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BELÉM/PA
2023
VICTOR FELIPE CRUZ VIEIRA
BELÉM/PA
2023
VICTOR FELIPE CRUZ VIEIRA
CONCEITO:
BELÉM/PA
2023
Aos meus pais e a toda a minha famı́lia.
AGRADECIMENTOS
Este trabalho explora conceitos fundamentais sobre a teoria da relatividade geral, des-
tacando o estudo a respeito das trajetórias geodésicas, forças de maré, e suas aplicações
na solução de Schwarzschild. Nesta geometria, descremos buracos negros estáticos e esfe-
ricamente simétricos. As geodésicas consistem em trajetórias de objetos em queda livre,
restritos a influência apenas do campo gravitacional. A presença de uma força de maré, em
geral, fará com que as trajetórias geodésicas próximas sofram afastamento ou aproximação
relativos.
This work explores fundamental concepts of the General Theory of Relativity, highlighting
the study of geodesic trajectories, tidal forces, and their applications in the Schwarzschild’s
space-time. In this geometry, we describe static and spherically symmetric black holes.
Geodesics consist of trajectories of objects in free fall, restricted to the influence only of
the gravitational field. The presence of a gravitational tidal force, in general, will cause
the geodesics trajectories to curve towards or away from each other.
Figura 2.1 – Vetor sendo transportado em uma esfera. Figura retirada da Ref.[6] . . 20
Figura 3.1 – Órbita circular, onde a linha vermelha representa ε = V (rmin ). Figura ge-
rada usando o Software Mathematica (https://demonstrations.wolfram.-
com/GeodesicsInSchwarzschildSpace/) . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
Figura 3.2 – Trajetória onde a partı́cula é presa no potencial e a linha vermelha é re-
presentada por ε >> V (rmáx ). Figura gerada usando o Software Mathe-
matica (https://demonstrations.wolfram.com/GeodesicsInSchwarzschild-
Space/) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
Figura 3.3 – Órbita onde o periélio é mutável, e a linha vermelha é representada
por V (rmin ) < ϵ < 0. Figura gerada usando o Software Mathematica
(https://demonstrations.wolfram.com/GeodesicsInSchwarzschildSpace/) 35
Figura 3.4 – Órbita de espalhamento, onde a linha vermelha representa V (rmáx ) >
ε > 0. Figura gerada usando o Software Mathematica (https://demonstra-
tions.wolfram.com/GeodesicsInSchwarzschildSpace/) . . . . . . . . . . 35
Figura 3.5 – Órbita circular de partı́culas não-massivas, onde a linha vermelha é repre-
sentada por ε = V (rmáx ). Figura gerada usando o Software Mathematica
(https://demonstrations.wolfram.com/GeodesicsInSchwarzschildSpace/) 39
Figura 3.6 – Órbita onde as partı́culas são presas no potencial, e a linha vermelha é re-
presentada por ε > V (rmáx ). Figura gerada usando o Software Mathema-
tica (https://demonstrations.wolfram.com/GeodesicsInSchwarzschildSpa-
ce/) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
Figura 3.7 – Órbita de espalhamento de partı́culas não-massivas, onde a linha ver-
melha é representada por V (rmáx ) > ε. Figura gerada usando o Software
Mathematica (https://demonstrations.wolfram.com/GeodesicsInSchwar-
zschildSpace/) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
3 SOLUÇÃO DE SCHWARZSCHILD . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
3.1 A métrica de Schwarzschild . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
3.2 Geodésicas na geometria de Schwarzschild . . . . . . . . . . . . . . . . 31
3.2.1 Para partı́culas massivas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
3.2.1.1 Solução para E 2 < 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
3.2.1.2 Solução para E 2 > 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
3.2.2 Para partı́culas não-massivas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
3.2.2.1 Em uma órbita crı́tica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
3.3 Forças de maré na geometria de Schwarzschild . . . . . . . . . . . . . 42
4 CONCLUSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
10
1 Introdução
1
Definimos que experiências são realizadas localmente quando a região espaço-temporal é pequena
quando comparada com outras escalas do problema.
