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ESCOLA DE ENGENHARIA
PROJETO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA NAVAL
ESTUDO DE IMPLEMENTAÇÃO DE
HIDROFÓLIOS NA LANCHA LARUS DA FURG
Rio Grande - RS
Maio de 2021.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE
ESCOLA DE ENGENHARIA
PROJETO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA NAVAL
ESTUDO DE IMPLEMENTAÇÃO DE
HIDROFÓLIOS NA LANCHA LARUS DA FURG
Rio Grande - RS
Maio de 2021.
RESUMO
1
2
ABSTRACT
The present paper consists in the elaboration of a hydrofoil implementation study for the Lancha
Larus, belonging to the Universidade Federal do Rio Grande - FURG (Federal University of
Rio Grande - FURG). Their functions require greater speeds than it achieves, which has
required more and more studies to improve the vessel. Some studies are already underway, such
as the potentialization of engines, replacement of the gearbox and the implementation of
hydrofoils, which is the theme of this work. Hydrofoils are mechanisms with a hydrodynamic
profile capable of making a vessel take off from the water, that is, its hull is fully immersed.
This effect causes a reduction in drag, making the vessel more efficient and with greater speed
and better use of power. This work contemplated the choice of the best hydrodynamic profile
for the hydrofoil, as well as its structural analysis. Through the study of the characteristics of
the vessel and the environment in which it navigates, a new maximum speed and new drag
resistances were estimated with the insertion of hydrofoils.
3
Figura 1 - Lancha Larus em operação na Lagoa dos Patos, Brasil. ............................................ 9
Figura 2 - Exemplo de aplicação de hidrofólios. ...................................................................... 10
Figura 3 - Vista da seção mestra da lancha Larus. ................................................................... 12
Figura 4 - Vista do perfil longitudinal estrutural da lancha Larus. .......................................... 12
Figura 5 - Planta baixa da lancha Larus. .................................................................................. 13
Figura 6 - Casco do tipo Semi-planeio. .................................................................................... 13
Figura 7 - Representação dos dois tipos de hidrofólios. .......................................................... 14
Figura 8 - Representação das três configurações de hidrofólios. ............................................ 15
Figura 9 - Exemplo de aplicação dos hidrofólios configurados em surface piercing............... 16
Figura 10 - Aplicação de hidrofólios surface piercing em uma embarcação real. ................... 16
Figura 11 - Exemplo de aplicação dos hidrofólios configurados em fully submerged. ........... 17
Figura 12 - Aplicação de hidrofólios fully submerged em uma embarcação real. ................... 17
Figura 13 - : Perfil hidrodinâmico em um escoamento. ........................................................... 18
Figura 14 - Perfil hidrodinâmico em um escoamento. ............................................................ 18
Figura 15 - Nomenclatura do perfil NACA de 4 dígitos. ......................................................... 19
Figura 16 - Nomenclatura do perfil NACA de 5 dígitos. ........................................................ 20
Figura 17 - Estimativa de resistência ao avanço para embarcações. ....................................... 22
Figura 18 - Fluxograma de atividades. .................................................................................... 23
Figura 19 - Perfil tubular. ......................................................................................................... 31
Figura 20 - Diagrama de Baader com inserção de valores. ..................................................... 35
Figura 21 - Coeficiente de sustentação e ângulo de ataque. ..................................................... 37
Figura 22 - Coeficiente de sustentação/Coeficiente de arrasto e ângulo de ataque. ................. 37
Figura 23 - Coeficiente de arrasto e ângulo de ataque. ............................................................ 37
Figura 24 - Perfil NACA sem ângulo de ataque. ...................................................................... 38
Figura 25 - Perfil NACA com ângulo de ataque. ..................................................................... 38
Figura 26 - – Perfil NACA com ângulo de estol. ..................................................................... 38
Figura 27 - Diagrama de corpo livre da haste. ......................................................................... 41
Figura 28 - Perfil NACA 0006. ................................................................................................ 42
Figura 29 - Coeficiente de arrasto com ângulo de ataque. ....................................................... 42
Figura 30 - Invólucro hidrodinâmico da haste do suporte. ....................................................... 43
