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DEPARTAMENTO DE FÍSICA
Feira de Santana - Ba
Maio de 2009
EDINELSON PEREIRA DOS SANTOS
Feira de Santana - Ba
Maio de 2009
EDINELSON PEREIRA DOS SANTOS
BANCA EXAMINADORA
———————————————————————–
Prof. Dr. Alexandre Manoel de Morais Carvalho
Departamento de Fı́sica - UEFS
———————————————————————–
Prof. Dr. Carlos Alberto de Lima Ribeiro
Departamento de Fı́sica - UEFS
———————————————————————–
Prof. Dr. Josevi de Souza Carvalho
Departamento de Fı́sica - UEFS
Dedico este trabalho a meu pai Luiz, minha
mãe Edinalva e aos meus irmãos, Val,
Luciano, Ney, Iana e Patrı́cia e minha
esposa Lane, que sempre apoiaram todas as
decisões, confortaram-me nos momentos
difı́ceis e proporcionaram momentos de
muita alegria e aprendizado ao vosso lado.
Agradecimentos
In general, the parallel transport of vectors in curved space-time might result in angle
défict between the initial and final vector direction. In this work our starting point was
to discuss the dynamical behavior and the geometric framework of Cosmological Models
more common that describe the universe, specially the Friedmann and Einstein de Sitter’s
and the Friedmann-Lemaitre’s. All the models are based on the relativistic cosmology
theory. Once we described the respective models, all were analyzed in agreement with
its hypothesis, to be possible from there to deduce what better indicates the accelerated
expansion of the Universe, the cosmic background radiation and the Standard Theory.
Next, we applied parallel transport of vectors around circular orbits in the FRW’s space-
time, where we found a very interesting result. We observed that in the FRW’s space-time
the parallel carried vector acquire a angle défict after n entire turns in the equatorial plane,
except for orbits with determinate radius called critic radius. This kind of quantization
is also known as invariant band of holonomy.
Sumário
1 Introdução geral 12
3 Modelos Cosmológicos 24
3.1 Modelos de Friedmann . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
3.2 Modelo de Einstein-de Sitter . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
3.3 Modelo de de Sitter . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
3.4 Modelo de Lemaı̂tre. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
6 Conclusões 52
Referências
Lista de Tabelas
1 Valores de ω quando feito o transporte paralelo do vetor em órbitas equatoriais
com tempo constante para os devidos valores de k. . . . . . . . . . . . . . . . 46
2 Valores de ω quando feito o transporte paralelo do vetor em órbitas equatoriais
para os devidos valores de k, considerando o Universo não-estático. . . . . . . . 49
Lista de Figuras
1 Evolução do Universo para o modelo de Friedmann Fechado, R × t. . . . . . . . 27
2 Evolução do Universo para o modelo de Friedmann Aberto, R × t. . . . . . . . . . . . 28
3 Evolução do Universo para o modelo de Einstein-de Sitter, R × t. . . . . . . . . 29
4 Evolução do Universo para o modelo de de Sitter, R × t. . . . . . . . . . . . . 30
5 Evolução do Universo para o modelo de Lemaı̂tre. . . . . . . . . . . . . . . . . 32
6 Um triângulo esférico APB. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
7 Triângulo construı́do em linhas curvas em um espaço plano. . . . . . . . . . . . 33
8 Transporte paralelo sobre um triângulo esférico. . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
9 O vetor paralelo de xa + δ̄xa em Q. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
10 Transporte de V a no caminho infinitesimal fechado. . . . . . . . . . . . . . . . 37
12
1 Introdução geral
g αγ Rαβγδ = Rβδ
= K(3gβδ − gβδ )
onde Rβδ é conhecido como tensor de Ricci [3]. Observe que usamos a propriedade:
g αγ gαγ = δαα , com α = 1, 2, 3. O termo δαβ é chamado de delta de Kronecker, sendo:
δαβ = 1, se β = α e δαβ = 0, se β 6= α.
Considere agora um espaço 3-dimensional, e que este seja isotrópico em torno de cada
ponto. Logo teremos uma simetria esférica em torno de cada ponto. Isto resulta no
elemento de linha que é da forma [7]:
onde λ(r) é uma função de r, pois para um sistema isotrópico e homogêneo, podemos
escrever as coordenadas em um sistema esférico e considerar somente a coordenada radial
[5]. O que precisamos agora é encontrar a forma de eλ . Pela equação (3), temos que os
elementos do tensor métrico são:
Note que pela equação (2), a relação entre Rβδ e gβδ pode nos dar informação a respeito
de eλ . Sendo assim, faremos os cálculos para as componentes dos tensores de Ricci [3],
que é dado pela equação:
onde os elementos “ Γαµν ” são conhecidos como sı́mbolos de Christoffel. Para calcular o
tensor de Ricci é preciso calcular, antes, os sı́mbolos de Christoffel que pode ser escrito
em termos das componentes do tensor métrico do espaço-tempo como [3]:
1
Γαβγ = g αν (∂β gνγ + ∂γ gνβ − ∂ν gβγ ), (7)
2
onde este tem uma relação de simetria, nos dois ı́ndices inferiores, tal que: Γαβγ = Γαγβ .
Assim pelas equações (4) e (5) temos9 :
1 1 1
Γ111 = g 11 (∂1 g11 + ∂1 g11 − ∂1 g11 ) = e−λ(r) [∂1 (eλ(r) )] ⇒ Γ111 = λ̇(r).