13
Para que as equações anteriores sejam equivalente, foi preciso usar um artifı́cio
denominado Convenção de Einstein, visto que existe uma soma implı́cita na expressão
quando nos atentamos aos ı́ndices repetidos, e não havendo a necessidade de acrescentar
sı́mbolos de somatório na equação. Podemos voltar à equação (2.2) quando escrevemos o
tensor métrico gµν como uma matriz diagonal dada por
−1 0 0 0
0 1 0 0
gµν = . (2.3)
0 0 1 0
0 0 0 1
2
Assumimos que o leitor tenha conhecimento prévio a respeito de geometria diferencial e variedades
diferenciais. A um leito interessado, o direcionamos à Ref.[6].
14
′ ∂xµ ∂xν
gρσ = gµν . (2.5)
∂x′ρ ∂x′σ
2.3.2 Geodésicas
No Espaço Euclidiano, a curva descrita por uma reta caracteriza o caminho mais
curto entre dois pontos. Além disso, é a única onde é possı́vel transportar paralelamente o
seu próprio vetor tangente. Na Relatividade Geral, o conceito de geodésicas será obtido
fazendo a generalização do conceito de “reta”, visto que o mesmo será aplicado em espaços
curvos [19]. Primeiramente, podemos encontrar a equação da geodésicas, a partir da noção
de transporte paralelo. Como citado anteriormente, uma curva parametrizada por λ pode
ser definida como geodésica ao transportar paralelamente o seu próprio vetor tangente.
Assim, a derivada do vetor tangente ao longo desta curva será
duµ
= uν ∇ν uµ , (2.20)
dλ
µ
onde uµ = dx dλ
representa o vetor tangente. Logo, buscamos obter uma curva que mantenha
sua direção constante, ou seja, a taxa com que um vetor tangente varia ao longo da curva
terá que ser proporcional ao próprio vetor, de maneira que
uν ∇ν uµ ∝ uµ . (2.21)
Entretanto, é possı́vel mostrar que sempre existe uma reparametrização λ → γ(λ) tal que
o novo vetor tangente a curva[20], dado por
dxµ
wµ = (2.22)
dγ
se mantenha constante ao longo da mesma. Portanto, a derivada covariante deste vetor
será descrita como
ν µd 2 xµ µ
β dx dx
ν
w ∇ν w = + Γµν = 0. (2.23)
dγ 2 dγ dγ
A equação (2.23) acima descreve a equação da geodésica. Se o parâmetro γ é tal que
a equação da curva geodésica é descrita pela equação (2.23) e não pela equação (2.21),
chamamos este de parâmetro afim. É importante salientar que, dado um parâmetro afim
λ, todo novo parâmetro γ que seguir a regra
γ = aλ + b, (2.24)
Assim podemos obter a distância entre P1 (xµ ) e P2 (xµ + dxµ ) por meio de
ZP2
S= ds, (2.26)
P1
18
Zλ2 q
S= gµν ẋµ ẋν dλ. (2.27)
λ1
Temos então uma Lagrangiana L(xµ ,ẋµ ), dependente das coordenadas, dada por
q
L= gµν ẋµ ẋν . (2.28)
A lagrangiana acima deve ser minimizada (extremizada) para obtermos a curva em questão.
Este é um problema clássico do cálculo variacional. Para isto, consideramos uma deformação
da curva xµ (λ) tal que
ZP2 ZP2 !
∂L µ ∂L
δS = δLdλ = µ
δ ẋ + µ δxµ dλ = 0. (2.31)
∂ ẋ ∂x
P1 P1
Realizando uma integração por partes e observando que as derivadas em relação às
coordenadas generalizadas se anulam nos extremos, obtemos [21]
ZP2 " ! #
∂L µ d ∂L
µ
δx − µ
δxµ dλ = 0. (2.32)
∂x dλ ∂ ẋ
P1
Para que a equação acima seja verdadeira, assumimos que o diferencial dλ e a deformação
δxµ possuem valores arbitrários. Assim,
!
