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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

CAMPUS DE MARABÁ
FACULDADE DE ENGENHARIA DE MINAS E MEIO AMBIENTE

JHONATAN SANTOS MOURA

USO DE ÁGUA PARA ABATIMENTO DE PARTICULADOS EM SUSPENSÃO

MARABÁ
2011
JHONATAN SANTOS MOURA

USO DE ÁGUA PARA ABATIMENTO DE PARTICULADOS EM SUSPENSÃO

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Faculdade de
Engenharia de Minas e Meio Ambiente
da Universidade Federal do Pará – em
cumprimento às exigências para a
obtenção do grau de Bacharel em
Engenharia de Minas.
Orientador: Prof. M.Sc. Marinésio
Pinheiro de Lima.

MARABÁ 2011
JHONATAN SANTOS MOURA

USO DE ÁGUA PARA ABATIMENTO DE PARTICULADOS EM SUSPENSÃO

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Faculdade de Engenharia de
Minas e Meio Ambiente da Universidade
Federal do Pará – em cumprimento às
exigências para a obtenção do grau de
Bacharel em Engenharia de Minas.

Data de Aprovação: ________


Conceito: _
Banca Examinadora:

____________________________________________
Professor M.Sc. Marinésio Pinheiro de Lima - Orientador
Faculdade de Engenharia de Minas e Meio Ambiente
Universidade Federal do Pará

____________________________________________
Professor M.Sc. Fernando Kidelmar Dantas de Oliveira
Faculdade de Engenharia de Minas e Meio Ambiente
Universidade Federal do Pará

___________________________________________
Professor M.Sc. Alexandre José buril de Macedo
Faculdade de Engenharia de Minas e Meio Ambiente
Universidade Federal do Pará
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)

Biblioteca II da UFPA. CAMAR, Marabá, PA

Moura, Jhonatan Santos


Uso de água para abatimento de particulados em suspensão /
Jhonatan Santos Moura ; orientador, Marinésio Pinheiro de Lima. —
2011.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Universidade Federal do


Pará, Campus Universitário de Marabá, Faculdade de Engenharia de Minas e
Meio Ambiente, Marabá, 2011.

1. Controle de poeira - Minas e mineração - Carajás, Serra dos (PA). 2.


Água - Uso. 3. Minas e recursos minerais. 4. Mineração a céu aberto. I. Lima,
Marinésio Pinheiro de, orient. II. Título.

CDD: 22. ed.: 363.11098115


Por nós, minha companheira,
Anna Christina, muito
obrigado!!!
AGRADECIMENTOS

A Deus pelo pequeno toque no rodopiar da moeda, se não fosse esse belo acaso minha vida
seria diferente.
A minha família que me norteou em tempos difíceis, me ajudou e me manteve de luz acesa,
certos detalhes da história ficam guardados para sempre.
Ao meu orientador oficial, Marinésio e ao professor que muito me apoiou no início desta
empresa e acima de tudo teve paciência para ouvir minhas besteiras, Alexandre Buril.
A todos aqueles que me apoiaram em momentos decisivos, sinceros amigos, amigos sinceros,
carrego-os comigo por essa vida, pelo menos.
A minha noiva, por ter me cobrado tanto e por ter me agüentado tanto, Anna Christina,
desenvolveu e sofreu comigo durante todo esse trabalho.
“A vida vai vivendo a gente”
Jhonatan Moura

RESUMO

Utilizou-se dados de geração de poeira da mina de ferro Carajás, coletados na Mina de N4E,
no período de 05 de a 31 de julho. Está localizada no município de Paraupebas - PA, na
localidade de Carajás, a 860 km da capital, Belém, e a 789 km do Terminal Marítimo de
Ponta da Madeira. (-6° 3' 17.237"S, -50° 10' 22.667"W), leste do estado do Pará. Os dados
foram coletados ao longo de uma das rampas de inclinação de 15%, por um período mais
potencialmente gerador de poeiras. O objetivo deste trabalho foi analisar o sistema de
abatimento de particulados em suspensão utilizado na área da mina e propor como alternativa
a adaptação de um sistema de aspersão usado na agricultura. Os valores obtidos nas medidas
ao longo deste período serviram como base para o cálculo do número de caminhões pipas
necessários para promover um abatimento mais eficiente da poeira suspensa. Durante o
trafego mais intenso de caminhões fora-de-estrada, a necessidade de se aspergir água no
acesso foi duas vezes maior do que quando os caminhões não passavam com tanta freqüência.
Verificou-se que os períodos de maior necessidade de aspersão foram os de 16 às 18 horas,
visto que o calor absorvido pela terra durante a tarde estava sendo liberado no início da noite.

Palavras-chave: Aspersores móveis. Aspersores semi-fixos e fixos. Particulados em


suspensão.
ABSTRACT

Used data from the Carajas iron ore mine, N4E mine collected in the period of 05 to 31 July.
It is located in the city of Paraupebas - PA, in the town of Carajás, 860 km from the capital,
Belem, and 789 km from the ferry terminal of Ponta da Madeira. (-6° 3' 17.237"S, -50° 10'
22.667"W) east of the state of Para Data were collected along a ramp slope of 15% for a
potentially longer period of dust generator. The purpose of this study was to examine the
system of abatement of particulate matter used in the mine area and propose an alternative
adjustment of a sprinkler system of agriculture. The values obtained in measurements over
this period were the basis for calculating the number of trucks needed to promote barrels a
more efficient reduction of airborne dust. During the most intense traffic of trucks off the
road, the need to spray water access was two times higher than when the trucks were just as
often. It was found that the periods of greatest need were the sprinkling of 16 to 18 hours,
since the heat absorbed by the earth during the afternoon was being released in the early
evening.

Keywords: mobile sprinklers. Sprinklers semi-fixed and fixed. Particles in suspension.


SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 12
2. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ..................................................................................... 13
2.1. POR QUE APLICAR UM SISTEMA DE CONTROLE DE POEIRA ...................... 13
2.2. PNEUMOCONIOSES ................................................................................................ 14
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................... 18
3.1. POLUENTES ATMOSFÉRICOS .............................................................................. 18
3.1.1. CLASSIFICAÇÕES DE ACORDO COM O GRAU DE NOCIVIDADE ..... 20
3.2. SELEÇÃO DE UM SISTEMA DE CONTROLE DE POEIRA ................................ 22
3.3. USO DE ÁGUA PARA CONTROLE DE POEIRAS ............................................... 24
3.4. MODELOS MATEMÁTICOS .................................................................................. 27
3.5. FATORES QUE AFETAM AS SUPERFÍCIES UMIDIFICANTES ........................ 29
3.5.1. TAMANHO DA GOTA ................................................................................ 29
3.5.2. VELOCIDADE DE IMPACTO ..................................................................... 29
3.6. TIPOS DE SISTEMAS DE SUPRESSÃO DE POEIRAS POR UMIDIFICAÇÃO . 30
4. MINA DE FERRO DE CARAJÁS ................................................................................ 34
4.1. LAVRA DA MINA DE FERRO CARAJÁS ............................................................. 34
4.2. BENEFICIAMENTO ................................................................................................. 34
4.2.1. BRITAGEM PRIMÁRIA – FIXA E SEMIMÓVEL ....................................... 34
4.2.2. BRITAGEM SECUNDÁRIA .......................................................................... 35
4.2.3. BRITAGEM TERCIÁRIA .............................................................................. 35
4.2.4. INSTALAÇÕES DE PENEIRAMENTO E MOAGEM ................................. 36
4.3. CLIMA DA REGIÃO ................................................................................................ 38
4.4. ÉPOCA DAS MEDIÇÕES ........................................................................................ 39
4.5. INSTRUMENTAÇÃO .............................................................................................. 39
4.6. LOCALIZAÇÃO E ESCOLHA DO ACESSO ......................................................... 39
4.7. RESULTADOS ......................................................................................................... 42
5. DISCUSSÕES ................................................................................................................. 47
6. CONCLUSÕES E SUGESTÕES .................................................................................... 49
REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 50
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 01 - Aumento da concentração humana mundial relacionada ao aumento da emissão


de particulados na atmosfera por veículos automotivos (exceto triciclos e motos) ................ 20
FIGURA 02 - Efeito no ângulo de contato de uma gota de água com surfactante ................ 24
FIGURA 03 - Gota de água colidindo com particulados em suspensão ................................. 27
FIGURA 04 - Provincia mineral de Carajás, Mapa geológico simplificado ............................ 32
FIGURA 05 - Projeto Grande Carajás, Principais minerais e desenvolvimento minero-
metalúrgico ............................................................................................................................. 33
FIGURA 06 - Fluxograma do beneficiamento de Carajás ..................................................... 37
FIGURA 07 – Vista aérea das minas de Carajás .................................................................... 40
FIGURA 08 - Local das medições, “rampa do sabão” ........................................................... 40
FIGURA 09 - Foto aérea da mina de N4E ............................................................................. 41
FIGURA 10 - Superfície em 3D importada do software Gens da GEMCOM ....................... 41
LISTA DE TABELAS