2 2 2
Pelo mesmo procedimento encotramos:
1
Γ111 = λ̇(r); (8a)
2
Γ112 = Γ121 = Γ123 = Γ132 = Γ113 = Γ131 = Γ213 = Γ211 = Γ222 = Γ231 = Γ223 = Γ232 = 0; (8b)
+ Γ111 Γ111 + Γ211 Γ121 + Γ311 Γ131 + Γ111 Γ212 + Γ211 Γ222 + Γ311 Γ232 +
+ Γ111 Γ313 + Γ211 Γ323 + Γ311 Γ333 − Γ111 Γ111 − Γ211 Γ121 − Γ311 Γ131 −
− Γ112 Γ211 − Γ212 Γ221 − Γ312 Γ231 − Γ113 Γ311 − Γ213 Γ321 − Γ313 Γ331
λ̇
R11 = .
r
Pelo mesmo procedimento encontramos:
λ̇
R11 = 2Kg11 ⇒ = 2Keλ(r) . (10a)
r
1
R22 = 2Kg22 ⇒ rλ̇e−λ − e−λ + 1 = 2Kr2 . (10b)
2
−λ
Com as equações (10) temos: r = e2Kλ̇ . Substituindo em R22 :
à ! à !2
−λ −λ
1 e λ̇ e λ̇
λ̇e−λ − e−λ + 1 = 2K
2 2K 2K
e−2λ λ˙2 2e−2λ λ˙2
− e−λ + 1 =
4K 4K
−2λ ˙2 −2λ ˙2
e λ 2e λ
− + 1 = e−λ
4K 4K
e−2λ λ˙2
1− = e−λ . (11)
4K
Logo, com o uso da equação (11) chegamos na forma de eλ , que é :
1
eλ = . (12)
1 − Kr2
Substituindo a (12) na (3) obtemos, para um espaço 3-dimensional de curvatura constante,
o elemento de linha:
dr2
dl2 = + r2 [dθ2 + sen2 (θ)dφ2 ]. (13)
1 − Kr2
19
com hij = R(t)2 gij , onde R(t) é conhecido como fator de escala e hij é a métrica que
evolui com gij por um fator R(t)2 , igual para toda hipersuperfı́cie, com {i, j = 1, 2, 3}
[3]. No instante inicial t0 temos R(t0 ) = 1. Pela condição de ortogonalidade (em que as
geodésicas são ortogonais à famı́lia de hipersuperfı́cies), pode-se mostrar que a métrica
geral para o espaço-tempo, nessas condições, terá elemento de linha dado por11 :
combinando a equação (15) com o resultado da (13), pode ser mostrado que a métrica
que atende à cosmologia no espaço-tempo, para um Universo homogêneo e isotrópico12
possui elemento de linha dado por:
dr2
ds2 = dt2 − R(t)2 − R(t)2 r2 (dθ2 + sin2 (θ)dφ2 ). (16)
1 − kr2
Agora será analisado qual a previsão que a equação de campo de Einstein, pode fazer a
respeito do comportamento do universo de Friedmann-Robertson-Walker(FRW). Sabemos
que na Relatividade Geral de Einstein, geometria e matéria estão acopladas através das
equações de Einstein (já introduzida a constante cosmológica):
onde Gµν é o chamado tensor de Einstein, onde este é simétrico sob troca de ı́ndices, Λ é
a constante cosmológica, gµν é o tensor métrico e Tµν o tensor energia-momentum. O lado
esquerdo da equação está relacionado com a geometria e o lado direito, à matéria imersa
no espaço tempo, através do tensor energia-momentum, que para um fluido perfeito, como
idealizamos anteriormente, é dado por:
onde ρ(t) e p(t) são a densidade total de energia e pressão totais (matéria mais radiação) e
uµ é a quadrivelocidade do fluido [7]. Para um meio isotrópico e homogêneo, a densidade
e pressão são funções dependente do tempo t.
Agora vamos resolver a equação de Einstein para a métrica FRW, o que nos conduzirá
as equações de Friedmann. Para isto, é interessante observar antes que a equação de
Einstein (17) também pode ser escrita em termo do tensor de Ricci Rµν como:
1
Rµν − gµν R = Λgµν + 8πTµν , (19)
2
onde R é o escalar de Ricci dado pela contração R = g µν Rµν . Para a métrica de FRW
21
g00 = 1; (20a)
2
R
g11 = − ; (20b)
1 − kr2
g22 = −R2 r2 ; (20c)
R̈
R00 = −3 ; (23a)
R
R̈R + 2Ṙ2 + 2k
R11 = ; (23b)
1 − kr2
R22 = R̈Rr2 + 2Ṙ2 r2 + 2kr2 ; (23c)
R33 = R̈Rr2 sen2 (θ) + 2Ṙ2 r2 sen2 (θ) + 2kr2 sen2 (θ), (23d)
dR
onde agora usamos Ṙ = dt
. Por outro lado o escalar de Ricci pode ser expresso como:
que aplicada ao lado esquerdo da equação de Einstein (19), em conjunto com as equações
(23) e a (24), obtem-se:
Ṙ2 k
G00 = 3 2
+ 3 2; (25a)
R R
−2RR̈ − Ṙ2 − k
G11 = ; (25b)
1 − kr2
G22 = −2R̈Rr2 − Ṙ2 r2 − kr2 ; (25c)
G33 = −2R̈Rr2 sin2 (θ) − Ṙ2 r2 sin2 (θ) − kr2 sin2 (θ). (25d)
2R̈R + Ṙ2 + k
− + Λ = 8πp, (26)
R2
e
Ṙ2 + k
3 − Λ = 8πρ, (27)
R2
onde foi usada a unidade relativı́stica: c = 1 e G = 1, sendo c a velocidade da luz e G a
constante gravitacional. Finalmente, através da equação (27), temos o seguinte resultado:
à !2
Ṙ 8 1 k
= πρ + Λ − 2 . (28)
R 3 3 R
Esta é a chamada equação de Friedmann, com o fator de escala variando com o tempo
na ausência de pressão. A equação de Friedmann (28) será a base na costrução dos
modelos cosmológicos que abordaremos. Na equação (26) a pressão p engloba todo tipo
13
de pressão, tais como as originadas do movimento aleatório das estrelas e galáxias ,
pressão de radiação, dentre outras. Contudo, observações revelam que na época presente
a pressão é muito pequena em comparação com a densidade de energia ρ. A razão entre
estas duas quantidade é da ordem de 10−5 à 10−6 . Consequentemente, de acordo com essas
observações do Universo presente, podemos tomar p ∼ 0 (predominância de matéria).
