIQUEIRA et al., 2014).
Mediterrâneo – também conhecida como búfalo preto ou italiano, descende
de animais importados, em diversas épocas, da Itália para a Ilha de Marajó e, mais
tarde, para diversos pontos do País. É de aparência intermediária entre o Murrah e o
Jafarabadi, de aptidão mista, leite e carne. A pelagem também é preta (BRASIL,
2017).
Murrah – originária do sul do Punjab, Índia, é a mais difundida no que diz
respeito à produção de leite, sendo sua principal característica diferenciadora em
relação às demais raças, a forma da cabeça e dos chifres que são enrolados na
forma de caracol. Na língua Hindu, Murrah significa “caracol ou espiral”. A pelagem é
preta e uniforme (SIQUEIRA et al., 2014).
Carabão – ou búfalo Rosilho, aproxima-se na aparência dos bubalinos da
Indochina, China e Filipinas. A pelagem é rosilha, com dois semicírculos na região
do pescoço, denominados “coleiras”, com pêlos mais claros. Prestase para a
produção de carne e para o trabalho (BRASIL, 2017).

3.2 Seleção de reprodução

Os reprodutores devem ser selecionados, levando-se em consideração: o


elevado potencial para produção de leite; o peso compatível com a idade e a raça; e
a inexistência de defeitos zootécnicos. Os machos devem separados aos 30 meses
de idade, na relação touro: vaca de 1 :25, em sistemas extensivos, e no máximo 1
:40, nos intensivos (FERRARA, 1964).
Para evitar consanguinidade, os reprodutores devem ser descartados de
modo que não cubram suas próprias filhas. Após o desmame, os bezerros devem
ser transferidos para um pasto distante do rebanho de reprodução, a fim de evitar
12

concorrência pelo leite da mãe entre o bezerro do ano anterior e o recém-nascido.


Caso isto não seja possível, o desmame deve ser feito por processo mecânico,
como o anel de plástico colocado no septo nasal (OLIVEIRA et al., 2001).
Ao completarem dois anos de idade, as melhores fêmeas devem ser
selecionadas com base nos seguintes critérios: produção de leite da mãe, peso vivo
da fêmea e ausência de defeitos zootécnicos. Os machos sem as características
exigidas para um reprodutor devem ser castrados entre doze e dezoito meses de
idade ou transferidos para pastos de engorda e criados separados das fêmeas. Nos
rebanhos comerciais, os machos devem ser castrados nos primeiros dias de vida
(RAKSHE, 2003).

3.3 Estação de monta

Os búfalos têm um comportamento reprodutivo influenciado positivamente


pela diminuição de horas de luz do dia (ZICARELLI, 1990). Pode-se dizer que os
búfalos são poliéstricos estacionais de dias curtos, semelhante aos ovinos e
caprinos. Devido esta característica é observada uma concentração maior das
manifestações de cio no período do outono, no centro-sul do país, onde existe
variação anual na duração de horas de luz conforme a estação do ano (MELLO et
al., 2018).
Baruselli e Carvalho(2005) trabalhando com búfalos em São Paulo observou,
que durante 5 anos consecutivos, 81,76% dos partos ocorriam entre os meses de
fevereiro e abril. Neste período, as búfalas estiveram expostas ao touro durante todo
o ano.
Na região tropical quente e úmida, a sazonalidade reprodutiva dos búfalos fica
bem caracterizada onde os partos concentram-se no período das águas (novembro
a maio) (OHASHI et al.,2017). Em Rondônia, Ribeiro Neto et al. (2006), trabalhando
com animais Murrah x Mediterrâneo observaram uma concentração de 90% dos
partos entre os meses de janeiro a junho.
Com o início das águas em novembro os rebanhos recuperam-se do período
de escassez de alimentos apresentando o cio de 60 a 90 dias após o início das
águas fazendo com que os partos se iniciem em dezembro e ocorra o maior número
de partos em março. Apesar da sazonalidade ocorreram partos durante todo o ano
(MARQUES, 1991).
13