TABELA 01 - Classificação das poeiras de acordo com os danos ao organismo ........................ 21


TABELA 02 - Eficiência de um caminhão pipa P 420 8x4 ................................................................. 42
TABELA 03 - Necessidade de abatimento de poeira ..................................................................... 43
TABELA 04 - Necessidade de Frota baseada nos resultados das medidas em campo ......................... 43
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

(em ordem alfabética)


ACGIH - American Conference of Governametal Industrial Higienists (Conferência
Americana Higienista Industrial Governamental)
BC – Britador cônico
BG – Britador giratório
Conama – Conselho nacional de meio ambiente
DMT – Distância média de transporte
EE – Chute móvel
EFC – Estrada de ferro Carajás
GV – Grelha vibratória
MP – Material particulado
PV – Peneira vibratória
PVC – Poli cloreto de vinil
ROM – Run of Mine
TLV - Threshold Limit Value (valores limites entrada)
UFPA - Universidade Federal do Pará
ZCIT - Zona de Convergência Intertropical
LISTA DE SÍMBOLOS

(em ordem alfabética)


µm - micrometro
cm - centímetro
E0 - total de partículas coletadas pelo spray
g - gravidade
L - característico a altura para o total processo de captura
mm - milímetro
Ƞ - captura eficiente
Q - fluxo de volume
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1. INTRODUÇÃO

Com o aumento do consumo de bens materiais e tecnológicos, tornou-se


absolutamente necessário o aumento gradativo da extração e beneficiamento de diversos tipos
de minerais em todos os cantos do globo terrestre. Sabe-se,que ao movimentar massas de
material da crosta, reduzir o seu tamanho ou extraí-los com explosivos gera-se quantidades
significativas de material particulado, que ficam em suspensão no ar.
As máquinas utilizadas na extração, às comunidades do entorno do empreendimento
mineral e principalmente o trabalhador, está exposto a tais partículas suspensas que
dependendo de sua composição, pode causar desde simples danos à saúde e ao ambiente,
como também podem ser letais a diversas espécies de plantas e altamente danosos a saúde
humana.
Em empreendimentos como a mina de ferro de Carajás, localizada no município de
Parauapebas no Pará, há a necessidade de controlar a quantidade de poeira que ficará em
suspensão no ar, tal controle se dá através da aplicação de água diretamente sobre o solo,
umidificando as partículas de modo que não possam ficar suspensas e, por conseguinte, serem
inaladas.
Apesar de simples, aplicar água sobre o solo sem um estudo da freqüência em que a
mesma deve ser aplicada acaba por tornar o sistema de abatimento de poeira ineficiente, como
é o caso da mina de ferro Carajás, que não teve sua frota de caminhões-pipa redimensionada,
para atender ao constante aumento na produção e conseqüentemente na geração de poeira.
Depois do levantamento de alguns tempos em intervalos definidos de um dia,
pudemos dimensionar uma frota de caminhões, que seria capaz de promover o abatimento de
particulados em suspensão. Foi proposto também a adaptação de um sistema de aspersão
usado na agricultura para a mina, devido a facilidade de controle dos horários em que a água
seria aspergida no acesso e a intensidade de tal aspersão.
13

2. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

2.1 POR QUE APLICAR UM SISTEMA DE CONTROLE DE POEIRAS

Apesar de indesejável é inevitável o processo de geração de particulados em muitas


operações mineiras, influenciando notadamente o ambiente de trabalho é indesejável. A
emissão excessiva de poeiras pode ocasionar diversos perigos industriais, mostrados a seguir:

 Perigos para a saúde


 Risco de explosões de poeira e fogo
 Danos aos equipamentos
 Visibilidade prejudicada
 Odores desagradáveis
 Problemas no relacionamento com a comunidade

As partículas dispersas na atmosfera variam consideravelmente em tamanho


(inaláveis: < 10 µm e respiráveis: < 2,5 µm) morfologia, composição química e propriedades
físicas. Em situações normais, o aparelho respiratório intercepta a maioria das partículas
inaladas; entretanto, a capacidade de defesa e restauração possui um limite, de modo que,
durante a exposição excessiva, na qual causa efeitos adversos no interior do aparelho
respiratório.

Segundo Junior (2002, apud BRASIL MINERAL, edição especial Nº 262, 2007) As
fibra minerais causam contaminação critica no aparelho respiratório, pode-se destacas as
fibras de asbesto com comprimento e diâmetro de seção inferiores a 250 um e 3 µm. Estes
poluentes compõem matérias como caixas d’água, isolantes térmicos e elétricos, roupas à
prova de fogo, pastilhas de freio, entre outros.

A inalação de partículas estimula um aumento na produção de muco para auxiliar o


trabalho de condução dos cílios ali existentes na remoção das partículas. A estimulação
prolongada das células e glândulas de secreção do muco pode induzir hipertrofia destas
estruturas. No caso da respiração de partículas, ocorre ativação de um mecanismo de defesa
que utiliza células (macrófagos) para destruir o material estranho. Se este for toxico, prova
uma redução drástica na vida útil destas células. Ainda, estudos tem demonstrado uma
14

elevação nos indicadores de inflamação dos pulmões devido à deposição de partículas nos
alvéolos pulmonares que estimulam o recrutamento e acumulo dos macrófagos (células de
defesa), nesta área, provocando reações no tecido pulmonar (DE CAPITANI, E. M. et al.,
1996).

Além disso, as células do pulmão possuem elevada tava de reposição ou renovação,


de modo que as células com a superfície parcialmente danificada são rapidamente substituídas
por células novas e, conseqüentemente, propiciam uma rápida regeneração das células do
pulmão que ocasiona maior vulnerabilidade às alterações carcinogênicas pela presença de
poeira (DE CAPITANI, E. M. et al., 1996).

De acordo com SENGUPTA, M. (1900), a maior preocupação é o perigo que tal


geração descontrolada oferece a saúde do trabalhador exposto a esse ambiente. Para avaliar a
gravidade da ameaça a saúde no local de trabalho, a Conferência Americana Higienista
Industrial Governamental (ACGIH) aprovou uma série de normas, vulgarmente conhecidas
como valores limites de máximo de exposição a poeiras (TLV - Threshold Limit Value). Estes
valores são usados como concentração ponderada a que quase todos os trabalhadores podem
ser expostos, em uma jornada de trabalho de 8 horas por dia, durante um longo período de
tempo sem efeitos adversos.
15

2.2 PNEUMOCONIOSES

Com o desenvolvimento técnico científico, o homem tem expandido as


possibilidades de exploração mineral, aumentando a utilização e aproveitamento dos recursos
minerais. Em contra partida, temos o aumento de exposição a uma diversidade nova de tipos
de particulados de diversas origens, que podem ser desde puramente irritantes até mesmo a
altamente tóxicas.

Como era de se esperar, o pulmão por ter contato direto com o ar, é o órgão que mais
sofre no campo das patologias ocupacionais. Tais doenças podem se manifestar diretamente
com lesões broncopulmonares ou através de hipersensibilidade.

Por muito tempo, na história da humanidade, as patologias que afetavam os pulmões


eram as doenças infecto-contagiosas, destacando-se a turbeculose, enquanto que a silicose só
era atribuída a patologias ocupacionais. As demais enfermidades acabaram por ficar em
segundo plano devido à raridade ou falta de informações no diagnóstico.

Com o desenvolvimento das leis trabalhistas, houve a necessidade de desenvolver se


mais as técnicas de diagnósticos, a fim de que se houvesse um maior conhecimento do agente
causador e dos tipos de pneumopatias. A medicina do trabalho então passa a se desenvolver e
buscar mais a prevenção, pois o homem passou a ser o fator mais importante no diferencial
entre as empresas do nosso século.

O termo pneumoconiose foi proposto por Zenker em 1986 (EZENWA, A.O, 1992).
Em 1987, tal doença foi definida como doença de mineiros.

As pneumoconioses são causadas pela ação de partículas de poeiras inaladas ao


longo de anos. São geralmente de natureza profissional ou ocupacional, tem alto índice de
morbidade, de invalidez e de mortalidade operária no período de vida de maior produtividade.

