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RESUMO

Este Trabalho de Conclusão de Curso aborda um estudo desenvolvido na área de


Infra-estrutura da Mina do Sossego localizada no Município de Canaã dos
Carajás. É um trabalho baseado na otimização da frota de tratores de esteira
Caterpillar D11, que estavam com suspeitas de custos elevados de manutenção,
principalmente devido ao desgaste acelerado de material rodante, e elevado
consumo de combustível. Haviam também problemas no que se diz respeito a
quantidade de horas improdutivas causando atrasos operacionais devido a sua
locomoção própria, que é a locomoção do trator D11 de um ponto à outro dentro
da mina, em áreas de trabalho diferentes, sem que esteja realizando alguma
operação. A realização deste trabalho tenta encontrar os motivos causadores
destas problemáticas, e ao mesmo tempo propor soluções cabíveis para
minimizá-las. Os resultados desta pesquisa abriram um leque de informações
suficiente para anular algumas suspeitas e focalizar as possíveis soluções, como
viabilizar a possibilidade de investimentos na compra de novos equipamentos
para auxiliar as operações de Infra-estrutura da Mina do Sossego.

Palavras-chave: Otimização. Trator de Esteiras Caterpillar D11. Locomoção


própria. Material rodante. Consumo de combustível. Custos operacionais.

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ABSTRACT

This work deals a study developed in the area of infrastructure in the Sossego
Mine located in the municipality of Canaã dos Carajás. It is a work based on the
optimization of the fleet of track-type tractors of Caterpillar D11, who were
suspected of high maintenance costs, mainly due to accelerated wear of
undercarriage, and high fuel consumption. There were also problems in the
amount of unproductive hours causing operational delays due to their own
locomotion, which is the locomotion of D11 tractor from one point to another within
the mine in order to move the equipment for distribution in areas of work different.
The completion of this work tries to find the reasons causing these problems, and
concomitantly proposing appropriate solutions to minimize them. The results of
this research have opened a range of information sufficient to offset some
suspicions and focus on possible solutions to enable the possibility of investment
in the purchase of new equipment to assist the operations of the infrastructure of
Sossego Mine.

Keywords: Optimization; Track-type tractors of Caterpillar D11; Own locomotion;


Undercarriage; Fuel consumption; Run cost.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Mapa de localização da Mina do Sossego...........................................17

Figura 2 – Localização Geográfica dos Depósitos.................................................18

Figura 3 – Beneficiamento, fluxograma de processos...........................................19

Figura 4 – Fluxograma do processo de beneficiamento do minério oxidado.........20

Figura 5 – Plano diretor da Mina do Sossego........................................................21

Figura 6 – Produção e logística da Mina do Sossego............................................22

Figura 7 – Depósitos principais da Mina do Sossego: Sossego e Sequeirinho com


topografia original................................................................................24

Fotografia 1 – Cava Sequeirinho...........................................................................25

Fotografia 2 – Cava Sossego.................................................................................25

Figura 8 – Geometria dos corpos de minério na cava do Morro do Sossego........26

Figura 9 - Geometria dos corpos de minério na cava do Sequeirinho...................27

Figura 10 – Cava final Sequeirinho........................................................................29

Figura 11 - Cava final Sossego..............................................................................29

Fotografia 3 – Perfuratriz.......................................................................................31

Fotografia 4 – Carregamento dos furos.................................................................32

Fotografia 5 – Carregamento e transporte.............................................................33

Fotografia 6 – Acesso da Mina do Sossego..........................................................37

Fotografia 7 – Trator de esteira D11......................................................................38

Fotografia 8 – Construção de acessos utilizando D11...........................................39

Figura 12 – Características dos tratores de esteira acoplados com lâmina..........41

Figura 13 – Modelos de tratores de esteira fabricados pela Caterpillar.................42

Figura 14 – Especificações do trator de esteira D11.............................................43

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Figura 15 – Potência na barra de tração vs. Velocidade efetiva............................44

Figura 16 – Distâncias econômicas de transportes...............................................45

Figura 17 – Vida útil dos tratores de esteira Caterpillar.........................................46

Figura 18 – Custo horário da reparos....................................................................47

Figura 19 – Lâmina U – Universa..........................................................................49

Figura 20 – Lâmina SU – Semi-universal..............................................................49

Figura 21 – Ríperes...............................................................................................50

Figura 22 – Vida útil do ríper e da lâmina dos tratores de esteira.........................51

Figura 23 – Elo de transmissão.............................................................................54

Figura 24 – Sapata.................................................................................................55

Figura 25 – Bucha..................................................................................................56

Figura 26 – Roda guia............................................................................................57

Figura 27 – Rolete Superior...................................................................................58

Figura 28 – Roletes inferiores................................................................................59

Figura 29 – Seguimento de rodas motrizes...........................................................60

Gráfico 1 – Consumo dos tratores de esteira D11 na Mina do Sossego...............64

Figura 30 – Consumo teórico de combustível........................................................67

Gráfico 2 – Custo horário dos tratores de esteira D11 da Mina do Sossego.........74

Fotografia 9 – Semi-reboque carrega-tudo Pivotado RANDON............................82

Gráfico 3 – Fluxo de Caixa Acumulado..................................................................87

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Consumo horário em cada intervalo de abastecimento.......................65

Tabela 2 – Média mensal e desvio padrão dos tratores........................................66

Tabela 3 – Horas de Locomoção Própria dos tratores de 02/2007 a 01/2008......70

Tabela 4 – Custos mensais (R$) de manutenção dos tratores D11......................73

Tabela 5 – Horas trabalhadas e custo horário de manutenção ............................73

Tabela 6 – Custo horário do Operador – HMO......................................................75

Tabela 7 – Custo horário de consumo de combustível..........................................75

Tabela 8 – Custo horário de depreciação..............................................................76

Tabela 9 – Custo horário (R$) dos tratores de esteira D11...................................77

Tabela 10 – Custos de locomoção própria na Mina do Sossego...........................78

Tabela 11 – Gastos com material rodante causado pela locomoção própria........80

Tabela 12 – Fluxo de caixa....................................................................................86

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1 INTRODUÇÃO

O trabalho aqui apresentado é fruto de grandes parcerias que foram


firmadas a alguns anos atrás entre empresa e instituição, no caso VALE e UFPA,
na qual, deu origem a Faculdade de Engenharia de Minas e Meio Ambiente,
trazendo junto com essa parceria diversos benefícios, no qual um dos mais
importantes foram os estágios que aprimoraram na prática os conhecimentos
adquiridos na instituição de ensino e que através destes foi desenvolvido o
Trabalho de Conclusão de Curso.

O estágio que deu origem ao Trabalho foi realizado na Mina do


Sossego, localizada no município de Canaã dos Carajás, no período de 45 dias,
sendo parte integrante da disciplina obrigatória Estágio Supervisionado. A Mina
do Sossego é gerida pela Diretoria do Departamento de Operações de Não-
ferrosos de Carajás – DIOC, da antiga Companhia Vale do Rio Doce, atual VALE.

Tendo iniciado sua operação no ano de 2004, a Mina do Sossego é


considerada a maior mina de cobre do Brasil e a com maior aparato tecnológico
também. É atribuída entre seus trabalhadores uma das minas mais complexas já
vistas por eles, tendo em vista as inúmeras dificuldades e desafios
proporcionados por ela.

Juntar diversos aparatos tecnológicos, equipamentos de grande porte,


pessoas e uma mina que oferece uma dificuldade geológica em seu conteúdo,
exigi de seus trabalhadores uma atenção maior em virtude de otimizar todos os
seus ciclos operacionais de produção. Faz-se jus nela a frase que se diz “em
todos os lugares sempre há como melhorar”, ou seja, sempre tem como se
otimizar.

Esse trabalho tenta mostrar de forma bem explícita uma tentativa de


aperfeiçoamento da utilização de um dos equipamentos pertencentes à frota que

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compõe a operação do complexo do Sossego. O equipamento conhecido como
D11 é utilizado para auxiliar os equipamentos de produção, perfuratrizes,
escavadeiras, caminhões, pás carregadeiras.

O trator Cat D11 de esteira é considerado o mais potente da


Caterpillar, possuindo assim um custo operacional muito elevado, devendo
sempre ter a ele uma atenção diferenciada. Poder otimizar sua utilização é de
suma importância para se obter seu maior desempenho, maior lucratividade com
diminuição de seu custo operacional, maior disponibilidade e rendimento.

Tomando esse foco como objetivo principal, foi realizado a pedido da


Gerência de Infra-estrutura da Mina do Sossego - GAYSI, um estudo
supervisionado sobre a utilização do D11, visando descobrir uma forma de ajustá-
lo de maneira “aperfeiçoada” no contexto da Mina, levando em conta que este
estava gerando gastos elevados devido sua utilização ineficiente.

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2 DESENVOLVIMENTO

2.1 ASPECTOS GERAIS DA MINA DO SOSSEGO

2.1.1 Mina do Sossego

A província Mineral dos Carajás, localizada no Sul do Estado do Pará,


comporta uma das maiores minas de ferro do mundo, além de importantes jazidas
de manganês, cobre, ouro, níquel, cromo, todas situadas no domínio da Serra dos
Carajás [1].

Dentre os depósitos cupro-auríferos descobertos mais recentemente na


Província, está o depósito do Sossego, definido pelos corpos Sossego e
Sequeirinho, além de outros menores (Pista, Curral, Baiano), com reservas
lavráveis de 250,33 Mt a um teor médio de 0,98 % Cu e 0,28 g/t Au [2].

Fundado em 2002, o Complexo do Sossego teve a sua operação de


lavra iniciada em julho de 2004 com uma vida útil prevista de 17 anos, tendo seu
fim previsto para 2021. Com recuperação de 92% e 80% de cobre e ouro
respectivamente, com uma relação estéril/minério de 4,36. Como pode ser vista
na figura 1, a Mina do Sossego está localizada no Sudeste do Estado do Pará, a
20 km da sede do município de Canaã dos Carajás (PA) e encontra-se inserida no
contexto do Distrito Mineral de Carajás [1].

16
Figura 1 - Mapa de localização da Mina do Sossego.
Fonte: Apresentação DIOC (2004).

O acesso principal à mina, partindo-se


partindo se de Marabá (PA) ou Carajás
(PA), é feito através de rodovias estaduais pavimentadas PA–
PA–150 e PA–275, até
a cidade de Parauapebas (PA). A partir daí toma-se
toma se a rodovia estadual
pavimentada PA–160,
160, num percurso aproximado de 83 km, atravessando vilas e
sedes das fazendas da região [1].

O Projeto Sossego da VALE está ligada a Diretoria do Departamento


de Operações de Não-ferrosos
Não de Carajás – DIOC, a qual se incube de tratar dos
projetos minerais ligados ao minério de cobre (Cu). O Sossego foi o primeiro
projeto de cobre a ser iniciado no Pará. Outros projetos de exploração do mesmo
mineral já estão em fase de pesquisa e até implantação, como são os casos dos
projetos, Cristalino, 118, Alemão, Igarapé Bahia, que estão na
na fase de pesquisa e
o Projeto Salobo que está na fase de implantação. Alguns depósitos com sua
localizações geográficas podem ser vistos na figura 2.

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Figura 2 – Localização Geográfica dos Depósitos.
Fonte: Apresentação DIOC (2004).

O complexo do Sossego é compreendido de duas cavas principais.


principais A
cava Sequeirinho, primeira a ser minerada, está projetada para ter 1800 m de
largura por 3000 m de comprimento, chegando a ter uma profundidade de 560 m.
A cava do Sossego está projetada para ter 800 m de largura por 800 m de
comprimento, chegando a ter uma profundidade de 272 m [2].

Nas duas cavas a altura do banco operacional está entre 8 e 16 m,


possuindo uma berma de 10 m. A largura dos acessos e das rampas na cava do
Sequeirinho é de 35 m, na cava do Sossego é de 30 m. todas as duas possuem
uma inclinação de rampa de 10%. O ângulo entre rampas no Sequeirinho é de
60° no granito, 56° e 54° Biotita-Xistos,
Biotita Xistos, na cava do Sossego o ângulo entre
[3]
rampas é de 61° granito, 56° Biotita-Xistos
Biotita .

No Complexo Sossego são lavrados dois tipos de minério de cobre, o


sulfetado e o oxidado, dividido em oxidado verde e o oxidado vermelho. A reserva
lavrável do oxidado está estimada em 14 Mt
Mt com um teor de 1,05% de Cu.
Cu O bem
mineral produzido na mina é o concentrado de cobre, o qual é processado na
planta de beneficiamento,
beneficiamento que utiliza apenas o minério
rio sulfetado.
sulfetado A planta está
presente na figura 4.. O concentrado possui um teor de 30% de cobre e 6 g/t de
ouro, tendo sua produção anual estipulada
estipulada de 400.000 toneladas.
toneladas O ouro é o
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subproduto do cobre, conhecido como cobre equivalente, pois seu valor é
comercializado como se fosse cobre [13].

Figura 3 – Beneficiamento, fluxograma de processo.


Fonte: Apresentação DIOC (2004).

O minério oxidado por enquanto esta sendo estocado para dar início
seu beneficiamento somente quando o projeto 118 entrar em operação, devido à
proximidade dos projetos e o minério oxidado presente ser bastante rico. Sem
contar que o processo de beneficiamento do minério oxidado é diferente do
minério sulfetado, para isso foi criada uma planta piloto de lixiviação. A figura 4
mostra um fluxograma do processo de beneficiamento do minério oxidado

Lixiviação é a dissolução do metal a recuperar do mineral por meio de


uma solução aquosa mediante ação de agentes químicos, neste caso ácido
sulfúrico. Na lixiviação em pilhas ocorre a dissolução de outros componentes
mineral, como Fe ++, fe+++, cl -, por isso é indispensável realizar a purificação da
solução em uma etapa antes de enviar para a eletro-obtenção do metal [16].

19
Figura 4 – Fluxograma do processo de beneficiamento do minério oxidado.
Fonte: Apresentação DIOC (2004).

A estrutura logística do Complexo do Sossego foi planejada com intuito


de aproveitar melhor as distâncias entre os pontos de locomoção do estéril e do
minério, como pode ser vista na figura 5. Para os pontos de locomoção do estéril
são viabilizadas três pilhas, chamadas pilha de estéril sudoeste, pilha de estéril
sudeste, as quais todo estéril nelas depositado são retirados da cava do
sequeirinho, e a pilha de estéril do sossego, com o estéril originado da cava do
sossego.