Figura 31 - Diagrama de corpo livre da longarina.................................................................... 43
Figura 32 - Diagrama de esforços axiais da longarina. ............................................................ 44
Figura 33 - Diagrama de esforços cortantes da longarina. ....................................................... 44
Figura 34 - Diagrama de momento fletor da longarina. .......................................................... 44
Figura 35 - Suporte. .................................................................................................................. 45
Figura 36 - Longarina. .............................................................................................................. 45
Figura 37 - – Lancha Larus com hidrofólios - boreste. ............................................................ 46
Figura 38 - Lancha Larus com hidrofólios - proa-boreste. ...................................................... 46
Figura 39 - – Sugestão da Lancha Larus com hidrofólios - vista proa-bombordo. .................. 48
Figura 40 - Sugestão da Lancha Larus com hidrofólios - vista fundo-boreste. ....................... 48
4
Tabela 1 - Dados de partida para os cálculos. .......................................................................... 24
Tabela 2 - Características naturais adotadas. ............................................................................ 24
Tabela 3 - Condições de carregamento da Larus. ..................................................................... 25
Tabela 4 - – Relação de carregamento e velocidade. ............................................................... 25
Tabela 5 - Dados dos perfis 2421, 23012 e 23015. .................................................................. 27
Tabela 6 - Condição do ar......................................................................................................... 30
Tabela 7 - – Informações de ligas de aço. ................................................................................ 31
Tabela 8 - Coeficientes de arrasto dos perfis. ........................................................................... 33
Tabela 9 - Resultados dos cálculos dos perfis. ......................................................................... 36
Tabela 10 - Forças e velocidades para cada condição de carregamento. ................................. 39
5
𝐶𝐿 = 𝐹𝐿⍴2𝑉2𝐴 (Equação 1) ..................................................................................... 20
𝐶𝐷 = 𝐹𝐷⍴2𝑉2𝐴 (Equação 2) .................................................................................... 21
𝐶𝐹 = 0,075(𝑙𝑜𝑔𝑅𝑒 − 2)² (Equação 3) ..................................................................... 21
R = 𝑉 (𝑘𝑚/ℎ)𝐿(𝑚) (Equação 4) ................................................................................... 21
Re = 𝑉. 𝐿𝜐 (Equação 5) .............................................................................................. 25
Fr = V/𝑔. 𝐿 (Equação 6) ............................................................................................... 25
𝑅𝐹 = 𝐶𝐹 𝜌 𝑉2𝐴2 (Equação 7) ........................................................................... 26
𝐶ℎ = 𝐹ℎ. ⍴2𝑉2. 𝐶𝐿 . 𝐿ℎ (Equação 8) ............................................................................. 27
𝐴ℎ = 𝐿ℎ .𝐶ℎ (Equação 9) ................................................................................................ 27
𝑉𝑒𝑠𝑡𝑜𝑙² = 𝐹ℎ. ⍴2. 𝐶𝐿𝑚𝑎𝑥 . 𝐴ℎ (Equação 10) .................................................................. 28
𝑉𝑑𝑒𝑐𝑜𝑙= 1,2.𝑉𝑒𝑠𝑡𝑜𝑙 = 1,2. 𝐹ℎ. ⍴2. 𝐶𝐿𝑚𝑎𝑥 . 𝐴ℎ (Equação 11)............................................. 28
𝐹𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠𝑡𝑜 =⍴2𝑉2. 𝐶𝐷 . 𝐴ℎ (Equação 12) ....................................................................... 29
𝑅𝑎𝑣𝑎𝑛ç𝑜 = 𝑅ℎ𝑖𝑑𝑟𝑜 + 𝑅𝑎𝑟 + 𝑅𝑠𝑢𝑝𝑜𝑟𝑡𝑒 (Equação 13) ....................................................... 29
𝑅ℎ𝑖𝑑𝑟𝑜 =⍴2𝑉2. 𝐶𝐷 . 𝐴ℎ (Equação 14)........................................................................... 29
𝜎𝑎𝑑𝑚 = 𝜎𝑒𝑠𝑐𝑜𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜/FS (Equação 15) ........................................................................ 32
𝐹𝑠𝑢𝑝𝑜𝑟𝑡𝑒 = 𝐹ℎ/2 = 71.122,5 N (Equação 16) ................................................................... 32
𝐴𝑠𝑢𝑝𝑜𝑟𝑡𝑒 = 𝐹𝑠𝑢𝑝𝑜𝑟𝑡𝑒/𝜎𝑎𝑑𝑚 (Equação 17) ..................................................................... 32
λ = . 𝐿𝑟 (Equação 18)................................................................................................. 32
r = 𝐼𝐴 (Equação 19) .................................................................................................. 32
I = 𝜋64(𝐷𝑒𝑥𝑡𝑒𝑟𝑛𝑜² - 𝑑𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑛𝑜²) (Equação 20) ................................................................. 33
𝛿𝐴𝑥𝑖𝑎𝑙=𝑁𝐴 (Equação 21) .............................................................................................. 34
