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Área de concentração:
Lavra de Minas
Ouro Preto/MG
Março de 2013.
Dedico a Deus, a minha família, a minha
companheira Lilian e ao querido Xangô.
AGRADECIMENTOS
Ao coorientador professor Dr. José Cruz do Carmo Flôres pela amizade, apoio e
valiosas contribuições;
Aos servidores do DNPM Miguel Antônio Cedraz Nery, Roberto da Silva, Vanda Lima
de Andrade, José Eduardo Alves Martinez, Antônio Eleutério de Souza, Celso Luiz
Garcia, Ana Lúcia Guará Bezerra, Romel Amarildo Vasconcelos Costa, Guilherme
Santana Lopes Gomes, Sebastião Domingos de Oliveira e Carla Ferreira Vieira Martins.
Ao professor da UFMG Dr. Raul Zanoni Lopes Cançado pelo envio da carta de
recomendação para participar do processo seletivo do Mestrado na UFOP;
FIGURA 5: Foto do Projeto do Hotel em uma área de uma antiga pedreira desativada.75
FIGURA 10: Distribuição das substâncias minerais nos processos minerários. .............88
FIGURA 12: Síntese das respostas ao questionário aplicado para análise dos planos de
fechamento submetidos ao DNPM/MG. .........................................................................89
8
FIGURA 15: Cumprimento da exigência do plano de desmobilização das instalações
equipamentos, segundo a NRM nº 20 ............................................................................97
FIGURA 25: Cumprimento da exigência das medidas para impedir o acesso à mina de
pessoas estranhas e interditar com barreiras os acessos às áreas perigosas, segundo a
NRM nº 20 .................................................................................................................... 102
9
FIGURA 27: Cumprimento da exigência de aptidão e intenção de uso futuro da área,
segundo a NRM nº 20 ...................................................................................................104
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LISTA DE TABELAS
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LISTA DE SIGLAS
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ONU – ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS
13
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO
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Estas minas, de acordo com a tabela 1, estão divididas nas seguintes classes:
15
condições de drenagem, a erosão, a contaminação de águas superficiais e subterrâneas,
o assoreamento de recursos hídricos, os rompimentos de barragens de rejeitos, os
desabamentos e subsidências.
1
Minas em que não é possível identificar os responsáveis pelas atividades de lavra.
16
Mineral (DNPM), visto ser essa peça obrigatória no Plano de Aproveitamento
Econômico, que deve ser aprovado pelo DNPM para outorga da Portaria de Lavra. O
Estado de Minas Gerais será analisado neste estudo devido a sua maior participação na
produção mineral brasileira (49,4%)2 e a sua diversidade geológica. Essa análise terá
como foco a região do Quadrilátero Ferrífero devido a sua importância e contribuição
para o setor mineral do país.
A metodologia adotada para esse estudo consistiu nas seguintes etapas a seguir:
2
Dados da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais – SEDE (2011).
17
A Tabela 2 apresenta o ranking da arrecadação da Compensação Financeira pela
Exploração de Recursos Minerais (CFEM) nos municípios do Quadrilátero Ferrífero em
Minas Gerais (MG) no ano de 2011.
Município Total 100% Total 65%
NOVA LIMA 119.419.514,10 77.622.684,17
ITABIRA 118.150.100,79 76.797.565,51
MARIANA 98.812.313,42 64.228.003,72
SÃO GONÇALO DO RIO
ABAIXO 90.828.126,72 59.038.282,37
ITABIRITO 59.489.357,32 38.668.082,26
BRUMADINHO 53.806.448,15 34.974.191,30
CONGONHAS 52.644.913,57 34.219.193,82
ITATIAIUÇU 24.690.096,78 16.048.562,91
OURO PRETO 22.238.936,23 14.455.308,55
BARÃO DE COCAIS 22.144.903,11 14.394.187,02
SANTA BÁRBARA 13.929.007,24 9.053.854,71
SABARÁ 8.768.162,93 5.699.305,90
CATAS ALTAS 8.655.719,30 5.626.217,55
SARZEDO 5.117.672,42 3.326.487,07
MATEUS LEME 4.563.053,86 2.965.985,01
ITAÚNA 3.178.799,79 2.066.219,86
SÃO JOAQUIM DE BICAS 3.152.046,59 2.048.830,28
IGARAPÉ 2.099.018,93 1.364.362,30
BELO VALE 746.409,06 485.165,89
CONSELHEIRO
LAFAIETE 619.330,37 402.564,74
BETIM 418.401,64 271.961,07
IBIRITÉ 418.353,46 271.929,75
CAETÉ 374.934,91 243.707,69
RIO ACIMA 334.633,65 217.511,87
SANTA LUZIA 241.879,15 157.221,45
BELO HORIZONTE 181.818,70 118.182,16
ESMERALDAS 99.086,80 64.406,42
MÁRIO CAMPOS 40.323,95 26.210,57
RIO MANSO 705,57 458,62
TOTAL: 715.164.068,51 464.856.644,53
18
Figura 1: Valor total da arrecadação de CFEM dos municípios de MG no ano de 2011: R$
512.773.877,69
Fonte: DNPM (2011)
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Com essa metodologia foram selecionados 32 processos minerários utilizando o
Cadastro Mineiro do DNPM/MG, que foram enumerados de 1 a 32. Por se tratar de
informações de caráter sigiloso, omitiu-se os nomes das empresas mineradoras, as
localizações e os nomes das minas.
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CAPÍTULO 2 – DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E MINERAÇÃO
21
sustentável. Algumas dessas empresas, listadas na bolsa de valores, participam do
Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) - “ferramenta para análise comparativa
da performance das empresas sob o aspecto da sustentabilidade corporativa, baseada
em eficiência econômica, equilíbrio ambiental, justiça social e governança
corporativa” (BM&FBovespa, 2012). Utilizando esse conceito, divulgam
voluntariamente suas ações de responsabilidade social e sustentabilidade através de
Relatórios de Sustentabilidade, seguindo as diretrizes da Global Reporting Iniciative
(GRI), “uma organização não governamental internacional, com sede em Amsterdã, na
Holanda, cuja missão é desenvolver e disseminar globalmente diretrizes para a
elaboração de relatórios de sustentabilidade” (INSTITUTO ETHOS, 2012).
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Contrariamente, parte da sociedade advoga que a mineração é uma atividade
insustentável em termos ambientais e sociais e que muitas empresas alcançam
certificações, por razões de mercado, apesar de continuar a poluir o meio ambiente,
visto que a única exigência necessária para obter essas certificações é a existência de um
plano de prevenção e mitigação dos danos ambientais. Almeida apud Enríquez e
Drummond (2007) afirma que tais certificações não envolvem avaliação de
desempenho, sendo tão somente um reconhecimento de princípios e normas que devem
ser seguidos pelas empresas.
Por outro lado, Reis e Barreto (2001, 2) afirmam que “o recurso mineral não se
esgota, simplesmente assume outras formas e propriedades, e, neste sentido, não se
perde para as futuras gerações: ao contrário, seu uso e aplicação resultam em
agregação de valor e são o patrimônio ou riqueza das gerações presentes e passadas às
futuras”. Mikesell apud Worrall et al (2009) sugere que a sustentabilidade na indústria
mineral pode ser alcançada reinvestindo as receitas geradas pela mineração em
3
Para maiores informações acessar o site http://atingidospelavale.wordpress.com/
23
atividades sustentáveis que fiquem disponíveis para as futuras gerações. Para Lima
(2002) a produção mineral pode ser sustentável com avanços tecnológicos e com o
melhor desempenho da indústria de mineração. O progresso tecnológico permite que
recursos minerais considerados inviáveis se transformem em reservas. Além disso,
torna-se viável o aproveitamento técnico e econômico de reservas com baixos teores e
em grandes profundidades. Desta forma, para estes autores é possível haver
sustentabilidade na mineração.
