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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS


CÂMPUS NIQUELÂNDIA
CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM MINERAÇÃO

BRUNA EDRIANE RAMOS DE OLIVEIRA

ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE MÉTODOS DE ORIENTAÇÃO DE


FURO DE SONDAGEM

Niquelândia - GO
2016
1

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS


CÂMPUS NIQUELÂNDIA
CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM MINERAÇÃO

ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE MÉTODOS DE ORIENTAÇÃO DE


FURO DE SONDAGEM

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de


Tecnologia em Mineração na Universidade Estadual de Goiás –
Campus Niquelândia – como requisito básico para obtenção de
título de Tecnólogo em Mineração.

Orientador: Esp. Paulo André Barbosa Hollanda Cavalcante

Niquelândia – GO
2016
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BRUNA EDRIANE RAMOS DE OLIVEIRA

ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE MÉTODOS DE ORIENTAÇÃO DE


FURO DE SONDAGEM

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao curso de


Tecnologia em Mineração na Universidade Estadual de Goiás –
Campus Niquelândia - como requisito básico para obtenção de
título de Tecnólogo em Mineração da Universidade Estadual de
Goiás – Câmpus Niquelândia. Este TCC foi aprovado em
_____/_____/_________, pela banca examinadora constituída
pelos professores:

Prof. Esp. Paulo André Barbosa Hollanda Cavalcante


(Orientador – UEG – Câmpus Niquelândia)

Prof. Janete Rego Silva


(Professora - UEG – Niquelândia)

Prof. Ângela Souza Contin


(Professora - UEG – Niquelândia)
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DEDICATÓRIA

Dedicar-se é doar-se a cada dia em prol da realização de um objetivo, cujo a importância


é igualmente proporcional ao nível de dedicação empregada para alcança-lo. É também abrir
mão de outras coisas importantes como a companhia de familiares, amigos e até mesmo de
noites de sono. É definir que no momento algo deve ser deixado em segundo plano, talvez até
esquecido para que possa entregar-se totalmente e dar o seu melhor. Posso dizer que não foram
noites fáceis e dias posteriores muito produtivos, mas valeu a pena após ter em minhas mãos
algo que posso dizer ser obra minha. Devo muito a compreensão de amigos e familiares que
entenderam minha ausência e me apoiaram incondicionalmente na minha busca pelo
conhecimento. Mas minha principal dedicatória vai aos meus mentores. Dedico está monografia
em especial para Paulo André Barbosa, meu orientador; A Israel Lacerda, meu Co-Orientador
nas horas vagas; e a Artur Areal Braga, cujo sem as obras e as ‘aulas de orientação’ que me
ofereceu, não teria bases para desenvolver os objetivos traçados.
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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus por mais essa realização. A meus pais pelos anos de
dedicação e confiança. Aos amigos pela paciência e pelos momentos de descontração
que me possibilitaram seguir em frente. Um agradecimento especial aos meus
mentores, Israel Lacerda Araújo pelas informações e correções pertinentes além das
doses de alto-confiança que me proporcionava e Artur Areal Braga, Geólogo na
Empresa Mineração Maracá, que me forneceu grande quantidade de material didático
e explicações sobre o tema tratado. E por fim, e não menos importante, meus sinceros
agradecimentos a meu orientador Paulo André Barbosa Hollanda Cavalcante, que me
instruiu e teve paciência com meus e-mails enviados as três horas da manhã para
correção e minha mania de ser do contra, sei que dei trabalho, mas valeu a pena.
A todos vocês que fizeram parte dessa importante etapa da minha vida, Muito
Obrigada.
5

“Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de
fazer sentido. Eu não: quero uma verdade inventada. ”

Clarice Lispector
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RESUMO

A mineração é um setor de grande importância para o desenvolvimento econômico do


pais, gerando emprego e produtos. A pesquisa mineral é uma das fases primordiais e
indispensáveis para os processos de mineração, sendo realizada através de artifícios
que visam comprovar a viabilidade de determinada área de interesse. A sondagem é
um método utilizado na pesquisa para confirmação final da viabilidade, objetivando
analisar qualidade e quantidade de minério final apto para extração em lavra. Por se
tratar de uma área com grandes riscos relacionada à viabilidade, são necessários
outros métodos de análise que buscam ampliar e melhorar o processo de sondagem.
Com tal objetivo, surge a orientação de furos de sondagem que vem sendo
desenvolvida através de novas tecnologias para estar se adequando ao mercado e
otimizando cada vez mais o processo. Na monografia a seguir será demonstrado dois
métodos de orientação de furo realizados com o objetivo de maximizar o método de
sondagem, otimizando o procedimento e reduzindo custos. Mesmo não sendo um
método indispensável para a técnica de sondagem, a orientação se faz necessária
devido a auxiliar na melhoraria do processo e evitar gastos desnecessários.

PALAVRAS-CHAVE: MINERAÇÃO, PESQUISA, SONDAGEM, ORIENTAÇÃO.


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ABSTRACT

Mining is a sector of great importance for the economic development of the country,
generating jobs and products. Mineral research is one of the primordial and
indispensable phases for the mining processes, being carried out through devices
aimed at proving the viability of a certain area of interest. The survey is a method used
in the research to confirm final viability, aiming to analyze the quality and quantity of
final ore suitable for mining extraction. Because it is an area with great risks related to
viability, other methods of analysis are needed that seek to broaden and improve the
survey process. With this objective, the orientation of drilling holes is being developed
that is being developed through new technologies to be adapting to the market and
optimizing the process more and more. In the following monograph will be
demonstrated two hole orientation methods performed with the objective of maximizing
the probing method, optimizing the procedure and reducing costs. Even though it is
not an indispensable method for the probing technique, guidance is necessary
because it helps to improve the process and avoid unnecessary expenses.

KEY WORDS: MINING, RESEARCH, SURFACE, ORIENTATION.


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LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Sonda SPT ................................................................................................. 16


Figura 2- Sonda Rotativa Diamantada ...................................................................... 17
Figura 3- Equipamentos de Perfuração ..................................................................... 20
Figura 4- Esquema de Sonda Rotativa Diamantada ................................................. 21
Figura 5- Equipamento de orientação de furo Rock Launcher .................................. 25
Figura 6- Calha de 10 m. utilizada para montagem dos testemunhos orientados ..... 28
Figura 7- Equipamento Reflex ACT III ....................................................................... 30
Figura 8- Boletim de furo Orientado .......................................................................... 31
Figura 9- testemunho pescado .................................................................................. 33
Figura 10- Testemunho girado .................................................................................. 34
Figura 11- Testemunho Queimado por coroa diamantada desgastada .................... 35
Figura 12- Corte Irregular perceptível a partir de objeto referencial .......................... 36
Figura 13- Equipamento Core MAP .......................................................................... 38
Figura 14- esquema de orientação de testemunho de sondagem ............................ 39
Figura 15 - Seção Geológica de Furo Orientado ....................................................... 43
9

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 10
1.1 Objetivos ..................................................................................................... 11
1.2 Justificativa ................................................................................................ 11
1.3 Estruturação ............................................................................................... 12
2. FUNDAMENTAÇÃO TEORICA ......................................................................... 13
2.1 Pesquisa e prospecção mineral ................................................................ 13
2.2 Geologia ...................................................................................................... 14
2.3 Sondagem Geológica................................................................................. 15
2.3.1 Sondagem Percussiva ............................................................................ 17
2.3.2 Sondagem Rotativa ................................................................................ 18
2.3.2.1 Sondagem Rotativa Diamantada ........................................................ 18
2.3.3 Procedimentos de Sondagem ................................................................ 21
2.3.3.1 Perfilagem .......................................................................................... 23
2.4 Orientação de Furo de Sondagem ............................................................ 23
2.4.1 Método 1- Orientação a Lança ............................................................... 24
2.4.1.1 Passo a Passo – Método 1................................................................. 25
2.4.1.2 Erros da Orientação – Método 1 ........................................................ 26
2.4.2 Método 2- Orientação por Equipamento Reflex ACT ........................... 27
2.4.2.1 Passo a Passo – Método 2................................................................. 29
2.4.2.2 Erro de orientação - método 2 ............................................................ 31
2.4.3 Erros de Sondagem ................................................................................ 32
2.4.4 Core Map.................................................................................................. 36
2.4.5 Controle de Qualidade ............................................................................ 40
2.4.6 Utilização de Dados ................................................................................ 42
3. METODOLOGIA ................................................................................................. 44
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 45
4.1 Método 1 X Método 2 ................................................................................. 45
5. CONCLUSÃO ..................................................................................................... 47
6. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS .................................................................. 49
7. ANEXO ............................................................................................................... 52
10

1. INTRODUÇÃO

A Mineração é um dos setores primários de produção de bens para insumos,


utilizados e destinados para industrias de siderurgia, geração de energia elétrica,
indústrias gerais, construção civil, etc. Seria impossível manter a sociedade atual sem
a existência da mineração. Esta, não só gera oportunidades ligadas diretamente a
seus processos de produção, como também impulsiona milhares de serviços indiretos.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) 2012, cada vez mais os
minerais têm influenciado na vida e o desenvolvimento de um país.

