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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ


CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE MARABÁ
FACULDADE DE ENGENHARIA DE MINAS E MEIO AMBIENTE

VALDIRENE NEVES ARAÚJO

ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE FOGO PARA DESMONTE


ESCULTURAL NA MINA DO PROJETO SERRA PELADA

MARABÁ, PA

2013
VALDIRENE NEVES ARAÚJO

ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE FOGO PARA DESMONTE


ESCULTURAL NA MINA DO PROJETO SERRA PELADA

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Faculdade de Engenharia de
Minas e Meio Ambiente da Universidade
Federal do Pará – UFPA, em cumprimento
às exigências para obtenção do grau de
Bacharel em Engenharia de Minas.

Orientadora: Profª. Karina Felícia Fischer


Lima Santiago.

MARABÁ, PA

2013
VALDIRENE NEVES ARAÚJO

ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE FOGO PARA DESMONTE


ESCULTURAL NA MINA DO PROJETO SERRA PELADA

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Faculdade de Engenharia de
Minas e Meio Ambiente da Universidade
Federal do Pará – UFPA, em cumprimento
às exigências para obtenção do grau de
Bacharel em Engenharia de Minas.

Data de aprovação: ____/____/____

Conceito: ____________

Banca examinadora:

__________________________________________

Profª. Karina Felícia Fischer Lima Santiago – Orientadora


Bacharel em Engenharia de Minas - UFPA

__________________________________________

Prof. Tatiane de Souza Nascimento - Membro


Bacharel em Geologia - UFPA

__________________________________________

Prof. Dr. Denílson da Silva Costa – Membro


Doutor em Engenharia Metalúrgica e Minas - UFPA
Ao meu grande e poderoso Deus por tudo que me
proporciona na vida.

Com muito amor e carinho à minha mãe, pelo


exemplo de vida e família.

À meus irmãos por tudo que me ajudaram até hoje.

Aos meus colegas de turma pela compreensão, apoio


e contribuição para minha formação acadêmica.

DEDICO
AGRADECIMENTOS

Aos que contribuíram ao longo de minha vida para que eu chegasse à conclusão deste
trabalho, expresso toda minha gratidão, especialmente:
À Deus, pela dádiva da vida, por ter me ajudado a manter a fé nos momentos mais
difíceis e me concedido a graça de chegar até aqui.
Aos meus Pais, especialmente a minha mãe “Maria das Dores” que sempre me
incentivou a estudar, sendo ela verdadeira, companheira e confidente, me apoiando em todas
as circunstâncias e momentos de minha vida. Eu devo grande parte dessa conquista a ela.
Aos meus irmãos, pelo apoio, pela união e compreensão, durante toda essa jornada.
Em especial a Jeane “a Chatinha” que esteve comigo durante todos esses cinco anos, sempre
me ajudando a buscar a melhor solução para tudo. Ao Alex e o Genival que dividimos o
mesmo espaço e tivemos uma convivência maravilhosa. Essa vitória é de todos vocês.
À todos professores, que contribuíram com todos seus conhecimentos e experiências
durante os cinco anos de curso para que eu tivesse uma jornada vitoriosa e para que minha
formação fosse também um aprendizado de vida.
À professora Karina, minha orientadora, que dedicou seu tempo e compartilhou sua
experiência. O seu olhar crítico e construtivo me ajudou a realizar este trabalho.
Ao Engenheiro Diego Nunes meu co-orientador, pelas informações e experiências a
mim repassadas.
À todos meus amigos, em especial aos meus queridos companheiros e irmãos Ana
Luiza Coelho, Anderson Pontes, Luciana Maia e Milene Lima, que muitas vezes ouviram os
meus desabafos; que presenciaram e respeitaram o meu silêncio; que partilharam este longo
passar de anos, de páginas, de livros e cadernos; que fez meu mundo um mundo melhor; que
me acompanharam, choraram, riram, sentiram, participaram, aconselharam, dividiram; as suas
companhias, os seus sorrisos, as suas palavras e mesmo as ausências foram expressões de
amor profundo. As alegrias de hoje também são suas, pois seus amores, estímulos e carinhos
foram armas para essa minha vitória.
E finalmente, agradeço a todos que diretamente ou indiretamente me ajudaram,
compartilharam meu ideal, me incentivando a prosseguir na jornada, para a conclusão deste
ciclo tão vitorioso. UM MUITO OBRIGADO A TODOS!
RESUMO

O desenvolvimento de uma mina envolve inúmeras etapas, dentre elas o desmonte de


rochas com explosivos, realizado através da elaboração, carregamento e aplicação do plano de
fogo. Esta etapa é de grande relevância, visto que, quando mal dimensionado e/ou aplicado, o
plano de fogo pode acarretar sérios problemas, como a sobrescavação, ou até inviabilizar o
projeto. A literatura propõe várias fórmulas empíricas para cálculo dos elementos que
compõem um plano de fogo, porém frente às experiências e o bom senso do encarregado do
fogo, várias alterações podem ser feitas no plano, para a melhoria do projeto. Atualmente a
mina do Projeto Serra Pelada, na qual os avanços em sua seção plena são realizados através de
desmonte com explosivos, vem sofrendo alguns problemas com os resultados dos desmontes
realizados. Desta forma, este trabalho vem elaborar um plano de fogo para o desmonte
escultural do Projeto Serra Pelada, sugerindo algumas alterações no plano de fogo atualmente
utilizado, principalmente a redução das cargas dos furos de contorno, que caso seja aplicado
poderá levar melhorias para o projeto, diminuindo a sobrescavação, e consequentemente,
diminuindo a demanda por carregamento e transporte e melhoria nas condições de segurança
para trabalhadores e equipamentos. A elaboração deste plano ocorreu com base em algumas
relações propostas pela literatura, informações adquiridas através de profissionais da Empresa
Colossus Minerals e considerações das propriedades geomecânicas do siltito, maciço rochoso
que compõe a mina. O Projeto Serra Pelada, de propriedade da Serra Pelada Compania de
Desenvolvimento Mineral (SPCDM), empresa subsidiária da COLOSSUS MINERALS
LTDA no Canadá, situada na Serra Pelada, zona rural do município de Curionópolis-Pa.

Palavras-chave: Desmonte de rochas, Plano de fogo, Sobrescavação, Estabilidade do maciço.


ABSTRACT

The development of a mine involves countless stages, among them it disassembles


him/it of rocks with explosives, accomplished through the elaboration, shipment and
application of the fire plan. This stage is of great relevance, because, when badly
dimensionado and/or applied, the fire plan can cart serious problems, as the sobrescavação, or
until making unfeasible the project. The literature proposes several empiric formulas for
calculation of the elements that they compose a fire plan, however front to the experiences
and the common sense of the person in charge of the fire, several alterations can be done in
the plan, for the improvement of the project. Now the mine of the Projeto Serra Pelada, in the
which the progresses in his/her full section are accomplished through it dismounts with
explosives, it is suffering some problems with the results of the you dismount accomplished.
This way, this work comes to elaborate a fire plan for it disassembles him/it sculptural of the
Projeto Serra Pelada, suggesting some alterations in the fire plan now used, mainly the
reduction of the loads of the outline holes, that in case it is applied can take improvements for
the project, reducing the sobrescavação, and consequently, decreasing the demand for
shipment and transport and improvement in safety's conditions to workers and equipments.
The elaboration of this plan happened with base in some relationships proposed by the
literature, acquired information through professionals of the Empresa Colossus Minerals and
considerations of the properties geomecânicas of the siltito, solid rocky that it composes the
mine. The Project Skinned Mountain, of property of the Skinned Mountain Compania of
Mineral Development (SPCDM), subsidiary company of COLOSSUS MINERALS LTDA in
Canada, located in the Serra Pelada, rural area of the municipal district of Curionópolis-Pa.