24
Para relacionar a discussão de mineração versus sustentabilidade é importante
contextualizar a criação do DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral). O
DNPM foi criado em 1934, período de grandes transformações econômicas no país.
Curado e Cruz (2008,407) ressaltam que “a partir de 1933 deu-se o início da
industrialização do Brasil, já que a partir desse ano, o ritmo de crescimento da
economia passou a ser determinado pelo ritmo de expansão do setor industrial”. Nesse
período verificou-se um processo de urbanização e diversificação da estrutura industrial.
O Brasil migrava de uma economia agrária para industrial. Almeida (1999) aponta que
“A partir dos anos 30, à medida que a modernização capitalista transformava de forma
dramática a estrutura econômica do país, a participação governamental direta na
produção de bens e na provisão de serviços de utilidade pública foi crescendo
sistematicamente”.
25
sustentabilidade, hoje tão em voga. Assim, pode-se inferir que o DNPM não tendo
participado e incorporado tais discussões, fez com que surgisse um descompasso entre
as atividades de mineração e o meio ambiente.
26
descoberta de jazidas e ao ordenamento territorial, até a mineração e a
transformação mineral, pelo estímulo à expansão de cadeias
produtivas minerais no País, convergindo na multiplicação de renda,
emprego e P, D & I; e
27
uma informação que pode ser medida, sendo assim, podem ser comparadas e
administradas.
Bellen (2006, 42) esclarece que indicadores têm como objetivo “agregar e
quantificar informações de modo que sua significância fique mais aparente. Eles
simplificam as informações sobre fenômenos complexos tentando melhorar com isso o
processo de comunicação”.
28
transparência, comunicação efetiva, ampla participação, avaliação contínua e
capacidade institucional.
29
pela comunidade. Por isso, as empresas tem a oportunidade de demonstrar uma parte
das ações sustentáveis da mineração amenizando com isso a má reputação da atividade
minerária.
30
CAPÍTULO 3 – LEGISLAÇÃO MINERAL
31
apresenta uma interface com vários ramos do Direito, entre eles, o Direito
Constitucional, o Direito Civil e o Direito Administrativo.
32
Tem como conteúdo uma atividade de interesse público, que é
transformar os recursos minerais em benefícios econômicos e
sociais;
É completo. Trata-se de unidade jurídica autônoma e surte
efeitos por si só, não dependendo de qualquer Direito
Acessório para aperfeiçoar-se;
Tem como meta econômica o fomento da mineração;
É outorgado pela União por intermédio do Departamento
Nacional de Produção Mineral e do Ministério de Minas e
Energia, considerando suas competências legais;
Contém os mesmos atributos do domínio;
É exclusivo, visto que o titular terá prioridade para pesquisar e
lavrar outras substâncias contidas no polígono delineado por
seu Direito Minerário;
Pode ser dado em garantia de cumprimento de quaisquer
obrigações, inclusive hipoteca;
Pode tanto ser dado em penhora e penhorado tanto em
execução comum quanto fiscal;
Pode ser livremente alienado a quem tenha capacidade e
legitimação para recebê-lo mediante prévio consentimento do
DNPM;
É outorgado a quem primeiro o requerer regularmente;
É obrigatoriamente exercido pelo setor privado;
É obrigatoriamente exercido por brasileiros – natos ou
naturalizados – ou empresa constituída sob as leis brasileiras e
que tenha sede e administração no país;
Tem unicidade por território;
Possui os mesmos requisitos exigidos para os atos e processos
administrativos em geral;
É perpétuo, visto que se vincula à exaustão da jazida;
Não distingue entre solo e subsolo. Seu objeto alcança os
recursos e jazidas subterrâneas ou afloradas.
33
desapropriação por necessidade de utilidade pública, mediante indenização prévia. As
minas pertencem aos proprietários do solo, salvo as limitações que forem estabelecidas
por lei a bem da exploração deste ramo da indústria”. Neste sistema, segundo Paiva
(1971), o Estado apenas exerce o poder de polícia, restringindo-se a sua ação a orientar
a exploração dos recursos minerais.
34
Já para as minas concedidas a mesma autora elenca as seguintes características:
Forma de aquisição primária: dá-se mediante concessão do Governo
Federal através do Ministério de Minas e Energia (MME).
O título é ato administrativo do MME.
Tem natureza de direito pessoal em relação à Administração Pública.
É tratado no Código de Mineração: regime comum de exploração
mineral.
Entre as formas de perdimento tem a caducidade nas hipóteses
previstas pelo Código de Mineração.
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O referido Decreto estabelece que o percentual desta compensação, de acordo
com as classes de substâncias minerais, é de:
4
O Brasil produzindo menos essas substâncias, e a fim de garantir uma arrecadação considerável aos
estados, municípios e união, estabeleceu para essas substâncias alíquotas maiores.
5
Art. 2º do Código de Mineração de 1967.
36
É importante ressaltar que não estão subordinados aos mandamentos deste
Código6, os trabalhos de movimentação de terras e de desmonte de materiais in natura,
que se fizerem necessários à abertura de vias de transporte, obras em geral de
terraplenagem e de edificações, desde que não haja comercialização das terras e dos
materiais resultantes desses trabalhos e que eles sejam somente aproveitados na própria
obra.
6
§ 1 º do Art. 3º do Código de Mineração de 1967.
37
O requerimento de autorização de pesquisa mineral somente será outorgado pelo
DNPM se a área pretendida não estiver onerada a outras áreas de autorização de
pesquisa, registro de licença, decreto ou portaria de lavra, manifesto de mina, permissão
de lavra garimpeira e permissão de reconhecimento geológico.
Aprovado o Relatório Final de Pesquisa, o titular terá prazo de 1 (hum) ano para
requerer a lavra, sendo que este prazo poderá ser prorrogado mediante solicitação
justificada do titular, antes de findar-se o prazo inicial ou da prorrogação em curso.
Dentro deste prazo, o titular poderá ainda negociar seu Direito Mineral, alienando-o
totalmente ou transferindo parte deste direito a terceiros.
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plantas de detalhes e de situação; servidões de que deverá gozar a mina; plano de
aproveitamento econômico (PAE) da jazida, com descrição das instalações de
beneficiamento; prova de disponibilidade de fundos ou da existência de compromissos
de financiamento, necessários para a execução do plano de aproveitamento econômico
para operação de mina.
É importante frisar, conforme elencado acima, que somente pessoa jurídica tem
competência para requerer a lavra. Desta maneira, caso o relatório final de pesquisa seja
aprovado em favor de pessoa física, esta, para requerer a lavra, deverá se organizar
como pessoa jurídica ou firma individual.
8
Entretanto, este Ministério publicou posteriormente a Portaria nº425/2005 no Diário Oficial da União de
09/09/2005 delegando competência ao Secretário de Geologia, Mineração e Transformação Mineral deste
Ministério, para outorgar, caducar, anular e indeferir a concessão de lavra.
39
relatório final de pesquisa encontra-se aprovado, o Código de Mineração de 1967
assegura em seu artigo 42 que o titular terá direito a receber uma indenização do
governo referente às despesas realizadas nos trabalhos de pesquisa. Por outro lado,
Pinto (2009) entende que o valor que a Administração Pública deverá indenizar ao
titular do direito mineral invalidado, deverá ser o equivalente ao valor da jazida mineral,
uma vez que o minerador ficou impedido de explotar a jazida em decorrência da
invalidação do seu direito adquirido.