13
As estrelas e galáxias podem ser pensadas como um análogo as moléculas de um determinado gás,
que devido aos movimentos aleatórios das moléculas, exercem pressão em uma determinada superfı́cie.
23
onde H(t) = Ṙ(t)/R(t) é o parâmetro de Hubble. Esta lei afirma que a velocidade
relativa entre os observadores fundamentais é proporcional à distância entre eles. Em
um Universo em expansão, H > 0, os observadores fundamentais estão se afastando, por
isso, tal velocidade é denominada velocidade de recessão. A velocidade de recessão entre
dois observadores comóveis indica como varia com o tempo a distância própria entre eles.
Mas como não é uma velocidade cinemática, não existe contradição com o princı́pio da
relatividade, mesmo quando excede a velocidade da luz no vácuo [10].
Se considerarmos t = t0 (o tempo presente), a equação (30) fica:
onde H0 (t0 ) é a constante de Hubble. Seu valor medido experimentalmente [11], segundo
dados medidos através do satélite da NASA, Wilkinson Microwave Anisotropy Probe
24
8πρ 2
Ṙ2 + k = R ;
3
8πρ 2
H 2 R2 + k = R ;
3
8πρ
k= (H 2 )R2 − H 2 R2 ;
3(H 2 )
ρ
k = ( − 1)H 2 R2 ,
ρc
onde ρc = 3H 2 /8π é a densidade crı́tica, densidade de energia necessária para que a
geometria do Universo seja espacialmente plana, k = 0, na ausência da constante cos-
mológica [12]. Assim, definimos Parâmetro de Densidade como a razão entre a densidade
de energia e a densidade crı́tica, ou seja,
ρ
Ω= . (32)
ρc
k = (Ω − 1)Ṙ2 . (33)
Como veremos mais adiante, a equação (33) nos indica que, se Ω > 1, a energia do Universo
será suficiente para colapsá-lo, ou caso Ω = 1, o Universo terá seção espacial euclideana.
Medições mais recentes, feitas pelo satélite WMAP [13], nos dá Ω = 1, 02 ± 0.02, ou seja,
a seção espacial do Universo atual é basicamente euclideana, ou plana [11]. A equação
(33) é de grande utilidade nas descrições das propriedades geométricas do Universo.
3 Modelos Cosmológicos
Nesta seção será feito uma classificação de alguns modelos do Universo, partindo de
certas hipóteses. Os modelos que serão investigados são baseados na teoria do Big Bang
ou, tecnicamente, Teoria Padrão do Universo [1]. A teoria do Big Bang leva em conta que,
se as galáxias estão se afastando umas das outras, como observado por Edwin Hubble em
25
1929, no passado, elas deveriam estar cada vez mais próximas e, num passado remoto, 10
a 15 bilhões de anos atrás, deveriam estar todas num mesmo ponto, muito quente. Uma
singularidade espaço-tempo, que se expandiu no Big Bang [2]. O Big Bang, ou Grande
Explosão, criou não somente a matéria e a radiação, mas também o próprio espaço e o
tempo [5]. Esse seria o inı́cio do Universo.
O padre, engenheiro civil e cosmólogo belga Georges-Henri Édouard Lemaı̂tre (1894-
1966) foi, provavelmente, o primeiro a propor um modelo especı́fico para o Big Bang, em
1927. Ele imaginou que toda a matéria estivesse concentrada no que ele chamou de átomo
primordial e que esse átomo se partiu em incontáveis pedaços, cada um se fragmentando
cada vez mais, até formar os átomos presentes no Universo, numa enorme fissão nuclear.
Esse modelo não pode ser correto, pois não obedece às leis da relatividade e estrutura da
matéria, mas ele inspirou os modelos modernos [5].
Independentemente de Lemaı̂tre, o matemático e meteorologista russo Alexandre Alexan-
drovitch Friedmann (1888-1925) já tinha descoberto toda uma famı́lia de soluções das
equações da Relatividade Geral de Einstein. Tais soluções encontradas por Friedmann
e Lemaı̂tre descrevem um Universo em expansão, que pode expandir eternamente ou
colapsar [5].
8πρR3
Ṙ2 = − k. (34)
3R
M
Tomando R3 ∼ V , podemos fazer ρ ≈ R3
. Substituindo em (34), temos o seguinte
resultado:
C
Ṙ2 = − k, (35)
R
onde C = 8πM/3 é uma constante. Agora a nossa tarefa é resolver a equação (35), para
daı́ descrever os modelos propostos por Friedmann.
