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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE MARABÁ

FACULDADE DE ENGENHARIA DE MINAS

GUSTAVO ANDRÉ SILVA DA SILVA

ANÁLISE DA PRODUTIVIDADE DO TRATOR DE ESTEIRA D11


CATERPILLAR EM CORTE DE RAMPA DE ACESSO

MARABÁ – PA
2011
GUSTAVO ANDRÉ SILVA DA SILVA

ANÁLISE DA PRODUTIVIDADE DO TRATOR DE ESTEIRA D11


CATERPILLAR EM CORTE DE RAMPA DE ACESSO

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Faculdade de
Engenharia de Minas e Meio
Ambiente da Universidade Federal do
Pará – UFPA, em cumprimento às
exigências para obtenção do grau de
Bacharel em Engenharia de Minas.

Orientador: Prof. M.Sc. Alexandre


José Buril de Macêdo

MARABÁ – PA
2011
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)

Biblioteca II da UFPA. CAMAR, Marabá, PA

Silva, Gustavo André Silva da


Análise da produtividade do trator de esteira D11 Caterpillar
em corte de rampa de acesso / Gustavo André Silva da Silva ;
orientador, Alexandre José Buril de Macêdo. — 2011.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Universidade


Federal do Pará, Campus Universitário de Marabá, Faculdade de
Engenharia de Minas e Meio Ambiente, Marabá, 2011.

1. Minas e recursos minerais - Carajás, Serra dos (PA). 2. Pesquisa


operacional. 3. Tratores - Produtividade. I. Macêdo, Alexandre José
Buril de, orient. II. Título.

CDD: 21. ed.: 553.098115


GUSTAVO ANDRÉ SILVA DA SILVA

ANÁLISE DA PRODUTIVIDADE DO TRATOR DE ESTEIRA D11


CATERPILLAR EM CORTE DE RAMPA DE ACESSO

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Faculdade de
Engenharia de Minas e Meio
Ambiente da Universidade Federal do
Pará – UFPA, em cumprimento às
exigências para obtenção do grau de
Bacharel em Engenharia de Minas.

Orientador: Prof. M.Sc. Alexandre


José Buril de Macêdo

Data da aprovação:_______________

Conceito: ______________________

Banca examinadora:

____________________________________

Prof. M.Sc. Alexandre José Buril de Macêdo

____________________________________
Prof. M.Sc. Fernando Kidelmar Dantas de
Oliveira

____________________________________
Prof. Karina Felícia Fischer Lima
À Deus,
Que sempre iluminou meu caminho.
AGRADECIMENTOS

Sem a presença de Deus na minha vida nada seria possível, Ele se fez
presente em todos os momentos e em todos os caminhos que percorri até o
presente momento, me dando paz de espírito, saúde, serenidade, sabedoria e
discernimento, que me proporcionou a oportunidade de pisar onde meus pés
jamais sonharam em pisar. E à minha ―santinha‖ do coração pela qual sou
devoto, Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, onde depois de Jesus ponho
todas as minhas esperanças e Vos dou graças por todos os benefícios que até
agora me tendes feito.

À minha família, que é o meu alicerce mais seguro, sempre me dando


forças nos momentos difíceis para poder seguir em frente e nunca pensar em
desanimar, e que principalmente me ama incondicionalmente. Representados
pelos meus pais, Dulcilene Araújo da Silva e Alberto Carvalho da Silva, irmãs
Gabriella de Cássia e Raina Maria, avós, tios e primos que sempre estiveram
do meu lado.

Aos meus avós, André Nascimento, minhas ―bonequinha‖ Raimunda


Pereira, Horácio Silva e Raimunda Carvalho pela dedicação, amor e educação.

Especialmente à Dulcilene Silva que é o meu modelo de mulher


guerreira e dedicada, que nunca mediu esforços para me proporcionar tudo o
que tive e tenho. Mãe, te amo mais do que tudo nessa vida e tudo que colocar
aqui seria pequeno perto de todo amor que sinto por você.

À minha madrinha Wilma Serrão, que me deu sempre amor e carinho


de mãe, obrigado por tudo.

Aos meus amigos da Turma 2006 Renan Tourinho, Gutto Freire, Rafael
Ferrari, os quais me proporcionaram amenizar a saudade de casa, pelos
sorrisos, confiança, cordialidade e momentos que jamais sairão da minha
memória. Amigo é amigo.
A turma de Engenharia de Minas 2006, com a qual obtive crescimento
pessoal e profissional, e podem ter certeza que os churrascos de fim e meio de
semana estão marcados para sempre na memória. Obrigado à todos.

Aos meus amigos Vinícius Araújo, Lucas Lacerda, Adriano Paiva e


Filippe Bacelar que com o decorrer do curso e fortalecimento da amizade
passaram a fazer parte da ―Família‖. À Paula Sanz que sempre esteve ao meu
lado durante quase toda a minha estada em Marabá e ao meu ―amiego‖ Aldo
Leite sempre irreverente e imprevisível. E aos meus amigos que
compartilharam grande parte da minha vida Raisa Negrão, Jones Dias, Antônia
Jacirema, Pedro Augusto e Paula Feio, obrigado por tudo.

À Universidade Federal do Pará, Campus Universitário de Marabá, que


contribuiu para minha formação acadêmica e crescimento profissional e que
um dia retornarei para contribuir para a formação de novos Engenheiros de
Minas.

Aos Mestres e Amigos Alexandre Buril, Denílson Costa, Marinésio


Pinheiro de Lima e Raimundo Nonato do Espírito Santo, pelos puxões de
orelha, apoio e conhecimento repassado.

À empresa de mineração Vale S/A que possibilitou a realização deste


trabalho e todas as pessoas que me ajudaram direta ou indiretamente para o
meu crescimento profissional.
―Não há virtude, rigorosamente falando, sem vitória sobre nós próprios, e nada
vale o que nada nos custa.‖

Chico Xavier
RESUMO

O Complexo Minerador de Carajás é um dos mais importantes do


mundo no que diz respeito à mineração, nele estão localizadas as Minas Ferro
da empresa Vale S/A, sua produção já se estende por décadas. No entanto,
todo aprimoramento dos processos são muito importantes para o aumento da
produtividade. E é neste contexto que o presente trabalho realiza um estudo
acerca da produtividade do trator de esteira D11 Caterpillar no corte de material
para rampa de acesso à mina, onde foi observado um tipo manobra que
apresenta uma redução do tempo de ciclo, trabalho este que influencia
diretamente a produção das frentes de minério. Mesmo o trabalho sendo
realizado empiricamente, foi utilizado de ferramentas de software próprios da
mineração e dados recolhidos no Sistema de Despacho da empresa para se
obter uma maior confiabilidade.