Keywords: Dismount of rocks, fire Plan, Sobrescavação, Stability of the solid.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Ciclo produtivo das escavações subterrâneas.......................................................................14


Figura 2 – Emulsão encartuchada: Ibegel SSP......................................................................................15
Figura 3 – Cordel detonante de alta gramatura......................................................................................16
Figura 4 – Brinel....................................................................................................................................17
Figura 5 – Efeitos da sobrescavação e subescavação........................................................................... 18
Figura 6 – Cargas desacopladas, cargas espaçadas e air deck...............................................................20
Figura 7 – Estrutura básica de uma mineração subterrânea..................................................................21
Figura 8 – Elementos de um plano de fogo...........................................................................................22
Figura 9 – Pilão queimado.......................................................................................................24
Figura 10 – Mapa da localização do Projeto Serra Pelada....................................................................28
Figura 11 – Rodovias de acesso ao Projeto Serra Pelada......................................................................29
Figura 12 – Plano de fogo elaborado.....................................................................................................34
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Valores de afastamento para diversos diâmetros de perfuração..........................................25


Tabela 2 – Valores que podem ser aplicados na técnica de detonação amortecida ..............................26
Tabela 3 – Cálculos dos elementos do plano de fogo............................................................................30
Tabela 4 – Ibegel SSP (dimensões x unidades por caixa x quantidade por cartucho x densidade).......31
Tabela 5 – Cálculo para o carregamento dos furos................................................................................32
Tabela 5 – Resultados do carregamento: Carga de explosivos por furo................................................36
Tabela 6 – Volume de rocha desmontado e razão de carregamento......................................................33
Tabela 7 – Resultados dos cálculos dos elementos do plano de fogo....................................................33
Tabela 8 – Resultados do carregamento: Carga de explosivos por furo................................................37
Tabela 9 – Resultados do carregamento: Carga de explosivos para o desmonte...................................38
Tabela 10 – Volume de rocha desmontado e razão de carregamento por fogo.....................................39
SUMÁRIO

1 INTRODUÇAO....................................................................................................................11
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............................................................................................13
2.1 DESMONTE DE ROCHAS COM EXPLOSIVOS............................................................13
2.1.1 Explosivos.......................................................................................................................14
2.1.2 Acessórios de detonação................................................................................................15
2.2 EFEITOS INDESEJÁVEIS DE UM DESMONTE DE ROCHAS....................................17
2.2.1 Sobrescavação e Subescavação.....................................................................................18
2.3 DESMONTE ESCULTURAL............................................................................................19
2.4 PLANO DE FOGO PARA DESMONTE SUBTERRÂNEO DE ROCHAS.....................21
3 METODOLOGIA................................................................................................................28
3.1. LOCALIZAÇÃO: SERRA PELADA – COLOSSUS MINERALS LTDA (PROJETO
SERRA PELADA)....................................................................................................................28
3.2 CÁLCULOS DOS ELEMENTOS DO PLANO DE FOGO PARA O DESMONTE
ESCULTURAL DA MINA DO PROJETO SERRA PELADA...............................................29
3.3 CARREGAMENTO DOS FUROS....................................................................................31
3.4 RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................................33
4 CONCLUSÃO......................................................................................................................40
REFERÊNCIAS......................................................................................................................41
11

1 INTRODUÇAO

A atividade de lavra subterrânea no Brasil ainda é pouco desenvolvida, porém, à


medida que jazidas aflorantes vão se tornando escassas e as exigências ambientais restringem
a lavra a céu aberto, as minas subterrâneas vão tomando seu espaço neste cenário altamente
competitivo. Contudo o planejamento de uma mina subterrânea constitui um elemento
fundamental para se alcançar a realização do empreendimento, assim como dita a legislação,
conforme padrões de segurança, ambientais e econômicos (KOPPE, 2006).
A escavação de rochas é normalmente um processo complexo que exige perfuração,
desmonte, carregamento e transporte. Já que os depósitos de minérios são únicos e estão se
tornando cada vez mais raros e complicados para escavar, altos custos de produção requerem
a otimização de cada operação unitária dentro da mineração, de modo a se obter o maior lucro
possível.
Conforme Castro (2000), a eficiência de uma mina e de uma planta de beneficiamento
de minérios depende, em grande parte, da preparação da massa rochosa pela detonação. A
qualidade da fragmentação da rocha depende em grande parte de um plano de fogo bem
elaborado e utilizado, além do controle do nível de energia transmitido ao maciço rochoso,
que pode ser acrescido, por exemplo, pelo uso de um novo tipo de explosivo com um
adequado mecanismo de detonação, configurações das cargas capazes de reduzir o pico de
pressão na coluna e otimizar os custos energéticos no processo da quebra.
Neste trabalho será elaborado um plano de fogo baseado em técnicas de desmonte
escultural, para o desmonte de rocha da mina subterrânea do Projeto Serra Pelada, dentro dos
limites geográficos do município de Curionópolis, região sudeste do Estado do Pará. A rocha
encaixante é um siltito e a profundidade do corpo mineralizado é de aproximadamente 300
metros abaixo da superfície. Para acesso ao minério estão previstos aproximadamente 3.000
metros de rampa, com média de 15% de inclinação negativa. A seção de escavação é de 4.6
metros de largura por 4.8 metros de altura. A rocha apresenta baixo grau de fraturamento,
densidade 2,28 g/cm3 e resistência de aproximadamente 8 MPa, sendo classificada como uma
rocha friável. Estas características tem grande influência na escolha dos explosivos e
geometria do plano de fogo. Grande parte do desenvolvimento da rampa principal é feito
utilizando desmonte por explosivos, o uso de desmonte mecânico é empregado somente
quando as condições de estabilidade do maciço não permitem detonações.
É notável que a execução do desmonte com explosivo é de vital importância dentro de
uma mina, exigindo portanto, um conhecimento das propriedades dos explosivos, das
12

características do maciço rochoso, da interação explosivo/ rocha, um plano de fogo bem


dimensionado, bem como um rigoroso monitoramento dos demais parâmetros que vão
influenciar decisivamente na qualidade do mesmo. O desmonte por explosivos é uma
importante etapa das operações minerais, representando cerca de 20% do custo por tonelada
de minério produzido. Somando-se a isso, o desmonte influencia as operações da mina como
um todo, interferindo nos custos de carregamento, transporte, britagem, moagem e
armazenagem dos produtos (MUNARETTI, 2002).
Um dos maiores problemas enfrentados no Projeto Serra Pelada em relação ao
desmonte por explosivos é a sobrescavação (overbreak), também conhecida como
ultraquebra, que tem como consequência a diluição não planejada do material desmontado,
ocasionando os seguintes efeitos indesejáveis: aumento de tempo de remoção de "chocos",
maior demanda por carregamento e transporte; custos com instalação de suportes, problemas
com ventilação e menor segurança tanto para trabalhadores quanto para equipamentos.
Como na mineração subterrânea, visa principalmente às condições de segurança,
seguido de um bom desenvolvimento, o presente trabalho se ateve a alguns princípios da
técnica de desmonte escultural, a qual tem como objetivo reduzir os danos e suas
consequências que poderão ser causadas ao maciço remanescente. Este princípio parte da
ideia das cargas espaçadas, porém nos furos de contorno será utilizado apenas um cartucho de
explosivo por furo como carga de fundo, que será interligado à face do plano através de cordel
detonante NP 40 (Nitropenta de 40 g/m).
No entanto, o presente trabalho tem como objetivo geral, elaborar um novo plano de
fogo baseado no plano já existente, porém com algumas alterações nas variáveis utilizadas e,
como objetivos específicos, propor à empresa a utilização desse plano que terá suas cargas
reduzidas nos furos de contorno, além de algumas alterações nos demais elementos que o
compõe. Caso seja empregado poderá reduzir a sobrescavação, e consequentemente garantir
condições de estabilidade ao maciço remanescente, melhorar as condições de segurança para
os trabalhadores e equipamentos e agilizar as operações de carregamento e transporte.
13