3.4 Inseminação artificial

Entre as biotecnologias da reprodução aplicadas aos bubalinos, a


inseminação artificial (IA) tem contribuído significativamente para o melhoramento
genético. A IA é a primeira biotecnologia aplicada para se melhorar a reprodução e a
genética, e permanece como o principal veículo para a disseminação rápida de
genes valiosos, sendo o método de escolha para se melhorar a qualidade genética
dos animais de produção (VISHWANATH, 2011).
O melhor momento para a inseminação da búfala é após o término do estro,
quando a mesma rejeita a monta do rufião, fato que dificulta o processo da IA, em
função da necessidade de manter na propriedade pelo menos dois rufiões, um no
pasto para detecção do estro e outro no curral para detecção do término do estro
(OHASHI et al. 2017).
A aceitação de monta varia de 6 a 24 horas e as observações de estro são
realizadas a cada 12 horas, a búfala pode ser inseminada de 12 a 24 horas após a
detecção do estro. As búfalas que manifestarem estro somente em um período de
observação devem ser inseminadas obedecendo o protocolo utilizado em bovinos,
ou seja, as búfalas que são observadas em estro pela manhã devem ser
inseminadas na tarde do mesmo dia, e as búfalas observadas em estro à tarde
devem ser inseminadas na manhã do dia seguinte, bem cedo. Por outro lado, as
búfalas que apresentarem estros de maior duração, detectados em mais de um
período de observação, devem ser inseminadas quando não aceitarem mais a
monta (VALE,1994).

3.5 Inseminação artificial em tempo fixo (IATF)

A utilização de protocolos de fácil execução e que não necessitem de


identificação de estro podem contribuir para o incremento da utilização da
inseminação artificial em bubalinos. Os protocolos consistem em sincronizar o
crescimento folicular e a ovulação, permitindo o uso da IATF em todos os animais da
propriedade, mesmo naqueles que não estejam manifestando estro ou ciclicidade,
colaborando, assim, para o aumento do emprego desta biotecnologia em bubalinos
e o melhoramento genético para carne e leite seja promovido mais rapidamente e
com maior eficiência (BARUSELLI et al., 2001).
14

3.6 Transferência de embriões

Os bubalinos respondem satisfatoriamente a superovulação, a viabilidade da


TE esbarra na taxa de recuperação de embriões. Mesmo apresentando problemas
de baixa eficiência na colheita de estruturas embrionárias, foi reportado o
nascimento de bezerros por transplante de embriões a fresco e congelado de
bubalinos pela técnica de TE no Brasil (HARRINGTON, 1997).

3.7 Produção in vitro de embrião (PIVE)

Em bubalino, a técnica de PIVE, que associa a técnica de maturação oocitária


MIV, FIV, CIV e a técnica de aspiração folicular (OPU-PIV), foi tentada pela primeira
vez por Miyasaki et al. (2014) e obtiverem resultados animadores, próximos aos
obtidos em bovinos com relação à taxa de recuperação oocitaria, mesmo utilizando
animais em anestro. Entretanto, os autores recomendam estudos adicionais para
avaliação destes parâmetros quando a técnica for aplicada em animais que estejam
ciclando regularmente.

3.8 Alimentação

Um manejo alimentar adequado é importante para manter os animais


nutricionalmente sadios e produtivos, sendo a base de toda criação animal. Animais
bem nutridos apresentam boa resistência orgânica, dificilmente, adoecem, são
fecundos e produtivos. Além disso, em boas condições nutricionais, os animais
podem expressar o seu potencial genético (VALE, 1994).
Os bubalinos são criados principalmente em pastagens nativas de terra firme
ou de terra inundável e em menor escala em pastagens cultivadas. As principais
limitações que afetam a produtividade animal nas pastagens nativas de terra firme
tipo cerrado são a baixa quantidade e qualidade da forragem produzida (PIRES,
2012).
Essas pastagens são exploradas extensivamente com baixos níveis de
produtividade. As pastagens nativas de terra inundável têm elevado potencial
produtivo e bom valor nutritivo e são melhor utilizadas na época seca, com níveis
15

