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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS

INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS, EDUCAÇÃO E ZOOTECNIA


CURSO DE BACHARELADO EM ZOOTECNIA

EFEITO DA ADUBAÇÃO FOSFATADA NO DESENVOLVIMENTO


INICIAL DA CULTIVAR BRS CAPIAÇU (Pennisetum purpureum
Schum.)

ALLAN CARLOS TAVARES OLIVEIRA

Parintins - Amazonas - Brasil


2023
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS, EDUCAÇÃO E ZOOTECNIA
CURSO DE BACHARELADO EM ZOOTECNIA

ALLAN CARLOS TAVARES OLIVEIRA

EFEITO DA ADUBAÇÃO FOSFATADA NO DESENVOLVIMENTO


INICIAL DA CULTIVAR BRS CAPIAÇU (Pennisetum purpureum
Schum.)

Trabalho de Conclusão de Curso submetido à


Universidade Federal do Amazonas – Instituto de
Ciências Sociais, Educação e Zootecnia como parte dos
requisitos necessários para a obtenção do Grau de
Bacharel em Zootecnia.

Orientador: Prof. Dr. Michel do Vale Maciel

Parintins - Amazonas - Brasil


2023
Ficha Catalográfica
Ficha catalográfica elaborada automaticamente de acordo com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).

Oliveira, Allan Carlos Tavares


O48e Efeito da adubação fosfatada no desenvolvimento inicial da
cultivar BRS capiaçu (Pennisetum purpureum Schum.) / Allan
Carlos Tavares Oliveira . 2023
21 f.: il. color; 31 cm.

Orientador: Michel do Vale Maciel


TCC de Graduação (Zootecnia) - Universidade Federal do
Amazonas.

1. BRS Capiaçu. 2. Pennisetum purpureum. 3. Adubação


Fosfatada. 4. Variáveis de Crescimento. I. Maciel, Michel do Vale.
II. Universidade Federal do Amazonas III. Título
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por sempre guiar meus passos nesta caminhada.

Aos meus pais e irmãos por não medir esforços ao me apoiar nos meus sonhos
pessoais e profissionais.

A minha namorada pela ajuda e parceria.

À Universidade Federal do Amazonas e ao curso de Zootecnia, por ser o veículo para a


construção dos meus conhecimentos.

Agradecimento especial ao meu orientador professor Dr. Michel do Vale Maciel pelo
apoio, paciência e dedicação.

Agradeço ao grupo de pesquisa GENPRA, pela oportunidade de convivência


produtiva, que contribuíram para execução deste trabalho.

Agradeço ao Núcleo de Pesquisa e Transferência de Tecnologias da Embrapa no Baixo


Amazonas – NAPTT/Embrapa, em nome de Anízio Soares e Jeferson Luiz, pelo apoio na
provisão do material de pesquisa e na realização dos trabalhos de campo.

A todos que, de uma forma ou de outra, colaboraram para realização deste trabalho.

AGRADEÇO
RESUMO

O capim elefante BRS Capiaçu é uma nova cultivar na área de forrageiras, tendo um potencial
produtivo tanto na forma de silagem quanto na forma de picado verde. Entretanto, para o seu
plantio e manutenção, a cultivar exige um solo com boa fertilidade, principalmente com
exigência de fósforo para um bom desenvolvimento na fase inicial de estabelecimento.
Objetivou-se com a presente pesquisa avaliar o desenvolvimento inicial da cultivar BRS
Capiaçu (Pennisetum purpureum Schum.) submetidos à diferentes níveis de adubação
fosfatada. O experimento foi desenvolvido entre os meses de outubro/2022 e janeiro de 2023,
na Vitrine de Tecnologias da Embrapa, localizada no Parque de Exposição Luiz Lorenço de
Souza, no município de Parintins – AM. Foi conduzido em sacolas plásticas com 10 kg de
solo, acondicionadas em condições de campo. O solo utilizado foi coletado na área da Vitrine,
onde se realizou a análise química para determinação da quantidade de calcário a ser
adicionada para elevação da saturação de bases a 55% e da quantidade de fósforo existente no
solo para definição dos níveis de fósforo a serem utilizados. Adotou-se o delineamento
experimental inteiramente casualizado (DIC), com cinco níveis de P2O5 (0, 15, 30, 45 e 60
mg/dm³), com catorze repetições, totalizando setenta unidades amostrais. Trinta dias após o
plantio, foram analisadas as seguintes variáveis de resposta: massa fresca da parte aérea
(MFPA), massa fresca das raízes (MFR), massa seca da parte aérea (MSPA), massa seca das
raízes (MSR), relações MFPA/MFR e MSPA/MSR, comprimento das raízes (CR),
comprimento da parte aérea (CPA), comprimento de colmo (CC), número de folhas emitidas
(QTF) e número de perfilhos, (QTP), Após a realização das mensurações, o material vegetal
foi levado à estufa a 55º C por 72 horas, para determinação da massa seca da parte aérea
(MSPA) e das raízes (MSR). Na análise de variância foi utilizado o procedimento PROC
MIXED do software estatístico SAS (Statistical Analysis System) e empregado o teste de
Tukey para a comparação múltipla das médias, a 5% de significância. Constatou-se que a
maioria das variáveis analisadas apresentaram melhor desempenho entre os níveis 30 e 45
mg/dm³ de P2O5.

