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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

DEPARTAMENTO DE FÍSICA

EDINELSON PEREIRA DOS SANTOS

TRANSPORTE PARALELO DE VETORES NO UNIVERSO


DE FRIEDMANN-ROBERTSON-WALKER

Feira de Santana - Ba
Maio de 2009
EDINELSON PEREIRA DOS SANTOS

TRANSPORTE PARALELO DE VETORES NO UNIVERSO


DE FRIEDMANN-ROBERTSON-WALKER

Monografia apresentada ao Curso de Fı́sica da Uni-


versidade Estadual de Feira de Santana, como re-
quisito parcial para a obtenção do grau de LICEN-
CIADO em Fı́sica. Orientador Prof. Dr. Alexan-
dre Manoel de Morais Carvalho.

Feira de Santana - Ba
Maio de 2009
EDINELSON PEREIRA DOS SANTOS

TRANSPORTE PARALELO DE VETORES NO UNIVERSO


DE FRIEDMANN-ROBERTSON-WALKER

Monografia apresentada ao Curso de Fı́sica da Uni-


versidade Estadual de Feira de Santana, como re-
quisito parcial para a obtenção do grau de LICEN-
CIADO em Fı́sica. Orientador Prof. Dr. Alexan-
dre Manoel de Morais Carvalho.

Aprovada em 05 de maio de 2009.

BANCA EXAMINADORA

———————————————————————–
Prof. Dr. Alexandre Manoel de Morais Carvalho
Departamento de Fı́sica - UEFS

———————————————————————–
Prof. Dr. Carlos Alberto de Lima Ribeiro
Departamento de Fı́sica - UEFS

———————————————————————–
Prof. Dr. Josevi de Souza Carvalho
Departamento de Fı́sica - UEFS
Dedico este trabalho a meu pai Luiz, minha
mãe Edinalva e aos meus irmãos, Val,
Luciano, Ney, Iana e Patrı́cia e minha
esposa Lane, que sempre apoiaram todas as
decisões, confortaram-me nos momentos
difı́ceis e proporcionaram momentos de
muita alegria e aprendizado ao vosso lado.
Agradecimentos

Agradeço a Deus por atender minhas orações.


Ao meu professor e orientador Alexandre Carvalho pelos ensinamentos, paciência e
exemplo profissional o qual pretendo seguir.
Aos amigos Murilo Sodré, Murilo Silva, Gessé, Fabrı́cio, Jones, Tony e Erveton, os
quais conheço desde o inı́cio da graduação, por todas discussões e aconselhamentos.
A UEFS por tudo que me foi necessário para a conclusão da minha graduação.
A Residência Universitária, a qual foi minha casa durante todo esse perı́odo.
Aos colegas da Resi pelos momentos de descontração.
Ao apoio financeiro da PROBIC durante a minha iniciação cientı́fica.
Muito obrigado!
Eu posso aprender todas as coisas através de
Jeová Deus.
Resumo

Em geral, o transporte paralelo de vetores no espaço-tempo curvo pode resultar em um


déficit angular entre as direções inicial e final do vetor. Neste trabalho o nosso ponto
de partida foi discutir o comportamento dinâmico e a estrutura geométrica dos Modelos
Cosmológicos mais comuns que descrevem o Universo, especialmente os de Friedmann e
Einstein-de Sitter e os de Friedmann-Lemaı̂tre. Todos os modelos são baseados na teoria
da Cosmologia Relativı́stica. Descritos os respectivos modelos, todos foram analisados de
acordo com suas hipóteses, para daı́ ser possı́vel inferir qual deles comporta melhor a ace-
lerada expansão do Universo, a radiação cósmica de fundo e a Teoria Padrão. Em seguida
aplicamos o transporte paralelo de vetores em torno de órbitas circulares no espaço-tempo
de FRW, onde encontramos um resultado muito interessante. Observamos que no espaço-
tempo de FRW o vetor transportado paralelamente adquire um déficit angular depois
de n voltas inteiras no plano equatorial, exceto para órbitas com determinados raios
chamados de raio crı́tico. Essa espécie de quantização é também conhecida como banda
de invariância de holonomia.
Abstract

In general, the parallel transport of vectors in curved space-time might result in angle
défict between the initial and final vector direction. In this work our starting point was
to discuss the dynamical behavior and the geometric framework of Cosmological Models
more common that describe the universe, specially the Friedmann and Einstein de Sitter’s
and the Friedmann-Lemaitre’s. All the models are based on the relativistic cosmology
theory. Once we described the respective models, all were analyzed in agreement with
its hypothesis, to be possible from there to deduce what better indicates the accelerated
expansion of the Universe, the cosmic background radiation and the Standard Theory.
Next, we applied parallel transport of vectors around circular orbits in the FRW’s space-
time, where we found a very interesting result. We observed that in the FRW’s space-time
the parallel carried vector acquire a angle défict after n entire turns in the equatorial plane,
except for orbits with determinate radius called critic radius. This kind of quantization
is also known as invariant band of holonomy.
Sumário
1 Introdução geral 12

2 Idéias fundamentais de cosmologia 15


2.1 Princı́pio Cosmológico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.2 Métrica de Friedmann-Robertson-Walker. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.3 Dinâmica do Universo de FRW. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.3.1 Lei de Hubble e o Parâmetro de Densidade. . . . . . . . . . . . . . 23

3 Modelos Cosmológicos 24
3.1 Modelos de Friedmann . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
3.2 Modelo de Einstein-de Sitter . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
3.3 Modelo de de Sitter . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
3.4 Modelo de Lemaı̂tre. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

4 Transporte Paralelo de Vetores 32

5 Transporte Paralelo de Vetores na Geometria de FRW 38


5.1 Transporte paralelo na 2-esfera . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
5.2 Transporte em FRW . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
5.2.1 Universo aberto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
5.2.2 Universo plano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
5.2.3 Universo fechado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
5.3 Órbitas circulares com tempo constante (Ṙ = 0) . . . . . . . . . . . . . . . 46
5.4 Órbitas circulares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49

6 Conclusões 52
Referências
Lista de Tabelas
1 Valores de ω quando feito o transporte paralelo do vetor em órbitas equatoriais
com tempo constante para os devidos valores de k. . . . . . . . . . . . . . . . 46
2 Valores de ω quando feito o transporte paralelo do vetor em órbitas equatoriais
para os devidos valores de k, considerando o Universo não-estático. . . . . . . . 49
Lista de Figuras
1 Evolução do Universo para o modelo de Friedmann Fechado, R × t. . . . . . . . 27
2 Evolução do Universo para o modelo de Friedmann Aberto, R × t. . . . . . . . . . . . 28
3 Evolução do Universo para o modelo de Einstein-de Sitter, R × t. . . . . . . . . 29
4 Evolução do Universo para o modelo de de Sitter, R × t. . . . . . . . . . . . . 30
5 Evolução do Universo para o modelo de Lemaı̂tre. . . . . . . . . . . . . . . . . 32
6 Um triângulo esférico APB. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
7 Triângulo construı́do em linhas curvas em um espaço plano. . . . . . . . . . . . 33
8 Transporte paralelo sobre um triângulo esférico. . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
9 O vetor paralelo de xa + δ̄xa em Q. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
10 Transporte de V a no caminho infinitesimal fechado. . . . . . . . . . . . . . . . 37
12

1 Introdução geral

A humanidade sempre manteve uma relação de curiosidade quanto a origem e a


evolução do Universo, buscando uma melhor compreensão da estrutura deste. Para todos
nós, habitantes do Universo, conhecer os detalhes desta nossa casa é de muita importância
[1]. Daı́ o surgimento de diversos modelos propostos para descrever o Universo. Por muito
tempo, sob a ótica da cosmologia newtoniana, acreditou-se que o Universo era estático e
imutável no tempo absoluto.
No inı́cio do século XX nossa visão sobre o mundo fı́sico sofreu uma considerável
modificação a respeito dos conceitos fı́sicos até então predominante. Isso foi graças ao
surgimento da relatividade restrita, desenvolvida por Albert Einstein, onde esta propor-
cionou uma generalização das leis newtonianas (exceto a gravitação) com resultados que
culminou na cosmologia moderna [2]. Por algum tempo, Einstein também, influenciado
pelas ideias newtoniana, acreditou que o Universo era estático. Isso o induziu a introduzir
uma constante Λ em sua equação de campo. A constante Λ seria uma espécie de energia
extra, necessária para contrabalancear a força gravitacional [1]. Só depois de observações,
verificou-se que o Universo era dinâmico.
A essência da relatividade restrita está baseada em dois postulados de Einstein. O
primeiro coloca a luz como um ente de natureza especial que, na ausência da gravidade,
tem velocidade constante, finita (tomada como velocidade limite para as velocidades e-
xistentes no Universo) e que, independente da direção de propagação, suas propriedades
são as mesmas. Assim, a velocidade da luz é a mesma para todos os observadores i-
nerciais1 . O segundo afirma que todos os observadores inerciais são equivalentes [3]. A
partir desse momento, o tempo perde seu caráter absoluto e não se tem mais um espaço
separado do tempo, os dois passam a integrar agora uma única entidade: o espaço-tempo
[2]. No entanto, Einstein incomodado com os limites impostos pela relatividade restrita,
na qual o observador deveria ser inercial, investiu no desenvolvemento de uma teoria
mais geral que se estendesse também a observadores não-inerciais. Daı́, influenciado
pelas idéias de E. Mach2 , desenvolveu a teoria da Relatividade Geral. Esta se baseia em
alguns princı́pios fundamentais, que determinam o comportamento das leis fı́sicas quando
1
Observador não acelerado
2
Idéias que afirmam que a distribuição de matéria modifica o espaço.
13

considerado a gravitação. O primeiro diz respeito ao princı́pio da equivalência, na


qual afirma que não existem testes, realizados por observadores locais, que permitam a
esses distinguir entre um campo gravitacional e um referencial acelerado[4]. A segunda
idéia diz respeito ao princı́pio da covariância, na qual afirma que todas as leis fı́sicas
devem ter a mesma forma em qualquer referencial. Daı́ a necessidade do cálculo tensorial
no estudo da relatividade de Einstein. Agora, nesta nova visão relativı́stica, devemos
considerar a influência da gravitação nos movimentos dos corpos e da luz. A matéria
determina a geometria do espaço-tempo [3].
A noção de distância, na concepção relativı́stica, é alterada, já que a parte temporal
está inclusa nesta geometria. Assim ao invés de termos distância entre dois pontos, agora
temos intervalos entre dois pontos (ou eventos). Infinitesimalmente, a distância entre dois
eventos no espaço-tempo é descrita pela métrica ds2 = gµν dxµ dxν , onde gµν é o tensor
métrico [3]. Isto pode ser entendido como uma generalização do teorema de Pitágoras.
Neste trabalho a métrica que utilizaremos é a de Robertson-Walker3 , na qual iremos ver
que tal métrica carrega informações sobre a evolução do Universo, inclusa no fator de
escala R(t), e informações com respeito a estrutura geométrica, inclusa no parâmetro de
curvatura k.
Sem dúvida a cosmologia encontrou na relatividade geral uma forte parceria em seus
avanços, juntamente com grandes descobertas realizadas no século XX, tal como a desco-
berta feita por Edwin Hubble4 em 1920. Hubble descobriu que a velocidade relativa entre
duas galáxias era proporcional a distância relativa entre elas. Esta descoberta mudou
radicalmente a visão que os cientistas tinham do Universo [4].
Na elaboração deste trabalho, utilizamos métodos de geometria diferencial em conjunto
com a teoria da Relatividade Geral. Essa teoria, combinada com outras hipóteses, é
uma ferramenta muito poderosa na construção de modelos para descrever a dinâmica do
Universo. Fundamentado no Princı́pio Cosmológico, o qual estabelece que o Universo, em
larga escala, se comporta como um fluido perfeito, homogêneo e isotrópico e levando em
consideração a Teoria Padrão (O chamado Big Bang), obtivemos a métrica de Robertson-
Walker. Essa métrica, como já citamos, carrega um Fator de Escala R(t), que descreve a
3
O fı́sico-matemático americano Howard Percy Robertson (1894-1979) e o matemático inglês Arthur
Geoffrey Walker (1909-), demostraram, em 1935 e 1936, que tal métrica é a mais geral para sastifazer a
condição de homogeneidade e isotropia para a geometria do espaço-tempo [5]
4
Astrônomo americano Edwin Powell Hubble (1889-1953) [5]
14

evolução do Universo e o parâmetro de curvatura k, que pode assumir os valores:




 −1, U niverso f echado


k= 0, U niverso plano



 +1, U niverso aberto

Com base na métrica de Robertson-Walker e idealizando o Universo como um fluido


perfeito, resolvemos a equação de Einstein e chegamos às equações de Friedmann5 . Daı́
utilizando a lei de Hubble, alguns parâmetros e considerações, tratamos dos modelos mais
comuns que buscam descrever o universo, especialmente os de Friedmann e Einstein-de
Sitter e os de Friedmann-Lemaı̂tre6
Outros fatores importantes na análise de tais modelos são os resultados de observações
feitas por V. Slipher7 [2], do deslocamento para o vermelho, ou redshift, da luz proveniente
das galáxias. Os resultados obtidos indicam que o Universo se encontra em expansão. Sur-
preendentemente, observações recentes de supernovas distantes, realizadas por dois grupos
independentes, liderados, respectivamente por A.G Riess e S. Perlmutter [1] indicam que
o Universo não só está se expandindo, mas tal expansão ocorre de forma acelerada. Estas
descobertas são de importância comparável à descoberta na década de 60, da existência
da radiação cósmica de fundo (prevista pela Teoria Padrão), que também fortalece a
aceitação de alguns modelos tratados [1].
Depois de discutidos os modelos cosmológicos, fizemos um estudo do formalismo de
transporte paralelo vetorial. A idéia básica é transportar um vetor paralelamente a si
mesmo em torno de um caminho fechado ou de um ponto a outro por caminhos diferen-
tes. Tal transporte pode alterar a orientação desse vetor de acordo com a curvatura do
espaço-tempo em questão. Aplicamos estas idéias às condições geométricas de Friedmann-
Robertson-Walker, nas quais calculamos o vetor transportado paralelamente para cada
valor de k. Um fato curioso é que, em algumas situações, a influência do transporte
paralelo depende do raio da órbida adotada [6], que no nosso caso adotamos órbitas
circulares no plano equatorial e constante com tempo.
5
O russo Alexander Alexadrovitch Friedmann era meteorologista e proporcionou notáveis contribuições
para a cosmologia (1888-1925) [5]
6
O padre e engenheiro civil e cosmólogo belga George-Henri Édouard Lemaı̂tre foi, provavelmente, o
primeiro a propor um modelo especı́fico para o Big Bang, em 1927 (1894-1966) [5]
7
O astrônomo americano Vesto Melvin Slipher (1875-1969), demostrou que, das 41 galáxias que ele
estudou, a maioria apresentava deslocamento espectral para o vermelho [5].
15

2 Idéias fundamentais de cosmologia

2.1 Princı́pio Cosmológico.

A cosmologia moderna é baseada no Princı́pio Cosmológico, ou seja, isotropia e ho-


mogeneidade do Universo. Esse princı́pio afirma que, em larga escala, não há no Universo
nenhuma localização privilegiada, nem possibilidade de distinguir entre várias linhas de
visada, ou seja, todos os pontos e as direções são equivalentes[2]. Neste caso os diversos
observadores que acompanha o movimento cosmológico, independentes uns dos outros,
vão estar expostos, em um dado instante, a uma mesma interpretação do Universo. Este
princı́pio pode ser pensado como uma extensão da proposta de Einstein, segundo o qual
as leis da Fı́sica devem ser as mesmas para esses observadores. Não somente as leis são
idênticas, mas a própria descrição da estrutura do Universo, feita pelos observadores,
deve ser também a mesma. O resultado é que, para evitar que diferentes observadores
tenham opiniões distintas sobre a distribuição de massa do Universo, temos que este deva
ser homogêneo e isotrópico em largas escalas. Como o próprio nome indica, este é um
princı́pio que postulamos como verdadeiro e a partir dele desenvolvemos as conseqüências
cosmológicas que se seguem[4].
Sabemos que o Universo local, até distâncias da ordem de 10 Mpc8 , é manifestada-
mente não homogêneo e também não isotrópico. Se observarmos, por exemplo, na direção
do pólo Norte galáctico não podemos deixar de notar a presença de uma grande aglom-
eração de galáxias na constelação de Virgem. Esta é uma distorção local que afeta a
distribuição de galáxias a distâncias da ordem de 10 a 20 Mpc da galáxia. Se observarmos
objetos mais e mais distantes (distâncias da ordem de 100Mpc) o Universo vai parecer
cada vez mais próximo de uma distribuição homogênea e isotrópica [4]. Isto equivale, por
exemplo, a enxergar uma praia depois de ver a granulação da areia na mão [2].
Notemos também que a isotropia e homogeneidade se referem às coordenadas espaciais
e não ao tempo, já que, por exemplo, homogeneidade temporal implicaria um Universo
estacionário no tempo, sem inı́cio ou evolução alguma, e assim em conflito com as ob-
servações. Como veremos, os cosmólogos Robertson e Walker foram os responsáveis de
mostrar que a forma das equações de Friedmann é única, se o Princı́pio Cosmológico
8
1 pc (parcec) é aproximadamente igual a 3,26 anos-luz.
16

é sastifeito e a Relatividade Generalizada descreve a gravitação, estabelecendo assim a


chamada Cosmologia Padrão de Friedmann-Robertson-Walker (FRW) [2]. Em sı́ntese
a cosmologia de FRW se baseia em três tópicos. A saber: o Princı́pio Cosmológico, a
Relatividade Geral e a idealização do Universo como um fluido perfeito.

2.2 Métrica de Friedmann-Robertson-Walker.

Nesta seção buscaremos determinar, a partir da simetria esférica, a métrica objeto de


nossa investigação, conhecida como métrica de Friedmann-Robertson-Walker. Em termos
matemáticos, um espaço de curvatura constante é caracterizado pela equação [3]:

Rαβγδ = K(gαγ gβδ − gαδ gβγ ), (1)

onde Rαβγδ é o tensor de curvatura e K é uma constante chamada de constante de cur-


vatura (ou curvatura gaussiana). Assim, contraindo a equação (1) com g αγ , no caso de
um espaço 3-dimensional, temos:

g αγ Rαβγδ = Rβδ

Rβδ = Kg αγ (gαγ gβδ − gαδ gβγ )

= K(g αγ gαγ gβδ − g αγ gαδ gβγ )

= K(δαα gβδ − δδγ gβγ )

= K((δ11 + δ22 + δ33 )gβδ − δδδ gβδ )

= K(3gβδ − gβδ )

Rβδ = 2Kgβδ , (2)

onde Rβδ é conhecido como tensor de Ricci [3]. Observe que usamos a propriedade:
g αγ gαγ = δαα , com α = 1, 2, 3. O termo δαβ é chamado de delta de Kronecker, sendo:
δαβ = 1, se β = α e δαβ = 0, se β 6= α.
Considere agora um espaço 3-dimensional, e que este seja isotrópico em torno de cada
ponto. Logo teremos uma simetria esférica em torno de cada ponto. Isto resulta no
elemento de linha que é da forma [7]:

dl2 = eλ dr2 + r2 (dθ2 + sen2 (θ)dφ2 ), (3)


17

onde λ(r) é uma função de r, pois para um sistema isotrópico e homogêneo, podemos
escrever as coordenadas em um sistema esférico e considerar somente a coordenada radial
[5]. O que precisamos agora é encontrar a forma de eλ . Pela equação (3), temos que os
elementos do tensor métrico são:

g11 = eλ(r) ; g22 = r2 ; g33 = r2 sen2 (θ), (4)

e os seus respectivos componentes contravariante são;

g 11 = e−λ(r) ; g 22 = r−2 ; g 33 = r−2 sen−2 (θ). (5)

Note que pela equação (2), a relação entre Rβδ e gβδ pode nos dar informação a respeito
de eλ . Sendo assim, faremos os cálculos para as componentes dos tensores de Ricci [3],
que é dado pela equação:

Rµν = ∂α Γαµν − ∂ν Γαµα + Γβµν Γαβα − Γβµα Γαβν , (6)

onde os elementos “ Γαµν ” são conhecidos como sı́mbolos de Christoffel. Para calcular o
tensor de Ricci é preciso calcular, antes, os sı́mbolos de Christoffel que pode ser escrito
em termos das componentes do tensor métrico do espaço-tempo como [3]:
1
Γαβγ = g αν (∂β gνγ + ∂γ gνβ − ∂ν gβγ ), (7)
2
onde este tem uma relação de simetria, nos dois ı́ndices inferiores, tal que: Γαβγ = Γαγβ .
Assim pelas equações (4) e (5) temos9 :
1 1 1
Γ111 = g 11 (∂1 g11 + ∂1 g11 − ∂1 g11 ) = e−λ(r) [∂1 (eλ(r) )] ⇒ Γ111 = λ̇(r).
2 2 2
Pelo mesmo procedimento encotramos:
1
Γ111 = λ̇(r); (8a)
2
Γ112 = Γ121 = Γ123 = Γ132 = Γ113 = Γ131 = Γ213 = Γ211 = Γ222 = Γ231 = Γ223 = Γ232 = 0; (8b)

Γ122 = −re−λ(r) ; (8c)

Γ133 = −re−λ(r) sen2 (θ); (8d)

Γ212 = Γ221 = Γ313 = Γ331 = r−1 ; (8e)

Γ233 = −cos(θ)sen(θ). (8f)

Γ311 = Γ333 = Γ322 = Γ312 = Γ321 = 0; (8g)

Γ323 = Γ332 = cotg(θ). (8h)


9 dλ
Onde usamos: λ̇ = dr .
18

Aplicando as equações (8) na (6) obtemos:

R11 = ∂1 Γ111 + ∂2 Γ211 + ∂3 Γ311 − ∂1 Γ111 − ∂1 Γ212 − ∂1 Γ313 +

+ Γ111 Γ111 + Γ211 Γ121 + Γ311 Γ131 + Γ111 Γ212 + Γ211 Γ222 + Γ311 Γ232 +

+ Γ111 Γ313 + Γ211 Γ323 + Γ311 Γ333 − Γ111 Γ111 − Γ211 Γ121 − Γ311 Γ131 −

− Γ112 Γ211 − Γ212 Γ221 − Γ312 Γ231 − Γ113 Γ311 − Γ213 Γ321 − Γ313 Γ331
λ̇
R11 = .
r
Pelo mesmo procedimento encontramos:

R12 = R21 = R13 = R31 = R23 = R32 = 0. (9a)