A indústria da mineração tem papel fundamental na dinamização da


economia do Brasil. Participa com 3% a 4% do PIB e 20% do total de
exportações, gerando 175 mil empregos diretos na mineração e 2,2 milhões
na indústria de transformação mineral, o equivalente a 8% dos empregos do
setor produtivo, no ano de 2010. (IBRAM 2012, pag. 22).

A mineração é um processo formado basicamente pesquisa, extração e


transformação mineral. Cada fase apresenta sua importância, mas é na pesquisa que
se busca garantir que os investimentos na área de interesse não serão desperdiçados.
Viabilidade, sustentabilidade e lucratividade são os pontos mais cobrados nos
processos de mineração, devido ao fato que a atividade extrativa demanda tempo
para amadurecimento e remuneração do capital.
A pesquisa mineral compreende os processos de descoberta, identificação da
jazida e comprovação de sua viabilidade para extração. De acordo com ROCHA et.
al., (2010) ’’ A Pesquisa e a Prospecção Mineral são, na realidade, as primeiras fases
da Mineração. Segundo os economistas a Mineração é um dos setores de maior risco
de retorno do capital empregado’’. Isso se deve aos diversos estágios que a envolve,
como o planejamento, coleta e análise dos dados, ambiguidade e a dificuldade de se
interpretar algumas informações.
Existem alguns métodos utilizados para estudos das áreas de interesses, entre
eles estão a geofísica e a geoquímica, que visam através de vários tipos de estudos
comprovar a viabilidade de uma área.
A sondagem trata-se da última fase da pesquisa mineral e é responsável por
definir, por meio do material retirado pela mesma em regiões mais profundas da crosta
terrestre, a viabilidade da área em avaliação, é um processo que requer um
investimento maior do que os processos pretéritos de pesquisa, portanto só é
11

realizado quando os estudos preliminares indicam grande possibilidade de viabilidade


da área em estudo.
O trabalho apresentado refere-se a um comparativo entre dois métodos
utilizadas na pesquisa mineral visando a maximização do processo de sondagem.
Estes métodos são de orientação de furos, sendo apresentadas suas características
de desenvolvimento, pontos positivos e negativos comparando suas respectivas
viabilidades para o processo de exploração mineral.

1.1 Objetivos

A orientação de testemunhos tem por objetivo definir o arcabouço estrutural da


região sondada, de forma a definir mais precisamente a direção e mergulho das
camadas. O comparativo entre os dois métodos de orientação de furo de sondagem
objetiva de maneira geral estudar os métodos de orientação, compara-los com base
em seus pontos positivos e negativos, apresentar o melhor método analisando seus
fatores de manuseio, demonstrando sua utilidade no processo de sondagem.

1.2 Justificativa

A orientação de furos é utilizada na pesquisa mineral para furos de Sondagem


rotativa diamantada. É um método utilizado principalmente em mineradoras de
extração em depósitos maciços, onde o corpo mineralizado se encontra em maior
profundidade.
Existem vários meios de se realizar a orientação de furos, alguns são mais
rústicos e de baixo custo, outras empresas, porém, aderiram a tecnologia para o
aprimoramento desse método e seu melhor desenvolvimento.
A orientação não é um método indispensável para a área de pesquisa mineral,
porem sua utilização aumenta a precisão para definição de novos furos de sondagem,
diminuindo custos por reduzir o número de furos e com sondagem em pontos
frustrados e agilizando o processo.
Nesse caso foram apresentados apenas dois tipos de orientação, um mais
rustico e outro mais tecnológico, de maneira a realizar um comparativo entre ambos.
Observando também a necessidade da utilização do controle de qualidade para a
validação dos procedimentos envolvidos.
12

1.3 Estruturação

O trabalho é estruturado em três capítulos distintos. O primeiro capítulo


apresenta a fundamentação teórica, apresentando as fases que envolvem o processo
de maneira a trazer uma noção do assunto ao leitor para o procedimento de
orientação, observando a importância e os métodos do qual será discorrido.
O segundo capítulo apresenta os materiais e métodos utilizados para o
desenvolvimento da pesquisa, sendo que a pesquisa em questão contou com a fase
de trabalhos bibliográficos que envolvem as pesquisas para conhecimento teórico do
procedimento, e a fase de campo que envolve os trabalhos de orientação de furo.
O terceiro capítulo apresenta os resultados da comparação entre os dois
métodos investigados, após demonstrado suas funcionalidades comparando-os e
avaliando qual envolve menor fator de erro, e por consequência, mais confiabilidade.
13

2. FUNDAMENTAÇÃO TEORICA

A mineração é um setor de produção mundial. No entanto, geralmente trata-se


de campo oneroso, dessa maneira são necessários diversos estudos para
comprovação da viabilidade da área. Para que não se invista em algo que não retorne
o lucro desejado. O papel da pesquisa mineral é garantir que os investimentos
realizados em determinado recurso mineral não sejam superiores ao retorno oferecido
pelo mesmo.

2.1 Pesquisa e prospecção mineral

A pesquisa e prospecção mineral são atividades indispensáveis para


mineração, A Prospecção e Pesquisa Mineral, conforme menciona Cavalcanti Neto e
seus colaboradores (2010) “tratam da execução dos trabalhos necessários à definição
da jazida mineral, sua avaliação e a determinação da exequibilidade do seu
aproveitamento econômico. ” Estes trabalhos referem-se à estudos geofísicos,
pesquisa bibliográfica referente a área de interesse (mapas, estudos geológicos,
estudos geofísicos), amostragem geoquímica (coleta de amostras de rochas, de solos,
de concentrados de bateia, de sedimentos de corrente) e sondagem geológica.
Prospecção e pesquisa compõem a primeira fase para determinação da
exequibilidade de uma ocorrência mineral, e sua possibilidade de se tornar uma mina.
Devido aos riscos e as incertezas próprias do negócio da mineração, são realizados
estudos durante todo o processo de exploração para confirmação viabilidade. Esses
trabalhos necessários para a abertura de uma mina também são utilizados para definir
o momento certo para se findar o processo extrativo.
A pesquisa realizada durante o desenvolvimento da mina, é executada sob o
objetivo de garantir que o teor do minério extraído esteja de acordo com o planejado,
uma vez que, em sendo geologia uma distribuição estocástica, carece de
monitoramento para que não se perca o controle das características do minério
produzido. É realizada também para definição de novos alvos para ampliação
explorável.
A pesquisa mineral pode ser qualificada como os serviços geológicos,
geoquímicos e geofísicos necessários para localização e definição de jazidas
minerais. De acordo com Pena (2016 p. 21), “jazida trata-se da ocorrência de minério
14

em quantidade, teor e características físico químicas (reservas) que, junto com


condições suficientes de infraestrutura e localização, permitem a sua exploração
econômica”. Há autores que considerem uma jazida como tal apenas quando a
mesma está em processo de lavra.
De acordo com Pena (2016 p. 21), recursos minerais são “concentração de
material sólido, líquido ou gasoso que ocorre naturalmente dentro ou acima da crosta
terrestre em forma e quantidade que pode tornar-se viável a extração econômica de
uma parte ou de sua totalidade. ” Enquanto reserva mineral trata-se de “partes do
recurso mineral que podem ser extraídas economicamente num tempo determinado.
Reservas incluem material recuperável. ”
Não obstante, sólidos conhecidos de termos técnicos de geologia são
imprescindíveis para compreensão escorreita dos termos atinentes à mineração.

2.2 Geologia

A geologia não é uma ciência exata como a matemática. Até mesmo os


geólogos mais experientes encontram dificuldade para definição precisa ou com certo
grau de certeza sobre formações geológicas de uma área recém conhecida, uma vez
que a composição de minerais pode variar de acordo com temperatura, com pressão
com a influência de fluidos hidrotermais, com rochas encaixantes ou ainda com o
tempo de duração do processo de formação.
É de extrema importância o conhecimento da geologia da área estudada e dos
processos de formação que levaram a desenvolvimento das anomalias. De acordo
com Cavalcanti Neto, et. al. ( 2010),

Um Depósito Mineral é constituído de Minério, Encaixante, Estéril, Mineral-


Minério, ganga e Subproduto (s). A existência de um Depósito Mineral está
condicionada aos processos geológicos formadores de rocha, tanto os
pretéritos, concomitantes, como os processos posteriores a formação da
rocha. “ (CAVALCANTI NETO, et. al. 2010, pag. 14)

Mendonça (2010) define geologia como “a ciência da Terra, de seu arcabouço,


de sua composição, de seus processos internos e externos e de sua evolução. ” Tudo
que se refere ao estudo da terra e sua formação, cronologia, dentre outros, a geologia
está envolvida. .
Objetiva estudar as características do interior e da superfície da terra;
compreender os processos físicos, químicos e físico-químicos que resultaram na
formação do planeta tal qual o conhecemos hoje. Deve também auxiliar na definição
15

da maneira mais adequada para a utilização da matéria prima para melhoria da


qualidade de vida da sociedade.
Na sondagem, o conhecimento da geologia local é importante para escolha dos
pontos de sondagem (evitando sondar em local que não seja de interesse), para
escolha da malha de sondagem, escolha da sonda mais adequada para a litologia,
profundidade do furo, azimute para perfuração (ângulo medido no plano horizontal),
inclinação correta para interceptação do corpo mineral (DIP), escolha de métodos
complementares de estudos e métodos analise e para interpretação dos resultados
obtidos.
O estudo da geologia local é importante devido a necessidade de conhecimento
da litologia da região em prospecção, uma vez que está varia de acordo com os
processos de formação. A escolha da sonda varia de acordo com a litologia, sendo
que a escolha do princípio de perfuração (rotação ou impacto) apresenta limitações,
sejam elas relacionadas a profundidade, dureza da rocha ou mesmo inclinação do
furo que requerem atenção para que o método seja o mais viável.