satisfatórios de produtividade, sem qualquer suplementação alimentar (TERZANO et


al., 1996).
As capineiras constituem importante alternativa para a suplementação
alimentar de búfalos explorados para a produção de leite ou carne. O capim-elefante
é a espécie mais utilizada para a formação de capineiras por ter se adaptado muito
bem à região e por sua excelente produção de massa verde (ZICARELLI, 1994).
Pode ser plantado na maioria dos solos, desde que não sejam encharcados
ou com depósito de piçarra. Cresce bem, inclusive em solos pobres, mas só se
obtêm altas produções com aplicação de adubos orgânicos e/ou químicos. As
cultivares mais usadas são a Cameron e Napier. A Cameron é mais alta, de talos
mais grossos, folhas mais largas e floração mais tardia que a Napier (PIRES, 2012).

3.9 Sanidade

Apesar da espécie bubalina apresentar vantagens para sua exploração, é de


grande importância que se procure estabelecer estratégias mais eficientes de
exploração, dentre essas estratégias o controle sanitário, considerado de
fundamental importância para os sistemas de criação de bubalinos. Para a
propriedade se desenvolver de forma eficiente, é necessária a adoção de práticas de
controle de diversas doenças, de origem bacteriana, viral e parasitária que
acometem bubalinos e acarretam impacto na sanidade, causando perdas produtivas
e econômicas (VOGEL et al., 2016).
O controle sanitário é de fundamental importância para os sistemas de
criação de búfalo. Para a propriedade se desenvolver de forma eficiente, é
necessária a adoção de práticas de controle de diversas doenças, de origem
bacteriana, viral e parasitária, que acometem bubalinos e impactam a sanidade,
resultando em perdas produtivas e econômicas (SOUSA et al., 2015).
Levando em consideração as particularidades da espécie bubalina, existe um
calendário sanitário a ser seguido nas propriedades (Tabela 1). Protocolos sanitários
são de suma importância dentro da propriedade, pois ajudam na prevenção de
doenças e na diminuição das perdas econômicas.
Tabela 1. Calendário anual de controle e prevenção das doenças nas
propriedades bubalinas.
16

Doenças Recomendações Período


Ectoparasitas Inseticidas em todo o Período de maior ocorrência,
rebanho, de forma que haja o principalmente no período
controle dos agentes. chuvoso.
Bezerros: vermifugar desde o Após os 180 dias, realizar o
nascimento. Repetir com 30 controle estratégico.
dias, 60 dias, 90 dias e 180
Endoparasitas dias.
Adultos: quadrimestral Fevereiro, maio, outubro, ou
realizar controle estratégico.
Bezerros: vacinar aos 15 dias
de idade, revacinando após
Pneumoenterite 30 dias. Ano todo.
Búfalas: nono mês de
gestação.
Febre aftosa Vacinar o rebanho todo. Calendário das agências de
defesa agropecuária.
Bezerros: vacinar aos 90 dias Ano todo.
Clostridioses e repetir após 30 dias.
Adultos: semestral. Maio e novembro.

Raiva A partir do 4º mês de idade. Anual.