Palavras-chave: Canga estrutural, manobra, tempo de ciclo, volume.


ABSTRACT

The Carajás mineral complex is one of the world’s most important with
regard to mining there are located the Iron Mining company Vale S/A, its
production has already spread over decades. However, any improvement of the
processes are very important for increasing productivity. In this contest this
paper carries out a study on the productivity of Caterpillar D11 bulldozer cutting
equipment for the mine access ramp, where there was maneuver that shows a
reduction of cycle time, work that influences directly to production of orefronts.
Even the work being done empirically, we used the software’s own tools and
datamining collected in order to achieve greater reliability.

Keywords: Yoke structural, maneuver, cycle time, volume.


LISTA DE FIGURAS

Figura 01: Perfil da rampa em corte..................................................................19


Figura 02: Perfil de rampa em aterro.................................................................20
Figura 03: Perfil da rampa em corte e aterro ou mista......................................20
Figura 04: Trator de esteira D11 Caterpillar .....................................................24
Figura 05: Tabela de especificações do Trator D11 Caterpillar.........................25
Figura 06: Trator de esteira acoplado com lâmina............................................26
Figura 07: Lâmina U – Universal...................................................................... 28
Figura 08: Lâmina SU – Semi-Universal............................................................28
Figura 09: Lâmina CD – Carry Doozer..............................................................29
Figura 10: Ríperes ou Escarificadores...............................................................30
Figura 11: Localização do Complexo Ferrífero de Carajás...............................32
Figura 12: Estrada de Ferro que liga Carajás ao Porto de Itaqui-MA................33
Figura 13: Localização das Minas de Ferro de Carajás....................................34
Figura 14: Anuário Estatístico do Brasil.............................................................35
Figura 15: Esquematização da rampa de corte e enchimento..........................39
Figura 16: Plano de abertura de rampas e acessos..........................................40
Figura 17: Imagem da Rampa 670/640 ............................................................41
Figura 18: Imagem da Rampa 670/640, em azul a parte que será
desmontada.......................................................................................................42
Figura 19: Realização do corte..........................................................................44
Figura 20: Manobra 01.......................................................................................45
Figura 21: Manobra 02 ......................................................................................46
Figura 22: Tempos de Ciclos da Manobra 01....................................................47
Figura 23: Tempos de Ciclos da Manobra 02....................................................48
Figura 24: Comparação entre os tempos de ciclos da Manobra 01 e Manobra
02.......................................................................................................................48
Figura 25: Comparação entre o tempo total das manobras..............................49
LISTA DE TABELAS

Tabela 01: Comparação das unidades de tração..............................................22


Tabela 02: Especificações do Trator D11 Caterpillar........................................25
Tabela 03: Tabelas de horas do trabalho realizado pelo D11...........................43
SUMÁRIO

1- INTRODUÇÃO..............................................................................................14

1.1- OBJETIVOS................................................................................................15

2- REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.........................................................................16

2.1- TERRAPLANAGEM....................................................................................16

2.1.1- Terraplanagem mecanizada................................................................. 16

2.1.2- Terraplanagem de mina........................................................................17

2.2- VIAS DE ACESSO......................................................................................18

2.2.1- Rampa em corte.....................................................................................19

2.2.2- Rampa em aterro...................................................................................19

2.2.3- Rampa em corte e aterro ou rampa mista...........................................20

2.3 – GENERALIDADES SOBRE TRATORES.................................................21

2.3.1- Trator de esteira ....................................................................................22

2.3.2- Especificações do trator de esteira D11 Caterpillar...........................23

2.4- EQUIPAMENTOS QUE COMPÕE O TRATOR DE ESTEIRA D11


CATERPILLAR..................................................................................................26

2.4.1- Lâminas..................................................................................................26

2.4.2- Ríperes ou escarificadores...................................................................29

2.5- PRODUTIVIDADE DOS EQUIPAMENTOS.............................................. 30

2.5.1- Tempo de ciclo.......................................................................................31

2.5.2- Tempo de ciclo mínimo.........................................................................31


2.5.3- Tempo de ciclo efetivo..........................................................................31

2.5.4- Produção do equipamento...................................................................31

3- MATERIAIS E MÉTODOS............................................................................32

3.1- LOCALIZAÇÃO E ACESSO.......................................................................32

3.2- ASPECTOS FISIOGRÁFICOS...................................................................34

3.3- GEOLOGIA LOCAL....................................................................................36

3.4- ANÁLISE RELACIONADA PARA O TRATOR DE ESTEIRA D11


CATERPILLAR..................................................................................................38

3.4.1- Desenvolvimento do corte na rampa do banco 670/640....................40

3.5- INVESTIGAÇÃO DO PROBLEMA.............................................................44

4- RESULTADOS E DISCUSSÕES..................................................................47

5- CONCLUSÃO................................................................................................50

6- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................51
14

1. INTRODUÇÃO

A Província Mineral de Carajás está localizada no estado do Pará


sendo esta área limitada a leste pelos rios Araguaia – Tocantins, a oeste pelo
rio Xingu, a norte pelas Serras do Bacajá e a Sul pela Serra de Gradaus, que
se situa na parte oriental do Cráton Amazônico, no sudeste do estado do Pará.
A empresa Vale S/A, é responsável pelos direitos de lavra na área
onde se encontra localizada a maior mina de ferro a céu aberto do mundo, local
onde foi realizado o estágio. A produção deste trabalho pôde ser concretizada
graças ao programa de estágio regular de férias, promovido pela própria
empresa.
A realização das atividades se deu no município Parauapebas - Pará,
na região de Carajás sobre a supervisão da Diretoria de Ferrosos Norte (DIFN),
o com a finalidade de suprir a demanda da Gerência de Operações de Minas
de Carajás (GEMIN). O estágio foi direcionado a GAMTN com a orientação do
Engenheiro de Minas Juary Raimundo Pereira Silveira e com o apoio direto do
Analista Igor Simões Hosken.