Palavras-chave: BRS Capiaçu, Pennisetum purpureum, Adubação Fosfatada, Variáveis de


Crescimento.
ABSTRACT

The elephant grass BRS Capiaçu is a new cultivar in the forage area, having a productive
potential both in the form of silage and in the form of green chopped. However, for its
planting and maintenance, the cultivar requires a soil with good fertility, especially with
phosphorus requirements for good development in the initial establishment phase. The
objective of this research was to evaluate the initial development of the BRS Capiaçu cultivar
(Pennisetum purpureum Schum.) submitted to different levels of phosphate fertilization. The
experiment was developed between the months of October/2022 and January 2023, in the
Vitrine of Technologies of Embrapa, located in the Agricultural Exposition Park “Luiz
Lorenço de Souza”, in the municipality of Parintins - AM. It was conducted in plastic bags
with 10 kg of soil, packed in field conditions. The soil used was collected in the Vitrine area,
where a chemical analysis was performed to determine the amount of lime to be added to
raise the base saturation to 55% and the amount of phosphorus in the soil to define the
phosphorus levels to be used. The experimental design adopted was entirely randomized
(DIC), with five levels of P2O5 (0, 15, 30, 45 and 60 mg/dm³) with fourteen repetitions,
totaling 70 sampling units. Thirty days after planting, the following response variables were
analyzed aboveground fresh mass (MFPA), root fresh mass (MFR), aboveground dry mass
(MSPA), root dry mass (MSR), MFPA/MFR and MSPA/MSR ratios, root length (CR),
aboveground length (CPA), thatch length (CC), After the measurements, the plant material
was taken to an oven at 55 º C for 72 hours to determine the dry mass of the aboveground part
(MSPA) and roots (MSR). In the analysis of variance, the PROC MIXED procedure of the
statistical software SAS (Statistical Analysis System) was used and the Tukey test for
multiple comparison of means, at 5% significance level. It was found that most variables
analyzed showed better performance between levels 30 and 45 mg/dm³ of P2O5.

Key words: BRS Capiaçu, Pennisetum purpureum, Phosphate Fertilization, Growth


Variables.
SUMÁRIO
Página

SUMÁRIO...................................................................................................................................................I

LISTA DE FIGURAS .............................................................................................................................. II

LISTA DE TABELAS ............................................................................................................................ III

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 4

2. REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................................................. 5

2.1. DEGRADAÇÃO DAS PASTAGENS ............................................................... 5


2.2. A FORRAGEIRA BRS CAPIAÇU (PENNISETUM PURPUREUM SCHUM.)........ 6
2.3. POTENCIAL DA CULTIVAR BRS CAPIAÇU (PENNISETUM PURPUREUM SCHUM.)
.................................................................................................................. 7
2.4. DESENVOLVIMENTO, COMPOSIÇÃO E PRODUÇÃO DE MATÉRIA SECA DO BRS
CAPIAÇU ................................................................................................... 8
2.5. IMPORTÂNCIA DA ADUBAÇÃO FOSFATADA NAS FORRAGEIRAS ................ 9

3. HIPÓTESE GERAL ........................................................................................................................... 10

4. OBJETIVOS ........................................................................................................................................ 11

4.1. GERAL ................................................................................................... 11


4.2. ESPECÍFICOS .......................................................................................... 11

5. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................................ 11

5.1. LOCALIZAÇÃO ....................................................................................... 11


5.2. CARACTERIZAÇÃO DO SOLO, DEFINIÇÃO DOS TRATAMENTOS E DELINEAMENTO

EXPERIMENTAL ........................................................................................ 11

5.3. PLANTIO ................................................................................................ 13


5.4. AVALIAÇÕES E ANÁLISE ESTATÍSTICA .................................................. 14

6. RESULTADOS E DISCUSSÕES....................................................................................................... 14

7. CONCLUSÕES ................................................................................................................................... 17

8. REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 18
LISTA DE FIGURAS
Página
Figura 1. Preparo do solo [peneiramento (A) e adição do calcário(B)]...................12
Figura 2. Preparo das mudas [corte (A) e plantio nas sacolas em campo (B)]. ......12
Figura 3. Efeito linear significativo da relação MFR...............................................16
Figura 4. Efeito linear significativo da relação MFPA/MFR. .................................16
LISTA DE TABELAS
Página
Tabela 1 - Características físicas e químicas {granulometria, complexo sortivo,
micronutrientes, soma de bases (SB), capacidade de troca de cátions total (T),
capacidade de troca de cátions efetiva(t), índice de saturação por bases (V) e índice de
saturação de alumínio (m)} do solo da área da Vitrine de Tecnologias da Embrapa......13
Tabela 2. Quantidade de adubo fosfatado (P2O5) a ser utilizado....................13
Tabela 3. A análise estatística das variáveis: comprimento das raízes (CR),
comprimento de colmo (CC) e comprimento da parte aérea (CPA) em função dos níveis
crescentes de P2O5 utilizados no experimento................................................................14
Tabela 4 - A análise estatística das variáveis: quantidade de folhas (QTR) e
quantidade de perfilhos (QTP) em função dos níveis crescentes de P2O5 utilizados no
experimento.....................................................................................................................15

Tabela 5- A análise estatística das variáveis: massa fresca das raízes (MFR),
massa seca das raízes (MSR), massa fresca da parte aérea (MFPA), massa seca da parte
aérea (MSPA) e as relações MFPA/MFR e MSPA/MSR, em função dos níveis
crescentes de P2O5 utilizados no experimento..................................................................16
4