2.3 Sondagem Geológica

A sondagem é utilizada para perfuração de rochas e solos de determinada


região para reconhecimento da litologia, permitindo a retirada de testemunhos da
rocha perfurada através do barrilete 1, podendo atingir grandes profundidades. Este
é o método mais completo a qual a geologia tem acesso para seus estudos e,
portanto, sendo fundamental para que seja possível delinear as seções geológicas
fundamentais na abertura da mina e também no decorrer da mesma.
O site Mgamineração.com (2016), a define da seguinte maneira,

Sondagem é um método investigativo que tem como objetivo fornecer


informações sobre o perfil do solo e as rochas em subsuperfície, podendo
também ser empregada para diversos fins: na investigação de maciços para
execução de fundações (ensaios SPT), na construção de poços para
captação de água, petróleo e gás natural, e como ferramenta para pesquisa
mineral. (MGAMINERAÇÃO.COM 2016).

A sondagem é um método de pesquisa direto, portanto, com grande precisão.


Cada local de pesquisa apresenta suas características próprias, assim sendo é
necessário aderir o método de sondagem adequado para prospecção.

1
Barrilete: Peça de metal que compõem a sonda rotativa diamantada, apresentada na fig. 3
16

Existem basicamente, dois tipos de sondagem: a percussão e a rotativa.


Segundo Cavalcanti Neto (2010), “Na Sondagem a Percussão um peso cai em queda
livre sobre o conjunto de equipamentos que penetra na rocha. Na Sondagem Rotativa
a rocha é perfurada pelo movimento de rotação que corta a rocha”. As figuras a seguir
apresentam os métodos de sondagem mencionados (fig. 1), demonstra uma sonda
SPT- um exemplo de sonda a percussão; e a fig. 2 demonstra uma sonda rotativa
diamantada, que como seu próprio nome diz, trata-se de sondagem rotativa.

FIGURA 1- S ONDA SPT

Fonte: https://www.vwffundacoes.com.br/sondagem-percussao-spt/
17

FIGURA 2- S ONDA ROTATIVA DIAMANTADA

Fonte: http://www.acaoengenharia.com.br/obras-executadas/

2.3.1 Sondagem Percussiva

A sondagem a percussão consiste em um equipamento composto por tripé de


roldanas, guincho mecânico, trado de concha, haste e luvas de aço, alimentador de
agua, trepano, barrilete e as peças responsáveis pelo impacto da perfuração- martelos
ou pesos. O Departamento Estadual de Infraestrutura- DEINFRA (1994), define
sondagem a percussão como um “método de investigação geológica geotécnica de
solos, em que a perfuração é obtida através da percussão destes por peças de aço
cortantes. ”
A sondagem percussiva é menos onerosa do que a rotativa por seu
equipamento ser menos complexo e apresentar maior limitação. As principais
vantagens em se utilizar esse método é seu baixo custo, praticidade e rapidez. Porém,
em dependência da profundidade do corpo mineral que se almeja atingir, outro fator é
a inclinação do furo, este método limita-se a fazer apenas furos verticais e mais em
superfície.
As sondagens percussivas são as mais frequentes executadas para verificação
de perfil geológico das camadas do subsolo, coleta de amostras das diversas
camadas, determinação do nível do lençol freático, determinação da compacidade ou
18

consistência das camadas do subsolo em solos arenosos ou argilosos,


respectivamente, e também para a determinação de eventuais linhas de ruptura que
possam ocorrer em subsuperfície.

2.3.2 Sondagem Rotativa

A sondagem rotativa consiste em um equipamento mais complexo e potente


capaz de perfurar quilômetros de furo, por tanto estas sondagens são as mais
frequentes na pesquisa mineral para detalhamento de corpo geológico sendo
executadas para definição da profundidade em que se encontra o embasamento
rochoso, o tipo ou os tipos de rocha e seu estado de sanidade e fraturas, para indicar
a presença de matacões diferenciando-os do embasamento, Para obtenção de poços
para captação de águas, entre outros.
Os furos podem ser inclinados, verticais ou mesmo laterais. Indicada para
rochas extremamente duras e de profundidades, mais rápida em profundidades de
300 metros.
Maranhão (1989), diz que existem vários tipos de sondagens que utilizam o
princípio de rotação para realização perfuração, ele a subdivide em dois tipos
primários a perfuração manual, que carece da força humana para o desenvolvimento
onde estaria a sondagem a trado e de “banka”; e a segunda seria a perfuração com
maquinas onde se tem a sondagem diamantada.

2.3.2.1 Sondagem Rotativa Diamantada

A sondagem rotativa diamantada é o mais utilizado desses métodos para


perfuração de furos a grandes profundidades, podendo fazer furos com mais de um
mil metro de penetração, sendo indicada para regiões com rochas muito duras. Esse
tipo de sondagem objetiva definir a terceira dimensão amostrando por meio de
amostras (testemunhos) com uso de uma coroa diamantada acoplada na extremidade
do barrilete.
O material extraído, chamado de testemunho de sondagem é de importância
imprescindível para conhecimento da área, pois permite identificar o tipo de material
(solo, saprólito, rochas), estruturas (acamamento, foliação, fraturas, etc.) e mergulho
19

aparente de estruturas. Sobre sondagem rotativa diamantada Maranhão (1989),


afirma que,

“É indicada para furos de pequeno diâmetro (inferior a 60mm), onde se


desejam testemunhos contínuos da rocha atravessada e da sua distribuição
textural, estrutural, mineralógica, etc. só não é indicada para terrenos
inconsolidados ou heterogêneos, tais como conglomerados constituídos por
blocos e seixos duros em uma matriz mole, ou terrenos muito fraturados. ”
(MARANHÃO 1985 pag. 526).

A sondagem rotativa diamantada é caracterizada por realizar a perfuração


utilizando uma sonda, podendo ser esta movida por motor mecânico ou elétrico. O
furo é executado com utilização de hastes e barrilete, sendo o barrilete acoplada a
coroa diamantada que corta o testemunho de sondagem. De maneira que o corte é
realizado, o testemunho passa para dentro da camisa e do barrilete. O processo de
corte é resfriado à agua, podendo ter óleo solúvel. Muitas vezes utilizado também na
parte externa das hastes algum tipo de graxa de maneira a reduzir o atrito entre o
equipamento e a parede do furo.
Existem dois métodos de sondagem rotativa, o convencional geralmente
utilizado para material mais fraturado, onde o testemunho fica alojado dentro do
barrilete, sendo necessário para sacar a manobra, retirar todas as hastes e barrilete.
No método “Wire line”, utiliza-se um pescador que colocado por dentro das hastes e
sacar apenas a camisa com a manobra realizada. A Figura a seguir apresenta peças
que compõem a sonda rotativa diamantada:
20

FIGURA 3- E QUIPAMENTOS DE PERFURAÇÃO

Fonte: Autor (2016)

Existe todo um esquema para realização de sondagem rotativa diamantada,


por se tratar de um método mecânico, requer todo um aparato para se desenvolver.
Na figura a seguir (fig. 4), expõem-se como se subdivide uma sonda de perfuração
rotacional diamantada.
21

FIGURA 4- ESQUEMA DE SONDA ROTATIVA DIAMANTADA

Fonte: http://licenciadorambiental.com.br/wp-content/uploads/2015/01/NBR-15.492-Sondagens-de-
Reconhecimento.pdf

