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ESCOLA DE MINAS
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE MINAS
OURO PRETO
2022
ÉRICA APARECIDA ROCHA SANTOS
OURO PRETO
2022
i
SISBIN - SISTEMA DE BIBLIOTECAS E INFORMAÇÃO
CDU 622.68
Aos vinte e cinco dias do mês de janeiro de 2022, às 18h00min, foi instalada a
sessão pública remota para a defesa de Trabalho de Conclusão de Curso da
discente Érica Aparecida Rocha Santos matrícula: 16.1.1238, intitulado:
“DIMENSIONAMENTO DE FROTA SEMANAL COM DETALHAMENTO
DIÁRIO E A INFLUÊNCIA NA ADERÊNCIA E CUMPRIMENTO DO PLANO DE
LAVRA”, perante comissão avaliadora constituída pelo orientador do trabalho
Prof. Dr. Hernani Mota de Lima, Eng.º de Minas Lucinei Quirino – Co-orientador
e o M.sc. Tiago Mozart Gonçalves Leite. A sessão foi realizada com a
participação de todos os membros por meio de videoconferência, com base no
regulamento do curso e nas normas que regem as sessões de defesa de TCC.
Incialmente, o presidente da comissão examinadora concedeu à discente 20
(vinte) minutos para apresentação do seu trabalho. Terminada a exposição, o
presidente concedeu, a cada membro, um tempo máximo de 20 (vinte) minutos
para perguntas e respostas a candidatoa sobre o conteúdo do trabalho, na
seguinte ordem: primeiro o M.sc. Tiago Mozart Gonçalves Leite, segundo, o
Eng.º de Minas Lucinei Quirino, e em último, o Prof. Dr. Hernani Mota de Lima.
Dando continuidade, ainda de acordo com as normas que regem a sessão, o
presidente solicitou à discente e aos espectadores que se retirassem da sessão
de videoconferência para que a comissão avaliadora procedesse à análise e
decisão. Após a reconexão da discente e demais espectadores, anunciou-se,
publicamente, que a discente foi aprovada por unanimidade, com a nota 8,5 (oito
e cinco). A discente, por sua vez, encaminhará para o Repositório Institucional
da UFOP, no prazo máximo de 15 dias, uma versão final, contemplando todas
as recomendações apresentadas pelos avaliadores. Para constar, foi lavrada a
presente ata que, após aprovada, foi assinada pelo presidente da comissão.
Ouro Preto, 25 de janeiro de 2022.
Aos meus irmãos, Marlon, Kauã e Arthur, pelo carinho e sorrisos que tornam meus dias mais
leves.
As amigas da República As Puritanas, minha segunda família, por serem meu lar, refúgio e
conforto.
Aos meus orientadores Hernani Mota de Lima e Lucinei Quirino, pela disposição, incentivo e
auxílio necessários para a elaboração deste trabalho.
A equipe de Planejamento de Lavra de Curto Prazo pela instrução e amizade. Obrigada pela
oportunidade de aprender com vocês!
Aos amigos e amigas de Ouro Preto, por toda parceria, troca e diversão ao longo dessa
jornada.
Por fim, agradeço a todos que, de alguma forma, contribuíram para minha formação
acadêmica, profissional e pessoal.
ii
"O segredo é um só: acreditar que tudo vai dar certo. Porque vai."
- Um Cartão
iii
RESUMO
iv
ABSTRACT
The sizing of the excavation, loading and transportation equipment fleet is of paramount
importance for the economic viability of a mining enterprise and directly affects decisions
regarding the mining process. Therefore, the search for methods to determine more precise
fleet indicators is an essential task. Considering that fleet dimensioning corresponds to a stage
of mining planning, it is expected that the shorter the time horizon applied in programming
the activity, the closer it is to the operational one. This study demonstrates the procedure
adopted to perform a detailed fleet sizing, as well as its influence on the reconciliation of
mining. For comparative purposes, the data of physical availability, physical utilization and
productivity of the monthly and weekly fleet dimensioning with daily detailing were analyzed
in relation to the parameters performed. The study was developed from information from the
Sapo’s Mine, of Anglo American plc., using the Talpac® software. At the end of this work, it
was concluded that the weekly fleet dimensioning with daily detailing tends to present more
feasible indicators when compared to the monthly dimensioning and that the methodology
demonstrated has an influence on the improvement of the adherence indexes and the
fulfillment of the mining plans.