Para o minério foram viabilizados vários pontos. O minério oxidado


originado das duas cavas é depositado numa única pilha, chamada de pilha de
minério oxidado. O minério sulfetado, dependendo da necessidade, é
encaminhado diretamente para o britador, caso este esteja em manutenção ou a
produção do minério esteja maior que sua capacidade ou o minério que esteja
sendo lavrado contém um teor que no momento não satisfaça a necessidade da
usina de beneficiamento, ele será encaminhado para a estocagem em quatro
pequenos depósitos diferenciados pelo seu teor. Os depósitos são, S.A.T (super
auto teor), A.T (auto teor), B.T (baixo teor) e depósito de minério misto.

Após a fase de britagem, o minério é transportado através de uma


correia transportadora com 4 km de extensão até a usina de beneficiamento.
Durante o processo da usina, o concentrado de cobre é deslocado para o galpão,
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depois transportado por caminhões até o pátio ferroviário de Paraupebas. Todo
rejeito originado nesse processo é derramado na barragem de rejeitos como pode
ser visto na figura 05.

Figura 5 – Plano Diretor da Mina do Sossego.


Fonte: Apresentação DIOC (2004).

Concluindo, resumidamente, a logística da Mina do Sossego pode ser


descrita assim: o transporte do concentrado é realizado por meio
mei de caminhões
(lonados) basculantes de 25 a 27 t, alimentados por pás carregadeiras, até ao
pátio ferroviário de Parauapebas (PA), por estrada asfaltada de 84km de
extensão. A estocagem do concentrado é feita no pátio ferroviário, descarregado
pelo sistema
a de moegas com alimentadores de correia, até um galpão coberto
com piso concretado [1].

Depois de retomado por meio de pás carregadeiras inicia-se


inicia o
transporte ferroviário, via Estrada de Ferro de Carajás – EFC, em vagões
especiais com descarga pelo fundo, até o terminal portuário em São Luís (MA),
num percurso de 862 km. O descarregamento pelo fundo dos vagões no terminal
portuário em São Luís (MA) é feito por moegas dotadas de alimentadores e

21
transportadores de correia, para estocagem do concentrado. Depois é retomado
novamente por meio de pás carregadeiras, e em seguida transportado por correia
até o “Pier 2”, para embarque no porto de Itaqui (Ponta da Madeira, propriedade
da VALE) para a exportação final (para os mercados interno e externo) [1].

Figura 6 – Produção e Logística da Mina do Sossego.


Fonte: Ribeiro (2008).

2.1.2 Geologia local

O depósito de Cu-Au do Sossego está localizado na borda sul do


sigmóide de Carajás, ao longo de uma estrutura de cisalhamento regional com
orientação oeste noroeste – leste sudeste e mergulho acentuado para sul. Ao
longo desta ampla zona de cisalhamento, chamada de “Cinturão Sul de Carajás”,
há um conjunto de depósitos de Cu ± Au (>1% Cu). Este cinturão mineralizado
tem cerca de 60 km de extensão, que continua aberto lateralmente, e com
potencial geológico que ainda não foi completamente pesquisado. Falhas de
direção nordeste e noroeste cortam o cisalhamento principal, oeste noroeste –
leste sudeste, sendo que as interseções dessas estruturas funcionam como zonas
de alimentação e de aprisionamento para a mineralização de Cu-Au [1].

22
O cinturão de cisalhamento ocorre na zona de contato de terrenos
TTG, chamado de Complexo Xingu (tonalitos-trondhjemitos-granodioritos) ao sul,
com as vulcânicas de Carajás ao norte, e é caracterizado localmente por rochas
de composição granítica (GRA, GRF, MVA e IAC), máficas ou seus equivalentes
hidrotermais (GBA e ACT), rochas ricas em biotita (BIX), brechas sulfetadas
(BSE) e magnetititos (MAG). Ocorreu ainda alteração hidrotermal intensa a albita,
biotita, actinolita, carbonato, epidoto e escapolita, com magnetita abundante [1].

A mineralização caracteriza-se por forte controle estrutural no


posicionamento dos corpos de minério, que estão contidos nas bordas e núcleos
de espessos pacotes de brechas hidrotermais. O evento magmático gerador dos
depósitos está, provavelmente, relacionado à colocação dos corpos graníticos
subvulcânicos mais tardios, com os quais a mineralização está intimamente
associada [1].

A Mina do Sossego possui dois depósitos principais: Sossego e


Sequeirinho, cuja geometria atual das cavas é apresentada na Figura 7. Nestes
depósitos foram realizados 165.000m de sondagens rotativas diamantadas e
rotopercussivas, além de sondagens geotécnicas, com furos orientados, e
sondagens de largo diâmetro, utilizados para caracterização geometalúrgica do
minério [1].

No caso do Sequeirinho, a zona mineralizada estende-se por


aproximadamente 2.000 m ao longo da direção E-W, e com mineralização mais
fraca por outros 1.000 metros para oeste e constitui uma brecha sulfetada
associada a corpos de actinolitito, que se desenvolveram a partir de rochas
máficas e, em menor escala, graníticas. Esta jazida está situada a cerca de 700
metros oeste/sudoeste do Morro do Sossego e a cava pode ser vista na fotografia
1[1].

Por sua vez, a jazida do Sossego faz parte de uma grande estrutura
circular, com cerca de 600 metros de diâmetro, cujo núcleo é formado por granito

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rosado a cinza escuro. A mineralização ocorre em três zonas: a Brecha do
Sossego, aproximadamente circular, com 200 metros de diâmetro, na porção
norte da área mineralizada; a Brecha Curral, alongada com 80m por 400m, ao sul;
e a Zona Venulada, que é formada por veios irregulares situados entre as brechas
Curral e Sossego. A cava do Sossego é menor, porém possui minério com
melhores teores, ver fotografia 2[1].

Figura 7 - Depósitos principais da Mina do Sossego: Sossego e Sequeirinho com topografia


original.
Fonte: Ribeiro (2008).

24
Fotografia 1 – Cava Sequeirinho.

Fotografia 2 – Cava Sossego.


Fonte: Ribeiro (2008).

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2.1.3 Disposição dos corpos geológicos

No Morro do Sossego, a mineralização principal ocorre no interior e nos


bordos de um “pipe” de brechas hidrotermais, com outros corpos seguindo a
orientação das estruturas planares da área. A interpretação dos dados da
pesquisa mineral definiu um corpo principal com formato, em planta, arredondado,
com diâmetro de 220 m. Em profundidade, mostra-se contínuo até, pelo menos, à
cota – 500 m, mergulhando em média 80º para SW. Os outros corpos de minério
principais mostram formato tabular, encaixando-se segundo a direção N80W, com
[1]
mergulhos em alto ângulo para SW . A figura 8 mostra a geometria do corpo do
Sossego na forma do modelo de blocos.

Figura 8 - Geometria dos corpos de minério na cava do Morro do Sossego.


Fonte: Ribeiro (2008).

Na área Sequeirinho, definiu-se a continuidade da zona mineralizada


segundo um “trend” de direção ENE. A integração dos dados de sondagem
definiu o controle da mineralização, segundo o falhamento com direção entre
N60E a N75E e mergulhos médios de 60º para SE, que marca o contato de
granitóides e intrusivas máficas metamorfizadas, a sul, e metavulcânicas a norte.
Em profundidade, o minério mergulha paralelamente à zona de cisalhamento,
[1]
com mergulhos variando de 45º a 80º . A figura 9 mostra a geometria do corpo
do Sequeirinho na forma do modelo de blocos.
26
Figura 9 - Geometria dos corpos de minério na cava do Sequeirinho.
Fonte: Ribeiro (2008).

Para o cálculo das reservas do minério sulfetado, os corpos


mineralizadas descritos e interpretados nos furos são, comprovadamente,
contínuos e de geometria definida ao longo da jazida. Atualmente utiliza-se
métodos de Krigagem em programas específicos, como ISATIS® e GEMS®, que
se baseiam em limites definidos pelo modelo de minério e dados de densidade,
que são “carimbados” em modelos de blocos, no caso da Mina do Sossego cada
bloco tem dimensões de 10x10x16, e estimam valores baseados na direção de
continuidade dos corpos, utilizando os teores dos furos de sondagem de longo
[1]
prazo .

2.1.4 Método de produção

Antes de qualquer método de produção de extração mineral ser


iniciado, é realizado um estudo de viabilidade econômica que visa conciliar
informações técnicas e teóricas com estudos de mercados. Para se iniciar um
empreendimento de mineração deve-se realizar um plano de aproveitamento
econômico visando a escolha de um método de engenharia que satisfaça um bom
aproveitamento econômico, que consiga maximizar o teor de corte e diminuir o
máximo a relação estéril/minério.
27
A condução do projeto ao êxito objetivado é fortemente dependente da
precisão com que os referidos estudos foram realizados, dando a cada um deles
a importância que o mesmo requeira. Contudo, a escolha de um método de lavra
é uma das fases mais importantes do empreendimento. A escolha pode ser feita
em lavra a céu aberto ou lavra subterrânea [6].

A lavra a céu aberto possui muitos métodos diferentes de ser realizada,


os mais conhecidos são: De bancada em encosta, De bancada em cava, Por
fatias, Desmonte hidráulico e Dragagem. Esses métodos são aplicados em
depósitos rasos ou pouco profundos, na maioria aflorantes e que possam ser
lavrados diretamente [8].

Possui grande produtividade, maior concentração de operações e mais


fácil e eficiente gestão de recursos humanos, maior produtividade por desmonte,
menor custo por tonelada desmontada, maior recuperação com menor diluição,
não existe limitação à dimensão e ao peso das máquinas [6].

No mundo, os métodos de lavra mais utilizados são o método de lavra


em tiras ou fatias (strip mining e cast mining) e em cava (open pit mining) [7].

No caso do Complexo do Sossego foi selecionado o método de lavra a


céu aberto, por bancadas em cava. Sendo este empregado tanto para a cava
sequeirinho como para cava sossego, nas fotografias 10 e 11. As duas cavas
foram planejadas pela aplicação de software específico, WHITTLE®, cujo objetivo
final foi o de otimizar economicamente o pit final de cada cava.

A geometria da cava final do Sequeirinho apresentou como


característica bancos de 8 m e 16 m, num total de 39 bancos. Possuindo cota
positiva de 264 e cota negativa de 360, resultando numa cava de 624 m de
profundidade. Como extensão territorial a cava possuirá 2.425 m de comprimento
e 1.320 m de largura máxima. Para a cava final do Sossego foram planejados 20

28
bancos, começando a uma cota positiva de 56 e terminando a uma cota negativa
de 264.
Os bancos com menor comprimento são usados para material
saprolíticos e contatos entre zona oxidada e rocha fresca, por serem materiais
com consistência friável. Os bancos
bancos de 16 m são usados para rocha fresca.

Figura 10 – Cava Final Sequeirinho.


Fonte: Apresentação Operação de Mina do Sossego (2008).

Os taludes dos cortes foram limitados a uma altura de 16 m e a uma


inclinação máxima de 45°, com bermas de 4 m de largura
largu a cada 8 m de
elevação, para melhorar as condições de estabilidade e drenagem. Os taludes
dos aterros foram limitados a uma altura de 30 m, inclinação máxima e 33°
(1:1,5), com bermas de 4 m de largura a cada 8 m de elevação, para melhorar
também as condições
dições de estabilidade e drenagem.

Figura 11 – Cava final Sossego.


Fonte: Apresentação Operação de Mina do Sossego (2008).

29
2.1.5 Operação de Mina do Sossego

A lavra do minério na Mina do Sossego é realizada, de maneira comum


a qualquer outra mina que tenha como característica o método de lavra bancada
em cava, na qual apresenta as operações unitárias de perfuração, detonação,
carregamento e transporte, podendo também ser chamada de ciclo produtivo.
Para se ter o melhor aproveitamento de todas essas operações é necessário que
haja outra etapa operacional chamada de operações auxiliares, que são
operações que cuidam do aspecto físico da mina auxiliando todas as operações
do ciclo produtivo.

2.1.6 Operações unitárias

Assim que uma frente de lavra é liberada pelo planejamento, é dada


partida para as primeiras operações de perfuração, nas quais são usadas
atualmente perfuratrizes rotativas e roto-percussivas, fotografia 3, que realizam
furos de 16 m de comprimento mais sub furação de 2m. São perfuratrizes de
1/4 7/8
grande porte que furam com 12 e9 polegadas de diâmetro para atender a
escala de produção no minério e no estéril.

30
Fotografia 3 – Perfuratriz.
Fonte: Apresentação Operação de Mina do Sossego (2008).

Perfuratrizes de pequeno porte com 3,5 a 4,5 polegadas de diâmetro,


que perfuram 18 metros de altura, também são utilizadas na lavra do Sossego,
com o objetivo de realizar acabamentos de bancadas, detonação de repés e
matacões. A malha de perfuração tem espaçamento de 5,0 a 7,0 metros de
comprimento no minério e 7,0 a 8,0 metros no estéril. A malha menor no minério
tem como objetivo encontrar um minério bem fragmentado após o desmonte
diminuindo assim os custos operacionais do beneficiamento, não se aplicando ao
estéril por que não passará por nenhum tratamento após seu desmonte.

31
Fotografia 4 – Carregamento dos furos.
Fonte: Apresentação Operação de Mina do Sossego (2008).

Depois dos furos realizados na frente de lavra, é inserida a carga


explosiva dentro dos furos e depois detonada para reduzir o minério ou o estéril a
uma granulometria capaz de serem carregados, transportados e descarregados
na abertura do britador, caso seja o minério, como mostra na fotografia 4. Os
explosivos são fabricados na área pela DEXPOL distribuidora de explosivos
LTDA.

Os explosivos fabricados são: emulsão bombeada, ANFO, ANFO


pesado, emulsão cartuchada (para desmontes especiais). A razão de carga para
os furos depende de que material será detonado, mas de modo geral a razão de
carga utilizada é de 320 g/t de material desmontado. Na operação de desmonte
são utilizadas algumas técnicas e softwares que ajudam a analisar o material
desmontado, como é o caso de softwares para simulações de plano de fogo e
análise granulométrica e monitoramentos de VOD e sismográficos.

Após a perfuração e detonação do material, quatro pás carregadeiras e


três escavadeiras a cabo abastecem 23 caminhões com capacidade de 240
toneladas e 16 caminhões com capacidade de 150 toneladas, as quais realizam
assim as operações de carregamento e transporte. As estradas de transporte na

32
mina possuem 35m de largura na cava do Sequeirinho e 30m de largura na cava
do Sossego com ângulos de 10%.