Para um Universo em que a densidade de matéria é maior que a densidade crı́tica, ou
seja, ρ > ρc , o que implica que o parâmetro de densidade Ω > 1, e tomando k = +1, a
26
dt
= R, (37)
dη
R2 Ṙ2 = RC − R2
dt dR 2
( ) = RC − R2
dη dt
dR
( )2 = RC − R2
dη
2
d R dR dR dR
2 2 =C − 2R
dη dη dη dη
d2 R C
= − R, (38)
dη 2 2
C
chamando R = Aepη + 2
temos:
C
R = Aepη + ;
2
dR
= Apepη ;
dη
d2 R
= Ap2 epη ,
dη 2
substituindo na equação (38) podemos ver que p = ±i. Assim a solução geral da equação
diferencial (38) pode ser expressa por:
C
R(η) = Aeηi + Be−ηi + ;
2
C
R(η) = (A + B)cos(η) + i(A − B)sen(η) + .
2
As equações (39) e (40) formam uma equação parametrizada de uma ciclóide. Este
modelo é chamado de Modelo de Friedmann Fechado. Neste modelo o Universo é
finito e possui geometria semelhante a de uma superfı́cie esférica.
O gráfico da figura 1 mostra o comportamento de R(t) com o tempo t para as equações
parametrizadas (39) e (40). Observe que o Universo se expande e em um tempo futuro
colapsa (big crunch) e novamente se expande, continuando tudo novamente. Este modelo
também é chamado de oscilatório devido a este comportamento[14]. Veja a figura 1.
R(t)
C
R= [cosh(η) − 1]; (41a)
2
C
t = [sinh(η) − η]. (41b)
2
R(t)
R(t)
Ct
No modelo de de-Sitter o Universo não contém matéria mas apenas a constante cos-
mológica Λ. Sua estrutura geométrica é plana [3], ou seja, k = 0. Assim, assumindo que
30
Ṙ2
3 − Λ = 0;
R2 r
Ṙ Λ
= ;
R r3
dR Λ
= R. (43)
dt 3
Integrando a eq. (43) encontramos a relação do fator de escala com o tempo dada por:
√Λ
t
R(t) = Ae 3 , (44)
R(t)
R(t)
t
t
Mas qual a utilidade de estudar um Universo vazio, sendo que as galáxias nos mostram
que existe matéria por toda parte do Universo? Naquela época, o motivo de se estudar este
modelo, estava na facilidade de analisarmos como se comportaria o Universo em situações
extremas. Nos anos 80 surgiu o chamado cenário inflacionário do Universo primordial,
onde afirma que em uma época muito curta, logo após o nascimento do Universo, este
se expandiu de forma muito rápida, como no modelo de Sitter. Isso antes de começar a
fase de expansão “normal”, que é descrita pelos modelos de Friedmann e seus sucessores
[1]. Considerando que o estado inflacionário elimina qualquer curvatura que o Universo
31
pudesse ter [1], de tal forma que após a inflação, o Universo teria curvatura nula (k =
0). Assim, podemos afirmar que o modelo de de Sitter descreve muito bem o cenário
inflacionário.
2Λ 3
√
como cosh(z) = (x + 1) = ( 3C R + 1) = cosh( 3Λt), então finalmente chegamos a solução
da equação diferencial (46) que é dada por [3]:
r
3 3C
√
R(t) = [cosh( 3Λt) − 1]. (51)
2Λ
Plotamos o gráfico da equação (51) e o resultado está na figura 5. Observe que a curva
R(t)
R(t)
t t
Aqui, discutiremos a respeito de uma ferramenta matemática muito útil para analisar
curvaturas. Tal ferramenta é denominada de transporte paralelo. Uma noção intuitiva
de transporte paralelo consiste em deslocar um vetor ao longo de uma curva e verificar a
mudança na orientação do vetor após o transporte, isso nos informará se tal região a qual a
33
curva pertence possui curvatura ou não. Para ilustrar, considere a Figura 6, em que duas
linhas próximas, perpendiculares ao equador, partem dos pontos A e B paralelamente
uma da outra. Quando contı́nuas essas linhas, localmente retas, descrevem um arco de
um grande cı́rculo, e as duas linhas se encontram no pólo P . Linhas paralelas, quando
contı́nuas, se não permanecem paralelas dizemos que o espaço é não plano[7].
Agora veremos que isto é completamente diferente quando feito em uma esfera. Con-
sidere o caminho fechado AP BA mostrado na Figura 8, onde a linha AP é perpendicular
ao equador, assim como BP . No ponto A escolhemos um vetor paralelo ao equador. Ar-
rastando paralelamente este vetor até P e de P até B, é fácil perceber que quando chegar
em B, este novo vetor estará perpendicular ao equador. Finalmente, feito o transporte
paralelo de B até A, observamos que o campo vetorial foi, por construção, rotacionado em
90◦ . Essa construção feita na esfera é justamente o que chamamos de transporte paralelo
[7].
34
Para uma definição matemática mais precisa, consideremos um campo vetorial X a (x)
avaliado no ponto Q, com coordenada xa + δxa próximo ao ponto P , com coordenada xa .
Expandindo em série de Taylor, em torno de x, temos que:
Veja que δX a (x) é uma quantidade não tensorial, pois não se transforma como um tensor,
uma vez que envolve diferença de tensores avaliados em pontos distintos.