9
É importante que não se confunda imissão com emissão. Imissão significa tomar posse de algum bem,
assumir os direitos. Já emissão significa enviar, produzir, lançar.
40
A obtenção da concessão de lavra confere ao titular o direito perpétuo ao
aproveitamento econômico das jazidas. No entanto, também implica em deveres. O
Código de Mineração (art. 47) e seu Regulamento (art.54) salientam que o titular da
concessão de lavra, para não sofrer sanções, deverá cumprir as seguintes obrigações:
41
Extinta a concessão de lavra, compete ao Diretor Geral do DNPM, através de
edital publicado no Diário Oficial da União, declarar a disponibilidade da respectiva
área para fins de requerimento de autorização de pesquisa ou de concessão de lavra.
Qualificação do interessado;
Planta onde figurem as áreas de lavra a serem agrupadas, com
indicação dos decretos de concessão;
Plano integrado de aproveitamento econômico das jazidas que, dentre
outros, deverá conter os seguintes elementos:
a) memorial explicativo;
b) método de mineração a ser adotado, com referência à escala de
produção prevista e à sua projeção.
42
interesse nacional10, comparada a outras atividades econômicas, levando em
consideração suas especificidades e contribuição para o desenvolvimento nacional.
10
Art. 176 da Constituição Federal de 1988.
43
ser recente, necessita de análises criteriosas que apontem suas lacunas e ambiguidades,
tanto no que respeita à orientação dos titulares dos direitos de lavra, quanto no que
respeita à orientação dos funcionários do DNPM sobre os procedimentos para as
análises dos processos minerários. Esta temática será abordada no próximo capítulo.
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CAPÍTULO 4 – FECHAMENTO DE MINA
Sánchez (2001:53) descreve que “as minas abandonadas ou inativas são fontes
de diversos problemas. Há risco à segurança das pessoas que transitam por certas
áreas mineradas, e há que se garantir a estabilidade de estruturas como barragens de
rejeitos, pilhas de estéril e pilares de minas subterrâneas. No caso das minas
subterrâneas é comum o problema da subsidência, ou seja, o afundamento do solo
devido ao colapso de uma escavação de subsuperfície”.
No Brasil não existe um cadastro das minas abandonadas; por outro lado,
Machado (1998) aponta que nos EUA existem catalogadas cerca de 550 mil minas
abandonadas e que o custo de recuperação ambiental destas minas estaria entre US$
32,7 bilhões e US$ 71,5 bilhões, de acordo com estimativa do Mineral Policy Center,
ONG sediada em Washington D.C.
45
potencialmente causadoras de significativa degradação do meio ambiente. Este estudo é
exigido para o licenciamento ambiental de qualquer atividade de aproveitamento de
recursos minerais, com exceção daquelas de emprego imediato na construção civil. A
obtenção do licenciamento ambiental é obrigatória para a localização, instalação,
ampliação e operação de quaisquer atividades de mineração.
11
A ABNT- Associação Brasileira de Normas Técnicas, por meio da NBR 13030 de junho de 1999, fixa
diretrizes para elaboração e apresentação do projeto de reabilitação de áreas degradadas pela mineração.
46
A Constituição Federal de 1988 estabeleceu ainda sanções penais e
administrativas para as pessoas físicas e jurídicas que cometerem infrações ou
praticarem atividades lesivas ao meio ambiente.12 A Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de
1998, dispõe sobre as sanções penais e administrativas para as condutas lesivas ao meio
ambiente. O artigo 55 desta Lei prevê pena de detenção de seis meses a um ano, além de
multa, para aquele que “executar pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais sem
a competente autorização, permissão, concessão ou licença, ou em desacordo com a
obtida”. Na mesma pena incorre quem deixar de recuperar a área pesquisada ou
minerada, nos termos da autorização, permissão, licença, concessão ou da determinação
do órgão competente.
12
§ 3º do Art. 225 da Constituição Federal de 1988.
47
o beneficiamento e a comercialização dos bens minerais. Compete também ao DNPM
baixar normas, em caráter complementar, exercer a fiscalização sobre o controle
ambiental, a higiene e a segurança das atividades de mineração, atuando em articulação
com os demais órgãos responsáveis pelo meio ambiente, pela higiene, segurança e saúde
ocupacional dos trabalhadores. No entanto, observa-se ainda a falta de articulação entre
o DNPM e os demais órgãos ambientais nas questões que envolvem o fechamento de
mina. Taveira (2003) aponta que a legislação brasileira aborda de forma incipiente a
questão do fechamento de mina, não havendo elo entre as competências dos diversos
órgãos licenciadores e fiscalizadores.
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No Plano de Fechamento de Mina, exigido pelo DNPM, devem constar:
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De acordo com citada Portaria, o Manual de Desativação de Empreendimentos
Mineiros deveria conter diretrizes, determinações e orientações técnicas relativas a:
Flores (2006) aponta que devido à ausência de diretrizes gerais na órbita federal
sobre a matéria fechamento de mina, os órgãos ambientais estaduais vêm inserindo este
tema em sua legislação de proteção ambiental e propondo outros mecanismos que
garantam o completo, correto e seguro fechamento de minas em exaustão ou
abandonadas.
50
A primeira iniciativa neste escopo foi dada pela CETESB - Companhia
Ambiental do Estado de São Paulo com a publicação do decreto estadual nº 47.400 de
04 de dezembro de 2002. Este decreto dispõe em seu artigo 5º que:
Os empreendimentos sujeitos ao licenciamento ambiental deverão
comunicar ao órgão competente do SEAQUA a suspensão ou o
encerramento das suas atividades.
§ 1° - A comunicação a que se refere o "caput" deverá ser
acompanhada de um Plano de Desativação que contemple a situação
ambiental existente e, se for o caso, informe a implementação das
medidas de restauração e de recuperação da qualidade ambiental das
áreas que serão desativadas ou desocupadas.
Nota-se em Minas Gerais que a discussão sobre o fechamento de mina tem sido
incorporada aos estágios iniciais do empreendimento, desde os estudos de viabilidade
técnica e econômica. De acordo com esta Deliberação Normativa, o fechamento da
mina deve ser planejado desde a concepção do empreendimento, para garantir que após
o fechamento da mina os impactos econômicos, ambientais e sociais sejam mitigados.
51
trabalhadores e propostas para o envolvimento da comunidade no
processo;
IV - a definição das ações que serão executadas após o fechamento da
mina visando à manutenção das condições de segurança da área
minerada e das estruturas existentes, a continuidade da reabilitação
ambiental, a definição de parâmetros e freqüência para o
monitoramento e a identificação de indicadores de qualidade
ambiental adequados;
V - a apresentação de proposta de alternativas para uso futuro da área
minerada, considerando os aspectos sociais, econômicos e ambientais
da área de influência direta do empreendimento;
VI - o cronograma de implantação do plano, incluindo todas as etapas
previstas, os processos de avaliação e revisão e a execução do
monitoramento ambiental;
VII - estimativa de custos do fechamento da mina, em cada etapa.
53
ressalta que “é excepcional o caso de uma jazida totalmente explorada ou desenvolvida
antes que se inicie a lavra”. Além do mais, a vida útil de uma mina pode se estender
por décadas com a descoberta de novos corpos de minério. O custo do fechamento,
dependendo das características da mina, pode alcançar valores exorbitantes. A
subestimação destes custos, por empresas ou órgãos controladores, ou a falência da
empresa de mineração, pode fazer com que estes custos acabem sendo repassados à
sociedade, afetando ainda mais a reputação da indústria mineral.