𝛿𝑓𝑙𝑒𝑥ã𝑜=𝑀𝑐𝐼 (Equação 22) .......................................................................................... 34
𝐹𝐴𝑣𝑎𝑛ç𝑜= 𝑃𝑉 (Equação 23) ....................................................................................... 34
6
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 9
2. OBJETIVOS 10
2.1 Objetivo geral 10
2.2 Objetivos específicos 10
3. JUSTIFICATIVAS 11
4. REFERENCIAL TEÓRICO 11
4.1 Parâmetros iniciais a serem considerados 11
4.2 Características da Lancha Larus 12
4.3 Tipos de cascos 13
4.4 Tipos e configurações dos hidrofólios 14
4.4.1 Tipo SURFACE PIERCING 15
4.4.2 Tipo FULLY SUBMERGED 16
4.5 Funcionamento dos hidrofólios 17
4.5.1 Perfil NACA 18
4.5.1.1 Perfil NACA 4 dígitos 19
4.5.1.2 Perfil NACA 5 dígitos 19
4.5.2 Forças e coeficientes de sustentação e arrasto 20
4.5.3 Resistências ao avanço 21
5. METODOLOGIA 22
5.1 Levantamento de Dados de Partida 23
5.2 Geometria do Casco e Cálculo das Resistências 25
5.3 Análise dos Hidrofólios 26
5.3.1 Análise e escolha do perfil hidrodinâmico 26
5.3.2 Novas estimativas para a lancha com o hidrofólio 29
5.3.3 Nova resistência ao avanço 29
5.3.3.1 Resistência de atrito dos hidrofólios 29
5.3.3.2 Resistência do ar 30
5.4 ANÁLISE ESTRUTURAL 30
5.4.1 Estimativa dos suportes 31
5.4.1.2 Análise do invólucro do suporte 33
5.4.2 Análise estrutural da longarina 33
5.4.2.1 Análise de esforços 34
5.5 Novas estimativas e considerações 34
6. RESULTADOS E DISCUSSÕES 34
7
6.1 Resultados referentes ao estudo do casco e da embarcação 34
6.1.1 Geometria do casco e resistência ao avanço 34
6.2 Resultados referentes ao estudo dos hidrofólios 36
6.2.1 Escolha do perfil hidrodinâmico 36
6.2.2 Novas estimativas da lancha com os hidrofólios 38
6.2.2.1 Resistência de atrito dos hidrofólios 39
6.2.2.2 Resistência do ar 39
6.3 Resultados referentes aos cálculos estruturais 39
6.3.1 Análise do perfil do suporte 40
6.3.2 Análise do invólucro do suporte 42
6.3.3 Resistência ao avanço devido aos suportes 43
6.3.4 Análise de esforços da longarina 43
6.3.5 Considerações dos suportes e da longarina 45
6.3.6 Estimativa da resistência ao avanço devido aos hidrofólios 45
6.4 Estimativas da força de avanço e nova velocidade 45
6.5 Apresentação do conceito da lancha com os hidrofólios 46
7. CONCLUSÃO 46
7.1 Otimização dos resultados 47
8. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS 47
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 49
8
1. INTRODUÇÃO
Hidrofólios são dispositivos colocados nos cascos de algumas embarcações para
proporcionar forças de sustentação capazes de elevá-la para fora da água, sustentando-a
dinamicamente, reduzindo o calado, diminuindo a resistência ao avanço, e reduzindo a potência
requerida para alcançar altas velocidades (O’NEIL, 1981). São utilizados em barcos de
competição, de resgate, embarcações militares e de lazer, ou sempre que há a necessidade de se
atingir uma velocidade superior à qual fora inicialmente projetada para a embarcação sem os
hidrofólios.
Este trabalho caracteriza-se como um estudo de caso, cuja proposta é projetar um
sistema de hidrofólios que seja aplicável à Lancha Larus, embarcação pertencente à
Universidade Federal do Rio Grande - FURG, e que atua no litoral sul gaúcho como embarcação
de pesquisa. Por não atingir altas velocidades, foi proposta a ideia de se utilizar hidrofólios na
lancha, além de outras melhorias que estão sendo estudadas para atingir tal objetivo. A escolha
de se instalar hidrofólios veio da própria tripulação da lancha, justamente por se tratar de uma
alternativa que, em geral, promove resultados satisfatórios no quesito de se aumentar a
velocidade das embarcações que os utilizam.
A Figura 1 representa a Lancha Larus durante uma de suas operações de coleta de
sedimentos na Lagoa dos Patos. Na Figura 2, vê-se um exemplo de embarcação que faz uso de
hidrofólios, e percebe-se o quanto a embarcação se elevou da superfície da água (e
consequentemente fez reduzir o seu arrasto e aumentar a sua velocidade) apenas por utilizar
esses dispositivos e aproveitando a sua potência.
9
Figura 2 - Exemplo de aplicação de hidrofólios.
2. OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
10
3. JUSTIFICATIVAS
A utilização de hidrofólios tem se tornado cada vez mais comuns em diversos tipos de
embarcações, já que promovem uma considerável melhoria não só no desempenho da
velocidade, mas também na economia de combustível. No geral, as embarcações que utilizam
esse dispositivo acabam por ter reduzido o seu arrasto, já que o casco fica para fora da água.
Por ficar sustentada pelos hidrofólios, a embarcação adquire uma velocidade final um pouco
maior, aproveitando mais a sua potência.
No início de suas operações, a lancha era utilizada para o arrasto de redes e
equipamentos na água, exigindo que seus componentes e artefatos de operação tivessem uma
maior força de tração, ocasionando em uma menor velocidade. Atualmente, a necessidade é que
se tenha maior velocidade e menor força de tração, o que tem exigido cada vez mais estudos de
melhorias para a embarcação.