As escavadeiras operantes na mina do sossego estão entre as maiores


da América latina, são escavadeiras a cabo alimentadas por eletricidade. Umas
das escavadeiras, a Shovel, possui caçamba frontal e é equipada com
implemento frontal constituído de lança e braço transversal articulado, tendo na
extremidade caçamba com fundo móvel para descarga do material. É o tipo mais
utilizado em mineração. Destina-se a escavar taludes situados acima do nível em
que a máquina se encontra. Pela combinação do movimento da lança e do braço
articulado, escava de baixo para cima elevando a carga, deslocando-a no sentido
horizontal e efetuando a sua descarga [9].

As pás carregadeiras diesel hidráulicas são máquinas dotadas de uma


caçamba frontal, que executam serviços de escavação, transporte e descarga de
materiais em veículos de transporte, executando ainda inúmeras outras tarefas.
São uns equipamentos muito mais versáteis se comparado à escavadeira a cabo,
mas por outro lado perdem em produtividade e custo [9].

Fotografia 5 – Carregamento e transporte.


Fonte: Apresentação Operação de Mina do Sossego (2008).

O transporte do material escavado é realizado por caminhões fora de


estrada com capacidade de 240 toneladas (Caterpillar – C793) e 150 toneladas

33
(Caterpillar – 330 BL), na fotografia 5. O material é transportado para as pilhas de
minério, estéril ou para o britador primário, de acordo com as especificações
mandadas pelo Despacho. O transporte é a operação de maior custo na lavra,
uma má distribuição dos caminhões na mina resulta em prejuízo de produção,
quer seja pela paralisação dos caminhões aguardando descarga no britador ou
aguardando carregamento na mina.

2.1.7 Controle de lavra

Para que todas as operações unitárias se realizem com maior


eficiência um controle de lavra é realizado através do despacho eletrônico, em
que através deste é realizada toda a alocação dos equipamentos móveis do
desmonte, carregamento, transporte, e também de uma maneira mais específica,
como no nosso caso, os equipamentos móveis das operações auxiliares.

O Sistema Gerenciador Despacho na mina do sossego tem por objetivo


otimizar a movimentação total nas cavas, respeitando a qualidade necessária do
minério a ser alimentado no britador. Para tal fim ele monitora o estado das
minas, a distribuição e disponibilidade dos caminhões e escavadeiras, alocando
caminhões de forma a minimizar ciclos e filas nas máquinas de escavação e nos
pontos de básculo.

A vantagem de utilizar o despacho é a possibilidade de aumentar a


movimentação dos equipamentos devido a melhor alocação. Além disso, o
sistema traz vários benefícios, como o aumento da produtividade, redução de
custos, melhor gerenciamento da mina, maior dinâmica entre manutenção e
operação, e informações detalhadas sobre operação das minas em tempo real
(relatórios de produção, disponibilidade e utilização das frotas, controle de
abastecimento, etc.), além de proporcionar melhorias nos desempenho dos
equipamentos.

34
2.1.8 Operações auxiliares

As operações auxiliares, ou de infra-estrutura, estão diretamente


ligadas a fase inicial da lavra, é através dessas operações que a cava vai
ganhando o molde e a forma em cada fase seguinte de seu avanço. As operações
de infra-estrutura realizadas dão suporte a todas as operações presente na mina,
qualquer atraso ou falha nessa operação acarretará em atrasos operacionais em
todas as outras operações, aumentando demasiadamente os custos de lavra,
atrasos e quedas de produção. Por isso a gerência está sempre preocupada para
que nenhum equipamento auxiliar venha apresentar qualquer problema que afete
o andamento da mina.

2.1.8.1 Drenagem de mina

Dentre várias operações auxiliares podemos citar a drenagem de mina,


uma das mais importantes e impactantes na lavra. Ao chegar a certa
profundidade na escavação, a lavra do minério atinge o lençol freático provocando
o aparecimento de poços de água no fundo da mina, o qual se agrava devido o
material rochoso da rocha ser bastante abrasivo e fraturado fazendo com que a
água percorra a estrutura concentrando ainda mais a água no fundo da cava.
Como solução para os poços é necessário realizar o bombeamento da água.

2.1.8.2 Sinalização

Outra responsabilidade da infra-estrutura é a sinalização da mina. Que


é implantação de placas de sinalização de advertência e regulamentação nas
áreas das cavas e acessos, necessárias para ministrar informações acerca da

35
velocidade permitida, direções, sentidos, destinos, identificação de pilhas, cavas e
locais de serviços auxiliares que completam a operação da mina.

2.1.8.3 Terraplanagem

A terraplanagem é das operações de infra a mais importante e é


justamente nela que se encontrou a nossa problemática. Ela faz com que a cava
ganhe moldes e formas similares ao planejado. Antes começar a terraplanagem é
sempre necessário verificar as condições em que a mina se encontra e analisar
todas as suas características em relação ao tipo de solo e minério que está sendo
explorado, assim como o lençol freático. A terraplanagem influencia diretamente
no tempo de exploração da mina, pois sempre que a mina avança a infra-
estrutura terá que preparar o local para os equipamentos de produção entrarem
em operação.

A terraplanagem atua na confecção e manutenção de acessos, na


confecção de leiras de proteção, limpezas de praças, bancos e bermas,
preparação de praças para perfuração, construção de rampas entre outros
elementos de menor importância, tendo em vista sempre atender as
necessidades da produção. Nas vias e acessos onde o terreno é muito abrasivo,
ou formado por rochas, ou extremamente acidentado, necessita-se de maior
tempo para efetuar as atividades de capeamento e correção do solo. Como a
produtividade da mina tem um ritmo acelerado o trabalho de terraplanagem terá
que ser muito eficiente, pois qualquer parada de um equipamento da produção
por causa da infra-estrutura retarda a lavra do minério ou estéril, não cumprindo
assim as metas e ocasionando todos os prejuízos já comentado anteriormente.

Com isso, é necessário que se faça a limpeza dos acessos, bancos e


praças a todo instante. Frequentemente ocorre à queda de blocos na passagem
de caminhões fora de estrada entre outros, que participam do transporte do
minério até o britador e aos depósitos de minério e estéril, esses blocos podem

36
ocasionar furos nos pneus, ocasionando um custo elevado, podendo chegar em
torno de 60 mil dólares para os caminhões foras de estrada. Vale ressaltar a
importância da limpeza das bermas após cada detonação, pois sem isso, fica
difícil o acesso a essas áreas dificultando o decorrer da operação, devido esses
locais apresentarem risco de deslizamento. Além disso, a limpeza de bermas
promove uma estabilidade nos taludes, que devem ter uma inclinação de 45º [15].

As larguras dos acessos precisam ter folgas suficientes em relação à


largura máxima dos veículos, de modo a permitir não apenas a acomodação
estática desses veículos, mas também suas variações de posicionamento em
relação as suas trajetórias. A largura operacional para os caminhões é de
aproximadamente 30 metros, ou seja, três vezes a largura do caminhão,
permitindo o fluxo nas duas vias, bem como a segurança dos veículos no pé e
crista dos acessos. Confira na fotografia 6 [15].

Fotografia 6 – Acesso da Mina do Sossego.


Fonte: Isidório (2008).

Para dar suporte a todos esses trabalhos anteriormente falados, a


infra-estrutura conta com a utilização de vários equipamentos de médio a grande
porte. São pás carregadeiras, moto niveladoras, retro escavadeiras e tratores de
esteira. Todos são de fundamental importância para o resultado final da operação.

37
Dentre os equipamentos citados acima, os tratores de esteira
Caterpillar D11 são os que recebem maior atenção. Possuem elevado custo
operacional e um auto valor de aquisição. São os maiores e os mais potentes
tratores de esteira da Caterpillar. São utilizados para realizar todas as operações
de terraplanagem já citados, e ainda realizam o desmatamento e a construção de
sump.

Sempre que a mina se desenvolve com abertura de uma nova frente de


lavra, ou a abertura de uma rampa ou de um acesso, o D11 é solicitado para dar
início aos trabalhos que antecedem a produção. Qualquer falha operacional no
D11, ou qualquer atraso pode causar uma perda de produtividade em todos os
outros equipamentos.

Fotografia 7 - Trator de esteira D11.

Por possuir baixa velocidade, o D11, podendo ser visto nas fotografias
7 e 8, é na maioria das vezes abastecido por um caminhão pipa, denominado
comboio. Quando o comboio não pode realizar o abastecimento na mina, o D11
tem que se locomover até o posto de combustível, gastando tempo e sofrendo um

38
desgaste acelerado de sua material rodante, já que o mesmo não foi projetado
para percorrer grandes distâncias.

Com isso, trabalhar com o D11 numa mineração de grande porte é algo
desafiante, ter que utilizá-lo em diferentes pontos da mina requer bastante
planejamento e cuidado, pois além de apresentar grande dimensão e peso
elevado, sua velocidade máxima é de aproximadamente 12 km/h, complicando
ainda mais sua disponibilidade, acarretando em atrasos operacionais,
principalmente nos momentos de urgência não planejados.

Fotografia 8 – Construção de acessos utilizando D11.

2.2 TRATOR DE ESTEIRA

De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT),


trator é uma unidade de tração. O que o faz ter denominações conjuntas com o
39
nome trator, são os implementos que este utiliza para realizar alguma tarefa. No
entanto, se uma unidade de tração possuir lâminas como implemento passa a
chamar-se de unidade escavo-empurradoda, fazendo parte desse conceito os
tratores de esteira e os tratores de pneus.

Trator é a unidade básica de terraplanagem, pois todos os


equipamentos que realizam essa operação são tratores devidamente modificados
e/ou adaptados as operações básicas, possuindo as seguintes características [6]:

Esforço trator: força que o trator possui na barra de tração;

Velocidade: velocidade de deslocamento da máquina;

Aderência: capacidade do trator de se deslocar sem haver


patinamento;

Flutuação: capacidade de deslocamento sem afundamento excessivo;

Balanceamento: é a qualidade proveniente de uma boa distribuição da


massa de um centro de gravidade a pequena altura do chão.

Unidade escavo-empurradora é uma unidade capaz de escavar e


empurrar a terra. Tem denominação de trator de lâmina ou bulldozer pelo fato de
utilizar lâmina como implemento. É um equipamento utilizado praticamente nas
operações de terraplanagem, que abrangem desmatamento, decapeamento,
abertura de acessos, abertura de rampas, desmonte a frio utilizando
escarificadores e outras. Na figura 12 extraída do Manual de produção da
Caterpillar mostram as características dos tratores de esteiras.

40
Figura 12 – Características dos tratores de esteira acoplados com lâmina.
Fonte: Manual de Produção da Caterpillar (2006).

Os tratores de esteiras possuem grande esforço trator devido seu peso


elevado em contato direto com o solo, através das esteiras, proporcionando
aderência e atrito elevado com o solo, deixando sua estrutura bastante estável
para realizar as operações mais rústicas que necessitam de grande tração.

Com uma estrutura rodante de esteiras, a velocidade de locomoção do


trator é extremamente baixa, caracterizando como um equipamento indicado para
operações que exijam bastante força e que não necessitem de alta locomoção. É
um equipamento que possui toda uma estrutura rodante feita de ligas de aço
constituído em esteiras, com um alto custo de produção e manutenção. Esses
tratores não foram projetados para percorrer longas distâncias, principalmente
quando o objetivo é somente se locomover de um ponto a outra da mina, visto
que seu material rodante, além de ser importado, é muito caro e se desgasta com
facilidade. E esse agravante é mais expressivo quando a sua locomoção não tem
fins operacionais e apenas fins de movimento, chamando isso de “carregar seco”,
“bater esteira” e no caso do Sossego, locomoção própria.

41
As linhas de tratores fabricadas pela Caterpillar podem ser verificadas
na Figura 13 retirada do Manual de produção. Essas linhas variam do modelo D3
ao D11, contendo cada linha de produção suas respectivas séries, cada uma
voltada para diferentes funções.

Figura 13 – Modelos de tratores de Esteiras fabricados pela Caterpillar.


Fonte: Manual de Produção da Caterpillar (2006).

2.2.1 Especificações técnicas do D11

De todas as linhas de produção dos tratores de esteiras da Caterpillar


podemos verificar que a linha do D11 é a última de todas elas possuindo as
características superiores as linhas antecessoras, tendo seus valores bastante
expressivos e conseqüente custo operacional elevado. É considerado o maior
trator de esteiras do mercado tendo sua aplicação voltada apenas para operações
específicas que necessitem de bastante força para serem realizadas. Na Figura
14, retira do Manual da Caterpillar, estão presentes todas as especificações
técnicas desse equipamento.

42
Figura 14 – Especificações do trator de esteiras D11.
Fonte: Manual de Produção da Caterpillar (2006).

2.2.2 Especificações de operações do D11 – potência na barra de tração vs.


velocidade efetiva.

Como já foi comentado anteriormente o trator de esteira D11 é um


equipamento de alta aderência ao solo. Possui baixa flutuação devida sua área de
contato com o solo ser alta, podendo realizar tarefas sem problemas de
atolamento. É um equipamento bastante balanceado possuindo um centro de
gravidade bem distribuído. Apresente força de tração alta e pouca velocidade. A
Figura 15 mostra as características do D11 relacionando sua tração na barra, ou
simplesmente força de operação, em quilogramas e libras, pela sua velocidade.
No gráfico mostra o número de marcha presente no D11 e suas respectivas
trações em cada uma delas.

43
Figura 15 - Potência na barra de tração vs. Velocidade efetiva.
Fonte: Manual de Produção da Caterpillar (2006).

2.2.3 Distâncias econômicas de transporte

As operações dos sistemas móveis de equipamentos para obras de


construção ou mineração realizam-se em zonas gerais de aplicação econômica.
Essas zonas variam, de uma máquina para outra, conforme as distâncias, as
condições do solo, os regimes de produção e a habilidade dos operadores. De
todos esses fatores, as distâncias constituem a melhor base para a seleção do
sistema particular. Na figura 16 apresentamos regras gerais, baseadas em
distância, para as aplicações de sistemas. As distâncias de transporte dadas
podem variar conforme a aplicação [5].

44
Podemos verificar na Figura 16 que a distância máxima recomendável
que um trator de esteira pode se locomover realizando uma determinada
operação é de no máximo 100 metros, a menor de todos os outros equipamentos.

Figura 16 – Distâncias econômicas de Transportes.


Fonte: Manual de Produção da Caterpillar (2006).