Entende-se por poeiras, partículas, sólidas, em geral com diâmetros maiores que 1µm
resultantes da desintegração mecânica de substâncias orgânicas e inorgânicas seja pelo
16

simples manuseio, ou em conseqüência de operações de trituração, moagem, peneiramento,


broqueamento, polimento, detonação e etc.

A exposição ocupacional a poeiras pode provocar efeitos indesejáveis sobre o


organismo, particularmente sobre o aparelho respiratório. A qualidade e magnitude de tais
efeitos dependem de fatores ligados ao agente (tamanho e forma da partícula, concentração do
agente nocivo e etc.), de fatores ligados ao hospedeiro (idade, doenças preexistentes,
suscetibilidade individual, hábitos, vícios, etc.) e de fatores ligados ao meio ambiente (ramo
de atividade profissional, tipo de operação industrial, etc.) (BRASIL MINERAL, edição
especial Nº 262, 2002).

A deposição de poeiras inaladas nas vias aéreas "centrais" (vias altas, traquéia,
brônquios principais, brônquios segmentares, bronquíolos e bronquíolos terminais) podem
induzir a uma ou mais das seguintes reações do organismo:

 Constrição brônquica imunologicamente mediada: corresponde a asma


ocupacional.
 Constrição brônquica, farmacologicamente induzida, exemplo bissinose.
 Irritação aguda seguida de broncoconstrição reflexa, exemplo: alguns gases,
vapores e fumos irritantes.
 Resposta não específica à poeira (bronquite crônica): bronquite ocupacional.

A deposição de poeiras inaladas nas vias aéreas "distais", ou na zona respiratória,


propriamente dita (bronquíolos respiratórios, condutos alveolares, sacos alveolares e,
especialmente alvéolos), podem induzir a reações teciduais crônicas, o que caracteriza as
pneumoconioses (pneumo = pulmão; conion = pó).

De acordo com o "Grupo de Trabalho sobre Definição de Pneumoconioses", estas


são literalmente definidas como "o acúmulo de poeira nos pulmões e as reações do tecido pela
presença desta poeira" (EZENWA, A.O, 1992).

Do ponto de vista anátomo-patológico, as pneumoconioses podem ser classificadas


em formas "colágenas" e "não-colágenas". Pneumoconioses não-colágenas são devidas a
poeira não fibrogênicas e têm as seguintes características:

a. A estrutura alveolar permanece intacta.


17

b. A reação de estroma pulmonar é mínima e consiste principalmente em fibras de


reticulina.
c. À reação à poeira é potencialmente reversível.

São exemplos de pneumoconioses não-colágenas as causadas pela poeira de óxido de


ferro (siderose), óxido de estanho (estanhose) e as silicatoses (talco, mica, cimento, caulim,
feldspato, lã de vidro, etc.)

Pneumoconioses colágenas caracterizam-se por alteração permanente ou destruição


da estrutura alveolar, reação colágena do estroma pulmonar, que vai desde um grau médio até
o grau máximo e estado cicatricial do pulmão.

Tais pneumoconioses, podem ser devidas, a poeiras fibrogênicas ou a uma resposta


tecidual alterada, a uma poeira não-fibrogênica. Exemplos de pneumoconioses colágenas
causadas por poeira fibrogênica são a silicose e a asbestose, enquanto a pneumoconiose dos
trabalhadores do carvão, em sua forma complicada (fibrose maciça progressiva) é um
exemplo de uma resposta tecidual alterada a uma poeira relativamente carente de poder
fibrogênico.

Na prática é difícil distinguir entre pneumoconioses colágenas e não-colágenas. A


exposição prolongada ao mesmo tipo de poeira (ex: poeira de carvão) pode acabar
provocando a passagem da forma não colágena para a colágena. Ademais, a exposição a um
só tipo de poeira é cada vez mais rara, enquanto a exposição a poeiras mistas, tendo diferentes
graus de potencial fibrogênico, pode resultar em pneumoconiose que varia entre a forma não
colágena e colágena.

As pnemoconioses podem ser separadas também de acordo com a origem das


poeiras, sendo freqüentemente utilizada à separação da pneumoconiose causada por poeiras
minerais ou inorgânicas das causadas por poeiras orgânicas, quase sempre vegetais. Entre as
inorgânicas, destacam-se as causadas por sílica livre (SiO2, silicose); ás poeiras de asbesto
(asbestose); às poeiras de carvão (pneumoconiose dos trabalhadores de carvão); as causadas
pela exposição a poeiras metálicas e as causadas pela exposição a solicitas (silicatoses); talco,
mica, caulim, feldspato, cimento, terras diatomáceas e etc.

As chamadas "pneumoconioses orgânicas ", causadas por poeiras vegetais, são na


verdade muito mais alveolites alérgicas ou pneumonias e outras respostas imunologicas e
18

mesmo , provavelmente, farmacológicas. Tal grupo de pneumoconioses não são objeto de


estudo deste trabalho.

Também podemos classificar as pneumoconioses quanto à sua evolução clinica em


malignas e benignas.

As pneumoconioses malignas caracterizam-se por fibrose pulmonar generalizada


progressivamente acompanhada de sintomatologia clínica, de queda na capacidade de
trabalho, tosse, perda de peso, diminuição de amplitude dos movimentos torácicos, dispnéia,
inicialmente aos esforços, e imagens radiológicas características, de prognóstico grave pela
irreversibilidade do processo que continua a evoluir, levando o paciente à invalidez e à morte,
mesmo afastado do ambiente de poluição.

As pneumoconioses benignas são pneumopatias cuja fibrose, se presente, não tem


caráter proliferativo, aspecto radiológico incaracterístico, podendo ocorrer remissão total dos
sintomas clínicos (bronquite, asma, rinite, etc.) com a cessação da exposição à substância
agressora.

Outro importante tipo de pneumoconiose é a siderose, que é causada por que durante
os procedimentos de corte de ferro com solda elétrica e de óxido de acetileno são emitidos
vapores de óxido ferroso que são oxidados a óxido férrico. A inalação prolongada destes
fumos provoca alterações radiológicas pela deposição dos mesmos no pulmão. É freqüente a
associação com silicose pela exposição mista. A histopatologia não mostra fibrose nas formas
puras.

Na sua forma pura, não provoca alterações funcionais respiratórias. Têm sido
descritas formas mistas associadas à poeira de sílica (silicosiderose).

O diagnóstico baseia-se na história ocupacional e nos achados radiológicos. Na


radiografia de tórax, à semelhança da silicose, observa-se a presença de opacidades regulares
tipo p, q ou r (segundo a Classificação Internacional de Radiografias de Pneumoconiose sda
OIT, de 1980). Na siderose, apresentam-se mais densas e mais circunscritas do que na
silicose. Tendem a distribuir-se por todo o pulmão, sem predileção pelos lobos superiores. A
função pulmonar é normal nas formas puras (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001).
19

3. FUDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 POLUENTES ATMOSFÉRICOS

Nos últimos séculos o aumento e a concentração da população humana mundial nas


grandes metrópoles (Figura 01) têm gerado efeitos positivos, como o progresso econômico e
tecnológico. Entretanto, esses benefícios provocaram uma série de conseqüências ambientais
desfavoráveis, que resultou na contaminação do ar por uma variedade de poluentes,
originados de fontes estacionárias e móveis, principalmente a partir da queima de
combustíveis fósseis (BRASIL MINERAL, edição especial Nº 262, 2002). Freedman (1995)
define poluente atmosférico como qualquer substância adicionada à atmosfera em
concentrações suficientemente altas para causar efeitos mensuráveis nos seres vivos e em
materiais. Essa definição também está de acordo com a Resolução Conama n°3, de
28/06/1990 (Conama 1990), que considera poluente atmosférico qualquer forma de matéria
ou energia com intensidade e em quantidade, concentração, tempo ou características em
desacordo com os níveis estabelecidos e que tornem ou possam tornar o ar impróprio, nocivo
ou ofensivo à saúde, inconveniente ao bem-estar público, danoso aos materiais, à fauna e à
flora ou prejudicial à segurança, ao uso e gozo da propriedade e às atividades normais da
comunidade (BRASIL MINERAL, edição especial Nº 262, 2002).
20

Figura 01 - Aumento da concentração humana mundial relacionada ao aumento da emissão


de particulados na atmosfera por veículos automotivos (exceto triciclos e motos).
Fonte: (BRASIL MINERAL, edição especial Nº 262, 2002).