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 DESMONTE DE ROCHAS COM EXPLOSIVOS

Materiais explosivos vêm sendo utilizados para fragmentar e escavar rochas desde a
introdução da pólvora negra por volta do ano 1600 d.C. Apesar do grande progresso no corte
de rocha e fragmentação por meios mecânicos, desmonte de rochas com uso de explosivo é
ainda o melhor método para escavar e mover esses materiais na maioria das situações
(MUNARETT, 2002).
De acordo com Silva (2007) o desmonte de rochas por explosivos é uma das operações
unitárias dentro da cadeia produtiva da mineração. O qual tem como finalidade fragmentar a
maciço rochoso 1 para operações subsequentes, como carregamento, transporte e britagem,
através dos equipamentos disponíveis.
JIMENO (2003), afirma que um dos grupos de variáveis que devem ser controladas
nas técnicas de desmonte é constituído pelo critério de seleção dos explosivos, devendo-se
levar em consideração o preço do explosivo, diâmetro de carga, características da rocha
(rochas maciças existentes, rochas muito fissuradas, rochas conformadas em blocos, rochas
porosas, etc.), volume de rocha a desmontar, condições atmosféricas, presença de água,
problemas de entorno e condições de segurança.
O objetivo da escavação com o uso de explosivos é de desenvolver um ciclo de
operações (Figura 1), compatível com os recursos e as condições de trabalho para que se
atinja uma taxa de avanço máximo. Isso inclui a combinação do tempo de perfuração (número
e comprimento dos furos) com o tempo de limpeza (tipo de carregadeiras e/ou escavadeiras e
equipamentos de transporte) e as necessidades de reforço da rocha (tempo de instalação e o
comprimento do túnel a ser reforçado). Nos últimos anos, várias tentativas para eliminar o
ciclo natural da perfuração e detonação vêm sendo tentadas, porém com pouco sucesso.

1
Maciço rochoso: É o conjunto formado por tipo litológico, descontinuidades e água (Ayres da
Silva, 1993).
14

Figura 1 – Ciclo produtivo das escavações subterrâneas (MARGARIDA DA SILVA, 2009).

No que diz respeito ao ciclo produtivo, em mina subterrânea, estudos abrangendo


todas as operações de lavra deixam explícita a necessidade de analisar um sistema em que
todas as etapas estão interligadas. Fica explícita a complexidade de um sistema em que
nenhuma etapa deve ser estudada de forma independente, sobretudo em um local de trabalho
onde se têm restrições de movimentação e vários equipamentos operando numa área,
relativamente, pequena (MARGARIDA DA SILVA, 2009).

2.1.1 Explosivos

A história da indústria dos explosivos começou com o uso da pólvora em detonações


no século XVI. A pólvora é um explosivo de baixa potência devido à reação não ser
detonante, mas sim de deflagração, no entanto, foi o primeiro passo para o desenvolvimento
de inúmeros tipos de explosivos atualmente fabricados e comercializados (MORAIS, 2004).
Segundo Crosby (1998), explosivos são substâncias ou misturas, em qualquer estado
físico, que quando submetidas a uma causa térmica ou mecânica suficientemente energética
(calor, atrito, impacto etc.), se transformam total ou parcialmente em gases, liberando uma
grande quantidade de energia num intervalo de tempo muito curto, gerando altas pressões e
temperaturas. Conforme (MORAIS, 2004), essa energia é utilizada pelos explosivos para
arrancar o maciço rochoso no sentido da frente livre ou de menor resistência. Após a
15

detonação, uma onda de choque percorre a rocha com uma velocidade de 3.000 a 5.000 m/s e,
essa onda tende a arremessar o material para a face livre.
Dentre os vários tipos de explosivos, destaca-se a emulsão encartuchada, que é
resultante da mistura de uma solução oxidante, a base de água e nitrato de amônio, e uma
solução combustível a base de óleos e emulsificantes. É um explosivo, conforme Figura 2,
com elevado poder de ruptura, alta resistência à água e grande potência na detonação.
Apresenta-se em filmes plásticos de polietileno, com dimensões, diâmetros e características
diferenciadas, adequando-se a diferentes tipos de rochas e aplicações ou, também, bombeadas
diretamente nos furos através de caminhões adaptados (BRITANITE, 2010).
A emulsão encartuchada foi desenvolvida especialmente para aplicações em subsolo e
desmonte escultural (pré-corte e pós corte), porém, pode ser usado ainda em minerações a céu
aberto, desmontes subaquáticos e construção civil em geral. Apresenta na formulação um
aditivo especial que aumenta sua sensibilidade à iniciação, otimizando a propagação da onda
de choque e minimizando efeitos indesejáveis ao desmonte, recomendado para aplicação em
rochas friáveis, em que obtém ótima fragmentação (BRITANITE, 2010).

Figura 2 – Emulsão encartuchada: Ibegel SSP (BRITANITE, 2010).

2.1.2 Acessórios de detonação

Paralelamente à evolução dos métodos de lavra, os acessórios de detonação vêm


evoluindo com acentuado desenvolvimento tecnológico, objetivando alcançar uma melhor
16

fragmentação das rochas, maior precisão nos tempos de retardo, maior segurança e facilidade
no manuseio, redução dos problemas ambientais gerados durante os desmontes, menor custo
por unidade de rocha desmontada (SILVA, 2007).
Conforme Silva (2007), após o carregamento dos furos nas frentes de avanço de uma
mina, procede-se a detonação inicial, através de acessórios especiais, que provocam a
detonação das cargas. Estes acessórios de detonação são destinados a provocar fenômenos
iniciais de uma forma segura. Alguns deles são destinados a retardar a explosão, quando isto
for desejável. Podemos, dizer que os acessórios de detonação são dispositivos, aparelhos ou
instrumentos usados na operação de explosão, para obter uma explosão segura e eficaz.
Existem vários acessórios de detonação como booster, o estopim, espoletas simples, espoletas
elétricas, espoletas eletrônicas, piropim, cordel e brinel, dentre os quais, podemos destacar os
dois últimos.
Basicamente dois tipos de cordel são comercializados, o cordel de baixa gramatura,
utilizado para interligar os furos carregados e o cordel de alta gramatura (Figura 3),
apropriado para os trabalhos de desmonte escultural, pré corte e pós corte, o qual dispõe de
uma variedade de cargas lineares, oferecendo excelente desempenho na sua utilização.
(BRITANITE 2010). O cordel de alta gramatura NP (nitropenta) Auxilia no controle da
estabilidade do maciço remanescente, diminuindo a sobrescavação devido sua alta potência,
velocidade de detonação e poder de ruptura, além de permitir maior agilidade no
carregamento e menor custo quando comparado com métodos convencionais Silva (2007).