v
LISTA DE FIGURAS
vi
LISTA DE GRÁFICOS
vii
Gráfico 30. Produtividade Planejada Diário x Realizada Diário (Escavação - Julho) ................ 75
Gráfico 31. Produtividade Planejada Mensal x Realizada Diário (Escavação - Agosto) ........... 75
Gráfico 32. Produtividade Planejada Diário x Realizada Diário (Escavação - Agosto) ............. 75
Gráfico 33. Produtividade Planejada Mensal x Realizada Diário (Carregamento - Julho) ....... 76
Gráfico 34. Produtividade Planejada Diário x Realizada Diário (Carregamento - Julho) ......... 76
Gráfico 35. Produtividade Planejada Mensal x Realizada Diário (Carregamento - Agosto) .... 76
Gráfico 36. Produtividade Planejada Diário x Realizada Diário (Carregamento - Agosto)....... 77
viii
LISTA DE TABELAS
ix
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
x
RNP – Realizado e Não Planejado
RO – Rendimento Operacional
ROM – Run Of Mine – Movimentação da Mina
t – Tempo de Transporte
TC – Tempo de Carregamento
TCC – Trabalho de Conclusão de Curso
TKPH – Tonelada Km por Hora
TMB – Tempo de Manobra e Basculamento
TMP – Tempo de Manobra e Posicionamento
TTC – Tempo de Transporte Carregado
TTV – Tempo de Transporte Vazio
UF – Utilização Física
Vc – Volume da Caçamba
Vm – Velocidade Média do Caminhão
Wi-Fi – Wireless Fidelity – Fidelidade sem Fio
3D – Três Dimensões
xi
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 14
1.1 MINA OBJETO DO ESTUDO ....................................................................................... 14
1.2 CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES.............................................................................. 15
2. OBJETIVOS......................................................................................................................... 16
2.1 OBJETIVO GERAL ....................................................................................................... 16
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS............................................................................................ 16
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................................. 17
3.1 PLANEJAMENTO DE MINA ........................................................................................ 17
3.1.1 Planejamento de Lavra de Longo Prazo ............................................................ 17
3.1.2 Planejamento de Lavra de Médio Prazo ........................................................... 18
3.1.3 Planejamento de Lavra de Curto Prazo ............................................................. 19
3.1.3.1 Objetivos do Planejamento de Lavra de Curto Prazo ..................................... 19
3.1.3.2 Plano de Lavra Mensal .................................................................................... 20
3.1.3.3 Plano de Lavra Semanal .................................................................................. 21
3.1.4 Sequenciamento da Lavra ................................................................................. 22
3.1.5 Softwares de Planejamento .............................................................................. 23
3.1.5.1 HxGN MinePlan® ............................................................................................. 24
3.2 INDICADORES CHAVE DE DESEMPENHO (KPI) ......................................................... 24
3.3 RECONCILIAÇÃO ........................................................................................................ 25
3.3.1 KPIs – Índices de Aderência e Cumprimento .................................................... 26
3.3.2 Impactos na Aderência e Cumprimento do Plano de Lavra ............................. 29
3.4 DIMENSIONAMENTO DE FROTA ............................................................................... 30
3.4.1 Software TALPAC® ............................................................................................. 31
3.4.2 Operações de Carregamento e Transporte na Lavra a Céu Aberto ................. 32
3.4.3 Carregamento .................................................................................................... 32
3.4.3.1 Escavadeiras.................................................................................................... 33
3.4.3.2 Carregadeiras .................................................................................................. 36
3.4.4 Transporte .......................................................................................................... 38
3.4.4.1 Transporte por Caminhões .............................................................................. 39
3.4.5 KPIs – Carregamento e Transporte.................................................................... 41
3.4.5.1 Tempos de Ciclo .............................................................................................. 45
3.5 SISTEMA DE DESPACHO ............................................................................................ 47
3.5.1 Sistema de Gerenciamento de Frotas DISPATCH® ........................................... 48
xii
4. METODOLOGIA ................................................................................................................. 50
4.1 DESCRIÇÃO DO CASO ................................................................................................ 50
4.2 PLANO DE LAVRA E DIMENSIONAMENTO DE FROTA MENSAIS .............................. 52
4.2.1 Plano de Lavra Mensal ....................................................................................... 52
4.2.2 Dimensionamento de Frota Mensal.................................................................. 53
4.2.2.1 Principal Impacto do Dimensionamento de Frota Mensal no Dia-a-Dia ........ 54
4.3 PLANO DE LAVRA E DIMENSIONAMENTO DE FROTA SEMANAIS ........................... 54
4.3.1 Plano de Lavra Semanal ..................................................................................... 54
4.3.2 Dimensionamento de Frota Semanal com Detalhamento Diário .................... 55
4.3.2.1 Dimensionamento de Frota – Talpac® ............................................................ 57
4.4 DIMENSIONAMENTO DE FROTA DIÁRIO E RECONCILIAÇÃO ................................... 61
4.4.1 Índices de Aderência e Cumprimento do Plano de Lavra Mensal ................... 61
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES............................................................................................. 62
5.1 DIMENSIONAMENTO DE FROTA: PLANEJADO X REALIZADO .................................. 62
5.1.1 Disponibilidade Física ........................................................................................ 62
5.1.2 Utilização Física .................................................................................................. 67
5.1.3 Produtividade..................................................................................................... 72
5.2 INFLUÊNCIA DO DIMENSIONAMENTO DE FROTA SEMANAL COM DETALHAMENTO
DIÁRIO NA RECONCILIAÇÃO ................................................................................................ 77
5.3 DIFICULDADES ENCONTRADAS E POSSÍVEIS SOLUÇÕES .......................................... 79
5.3.1 Capacidade de carga x capacidade de transporte ............................................ 79
5.3.2 Tempo hábil para realização da simulação ....................................................... 79
6. CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 80
7. REFERÊNCIAS..................................................................................................................... 81
xiii
1. INTRODUÇÃO
15
2. OBJETIVOS
16
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
De acordo com Pinto e Dutra (2008), o planejamento de lavra pode ser determinado
como um conjunto de atividades que visam a extração de recursos minerais de forma
benéfica, objetivando, fisicamente, lavrar a maior quantidade de minério e a menor
quantidade de estéril.
O planejamento de lavra deve definir o ritmo produtivo do empreendimento mineiro
bem como a escala de produção, atentando para a variabilidade dos eventos que influenciam
a produtividade (RODOVALHO, 2013).
Todo o trabalho de planejamento de lavra deve compreender um período de tempo
necessário para prever o cumprimento das atividades envolvidas em seus planos (CHIMUCO,
2010).
Almeida (2017), indica que o planejamento de lavra pode-se distinguir em três classes:
• Planejamento de Longo Prazo (Estratégico).
• Planejamento de Médio Prazo (Tático).
• Planejamento de Curto Prazo (Operacional).
18
Para Almeida (2017), “o planejamento de médio prazo compreende estágios
progressivos que englobam planos anuais, semestrais e trimestrais”.
Os objetivos são determinados com base nas necessidades da usina visando minimizar
a diferenças entre o planejado e o executado (ARBIETO, 2006). Além disso, segundo Silva
(2014, apud BUDKE, 2019) o planejamento de curto prazo tem função de garantir a
exequibilidade do plano de longo prazo e atender as demandas da usina.
De acordo com Budke (2019) e Chimuco (2010) os principais objetivos do
19
planejamento de lavra de curto prazo são:
• Elaborar os planos de lavra.