Com o decorrer do programa foi observada a produtividade do trator de


esteira em corte de rampas de acesso à mina, foi a partir desse
acompanhamento que se decidiu monitorar fatores que influenciam diretamente
e indiretamente essa produtividade. Com dados coletados em campo, no
sistema despacho e com o apoio da topografia deu-se inicio ao projeto.
15

1.1. OBJETIVOS

Este trabalho teve como objetivo o acompanhamento da produtividade


do trator de esteira D11 Caterpillar na confecção de rampas de acesso à mina,
com a finalidade de se obter informações sobre a produtividade deste
equipamento durante o referido processo. E apresentar melhorias no ciclo do
trator de esteira, referente ao tipo de manobras realizadas pelo equipamento,
com o caráter de se aumentar a eficiência operacional de tal processo.
Com isso foi realizado o acompanhamento da abertura de uma rampa
de acesso, e foram feitas observações neste tipo de atividade. E de acordo
com os resultados, tentar colocar em prática as melhorias obtidas.
16

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. TERRAPLANAGEM

As operações básicas de terraplenagem têm sido amplamente


utilizadas em obras de engenharia: rodovias, mineração, aeroportos, edificação
de prédios, ferrovias, pátios industriais, barragens, sejam elas de pequeno ou
grande porte. Estas operações têm sido definidas como aterro/remoção de
rochas e/ou solos em conformidade com a geomorfologia do terreno, as quais
incluem quatro atividades básicas: escavação, transporte, descarga e/ou
espalhamento e carregamento, podendo ocorrer separadamente ou
simultaneamente (RICARDO e CATALANI, 2007).

Existe a possibilidade de alguns equipamentos destinados a este tipo


de operação realizar todas as operações simultaneamente como é o caso de
um trator de esteiras, por exemplo, que equipado com uma lâmina de corte tem
a capacidade de executar todas as operações citadas acima, sendo que as três
primeiras podem ser realizadas em conjunto. Porém, existem outros
equipamentos que efetuam apenas umas das operações elencadas de cada
vez (RICARDO e CATALANI, 2007).

2.1.1. Terraplanagem mecanizada

A partir da segunda metade do século XIX, equipamentos mecanizados


que tiveram seu aparecimento em decorrência da evolução do
desenvolvimento tecnológico, a mão-de-obra mecanizada passa a se tornar a
mais eficiente técnica de movimentação de terras. Em virtude deste processo a
mão-de-obra passa a se especializar tornando cada vez mais escasso o
trabalho braçal. Com o advento da tecnologia, a movimentação de terras passa
17

a se tornar um negócio lucrativo, mesmo levando em consideração alto custo


para aquisição das máquinas.
De um modo geral entende-se que a mecanização surgiu em
consequência da industrialização, tornando a mão-de-obra cada vez mais
escassa e especializada, por consequência mais cara, e também a alta
produtividade dos equipamentos que tornou os preços mais baixos, se levar em
consideração os obtidos manualmente.

Segundo Ricardo e Catalani (2007), na implantação de obras de


terraplenagem mecanizada têm como característica alguns fatores que são
levados em consideração, um alto custo na aquisição dos equipamentos, mão-
de-obra especializada por consequência uma maior remuneração, projetos
bem planejados e executados e permitir uma grande movimentação de terras
em espaços curtos de tempo.

2.1.2. Terraplanagem de mina

A Gerência de Infraestrutura de Mina é que fica responsável pelas


operações de terraplanagem na Mina. Para que a terraplanagem comece, é
necessário analisar as características de solo e minério que estão sendo
explorados, bem como a influência de água no lençol freático.
A terraplanagem de mina é um dos fatores que influencia diretamente
no desenvolvimento da operação diária da mina, pois sempre que acorre um
avanço na frente de lavra é necessário preparar a praça de que está sendo
minerada para que os equipamentos de produção possam trabalhar com
segurança e eficiência.

As operações de terraplanagem de mina estão presentes na confecção


e manutenção de rampas de acesso, confecção de leiras de proteção, controle
de drenagem de águas superficiais, limpeza de praças, bancos e bermas,
preparação de praças para perfuração, entre outras atividades que possam dar
suporte a operação de mina. Como as operações na mina apresentam um
ritmo bastante dinâmico e acelerado os trabalhos de terraplanagem tem que
18

ser bastante eficiente, pois qualquer retardo em suas operações podem


acarretar perda de produção.

Com isso a manutenção e limpeza dos acessos, bancos e praças


devem ser realizados frequentemente.

Para dar conta desses serviços a Gerência de Infraestrutura de Mina


conta com equipamentos de médio à grande porte como: pá carregadeiras,
moto niveladoras, retro escavadeiras e tratores de esteiras, ambos de
fundamental importância para realização dos serviços citados anteriormente.

2.2. VIAS DE ACESSO

De acordo com as NRM – Normas Regulamentadoras de Mineração,


toda mina deve possuir plano de trânsito estabelecendo regras de preferência
de movimentação e distâncias mínimas entre máquinas, equipamentos e
veículos compatíveis com a segurança e velocidades permitidas, de acordo
com as condições das pistas de rolamento.

Para ser realizada a conexão entre os diversos bancos de uma mina a


céu aberto devem ser criadas vias de acessos para tal. O dimensionamento de
uma rampa ou via de acesso deve ser devidamente projetado, para que o fluxo
de caminhões e equipamentos seja feito de maneira segura e adequada, e que
a mesma não ofereça perigo ou instabilidade. As vias de acessos são simples
estradas, convenientemente construídas para possibilitar a lavra de diversos
bancos, que verticalmente dividem a jazida.

Os acessos precisam ter larguras suficientes em relação à largura


máxima dos veículos, de modo a permitir não apenas a acomodação estática
desses veículos, mas também suas mudanças de posicionamento em relação
as suas trajetórias. A largura operacional para os caminhões é de
aproximadamente 30 metros, ou seja, três vezes a largura do caminhão,
permitindo o fluxo nas duas vias, bem como a segurança dos veículos no pé e
crista dos acessos.
19

2.2.1. Rampa em corte

A definição de corte pode ser entendida como a movimentação de terra


ou rocha cuja execução exige escavação do material que compõe o terreno
natural no interior dos limites das seções projetadas (off-sets, linhas de estacas
demarcadoras da área de execução dos serviços).

Na rampa em corte, há a necessidade de retirar o material natural do


terreno quando a inclinação deste é bastante acentuada. Não havendo,
portanto, preenchimento e nem aterro com nenhum tipo de material. Nesse
caso o volume da rampa é o próprio material desmontado, como ilustrado na
Figura 01.

Figura 01: Perfil da rampa em corte.

Fonte: Menezes, 2010.

2.2.2. Rampa em aterro

Aterros são áreas implantadas com o depósito e a compactação de


materiais provenientes de cortes ou empréstimos, no interior dos limites das
seções do projeto.