Dentre os principais poluentes atmosféricos pode-se destacar o material particulado


(MP), o qual é constituído por poeira, neblina, aerossóis, fuligem e todo o tipo de partículas
sólidas ou líquidas emitidas por diversas fontes de geração de dispersões (urbanas, industriais
ou in situ na atmosfera). Estas partículas podem ser provenientes de fontes naturais ou
antropogênicas, podendo ser emitidas diretamente por essas fontes (partículas primárias), bem
como serem formadas na atmosfera a partir da interação de compostos pré-existentes
(partículas secundárias) (BRASIL MINERAL, edição especial Nº 262, 2007).

As inúmeras atividades da exploração e processamento mineral produzem grandes


quantidades de partículas finas, as quais podem ocasionar diversos impactos ambientais
(BRASIL MINERAL, edição especial Nº 262, 2007) como;

 Redução da visibilidade;
 Desequilíbrios estéticos sobre casas, automóveis e roupas;
 Descoloração e erosão de edifícios;
 Corrosão de metais;
 Danos a equipamentos;
 Impactos na qualidade das águas e na vida aquática;
 Contaminação de análises laboratoriais (presença de contaminantes aéreos);
21

 Impactos negativos sobre o desenvolvimento turístico e, principalmente,


danos à saúde humana (operadores e população) ocasionados por
enfermidades respiratórias, alergias, erupções bucais, reações tóxicas entre
outros.

As poeiras são classificadas em três classes, de acordo com o seu tamanho (também
conhecido como diâmetro aerodinâmico);

1. Partículas maiores que 10µm, tem tendência para assentar no solo por efeito
da gravidade em somente algumas horas.
2. Partículas entre 0,1 e 10µm, que alcançam no ar velocidades constantes que
podem ser calculadas por a lei de Stokes (a velocidade uniforme dependerá
do tamanho da partícula e de sua densidade, velocidade do meio e aceleração
da gravidade) podem manter-se na atmosfera durante várias semanas e são
sobretudo removidas por intermédio da precipitação (chuva, granizo e neve).
3. Partículas entre 0,01 e 0,1µm, ficam em suspensão no ar no estado coloidal.

Nuvens de poeira compostas por partículas de 5µm de diâmetro não podem ser vistas
a olho nu. Somente podem ser vistas quando iluminadas, em geral pela luz do sol.

3.1.1 Classificação de acordo com o grau de nocividade das poeiras

As poeiras podem ser classificadas de acordo com os danos ao corpo humano. A lista
a seguir exibe uma classificação das poeiras de acordo com os danos ao organismo em ordem
decrescente de gravidade (SENGUPTA, M., 1900).
22

Tabela 01 – Classificação das poeiras de acordo com os tipos de danos ao organismo

Poeiras fibrogênicas (causa danos ao sistema respiratório)

Sílica

Silicatos (talcos, asbestos, mica)

Minério de berílio

Fumaças de metais

Minério de estanho

Minério de ferro

Carvão mineral

Poeiras cancerígenas (causam câncer)

Asbestos

Arsênico

Poeiras tóxicas (envenenam o organismo humano)

Arsênico

Urânio

Níquel

Tungstênio

Prata

Poeiras radioativas

Minério de Urânio

Minério de Tório
23

Continuação da Tabela 01

Poeiras incomodas (causa efeitos adversos)

Calcário

Gipsita

Caulim

Muitos tipos de poeiras, presentes em excesso no ar e inaladas por um longo período


podem causar danos fisiológicos. Fatores que determinam a gravidade destes danos é
principalmente a composição dessas poeiras, o tamanho das partículas, concentração no ar da
mina, tempo de exposição, e suscetibilidade por parte do individuo exposto.

3.2 SELEÇÃO DE UM SISTEMA DE CONTROLE DE POEIRA

Segundo Vinit Mody et. al (1987, apud V., JAKHETE, R. 1988), a seleção de um
sistema de controle de poeira é normalmente feita com base na qualidade do ar desejada e
regulamentos existentes. Sistemas de coleta de poeira podem fornecer o controle seguro e
eficiente por um longo período, no entanto, os custos de capital e operacionais são elevados.
Supressão de poeira por umidificação e sistemas de captura de poeira no ar, são relativamente
menos eficientes, mas são menos onerosos para instalar e operar, contudo requerem cuidadosa
seleção e planejamento para serem mais eficazes.

As instalações ou localidades que necessitam de um sistema de controle de poeira


devem ser pesquisadas em detalhe antes de um sistema de controle de poeira ser selecionado.
Deve-se voltar os estudos aos locais de maior geração de poeira estudando dessa forma as
condições de funcionamento, as características dos equipamentos de processamento,
24

problemas associados à poeira, e de toxicidade do pó. A seguir temos uma lista de


informações que que devem ser levantadas:

 O diagrama de processo da instalação, indicando itens como o tipo de material


que está sendo tratado, as taxas de fluxo de material e o tipo de equipamento.
 Principais pontos de emissão de poeira e as condições que ocorrem nesses
pontos durante as operações normais.
 Desempenho desejado do sistema.
 Desenhos indicando disposição de equipamento.
 Tempo de retenção do material em depósitos ou estoques.
 Disponibilidade de utilidades elétricas e outros.
 Áreas que requerem proteção contra congelamento.

Os sistemas de supressão de poeira por umidificação tem por objetivo afetar o


sistema inteiro gerador de poeira, para que o mesmo gere menos poeira. Isso também evita
que a poeira venha a se dispersar no ar. Uma umidificação ótima pode ser alcançado por;

 Ângulo de contato de uma gota de água


 Espalhamento estático - O material é molhado quando está parado. O ângulo de
diâmetro e de contato de gotículas de água são fatores importantes na propagação de estática.

A cobertura da superfície pode ser aumentada através da redução do diâmetro da


gota ou do seu ângulo de contato.

 Espalhamento Dinâmico - O material é molhado durante o movimento.

A tensão superficial do líquido, o diâmetro das gotas, o tamanho do material, e a


velocidade de impacto de gotas são variáveis importantes na dinâmica de sua propagação,
figura 02.
25

Figura 02. Efeito no ângulo de contato de uma gota de água com surfactante

Fonte: SENGUPTA, M., (1900)

A cobertura da superfície pode ser aumentado tanto por reduzir a tensão superficial
ou aumentando a velocidade de impacto. Um desses métodos de propagação de água pode ser
enfatizado em detrimento do outro, dependendo das necessidades do sistema. Por exemplo,
tanto o espalhamento estático quanto o dinâmico de uma gota pode ser aumentado através da
redução da tensão superficial e diminuindo o diâmetro das gotas. No entanto, a velocidade de
impacto de gotas menores diminui mais rapidamente devido o atrito com o ar o que por sua
vez, reduz a propagação dinâmica. Uma gota de diâmetro ideal para a cobertura máxima
material de superfície deve ser determinada.

3.3 USO DE ÁGUA PARA O CONTROLE DE POEIRAS

Por muitos anos a água tem sido usada na mineração para molhar a poeira e para
juntar os sedimentos em dispersão no ar, para evitar que a mesma fique em suspensão e possa
ser respirada. A água é ainda usada para imobilizar a poeira e prevenir a existência de nuvens
26

de poeira e para coletar a poeira dispersa. O uso da água para redução e eliminação da geração
de poeira começou a ser feito com a infusão de água dentro dos furos através de vazios nas
brocas de perfuração e por spray de água na detonação ou durante o carregamento e
transporte, que são as atividades unitárias que mais geram poeira na mineração.

De acordo com Vinit Mody et. al (1987, apud V., JAKHETE, R. 1988),ET. AL
(1987), para reduzir a tendência de a poeira ficar dispersa no ar, a baixa força coesiva das
partículas que compõem a poeira devem ser aumentadas substancialmente. O melhor efeito
pode ser esperado quando os vazios entre cada partícula é ocupada com água, por causa das
forças de capilaridade desenvolvidas, as partículas se manterão firmemente unidas. Contudo
estas forças desaparecem quando temos água em demasia. A superfície de tensão da água
presente não dura muito tempo para ligar as partículas firmemente. Lama é formada e
embaixo a poeira ainda está presente, com uma alta velocidade do ar, a água pode ser
atomizada e a poeira novamente dispersa no ar. O volume de água necessário para obter um
efeito ótimo depende da distribuição granulométrica e do tipo de poeira, além de também ser
levado em consideração as propriedades da água. Os efeitos da água podem ser aumentados
pelo uso de agentes umidificadores.