Agora vamos construir a definição de derivada covariante a partir do transporte de
vetores, introduzindo um vetor em Q que é “paralelo” a X a em P ( Veja figura 9). Desde
que xa + δxa seja fechado em xa , podemos assumir que o vetor paralelo difere de X a (x)
somente por uma pequena quantidade que aqui vamos chamar de δ̄X a (x) , como mostra
a Figura 9. Observe que δ̄X a não é um tensor, pois também envolve diferença de tensores
avaliados em pontos distintos. Mas podemos fazer:
criando assim um vetor diferença que é um tensor [3], já que está sendo avaliado no
mesmo ponto x. É fácil observar que δ̄X a (x) será nulo, quando X a (x) ou δxa também
for. Então, por uma simples definição, podemos assumir δ̄X a (x) linear com X a (x) e δxa ,
o que significa que existe um fator mutiplicativo Γabc onde:
O sinal de menos é introduzido por convenção. A equação define a lei geral de transporte
de um vetor X a definido em x para o vetor X a + δX a no ponto x + δx. A quantidade Γabc
é chamada de conexão afim ou simplesmente conexão. Agora feito o transporte do vetor
ao longo do caminho do ponto P até o ponto Q, podemos definir a derivada covariante
de um vetor, que chamaremos de:
∇c X a , (56)
1
∇c X a = lim {X a (x + δx) − [X a (x) + δ̄X a (x)]}.
c
δx →0 δxc
1
∇c X a = lim [X a (x) + δxb ∂b X a − X a (x) + Γabc X b δxc ];
δx →0 δxc
c
1
∇c X a = lim {δxb ∂b X a + Γabc X b δxc };
δxc →0 δxc
∇c X a = ∂c X a + Γabc X b . (57)
DV b
Para isto vamos definir a derivada absoluta denotada por dλ
= X a ∇a V b . Dizemos que
o vetor V b é transportado paralelamente se:
DV b (λ) dxa
= X a ∇a V b = (∂a V b + Γbca V c ) = 0, (58)
dλ dλ
esta é uma equação diferencial de primeira ordem para V b , em que fornecendo um valor
inicial para V b , a saber V b (P ), a equação (58) determina um vetor ao longo da curva, que é
transportado paralelamente a V b (P ). Usando esta notação, uma geodésica afim é definida
como uma curva privilegiada em que o vetor tangente ao longo da curva é propagado
paralelamente a si mesmo[3]. Em outras palavras, um vetor propagado paralelamente é
paralelo em todo ponto da curva, de modo que é proporcional ao vetor tangente no ponto,
ou seja:
X a ∇a X b = q(λ)X(b), (59)
onde q(λ) é uma função arbitrária de λ . Usando a equação (57) na (59), temos:
dxa dxb
(∂a X b + Γbca X c ) = q ;
dλ dλ
dxa ∂ dxb dxb
( a( ) + Γbca X c ) = q ;
dλ ∂x dλ dλ
d2 xb c
b dx dx
a
dxb
+ Γ ca = q . (60)
dλ2 dλ dλ dλ
Se a curva é parametrizada de tal maneira que q desapareça (isto pode ser feito trans-
dxa
portando paralelamente o próprio vetor tangente a curva X a = dλ
), então o parâmetro é
um parâmetro privilegiado chamado de parâmetro afim, que denotaremos por s . Assim
sendo, a equação (60) reduz a:
d2 xb c
b dx dx
a
+ Γ ca = 0. (61)
ds2 ds ds
A equação (61) é chamada de geodésica afim [3], ou seja, uma curva privilegiada em que
o vetor tangente é propagado paralelamente a si mesmo. Um parâmetro afim é somente
definido por uma transformação afim do tipo s → as + b, onde a e b são constantes. A
equação (61) define precisamente as linhas geodésicas no espaço afim.
No espaço euclidiano podemos caracterizar uma linha reta pelo fato de que um vetor
arbitrário tangente a tal reta permaneça paralelo a ela quando deslocado ao longo da
mesma. A equação (61) traduz esta caracterização para uma situação geral em que o
espaço-tempo é curvo. Esta “linha reta” generalizada é chamada de geodésica.
37
Fazendo a expansão em série de Taylor para Γabc (x + δx) avaliado em torno de x, temos
[3]:
Γabc (x + δx) = Γabc (x) + ∂c Γabc δxc .
V a (x + δx + dx) = V a − Γabc V b δxc − Γabc V a dxc + Γabc Γbef V e δxf dxc − ∂d Γabc δxd V b dxc , (64)
onde desprezamos o último termo de terceira ordem δxd δxf dxc . Da mesma forma en-
contramos resultado equivalente para o caminho que conecta xa até xa + δxa + dxa , via
xa + dxa . Bastar substituir δxa por dxa na equação (64), onde:
V a (x + dx + δx) = V a − Γabc V b dxc − Γabc V a δxc + Γabc Γbef V e dxf δxc − ∂d Γabc dxd V b δxc . (65)
38
Daı́ tomando a diferença entre os dois vetores achados para cada caminho tomado, temos:
∆V a = V a (x + δx + dx) − V a (x + dx + δx).
∆V a = Γabc Γbef V e δxf dxc − Γabc Γbef V e dxf δxc − ∂d Γabc V b δxd dxc + ∂d Γabc V b dxd δxc .
∆V a = Γaed Γebc V b δxc dxd − Γaec Γebd V b dxd δxc − ∂c Γabd V b δxc dxd + ∂d Γabc V b dxd δxc ;
∆V a = (∂d Γbc
a
− ∂c Γabd + Γaed Γebc − Γaec Γebd )V b δxc dxd ;
∆V a = Rbdc
a
δxc dxd , (66)
onde,
a
Rbdc = ∂d Γabc − ∂c Γabd + Γaed Γebc − Γaec Γebd , (67)
∆V a = −Rbcd
a
δxc dxd ,
o que indica a anti-simetria do tensor de Riemann nos dois últimos ı́ndices inferiores.