Figura 3 – Cordel detonante de alta gramatura (BRITANITE, 2010).


17

O brinel (Figura 4) se destaca por ser um elemento iniciador de cargas explosivas, em


minerações a céu aberto, subterrâneas, túneis e na construção civil em geral, sendo que, sua
espoleta com carga reforçada permite melhor iniciação dos explosivos à base de emulsão.
Além de apresentar elevado nível de segurança e praticidade em sua aplicação. E pode ainda
ser utilizado como elemento de retardo, com tempos variando de 25 milissegundos (ms) à
8300 milissegundos (ms), suas etiquetas colorida e numeradas permite melhor visualização
dos vários tempos de retardo (BRITANITE, 2010).

Figura 4 – Brinel (BRITANITE, 2010).

Se o acessório iniciador não comunicar uma energia de ativação satisfatória para


ocasionar uma iniciação desejável, pode resultar, simplesmente, na queima dos explosivos,
sem detoná-lo. A eficiência da explosão está intimamente ligada ao modo pelo qual foi
iniciado, visto que, se a energia desenvolvida pelo corpo e a sua decomposição, for inferior a
energia inicial de ativação, a reação não se propagará (REIS, 1992).

2.2 EFEITOS INDESEJÁVEIS DE UM DESMONTE DE ROCHAS

Para Loose (2003), muitas vezes, ao se buscar uma fragmentação satisfatória nas
detonações de minas subterrâneas, pode-se induzir no maciço adjacente um carregamento
excessivo de tensões devido à ação das ondas de choque. Isto pode gerar novas fraturas e/ou
movimentação e abertura de fraturas preexistentes. Vários outros efeitos indesejáveis podem
ser gerados durante o desmonte, dentre eles destacam-se a sobrescavação e a subescavação,
além de que, ultralançamentos, poeiras, vibrações, ruídos, dentre outros. Esses efeitos
18

podem ser limitados através da seleção de um método de lavra subterrânea e um plano


de fogo bem elaborado.
A eficiência da lavra é obtida através da comparação do projeto piloto com o
levantamento topográfico do avanço executado. Assim, pode-se verificar o que foi projetado
para a lavra e que não foi recuperado e a sobrescavação acima do limite do projetado.

2.2.1 Sobrescavação e Subescavação

A sobrescavação e a subescavação se destacam entre os demais efeitos, dentro da


mineração, por interferirem diretamente o desenvolvimento da mina, onde, o primeiro irá
gerar uma quantidade adicional de material desmontado e o segundo não irá recuperar todo
material projetado para o desmonte conforme ilustra Figura 5.

Figura 5 – Efeitos da sobrescavação e subescavação.

Conforme Loose (2003), em um projeto de desmonte, a sobrescavação tem como


consequência negativa a diluição não planejada. Pode ser causada pelo desconhecimento do
comportamento mecânico da rocha, pelo dimensionamento incorreto do plano de fogo e por
dificuldades operacionais de execução do que foi projetado.
Jimeno (2003), afirma que os mecanismos responsáveis pelos fenômenos da
sobrescavação e fraturamento do maciço rochoso estão intimamente ligados à própria quebra
19

da rocha que se desenvolve durante a detonação. Tais mecanismos podem ser desenvolvidos
pelo fato da detonação produzir um forte impacto devido à energia das ondas de choque
associado à tensão por um curto espaço tempo.
Para controlar o excesso de escavação, a resistência à compressão dinâmica da rocha
ao redor dos furos de contorno, não deve ser excedida pela energia das cargas explosivas,
mantendo o nível de vibração no maciço remanescente de forma que não gere quebra e usar
explosivos adequados para o tipo de rocha, para evitar a abertura de fissuras por excesso de
volume de gases (JIMENO, 2003).
A sobrescavação tem impactos diretos na mineração, como implicações na
estabilidade do maciço remanescente, ocasionando problemas nas condições de segurança,
condições de ventilação, maior demanda por carregamento e transporte e, consequentemente
nos custos operacionais . A diluição total é responsável por uma quantidade adicional de
rocha que será carregada, transportada e incluída em todas as etapas do beneficiamento
mineral. Tal diluição reduz drasticamente o teor esperado do minério, podendo afetar,
inclusive, o tempo de vida de uma mina (LOOSE, 2003).
A subescavação gera o desmonte de um volume inferior ao planejado, que pode
acarretar no estreitamento da rampa, perca de minério e consequentemente reduz a recuperação.
Pode ser ocasionado por um desmonte mal dimensionado ou por características,
principalmente de resistência da rocha a ser lavrada. Tem efeitos significativos na receita do
empreendimento mineiro, porém, suas implicações na estabilidade das escavações podem ser
desconsideradas (LOOSE, 2003).

2.3 DESMONTE ESCULTURAL

O desmonte escultural, também chamado de detonação controlada, é considerado


como a técnica de minimizar as irregularidades provocadas na rocha pela sobrescavação
(overbreak) nos limites da escavação, quando se usa explosivos. Essa diluição ocorre quando
a resistência à compressão dinâmica do maciço rochoso é excedida. Se a resistência à
compressão dinâmica for igual à pressão máxima do explosivo, a mesma não produzirá a
quebra da parede no limite da escavação (SILVA 2007).
Conforme Silva (2007), existem várias técnicas de desmonte escultural que podem ser
aplicadas tanto na mineração à céu aberto como na subterrânea, dentre elas podemos: o pré-
corte (pre-splitting) com cargas desacopladas ou espaçadas e o pré-corte com o sistema de
20

câmaras vazia (Air deck). Os esforços destinados à aplicação dessas técnicas são justificados
por motivos técnicos, econômicos e de segurança.
De acordo com Silva (2007), a sobrescavação pode ser reduzida a partir da utilização
de três técnicas de desmonte escultural conforme ilustra a Figura 6. O desacoplamento das
cargas onde a razão entre o diâmetro da carga de explosivo (d) e o diâmetro do furo (D) é a
medida do desacoplamento entre as cargas de explosivos e as paredes dos furos (d/D < 1);
através de cargas espaçadas pela separação de porções da coluna de explosivos, com uso de
material inerte (argila, detritos da perfuração, madeira etc.) e ainda, através do sistema air
deck (câmara de ar). Nas duas primeiras a pressão de detonação produzida pela ação dos
explosivos sobre o maciço remanescente será reduzida, uma vez que a energia liberada será
mais bem distribuída no interior dos furos. Na terceira, parte da energia liberada pela
detonação será confinada na câmara vazia, diminuindo a pressão inicial dos gases sobre o
maciço.

Figura 6 – Cargas desacopladas, cargas espaçadas e air deck (SILVA, 2007).

A aplicação dessas técnicas tem como objetivo cortar a rocha, deixando um perfeito
acabamento no maciço remanescente e permitindo que as falhas e fraturas não venham a ficar
em evidência. Na mineração subterrânea, consiste na detonação de uma linha de furos
paralelos ao longo da linha de contorno, com carga explosiva controlada para causar o
mínimo possível de vibrações e/ou trincamentos no maciço rochoso. Com isso temos a rocha
remanescente com o mínimo de trincamento que lhe conferirá boas condições de segurança e
estabilidade. Para carregamento destes furos pode-se proceder fazendo o carregamento
empregando técnicas de pré-corte (BRITANITE, 2008).
21

2.4 PLANO DE FOGO PARA DESMONTE SUBTERRÂNEO DE ROCHAS

Para Margarida da Silva (2009), o desmonte subterrâneo em maciços rochosos é uma


atividade complexa conforme ilustra a Figura 7. Para a maioria das etapas do projeto de uma
mineração subterrânea, são necessários serviços de perfuração e desmonte em seu
desenvolvimento.