Repetir anualmente.
Realizar exames em todo
Tuberculose rebanho a partir de 2 meses Junho e dezembro.
de idade.
Tripanossomíase Tratar os animais infectados. Ano todo.
Doenças carenciais Fornecer mistura mineral. Ano todo.
Plantas tóxicas Limpeza para retirada das Principalmente nos meses de
plantas da propriedade. clima seco.
Brucelose Realizar vacinação nas Maio e novembro.
fêmeas de 3 meses a 8
meses.
17

Doenças Recomendações Período


Vacinar animais em
reprodução, semestralmente,
Leptospirose com variantes de ocorrência Maio e novembro.
na região.
IBR/BVD Vacinar animais em Setembro.
reprodução anualmente.
Neosporose Evitar contato de cão com Quando ocorrer.
bubalinos.
Tricomonose Descanso sexual por 4–5 Quando ocorrer.
meses.
Descanso sexual por 6 meses
Campilobacteriose nas fêmeas e tratamento no Quando ocorrer.
macho.
Fonte: ADLAKHA; SHARMA, 2012.

3.10 Descarte

Devem ser descartadas as fêmeas que, ao final da segunda lactação, tenham


apresentado produção leiteira inferior à média do rebanho, as que não tiverem
parido por dois anos consecutivos, as que tiverem atingido doze anos de idade, as
más criadeiras (de pouca habilidade materna), as que apresentarem defeitos, as que
se mostrarem soro positivas para brucelose e as reativas positivamente para
tuberculose (FRAGA et al., 2001).
18

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os búfalos são animais rústicos e produtivos, mas a ausência de pesquisas tem


atrasado seu desenvolvimento na cultura do país. Mesmo com poucos estudos
espera-se um aumento no melhoramento genético para que o emprego de
biotecnologias da reprodução interfira na produção de carne, leite e trabalho dos
búfalos. Apesar do maior período de gestação quando comparado com os bovinos,
os bubalinos apresentam uma boa eficiência reprodutiva justificando assim o fato de
ser o rebanho de grandes ruminantes que mais cresce proporcionalmente no Brasil.
19

REFERÊNCIAS

ADLAKHA, S. C.; SHARMA, S. N. Infectious diseases. In: TULLOH, N. M.; HOLMES,


J. H. G. Buffalo production. Amsterdam: FAO, Cap. 14, p. 282, 2012.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Rebanho


bubalino brasileiro em 2017. Disponível em www.agricultura.gov.br. Acesso em 27
de Março de 2019.

BARUSELLI, P. S. Calving distribution troughouth the year in buffalos raised all


over Brazil. VI World Buffalo Congress. Maracaibo.Venezuela. p.234-240, 2001

BARUSELLI, P. S.; CARVALHO, N. A. T. de. Biotecnologias da reprodução em


bubalinos (Bubalus bubalis). Revista Brasileira de Reprodução Animal, Belo
Horizonte, v.29, n.1, p.4-17, jan./mar. 2005.

CAMPO, E. et al. Estacionalidad de los partos, reproducción y producción lactea en


búfalas de río y mestizas. Revista Electrónica de Veterinária REDVET, v. 6, n. 5,
2005. Disponível em: . Acesso em: 26 de Março de 2019.

FERRARA, B. Su alcuni aspetti dell’allevamento del búfalo in Itália. Rivista di


Zootecnia, v. 37, p. 304-319, 1964.

FRAGA, D. B. M.et al. Avaliação de dois protocolos hormonioterápicos para


sincronização de ovulação em rebanho leiteiro. Revista Brasileira de Reprodução
Animal, Belo Horizonte, v. 25, n. 3, p. 316-317, 2001.

GRUNERT, E.; GREGORY, M. R. Diagnóstico e terapêutica da infertilidade na


vaca. 2. ed. Porto Alegre: Ed. Sulina, 1989. 128 p.

HARRINGTON, J. Gerenciamento total da melhoria contínua. São Paulo: Makron


Books, 1997.

MARQUES, J. R. F. Avaliação genético quantitativa de alguns grupamentos


raciais de bubalinos (Bubalus bubalis, L.). 1991. Tese (Doutorado em Genética) –
Instituto de Biociências, Universidade Paulista Júlio de Mesquita Filho, Botucatu.

MELLO, R. R. C. et al. Desenvolvimento folicular inicial em bovinos. Revista


Brasileira de Reprodução Animal, v. 37, p. 328-333, 2018.