∂L d ∂L
µ
− = 0. (2.33)
∂x dλ ∂ ẋµ
∂ρ gµν ẋµ ẋν − 2∂ν gµν ẋµ ẋν − 2gµν ẍµ = 0. (2.36)
A partir disso, é conveniente usar a propriedade de que a métrica do sistema possui ı́ndices
simétricos [6], portanto, no segundo termo da equação (2.36) podemos usar a seguinte
propriedade
1
∂ν gµρ = (∂ν gµρ + ∂µ gνρ ) . (2.37)
2
onde Γφµν é o sı́mbolo de Christoffel. Assim, podemos ver que a curva de comprimento
extremo é equivalente a curva geodésica, devido a condição de compatibilidade da métrica
expressa na equação (2.18). A equação (2.39) acima descreve a trajetória de uma partı́cula
“livre”, sujeita somente à ação do campo gravitacional.
2.3.3 Curvatura
Foi mencionado anteriormente que o espaço-tempo é observado como localmente
plano com o intuito de desenvolver o estudo de variedades, sem referência explı́cita à
curvatura. No contexto deste estudo, nota-se a existência de dois tipos de curvatura:
intrı́nseca e extrı́nseca [6]. Especificamente, na Relatividade Geral, vamos investigar a
curvatura intrı́nseca do espaço-tempo.
É utilizado um objeto chamado Tensor de Curvatura (ou Tensor de Riemann)
para quantificar a curvatura do espaço. Este tensor é construı́do a partir da conexão.
Observando o caso de um vetor sendo transportado paralelamente por um circuito
fechado em uma esfera, descrito na Figura (2.1), o vetor transportado difere do vetor
inicial.
20
δV ρ = Rσµν
ρ
V σ Aµ B ν , (2.40)
ρ
onde Rσµν é chamado de Tensor de Riemann [17]. Os próximos tópicos deste trabalho
tratarão de métodos para encontrá-lo e apontar suas propriedades.
Pode-se chegar na expressão para o tensor de Riemann por meio do comutador de
duas derivadas covariantes. Este método consiste em medir a diferença entre o transporte
paralelo de um tensor em um sentido primário e o transporte do mesmo num sentido oposto.
Em um espaço plano, em coordenadas cartesianas, as derivadas covariantes se reduzem a
derivadas parciais, as quais comutam quando aplicadas a qualquer tensor. Contudo, para
espaços curvos, o mesmo não ocorre. Logo, para um vetor arbitrário, temos
= ∂µ (∇ν V ρ ) − Γµν
λ
∇λ V ρ + Γµσ
ρ
∇ν V σ − (µ ↔ ν) (2.42)
21
ρ ρ ρ λ ρ λ
= (∂µ Γνσ − ∂ν Γµσ + Γµλ Γνσ − Γνλ Γµσ )V σ = Rσµν
ρ
V σ, (2.43)
Portanto, temos que o tensor de Riemann será expresso a partir da conexão associada ao
espaço.
O Tensor de Curvatura é importante no chamado Desvio geodésico. A curvatura
pode ser visivelmente analisada quando tratamos como duas geodésicas próximas são
afetadas pela mesma, afastando-as ou aproximando-as. De outra forma, o comportamento
de duas geodésicas vizinhas ilustram o significado geométrico do tensor de curvatura.