Na rampa em aterro, diferentemente da rampa em corte, não há a


necessidade de realizar o corte no material do banco, porém, há de se fazer o
20

preenchimento com aterro em toda a extensão da rampa e depois se deve


fazer a compactação do material disposto (Figura 02), com o intuito de
compensar o empolamento do material de aterro. Nesse caso o volume da
rampa é correspondente ao material do aterro.

Figura 02: Perfil de rampa em aterro.


Fonte: Meneses, 2010.

2.2.3. Rampa em corte e aterro ou rampa mista

Neste tipo de rampa há uma união entre os dois modelos já citados


acima, neste caso o próprio material retirado no corte, é utilizado para se
realizar o preenchimento na parte que sem tem de aterrar, como ilustrado na
Figura 03 (Menezes, 2010).

Figura 03: Perfil da rampa em corte e aterro ou mista.

Fonte: Menezes, 2010.


21

2.3. GENERALIDADES SOBRE TRATORES

Para a realização de obras de terraplenagem, o trator ou unidade de


tração é a máquina que tem um maior número de utilidades, por ser uma
máquina básica nesse tipo de obra. O trator é uma unidade autônoma capaz de
realizar inúmeras tarefas como tração ou até mesmo empurrar outras máquinas
podendo receber diversos implementos e assim ser destinado as mais variadas
tarefas.

Este tipo de equipamento, dependendo do tipo de trabalho a ser


realizado, pode ser encontrado montado sobre dois tipos de plataformas
diferentes (Tabela 01), sobre esteiras (trator de esteiras) e pneumático (trator
de pneus), porém ambos apresentam características comuns entre si como:

Tabela 01: Comparação das unidades de tração.


Trator de Esteira Trator de Rodas

Esforço trator Elevado Elevado,


limitado pela aderência

Aderência Boa Sofrível

Flutuação Boa Regular a má

Balanceamento Bom Bom

Velocidade Baixa (<10km/h) Alta (<70km/h)

Fonte: Manual Prático Escavação (2007).


22

 Esforço Trator: É a força que o trator possui na barra de tração (no


caso de esteiras) ou nas rodas motrizes (no caso de tratores de rodas)
para executar as funções de rebocar ou de empurrar outros
equipamentos ou implementos;
 Velocidade: É a velocidade de deslocamento da máquina que depende,
sobretudo, do dispositivo de montagem, sobre esteiras ou sobre rodas;
 Aderência: É a maior ou menor capacidade do trator de deslocar-se
sobre os diversos terrenos ou superfícies revestidas, sem haver o
patinamento da esteira (ou dos pneus) sobre o solo (ou revestimento)
que o suporta;
 Flutuação: É a característica que permite ao trator deslocar-se sobre
terrenos de baixa capacidade de suporte, sem haver o afundamento
excessivo da esteira, ou dos pneus, na superfície que o sustenta;
 Balanceamento: É a qualidade que deve possuir o trator, proveniente
de uma boa distribuição de massas e de um centro de gravidade a
pequena altura do chão, dando-lhe boas condições de equilíbrio, sob as
mais variadas condições de trabalho.

2.3.1. Trator de esteira

Como característica dos tratores de esteira podemos elencar o seu


elevado esforço trator, o que aliado com a sua boa aderência ao solo, lhe é
permitido empurrar maiores quantidades de material sem que o mesmo venha
a patinar, o que lhe deixa apto a trabalhar em rampas com declividades
acentuadas.

Este equipamento apresenta uma boa aderência sobre o terreno, pelo


fato de sua unidade de locomoção ser montada sobre esteira. Esteira essa
formada por placas de aço rígidas, de vários tipos e tamanhos, que são unidas
umas às outras de maneira que exista uma boa articulação entre si, o que
permitirá a uma boa acomodação sobre as irregularidades do terreno.
23

A aderência da esteira ao solo fica por conta de uma saliência na


esteira, chamada de garra, dependendo do tipo de trabalho a ser desenvolvido
e a superfície em questão, o tamanho das garras podem variar, aumentando a
garra haverá uma maior aderência, porém, a manobra do equipamento será
feita com maior dificuldade.

O tamanho da esteira depende do terreno, esteiras largas propiciam


uma diminuição de pressão sobre o solo, o que melhora a flutuação do
equipamento em locais que o solo possui baixa capacidade de sustentação.
Com a diminuição da esteira ocorre uma maior pressão sobre a superfície de
contato, podendo ocorrer afundamento do equipamento em solos de baixa
sustentação.

Por haver um maior contato entre esteira e terreno sua pressão


exercida ao solo é reduzida, o que permite esta máquina realizar trabalhos que
nenhum outro equipamento teria condições de conseguir.

Um ponto negativo a ser elencado pelo trator de esteira, é a sua baixa


velocidade de locomoção, < 10km/h, o que lhe torna inviável (por razões
financeiras) para realizar trabalhos que sejam necessários percorrer grandes
distancias, pois os tempos de ciclo ficariam muito grande, ocasionando perda
na produção (RICARDO e CATALANI, 2007).

2.3.2. Especificações do trator de esteira D11 Caterpillar

O trator de esteira D11 Caterpillar é o maior trator de esteira da linha


produzido pela Caterpillar (Figura 04), tomando como comparação a sua
própria linha antecessora o referido trator possui características bem superiores
o que, por conseguinte, aumenta consideravelmente o seu custo de aquisição.
24

Figura 04: Trator de esteira D11 Caterpillar.

O D11 é utilizado em operações que necessitem de bastante força para


serem realizadas, pois o mesmo possui um maior rendimento, portanto, sua
introdução em determinada atividade possui a finalidade de aumentar
produtividade do empreendimento, no Manual de Produção Caterpillar estão
presentes suas especificações técnicas (Tabela 02).
25

Tabela 02: Especificações do Trator D11 Caterpillar.

Fonte: Manual Produção Caterpillar (2006).


26

2.4. EQUIPAMENTOS QUE COMPÕE O TRATOR DE ESTEIRA D11


CATERPILLAR

2.4.1. Lâminas

A combinação da lâmina com o trator de esteira é um requisito


fundamental para que se possa maximizar a produtividade. Porém antes de
escolher a lâmina a ser utilizada, deve-se realizar um estudo para saber onde o
equipamento realizará os trabalhos durante a maior parte de sua vida útil e, por
conseguinte, levar em consideração o material a ser movimentado e limitações
do equipamento, a Figura 06 ilustra um trator de esteira acoplado com lâmina.

Figura 06: Trator de esteira acoplado com lâmina.