A captura eficiente de gotas d’água para a sedimentação de partículas de poeira nas


correntes de ar é uma função das velocidades relativas entre as gotas de água e as partículas
de poeira, é a razão entre o diâmetro da poeira e das partículas de água. Para partículas de
poeira, com diâmetro médio entre 1 e 5µm, as gotas de água devem ter um tamanho entre 0,05
à 3mm. A captura eficiente é reduzida consideravelmente com a redução do tamanho das
partículas de poeira e das gotas. Partículas muito finas de água, no tamanho limite das
neblinas tem dificilmente algum efeito na sedimentação de partículas de poeira, por que a
coagulação de pequenas partículas dificilmente contribuem para um aumento da eficiência,
pois no geral o número gotas de água em relação aos de partículas de poeira é por vezes
baixo e o tempo disponível da água no ar é muito curto.

Vinit Mody et. al (1987, apud V., JAKHETE, R. 1988),afirma que, a baixa
velocidade relativa entre as gotas d’água e as partículas de poeira contribuem para o baixo
grau de eficiência dos sprays, pois se a água estiver em partículas muito pequenas, logo a
resistência do ar será maior e a sua velocidade será reduzida. Em ordem, para se otimizar o
uso dos sprays de água, deve-se;
27

 Aumentar a velocidade relativa entre as gotas d’água e as partículas de


poeira (utilizando um compressor de a por exemplo).
 Aumentar a velocidade de queda das gotas de água (usando um
separador centrifugo por exemplo).

Nuvens de poeiras com altas concentrações de partículas finas poderiam ser retiradas
através de um sistema de exaustão em minas subterrâneas.

3.4 MODELOS MATEMÁTICOS

Um spray de gotas de água colide com partículas de poeira, como mostrado na


Figura 03;

Figura 03 – Gota de água colidindo com particulados em suspensão

Fonte: (SENGUPTA, M., 1900)

As gotas aglomeram partículas para o fluxo ou as mesmas são coletadas por outro
processo. Para descarga de partículas maiores que 0,5µm de diâmetro, a inércia do impacto é
considerada como o maior mecanismo coletor. O total de partículas coletadas pelo spray e
dada por;
28

E0 =1 – exp(-3ƞLQ/2DQg) (Eq. 01)

Onde ƞ = captura eficiente, L = característico a altura para o total processo de


captura, D = média do diâmetro das gotas, Q = fluxo de volume, que é a razão da resistência
do ar e da nuvem de poeira e E0 é o total de partículas coletadas pelo spray.

As seguintes observações podem ser feitas do uso desta equação;

 Uma ótima eficiência coletora para gostas caindo na velocidade


gravitacional terminal é obtida com gotas de aproximadamente 1000µm de diâmetro
 A eficiência coletora aumenta com o tamanho da partícula.

Um spray de água ejetado de um bico de alta pressão é um bom coletor por que as
gotas têm uma velocidade inicial alta e alcançam uma grande distância antes da resistência do
ar reduzir a velocidade terminal. A total eficiência coletora de uma dada quantidade de spray
de água é altamente dependente do tamanho da gota, sendo ótima com um diâmetro variando
de 100 a 500µm. Segundo Mody et. al (1987, apud V., JAKHETE, R. 1988),a eficiência
coletora do spray de alta pressão irá igualmente depender de parâmetros operacionais, tais
como a quantidade de pressão, o desenho do bico, o ângulo do spray o fluxo de água e etc., e
em minas subterrâneas da geometria da câmara (SENGUPTA, M., 1900).
29

3.5 FATORES QUE AFETAM AS SUPERFÍCIES UMIDIFICANTES

3.5.1 O tamanho da gota

De acordo com Mody et. al (1987, apud V., JAKHETE, R. 1988),(SENGUPTA, M.,
1900), a umidificação da superfície pode ser aumentado através da redução do diâmetro das
gotas e com o aumento do número de gotas. Isto pode ser conseguido através da redução da
tensão superficial (que também reduz o ângulo de contato). A tensão superficial da água pura
é 72,6 dina / cm. Ela pode ser reduzida de 72,6 a 28 dina/cm, adicionando pequenas
quantidades de surfactantes. Esta redução na tensão superficial (e consequentemente de
ângulo de contato) resulta em:

 Redução do diâmetro da gota.


 Um aumento no número de gotas.
 A diminuição do ângulo de contato.

3.5.2 Velocidade de Impacto

O molhamento da superfície pode ser aumentado com o aumento da velocidade de


impacto.
A velocidade de impacto pode ser aumentada com o aumento da pressão de operação
do sistema aspersor¹.
____________________
¹Uma gota normalmente viaja através do ar turbulento antes que haja o impacto sobre a superfície do
material. Devido à perda de energia cinética através do atrito com o ar turbulento, a velocidade de
impacto da gota é menor do que a sua velocidade de descarga no bocal. Além disso, pequenas gotas
30

perdem velocidade mais rápidamente do que as grandes. Para cobrir a maior área de superfície, a
velocidade de maior impacto para um dado diâmetro de gotas deve ser determinado para cada
operação.
3.6 TIPOS DE SISTEMAS DE SUPRESSÃO DE POEIRAS POR
UMIDIFICAÇÃO

Os sistemas de supressão de poeiras por umidificação são divididos em três


categorias:
 Spray de água simples - Este método utiliza água pura para molhar o material.
No entanto, é difícil molhar a maioria das superfícies com água pura, devido à sua alta tensão
superficial.
 Sprays de água com surfactante - Este método usa surfactantes para reduzir a
tensão superficial da água. Formando gotículas que penetram mais profundamente na pilha de
material.
 Espuma - Água é misturada com um tipo especial de surfactante para fazer a
espuma. A espuma aumenta a área superficial por unidade de volume, o que aumenta a
eficiência de umidificação.
 Sais – Aumentam a umidade superficial das poeiras absorvendo umidade do
ambiente.
 Sprays de água com betumes – Agregam as partículas superficiais tornando-as
desta forma mais pesadas, reduzindo a quantidade de poeira gerada.
 Sprays de água com polímeros sintéticos – Agregam as partículas formando
camadas finas (membranas) sobre a superfície, funcionando como uma espécie de
pavimentação temporária, reduzindo a quantidade de água usada.
31

4. MINA DE FERRO CARAJÁS

Entre as áreas Pré-Cambrianas da Amazônia, destaca-se a “Província Mineral de


Carajás”. Sua evolução foi beneficiada por uma série de eventos geológicos, desde a
consolidação de sua crosta até os tempos mais recentes, todos bastante favoráveis à formação
de depósitos minerais. A conjunção de fatores, tais como tectonismo, vulcanismo, plutonismo,
intemperismo e erosão, ocorrida numa área relativamente limitada – da ordem de 40 mil
quilômetros quadrados – deu origem a um conjunto expressivo de jazimentos minerais de
interesse econômico (SANTOS B. A., 2002).
Na Província Mineral de Carajás, predominou um vulcanismo básico arqueano,
responsável pela metalogenia do ferro, do cobre (com zinco subordinado), do manganês e do
ouro. O plutonismo granítico contribuiu para remobilizar – talvez adicionando conteúdo
metálico ao sistema – e concentrar os elementos minerais. O magmatismo ultramáfico
introduziu níquel na província – sendo que, localmente, na sua extremidade leste, existe a
presença de cromo, platina e platinóides. A atuação conjugada do intemperismo e da erosão,
em tempos mais recentes, sobre sedimentos clasto-químicos relacionados com o vulcanismo
básico arqueano foi responsável pela concentração de depósitos residuais de ferro e
manganês, bem como de ouro sobre rochas básicas e de níquel laterítico associado aos corpos
ultramáficos (SANTOS B. A., 2002) (Figura 04).
32

Figura 04 - Provincia mineral de Carajás Mapa geológico simplificado


Fonte: Santos (1998)

A geologia de Carajás possui características próprias, não reproduzidas em outras


províncias metalogenéticas da Terra. Alguns geocientistas que têm estudado a região chegam
a considerar o vulcanismo básico arqueano como sendo um greenstone belt, mas com
características específicas nessa província – greenstone belt do tipo Carajás .
Tudo começou na segunda metade da década de 1960, quando duas empresas
americanas iniciaram programas de prospecção mineral na região com o objetivo de descobrir
jazidas de manganês: a Union Carbide, para suprir suas fábricas de pilhas eletrolíticas, e a
United States Steel, para alimentar suas siderúrgicas. Ambas tiveram sucesso em seus
objetivos: a Union Carbide localizou os depósitos do Sereno, em 1966, nas proximidades de
Marabá, mas a United States Steel, um ano depois, foi mais aquinhoada pela sorte,
descobrindo os depósitos de Buritirama e também as fabulosas jazidas de ferro de Carajás
(SANTOS B. A., 2002).
As jazidas de ferro de Carajás, com seus 18 bilhões de toneladas de minério,
correspondem à maior concentração de alto teor já localizada no planeta. Estão distribuídas
em quatro setores principais: Serra Norte (N1, N4 e N5), Serra Sul (S11), Serra Leste e Serra
de São Félix, no extremo oeste da região (Figuras 4 e 5). A Companhia Vale do Rio Doce
33

(CVRD), estatal federal privatizada – iniciou sua explotação em 1985, no braço leste da jazida
N4, a lavra também foi estendida para o braço oeste da N4 e para a jazida N5, ampliando a
capacidade de produção anual para cerca de mais de 100 milhões de toneladas. A quase
totalidade do minério é destinada ao mercado externo (Japão, Alemanha, Itália e outros). Na
área de influência da ferrovia de Carajás a São Luís – 890 quilômetros – há algumas usinas
destinadas à produção de ferro gusa (Figura 05).