• Distribuir corretamente os equipamentos de escavação e carregamento nas frentes de
lavra e as perfuratrizes nos polígonos de perfuração.
• Distribuir de forma otimizada os recursos de infraestrutura na mina, nas pilhas e nos
projetos.
• Realizar a atualização topográfica das minas.
• Garantir várias frentes de deposição de minério e estéril para proporcionar uma DMT
(Distância Média de Transporte) cada vez melhor para o ciclo dos caminhões.
• Realizar estudos de acessos temporários e garantir sua execução.
• Definir as datas de desmonte buscando sempre diminuir a frequência das detonações
que impactam nas utilizações dos equipamentos.
• Procurar manter frentes de minério liberadas na mina para evitar ao máximo as
retomadas das pilhas.
• Programar as pilhas de ROM objetivando atingir metas de qualidade requeridas pela
instalação de beneficiamento.
• Programar a disposição de estéril no dia a dia.
• Realizar o controle de qualidade de produtos.
20
de forma clara e objetiva. Alguns exemplos são: movimentação total diária, produção de
concentrado (beneficiamento), relação estéril/minério, remanejo dos estoques de minério,
datas de detonações das frentes de lavra e serviços de infraestrutura.
O plano de lavra mensal necessita ser bem discriminado indicando todas as frentes de
lavras do mês, quais os equipamentos que serão alocados nestas frentes bem como a data e
o tempo que permanecerão nas mesmas e a litologia de cada material. É válido ressaltar que
o mesmo deve ser feito com os equipamentos de perfuração (SILVA, 2014; BUDKE, 2019).
Budke (2019) afirma que, de maneira geral, o sucesso de plano depende do
comprometimento das partes que o executam. Para isso, é importante que os objetivos sejam
determinados em conjunto com as equipes responsáveis pela operacionalização dos planos
por meio de reuniões prévias. Estas reuniões têm a missão de engajar e discutir as alternativas
e soluções para sanar dificuldades operacionais e aproveitar melhor as oportunidades
(BUDKE, 2019).
O plano mensal deve ser trabalhado como um guia para o desenvolvimento da mina e
utilizado como base de informações para elaboração do plano semanal.
O plano de lavra semanal tem função de discriminar o plano de lavra mensal de forma
a proporcionar maior riqueza de detalhes, além de possibilitar a reorganização das atividades
a fim contornar possíveis falhas. Neste plano, as programações de alimentação da
britagem/usina são detalhadas por dia e, em caso de alterações na previsão, as manutenções
preventivas de equipamentos são atualizadas no sequenciamento (BUDKE, 2019).
No plano de lavra semanal apresentam-se todas as áreas que correspondem aos
avanços da mina a serem lavrados no período de uma semana (SILVA, 2014; MANDARINO,
2018). De acordo com Budke (2019), os polígonos representam a menor unidade de lavra
dentro de um plano e a definição dos limites dos mesmos respeita alguns fatores, sendo
alguns deles:
• Modelo de blocos de teores.
• Seleção do equipamento de lavra.
• Considerações de perfuração e desmonte.
21
• Tamanho mínimo para lavra.
Segundo Mandarino (2018), mesmo que o planejamento semanal seja uma estratégia
adotada pelo planejamento de curto prazo para aumentar a precisão do plano mensal, nem
todas as minas o utiliza. Todavia, este é um artifício admitido pela equipe da Anglo American
Minas-Rio que, assim como no plano mensal, dispõe de discussões com as áreas que faz
interface durante reuniões de prévia do plano.
O cronograma de atividades de curto prazo no Minas-Rio inicia aos sábados e encerra
nas sextas-feiras. Sendo assim, o planejamento de lavra possui uma rotina dinâmica visando
atender os prazos estabelecidos para sequenciar a lavra semanal. Como forma de acompanhar
o desempenho na execução do plano e discutir possíveis melhorias a serem aplicadas, nas
manhãs de dias úteis são realizadas reuniões de alinhamento entre as áreas de planejamento,
operação e serviços de mina, perfuração e desmonte, geologia e manutenção.
Com base na cava final e nas premissas do plano de lavra de longo prazo, o
sequenciamento de lavra no curto prazo objetiva o desenvolvimento da mina de forma
operacional e otimizada. Tolwinski & Underwood (1996, apud AMARAL, 2008) asseguram que
o maior problema encontrado nesta fase é determinar a sequência ideal de remoção do bloco
de forma a maximizar o lucro total descontado, sujeitando a uma variedade de restrições.
Entretanto, esta é a etapa que permite melhor controle das restrições econômicas,
geométricas, técnicas e ambientais, visto que, como incremento, usufrui de recursos
computacionais baseados em dados e parâmetros de situações reais em mineração (SILVA,
2008).
Alguns exemplos de restrições que impactam os parâmetros do sequenciamento na
fase de planejamento de lavra de curto prazo são:
• Modelos geológicos: restrições de teores e qualidade do minério.
• Modelos geotécnicos: ângulos gerais da mina.
• Fatores técnicos: condição e dimensões dos acessos, espaço para operação dos
equipamentos de mina.
22
• Parâmetros de beneficiamento: capacidade da usina, recuperação da lavra e
metalúrgica.
23
3.1.5.1 HxGN MinePlan®
24
objetivos que se deseja alcançar. Estes indicadores são sempre representados por taxas,
proporções, porcentagens ou médias.
As características listadas a seguir são consideradas por Parmenter (2010) como
essenciais para o KPI:
• É uma medida não financeira.
• É medido frequentemente.
• É uma medida aproveitada pelo corpo gerencial.
• Indica claramente as ações necessárias a consertar.
• Indica a responsabilidade da equipe que pode tomar as medidas necessárias.
• Tem um impacto significativo.
• Encoraja ação apropriada quando medida corretamente.
No âmbito mineral, os indicadores chave de desempenho têm grande influência de
avaliação, visto que é um empreendimento em que as atividades possuem interligação
operacional.