Fonte: Manual de Produção Caterpillar (2006).
27

Segundo o Manual de Produção Caterpillar (2006), a lâmina buldôzer


tem a possibilidade de trabalhar na maioria dos materiais, porém, a
produtividade da lâmina buldôzer pode variar de acordo com as características
do material, tais como:

 Vazios - escassez ou inexistência de vazios significa que as partículas


individuais têm a maior parte ou toda a sua superfície em contato com
outras partículas.
 Teor de umidade - na maioria dos materiais, a falta de umidade reforça
a liga entre as partículas e torna o material difícil de ser removido do seu
estado natural.
 Tamanho e Forma das Partículas - quanto maiores as partículas
individuais, mais difícil é a penetração da borda cortante.

Já no que diz respeito às limitações do trator o Manual Caterpillar


(2006) deixa claro que o peso e potência do equipamento são fatores que
devem ser levados em consideração, pois nenhum trator pode realizar empuxo
acima de seu próprio peso e nem potência superior ao que seu trem de força
pode suportar.
De acordo com as necessidades de utilização existem hoje no mercado
vários modelos de lâminas disponíveis para os mais variados tipos de trabalhos
a serem realizados. A própria Caterpillar fabrica vários modelos de lâmina,
como é o caso das lâminas: R - Reta, U - Universal, SU - Semi-Universal, A -
Angulável, FS - de Espalhar, LFS - de Espalhar Aterro, P - Lâmina hidráulica
angulável e inclinável, VP - Passo Variável, Abaixamento, Hidraulicamente
Angulável e Inclinável (VPAT).
As lâminas utilizadas por modelos D11 Caterpillar disponibilizadas pela
própria empresa são U – Universal e a SU – Semi-Universal e CD – Carry
Doozer.

O modelo de lâmina U – Universal (Figura 07) apresenta grandes asas


laterais que incluem pelo menos um canto e uma seção de borda cortante, o
que a torna eficiente para realizar a movimentação de grandes cargas de
28

material a longas distâncias, como exemplo pode ser citado o amontoamento


de material e empilhamento para carregadeiras.

Figura 07: Lâmina U – Universal.


Fonte: Manual de Produção Caterpillar, 2006.

O modelo de lâmina SU – Semi-Universal tem maior capacidade


graças ao acréscimo de duas asas que proporcionam melhor capacidade de
retenção de carga e mantêm a capacidade da lâmina para penetrar e carregar
rapidamente materiais fortemente compactados, Figura 08, bem como
acomodar uma variedade de materiais quando o trator está sendo usado em
aplicações de produção.

Figura 08: Lâmina SU – Semi-Universal.


Fonte: Manual de Produção Caterpillar, 2006.
29

A lâmina CD – Carry Doozer (Figura 09), este tipo de lâmina é


disponível apenas para o trator de esteira D11 referida lâmina tem um formato
especial de ―caçamba‖ que permite o transporte material na lâmina, também
tem uma maior capacidade de reter materiais pegajosos.

Figura 09: Lâmina CD – Carry Doozer.


Fonte: Manual de Produção Caterpillar, 2006.

2.4.2. Ríperes ou escarificadores

O conceito de Ríperes (Figura 10) mostrado no Manual Caterpillar está


fundamentado em dois tipos de forças, ―Força de desagregação‖, que é dada
em Newton (e libras), que é a força máxima contínua gerada pelos cilindros de
levantamento medidos na ponta do ríper. ―Força de penetração‖, dada em
quilonewtons (e libras), é a força máxima contínua para baixo gerada pelos
cilindros de levantamento do ríper medidos em sua ponta.
30

Figura 10: Ríperes ou Escarificadores.


Fonte: Manual Prático de escavação (2007).

2.5. PRODUTIVIDADE DOS EQUIPAMENTOS

Dentre os fatores que podem influenciar a produtividade de


equipamentos podemos citar, seleção adequada dos fabricantes e de seus
representantes locais, correta execução do projeto na preparação das frentes
de lavra, aberturas das estradas, preparação dos depósitos de estéril, sistema
de drenagem eficiente, boa pavimentação. Depende ainda, de uma boa
administração da produção, ou seja, do planejamento de curto prazo, seleção e
treinamento dos operadores e pessoal da manutenção, qualidade do programa
de manutenção corretiva, manutenção das estradas e frentes de serviço, entre
outros fatores.
Quando se trata de produtividade de equipamentos deve haver uma
boa administração do planejamento de da gerência de curto prazo com a
finalidade de dimensionamento corretamente os equipamentos, pois o mau
dimensionamento dos mesmo pode representar uma parcela significativa nos
custos totais de uma mina.
Ao quando se analisa a produtividade de um sistema, é necessário
definir alguns termos fundamentais que são utilizados quando se trata de
produtividade de qualquer tipo de equipamento de mineração.
31

2.5.1. Tempo de ciclo

O tempo de ciclo de um equipamento é calculado pelo conjunto de


operações que este realiza em um determinado período de tempo, voltando
novamente a posição inicial e assim recomeçar o ciclo. O tempo de ciclo pode
ser medido a partir de um ponto qualquer onde a máquina está realizando
trabalho.

2.5.2. Tempo de ciclo mínimo

É definido como a somatória de todos os tempos elementares, são os


tempos que se mantêm constantes para um determinado tipo de equipamento,
que resulte no menor tempo de ciclo que determinada tarefa possa ser
executada.

2.5.3. Tempo de ciclo efetivo

São os tempos gastos realmente durante a execução de determinado


ciclo, levando em consideração os tempos de parada que ocorrem durante a
execução de vários ciclos.

2.5.4. Produção do equipamento

Para determinar o cálculo produção de um determinado equipamento


deve-se ter em mãos os tempos de ciclo, por conseguinte, dependerá das
velocidades desenvolvidas em qualquer parte do trajeto.
3. MATERIAIS E MÉTODOS
32

3.1. LOCALIZAÇÃO E ACESSO

O Complexo Minerador de Carajás incluindo as Minas de Ferro, Granito


e Manganês do Azul, que fica localizado na Floresta Nacional de Carajás, é um
dos principais focos da empresa de mineração VALE S/A.
Situada a uma altitude média de 650 metros acima do nível do mar e a
10 km a oeste do município de Parauapebas, no Estado do Pará. Em relação à
hidrografia esta região está inserida na bacia hidrográfica do Rio Itacaiúnas
(Figura 11).

Figura 11: Localização do Complexo Ferrífero de Carajás.

Fonte: FRASA, 2000.