Figura 05 – Projeto Grande Carajás, Principais minerais e desenvolvimento minero-metalúrgico


Fonte: SANTOS B. A. (2002).

A formação ferrífera da região está inserida no grupo Grão-Pará, o qual compreende


três formações geológicas, onde a intermediária é denominada Formação Carajás. Os
principais minerais de ferro são hematita e marmatita, todavia, ocorrem magnetita e goethita
como minerais secundários (SANTOS B. A., 2002).
34

As jazidas de minérios de ferro de Carajás são constituídas, essencialmente, de


hematita friável, um produto de enriquecimento do protominério jaspelito, com a lixiviação
preferencial da sílica, concentrando os óxidos de ferro, hematita, magnetita.

4.1 LAVRA DA MINA DE FERRO DE CARAJÁS

O método de lavra empregado é a céu aberto com bancadas de 15 m de altura e


declividade de 1,0% para favorecer a drenagem. Na etapa de desmonte, 30% do minério e
80% do estéril necessitam de explosivos. Após o desmonte, caminhões fora-de-estrada, tipo
Haulpak, transportam o minério até a britagem primária. Daí, o minério britado segue por
transportadora de correia até a usina de beneficiamento. A escolha do sistema de britagem,
fixo ou semimóvel, depende da distância entre a frente de lavra e os mesmos (SANTOS B. A.,
2002).

4.2 BENEFICIAMENTO

4.2.1 Britagem Primária – Fixa e Semimóvel

Inicialmente, o minério lavrado sofre uma britagem primária realizada em duas


estações, uma fixa e outra semimóvel. Em ambas, os caminhões fora-de-estrada descarregam
o minério na grelha vibratória GV(2), com espaçamento entre os trilhos de 25 cm, na britagem
fixa, e 15 cm, na britagem semimóvel.
No caso da britagem fixa, o oversize da grelha GV(2) segue para o britador BG(1)
giratório (122X188 cm), com abertura que varia entre 20 e 30 cm. O undersize da grelha
GV(2) junta-se à descarga do britador BG(1) e alimenta o chute móvel (EE).
Na britagem semimóvel, o circuito é similar, todavia cada uma das duas unidades
com capacidade nominal de 7.500 t/h, é constituída de um alimentador de sapatas com largura
de 2,2 m, uma grelha vibratória com abertura de 15 cm, um britador de mandíbulas 1,6X1,4 m
e um transportadora de correia com largura de 2,2 m.
35

O produto do britador de mandíbulas junta-se à fração fina da grelha vibratória


GV(2) e alimenta o chute móvel (EE). Desse ponto, todo o material segue para a britagem
secundária ou, opcionalmente, pode seguir para estocagem na pilha de emergência (PE) de
ROM (Figura 1). A pilha de emergência, com capacidade de 100.000 t, tem a função de evitar
que eventuais paradas na lavra comprometam a continuidade da usina de beneficiamento
(Usinas de Beneficiamento de Minérios do Brasil – CETEM/ 2002).

4.2.2 Britagem Secundária

Inicialmente, o minério é retomado do chute móvel e alimenta uma bateria de seis


peneiras vibratórias PV(6) com abertura da 75 mm. O material acima dessa granulometria
passa por três britadores cônicos (33X213 cm) com abertura de 60 mm aproximadamente, que
trabalham em circuito fechado com carga circulante de 6%. As peneiras PV(6), duas para
cada britador, trabalham com amplitude máxima 5,5 mm. A fração passante, - 75 mm, segue
para o peneiramento secundário PV(12). Nessa etapa são utilizadas peneiras vibratórias de
duplo deque com aberturas de 25 e 11 mm, conforme fluxograma da Figura 1 (Usinas de
Beneficiamento de Minérios do Brasil – CETEM/ 2002).

4.2.3 Britagem Terciária

O material britado nessa etapa é a fração retida na primeiro deque do peneiramento


secundário, Figura 1, cuja granulometria está acima de 25 mm. São cinco britadores cônicos,
BC(5), em operação e um em fase de instalação. A abertura desses britadores cônicos varia
entre 28 e 32 mm (Usinas de Beneficiamento de Minérios do Brasil – CETEM/ 2002).

4.2.4 Instalações de Peneiramento e Moagem


36

O produto da britagem secundária é distribuído por um tripper car em doze linhas;


em seguida, é retomado por alimentadores de correia até as peneiras (2,4 x 6,0 m) de duplo
deque, que trabalham via úmida. O material retido no primeiro deque segue para a britagem
terciária, o retido no segundo deque já é parte do produto granulado e o passante segue para o
circuito das peneiras vibratórias (desbastadoras). O material retido nessas peneiras (+1,0 mm)
forma um dos produtos finais, denominado sinter-feed 2A, e o passante vai para uma bateria
de onze classificadores espirais duplos. O underflow do classificador (+0,15 mm) pode seguir
dois circuitos. O primeiro é constituído pelas peneiras desaguadoras (1,2X3,0 m) com 1.200
rpm de frequência e o segundo circuito é a usina de FRD (fino para redução direta). O
overflow do classificador (-0,15 mm) alimenta dez baterias de hidrociclones CI(10), cuja
fração grossa segue para a produção de pellet-feed; a fração fina da ciclonagem segue para os
espessadores de rejeito, conforme descreve o fluxograma da Figura 6.
Voltando às peneiras desaguadoras PD(23), a fração retida constitui o sinter-feed 2B
que é incorporado ao sinter-feed 2A. O material passante é bombeado para os classificadores
espiral de rejeito, fechando o circuito.
No peneiramento terciário via úmida ocorre a peneiramento do material proveniente
da britagem terciária por meio de seis linhas com peneiras classificadoras. O material retido
na primeiro deque, retorna à britagem terciária, fechando o circuito (o chute é reversível para
abrir o circuito). A fração retida na segundo deque constitui parte de um dos produtos finais, o
granulado, enquanto o passante no segundo deque segue para seis peneiras desaguadoras
(1,2X3,0 m).
A flexibilidade operacional do circuito permite, quando necessário, a moagem do
granulado em dois moinhos de barras conforme descreve o fluxograma da Figura 6. O produto
da moagem segue para dois classificadores espirais duplas, cuja fração grossa passa por um
peneiramento onde a fração retida segue para a produção de sinter feed e a passante retorna
aos classificadores.
Nos dois espessadores de rejeito existentes, o overflow é transferido ao tanque de
recirculação de água de processo, e o underflow segue para a barragem de rejeito por meio de
calhas construídas no solo e revestidas com borrachas de correias transportadoras usadas,
possibilitando o depósito do material em três pontos da barragem. A água nova é captada na
mesma barragem (Usinas de Beneficiamento de Minérios do Brasil – CETEM/ 2002).
37

Figura 06 – Fluxograma do beneficiamento de Carajás

Fonte: Usinas de Beneficiamento de Minérios do Brasil – CETEM (2002)


38

4.3 CLIMA DA REGIÃO

O clima na região da mina de ferro Carajás, segundo dados da estação meteorológica


de Carajás e Salobo, e das estações pluviométricas das minas do Igarapé Bahia, N4 e
Manganês do Azul, é tropical úmido, com inverno seco e com precipitação média do mês
mais seco inferior a 60 mm, correspondendo ao tipo Aw de Köppen.
A precipitação pluviométrica na Floresta Nacional do Tapirapé-Aquiri configura dois
períodos distintos: uma estação chuvosa que inicia em novembro e termina em abril, e uma
estação seca que inicia em junho e estende-se até setembro. A precipitação média na estação
chuvosa é 248 mm (78% do total anual), e a da estação seca é 32 mm (7% do total anual).
Ocorrem ainda dois períodos de transição: chuvoso - seco em maio e seco - chuvoso em
outubro, podendo se estender até novembro.
A temperatura média anual é de 23,8°C em Carajás, 24,8°C na mina N4 e 25,2 °C na
mina do Igarapé Bahia. A mínima e a máxima absoluta registradas, respectivamente, nas três
estações foram 12,2 °C (maio/93-estação N4) e 37 °C (setembro/97-estação de Carajás); a
variação média anual da temperatura é de 0,8 a 1,7°C. As umidades relativas variam de 69%
em julho a 85% em janeiro, fevereiro e abril, com uma média ao longo do período de 79%, a
insolação média mensal no período seco é de 248,23 horas, o dobro do período chuvoso
(123,59) horas, e os ventos são fracos − com velocidade média de 1,86 m/s.