1. INTRODUÇÃO

A pecuária brasileira em relação a pastagens é a forma mais barata de produção,


porém causa severas críticas da comunidade internacional, especialmente quando feita na
forma extensiva e utilizando-se de grandes áreas. Na Amazônia, a atividade pecuária tem
diversas limitações nos solos pouco férteis e degradados, em que na implantação de
pastagens ocorre o desmatamento seguido da queima, fazendo com que os solos recebam
uma deposição de cinzas em sua superfície que momentaneamente melhoram os seus
atributos químicos e proporcionam uma boa produtividade inicial das forrageiras. Contudo,
em pouco tempo, a falta de reposição dos nutrientes, a erosão do solo, o escoamento
superficial, a lixiviação e a própria exportação dos nutrientes pelos animais levam a
pastagem a entrar gradualmente em um rápido processo de degradação (DIAS-FILHO,
2007).
Na região de Parintins-AM é comum o uso do sistema de criação pecuária nos
ecossistemas de várzea e terra firme. Esse sistema é uma adaptação a sazonalidade do
volume das águas dos rios, os quais afetam diretamente a disponibilidade de alimento para
os rebanhos. Nos períodos de cheia, os animais ficam confinados em pequenas áreas de
“terra firme” onde é comum a baixa disponibilidade de alimentos e nos períodos de vazão
dos rios, os animais são transportados para a várzea, onde há maior oferta de alimento,
porém condicionado ao regime das águas. Esse tipo de sistema, pode ser de alto risco
financeiro ao produtor, além do impacto ambiental. Porém, a utilização de capineiras pode
garantir alimento durante todo o ano, proporcionando ganhos de peso aos animais mesmo
em condições de terra firme evitando a sazonalidade dos animais e reduzindo o impacto
ambiental e criando sistemas de produção adaptados a essa realidade.
O capim elefante BRS Capiaçu, recém-lançado pela Embrapa, caracteriza- se pela
elevada produção de matéria seca. Segundo (PAULA et al., 2020) a cultivar BRS Capiaçu
apresenta produção média de 100 t/ha/corte de massa verde, isto é, 300 t/ha/ano em três
cortes anuais. Porém, não há informações sobre a produtividade deste capim nas condições
edafoclimáticas de Parintins-AM. Há demanda de informações sobre a idade de corte ideal
para alcançar o melhor desempenho da cultivar em condições tropicais. Assim, determinar o
melhor intervalo de corte do BRS Capiaçu, pode otimizar a produção de biomassa nos
períodos de cheias. Quando comparada a outras cultivares, a BRS Capiaçu tem maiores
teores de carboidratos solúveis e proteína bruta, e menor perda do valor nutritivo com o
5

aumento da idade da planta, favorecendo seu uso para produção de silagem. Contudo, para
alcançar esse elevado potencial de produção, a planta requer solos profundos, drenados e
férteis, pois ela extrai grandes quantidades de nutrientes do solo, principalmente o fósforo.
Além disso, os solos tropicais apresentam baixos teores de fósforo, o que reduz a sua
fertilidade e limita o desenvolvimento da BRS Capiaçu. Assim, no plantio é recomendado
apenas a aplicação de adubação fosfatada, com os demais fertilizantes usados em cobertura
(SOARES et al., 2001).
O fósforo, depois da água e do nitrogênio (moduladores da produtividade e
persistência da pastagem), é o nutriente mais limitante à produção das plantas forrageiras,
com importante função na fase de estabelecimento da pastagem, onde o sistema radicular
ainda está explorando um volume reduzido de solo, estimulando a formação e o crescimento
das raízes e o perfilhamento (SOARES et al., 2001; WERNER e HAAG, 1972). No estudo
de Moreira et al. (2006), a adubação fosfatada gerou efeitos residuais que proporcionam a
manutenção da produção de matéria seca (MS) do capim-elefante durante dois anos após
fase de estabelecimento da forrageira.
Dessa forma, se faz necessário um estudo sobre o assunto para avaliar o
desenvolvimento inicial da cultivar BRS Capiaçu em diferentes concentrações de adubação
fosfatada.

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. Degradação das pastagens

As pastagens nas regiões Centro-Oeste e Norte no Brasil, apresentam-se em fase de


degradação, são cerca de 70 milhões de hectares de área pastagens degradadas, que estão
desprovidas de produtividade e de eficiência no seu sistema, portanto, os índices zootécnicos
dessas pastagens se encontram com seu potencial produtivo muito inferior à sua capacidade
(PEREIRA et al., 2017).

Destacando as causas das pastagens cultivadas se encontrarem em degradação,


segundo DIAS-FILHO e ANDRADE (2006) mostram que o superpastejo das pastagens e a
falta de adubação para sustentação do pasto, são responsáveis pelas principais causas de
degradação, não apenas na Amazônia Legal, mas também em diversas regiões do Brasil. O
processo que acelera a degradação de pastagens, são as atividades de queimadas com
propósito de impedir a infestação de plantas indesejáveis e de pragas como carrapatos,
6

cigarrinhas e verminoses, ou também com a prática de manter o pasto padronizado, são


atividades realizadas sobretudo por pequenos produtores (DIAS-FILHO, 2007).
A degradação de pastagem nada mais é do que a perda da eficiência da forrageira, no
seu vigor, na sua disposição natural de produção, em seu poder de se recuperar e adquirir
alta produtividade para manter animais de altos níveis produtivos, a degradação diminui a
capacidade da forrageira em resistir ao ataque de pragas, doenças e plantas indesejáveis,
colaborando ainda com uma degradação avançada, sendo resultado do manejo impróprio dos
animais (MACEDO, 1993; MACEDO e ZIMMER, 1993).