A escolha desse sistema para o referido interesse se dá pela sua eficiência, visto que
ajuda muito na questão de economia de combustível e do próprio deslocamento da embarcação,
ajudando também na diminuição da emissão de poluentes na atmosfera. A potencialização dos
motores e instalação de hélices que promovam uma melhor velocidade e menor arrasto são
possíveis aplicações para se aumentar a velocidade da embarcação, e contribuem também para
um melhor funcionamento dos hidrofólios, reforçando positivamente a sua atuação.
Construída no ano de 1978 pelo estaleiro CARBRASMAR, no Rio de Janeiro, a Lancha
Larus - LL pertence à FURG desde então, e atua no Estuário da Lagoa dos Patos, Lagoa Mirim
e no litoral sul do Rio Grande do Sul. Ela opera como uma embarcação de pesquisas
oceanográficas, dando apoio à universidade, realizando a coleta de sedimentos e mariscos,
fazendo o arraste de redes, e servindo todas as atividades de pesquisa requeridas pela
universidade. Ela também pode ser acionada para situações de emergência, como prover algum
resgate ou auxílio a outras embarcações e projetos, quando necessário.
4. REFERENCIAL TEÓRICO
4.1 Parâmetros iniciais a serem considerados
Segundo Artmann Júnior (2015) et al, as etapas do estudo que abrangem um
desenvolvimento de hidrofólios se dá pelas características técnicas da embarcação. Os mais
comuns são comprimento, velocidade, boca, calado, coeficiente de bloco, área submersa e
viscosidade da água para qual a embarcação foi destinada a navegar. Além desses, dados como
as resistências provocadas pelo deslocamento, coeficientes e resistência friccional, e dados que
11
se referem às especificações técnicas do hidrofólio também são fundamentais para se fazer um
projeto adequado e funcional.
12
Figura 5 - Planta baixa da lancha Larus.
13
4.4 Tipos e configurações dos hidrofólios
Os tipos de hidrofólios podem ser divididos basicamente em dois grupos gerais: o
SURFACE PIERCING e o FULLY SUBMERGED, cada qual descrevendo a maneira como as
superfícies de elevação do hidrofólio são organizadas e arranjadas na embarcação, e como se
dá suas operações (O'Neill, 1981).
A Figura 7 representa duas embarcações com os dois tipos de hidrofólios. A da esquerda
está equipada com o hidrofólio tipo surface piercing, e a da direita com o fully submerged.
Além dos tipos de hidrofólios, há também as configurações, ou seja, como eles estão
arranjados na embarcação. Segundo O'Neill (1981), existem três configurações básicas para
hidrofólios: Canard, Convencional e Tandem. As duas primeiras referem-se ao sistema quando
65% do peso é suportado pelos hidrofólios na velocidade máxima, sendo o Canard a vante e o
Convencional a ré, sendo esta muito semelhante às utilizadas em aviões comerciais. A
configuração Canard é a mais utilizada em embarcações sustentadas por hidrofólios.
A Figura 8 representa as 3 configurações de hidrofólios.
14
Figura 8 - Representação das três configurações de hidrofólios.
Fonte: http://www.foils.org.
4.4.1 Tipo SURFACE PIERCING
No conceito de surface piercing (ou superfície perfurante, em uma tradução livre), os
fólios são projetados para se estenderem até a interface entre ar e água. O fólio, então, é
carregado com um campo de pressão no intradorso, e seus suportes são suficientemente
alongados para permitir que todo o casco da embarcação fique fora da água, deixando submersa
somente as superfícies hidrodinâmicas responsáveis pela sustentação. São chamados de auto
estabilizáveis, ou seja, não é necessário nenhum meio para se variar o ângulo efetivo de ataque
dos fólios para se aumentar ou diminuir a força de sustentação, estando a velocidade da
embarcação totalmente a cargo dessa função. A decolagem ocorre quando a velocidade da
embarcação aumenta, elevando, assim, a força de sustentação gerada pelo fluxo da água sobre
a porção submersa dos hidrofólios. A embarcação sobe até que a força de sustentação seja igual
ao peso da própria embarcação carregada pelos hidrofólios, e tal sustentação varia para
determinada velocidade (O’Neill et al).
A Figura 9 ilustra uma embarcação genérica com a aplicação dos hidrofólios
configurados em surface piercing, enquanto a Figura 10 retrata uma embarcação real de
passageiros com a aplicação desse tipo de configuração de hidrofólios.
15
Figura 9 - Exemplo de aplicação dos hidrofólios configurados em surface piercing.
Fonte: http://www.foils.org.
Fonte: http://www.foils.org.
17
A Figura 13 representa um perfil hidrodinâmico em um escoamento.
18
distribuição da curvatura e espessura com um número de Reynolds bem acima do usual. Isso
levou a sucessivos resultados positivos em seus experimentos. Não demorou muito para uma
nova família de aerofólios NACA de 4 e 5 dígitos serem criados. Essa série de seções usa o
método das combinações de uma linha de curvatura média (ou linha média) e da distribuição
da espessura pelo alongamento (ou corda) a fim de obter o perfil desejado (Botezelli et al).