λ̇
R11 = . (9b)
r
1
R22 = rλ̇e−λ − e−λ + 1. (9c)
·2 ¸
1
R33 = rλ̇e − e + 1 sen2 (θ).
−λ −λ
(9d)
2
De acordo com as equações (2), (4) e (9), temos:

λ̇
R11 = 2Kg11 ⇒ = 2Keλ(r) . (10a)
r
1
R22 = 2Kg22 ⇒ rλ̇e−λ − e−λ + 1 = 2Kr2 . (10b)
2
−λ
Com as equações (10) temos: r = e2Kλ̇ . Substituindo em R22 :
à ! à !2
−λ −λ
1 e λ̇ e λ̇
λ̇e−λ − e−λ + 1 = 2K
2 2K 2K
e−2λ λ˙2 2e−2λ λ˙2
− e−λ + 1 =
4K 4K
−2λ ˙2 −2λ ˙2
e λ 2e λ
− + 1 = e−λ
4K 4K
e−2λ λ˙2
1− = e−λ . (11)
4K
Logo, com o uso da equação (11) chegamos na forma de eλ , que é :
1
eλ = . (12)
1 − Kr2
Substituindo a (12) na (3) obtemos, para um espaço 3-dimensional de curvatura constante,
o elemento de linha:
dr2
dl2 = + r2 [dθ2 + sen2 (θ)dφ2 ]. (13)
1 − Kr2
19

Considerando que o espaço-tempo pode ser “ fatiado ” em hipersuperfı́cies com o tempo


constante, então (levando em conta o Princı́pio Cosmológico) temos que a estrutura em
repouso das galáxias concorda muito bem com o conceito de simultaneidade, já que a cada
hipersuperfı́cie do espaço-tempo temos um tempo t constante associado, o que significa que
todos os eventos que ocorrem nessa hipersuperfı́cie possuem também a mesma coordenada
temporal t [7]. Isto nos permite adotar as coordenadas comóveis 10 , em que podemos
idealizar cada galáxia passuidora de um conjunto fixo de coordenadas {t, x1 , x2 , x3 }, tal
que as hipersuperfı́cies são descritas para um dado t constante e coordenadas espaciais
{x1 , x2 , x3 } constantes ao longo das geodésicas. A coordenada temporal t, representa o
tempo próprio de cada galáxia. A expansão do Universo (variação da distância própria
entre as galáxias) é representada pela métrica de coeficientes dependentes com tempo.
Assim, em um instante t qualquer, uma hipersuperfı́cie terá um elemento de linha da
forma:
dl(t)2 = hij dxi dxj , (14)

com hij = R(t)2 gij , onde R(t) é conhecido como fator de escala e hij é a métrica que
evolui com gij por um fator R(t)2 , igual para toda hipersuperfı́cie, com {i, j = 1, 2, 3}
[3]. No instante inicial t0 temos R(t0 ) = 1. Pela condição de ortogonalidade (em que as
geodésicas são ortogonais à famı́lia de hipersuperfı́cies), pode-se mostrar que a métrica
geral para o espaço-tempo, nessas condições, terá elemento de linha dado por11 :

ds2 = dt2 − R(t)2 gij dxi dxj , (15)

combinando a equação (15) com o resultado da (13), pode ser mostrado que a métrica
que atende à cosmologia no espaço-tempo, para um Universo homogêneo e isotrópico12
possui elemento de linha dado por:

dr2
ds2 = dt2 − R(t)2 − R(t)2 r2 (dθ2 + sin2 (θ)dφ2 ). (16)
1 − kr2

Essa métrica é conhecida como a métrica de Robertson-Walker. A curvatura gaussiana é


k
dada em termos do fator de escala pela relação K = R(t)2
, com k = −1, k = 0 e k = +1,
10
Coordenadas comóveis são coordenadas espaciais que permanecem constante ao longo da geodésica
para um obsevador fundamental, ou seja, aquele que se desloca junto com a hipersuperfı́cie.
11
A partir de agora adotaremos a unidade relativı́stica em que c = 1, onde c2 dt2 = dt2
12
A condição de isotropia e homogeneidade explica o uso de simetria esférica na costrução da equação
(16).
20

representando curvatura negativa, nula e positiva, respectivamente[8]. Quando k = −1,


dizemos que o universo é aberto; k = 0 o universo é dito plano e finito. E para k = +1,
universo é fechado. Observe que na métrica da equação (16), a evolução do universo e sua
estrutura espacial são independentes. O fator de escala R(t) deve sastifazer as equações
de Friedmann. Quando o universo obedece tais condições, ele é chamado de universo de
Friedmann-Robertson-Walker (FRW).

2.3 Dinâmica do Universo de FRW.

Agora será analisado qual a previsão que a equação de campo de Einstein, pode fazer a
respeito do comportamento do universo de Friedmann-Robertson-Walker(FRW). Sabemos
que na Relatividade Geral de Einstein, geometria e matéria estão acopladas através das
equações de Einstein (já introduzida a constante cosmológica):

Gµν − Λgµν = 8πTµν , (17)

onde Gµν é o chamado tensor de Einstein, onde este é simétrico sob troca de ı́ndices, Λ é
a constante cosmológica, gµν é o tensor métrico e Tµν o tensor energia-momentum. O lado
esquerdo da equação está relacionado com a geometria e o lado direito, à matéria imersa
no espaço tempo, através do tensor energia-momentum, que para um fluido perfeito, como
idealizamos anteriormente, é dado por:

Tµν = (ρ + p)uµ uν − pgµν , (18)

onde ρ(t) e p(t) são a densidade total de energia e pressão totais (matéria mais radiação) e
uµ é a quadrivelocidade do fluido [7]. Para um meio isotrópico e homogêneo, a densidade
e pressão são funções dependente do tempo t.
Agora vamos resolver a equação de Einstein para a métrica FRW, o que nos conduzirá
as equações de Friedmann. Para isto, é interessante observar antes que a equação de
Einstein (17) também pode ser escrita em termo do tensor de Ricci Rµν como:

1
Rµν − gµν R = Λgµν + 8πTµν , (19)
2

onde R é o escalar de Ricci dado pela contração R = g µν Rµν . Para a métrica de FRW
21

temos que os coeficientes não-nulo do tensor métrico são:

g00 = 1; (20a)
2
R
g11 = − ; (20b)
1 − kr2
g22 = −R2 r2 ; (20c)

g33 = −R2 r2 sen2 (θ). (20d)

Adotando um sistema de coordenadas em que as componetes espaciais são fixas, então


para o movimento de um elemento de volume do fluido perfeito, a quadrivelocidade é
dada por:
ua = (1, 0, 0, 0), (21)

onde adotamos c = 1. Assim, usando a equação (18) e a quadrivelocidade da equação


(21), podemos calcular as componentes do tensor energia-momentum fazendo:

T00 = (ρ + p)u0 u0 − pg00 = ρ + p − p = ρ; (22a)


pR2
T11 = (ρ + p)u1 u1 − pg11 = ; (22b)
1 − kr2
T22 = (ρ + p)u2 u2 − pg22 = pR2 r2 ; (22c)

T33 = (ρ + p)u3 u3 − pg33 = pR2 r2 sen2 (θ), (22d)

onde as demais componentes são nulas.


Calculando o tensor de Ricci, do mesmo modo que na equação (9), para a métrica
FRW, temos os seguintes resultados:


R00 = −3 ; (23a)
R
R̈R + 2Ṙ2 + 2k
R11 = ; (23b)
1 − kr2
R22 = R̈Rr2 + 2Ṙ2 r2 + 2kr2 ; (23c)

R33 = R̈Rr2 sen2 (θ) + 2Ṙ2 r2 sen2 (θ) + 2kr2 sen2 (θ), (23d)

dR
onde agora usamos Ṙ = dt
. Por outro lado o escalar de Ricci pode ser expresso como:

R = g µν Rµν = g 00 R00 + g 11 R11 + g 22 R22 + g 33 R33 , (24)


22

que aplicada ao lado esquerdo da equação de Einstein (19), em conjunto com as equações
(23) e a (24), obtem-se:

Ṙ2 k
G00 = 3 2
+ 3 2; (25a)
R R
−2RR̈ − Ṙ2 − k
G11 = ; (25b)
1 − kr2
G22 = −2R̈Rr2 − Ṙ2 r2 − kr2 ; (25c)

G33 = −2R̈Rr2 sin2 (θ) − Ṙ2 r2 sin2 (θ) − kr2 sin2 (θ). (25d)

As equações (25), juntamente com o resultado do cálculo do tensor energia-momentum


das equações (22), nos conduz a duas equações independentes:

2R̈R + Ṙ2 + k
− + Λ = 8πp, (26)
R2
e
Ṙ2 + k
3 − Λ = 8πρ, (27)
R2
onde foi usada a unidade relativı́stica: c = 1 e G = 1, sendo c a velocidade da luz e G a
constante gravitacional. Finalmente, através da equação (27), temos o seguinte resultado:
à !2
Ṙ 8 1 k
= πρ + Λ − 2 . (28)
R 3 3 R

Esta é a chamada equação de Friedmann, com o fator de escala variando com o tempo
na ausência de pressão. A equação de Friedmann (28) será a base na costrução dos
modelos cosmológicos que abordaremos. Na equação (26) a pressão p engloba todo tipo
13
de pressão, tais como as originadas do movimento aleatório das estrelas e galáxias ,
pressão de radiação, dentre outras. Contudo, observações revelam que na época presente
a pressão é muito pequena em comparação com a densidade de energia ρ. A razão entre
estas duas quantidade é da ordem de 10−5 à 10−6 . Consequentemente, de acordo com essas
observações do Universo presente, podemos tomar p ∼ 0 (predominância de matéria).

13
As estrelas e galáxias podem ser pensadas como um análogo as moléculas de um determinado gás,
que devido aos movimentos aleatórios das moléculas, exercem pressão em uma determinada superfı́cie.
23

2.3.1 Lei de Hubble e o Parâmetro de Densidade.

Antes de resolver a equação de Friedmann vamos discutir alguns conceitos fundamen-


tais, tais como: a Lei de Hubble e Parâmetro de Densidade.
No inı́cio dos anos 20, enquanto a sociedade cientı́fica acreditava em um Universo esta-
cionário, isto é, um Universo similar em todas direções e imutável no tempo, a cosmologia
experimentava uma descoberta que inaugurava a Cosmologia Moderna. Em 1929, E. Hub-
ble demostrou, observando o deslocamento para o vermelho nas linhas espectrais (redshift)
de 18 galáxias espirais e medindo as distância entre estas com uma razoável precisão [9],
que as galáxias estavam se afastando com velocidade proporcionais à sua distância. Desta
forma, quanto mais distantes a galáxia, maior sua velocidade de afastamento[5], ou seja,
o Universo estar se expandindo. Assim, considerando a expansão do Universo e que
este seja homogêneo e isotrópico, podemos afirmar que a distância ri entre dois obser-
vadores fundamentais, com coordenadas espaciais fixas, varia com o tempo de acordo com
a relação:
ri (t) = R(t)ri (t0 ), (29)

onde R(t) é o fator de escala, o qual caracteriza a evolução temporal do Universo.