2.3.3 Procedimentos de Sondagem

Conforme já citado anteriormente, a sondagem é o último dos processos de


coleta de material para análise da área em estudo. O local é defino por uma equipe
de geólogos responsáveis que tem a função de escolher o melhor local para de locar
a sonda, de maneira que essa, ao perfurar, intercepte o corpo mineralizado. Por eles
são definidas as coordenadas do local, a inclinação do furo (Dip), o azimute (Az) e a
profundidade programada (Depth). Os técnicos são os responsáveis por ir ao local e
checar se no ponto indicado pode ser realizada a sondagem sem nenhum problema.
Como o ponto determinado pelos geólogos geralmente é definido por eles em
escritórios com base softwares com dados antigos de toda a área, as vezes acontece
de locar o ponto na crista de um morro, ou em um lugar alagado, ou na casa de algum
superficiário, por que motivo é importante checar o ponto, além é claro, de conhecer
a área onde a sonda será fixada e sua possibilidade para abertura da praça de
sondagem e as vias de acesso.
Para realização de sondagem na área é necessário organizar o local para a
Locação e abertura de praças de sondagem. Para isso deve-se locar previamente o
furo em campo a partir do planejamento prévio (mapas, seções), utilizando equipe de
topografia com estação total ou GPS de precisão, analisando a possibilidade de
execução do furo no local locado, dado condições do terreno, matas nativas ou
atividades antrópicas (construções, lavouras,). Recomenda-se fotografar o local da
22

praça antes da abertura e logo após a sondagem. É necessário que a praça tenha
dimensões que possibilitem a boa execução dos serviços com o menor impacto
ambiental e atendendo todas as normas de segurança exigidas.
No ponto locado coloca-se uma estaca de madeira com o número do furo, a
inclinação e o azimute do mesmo. Esta estaca, que define a direção do furo, deverá
ser cravada no solo a uma distância entre 3 e 10 metros do piquete, onde deverá estar
registrada a direção (azimute) e o ângulo de inclinação do furo. Isso é importante
porque quando a equipe de sondagem chegar ao local para posicionar a sonda, esses
dados serviram de base para a maneira como vão montar a sonda e os equipamentos
de sondagem, como poço de fluido, banheiros e local dos barriletes e hastes. O
importante é que as informações estejam corretas, caso contrário isso ir gerar um
retrabalho, além de mais custo para a contratante.
O nivelamento da sonda e a inclinação do furo deverão ser conferidos pelo
fiscal da operação de sondagem com clinômetro ou bússola, na própria sonda, antes
do início da perfuração. Após a instalação da sonda na posição correta, deverá ser
colocado o clinômetro ou bússola no mandril hidráulico do equipamento e ajustada a
sonda até o posicionamento na inclinação correta.
A data de início do furo, que corresponde ao início da perfuração deverá ser
registrada no Boletim de sondagem da empresa de sondagem e em caderneta de
campo do fiscal de sondagem. O fiscal da operação de sondagem deverá passar as
informações necessárias para a execução do furo à empresa de sondagem, como
inclinação do furo, diâmetro, necessidade de perfilagem ou de instalação de
piezômetro, etc. Repassar à empresa de sondagem a profundidade prevista. A
profundidade final pode ser maior do que a estimada, caso chegar ao final programado
mais ainda estiver interceptando corpo mineralizado, os geólogos fazem a avaliação
do material e definem quando parar.
Conferência da profundidade de furo consiste em conferir se a profundidade
indicada na caixa de testemunhos e no boletim de sondagem é a mesma medida,
fisicamente, através das hastes de perfuração e do barrilete. Ao término da manobra,
mede-se a sobra de ferramentas, em metros, da cabeça d'água até o mandril da sonda
e faz-se a contagem do número de hastes, verificando o tamanho das hastes e do
barrilete.
Antes de se iniciar o furo, quando vai “dar grau na sonda”, termo utilizado para
referir-se a conferencia da inclinação do barrilete e o azimute da locação da sonda,
23

mede-se também a altura da sonda se medindo da cabeça de agua até o mandril. No


decorrer da sondagem, todas as manobras realizadas são descritas no boletim de
sondagem e sua respectiva recuperação, no galpão de conferencia é realizada a
medição de todo o material e conferido se as informações do boletim estão de acordo
com as que estão dispostas nas caixas e se o material corresponde. No final do furo
soma-se as ferramentas (hastes + barriletes) e subtrai-se a altura da sonda e a sobra
da sonda.
Geralmente cada haste mede 3,05 metros com o tamanho do barrilete variável.
O fiscal deve sempre conferir o tamanho das hastes e do barrilete, principalmente as
utilizadas no início da perfuração, pois possuem tamanhos reduzidos para facilitar o
início da perfuração. Já a profundidade final do furo deverá ser conferida,
preferencialmente, logo após o término do furo, com registro da profundidade no
Boletim de Sondagem.

2.3.3.1 Perfilagem

A perfilagem é um procedimento utilizado para verificar a variação da direção


do furo no decorrer da perfuração, sendo que sempre há uma alteração provocada
por mudanças de litologia. Deve-se ser realizada em consequência com o final do furo.
Consiste em medir desvios (inclinação e direção) na trajetória dos furos de sonda.
O fiscal da operação de sondagem deverá repassar à empresa de sondagem
a direção e inclinação da boca do furo e conferir os intervalos de leitura, a partir do
acompanhamento da execução da perfilagem, registrando a profundidade perfilada, o
número de leituras realizado e o método de perfilagem.
Esse mecanismo é importante para que seja possível medir o desvio do furo no
decorrer da perfuração, se ele interceptou o alvo que se objetivava e em caso de furos
muito próximos entre si, se um furo não acabou se embatendo com o outro. Caso o
desvio seja muito grande, a empresa contratante pode requerer um novo furo.

2.4 Orientação de Furo de Sondagem

A orientação de furos de Sondagem é um procedimento adotado por algumas


empresas como método complementar de conhecimento da disposição da camada
geológica da região sondada. Existem vários métodos de orientação de furo de
24

sondagem que podem ser desenvolvidos de maneiras diferentes, umas recorrendo as


tecnologias disponíveis no mercado atual, e outras de maneira mais rustica.
Serão apresentados a seguir dois métodos mais tradicionais de utilização. O
método de orientação a lança (método 1) e o método de orientação com utilização do
equipamento Reflex ACT (método 2)

2.4.1 Método 1- Orientação a Lança

O método de orientação por lança é realizado de maneira mais manual.


Algumas empresas preferem utiliza-lo devido a seu baixo custo de realização. É
constituída por uma lança de aço pesado com uma ponta afiada ou uma ponta de lápis
cera em uma linha de fio dentro as hastes de perfuração, após o tubo interior ser
removido. A ponta de lança atinge o interior do furo produzindo uma marca na próxima
peça de rocha a ser retirado o núcleo. A partir dessa marca é possível puxar o traço
tradicional da orientação.
As manobras são orientadas em consequência com a realização da sondagem
e dispostas nas caixas de testemunhos. Após concluído o turno de trabalho as caixas
são levadas para o galpão de metragem para realização da segunda fase. Essa
segunda fase envolve a análise da qualidade do material sondado e do traço da
orientação, traços tortos são considerados como não confiáveis e tidos como perda
da qualidade do método. Nessa fase, são realizadas o desenho do risco da orientação
por toda a extensão do testemunho para que possa ser medida a angulação das
foliações no equipamento Rock Launcher, tendo como base o traço orientado.
A terceira fase é realizado em um equipamento manual chamado de Rock
Launcher. Este é utilizado para a medição de estruturas no núcleo orientado no início
de cada projeto individual. Isto permite direta visualização das estruturas nas suas
orientações originais. Se uma quantidade considerável de dados é necessária
rapidamente, o método alfa-beta-gama 2 pode ser utilizado, essas direções sendo
medidas com um transferidor. A figura 5, apresenta o equipamento de orientação
acima citado, o Rock Launcher.

2 Alfa-beta-gama- São ângulos de medição das lineações presentes nos testemunhos de sondagem
25

FIGURA 5- E QUIPAMENTO DE ORIENTAÇÃO DE FURO ROCK LAUNCHER

Fonte: http://www.sjsresource.com.au/blog-layout/structural-geology-from-oriented-drill-core

A quarta e última fase é a interpretação dos dados obtidos e sua utilização nos
softwares de mineração para definir novos pontos de sondagem, mais precisos e
sucintos. Ferramentas de lança é um dispositivo simples, sem sofisticação que exige
um tempo separado, consumido entre cada execução do procedimento. A precisão da
maioria das ferramentas dessas classes também não é muito boa e por estas razões
que eles são raramente usados hoje em dia.
Algumas empresas optam por sua utilização devido a seu baixo custo e fácil
desenvolvimento do procedimento. A maioria dos problemas encontrados com esse
método, ligado não ao produto, mas sim a técnica e sua utilização, em alguns dos
estágios da orientação.

2.4.1.1 Passo a Passo – Método 1


26

A primeira fase da orientação de furo por lança, apresentado no método 1 de


orientação, consiste na utilização de uma lança de aço pesada, com uma ponta afiada
ou uma ponta de lápis de cera em uma linha de fio dentro da haste da perfuração,
após a camisa ser removida.
Lápis de cera, ao se chocar com o final do furo, constituído por rochas, se
atritara ao maciço riscando e indicando o ponto inicial em que a manobra se
encontrava quando iniciou a perfuração.
O sistema se baseia na projeção da lança de metal com o lápis de cera que por
influência da gravidade é direcionada até o fim do furo causando o traço inicial de
sondagem.
Posteriormente é posicionado as ferramentas de sondagem, e a manobra é
realizada. Quando se conclui a perfuração que retira o testemunho de dentro do furo,
este já tem sua orientação traçada.
O material é depositado na calha para ser limpo, medido e posteriormente
organizado em caixas enumeradas e marcadas de acordo com a exigência da
contratante para ser enviada ao galpão de amostragem para que seja realizado os
processos subsequentes de orientação.