2.2. A forrageira BRS Capiaçu (Pennisetum purpureum Schum.)

O capim-elefante (Pennisetum purpureum Schum.) foi difundido no Brasil em 1920


através de estacas provenientes de Cuba (GRANATO, 1924), tendo sua adaptação muito
rápida as condições climáticas brasileira, com a sua expansão em todo o País. É uma
forrageira com ciclo perene, crescimento cespitoso, apresentando características
morfológicas e fenológicas bem diversificadas, demonstrando a grande variedade genética
na espécie (PEREIRA, 1999).

O capim elefante é uma das forrageiras mais admiráveis, cultivada em quase todas as
regiões tropicais e subtropicais do planeta. A forrageira se destaca pelo grande potencial de
produção de biomassa, qualidade da forragem, alto vigor e persistência. É utilizada
principalmente como capineira, mas também podendo ser empregue para produção de
silagem e pastejo (PEREIRA et al., 2016; EVANGELISTA e LIMA, 2002).
O uso do capim elefante para pastejo é limitada, em razão de ser uma espécie de
porte alto e seu hábito de crescimento exibir alongamento precoce dos entrenós e
amadurecimento rápido de colmos, tendo como consequência um porte muito alto,
dificultando o alcance de pastejo pelos animais. É importante a realização de roçadas
constantemente, objetivando a remoção dos resíduos fibrosos e proporcionando o
surgimento de novos rebrotes de melhor qualidade (PACIULLO, 2015).
É uma forrageira perene de ciclo curto propagada de forma vegetativa, que apresenta
alto índice de perfilhamento, rápido crescimento, elevada eficiência fotossintética
(metabolismo C4) com grande acúmulo de matéria seca (40 t/ha/ano a 45 t/ha/ano), além de
apresentar boa capacidade de rebrota, retranslocação de nutrientes das raízes no final do
ciclo vegetativo com melhor uso da água do solo e da energia solar (SAMSON et al., 2005).
Mesmo não apresentando grande visibilidade em termo de área cultivada, o capim-
7

elefante se destaca entres as forrageiras tropicais mais difundidas e importantes no Brasil,


empregada de várias formas, e atingindo altas produções quando manejada de forma correta.
O Brasil por ser um país de clima tropical, o potencial produtivo da forrageira é alta, sendo o
sistema de produção menos onerosa e eficiente na pecuária (DIAS-FILHO, 2011).
A procura por essa espécie cresceu nos últimos 30 anos, quando se observou a
capacidade de elevar a produtividade e diminuir a área explorada com sua utilização para
pastejo direto em sistemas rotativos com aplicação de insumos, como água e adubação
(MOTA et al., 2010). Além do mais, essa forrageira apresenta múltiplas cultivares muito
utilizadas em sistemas intensivos de produção, tanto para bovinos leiteiros como para
bovino de corte (GARCIA et al., 2011).
Os autores Mozzer, Siqueira e Novais (1985) listaram três vantagens da implantação
de capineiras, tais como: uso eficiente de toda a forragem produzida disponível; poucas
perdas de forragem no campo pelo pisoteio; e menores gastos de energia pelos animais nas
caminhadas ao pasto. Todavia, apresenta estacionalidade da produção na época de estiagem,
sendo importante a utilização da irrigação que possibilite condições de maior
desenvolvimento, e como resultado, obtém-se a alta produção de matéria seca.

2.3. Potencial da cultivar BRS Capiaçu (Pennisetum purpureum Schum.)

Dentre todas as cultivares do capim elefante (Pennisetum purpureum) a BRS


Capiaçu destaca-se por apresentar em média, 30% mais produção que as demais cultivares.
Mesmo necessitando de muita mão de obra para o plantio, em razão da sua propagação ser
vegetativa (colmos), com alto rendimento de massa verde, podendo alcançar uma produção
média de 100 t/ha/corte de massa verde, ou seja, 300 t/ha/ano em três corte anuais (PAULA
et al., 2020).
O BRS Capiaçu foi obtido pelo programa de melhoramento do capim-elefante
realizado pela Embrapa Gado de Leite, é um clone de capim-elefante (Pennisetum
purpureum Schum.) com propagação vegetativa. A cultivar chama atenção pela sua grande
produtividade e valor nutritivo da forragem, apresenta porte alto, touceiras densas e colmos
eretos, o que favorece a colheita mecânica; folhas longas, largas e de cor verde. Quando o
objetivo do manejo é a suplementação volumosa na estação seca e de vazio forrageiro, a
cultivar BRS Capiaçu é recomendada para cultivo de capineiras, com intuito de
suplementação volumosa tanto na forma de silagem como picado verde com grande
potencial de biomassa e bom valor nutricional (MONTEIRO et al., 2016).
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Entre os aspectos principais do BRS Capiaçu tem-se: o grande potencial de produção