Para Vale (2000,396) “se a empresa não oferecer a garantia que afiançará sua
solvência frente aos compromissos expressos no plano de fechamento, então a mina não
deve ser aberta, pelo menos por essa empresa”. Tal afirmativa configura um pouco
radical, pois a empresa investiu na pesquisa mineral para viabilizar a jazida mineral
obtendo desta forma um direito adquirido através da aprovação do relatório final de
pesquisa pelo DNPM. Além disso, os empreendimentos minerais são diversos e
apresentam diferentes métodos de lavra, níveis de complexidade, riscos, escalas de
produção, níveis de impactos socioambientais e eventuais turbulências do mercado
comprador do minério e etc. Salientamos que, para obter a concessão de lavra, a
empresa já deve apresentar uma prova de disponibilidade de fundos para execução das
atividades de lavra. Uma alternativa interessante, para empreendimentos que não geram
impactos ambientais significativos, seria a criação de um fundo específico para o
fechamento de mina. De tal forma que não comprometesse a saúde financeira do
empreendimento. Assim, a empresa ficaria obrigada a contribuir mensalmente com uma
quantia estabelecida para assegurar a execução do fechamento de mina. Os custos do
fechamento seriam revistos e atualizados periodicamente. Este fundo seria administrado
pelo governo, empresa, município e sociedade civil. Para assegurar a execução do
fechamento de mina, estas quantias deveriam ser decrescentes, ou seja, maiores no
início do projeto e menores no final do projeto, tendo em vista os eventuais riscos e
imprevistos de um projeto mineiro que podem levar a empresa a decretar falência em
decorrência de dificuldades financeiras, assim como, devido a turbulências políticas e
econômicas que podem ocorrer em nível nacional e internacional. Por outro lado, nos
casos de empreendimentos com significativo impacto ambiental é imprescindível, antes
do início da lavra, garantias financeiras sólidas para assegurar o cumprimento do plano
de fechamento de mina e evitar a ocorrência de passivos ambientais permanentes. Nesse
contexto, a questão que se levanta é como fornecer garantias sólidas para empresas de
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mineração de pequeno e médio porte, antes do início da lavra, tendo em vista a notória
carência de credito e juros elevados praticados no país.
4.2.1 CHILE
O Chile é o maior produtor mundial de cobre, com 35% da oferta mundial e uma
produção de 5,6 milhões de toneladas/ano de concentrado de cobre e receberá 100
bilhões de dólares em investimentos em mineração entre 2012 e 2020 para projetos de
extração de cobre, ouro e não metálicos , segundo as estimativas da Sociedade Nacional
de Mineração - Sonami (JORNAL ESTADO DE MINAS, 2012).
55
mina aprovado. É bom salientar que o plano de fechamento de mina aprovado tem
caráter público.
4.2.2 PERU
Um dos instrumentos de gestão ambiental que exige a lei peruana são os planos
de fechamento de mina (art. 17 da lei nº 28.611). O fechamento de mina é
regulamentado pela lei nº 28.090, que, em seu art.6º institui a obrigatoriedade da
apresentação do plano de fechamento de mina. Além disso, existe também um conjunto
de leis que regem os aspectos ambientais das operações mineiras.
56
fechamento. Constatado o cumprimento das obrigações do plano de fechamento de
mina, é expedido, pela autoridade competente, um certificado do fechamento da mina.
A fiscalização e verificação do cumprimento do plano de fechamento ficam a cargo do
Ministério de Minas e Energia.
4.2.3 COLÔMBIA
O artigo 209 do Código de Minas da Colômbia dispõe que “em todos os casos de
encerramento do título, o beneficiário estará obrigado a fazer as obras e colocar em
prática todas as medidas ambientais necessárias para o fechamento e abandono das
operações e frentes de trabalho. Para efeito se exigirá a extensão da garantia
ambiental por mais 3 anos a partir da data de encerramento do contrato”.
57
O Ministério de Meio Ambiente e de Minas e Energia prevê a realização de
auditorias técnicas nas concessões de lavra, após 2 anos do término das atividades de
lavra, para verificação do cumprimento das obrigações ambientais do fechamento de
mina.
4.2.4 EUA
58
cumprimento do SMCRA. Os Estados podem exercer a fiscalização, por delegação de
competência, desde que fique comprovado que a legislação estadual é mais restritiva
que a federal.
4.2.5 CANADÁ
59
No Canadá, o controle efetivo da atividade de mineração é de competência
exclusiva das Províncias, com exceção da extração de urânio. Cada província apresenta
regulamentos próprios que ditam como as áreas devem ser reabilitadas dentro de suas
jurisdições. A mineração é também, por determinação constitucional, de
responsabilidade das províncias. No entanto, para os territórios de Yukon, Nunavut e do
noroeste do país, o governo federal assume a responsabilidade pela regulamentação do
fechamento de minas e da recuperação ambiental (MMSD, 2002).
60
Em algumas províncias, como a de Ontário, após o término dos trabalhos do
plano de fechamento de mina pela empresa mineradora, é realizada uma auditoria
técnica pelo governo local, para verificação do cumprimento do plano de fechamento de
mina aprovado. Constatada a execução do plano, emite-se um certificado para empresa
sobre a conclusão dos trabalhos técnicos liberando-a das responsabilidades sobre a área.
4.2.6 AUSTRÁLIA
61
contemplado o plano de fechamento de mina. O processo de aprovação do plano de
fechamento de mina algumas vezes requer o aconselhamento ou endosso de outros
órgãos reguladores ambientais, incluindo o Department of Environment and
Conservation e o Department of Water. O DMP tem um papel consultivo para as
questões relacionadas à gestão ambiental das minas (AUSTRÁLIA, 2011).
62
economicamente da mina programa-se para diversificar sua economia e criar outras
fontes de renda.
Por outro lado, Laurence (2006) descreve várias outras razões para o fechamento
de mina, que independem da exaustão das reservas minerais. Entre elas, econômicas,
geológicas, geotécnicas e governamentais. No que tange às razões econômicas, o
aumento dos custos de produção pode conduzir à paralisação dos trabalhos. Além do
mais, muitos minérios são commodities que possuem preços regulados no mercado
internacional. O declínio rápido e acentuado desses preços pode tornar a mina não
rentável para operar. Ademais, a concorrência entre materiais e o surgimento no
mercado de um produto concorrente, com preço e qualidade diferenciados e favoráveis
ao consumidor, podem levar ao fechamento de uma mina. A redução da demanda de um
determinado produto e a consequente diminuição do volume de vendas é capaz também
de ocasionar a paralisação das atividades de lavra. “A saúde financeira da empresa,
dentre outros imperativos econômicos, é causa que pode levar ao fechamento não
planejado das minas” (FLORES e LIMA: 2012,53).
63
Já as razões geotécnicas que podem levar ao fechamento de uma mina estão
relacionadas às condições adversas do maciço rochoso, impossibilitando a segurança
das operações mineiras. O rompimento de taludes pode provocar a paralisação das
atividades de lavra. Além do mais, o avanço dos trabalhos de lavra pode interceptar
falhas geológicas, descontinuidades, materiais heterogêneos e quebradiços,
comprometendo a estabilidade das escavações mineiras. Nos trabalhos subterrâneos, o
rompimento de pilares e o desmoronamento de blocos de rochas são motivos que podem
afetar a segurança das operações mineiras. Em 2010, após o acidente na mina de San
José, o órgão regulador da mineração no Chile ordenou o fechamento de 30 pequenas
minas de cobre, tendo como justificativa as condições precárias de segurança dessas
minas (JORNAL ESTADO DE SÃO PAULO, 2010).