Vamos considerar duas partı́culas em trajetórias geodésicas vizinhas, representadas por
xµ (τ ) e xµ (τ ) + δxµ (τ ), respectivamente, onde τ é o parâmetro afim. Logo, a equação
geodésica associada à primeira partı́cula é dada por
podemos definir uma quantidade vista como uma velocidade v µ = uµ ∇µ δxν e uma outra
quantidade vista como uma aceleração aµ = uµ ∇µ v µ , onde as mesmas mostram a mudança
do vetor de separação entre as curvas geodésicas. Logo, podemos calcular essa aceleração
da seguinte forma
dv α d α
aα = + Γαβγ uβ v γ = δ ẋ + Γαβγ uβ δxγ + Γαβγ uβ δ ẋγ + Γγσρ uσ δxρ . (2.49)
dτ dτ
Expandindo a equação (2.49), encontramos a seguinte expressão para a aceleração:
aα = −Rβγσ
α
uβ δxγ uσ , (2.50)
e assim
′ ′ ′ 1 ′ ′ ′
Rαβµν = gαλ λ
Rβµν = ′
∂β ∂µ gαµ − ∂β′ ∂ν′ gαµ ′
+ ∂α′ ∂ν′ gβµ ′
− ∂αµ ′
gβν . (2.53)
2
Da equação (2.53), podemos verificar a expressão
d2 xγ γ
γβ ∂ϕ(x )
= −δ , (2.56)
dt2 ∂xβ
para a partı́cula principal e
d2 (xγ + χγ ) γ γ
γβ ∂ϕ(x + χ )
= −δ , (2.57)
dt2 ∂xβ
Análogo a o que foi falado anteriormente, χ ⃗ é um vetor de separação das trajetórias das
partı́culas. Para pequenas separações, o lado direito da equação (2.57) pode ser escrito em
primeira ordem como
γ
+ χγ ) γ
∂ϕ(xβ )
" ! #
γβ ∂ϕ(x γβ ∂ϕ(x ) ∂
−δ β
= −δ β
+ β χγ . (2.58)
∂x ∂x ∂x ∂xβ
23
d2 χγ
" #
γβ ∂ 2ϕ
= −δ χγ . (2.59)
dt2 ∂xγ ∂xβ
Acima, temos a equação associada a força de maré newtoniana. Por meio dessa
expressão, podemos definir o tensor de maré não relativı́stico, dado por
" #
∂ 2ϕ
Eργ := δ γβ
, (2.60)
∂xγ ∂xβ
onde
d2 χ γ
= −Eργ χγ . (2.61)
dt2
Eνµ ≡ Rσρν
µ
uσ uρ , (2.62)
As componentes do vetor de separação com relação ao nosso referencia podem ser escritas
como
êµ · χ
⃗ = (êµ )ν χν , (2.64)
d2 χµ̂
= R0̂µ̂0̂γ̂ χγ̂. (2.65)
dτ 2
3
Nesta passagem, estamos usando o formalismos de tétrada. Para mais informações sobre esse tipo de
notação, olhar a Referência [6]
24
Por ser simétrico, este tensor pode assumir a forma: Rβµ = Rµβ . Além disso, pode
ser contraı́do com o tensor métrico para formar um escalar, dado por
R = g βµ Rβµ , (2.67)
Transformando a equação (2.69) numa expressão tensorial, poderemos dizer que ela será
válida em qualquer referencial. Portando podemos escrevê-la em termos de derivadas
covariantes, ou seja,
Visto que os ı́ndices ν e µ são mudos, podemos mudá-los convenientemente de tal forma
que obteremos
!
σν 1
∇σ R − g σν R = 0. (2.73)
2
Vamos Definir o termo dentro do parentese na equação (2.73) como o tensor de Einstein.