Figura 7 – Estrutura básica de uma mineração subterrânea (ATLAS COPCO, 2008).


22

Conforme Amaral (1990), alguns conceitos são relevantes para o desmonte


subterrâneo, dentre ele destacam-se:
 Rampa: são planos inclinados escavados externamente ao corpo mineral;
 Galeria: são aberturas escavadas no interior da rampa para desenvolver as áreas de
lavra para extração do minério;
 Seção: Corresponde à área da seção transversal;
 Vão: medida da maior dimensão da seção tomada horizontalmente ao eixo do túnel;
 Pilão: são furos alargados e vazios com finalidade de criar face livre necessária para
movimentação do material desmontado;
 Avanço: comprimento da frente desmontada após cada detonação;
 Razão de carregamento: Quantidade em gramas de explosivos usada para desmontar
uma tonelada de rocha;
 Furos de contorno: Furos realizados linha na superior (parede e teto) da seção
transversal;
 Furos de levante: Furos realizados na parte inferior (piso) da seção transversal.
Conforme Silva (2007), todos esses termos do desmonte estão ligados ao
desenvolvimento da mina, realizado através do plano de fogo. Segundo o mesmo autor, plano
de fogo é o plano que engloba um conjunto de elementos, Figura 8, que permitem uma
perfuração e detonação correta de um túnel, galeria, poço, através dos equipamentos previstos
para este.

Figura 8 – Elementos de um plano de fogo (SILVA, 2007).


23

De acordo com Silva (2007), a primeira parte de um plano de fogo refere-se à


determinação do explosivo e sua forma de detonação. Em seguida é elaborado o plano de
fogo, a verificação do projeto e o estudo dos tempos de retardos. E após avaliar qual o avanço
adequado de acordo com o maciço e, definir a profundidade dos furos. Posteriormente,
analisar o tipo de pilão que poderá ser adotado e sua localização e, por fim definir os demais
furos do plano (furos intermediários) juntamente com seus respectivos espaçamentos,
afastamentos e comprimento do tampão e o carregamento.
Silva (2007) estabelece algumas relações que podem ser utilizadas para a elaboração
de um plano de fogo, sendo estes, elementos do plano, carregamento dos furos e volume de
rocha desmontado, tais relações dão resultados aproximados da realidade. No entanto, o
mesmo autor relata que o plano pode também ser definido através de polígonos que se
tangenciam até completar a seção, e esse método é mais utilizado para seções pequenas. A
seguir, serão apresentadas algumas relações propostas por Silva para elaboração do plano de
fogo.
 Tipo e diâmetro do pilão – nos trabalhos mineiros subterrâneos o plano de fogo
desenvolvido depende da escolha, da precisão e da localização do pilão. O pilão de quatro
seções, conhecido como pilão queimado (Burn cut), localizado no terço inferior do plano de
fogo tornou-se o tipo mais atualizado na atualidade por proporcionar avanço satisfatório, além
do que, durante a detonação os lançamentos são mínimos, resultando em uma pilha com
granulometria média e centrada para o material desmontado, afirma Silva (2007).
Pode-se definir o diâmetro do pilão (D2) equação 1 (Eq. 1), o afastamento (a) entre o
furo central e os furos de pilão (Eq. 2), afastamento entre os demais furos do quadrado do
pilão e o lado do 1º quadrado (W1) (Eq. 3), o afastamento

 Distância entre os quadrados do pilão e o furo central: Através de algumas relações


define-se a distância que separa o furo de todos os quadrados do pilão até o furo central.
A distância entre os furos do primeiro quadrado (dcc1) e o furo central pode ser
definida de acordo com a equação 4:
24

Para o segundo quadrado do pilão, a distância entre o furo central e o furo do segundo
quadrado segue a seguinte relação:

Logo, o lado do segundo quadrado será calculado através da distância entre o furo
central e o furo do segundo quadrado (W2).

Para calcular os demais quadrados da seção será obedecida essa mesma sequência,
utilizando sempre a distância e o lado do quadrado anterior.
No entanto caso opte pelo método dos polígonos, procede-se conforme figura 9, onde
os quadrados anteriores serão tangenciados.

Figura 9 – Pilão queimado.

 Profundidade e avanço dos furos:


Quando se utiliza o pilão de quatro seções, a profundidade do furo (H) pode ser
estimada com a utilização da seguinte expressão:
25

O avanço dos desmontes está limitado pelo diâmetro do pilão e pelos desvios dos furos
menores. Sempre que este último se manter abaixo de 2%, os avanços médios (X), podem
chegar a 95% da profundidade dos furos conforme Equação 8. E no caso de rochas de baixa
competência o avanço pode ser igual ou até superior a profundidade dos furos menores
(SILVA, 2007).

 Furos de Soleira (piso): Para determinar o espaçamento entre os furos de soleira (EFs),
Silva (2007) propõe a Tabela 1, na qual são apresentados valores de afastamento, de acordo
com diversos diâmetros de perfuração.

Tabela 1 – Valores de afastamento para diversos diâmetros de perfuração (SILVA, 2007).

Diâmetro da perfuração Afastamento recomendado - ar (m)


25 mm = 1” 0,75
29 mm = 1 1/8” 0,80
32 mm = 1 ¼” 0,84
38 mm = 1 ½” 1,00
51 mm = 2” 1,18

Onde:
ar = É o afastamento recomendado na Tabela 1 (1,18 m).

Após determinado o afastamento necessário para o diâmetro de perfuração utilizado,


através da relação abaixo calcula-se o número de furos de soleira (NFs).

[ ]

 Furos de contorno (teto e parede): Nos furos de contorno de um plano de fogo


subterrâneo, deverão ser aplicadas as técnicas de desmonte amortecido, a fim de preservar a
estrutura do maciço remanescente. De acordo com Silva (2007), a Tabela 2 pode ser utilizada
para utilização dessa técnica.
26

Tabela 2 – Valores que podem ser aplicados na técnica de detonação amortecida (SILVA, 2007).

Diâmetro da RL Diâmetro do Afastamento Espaçamento


perfuração (mm) (Kg/m) cartucho (mm) (Ap) em (m) (Ep) em (m)
25 – 32 0,11 11 0,3 – 0,5 0,25 – 0,35
25 – 48 0,23 17 0,7 – 0,9 0,50 – 0,70
51 – 64 0,42 22 1,0 – 1,1 0,80 – 0,90
76 0,50 38 1,4 1,6

De posse desses valores tabelados calcula-se o espaçamento entre os furos de contorno


(EFc) equação 11 e consequentemente o número de furos de contorno (NFc) através da
Equação 12 e 13. É relevante que ao locar os furos de contorno observe o ângulo de saída dos
furos, descartando a possibilidade de afunilamento da seção.