2.2.4 Vida útil dos tratores de esteiras

A vida útil dos tratores de esteiras varia de acordo com a linha de


produção e com o tipo de aplicação e operação que este irá realizar. No manual
da Caterpillar o tipo de aplicação e o tipo de operação estão divididos em três
condições distintas de trabalhos. Para a aplicação foram divididas três zonas,
zona A, zona B e zona C. As operações foram divididas em moderadas médias e
severas. A vida útil de cada linha de produção dos tratores de esteira conforme a
aplicabilidade e a operação podem ser vistas na Figura 17.

45
Figura 17 – Vida Útil dos Tratores de Esteira Caterpillar
Fonte: Manual de Produção da Caterpillar (2006).

2.2.5 Os custos horários de reparos em geral nos tratores de esteira

Normalmente, os reparos são o maior item individual dos custos


operacionais e incluem todas as peças e mão-de-obra direta (exceto o salário do
operador) debitáveis à máquina. As despesas de oficina podem ser absorvidas
nas despesas gerais ou debitadas às máquinas como percentagem do custo de
mão-de-obra direta, conforme for o método normal do proprietário. Os custos
horários de reparos de uma única máquina normalmente seguem uma escala
ascendente, já que as principais despesas com reparos geralmente se
manifestam em ocasiões repetidas. Contudo, quando se consideram médias
amplas, a escala transforma-se numa curva suave e ascendente. Como essa
curva de custo horário de reparos começa baixa e sobe gradualmente durante a
vida útil da máquina, os custos horários de operação devem ser constantemente
ajustados para mais, conforme a unidade vai envelhecendo. Alternativamente,
pode ser usado um custo médio de reparos que apresente um custo horário de
operação [5].

De acordo com o Departamento Nacional de Infra-estrutura de


Transportes – DNIT em seu Manual de Custos Rodoviários: os valores médios
horários, que funcionam como reserva para os reparos previstos, a serem feitos
nas primeiras 10.000 h de serviço, com o preço das peças retirados da lista de
46
preços ao Consumidor nos EUA, observando que para utilização em outros
países, onde as taxas de importação e outras despesas afetam
consideravelmente seus preços, é necessário fazer os devidos acréscimos.
Informa, também, que considerou a mão de obra necessária para efetuar os
reparos ao preço total de US$ 40,00 / h (inclui as despesas gerais de oficina,
ferramentas e salários dos mecânicos) [10].

Para o caso de se prever utilização maior que 10.000 h, o valor médio


sugerido deve ser multiplicado por um fator de extensão, e o valor obtido deve ser
considerado como o valor médio a ser utilizado desde a primeira hora da
máquina. Na figura 18 ficam a amostra os valores dos custos médios com gastos
de manutenção de todos os tratores e os fatores que devem ser multiplicados
caso o as horas úteis ultrapassem as 10.000 h.

Figura 18 – Custo horário Reparos em geral


Fonte: Manual de Produção da Caterpillar (2006).

47
2.2.6 Implementos do trator de esteira do D11

2.2.6.1 Lâminas

Um requisito básico para se obter a maximização da produção dos


tratores de esteiras, é a combinação do trator com a lâmina. No entanto, deve ser
considerado num primeiro plano o trabalho que o trator irá realizar a maior parte
de sua vida útil, e depois avaliar o tipo do material a ser movimentado e as
limitações do trator [5].

Existem hoje em dia no mercado mais de vinte modelos de lâminas


disponíveis para os mais variados tipos de operações. Algumas delas são
fabricadas pela própria Caterpillar, como é o caso das lâminas R – Reta, U –
Universal, SU — Semi-Universal, A — Angulável, FS — de Espalhar, LFS — de
Espalhar Aterro, P — Lâmina hidráulica angulável e inclinável, VP — Passo
Variável, Abaixamento, Hidraulicamente Angulável e Inclinável (VPAT), e as
outras são fornecidas por fabricantes de equipamentos auxiliares.

De acordo com o Manual da Caterpillar, a lâmina buldôzer trabalha na


maioria dos materiais, mas para que se tenha um bom desempenho dela é
necessário saber algumas características desses, tais como: Tamanho e Forma
das Partículas, pois quanto maiores as partículas individuais, mais difícil é a
penetração da borda cortante. Presença de vazios, pois a escassez ou a
inexistência desses significa que as partículas individuais têm a maior parte ou
toda a sua superfície de contato com outras partículas, prejudicando a operação.
O teor de umidade, pois na maioria dos materiais, a falta de umidade reforça a
liga entre as partículas e torna o material difícil de ser removido do seu estado
natural. Um alto teor de umidade dificulta a operação da lâmina porque o material
fica pesado e exige mais força para ser deslocado [5].

48
Para os tratores de esteira D11 a Caterpillar disponibiliza dois tipos de
lâminas, a U – Universal e a SU – Semi-Universal, as quais são mostradas na
Figura 19 e na Figura 20, respectivamente.

A lâmina “U” possui asas que incluem um canto e uma seção de borda
cortante que a tornam eficiente para movimentar grandes cargas em longas
distâncias, como exemplo na recuperação de terras, serviços de amontoamento
de material, carregamento por funis e empilhamento para carregadeiras [5].

Figura 19 – Lâmina U – Universal.


Fonte: Manual de Produção da Caterpillar (2006).

A lâmina SU – Semi-Universal tem maior capacidade graças ao


acréscimo de duas asas que proporcionam melhor capacidade de retenção de
carga e mantêm a capacidade da lâmina para penetrar e carregar rapidamente
materiais fortemente compactados, bem como acomodar uma variedades de
materiais quando o trator está sendo usado em aplicações de produção [5].

Figura 20 – Lâmina SU – Semi-Universal.


Fonte: Manual de Produção da Caterpillar (2006).

49
2.2.6.2 Ríperes

Conhecido também como escarificadores, os ríperes são acessórios


fundamentais para os tratores que atuam em operações de produção, como é o
caso da mina de bauxita da VALE em Paragominas e da Mineração Rio do Norte.
É um acessório muito utilizado para materiais de segunda categoria. Seu conceito
teórico está fundamentado em dois tipos de forças, “Força de desagregação”,
dada em Newton (e libras), que é a força máxima continua gerada pelos cilindros
de levantamento medidos na ponta do ríper. “Força de penetração”, dada em
quilinewtons (e libras), é a força máxima contínua para baixo gerada pelos
[5]
cilindros de levantamento do ríper medidos em sua ponta . Os métodos de
seleção das pontas dos ríperes, o cálculo de produção e outras informações
desse acessório podem ser vistos com detalhes no Manual do fabricante. Uma
idéia dos escarificadores dos tratores de esteiras está presente logo a seguir na
figura 21.

Figura 21 – Ríperes.
Fonte: Pacheco (2009)

Os gastos com revestimento de escarificadores, cantos de lâmina,


lâminas, bordas cortantes, dentes de caçamba são calculado pelo manual da
Caterpillar separadamente das outras parcelas, devido à grande variação de
consumo em função do material a ser trabalhado e das condições em que o
serviço será realizado. Em linhas gerais, a orientação utilizada na figura 22,
retirada o Manual de Custos Rodoviários do DNIT, é uma estimativa da vida útil
desses acessórios expressa em horas.

50
Figura 22 – Vida útil dos Ríper e da Lâmina dos tratores de esteira.
Fonte: DNIT (2003).

2.2.7 Material rodante do trator de esteira D11

Material rodante dos tratores de esteiras são peças metálicas que se


encaixam uma nas outras para formar um sistema de locomoção de baixa
velocidade, alta estabilidade, baixa durabilidade e alto custo operacional. O
material rodante é uma das maiores preocupações que as empresas têm com
relação a seus tratores, pois é do conhecimento de todas que, são peças com alto
valor de aquisição que podem sofrer desgastes acelerados causado por má
operacionalidade ou pouca preocupação em realizar manutenções periódicas.
As peças que compõem o material rodante são: Elo, Sapatas, Buchas,
Roda guia, Roletes superiores, Roletes inferiores e Seguimentos de rodas
motrizes. Todas elas estão representadas nas Figuras que vão de 23 a 29,
respectivamente.

2.2.7.1 Custo opercional do material rodante

Para se calcular os custos com material rodante do trator de esteira é


necessário realizar um estudo separando-o de todos os outros custos
operacionais, devido à sua grande variação no desgaste em função do tipo de
51
material que está sendo trabalhado e das condições em que isso acontece. O
material rodante pode representar importante parcela dos custos de manutenção
dos tratores de esteiras, e podem variar, independentemente dos custos básicos
do equipamento [10].

Para tentar mensurar a vida útil que um trator de esteira terá com
material rodante é necessário definir algumas condições fundamentais de
trabalho. Essas condições de trabalho estão bem explicadas no Manual de
Custos Rodoviários do DNIT e no Manual de Produção da Caterpillar, nos quais
foram retidas as informações a seguir. As condições fundamentais de trabalho
são:

a) Impacto - refere-se, particularmente, ao efeito das condições do


terreno sobre os componentes estruturais da esteira da máquina, ou seja,
empenamento, rachadura, deformação, etc., e problemas com ferragens e
retenção dos pinos e das buchas.

Níveis de impacto:

Alto: superfícies duras, não penetráveis, com impacto de 150 mm de


altura ou mais.

Médio: superfícies parcialmente penetráveis e impactos de 75-150 mm


de altura;

Baixo: superfícies completamente penetráveis, proporcionando apoio


total à sapata.

b) Abrasão - refere-se, particularmente, ao efeito do material existente


na superfície do terreno, de esmerilhar os componentes da esteira da máquina.

Níveis de abrasão:

52
Alto: solos úmidos saturados, com elevada proporção de areia dura,
grãos angulares ou em ponta, ou partículas de rocha;

Médio: solos ligeira ou intermitentemente úmidos, com baixa proporção


de partículas duras, angulares ou pontudas;

Baixa: solos secos ou rocha, com baixa proporção de areia dura, grãos
angulares ou em ponta, ou partículas de lascas de pedra.

c) Terreno - refere-se às outras condições de sua influência, tais como,


a topografia (trabalhos a meia encosta ou em terrenos inclinados aumentam o
desgaste nos lados inferiores dos componentes). O acúmulo de terra nos dentes
da roda motriz, mesmo não sendo abrasiva, pode causar esforço excessivo para
seu funcionamento. Substancias químicas corrosivas podem afetar os índices de
desgaste das esteiras. E a temperatura pode exercer sua influência, com escória
quente e solos congelados representando os extremos.

d) Operação - alguns hábitos dos operadores podem aumentar o


desgaste e o custo das esteiras, tais como operação em velocidade alta
(especialmente em marcha-ré), curvas fechadas, correções constantes de direção
e permissão da patinagem das esteiras.

e) Manutenção - uma boa manutenção consiste em observar a tensão


correta das esteiras, sua limpeza diária quando o material abranger materiais
adesivos, etc, juntamente com a avaliação periódica do desgaste e a atenção aos
serviços recomendados.

O Manual de Produção da Caterpillar considera as condições (c), (d), e


(e) como um fator Z do meio ambiente em que a máquina trabalha. Para maiores
informações de cálculos é necessário pesquisar no próprio manual.

53
2.2.7.2 Causas e efeitos do desgaste das peças do material rodante

Como já vimos anteriormente, as causas dos desgastes do material


rodante das máquinas estão atribuídas à maneira de como é realizada a
locomoção dos tratores. Se os tratores estão percorrendo além da distância
máxima indicada, ou se eles estão batendo esteira se locomovendo sem realizar
nenhum tipo de operação, ou está ocorrendo uma má conduta do operador, o
desgaste das peças sofre um processo de aceleração bem elevado. De acordo
com o Manual da Caterpillar:

Alguns hábitos dos operadores tendem a aumentar o desgaste e o custo


das esteiras, se não forem controlados no trabalho. Estes hábitos
incluem operação em alta velocidade, especialmente em marcha à ré;
curvas fechadas ou correções constantes de direção; e stolagem do
[5]
trator sob carga, forçando a patinagem das esteiras .

A seguir estão sendo descritas todas as principais causas do desgaste


das peças que compõem o material rodante, indicando quais os aceleradores do
desgaste, o efeito e o que precisa ser feito como correção para reduzir ou até
mesmo eliminar as causas do desgaste. As informações a seguir foram coletadas
do Manual do Serviço Especializado do Material Rodante da Caterpillar.

2.2.7.2.1 Elo

Figura 23 – Elo de transmissão.


Fonte: Manual do Serviço Especializado do Material Rodante da Caterpillar (2007).

54
Desgaste do Trilho (Superior).

Causas: contato por rolamento e deslize contra as pistas dos roletes e


rodas-guia.

Aceleradores: potência, velocidade, peso, impacto, abrasão, largura


das sapatas, esteira tensa e sinuosidade.

Efeito: limite de desgaste atingido quando os flanges dos roletes


começam a contatar a parte superior do ressalto do pino.

Corretivos: eliminar ou reduzir os aceleradores controláveis e


recondicionar (soldar) os elos à altura de trilho desejada.

2.2.7.2.2 Sapatas (de Garras Simples ou Múltiplas)

Figura 24 – Sapata.
Fonte: Manual do Serviço Especializado do Material Rodante da Caterpillar (2007).

Causas: contato por deslizamento com o material do solo.

Aceleradores: peso, potência, impacto, velocidade, abrasão, terreno e


todas as variáveis de operação que causam patinagem, curvas ou deslizamento
improdutivos.

55
Efeitos: perda de tração, resistência menor à flexão e possibilidade de
recondicionamento reduzida quando os limites de desgaste são atingidos ou
excedidos.

Corretivos: (1) reduzir ou eliminar as variáveis controláveis dos


aceleradores, especialmente patinagem e curvas desnecessárias. (2) use sapatas
para serviço pesado se a sapata de garra simples for um item crítico que requeira
manutenção antes dos pinos e buchas.

2.2.7.2.3 Bucha

Figura 25 – Bucha.
Fonte: Manual do Serviço Especializado do Material Rodante da Caterpillar (2007).

Posição Vertical (0° a 30° do vertical é um padrão de desgaste normal


esperado)

Causas: deslizamento contra a base dos dentes da roda motriz, nas


reversões de marcha, e por discordância de passo devido a acúmulos pequenos
ou desgaste avançado de outros componentes.

Aceleradores: potência, peso e velocidade; impacto, abrasão, esteira


tensa e carga por acúmulos; roletes traseiros gastos, sapatas largas e cargas de
marcha à ré.

56
Efeito: trincas quando o respectivo limite de desgaste (100%) para alto
ou baixo impacto for ultrapassado. No ponto de destruição a parede da bucha se
quebrará.

Corretivos: eliminar ou reduzir os aceleradores controláveis


mencionados e girar as buchas no limite de manutenção, ou antes.