Derivando a equação (29) em relação ao tempo, chegamos à equação que expressa a
Lei de Hubble:
vi (t) = H(t)ri (t), (30)

onde H(t) = Ṙ(t)/R(t) é o parâmetro de Hubble. Esta lei afirma que a velocidade
relativa entre os observadores fundamentais é proporcional à distância entre eles. Em
um Universo em expansão, H > 0, os observadores fundamentais estão se afastando, por
isso, tal velocidade é denominada velocidade de recessão. A velocidade de recessão entre
dois observadores comóveis indica como varia com o tempo a distância própria entre eles.
Mas como não é uma velocidade cinemática, não existe contradição com o princı́pio da
relatividade, mesmo quando excede a velocidade da luz no vácuo [10].
Se considerarmos t = t0 (o tempo presente), a equação (30) fica:

vi (t0 ) = H0 (t0 )ri (t0 ), (31)

onde H0 (t0 ) é a constante de Hubble. Seu valor medido experimentalmente [11], segundo
dados medidos através do satélite da NASA, Wilkinson Microwave Anisotropy Probe
24

(WMAP), é atualmente cerca de H0 (t0 ) = 71 ± 4Km · s−1 · M pc−1 .


Para a construção dos modelos cosmológicos, é interessante definirmos um parâmetro
que possa ser medido diretamente, nos dando informações a respeito da geometria do
Universo. Para isso, vamos reescrever a equação (27), para Λ = 0 e com a ajuda do
parâmetro de Hubble como:

8πρ 2
Ṙ2 + k = R ;
3
8πρ 2
H 2 R2 + k = R ;
3
8πρ
k= (H 2 )R2 − H 2 R2 ;
3(H 2 )
ρ
k = ( − 1)H 2 R2 ,
ρc
onde ρc = 3H 2 /8π é a densidade crı́tica, densidade de energia necessária para que a
geometria do Universo seja espacialmente plana, k = 0, na ausência da constante cos-
mológica [12]. Assim, definimos Parâmetro de Densidade como a razão entre a densidade
de energia e a densidade crı́tica, ou seja,

ρ
Ω= . (32)
ρc

Veja que a relação entre o parâmetro de densidade e a curvatura será:

k = (Ω − 1)Ṙ2 . (33)

Como veremos mais adiante, a equação (33) nos indica que, se Ω > 1, a energia do Universo
será suficiente para colapsá-lo, ou caso Ω = 1, o Universo terá seção espacial euclideana.
Medições mais recentes, feitas pelo satélite WMAP [13], nos dá Ω = 1, 02 ± 0.02, ou seja,
a seção espacial do Universo atual é basicamente euclideana, ou plana [11]. A equação
(33) é de grande utilidade nas descrições das propriedades geométricas do Universo.

3 Modelos Cosmológicos

Nesta seção será feito uma classificação de alguns modelos do Universo, partindo de
certas hipóteses. Os modelos que serão investigados são baseados na teoria do Big Bang
ou, tecnicamente, Teoria Padrão do Universo [1]. A teoria do Big Bang leva em conta que,
se as galáxias estão se afastando umas das outras, como observado por Edwin Hubble em
25

1929, no passado, elas deveriam estar cada vez mais próximas e, num passado remoto, 10
a 15 bilhões de anos atrás, deveriam estar todas num mesmo ponto, muito quente. Uma
singularidade espaço-tempo, que se expandiu no Big Bang [2]. O Big Bang, ou Grande
Explosão, criou não somente a matéria e a radiação, mas também o próprio espaço e o
tempo [5]. Esse seria o inı́cio do Universo.
O padre, engenheiro civil e cosmólogo belga Georges-Henri Édouard Lemaı̂tre (1894-
1966) foi, provavelmente, o primeiro a propor um modelo especı́fico para o Big Bang, em
1927. Ele imaginou que toda a matéria estivesse concentrada no que ele chamou de átomo
primordial e que esse átomo se partiu em incontáveis pedaços, cada um se fragmentando
cada vez mais, até formar os átomos presentes no Universo, numa enorme fissão nuclear.
Esse modelo não pode ser correto, pois não obedece às leis da relatividade e estrutura da
matéria, mas ele inspirou os modelos modernos [5].
Independentemente de Lemaı̂tre, o matemático e meteorologista russo Alexandre Alexan-
drovitch Friedmann (1888-1925) já tinha descoberto toda uma famı́lia de soluções das
equações da Relatividade Geral de Einstein. Tais soluções encontradas por Friedmann
e Lemaı̂tre descrevem um Universo em expansão, que pode expandir eternamente ou
colapsar [5].

3.1 Modelos de Friedmann

Nesses modelos, Friedmann considera um Universo sem a constante cosmológica Λ,


assim tomando Λ = 0 a equação de Friedmann (28) assume a forma:

8πρR3
Ṙ2 = − k. (34)
3R
M
Tomando R3 ∼ V , podemos fazer ρ ≈ R3
. Substituindo em (34), temos o seguinte
resultado:
C
Ṙ2 = − k, (35)
R
onde C = 8πM/3 é uma constante. Agora a nossa tarefa é resolver a equação (35), para
daı́ descrever os modelos propostos por Friedmann.
Para um Universo em que a densidade de matéria é maior que a densidade crı́tica, ou
seja, ρ > ρc , o que implica que o parâmetro de densidade Ω > 1, e tomando k = +1, a
26

equação (35) torna-se:


C
Ṙ2 = − 1. (36)
R
Neste caso será conveniente introduzir uma nova variável temporal η, onde:

dt
= R, (37)

e a equação (36) fica:

R2 Ṙ2 = RC − R2
dt dR 2
( ) = RC − R2
dη dt
dR
( )2 = RC − R2

2
d R dR dR dR
2 2 =C − 2R
dη dη dη dη
d2 R C
= − R, (38)
dη 2 2
C
chamando R = Aepη + 2
temos:

C
R = Aepη + ;
2
dR
= Apepη ;

d2 R
= Ap2 epη ,
dη 2

substituindo na equação (38) podemos ver que p = ±i. Assim a solução geral da equação
diferencial (38) pode ser expressa por:

C
R(η) = Aeηi + Be−ηi + ;
2
C
R(η) = (A + B)cos(η) + i(A − B)sen(η) + .
2

Tomando a parte real e fazendo R(0) = 0 quando η → 0, temos que A + B = −C/2.


Assim:
C
R(η) = [1 − cos(η)]. (39)
2
Substituindo na equação (37) e integrando, admitindo η = 0 quando t = 0, podemos
chegar facilmente na:
C
t= [η − sin(η)]. (40)
2
27

As equações (39) e (40) formam uma equação parametrizada de uma ciclóide. Este
modelo é chamado de Modelo de Friedmann Fechado. Neste modelo o Universo é
finito e possui geometria semelhante a de uma superfı́cie esférica.
O gráfico da figura 1 mostra o comportamento de R(t) com o tempo t para as equações
parametrizadas (39) e (40). Observe que o Universo se expande e em um tempo futuro
colapsa (big crunch) e novamente se expande, continuando tudo novamente. Este modelo
também é chamado de oscilatório devido a este comportamento[14]. Veja a figura 1.

R(t)

Figura 1: Evolução do Universo para o modelo de Friedmann Fechado, R × t.

De maneira análoga podemos encontrar, para um Universo em que a densidade de


matéria seja menor que a densidade crı́tica, ou seja, ρ < ρc ⇒ Ω < 1 e tomando k = −1,
as seguintes equações parametrizadas:

C
R= [cosh(η) − 1]; (41a)
2
C
t = [sinh(η) − η]. (41b)
2

Este modelo é chamado de Modelo de Friedmann Aberto. Tal modelo é infinito


e possui seção espacial semelhante à uma superfı́cie hiperbolóide. Plotamos o gráfico das
equações paramétrizadas (41). Este nos revela um Universo sempre em expansão, porém
a expansão manifesta uma desaceleração ou freamento (Veja figura 2).
28

R(t)

Figura 2: Evolução do Universo para o modelo de Friedmann Aberto, R × t.

3.2 Modelo de Einstein-de Sitter

Neste modelo supõe que a densidade de matéria é exatamente a densidade crı́tica, ou


seja, ρ = ρc , portanto Ω = 1. Nesta versão também considera-se Λ = 0. Consequente-
mente pela equação (33) temos k = 0. Assim a equação (35) fica:

C
Ṙ = √ ,
R
que por uma simples integração e admitindo que no modelo do Big Bang R0 = 0 quando
t0 = 0, temos: r
3 9Ct2
R(t) = . (42)
4
Este é o chamado Modelo de Einstein-de Sitter 14 . Pelo fato de termos k = 0, a
geometria desse modelo é euclidiana, ou seja, o Universo é infinito e plano. Plotamos
o gráfico para este modelo e o resultado está na figura 3. Observe que, semelhante aos
modelos de Friedmann, nesse modelo o Universo está em expansão mas também manifesta
uma desaceleração. O modelo de Einstein-de Sitter é, às vezes, chamado modelo de
Friedmann de curvatura nula [1]. Ou seja, a expressão “modelos de Friedmann” pode
designar os três modelos associados a k = −1, k = 0 e k = +1 que acabamos de ver.
Os três modelos acima, de Friedmann e Einstein-de Sitter, todos prevêem uma expansão
14
Astrônomo e matemático, o holandês Willem de Sitter (1872-1934), descobriu, em 1917, uma solução
cosmológica para a equação de campo de Einstein, para um espaço-tempo ausente de matéria [16]. Isso
viola claramente os princı́pios de Mach, como veremos, o Universo de de Sitter é dinâmico e não estático
como previa Mach.
29

R(t)

Ct

Figura 3: Evolução do Universo para o modelo de Einstein-de Sitter, R × t.

desacelerada do Universo, ou seja, a velocidade da expansão está diminuindo. Isso se


deve ao fato de que a única força que atua é a gravitacional, que acaba por frear a
grande velocidade inicial. Há poucos anos, os teóricos aceitavam nessa previsão como
verdadeira, e apenas se dividiam em duas preferências principais: uma corrente, ligada
aos astrofı́sicos, que acreditava numa baixa densidade de matéria, algo como 30% da
densidade crı́tica, e que portanto o modelo apropriado era o de Friedmann aberto; outra,
principalmente dos fı́sicos trabalhando na teoria dos campos, preferia a de Einstein-de
Sitter. No entanto, recentemente apareceu um novo resultado que ninguém o esperava.
Da análise conjunta dos dados da radiação cósmica de fundo das observações de estrelas
supernovas distantes, dois grupos independentes, liderados por A. G. Riess e S. Perlmutter,
chegaram à conclusão que: não só o Universo está em expansão, mas a taxa à qual se
expande está crescendo com o tempo, ou seja, o Universo está acelerando [1].

3.3 Modelo de de Sitter

No modelo de de-Sitter o Universo não contém matéria mas apenas a constante cos-
mológica Λ. Sua estrutura geométrica é plana [3], ou seja, k = 0. Assim, assumindo que
30

p = ρ = 0 a equação (27) nos fornece:

Ṙ2
3 − Λ = 0;
R2 r
Ṙ Λ
= ;
R r3
dR Λ
= R. (43)
dt 3
Integrando a eq. (43) encontramos a relação do fator de escala com o tempo dada por:
√Λ
t
R(t) = Ae 3 , (44)

onde A é a constante de integração.


Observe que neste modelo o Universo se expande exponencialmente, ou seja, sua ex-
pansão evolui rapidamente com o tempo. O comportamento da expansão do Universo
para este modelo, escolhendo R = 1 quando t = 0 ⇒ A = 1, está representado no gráfico
da figura 4. Este é o modelo de Universo mais simples.

R(t)
R(t)

t
t

Figura 4: Evolução do Universo para o modelo de de Sitter, R × t.