MIYASAKI, M. Y. A. et al. Comparação entre o Tris, Lactose/Tris, Ringer-Lactato e


Leite Desnatado como diluidores na criopreservação do sêmen bubalino. Revista
Brasileira de Medicina Veterinária, v. 36, p. 1-10, 2014

OLIVEIRA, J. V. L. et al. Efeito da dosagem hormonal sobre a fertilidade e a função


luteal de vacas zebus sincronizadas com combinação de GnRH e Prostaglandina.
Revista Brasileira de Reprodução Animal, Belo Horizonte, v. 25, n. 3, p. 323-325,
2001.
20

OHASHI, O. M. et al. Produção in vitro de embrião (PIVE) na espécie bubalina.


Revista Brasileira Reprodução Animal, v. 41, p. 195-200, 2017.

PEREIRA, E. C. M. Maturação in vitro de oócitos bubalinos e seu efeito sobre o


desenvolvimento embrionário. Revista Brasileira Reprodução Animal, v. 40, p. 43-
50, 2016.

PIRES, R. M. L. Índices reprodutivos de bufalos da raça Murrah. Revista Brasileira


de reprodução Animal, v. 26, n. 2, p. 119-120, 2012.

RAKSHE, P. T. Effect of age at first calving and subsequent period of breeding on


the performance of buffaloes from the college of agriculture Pune (MS), Índia.
Buffalo bulletin, v.22, n.1, p. 7-11. 2003.

RIBEIRO, H. F. L. Características do manejo reprodutivo em búfalas na


Amazônia. In:Congresso Brasileiro de Especialidades em Medicina Veterinária. I.,
Curitiba. Paraná. Anais. 2002. v.I,p.101.104.

RIBEIRO NETO, A. C. et al. Sazonalidade de partos em búfalas mestiças das


raças Murrah x Mediterrâneo no estado de Rondônia. In: ZOOTEC 2006

SIQUEIRA, J. B. et al. Dinâmica folicular ovariana na espécie bubalina. Revista


Brasileira de Reprodução Animal, v. 33, p. 139-148, 2014.

SOUSA, M. G. S. et al. Infecção transplacentária e intrauterina por Brucella abortus


em búfalos (Bubalus bubalis). Pesquisa Veterinária Brasileira, v. 35, n. 11, p. 882-
888, 2015.

TERZANO, G. M.. Onset of puberty in buffalo heifers bred on pasture or in intensive


feeding systems. Bulagarian Journal Agric. Science, v. 2, p. 89-92, 1996.

TONHATI, H. Genetics aspects of productive and reproductive traits in a Murrah


buffalo herd in São Paulo, Brazil. Journal Animal Breeding Genetic, v. 117, p. 331-
336, 2000.

VALE, W. G. Fisiologia da Reprodução na búfala (Bubalus bubalis). In: Vale, W. G.


Bubalinos Fisiologia e Patologia da Reprodução. Campinas, Fundação Cargill, 1-
38, 1994.

VISHWANATH, R. Storage of bovine semen in liquid and frozen state. Animal


Reproduction Science, v. 62, p. 23-45, 2011.

VOGEL, F. S. F. et al. Anticorpos anti-Neospora caninum em bovinos, ovinos e


bubalinos no Estado do Rio Grande do Sul. Ciência Rural, v. 36, n. 6, p. 1948-1951,
2016.

ZICARELLI, L. Considerazioni sull'allevamento bufalino. Salerno: Ente Regionale


viluppo Agricolo in Campânia, 1990.
21

ZICARELLI, L. Management in different environmental condition. Buffalo Journal, v.


44 p. 17-38, 1994. Suplemento 2.

ZICARELLI, L. F. C. Influence of insemination technique and ovulation time on


fertility percentage in synchronized buffaloes. In: WORLD BUFFALO
CONGRESS, 5.1997. p. 732-737.

Você também pode gostar