64
Figura 3: Principais razões para o fechamento de minas
Fonte: Laurence (2011)
65
atualização dos planos de fechamento de minas pode resultar em graves consequências
ambientais e econômicas, além de riscos à segurança e à saúde pública.
66
quarta fase do ciclo de uma mina na qual se realizam, efetivamente, a extração e o
beneficiamento da substância mineral. Após essa etapa, finalmente iniciam-se os
trabalhos de recuperação ambiental das áreas mineradas com a restauração do sítio
degradado e revegetação da área.
67
O monitoramento e a manutenção têm como objetivo manter a estabilidade física
e química da área no longo prazo, bem como assegurar a qualidade das águas
superficiais e subterrâneas. Alguns danos ambientais requerem o monitoramento
contínuo, assim como medidas corretivas. Na mineração de algumas substâncias
minerais, tais como os metálicos e o carvão, a preocupação principal é com a formação
de drenagem ácida, resultado da oxidação de sulfetos, particularmente a pirita. Práticas
inadequadas de disposição de estéreis e rejeitos, assim como o abandono de escavações
subterrâneas, pode favorecer a geração de drenagem ácida, com possibilidade de
contaminação de solos e recursos hídricos com metais pesados. Neste caso, os custos de
controle e monitoramento podem se estender por vários anos ou até mesmo se tornarem
perpétuos. Para estabilizar quimicamente o local, a primeira prioridade é a de conter, ou
se possível, eliminar a fonte de contaminação. O controle e o monitoramento incluem,
entre outras atividades, a neutralização das fontes contaminantes, controle do PH, do
nível de alcalinidade e da concentração de metais. A estabilidade física implica no
controle da erosão, estabilidade de taludes, pilhas de estéreis, acompanhamento
periódico das estruturas de contenção de rejeitos, manutenção e controle do sistema de
drenagens, de forma a evitar o assoreamento dos recursos hídricos à jusante do
empreendimento. É importante que todos esses trabalhos sejam planejados e estejam
contemplados em um plano de monitoramento e manutenção previamente concebido.
68
Ele estabelece objetivos, metas, diretrizes, responsabilidades, prazos, custos, orçamento,
identificação dos principais problemas decorrentes e formas para solucioná-los.
No decorrer da vida da mina esse plano irá sendo detalhado à medida que melhores
conhecimentos são obtidos da jazida. Desta forma, quando a mina se encontrar próxima
do fim de suas atividades, a empresa já terá um plano final bem mais consistente para o
seu efetivo fechamento. Uma abordagem típica para o desenvolvimento de um plano de
fechamento de mina é segregar a mina em áreas ou domínios específicos. Cada domínio
deve ser tratado como uma entidade separada para o plano detalhado de trabalho, mas
dentro de um plano global que aborda a integração desses domínios. Por exemplo, área
da cava, área da usina, local da pilha de estéril, local da barragem de rejeitos, área de
infraestrutura (AUSTRÁLIA, 2006).
69
Um plano de fechamento de mina, dentre diversos objetivos, deve-se pautar-se
principalmente por:
- garantir que o processo de fechamento ocorra de forma ordenada, eficaz e com prazos
adequados;
- reduzir ou eliminar os danos ambientais que ocorrem com o fechamento da mina;
- garantir a saúde e a segurança pública e proteger o meio ambiente;
- manter a estabilidade física, química e biológica da área minerada;
- considerar os interesses de todos os grupos envolvidos durante o processo de
fechamento de mina;
- definir o custo do fechamento e fornecer garantias financeiras para a implementação
do plano de fechamento;
- estabelecer um conjunto de indicadores que demonstram a execução bem sucedida do
processo de fechamento, comprovando que a empresa atingiu os critérios de fechamento
de forma satisfatória para a autoridade responsável;
- assegurar que as medidas de reabilitação sejam permanentes e eficazes no longo prazo;
- identificar possíveis usos futuros para a área minerada;
- atender as metas de longo prazo do fechamento, bem como, reduzir ou eliminar a
necessidade de monitoramento de longo prazo;
- minimizar ou eliminar os impactos socioeconômicos (ANZMEC/MCA, 2000;
AUSTRÁLIA, 2006; P. M. HEIKKINEN et al. 2008; AUSTRÁLIA, 2011).
É bom ressaltar que não existe uma padronização de plano, pois cada plano é
elaborado conforme um determinado contexto específico, haja vista os diversos tipos de
substâncias minerais, os diferentes métodos de lavra, os variados níveis de
complexidade, as várias escalas de produção, os possíveis riscos e os distintos graus de
impactos socioambientais. No entanto, algumas diretrizes gerais devem ser adotadas
para confecção de um plano de fechamento.
70
- Quem deverá estar envolvido no processo de fechamento de mina?
Além disso, é importante que cada parte interessada esteja ciente do propósito,
das metas e dos objetivos do fechamento. Em alguns países, o plano de fechamento
encontra-se disponível para consulta pública. É preciso definir claramente qual é o
limite de responsabilidade de cada parte interessada no que tange ao fechamento de
mina, ou seja, qual é a competência da empresa, do órgão gestor da mineração, do órgão
responsável pelo meio ambiente, do município e da comunidade.
71
O fechamento de mina pode ter caráter temporário ou definitivo. O fechamento
temporário denota a suspensão ou cessação temporária das operações mineiras e
significa que em algum momento essas atividades poderão ser retomadas. Flores e Lima
(2012,56) salientam ainda para o caráter parcial do fechamento, quando “se trata do
encerramento de uma frente de lavra (uma cava, bancadas, tiras), pilhas de estéril,
barragens de rejeitos e outras obras de apoio à produção”. O fechamento definitivo
contempla o encerramento permanente das operações mineiras.
72
Este comportamento implica em manter a área onerada, bloqueada para outros
fins e improdutiva, uma vez que o titular suspendeu as operações produtivas no sítio
mineiro.
Além disso, os titulares não requerem a renúncia do título de lavra, uma vez que
a área poderia entrar em disponibilidade e passar a ser titulada por outros interessados.
Essas áreas objeto de fechamento de mina acabam permanecendo no DNPM em
suspensão temporária de lavra, com a possibilidade de ser renovada indefinidamente.
Tal tipo de suspensão, ocasiona diversos tipos de entraves, dentre eles, o privilégio de
uma empresa aguardar o desenvolvimento de tecnologias sem necessariamente investir
para tal desenvolvimento, além disso um prejuízo a União já que ela não esta recebendo
sobre a área.
73
As áreas mineradas próximas a regiões urbanas podem apresentar viabilidade
para serem utilizadas como loteamentos e assentamentos urbanos, levando em conta o
aumento populacional das cidades do centro para as regiões periféricas, a demanda
crescente por moradias, além da possibilidade de transferência para essas áreas de
famílias que vivem atualmente em áreas de risco. Bitar e Vasconcelos (2003) salientam
algumas alternativas de usos pós-mineração em áreas urbanas, dentre elas, o
aproveitamento da área para implantação de projetos industriais, reaterro simples para
desenvolvimento de atividades agrícolas, projetos destinados a áreas de lazer, como
parques, anfiteatros, museus, entre outros.
74
Figura 5: Foto do Projeto do Hotel - Como se fizesse parte das paredes da pedreira, o hotel descerá pela
pedreira em 19 andares e terá 380 acomodações e do alto cairá uma cascata de 100 metros de altura, ao
lado de jardins suspensos, terraços e um lago.