Um dos meios de se chegara à região pode ser realizado pela rodovia


PA-150 que liga Belém, capital do Estado, ao município de Marabá, seguindo
pela PA-275 até o Núcleo Urbano de Carajás, em um percurso total de 770 km.
Existe a possibilidade de acesso ser realizado via aérea, em vôos diários que
33

saem da capital Belém com destino a Serra dos Carajás. Uma outra
possibilidade de acesso também, é a ferrovia (Figura 12) que liga a Mina de
Ferro ao Porto de Itaqui, localizado na cidade de São Luís do Maranhão, capital
do Estado. A Figura 13 nos dá a possibilidade de uma visão aérea das Minas
de Ferro em operação de Carajás.

Figura 12: Estrada de Ferro que liga Carajás ao Porto de Itaqui-MA.

Fonte: FRASA, 2000.


34

Figura 13: Localização das Minas de Ferro de Carajás.

Fonte: FRASA (2000).

3.2. ASPECTOS FISIOGRÁFICOS

A Serra dos Carajás encontra-se situada na Bacia do Rio Tocantins


(Figura 14), onde os principais rios da região são o Rio Itacaiunas e o Rio
Parauapebas, no Estado do Pará. Segundo Beisiegel (1973), a Serra dos
Carajás caracteriza-se por constituir o maior relevo montanhoso na região
compreendida entre os municípios de Marabá e São Félix do Xingu, sendo um
conjunto de cristais com topos quase planos, com orientação E-W e altitudes
na ordem de 300-400m.
35

Figura 14: Anuário Estatístico do Brasil.


Fonte: FIBGE, 1992.

O período de maior precipitação na região ocorre entre os meses de


novembro e maio, na estação conhecida como chuvosa onde ocorre cerca de
90% das precipitações. O clima é caracterizado como tropical quente e seco. A
maior parte da precipitação é drenada pelo Rio Itacaiunas, que desemboca na
margem esquerda do rio Tocantins, em Marabá, sendo que seu principal
afluente é o Rio Parauapebas. A vegetação dessa área é bastante homogênea,
onde predomina a floresta aberta com encraves de floresta, cerrado e
secundariamente, a floresta nas áreas de maiores altitudes.
A região apresenta uma precipitação anual média de 1.842 mm e uma
precipitação média mensal de 16,5 mm, nos meses de julho a 339,4 mm, nos
meses de março, os quais são identificados como os meses mais quentes e
mais chuvosos, respectivamente. A pesquisa realizada sobre precipitação
durou entre os anos de 1982 à 1998 (Barbosa Neto, 2001). Os dados
referentes a evaporação apresentados por FRASA (2001) durante 10 anos de
pesquisa (1989 à 1998), mostram uma evaporação média anual de 1.184 mm e
uma evaporação média mensal mínima registrada nos meses de fevereiro e
março de 45 mm, diferente do mês de julho onde o valor médio é de 189 mm.
36

3.3. GEOLOGIA LOCAL

Rochas metavulcânicas máficas – Formações Parauapebas e Igarapé


Cigarra. Composta essencialmente de basaltos e diabásios e localmente
riolitos. Em geral apresentam-se muito alterados dando origem a espessos
pacotes de saprólitos, frequentemente recobertos por colúvios e/ou por canga
estrutural.
Formação Ferrífera - Formação Carajás.
A Formação Carajás compreende uma espessa camada de jaspilitos,
com intercalações de formações ferríferas dolomíticas, corpos de jaspes e
lentes de minério de ferro, cortada por diques e ―sills‖ de rochas básicas.
Jaspilitos - Os jaspilitos correspondem ao principal protominério dos
depósitos e são caracterizados por intercalação rítmica de bandas milimétricas
a centimétricas, escuras e claras de hematita e chert, respectivamente.
Formação Ferrífera Dolomítica - As formações ferríferas dolomíticas
ocorrem por volta do nível 640, gradando lateralmente para jaspilitos e minério
compacto. As formações dolomíticas são constituídas de bandas de dolomitos
cinza claros com quartzo/chert ou chert avermelhado intercalado a bandas de
óxido de ferro de tonalidade cinza escuro.
Minério de Alto teor - Os corpos de minério rico, friáveis e pulverulentos
(Hematita Mole - HM), ocorrem de forma descontínua e tabular, possuem
lentes de hematita compacta (Hematita Dura - HD) intercaladas e compõem os
depósitos das formações ferríferas bandadas do distrito de Carajás.
Minério Compacto - Corpos de minério compacto de alto teor >67% de
Fe estão preferencialmente localizados próximos ao contato com a
vulcânica/subvulcânica inferior da formação Parauapebas e normalmente
apresentam auréolas de alteração hidrotermal nas rochas encaixantes. O
minério compacto apresenta-se concordante com o acamamento.
Minério Friável - O minério friável ocorre principalmente de duas
formas, minério pulverulento com a estrutura original totalmente destruída e
minério placóide composto de finas placas milimétricas, intercaladas com
material pulverulento. Ambos os materiais ocorrem em todos os depósitos com
predominância local de um ou outro tipo.
37

Lentes de minério pulverulento manganesífero podem ser observadas


em todos os depósitos à exceção de N5E. Essas lentes apresentam coloração
cinza-esverdeada, similar à ―borra de café‖, sem estruturas internas.
Filitos - Foram observados ao norte da área, no extremo norte do
depósito de N4, discretos pacotes de filitos. Estes apresentando composição
carbonática e coloração marrom-arroxeada.
Associados a estes filítos ocorrem veios de quartzo deformados, em
regime dúctil. Em planta, estes afloramentos representam uma zona de
transcorrência, limitando a norte a ocorrência de formações ferríferas.
Outro local onde aflora este litotipo é ao sul de N4E, marcando o
contato entre as rochas da Formação Carajás com as rochas metavulcânicas.
Canga - A canga ocorre capeando as ocorrências de formação
ferrífera. Destaca-se no relevo por ser responsável pela sustentação dos
platôs.
Na região pode-se separar dois tipos distintos de canga:
Canga de Minério – flanqueia os afloramentos de minério in situ, e é
formada por blocos de hematita cimentados por óxidos hidratados de ferro.
Possui teor de ferro mais alto que a canga estrutural e menor teor de alumina.
Canga Estrutural – cobre geralmente as rochas máficas (ferro-
magnesianas, rochas escuras) decompostas e não possui continuidade
estrutural com as rochas subjacentes. O cimento da canga é goethita com
estruturas coloformes e abundantes poros e cavidades. O teor de Fe é baixo,
sendo elevado o fósforo e alumina (DOCEGEO, 1998).
As diferentes litologias interferem na produtividade do corte, haja vista,
que quanto mais compacta a rocha se apresenta maior é a força utilizada na
desagregação do material, baixando assim a produtividade da máquina.
Teoricamente a Hematita Mole seria um material onde o equipamento
apresentaria uma maior produtividade, pelo fato de ser um material friável (de
fácil desagregação) de fácil desmonte em relação a canga estrutural, onde o
grau de cimentação deste material torna-o mais coeso e compacto, obrigando o
equipamento a realizar um maior esforço para a efetivação do corte.
38