Durante toda a vida útil de uma mina é imprescindível o monitoramento do
desempenho de toda a esfera produtiva através de índices que ponderam a eficiência de um
processo. Os principais indicadores podem ser representados pela reconciliação, aderência
nas lavras, relação estéril-minério, utilização e disponibilidade física dos equipamentos,
aderência econômica, entre outros (COSTA, 2015).
Neste estudo serão salientados, principalmente, os indicadores voltados para o
desempenho das frotas de equipamentos de mina e os índices de acompanhamento de
efetividade da lavra, utilizados para controle da aderência e cumprimento dos planos.
3.3 RECONCILIAÇÃO
25
comumente utilizado é a reconciliação.
Segundo Budke (2019), a reconciliação, fundamentalmente, é um método para
monitorar a produção de forma sistemática através da comparação entre os valores previstos
com os medidos. Pode ser utilizado para otimizar os processos e auxiliar a execução do
planejamento de lavra aumentando sua exatidão por meio da análise e correção de possíveis
falhas. O mesmo autor afirma, ainda, que há necessidade de que os dados coletados para a
reconciliação sejam precisos e acurados e que, para isso, todas as empresas possuem um
programa de reconciliação, ou ao menos uma forma de acompanhamento de dados para as
minas em operação.
Para Câmara (2013), a reconciliação consiste na comparação entre as massas e teores
de minério nas etapas de cálculo dos modelos de jazida, da lavra e do beneficiamento. Desta
forma, o objetivo deste método é contabilizar apropriadamente todo o material extraído da
mina, desde o minério até o estéril e, assim, atualizar os modelos de blocos de longo prazo
fazendo correções e validações nos dados (BUDKE, 2019).
Gilfilan & Levy (2001) dizem que, através da reconciliação, é possível comparar as
massas e os teores de qualquer um dos seguintes itens:
• Estimativa de recursos.
• Estimativa de reservas.
• Estimativas do controle de teores a médio prazo.
• Produção lavrada depositada em pilhas de minério e/ou levada para a próxima etapa
de produção.
• Produção depois de lavrada e circuito do minério.
26
considerados indicadores de desempenho na mineração. A frequência de controle desses KPIs
varia de acordo com cada mina e as medições são realizadas no local em que a lavra foi
realizada, independentemente se está no plano de lavra ou não. Além disso, estes índices
visam verificar, através dos sólidos gerados entre as superfícies e modelos de blocos, se a lavra
realizada está consistente com os dados apontados pelo despacho eletrônico.
Os indicadores de desempenho da lavra são avaliados conforme a Figura 3.
𝑃𝑅
𝐼𝐴 = × 100 (1)
(𝑃𝑅 + 𝑅𝑁𝑃)
A partir da equação (2) é possível calcular o índice de cumprimento (IC) que mensura
a porcentagem da lavra programada que foi realizada em função do que foi planejado, ou seja,
o quanto do total planejado foi realmente executado. O IC é determinado através da divisão
da massa planejada e realizada por sua soma com o planejado não realizado (PNR) (CÂMARA,
27
2013).
𝑃𝑅
𝐼𝐶 = × 100 (2)
(𝑃𝑅 + 𝑃𝑁𝑅)
(𝐼𝐴 + 𝐼𝐶)
𝐼𝐸 = × 100
2 (3)
Rodrigues (2013) afirma que quando a análise dos KPIs apresenta divergência acima
do limite permitido, devem ser tomadas ações corretivas. Contudo, estes indicadores podem
conter erros associados, fazendo-se necessária a validação constante dos dados recebidos.
28
3.3.2 Impactos na Aderência e Cumprimento do Plano de Lavra
29
Por mais que estes problemas são comuns na maior parte das minas, é importante que
a equipe de planejamento de lavra se atente às medidas preventivas de forma a evitá-los. Este
estudo visa apresentar uma metodologia que objetiva minimizar o impacto causado pela
imprecisão do dimensionamento de frota nos índices de aderência e cumprimento.
30
Figura 5. Operações unitárias em minas a céu aberto
Para mais, possui como função a realização da análise incremental com simulações
automáticas de diferentes rotas, onde seus resultados são utilizados para gerar curvas de
produtividade. Estas curvas permitem analisar os equipamentos de carregamento para
otimizar o tamanho da caçamba das carregadeiras e escavadeiras e, ainda, estimar a
capacidade e número de passes dos caminhões (SILVA, 2018).
3.4.3 Carregamento
32
desmonte da rocha e ao transporte. A etapa de transporte depende do carregamento,
influenciando diretamente todo o ciclo de produção e, em caso de baixa produtividade e
carregamento ineficiente, pode reduzir a produção da mina. Visto isso, estas operações, por
serem interdependentes, devem estar bem sincronizadas (COUTINHO, 2017). Coutinho (2017)
ressalta, ainda, alguns dos principais fatores que influenciam o ciclo de carregamento, sendo
eles:
• Largura das praças.
• Condições do piso nos pontos de carga.
• Fragmentação do material desmontado.
• Habilidade e experiência dos operadores.
• Posicionamento adequado dos caminhões nas manobras.
3.4.3.1 Escavadeiras
33
Dependendo da situação, é recomendado a utilização de uma carreta transportadora.
Na Mina do Sapo são utilizadas dois dos principais tipos de escavadeira hidráulica da
fabricante Komatsu: shovel e backhoe.
Shovel
A escavadeira tipo shovel é caracterizada pela operação em sentido frontal e por ser
equipada por uma caçamba com implemento de lança e braço transversal articulado. O
enchimento da caçamba ocorre de baixo para cima e o material é descarregado sobre os
caminhões por meio de um fundo móvel (RICARDO e CATALANI, 2007). Segundo Teixeira
(2016), é destinada a trabalhar em taludes acima do nível em que a máquina se posiciona,
visto que apresenta elevado alcance máximo para corte evitando a formação de ângulos
negativos.
Moreira (2018) afirma que as principais vantagens da utilização da escavadeira shovel
hidráulica são:
• Grande alcance.