Após estudado transporte paralelo de vetores, usamos esta técnica para investigar a
curvatura na geometria de FRW. O transporte paralelo será realizado ao longo de curvas
fechadas, onde trataremos os casos simples para órbitas circulares e órbitas circulares
com tempo constante. Mas antes, como exemplo para uma melhor compreensão, inicia-
remos fazendo o transporte paralelo do vetor arbitrário V µ = (Aθ , Aφ ) ao longo de curvas
equatoriais, ou seja, com θ = π/2, na superfı́cie de uma esfera ordinária 2-esfera.
15
Georg Friedrich Bernhard Riemann, matemático alemão (1826-1866)[5]
39
onde as componentes não nulas do tensor métrico são: g11 = a2 , g22 = a2 sen2 (θ), g 11 = a−2
e g 22 = a−2 sen−2 (θ). Assim as conexões podem ser calculadas por:
1
Γαβγ = g αν (∂β gνγ + ∂γ gνβ − ∂ν gβγ );
2
1
Γ122 = g 11 (∂2 g12 + ∂2 g12 − ∂1 g22 ); (69a)
2
1
Γ122 = g 11 (−∂1 g22 ); (69b)
2
Γ122 = −cos(θ)sen(θ). (69c)
V 1 (0) = β;
α
V 2 (0) = .
sen(θ)
Depois de uma volta completa (φ = 2π) o vetor V µ = (V 1 , V 2 ) terá componentes dadas
por:
Como já foi mencionado, a configuração do espaço-tempo a qual será nosso objeto
de investigação será a métrica de FRW. Aplicaremos o transporte paralelo do vetor V µ
semelhantemente ao adotado na 2-esfera, porém agora estamos trabalhando no espaço-
tempo e portanto o vetor terá quatro componentes, a saber: V µ = (V 0 , V 1 , V 2 , V 3 ) ou
V µ = (V t , V r , V θ , V φ ). A métrica FRW é dada pela equação (16), onde:
dr2
ds2 = dt2 − R(t)2 − R(t)2 r2 (dθ2 + sen2 (θ)dφ2 ),
1 − kr2
Vamos inicialmente considerar o caso em que o Universo de FRW é aberto, ou seja, k = −1.
A métrica que descreve este universo (Equação (16)) é dada por:
dr2
ds2 = dt2 − R(t)2 − R(t)2 r2 (dθ2 + sen2 (θ)dφ2 ). (79)
1 + r2
1
dr = cosh(χ)dχ = (1 + r2 ) 2 dχ, (80)
onde usamos o fato em que cosh2 (χ) − senh2 (χ) = 1. Essa transformação, permite
reescrever o elemento de linha (79) como:
ds2 = dt2 − R(t)2 dχ2 − R(t)2 senh2 (χ)dθ2 − R2 (t)senh2 (χ)sen2 (θ)dφ2 , (81)
42
g00 = 1, (82a)
Ṙ
Γ101 = Γ202 = Γ303 = , (83a)
R
1
Γ212 = Γ313 = , (83b)
senh(χ)
ṘR
Γ011 = , (83c)
1 + senh2 (χ)
Γ022 = ṘRsenh2 (χ), (83d)
Feito estes cálculos, aplicamos a equação para transporte paralelo vetorial, que é fornecida
pela equação (71), ou seja:
dxν ∂V β
( + Γβµν V µ ) = 0.
dλ ∂xν
Abrindo a soma em ν, temos:
µ ¶ µ ¶
dx0 ∂V β β µ dx1 ∂V β β µ
+ Γµ0 V + + Γµ1 V +
dλ ∂x0 dλ ∂x1
µ ¶ µ ¶
dx2 ∂V β β µ dx3 ∂V β β µ
+ Γµ2 V + + Γµ3 V = 0. (84)
dλ ∂x2 dλ ∂x3
dV 0 dr dθ dφ
+ Γ011 V 1 + Γ022 V 2 + Γ033 V 3 = 0. (85)
dλ dλ dλ dλ
43
dV 1 dt dr dr dθ dφ
+ Γ110 V 1 + Γ101 V 0 + Γ111 V 1 + Γ122 V 2 + Γ133 V 3 = 0, (86a)
dλ dλ dλ dλ dλ dλ
dV 2 dt dr dθ dθ dφ
+ Γ220 V 2 + Γ221 V 2 + Γ202 V 0 + Γ212 V 1 + Γ233 V 3 = 0, (86b)
dλ dλ dλ dλ dλ dλ
dV 3 dt dr dθ dφ dφ dφ
+ Γ330 V 3 + Γ331 V 3 + Γ332 V 3 + Γ303 V 0 + Γ313 V 1 + Γ323 V 2 = 0. (86c)
dλ dλ dλ dλ dλ dλ dλ
As equações diferenciais (85), (86a), (86b) e a (86c) , quando resolvidas, nos fornecem
as componentes do vetor V µ transportado paralelamente ao longo da curva xµ (λ). Es-
colhendo uma curva tal que λ = φ, temos das equações (85), (86a), (86b) e a (86c) o
conjunto de quatro equações diferenciais, a saber16 :
dV t
+ ṘRsenh2 (χ)sen2 (θ)V φ = 0, (87a)
dφ
dV r
− cosh2 (χ)senh(χ)sen2 (θ)V φ = 0, (87b)
dφ
dV θ
− sen(θ)cos(θ)V φ = 0, (87c)
dφ
dV φ Ṙ t 1 cos(θ) θ
+ V + Vr+ V = 0. (87d)
dφ R senh(χ) sen(θ)
d2 V φ
+ [cosh2 (χ)sen2 (θ) + cos2 (θ) − Ṙsenh2 (χ)sen2 (θ)]V φ = 0. (89)
dφ2
Tomando,
ω 2 = cosh2 (χ)sen2 (θ) + cos2 (θ) − Ṙ2 senh2 (χ)sen2 (θ), (90)
onde α e β são constantes de integração. Combinando este resultado nas outras equações
(87a), (87b) e a (87c), chegamos facilmente por integração direta nas componentes do
vetor transportado paralelamente ao longo da curva λ = φ, tal que:
Assim, podemos ver que as constantes de integração não são independentes. A relação
entre elas pode ser expressa pela equação (94). Mais a frente discutiremos melhor esses
resultados.
