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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS


FACULDADE DE FÍSICA

VICTOR FELIPE CRUZ VIEIRA

GEODÉSICAS E FORÇAS DE MARÉ NO ESPAÇO-TEMPO DE


SCHWARZSCHILD

BELÉM/PA
2023
VICTOR FELIPE CRUZ VIEIRA

GEODÉSICAS E FORÇAS DE MARÉ NO ESPAÇO-TEMPO DE


SCHWARZSCHILD

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade


de Fı́sica (FACFÍS) como parte dos requisitos necessários
para a obtenção do grau de Licenciatura em Fı́sica, pela
Universidade Federal do Pará.

Orientador: Prof. Dr. Rafael P. Bernar


Universidade Federal do Pará

BELÉM/PA
2023
VICTOR FELIPE CRUZ VIEIRA

GEODÉSICAS E FORÇAS DE MARÉ NO ESPAÇO-TEMPO DE


SCHWARZSCHILD

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade


de Fı́sica (FACFÍS) como parte dos requisitos necessários
para a obtenção do grau de Licenciatura em Fı́sica, pela
Universidade Federal do Pará.

DATA DE APROVAÇÃO: 18/12/2023

CONCEITO:

Prof. Dr. Rafael P. Bernar


Orientador - FACFIS/ICEN/UFPA

Prof. Dr. Caio Felipe Macedo


Membro - FACFIS/ICEN/UFPA

Prof. Dr. Isaac Torres Sales


Membro - FACFIS/ICEN/UFPA

BELÉM/PA
2023
Aos meus pais e a toda a minha famı́lia.
AGRADECIMENTOS

Gostaria de expressar minha profunda gratidão a todos que contribuı́ram para


a realização deste trabalho de conclusão de curso. Este é um momento especial que não
teria sido possı́vel sem o apoio e a colaboração de diversas pessoas que estiveram ao meu
lado ao longo desta jornada.
Primeiramente, quero agradecer ao meu orientador Prof. Dr. Rafael P. Bernar,
pela orientação valiosa, paciência e incentivo ao longo de todo o processo. Seu conhecimento
e orientação foram fundamentais para o desenvolvimento deste trabalho, sou imensamente
grato por todas a sua dedicação e por ter acreditado no meu potencial.
Agradeço também aos professores e colegas, bem como o aluno de doutorado
Renan Batalha, que coordenou o grupo de iniciação cientı́fica que fiz parte. Agradeço
por compartilharam seus conhecimentos e experiências, enriquecendo o meu aprendizado.
Cada interação contribuiu significativamente para a construção do conhecimento, e que
me ajudou a produzir este trabalho.
À minha mãe, Vanessa, meu agradecimento mais sincero. O seu apoio incondicional
foi a força que impulsionou minha jornada acadêmica. Suas palavras de encorajamento e
compreensão nos momentos desafiadores foram essenciais.
Aos amigos que conquistei no decorrer da graduação e que estiveram ao meu
lado, seja nos momentos de estudo intenso ou nos intervalos para recarregar as energias,
agradeço pela amizade e pelo suporte constante.
Por fim, agradeço a todas as fontes de inspiração que encontrei nos livros, artigos
e pesquisas que moldaram minha visão e enriqueceram meu trabalho.
Este é um capı́tulo muito importante na minha vida acadêmica, e é com profunda
gratidão que encerro este trabalho, ciente de que a jornada foi significativa graças ao apoio
de tantas pessoas.
“A matéria diz ao espaço como se curvar e o
espaço diz à matéria como se mover.” (John
Archibald Wheeler)
RESUMO

Este trabalho explora conceitos fundamentais sobre a teoria da relatividade geral, des-
tacando o estudo a respeito das trajetórias geodésicas, forças de maré, e suas aplicações
na solução de Schwarzschild. Nesta geometria, descremos buracos negros estáticos e esfe-
ricamente simétricos. As geodésicas consistem em trajetórias de objetos em queda livre,
restritos a influência apenas do campo gravitacional. A presença de uma força de maré, em
geral, fará com que as trajetórias geodésicas próximas sofram afastamento ou aproximação
relativos.

Palavras-chave: relatividade geral. curvatura. geodésicas. forças de maré.


ABSTRACT

This work explores fundamental concepts of the General Theory of Relativity, highlighting
the study of geodesic trajectories, tidal forces, and their applications in the Schwarzschild’s
space-time. In this geometry, we describe static and spherically symmetric black holes.
Geodesics consist of trajectories of objects in free fall, restricted to the influence only of
the gravitational field. The presence of a gravitational tidal force, in general, will cause
the geodesics trajectories to curve towards or away from each other.

Keywords: general relativity. curvature. geodesics. tidal forces.


LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 – Vetor sendo transportado em uma esfera. Figura retirada da Ref.[6] . . 20
Figura 3.1 – Órbita circular, onde a linha vermelha representa ε = V (rmin ). Figura ge-
rada usando o Software Mathematica (https://demonstrations.wolfram.-
com/GeodesicsInSchwarzschildSpace/) . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
Figura 3.2 – Trajetória onde a partı́cula é presa no potencial e a linha vermelha é re-
presentada por ε >> V (rmáx ). Figura gerada usando o Software Mathe-
matica (https://demonstrations.wolfram.com/GeodesicsInSchwarzschild-
Space/) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
Figura 3.3 – Órbita onde o periélio é mutável, e a linha vermelha é representada
por V (rmin ) < ϵ < 0. Figura gerada usando o Software Mathematica
(https://demonstrations.wolfram.com/GeodesicsInSchwarzschildSpace/) 35
Figura 3.4 – Órbita de espalhamento, onde a linha vermelha representa V (rmáx ) >
ε > 0. Figura gerada usando o Software Mathematica (https://demonstra-
tions.wolfram.com/GeodesicsInSchwarzschildSpace/) . . . . . . . . . . 35
Figura 3.5 – Órbita circular de partı́culas não-massivas, onde a linha vermelha é repre-
sentada por ε = V (rmáx ). Figura gerada usando o Software Mathematica
(https://demonstrations.wolfram.com/GeodesicsInSchwarzschildSpace/) 39
Figura 3.6 – Órbita onde as partı́culas são presas no potencial, e a linha vermelha é re-
presentada por ε > V (rmáx ). Figura gerada usando o Software Mathema-
tica (https://demonstrations.wolfram.com/GeodesicsInSchwarzschildSpa-
ce/) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
Figura 3.7 – Órbita de espalhamento de partı́culas não-massivas, onde a linha ver-
melha é representada por V (rmáx ) > ε. Figura gerada usando o Software
Mathematica (https://demonstrations.wolfram.com/GeodesicsInSchwar-
zschildSpace/) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

2 REVISÃO DA RELATIVIDADE GERAL . . . . . . . . . . . . . . . 12


2.1 Conceitos iniciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
2.1.1 Princı́pio da Equivalência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
2.1.2 Princı́pio da Relatividade Geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
2.2 Tensores do Espaço-tempo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
2.2.1 Intervalo invariante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
2.2.2 Tensor métrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.2.3 Tensor energia-momento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.3 Geometria Riemanniana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.3.1 Transporte Paralelo e Derivada Covariante . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.3.2 Geodésicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.3.3 Curvatura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.3.4 Forças de maré . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
2.4 Equação de campo de Einstein . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
2.4.1 Tensor e Escalar de Ricci . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
2.4.2 Identidades de Bianchi . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
2.4.3 Limite Newtoniano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.4.4 Cálculo da constante gravitacional κ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

3 SOLUÇÃO DE SCHWARZSCHILD . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
3.1 A métrica de Schwarzschild . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
3.2 Geodésicas na geometria de Schwarzschild . . . . . . . . . . . . . . . . 31
3.2.1 Para partı́culas massivas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
3.2.1.1 Solução para E 2 < 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
3.2.1.2 Solução para E 2 > 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
3.2.2 Para partı́culas não-massivas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
3.2.2.1 Em uma órbita crı́tica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
3.3 Forças de maré na geometria de Schwarzschild . . . . . . . . . . . . . 42

4 CONCLUSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
10

1 Introdução

A relatividade geral é uma teoria fı́sica bem estabelecida, especialmente após os


recentes avanços experimentais como, por exemplo, a detecção de ondas gravitacionais [1]
e a obtenção da primeira “foto” de um Buraco Negro [2]. É uma teoria que se originou a
partir de diversas reflexões, as quais tiveram como alicerce o trabalho de Isaac Newton
(1643-1727) por meio das observações feitas, anteriormente, por Galileu Galilei (1564-1642).
Newton, em seu famoso livro ”Princı́pios Matemáticos da Filosofia Natural” [3] expôs as
leis de movimento que consolidaram a base para a construção da Mecânica Clássica. Em
1905, Albert Einstein (1879-1955) propôs, em seu artigo intitulado ”Sobre a eletrodinâmica
dos corpos em movimento” [4], dois princı́pios fundamentais para a relatividade:
• As leis da fısica possuem a mesma forma em todos os referenciais inerciais;

• A luz, no vácuo, se propaga com velocidade determinada, independente do estado de


movimento da fonte.
A partir de seus postulados, Einstein aponta que as transformações de Galileu
encontram-se insuficientes para descrever o comportamento dos corpos de uma maneira
satisfatória. Dessa maneira, foram obtidas as chamadas transformações de Lorentz. Dentre
algumas de suas consequências, podemos citar a dilatação temporal, a contração espacial
e o efeito Doppler relativı́stico [5].
Na relatividade geral, é possı́vel descrever o comportamento de corpos em qualquer
sistema de referência, mesmo que acelerados. Isso nos permite introduzir efeitos gravitaci-
onais por meio de propriedades geométricas do espaço tempo, como a sua curvatura. O
campo gravitacional não dá origem a uma força propriamente dita, no sentido newtoniano.
O movimento é alterado devido ao encurvamento do espaço-tempo. O conteúdo de matéria
e energia neste espaço tempo é o fator que determina esta curvatura.
A dinâmica relativı́stica é a parte da teoria da relatividade (restrita ou geral)
que descreve como objetos se movem, dadas as causas do movimento, as quais podem ser
descritas por forças ou, no caso da relatividade geral, pela ação do campo gravitacional.
Nesse contexto, as geodésicas são trajetórias que descrevem o movimento livre de objetos
na ausência forças externas em um espaço-tempo curvo descrito pela teoria da relatividade
geral. Em outras palavras, as geodésicas representam o movimento mais natural de objetos
em um campo gravitacional. A dinâmica relativı́stica fornece, neste caso, as equações que
governam esse movimento.
As forças de maré são provocadas devido um campo gravitacional. Pode-se identi-
ficar a presença deste tipo de forças quando observamos duas partı́culas, em trajetórias
geodésicas vizinhas, sob influencia de um campo gravitacional [6]. A presença de uma força
de maré gravitacional fará com que as trajetórias curvem-se na direção ou distanciem-se
uma da outra, produzindo uma aceleração relativa entre os objetos. Este efeito será descrito
pela equação do desvio geodésicos, a qual veremos nas seções seguintes.
A compreensão da relatividade geral não apenas reformulou as bases da fı́sica,
mas também introduziu conceitos profundos sobre a natureza do espaço-tempo. A teoria
da relatividade geral, em conjunto com a relatividade especial, transformou a visão clássica
da gravidade, adotando uma interpretação geométrica e unindo os conceitos anteriormente
11