Assim como o tensor energia-momento, o qual é conservado na forma covariante,
∇µ T µν = 0 (2.74)
∇µ Gµν = 0. (2.75)
Portanto, nos resta definir uma relação entre esses dois tensores de tal forma que
ela seja uma generalização para a gravitação e exista a conexão entre as propriedades
geométricas dos espaço-tempo e caracterı́sticas gravitacionais dos objetos envolvidos. Essa
relação será dada por
Assim, para o limite newtoniano, onde as velocidades são baixas, vamos considerar apenas
a componente temporal. Portanto, teremos
!2
d 2 xµ dt
2
+ Γµ00 = 0, (2.77)
dτ dτ
onde |hµν | << 1 é o termo que caracteriza a pertubação na métrica e ηµν é a métrica
de Minkowski. Usando a definição g µν gλν = δλµ e desconsiderando termos de ordem não
lineares em hµν , temos que hµν = −hµν . Portando, vamos obter
g µν = η µν − hµν . (2.80)
Assumindo que estamos num regime estático, pode-se considerar apenas as componentes
espaciais, dessa maneira, vamos escrever
!2
d2 xi 1 dt
2
= − ∂i h00 . (2.82)
dτ 2 dτ
d2 xi 1
2
= − ∇h00 . (2.83)
dt 2
3 Solução de Schwarzschild
Em 1915, Albert Einstein divulga suas equações de campo para uma teoria
relativı́stica da gravitação. Logo em seguida, em 1916, Karl Schwarzschild propôs a
primeira solução para essas equações. Schwarzschild trabalhou na solução para o caso no
vácuo e descreve um campo gravitacional na região exteriror a um corpo esférico, sem
carga elétrica e momento angular.
Veremos que a métrica acima será modificada por conta de presença de uma massa
M. Considerando que a parcela angular proporcionais a dθ2 e dϕ2 não irá se modificar,
teremos funções que modificarão as componentes dt2 e dr2 . Logo, teremos
Do mesmo modo vamos adotar que fB (r) = eB(r) . Fazendo essas substituições,
teremos
Pelo elemento de linha, fica evidente que a métrica é dependente apenas das componentes
da diagonal principal. Assim, podemos expressar a matriz métrica como
−A(r)
e 0 0 0
0 eB(r) 0 0
gµν =
2
(3.7)
0 0 r 0
0 0 0 r2 sin2 θ
Portanto, com o objetivo de achar a solução para a equação de Einstein, usamos a métrica
para calcular as componentes do Tensor de Ricci Rµν [6]. Primeiramente, precismos calcular
as componentes da conexão. Assim, os termos não nulos serão
1 1
Γ001 = Γ010 = ∂r A, Γ122 = −re−B , Γ233 = − sin(2θ),
2 2
1 1 (A−B) −B 1
Γ00 = e ∂r B, Γ33 = −re sin θ, Γ31 = Γ313 = ,
1 2 3
2 r
1 1 2 2 1 2 2 1
Γ11 = ∂r B, Γ21 = Γ12 = , Γ32 = Γ23 = .
2 r tan θ
Dessa maneira, podemos substituir as componentes da conexão no tensor de Ricci. Fazendo
esse procedimento, encontraremos os únicos termos não nulos, quais sejam
!
1 1 1 1
R00 = −eA−B ∂r ∂r A − ∂r A∂r B + (∂r A)2 + ∂r A , (3.8)
2 4 4 r
1 1 1 1
R11 = ∂r ∂r A − ∂r A∂r B + (∂r A)2 + ∂r A, (3.9)
2 4 4 r
" #
−B r
R22 = e 1 + (∂r A − ∂r B) − 1, (3.10)
2
Rµν = 0. (3.12)
Desse modo, vamos igualar todas as expressões para as componentes do tensor de Ricci a
zero e trabalharemos com um sistema de equações. Fazendo essa igualdade, teremos uma
relação entre as equações (3.8) e (3.9) dada por
∂r A = −∂r B (3.13)
30
A = −B + κ, (3.14)
A = −B. (3.15)
eA (1 + r∂r A) = 1. (3.16)
∂r (reA ) = 1. (3.17)
reA = r − κ (3.18)
e assim
κ
eA = 1 − (3.19)
r
onde κ é uma constante de integração. Podemos partir da definição para a função A(r)
vista anteriormente, onde ela seria equivalente a 2Φ. Dessa maneira, podemos achar um
valor para o potencial gravitacional Φ realizando o seguinte procedimento
!