2.2.7.2.4 Roda Guia (Padrão normal de desgaste)

Figura 26 – Roda Guia.


Fonte: Manual do Serviço Especializado do Material Rodante da Caterpillar (2007).

Causas: deslize lateral da superfície do trilho dos elos da esteira.

Aceleradores: peso, velocidade e potência da máquina e aplicações


que põem mais peso na frente da máquina. Impactos, abrasão, acúmulo, terreno
e curvas. Esteira apertada ou sinuosa e desalinhamentos são as principais
variáveis controláveis.

Efeitos: se gastar além de 100% na parte pior pode impedir o


recondicionamento e trincar ao atingir 120% ou mais.

Corretivos: reduzir ou eliminar a tensão excessiva da esteira e corrigir


problemas de alinhamento, conforme indicado pelo desgaste descentrado.
Recondicionar as pistas quando atingirem o limite de manutenção.

57
2.2.7.2.5 Rolete superior

Figura 27 – Rolete Superior.


Fonte: Manual do Serviço Especializado do Material Rodante da Caterpillar (2007).

Encontram-se nos roletes superiores três tipos principais de desgaste.


Em todos eles, considerando a total do material rodante, o efeito nos elos poderá
ser mais crítico do que nos próprios roletes.

Desgaste das Pistas (Uniforme):

Causas: (1) Rolamento e deslize contra as superfícies (superiores) dos


trilhos dos elos. (2) Deslize contra material de acúmulo na armação dos roletes.

Aceleradores: velocidade da máquina. Peso da esteira que depende


da largura das sapatas e acúmulos. O ajuste da tensão da esteira é o principal
fator controlável, pois esteira apertada aumenta as cargas e muito frouxa causa
impacto entre os elos e a superfície da pista, particularmente em marcha avante.

Efeito: Afeta a do rolete superior e dos elos. Nada mais é afetado, a


não ser que passem do limite de manutenção, quando os flanges podem atingir
as buchas causando desgaste anormal e falha prematura.

Corretivos: Manter a tensão correta da esteira e reduzir ou eliminar os


outros aceleradores controláveis. Recondicionar ou substituir a carcaça dos
roletes no limite de manutenção.

58
2.2.7.2.6 Roletes inferiores

Figura 28 – Roletes inferiores.


Fonte: Manual do Serviço Especializado do Material Rodante da Caterpillar (2007).

Os padrões de desgaste dos roletes podem indicar condições anormais


controláveis que afetam outros componentes do material rodante. Na maioria das
vezes os padrões descritos aqui se encontram combinados em diversos graus,
dependendo das causas.

Desgaste das Pistas (Padrão normal de desgaste).

Causas: (1) rolamento contra abrasivos esmagados entre a superfície


(superior) das pistas e dos trilhos dos roletes. (2) contato por deslize lateral entre
as pistas e os trilhos.

Aceleradores: peso, velocidade e potência da máquina, impacto,


abrasão e, até certo ponto, acúmulo. O terreno e a aplicação comumente causam
desequilíbrio de desgaste da pista interna para a externa e dos roletes de trás
para a frente. Problemas raros de distorção da armação dos roletes podem
acelerar determinados tipos de desgaste. Manobras aumentam o deslize lateral.
Sapatas muito largas e sinuosidade da esteira tendem a acelerar os padrões
arredondados.

Efeito: interferência dos flanges no ressalto dos pinos quando o limite


de manutenção combinado dos elos e roletes é tingido ou excedido.

59
Corretivos: reduzir ou eliminar os aceleradores controláveis, sobretudo
curvas inúteis e sapatas largas. Fazer rodízio dos roletes para balancear a vida
útil. Recondicionar (soldar) os roletes até as dimensões originais.

2.2.7.2.7 Segmentos de rodas motrizes

Figura 29 – Seguimento de rodas motrizes


Fonte: Manual do Serviço Especializado do Material Rodante da Caterpillar (2007).

Causas: interferência por deslizamento das buchas devido ao seu


posicionamento deslocado por acúmulo severo, na Esteira Vedada e Lubrificada,
ou na Esteira Vedada com pouco desgaste interno. Ocorre no alto da roda motriz
em marcha avante (na saída) ou à ré (na entrada).

Aceleradores: velocidade, Mesmos de “Posição Vertical” e “Desgaste


das Buchas”

Efeitos: Nenhum sobre a roda motriz. Não afeta a sua ou possibilidade


de reutilização, exceto em casos muito severos.

Corretivos: Mesmos de “Desgaste das Pontas da Roda Motriz no LMR”


descritos acima, onde a causa é o acúmulo. Não troque nem substitua os
segmentos com base no desgaste das pontas. Use o gabarito de reutilização de

60
roda motriz para determinar a possibilidade de reutilização quando fizer o giro ou
troca das buchas.

2.3 ESTUDOS DE OTIMIZAÇÃO NA UTILIZAÇÃO DO TRATOR DE ESTEIRA


CATERPILLAR D11

2.3.1 Consumo de combustível

2.3.1.1 Levantamento do problema

Os tratores D11 do Complexo do Sossego estavam apresentando entre


si variação muito grande no consumo de combustível. Essa suspeita foi levantada
pela gerência que procurou realizar um estudo a respeito, tentando assim
identificar o problema, mensurar os gastos e propor soluções de otimização. Na
Mina do Sossego, no período de janeira a fevereiro de 2008, existiam oito tratores
Caterpillar D11, todos identificados de seguinte forma, TE (Trator de esteira) e o
número do equipamento, TE 5001, TE 5004, TE 5005, TE 5006, TE 5007, TE
5008, TE 5009, TE 5010.

Para coletar os dados, foram acompanhados do dia 01/01 à 31/01 de


2008 todo o consumo de combustível dos tratores de esteira. O trator de esteira
era abastecido de duas formas, pelo comboio ou no próprio posto de
abastecimento. Tanto o comboio como o posto de combustível estavam sob a
responsabilidade de uma terceirizada da VALE chamada MULTISEL. Qualquer
abastecimento realizado pelo comboio ou no posto é anotado pelo funcionário da
MULTISEL numa planilha manual descrevendo qual o equipamento, nome do
equipamento, horímetro, o horário do abastecimento, a quantidade abastecida, o
nome do funcionário e o turno que foi realizado o abastecimento. Esse controle de

61
abastecimento era feito nos três turnos, acompanhando as mesmas trocas de
turno da VALE.

Durante o dia um funcionário da MULTISEL pegava as planilhas dos


três turnos do dia anterior e transcrevia em uma planilha digital da Microsoft,
EXCEL®. Depois de terminado, um funcionário da VALE responsável pelo posto
fazia a conferência dos dados verificando se consta algum erro de digitação,
todavia que, qualquer erro poderia acrescentar ou diminuir uma quantidade
significativa de combustível, haja vista que os equipamentos abastecidos são de
grande porte e comportam quantidades expressivas de combustível.

Como o controle do abastecimento é feito manualmente a possibilidade


de surgir erros na hora de anotar as informações é bastante provável, com isso
outra fonte de dado foi pesquisada, o despacho eletrônico, nele encontra-se todas
as informações relacionadas ao D11, os tempos trabalhados, os tempos parados
e o motivo pelo qual o equipamento parou. De posse desses dados pode-se
calcular todas as horas que o D11 estava trabalhando no período da pesquisa.
Somando as horas trabalhas e dividindo pelo consumo mensal é possível obter
uma média geral do consumo de combustível por hora, de cada trator de esteira.
Devido este cálculo utilizar informações pouco detalhadas não foi viável utilizá-lo
no trabalho.

Da mesma forma, foi feita uma média com os dados da MULTISEL.


Como no abastecimento é anotado o horímetro e a quantidade abastecida, o
cálculo para cada abastecimento pode ser feito a partir da diferença entre os
horímetros de dois abastecimentos seguidos e divididos pela quantidade de
combustível consumida no período. Com isso temos o consumo horário num
intervalo entre dois abastecimentos. Tirando a média de todos os consumos
horários por intervalo de abastecimentos durante um mês podemos chegar a um
consumo horário médio mensal de cada trator.

Pegamos um exemplo para entender melhor. No dia 07/01/08 o TE


5001 abasteceu 1.189 litros de diesel e seu horímetro foi anotado em 10.618,1, no

62
dia 09/01/08 foi abastecido novamente com 972 litros e seu horímetro marcava
10.638,3. Como cada abastecimento é realizado até completar o tanque,
podemos concluir que no intervalo de tempo entre os dois abastecimentos o TE
5001 consumiu 972 litros de combustível. Pegando esse valor e dividindo-o pela
diferença entre os horímetros (10.618,1 – 10.638,3 = 20,20 horas trabalhadas)
teremos um consumo de 48,12 l/h.

Dessa forma encontramos o consumo de combustível do TE5001 no


intervalo do abastecimento. Procedendo assim calculamos todos os consumos
entre intervalos de abastecimento de todo o mês de janeiro e tiramos uma média
desses consumos para encontrar uma média geral.

Este procedimento foi realizado para todos os tratores. As planilhas


apresentaram algumas inconformidades, alguns erros de digitação que vieram
desde a planilha manual, foram uns erros dos funcionários. Essas
inconformidades foram excluídas para não mascarar o resultado verdadeiro.

2.3.1.2 Análise dos dados

Num primeiro momento, tentamos pegar as médias mensais de todos


os tratores, e delas calcular a média geral. Essas médias podem ser visualizadas
na tabela 02. Em seguida, analisar qual dos tratores estariam acima da média,
fazer a diferença entre os seus consumos e a média, e daí tentar mensurar os
gastos. No final, propor alguma solução que diminuam os gastos excessivos
desses equipamentos para a gerência.

63
Gráfico 1 – Consumo dos tratores de esteira D11 da Mina do Sossego.

Procedendo desta forma encontrou-se


se os seguintes resultados. Dos
oito tratores de esteira, quatro se encontravam abaixo da média geral, TE 5001,
TE 5004, TE 5005 e TE 5007, e quatro acima da média, TE 5006, TE 5008, TE
5009 e TE 5010. O gráfico 01 apresenta o valor do consumo horário de cada
trator e uma linha reta transversal indicando o consumo médio geral, neste
mostram os tratores que estão abaixo e acima da média.

Num segundo momento resolveu-se


resolveu se calcular o desvio padrão dos
consumos horário, entre intervalos de abastecimento,
abastecimento, de cada trator, no intuito de
analisar a disparidade entre os consumos. Calculado com o auxílio do EXCEL, o
desvio padrão se mostrou muito favorável na identificação do problema. O
resultado demonstrou um desvio padrão auto para todos os tratores, o que
q
identifica que em certos períodos o consumo horário de combustível entre
intervalos são altos e em outros períodos são baixos.

Como os desvios
desvios padrão do consumo horário de cada trator são
elevados, uma perspectiva diferente daquela imaginada no primeiro
prim parágrafo foi
levantada, pois se o resultado tivesse sido o contrario, poderíamos deduzir que
64
independente da operação realizada pelo D11 o consumo estaria sempre num
mesmo valor, com pouca discrepância.

Os resultados obtidos estão descritos nas tabelas 01 e 02, nas quais se


encontram o consumo horário por intervalo de abastecimento, a média mensal e o
desvio padrão em litros e em porcentagem dos tratores de esteira.

Tabela 1 – Consumo horário em cada intervalo de abastecimento


(continua)
TE 5001 TE 5004 TE 5005 TE 5006 TE 5007 TE 5008 TE 5009 TE 5010
l/h l/h l/h l/h l/h l/h l/h l/h
48.12 59.29 86.21 55.00 41.71 43.78 39.29 42.11
55.13 57.49 56.67 67.38 42.15 65.05 99.27 97.86
59.32 68.09 63.72 65.24 49.50 65.26 72.40 93.73
39.89 64.20 39.56 60.80 32.66 61.43 71.59 61.78
34.77 56.21 61.05 40.40 40.55 71.61 118.50 50.43
36.54 56.47 45.97 99.73 64.26 69.18 76.32 74.30
53.31 52.50 36.63 80.65 30.27 68.35 65.47 57.76
45.83 61.06 37.36 45.25 59.66 64.71 67.14 82.75
51.52 62.54 35.60 51.89 53.40 94.25 68.00 98.36
66.25 48.48 45.20 65.25 45.08 60.00 54.57 106.30
80.88 40.68 61.13 95.43 64.00 73.60 72.17 114.25
56.24 52.50 43.33 85.89 65.09 80.57 87.00 104.83
58.75 52.10 53.26 65.71 34.85 64.86 64.50 122.17
38.76 49.47 43.06 78.50 70.76 93.83 88.91 76.75
125.91 40.79 60.98 37.50 76.29 69.88 70.00 49.15
57.58 59.52 48.31 87.17 60.26 37.61 8.54 67.59
60.28 62.01 78.40 121.40 49.89 36.99 52.68 65.75
47.46 45.75 72.43 114.00 58.67 87.78 40.69 28.29
57.76 49.29 57.89 46.20 45.63 68.25 60.00 85.20
65.43 56.41 61.49 60.75 66.32 81.21 61.11 132.43
54.36 60.80 45.29 91.11 62.52 80.14 94.88 81.10
59.03 55.10 64.35 41.70 74.73 59.25 71.67
64.64 57.80 37.14 64.52 67.31 60.73 83.45
18.39 98.03 105.14 39.60 68.78 55.41
108.59 63.64 58.86 62.85 85.43 86.80
91.11 45.53 56.41 44.28 77.08 43.29
63.41 64.18 65.67 56.18 0.00 73.08
77.64 50.96 61.11 53.44 141.50 86.00

65
(conclusão)
TE 5001 TE 5004 TE 5005 TE 5006 TE 5007 TE 5008 TE 5009 TE 5010
l/h l/h l/h l/h l/h l/h l/h l/h
63.80 40.29 67.00 53.59 45.20 64.09
61.63 64.49 83.33 58.75 56.92 78.29
56.79 26.51 85.23 12.93 60.59 99.00
82.71 50.57 106.92 50.83 88.46
59.75 70.07 118.61 76.67 112.78
65.59 73.86 37.40 100.00 106.57
68.42 50.00 81.27 71.43
43.17 70.40 52.09 64.91
71.71 71.30 59.65
59.60 70.00
45.29 76.07
48.08 106.33
35.91 60.53
52.39
61.79
52.27

Na tabela 01 pôde-se verificar que alguns tratores foram abastecidos


numericamente mais vezes que outros, e num mesmo equipamento os valores de
consumos se mostraram bastante variados. Com os dados da tabela 01, foi
calculado a média mensal e o desvio padrão de cada trator. Os resultados podem
ser conferidos na tabela 02.