Fonte: Jornal Correio Braziliense (2012)
O uso futuro de uma área minerada deverá levar em conta: a aptidão da área, as
demandas da sociedade, as condições socioeconômicas locais, a lei de uso e ocupação
do solo e o plano diretor do município, quando houver. O estabelecimento do uso futuro
de uma área antes do inicio das operações de lavra, como prevê o plano de fechamento
de mina, é uma tarefa complexa, considerando que a vida útil de uma mina pode se
estender por várias décadas, também com o descobrimento de novas reservas. Além
disso, as reavaliações das reservas permitem prolongar ainda mais a vida útil das minas,
por isso, essa questão não deve ser negligenciada e deve ser incorporada ao plano de
fechamento, tendo como perspectivas as mudanças temporais das reservas e as
alterações das demandas socioeconômicas. Nesse âmbito, o novo uso pode representar
uma oportunidade para diversificar, incrementar ou solucionar questões
socioeconômicas.
75
Os impactos na mineração ocorrem em todas as etapas do ciclo de vida de uma
mina, desde a prospecção mineral até o fechamento de mina. O desmatamento de áreas
para abertura de picadas e vias de acesso, construções de alojamentos podem ocorrer na
fase de pesquisa. Durante o desenvolvimento pode ocorrer o desmatamento de grandes
áreas para a abertura de estradas, construções de pátios para estocagem de estéril e
minério, barragens de rejeitos, escritórios, implantação das instalações de lavra e
beneficiamento. Alterações na topografia e no balanço hídrico, geração de ruídos,
emissões de material particulado para a atmosfera, formação de erosões, assoreamento
de rios e córregos locais, bem como, a poluição e contaminação do meio ambiente
podem acontecer na fase de lavra. Nesta etapa, podem acontecer ainda problemas
sociais e econômicos como o aumento expressivo da população local, dos valores de
aluguéis, da demanda de serviços de saúde, transporte e segurança. Alguns desses
impactos, caso não sejam administrados e controlados, podem se estender até a fase de
pós-fechamento, trazendo consequências maléficas para o meio ambiente.
76
redução de qualidade e alcance dos serviços públicos e a perda de qualidade de vida da
população local.
77
Tabela 4: Impacto Social do Fechamento das Minas de Carvão na Inglaterra.
Fonte: Beynon (1994)
O encerramento das atividades mineiras sem um planejamento adequado pode
desencadear uma enorme deterioração no meio ambiente. O simples abandono dos
trabalhos de lavra pode ocasionar, dentre outros impactos, subsidências e colapso dos
trabalhos subterrâneos, a erosão dos depósitos de resíduos sólidos oriundos da
mineração, a contaminação dos solos e assoreamento dos recursos hídricos, alterações
no sistema de drenagem, a geração de drenagem ácida, o aumento da erosão e dos
deslizamentos de terra, possíveis rompimentos de barragens de rejeitos. Além de deixar
passivos ambientais como imensas áreas degradadas e problemas relacionados à
segurança e saúde pública.
78
Este autor adverte que esses impactos ambientais ocorreram devido ao
fechamento prematuro das minas e a falta de planejamento apropriado para o
fechamento das minas. Neste estudo, a drenagem ácida representa o principal problema
ambiental do fechamento das minas.
Warhurst e Mitchell (2000) citam como exemplo o desastre ambiental que foi
gerado com o fechamento súbito e não planejado da mina de ouro Summitville
localizada no Colorado, Estados Unidos. Em 1992, após decretar falência, a empresa
mineradora abandonou os trabalhos de lavra trazendo profundas implicações ambientais
como a formação de drenagem ácida e contaminação de recursos hídricos, além de
riscos à saúde pública. Desde o abandono da mina, já foram gastos 150 milhões de
dólares (dados até 1997) em dinheiro público nos trabalhos de tratamento e remediação
da área.
79
estrutura e o conteúdo básico de um plano de fechamento de mina. Assim, fornecer
diretrizes gerais para a confecção de um plano conceitual de fechamento de mina, tendo
em vista a atual ausência, no DNPM, de um manual de desativação de empreendimentos
mineiros. Convém ressaltar, novamente, que não existe uma padronização de plano,
pois cada um é elaborado conforme um determinado contexto específico, haja vista os
diversos tipos de substâncias minerais, os diferentes métodos de lavra, os variados
níveis de complexidade, as várias escalas de produção, os possíveis riscos e os distintos
graus de impactos socioambientais.
80
projetos de curto prazo (menos de 10 anos) é exigido, logo no início, um maior número
de detalhes nos planos conceituais de fechamento. Para os projetos de longo prazo (mais
de 10 anos), devido a um maior prazo antes do fechamento, exige-se um menor número
de informações nos planos conceituais, sendo que maiores detalhes são requeridos no
decorrer da vida da mina. Entretanto, para os projetos que implicam riscos ambientais
significativos, são exigidas maiores informações nos planos conceituais de fechamento
de mina.
81
Contudo, conforme apresentado na tabela 5, existem informações solicitadas por
um país que não figuram na lista de outros países, dentre elas:
82
A NRM nº 20 do DNPM não prevê alguns itens para o fechamento tais como
garantias financeiras, consulta pública do plano de fechamento de mina, impactos
socioeconômicos, medidas adotadas para métodos subterrâneos que podem ocasionar
subsidência, medidas de controle da estabilidade dos pilares e das aberturas
subterrâneas, caracterização de estéreis e rejeitos, medidas de prevenção e controle da
formação da drenagem ácida, procedimentos a ser adotados em caso de um fechamento
súbito, indicadores de avaliação do desempenho do fechamento de mina. Além disso,
não exige a apresentação de relatórios e nem estabelece vistorias periódicas na área para
verificação e acompanhamento da situação do fechamento.
83
CAPÍTULO 5 – SÍNTESE DO FECHAMENTO DE MINA NO ÂMBITO DO
DNPM DE MINAS GERAIS
84
Lavra e 1 processo corresponde a Englobamento13 (Figura 7). Do total de 32 processos
minerários, constata-se que 24 deles já foram analisados pelo DNPM, com pareceres
proferidos quanto aos Planos de Aproveitamento Econômico (PAEs) e que os 8
processos restantes ainda não tiveram o PAE analisado. (Figura 8).
13
É admissível o englobamento de áreas pesquisadas, para o efeito de outorga de um único título de lavra,
desde que a área resultante do englobamento não ultrapasse o limite máximo da classe a que pertencer a
substância mineral pleiteada para a lavra (item 17.1 da Instrução Normativa DNPM nº 1 de 22/10/1983,
D.O.U de 22/10/1983).
85
Tabela 6 – Situação dos processos/minas quanto ao plano de fechamento.
Processo Situação do Processo em julho de Produção Vida útil da mina informado no Ano previsto para o Fechamento da
2012 Anual (t) PAE (em anos) Mina
Requerimento de Suspensão de Lavra
1 600.000 Não informado Não apresentou PFM
não analisado pelo DNPM
Requerimento de Grupamento
14 2 x 106 10 Ainda não entrou em operação
Mineiro não analisado pelo DNPM
Requerimento de Grupamento
15 23 x 106 Não informado Ainda não entrou em operação
Mineiro não analisado pelo DNPM
Requerimento de Grupamento
18 37,5 x 106 Não informado Ainda não entrou em operação
Mineiro não analisado pelo DNPM
Requerimento de Grupamento
19 10,6 x 106 19 Ainda não entrou em operação
Mineiro não analisado pelo DNPM
Fonte: Autor
86
Figura 7: Distribuição dos processos segundo o regime de aproveitamento dos recursos minerais. Fonte:
Autor
87
Figura 9: Distribuição dos processos quanto ao método de lavra. Fonte: Autor
Figura 10: Distribuição das substâncias minerais nos respectivos processos minerários. Fonte: Autor
88
Figura 11: Quantitativo dos planos de fechamento apresentados nos processos minerários em
cumprimento a NRM nº 20. Fonte: Autor
Figura 12: Síntese das respostas ao questionário aplicado para análise dos planos de fechamento
submetidos ao DNPM/MG. Fonte: Autor
89
a) Houve atualização do plano de fechamento de mina?