1 κ
Φ = ln 1 − . (3.20)
2 r
Utilizando a expansão em série
∞
X xn
ln(1 − x) ≈ − (3.21)
n=1 n
κ = 2M. (3.23)
As equações geodésicas para essa ação pode ser escritas diretamente levando-se
em conta os sı́mbolos de Christoffel não nulos. A equação da geodésica, dada pela equação
(2.45), fornece um conjunto de quatro equações diferenciais acopladas, aparentemente
complexas dadas por
RS
ẗ = − ṙṫ, (3.30)
r(r − RS )
RS (r − RS ) 2 RS 2
2 2
r̈ = − ṫ + ṙ − (r − RS ) θ̇ + sin θ ϕ̇ , (3.31)
2r3 2r(r − RS )
2
θ̈ = − θ̇ṙ + sin θcosθϕ̇2 , (3.32)
r
2
ϕ̈ = − ϕ̇ṙ − 2 cot θθ̇ϕ̇. (3.33)
r
∂ϕ L = 0, (3.36)
ℓ = r2 ϕ̇. (3.38)
E2 ṙ2 l2
− − 2 = 2L = −ϵ (3.39)
1 − 2M/r 1 − 2M/r r
Por outro lado, de uma maneira mais geral associada aos dois casos para geodésicas,
podemos mostrar um termo representado por um potencial efetivo a partir do momento
que consideramos uma função r(ϕ). Assim, podemos escrever
!2
1 dr
+ V (r) = ε (3.44)
2 dτ
onde
1
ε = (E 2 − ϵ), (3.45)
2
e
GM ℓ2 GM ℓ2
V (r) = −ϵ + 2− . (3.46)
r 2r r3
Figura 3.1 – Órbita circular, onde a linha vermelha representa ε = V (rmin ). Figura
gerada usando o Software Mathematica (https://demonstrations.wolfram.-
com/GeodesicsInSchwarzschildSpace/)
Figura 3.2 – Trajetória onde a partı́cula é presa no potencial e a linha vermelha é repre-
sentada por ε >> V (rmáx ). Figura gerada usando o Software Mathematica
(https://demonstrations.wolfram.com/GeodesicsInSchwarzschildSpace/)
35
Figura 3.4 – Órbita de espalhamento, onde a linha vermelha representa V (rmáx ) >
ε > 0. Figura gerada usando o Software Mathematica (https://demonstra-
tions.wolfram.com/GeodesicsInSchwarzschildSpace/)
Dessa forma, pode-se notar que o intervalo medido por este novo observador
é infinito em r = RS . Neste contexto, r = 0 e r = Rs são regiões conhecidas como
singularidades. A singularidade r = 0 não tem a interpretação de um ponto no espaço.
Por outro lado, O raio r = Rs é denominado raio de Schwarzschild, o qual caracteriza
uma região limite denominada horizonte de eventos, a partir da qual nada consegue
escapar. Para o observador no infinito, a partı́cula parece se aproximar, mas nunca cruzar
completamente o horizonte de eventos.
2
Neste caso, consideraremos a condição de que E 2 < 1. Assim, temos que a derivada
du
dϕ
será igual a uma função de u, onde essa função é dada por
2M 1 − E2
f (u) = 2M u3 − u2 + u − . (3.53)
ℓ2 ℓ2
Analisando a equação acima, nota-se que podemos encontrar as equações para as geodésicas
definindo as raı́zes da função. Resolvendo a equação acima usando o método de soma e
produto de raı́zes, observamos a existência de diferentes casos.
Dados os valores de E e ℓ, temos que as raı́zes da função, u1 , u3 e u3 se relacionam
por 0 < u1 < u2 < u3 , onde consideramos duas orbitas diferentes, limitadas por u1 ≤ u ≤ u2
e u ≥ u3 , respectivamente chamadas de órbitas de primeiro tipo e segundo tipo. Adotamos
um caso onde a órbita do primeiro tipo é uma órbita circular estável, enquanto que a
órbita do segundo tipo mergulha na singularidade.