3.4. ANÁLISE RELACIONADA PARA TRATOR D11 CATERPILLAR

Os dados obtidos para a realização do presente trabalho foram


coletados na Mina de Ferro de Carajás da empresa VALE S/A, mais
especificamente na Mina N5W. Foi realizado em um primeiro momento o
acompanhamento do trator de esteiras D11 Caterpillar, que teve como objetivo
a confecção do corte em uma rampa de acesso para a referida mina.
Alguns aspectos foram analisados, como: a litologia, tempo de trabalho
do equipamento, as cotas no processo antes e depois da rampa concluída
(para verificar o volume de material movimentado), a produtividade do trator,
utilização e outras situações decorrentes que só puderam ser observadas in
locu.

De acordo com demanda do projeto duas ferramentas de software para


analise e manipulação de dados foram utilizadas com o intuito de ser mais fiel
possível ao ocorrido em campo. Os software utilizados foram o Mine Sight 3D e
Microsoft Office Excel, além desses, o Sistema de Despacho de dados que foi
de fundamental importância para a obtenção de dados relacionados ao
equipamento.

Pôde-se então confeccionar planilhas de dados contendo data, hora,


local de trabalho, quantidade material desmontado (estéril ou minério),
equipamento utilizado, tempo de ciclo, cubagem do material e desenho do
terreno antes e depois do trabalho realizado, a Figura 15 ilustra de uma forma
bem simplificada a realização da abertura de uma rampa em corte e
enchimento.
39

Figura 15: Esquematização da rampa de corte e enchimento.

Com base nas análises realizadas sobre os dados obtidos, uma gama
de informações puderam ser observadas e utilizadas para que se pudesse dar
continuidade ao trabalho. Com os dados coletados em campo e a literatura
apurada sobre o assunto pode-se fazer uma análise mais rigorosa sobre a
produtividade do trator D11.
40

3.4.1. Desenvolvimento do corte na rampa do banco 670/640

A Figura 16, ilustra os projetos de rampas a serem implantados na


Mina N5W, mas vamos nos concentrar na rampa 670/640 que foi a rampa
escolhida para estudo, indicada pela seta.

Figura 16: Plano de abertura de rampas e acessos.

Fonte: Gerência de Infraestrutura, 2011.

A rampa a ser observada está localizada na Mina N5W no banco 670


da mina de Ferro de Carajás, a litologia local é canga estrutural desmontada,
densidade de 2,31t/m³. A primeira imagem mostra o projeto completo da rampa
(Figura 17).
41

Figura 17: Imagem da Rampa 670/640.

Fonte: Gerência de Infraestrutura, 2011.

A Figura 18, ilustra em azul a parte da rampa que já foi desmontada e


será realizado o corte do material e a parte em vermelho é a representação da
porção que deverá ocorre o enchimento da rampa, por se tratar de uma rampa
mista.
42

Figura 18: Imagem da Rampa 670/640, em azul a parte que será desmontada.

Fonte: Gerência de Infraestrutura, 2011.

O equipamento a ser utilizado para fazer o corte na rampa é trator de


esteira D11 da Caterpillar. Este tipo de equipamento possui um sistema de
GPS próprio que é útil no processo de desenvolvimento, pois usado
corretamente reduz a necessidade de retrabalho. Os dados presentes no GPS
do trator são enviados pela equipe da topografia, que é responsável pela
locação das cotas antes de depois do corte.

Os dados relacionados quanto ao nível de cota, foram pegos na


topografia. Com esses dados foi realizada a cubagem do material movimentado
com a finalidade de saber o volume do mesmo.

Os dados relacionados ao dia e hora de trabalho do equipamento


foram pegos no Despacho. O início dos trabalhos se deu no período chuvoso.
A operação de confecção de corte na rampa de estéril teve a duração de três
dias, com início na data 29/01/2011 às 18h48min e término no dia 31/01/2011
43

às 17h29min. Durante esses três dias de trabalho, o tempo em que o trator


estava apto realizando o processo de desenvolvimento da rampa foi de
aproximadamente 32 horas, na Tabela 03 estão data, tempo (marcado em
horas) e equipamento que realizou o trabalho.

Tabela 03: Tabelas de horas do trabalho realizado pelo D11.

D11 Data Hora de Hora de Tempo Tempo Total


Inicio Termino Trabalhado de
Desenvolvimento
2911 29/01/2011 18:48 00:51 06:03

2911 30/01/2011 01:00 04:19 03:19


2911 30/01/2011 17:41 20:59 03:18

2911 30/01/2011 21:20 00:02 02:42


2911 31/01/2011 00:40 02:44 02:04
2911 31/01/2011 02:59 06:12 03:13
2911 31/01/2011 07:09 09:55 02:46
2911 31/01/2011 10:09 11:55 01:46

2911 31/01/2011 11:15 15:00 03:45


2911 31/01/2011 15:20 15:48 00:28

2911 31/01/2011 15:48 17:29 02:41 32:05:00


44

Realização do corte da rampa 670/640 efetuado pelo trator de esteira


D11 Caterpillar, Figura 19.

Figura 19: Realização do corte.

O volume desmontado pelo trator em corte na rampa, considerando a


densidade da canga estrutural de 2,31t/m³ foi de aproximadamente 20.924 t. O
que representa uma produtividade de aproximadamente 654 t/h.
45

3.5. INVESTIGAÇÃO DO PROBLEMA

No decorrer do trabalho de abertura da rampa do banco 670/640, pode-


se observar dois tipos de manobras realizadas por diferentes operadores, que
por efeitos didáticos convencionou-se chamar de Manobra 01 e Manobra 02,
respectivamente. Foi verificado que para a Manobra 01, Figura 20, o
equipamento apresentam um menor tempo de ciclo, acarretando assim em um
melhor tempo de produtividade do trator de esteira D11 Caterpillar.
Neste tipo de manobra o trator realizou a operação de volta ao estado
inicial de ré, o que lhe permitiu diminuir o número de manobras, minimizando
assim o tempo de ciclo efetivo.

Figura 20: Manobra 01.