Tomando o perfil NACA 2421 como exemplo, tem-se uma curvatura de 2% com
máxima espessura de 21% localizado a 40% do bordo de ataque. A Figura 15 representa essa
definição com o modelo adotado para o exemplo.
Tomando como exemplo o perfil NACA 23012, este tem um coeficiente de sustentação
do design de 0,3 (𝛼 = 1.5°) com máxima espessura de 12% localizado a 15% do bordo de ataque.
Todas as porcentagens são comprimento total da corda. A Figura 16 representa essa definição
com o modelo adotado para o exemplo.
20
𝐹𝐷
𝐶𝐷 = ⍴ (Equação 2)
𝑉 2𝐴
2
A Área A refere-se à área de placa plana do perfil, sendo o produto da corda com a
envergadura, e a densidade refere-se ao fluido sobre o qual está inserido o perfil hidrodinâmico,
que no caso é a água. O termo V refere-se à velocidade com a qual a embarcação está se
movendo, e 𝐹𝐿 e 𝐹𝐷 corresponde, respectivamente, à força de sustentação e força de arrasto.
0,075
𝐶𝐹 = (Equação 3)
(𝑙𝑜𝑔𝑅𝑒− 2)²
𝑉 (𝑘𝑚/ℎ)
R= (Equação 4)
√𝐿(𝑚)
21
A Figura 17 (adaptado de Juan Baader, 1951) representa um ábaco para estimar as resistências
que compõem a resistência total a partir da obtenção da resistência do atrito e da porcentagem
das demais resistências. Para a estimativa, basta calcular o grau de velocidade, inseri-lo na borda
horizontal inferior do ábaco, e traçar uma reta vertical até a borda superior. Essa reta, ao cruzar
com as curvas que correspondem a cada resistência, formam uma reta horizontal até a borda
esquerda. O ponto dessa reta que cruzar esta borda corresponderá ao percentual equivalente da
resistência abordada pela curva. Essa é uma estimativa muito aproximada que ajuda na obtenção
desses valores.
5. METODOLOGIA
A elaboração deste trabalho seguiu uma série de procedimentos resumidos no
fluxograma representado pela Figura 18.
22
Figura 18 - Fluxograma de atividades.
Fonte – O autor.
23
Tabela 1 - Dados de partida para os cálculos.
Escala de Beaufort 4
Características Naturais
Temperatura
ºC 15
Ambiente
Viscosidade
(m²/s) 0,00000119
cinemática (ν)
Fonte - Fox et al.
A relação de velocidade máxima alcançada de acordo com o carregamento é prevista
em projeto, e consta no memorial descritivo da embarcação, conforme disposto na Tabela 4.
24
Tabela 3 - Condições de carregamento da Larus.
Deslocamentos (ton) Em kg Em N
Velocidades (nós)
Cruzeiro 11
Sobrecarga 9
Fonte: Coordenação da Frota de Embarcações da FURG.
𝑉.𝐿
Re = (Equação 5)
𝜐
Fr = V/√𝑔. 𝐿 (Equação 6)
25
A equação 7 representa a resistência de atrito, em que 𝐶𝐹 é o coeficiente de atrito obtido
pela equação 3. Após estimada essa resistência e inserido o grau de velocidade R no Diagrama
de Baader (Baader, 1951), estima-se as resistências de forma e do ar.
𝐶𝐹 𝜌 𝑉 2 𝐴
𝑅𝐹 = (Equação 7)
2
26
A envergadura do perfil (𝐿ℎ ) considerada para cada hidrofólio foi de 5 metros, mesma
dimensão da boca da Larus. Foram feitos testes para 4 e 4,5 metros, porém, estes não obtiveram
resultados satisfatórios. Tal dimensão se limitou a esses valores por conta do espaço da lancha,
já que se tornaria inviável para a mesma que os hidrofólios extrapolassem seus limites.
Coeficiente de Coeficiente de
Perfil Condição Ângulo
sustentação (Cl) Arrasto (Cd)
Tendo sido estabelecida a envergadura 𝐿ℎ , foi estimada a corda (𝐶ℎ ) pela equação 8 (White,
2008).
𝐹ℎ.
𝐶ℎ = ⍴ (Equação 8)
2
𝑉 2 .𝐶𝐿 .𝐿ℎ
A área plana do perfil (𝐴ℎ ), ou área do hidrofólio, muito necessária para os cálculos das
velocidades requeridas, é o produto da corda com a envergadura, expressa pela equação 9
(White, 2008).
𝐴ℎ = 𝐿ℎ .𝐶ℎ (Equação 9)
27
O número de Reynolds (Re), que determina se o comportamento do hidrofólio no
escoamento é laminar ou turbulento, é dado pela equação 5 da seção 5.2, e considera o tamanho
da corda de cada perfil em seu equacionamento.
A velocidade de estol (𝑉𝑒𝑠𝑡𝑜𝑙 ) é a velocidade mínima que a embarcação deve atingir
para que ocorra a sustentação dos hidrofólios durante a navegação, e deve ser estimada com
base em seu coeficiente máximo de sustentação. A 𝑉𝑒𝑠𝑡𝑜𝑙 é dada pela equação 10 (Artmann,
2015).