Para o caso de raı́zes distintas, podemos encontrar [9]
1 1 1 2
u1 = (1 − e), u2 = (1 + e), u1 = − (3.54)
l l 2M l
onde l é o parâmetro conhecido como latus rectum 2 e e é a excentricidade3 . Usando a
condição de que u1 ⩽ u2 ⩽ u3
1 M
≤ = µ, (3.55)
2(3 + e) l
onde µ é um novo parâmetro. Dessa forma, podemos escrever
1−e 1+e 1 2
f (u) = 2M u − u− u− + . (3.56)
l l 2M l
2
Nas órbitas elı́pticas, o latus rectum é um segmento de reta especı́fico relacionado à distância entre
o foco da elipse e a própria elipse. O formato das órbitas elı́pticas, e assim, o latus rectum, pode ser
influenciado pela intensidade da curvatura do espaço-tempo ao redor do objeto massivo.
3
No contexto newtoniano, a excentricidade é um parâmetro da elipse que mede a diferença entre o
semieixo maior e menor da elipse (quando e = 0, a elipse é um cı́rculo). Por outro lado, no contexto da
relatividade geral, como as órbitas não são exatamente elı́pticas, o conceito de excentricidade é usado de
maneira aproximada
37
1 1 2
1 − E2 1
= 1 − µ(3 + e ) , = 2 (1 − 4µ)(1 − e2 ). (3.57)
ℓ2 lM ℓ 2 l
!2
dχ 1
2
= 1 − 6µ + 2µe − 4µe cos χ . (3.59)
dϕ 2
onde rc é um valor constante para o raio. Com essas informações, vamos obter
ℓ √
rc = ℓ ± ℓ2 − 12ℓ2 . (3.64)
2M
l = 2M (3 + e). (3.65)
38
2M (3 + e) 2M (3 + e)
r1 = , r2 = . (3.66)
1−2 1+e
Realizando um procedimento análogo ao iniciado na equação (3.61), obteremos os valores
1 1
ϕ = − √ ln tan χ . (3.67)
µe 4
Quando consideramos o caso onde u2 < u3 , a equação (3.65) pode ser encontrada.
Além disso, as relações dadas em (3.57) serão escritas como
ℓ2 (3 + e2 ) e2 − 1
= 4 , E2 − 1 = . (3.71)
M2 (3 − e)(e + 1) 9 − e2
onde
π
Z
2 dγ
K(k) = q . (3.74)
0 1 − ,2 sin2 γ
As equações acima descreve uma órbita não limitada, onde uma partı́cula massiva
se aproxima do buraco negro, vindo do infinito e depois parte para o infinito após a
trajetória ter sido alterada pela interação com o Buraco Negro. Da mesma forma, quando
u2 = u3 , a solução dada na equação (3.67) é válida, mas o novo intervalo de χ deve ser
levado em consideração.
Dessa maneira, a trajetória da partı́cula sem massa pode ser dividida em três
casos. Podemos considerar um caso associado a órbitas circulares, ε = V (rmáx ), onde as
partı́culas descrevem órbitas instáveis.
O segundo se trata das órbitas de espalhamento, onde temos que V (rmáx ) > ε.