e à ! µ ¶ µ ¶
Ṙ 1 cos(θ)
c1 + c2 + c3 = 0. (98)
R r sen(θ)
Veja que as constantes de integração c1 , c2 e c3 , também, são dependentes uma das outras
e só diferem do caso anterior por um fator associado a constante c2 .
Para um Universo fechado, ou seja, k = +1, a métrica de FRW será reescrita como:
dr2
ds2 = dt2 − R(t)2 − R(t)2 r2 (dθ2 + sen2 (θ)dφ2 ).
1 − r2
Observe que neste caso temos uma singularidade quando r → 1. Introduzindo uma nova
coordenada χ tal que,
r = sen(χ),
1
dr = cos(χ)dχ = (1 − r2 ) 2 dχ,
ds2 = dt2 − R(t)2 dχ2 − R(t)2 sen2 (χ)dθ2 − R2 (t)sen2 (χ)sen2 (θ)dφ2 . (99)
Que também adotando procedimentos semelhantes ao que fizemos para encontrar as com-
ponentes do vetor transportado no caso k = −1, obtivemos as seguintes coordenadas:
e à ! µ ¶ µ ¶
Ṙ 1 cos(θ)
c1 + c2 + c3 = 0. (102)
R senh(χ) sen(θ)
As equações (100) nos dão as componentes de um vetor arbitrário, transportado parale-
lamente ao longo de uma curva parametrizada por λ = φ, em um Universo fechado. A
46
k = −1 k=0 k = +1
ω cosh(χ) 1 cos(χ)
Tabela 1: Valores de ω quando feito o transporte paralelo do vetor em órbitas equatoriais com
tempo constante para os devidos valores de k.
V φ (0) = β, (103a)
V t (0) = c1 , (103b)
V θ (0) = c3 . (103d)
O fato de termos V t (0) = c1 e V θ (0) = c3 , reflete a constância do tempo (uma vez que
47
V t (2π) = c1 (104b)
V θ (2π) = c3 . (104d)
Logo podemos observar que o vetor V µ depois de uma volta completa não sofre alteração
em sua orientação sob transporte paralelo. Isto também pode ser estendido para n voltas
e mesmo assim o vetor não muda sua orientação, desde que n seja um inteiro.
V t (2π) = c1 , (105b)
V θ (2π) = c3 . (105d)
∆V t (2πn) = 0, (106b)
Isto nos mostra claramente que a invariância do vetor sob transporte paralelo para k = 0,
independe da órbita ser circular ou não, e de θ ser fixo ou não. Novamente lembrando, isto
só é válido para n inteiro. Esta espécie de “quantização”, Rothmann, Ellis e Murugan
denominaram de banda de invariância de holonomia.17 Em um recente artigo em que
investigaram propriedades da geometria de Schwarzschild-Droste, utilizando cálculo de
holonomia para transporte paralelo vetorial para determinadas classes de órbitas e curvas
17
Holonomias são objetos matemáticos, que em gravitação nos fornece informação global sobre o campo
gravitacional de interesse. Estes objetos estão associados ao transporte paralelo vetorial, em torno de
caminhos fechados ou entre dois pontos distintos via diferentes caminhos em uma determinada variedade.
48
µ
abertas no espaço-tempo[6]. Pela equação (66) temos que ∆V µ = Rβνγ δxγ dxν = 0, logo
µ
o tensor de curvatura é nulo Rβνγ = 0, uma vez que δxγ e dxν são arbitrários. Daı́
podemos concluir que para uma dada hipersuperfı́cie com tempo constante, temos uma
geometria plana, já que não há mudança nas componentes do vetor, quando transportado
paralelamente, justificando assim o porque de ser chamado de Universo plano.
Para o Universo fechado, onde k = +1, as equações que nos fornecem a diferença
entre as componentes do vetor transportado paralelamente depois de n voltas inteiras, em
acordo com as equações (100) e (101), são dadas por:
∆V t (2πn) = 0, (107b)
∆V θ (2πn) = 0. (107d)
As equações (107a-d) nos mostram claramente que na geometria FRW, com k = +1,
teremos mudança na orientação do vetor depois de n voltas sob transporte paralelo, com
π
θ = 2
, exceto para os casos em que ncos(χ) é um inteiro. Daı́, para que o transporte
paralelo não mude a direção do vetor, é necessário que exista invariância, ou seja:
∆V t (2πn) = 0, (111b)
cosh2 (χ)senh(χ)sen2 (θ)
∆V r (2πn) = [βsen(2πncosh(χ))−
cosh(χ)
− αcos(2πncosh(χ)) + α], (111c)
∆V θ (2πn) = 0. (111d)
Notamos também, que para o Universo de FRW o transporte paralelo vetorial, depois de
n voltas no plano equatorial (θ = π/2), modifica as componentes do vetor, com exceção
para órbitas de raio r determinado por:
r
m2
r= − 1, (112)
n2
m
onde n
> 1, pois o raio é uma quantidade positiva não-nula. Observe que, para k = −1,
usamos: cosh(χ) = m/n, sendo r = senh(χ). Assim a invariância da direção do vetor sob
transporte paralelo depende do raio da órbita. As equações (110) e (112) nos fornece o
raio crı́tico para as situações k = +1 e k = −1, respectivamente.