• Ciclos rápidos.
• Vida útil longa.
34
Figura 6. Shovel PC5500
Backhoe
35
sobre plataforma acima do nível de carregamento (LOPES, 2010).
Moreira (2018) afirma que as principais vantagens da utilização da escavadeira
backhoe hidráulica são:
• Ciclos rápidos.
• Grande flexibilidade no carregamento.
• Precisão de corte.
• Trabalho em solos de sustentação baixa.
3.4.3.2 Carregadeiras
36
mais intenso durante operação, uma vez que se deslocam do talude até o meio de transporte
em que o material será descarregado, assim como demonstrado na Figura 9.
37
Figura 10. Carregadeira de rodas WA1200
3.4.4 Transporte
38
3.4.4.1 Transporte por Caminhões
39
• As operações não são interrompidas quando uma unidade de transporte é paralisada
por manutenção corretiva.
• Pode-se manter a frota em operação mesmo quando o britador estiver paralisado,
construindo pilhas de estoque para retomada posterior.
• A relação das operações conjugadas com escavadeiras e carregadeiras pode ser
alterada caso as dimensões sejam compatíveis, aumentando as opções de
carregamento.
• Facilidade e rapidez na evacuação dos equipamentos das áreas de risco iminente.
De acordo com Silva (2018), numa visão de curto prazo, alguns dos fatores mais críticos
que impactam na produtividade dos caminhões utilizados para transporte de material na
mineração são:
• Carga média: ao aumentar a carga média dos caminhões, é notório uma maior
produtividade destes equipamentos, visto que a quantidade de material transportado
por viagem também aumenta. Entretanto, é importante atentar para a capacidade,
40
condições e manutenção dos pneus dos caminhões a fim de evitar possíveis incidentes
devido a esforços, aumento de pressão e temperatura.
• Distância média de transporte: é essencial que o planejador defina as frentes a serem
lavradas visando a menor DMT possível, mas sempre respeitando o plano de
movimentação da mina e as necessidades de produção da usina, em conformidade e
integração com o planejamento de longo prazo.
• Velocidades: estão relacionadas com as normas de segurança e com as condições das
estradas. É importante atentar às condições, curvaturas e inclinações dos acessos, às
sinalizações e às condições climáticas (período de chuva ou seca). Estes parâmetros
influenciam no desenvolvimento de velocidades seguras e que aumentam a
produtividade dos equipamentos.
Os KPIs são estabelecidos com base nos objetivos que uma organização deseja alcançar
e é fundamental que sejam monitorados, já que fornecem feedbacks que possibilitam
melhoria e controle do desempenho operacional.
Os KPIs relacionados aos equipamentos de carregamento e transporte podem ser
utilizados para mensurar a produção, permitindo avaliar se as máquinas estão trabalhando
adequadamente ou não e, caso necessário, adotar técnicas de correção.
Neste estudo destacam-se os parâmetros indispensáveis para a estimativa da
produtividade e para o dimensionamento das frotas de carregamento e transporte. Destes, é
importante ressaltar a disponibilidade física, a utilização física e o rendimento operacional,
bem como a produtividade, que são adotados como indicadores de produção que podem ser
acompanhados por turno na Mina do Sapo. Segundo Silva (2018), além do viés de gestão,
análise de desempenho e proposta de melhoria, estes indicadores possibilitam, ainda, avaliar
a produção propriamente dita dos equipamentos.
Produção
41
movimentado em uma operação unitária (HARTMAN, 2002).
Taxa de produção
Representa a capacidade operacional e pode ser calculada pela equação (4) (MOREIRA,
2018).
(𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑎 𝑎𝑑𝑚𝑖𝑠𝑠í𝑣𝑒𝑙 𝑛𝑎 𝑐𝑎ç𝑎𝑚𝑏𝑎)
𝑉𝑐 = (4)
(𝑝𝑒𝑠𝑜 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑐í𝑓𝑖𝑐𝑜 𝑑𝑜 𝑚𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎𝑙 𝑠𝑜𝑙𝑡𝑜)
𝑄𝑢 = 𝑉𝑐 × 𝐹𝐸𝐵 (5)
Empolamento (e)
42
Carga de tombamento (tipping-load)
É a carga que faz com que uma escavadeira hidráulica alocada para alguma operação
perca o equilíbrio e tombe (SILVA, 2018).
Disponibilidade
𝐻𝐶 − 𝐻𝑀 𝐻𝐷
𝐷𝐹 = × 100 = × 100 (7)
𝐻𝐶 𝐻𝐶
Utilização
43
(𝐻𝐶 − 𝐻𝑀 − 𝐻𝐼) (𝐻𝐷 − 𝐻𝐼) 𝐻𝑇
𝑈𝐹 = × 100 = × 100 = × 100 (8)
(𝐻𝐶 − 𝐻𝑀) 𝐻𝐷 𝐻𝐷
𝐷𝐹
𝑅𝑂 = × 100 (9)
𝑈𝐹
𝑃𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑟𝑒𝑎𝑙𝑖𝑧𝑎𝑑𝑎
𝐸𝐸 = 𝑅𝑂𝑟𝑒𝑎𝑙𝑖𝑧𝑎𝑑𝑜 × ( ) (10)
𝑃𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑝𝑙𝑎𝑛𝑒𝑗𝑎𝑑𝑎
Resistência ao rolamento
É a medida da força necessária para superar o atrito interno dos rolamentos e o efeito
de retardamento entre os pneus e o solo (SILVA, 2018).
Resistência de rampa
Ciclo
44
Segundo Vieira (2021), refere-se às tarefas básicas relacionadas ao carregamento e
transporte compondo um ciclo de operações. O somatório do tempo necessário para a
realização destes ciclos é chamado de “tempo de ciclo”.
Ciclo de Carregamento
45
carregada; tempo de descarga ou basculamento; e tempo de rotação com caçamba
descarregada.
A Figura 12 representa os ciclos de carregamento na Mina do Sapo.