Tabela 2 – Média mensal e desvio padrão dos tratores


l/h
Média DP* DP(%)**
TE 5001 56.9 19.21 33.79
TE 5004 58.35 14.49 24.84
TE 5005 56.0 15.12 27.01
TE 5006 71.0 21.86 30.81
TE 5007 55.9 19.71 35.25
TE 5008 68.7 14.97 21.78
TE 5009 68.9 25.05 36.36
TE 5010 80.6 24.41 30.27
* Desvio padrão em litros
** Desvio padrão em porcentagem

De acordo com os resultados obtidos na tabela 02 o desvio padrão


varia entre 21.78%, no TE 5008 a 36.36%, no TE 5009, esses valores de desvio
66
padrão são considerados estatisticamente elevados, o que nos indicou a
possibilidade de que, em algumas operações de terraplanagem os tratores
consomem mais combustível que em outras.

Como os resultados mostraram que todos os D11 possuem desvios


padrão auto, foi eliminada a suspeita de que o problema com os custos de
consumo estaria atrelado ao equipamento, pois todos tiveram as mesmas
características em ter auta discrepância em seus valores. Para incrementar ainda
mais esta certeza foi analisado no manual da Caterpillar as informações teóricas
sobre o consumo médio dos tratores de esteira D11, e de acordo com o material,
os consumos médios estão dentro do estipulado, confirmando assim que os
equipamentos estão dentro dos padrões normais em relação ao consumo de
diesel. Na Figura 30 encontram-se a tabelas com os dados teóricos estipulados
de fábrica, fornecidos pela Caterpillar.

Figura 30 – Consumo teórico de combustível.


Fonte: Manual de Produção da Caterpillar (2006).

2.3.1.3 Discussão dos resultados

Com relação ao consumo de combustível, os equipamentos não


apresentaram nenhuma alteração, todos estão em conformidade com suas
67
médias e não foi aconselhado a fazer nenhum tipo de manutenção, nem parada,
para qualquer correção.

Como os resultados mostraram que em certos momentos os tratores


apresentaram um consumo baixo e em outros um consumo alto, ficou estipulado
que o consumo de combustível dos D11 na Mina do Sossego pode está atrelado
ao tipo de operação realizada por ele, podendo existir operações na mina que
necessitem de alta potência do trator e outras que não exijam tanto esforço assim.

Utilizando do mesmo raciocínio do desvio padrão dos tratores, a


discrepância pode estar associada também ao operador do equipamento, pois
como o D11 é um trator de grande porte e possui alto custo operacional, qualquer
má operação realizada pode forçar o motor a uma potência elevada que poderia
ser desnecessária para tal operação, gerando assim um consumo alto de
combustível aumentando o custo operacional do equipamento.

De acordo com o Manual de Produção da Caterpillar na edição de


número 36: “Dois operadores com diferentes temperamentos ou atitudes,
trabalhando em máquinas idênticas, lado a lado, com o mesmo material, podem
produzir diferenças de até 10% - 12% no respectivo consumo de combustível” [5].

2.3.2 Locomoção própria

Locomoção própria é a nomenclatura dada pelo despacho ao tempo


em que o D11 está se locomovendo, sem realizar trabalho, de um ponto a outro
da mina. Esta locomoção se dá toda vez que o D11 recebe uma instrução do
despacho encaminhando-o para outra área, ou é solicitado pela infra-estrutura
para realizar uma operação em outro ponto distinto da mina. No geral, essa
locomoção se dá toda vez toda vez que o D11 finaliza uma operação e entra em
outra.

68
Como já foi visto anteriormente o trator de esteira não é um
equipamento de locomoção, não foi projetado para percorre longas distâncias, por
possuir uma estrutura que se desgasta sempre que entra em movimento.
Diferente de um equipamento de pneus, sua estrutura rodante é metálica para,
entre outras características, aumentar o atrito e conseqüentemente lhe dar alta
tração. Isso faz com ele tenha um custo operacional mais elevado do que os
equipamentos de pneus.

Geralmente nas minas que trabalham com método de lavra em tiras o


D11 é utilizado como equipamento de produção e para aumentar a eficiência sua
locomoção de um ponto a outro da mina é realizada com auxílio de uma prancha
acoplada a um cavalo mecânico traçado, impediu-o de bater esteira, como é o
caso da mina de bauxita da VALE, em Paragominas e da Mineração Rio do Norte
em Porto de Trombetas.

Nesse intuito, foi realizado a pedido da gerência um estudo da


locomoção própria do D11, pois se suspeitava que os custos com manutenção
estivessem elevados, e as operações estavam cada vez mais atrasadas por conta
de seu atraso operacional, e também algumas paradas para manutenção
corretiva ocorreram sem tarem programas diminuindo a disponibilidade dos
tratores.

A locomoção própria é bastante expressiva na Mina do Sossego, por


não possuir uma prancha adequada para o transporte do D11. Toda locomoção
de um ponto a outro da mina é feita pelo próprio trator sem o auxílio de nenhum
outro equipamento. O que dificulta o andamento das tão necessárias operações
de infra-estrutura.

O estudo sobre a locomoção própria do D11 na Mina do Sossego foi


realizado no mês de fevereiro de 2008 e foram coletados os dados no intervalo
entre os meses de fevereiro de 2007 à Janeiro de 2008, dando ao todo um
intervalo de uma ano. Para que chegássemos a um estudo detalhado sobre essa

69
problemática, foi preciso ter em mãos todas as horas em que o D11 ficou em
locomoção própria, ou no mesmo, bateu esteira, como também é conhecido.

A expectativa do trabalho era que pudéssemos calcular o custo horário


de cada trator e depois realizarmos uma simples multiplicação com as horas de
locomoção própria, respectivamente, e assim mensurar os gastos anuais de
todos, em seguida analisar o quanto aumentaria sua disponibilidade, o quanto
diminuiria os gastos excessivos com manutenção, principalmente, com os
materiais rodantes os que mais desgastam nos tratores de esteira, e finalmente
analisar se compensaria ou não sugerir a compra de uma prancha com
capacidade para transportar D11 e de um cavalo mecânico traçado.

2.3.2.1 Análise dos dados

As informações sobre as horas de locomoção própria de cada trator


ficam todas no despacho eletrônico, pois, como já foi dito, ele armazena todas as
informações dos equipamentos, descrevendo os horários, as operações, as
paradas, o motivo pelo qual houve paradas e outras informações. Foi então
preciso entrar no sistema do despacho eletrônico e chamar o comando que
fizesse a soma de todas as horas em que cada trator ficou em locomoção própria.
Essas horas de cada trator durante o período estudado podem ser vistas na
tabela 03.

Tabela 3 – Horas de Locomoção Própria dos tratores de 02/2007 a 01/2008


Equipamentos Horas de Locomoção Própria
TE5001 167.77
TE5004 203.78
TE5005 188.88
TE5006 208.54
TE5007 208.5
TE5008 191.8
TE5009 154.78
TE5010 147.92

70
De posse das horas de locomoção própria, o passo seguinte foi
calcular o custo horário (R$/h) de todos os tratores através de informações reais
da infra-estrutura da Mina do Sossego. Esse custo horário foi calculado através
da soma de outros custos, o custo horário de manutenção, custo horário de mão
de obra do operador, custo horário de consumo de combustível, custo horário de
depreciação do equipamento, como demonstrado na Equação 1. Dividindo o
resultado pelas horas trabalhas de cada trator.

Custo horário do D11 = Manutenção + M.O. + Combustível + Depreciação. (1)

2.3.2.2 Custo horário de manutenção

Para dar início aos cálculos dos custos de manutenção foi requerida da
empresa terceirizada Sotreq Caterpillar LTDA., responsável pela manutenção dos
tratores, todos os custos mensais de cada trator no período correspondente ao da
pesquisa. Foi nos enviado a planilha com o relatório de custos com materiais que
é emitida todos os meses para a gerência. E verificamos que os custos de cada
trator têm uma variação muito elevada, uns tiveram um gasto maior que outros e
vice versa.

Os custos que foram repassados pela Sotreq estão divididos por


tratores e em valores mensais de manutenção. Nos valores estão inclusos todos
os custos de mão de obra, material rodante, óleos, filtros e outros. Esse valor é
um custo total de tudo que é gasto com manutenção, que é repassado sempre
para a gerência de infra-estrurura, para se ter o controle dos gastos com
manutenção de toda a mina.

Com as informações, realizaram-se as somas dos gastos mensais de


manutenção de cada D11 e obteve-se o gasto geral em todo o período de cada
um. Depois, esse valor foi divido pelas horas em que o trator esteve em operação
o ano todo e determinou-se o custo horário de manutenção. Os gastos mensais,

71
as horas trabalhadas pelos tratores e os resultados dos custos horários de
manutenção podem ser vistos nas tabelas 04 e tabela 05.

72
Tabela 4 – Custos mensais (R$) de manutenção dos tratores D11.
EQUIP Feb-07 Mar-07 Apr-07 May-07 Jun-07 Jul-07 Aug-07 Sep-07 Oct-07 Nov-07 Dec-07 Jan-08 TOTAL
TE5001 74,216.65 211,208.12 94,645.13 188,344.59 53,616.95 88,335.03 91,464.22 179,054.95 16,335.07 1,955.58 69,156.87 31,631.00 1,099,964.16
TE5004 29,947.81 209,542.00 103,382.70 64,315.10 111,731.54 62,261.75 121,856.25 140,647.28 63,335.40 32,181.16 14,914.34 95,103.57 1,049,218.90
TE5005 148,670.27 194,037.33 211,904.89 33,205.76 140,642.81 72,417.46 155,098.60 1,989.67 34,234.91 5,004.49 57,984.83 11,676.20 1,066,867.22
TE5006 113,568.30 7,009.29 145,531.93 32,473.87 116,280.62 54,208.96 26,129.50 21,696.79 116,551.87 38,283.47 991.45 13,194.58 685,920.63
TE5007 57,861.01 18,714.94 5,551.20 43,304.23 25,868.91 22,910.50 8,185.25 41,604.76 19,942.84 65,324.53 207.34 27,822.66 337,298.17
TE5008 34,998.27 26,349.73 15,374.52 4,173.92 89,736.83 106,292.09 12,950.25 119,594.54 27,028.78 21,768.97 97.15 7,101.65 465,466.70
TE5009 0.00 0.00 0.00 15,158.17 32,481.43 17,926.46 5,743.70 16,382.76 24,904.64 4,204.06 81,177.33 4,633.45 202,612.00
TE5010 0.00 0.00 0.00 14,034.10 27,179.35 20,036.87 18,785.26 17,009.74 26,190.91 17,397.54 3,138.61 12,200.06 155,972.44
Fonte: Sotreq Caterpillar.

Tabela 5 – Horas trabalhadas e Custo horário de manutenção.


EQUIP Gasto com manutenção Horas trabalhadas (h) Custo horário de manutenção (R$/h)
TE 5001 R$ 1,099,964.16 3,078.25 R$ 357.33
TE 5004 R$ 1,049,218.90 4,191.38 R$ 250.33
TE 5005 R$ 1,066,867.22 3,885.77 R$ 274.56
TE 5006 R$ 685,920.63 4,931.89 R$ 139.08
TE 5007 R$ 337,298.17 4,696.79 R$ 71.81
TE 5008 R$ 465,466.70 4,794.79 R$ 97.08
TE 5009 R$ 202,612.00 4,742.92 R$ 42.72
TE 5010 R$ 155,972.44 4,821.65 R$ 32.35

73
Gráfico 2 – Custo horário dos tratores de esteira D11 da Mina do Sossego.

Na tabela 05 podem-se
podem se observar os custos horários de manutenção de
todos os tratores D11. Verificou-se
Verificou também a grande disparidade entre seus
valores, condicionado por que nem todos os tratores possuem as mesmas horas
trabalhadas, uns já estão a mais tempo em operação e outros a menos tempo, e
de acordo com o manual da Caterpillar, quanto maior for a hora trabalhada mais
dispendioso fica a manutenção dos tratores de esteira.

2.3.2.3 Custo horário do operador

Para realizar o cálculo do custo horário de mão de obra do operador do


trator D11, foi somado todo o custo mensal que a VALE tem com o funcionário
desde salários, décimo terceiro referente a um mês, plano de saúde e etc. e
depois dividido pelas horas trabalhas
trabalhas mensalmente. O valor do salário do
operador foi disponibilizado pela Gerência de Infra-estrutura
Infra estrutura da Mina do sossego

74
– GAISY, e é referente ao ano de 2007. O custo horário com mão de obra foi de
R$ 30,02, com os cálculos podendo ser vistos na tabela 06.

Tabela 6 – Custo horário do Operador - HMO


Custo Horário do Operador
Custo mensal (R$) R$ 4,623.68
Horas trabalhadas (h) 154 hs
Custo/Hora (R$/h) 30.02 R$/h

2.3.2.4 Custo horário do consumo de combustível

O cálculo do custo horário de consumo de combustível foi realizado


utilizando dados do estudo anterior. Para encontrar o custo horário de consumo
precisou apenas pegar o consumo horário dos tratores e multiplicar pelo valor do
litro do óleo em reais, o qual no período do estudo custava R$ 1.70. Os resultados
obtidos estão expostos na tabela 07.

Tabela 7 – Custo horário de consumo de combustível

TE TE TE TE TE TE TE TE
5001 5004 5005 5006 5007 5008 5009 5010
CONSUMO(l/h)
56.90 58.35 55.97 70.95 55.92 68.71 68.90 80.64
PREÇO
COMBUSTÍVEL (R$/l) 1.7 1.7 1.7 1.7 1.7 1.7 1.7 1.7
CUSTO/HORA
DIESEL (R$/h) 96.73 99.19 95.15 120.62 95.06 116.81 117.13 137.09

2.3.2.5 Custo horário de depreciação

Em termos genéricos, a depreciação é considerada como a parcela do


custo operacional correspondente ao desgaste e à obsolescência do equipamento
que ocorrem ao longo de sua vida útil. Assim sendo, seu valor total corresponde à
diferença entre o preço do equipamento novo e o valor residual que ele ainda
possui ao final de sua vida útil (DNIT, Manual de Custos Rodoviários, volume 1).

75
O preço de aquisição do D11 foi avaliado em R$ 1.886.321,53 com
uma vida útil é de 30,000 horas, dados fornecido pela Sotreq. Com apoio no
Manual de Custos Rodoviários do DNIT, adotou-se
adotou se o percentual de 15% do valor
de Aquisição do Equipamento para a estimativa de seu Valor Residual. De posse
dos dados necessários, foi calculado o custo horário de depreciação
depreciaçã de acordo
com a equação 2.. E os resultados dos cálculos
cálculos estão descritos na tabela 8.