𝐹ℎ.
𝑉𝑒𝑠𝑡𝑜𝑙 ² = ⍴ (Equação 10)
.𝐶𝐿𝑚𝑎𝑥 .𝐴ℎ
2
𝐹ℎ.
𝑉𝑑𝑒𝑐𝑜𝑙 = 1,2.𝑉𝑒𝑠𝑡𝑜𝑙 = 1,2.√ ⍴ (Equação 11)
.𝐶 .𝐴
2 𝐿𝑚𝑎𝑥 ℎ
28
⍴
𝐹𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠𝑡𝑜 = 𝑉 2 . 𝐶𝐷 . 𝐴ℎ (Equação 12)
2
⍴
𝑅ℎ𝑖𝑑𝑟𝑜 = 𝑉 2 . 𝐶𝐷 . 𝐴ℎ (Equação 14)
2
29
5.3.3.2 Resistência do ar
Para as condições do ar, considerou-se a viscosidade e a densidade à temperatura de
15 ºC, e a condição de vento seguiu a Escala de Beaufort 6. É válida a ressalva de que a Larus
foi projetada para navegar à velocidade estipulada pela escala 4, porém, para efeito de análise,
foi superestimada até a escala 6. A velocidade total do sistema equivale à soma da velocidade
da embarcação com a velocidade do vento.
A Tabela 6 contém as informações de interesse para os cálculos.
Condições do ar
Temperatura (ºC) 15
Viscosidade cinemática
0,00001510
do ar νar (m²/s)
Velocidade do ar na Nós 27
escala 6 de Beaufort m/s 13,88
30
Os aços inoxidáveis 304 são utilizados em ambientes corrosivos, aplicados na indústria
em geral, indústria automotiva, indústria naval, uso residencial, e muitos outros.
.
Tabela 7 - – Informações de ligas de aço.
Tensão
Módulo de Tensão de Coeficiente
Densidade de Coeficiente
Aço elasticidade escoamento de dilatação
(kg/m³) ruptura de poisson
(GPa) (MPa) (1/ºC)
(MPa)
Estrutural
7850 200 250 400 0,32 0,000012
A36
Inoxidável
7860 193 207 517 0,27 0,000017
304
Ferramenta
8160 200 703 800 0,32 0,000012
L2
Fonte - Hibbeler (2010).
Fonte: O autor.
31
Foi feito dimensionamento do suporte considerando um comprimento de 0,53 metros, e
a área necessária para suportar o carregamento foi estimada a partir da tensão admissível,
considerando um fator de segurança estipulado de 2,5. O fator de segurança escolhido levou em
consideração a aplicação em ambiente e condições variáveis, conforme a NBR 8800. Essas
estimativas levam em conta as tensões axiais e fletoras máximas.
A tensão admissível é expressa pela equação 15, considerando a tensão de
escoamento do material e o fator de segurança estipulado.
.𝐿
λ= (Equação 18)
𝑟
32
O termo A refere-se à área do suporte, e o I é o momento de inércia para seções tubulares,
dado pela equação 20. O termo 𝐷𝑒𝑥𝑡𝑒𝑟𝑛𝑜 refere-se ao diâmetro externo da seção tubular, e
𝜋
I= (𝐷𝑒𝑥𝑡𝑒𝑟𝑛𝑜 ² - 𝑑𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑛𝑜 ²) (Equação 20)
64
Cd
NACA M1
0,00375
Cd
NACA M2
0,00458
Cd
NACA 0006
0,00338
Fonte - Airfoil Tools.
33
5.4.2.1 Análise de esforços
A força de sustentação de cada hidrofólio foi estimada sendo a metade do peso carregado
da lancha, e distribuída ao longo dos 5 metros da envergadura do hidrofólio, o que resultou em
uma carga distribuída de 28.449,0 N/m para cada um, mantendo as forças de 71.122,5 N para
cada suporte.
A tensão axial é dada pela equação 21, em que N representa a força atuante e A a área
do suporte.
𝑁
𝛿𝐴𝑥𝑖𝑎𝑙 = (Equação 21)
𝐴
A tensão de flexão é dada pela equação 22, em que M é o momento fletor, c é a maior
distância da linha neutra da barra (no caso, o raio externo), e I é o momento fletor da barra.
𝑀𝑐
𝛿𝑓𝑙𝑒𝑥ã𝑜 = (Equação 22)
𝐼
𝑃
𝐹𝐴𝑣𝑎𝑛ç𝑜 = (Equação 23)
𝑉
6. RESULTADOS E DISCUSSÕES
6.1 Resultados referentes ao estudo do casco e da embarcação
6.1.1 Geometria do casco e resistência ao avanço
O número de Reynolds, número de Froude e Grau de velocidade foram calculados
considerando a velocidade máxima de 14,5 nós.