e bom valor nutritivo, sendo utilizado na forma de silagem ou picado verde; facilidade para
a colheita mecânica, ausência de joçal (pelos) e touceiras eretas e densas., apresenta alta
densidade de perfilhos basais, florescimento tardio e boa resistência ao tombamento
(PEREIRA et al., 2016). A BRS Capiaçu deve ser propagada por meio de colmos e
apresenta gemas com elevado poder de brotação.
No que se refere a sua produção de biomassa, a BRS Capiaçu apresenta rendimento
médio de Matéria Seca de 80,4 ton MS/ha/ano, superior às 60,8 ton MS ha/ano apresentada
para a cultivar capim-elefante Venezuela, com a prática de dois cortes anuais. De acordo
com Pereira et al. (2017) o Capiaçu tem chamado atenção por exibir produção de matéria
seca em média de 33 % superior a Cameroon e Mineiro (média de 33.3 ton/ha/ano),
conhecidas como as mais produtivas da espécie.
A BRS Capiaçu apresenta boa tolerância ao estresse hídrico, mas tem baixa
resistência às cigarrinhas das pastagens. Contudo, quando a capineira é manejada
corretamente, a cultivar apresenta boa tolerância ao ataque da praga. Dessa forma, a cultivar
BRS Capiaçu é uma boa opção de volumoso com excelente produtividade de biomassa,
justificando sua utilização como capineira ou na forma de silagem, tem com recomendação
de corte entre idades intermediarias a 70 e 110 dias, proporcionando dessa maneira, a
menores perdas no material ensilado e maior valor nutritivo da silagem produzida (ROSA et
al., 2019).

2.4. Desenvolvimento, composição e produção de matéria seca do BRS Capiaçu

O capim-elefante (Penissetum purpureum Schum) é uma das principais cultivares,


tendo um porte alto para pastejo, por isso, é usado tanto como capineira como na fabricação
de silagem, devido ao seu potencial de produção de massa seca, qualidade, aceitabilidade,
vigor e persistência (PEREIRA et al., 2010). A partir do melhorando genético do capim
elefante a Embrapa Gado de Leite desenvolveu a cultivar de capim elefante BRS Capiaçu,
que apresenta alta produção de biomassa, além disso, também apresenta resistência à
tombamentos e bom valor nutritivo.

A cultivar se caracteriza pelos colmos grossos, porte alto de até 4,20m, folhas verdes
e compridas (média de 106 cm). Além disso, apresenta potencial de produção de até 100
t/ha/ano podendo ser realizado até 3 cortes anuais. A cultivar apresenta boa taxa de brotação
rápida expansão foliar, sendo muito utilizada como silagem para oferta no período de falta
de pastagem.
9

Apesar de suas ótimas características de produção, o capim-elefante, apresenta em


sua composição baixo teor de matéria seca (MS) no máximo 20% para ser utilizado como
silagem, longe do ideal, que seria entre 28% e 34% (RETORE et al., 2020).
Na produção de silagem, o maior teor de carboidratos solúveis e de proteína bruta,
comparado a outras cultivares de capim-elefante, o que favorece o seu emprego. O momento
ideal do corte é quando a BRS Capiaçu apresentar elevado valor nutritivo, ocorrendo
próximo das alturas de 3,5 a 4,0 metros e/ou idades de 90 a 110 dias de rebrota,
apresentando de 16,5 a 19,7% o teor de matéria seca (PEREIRA et al., 2016). No estudo de
Leal et al. (2020), o ponto de equilíbrio entre a produtividade e valor nutricional de 9,43 de
PB e 68,77 de FDN e 9,87 de CNF, ocorreu na altura de 3,43 metros. Sendo assim,
recomenda-se o manejo de corte da BRS Capiaçu na altura de 1,93 metros para corte diário
da forrageira e de 3,43 até 4,50 metros para ensilagem.
A tolerância ao estresse hídrico moderado é uma característica muito positiva da
cultivar, o que a torna alternativa para cultivo em regiões com secas severas. Assim, a
forrageira pode ser cultivada em locais de clima tropical, sendo recomendada para o Bioma
Mata Atlântica. Em contraste, a cultivar não deve ser plantada em solos úmidos ou sujeitos
ao encharcamento, assim com sob condições de frio intenso ou ocorrência de geadas, para
não prejudicar o seu desenvolvimento (PEREIRA et al., 2021).
Além disso, a cultivar é exigente em relação às condições do solo, devendo ser
cultivada em solos profundos, bem drenados e de boa fertilidade. A calagem é realizada com
base nos resultados da análise de solo, visando alcançar 60% de saturação por bases. Na
maioria dos solos tropicais, as principais limitações estão relacionadas a acidez e aos baixos
teores de fósforo os quais devem ser corrigidos com uso de calagem e fertilizantes. No
plantio, recomenda-se a aplicação apenas da adubação fosfatada, distribuída no fundo dos
sulcos (PEREIRA et al., 2016).