2.4.1.2 Erros da Orientação – Método 1

Assim como qualquer outro procedimento, a orientação de furo por lança


também apresenta alguns fatores que podem ocasionar erros gravíssimos na
orientação. Davis & Cowan (2012), apesar de o dispositivo de orientação a lança ser
muito simples, vários problemas podem surgir decorrentes a alguns imprevistos.
 A broca de bits pode não estar no fundo do furo;
 A ponta deve ser firmemente aparafusada a lança para evitá-lo e a lança de flexão.
Uma ponta de lança dobrada vai produzir resultados imprecisos;
 A ponta da lança deve ser um cone afiada. Uma porca de espessura ou algum outro
suporte para a ponta de tungstênio ou lápis de cera vai resultar em ser a marca muito
longe a partir da borda do testemunho;
 A lança deve ser reduzida de modo que ele produz uma só marca. Se ele é reduzido
muito lentamente não será produzida uma marca e se ele é baixado muito rápido a
lança pode saltar produzir múltiplas marcas ou linhas riscadas. Velocidade correta
27

será dependente do ângulo do furo e a dureza da rocha e só pode ser determinada


por tentativa e erro;
 O ângulo do furo pode ser demasiado grande ou demasiado baixo. Os melhores
resultados são obtidos em furos com mergulhos entre 35 ° e 75 °. A profundidade do
furo não deve afetar significativamente a qualidade das marcas.

2.4.2 Método 2- Orientação por Equipamento Reflex ACT

Esta orientação é feita utilização do equipamento Reflex ACT, responsável por


determinar o ponto de interceptação das rochas perfuradas. Utiliza a força vertical de
gravidade, em furos de 85° de inclinação. Este método depende diretamente de três
fatores: 1. A marca da orientação, que se trata da forma como a informação sobre a
orientação do campo gravitacional em relação a posição do núcleo do testemunho é
transferida para o mesmo; 2. A linha da orientação, que segue ao longo de toda a
manobra, para indicar onde o vetor da gravidade passa cada fragmento do
testemunho; 3. O ângulo de bloqueio, que mede a variação da angulação entre
manobras.
A segunda fase é desenvolvida no galpão de conferencia. Esse tipo de
procedimento gera um boletim a parte, que deve ser conferido para certificação de
que todas as informações contidas nele estão em acordo com as informações escritas
na caixa de testemunho e com o material contido na caixa. A partir daí o material é
montado em uma calha de 10 metros, para a realização de controle de qualidade
(QAQC), ou seja, para ver se a orientação pode ser útil ou não. Como as manobras
tem tamanho máximo de 3 metros, tem a opção de fazer o comparativo entre três
manobras por vez, apenas. Como apresentado na figura a seguir (fig. 6)
28

FIGURA 6- CALHA DE 10 M. UTILIZADA PARA MONTAGEM DOS TESTEMUNHOS ORIENTADOS

Fonte: Autor (2016)

As manobras são montadas separadamente. Caso seja possível montar todos


os fragmentos das manobras, é feito o comparativo da variação do traço de orientação
de uma manobra para a outra, montando a manobra com a subsequente. Espera-se
que a linha seja consecutiva mesmo mudando de manobra. Esse fato indica que a
sondagem está de total acordo, e que tem alta qualidade as informações obtidas. Para
a realização do QAQC são avaliados os desvios que acontecem, isso é realizado
medindo a diferença em graus de uma manobra para outra. Até 10° de erro é aceitável,
a partir de 11° a manobra é considerada como não Ok (NOK) e essa manobra é tida
como não confiável.
O QAQC é realizado para fiscalizar a equipe responsável pela sondagem e
orientação do furo. Uma vez que a litologia é algo que já existe e sem erros, faz-se o
QAQC para observar a qualidade dos serviços realizados com o material até este
chegar a nível de ser enviado ao laboratório.
O terceiro processo é realizado com um equipamento chamado CORE MAP,
responsável por definir os ângulos das foliações contidas no testemunho de
sondagem.
Por fim vem a utilização dos dados obtidos, aquelas manobras que são
aprovadas no QAQC são medidas no CORE MAP e obtida os valores do ângulo das
foliações, essas informações são digitalizadas e podem ser inseridas nos programas
29

de criação de mapas como VULCAN- Um programa utilizado para desenho de mapas


e seções geologias. A partir dessas informações eles podem ter um nível maior de
certeza ao traçar novos pontos de sondagem.

2.4.2.1 Passo a Passo – Método 2

A metodologia apresenta os procedimentos de realização da sondagem e seus


métodos de orientação. Apresentando um passo a passo importante para o
conhecimento dos métodos e sua relevância para a área extrativa mineral.
A primeira fase da orientação de furos que ocorre ainda em campo, quando se
está realizando a sondagem, necessita da utilização de um equipamento chamado
Reflex Act, um pequeno equipamento robusto e digital que é colocado na ponta da
haste, com intenção de marcar as coordenas X, Y e Z iniciais da perfuração do furo
de sondagem.
De acordo com o site Core Tech, responsável pela venda e divulgação do
equipamento, este é um excelente e preciso equipamento, com funções de arquivo de
coordenadas e profundidades que podem ser descarregadas em um computador e
enviadas via e-mail, diminuindo a possibilidade de erro humano. De acordo com as
especificações do equipamento, não existe um diâmetro de furo pré-determinado para
que seja possível a utilização do equipamento, porém é preferível que a orientação
seja feita do início ao fim no mesmo diâmetro de furo. Para empresas que utilizam
dois diâmetros distintos, é preferível que espere a redução do furo para uma rocha
mais consiste para que se inicie a orientação.
O equipamento é divido em duas partes (fig. 7), uma delas vai entre a camisa
e o barrilete, essa parte fica fixa na camisa independente do movimento rotacional
desenvolvido para o corte do testemunho. Ao se colocar a primeira parte do ACT
dentro das hastes para a perfuração, a posição inicial de interceptação do maciço
rochoso é coletado e serve como base para a orientação das manobras
subsequentes.
30

FIGURA 7- E QUIPAMENTO REFLEX ACT III

Fonte: http://www.coretech.com.pe/acttres.html

Existe um tempo necessário requerido pelo equipamento ao parar a perfuração.


Quando a sonda para de cortar, o controle do ACT que fica do lado de fora do furo é
acionado e determina um tempo para a leitura da posição do equipamento dentro do
furo. Depois de findado esse período, que não dura mais do que um minuto, a
manobra pode ser pescada.
Quando se retira a camisa de dentro do furo para a remoção da manobra, esta
é colocada junto à calha de lavagem dos testemunhos e onde a unidade de controle
do ACT é colocada na ponta da camisa de maneira a se conectar com a primeira parte
do equipamento fixo entre a camisa inicialmente. Ao se conectarem, a unidade de
controle buscará o ponto de encaixe perfeito, orientando que o sondador gire a camisa
para a esquerda ou para a direita até que o equipamento indique que deva parar.
Após posicionar corretamente o equipamento ACT, faz o traço indicando a
posição da lineação, puxando este do centro do testemunho até a extremidade
superior do mesmo – como se traçasse o raio da circunferência do testemunho. Com
o traço feito, a manobra poderá ser tirada da camisa sem a preocupação de se perder
a direção da orientação.
Quando ocorre de sair a parte inicial da manobra fora da caixa de molas a
manobra é classificada como não orientada, devido a impossibilidade de saber em
qual posição o testemunho foi cortado inicialmente, uma vez que o marco magnético
do equipamento ACT está ligado a camisa e não ao testemunho.
Para controle e fiscalização do processo de orientação, são gerados boletins
informativos referente as manobras orientadas, que devem descrever, além das
informações básicas referente ao furo, sua profundidade, se a manobra foi orientada
ou não e, caso não tenha sido orientada, qual o motivo.
31

A figura a seguir (fig.8), apresenta o modelo de boletim de orientação de furo


citado, trata-se um padrão em todas as empresas que utilizam o equipamento Reflex
ACT, pelo fato de ser disponibilizado pela empresa Reflex que aluga os equipamentos.

FIGURA 8- B OLETIM DE FURO ORIENTADO

Fonte: http://reflexnow.com/

São gerados core shock (marcações de delimitação de uma amostra para


outra) diferentes para furos orientados, estes, além de terem um indicando a
profundida do furo, seu avanço e recuperação, há mais um indicando a profundidade
da manobra e seu DIP (grau de inclinação do furo). Quando as caixas de testemunho
são deixadas no galpão de conferencia, o primeiro procedimento a se fazer é a
conferencia se as informações existentes no boletim de orientação, se estas estão
condizentes com as das caixas. Com a conferencias das informações feitas e de
acordo, parte-se para a próxima fase da orientação, que se trata do controle de
qualidade da perfuração – QAQC.