k = −1 k=0 k = +1
1 1 1
ω [cosh2 (χ) − Ṙ2 senh2 (χ)] 2 [1 − Ṙ2 r2 ] 2 [cos2 (χ) − Ṙ2 sen2 (χ)] 2
Tabela 2: Valores de ω quando feito o transporte paralelo do vetor em órbitas equatoriais para
os devidos valores de k, considerando o Universo não-estático.
50
Assim, nestas condições temos que para o Universo de FRW com k = 0, as equações
que nos dá a diferença entre as componentes do vetor depois de n voltas, são dadas pela
equação (97) e a Tabela 2, onde obtivemos:
Note que a diferença entre as componentes depois de n voltas sob transporte paralelo,
na direção de θ, não varia. No entanto, as demais componentes do vetor variam sob
transporte paralelo, exceto para órbitas em que o raio obedeça a condição que já foi
discutida anteriormente, ou seja, nω deve ser um inteiro para que tenhamos invariância
na orientação do vetor depois de n voltas sob transporte paralelo. Assim o raio que
obedece a essa condição de “quantização” é encontrado através da Tabela 2, onde:
q
2
1− m n2
r= , (114)
Ṙ
m
sendo que devemos ter 0 < n
< 1. Se fixado um valor de m, teremos um mı́nimo para n.
Para m = 2, por exemplo, depois de 3 voltas o raio da órbita para o qual as componentes
√ √
do vetor não variem será r = 5/Ṙ 9.
No Universo fechado, ou seja, constante de curvatura k = +1, as diferenças das com-
ponentes do vetor depois de n voltas sob transporte paralelo (se considerarmos partindo
de φ = 0) são facilmente encontradas por meio das equações (100) e a Tabela 2, onde:
∆V θ (2πn) = 0, (115d)
e o raio das órbitas, para as quais o vetor não sofre efeito sob transporte paralelo, usando
51
∆V θ (2πn) = 0. (117d)
semelhantemente aos casos anteriores, temos que o raio das órbitas nas quais o vetor não
varia sua orientação sob transporte paralelo é, pela Tabela 2 e as equações (117):
s
m2
n2
−1
r= , (118)
(1 − Ṙ2 )
m2
onde que n2
> 1 ⇒ m > n. Usamos o fato de que r = sinh(χ). O transporte paralelo de
vetores, para o Universo aberto e fechado, nos fornece a informação de que o Universo de
FRW tem curvatura não-nula para as duas situações, exceto para os raios crı́ticos [6].
52
6 Conclusões
depois de transportado paralelamente, uma vez que o espaço entre as duas órbitas é
curvo[6]. Assim, o transporte paralelo de vetores pode ser uma ótima ferramenta para se
estudar curvaturas em um determinado espaço-tempo.
Referências
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Universe. Rev. Bras. Ens. v.24, no.2, p. 247-253, São Paulo: 2002.
[2] HORVATH, Jorge Ernesto et al. Cosmologia fı́sica: do micro ao macro cosmos e
vice-versa. São Paulo: Livraria da Fı́sica, 2007.
[4] SOUZA, Ronaldo Eustáquio de. Introdução à Cosmologia, São Paulo: Ed. da
Universidade de São Paulo, 2004.
[5] OLIVEIRA FILHO, Kepler de Souza; OLIVEIRA SARAIVA, Maria de Fátima. As-
tronomia e Astrofı́sica. 2. ed. São Paulo: Livraria da Fı́sica, 2004.
[6] ROTHMAN, Tony; Ellis, George F. R.; Murugan, Jeff. Holonomy in the
Schwarzschild-Droste Geometry.. Arxiv: gr-qc/0008070 , v4, 15 Mai. 2001.
[7] SCHUTZ, Bernade F.; A first course in general relativity. Cambridge: Cam-
bridge Universidade Press, 1990.
[9] ROOS, Matts; Introduction to Cosmology. 3. ed. London: John Wiley & Sons,
Ltd 2003.
[11] CARNEIRO, Bruno C.; Introdução à Relatividade Geral. In: Notas de aulas.
Universidade Federal de Pernambuco.
[12] LIDDLE, Andrew R.; Acceleration of the Universe. Astronomy Centre, Univer-
sity of Sussex, Brighton BN1 9QJ, United Kingdom.
[13] D. N., Spergel et al. [WMAP, Collaboration] First Year Wilkinson Microwave
Anisotropy Probe (WMAP) Observations: Determination of Cosmologi-
cal Parameters, Astrophys. J. Suppl. 148, 175 (2003) [arXiv:astro-ph/0302209].
[16] AMBJORN, J.; JURKIEWICZ, J.; LOLL, R.; The Self-Organized de Sitter
Universe. The Niels Bohr Institute, Copenhagen University Blegdamsvej 17, DK-
2100 Copenhagen, Denmark: 2008.