distintos de espaço e tempo. Neste contexto, destaca-se o modelo esfericamente simétrico


de Schwarzschild, que descreve um buraco negro estático, proporcionando uma arena ideal
para a exploração de geodésicas e forças de maré.
A teoria da relatividade especial, desenvolvida por Einstein em 1905, abordou
as limitações da relatividade galileana e estabeleceu as bases para a relatividade geral,
formalmente apresentada em 1915 com as equações de campo [7]. Em sequência, Karl
Schwarzschild, em 1916, encontrou a primeira solução das equações de campo destinada
ao exterior de uma distribuição esfericamente simétrica [8]. Essa solução forneceu um
ambiente propı́cio para investigar as trajetórias curvas, conhecidas como geodésicas, que
objetos em queda livre seguiriam nesse campo gravitacional singular.
Ao estudar a solução de Schwarzschild, é possı́vel interpretar conceitos como
singularidades, as quais são pontos onde a curvatura do espaço-tempo se torna infinita; e
horizontes de eventos, regiões que aprisionam até mesmo a luz, caracterizando os buracos
negros [9]. Esses fenômenos introduzem as observações a respeito da dinâmica orbital e
nas geodésicas próximas ao buraco negro.
Este trabalho, portanto, visa explorar os processos para obtenção das soluções
das equações de campo e a análise das geodésicas associadas a potenciais efetivos que
determinarão o modelo de trajetória. A compreensão desses fenômenos contribui para uma
visão mais profunda da teoria da relatividade geral, assim como um entendimento sobre as
interações entre geodésicas e forças de maré em espaços-tempos esfericamente simétricos.
Vale salientar que o sistema de unidades usado neste trabalho consiste no qual
a velocidade de propagação da luz no vácuo, c, e a constante gravitacional de Newton,
G, será tal que c = G = 1. Este sistema de unidades é comumente chamado de sistema
natural de unidades.
12

2 Revisão da Relatividade Geral

2.1 Conceitos iniciais

2.1.1 Princı́pio da Equivalência


O princı́pio da equivalência afirma que para experiências realizadas de maneira
local1 , os resultados serão os mesmos. Assim, um campo gravitacional de intensidade g fará
com que seja produzida uma aceleração g em todas as partı́culas do sistema. Para Newton,
o movimento das partı́culas, sobre influência desse campo, num determinado referencial O
seria equivalente à descrição de movimento em um outro referencial não-inercial O’ sem
campo gravitacional, que possui uma aceleração g em relação ao primeiro referencial. O
Principio da equivalência segundo Newton trata da similaridade entre essas duas situações
[10, 11, 12].
Para Albert Einstein, este princı́pio decorre da equivalência entre O e O’, para
todos os fenômenos fı́sicos. Einstein explicou este princı́pio usando um experimento mental
chamado de ”elevador de Einstein”. Esse experimento aponta que se temos um elevador
pequeno (implicando em um espaço local) e isolado, onde fazemos breves experimentos,
não existiria nenhum fator que implicasse que o experimento estaria acontecendo em um
local uniformemente acelerado ou sob influência gravitacional de um corpo maior e externo
ao elevador. Por outro lado, se propusermos um elevador suficientemente extenso, a força
gravitacional atuando em objetos muito distantes apontará radialmente para o centro do
corpo atrativo.
Pode-se justificar isso visto que o elevador está em queda livre no campo gravita-
cional e, localmente, todos os corpos em seu interior estarão em queda livre da mesma
forma. Assim, observa-se a equivalência entre corpos em queda livre e fora da ação de
campos gravitacionais. Dessa maneira, no interior do elevador, podemos considerar uma
partı́cula luminosa que viaja de uma parede para outra. Quando notamos que o elevador
está em movimento acelerado, a partı́cula terá sua trajetória descrita por um curva a qual
sofreu um desvio, no decorrer do seu movimento.
Visto que a trajetória da partı́cula pode ser observada como uma curva, Einstein
foi motivado a atribuir uma interpretação geométrica para a teoria da gravidade [13].
Dessa maneira, pode-se perceber que a interpretação newtoniana para este caso não seria
o suficiente, visto que a interação gravitacional entre os corpos é associada às massas dos
mesmos, e dessa maneira o desvio luminoso não deveria existir.

2.1.2 Princı́pio da Relatividade Geral


O Princı́pio da Relatividade Geral afirma que as leis da fı́sica devem ser as mesmas
para todos os observadores. Sua postulação serviu como uma das principais motivações
para Albert Einstein generalizar a teoria da Relatividade Especial [14]. Notamos que em
um sistema de coordenadas arbitrário, a métrica do espaço-tempo não possuirá mais a
forma da métrica de Minkowski. Ao enunciarmos as leis fı́sicas usando essa forma mais geral

1
Definimos que experiências são realizadas localmente quando a região espaço-temporal é pequena
quando comparada com outras escalas do problema.
13

da métrica, não estamos privilegiando os observadores inerciais. Quando não privilegiamos


nenhum observador inercial, o princı́pio a seguir é um excelente auxı́lio.
Vale salientar o Princı́pio da Covariância Geral, o qual é associado ao anterior.
Ele afirma que todas as leis da fı́sica devem ser expressas na forma tensorial [15]. Assim,
é possı́vel demonstrar a invariância das leis que regem a fı́sica a partir de mudanças de
coordenadas arbitrárias.

2.2 Tensores do Espaço-tempo

Na teoria da relatividade geral, usamos um conceito matemático conhecido como


variedade para representar um espaço-tempo curvo. A noção de variedade diferencial
formaliza o conceito de um espaço que, localmente, é como um espaço euclidiano. 2
No contexto da relatividade geral, utilizarmos um formalismo matemático repre-
sentado pela notação indicial. Por tratarmos de coordenadas arbitrárias de uma variedade,
a notação indicial nos permite manipulações envolvendo matrizes importantes associadas
à teoria, como a matiz métrica. E assim, existe uma facilidade maior em trabalhar com
objetos matemáticos tensoriais, os quais possuem diversas componentes.

2.2.1 Intervalo invariante


Pelas transformações de Lorentz na Relatividade Especial [16], sabe-se que exite um
objeto matemático chamado Elemento de Linha o qual é invariante sob estas transformações,
para que o segundo postulado da relatividade [4] seja respeitado, Herman Minkowski propôs
que o intervalo invariante fosse dado por [7]

ds2 = c2 dt2 − dx2 − dy 2 − dz 2 . (2.1)

Dessa forma, Einstein assume a invariância da velocidade da luz, e espaço e tempo


passam a ser interligados através deste elemento. Pode-se usar a convenção do sistema
natural de unidades para considerar a velocidade da luz c = 1. De outra maneira, também
podemos usar coordenadas generalizadas xµ , onde µ = {0,1,2,3} representa as coordenadas
envolvidas no sistema. Assim, podemos escrever a equação (2.1) na forma

ds2 = gµν dxµ dxν . (2.2)

Para que as equações anteriores sejam equivalente, foi preciso usar um artifı́cio
denominado Convenção de Einstein, visto que existe uma soma implı́cita na expressão
quando nos atentamos aos ı́ndices repetidos, e não havendo a necessidade de acrescentar
sı́mbolos de somatório na equação. Podemos voltar à equação (2.2) quando escrevemos o
tensor métrico gµν como uma matriz diagonal dada por

−1 0 0 0
 
 0 1 0 0
gµν = . (2.3)
 
 0 0 1 0
0 0 0 1

2
Assumimos que o leitor tenha conhecimento prévio a respeito de geometria diferencial e variedades
diferenciais. A um leito interessado, o direcionamos à Ref.[6].
14

2.2.2 Tensor métrico


Para mostrar que o tensor métrico gµν de fato é um tensor, precisamos considerar
algumas propriedades [17]. Primeiramente, notamos que o tensor métrico é simétrico.
Assim, pode-se fazer uma mudança de base nas componentes utilizando uma manipulação
diferencial da seguinte forma
∂xµ ∂xν ′ρ ′σ
ds2 = gµν dx dx . (2.4)
∂x′ρ ∂x′σ
Sabendo que ds2 é invariante, associamos a mudança de base nas componentes como uma

mudança no tensor, de tal maneira que podemos escrever o tensor métrico como gρσ [16].
Dessa forma, temos

′ ∂xµ ∂xν
gρσ = gµν . (2.5)
∂x′ρ ∂x′σ

2.2.3 Tensor energia-momento


O tensor energia-momento fornece quantitativamente as densidades e os fluxos de
energia e momento gerados pelas fontes presentes no espaço e que determinarão a geometria
do espaço-tempo. Sabemos que o conteúdo de matéria e energia de um objeto podem ser
quantificado de maneiras distintas, dependendo do referencial considerado. Dessa maneira,
podemos associar o conceito de momento e energia ao contexto relativı́stico. Um exemplo
que podemos citar é onde em um referencial S’, temos apenas conteúdo de densidade de
energia. Porém em outro, como S, que se move em relação ao primeiro teremos um fluxo
de energia. Assim, cabe assumir a existência de um objeto matemático que inclua essas
propriedades. Portanto, pode-se definir o Tensor energia-momento T µν [16].
As componentes do tensor energia-momento num dado referencial possuem a
seguinte interpretação [16]:
i) a componente T 00 representa a densidade de energia em cada ponto;
ii) as componentes T 0i representam o fluxo de energia na direção i;
iii) as componentes T ij representam o fluxo da componente i do momento na direção j,
associadas às tensões de cisalhamento e pressões.

2.3 Geometria Riemanniana

2.3.1 Transporte Paralelo e Derivada Covariante


Antes de conceituar apropriadamente geodésicas, é preciso apresentar a noção de
transporte paralelo, o qual é uma estrutura que definimos na variedade que nos permite
relacionar objetos geométricos, definidos em pontos diferentes. Quantidades como, por
exemplo, vetores, pertencem a espaços vetoriais definidos ponto a ponto; e neste caso,
estes espaços são chamados de planos tangentes [6]. Em princı́pio, o espaço vetorial em um
ponto P não possui qualquer relação com o espaço vetorial em um outro ponto Q. Diante
disso, quando buscamos comparar quantidades geométricas em pontos distintos, será a
noção de conexão (ou transporte paralelo) que permite esta comparação.
Para comparar vetores em pontos diferentes, vamos considerar um sistema de
coordenadas arbitrário na variedade. Consideremos uma curva C que passa pelos pontos P
e Q, os quais são parametrizados, respectivamente, por λ e λ+δλ. Um vetor v, inicialmente
15

localizado no plano tangente de P, é transportado paralelamente ao ponto Q ao longo da


curva C, e as caracterı́sticas que este vetor irá assumir serão dependente da conexão.
O objetivo de uma conexão, definida na variedade [18], é conectar planos tangentes
vizinhos. Assim, pode-se dizer que essa estrutura determina o que acontece com as
componentes dos vetores de base após o transporte, visto que os vetores dispostos em
diferentes espaços tangentes possuem bases vetoriais diferentes, próprias de cada espaço
tangente.
Para generalizar o processo de transporte paralelo em espaços curvos [16], vamos
usar como motivação o que ocorre no espaço plano. Genericamente, para que um vetor
v se mantenha constante ao longo de uma curva C(λ), sua derivada será mantida nula
durante o transporte. Dessa forma, devemos ter
dv
= 0. (2.6)