2.4.2.2 Erro de orientação - método 2

Um dos problemas que se tem com a orientação pelo ACT é o fato de o


equipamento marcar o ponto de orientação após a manobra já realizada, o que pode
criar um fator a mais para erro. Segundo Marjoribanks (2013), quando a orientação é
feita após a perfuração do furo, há a possibilidade de que o núcleo tenha sido
quebrado livre e rodado por uma certa quantidade desconhecida na camisa de
32

sondagem antes da ferramenta ACT toma a sua leitura. Se isso realmente acontecer,
a leitura torna-se imprecisa e seus dados são inutilizáveis.
Um outro problema comum que se tem em relação a orientação está nas
medidas estruturais realizadas. Não é possível validar a orientação de um furo caso
seu número de erros de sondagem seja demasiado grande. Caso a marca seja bem-
feita, as linhas traçadas a partir delas são validas. Quando a orientação é malfeita e
ocorrem erros de angulação entre manobras o comum seria considerar como erro e
sua confiança seria igual a 0. Porem Myers (2016), diz que os descarte desses dados
seria desperdício, podendo reorientar a manobra que apresentou erro de angulação
com base em outras manobras subsequentes ou mesmo anteriores cujo a orientação
foi positiva, cujo a angulação de uma manobra e outra apresentou um erro igual ou
menor do que 10.

2.4.3 Erros de Sondagem

Os erros de sondagem encontrados na orientação de furo são os mais diversos,


e são em sua totalidade devido a falha humana. São erros devido a pressa ou mesmo,
equipamento desgastado. Ao se preocupar mais com a produção do que com a
qualidade do produto, acaba-se esquecendo que o furo orientado requer mais tempo
e cuidados do que um furo de sondagem normal.
Esses erros tendem a impossibilitar a montagem do testemunho, deixando o
liso e sem confiança alguma da posição correta de encaixe de um material para outro,
além de interferir em outros tipos de estudos realizados.
Cada erro existente tem uma peculiaridade que o diferencia, possibilitando a
identificação da causa de cada erro encontrado. Os quatros erros mais comuns
encontrados estão apresentados na figura.

 Material Pescado (@): é um dos mais simbólicos e problemáticos para se


resolver, geralmente quando acontece essa situação, a manobra é
dificilmente possível de encaixe com a subsequente. Quando acontece,
tende a ser no ultimo fragmento da manobra, que escapa da caixa de molas
que o segura junto aos demais dentro da camisa e acaba precisando ser
pescado com a coroa, provocando um novo corte, diminuindo ainda mais
seu diâmetro e o deixando desproporcional aos demais (fig. 9);
33

FIGURA 9- TESTEMUNHO PESCADO

Fonte: autor (2016)


 Material girado ( ): Esse erro é em consequência de corte mais rápido da
rocha do que o material permite ou mesmo em caso de rocha muito micácea
que por se tratar de um mineral de baixa resistência acaba por polir-se com
maior facilidade (fig. 10). O testemunho fraturado dentro da camisa durante
a perfuração fica solto e tende a seguir o giro da sonda, o que possibilita o
atrito entre testemunhos e o polimento de ambos, impossibilitando sua
montagem precisa posteriormente.
34

FIGURA 10- T ESTEMUNHO GIRADO

Fonte: Autor (2016)

 Testemunho Queimado (#): Diz-se que o material está queimando quando


é possível ver as marcas da coroa do testemunho (fig. 11), e ocorre pelo
uso de coroas já desgastadas e com corte deficiente. Esse tipo de erro não
é prejudicial a orientação, mas é cobrado que seja evitado por interferir em
outros tipos de analises, por exemplo espectrometria de Reflectância.
35

FIGURA 11- T ESTEMUNHO Q UEIMADO POR COROA DIAMANTADA DESGASTADA

Fonte: Autor (2016)

 Corte Irregular (~): O quarto erro (fig. 12) dificilmente pode ser visto a olho
nu, apenas sentido quando passa a mão na superfície do testemunho. São
elevações irregulares no testemunho, que nada tem a ver com a foliação da
rocha, mas sim com o corte deficiente da coroa.
36

FIGURA 12- CORTE IRREGULAR PERCEPTÍVEL A PARTIR DE OBJETO REFERENCIAL

Fonte: Autor (2016)

Nem todos os erros mencionados são possíveis de serem evitados, mas o que
se pede é que sejam evitados o máximo que puder para que seja plausível utilizar os
dados do furo.
Não existe um quantitativo de aproveitamento de dados de orientação de furos
de sondagem, nem para o caso de orientação a lança e nem pelo método de
orientação pelo equipamento Reflex ACT. Isso se deve a singularidade de cada furo.
Ou seja, dependendo da litologia, inclinação do furo, condições do equipamento de
sondagem, equipe de operação, e outros fatores externos, pode haver mais
quantidades de dados confiáveis ou o inverso.

2.4.4 Core Map

O Core Map é um equipamento desenvolvido para orientação dos testemunhos


de sondagem, visando medir a angulação de sua estrutura. A utilização do Core Map
é algo recente, adotado por algumas empresas que buscam maior qualidade em seus
estudos complementares, porem a orientação de furos é uma técnica já antiga na área
da mineração. Antes utilizava-se uma técnica chamada alfa e beta, desenvolvida em
1979 por Goodman, como meio rápido para realização da medição das litologias.
37

Com utilização do transferidor media-se o alfa e o beta no testemunho de


sondagem, que correlacionando com Dip e Azimute da perfuração em uma tabela do
Excel, fornecia grandes quantidades de dados estatísticos. Porem esses dados eram
adquiridos de maneira tão mecânica que o tornava sem sentido, e os geólogos
acabavam por não achar utilidade para tais dados.
A medição da orientação de dobras é realizada em campo rotineiramente, e
apesar de necessária, é uma tarefa demorada e por vezes complicada, devido a
pequena escala das dobras nos testemunhos de sondagem a serem interpretadas,
além de muitas vezes essas estruturas não estarem totalmente expostas nos
testemunhos.
Existe alguns métodos que vem sendo desenvolvidos para determinar a
orientação das estruturas, tanto em testemunhos inteiros como neles já serrados. A
orientação utilizando o Core Map oferece essa opção, não necessitando atrasar
processos de amostragem por causa da orientação, esta pode ser feita com o
testemunho pela metade e ainda assim ser confiável.
Na realidade os eixos não precisam necessariamente estar expostos na
superfície plana do testemunho. Scott & Selley (2003), explica que como a orientação
dos eixos das dobras são determinadas pela relação angular dos elementos de
orientação com seu núcleo, ao invés de uma bússola ou clinômetro utilizados na
superfície planar do testemunho, os eixos de estudam não carecem de exposição para
medição.
A figura a seguir apresenta o equipamento Core Map, na realização de uma
orientação em um testemunho orientado.
38

FIGURA 13- E QUIPAMENTO C ORE MAP

Fonte: Autor (2016)

A figura apresentada demonstra como deve-se proceder para a orientação do


testemunho. Após marcado o traço da orientação por toda a extremidade do
testemunho de maneira perpendicular a foliação da mesma, é selecionado um
fragmento de testemunho com as lineações mais representativas do intervalo para a
medição da angulação no core Map.
O testemunho é colocado no equipamento na mesma posição estava quando
foi perfurado. A linha da orientação é alinhada ao marco de metal do equipamento, de
maneira a servir como um referencial. A partir daí o equipamento é girado de maneira
a alinhar o testemunho com as paletas de metal, e então seja marcado o grau de
inclinação que a lineação se apresenta.
39

A orientação com o material serrado, conforme já comentado, também pode


ser realizada da mesma maneira no equipamento Core Map, porem com a dificuldade
de ter apenas metade do material para ser medido. De acordo com Blenkinsop & Doyle
(2014), A medição da metade do núcleo das Estruturas são geralmente menos
precisos ou mais difíceis fazer uso de técnicas existentes do que no núcleo inteiro.
Dessa maneira, apesar de possível, é recomendado que a orientação seja feita com
o testemunho inteiro para evitar de criar mais fatores para erros.
A figura 14 a seguir apresenta um esquema geométrico que geralmente se
utiliza para determinar a orientação de um eixo de dobra. Scott e Selley (2003),
discorrem que a orientação no espaço real do eixo da dobra é determinada pelo
acoplamento de L para uma marca de fundo de núcleo da elipse formada pela
intersecção de uma orientação conhecida e o núcleo.

FIGURA 14- ESQUEMA DE ORIENTAÇÃO DE TESTEMUNHO DE SONDAGEM

Fonte: Scott & Selley (2003)


40

Esse método de orientação permite observar a atitude dos eixos de dobras em


testemunhos de furos de sondagem, mesmo sendo seu universo de observação
limitado, permite uma ampla observação do corpo geológico da região.