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𝑅𝑒 = 82.109.478,99
𝐹𝑟 = 0,658
R = 7,42
Após a obtenção de R, inseriu-a no Diagrama de Baader (Baader, 1951), Figura 20, cuja
plotagem da reta vertical originou outras duas horizontais, de acordo com as curvas dispostas
no diagrama. Essa plotagem resultou no percentual entre a resistência friccional (de atrito), de
forma e do ar.
𝐶𝐹 = 0,002144
𝑅𝐹 = 4114,73 N
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Como a resistência de atrito é apenas um percentual da resistência total, e o seu valor já
foi calculado, obteve-se o resultado das outras duas resistências:
𝑅𝑓𝑜𝑟𝑚𝑎 = 4996,46 N
𝑅𝑎𝑟 = 293,91 N
𝑅𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 9405,11 N
Fonte - O autor.
Após a leitura dos resultados obtidos para cada perfil, foi escolhido o perfil NACA
23012 para cada hidrofólio, pois proporciona força suficiente para elevar a embarcação e exige
uma velocidade de decolagem menor entre todas elas. Além disso, a velocidade de estol também
foi a menor obtida, o que torna esse perfil adequado para operar na embarcação.
As relações entre coeficiente de sustentação e o ângulo de ataque, coeficiente de
sustentação e arrasto com o ângulo e coeficiente de arrasto e o ângulo de ataque estão dispostas,
respectivamente, nos gráficos apresentados nas Figuras 21, 22 e 23, a seguir.
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Figura 21 - Coeficiente de sustentação e ângulo de ataque.
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O perfil NACA 23012 com a corda de 2,34 metros sem o ângulo de ataque está
representado conforme a Figura 24.
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Tabela 10 - Forças e velocidades para cada condição de carregamento.
Fonte – O autor.
𝑅ℎ𝑖𝑑𝑟𝑜 = 7624,38 N
6.2.2.2 Resistência do ar
O número de Reynolds para a lancha suspensa no ar (𝑅𝑒ℎ ) considera o comprimento
total dela, ou seja, 15 metros. A sua área exposta ao ar é considerada a área máxima da seção
mestra, ou seja, 20 m². Com o Reynolds, estima-se a resistência do ar (𝑅𝑎𝑟ℎ ), considerando um
coeficiente de 0,1, que é a consideração da resistência devido ao ar nesses casos. Logo, temos
que:
𝑅𝑒ℎ = 7351491,00 N
𝑅𝑎𝑟ℎ = 546,86 N
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efeito de análise, o invólucro possa se romper devido a alguma colisão ou avaria, fazendo com
que a estrutura tivesse um contato com o meio corrosivo. Por esta razão, optou-se por utilizar o
aço inoxidável 304.
𝐴𝑠𝑢𝑝𝑜𝑟𝑡𝑒 = 0,0053 m²
Com as tensões e áreas, estima-se os diâmetros externo e interno, bem como a espessura,
𝐷𝑒𝑥𝑡𝑒𝑟𝑛𝑜 , 𝑑𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑛𝑜 e e, respectivamente. Esses valores foram retirados de catálogos para
perfis tubulares da empresa Tubonasa com dimensões padronizadas, e foi calculada quais
seriam as combinações para que se resultasse na área estimada para o suporte.
𝐷𝑒𝑥𝑡𝑒𝑟𝑛𝑜 = 0,2191 m
𝑑𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑛𝑜 = 0,2031 m
e = 0,2031 m
40
I = 0,00002959 𝑚4
r = 0,07468 m
λ = 7,096
Como o índice de esbeltez foi inferior a 40, o suporte é um pilar robusto, não esbelto, e,
portanto, sem tendência a sofrer flambagem.
Com o momento gerado pela força de avanço sobre o suporte sendo de 21.508,5 N.m, e
c sendo o raio externo do perfil tubular, e considerando a força de compressão nos suportes
sendo um quarto do peso da embarcação, estimou-se a tensão axial e tensão de flexão.
𝛿𝐴𝑥𝑖𝑎𝑙 = 26,81 MPa
𝛿𝑓𝑙𝑒𝑥ã𝑜 = 79,61 MPa
Ao analisar essas tensões com a tensão admissível, nota-se que a maior tensão (flexão)
não excede a tensão máxima estimada para o fator de segurança considerado, o que indica que
a barra tubular pode ser usada nas dimensões e características adotadas.
A Figura 27, gerada pelo software Ftool, representa o diagrama de corpo livre da haste
do suporte com as cargas axiais e fletoras, considerando uma base elástica devido à água abaixo.
Essa estimativa desconsiderou forças laterais (como já mencionado), levando em conta as
forças de compressão, força de avanço máxima teórica da lancha e força de arrasto máxima,
ambas considerando a velocidade máxima de 14,5 nós.
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Fonte - O autor.
6.3.2 Análise do invólucro do suporte
Pelo critério adotado, o perfil escolhido para o invólucro dos suportes foi o NACA 0006,
com uma corda estimada de 1,2 m. O perfil é o apresentado na Figura 28.
É válida a ressalva de que esse perfil será adotado no ângulo zero, pois possui coeficiente
de arrasto mínimo, e por não ser sua função promover sustentação.