Neste caso, a partı́cula entra em contato com o potencial e recua para o infinito, causando
uma deflexão luminosa. O ultimo caso, dado para ε > V (rmáx ) se trata de partı́culas que
irão espiralar e seguir na direção do buraco negro. As órbitas para partı́culas sem massa
podem ser visualizadas nas Figuras a seguir
Figura 3.5 – Órbita circular de partı́culas não-massivas, onde a linha vermelha é repre-
sentada por ε = V (rmáx ). Figura gerada usando o Software Mathematica
(https://demonstrations.wolfram.com/GeodesicsInSchwarzschildSpace/)
40
Figura 3.6 – Órbita onde as partı́culas são presas no potencial, e a linha vermelha é
representada por ε > V (rmáx ). Figura gerada usando o Software Mathematica
(https://demonstrations.wolfram.com/GeodesicsInSchwarzschildSpace/)
Dado que para uma partı́cula sem massa, temos que ϵ = 0, assim a trajetória
estará associada às raı́zes da seguinte função [9]
E2
f (u) = − u2 + 2M u3 . (3.76)
ℓ2
A solução para essa equação será dada seguindo as condições
E2
u1 u2 u3 = − , (3.77)
2M ℓ2
e
1
u1 + u2 + u3 = , (3.78)
2M
onde M > 0 e E 2 /ℓ2 > 0. Dado que na equação (3.77) temos um resultado negativo e
real, podemos adotar uma valor negativo para uma delas, como u1 e positivo para as
outras. Adotando a condição dada pela equação (3.78), isso só pode ser alcançado se u2
e u3 forem ambos positivos e reais ou, alternativamente, números complexos com partes
reais positivas.
41
1
u2 = u3 = . (3.83)
3M
Portanto, por meio dessas raı́zes podemos encontrar
2
1 1
f (u) = 2M u − u+ . (3.84)
3M 6M
2
du
Sabendo que a equação acima é equivalente a dϕ
, podemos chegar numa expressão para
u dada por
1 1 1
u=− + tanh2 (ϕ − ϕ0 ) , (3.85)
6M 2M 2
onde ϕ0 será uma constante de integração. Podemos realizar uma observação interessante
quando
1 1
tanh2 ϕ0 = . (3.86)
2 3
Nota-se que, com essa condição, u = 0 e r → ∞ quando ϕ = 0. Por outro lado,
tomando r = 3M , ϕ → ∞. Este caso descreve uma geodésica nula que espirala do infinito
e se aproxima do cı́rculo de raio 3M .
Em relação às trajetórias geodésicas descritas como as de primeiro tipo, usa-se
outra possı́vel combinação para os valores das raı́zes, as quais se relacionam seguindo a
condição u1 < u2 < u3 . Para este caso, temos os valores das raı́zes dados por [9]
P − 2M − Q
u1 = , (3.87)
4M P
1
u2 = , (3.88)
P
P − 2M + Q
u3 = , (3.89)
4M P
42
onde
Q − P + 6M
,2 =
2Q
. (3.96)
d2 χ µ µ
− Rσνρ uσ uν χρ = 0, (3.98)
dτ 2
43
1 rf ′ (r)
R212 =− , (3.104)
2
1 f (r)f ′ (r)
R010 = , (3.105)
2
1 rf ′ (r) sin2 θ
R313 =− , (3.106)
2
2 3 f (r)f ′ (r)
R020 =R030 = , (3.107)
2r
2
R323 = sin2 θ 1 − r2 f (r) . (3.108)
D2 χ1̂ f ′′ (r) 1̂ 2M 1̂
= − χ = 3 χ, (3.113)
Dτ 2 2 r
44
D2 χĵ f ′ (r) ĵ M
2
= − χ = − 3 χĵ , (3.114)
Dτ 2r r
onde j = 2, 3.
As equações anteriores descrevem o desvio geodésico de partı́culas no espaço-tempo
de Schwarzschild. Buscamos agora encontrar equações que representam as componentes do
vetor de separação das trajetórias geodésicas. Assim, notamos que as componentes desse
objeto podem sem escritas em termos da derivada radial, ou seja,
D2 χ1̂ f ′ (r) Dχ1̂ f ′′ (r) 1̂
E 2 − f (r) − + χ = 0, (3.115)
Dr2 2 Dr 2
onde c1 e c2 são constantes de integração. Além disso, pode-se obter a solução para as
componentes angulares. Portando, resolvendo a equação (3.117), obtemos
Z
dr
χĵ = r c3 + c4 1
, (3.118)
r2 (E 2 − f (r)) 2
4 CONCLUSÃO
Referências