4.4 ÉPOCA DAS MEDIÇÕES

As medições ocorreram entre o dia 1 e 31 de julho de 2010, portanto, no período


seco da região, de modo que os índices de poeiras eram os máximos para o ano. Tal fato é
comprovado, pois neste mesmo mês, a empresa ultrapassou a cota de material particulado que
poderia ser depositado na floresta, sendo notificada pelo serviço de proteção ambiental.
39

4.5 INSTRUMENTAÇÃO

Foi utilizado um cronômetro para levantar os tempos de necessidade de aspersão, no


acesso escolhido, tal necessidade era determinada a partir do momento em que um caminhão
fora-de-estrada passava pelo acesso e o mesmo gerava uma quantidade significativa de
material suspenso (quando o material chegava a metade do pneu do equipamento), sendo
determinado visualmente.

4.6 LOCALIZAÇÃO E ESCOLHA DO ACESSO

A mina de Ferro Carajás, que é explorada pela Vale, é a maior mina de ferro a céu
aberto do mundo. A mina foi descoberta em 1967, e faz parte da Província Mineral de
Carajás, que possui reservas de minério de ferro de alto teor, de aproximadamente 2,1 bilhões
de toneladas. O transporte do minério é feito através da Estrada de Ferro Carajás (EFC).
A Mina de Ferro Carajás está localizada na Serra dos Carajás no município de
Parauapebas, sul do Pará. O minério de ferro extraído da Mina de Ferro de Carajás é
considerado o mais puro do mundo.
O acesso escolhido para as medições fica nas imediações da britagem semi-movél,
sendo conhecida na mina como rampa do sabão. O trafego de caminhões é intenso, pois
dependendo da DMT, o material é levado até a britagem semi-móvel 4, passando pela rampa e
gerando uma quantidade de poeira, como podemos ver na Figura 07, 08, 09 e 10 (Hilário J.A.,
2008).
40

Figura 07 – Vista aérea das minas de Carajás


Fonte: Hilário J.A. (2008)

Figura 08 – Local das medições


Fonte: Google Maps (2010)
41

Figura 09 – Foto aérea da mina de N4E


Fonte: Hilário J.A. (2008)

Figura 10 – Superficie em 3D importada do software Gens da GEMCOM


Fonte: Hilário J.A. (2008)
42

4.7 RESULTADOS

O sistema utilizado atualmente para abatimento de poeiras é composto por


caminhões pipa, modelo P 420 8x4 (30.000). São quatro caminhões por cava, os mesmos
devem prover o abatimento nos acessos, nas frentes de lavra, próximo aos pontos de
alimentação das britagens semi-móveis, nas pilhas de estéril, na região dos estacionamentos e
etc.
O sistema não foi redimensionado para atender o constante desenvolvimento da
mina, de tal modo que novos veículos só são adquiridos quando se torna evidente a
necessidade de uma frota maior, ou seja, quando a quantidade de material em suspensão
começa a atrapalhar as operações, desta forma o abatimento não ocorre de maneira efetiva.
Os caminhões ao aspergirem água não podem passar de 15000 RPM, visto que o
mesmo motor utilizado para a movimentação da máquina também impulsiona a bomba que
ejeta a água pelos bicos de aspersão, de modo que se ultrapassar essa velocidade as
mangueiras que levam água aos bicos de aspersão se rompem. Essa limitação faz com que um
operador só possa se movimentar em uma velocidade de 10 km/h quando estiver molhando
um acesso.
Outra característica importante deste modelo de caminhão pipa é que seu raio de
aspersão (a quantidade máxima que a água alcança de cada lado do caminhão ao ser acionado
o aspersor) é de 14,5 m. Os acessos na mina de ferro possuem em média 35 m de largura, logo
para se molhar completamente um acesso, um caminhão deste modelo deve passar duas vezes
no mesmo lugar.
Partindo destes dados, podemos montar a Tabela 02, que nos mostrará a quantidade
máxima de acesso que pode ser molhada com 30 m³ de água (carga de um caminhão pipa
deste modelo).

Tabela 02 – Cobertura efetiva de um caminhão pipa P 420 8x4

Velocidade Máxima Tempo que dura uma Quantidade máxima Tamanho efetivo de
carga do caminhão de acesso umedecido acesso
completamente
molhado
10 km/h 22 min. 3,7 km 1,85 km
Fonte: Dados coletados em campo (2010)
43

A quantidade máxima de acesso molhado em uma única carga do caminhão pipa é de


1,85 km, devido à largura do acesso e as limitações do modelo de caminhão pipa. Outro fator
importante medido no campo foi à necessidade horária de aspersão nos acessos, que é
apresentada na Tabela 03.

Tabela 03 – Necessidade de abatimento de poeira


Horário Necessidade de Quantidade média Quantidade de
abatimento de de passagens do passagens necessárias
poeira (min). caminhão pipa (calculada de acordo
com o tempo de
necessidade)
07:00 às 10:00 00:50 2 3,6
10:00 às 13:00 00:35 4 5
13:00 às 16:00 00:20 3 9
16:00 às 20:00 00:25 4 7
Fonte: Dados coletados em campo (2010)

A necessidade de aspersão foi medida de acordo com observações feitas no campo,


depois da passagem de um caminhão pipa, acionava-se então o cronometro e observava-se o
acesso. Quando os caminhões passavam e começavam a levantar uma quantidade
considerável de poeira (quando a altura da nuvem de poeira chegava a metade da roda do
fora-de-estrada), anotava-se o tempo. Quando outro caminhão pipa passava pelo acesso
aspergindo água, zerava-se o cronometro e iniciava-se o processo.
Com base na necessidade de aspersão, pode-se então estimar a quantidade de vezes
necessárias de passagem de um caminhão pipa em uma determinada faixa horária. Pode-se
então através de uma regra de três simples determinar a quantidade de caminhões. Os
resultados são mostrados na Tabela 04;

Tabela 04 – Necessidade de Frota baseada nos resultados das medidas em campo


Horário Necessidade de Quantidade Quantidade de Quantidade de
passagem do média de caminhões em caminhões
caminhão passagens do uso necessária
pipa(min). caminhão pipa
07:00 às 10:00 00:50 2 4 6
10:00 às 13:00 00:35 4 4 5
13:00 às 16:00 00:20 3 4 12
16:00 às 20:00 00:25 4 4 9
Fonte: Dados coletados em campo (2010)
44

Seria necessário uma média de 8 caminhões, deste porte, para cobrir 4,5 km de
acessos de 35 metros de largura durante um dia inteiro. Devido ao custo e a possibilidade de
não se estar utilizando a capacidade máxima de atuação da frota, poderíamos tentar trabalhar
com o número médio de caminhões.

4.8 DISCUSSÕES

Com base nos resultados obtidos, pode-se inferir que com o desenvolvimento da
mina de Carajás haverá uma quantidade maior de particulados sendo liberada na área da mina
e conseqüentemente um aumento do número de caminhões pipas para abatimento de
particulados.
Devido as dimensões constantemente em expansão e ao sistema de abatimento que
deve-se implementar, a fim de que se possa reduzir a emissão de particulados, pode-se propor
como alternativa a adaptação de um sistema de aspersores utilizados na agricultura, visto que
os mesmo podem ser facilmente operacionalizados, se comparados aos caminhões que devem
trafegar pelos acessos e também podem ser automatizados com timers, que garantiriam a
vazão de água necessária para prover o abatimento de particulado na área.
Utilizando como base os estudos realizados para irrigação de solos na agricultura,
podemos adaptar o sistema de aspersão para o ambiente de mineração, visto que em ambos os
casos, simulamos chuvas, a fim de que o solo seja umidificado, no caso da irrigação para
agricultura e no caso da mineração para controle de particulados em suspensão.