[ ]

Onde:

 Furos do arco superior (relce): Através das equações 14 e 15, define-se os furos que
compõem o arco superior (NFa) ao pilão pode ser determinado através da equação abaixo:

[ ]

Onde:
27

 Tampão: Para todos os furos do plano de fogo, o comprimento do tampão pode variar
de 20% à 100% do afastamento entre os furos, dependendo muito do tipo de rocha e do bom
senso do responsável pelo desmonte (SILVA, 2007).
Após os cálculos de todos os elementos anteriores, procede-se os cálculos que
definirão o sistema de carregamento dos furos para posterior detonação. De acordo com Silva
(2007), as equações a seguir podem ser utilizadas para dimensionar a carga para cada furo.
 Razão linear de carga (RL)

Onde:
de – É o diâmetro do explosivo
σe – É a densidade do explosivo
 Número de cartuchos por furo (NC)

( )

Onde:
H – É a profundidade do furo
T – Comprimento do tampão

 Carga de explosivo por furo (Q)

E por fim, utiliza as equações abaixo para determinar em cada desmonte, o volume de
rocha desmontado (V) e a razão de carregamento (RC).
28

3 METODOLOGIA

A metodologia utilizada neste trabalho baseou-se nas técnicas de desmonte escultural,


onde foram utilizadas cargas reduzidas nos furos de contorno, para diminuir a incidência de
ondas de choque sobre o maciço remanescente. Além das informações fornecidas pela
empresa, vários cálculos foram realizados para o dimensionamento e carregamento do plano
de fogo.

3.1. LOCALIZAÇÃO: SERRA PELADA – COLOSSUS MINERALS LTDA (PROJETO


SERRA PELADA

O Projeto Serra Pelada que atualmente está concluindo as etapas de implantação,


encontra-se localizado no distrito de Serra Pelada (Figura 9), Província Mineral de Carajás, a
noroeste da jazida de ferro da Serra Leste, dentro dos limites geográficos do município de
Curionópolis, entre os municípios de Parauapebas e Marabá, região sudeste do Estado do
Pará, (antigo garimpo da Serra Pelada).

Figura 10 – Mapa da localização do Projeto Serra Pelada (GOOGLE MAPS, 2013).


29

O acesso terrestre à jazida, de acordo com a Figura 10, a partir de Marabá (a 683 km
de Belém, via Paragominas), é feito através da PA-150 até o entroncamento com a PA-275,
em Eldorado dos Carajás e, por esta, até o km 16, num total de 116 km de estradas asfaltadas
contando a partir de Marabá. No km 16 toma-se uma vicinal para norte, percorrendo-se 34,5
km de estrada de terra com tráfego permanente até a vila de Serra Pelada.

Figura 11 – Rodovias de acesso ao Projeto Serra Pelada (GOOGLE MAPS, 2013).

3.2 CÁLCULOS DOS ELEMENTOS DO PLANO DE FOGO PARA O DESMONTE


ESCULTURAL DA MINA DO PROJETO SERRA PELADA

Para dimensionamento do plano de fogo utilizou-se algumas informações fornecidas


pela empresa Colossus Minerals, dentre elas podemos destacar:
 A geologia local do projeto: composta quase que em sua totalidade por siltito;
 Rampa com 4,6 m e largura e 4,8 m de altura;
 Tipo de pilão: Pilão queimado (Burn cut);
 O diâmetro de perfuração dos furos menores: 51 mm de diâmetro;
 O tipo de explosivo utilizado: emulsão encartuchada com dimensões de 1 ½” x 24” de
1 ¼” x 16”.
 Os acessórios de detonação: cordel, brinel e piropim.
30

Os resultados para os demais elementos necessários à elaboração do plano de fogo,


foram obtidos através das relações propostas por Silva (2007), conforme a Tabela 3.

Tabela 3 – Cálculos dos elementos do plano de fogo.


Diâmetro do pilão (D2)


Onde:
O diâmetro dos furos menores = 51mm
O número de furos de pilão = 4 furos

Afastamento entre o furo central e os furos de pilão

Onde:
D2 = Diâmetro do pilão previamente calculado.

Afastamento entre os furos do pilão e os furos do 1º quadrado

A partir do segundo quadrado optou-se pelo método dos polígonos.

Profundidade dos furos

Onde:
D2 = Diâmetro do pilão previamente calculado.

Avanço

Espaçamento entre os furos de soleira (EFs) e Número de furos de soleira (NFs)

[ ]
Onde:
ar = 1,18 (tabelado)
Largura do túnel = 4,6 m
31

Número de furos do arco superior

[ ]
Onde:
ar = 1,18 (tabelado)
µ = 3,14 (tabelado)
r = raio da abóbada – ap
raio da abóbada = 2,3 m
ap = 1,0 (tabelado)

Comprimento do tampão

Para o furo central, furos do 1º e 2º quadrados e furos de soleira = 0,3 m


Para os furos do 3º e 4º quadrados, furos do arco e furos de contorno = 0,6 m

3.3 CARREGAMENTO DOS FUROS

Para o carregamento dos furos utilizou-se emulsão encartuchada com duas dimensões
diferentes, conforme descrição da tabela 4.

Tabela 4 – Ibegel SSP (dimensões x unidades por caixa x quantidade por cartucho x densidade)
(BRITANITE, 2010).
Dimensões un/cx massa Densidade (σ)
Pol mm 25 kg g/un g/cm3
1 ½” x 24” 38 x 610 29 862 1,25
1” x 24” 25 x 610 64 391 1,25

Para o furo central, furos do 1º quadrado, furos do 2º quadrado e furos de soleira,


utilizou-se explosivos de 1 1/2” x 24” de dimensões, enquanto nos furos do 3º e 4º quadrados,
furos do arco e furos de contorno utilizou explosivos de 1” x 24” de dimensões. O
carregamento procedeu-se de acordo com a tabela 5.
32

Tabela 5 – Cálculo para o carregamento dos furos.


Razão Linear de Carga (RL)

Onde:
µ = 3,14
de = diâmetro do explosivo (de acordo com o explosivo utilizado)
σe = densidade do explosivo = 1,25 g/cm3

Número de cartuchos por furo (NCf)

( )

Onde:
H = profundidade do furo
T = comprimento do tampão
Comprimento do cartucho (de acordo com o explosivo utilizado)

Carga de explosivo por furo (Q)

Onde:
H = profundidade do furo
T = comprimento do tampão
RL = Razão Linear de carregamento

Carga de explosivo por desmonte (g)

Quantidade de explosivo por furo x quantidade de furos carregados do plano de fogo.

Após determinado o sistema de carregamento para os furos pode se dimensionar o


volume total de rocha desmontado e razão de carregamento por desmonte conforme tabela 6.

Tabela 6 – Volume de rocha desmontado e razão de carregamento.


Volume de rocha desmontado (V) (m3)

Onde:
área da seção = 19,8 m2
densidade da rocha = 2,28 g/cm3
33

Razão de carregamento

Onde:
Total de explosivo por desmonte e volume de rocha desmontado foram previamente calculados.

3.4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir dos cálculos realizados para os elementos do plano de fogo, chegou-se aos
seguintes resultados apresentados na Tabela 7.

Tabela 7 – Resultados dos cálculos dos elementos do plano de fogo.