Mas qual a utilidade de estudar um Universo vazio, sendo que as galáxias nos mostram
que existe matéria por toda parte do Universo? Naquela época, o motivo de se estudar este
modelo, estava na facilidade de analisarmos como se comportaria o Universo em situações
extremas. Nos anos 80 surgiu o chamado cenário inflacionário do Universo primordial,
onde afirma que em uma época muito curta, logo após o nascimento do Universo, este
se expandiu de forma muito rápida, como no modelo de Sitter. Isso antes de começar a
fase de expansão “normal”, que é descrita pelos modelos de Friedmann e seus sucessores
[1]. Considerando que o estado inflacionário elimina qualquer curvatura que o Universo
31

pudesse ter [1], de tal forma que após a inflação, o Universo teria curvatura nula (k =
0). Assim, podemos afirmar que o modelo de de Sitter descreve muito bem o cenário
inflacionário.

3.4 Modelo de Lemaı̂tre.

O modelo de G. Lemaı̂tre adota-se uma constante cosmológica maior que o valor


proposto por Einstein e um Universo plano [3], ou seja, k = 0. Assim para Λ > 0 temos
pela equação (28):
1 8 3 1
Ṙ2 = ( πR ρ) + ΛR2 . (45)
R 3 3
8πM
Novamente, como R3 ∼ V podemos chamar C = 3
onde M = ρR3 . Logo:
C 1
Ṙ2 = + ΛR2 . (46)
R 3
Esta é a equação diferencial para qual sua solução nos conduzirá ao modelo do cosmo
proposto por Lemaı̂tre. Para isto, vamos introduzir uma nova variável x dada por:
2Λ 3
x= R . (47)
3C
Derivando x com respeito ao tempo, temos:
dx 2Λ 2 dR
= R , (48)
dt C dt
elevando os dois lados da equação (48) ao quadrado e substituindo na equação (46) obte-
mos: µ ¶2
dx
= 3Λ(2x + x2 ),
dt
que integrando para um modelo de Big Bang em que x0 = 0 quando t0 = 0, chegamos a:
Z x Z t √ √
dx
√ = ( 3Λ)dt = ( 3Λ)t,
0 2x + x2 o

completando os quadrados perfeitos da integral, podemos fazer;


Z x Z x √
dx dx
√ = p = ( 3Λ)t. (49)
0 2x + x2 + 1 − 1 0 (x + 1)2 − 1
Se chamarmos cosh(z) = (x + 1) teremos sinh(z)dz = dx, que podemos substituir na
equação (49) obtendo (para z0 = 0 quando x0 = 0):
Z z Z z √
senh(z)dz senh(z)dz
p = = z = ( 3Λ)t, (50)
0 cosh2 (z) − 1 0 senh(z)
32

2Λ 3

como cosh(z) = (x + 1) = ( 3C R + 1) = cosh( 3Λt), então finalmente chegamos a solução
da equação diferencial (46) que é dada por [3]:
r
3 3C

R(t) = [cosh( 3Λt) − 1]. (51)

Plotamos o gráfico da equação (51) e o resultado está na figura 5. Observe que a curva

R(t)

R(t)

t t

Figura 5: Evolução do Universo para o modelo de Lemaı̂tre.

da figura 5, tem expansão primeiramente desacelerada. Depois, em um certo ponto de


inflexão, começa a acelerar. Este modelo de Lemaı̂tre pode ser generalizado para vários
valores de Λ resultando nas mesmas variantes dos modelos de Friedmann, podendo ser
chamado até de modelo de Friedmann-Lemaı̂tre. Com a descoberta da aceleração do
Universo, a constante Λ tem sido alvo de várias pesquisas como recurso para explicar a
teoria do Big Bang com aceleração [1]. Assim, podemos perceber que esse modelo é o que
melhor explica a observada aceleração do Universo. No entanto, nesse modelo não temos
inflação.

4 Transporte Paralelo de Vetores

Aqui, discutiremos a respeito de uma ferramenta matemática muito útil para analisar
curvaturas. Tal ferramenta é denominada de transporte paralelo. Uma noção intuitiva
de transporte paralelo consiste em deslocar um vetor ao longo de uma curva e verificar a
mudança na orientação do vetor após o transporte, isso nos informará se tal região a qual a
33

curva pertence possui curvatura ou não. Para ilustrar, considere a Figura 6, em que duas
linhas próximas, perpendiculares ao equador, partem dos pontos A e B paralelamente
uma da outra. Quando contı́nuas essas linhas, localmente retas, descrevem um arco de
um grande cı́rculo, e as duas linhas se encontram no pólo P . Linhas paralelas, quando
contı́nuas, se não permanecem paralelas dizemos que o espaço é não plano[7].

Figura 6: Um triângulo esférico APB.

Considere agora um espaço plano, em que tomamos um caminho fechado ABC. Na


Figura 7, um vetor é transportado paralelamente do ponto A até o ponto B, depois para
C e finalmente retorna para A. Observe que o vetor final em A é naturalmente paralelo
ao vetor original.

Figura 7: Triângulo construı́do em linhas curvas em um espaço plano.

Agora veremos que isto é completamente diferente quando feito em uma esfera. Con-
sidere o caminho fechado AP BA mostrado na Figura 8, onde a linha AP é perpendicular
ao equador, assim como BP . No ponto A escolhemos um vetor paralelo ao equador. Ar-
rastando paralelamente este vetor até P e de P até B, é fácil perceber que quando chegar
em B, este novo vetor estará perpendicular ao equador. Finalmente, feito o transporte
paralelo de B até A, observamos que o campo vetorial foi, por construção, rotacionado em
90◦ . Essa construção feita na esfera é justamente o que chamamos de transporte paralelo
[7].
34

Figura 8: Transporte paralelo sobre um triângulo esférico.

Para uma definição matemática mais precisa, consideremos um campo vetorial X a (x)
avaliado no ponto Q, com coordenada xa + δxa próximo ao ponto P , com coordenada xa .
Expandindo em série de Taylor, em torno de x, temos que:

X a (x + δx) = X a (x) + δxb ∂b X a , (52)

onde despresamos os termos de ordem superiores. Chamando o segundo termo do lado


direito da equação (52) de δX a (x) = δxb ∂b X a , obtemos:

δX a (x) = X a (x + δx) − X a (x). (53)

Veja que δX a (x) é uma quantidade não tensorial, pois não se transforma como um tensor,
uma vez que envolve diferença de tensores avaliados em pontos distintos.
Agora vamos construir a definição de derivada covariante a partir do transporte de
vetores, introduzindo um vetor em Q que é “paralelo” a X a em P ( Veja figura 9). Desde
que xa + δxa seja fechado em xa , podemos assumir que o vetor paralelo difere de X a (x)
somente por uma pequena quantidade que aqui vamos chamar de δ̄X a (x) , como mostra
a Figura 9. Observe que δ̄X a não é um tensor, pois também envolve diferença de tensores
avaliados em pontos distintos. Mas podemos fazer:

X a (x) + δX a (x) − [X a (x) + δ̄X a (x)] = δX a (x) − δ̄X a (x), (54)

criando assim um vetor diferença que é um tensor [3], já que está sendo avaliado no
mesmo ponto x. É fácil observar que δ̄X a (x) será nulo, quando X a (x) ou δxa também
for. Então, por uma simples definição, podemos assumir δ̄X a (x) linear com X a (x) e δxa ,
o que significa que existe um fator mutiplicativo Γabc onde:

δ̄X a (x) = −Γabc X b δxc . (55)


35

Figura 9: O vetor paralelo de xa + δ̄xa em Q.

O sinal de menos é introduzido por convenção. A equação define a lei geral de transporte
de um vetor X a definido em x para o vetor X a + δX a no ponto x + δx. A quantidade Γabc
é chamada de conexão afim ou simplesmente conexão. Agora feito o transporte do vetor
ao longo do caminho do ponto P até o ponto Q, podemos definir a derivada covariante
de um vetor, que chamaremos de:
∇c X a , (56)

que por meio do processo de limite fazendo δxc → 0 ,

1
∇c X a = lim {X a (x + δx) − [X a (x) + δ̄X a (x)]}.
c
δx →0 δxc

Em outras palavras, a derivada covariante de X a é a diferença entre o vetor X a (Q) e o


vetor paralelo a X a (P ), dividido pela diferença de coordenadas, no limite dessa diferença
tendendo a zero. Das equações (52) e (55), encontramos:

1
∇c X a = lim [X a (x) + δxb ∂b X a − X a (x) + Γabc X b δxc ];
δx →0 δxc
c

1
∇c X a = lim {δxb ∂b X a + Γabc X b δxc };
δxc →0 δxc

∇c X a = ∂c X a + Γabc X b . (57)

Assim, a equação (57) define a derivada covariante de um vetor.


dxa
Seja um campo vetorial tangente X a = dλ
ao longo da curva xa (λ) , onde λ é o
parâmetro da curva. Agora considere um campo vetorial V a (λ0 ) assinado no ponto xa =
xa (λ0 ) da curva. Podemos definir um campo vetorial V a (λ) ao longo da curva de tal forma
que cada vetor V a (λ) pode ser arrastado paralelamente ao vetor original em xa = xa (λ0 ).
36

DV b
Para isto vamos definir a derivada absoluta denotada por dλ
= X a ∇a V b . Dizemos que
o vetor V b é transportado paralelamente se:

DV b (λ) dxa
= X a ∇a V b = (∂a V b + Γbca V c ) = 0, (58)
dλ dλ

esta é uma equação diferencial de primeira ordem para V b , em que fornecendo um valor
inicial para V b , a saber V b (P ), a equação (58) determina um vetor ao longo da curva, que é
transportado paralelamente a V b (P ). Usando esta notação, uma geodésica afim é definida
como uma curva privilegiada em que o vetor tangente ao longo da curva é propagado
paralelamente a si mesmo[3]. Em outras palavras, um vetor propagado paralelamente é
paralelo em todo ponto da curva, de modo que é proporcional ao vetor tangente no ponto,
ou seja:
X a ∇a X b = q(λ)X(b), (59)

onde q(λ) é uma função arbitrária de λ . Usando a equação (57) na (59), temos:

dxa dxb
(∂a X b + Γbca X c ) = q ;
dλ dλ
dxa ∂ dxb dxb
( a( ) + Γbca X c ) = q ;
dλ ∂x dλ dλ
d2 xb c
b dx dx
a
dxb
+ Γ ca = q . (60)
dλ2 dλ dλ dλ

Se a curva é parametrizada de tal maneira que q desapareça (isto pode ser feito trans-
dxa
portando paralelamente o próprio vetor tangente a curva X a = dλ
), então o parâmetro é
um parâmetro privilegiado chamado de parâmetro afim, que denotaremos por s . Assim
sendo, a equação (60) reduz a:

d2 xb c
b dx dx
a
+ Γ ca = 0. (61)
ds2 ds ds

A equação (61) é chamada de geodésica afim [3], ou seja, uma curva privilegiada em que
o vetor tangente é propagado paralelamente a si mesmo. Um parâmetro afim é somente
definido por uma transformação afim do tipo s → as + b, onde a e b são constantes. A
equação (61) define precisamente as linhas geodésicas no espaço afim.
No espaço euclidiano podemos caracterizar uma linha reta pelo fato de que um vetor
arbitrário tangente a tal reta permaneça paralelo a ela quando deslocado ao longo da
mesma. A equação (61) traduz esta caracterização para uma situação geral em que o
espaço-tempo é curvo. Esta “linha reta” generalizada é chamada de geodésica.
37

Vejamos agora um resultado interessante: considere um caminho infinitesimal fechado


em uma variedade qualquer, que conecte xa com xa + δxa + dxa . Vamos fazer o transporte
paralelo do vetor V a de xa até xa + δxa + dxa por dois caminhos diferentes, primeiro via
xa + δxa e depois via xa + dxa (Veja a Figura 10).