No espaço plano, em um sistema de coordenadas cartesianos, isto significa que as
componentes do vetor não devem variar com o parâmetro λ ao longo da curva, logo temos
que
uµ ∂µ v ν = 0, (2.7)
onde uµ representa as componentes do vetor tangente a curva.
Contudo, em um espaço curvo (ou no espaço plano em um sistema de coordenadas
curvilı́neo), é preciso modificar a equação acima, substituindo a derivada parcial por uma
derivada mais geral, a qual codificará a estrutura de transporte paralelo imposta sobre a
variedade, de maneira que
uµ ∇µ v ν = 0. (2.8)

A derivada ∇µ é chamada de derivada covariante e veremos que esta quantifica a


(possı́vel) mudança dos vetores de base quando nos deslocamos sobre a curva parametrizada.
A derivada covariante é caracterizada como a generalização da derivada parcial,
utilizada em variedades diferenciáveis. Dado um campo vetorial contravariante v, podemos
expressá-lo em função de sua base da seguinte forma:
v = v µ eµ , (2.9)
onde v µ são as componentes do vetor e eµ são os vetores da base vetorial. Ao realizar
uma derivada sobre objetos geométricos, como vetores, é preciso observar que os vetores
tangente à curva variam ponto a ponto.
Dessa maneira, é possı́vel observar que, mesmo assumindo que o campo vetorial é
constante em relação a curva, os seus vetores de base ponto a ponto não serão os mesmos
[6]. Para exemplificar isto, vejamos o que acontece ao derivarmos o vetor ⃗v em relação a
uma das coordenadas,
∂ (v µ eµ ) ∂v µ ∂eµ
ν
= ν
eµ + v µ ν . (2.10)
∂x ∂x ∂x
Nota-se que é preciso considerar uma variação na base vetorial, como mostra o
segundo termo após a igualdade. É justamente neste ponto que definimos a estrutura
geométrica chamada de conexão.
16

Assim, é importante apresentar uma relação entre diferentes vetores ou campos


vetoriais, localizados em pontos distintos na variedade. Esta relação, definida pela conexão,
é dada na tentativa de comparar as componentes da base de vetores em diferentes planos
tangentes. Desta forma, podemos definir a conexão de maneira que
∂eµ
ν
= Γβµν eβ , (2.11)
∂x
onde Γβµν representam os coeficientes da conexão.
Assim, usando a noção usual de derivada, podemos definir uma derivada covariante
ao longo de uma curva parametrizada por λ como
dxν ∂v µ
!
dv ν µ
= ẋ ∇ν v = ν
+ Γµβν v β eµ . (2.12)
dλ dλ ∂x
O termo entre parênteses na equação (2.12), no lado direito da segunda igualdade, denota
os componentes da derivada covariante de um vetor, qual seja
∂v µ
∇ν v µ =ν
+ Γµβν v β . (2.13)
∂x
Pode-se obter derivadas covariantes de quantidades representadas por covetores. Conside-
rando que a contração de um vetor v com um covetor w resulta em um escalar, e seguindo
a propriedade de que sua derivada covariante é igual a sua derivada parcial, podemos usar
a regra da derivada do produto para calcular
 
∇µ (wα v α ) = v α ∇µ wα + wα ∇µ v α = wα ∂µ v α + Γαµβ v β + v α ∇µ wα . (2.14)
Sabendo que, neste caso, a derivada covariante é equivalente à derivada parcial, vamos
reescrever a equação, de modo que
wα ∂µ v α + v α ∂µ wα = wα ∂µ v α + wα Γαµβ v β + v α ∇µ wα . (2.15)
Simplificando a equação (2.15) e somando os ı́ndices mudos, vamos obter as componentes
da derivada covariante de um covetor, qual seja
∇µ wα = ∂µ wα − wβ Γβµα . (2.16)
A derivada covariante de tensores de ordens superiores pode ser calculada usando um
procedimento análogo ao usado acima para covetores. Por exemplo, se quisermos calcular
a derivada de um tensor de segunda ordem Tαβ , consideramos a sua contração com um
vetor genérico V α resultando em um covetor ωβ = Tαβ V α . Para calcular a derivada deste
covetor, basta usar a regra de Leibniz para obter a derivada de Tαβ , dada por
∇ν Tαβ = ∂ν Tαβ − Γραβ Tρβ − Γρβν Tβρ . (2.17)
No contexto da Relatividade Geral, a equação que descreve a chamada condição de
compatibilidade da conexão com a métrica é dada por [16]
∇ν gρµ = 0. (2.18)
Na Relatividade Geral, a equação (2.18) é vista como um postulado. Se a equação da
compatibilidade da métrica, dada em (2.18), for satisfeita, as componentes da conexão
serão dadas por
1
Γβµν = g αβ (∂ ν g βµ + ∂ µ g βν − ∂ β g µν ) . (2.19)
2
17

2.3.2 Geodésicas
No Espaço Euclidiano, a curva descrita por uma reta caracteriza o caminho mais
curto entre dois pontos. Além disso, é a única onde é possı́vel transportar paralelamente o
seu próprio vetor tangente. Na Relatividade Geral, o conceito de geodésicas será obtido
fazendo a generalização do conceito de “reta”, visto que o mesmo será aplicado em espaços
curvos [19]. Primeiramente, podemos encontrar a equação da geodésicas, a partir da noção
de transporte paralelo. Como citado anteriormente, uma curva parametrizada por λ pode
ser definida como geodésica ao transportar paralelamente o seu próprio vetor tangente.
Assim, a derivada do vetor tangente ao longo desta curva será
duµ
= uν ∇ν uµ , (2.20)

µ
onde uµ = dx dλ
representa o vetor tangente. Logo, buscamos obter uma curva que mantenha
sua direção constante, ou seja, a taxa com que um vetor tangente varia ao longo da curva
terá que ser proporcional ao próprio vetor, de maneira que

uν ∇ν uµ ∝ uµ . (2.21)

Entretanto, é possı́vel mostrar que sempre existe uma reparametrização λ → γ(λ) tal que
o novo vetor tangente a curva[20], dado por
dxµ
wµ = (2.22)

se mantenha constante ao longo da mesma. Portanto, a derivada covariante deste vetor
será descrita como

ν µd 2 xµ µ
β dx dx
ν
w ∇ν w = + Γµν = 0. (2.23)
dγ 2 dγ dγ
A equação (2.23) acima descreve a equação da geodésica. Se o parâmetro γ é tal que
a equação da curva geodésica é descrita pela equação (2.23) e não pela equação (2.21),
chamamos este de parâmetro afim. É importante salientar que, dado um parâmetro afim
λ, todo novo parâmetro γ que seguir a regra

γ = aλ + b, (2.24)

também será chamado de parâmetro afim.


Podemos calcular a equação da geodésica seguida por uma partı́cula usando o
calculo variacional [21]. Dessa maneira, podemos considerar uma curva que extremiza a
distância entre dois pontos. Considerando uma curva parametrizada por λ, podemos definir
dois pontos nessa curva localizados em xµ e xµ + dxµ , respectivamente. O comprimento
do arco entre esses dois pontos é descrito pela integral de ds, que por sua vez é
q
ds = gµν dxµ dxν . (2.25)

Assim podemos obter a distância entre P1 (xµ ) e P2 (xµ + dxµ ) por meio de
ZP2
S= ds, (2.26)
P1
18

em que S é o comprimento de arco. A partir disso, é possı́vel parametrizar a curva


entre esses pontos por meio de um parâmetro λ. Assim, definimos os pontos descritos
anteriormente agora como P (λ1 ) e P (λ2 ), de maneira que

Zλ2 q
S= gµν ẋµ ẋν dλ. (2.27)
λ1

Temos então uma Lagrangiana L(xµ ,ẋµ ), dependente das coordenadas, dada por
q
L= gµν ẋµ ẋν . (2.28)

A lagrangiana acima deve ser minimizada (extremizada) para obtermos a curva em questão.
Este é um problema clássico do cálculo variacional. Para isto, consideramos uma deformação
da curva xµ (λ) tal que

xµ (λ) → xµ (λ) + δxµ (λ), (2.29)

com esta deformação sendo nula nos extremos, de maneira que

δxµ (λ1 ) = δxµ (λ2 ) = 0. (2.30)

Temos, a partir da equação anterior,R que a curva é o caminho de comprimento extremo


[21], portanto, vamos assumir que δ ds = 0.Assim, a variação da ação será

ZP2 ZP2 !
∂L µ ∂L
δS = δLdλ = µ
δ ẋ + µ δxµ dλ = 0. (2.31)
∂ ẋ ∂x
P1 P1

Realizando uma integração por partes e observando que as derivadas em relação às
coordenadas generalizadas se anulam nos extremos, obtemos [21]

ZP2 " ! #
∂L µ d ∂L
µ
δx − µ
δxµ dλ = 0. (2.32)
∂x dλ ∂ ẋ
P1

Para que a equação acima seja verdadeira, assumimos que o diferencial dλ e a deformação
δxµ possuem valores arbitrários. Assim,
!
∂L d ∂L
µ
− = 0. (2.33)
∂x dλ ∂ ẋµ

Dessa forma, obtivemos a equação de Euler-Lagrange para Geodésicas [21].


Agora, usamos a Lagrangiana do sistema, já citada anteriormente. Logo, substi-
tuindo L em cada termo da equação (2.33),
∂L µ ν

ν µ µ ν

= ∂ρ (gµν ẋ ẋ ) = gµν ẋ δ ρ + ẋ δ ρ = 2gµρ ẋµ , (2.34)
∂xρ
Derivando agora em relação a λ, temos
!
d ∂L d
= (2gµν ẋµ ) = 2 (∂ν gµν ) ẋµ ẋν + gµν ẍµ . (2.35)
dλ ∂ ẋρ dλ
19

Finalmente, organizando os termos de acordo com a equação de Euler-Langrange,

∂ρ gµν ẋµ ẋν − 2∂ν gµν ẋµ ẋν − 2gµν ẍµ = 0. (2.36)

A partir disso, é conveniente usar a propriedade de que a métrica do sistema possui ı́ndices
simétricos [6], portanto, no segundo termo da equação (2.36) podemos usar a seguinte
propriedade
1
∂ν gµρ = (∂ν gµρ + ∂µ gνρ ) . (2.37)
2

Substituindo a equação (2.37) em (2.36), obtemos


1
gµρ ẍµ + (∂ν gµρ + ∂µ gνρ − ∂ρ gµν ) ẋµ ẋν = 0. (2.38)
2
Assim, ao multiplicar a equação (2.38) por g φρ , o contexto da Relatividade Geral, observa-
mos que o segundo termo da nova equação é dado em função de uma conexão. Portanto,
obtemos

ẍφ + Γφµν ẋµ ẋν = 0 (2.39)

onde Γφµν é o sı́mbolo de Christoffel. Assim, podemos ver que a curva de comprimento
extremo é equivalente a curva geodésica, devido a condição de compatibilidade da métrica
expressa na equação (2.18). A equação (2.39) acima descreve a trajetória de uma partı́cula
“livre”, sujeita somente à ação do campo gravitacional.