O processo de aplicação de água por um aspersor consiste em um jato d’água emitido


a grande velocidade que se dispersa no ar em um conjunto de gotas, distribuindo-se sobre a
superfície do terreno, com o objetivo de se conseguir uma distribuição uniforme entre vários
aspersores (UFRRJ, 2007).

Este sistema se adaptada a qualquer tipo de solo no que diz respeito à textura e
estrutura. Solos com textura que possibilita alta velocidade de infiltração permitem a
utilização de aspersores com maior intensidade de aplicação.

Quando aplicado a área de agricultura, a topografia é um limitante, visto que devido


a declividade as linhas laterais acabam sendo distribuídas de maneira desordenada. Ao
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adaptarmos o sistema á área de mineração, não trabalharemos com linhas laterais, logo a
declividade não será um viés.

As vantagens da irrigação por aspersão são derivadas principalmente de dois

aspectos fundamentais:
1) o controle da irrigação só está limitado pelas condições atmosféricas; e,
2) a uniformidade de aplicação da água é independente das características hidrofísicas do
solo.
Dessa forma, as principais vantagens do sistema são:
a) uma vez que a dose de rega é dependente do tempo de aplicação, o sistema pode se adaptar
tanto a pequenas quanto a grandes doses;
A principal limitação do sistema para a área de mineração:
c) o sistema é fortemente afetado pela ação dos ventos;
Um sistema de irrigação por aspersão é composto basicamente por: estação de
bombeamento, uma ou mais linhas principais, linhas laterais ou ramais, aspersores e
acessórios da rede hidráulica.

Os materiais utilizados nas tubulações para um sistema de irrigação por aspersão são
basicamente de PVC rígido. Somente na linha principal do sistema pode haver a necessidade
de se utilizar em algum trecho da rede tubos em aço zincado ou aço galvanizado quando se
necessitar de diâmetros superiores a 4 polegadas. Atualmente só estão disponíveis no mercado
nacional tubos em PVC rígido em 2, 3 e 4 polegadas com conexão por engate rápido e com
comprimento padrão de 6 m. No dimensionamento das linhas laterais ou ramais, só se
utilizam tubos em PVC, principalmente em sistemas semifixos ou móveis. Somente em casos
especiais e por conveniência do projeto, pode-se pensar na possibilidade da utilização de
tubos em aço nas linhas laterais (UFRRJ, 2007).

O conjunto moto-bomba utilizado na irrigação por aspersão é formado por bombas


de pressão ou centrífugas de eixo horizontal ou do tipo turbina, e por motores elétricos ou de
combustão (UFRRJ, 2007).

Trabalhando com um sistema semi-fixo, podemos manter a mobilidade que a


mineração exige quanto à movimentação dos aspersores ao longo dos acessos, seguindo a
dinâmica de operação de uma mina a céu aberto.
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Adaptar um sistema de aspersão da agricultura a mineração possivelmente ocorre


com freqüência, como é o caso da mina de Morro Agudo, que pertence a Votorantim, que
possui um sistema aspersor adaptado ao longo de sua rampa principal, como mostrado na
Figura 11. Como se trata de uma mineração subterrânea, onde a passagem de um caminhão
pipa na rampa principal atrapalharia o fluxo de caminhões, foi adaptado um sistema parecido
com os sistemas utilizados na jardinagem.

Figura 11 – Rampa principal mina de Morro Agudo

Fonte: Dados coletados em campo (2011)


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5. CONCLUSÕES

Pode-se falar depois de uma analise dos dados coletados em campo, que o sistema
atualmente utilizado para controle de particulados em suspensão na Mina de Ferro Carajás é
ineficiente, visto que no mesmo período que os dados foram coletados a empresa que controla
a mesma foi notificada pelo órgão ambiental devido à quantidade de poeira depositada na
floresta.

O sistema atual possui determinadas limitações operacionais, que fazem com que os
caminhões pipas não consigam cobrir mais que 1,85 km a cada carga de seus reservatórios, de
modo que para cobrir todo o ambiente necessário seriam necessários uma quantidade maior de
caminhões para atender a demanda.

O maior impacto causado por uma ineficiência no sistema de controle de


particulados em suspensão é na saúde do homem, que dependendo do tipo de poeira a qual
está exposto, pode desenvolver desde simples dermatites, até doenças respiratórias sérias e
terminais, como aquelas causadas pelas poeiras fibrogênicas.

Pensar em alternativas para se trabalhar em uma mina em constante expansão não é


uma tarefa fácil, apesar de se ter disponíveis diversos tipos de produtos para aumentar a
molhabilidade da água, ainda devemos procurar uma solução prática e de fácil implantação,
que no exposto corrente foi mencionada uma adaptação de um sistema de irrigação para a área
de mineração.

O sistema de aspersão consiste basicamente em simular uma chuva e já que o sistema


atual utilizado em Carajás é a pura aplicação de água sobre o terreno, podemos sugerir como
alternativa o dimensionamento de um sistema de aspersores semi fixo, de modo que a
dinâmica da mina possa remodelar o sistema se necessário.

Avaliando-se a possibilidade de implantação de um sistema de aspersão utilizado na


agricultara, podemos concluir que seria uma boa alternativa para prover o abatimento das
poeiras geradas pelas diversas atividades de mineração. Além de ser uma boa alternativa é
fácil automatizar o sistema, desta forma o controle pode ser muito mais eficiente.
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Podemos citar como vantagens deste sistema sobre o sistema em uso são;

 A não necessidade de tráfego de um equipamento nos acessos, como não é necessário


um caminhão pipa trafegar, o fluxo de caminhões não será modificado.
 A fácil automatização do sistema, possibilitando liberar uma determinada quantidade
de água em intervalos de tempo pré-definidos otimizando tanto a capacidade de
controlar a poeira quanto à quantidade de água utilizada.

A importância de se controlar a utilização de recursos naturais fica cada vez mais


evidenciada no nosso século, usar de forma consciente e controlada a água disponível é um
dos fatores que tornam a alternativa de implantação de um sistema adaptado de aspersores
mais atrativa.
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6. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Como as medidas foram feitas apenas com cronômetros, trabalhar com mais algumas
variáveis que também afetariam o desempenho de um sistema alternativo com a adaptação de
aspersores a mineração, tal qual a velocidade do vento.

Outra boa oportunidade seria relacionar os preços de ambos os sistemas, de tal forma
que pudéssemos trabalhar com o sistema mais economicamente viável.
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REFERÊNCIAS

BRASIL MINERAL, edição especial Nº 262, Abatimento de material particulado disperso:


situação atual na mineração, Cristiane R. Oliveira e Jorge Rubio, São Paulo, Editora Signus,
junho de 2007:

CETEM, Usina de beneficiamento de minérios do Brasil, Editora CETEM, Rio de Janeiro,


dezembro de 2002.

DE CAPITANI, E. M. et al. Toxicologia da sílica. J Pneumol. v.22, n.4, p.185-194. Jul/Ago.


1996.

ENGENHARIA DE PROJETOS LTDA, Plano de Manejo para Uso Múltiplo da Floresta


Nacional de Carajás, Janeiro 2003 STCP

Disponível em <http://mosaicocarajas.webng.com/flonaca/planodemanejo.htm>

Acesso em: dez 2010

EZENWA, A.O. Studics of environmental and host factors influencing personal differences in
response to industrial silica dust exposure, Revue of Hygiene, Oxford, 1992.

MINISTÉRIO DA SAÚDE, Doenças Relacionadas com o Trabalho: Diagnóstico e Condutas


- Manual de Procedimentos para os Serviços de Saúde, cap. 15, p.340-343, Brasília/DF,
Editora MS, 2001

SANTOS, B. A., Amazonia - Heaven of a New World, Rio de Janeiro, Editora Campus, 1998.

SENGUPTA, M. Mine Environmental Engineering. CRC Press, Boca Raton, Florida, 1990
(Mine Environmental Engineering vol. 1).

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. Catálogo de teses da Universidade de São Paulo, 1992.


São Paulo, 1993. 467 p.

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO (UFRRJ), Apostila de


irrigação completa, Rio de janeiro, Abril de 2007.

V., JAKHETE, R. Dust Control Handbook. Noyes Data Corporation, Park Ridge, New Jersey,
1988.

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