Já o trabalho realizado de acordo com a Manobra 02 apresentou um


maior tempo efetivo, esse aumento no tempo de ciclo se deu por uma maior
distância percorrida pelo trator de esteira, como ilustrado na Figura 21.
Neste tipo de manobra o operador realizou um número maior de
movimentos com o trator até voltar ao estado inicial, não utilizou a marcha ré
46

em momento algum da operação, o equipamento anda em direção à frente o


tempo todo.

Figura 21: Manobra 02.


47

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

De acordo com as observações recolhidas em campo e com os


resultados em mãos através dos métodos utilizados, pôde-se constatar um
aumento da produtividade referente ao tipo de Manobra 01.

Foram realizadas coletas de dados de 50 tempos de ciclo para ambas


as manobras, então podemos verificar em qual delas se obteria a maior
produtividade, a partir desses tempos, foi realizada a confecção de gráficos que
esboçam de maneira bem didática os resultados da análise de campo, a Figura
22 demonstra as operações de tempo de ciclo para a Manobra 01.

0:05:02

0:04:19

0:03:36
Minutos

0:02:53

0:02:10
Manobra 01

0:01:26

0:00:43

0:00:00
1 6 11 16 21 26 31 36 41 46
Número de ciclos

Figura 22: Tempos de Ciclos da Manobra 01.

A Figura 22 apresenta os tempos de ciclos realizados pela Manobra 02,


nele podemos observar um aumento nos tempos de ciclo se comparados com
a Manobra 01 (Figura 23).
48

00:07:12
00:06:29
00:05:46
00:05:02
Minutos

00:04:19
00:03:36
00:02:53 Manobra 02
00:02:10
00:01:26
00:00:43
00:00:00
1 6 11 16 21 26 31 36 41 46
Número de Ciclos

Figura 23: Tempos de Ciclos da Manobra 02.

Para ficar melhor evidenciado, na Figura 24 os tempos de manobra


foram colocados lado a lado para obtermos uma dimensão exata entre os dois
tempos de ciclo do trator de esteira D11.

0:07:12
0:06:29
0:05:46
0:05:02
0:04:19
0:03:36
Manobra 01
Minutos

0:02:53
Manobra 02
0:02:10
0:01:26
0:00:43
0:00:00
1 6 11 16 21 26 31 36 41 46
Número de Ciclos

Figura 24: Comparação entre os tempos de ciclos da Manobra 01 e


Manobra 02.
49

A Figura 25 ilustra o mesmo equipamento realizando o mesmo número


de tempos de ciclo, neste caso fica evidenciado que para os mesmo 50 ciclos o
tipo de Manobra 02 efetiva os movimentos em aproximadamente 3 horas,
apresentando um acréscimo de aproximadamente 50 minutos em relação ao
tipo de Manobra 01 que efetua os mesmo movimentos em 2 horas e 8minutos.

03:21:36

02:52:48

02:24:00

01:55:12
Horas

01:26:24 Manobra 02

00:57:36 Manobra 01

00:28:48

00:00:00
Distância de aproximadamente 53 m

Figura 25: Comparação entre o tempo total das manobras.

Com esses resultados em mãos seria bastante interessante a


realização de rampas de acesso com apenas uma das manobras de cada vez,
para se ter uma exata noção de quanto a Manobra 01 diminuiria o tempo total
de corte na confecção da rampa. Outra situação interessante para estudos
posteriores seria a realização deste trabalho para diferentes litologias.
50

5. CONCLUSÃO

Ficou evidenciado que o tipo de movimento nas manobras é um dos


fatores que interferem na produtividade do trator de esteira em corte de rampa
de acesso. Através das observações e análises realizadas em campo ficou
comprovado a falta de um procedimento padrão para a realização deste tipo de
operação.
Seria necessário também, realização de mais testes e monitoramentos,
pois como apresentado acima realizou-se o acompanhamento de apenas uma
abertura de rampa, e seria de grande valia o acompanhamento do processo em
diferentes litologias, afim de obter maior conhecimento para futuramente armar
um banco de dados sobre tal operação. Esta mesma análise poderia ser
realizada também, nas pilhas de disposição de estéril.
Por ser um trabalho de natureza empírica a troca de conhecimento com
os operadores dos equipamentos foi de fundamental importância para a
realização deste trabalho, e é com o treinamento e aprimoramento destes
colaboradores, que poderemos realizar a possível implantação deste trabalho
com segurança e primazia, com a finalidade de aumentar a produtividade das
frentes de lavra.
51

6. REFERÊNCIAS

BARBOSA NETO, R. R., LAZARIM, A. L., 2001. Introdução ao Modelamento


Geológico Conceito da Mina de Ferro N4WN. Carajás – Pa.

BEISIEGEL, V. de R.; BERNARDELLI, A.L.; DRUMOND, N,F.; RUFF, A. W.


and TREMAINE, J. W., 1973. Geologia e recursos minerais da Serra dos
Carajás. Revista Brasileira de Geociências, 3, 215-242.

CATTERPILLAR, INC. Manual de Escavação. 31ª Edição, 2000, Peorla, EUA.

DNPM. Anuário Mineral Brasileiro, Departamento Nacional da Produção


'Mineral. DNPM , Brasília, 2006 ( site:dnpm.gov.br).

CATERPILLAR 2006. Manual de Produção, edição 2006.

DOCEGEO. 1988. Revisão litoestratigráfica da Província Mineral de


Carajás. In: Congresso Brasileiro de Geologia, 35, Belém, Anexo aos anais,
11-54.

FRASA – 2000 – Modelización Hidrogeológica de la Mina N4E. Proyecto


Carajás. FRASA Ingenieros Consultores, S.L. Madri, Espanha. Relatório
Interno CVRD.

FRASA – 2001 – Modelización Hidrogeológica de la Mina N4E. Proyecto


Carajás. FRASA Ingenieros Consultores, S.L. Madri, Espanha. Relatório
Interno CVRD.

MENEZES, A. S. Construção de Acessos e Rampas em Minas a Céu


Aberto Estudo de Caso: Mineração Buritirama. Trabalho de Conclusão de
Curso (Graduação em Engenharia de Minas e Meio Ambiente) – Universidade
Federal do Pará, Campus de Marabá, Marabá, 2010.

RICARDO, H. S.; CATALANI, G. Manual Prático de Escvação:


Terraplanagem e Escavação de Rocha. 3ª Edição. São Paulo, SP: PINI. 2007

<http://www.brcactaceae.org/hidrografia.html> Acessado em: 15/11/2011.

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