2.3.3 Curvatura
Foi mencionado anteriormente que o espaço-tempo é observado como localmente
plano com o intuito de desenvolver o estudo de variedades, sem referência explı́cita à
curvatura. No contexto deste estudo, nota-se a existência de dois tipos de curvatura:
intrı́nseca e extrı́nseca [6]. Especificamente, na Relatividade Geral, vamos investigar a
curvatura intrı́nseca do espaço-tempo.
É utilizado um objeto chamado Tensor de Curvatura (ou Tensor de Riemann)
para quantificar a curvatura do espaço. Este tensor é construı́do a partir da conexão.
Observando o caso de um vetor sendo transportado paralelamente por um circuito
fechado em uma esfera, descrito na Figura (2.1), o vetor transportado difere do vetor
inicial.
20

Figura 2.1 – Vetor sendo transportado em uma esfera.


Figura retirada da Ref.[6]

Nesse sentido, a transformação depende da curvatura total contida neste circuito.


Com o objetivo de obter a noção de curvatura pode ser exemplificada quando transportamos
paralelamente um vetor por um circuito fechado, como por exemplo uma esfera.
Considerando que o circuito é especificado por dois vetores infinitesimais Aµ e B ν ,
vamos transportar V µ na direção de Aµ , e em seguida de B ν . Seguindo agora o caminho
de volta, o vetor de v µ voltará ao ponto inicial. Dessa maneira, sabendo que o transporte
paralelo ao longo de um circuito fechado é independente de coordenadas, deve haver um
tensor que guarde a informação de como v µ será alterado após realizar o transporte. Este
objeto é chamado de Tensor de Curvatura.
Por envolver uma transformação linear de um vetor, teremos a presença de um
ı́ndice superior e outro inferior. Além disso, levando em conta que necessitamos dos vetores
que determinam o circuito fechado, será preciso de dois ı́ndices inferiores adicionais (ı́ndices
antissimétricos, visto que a troca desses ı́ndices corresponde em percorrer o circuito na
direção oposta). Portanto, a expressão para a variação que o vetor v µ sofre é dada por

δV ρ = Rσµν
ρ
V σ Aµ B ν , (2.40)
ρ
onde Rσµν é chamado de Tensor de Riemann [17]. Os próximos tópicos deste trabalho
tratarão de métodos para encontrá-lo e apontar suas propriedades.
Pode-se chegar na expressão para o tensor de Riemann por meio do comutador de
duas derivadas covariantes. Este método consiste em medir a diferença entre o transporte
paralelo de um tensor em um sentido primário e o transporte do mesmo num sentido oposto.
Em um espaço plano, em coordenadas cartesianas, as derivadas covariantes se reduzem a
derivadas parciais, as quais comutam quando aplicadas a qualquer tensor. Contudo, para
espaços curvos, o mesmo não ocorre. Logo, para um vetor arbitrário, temos

[∇µ ,∇ν ] V ρ = ∇µ ∇ν V ρ − ∇ν ∇µ V ρ (2.41)

= ∂µ (∇ν V ρ ) − Γµν
λ
∇λ V ρ + Γµσ
ρ
∇ν V σ − (µ ↔ ν) (2.42)
21

ρ ρ ρ λ ρ λ
= (∂µ Γνσ − ∂ν Γµσ + Γµλ Γνσ − Γνλ Γµσ )V σ = Rσµν
ρ
V σ, (2.43)

onde o tensor de Riemann é dado por


ρ ρ ρ ρ λ ρ λ
Rσµν = ∂µ Γνσ − ∂ν Γµσ + Γµλ Γνσ − Γνλ Γµσ . (2.44)

Portanto, temos que o tensor de Riemann será expresso a partir da conexão associada ao
espaço.
O Tensor de Curvatura é importante no chamado Desvio geodésico. A curvatura
pode ser visivelmente analisada quando tratamos como duas geodésicas próximas são
afetadas pela mesma, afastando-as ou aproximando-as. De outra forma, o comportamento
de duas geodésicas vizinhas ilustram o significado geométrico do tensor de curvatura.
Vamos considerar duas partı́culas em trajetórias geodésicas vizinhas, representadas por
xµ (τ ) e xµ (τ ) + δxµ (τ ), respectivamente, onde τ é o parâmetro afim. Logo, a equação
geodésica associada à primeira partı́cula é dada por

ẍµ + Γµαβ ẋα ẋβ = 0. (2.45)

Para a segunda, temos


 
ẍµ + δẍµ + Γµαβ (x + δx) (ẋα + δ ẋα ) ẋβ + δ ẋβ = 0. (2.46)

Subtraindo a equação (2.46) de (2.45) e expandindo em primeira ordem em δx e δ ẋ, temos

δẍµ + 2Γµαβ ẋα δ ẋβ + ∂γ Γµαβ δxγ ẋα ẋβ = 0. (2.47)

O objetivo é descobrir como o vetor de separação muda quando as partı́culas se


movem ao longo das suas trajetórias geodésicas. Assim, deve-se calcular a taxa de variação
de δxµ . Sabendo que

δ ẋµ = (uµ ∇µ δxν )eν , (2.48)

podemos definir uma quantidade vista como uma velocidade v µ = uµ ∇µ δxν e uma outra
quantidade vista como uma aceleração aµ = uµ ∇µ v µ , onde as mesmas mostram a mudança
do vetor de separação entre as curvas geodésicas. Logo, podemos calcular essa aceleração
da seguinte forma
dv α d  α   
aα = + Γαβγ uβ v γ = δ ẋ + Γαβγ uβ δxγ + Γαβγ uβ δ ẋγ + Γγσρ uσ δxρ . (2.49)
dτ dτ
Expandindo a equação (2.49), encontramos a seguinte expressão para a aceleração:

aα = −Rβγσ
α
uβ δxγ uσ , (2.50)

que consiste na equação para o desvio geodésico.


Vale salientar que, partindo do princı́pio de que, em um sistema de coordenadas
em que as componentes de métrica são constantes, o tensor de curvatura será nulo. Logo,
ρ
se temos ∂γ gµν = 0, portanto, Rσµν = 0.
Uma outra propriedade nos diz que podemos estudar o Tensor de curvatura em
um referencial localmente inercial, localizado em num ponto P com coordenadas x′µ .
22

Derivando a equação (2.12), temos


1
∂σ Γαµν = g αβ (∂ ν ∂ σ g βµ + ∂ µ ∂ σ g βν − ∂ β ∂ σ g µν ) , (2.51)
2
Como estamos tratando de um sistema de coordenadas localmente inercial, temos que
′α
Γµν (P ) = 0. (2.52)

e assim
′ ′ ′ 1 ′ ′ ′ 
Rαβµν = gαλ λ
Rβµν = ′
∂β ∂µ gαµ − ∂β′ ∂ν′ gαµ ′
+ ∂α′ ∂ν′ gβµ ′
− ∂αµ ′
gβν . (2.53)
2
Da equação (2.53), podemos verificar a expressão

Rαβµν = −Rβαµν = −Rαβνµ = Rµναβ , (2.54)

que nos permite escrever uma identidade dada por

Rαβµν + Rανβµ + Rαµνβ = 0. (2.55)

Portanto, podemos analisar a contagem de componentes independentes da seguinte


forma: as relações de simetria e anti-simetria de ı́ndices do tensor de curvatura nos permite
observá-lo como uma matriz R[αβ][µν] . Considerando o conjunto αβ e µν representados
ı́ndices individuais, conseguimos reduzir o número de componentes independentes. Em
seguida, podemos ver, por meio das equações (2.54) e (2.55), para casos onde os ı́ndices
de R são iguais, temos que Rααµν = 0. Por último, permutando os ı́ndices e seguindo as
propriedades de simetria, vemos que de 256 componentes, apenas 20 são independentes.

2.3.4 Forças de maré


Sabe-se que a força de maré é causada pela diferença na intensidade da gravidade
entre dois pontos, o que resulta na deformação da forma de um corpo em um campo
gravitacional [22]. Considere duas partı́culas massivas que não interagem entre si, em queda
livre em um campo gravitacional não uniforme. Em um referencial inercial, as equações
de movimento que descrevem o comportamento dessas partı́culas são dadas em termo do
potencial gravitacional Newtoniano ϕ, dadas, respectivamente por

d2 xγ γ
γβ ∂ϕ(x )
= −δ , (2.56)
dt2 ∂xβ
para a partı́cula principal e

d2 (xγ + χγ ) γ γ
γβ ∂ϕ(x + χ )
= −δ , (2.57)
dt2 ∂xβ
Análogo a o que foi falado anteriormente, χ ⃗ é um vetor de separação das trajetórias das
partı́culas. Para pequenas separações, o lado direito da equação (2.57) pode ser escrito em
primeira ordem como
γ
+ χγ ) γ
∂ϕ(xβ )
" ! #
γβ ∂ϕ(x γβ ∂ϕ(x ) ∂
−δ β
= −δ β
+ β χγ . (2.58)
∂x ∂x ∂x ∂xβ
23

Substituindo a equação anterior em (2.57) e, em seguida, subtraindo de (2.56), temos que


para pequenas variações, o variação do vetor de separação em relação ao tempo será dado
por

d2 χγ
" #
γβ ∂ 2ϕ
= −δ χγ . (2.59)
dt2 ∂xγ ∂xβ

Acima, temos a equação associada a força de maré newtoniana. Por meio dessa
expressão, podemos definir o tensor de maré não relativı́stico, dado por
" #
∂ 2ϕ
Eργ := δ γβ
, (2.60)
∂xγ ∂xβ

onde
d2 χ γ
= −Eργ χγ . (2.61)
dt2

Em seguida, precisamos estender o conceito de forças de maré para a teoria da


relatividade geral. Para isso, é necessário mostrar como no limite de campos fracos, o
tensor de maré fica codificado em algumas componentes do tensor de Riemann. Assim,
podemos definir o tensor de maré como [6]

Eνµ ≡ Rσρν
µ
uσ uρ , (2.62)

onde uσ é a 4-velocidade da partı́cula principal. Pode-se observar que utilizamos o fato de


que o tensor de curvatura é antissimétrico em seus últimos dois ı́ndices. O resultado (2.62)
é uma equação de tensor totalmente covariante e, portanto, vale em qualquer sistema de
coordenadas.
Suponha então um observador localizado na primeira partı́cula, cuja linha de
mundo xµ (τ ) passa por um evento P. Para calcularmos a aceleração de separação relativa
medida por esse observador, montamos um conjunto de vetores de base ortonormais eµ em
P, que definem o referencial instantâneo de repouso da primeira partı́cula neste evento.
Neste referencial ê0 ≡ û, onde ⃗u é a quadrivelocidade da partı́cula em P3 . Agora, basta
escolhermos outros vetores de base espaciais, de tal forma que teremos a relação

êµ · êν = ηµν . (2.63)

As componentes do vetor de separação com relação ao nosso referencia podem ser escritas
como

êµ · χ
⃗ = (êµ )ν χν , (2.64)

as quais nos dão as separações espaciais e temporal do ponto P e a um evento Q na linha


de mundo. No referencial local de repouso, a quadrivelocidade da primeira partı́cula é
somente ⃗u = (1,⃗0). Logo,

d2 χµ̂
= R0̂µ̂0̂γ̂ χγ̂. (2.65)
dτ 2
3
Nesta passagem, estamos usando o formalismos de tétrada. Para mais informações sobre esse tipo de
notação, olhar a Referência [6]
24

Da mesma forma, podemos trabalhar com um novo vetor ξ⃗ cuja componente na


direção de ê0 é sempre nula, ou seja, para o novo vetor de separação, a equação do desvio
geodésico se torna puramente espacial.
Por exemplo, a trajetória do centro de massa de um corpo rı́gido em queda livre é
uma geodésica tipo-tempo, mas tal caracterı́stica não se estende às outras partes do objeto.
As partı́culas que constituem o corpo rı́gido são compelidas a percorrer trajetórias ao longo
de curvas paralelas ao centro de massa, em vez de seguir geodésicas próximas. No entanto,
caso o corpo em questão não seja rı́gido, cada partı́cula seguirá uma geodésica tipo-tempo,
resultando na deformação do objeto. Note que, do ponto de vista da relatividade geral,
não há força alguma. Somente do ponto de vista newtoniano que consideramos que a
deformação é devido uma força. Dessa maneira, essa deformação é causada ela chamada
”força de maré”.