2.4.5 Controle de Qualidade

O Protocolo de Kyoto é um tratado internacional com compromissos redução


da emissão dos gases do efeito estufa, assinado por 192 países no ano de 1997.
Porem só foi entrar em vigor com força total no ano de 2005. Graças a esse protocolo
foi criado diversos mecanismos de flexibilização, entre eles o MDL (Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo) que delibera padrões para o setor de mineração e produção
mineral de maneira que estes reduzam as emissões de gases do efeito estufa, bem
como promovam o desenvolvimento sustentável nos países participantes.
O QAQC designa procedimentos que atendam esses padrões de qualidade
requerido pela MDL. O termo QAQC vem do inglês, Assurance Control (QA) Quality
Control (QC), que em tradução livre significa Garantia de qualidade (QA) controle de
qualidade (QC). De acordo com as orientações do departamento canadense a
garantia de qualidade (QA) é o sistema de atividades projetado para melhor garantir
que o controle de qualidade é feito de forma eficaz; enquanto controle de qualidade
(QC) é o uso de procedimentos estabelecidos para alcançar padrões de medição para
os três principais componentes de qualidade: precisão, exatidão e confiabilidade.
Todo procedimento requer uma análise de seu desenvolvimento de maneira a
garantir seu bom desenvolvimento e sua qualidade. De acordo com Jardim e Sodré,

“Tendo em vista a importância em se gerar resultados confiáveis que


subsidiem ações futuras do contratante, sistemas de gestão da qualidade
também se estendem aos laboratórios que prestam serviço em análises
químicas. Neste caso, o Controle de Qualidade e a Garantia da Qualidade
(QA/QC - Quality Assurance/Quality Control) devem ser praticados
rotineiramente. ” (JARDIM e SODRÉ, 2009 pag. 1083)

A orientação de furo trata-se de um procedimento realizado para verificar o


posicionamento das camadas geológicas a partir do posicionamento das lineações
visto nos testemunhos de sondagem. Por se tratar de um procedimento é necessário
a realização de um controle de qualidade para averiguar se erros humanos não estão
ocorrendo.
A ideia do desenvolvimento de um QAQC parte do ponto que o manuseio do
equipamento de orientação fica nas mãos de serem humanos, e estes estão sujeitos
41

a erros – intencionais ou não. Por se tratar de método que gera custos para a empresa,
a orientação deve ser passível de utilização, e caso essas manobras sejam realizadas
de qualquer maneira, tem geração de material danificado, onde as manobras não se
encaixam, impossibilita a utilização das informações obtidas nesse furo.
O QAQC é a segunda fase da orientação de furo de sondagem e é realizado
no galpão de conferencia, quando o furo ainda está em andamento. Quando o
testemunho chega ao galpão que as informações são conferidas, faz a geração de um
log Strutural – planilha de descrição das informações. Neste log são descritas as
profundidades das manobras, seus respectivos DIP’s, se foram orientadas ou não e
se as manobras estão de acordo entre si.
Na sonda é desenhado um traço no início da manobra, no local onde o
equipamento indica ser o ponto inicial de interceptação do material prospectado. No
galpão de conferencia as manobras são montadas e devem ser encaixadas do início
ao final, caso seja possível, o traço do início da manobra é puxado por toda ela. Isso
deve ser realizado com todas as manobras orientadas.
Para uma manobra ser considerada como “OK”, ela dever ser:
 Orientada ou Reorientada a partir de duas manobras de confiança 3;
 Totalmente montável;
 Possível de encaixe com a manobra subsequente;
 O traço entre manobras deve ter de 0° a no máximo 10° de erro.
As manobras que não podem ser totalmente montadas são consideradas como
“NOK” no QAQC, por não fornecerem confiança de qual a posição real das camadas
interceptadas. Existem alguns erros que podem levar a impossibilidade da montagem
completa desses testemunhos, em sua maioria trata-se de erro humano.
Existe outro campo a ser preenchido no QAQC, a confiabilidade da orientação
daquela manobra. Esse nível de confiança é definido por alguns fatores, como:
 Montagem parcial ou total da manobra – Caso a manobra seja parcialmente
montada, tendo algum de seus fragmentos que não se encaixam, sua
confiança será igual a um. Caso seja totalmente montado, será averiguado
outros fatores;
 Encaixe entre manobras – as vezes ocorre de uma manobra ser totalmente
montada, mas de não encaixar com a manobra subsequente, o que a torna
sem confiança;
42

 Direção do traço da orientação – Caso o traço da orientação esteja na


mesma posição ou com um erro de no máximo 10° ao se mudar de uma
manobra para outra, averiguasse a outros fatores. Caso o erro seja superior
a esse valor, considera-se NOK;
 Quantidade de Manobras OK – quanto maior o número de manobras
seguidas coincidentes e quanto melhor o encaixe desses testemunhos,
maior será o valor da confiança.
 É possível, a partir de duas manobras “OK”, caso a subsequente tenha erro
de angulação, puxar o traço das manobras que estão em comum acordo e
reorientar a manobra que deu erro.
O valor de confiança varia de 0 a 3, sendo o zero – sem confiança alguma; e o
3 – muito confiável.
 0 – Quando há erro de angulação acima de 10° entre manobras;
 1 – Quando não há comparativo entre as manobras, ou seja, não foi possível
montar todos os fragmentos que compõem a manobra em questão.
 2 – Quando a manobra é totalmente encaixada, porem algum dos
fragmentos apresentam algum tipo de dúvida de encaixe, comum em
manobras giradas, ou material montado veios e lineações. O traço nesse
caso é tracejado.
 3 – A manobra é totalmente encaixada e há erro de angulação igual ou
menor do que 10° entre manobras.
O QAQC tem sua importância fundamental ao definir quanto é confiável os
dados obtidos nesse furo executado. A partir das linhas traçadas nos testemunhos é
que são feitas as medições das lineações no equipamento CORE MAP.

2.4.6 Utilização de Dados

A utilização dos dados obtidos tanto na orientação por lança quanto por
equipamento de Reflex ACT são utilizados da mesma maneira. São digitalizados e
inseridos em softwares de mineração onde será possível visualizar melhor a direção
das camadas, e a partir de um comparativo com outros furos orientados, traçar malhas
furos de sondagem mais preciso.
O programa mais comum de utilização desses dados é o Arcgis, podendo
utilizar o Vulcan, caso prefira. A seção geológica da figura 15, é um mapa realizado
43

no Target, uma extensão do programa Arcgis, onde é possível adicionar os dados


obtidos com a orientação de furo como profundidade, inclinação do furo, direção da
perfuração e direção preferencial das lineações de maneira a possibilitar a visualizar
a tendência das camadas e inferir a continuação preferencial da sequência geológica.
O Vulcan é por vezes mais utilizado do que o Target, devido a possibilitar mais
possibilidade de inserção de dados nos mapas, como informações de tipo de litologia,
teores obtidos a partir de análises laboratoriais.
A figura a seguir representa o mapa continho no anexo A, e trata-se de uma
representação de seção geológica de furo orientado, cujo a função é apresentar a
tendência principal da litologia do alvo em estudo.
FIGURA 15 - SEÇÃO GEOLÓGICA DE F URO O RIENTADO

Fonte: Autor (2016)


44

3. METODOLOGIA

A metodologia consiste nos mecanismos e equipamentos utilizados para o


desenvolvimento da monografia e engloba os estudos preliminares de conhecimentos
teóricos como bibliografias utilizadas para base bibliográfica e os equipamentos para
estudos em campo.
As fontes bibliográficas predominantes para o desenvolvimento da presente
monografia consistem em artigos de mineração publicados em sites de interesse
geológico, monografias, livros de mineração e sites pertinentes ao conteúdo de
estudo. Sendo utilizados autores como Cavalcanti Neto, Jardim, Maranhão,
Mendonça, Marjorinanks, Myers, Pena, Blenkensop, Scott e Davis. Além de sites de
órgão minerários e de equipamentos de mineração como Coretech.com, Deinfra e
IBRAM.
A partir de conhecimentos teóricos referentes ao método e sua utilização, foi
possível realizar a etapa de campo que envolveu o processo de sondagem cujo utiliza-
se o equipamento Act ou mesmo a lança de orientação. A partir do material sondado
tem se a fase do traço das rochas que contam com a calha de orientação para
montagem dos testemunhos. Após riscados tem se a utilização do equipamento Core
Map ou Rock Launcher para medição das lineações.
Com as informações atinentes ao furo orientado faz-se a etapa de escritório
que consiste na criação de mapas de detalhamento da área de maneira a possibilitar
a melhor visualização das informações. Nessa etapa são utilizados softwares como
Arcgis e Vulcan para realizar a confecção dos mapas de seção.
45

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com base nas bibliografias utilizadas e observação dos método e seus


benéficos para as empresas que os utilizam e os erros que cada um apresenta,
formulou-se um comparativo entre ambos para determinar qual dos dois é mais
indicado e possível de utilização com maior ganho de qualidade para empresas
interessadas nos métodos para aperfeiçoamento de seus processos de sondagem.