Figura 10: Transporte de V a no caminho infinitesimal fechado.

Primeiro faremos o transporte paralelo do vetor V a de xa até xa + δxa , onde pela


equação (52) obtemos o vetor:

V a (x + δx) = V a (x) + δ̄V a (x).

V a (x + δx) = V a (x) − Γabc V a (x)δxc . (62)

Agora fazendo o transporte de xa + δxa até xa + δxa + dxa , obtemos:

V a (x + δx + dx) = V a (x + δx) − Γabc (x + δx)V b (x + δx)dxc . (63)

Fazendo a expansão em série de Taylor para Γabc (x + δx) avaliado em torno de x, temos
[3]:
Γabc (x + δx) = Γabc (x) + ∂c Γabc δxc .

Substituindo este resultado na equação (63) chegamos a:

V a (x + δx + dx) = V a (x + δx) − (Γabc (x) + ∂c Γabc (x)δxc )V b (x + δx)dxc ,

que utilizando a equação (62) torna-se:

V a (x + δx + dx) = V a − Γabc V b δxc − Γabc V a dxc + Γabc Γbef V e δxf dxc − ∂d Γabc δxd V b dxc , (64)

onde desprezamos o último termo de terceira ordem δxd δxf dxc . Da mesma forma en-
contramos resultado equivalente para o caminho que conecta xa até xa + δxa + dxa , via
xa + dxa . Bastar substituir δxa por dxa na equação (64), onde:

V a (x + dx + δx) = V a − Γabc V b dxc − Γabc V a δxc + Γabc Γbef V e dxf δxc − ∂d Γabc dxd V b δxc . (65)
38

Daı́ tomando a diferença entre os dois vetores achados para cada caminho tomado, temos:

∆V a = V a (x + δx + dx) − V a (x + dx + δx).

∆V a = Γabc Γbef V e δxf dxc − Γabc Γbef V e dxf δxc − ∂d Γabc V b δxd dxc + ∂d Γabc V b dxd δxc .

Fazendo as devidas permutações de ı́ndices mudos temos o seguinte resultado:

∆V a = Γaed Γebc V b δxc dxd − Γaec Γebd V b dxd δxc − ∂c Γabd V b δxc dxd + ∂d Γabc V b dxd δxc ;

∆V a = (∂d Γbc
a
− ∂c Γabd + Γaed Γebc − Γaec Γebd )V b δxc dxd ;

∆V a = Rbdc
a
δxc dxd , (66)

onde,
a
Rbdc = ∂d Γabc − ∂c Γabd + Γaed Γebc − Γaec Γebd , (67)

é chamado de tensor de Riemann15 ou tensor de curvatura [3]. Uma condição necessária


e suficiente para que a região do espaço-tempo, a qual foi feito o transporte paralelo,
seja plana é que o tensor de Riemann seja nulo. Observe que o resultado obtido por
transporte paralelo depende do caminho tomado, a menos que este transporte seja feito
em uma região plana do espaço-tempo. Se mudarmos os dois últimos ı́ndices inferiores do
tensor de Riemann teremos:

∆V a = −Rbcd
a
δxc dxd ,

o que indica a anti-simetria do tensor de Riemann nos dois últimos ı́ndices inferiores.

5 Transporte Paralelo de Vetores na Geometria de


FRW

Após estudado transporte paralelo de vetores, usamos esta técnica para investigar a
curvatura na geometria de FRW. O transporte paralelo será realizado ao longo de curvas
fechadas, onde trataremos os casos simples para órbitas circulares e órbitas circulares
com tempo constante. Mas antes, como exemplo para uma melhor compreensão, inicia-
remos fazendo o transporte paralelo do vetor arbitrário V µ = (Aθ , Aφ ) ao longo de curvas
equatoriais, ou seja, com θ = π/2, na superfı́cie de uma esfera ordinária 2-esfera.
15
Georg Friedrich Bernhard Riemann, matemático alemão (1826-1866)[5]
39

5.1 Transporte paralelo na 2-esfera

Para 2-esfera de raio constante r = a, temos a seguinte métrica:

ds2 = a2 (dθ2 + sen2 (θ)dφ2 ), (68)

onde as componentes não nulas do tensor métrico são: g11 = a2 , g22 = a2 sen2 (θ), g 11 = a−2
e g 22 = a−2 sen−2 (θ). Assim as conexões podem ser calculadas por:
1
Γαβγ = g αν (∂β gνγ + ∂γ gνβ − ∂ν gβγ );
2
1
Γ122 = g 11 (∂2 g12 + ∂2 g12 − ∂1 g22 ); (69a)
2
1
Γ122 = g 11 (−∂1 g22 ); (69b)
2
Γ122 = −cos(θ)sen(θ). (69c)

Continuando com os cálculos das conexões, temos as outras dadas por:


cos(θ)
Γ212 = Γ221 = ; (70a)
sen(θ)
Γ122 = −cos(θ)sen(θ); (70b)

Γ111 = Γ121 = Γ112 = Γ222 = Γ211 = 0. (70c)

Da equação (58) temos: µ ¶


dxν ∂V β
+ Γβµν V µ = 0. (71)
dλ ∂xν
Abrindo a soma em ν = 1, 2,
µ ¶ µ ¶
dx1 ∂V β β µ dx2 ∂V β β µ
+ Γµ1 V + + Γµ2 V = 0. (72)
dλ ∂x1 dλ ∂x2
Para β = 1 temos:
µ ¶ µ ¶
dx1 ∂V 1 1 1 1 2 dx2 ∂V 1 1 1 1 2
+ Γ11 V + Γ21 V + + Γ12 V + Γ22 V = 0. (73)
dλ ∂x1 dλ ∂x2
Para β = 2 temos:
µ ¶ µ ¶
dx1 ∂V 2 2 1 2 2 dx2 ∂V 2 2 1 2 2
+ Γ11 V + Γ21 V + + Γ12 V + Γ22 V = 0. (74)
dλ ∂x1 dλ ∂x2
∂V β
Sendo ∂xν
= δνβ , as derivadas parciais que não se anulam é quando β = ν, e daı́ podemos
fazer:
dxν ∂V β dV β
= .
dλ ∂xν dλ
40

Usando as equações (69) e (70) chegamos aos seguintes resultados,


dV 1 dx2
+ (Γ122 V 2 ) = 0, (75a)
dλ dλ
dV 2 dx2 dx1
+ (Γ212 V 1 ) + (Γ221 V 2 ) = 0, (75b)
dλ dλ dλ
tomando órbitas na direção de φ, ou seja λ = φ, chegamos as seguintes equações diferen-
cias:
dV 1
− cos(θ)sen(θ)V 2 = 0; (76a)

dV 2 cos(θ) 1
+ V = 0. (76b)
dφ sen(θ)
Observe que diferenciando a equação (76a) com respeito a φ e substituindo a equação (76b)
no resultado obtido, chegamos facilmente por integração direta nas seguintes componentes
do vetor transportado paralelamente:

V 1 (φ) = αsen(φω) + βcos(φω); (77a)


αcos(φω) − βsen(φω)
V 2 (φ) = , (77b)
sen(θ)
onde α e β são constantes de integração e usamos ω = cos(θ). O vetor quando parte de
φ = 0, tem suas componentes dadas por:

V 1 (0) = β;
α
V 2 (0) = .
sen(θ)
Depois de uma volta completa (φ = 2π) o vetor V µ = (V 1 , V 2 ) terá componentes dadas
por:

V 1 (2π) = αsen(2πω) + βcos(2πω);


αcos(2πω) − βsen(2πω)
V 2 (2π) = . (78)
sen(θ)
Desde que o transporte paralelo seja feito no equador (θ = π2 ), as componentes do vetor
V µ = (V 1 , V 2 ) não serão afetadas.
Veja que para θ → 0 e θ → π temos uma singularidade em V 2 . No entanto, para θ
arbitrário, teremos ∆V µ = V µ (2π) − V µ (0) 6= 0, o que indica uma mudança na direção
espacial do vetor V µ , como era de se esperar. Este exemplo foi escolhido por ser mais
intuitivo, pois o nosso trabalho analisará curvaturas no espaço-tempo de FRW, onde neste
caso perceber a geometria em quatro dimensões está além da percepção humana.
41

Como já foi mencionado, a configuração do espaço-tempo a qual será nosso objeto
de investigação será a métrica de FRW. Aplicaremos o transporte paralelo do vetor V µ
semelhantemente ao adotado na 2-esfera, porém agora estamos trabalhando no espaço-
tempo e portanto o vetor terá quatro componentes, a saber: V µ = (V 0 , V 1 , V 2 , V 3 ) ou
V µ = (V t , V r , V θ , V φ ). A métrica FRW é dada pela equação (16), onde:

dr2
ds2 = dt2 − R(t)2 − R(t)2 r2 (dθ2 + sen2 (θ)dφ2 ),
1 − kr2

com os possı́veis valores para k = −1, 0, +1, correspondente ao universo, repectivamente


aberto, plano e fechado. Analisamos para os três casos: k = −1, 0, +1. Em que cada um
destes, aplicamos o transporte paralelo de vetores.

5.2 Transporte em FRW

Agora faremos o transporte paralelo, no Universo de FRW, para um vetor arbitrário


V µ = (V t , V r , V θ , V φ ) ao longo de uma curva parametrizada, tal que: λ = φ.

5.2.1 Universo aberto

Vamos inicialmente considerar o caso em que o Universo de FRW é aberto, ou seja, k = −1.
A métrica que descreve este universo (Equação (16)) é dada por:

dr2
ds2 = dt2 − R(t)2 − R(t)2 r2 (dθ2 + sen2 (θ)dφ2 ). (79)
1 + r2

Por simplicidade, podemos introduzir uma nova coordenada χ, definida em termos da


coordenada radial por:
r = senh(χ).