2.4 Equação de campo de Einstein

2.4.1 Tensor e Escalar de Ricci


Vimos que, pelo princı́pio da Equivalência sugere darmos um caráter geométrico à
interação gravitacional. Anteriormente, pela mecânica newtoniana, as interações gravitaci-
onais possuem como fonte as massas dos corpos presentes. Desse modo, quando analisada
do ponto de vista da Relatividade Geral, o objeto equivalente à massa inercial é um objeto
matemático chamado de tensor energia-momento T µν , e este representa a fonte do campo
gravitacional e, portanto, responsável pela curvatura do espaço-tempo. Assim, verificando
a ordem dos tensores associados à curvatura, surge a necessidade de contrair o tensor de
Riemann para a mesma ordem do tensor energia-momento.
O tensor de Ricci, ou escalar de Ricci, é obtido por meio da contração do tensor
curvatura, com o objetivo de encontrar um tensor de segunda ordem e simétrico. Para que
isso aconteça, usamos o tensor métrico, de forma que não resulte num escalar nulo. Dessa
maneira, vamos fazer a contração sob os pares de ı́ndices αµ, caso contrário, teremos um
valor nulo por conta da relação de anti-simetria dos outros ı́ndices. Assim, temos o tensor
de Ricci descrito por

Rβµ = g αµ Rαβµν . (2.66)

Por ser simétrico, este tensor pode assumir a forma: Rβµ = Rµβ . Além disso, pode
ser contraı́do com o tensor métrico para formar um escalar, dado por

R = g βµ Rβµ , (2.67)

que é chamado de Escalar de Curvatura.

2.4.2 Identidades de Bianchi


Uma outra propriedade envolvida nesse contexto são as identidades de Bianchi.
Vale demonstrar essas identidades num referencial localmente inercial, onde a conexão é
nula. Logo, podemos obter as identidades derivando o tensor de curvatura da seguinte
forma
1 ′ ′ ′ ′ 
∂λ′ Rαβµν

= ∂β ∂µ ∂λ gαµ − ∂β′ ∂ν′ ∂λ′ gαµ

+ ∂α′ ∂ν′ ∂λ′ gβµ
′ ′
− ∂α′ ∂µ′ ∂λ′ gβν ; (2.68)
2
25

A partir da equação anterior, podemos mostrar que



∂λ′ Rαβµν ′
+ ∂ν′ Rαβλµ ′
+ ∂µ′ Rαβνλ = 0. (2.69)

Transformando a equação (2.69) numa expressão tensorial, poderemos dizer que ela será
válida em qualquer referencial. Portando podemos escrevê-la em termos de derivadas
covariantes, ou seja,

∇λ Rαβµν + ∇ν Rαβλµ + ∇µ Rαβνλ = 0. (2.70)

A equação (2.70) é a identidade de Bianchi para o tensor de Riemann. A seguir, podemos


contrair a expressão anterior com a métrica, tal que, teremos

∇λ Rβν + ∇ν Rβλ + ∇µ Rαβνλ = 0. (2.71)

Contraindo novamente com a métrica, vamos obter

∇λ R + ∇ν Rνλ + ∇µ Rµλ = 0. (2.72)

Visto que os ı́ndices ν e µ são mudos, podemos mudá-los convenientemente de tal forma
que obteremos
!
σν 1
∇σ R − g σν R = 0. (2.73)
2

Vamos Definir o termo dentro do parentese na equação (2.73) como o tensor de Einstein.
Assim como o tensor energia-momento, o qual é conservado na forma covariante,

∇µ T µν = 0 (2.74)

este novo tensor obedecerá a relação

∇µ Gµν = 0. (2.75)

Portanto, nos resta definir uma relação entre esses dois tensores de tal forma que
ela seja uma generalização para a gravitação e exista a conexão entre as propriedades
geométricas dos espaço-tempo e caracterı́sticas gravitacionais dos objetos envolvidos. Essa
relação será dada por

Gµν = κTµν , (2.76)

onde κ será uma constante associada a equação de Einstein.

2.4.3 Limite Newtoniano


De acordo com a equação que relaciona o tensor de Einstein e o tensor energia-
momento, podemos fazer algumas aproximações aplicando o limite para mecânica newtoni-
ana com o objetivo de retornar para a equação de Poisson [16]. Nesse contexto, para um
regime de baixas velocidades, procuramos determinar o valor para a constante κ. Primeira-
mente, é possı́vel partir da equação da geodésica, usando o tempo próprio como parâmetro.
26

Assim, para o limite newtoniano, onde as velocidades são baixas, vamos considerar apenas
a componente temporal. Portanto, teremos
!2
d 2 xµ dt
2
+ Γµ00 = 0, (2.77)
dτ dτ

onde essa componente Γµ00 para a conexão é dada por


1
Γµ00 = − g µν ∂ν g00 . (2.78)
2

No limite newtoniano, a presença de um corpo massivo no sistema faz com que


seja necessário adicionar um termo que quantifique uma perturbação na métrica, ou seja,

gµν = ηµν + hµν , (2.79)

onde |hµν | << 1 é o termo que caracteriza a pertubação na métrica e ηµν é a métrica
de Minkowski. Usando a definição g µν gλν = δλµ e desconsiderando termos de ordem não
lineares em hµν , temos que hµν = −hµν . Portando, vamos obter

g µν = η µν − hµν . (2.80)

Podemos substituir a equação acima em (2.78) e aplicá-la na equação da geodésica


descrita em (2.77), de tal forma que obteremos
!2
d2 xµ 1 µν dt
+ − η ∂ ν h00 = 0. (2.81)
dτ 2 2 dτ

Assumindo que estamos num regime estático, pode-se considerar apenas as componentes
espaciais, dessa maneira, vamos escrever
!2
d2 xi 1 dt
2
= − ∂i h00 . (2.82)
dτ 2 dτ

Usando a regra da cadeia, obtemos

d2 xi 1
2
= − ∇h00 . (2.83)
dt 2

Se compararmos a equação acima com a equação de Poisson [6], descobrimos


valores para h00 e g00 , onde os mesmos serão escritos em função do potencial gravitacional
newtoniano, Φ, de tal maneira que teremos h00 = 2Φ e g00 = 1 + 2Φ.

2.4.4 Cálculo da constante gravitacional κ


É preciso determinar o valor para a constante κ para que possamos substituı́-la
na equação de campo de Einstein. Portanto, partindo da equação (2.73) e escrevendo em
termos do tensor e escalar de Ricci, vamos obter
1
Rµν − gµν R = κTµν . (2.84)
2
27

Se contrairmos a equação acima com a métrica g µν , vamos obter a igualdade R = −κT , a


qual é escrita em função do escalar de Ricci e do traço do tensor energia-momento. Assim,
se substituirmos na equação (2.84), vamos obter
!
1
Rµν = κ Tµν − gµν T . (2.85)
2

Considerando que ainda estamos no limite newtoniano, podemos considerar apenas as


componentes (00) para o tensor energia-momento. Assim, podemos escrever
1
R00 = κρ (2.86)
2
Em seguida, para encontrar o valor para R00 , utilizaremos a expressão para o tensor de
curvatura, escrito em temos das segundas derivadas da métrica. Nesse sentido, se usarmos
a métrica no regime newtoniano, a qual é dada na equação (2.79). Vamos obter
1
R00 = − (η ij − hij )∂i ∂j (η00 + h00 ). (2.87)
2

Assumindo que os termos de segunda ordem na perturbação podem ser descartados,


e que podemos considerar apenas as componentes espaciais da métrica de Minkowski,
temos como resultado
1
R00 = ∇2 h00 . (2.88)
2
Usando o valor encontrado anteriormente para h00 e substituindo na equação (2.67),
obtemos
1
∇2 Φ = κρ. (2.89)
2
Comparando com a equação de Poisson para a gravitação, descobrimos que a constante
será dada por κ = 8πG. De modo que possamos escrever, finalmente,
1
Rµν − gµν R = 8πGTµν . (2.90)
2

A expressão acima é a chamada equação de campo de Einstein para a gravitação, a


qual relaciona quantidades associadas à geometria do espaço-tempo e termos que guardam
informações sobre energia e momento da matéria presente nesse espaço.
28

3 Solução de Schwarzschild

Em 1915, Albert Einstein divulga suas equações de campo para uma teoria
relativı́stica da gravitação. Logo em seguida, em 1916, Karl Schwarzschild propôs a
primeira solução para essas equações. Schwarzschild trabalhou na solução para o caso no
vácuo e descreve um campo gravitacional na região exteriror a um corpo esférico, sem
carga elétrica e momento angular.

3.1 A métrica de Schwarzschild

A solução de Schwarzschild é uma solução de vácuo para as equações de campo


de Einstein. Sendo ela associada a uma distribuição de massa estática e esfericamente
simétrica. É importante relembrar que estamos usando o sistema natural de unidades.
No caso de um espaço-tempo esfericamente simétrico, o mesmo tem de ser invari-
ante sob qualquer rotação. No caso da solução de Schwarzschild, descrevemos o campo
fora de um corpo esfericamente simétrica e estática. Tratando desse caso, partiremos da
métrica de Minkowski em coordenadas esféricas, tal que o intervalo invariante ds2 seja

ds2 = −dt2 + dr2 + r2 dθ2 + r2 sin2 θdϕ2 . (3.1)

Veremos que a métrica acima será modificada por conta de presença de uma massa
M. Considerando que a parcela angular proporcionais a dθ2 e dϕ2 não irá se modificar,
teremos funções que modificarão as componentes dt2 e dr2 . Logo, teremos

ds2 = −fA (r)dt2 + fB (r)dr2 + r2 (dθ2 + 2sin2 θdϕ2 ). (3.2)

No limite newtoniano, temos a seguinte aproximação

g00 = 1 + 2Φ, (3.3)

para a primeira componente da métrica.