2.5. Importância da adubação fosfatada nas forrageiras


A adubação é um fator indispensável em solos pobres em nutrientes para o
crescimento das plantas. De tal modo, o cálculo da adubação será baseado nas necessidades
nutricionais da espécie manipulada, da fertilidade do solo, da maneira em que os adubos irão
reagir com o solo, da eficiência dos mesmos e de princípios de ordem econômica
(GONÇALVES, 1995).
10

O fósforo, entre os elementos essenciais é o que limita com maior intensidade a


produção forrageira em solos tropicais. A deficiência de P nos solos é generalizada, o que
dificulta acentuadamente o estabelecimento e a produção das pastagens cultivadas. Nas
plantas forrageiras existe uma grande variação entre espécies e até mesmo entre cultivares da
mesma espécie quanto ao requerimento de fósforo para sua produtividade e longevidade
(SANTOS et al., 2002).
De acordo com Santos et. al. (2006), o fósforo desempenha um papel de grande
importância no desenvolvimento do sistema radicular, bem como no perfilhamento das
gramíneas, principalmente na sua fase de estabelecimento, o que é fundamental para a maior
produtividade e persistências das forrageiras. O fósforo participa dos chamados compostos
ricos de energia, como o trifosfato de adenosina (ATP), sendo absorvido pelas raízes como
H2PO4-, e encontrando-se no xilema em maior proporção nessa forma (MALAVOLTA,
1985). Entretanto, deficiência de fósforo reduz a taxa de crescimento inicial, a produtividade
do pasto, além de afetar o valor nutritivo e prejudicar o desempenho animal (REZENDE et al.
2011). O fósforo é o segundo principal elemento que mais limita a produção em solos
tropicais, ele participa da formação de ATP, que é a principal fonte de energia para os
processos fisiológicos das plantas.
Ao acrescentar fosfatos solúveis no solo e em seguida haver a entrada de água no
grânulo, isso resulta em solução saturada de fosfato monocálcico, é liberada em pequena
concentração, fosfato dicálcico e ácido fosfórico, que baixam o pH até atingir uma
estabilização de 1,5 no solo na região do grânulo. A solução acidificada do grânulo desloca-se
no solo por difusão e, pelo motivo de seu baixo pH, solubiliza os hidróxidos de ferro e
alumínio nas proximidades do grânulo, provocando a adsorção do fosfato (RHEINHEIMER,
2000).
Devido aos papéis do P na vida da planta, participando da síntese e degradação amido,
gorduras, proteínas e de outros inúmeros processos metabólicos, sua carência se reflete no
menor crescimento da planta, sobretudo das partes de reserva como folhas e galhos (LOPES,
1998). Como o P se redistribuí facilmente na planta, os sintomas de deficiência, inicialmente,
ocorrem nas folhas mais velhas.

3. HIPÓTESE GERAL
O desenvolvimento da cultivar BRS Capiaçu, trinta dias após o cultivo em sacolas em
condições de campo, é influenciado pelo aumento nos níveis de adubação fosfatada.
11

4. OBJETIVOS
4.1. Geral
Avaliar o desenvolvimento inicial da cultivar BRS Capiaçu (Pennisetum purpureum
Schum.) submetidos à níveis crescentes de adubação fosfatada.

4.2. Específicos
- Avaliar parâmetros de crescimento da parte aérea e do sistema radicular da cultivar
BRS Capiaçu, trinta dias após serem cultivadas em sacolas plásticas em nível de campo,
quando submetidas a níveis crescentes de adubação fosfatada.

5. MATERIAL E MÉTODOS

5.1. Localização
O experimento foi desenvolvido entre os meses de outubro/2022 e janeiro de 2023, na
Vitrine de Tecnologias da Embrapa, localizada no Parque de Exposição Luiz Lorenço de
Souza, no município de Parintins – AM., com as seguintes coordenadas geográficas: Latitude
– 2°36’48” S e Longitude – 56°44’ O a 50 m acima do nível do mar, distante a
aproximadamente 369 km em linha reta e 420 km por via fluvial da cidade de Manaus – AM.
O município apresenta o tipo climático A (tropical chuvoso), do tipo Amw (monção)
com precipitação superior a 2.000 mm/ano e se caracteriza por apresentar uma deficiência
hídrica moderada no verão (ALBUQUERQUE, 2012).

5.2. Caracterização do solo, definição dos tratamentos e delineamento experimental


O ensaio foi conduzido em sacolas plásticas com capacidade para 10 kg de solo,
acondicionadas em condições de campo. O solo utilizado foi coletado na área da Vitrine de
Tecnologias da Embrapa, onde se realizou a análise química para determinação da quantidade
de calcário a ser adicionada para elevação da saturação de bases a 55% e da quantidade de
fósforo existente no solo para definição dos níveis de fósforo a serem utilizados (Tabela 1).
12

Tabela 1. Características físicas e químicas {granulometria, complexo sortivo,


micronutrientes, soma de bases (SB), capacidade de troca de cátions total (T), capacidade de
troca de cátions efetiva(t), índice de saturação por bases (V) e índice de saturação de alumínio
(m)} do solo da área da Vitrine de Tecnologias da Embrapa.
Granulometria Complexo sortivo Micronutrientes
(g/kg) (cmolc/dm3) (mg/dm3)
Profundidade
Amostra

pH

Hidrogênio+
Areia grossa
(cm)

Silte/Argila

Manganês
Magnésio

Alumínio

Alumínio
(H2O)

Argila

Cálcio

Cobre
Ferro

Zinco
Areia

Silte
fina

A1 0-20 570 250 70 110 0,64 4,26 0,29 0,07 2,70 7,38 193 0,39 0,54 0,09
Profundidade (

(cmolc/dm3)

(cmolc/dm3)

(cmolc/dm3)

(cmolc/dm3)

(cmolc/dm3)
(mg/dm3)

Orgânica
Carbono
Amostra

Potássio

Matéria
Fósforo

(g/kg)

(g/kg)
Sódio

(%)

(%)
cm)

SB

m
V
T

t
A1 0-20 5 17 4 0,42 3,12 7,80 5,40 86,51 10,61 18,26

Com base na análise do solo, efetuou-se o cálculo dos níveis de fósforo (mg/dm3),
utilizando-se a seguinte expressão:
Dose de P (kg de P2O5/ha) = (Teor de P desejado – Teor de P na análise do solo) X
Capacidade Tampão do Solo.
Assim, foram definidos os seguintes níveis de fósforo (kg de P2O5/ha) utilizados no
ensaio (Tabela 2).