Calculando a variação infinitesimal de r,

1
dr = cosh(χ)dχ = (1 + r2 ) 2 dχ, (80)

onde usamos o fato em que cosh2 (χ) − senh2 (χ) = 1. Essa transformação, permite
reescrever o elemento de linha (79) como:

ds2 = dt2 − R(t)2 dχ2 − R(t)2 senh2 (χ)dθ2 − R2 (t)senh2 (χ)sen2 (θ)dφ2 , (81)
42

onde as componentes do tensor métrico são dadas por;

g00 = 1, (82a)

g11 = −R2 , (82b)

g22 = −R2 senh2 (χ), (82c)

g33 = −R2 senh2 (χ)sen2 (θ). (82d)

Calculamos as conexões para esta situação e obtivemos os seguintes valores não-nulos:


Γ101 = Γ202 = Γ303 = , (83a)
R
1
Γ212 = Γ313 = , (83b)
senh(χ)
ṘR
Γ011 = , (83c)
1 + senh2 (χ)
Γ022 = ṘRsenh2 (χ), (83d)

Γ033 = ṘRsenh2 (χ)sen2 (θ), (83e)


senh(χ)
Γ111 = − , (83f)
cosh2 (χ)
Γ122 = −cosh2 (χ)senh(χ), (83g)

Γ133 = −cosh2 (χ)senh(χ)sen2 (θ), (83h)

Γ233 = −sen(θ)cos(θ), (83i)


cos(θ)
Γ323 = . (83j)
sen(θ)

Feito estes cálculos, aplicamos a equação para transporte paralelo vetorial, que é fornecida
pela equação (71), ou seja:
dxν ∂V β
( + Γβµν V µ ) = 0.
dλ ∂xν
Abrindo a soma em ν, temos:
µ ¶ µ ¶
dx0 ∂V β β µ dx1 ∂V β β µ
+ Γµ0 V + + Γµ1 V +
dλ ∂x0 dλ ∂x1
µ ¶ µ ¶
dx2 ∂V β β µ dx3 ∂V β β µ
+ Γµ2 V + + Γµ3 V = 0. (84)
dλ ∂x2 dλ ∂x3

Para β = 0, os únicos termos da equação (84) que não se anulam são:

dV 0 dr dθ dφ
+ Γ011 V 1 + Γ022 V 2 + Γ033 V 3 = 0. (85)
dλ dλ dλ dλ
43

Adotamos os mesmos procedimentos descritos para chegar na equação diferencial (85)


para β = 1, 2 e 3 e encontramos as seguintes equações diferenciais:

dV 1 dt dr dr dθ dφ
+ Γ110 V 1 + Γ101 V 0 + Γ111 V 1 + Γ122 V 2 + Γ133 V 3 = 0, (86a)
dλ dλ dλ dλ dλ dλ
dV 2 dt dr dθ dθ dφ
+ Γ220 V 2 + Γ221 V 2 + Γ202 V 0 + Γ212 V 1 + Γ233 V 3 = 0, (86b)
dλ dλ dλ dλ dλ dλ
dV 3 dt dr dθ dφ dφ dφ
+ Γ330 V 3 + Γ331 V 3 + Γ332 V 3 + Γ303 V 0 + Γ313 V 1 + Γ323 V 2 = 0. (86c)
dλ dλ dλ dλ dλ dλ dλ

As equações diferenciais (85), (86a), (86b) e a (86c) , quando resolvidas, nos fornecem
as componentes do vetor V µ transportado paralelamente ao longo da curva xµ (λ). Es-
colhendo uma curva tal que λ = φ, temos das equações (85), (86a), (86b) e a (86c) o
conjunto de quatro equações diferenciais, a saber16 :

dV t
+ ṘRsenh2 (χ)sen2 (θ)V φ = 0, (87a)

dV r
− cosh2 (χ)senh(χ)sen2 (θ)V φ = 0, (87b)

dV θ
− sen(θ)cos(θ)V φ = 0, (87c)

dV φ Ṙ t 1 cos(θ) θ
+ V + Vr+ V = 0. (87d)
dφ R senh(χ) sen(θ)

Diferenciando a equação (87d) com respeito a φ, encontramos:


à ! µ ¶ µ ¶
d2 V φ Ṙ dV t 1 dV r cos(θ) dV θ
+ + + =0 (88)
dφ2 R dφ senh(χ) dφ sen(θ) dφ

substituindo as equações (87a), (87b) e a (87c) na equação (88), obtemos:

d2 V φ
+ [cosh2 (χ)sen2 (θ) + cos2 (θ) − Ṙsenh2 (χ)sen2 (θ)]V φ = 0. (89)
dφ2

Tomando,
ω 2 = cosh2 (χ)sen2 (θ) + cos2 (θ) − Ṙ2 senh2 (χ)sen2 (θ), (90)

a equação (89) fica:


d2 V φ
+ ω 2 V φ = 0, (91)
dφ2
onde esta tem a forma da equação diferencial para o movimento oscilatório com “frequência”
ω. Neste caso podemos afirmar que a solução geral da equação (91) pode ser da forma:

V φ (φ) = αsen(ωφ) + βcos(ωφ), (92)


16
Onde usamos as notações correspondêntes 0 → t, 1 → r, 2 → θ e 3 → φ
44

onde α e β são constantes de integração. Combinando este resultado nas outras equações
(87a), (87b) e a (87c), chegamos facilmente por integração direta nas componentes do
vetor transportado paralelamente ao longo da curva λ = φ, tal que:

V φ (φ) = αsen(ωφ) + βcos(ωφ), (93a)


ṘRsenh2 (χ)sen2 (θ)
V t (φ) = [αcos(ωφ) − βsen(ωφ)] + c1 , (93b)
ω
cosh2 (χ)senh(χ)sen2 (θ)
V r (φ) = [βsen(ωφ) − αcos(ωφ)] + c2 , (93c)
ω
sen(θ)cos(θ)
V θ (φ) = [βsen(ωφ) − αcos(ωφ)] + c3 , (93d)
ω
sendo c1 , c2 e c3 constantes de integração. Substituindo as equações (93 a - d) na equação
(88), temos a seguinte relação entre as constantes de integração:
à ! µ ¶ µ ¶
Ṙ 1 cos(θ)
c1 + c2 + c3 = 0. (94)
R senh(χ) sen(θ)

Assim, podemos ver que as constantes de integração não são independentes. A relação
entre elas pode ser expressa pela equação (94). Mais a frente discutiremos melhor esses
resultados.

5.2.2 Universo plano

Para um Universo plano, ou seja, k = 0, a métrica de FRW (equação 16) torna-se:

ds2 = dt2 − R(t)2 dr2 − R(t)2 r2 (dθ2 + sin2 (θ)dφ2 ). (95)

Lembrando que não utilizamos a transformação r = senh(χ), apenas k = 0 para a métrica


de FRW. Adotando procedimentos semelhantes para k = −1, obtivemos, para k = 0, as
seguintes coordenadas do vetor transportado paralelamente:

V φ (φ) = αsen(ωφ) + βcos(ωφ)


ṘRr2 sen2 (θ)
V t (φ) = [αcos(ωφ) − βsen(ωφ)] + c1
ω
rsen2 (θ)
V r (φ) = [βsen(ωφ) − αcos(ωφ)] + c2
ω
sen(θ)cos(θ)
V θ (φ) = [βsen(ωφ) − αcos(ωφ)] + c3 (96)
ω
com,
ω 2 = 1 − Ṙ2 r2 sen2 (θ), (97)
45

e à ! µ ¶ µ ¶
Ṙ 1 cos(θ)
c1 + c2 + c3 = 0. (98)
R r sen(θ)
Veja que as constantes de integração c1 , c2 e c3 , também, são dependentes uma das outras
e só diferem do caso anterior por um fator associado a constante c2 .

5.2.3 Universo fechado

Para um Universo fechado, ou seja, k = +1, a métrica de FRW será reescrita como:
dr2
ds2 = dt2 − R(t)2 − R(t)2 r2 (dθ2 + sen2 (θ)dφ2 ).
1 − r2
Observe que neste caso temos uma singularidade quando r → 1. Introduzindo uma nova
coordenada χ tal que,

r = sen(χ),
1
dr = cos(χ)dχ = (1 − r2 ) 2 dχ,

e usando o fato que cos2 (χ) + sen2 (χ) = 1, chegamos a:

ds2 = dt2 − R(t)2 dχ2 − R(t)2 sen2 (χ)dθ2 − R2 (t)sen2 (χ)sen2 (θ)dφ2 . (99)

Que também adotando procedimentos semelhantes ao que fizemos para encontrar as com-
ponentes do vetor transportado no caso k = −1, obtivemos as seguintes coordenadas:

V φ (φ) = αsen(ωφ) + βcos(ωφ), (100a)


ṘRsen2 (χ)sen2 (θ)
V t (φ) = [αcos(ωφ) − βsen(ωφ)] + c1 , (100b)
ω
r cos2 (χ)sen(χ)sen2 (θ)
V (φ) = [βsen(ωφ) − αcos(ωφ)] + c2 , (100c)
ω
sen(θ)cos(θ)
V θ (φ) = [βsen(ωφ) − αcos(ωφ)] + c3 , (100d)
ω
com,
ω 2 = cos2 (χ)sen2 (θ) + cos2 (θ) − Ṙ2 sen2 (χ)sen2 (θ), (101)

e à ! µ ¶ µ ¶
Ṙ 1 cos(θ)
c1 + c2 + c3 = 0. (102)
R senh(χ) sen(θ)
As equações (100) nos dão as componentes de um vetor arbitrário, transportado parale-
lamente ao longo de uma curva parametrizada por λ = φ, em um Universo fechado. A
46

equação (102) mostra a relação de dependência entre as constantes de integração. Na


próxima seção será feito o transporte paralelo de vetores em órbitas circulares com tempo
constante e em órbitas circulares com tempo variável, onde veremos com mais detalhes
suas implicações.

5.3 Órbitas circulares com tempo constante (Ṙ = 0)

Depois de termos determinado os respectivos vetores, os quais foram transportado


paralelamente ao longo da curva xµ (φ), para cada situação de k, podemos agora examinar
estes resultados para órbtas circulares (r = constante) feitas no plano equatorial (θ = π2 ).
Vamos supor que o fator de escala R seja constante, daı́ temos um universo com
espaço-tempo em questão estático[8]. Assim sendo, temos que a derivada do fator de
escala em relação ao tempo é nulo, ou seja, Ṙ = 0. Nestas condições podemos observar
com o auxı́lio das equações (90), (97) e a (101), que ω pode ser reescrito como mostra a
Tabela 1.

k = −1 k=0 k = +1

ω cosh(χ) 1 cos(χ)

Tabela 1: Valores de ω quando feito o transporte paralelo do vetor em órbitas equatoriais com
tempo constante para os devidos valores de k.

Supondo que inicialmente o vetor parte de φ = 0, para k = 0, temos pelas equações


(96) e (97) que as componentes iniciais do vetor são:

V φ (0) = β, (103a)

V t (0) = c1 , (103b)

V r (0) = −αr + c2 , (103c)

V θ (0) = c3 . (103d)

O fato de termos V t (0) = c1 e V θ (0) = c3 , reflete a constância do tempo (uma vez que
47

R é uma função do tempo) e de θ. Depois de uma volta completa φ = 2π temos,

V φ (2π) = αsen(2π) + βcos(2π) = β, (104a)

V t (2π) = c1 (104b)

V r (2π) = r[βsen(2π) − αcos(2π)] + c2 = −αr + c2 , (104c)

V θ (2π) = c3 . (104d)

Logo podemos observar que o vetor V µ depois de uma volta completa não sofre alteração
em sua orientação sob transporte paralelo. Isto também pode ser estendido para n voltas
e mesmo assim o vetor não muda sua orientação, desde que n seja um inteiro.