(2)

Tabela 08 – Custo horário de depreciação


Preço de aquisição R$ 1,886,321.54
Valor residual R$ 282,948.23
Vida útil 30,000 hs
Custo horário depreciação R$ 53.45

2.3.2.6 Custo horário


orário do trator de esteira D11

Depois calculado todos os custos horários adicionais, calculou-se


calculou o
custo horário total de cada trator de esteira D11 na Mina do Sossego. Esse valor
foi obtido pela soma dos custos adicionais de cada trator, como já foi visto
anteriormente na equação 01. O resultado do custo total está expresso
ex na tabela
09 juntamente com todos os custos adicionais.

76
Tabela 9 – Custo horário (R$) dos tratores de esteiras D11
Relatório de custo horário total dos equipamentos
CUSTO/H DE CUSTO/ H CUSTO/H CUSTO/H
EQUIP. MANUT SALÁRIO DEPRECIAÇÃO DIESEL CUSTO TOTAL/H
TE5001 357.33 30.02 53.45 96.73 537.54
TE5004 250.33 30.02 53.45 99.19 432.99
TE5005 274.56 30.02 53.45 95.15 453.18
TE5006 139.08 30.02 53.45 120.62 343.17
TE5007 71.81 30.02 53.45 95.06 250.35
TE5008 97.08 30.02 53.45 116.81 297.36
TE5009 42.72 30.02 53.45 117.13 243.32
TE5010 32.35 30.02 53.45 137.09 252.91

2.3.2.7 Custos com locomoção própria

Os custos com locomoção própria foram mensurados a partir do


cálculo simples em que se pegaram as horas de locomoção própria de cada
trator, presente na tabela 03, e multiplicou por seus custos horários, na tabela 09,
respectivamente. Sem esquecer que locomoção própria é considerada um atraso
operacional, não é uma operação e só gera gastos para a gerência.

Cada trator gerou um custo de locomoção própria durante o período


que foi estudado, e a soma de todos esses custos resultou num custo total de
locomoção própria na Mina do Sossego. Esse custo trata-se somente do que
seria economizado se o trator não tivesse nenhuma hora de locomoção própria,
sem contar ainda que diminuiria significativamente os custos de manutenção, pois
boa parte do custo de manutenção do trator D11 é atribuído ao material rodante,
justamente os que se desgastam mais com a locomoção do trator de esteira. Os
resultados com os custos de locomoção própria dos tratores e o custo geral estão
expressos na tabela 10.

77
Tabela 10 – Custos com locomoção própria na mina do Sossego
FINAL RELATÓRIO
Custo
Horas Locom.
EQUIP. horário Período Custo Locomoção Própria (R$)
Própria (hs)
(R$)
TE5001 537.54 167.77 02/07 A 02/08 90,182.78
TE5004 432.99 203.78 - 88,235.05
TE5005 453.18 188.88 - 85,596.90
TE5006 343.17 208.54 - 71,565.20
TE5007 250.35 208.5 - 52,197.66
TE5008 297.36 191.8 - 57,033.93
TE5009 243.32 154.78 - 37,661.49
TE5010 252.91 147.92 - 37,410.78
TOTAL R$ 519,883.79

2.3.2.8 Custo com material rodante

Depois de calculado todos os custos com locomoção própria de cada


trator, foi direcionado um estudo com intuito de descobrir o quanto de material
rodante está sendo gasto além do que deveria causado por este atraso
operacional, para isso foi preciso entrar em contato com a gerência da Sotreq e
com alguns funcionários da VALE, e discutir qual a porcentagem de todos os
custos de manutenção seria referida somente aos gastos com materiais rodantes,
e depois tentar analisar a parcela desses gastos que estão atrelados a locomoção
própria.

De acordo com dados no relatório de custos com materiais enviado


pela Sotreq, 88% de todos os custos mensais de cada trator é referente às peças
e o restante 12% é referente à mão de obra e outros custos de contrato.

De acordo com o manual da Caterpillar: “O cálculo do custo horário do


material rodante (...) será composto de aproximadamente 70% do custo de peças
e 30% das despesas de mão-de-obra. O custo dos componentes do material

78
rodante é baseado na Lista de Preços ao Consumidor nos EUA e pode ser
ajustado, se necessário, para taxas de importação” [5].

Adotando como referência o manual da Caterpillar de que, 70% de


todos dos com peças podem fazer referência com os gastos com material rodante
do D11, resolveu-se pegar todos os valores mensais de todos os tratores na
tabela 04 e tirar os 88% referentes a peças, e desses, separar os 70% referente
ao material rodante. Com essas informações obtiveram-se todos os gastos com
material rodante de cada mês durante todo o período estudado.

De posse das informações dos gastos com material rodante, o passo


seguinte foi quantificar o quanto deste estaria sendo causado pela locomoção
própria do D11. Para isso, foi preciso realizar um estudo com as horas
trabalhadas anualmente de cada trator e tirar o percentual em relação às horas
que esteve em locomoção própria, buscar orientações com engenheiros
qualificados na área e utilizar o manual de produção da Caterpillar. Com tudo,
ficou estipulado um valor mínimo de 5% e máximo de 15% na diminuição dos
custos com material rodante.

Das porcentagens citadas acima resolvemos utilizar um valor médio de


10% entre elas para obter um valor aproximado dos possíveis gastos. Em
seguida, somá-los aos custos gerados pela locomoção própria na tabela 10, e
assim chegar a um valor aproximado de tudo que está sendo gasto e que
possivelmente poderá ser economizado na utilização do D11.

Os valores dos custos mensais de manutenção de todos os tratores, os


valores dos custos apenas com peças (88% da manutenção), os gastos com
material rodante (70% da peças) e os gastos causados pela locomoção própria
(10% do material rodante), estão todos somados e apresentados na tabela 11.

79
Tabela 11 – Gastos com material rodante causado pela locomoção própria.
Custo mensal Gasto Mensal Gasto Mat. Gasto Locomoção
Manut. Peças (88%) Rodante (70%) Própria (10%)
Fev. R$ 459,262.31 R$ 404,150.83 R$ 282,905.58 R$ 28,290.56

Mar. R$ 666,861.41 R$ 586,838.04 R$ 410,786.63 R$ 41,078.66

Abr. R$ 576,390.37 R$ 507,223.53 R$ 355,056.47 R$ 35,505.65

Mai. R$ 395,009.74 R$ 347,608.57 R$ 243,326.00 R$ 24,332.60

Jun. R$ 597,538.44 R$ 525,833.83 R$ 368,083.68 R$ 36,808.37

Jul. R$ 444,389.12 R$ 391,062.43 R$ 273,743.70 R$ 27,374.37

Ago. R$ 440,213.03 R$ 387,387.47 R$ 271,171.23 R$ 27,117.12

Set. R$ 537,980.49 R$ 473,422.83 R$ 331,395.98 R$ 33,139.60

Out. R$ 328,524.42 R$ 289,101.49 R$ 202,371.04 R$ 20,237.10

Nov. R$ 186,119.80 R$ 163,785.42 R$ 114,649.80 R$ 11,464.98

Dez. R$ 227,667.92 R$ 200,347.77 R$ 140,243.44 R$ 14,024.34

Jan. R$ 203,363.17 R$ 178,959.59 R$ 125,271.71 R$ 12,527.17


TOTAL R$ 5,063,320.22 R$ 4,455,721.79 R$ 3,119,005.26 R$ 311,900.53
Fonte: Sotreq Caterpillar.

2.3.2.9 Custo total gerado pela locomoção própria

Somando o custo de R$ 519.883,79, extraído da tabela 10, causado


pelo tempo perdido com locomoção própria, com os gastos de R$ 311.900,53
gerados com o excedente de material rodante, extraído da tabela 11, chegou-se
a um custo total de R$ 831.783,72 gerado anualmente por toda a problemática da
locomoção própria do trator D11 na Mina do Sossego.

Com os custos mesurados em mãos, o passo seguinte foi buscar


alternativas que pudessem conter esses excedentes de gastos anuais e melhorar
a eficiência do trabalho realizado pelo trator, aumentando a sua disponibilidade
com a diminuição da locomoção própria e das paradas para manutenções
corretivas não programadas.

80
A alternativa utilizada para tentar solucionar o problema foi viabilizar a
compra de uma carreta prancha de grande capacidade e de um cavalo mecânico
traçado que tivesse força suficiente para transporta o D11. Para isso seriam
necessárias algumas informações técnicas a respeito destes equipamentos e com
elas analisar se seria ou não viável a compra e operação desses equipamentos.

2.3.2.10 Estudo de viabilização da carreta prancha (semi-reboque) e do cavalo


mecânico traçado.

Para realizar um estudo de viabilização de algum investimento que


envolva compra de equipamentos de grande porte, é necessário conhecer todas
as informações técnicas, o preço de aquisição, caso seja realizada a compra, ou o
valor do aluguel e os custos que os equipamentos irão gerar ao longo de suas
operações. Para isso foram realizadas várias pesquisas e estudos que tentasse
selecionar o melhor custo benefício para a gerência.

Num primeiro momento foram pesquisadas as especificações técnicas


da prancha entrando em contato com algumas empresas de transportes, e foi
selecionado um Semi-reboque Carrega-tudo Pivotado da RANDON com duas
linhas de eixos e dolly duas linhas de eixos com capacidade para transportar 130
toneladas (fora-de-estrada), o maior semi-reboque, prancha, desse fabricante,
como pode ser visto na fotografia 9 desse trabalho. Essas especificações foram
selecionadas devido o D11 possuir grandes dimensões de largura e comprimento,
e um peso de 113 toneladas, que é considerado muito elevado para ser
transportado. De todas as pranchas desse fabricante, apenas essa satisfez as
recomendações técnicas do D11 [12].

De acordo com uma das empresas de transporte na qual se realizou


contato, o valor de aquisição desse Semi-reboque está na faixa de R$
1.100.000,00, com um custo operacional de R$ 20.000,00 em manutenção a cada
três anos, com uma vida útil de 20 anos.

81
Fotografia 9 – Semi-reboque carrega-tudo Pivotado RANDON.
Fonte: RANDON (2009)

Selecionado a Prancha de transporte, o passo seguinte foi pesquisar o


cavalo mecânico traçado que melhor se adequaria ao transporte, e de acordo com
as recomendações das empresas de transportes, uma das alternativas seria optar
pelos caminhões trucks traçados da Volvo. Foram feitos alguns contatos com as
concessionárias e chegou-se a conclusão de que, para realizar essa operação
seria necessário um caminhão traçado com alta potência. Os caminhões
indicados foram os da série FH com potência nos motores de 400, 440, 480 e 520
cv, com configurações de trator 4X2, 6X2 e 6X4.

Dentre os citados acima a concessionário indicou os caminhões com


motores de 440, 480 e 520 cv, com configuração de trator 6X4, como sendo os
mais viáveis para transportar o D11. Entre esses, os que teriam maior
produtividade seriam os de 480 ou 520 cv. Foi decido então optar pelo o
caminhão VOLVO FH 520 cv e configuração de trator 6X4, com motor de 13 litros,
modelo D13A, e freio motor mais potente do mercado, para dar seqüência aos
estudos de viabilidade [14].

Esse Caminhão tem um valor de mercado na faixa de R$ 440.000,00,


uma vida útil de cinco anos, um consumo de combustível que varia entre 1.5 a 2.1
Quilômetros por litro, um tanque com capacidade de 400 litros de combustível. De

82
acordo com as informações técnicas da VOLVO, os gastos de manutenção e
operação desses caminhões podem ser distribuídos da seguinte forma:
A maior parcela de todos os gastos desse veículo está atrelado ao
consumo de combustível que chega a ser uma quantidade em torno de 45% a
50% de todos os gastos sofridos pelo caminhão. O restante é divido em revisões
periódicas, peças, pneus, óleos e outras manutenções obrigatórias. Sendo assim,
como as informações técnicas sobre manutenção e custo operacional são
bastante restritas, e um pouco difícil de ser mensuradas, foi preciso calcular a
quantidade média do consumo anual de combustível do caminhão e depois, em
cima dessas informações, chegar a parcela anual correspondente a todos os
outros custos.

O consumo anual de combustível do caminhão foi determinado através


de estudos comparativos com as disponibilidades e utilizações dos equipamentos
da Mina do Sossego. A disponibilidade dos equipamentos varia em torno de 70%
e a utilização varia também em torno do mesmo valor, com isso foram calculadas
as horas calendário e subtraídas das horas indisponíveis e das horas disponíveis
que não foram utilizadas. Esse cálculo pode ser visto logo a seguir.

Horas Trabalhadas anualmente = horas calendário X disponibilidade X


utilização

Horas Trabalhadas anualmente = (24X360) X 0.7 X 0.7

Horas Trabalhadas anualmente = 4,233.60 hs

Tendo aproximadamente as horas trabalhadas anualmente pelo cavalo


mecânico, o passo seguinte foi calcular o consumo horário de combustível e
assim obter o seu custo anual total. Através das informações obtidas na gerência
a velocidade média que o caminhão trafegará dentro da mina será em torno de 35
km/h. O consumo de combustível que adotamos foi 1.5 km/L. Dividindo a
velocidade média pelo consumo de combustível teremos um consumo horário de
23.33 L/h.

83
Multiplicando o consumo horário de combustível pelas horas
trabalhadas anualmente foi encontrada a quantidade aproximada de litros de
combustível consumida anualmente.

Litros consumidos anualmente = consumo horário X horas trabalhadas


anualmente

Litros consumidos anualmente = 23.33 L/h X 4,233.60 h

Litros consumidos anualmente = 98,784 L

O valor da quantidade de litros consumida anualmente foi multiplicado


pela quantia de R$ 1,7, referente ao preço do litro do combustível, com isso foi
encontrado um gasto anual aproximado de R$167.932,80 com combustível. De
acordo com as informações técnicas da VOLVO, esse valor corresponde de 45 a
50% de todos os custos do caminhão. No estudo foi utilizada a porcentagem de
50%, admitindo que o valor gasto anualmente com combustível corresponde
aproximadamente ao mesmo valor gasto com manutenção.

Na Mina do Sossego o piso salarial do operador é um só, independente


do equipamento que esteja operando, com isso para que fosse realizado o custo
de mão de obra de operação do cavalo mecânico, foi pego o salário do operador
do trator de esteira D11 e multiplicado por doze. Como pode ser visto na tabela
06, o salário mensal é de R$ 4.623,68, e o anual é de R$ 55.484,16.