Elementos Resultado
Diâmetro do pilão (Pol) 4
Número de furos de pilão 4
Afastamento entre o furo central e o pilão (m) 0,15
Afastamento entre os furos de pilão e os furos do 1º quadrado (m) 0,15
Profundidade dos furos (m) 3,1
Avanço por desmonte (m) 3,1
Número de furos incluindo (1° quadrado, 2º quadrado, 3º quadrado e 4º quadrado) 16
Espaçamento dos furos de soleira (m) 0,92
Numero de furos de soleira 6
Espaçamento dos furos de contorno (m) 0,52
Numero de furos de contorno 22
Numero de furos do arco superior 3
Tampão do furo do central, furos do 1º e 2º quadrados e furos de soleira (m) 0,3
Tampão dos furos do 3º e 4º quadrados, furos do arco e furos do contorno (m) 0,5
Total de furos por desmonte 52

Para determinar a quantidade de furos em cada zona do plano de fogo utilizou os


resultados acima relacionados. No entanto, houve algumas alterações nos resultados. Pois,
para alguns elementos do plano de fogo, os resultados devem ser valores inteiros, logo alguns
destes resultados precisaram ser arredondados. Alterações maiores ocorreram buscar o melhor
34

resultado possível para o desmonte, de forma a proteger o maciço remanescente e as demais


estruturas ligadas ao processo de detonação. Tais alterações serão justificadas no decorrer das
discussões.
A partir dos resultados obtidos, mostrados na tabela anterior (Tabela 7), foi possível
elaborar o plano de fogo representado pela Figura 12.

Figura 12 – Plano de fogo elaborado a partir dos cálculos realizados.

Para o plano de fogo foi escolhido o pilão queimado (Burn cut) com quatro furos
espaçadamente próximos, localizados no terço inferior da seção de escavação. Conforme
Amaral (1990), esse tipo de pilão é o mais recomendado para rochas friáveis, como é o caso
do siltito, por proporcionar um melhor avanço, uma vez que, o material desmontado é lançado
para fora do furo e uma abertura central é criada após a primeira detonação, permitindo que as
35

demais detonações lancem o material para o interior da abertura, dando um perfeito corte em
toda a seção planejada e consequentemente protegendo as estruturas remanescentes. Esse tipo
de localização controla a direção de lançamento dos fragmentos da rocha, formando uma
pilha mais centrada e bastante compacta, favorecendo a fragmentação e reduzindo o consumo
de explosivos, o que é muito relevante.
Os furos dos quadrados do pilão (furos de corte) foram localizados tangenciando os
quadrados anteriores. Conforme Amaral (1990) é de extrema importância a experiência e o
bom senso de quem planejou o plano de fogo, Segundo o mesmo autor, existe uma regra pela
qual a localização dos demais furos da seção se dá através de figuras geométricas
(principalmente quadrados) consecutivas, tangentes aos vértices dos quadrados anteriores.
Esse método é mais empregado à sessões pequenas, como é o caso da seção em estudo, com
4,6 m de largura por 4,8 m de altura.
O avanço por fogo nos desmontes, bem como uma boa fragmentação, está
extremamente ligado ao tipo de rocha, a quantidade de explosivo que poderá ser usada e a
precisão do esquema de perfuração. Para este plano de fogo o avanço esperado é igual de 3,1
m, que é igual a profundidade do furo de 3,1 m. Pois se tratando de uma rocha friável, o
avanço poderá chegar à mesma profundidade dos furos ou até superior. Apesar deste avanço
ser menor que os avanços alcançados com o plano de fogo atualmente utilizado na mina, ele
poderá ser bem mais viável, por se tratar de uma rocha de baixa competência que após o
desmonte, necessita imediatamente de suporte. Uma vez que, houve relatos que o
desenvolvimento do Projeto Serra Pelada já ficou 7 dias parados devido a grande incidência
de sobrescavação.
Segundo Amaral (1990), às vezes desmontes pequenos, mas contínuos ao longo de um
turno de trabalho, trazem resultados mais satisfatórios do que um grande avanço. Uma vez
que grandes avanços demandam por limpezas mais demoradas comprometendo a estabilidade
da rocha, visto que rochas friáveis demandam por um escoramento mais rápido, a fim de não
comprometer nenhuma estrutura.
A detonação acontecerá de forma divergente, iniciando no interior da seção e
finalizando nos furos de contorno. Desta forma, todo o material desmontado cairá sobre a face
aberta pelas detonações anteriores no interior da seção, resultando na formação de uma pilha
composta do material desmontado e reduzindo as ondas de choque ao maciço remanescente,
visto que as ondas de choque e a deflagração sempre ocorrem no sentido da face livre,
aliviando as tensões sobre o maciço remanescente.
36

Para proporcionar intervalos de tempos entre os furos do centro da seção a os furos de


contorno durante a detonação, utiliza-se brinel. Este é um acessório de iniciação de cargas,
porém, por possuir vários tempos de retardos, ele pode ser utilizado para sequenciar os
tempos de detonação dos furos em um plano de fogo. Os retardos serão responsáveis pelo
alargamento da face livre aberta na seção desmontada. Amaral (1990), relata que dentro de 3 a
4 milissegundos aparecem as primeiras fendas na rocha, logo depois, entre 8 e 10
milissegundos, o material começa a desprender, abrindo uma face livre na seção. Um brinel
com retardo de 25 ms é colocado no furo central e à medida que os furos irão se afastando do
centro os tempos de retardo irão aumentando. Assim, as diferenças de tempos entre a
detonação dos furos provocam uma diminuição na onda de choques sobre o maciço rochoso e
consequentemente, diminuirá a vibração do maciço.
Conforme Britanite (2010), retardos de maior tempo devem ser utilizados nos furos de
contorno, pois diminuem a incidência de sobrescavação, e nos furos do canto, por gerar um
maior alívio de tensão, melhorando o arranque do material e reduzindo a ultraquebra lateral.
A detonação realizada com retardos produzem efeitos como: maior fragmentação,
melhor arrancamento das rochas em túneis, diminuição dos abalos do maciço, permitindo
calcular a direção da detonação e principalmente, o incremento no grau de liberdade da
movimentação do material desmontado (SENAI, 2010). Para Silva (2007) menores tempos de
retardos causam pilhas mais altas e mais próximas à face; provocam mais a quebra lateral;
causam mais ondas aéreas e apresentam maior potencial de ultralançamento. Enquanto
tempos maiores diminuem tanto a vibração do maciço como a incidência de quebra não
planejada (sobrescavação).
O sistema de carregamento por furo foi definido de acordo com os resultados obtidos
no plano de fogo e os dados fornecidos pelo Manual da Britanite. De acordo com esses dados
foi possível definir a razão de carregamento linear, a carga por furo e o número de cartucho
por furo. Os resultados do sistema de carregamento podem visualizados na Tabela 8.

Tabela 8 – Resultados do carregamento: Carga de explosivos por furo.


Região Dimensões do Massa do Razão Linear Cartucho Carga por
dos furos Explosivo mm cartucho g De carga kg/m por furo furo (kg)
Centro 38 x 610 862 1,416 4 3,448
1º Quadrado 38 x 610 862 1,416 4 3,448
2º Quadrado 38 x 610 862 1,416 4 3,448
37

Soleira 38 x 610 862 1,416 4 3,448


3º quadrado 25 x 610 391 0,613 4 1,564
4º quadrado 25 x 610 391 0,613 4 1,564
Arco 25 x 610 391 0,613 3 1,564
Contorno 25 x 610 391 0,613 1 0,391