Assim, vejamos que a métrica descrita na equação (3.3) é capaz de de descrever o
resultado acima. Portanto, podemos assumir uma função A(r) tal que

fA (r) = eA(r) . (3.4)

Se A(r) = 2Φ, para um potencial gravitacional muito pequeno em comparação a


unidade, podemos realizar a aproximação para exponenciais [9], onde

e2Φ ≈ 1 + 2Φ. (3.5)


29

Do mesmo modo vamos adotar que fB (r) = eB(r) . Fazendo essas substituições,
teremos

ds2 = −eA(r) dt2 + eB(r) dr2 + r2 (dθ2 + 2 sin2 θdϕ2 ). (3.6)

Pelo elemento de linha, fica evidente que a métrica é dependente apenas das componentes
da diagonal principal. Assim, podemos expressar a matriz métrica como
 −A(r)
e 0 0 0

 0 eB(r) 0 0 
gµν = 
2

(3.7)
 0 0 r 0 
 

0 0 0 r2 sin2 θ

Portanto, com o objetivo de achar a solução para a equação de Einstein, usamos a métrica
para calcular as componentes do Tensor de Ricci Rµν [6]. Primeiramente, precismos calcular
as componentes da conexão. Assim, os termos não nulos serão
1 1
Γ001 = Γ010 = ∂r A, Γ122 = −re−B , Γ233 = − sin(2θ),
2 2
1 1 (A−B) −B 1
Γ00 = e ∂r B, Γ33 = −re sin θ, Γ31 = Γ313 = ,
1 2 3
2 r
1 1 2 2 1 2 2 1
Γ11 = ∂r B, Γ21 = Γ12 = , Γ32 = Γ23 = .
2 r tan θ
Dessa maneira, podemos substituir as componentes da conexão no tensor de Ricci. Fazendo
esse procedimento, encontraremos os únicos termos não nulos, quais sejam
!
1 1 1 1
R00 = −eA−B ∂r ∂r A − ∂r A∂r B + (∂r A)2 + ∂r A , (3.8)
2 4 4 r

1 1 1 1
R11 = ∂r ∂r A − ∂r A∂r B + (∂r A)2 + ∂r A, (3.9)
2 4 4 r

" #
−B r
R22 = e 1 + (∂r A − ∂r B) − 1, (3.10)
2

R33 = R22 sin2 θ. (3.11)

Foi mencionado anteriormente que a solução de Schwarzschild se trata de uma solução no


vácuo. Desta maneira, temos que Tµν = 0. Para que isso seja verdadeiro, precisamos usar
a equação (2.67) e adotar

Rµν = 0. (3.12)

Desse modo, vamos igualar todas as expressões para as componentes do tensor de Ricci a
zero e trabalharemos com um sistema de equações. Fazendo essa igualdade, teremos uma
relação entre as equações (3.8) e (3.9) dada por

∂r A = −∂r B (3.13)
30

Visto que as funções acima possuem dependência apenas na variável r, as derivadas


parciais podem ser generalizadas parada derivadas totais. Portanto, podemos fazer uma
integração nos dois lados da equação e teremos a seguinte igualdade

A = −B + κ, (3.14)

onde é uma constante de integração. Observando a métrica descrita na equação (3.6),


percebe-se que a constante κ se comporta apenas como uma mudança na escala temporal.
Assim, poderemos suprimi-lá e, como consequência, teremos

A = −B. (3.15)

Substituindo a equação (3.15) na equação (3.10), obtemos

eA (1 + r∂r A) = 1. (3.16)

De outra forma, podemos escrever

∂r (reA ) = 1. (3.17)

Integrando a equação acima, teremos

reA = r − κ (3.18)

e assim
κ
eA = 1 − (3.19)
r
onde κ é uma constante de integração. Podemos partir da definição para a função A(r)
vista anteriormente, onde ela seria equivalente a 2Φ. Dessa maneira, podemos achar um
valor para o potencial gravitacional Φ realizando o seguinte procedimento
!
1 κ
Φ = ln 1 − . (3.20)
2 r
Utilizando a expansão em série

X xn
ln(1 − x) ≈ − (3.21)
n=1 n

teremos, para o limite newtoniano


M
Φ=− . (3.22)
r
Dessa forma, podemos notar que a constante κ pode ser escrita em temos da massa e da
constante gravitacional, ou seja,

κ = 2M. (3.23)

Portanto, ao substituir os resultados encontrados, a métrica que descreve o espaço-tempo


de Schwarzschild [23] poderá ser escrita como
! !−1
2 2M 2M
ds = 1 − dt2 − 1 − dr2 − r2 (dθ2 + 2 sin2 θdϕ2 ). (3.24)
r r
31

Se retornarmos brevemente ao sistema de unidade internacional (SI), a métrica de


Schwarzschild será descrita por
! !−1
2 2GM 2GM
ds = 1 − 2 dt2 − 1 − 2 dr2 − r2 (dθ2 + 2 sin2 θdϕ2 ). (3.25)
cr cr
onde
2GM
RS = (3.26)
c2
é o Raio de Schwarzschild.

3.2 Geodésicas na geometria de Schwarzschild

Nesta subseção, vamos estudar o movimento de partı́culas pontuais na solução


de Schwarzschild. Desse modo, vamos considerar o mesmo procedimento que fizemos no
capı́tulo anterior para descobrir a equação da geodésica [24]. Portanto, iremos considerar a
ação
!1
Z Z
dxµ dxν 2
S= Ldσ = gµν dτ. (3.27)
dτ dτ
onde τ é o tempo próprio para geodésicas de partı́culas massivas, e é descrito como
o parâmetro afim para geodésicas não-massivas. Entretanto, é possı́vel mostrar que as
mesmas equações de movimento são obtidas quando consideramos a ação escrita como
dxµ dxν
!
1Z
S= gµν dτ. (3.28)
2 dτ dτ
A ação acima, na geometria de Schwarzschild, é descrita por uma lagrangiana na forma
 ! !−1 
1 2GM 2 2GM 2 2 2 2 2
L=  1− ṫ − 1 − ṙ − r (θ̇ + 2sin θϕ̇ ) (3.29)
2 r r

As equações geodésicas para essa ação pode ser escritas diretamente levando-se
em conta os sı́mbolos de Christoffel não nulos. A equação da geodésica, dada pela equação
(2.45), fornece um conjunto de quatro equações diferenciais acopladas, aparentemente
complexas dadas por
RS
ẗ = − ṙṫ, (3.30)
r(r − RS )
RS (r − RS ) 2 RS 2

2 2

r̈ = − ṫ + ṙ − (r − RS ) θ̇ + sin θ ϕ̇ , (3.31)
2r3 2r(r − RS )
2
θ̈ = − θ̇ṙ + sin θcosθϕ̇2 , (3.32)
r
2
ϕ̈ = − ϕ̇ṙ − 2 cot θθ̇ϕ̇. (3.33)
r

Assim, podemos tomar θ = π/2 e consequentemente θ̇ = 0. Das equações anteriores,


vem que
∂t L = 0, (3.34)
32

que nos leva a


RS
 
E = 1− ṫ = cte; (3.35)
r
Além disso,

∂ϕ L = 0, (3.36)

que resulta na relação na conservação do momento angular

ℓ = r2 sin2 θϕ̇ = cte. (3.37)

No caso para uma partı́cula sem massa, E é a energia relativı́stica e ℓ é o momento


angular da partı́cula. Para uma partı́cula massiva, e E e ℓ são a energia e o momento
angular por unidade de massa, respectivamente. A conservação do momento angular
significa que a partı́cula se move num plano, que podemos definir como o plano equatorial
sem perda de generalidade [25]. Dessa maneira, observando a equação (3.36), temos que a
equação (3.37) pode ser escrita como

ℓ = r2 ϕ̇. (3.38)

Visto que as quantidades ṫ e ϕ̇ são dados, respectivamente, nas equações (3.35) e


(3.37), a constância da lagrangiana será expressa na forma de

E2 ṙ2 l2
− − 2 = 2L = −ϵ (3.39)
1 − 2M/r 1 − 2M/r r

onde teremos ϵ = 1 para geodésicas tipo-tempo e ϵ = 0 para geodésicas nulas. Tratando,


primeiramente de geodésicas tipo-tempo, podemos usar as equações (3.38) e (3.39) para
escrever
!2 !
dr 2M ℓ2
 
+ 1− 1 + 2 =E 2 , (3.40)
dτ r r
dϕ ℓ
= , (3.41)
dτ r2
em que τ é o parâmetro afim ao longo da geodésica.
Agora, podemos considerar uma função r(ϕ), por meio da regra da cadeia, e obter
!2
dr r4 2M 3
= (E 2 − 1) + 2 r − r2 + 2M r. (3.42)
dϕ ℓ2 ℓ

Fazendo uma mudança de coordenadas u = r−1 , obtemos


!2
du 2M 1 − E2
= 2M u3 − u2 + u − . (3.43)
dϕ ℓ2 ℓ2

A equação acima representa a geodésica num plano invariante.


33

Por outro lado, de uma maneira mais geral associada aos dois casos para geodésicas,
podemos mostrar um termo representado por um potencial efetivo a partir do momento
que consideramos uma função r(ϕ). Assim, podemos escrever
!2
1 dr
+ V (r) = ε (3.44)
2 dτ

onde
1
ε = (E 2 − ϵ), (3.45)
2
e
GM ℓ2 GM ℓ2
V (r) = −ϵ + 2− . (3.46)
r 2r r3

O potencial efetivo relativı́stico se assemelha à expressão newtoniana, a menos


do terceiro termo [9]. Visto que, tomando r para o infinito, os únicos termos relevantes
serão os dois primeiros, definindo o limite newtoniano. Assumindo que podemos desprezar
o terceiro termo na equação (3.46), o termo associado á barreira centrı́fuga domina para
valores pequenos de r e uma partı́cula que vem do infinito volta para o infinito. Em
contrapartida, para um r pequeno, o terceiro termo torna-se notável em relação aos outros.
Portanto, quando ε é maior que o valor máximo do potencial, a partı́cula vem do infinito
e é capturada1 pelo centro atrativo.

3.2.1 Para partı́culas massivas


Para o caso onde as partı́culas possuem massa, temos que ϵ = 1 e o parâmetro
τ pode ser considerado como o tempo próprio. Dessa maneira, podemos considerar duas
situações.
A primeira delas é a desigualdade ℓ2 > 3Rs2 . Esta condição implica que o potencial
efetivo exibe um valor de máximo ou mı́nimo quando
dV (r)
=0 (3.47)
dr
e assim,
 s 
2
ℓ2  Rs

r= 1± 1−3 . (3.48)
Rs ℓ

Nota-se, agora, quatro possibilidades ao relacionar os valores do potencial e a


energia efetiva da partı́cula [9]. Primeiramente, podemos considerar um caso associado
a órbitas circulares, onde ε = V (rmin ) ou ε = V (rmáx ). Nessas condições, a partı́cula
apresenta órbitas estáveis ou instáveis, para rmin e rmáx , respectivamente.
Para V (rmin ) < ϵ < 0, a partı́cula fica presa no potencial e descreve uma órbita
elı́ptica com periélio mutável. De outra forma, considerando o caso onde temos V (rmáx ) >
1
Assumindo que a solução é válida para todo r > 0, que é o caso de um Buraco Negro. No caso de
uma estrela, temos que a solução é valida somente para r > R, onde R é associado à estrela. No caso de
uma estrela, as condições de captura serão diferentes.
34

ε > 0, denotamos a trajetória como de órbitas de espalhamento, onde a partı́cula entra em


contato com o potencial e retornar ao infinito. Por ultimo, existe a possibilidade de haver
órbitas ”Plunging”, a qual é descrita quando ε >> V (rmáx ), onde a partı́cula tomará uma
trajetória de espiral para finalmente seguir em direção do centro atrator. Podemos ver o
comportamento do potencial efetivo e visualizar essas órbitas nas Figuras a seguir

Figura 3.1 – Órbita circular, onde a linha vermelha representa ε = V (rmin ). Figura
gerada usando o Software Mathematica (https://demonstrations.wolfram.-
com/GeodesicsInSchwarzschildSpace/)