Depois que todos os cálculos foram feitos a etapa seguinte foi construir
um fluxo de caixa que pudesse mostrar como reagiriam os gastos e as economias
que seriam feitas até o final do projeto, caso fosse viabilizado o investimento. A
intenção do fluxo de caixa foi calcular a taxa interna de retorno – TIR e o valor
presente líquido – VPL do investimento durante o período de 2008 até 2021.

No ano zero correspondente a 2008 foi estipulado o ano do


investimento, que teriam saídas de R$ 1.100.000,00 na compra da Prancha e R$

84
440.000,00 na compra do cavalo mecânico. As saídas com manutenção da
Prancha seriam feitas a cada três anos num valor de R$ 20.000,00, sem precisar
nunca renovar a Prancha por causa de sua vida útil corresponder a 20 anos. As
saídas correspondentes ao caminhão seriam realizadas anualmente com
manutenção (óleo, peças, pneus, revisões, mão de obra) num valor de R$
167.932,80, e com operação (combustível e salário do operador) num valor de R$
223.416,96, sendo que a cada cinco anos um novo cavalo mecânico terá que ser
adquirido, o que resultará na compra de três caminhões até o fim do projeto.

As entradas do fluxo de caixa, contabilizadas a partir do ano 1 (um)


referente a 2009, serão geradas pela economia com locomoção própria num valor
anual de R$ 519,883.19, e pela economia com material rodante no valor de R$
311.900,53. Será também contabilizada no fluxo de caixa uma entrada
correspondente aos valores residuais dos equipamentos, pois mesmo que finalize
sua vida útil, todos os equipamentos possuem um valor, estipulado de fábrica,
chamado valor residual, que no nosso caso foi calculado com um percentual de
10% no valor da aquisição do equipamento.

O fluxo de caixa foi calculado utilizando uma taxa de juros SELIC igual
a 9.75% ao ano, o mesmo usado na VALE, resultando no final de tudo um VPL
positivo de valor igual a R$ 1.228.776,89 e uma TIR de 23,82% ao ano. Os
cálculos dos fluxos foram realizados com auxílio do aplicativo Microsoft Excel
2007, e seus resultados podem ser visto na tabela 12.

85
Tabela 12 – Fluxo de caixa

Ano 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021

PRANCHA

AQUISIÇÃO -R$ 1,100,000.00

MANUTENÇÃO R$ 20,000.00 R$ 20,000.00 R$ 20,000.00 R$ 20,000.00

CAVALO
MECÂNICO
AQUISIÇÃO -R$ 440,000.00 R$ 440,000.00 R$ 440,000.00

MANUTENÇÃO* R$ 167,932.80 R$ 167,932.80 R$ 167,932.80 R$ 167,932.80 R$ 167,932.80 R$ 167,932.80 R$ 167,932.80 R$ 167,932.80 R$ 167,932.80 R$ 167,932.80 R$ 167,932.80 R$ 167,932.80 R$ 167,932.80

OPERAÇÃO** R$ 223,416.96 R$ 223,416.96 R$ 223,416.96 R$ 223,416.96 R$ 223,416.96 R$ 223,416.96 R$ 223,416.96 R$ 223,416.96 R$ 223,416.96 R$ 223,416.96 R$ 223,416.96 R$ 223,416.96 R$ 223,416.96

SALVADO R$ 44,000.00 R$ 44,000.00 R$ 154,000.00


LOCOM.
R$ 519,883.19 R$ 519,883.19 R$ 519,883.19 R$ 519,883.19 R$ 519,883.19 R$ 519,883.19 R$ 519,883.19 R$ 519,883.19 R$ 519,883.19 R$ 519,883.19 R$ 519,883.19 R$ 519,883.19 R$ 519,883.19
PRÓRIA
MATERIAL
R$ 311,900.53 R$ 311,900.53 R$ 311,900.53 R$ 311,900.53 R$ 311,900.53 R$ 311,900.53 R$ 311,900.53 R$ 311,900.53 R$ 311,900.53 R$ 311,900.53 R$ 311,900.53 R$ 311,900.53 R$ 311,900.53
RODANTE

FLUXO DE
-R$ 1,540,000.00 R$ 440,433.96 R$ 440,433.96 R$ 420,433.96 R$ 440,433.96 R$ 44,433.96 R$ 420,433.96 R$ 440,433.96 R$ 440,433.96 R$ 420,433.96 R$ 44,433.96 R$ 440,433.96 R$ 420,433.96 R$ 594,433.96
CAIXA
R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$
ACUMULADO -R$ 1,540,000.00 -R$ 1,099,566.04 -R$ 659,132.08 -R$ 238,698.12 R$ 201,735.84 R$ 246,169.80 R$ 666,603.76
1,107,037.72 1,547,471.68 1,967,905.64 2,012,339.60 2,452,773.56 2,873,207.52 3,467,641.48
JUROS 9.75%

VLP R$ 1,228,776.89

TIR (%) 23.82%

* ÓLEO, PEÇAS, PNEUS, OUTROS

* *COMBUSTÍVEL E OPERADOR

86
Gráfico 3 – Fluxo de caixa acumulado.

2.3.2.11 Discussão
ão dos resultados

De acordo com a linha acumulado do fluxo de caixa,


caixa o investimento
terá um Payback entre os ano 3 e 4,
4, que é o tempo suficiente para que o dinheiro
investido tenha seu retorno integral. Nos
os anos seguintes não ocorrerá em
momento algum na soma do acumulado
lado um valor negativo, sendo sempre
crescente.

Com o resultado final de um VPL positivo no valor de R$ 1.228.776,89


e uma TIR de 23,82%, considerando que na maioria das empresas que trabalham
com investimentos a menor TIR que pode viabilizar qualquer projeto está em
torno de 14%, a compra de um semi-reboque
semi reboque e de um cavalo mecânico traçado
pode ser considerado um bom investimento
investimento para a gerência de infra-estrutura
inf da
Mina do Sossego, visto que, a primeira intenção dos engenheiros da gerência era
somente aumentar a disponibilidade dos tratores diminuindo as horas de
manutenção corretivas e os atrasos operacionais.

87
De acordo com os resultados do fluxo de caixa, mesmo que este
projeto tenha um investimento inicial bastante elevado para a gerência no valor de
R$ 1.540.000,00, a garantia de retorno é uma possibilidade muito provável, sendo
que se torna algo bastante atrativo pelo fato da gerência não ser uma instituição
financeira que visa apenas lucros, mas somente produção, que no caso além da
possibilidade de aumentar a produtividade dos equipamentos o investimento
gerará divisas importantes que poderá ser encaminhadas para qualquer outro tipo
de investimento que a gerência queira fazer para aumentar sua produtividade.

O fluxo de caixa mostra também que durante todo o tempo decorrido


do investimento até o fim das operações na mina, serão feitos três
reinvestimentos na compra de caminhões VOLVO do melhor modelo presente
hoje em dia no mercado no que se trata de durabilidade e potência, tendo assim
um equipamento top de linha sempre renovado sem precisar ter problemas em
querer usar além das horas indicadas pela fábrica, podendo assim contar com a
durabilidade do equipamento e com a idéia de que em nenhum momento terá as
horas trabalhadas ultrapassadas, diminuindo assim os riscos com atrasos
operacionais, manutenção corretivas e outros problemas que podem surgir na
operação.

Os resultados do fluxo de caixa podem ser alterados de acordo com o


surgimento de uma nova informação ou de um novo dado mais preciso do que
aquele que esteja sendo usado no fluxo, pois é valido sempre ressaltar que o
estudo foi realizado através de informações teóricas e o seu resultado é uma
previsão média do que pode acontecer futuramente caso seja aprovado o
investimento.

88
3 CONCIDERAÇÕES FINAIS

Com o primeiro passo dos estudos de otimização dos tratores de


esteiras D11 realizado, pôde-se verificar a importância de um estudo detalhado
focado em um equipamento de mineração. A prática de otimizar, melhorar, é algo
desafiante sempre cheio de novas descobertas, fazendo-nos aprofundar em um
determinado conhecimento tornando-nos experientes em determinadas áreas e
técnicas específicas.

Chegando ao fim deste trabalho observamos que a otimização na


utilização do trator de esteira D11 Caterpillar na Mina do Sossego, é uma questão
possível de ser resolvida e que é de grande necessidade para a gerência, visto
que realizar todas as operações no tempo planejado, maximizando o
desempenho dos equipamentos e reduzir custos é a meta geral de qualquer
gerência, departamento ou empresa do setor mineral que trabalhe com
equipamentos de grande porte.

Aperfeiçoar a utilização dos equipamentos de grande porte na


mineração pode ser considerado uma maneira prática de conseguir recursos
necessários para iniciar um novo investimento, pois há a possibilidade de gerar
divisas necessárias para iniciar um novo projeto. Para os casos em que o minério
que está sendo lavrado já foi comercializado, a empresa além de ter que se
preocupar em cumprir as metas programadas de produção, deverá correr para a
alternativa de aperfeiçoar a utilização de seus equipamentos, pois na venda do
bem mineral não há mais como obter lucros, somente na redução de gastos na
operação, como é o caso da Mina do Sossego cujo minério de cobre que está
sendo lavrado e beneficiado já foi vendido.

Nos estudos sobre o consumo de combustível dos tratores de esteiras,


os resultados se mostraram favoráveis em eliminar algumas hipóteses e
acrescentar outras. Chegou-se a concepção de que o problema com o consumo

89
não está situado no equipamento em si, mas sim no tipo de operação, ou no
operador do equipamento, ou nas duas situações conjuntas.

Essas hipóteses podem ser esclarecidas se utilizarmos em conjunto


com nossos estudos o manual de produção dos equipamentos, que traz
informações das variáveis que influenciam no consumo de combustível, e entre
elas está à variável tipo de operação e a variável operador do equipamento. Ficou
descartada então a sugestão dada pela gerência de trocar os filtros dos
equipamentos e realizar paradas para manutenções com intuito de corrigir a falha.

Nos estudos sobre a locomoção própria do D11 ficou claro a


possibilidade de reduzir os custos operacionais, principalmente com a redução do
consumo de material rodante, de prolongar a vida útil dos tratores e das peças, de
diminuir consideravelmente os atrasos operacionais dos tratores e
conseqüentemente diminuir os atrasos operacionais dos equipamentos de
produção, diminuir o tempo de parada para manutenções corretivas aumentando
a disponibilidade dos tratores, e enfim, diminuir as horas improdutivas com
locomoção própria aumentando assim o rendimento do D11.

Tudo isso com um investimento inicial com a compra da carreta


prancha (semi-reboque carrega-tudo) da RANDON e a compra do caminhão
traçado FH 520 cv, trator 6X4, da VOLVO. Contando que, além de ser um
investimento possivelmente viável para a Mina do Sossego, haverá a aquisição
dois novos equipamentos, ou seja, além da redução dos custos, a gerência de
infra-estrutura ganha mais instrumentos para executar e auxiliar as operações na
Mina.

Contudo, podemos considerar também que outros equipamentos da


Mina do Sossego serão beneficiados com o investimento, como é o caso das
retro-escavadeiras sob esteiras, que de uma forma menor tem um custo
operacional atrelado a sua locomoção. E podemos afirmar também que esse
estudo pode ser viabilizado para qualquer outra mina que possua em sua
estrutura tratores de esteiras de grande porte.

90
3.1 Sugestões para trabalhos futuros

Seria interessante realizar um estudo minucioso sobre as operações


realizadas pelo D11, analisando quais delas se mostram mais dispendiosas no
consumo de combustível e no desgaste das peças. Observar o comportamento
dos operadores em cada operação tentando identificar as diferentes maneiras de
operar o trator nas operações mais críticas.

Realizar um estudo sobre as lâminas que estão sendo usadas nos


tratores de esteiras, identificando se são as mais indicadas para as aplicações na
Mina do Sossego. Aproveitando também para fazer uma análise detalhada sobre
os tipos de inclinação e os tipos de ajustes do passo que a lâmina pode oferecer,
e tentar ajustar o máximo cada uma de acordo com os tipos de operação.

Depois de coletado todos os dados, executar uma análise estatística


admitindo como variáveis os tipos de operação, maneira de como operar o
equipamento, os tipos de lâminas, as inclinações das lâminas, os tipos de ajustes
do passo, para tentar encontrar a melhor configuração que gere os menores
custos operacionais, aumento da durabilidade do equipamento e das peças, maior
eficiência e produtividade.

Seria viável também realizar um estudo sobre a locomoção do D11


investigando se há ocorrências de velocidades elevadas durante as operações,
principalmente em marcha ré. Verificar se os tratores estão realizando curvas
muito fechadas e se está acontecendo correções constantes de direção.
Identificar nesses momentos quais as partes mais críticas para o material rodante.

91
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1- Ribeiro, C.; Prado, J. B.. Planejamento de Lavra a Longo Prazo –


Estudo De Caso Da Mina Do Sossego. Belém, 2008.

2 - Plano de Aproveitamento Econômico do Projeto Sossego,


Mineração Serra do Sossego 2002.

3 - Relatório de pré-viabilidade do Projeto Sossego, Mineração Serra


do Sossego 2001.

5 – Caterpillar. Manual de Produção. 31ed. Outubro 2000.

6 - Lima, M. P. Métodos de Lavra a Céu Aberto. Marabá, 2009, nota


de aula.

7 - Koppe, J.C. A lavra e a indústria mineral no Brasil – Estado da arte


e tendências tecnológicas. Rio Grande do Sul.

8 - Germani, D. Planejamento e Projeto de Lavra - Curso de


extensão em economia mineral. Rio de Janeiro. Módulo I.

9 - Operação da Mina do Sossego, Canaã dos Carajás – PA.


Apresentação, 2007.

10 - Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transporte – DNIT.


Manual de Custos Rodoviários. Vol. 01, 2003.
11 – Caterpillar. Manual do Serviço Especializado do Material
Rodante. 2007.

12 – RANDON. Especificações técnicas dos equipamentos. Web


site (http://www.randon.com.br/Randon_Implementos/), 2009.

13 - Diretoria do Departamento de Operações de não-ferrosos de


Carajás – DIOC. Apresentação, 2004.

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14 – VOLVO trucks, Especificações Técnicas dos Caminhões. web
site (http://www.volvo.com/trucks/brazil-market/pt-
br/trucks/Volvo+FH/productPage_FH.htm), 2009.

15 – Isidório, F. Relatório de estágio supervisionado, Marabá, 2008.

16 – Oliveira, D. M. Biolixiviação de concentrado de flotação de


sulfetos de cobre. CETEM.

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