4.1 Método 1 X Método 2

O método 1 de orientação de sondagem trata-se um modo mais rustico de


orientação, que foi usado por muitos anos em empresas mineradoras como forma de
orientar seus furos de sondagem, possibilitando a delimitação das camadas
geológicas e a definição de furos de sondagens mais precisos e concisos. Em 2005,
o método de orientação por meio do equipamento Reflex ACT se tornou possível, com
o lançamento dessa tecnologia no mercado.
Apesar de terem procedimentos diferentes, o primeiro sendo feito a marcação
da orientação antes da manobra ser perfurada e o segundo ser posterior a essa
perfuração, seus fundamentos são os mesmos, e com exceção de seu procedimento
de utilização de seus equipamentos, os demais procedimentos de utilização podem
ser o mesmo utilizados para ambos os dois métodos de orientação.
A orientação a lança se caracteriza por boa opção devido a ser um método
mais rustico, e ter um custo menor para compra ou aluguel do equipamento. O ACT,
porém, veio como uma melhoria para o método de orientação, observando os
demasiados erros que ocorriam com a orientação por lança, a sofisticação do
equipamento de ACT veio para reduzir, se não, acabar com as falhas humanas.
O custo da utilização de ambos os equipamentos é algo que varia de acordo
com a empresa contratante e a negociação de contrato com a empresa que oferece
os serviços. Geralmente as empresas trabalham com contrato anual cujo a contratada
já pré-estabelece um custo por equipamentos oferecidos, colaboradores necessários
para os serviços, transportes e outros. Sendo assim, nenhuma empresa disponibiliza
os custos envolvidos com seus processos de orientação, independentemente de ser
o método a lança ou mesmo ACT.
É indiscutível dizer que a orientação pelo método de orientação pelo
equipamento ACT é mais recomendável do que a orientação por lança, sendo seus
46

resultados mais precisos e cofiáveis, mesmo havendo um custo superior decorrente


da locação do aparelho, é um custo cujo o investimento se recupera por não realizar
furos de sondagem frustrado, uma vez que os furos orientados fornecem uma direção
mais concisa para realização de sondagem. Fica a critério de cada empresa decidir
qual o método melhor atende seu processo, de acordo com custo-benefício do
procedimento em relação a seu deposito explorado.
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5. CONCLUSÃO

A mineração é um setor indispensável para produção mineral, porém é


necessário que sejam feitas avaliações precisas sobre as áreas de interesse para que
não ocorra investimentos em áreas de baixo ou sem nenhum valor econômico. Para
tanto são realizadas pesquisas minerais na área de interesse durante anos até poder
ter a confirmação de um depósito mineral explorável.
A pesquisa é realizada predominantemente para conhecimento e definição da
geologia local, fator este de extrema importância para o desenvolvimento Mineiro. A
pesquisa é inicialmente feita por coleta de solo, rocha, concentrado de bateia e outros
métodos geoquímicos para definição básica da área, antes de se optar pela realização
da sondagem na área. Devido ao preço elevado do processo de sondagem este só é
realizado quando há grande possibilidade do recurso analisado ser estabelecido como
reserva.
A partir da geologia definida, e o potencial desenvolvimento da mina, são
delimitadas malhas de sondagem de acordo com as informações que se deseja obter.
A sondagem geralmente é realizada antes da abertura da mina para determinação do
corpo mineral e durante a mina para acompanhar a qualidade e quantidade minério
que ainda resta e buscar novos alvos para continuação dos processos de extração.
Pela sondagem, é possível definir o fim da vida útil da mina, de acordo com os estudos
de viabilidade que são realizados consequentes com a extração.
A pesquisa mineral, assim como os processos que a compõem, como a
sondagem, encontram problemas com a confiança de seus resultados além dos altos
custos de sua realização, uma vez que a pesquisa não emite resultado com total
confiança sobre o corpo mineral em estudo e os métodos utilizados, caros. Sempre
resta algumas lacunas que acabam sendo preenchidas de maneira inferida. Portanto
são adotados procedimentos dentro da sondagem que visam criar maior
confiabilidade ao processo e reduzir gastos. A orientação de furo de sondagem é um
exemplo.
Foi apresentado dois métodos distintos de orientação, demonstrado como
funciona seus respectivos procedimentos e erros que os pertencem. Apesar de o
segundo método apresentado, o de orientação pelo equipamento Reflex ACT, ter mais
custos para sua utilização, este se mostrou mais viável ao processo, apresentando
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resultados mais confiáveis e evitando erros desnecessários que invalidam a


orientação.
Ao se observar os dois processos, percebe-se que nem sempre o procedimento
que custa menos é o mais indicado para a empresa, pois muitas vezes ao economizar
custos acaba gerando dados de baixa qualidade, que ao invés de maximizar e
alavancar o processo de sondagem, causam a este um retrocesso.
49

6. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

BLENKENSOP, T. G. DOYLE, M. G. A method for measuring the orientations of


planar structures in cut core. Journal of Structural Geology. Australia, 2014, pag.
741;

CORE TECH. Instrumento de Medición – ACT III. Disponível em: <


http://www.coretech.com.pe/acttres.html >; Acesso em: 01/09/2016;

DAVIS, Brett K. COWAN, E. Jun. Oriented Core - What the ... ? Structural Geology
and Resources. Australia, 2012, pag. 61;

DEINFRA, Departamento Estadual de Infraestrutura. Instrução Normativa para


Execução de Sondagens. Secretária de Estado da Infraestrutura. Santa Catarina,
1994, p. 2;

IBRAM, Instituto Brasileiro de Mineração. Mineração e Economia Verde. Ed.


Confederação Nacional da Industria- CNI. Brasília 2012, p. 19;

(______.) Mineração e Economia Verde. Ed. Confederação Nacional da Industria-


CNI. Brasília 2012, p. 22;

JARDIM, Wilson; SODRÉ, Fernando. Desempenho analítico de laboratórios


prestadores de serviço na determinação de metais em águas. Departamento de
Química Analítica, Instituto de Química, Universidade Estadual de Campinas. São
Paulo, 2009, pag. 1083;

MARANHÃO, Ricardo Jorge Lobo. Introdução a Pesquisa Mineral. 4°, ed. Imprensa
Universitária. Fortaleza, 1989, p. 524;

(______.) Introdução a Pesquisa Mineral. 4°, ed. Imprensa Universitária. Fortaleza,


1989, p. 526;
50

MARJORIBANKS, Roger. Core Orientation Tools Best. Disponivel em: <


http://rogermarjoribanks.com/core-orientation-tools-best/ >, acesso em: 15/09/2016;

PLANEJAMENTO E EXECUÇÃO DE SONDAGENS. Disponivel em: <


http://www.mgamineracao.com.br/areas/mineracao/pesquisa/sondagem/index.html >,
acesso em: 12/05/2016;

MENDONÇA, Tibério. Geologia Geral. Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA.


Ceará, 2010. Acesso em: <
http://www.tiberiogeo.com.br/texto/TextoUvaGeologiaGeral.pdf >, acesso em:
28/05/2016;

MYERS, Russell; BROWN, Chris; et. al. An Inexpensive Way to Maximize and
Preserve the Value of Oriented Core: The Orientation Log. Advancing Science and
Discovery, NEWSLETTER www.segweb.org n. 107. United States of America, 2016
pag. 14;

PENA, Luciano. Pesquisa Mineral. Blog Mineração em Foco, pag. 21. Disponivel em:
< http://mineracaoemfoco.blogspot.com.br/p/pesquisa-mineral.html >, acesso:
13/04/2016;

Quality Assurance (QA) and Quality Control (QC) Guidelines for use by class “A”
licensees in meeting snp requirements and for submission of a qa/qc plan.
Department of Indian and Northern Affairs Canada Water Resources Division and the
Northwest Territories Water Board. Canadá, 1996, pag. 1. Disponivel em: <
https://mvlwb.com/sites/default/files/documents/QAQC%20AANDC.pdf >, acesso em
05/10/2016;

ROCHA, Alexandre Magno Rocha; CAVALCANTI NETO, Mario Tavares de Oliveira.


Noções de Prospecção e Pesquisa Mineral para Técnicos de Geologia e
Mineração. Ed. Instituto Federal do Rio Grande do Norte- IFRN. Rio Grande do Norte,
2010. P.13;
51

(______.) Noções de Prospecção e Pesquisa Mineral para Técnicos de Geologia


e Mineração. Ed. Instituto Federal do Rio Grande do Norte- IFRN. Rio Grande do
Norte, 2010, p. 14;

(______.) Noções de Prospecção e Pesquisa Mineral para Técnicos de Geologia


e Mineração. Ed. Instituto Federal do Rio Grande do Norte- IFRN. Rio Grande do
Norte, 2010, p. 199;

SCOTT, Robert J; SELLEY, David. Measurement of fold axes in drill core. Centre
for Ore Deposit Research, University of Tasmania, Australia, 2003, pag. 637.

(______.) Measurement of fold axes in drill core. Centre for Ore Deposit Research,
University of Tasmania, Australia, 2003, pag. 638;
52

7. ANEXO

ANEXO A – Seção Geologica De Tendencia de Camadas de Furos Orientados.

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