Ciclo de Transporte
𝑉𝑐𝑎𝑚𝑖𝑛ℎã𝑜
𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑝𝑎𝑠𝑠𝑒𝑠 =
𝑉𝑐𝑜𝑛𝑐ℎ𝑎 (13)
𝑑
𝑡= (14)
𝑉𝑚
46
Onde, Vcaminhão, Vconcha, t, d e Vm, correspondem a volume da caçamba do
caminhão, volume da concha da escavadeira, tempo de transporte, distância do ponto de
carregamento ao ponto de descarga e velocidade média do caminhão, nesta ordem. A Figura
13 representa os ciclos de transporte na Mina do Sapo.
O uso de tecnologias tem sido cada vez mais presente no setor da mineração
favorecendo um melhor controle de atividades e processos. Um dos exemplos destas
tecnologias é o sistema de despacho, que auxilia o aumento da produtividade e,
consequentemente, a redução de custos.
Para Pereira (2019), o sistema de despacho é utilizado para gestão de frotas e
proporciona a criação de fluxos de movimentação e alocação de equipamentos de forma
otimizada.
Segundo Pinto (2007), a alocação de caminhões em minas a céu aberto pode ser
distinguida entre estática e dinâmica. Na alocação estática os caminhões deslocam-se apenas
entre dois pontos em um determinado tempo, sendo eles de carga e descarga. Já na alocação
dinâmica, os caminhões são direcionados, conforme critérios pré-estabelecidos, para um
ponto específico.
Pinto (2007) afirma que a alocação dinâmica necessita de um sistema de despacho.
Mesmo a implementação deste sistema apresentando alto custo, de acordo com Kolonja
47
(1993 apud PEREIRA, 2019), o mesmo vem sendo bastante utilizado, visto que influencia no
aumento da produtividade das frotas de transporte e carregamento.
O despacho eletrônico realiza a comunicação direta dos equipamentos de mina a uma
sala de controle. Através dele é possível monitorar parâmetros relacionados ao
funcionamento das máquinas, como velocidade, localização, tipo e quantidade de material
transportado, pontos de carga e descarga, entre outros (PEREIRA, 2016).
Nas palavras de Pereira (2019), o funcionamento do despacho eletrônico baseia-se no
Sistema de Posicionamento Global (GPS), onde recebe e envia dados via rádio, torres de
comunicação ou até mesmo Wi-Fi.
Costa e Ganga (2010), declaram que o sistema de despacho, além de monitorar de
forma contínua as atividades dos equipamentos, são capazes de gravar e armazenar os dados
referentes ao ciclo de transporte que, muitas vezes, são utilizados para análises.
Um grande exemplo deste sistema é o DISPATCH, que é fabricado pela Modular Mining
e utilizado na Anglo American Minas-Rio.
48
As informações coletadas pelos sistemas são armazenadas em bancos de dados
disponibilizados no Intellimine Reporting e são utilizadas para possíveis análises de indicadores
distintos.
49
4. METODOLOGIA
A Mina do Sapo é uma mina de minério ferro operada a céu aberto em encosta. A
equipe de planejamento de lavra da mina utiliza o software HxGN MinePlan® para realizar os
planos de lavra e o programa Talpac® para dimensionar a frota dos equipamentos de carga e
transporte.
Por apresentar diferentes litologias, o desmonte da rocha é realizado de forma
mecânica e/ou com o uso de explosivos. O transporte do material é feito por caminhões e a
movimentação da massa se divide em: ROM (Run of mine), OM (outras movimentações) e
estéril, que podem ser descritas da seguinte forma:
• ROM: minério proveniente da frente de lavra com destino à britagem ou estoques
(internos ou externos). Há casos em que o ROM pode ser descartado (estradas, teor,
contaminação, etc.).
• OM: consiste na retomada de minério dos estoques ou remanejo (interno ou externo).
Também há situações em que pode ser descartado.
• Estéril: é o solo ou rocha não mineralizado ou com teor inferior a níveis
economicamente viáveis (teor de corte), por isso é descartado diretamente da
operação de lavra, sem passar pela usina de beneficiamento. Eles são retirados da
mina e empilhados em platôs.
A Figura 14 representa os tipos de movimentações, onde PDE, PME e PMI
correspondem à pilha de estéril, pilha de minério externa e pilha de minério interna,
respectivamente.
50
Figura 14. Tipos de movimentações
52
orçamento projetado no plano de lavra anual e, quando o mesmo distancia deste parâmetro,
é necessária uma revisão orçamentária.
O plano mensal compreende todas as atividades previstas para o prazo de um mês (a
iniciar no dia 01 de cada mês) e inclui a programação tanto de perfuração e desmonte quanto
da movimentação de massa na mina e alimentação da britagem. Este plano determina as áreas
de lavra, polígonos, que serão perfurados e desmontados com explosivos, bem como detalha
os prazos de trabalho das perfuratrizes e as datas de desmontes. A movimentação da massa
depende de diversos fatores que incluem a disponibilidade de material desmontado; a
capacidade dos equipamentos de mina (carregamento e transporte); as frentes de lavra
liberadas bem como as litologias que as compõem e seus teores e; a capacidade dos
estoques/blends de minério e da usina. Com base nestes parâmetros, o plano mensal
apresenta prazos bem definidos de movimentação da massa e sua divisão entre ROM, OM e
estéril.
Ressalta-se que, por mais que o plano de lavra seja elaborado pelo planejamento de
mina, o auxílio por parte das equipes de operação e serviços de mina, perfuração e desmonte
e geologia e controle de qualidade é indispensável para o alcance de parâmetros eficientes e
que atendam a segurança.
O plano mensal é utilizado como base para a determinação dos KPIs do
dimensionamento de frota mensal, visto que a elaboração de ambos acontece de maneira
concomitante.
53
4.2.2.1 Principal Impacto do Dimensionamento de Frota Mensal no Dia-a-Dia
54
impacto se deve às tomadas de decisão baseadas no desenvolvimento da mina e priorização
dos fatores de segurança.