Figura 3.2 – Trajetória onde a partı́cula é presa no potencial e a linha vermelha é repre-
sentada por ε >> V (rmáx ). Figura gerada usando o Software Mathematica
(https://demonstrations.wolfram.com/GeodesicsInSchwarzschildSpace/)
35

Figura 3.3 – Órbita onde o periélio é mutável, e a linha vermelha é representada


por V (rmin ) < ϵ < 0. Figura gerada usando o Software Mathematica
(https://demonstrations.wolfram.com/GeodesicsInSchwarzschildSpace/)

Figura 3.4 – Órbita de espalhamento, onde a linha vermelha representa V (rmáx ) >
ε > 0. Figura gerada usando o Software Mathematica (https://demonstra-
tions.wolfram.com/GeodesicsInSchwarzschildSpace/)

A segunda situação envolvendo a trajetória de partı́culas massivas surge quando


consideramos ℓ2 < 3Rs2 . Neste caso, temos que a barreira centrı́fuga desaparece e a partı́cula
não tem outra opção senão espiralar para a singularidade.
Temos também o caso limite onde ℓ = 0, no qual a partı́cula segue uma trajetória
radial. Nessas condições, pode-se observar que a equação (3.44) será escrita como
 12
dr Rs

=± . (3.49)
dτ r
Da expressão acima, vamos obter
2 3
 
3
τ (r) = √ r02 − r 2 (3.50)
3 RS
onde r0 > 0 é uma constante de integração a qual define a posição radial no qual o valor
inicial do tempo próprio é zero. Por outro lado, tempo medido por um observador em
repouso no infinito é dado de forma diferente. Para encontrá-lo, fazemos
 12
dr dτ dr RS RS
 
= =− 1− . (3.51)
dt dt dτ r r
36

Vamos integrar em um tempo inicial t = 0 até um t arbitrário. E com relação ao


raio, vamos integrar de um raio inicial r0 até um raio r, tal que o raio do Buraco Negro,
r = 2M , está incluso neste inervalo. Dessa maneira, temos
3
Z t
′ −1
Z r
r′ 2 ′ dr′
dt = −RS 2 . (3.52)
0 r0 r′ − RS

Dessa forma, pode-se notar que o intervalo medido por este novo observador
é infinito em r = RS . Neste contexto, r = 0 e r = Rs são regiões conhecidas como
singularidades. A singularidade r = 0 não tem a interpretação de um ponto no espaço.
Por outro lado, O raio r = Rs é denominado raio de Schwarzschild, o qual caracteriza
uma região limite denominada horizonte de eventos, a partir da qual nada consegue
escapar. Para o observador no infinito, a partı́cula parece se aproximar, mas nunca cruzar
completamente o horizonte de eventos.

3.2.1.1 Solução para E 2 < 1

 2
Neste caso, consideraremos a condição de que E 2 < 1. Assim, temos que a derivada
du

será igual a uma função de u, onde essa função é dada por

2M 1 − E2
f (u) = 2M u3 − u2 + u − . (3.53)
ℓ2 ℓ2
Analisando a equação acima, nota-se que podemos encontrar as equações para as geodésicas
definindo as raı́zes da função. Resolvendo a equação acima usando o método de soma e
produto de raı́zes, observamos a existência de diferentes casos.
Dados os valores de E e ℓ, temos que as raı́zes da função, u1 , u3 e u3 se relacionam
por 0 < u1 < u2 < u3 , onde consideramos duas orbitas diferentes, limitadas por u1 ≤ u ≤ u2
e u ≥ u3 , respectivamente chamadas de órbitas de primeiro tipo e segundo tipo. Adotamos
um caso onde a órbita do primeiro tipo é uma órbita circular estável, enquanto que a
órbita do segundo tipo mergulha na singularidade.
Para o caso de raı́zes distintas, podemos encontrar [9]
1 1 1 2
u1 = (1 − e), u2 = (1 + e), u1 = − (3.54)
l l 2M l
onde l é o parâmetro conhecido como latus rectum 2 e e é a excentricidade3 . Usando a
condição de que u1 ⩽ u2 ⩽ u3
1 M
≤ = µ, (3.55)
2(3 + e) l
onde µ é um novo parâmetro. Dessa forma, podemos escrever
1−e 1+e 1 2
   
f (u) = 2M u − u− u− + . (3.56)
l l 2M l
2
Nas órbitas elı́pticas, o latus rectum é um segmento de reta especı́fico relacionado à distância entre
o foco da elipse e a própria elipse. O formato das órbitas elı́pticas, e assim, o latus rectum, pode ser
influenciado pela intensidade da curvatura do espaço-tempo ao redor do objeto massivo.
3
No contexto newtoniano, a excentricidade é um parâmetro da elipse que mede a diferença entre o
semieixo maior e menor da elipse (quando e = 0, a elipse é um cı́rculo). Por outro lado, no contexto da
relatividade geral, como as órbitas não são exatamente elı́pticas, o conceito de excentricidade é usado de
maneira aproximada
37

Da equação (3.55) podemos adotar µ = M/l e encontrar as relações

1 1  2
 1 − E2 1
= 1 − µ(3 + e ) , = 2 (1 − 4µ)(1 − e2 ). (3.57)
ℓ2 lM ℓ 2 l

Em seguida, podemos fazer uma substituição


1
u = (1 + e cos χ), (3.58)
l
onde χ é chamado de anomalia relativı́stica. Essa condição se trata em associar valores
χ = π, e χ = 0 para descrever as distâncias de periélio e afélio, respectivamente.
Podemos substituir essa nova forma na equação (3.53) e obter

!2
dχ 1
 
2
= 1 − 6µ + 2µe − 4µe cos χ . (3.59)
dϕ 2

De outro modo, temos


 1
dχ 1
 
1 2
= (1 − 6µ + 2µe) 2 1 − k 2 cos2 χ . (3.60)
dϕ 2
4µe
onde k 2 = 1−6µ+2µe
.
Desse modo, podemos encontrar a equação para ϕ,
2
ϕ= 1 F (Ψ,k), (3.61)
(1 − 6µ + 2µe) 2

onde F (Ψ,k) é a integral elı́ptica jacobiana [9] dada por


Z Ψ

F (Ψ,k) = q , (3.62)
0 1 − k 2 sin2 γ

e Ψ = 21 (π − χ). As equações acima são usadas para plotar as geodésicas limitadas.


Para o caso de raı́zes coincidentes, u1 = u2 , teremos órbitas crı́ticas circulares.
Neste caso, temos que a excentricidade e = 0. Aplicando isso à equação (3.53), nos leva a
m
rc = l, µ = (3.63)
rc

onde rc é um valor constante para o raio. Com essas informações, vamos obter
ℓ  √ 
rc = ℓ ± ℓ2 − 12ℓ2 . (3.64)
2M

Para o caso de raı́zes coincidentes do tipo u2 = u3 , pode-se usar a equação (3.54)


para criar a relação

l = 2M (3 + e). (3.65)
38

O valor de l pode ser substituı́do na primeira e segunda raı́zes. Logo, teremos

2M (3 + e) 2M (3 + e)
r1 = , r2 = . (3.66)
1−2 1+e
Realizando um procedimento análogo ao iniciado na equação (3.61), obteremos os valores
1 1
  
ϕ = − √ ln tan χ . (3.67)
µe 4

Portanto, podemos escrever u como


1 √
u= [1 + e cos [4 arctan (exp(−ϕ µe))]] , (3.68)
l
que pode ser usado para traçar a órbita de uma partı́cula massiva se aproximando de um
buraco negro e entrando em uma órbita circular.

3.2.1.2 Solução para E 2 > 1


Para o caso onde E 2 > 0, podemos adotar o produto de raı́zes dado por u1 u2 u3 < 0.
Portanto, uma raiz, como u1 , pode ser considerada real e negativa, com a exigência de que
u2 u3 > 0. Dessa maneira, teremos que a primeira raiz será dada por
1
u1 = − (e − 1), (3.69)
l
enquanto que as outras permanecem inalteradas. A condição u1 < u2 < u3 é similar com a
solução para E 2 < 1. Dessa forma, como E 2 − 1 ≥ 0 e ℓ2 > 0, pode-se afirmar de (3.57)
que
1
µ< (3.70)
3 + e2

Quando consideramos o caso onde u2 < u3 , a equação (3.65) pode ser encontrada.
Além disso, as relações dadas em (3.57) serão escritas como

ℓ2 (3 + e2 ) e2 − 1
= 4 , E2 − 1 = . (3.71)
M2 (3 − e)(e + 1) 9 − e2

A substituição feita para u na equação (3.58) é válida para quando u2 < u3 .


Contudo, ela possui restrições devido aos novos valores de e. Como e ≥ 1, u = 0 quando

χ = cos−1 (−e−1 ), (3.72)

enquanto que a passagem pelo periélio ocorre em χ = 0. Portanto o novo intervalo de χ


dado por 0 ≥ χ < cos−1 (−e−1 ) [9].
Em seguida, a solução dada na equação (3.61) será escrita, para este caso, como
2
ϕ= 1 (K(), − F (Ψ,),) , (3.73)
(1 − 6µ + 2µe) 2
39

onde
π
Z
2 dγ
K(k) = q . (3.74)
0 1 − ,2 sin2 γ

As equações acima descreve uma órbita não limitada, onde uma partı́cula massiva
se aproxima do buraco negro, vindo do infinito e depois parte para o infinito após a
trajetória ter sido alterada pela interação com o Buraco Negro. Da mesma forma, quando
u2 = u3 , a solução dada na equação (3.67) é válida, mas o novo intervalo de χ deve ser
levado em consideração.

3.2.2 Para partı́culas não-massivas


Para o caso onde analisamos a trajetória de partı́culas sem massa, considera-se
que ϵ = 0. O potencial efetivo, com essa condição, dispõe de um único valor máximo para
qualquer valor de ℓ, onde t
3
rmáx = RS . (3.75)
2

Dessa maneira, a trajetória da partı́cula sem massa pode ser dividida em três
casos. Podemos considerar um caso associado a órbitas circulares, ε = V (rmáx ), onde as
partı́culas descrevem órbitas instáveis.
O segundo se trata das órbitas de espalhamento, onde temos que V (rmáx ) > ε.
Neste caso, a partı́cula entra em contato com o potencial e recua para o infinito, causando
uma deflexão luminosa. O ultimo caso, dado para ε > V (rmáx ) se trata de partı́culas que
irão espiralar e seguir na direção do buraco negro. As órbitas para partı́culas sem massa
podem ser visualizadas nas Figuras a seguir

Figura 3.5 – Órbita circular de partı́culas não-massivas, onde a linha vermelha é repre-
sentada por ε = V (rmáx ). Figura gerada usando o Software Mathematica
(https://demonstrations.wolfram.com/GeodesicsInSchwarzschildSpace/)
40

Figura 3.6 – Órbita onde as partı́culas são presas no potencial, e a linha vermelha é
representada por ε > V (rmáx ). Figura gerada usando o Software Mathematica
(https://demonstrations.wolfram.com/GeodesicsInSchwarzschildSpace/)

Figura 3.7 – Órbita de espalhamento de partı́culas não-massivas, onde a linha vermelha é


representada por V (rmáx ) > ε. Figura gerada usando o Software Mathematica
(https://demonstrations.wolfram.com/GeodesicsInSchwarzschildSpace/)

Dado que para uma partı́cula sem massa, temos que ϵ = 0, assim a trajetória
estará associada às raı́zes da seguinte função [9]