O furo central, os furos do 1º, 2º e 3º quadrados do pilão e furos de soleira receberam


cargas bem maiores quando comparados às cargas dos demais furos. Apesar do espaçamento
entre os furos central, 1° e 2º quadrados ser menor que o espaçamento entre os demais furos
da seção, as cargas devem ser maiores, pois segundo Amaral (1990) estes furos deverão fazer
um arranque suficiente e criar face livre para a queda do material dos próximos furos a
detonar, além da necessidade de fraturar o restante da seção, de forma que essas fraturas não
ultrapassem a linha de contorno e, facilite o desmonte dos furos mais próximos do contorno,
cujas cargas são menores para não abalar a rocha subsequente. Já nos furos de soleira, essa
carga maior pode ser justificada em razão do maior espaçamento entre os furos, visto que as
cargas utilizadas devem ser suficientes para fazer o corte perfeito do piso.
Nos 3 furos do arco superior, os cálculos apresentaram 4 cartuchos por furo, no
entanto optou-se por usar apenas 3 cartuchos em cada furo e separá-los por espaçadores
inertes. Segundo Silva (2007), as cargas espaçadas proporcionarão uma melhor distribuição
da energia gerada durante a detonação que, consequentemente, diminuirá a pressão das ondas
de choque sobre o maciço remanescente, visto que o maciço rochoso de siltito é de baixíssima
competência.
Nos furos de contorno foi onde aconteceu a maior alteração tanto para o número de
furos quanto para o carregamento dos mesmos. Os cálculos apresentaram resultados de 11
furos carregados. No entanto, optou-se por duplicar a quantidade de furos, passando para 22
furos e reduzir significativamente o carregamento destes. A proposta é usar apenas um
cartucho no fundo do furo e conecta-lo à face da seção através do cordel detonante NP 40.
Desta forma, o carregamento dos furos de contorno será mínimo, porém, o resultado do
desmonte poderá ser satisfatório. Conforme Silva (2007), quanto menor a pressão da carga da
coluna de explosivo sobre o maciço remanescente, menor será a sobrescavação.
Todos os cordéis detonantes de alta gramatura apresentam velocidade de detonação
elevada (7.000 m/s) e alto poder de ruptura, proporcionando à rocha um corte muito rápido, o
qual impedirá que as ondas de choque se deflagrem sobre o maciço remanescente
ocasionando-lhe danos. Porém, foi proposto o cordel detonante NP 40 para conexão das
38

cargas à face da seção, por este já ter sido objeto de estudo em pesquisas desenvolvidas por
Silva (2007), para a técnica de desmonte amortecido, gerando bons resultados. A opção por
este tipo de cordel partiu também da avaliação de resultados de desmonte à céu aberto, em
que usou a técnica de pré corte com cordel NP 40, e o resultado foi satisfatório, o corte foi
perfeito, além do que, a estrutura do talude remanescente não foi comprometida.
A partir dos resultados apresentados pela tabela 5, foi possível dimensionar o consumo
total de explosivos por desmonte conforme ilustra a tabela 9.

Tabela 9 – Resultados do carregamento: Carga de explosivos para o desmonte.


Região Número Massa do Cartucho por Total de
dos furos de furos cartucho g furo explosivos (kg)
Centro 1 862 4 3,448
1º Quadrado 4 862 4 13,792
2º Quadrado 4 862 4 13,792
Soleira 6 862 4 20,688
3º quadrado 4 391 4 6,256
4º quadrado 4 391 4 6,256
Arco 3 391 3 3,519
Contorno 22 391 1 8,602
Total de explosivos por desmonte 76,353kg
Total de explosivos de 1 ½” x 24”: 51,72 kg de explosivos = 60 cartuchos
Total de explosivos de 1” x 24”: 24,633 kg de explosivos = 63 cartuchos

O explosivo utilizado no Projeto Serra Pelada é a emulsão encartuchada Ibegel SSP. A


escolha desse tipo de explosivo é justificada por ser fabricado especialmente para desmontes
subterrâneos, em rochas friáveis proporcionando-lhe uma melhor fragmentação e, devido sua
grande resistência à água, visto que o fluxo de água no interior da mina é bastante intenso
(BRITANITE, 2013). O explosivo utilizado no desmonte atual do projeto, com dimensões de
1¼” x 16” e 410 g de explosivo por cartucho, que é usado nos furos auxiliares e de contorno,
foi substituído no plano de fogo aqui elaborado pelo explosivo 1” x 24” e 391 g de explosivo
por cartucho. Essa decisão foi tomada devido este último explosivo apresentar menor carga
por cartucho, que consequentemente diminuirá a pressão de detonação tanto nos furos
auxiliares como nos furos de contorno.
39

De posse dos resultados dos elementos calculados e do sistema de carregamento,


obtiveram-se os valores do volume de rocha desmontado e a razão de carregamento do plano
de fogo de acordo com a tabela 10.

Tabela 10 – Volume de rocha desmontado e razão de carregamento por fogo.


Volume de rocha desmontado = 139,95 ton
Razão de carregamento = 545,5 g/ton
40

4 CONCLUSÃO

Através dos cálculos realizados e as informações repassadas pela Colossus Minerals,


foi possível dimensionar o plano de fogo, e estabelecer a forma de carregamento dos furos.
Foi dada uma nova configuração ao plano, principalmente para os furos de contorno que
tiveram suas cargas bastante reduzidas.
Foi proposto a utilização do cordel detonante de alta gramatura NP 40 nos furos de
contorno, devido sua alta velocidade e poder de ruptura, no entanto, acredita-se que ele será
capaz de cortar a rocha na linha de contorno, sem agredir o maciço remanescente.
A razão de carregamento encontrada nos cálculos (545,5 g/ton), apesar de ter sido um
pouco superior à razão de carregamento (516,47 g/ton) do plano de fogo atual do Projeto
Serra Pelada, acredita-se que os resultados dos desmontes possam ser satisfatórios, visto que,
houve uma melhor distribuição na configuração das cargas explosivas. Sendo que os furos de
corte receberam maiores cargas e nos furos do arco e furos de contorno as cargas foram
menores.
As alterações feitas no plano de fogo elaborado neste trabalho foram justificadas pela
literatura, logo, acredita-se que, caso esse plano seja empregado nos desmontes do Projeto
Serra Pelada, ele poderá reduzir a sobrescavação, e consequentemente garantir condições de
estabilidade ao maciço remanescente, melhorar as condições de segurança para os
trabalhadores e equipamentos e agilizar as operações de carregamento e transporte
diminuindo o tempo de ciclo.
Portanto, a partir desse trabalho pode-se sugerir como proposta para trabalhos futuros,
que este plano de fogo seja apresentado ao Projeto Serra Pelada para aplicação nos desmonte,
e que seja feita uma comparação da viabilidade técnica e econômica entre os dois planos de
fogo. Propõe também que seja feito estudos de outras técnicas de desmonte escultural com
cargas espaçadas e sistema air deck, entre outros.
41

5 REFERÊNCIAS

Atlas Copco Equipo de perforación, 2005. 22p.

AYRES DA SILVA, L.A. Tema VI: A influência dos desmontes por explosivos na
estabilidade dos taludes. São Paulo: Escola Politécnica, 2005. 22p.

AMARAL, M. J. F.D. Desmonte de rochas a céu aberto. Universidade Federal da Paraíba,


1990.

BRITANITE – Guia de utilização de produtos Britanite, 2010.

BRITANITE – Manual Básico de Utilização de explosivos, Quatro Barras, 2008.


Disponível: < http://pt.scribd.com/doc/140615334/99920318-Manual-de-Blaster-2008-Folha-
Timbrada>. Acesso em: 10 jun. 2013.

CASTRO, A. S. Dissertação de Mestrado: Avaliação da Fragmentação dos Desmontes de


Rocha Através de Fotoanálise, UFOP - Ouro Preto, 2000.

CROSBY, W. International Drilling, Blasting and Explosives Technology Course. Ouro


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