Considerando que na Mina do Sapo a equipe de planejamento de lavra de curto prazo
usufrui dos planos semanais a fim de determinar premissas mais tangíveis, foi observada a
necessidade de determinar, também, KPIs de dimensionamento de frotas dos equipamentos
de carregamento e transporte com maior discriminação. Visto isso, foi implementado o
dimensionamento de frota semanal com detalhamento diário.
Simulação de
Movimentação Diária
Definição do Plano de
Lavra Semanal
Importação do Perfil
de Transporte
Configuração dos
Dados de Entrada
Simulação no
Talpac®
Análise e Calibração
dos Dados
Importação para o
Sistema Dispatch
55
Os meses utilizados como referência para o desenvolvimento deste trabalho
correspondem a julho e agosto de 2020.
Considerando que este dimensionamento é adaptado aos detalhes do plano de lavra
semanal, seu desenvolvimento ocorre paralelo. Sendo assim, é indispensável a troca de
informações ao longo da elaboração de ambos. Desta forma, foram realizadas reuniões de
simulação de movimentação diária a fim de determinar dados prévios do dimensionamento
de frota alinhando-os aos planos de lavra mensais para determinar a movimentação dia-a-dia
dos planos de lavra semanais.
As reuniões de simulação de movimentação foram realizadas por parte do
planejamento de lavra de curto prazo com o auxílio da operação de mina e acompanhamento
da equipe de manutenção de equipamentos de mina. Nestas reuniões foram realizadas
simulações por meio de uma planilha do Excel, exemplificada na Figura 15, utilizando as DFs
atualizadas para a semana, as produtividades e número de equipamentos dimensionados para
o mês e as UFs determinadas pela operação de mina. As horas HT, HD, HM e HH foram
calculadas com base nos demais indicadores. A produção corresponde ao resultado da
movimentação simulada. Vale ressaltar que este processo se repetiu para cada dia.
Após a etapa de distribuição das massas por origem e destino, a confecção dos perfis
e exportação das rotas, foi possível realizar a configuração do programa Talpac®.
A Tabela 2 sumariza os parâmetros de entrada utilizados para a configuração no
programa.
Tabela 2. Dados de entrada no software Talpac®.
Disponibilidade Física (%) Variável por dia
Utilização Física (%) Variável por dia
Horas Trabalhadas por Dia (h) 24
Número de Dias trabalhados no Mês Julho: 31
Agosto: 31
Carga Média (t) 252
Velocidade máxima alcançada se grade <= 28 (para período de chuva determina-se 20)
-6% (km/h)
Velocidade máxima (km/h) 40
Velocidade de partida (km/h) 10
Densidade in situ (g/cm³) 2,64
Fator de empolamento 1,36
Fator de enchimento da caçamba (%) PC4000 = 84.5
PC5500 = 95.0
WA1200 = 91
Capacidade da caçamba (m³) PC4000 = 22
PC5500 = 26
WA1200 = 132
57
Passe (s) Variável com base no histórico
Atraso no primeiro passe (s) Variável com base no histórico
Tempo de manobra no carregamento (s) Variável com base no histórico
Tempo de manobra no basculamento (s) Variável com base no histórico
Descarga (s) Variável com base no histórico
Fonte: Elaborado pelo Autor
Fonte: Talpac®
58
Figura 18. Interface de configuração dos equipamentos de carga
Fonte: Talpac®
Fonte: Talpac®
59
Ao concluir as configurações no programa, importou-se as rotas no formato csv para o
Talpac® limitando a velocidade nas decidas em 28 km/h, considerando que o período
levantado é de seca e, então, o sistema de carregamento e transporte foi simulado no modo
Quick Estimate. O modo de estimativa rápida de produtividade realiza uma simulação
determinística, que considera uma média dos valores fornecidos para os parâmetros dos
caminhões e das escavadeiras.
Os resultados obtidos na simulação correspondem às horas das máquinas de carga e
das massas escavadas para cada segmento do ciclo de transporte. Através destes dados foi
calculado o número de equipamentos necessários para se cumprir o plano e as produtividades
globais para cada frota.
Os resultados obtidos na simulação correspondem às horas das máquinas de carga e
das massas escavadas para cada segmento do ciclo de transporte. Através destes dados foi
calculado o número de equipamentos necessários para se cumprir o plano e as produtividades
globais para cada frota.
A produtividade global foi calculada por meio de uma planilha de alocação do Excel
que é uma ferramenta interna da Anglo American. Em suma, fez-se uma distribuição
percentual de utilização de cada frota de carga de acordo com as massas e parâmetros
determinadas para os equipamentos no plano de lavra. O somatório dos percentuais de
utilização totaliza em 100% para cada frente de lavra, possibilitando a alocação dos
equipamentos.
A produtividade de cada frota foi calculada através da divisão da soma da massa pelo
somatório das horas de cada frota. Já o número de equipamentos foi calculado por meio da
divisão das horas trabalhadas de cada frota pela produtividade global.
Os resultados finais obtidos foram alinhados aos dados da simulação de movimentação
diária e validados com a equipe da operação de mina. Após a validação, os dados foram
importados para o Dispatch para possibilizar o acompanhamento diário dos KPIs, fazendo
comparativos entre os indicadores planejados e realizados. Além disso, o armazenamento
destes dados no sistema de despacho é imprescindível para a obtenção de relatórios e
referencial histórico que auxiliam na realização de dimensionamentos de frota futuros bem
como aplicação de melhorias nos planos de lavra.
60
4.4 DIMENSIONAMENTO DE FROTA DIÁRIO E RECONCILIAÇÃO
61
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
62
Gráfico 2. DF Planejada Diário x Realizada Diário (Transporte - Julho)
Ao se observar os gráficos pode-se notar que nos casos de planejado mensal, a DF para
todos os dias de cada mês é fixa, sendo utilizado um valor médio baseado nos KPIs
disponibilizados pela equipe da manutenção. Já para o planejado diário, observa-se uma
oscilação entre os dados.