E2
f (u) = − u2 + 2M u3 . (3.76)
ℓ2
A solução para essa equação será dada seguindo as condições
E2
u1 u2 u3 = − , (3.77)
2M ℓ2
e
1
u1 + u2 + u3 = , (3.78)
2M
onde M > 0 e E 2 /ℓ2 > 0. Dado que na equação (3.77) temos um resultado negativo e
real, podemos adotar uma valor negativo para uma delas, como u1 e positivo para as
outras. Adotando a condição dada pela equação (3.78), isso só pode ser alcançado se u2
e u3 forem ambos positivos e reais ou, alternativamente, números complexos com partes
reais positivas.
41

3.2.2.1 Em uma órbita crı́tica


Podemos observar uma órbita critica na Figura (3.6). Primeiramente, podemos
encontrar o ponto de inflexão desta trajetória realizando a segunda derivada de u em
relação a ϕ, o que significa que teremos a derivada da função f (u) dada por
f ′ (u) = 6M u2 − 2u = 0 (3.79)
com
1
u= , (3.80)
3M
sendo uma das raı́zes. Este valor também pode ser visto como solução para a equação de
f (u) = 0 se
ℓ2
= 27M 2 . (3.81)
E2
A partir dessas condições, temos que as raı́zes serão dadas por
1
u1 = − , (3.82)
6M

1
u2 = u3 = . (3.83)
3M
Portanto, por meio dessas raı́zes podemos encontrar
2 
1 1
 
f (u) = 2M u − u+ . (3.84)
3M 6M
 2
du
Sabendo que a equação acima é equivalente a dϕ
, podemos chegar numa expressão para
u dada por
1 1 1
 
u=− + tanh2 (ϕ − ϕ0 ) , (3.85)
6M 2M 2
onde ϕ0 será uma constante de integração. Podemos realizar uma observação interessante
quando
1 1
 
tanh2 ϕ0 = . (3.86)
2 3
Nota-se que, com essa condição, u = 0 e r → ∞ quando ϕ = 0. Por outro lado,
tomando r = 3M , ϕ → ∞. Este caso descreve uma geodésica nula que espirala do infinito
e se aproxima do cı́rculo de raio 3M .
Em relação às trajetórias geodésicas descritas como as de primeiro tipo, usa-se
outra possı́vel combinação para os valores das raı́zes, as quais se relacionam seguindo a
condição u1 < u2 < u3 . Para este caso, temos os valores das raı́zes dados por [9]
P − 2M − Q
u1 = , (3.87)
4M P
1
u2 = , (3.88)
P
P − 2M + Q
u3 = , (3.89)
4M P
42

onde P é descrito como o valor do periélio e Q é uma constante associada a P . Utilizando


as raı́zes, de forma análoga ao caso anterior na equação (3.84), podemos escrever f (u)
como
P − 2M − Q 1 P − 2M + Q
   
f (u) = 2M u − u− u− . (3.90)
4M P P 2M P
Comparando isso com a equação para f (u) dada na equação (3.81), obtemos

Q2 =(P − 2M )(P + 6M ), (3.91)


ℓ2 P3
= . (3.92)
E 2 P − 2M
Para que satisfaça os valores das raı́zes, u pode ser escolhido de tal forma que
1 Q − P + 6M
u− =− (1 + cos χ) , (3.93)
P 8M P
e
P − 2M − Q Q − P + 6M
u− =− (1 + cos χ) . (3.94)
4M P 8M P
onde u = 1/P quando χ = π.
Com base nas expressões anteriores, podemos criar a seguinte relação,
!2
dχ Q 1
  
= 1 − ,2 sin2 χ , (3.95)
dϕ P 2

onde
Q − P + 6M
,2 =
2Q
. (3.96)

Portanto, integrando a equação (3.95), obteremos


s
P χ
  
ϕ=2 K(k) − F ,k , (3.97)
Q 2
onde K(), e F (ψ,), são as funções mencionadas anteriormente neste trabalho. Pode-se
afirmar que essas equações descrevem a geodésica de um fóton que se aproxima do buraco
negro vindo do infinito e, embora a partı́cula não seja capturada, a trajetória é alterada
pelo campo gravitacional [26]. Isso é conhecido como encurvamento da trajetória da luz.

3.3 Forças de maré na geometria de Schwarzschild

Para desenvolver o entendimento sobre forças de maré na geometria de Schwarzs-


child, resgataremos alguns conceitos da seção (2.3.4), discutidos no capı́tulo anterior.
Sabe-se que existe uma equação associada vetor de separação χµ [27], a qual descreve o
afastamento ou a aproximação das trajetórias de partı́culas infinitesimalmente próximas
[6]. Essa equação pode ser escrita como

d2 χ µ µ
− Rσνρ uσ uν χρ = 0, (3.98)
dτ 2
43

onde uν é um vetor tangente à geodésica Para estudar detalhadamente o comportamento do


vetor de separação [28]. Também introduzimos a base tétrada descrevendo um referencial
em queda livre, conforme fornecido por [29, 30]
!
E q
eµ0̂ = , − E 2 − f (r),0,0 , (3.99)
f (r)
 q 
− E 2 − f (r)
eµ1̂ = ,E,0,0 , (3.100)
f (r)
1
 
eµ2̂ = 0,0, ,0 , (3.101)
r
1
 
eµ3̂ = 0,0,0, , (3.102)
rsinθ
onde E é a energia e f (r) é a função associada à métrica de Schwarzschild dada por
2M
f (r) = 1 − . (3.103)
r
Em seguida, podemos escrever as componentes relevantes do tensor de Riemann para
espaços-tempos esfericamente simétricos,

1 rf ′ (r)
R212 =− , (3.104)
2
1 f (r)f ′ (r)
R010 = , (3.105)
2
1 rf ′ (r) sin2 θ
R313 =− , (3.106)
2
2 3 f (r)f ′ (r)
R020 =R030 = , (3.107)
 2r 
2
R323 = sin2 θ 1 − r2 f (r) . (3.108)

Podemos agora escrever as componentes do tensor de Riemann em termos da


notação de tétradas, ou seja,
µ

Rb̂ĉ dˆ
= Rαβγ eâµ eαb̂ eβĉ eγdˆ, (3.109)

Dessa forma, as componentes do tensor de maré serão dados por


f ′′ (r)
R0̂1̂1̂0̂ = , (3.110)
2
f ′ (r)
R0̂2̂2̂0̂ =R0̂3̂3̂0̂ = , (3.111)
2r
1 − f (r)
R3̂2̂2̂3̂ = . (3.112)
r2

Em seguida, usamos a equação (3.100) e inserimos os valores obtidos para as com-


ponentes descritas nas equações (3.110-3.112). Dessa maneria, pode-se obter a aceleração
relativa entre partı́culas vizinhas

D2 χ1̂ f ′′ (r) 1̂ 2M 1̂
= − χ = 3 χ, (3.113)
Dτ 2 2 r
44

D2 χĵ f ′ (r) ĵ M
2
= − χ = − 3 χĵ , (3.114)
Dτ 2r r
onde j = 2, 3.
As equações anteriores descrevem o desvio geodésico de partı́culas no espaço-tempo
de Schwarzschild. Buscamos agora encontrar equações que representam as componentes do
vetor de separação das trajetórias geodésicas. Assim, notamos que as componentes desse
objeto podem sem escritas em termos da derivada radial, ou seja,
  D2 χ1̂ f ′ (r) Dχ1̂ f ′′ (r) 1̂
E 2 − f (r) − + χ = 0, (3.115)
Dr2 2 Dr 2

  D2 χî f ′ (r) Dχĵ f ′ (r) ĵ


E 2 − f (r) − + χ = 0. (3.116)
Dr2 2 Dr 2r

Dessa maneira, podemos escrever a solução da equação (3.116), a qual representa


componente radial, como
 

q Z
dr
χ = E 2 − f (r) c1 + c2 3
, (3.117)
(E 2 − f (r)) 2

onde c1 e c2 são constantes de integração. Além disso, pode-se obter a solução para as
componentes angulares. Portando, resolvendo a equação (3.117), obtemos
 
Z
dr
χĵ = r c3 + c4 1
, (3.118)
r2 (E 2 − f (r)) 2

onde c3 e c4 são constantes de integração.


Ao considerar as componentes radiais e angulares das forças de maré atuando em
um corpo que se aproxima de um buraco negro de Schwarzschild, é possı́vel que o volume
do corpo tenda a zero. Esse fenômeno é conhecido como espaguetificação [22]. Quando
um corpo sofre significativamente a influência do campo gravitacional, as forças de maré
tornam-se extremamente intensas. As forças de maré radiais podem levar à compressão do
corpo nessa direção. Ao mesmo tempo, as componentes angulares podem induzir rotação e
deformação angular no objeto.
45

4 CONCLUSÃO

A solução de Schwarzschild é uma das mais importantes soluções das equações


de campo de Einstein. Neste trabalho, realizamos uma análise a respeito da solução de
Schwarzschild e das trajetórias geodésicas nesse espaço-tempo. Além disso, fizemos um
breve estudo sobre forças de maré associadas a essa solução. Inicialmente, abordamos as
ferramentas matemáticas essenciais para a compreensão dessa teoria, destacando o uso
do cálculo tensorial e do cálculo variacional. Utilizando essas ferramentas, derivamos a
equação da geodésica, responsável por descrever a trajetória de uma partı́cula livre em
um espaço-tempo arbitrário. E além disso, foi demonstrado a transição do ponto de vista
newtoniano para o relativı́stico a respeito das forças de maré.
Ao longo do desenvolvimento, enfatizamos os princı́pios fundamentais da relativi-
dade geral, que servem como alicerce para a formulação da teoria proposta por Einstein.
Em seguida, introduzimos as equações de Einstein, as quais foram postuladas inicialmente
com base em determinados pré-requisitos. Este percurso visa fornecer uma compreensão
sólida e estruturada dos elementos essenciais da teoria, estabelecendo as bases para as
discussões subsequentes.
Dessa forma, exploramos a primeira solução analı́tica proposta por Karl Schwarzs-
child, em 1915, delineando a descrição do espaço-tempo em torno de uma distribuição de
matéria esfericamente simétrica, neutra e estática. Nessa geometria, a analisamos as geo-
désicas de partı́culas massivas, apontando em diferentes fatores, relacionados ao chamado
potencial efetivo. Vimos que a partir deste potencial obtivemos a representação de diversos
tipos de órbitas em torno de um objeto massivo, no espaço-tempo de Schwarzschild.
Por outro lado, também foi exposto a trajetória geodésica de partı́culas não-
massivas em torno de uma fonte gravitacional. Com base na análise do potencial efetivo,
podemos descrever o comportamento genérico das trajetórias luminosas. Além disso, foi
observado o comportamento das forças de maré na geometria de Schwarzschild, recorrendo
a conceitos previamente discutidos na seção de Geometria Riemanniana. Introduzimos a
equação associada ao tensor de desvio geodésico, que descreve a separação entre trajetórias
geodésicas de partı́culas infinitesimalmente próximas. Este formalismo foi então aplicado
ao estudo do vetor de separação no contexto de queda livre. Assim, este trabalho contribui
para a compreensão teórica de pontos importantes que estão inseridos na teoria da
relatividade geral, destacando particularidades a respeito das geodésicas e forças de maré
no espaço-tempo de Schwarzschild.
46

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