Os processos numerados como 5, 9, 10, 11, 13, 21 e 22, que equivalem a 36,84%
do total dos 19 que submeteram o plano de fechamento, apresentaram atualização ou
alteração do plano quando da revisão, ou quando do protocolo de um novo PAE. Os
novos PAEs, relativos aos processos 5, 9, 11, 13 e 22 encontravam-se pendente de
análise pelo DNPM quando da realização do estudo.
Nos 14 processos numerados como 5, 7, 9, 13, 14, 15, 18, 19, 21, 22, 23, 24, 29
e 32 que correspondem a 73,68% do total, os planos conceituais de fechamento de mina
preveem a atualização destes, entretanto, em nenhum deles há um prazo ou
periodicidade apresentado para tal. Nos demais (processos 10, 11, 12, 26 e 31) não há
sequer, menção sobre a atualização do plano de fechamento de mina.
Nos 10 processos numerados como 7, 12, 14, 19, 21, 22, 23, 26, 29 e 31 que
equivalem a 52,63% do total, o plano de fechamento de mina foi elaborado pela própria
empresa. Nos 9 processos (5, 9, 10, 11, 13, 15, 18, 24 e 32) restantes, ou seja, 47,37%
do total o plano de fechamento de mina foi elaborado por uma consultoria externa.
90
encerramento do empreendimento, em 25% do total aplicado em cada um dos quatro
anos subsequentes ao fechamento da mina.” O processo 15 apresenta uma estimativa
preliminar do custo de fechamento em 78 milhões de dólares. O processo 21 estima os
custos para a desativação (reabilitação da mina, reabilitação de pilhas de estéril,
reabilitação de barragens de rejeitos, projetos e serviços) no valor aproximado de 21
milhões de reais. No processo 24 encontra-se uma estimativa de custos para o
fechamento de mina no valor aproximado de 42 milhões de reais. No entanto, nenhuma
dessas empresas apresentou os custos discriminados.
Nenhum dos 19 Processos (5, 7, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 18, 19, 21, 22, 23, 24,
26, 29, 31 e 32) apresentou os custos de fechamento de mina no fluxo de caixa do
empreendimento.
Dos 19 processos, 11 (5, 7, 9, 10, 11, 12, 21, 23, 24, 26 e 29), ou seja, 57,89%
tiveram o plano de fechamento de mina analisado pelo DNPM. Entretanto, observou-se
que o DNPM realizou vistoria apenas na área de um processo para verificação e
acompanhamento do plano de fechamento apresentado. O DNPM somente realizou
91
vistoria na área do processo 24 quando do fechamento de mina e na área do processo 32
quando da análise da suspensão dos trabalhos de lavra, embora o plano de fechamento
deste último não tenha ainda sido analisado. Os processos 13, 14, 15, 18, 19, 22, 31 e
32, equivalente a 42,11% do total, ainda não tiveram o plano de fechamento de mina
analisado pelo DNPM. A NRM nº 20 não exige a apresentação de relatórios e nem
estabelece vistorias periódicas na área para verificação e acompanhamento da situação
do fechamento.
Embora não esteja previsto na NRM nº 20, 6 processos (9, 10, 23, 29, 24 e 32),
ou seja, 31,57% informaram quando será elaborado o projeto definitivo para o
fechamento de mina. O processo 9 afirma que será elaborado um projeto executivo para
desativação à dois anos antes da paralisação das atividades. O processo 10 informa que
“um plano de exaustão será realizado no momento da exaustão do grupamento
mineiro.” Os processos 23 e 29 apontam que o plano de fechamento de mina deverá ser
detalhado por uma equipe multidisciplinar dois anos antes da paralisação das atividades.
O processo 24 apresentou o plano de fechamento de mina definitivo somente após o
encerramento das atividades de lavra. O processo 32 apresentou o relatório de
fechamento da mina detalhado somente após o encerramento definitivo das atividades
de lavra. Os demais processos não informaram quando será apresentado o projeto
definitivo para o fechamento de mina. A Norma NRM nº 20 do DNPM não estabelece
quando deve ser apresentado o projeto definitivo para o fechamento de mina.
92
i) Qual é o período previsto para os trabalhos de monitoramento e manutenção na fase
pós-fechamento de mina?
93
estabeleceu os procedimentos administrativos e operacionais para o fechamento de mina
(NRM nº 20). Não constam nos referidos processos, após a publicação da citada
Portaria, a apresentação dos planos de fechamento de mina, bem como a solicitação por
parte do DNPM da apresentação desses planos. A referida norma cita no item 20.4.2
que para toda mina que não tenha plano de fechamento contemplado em seu Plano de
Aproveitamento Econômico – PAE, a critério do DNPM, fica o seu empreendedor
obrigado a apresentar o referido plano conforme o disposto na norma. Entretanto, estes
critérios não estão definidos na norma.
94
remanescentes (processo 20), a baixa demanda do minério (processo 25) e os altos
custos de produção frente ao preço de venda do minério (processo 28).
Figura 13: Cumprimento da exigência do relatório dos trabalhos efetuados, segundo a NRM nº 20. Fonte:
Autor
95
A Figura 14 mostra que somente 18,18% dos processos analisados pelo DNPM
apresentaram a caracterização das reservas remanescentes. O processo 24 encontra-se
em fase de fechamento de mina e o processo 11 apresentou a caracterização das reservas
remanescentes visando utilizar a cava exaurida para disposição de rejeitos. A NRM nº
20 estabelece tal exigência, no entanto, observa-se que o seu cumprimento somente
pode ser atendido quando do fechamento da mina.
Figura 14: Cumprimento da exigência da caracterização das reservas remanescentes, segundo a NRM nº
20. Fonte: Autor
96
Figura 15: Cumprimento da exigência do plano de desmobilização das instalações e equipamentos,
segundo a NRM nº 20. Fonte: Autor
Figura 16: Cumprimento da exigência da atualização dos levantamentos topográficos da mina, segundo a
NRM nº 20. Fonte: Autor
97
A NRM nº 20 estabelece tal exigência (Figura 17), no entanto, observa-se que o
seu cumprimento somente pode ser atendido quando do fechamento da mina. Com
exceção para os casos em que existe uma recuperação progressiva da área minerada
simultaneamente com as atividades de lavra.
Figura 17: Cumprimento da exigência da planta da mina com as áreas lavradas recuperadas, impactadas
recuperadas e áreas por recuperar, segundo a NRM nº 20. Fonte: Autor
A maioria dos processos analisados pelo DNPM (Figuras 18 a 24) atenderam as
exigências da NRM nº 20, visto estarem essas previstas no Plano de Controle de
Impacto Ambiental na Mineração (PCIAM).