Para a frota de caminhões, a variação da DF dia-a-dia é pequena em relação às frotas
63
de escavadeiras e carregadeiras, apresentadas a seguir.
Os Gráficos 5 e 6 e os Gráficos 7 e 8, apresentam indicadores de DF de escavação dos
meses de julho e agosto, nesta ordem.
64
Gráfico 8. DF Planejada Diário x Realizada Diário (Escavação - Agosto)
Uma análise dos gráficos mostra que DFs planejadas dia-a-dia para as escavadeiras
oscila significativamente, tendendo a serem mais aderentes às DFs realizadas quando
comparadas às planejadas mensais. Este comportamento é observado no mês de julho e fica
ainda mais evidente no mês de agosto.
Os indicadores de DF de carregamento dos meses de julho e agosto são representados
pelos Gráficos 9 e 10 e os Gráficos 11 e 12, respectivamente.
65
Gráfico 10. DF Planejada Diário x Realizada Diário (Carregamento - Julho)
67
Gráfico 14. UF Planejada Diário x Realizada Diário (Transporte – Julho)
Por meio da análise dos gráficos acima é notável que as UFs planejadas diariamente
bem como as realizadas são variáveis por dia, diferentemente das planejadas para o mês que
determina a mesma utilização para todos os dias. Todavia, vale ressaltar que as UFs de
transporte são pouco oscilantes, visto que, sua determinação baseia-se no histórico de KPIs
68
do Dispatch que apresenta baixa variação em seus valores.
De modo geral, em termos de utilização, a frota de transporte apresentou um
desempenho próximo ao esperado tanto no planejado mensal quanto diário para ambos os
meses. Chama-se atenção para o dia vinte de julho que apontou UF menor que 60%,
justificada por uma paralização devido uma reunião de segurança.
Os Gráficos 17 e 18 demonstram os dados de UF de escavação para o mês de julho e,
os Gráficos 19 e 20 para agosto.
Bem como na determinação das utilizações físicas de transporte, as UFs de escavação
também são baseadas no histórico dos relatórios do sistema de despacho.
69
Gráfico 19. UF Planejada Mensal x Realizada Diário (Escavação - Agosto)
Através da análise dos gráficos 17 a 20, é possível observar uma maior propensão de
realização dos indicadores planejados dia-a-dia em comparação aos do mês. Destaca-se a
disparidade notada no mês de julho que demonstra baixa aderência aos KPIs. Este
comportamento é justificado pela falta de caminhões ao longo deste mês, o que reflete a
discrepância ocasional entre as capacidades de carga e transporte.
Os Gráficos 21 e 22 e os Gráficos 23 e 24 apresentam os indicadores de UF de
carregamento dos meses de julho e agosto, respectivamente.
70
Gráfico 21. UF Planejada Mensal x Realizada Diário (Carregamento - Julho)
71
Gráfico 24. UF Planejada Diário x Realizada Diário (Carregamento - Agosto)
5.1.3 Produtividade
72
julho e agosto, conforme indicado.
73
Gráfico 28. Produtividade Planejada Diário x Realizada Diário (Transporte - Agosto)
A partir da análise dos gráficos 25 a 28, observa-se uma boa aderência das
produtividades realizadas em relação às planejadas, principalmente no que concerne aos
dados diários. Ressalta-se a proximidade das curvas planejada diário x realizada diário do mês
de julho.
Entre os parâmetros que impactam este indicador, pode-se citar a DMT, que é
influenciada por fatores distintos. Um exemplo, é quando ocorre alterações operacionais nos
acessos da mina.
Os Gráficos 29 a 32 apresentam os indicadores de produtividade de escavação dos
meses de julho e agosto, respectivamente.
74
Gráfico 30. Produtividade Planejada Diário x Realizada Diário (Escavação - Julho)
75
Gráfico 33. Produtividade Planejada Mensal x Realizada Diário (Carregamento - Julho)
76
Gráfico 36. Produtividade Planejada Diário x Realizada Diário (Carregamento - Agosto)
Os índices de aderência dos meses de julho e agosto foram de 92% e 99%, nesta ordem.
Já o índice de cumprimento foi de 93% para ambos os meses. Após analisar os fatores que
influenciaram na obtenção dos resultados que superaram o valor mínimo determinado na
78
Anglo American plc. (85%), concluiu-se que os índices foram favorecidos pelo alto
desempenho das frotas de carregamento, escavação e transporte nos meses em questão.
Pode-se inferir que, pelo nível de discriminação presente na metodologia adotada no
dimensionamento de frota semanal com detalhamento diário, há tendência de minimizar os
impactos negativos dos equipamentos de mina na execução dos planos de lavra, uma vez que,
estabelecem indicadores mais facilmente adaptáveis ao dinamismo da mina.
79
6. CONCLUSÃO
80
7. REFERÊNCIAS
81
CURI, A. Minas A Céu Aberto Planejamento de Lavra. Oficina Textos. Ouro Preto, 2014.
GILFILAN, J.F.; LEVY, I.W. Monitoring the reserve. In Mineral Resource and Ore Reserve
Estimation The AusIMM Guide to Good Practice, Monograph 23. Australasian Institute of
Mining and Metallurgy, 2001, p. 537-543.
HARTMAN, H. L.; MUTMANSKY, J. M. Introductory mining engineering. John Wiley & Sons,
2002.
HUSTRULID, W. Open Pit Mine Planning & Design. Edição 3, Vol 1. Rotterdam: Balkema, 2013.
KOMATSU, Komatsu 830E-AC Electric Drive Truck, US, 2012. Disponível em:
https://www.komatsuamerica.com/equipment/trucks/electric/830e-1ac. Acesso em: 16 out.
2021.
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Subterrânea). Universidade Corporativa Chemtech. Belo Horizonte, 2008.
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Deposit, Turkey. 30th Application of Computers and Operations Research in the Mineral
Industry, Littletown, SME. pp. 121-131, 2002.
84