Tabela 2. Tratamentos e níveis de P2O5 utilizados no experimento.


Tratamentos Dose de P
(kg de P2O5/ha)
0 0
15 60
30 135
45 210
60 285

O experimento foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado (DIC), com


cinco níveis de P2O5 (0, 15, 30, 45 e 60 mg/dm³) com catorze repetições, totalizando 70
unidades amostrais.
13

5.3. Plantio
Para o experimento utilizou-se 600 kg de solo, onde inicialmente adicionou-se calcário
(Figura 1) na base de 4,0 toneladas/hectare afim de se elevar a saturação de bases para 55% e
elevar o pH para entre 5,0 e 5,5. O solo com calcário foi coberto por um período de 52 dias,
onde semanalmente adicionava-se água para facilitar a ação do calcário. Aos trinta dias de
incubação, coletou-se uma amostra do solo para verificação do pH.

A B

Figura 1. Preparo do solo [peneiramento (A) e adição do calcário(B)].

Quando o solo atingiu o pH de 5,5, iniciou-se o preparo das mudas para implantação
do experimento. O plantio das mudas (colmos com uma gema) foi realizado em 70 sacolas
plásticas de polietileno, com capacidade para 10 kg de solo, com orifícios no terço inferior
para drenagem do excesso de água, as quais foram acondicionadas em condições de campo
(Figura 2). As mudas eram irrigadas periodicamente, a fim de manter o solo sempre úmido.
´

A B

Figura 2. Preparo das mudas [corte (A) e plantio nas sacolas em campo (B)].
14

5.4. Avaliações e Análise Estatística


Trinta dias após o plantio, efetuou-se a mensuração das variáveis de reposta. A altura
da planta foi mensurada com uma fita métrica, desde o nível do solo até a curvatura média das
folhas. Para o número de folhas vivas efetuou-se a contagem das folhas completamente
expandidas de cada perfilho. O diâmetro do colmo foi determinado ao nível do solo,
utilizando-se uma fita métrica.
As plantas foram extraídas e separadas do solo por meio da lavagem em um recipiente
com água em peneira com malha de 5 mm, para determinação da massa fresca, logo foi feita a
separação manual das raízes dos colmos e lâminas foliares e determinadas suas respectivas
massas.
Em seguida, todo o material foi colocado em estufa com circulação forçada de ar, à
55ºC por 72 horas, para determinação da massa seca da parte aérea e das raízes.
Assim, foram analisadas as seguintes variáveis de resposta: massa fresca da parte aérea
(MFPA), massa fresca das raízes (MFR), massa seca da parte aérea (MSPA), massa seca das
raízes (MSR), relações MFPA/MFR e MSPA/MSR, comprimento das raízes (CR),
comprimento da parte aérea (CPA), comprimento do colmo (CC), número de folhas emitidas
(QTF) e número de perfilhos, (QTP).
Para análise de variância foi utilizado o procedimento PROC MIXED do software
estatístico SAS (Statistical Analysis System) e empregado o teste de Tukey para a
comparação múltipla das médias, a 5% de probabilidade.

6. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Na Tabela 3 são apresentadas a análise estatística das variáveis: comprimento das
raízes (CR), comprimento de colmo (CC) e comprimento da parte aérea (CPA) em função dos
níveis crescentes de P2O5, trinta dias após o plantio.

Tabela 3. A análise estatística das variáveis: comprimento das raízes (CR), comprimento de
colmo (CC) e comprimento da parte aérea (CPA) em função dos níveis crescentes de P2O5
utilizados no experimento.

Variáveis Níveis de P2O5 (mg/dm3)


CV % Efeito
(cm) 0 15 30 45 60 L Q
CR a a a a a
50,29 54,12 51,69 51,94 55,29 25,76 0,4964 0,9003
CC a a a a a
12,29 12,28 11,97 13,39 13,11 25,40 0,3146 0,7124
CPA 49,87a 52,27a 47,74a 55,72a 53,64a 23,57 0,2912 0,7715
15

Das variáveis analisadas (Tabela 3), a CR, CC e a CPA não apresentaram diferenças
significativas nos diferentes níveis de fósforo avaliados. O fósforo propicia um maior
desenvolvimento radicular, pois, em condições ótimas de P na planta, há maior produção de
fotoassimilados que são redistribuídos para as raízes, aumentando o seu crescimento
(MARSCHNER, 1983).

Na Tabela 4 apresenta-se a análise estatística das variáveis: número de folhas emitidas


(QTF) e número de perfilhos (QTP), em função dos níveis crescentes de P2O5, trinta dias após
o plantio.

Tabela 4. A análise estatística das variáveis: quantidade de folhas (QTR) e quantidade de


perfilhos (QTP) em função dos níveis crescentes de P2O5 utilizados no experimento.