98
Figura 19: Cumprimento da exigência do programa de acompanhamento e monitoramento relativo a
taludes em geral, segundo a NRM nº 20. Fonte: Autor
99
Figura 21: Cumprimento da exigência do programa de acompanhamento e monitoramento relativo a
drenagem das águas, segundo a NRM nº 20. Fonte: Autor
Figura 22: Cumprimento da exigência do plano de controle da poluição do solo, atmosfera e recursos
hídricos, com caracterização dos parâmetros controladores, segundo a NRM nº 20. Fonte: Autor
100
Figura 23: Cumprimento da exigência do plano de controle de lançamentos de efluentes com
caracterização de parâmetros controladores, segundo a NRM nº 20. Fonte: Autor
101
Verifica-se, na Figura 25, que apenas 18,18% (2 dos 11 processos) analisados e
aprovados pelo DNPM apresentaram tal exigência. Isto chama a atenção para a baixa
preocupação com as questões de segurança das minas na etapa do fechamento de mina.
Ainda, da mesma forma dos quesitos anteriores, 9 (81,82%) dos 11 processos, não
cumpriram esse requisito e obtiveram a aprovação dos seus planos.
Figura 25: Cumprimento da exigência das medidas para impedir o acesso à mina de pessoas estranhas e
interditar com barreiras os acessos às áreas perigosas, segundo a NRM nº 20. Fonte: Autor
102
Figura 26: Cumprimento da exigência de definição dos impactos ambientais nas áreas de influência do
empreendimento levando em consideração os meios físico, biótico e antrópico, segundo a NRM nº 20.
Fonte: Autor
O uso futuro da área pós-mineração foi também avaliado (Figura 27). Dentre os
19 processos que apresentaram o Plano de Fechamento de Mina, 9 Processos (47,37%),
apresentaram proposições de uso futuro da área minerada, que incluem:
utilização da cava exaurida da mina para disposição de estéril e rejeitos e
acumulação de água para ser reutilizada no processo. No entanto não existe
ainda um projeto para utilização futura da área industrial (processo 10);
utilização da cava exaurida da mina para disposição de rejeitos e recirculação de
água industrial da planta de beneficiamento. Como uso futuro, a área deverá ser
utilizada como de apoio a outras operações da empresa. O DNPM emitiu parecer
detalhado no qual confirma a exaustão das reservas economicamente lavráveis e
a autorização do uso das cavas para fins de disposição de rejeitos. Entretanto, o
ato não foi publicado haja vista que ainda não há código/evento para publicação
de tal ato no DNPM (processo 11);
projeto paisagístico e de revitalização e incorporação da área a um parque
estadual da região (processo13);
utilização da cava para disposição de rejeitos e para as demais áreas foi citado,
sem detalhamento, alternativas de uso do solo como industrial leve, reserva
natural e/ou recreativo (processo 15);
103
utilização da cava para disposição de resíduos sólidos inertes devido à
proximidade da área com regiões metropolitanas (processo 19);
utilização da cava exaurida da mina para disposição de rejeitos e estéril de outra
mina que se encontra em operação (processo 22);
a área atualmente é utilizada como apoio as operações da empresa (processo 24);
criação de lagos nas áreas das cavas com possibilidade de abertura a visitações e
recreação. O processo cita que estudos hidrogeológicos indicam que estes lagos
poderão funcionar como reservatórios de água para abastecimento público
(processo 26);
a área a ser descomissionada apresenta como uso mais indicado o
aproveitamento para fins de parcelamento urbano (processo 32).
Figura 27: Cumprimento da exigência de aptidão e intenção de uso futuro da área, segundo a NRM nº 20.
Fonte: Autor
104
A NRM nº 20 estabelece a apresentação de um relatório das condições de saúde
ocupacional dos trabalhadores durante a vida útil do empreendimento. No entanto, de
acordo com a figura 28 observa-se que o seu cumprimento somente foi atendido quando
do fechamento da mina. Os processos 24 e 32 encontram-se em fase de fechamento de
mina. Verifica-se que o cumprimento desta exigência, somente pode ser atendido
quando do fechamento da mina.
Figura 28: Cumprimento da exigência de relatório das condições de saúde ocupacional dos trabalhadores
durante a vida útil do empreendimento mineiro, segundo a NRM nº 20. Fonte: Autor
Por fim, da figura 29, pode-se observar que apenas 27,27% dos processos
analisados pelo DNPM apresentaram o cronograma físico e financeiro das atividades
propostas. Isso permite duas considerações. A primeira é que no caso de planos
conceituais a dificuldade em se detalhar o projeto pode justificar a inexistência de um
cronograma físico e financeiro. A segunda demonstra uma falta de planejamento
financeiro para as atividades de fechamento de mina.
105
Figura 29: Cumprimento da exigência do cronograma físico e financeiro das atividades propostas,
segundo a NRM nº 20. Fonte: Autor
106
antrópico (54,55%), aptidão e intenção de uso futuro da área (36,36%), cronograma
físico e financeiro das atividades propostas (27,27%). Esses itens deveriam constar
obrigatoriamente nos planos apresentados. A não consideração desses itens sinaliza para
uma falta de segurança em relação às minas que serão fechadas, planejamento
financeiro inadequado, carência de estudos relativos aos impactos do fechamento de
mina e uma ausência de perspectiva com relação ao uso futuro das áreas mineradas.
Nos processos (processos 5, 21) a análise técnica cita apenas que o Plano de
Fechamento de Mina foi apresentado satisfatoriamente. Nos processos (processos 7, 9,
23, 29) a análise técnica não faz referência ao Plano de Fechamento de Mina e sugere a
aprovação do Plano de Aproveitamento Econômico. Nos processos (processos 10, 12,
26) a análise técnica cita partes do texto do plano de fechamento e elenca as folhas do
processo. No processo 11 foi feita uma análise técnica detalhada a respeito das reservas
remanescentes e sobre a utilização da cava exaurida para disposição de rejeitos. No
entanto, o novo PAE apresentado contendo o plano de fechamento de mina atualizado
ainda encontra-se pendente de análise. No processo 24 foi feita uma análise técnica
detalhada do Plano de Fechamento de Mina, em que o técnico analisador sugeriu a
formulação de uma exigência à empresa para melhor instrução do processo. No entanto,
primeiro foi aprovado o plano de fechamento de mina e a formulação da exigência, até o
momento deste estudo, ainda não foi encaminhada a empresa. Não consta no Cadastro
Mineiro o evento Plano de Fechamento de Mina aprovado publicado.
107
CAPÍTULO 6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste estudo, verificou-se que alguns itens obrigatórios exigidos pela NRM nº
20 não foram apresentados nos planos, no entanto, mesmo assim alguns planos foram
aprovados pelo DNPM. A ausência de alguns desses itens pode trazer consequências
graves quando do fechamento das minas. Constata-se que ainda não existem no DNPM
critérios definidos para as análises técnicas que sirvam como guia para avaliação dos
108
planos de fechamento de mina apresentados pelas empresas titulares dos direitos de
lavra. Esta falta de procedimentos faz com que cada plano de fechamento de mina fique
sujeito a uma interpretação pessoal de cada técnico analista.
109
Por outro lado, outras grandes minas que sequer possuem um plano de
fechamento de mina chamam a atenção, pois pressupõe-se que não está sendo
considerado um planejamento adequado objetivando as atividades de fechamento de
mina. Além do mais, embora algumas minas em operação tenham apresentado um plano
de fechamento de mina, todavia, não informaram a previsão para o fechamento de suas
minas. Estes municípios podem ser surpreendidos com o fechamento dessas minas,
tendo em vista a queda da arrecadação municipal, a perda de empregos e a diminuição
da atividade econômica local, além da possibilidade de ocorrência de passivos
ambientais e áreas degradadas. O aperfeiçoamento da NRM nº 20 se faz necessário para
solucionar essas questões do fechamento de mina.
110
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