A relação de coeficientes de arrasto com os ângulos está exposta na Figura 29.
42
A figura 6.14 representa o conceito de como será o suporte com o invólucro.
Fonte – O autor.
6.3.3 Resistência ao avanço devido aos suportes
A área submersa do invólucro é o produto do comprimento de espessura máxima com a
área submersa. Foi estimado que, dos 0,53 m de suporte, aproximadamente 0,3 fique submerso,
acarretando em uma área de 0,11 m². Levando em consideração os mesmos métodos utilizados
para o cálculo das resistências, agora com o coeficiente de arrasto do perfil hidrodinâmico, tem-
se que a resistência ao avanço de cada suporte é:
𝑅𝑠𝑢𝑝1 = 23,79 N
Logo, como são 4 suportes, a resistência total ao avanço devido aos suportes é de:
𝑅𝑠𝑢𝑝𝑜𝑟𝑡𝑒 = 95,16 N
6.3.4 Análise de esforços da longarina
A força de avanço da embarcação causou um momento fletor de 21.508,9 N.m na
longarina, além dos esforços dos suportes. Aqui também não estão sendo considerados esforços
laterais, como a influência de ondas e correntes, e sim apenas as forças de avanço, arrasto e
carregamento. Também não está sendo considerado o peso de cada barra, já que não se trata de
uma estrutura, e sim uma análise dos suportes e longarinas separadamente.
A Figura 31 indica o diagrama de corpo livre da longarina principal do hidrofólio.
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Fonte – O autor.
Fonte – O autor
Figura 33 - Diagrama de esforços cortantes da longarina.
Fonte – O autor.
Figura 34 - Diagrama de momento fletor da longarina.
Fonte – O autor.
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6.3.5 Considerações dos suportes e da longarina
A Figura 35 representa o suporte, e a Figura 36 representa a longarina.
Figura 35 - Suporte.
Fonte – O autor.
Figura 36 - Longarina.
Fonte – O autor.
𝑅𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠𝑡𝑜 = 8.266,41 N
6.4 Estimativas da força de avanço e nova velocidade
A força de avanço fornecida pelo sistema propulsor foi calculada com base na equação
5.20, resultando em 49982,93 N, conforme já demonstrado. A essa força chamou-se de força
de avanço máximo teórica, pois desconsidera as resistências ao avanço. Ao considerar a
resistência ao avanço,com e sem os hidrofólios, estima-se a força de avanço real para cada caso,
considerando que a potência da embarcação é suficiente para operar em ambas as situações.
A lancha Larus possui dois motores operando com potência de 250 HP cada um, ou
seja, possui uma potência propulsora de 500 HP (372.850,0 W). A velocidade máxima
adquirida pela lancha é de 14,5 nós (7,46 m/s), e tem uma resistência de 9405,11 N sem os
hidrofólios, conforme já calculado. Logo, a força de avanço que ela desempenha sem os
hidrofólios é de 40.582,83 N.
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Ao considerar a força de arrasto devido à inserção dos hidrofólios de 8.266,41 N,
considerando a mesma potência máxima teórica e que a lancha está com o casco emerso da
água (ou seja, os hidrofólios estão operando), ela passa a adquirir uma nova força de avanço de
41.721,52 N, o que a permite alcançar uma velocidade máxima de 22,43 nós (11,53 m/s).
Fonte – O autor.
Fonte – O autor.
7. CONCLUSÃO
A seleção do perfil hidrodinâmico a ser utilizado nos hidrofólios da Lancha Larus foi
devidamente realizada, considerando as velocidades e resistências admitidas para a
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embarcação. Seu dimensionamento foi feito de acordo com as metodologias adotadas, e
baseando-se nas características da lancha, o que permitiu que se obtivesse um perfil aplicável
para a Larus.
Os suportes e as longarinas também foram dimensionadas, e foram apresentados os
carregamentos e opções de materiais, formatos de perfis estruturais e cálculos estruturais para
as seleções feitas.
A estimativa das novas velocidades e resistências ao avanço também foi realizada com
sucesso, obtendo-se um novo conceito para a embarcação no que diz respeito à sua rapidez.
É válido ressaltar que, uma vez que a lancha esteja deslizando com o casco acima da
linha d’água, é importante permitir que os hélices estejam submersos, o que demandaria um
outro projeto, bem como um sistema de controle do ângulo de ataque, já que ambos não foram
a proposta deste.
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As Figuras 39 e 40 representam esquematicamente um outro dimensionamento dos
hidrofólios e dos suportes, exemplificando as sugestões de trabalhos futuros. É válido ressaltar
que os cascos apresentados na figura não correspondem à geometria do casco da Larus. Estão
aqui mostrados apenas por questões comparativas dos hidrofólios.
Fonte – O autor.
Fonte – O autor.
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9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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agosto de 2020.
Flambagem. Resistência dos Materiais II. Universidade Federal de Pelotas. Disponível em:
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Rio Grande. Curso de Engenharia Mecânica Naval, 2018.
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Editora ENIDH, 2012.
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