V φ (2π) = αsen(2πn) + βcos(2πn) = β, (105a)

V t (2π) = c1 , (105b)

V r (2π) = r[βsen(2πn) − αcos(2πn)] + c2 = −αr + c2 , (105c)

V θ (2π) = c3 . (105d)

Veja que depois de n voltas, sendo n um inteiro, temos ∆V t (2πn) = 0, ∆V r (2πn) = 0,


∆V θ (2πn) = 0 e ∆V φ (2πn) = 0, onde ∆ significa a diferença entre as componentes depois
e antes do transporte. Estendemos esta situação para θ e r arbitrários e observamos, por
meio das equações (96) e (97), que depois de n voltas inteiras as componentes tornam-se:

∆V φ (2πn) = βcos(2πn) − β = 0, (106a)

∆V t (2πn) = 0, (106b)

∆V r (2πn) = rsen2 (θ)[βsen(2πn) − αcos(2πn)] + rsen2 (θ)α = 0, (106c)

∆V θ (2πn) = sen(θ)cos(θ)[βsen(2πn) − αcos(2πn)] + αsen(θ)cos(θ) = 0. (106d)

Isto nos mostra claramente que a invariância do vetor sob transporte paralelo para k = 0,
independe da órbita ser circular ou não, e de θ ser fixo ou não. Novamente lembrando, isto
só é válido para n inteiro. Esta espécie de “quantização”, Rothmann, Ellis e Murugan
denominaram de banda de invariância de holonomia.17 Em um recente artigo em que
investigaram propriedades da geometria de Schwarzschild-Droste, utilizando cálculo de
holonomia para transporte paralelo vetorial para determinadas classes de órbitas e curvas
17
Holonomias são objetos matemáticos, que em gravitação nos fornece informação global sobre o campo
gravitacional de interesse. Estes objetos estão associados ao transporte paralelo vetorial, em torno de
caminhos fechados ou entre dois pontos distintos via diferentes caminhos em uma determinada variedade.
48

µ
abertas no espaço-tempo[6]. Pela equação (66) temos que ∆V µ = Rβνγ δxγ dxν = 0, logo
µ
o tensor de curvatura é nulo Rβνγ = 0, uma vez que δxγ e dxν são arbitrários. Daı́
podemos concluir que para uma dada hipersuperfı́cie com tempo constante, temos uma
geometria plana, já que não há mudança nas componentes do vetor, quando transportado
paralelamente, justificando assim o porque de ser chamado de Universo plano.
Para o Universo fechado, onde k = +1, as equações que nos fornecem a diferença
entre as componentes do vetor transportado paralelamente depois de n voltas inteiras, em
acordo com as equações (100) e (101), são dadas por:

∆V φ (2πn) = αsen(2πncos(χ)) + βcos(2πncos(χ)) − β, (107a)

∆V t (2πn) = 0, (107b)

∆V r (2πn) = cos(χ)sen(χ) [βsen(2πncos(χ)) − αcos(2πncos(χ)) + α] , (107c)

∆V θ (2πn) = 0. (107d)

As equações (107a-d) nos mostram claramente que na geometria FRW, com k = +1,
teremos mudança na orientação do vetor depois de n voltas sob transporte paralelo, com
π
θ = 2
, exceto para os casos em que ncos(χ) é um inteiro. Daı́, para que o transporte
paralelo não mude a direção do vetor, é necessário que exista invariância, ou seja:

2πncos(χ) = 2πm, (108)

onde n é o número de voltas e m um inteiro diferente de zero. Através da equação (108),


podemos chegar a:
m
cos(χ) = , (109)
n
ou, r
m2
r= 1− . (110)
n2
Observe que, para k = +1, foi definido: r = sen(χ). Isto sugere que, depois de n voltas,
só existe invariância na direção do vetor para determinadas órbitas de raio r para as quais
m2
temos 0 < n2
< 1. Assim fixado m teremos um n mı́nimo.
Agora considerando o Universo aberto, onde k = −1 e Ṙ = 0, as equações que nos
fornecem a diferença entre as componentes do vetor transportado paralelamente depois
49

de n voltas inteiras, considerando a equações (93) e a Tabela 1, são:

∆V φ (2πn) = αsen(2πncosh(χ)) + βcos(2πncosh(χ)) − β, (111a)

∆V t (2πn) = 0, (111b)
cosh2 (χ)senh(χ)sen2 (θ)
∆V r (2πn) = [βsen(2πncosh(χ))−
cosh(χ)
− αcos(2πncosh(χ)) + α], (111c)

∆V θ (2πn) = 0. (111d)

Notamos também, que para o Universo de FRW o transporte paralelo vetorial, depois de
n voltas no plano equatorial (θ = π/2), modifica as componentes do vetor, com exceção
para órbitas de raio r determinado por:
r
m2
r= − 1, (112)
n2
m
onde n
> 1, pois o raio é uma quantidade positiva não-nula. Observe que, para k = −1,
usamos: cosh(χ) = m/n, sendo r = senh(χ). Assim a invariância da direção do vetor sob
transporte paralelo depende do raio da órbita. As equações (110) e (112) nos fornece o
raio crı́tico para as situações k = +1 e k = −1, respectivamente.

5.4 Órbitas circulares

Consideremos agora um Universo não-estático, caracterizado pelo fator de escala R(t)


variando com o tempo, ou seja, Ṙ(t) 6= 0. Isto implica que devemos considerar a con-
tribuição de R na quantidade ω quando fizermos o transporte paralelo do vetor. Nova-
mente, fazemos o transporte paralelo vetorial em caminhos fechados no plano equatorial
(θ = π2 ) e os valores encontrados para ω através das equações (90), (97) e (101) para esta
situação estar na Tabela 2:

k = −1 k=0 k = +1
1 1 1
ω [cosh2 (χ) − Ṙ2 senh2 (χ)] 2 [1 − Ṙ2 r2 ] 2 [cos2 (χ) − Ṙ2 sen2 (χ)] 2

Tabela 2: Valores de ω quando feito o transporte paralelo do vetor em órbitas equatoriais para
os devidos valores de k, considerando o Universo não-estático.
50

Assim, nestas condições temos que para o Universo de FRW com k = 0, as equações
que nos dá a diferença entre as componentes do vetor depois de n voltas, são dadas pela
equação (97) e a Tabela 2, onde obtivemos:

∆V φ (2πn) = αsen(2πnω) + βcos(2πnω) − β, (113a)


ṘRr2
∆V t (2πn) = p [αcos(2πnω) − βsen(2πnω) − α], (113b)
1 − Ṙ2 r2
r
∆V r (2πn) = p [βsen(2πnω) − αcos(2πnω) + α], (113c)
1 − Ṙ2 r2
∆V θ (2πn) = 0. (113d)

Note que a diferença entre as componentes depois de n voltas sob transporte paralelo,
na direção de θ, não varia. No entanto, as demais componentes do vetor variam sob
transporte paralelo, exceto para órbitas em que o raio obedeça a condição que já foi
discutida anteriormente, ou seja, nω deve ser um inteiro para que tenhamos invariância
na orientação do vetor depois de n voltas sob transporte paralelo. Assim o raio que
obedece a essa condição de “quantização” é encontrado através da Tabela 2, onde:
q
2
1− m n2
r= , (114)

m
sendo que devemos ter 0 < n
< 1. Se fixado um valor de m, teremos um mı́nimo para n.
Para m = 2, por exemplo, depois de 3 voltas o raio da órbita para o qual as componentes
√ √
do vetor não variem será r = 5/Ṙ 9.
No Universo fechado, ou seja, constante de curvatura k = +1, as diferenças das com-
ponentes do vetor depois de n voltas sob transporte paralelo (se considerarmos partindo
de φ = 0) são facilmente encontradas por meio das equações (100) e a Tabela 2, onde:

∆V φ (2πn) = αsen(2πnω) + βcos(2πnω) − β, (115a)


ṘRsen2 (χ)
∆V t (2πn) = q [αcos(2πnω) − βsen(2πnω) − α], (115b)
2 2 2
cos (χ) − Ṙ sen (χ)
cos2 (χ)sen(χ)
∆V r (2πn) = q [βsen(2πnω) − αcos(2πnω) + α], (115c)
2 2 2
cos (χ) − Ṙ sen (χ)

∆V θ (2πn) = 0, (115d)

e o raio das órbitas, para as quais o vetor não sofre efeito sob transporte paralelo, usando
51

as equações (115) e considerando o fato de que usamos r = sinh(χ), é:


s
2
1− m n2
r= (116)
1 + Ṙ2
Para o Universo aberto, onde a constante de curvatura é k = −1, podemos usar a equação
(93) e a tabela 2 para encontrar as seguintes equações que determinam as componentes
do vetor depois de n voltas sob transporte paralelo, onde temos:

∆V φ (2πn) = αsen(2πnω) + βcos(2πnω) − β, (117a)


ṘRsenh2 (χ)
∆V t (2πn) = q [αcos(2πnω) − βsen(2πnω) − α], (117b)
cosh2 (χ) − Ṙ2 senh2 (χ)
cosh2 (χ)senh(χ)
∆V r (2πn) = q [βsen(2πnω) − αcos(2πnω) + α], (117c)
cosh2 (χ) − Ṙ2 senh2 (χ)

∆V θ (2πn) = 0. (117d)

semelhantemente aos casos anteriores, temos que o raio das órbitas nas quais o vetor não
varia sua orientação sob transporte paralelo é, pela Tabela 2 e as equações (117):
s
m2
n2
−1
r= , (118)
(1 − Ṙ2 )
m2
onde que n2
> 1 ⇒ m > n. Usamos o fato de que r = sinh(χ). O transporte paralelo de
vetores, para o Universo aberto e fechado, nos fornece a informação de que o Universo de
FRW tem curvatura não-nula para as duas situações, exceto para os raios crı́ticos [6].
52

6 Conclusões

Neste trabalho, analisamos as propriedades geométricas de alguns modelos cosmológicos


simples, todos pautados na hipótese da isotropia e homogeneidade do Universo (em larga
escala), onde a massa do Universo é distribuı́da uniformemente[8]. Foi possı́vel observar
que a Teoria Padrão, agora sob a ótica do modelo de Friedmann-Lemaı̂tre, com constante
cosmológica positiva e geometria espacial euclidiana, acomoda muito bem suas antigas
previsões, como a possibilidade de expansão acelerada do Universo, por exemplo. Mas a
teoria também manifesta um sinal de fragilidade, onde esta precisa recorrer à misteriosa
constante cosmológica Λ. Também existe uma dificuldade em conciliar a cosmologia com
outras áreas da Fı́sica, como a teoria quântica de campos, por exemplo [1].
Nas últimas seções do nosso trabalho, apresentamos todo o formalismo matemático
(referente ao transporte paralelo de vetores) necessário para investigarmos as propriedades
geométricas do Universo de FRW. Os resultados obtidos nos mostraram claramente que
o Universo de FRW apresenta curvatura no espaço-tempo considerado, tanto para um
Universo em expansão quanto para um Universo estático, exceto para órbitas em que o
raio é igual ao raio crı́tico. Com restrição ao caso em que adotamos órbitas circulares com
tempo constante (Ṙ = 0) para o Universo com k = 0, onde constatamos que a invariância
na orientação do vetor transportado paralelamente, independe de θ e do raio r da órbita.
Nessas condições a métrica de FRW independe do tempo e assim sendo, a secção espacial
desse espaço-tempo é euclidiano. Porém, para um Universo em expansão (Ṙ 6= 0) isto
não acontece. Neste caso, mesmo sendo k = 0, o vetor tem sua orientação afetada depois
de n voltas inteiras.
Como já foi explicado, para órbitas com raio igual ao raio crı́tico, o vetor transportado
paralelamente ao longo das curvas circulares consideradas, tem sua orientação idêntica ao
vetor original após vários ciclos completos. Mas um resultado interessante é que esses raios
crı́ticos estão condicionados a uma espécie de “quantização”. Esta propriedade, também
obtida por Rothman et al, quando investigava holonomias na geometria de Schwarzschild-
Droste, foi denominada de banda de invariância de holonomia. Em outras palavras, isto
pode ser entendido da seguinte maneira: suponhamos uma órbita fechada de raio r1 para o
qual o vetor não sofre efeito do transporte paralelo. No entanto, para uma outra órbita de
raio r2 , ligeiramente afastada de r1 , espera-se que o vetor deva ter sua orientação afetada
53

depois de transportado paralelamente, uma vez que o espaço entre as duas órbitas é
curvo[6]. Assim, o transporte paralelo de vetores pode ser uma ótima ferramenta para se
estudar curvaturas em um determinado espaço-tempo.

Referências
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tronomia e Astrofı́sica. 2. ed. São Paulo: Livraria da Fı́sica, 2004.

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54

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