Variáveis Níveis de P2O5 (mg/dm3)


CV % Efeito
(cm) 0 15 30 45 60 L Q
QTF 11,36a 10,14a 10,07a 10,43a 12,14a 43,72 0,6441 0,1889
QTP 0,43a 0,50a 0,29a 0,57a 0,71a 82,41 0,4074 0,4834

Depreende-se da Tabela 4, que as variáveis QTF e QTP não apresentaram diferenças


significativas no teste de médias. Em relação a variável QTP apresentou um crescimento
linear. Destacando assim, que o fosforo é um elemento que contribui para o aumento do
perfilhamento do capim elefante. Sendo o fósforo um macronutriente essencial para o
desenvolvimento e crescimento das plantas (DUARTE, 2019). Segundo Parsons (1988), a
predominância do perfilhamento axilar ou lateral proporciona maior elongação do colmo, ao
contrário do observado na cultivar Mombaça, cujo perfilhamento predominante é basal.

O aumento do número de perfilhos com a adição de fósforo é condizente com as


informações da literatura. Guss, Gomide e Novais (1990), observaram aumento do
perfilhamento em quatro cultivares de braquiárias. De acordo com Ferrari Neto (1991), o P,
quando omitido, é o nutriente que mais reduz o perfilhamento das gramíneas forrageiras. Já
Werner e Haag (1972), enfatizam a importância do P para o estabelecimento inicial das
forrageiras, em função do maior desenvolvimento de raízes e perfilhamento.

Em relação a QTF, Santos et al. (2019) não observaram diferença na altura da planta e
no número de folhas vivas em dois níveis de inclusão de fósforo (0 e 30 mg/dm³) de três
cultivares do capim-elefante. Para Avalhaes et al. (2009), os parâmetros vegetativos
16

indicativos de crescimento de capim-elefante foram afetados significativamente pela falta de


fósforo em relação ao tratamento completo, resultando na diminuição do número de folhas,
altura da planta, diâmetro do colmo, bem como do número de perfilhos, resultando em
diminuição da produção de massa seca da parte aérea das plantas. Contudo, ainda que os
nutrientes possam afetar o número de folhas, esta característica é influenciada,
principalmente, pelas condições ambientais, como a temperatura e a luminosidade
(FAGUNDES et al., 2006).

Na Tabela 5 apresenta-se a análise estatística das variáveis: massa fresca das raízes
(MFR), massa seca das raízes (MSR), massa fresca da parte aérea (MFPA), massa seca da
parte aérea (MSPA) e as relações MFPA/MFR e MSPA/MSR, em função dos níveis
crescentes de P2O5, trinta dias após o plantio.

Tabela 5. A análise estatística das variáveis: massa fresca das raízes (MFR), massa seca das
raízes (MSR), massa fresca da parte aérea (MFPA), massa seca da parte aérea (MSPA) e as
relações MFPA/MFR e MSPA/MSR, em função dos níveis crescentes de P2O5 utilizados no
experimento.

Variáveis Níveis de P2O5 (mg/dm3)


CV % Efeito
(g) 0 15 30 45 60 L Q

MFR 21,14a 17,86a 18,27a 14,43a 14,00a 44,72 0,0080 0,8527

MSR 7,64ab 7,82ab 7,03b 7,82ab 8,90a 16,59 0,0158 0,0190

MFPA 18,79a 17,86a 17,07a 17,86a 20,36a 39,00 0,4093 0,3835

MSPA 7,63ab 7,68ab 6,95b 8,17ab 8,56a 15,59 0,0261 0,0342

MFPA/MFR 0,91b 1,03ab 0,95ab 1,39a 1,46a 13,52 <0,0001 0,0074

MSPA/MSR 1,00a 0,98a 0,99a 1,02a 0,97a 7,65 0,7314 0,5189

Constata-se na Tabela 5, que as variáveis MFR, MSR, MFPA, MSPA e a MSP/MSR


não apresentaram diferenças significativas no teste de média, nos níveis crescentes de P205. Os
níveis de fosfato tiverem um efeito linear crescente (P<0,05) na MSR e MSPA, assim como
não houve diferença significativa no teste de média entre os níveis. Foi possível verificar que
a MSPA está relacionada com a altura da planta e o diâmetro do colmo. Isso foi observado por
Mello et al. (2002), ao constatarem relações positivas entre o diâmetro do colmo, a altura da
planta e a produção de matéria seca em clones de capim-elefante.

Corroborando com Santos et al. (2019), em que os parâmetros relacionados ao sistema


radicular das plantas não foram afetados por nenhuma das fontes de variação (0 e 30 mg/dm³
de superfosfato simples). Na análise da MFR (Tabela 5) a média com maior massa foi
17

constatada no nível 0 mg/dm³, apresentando crescimento linear significativo apresentado


(figura 3).

Na relação MSPA/MSR houve efeito linear crescente (P<0,0001), mas não foi
observado diferença significativa no teste de média. Contudo, a relação MFPA/MFR tiveram
efeito linear crescente (P<0,05) e diferença significativa no teste de média (figura 4).

Figura 3. Efeito linear significativo da relação MFR.

Figura 4. Efeito linear significativo da relação MFPA/MFR.

7. CONCLUSÕES
A cultivar de capim elefante BRS Capiaçu teve seu crescimento inicial influenciado
pelos níveis de P2O5 avaliados. Constatou-se que a maioria das variáveis analisadas
apresentaram melhor desempenho entre os níveis 30 e 45 mg/dm³ de P2O5.
18

8. REFERÊNCIAS

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