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Movimentos Vibratórios

das Peneiras de Classificação

Revista
Agregados Online
Sobre o Autor

Carlos Trubbianelli

Carlos Maurício Trubbianelli é diretor da CAMATRU Consultoria e Treinamento, engenheiro


mecânico e técnico eletromecânico com mais de 25 anos de experiência em empresas de
grande porte no setor de bens de capital, conhecendo diferentes equipamentos e mercados.
Destacada atuação na área comercial nos setores de Mineração, Fertilizantes, Siderurgia,
Cimento, Química e Alimentos, ocupando posições de liderança e consolidando se como
especialista na abertura de novos mercados e implantação de novas tecnologias. Grande
experiência no mercado internacional, com viagens constantes para vários países das Amé-
ricas, Europa e África.

Participação ativa na ABIMAQ – Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamen-


tos, por mais de 25 anos e hoje, vice-presidente da Câmara Setorial de Cimento e Mineração;
diretor conselheiro e membro do Conselho de Mineração e Metalurgia, do Conselho de Eólica
e do Conselho de Competitividade.

Ministra cursos, treinamentos, palestras e seminários nacionais e internacionais nos mais


diversos níveis e mercados para indústrias, comércio e instituições.

Colunista da revista Agregados Online, além de publicações de matérias em várias revistas


de diferentes setores.

Autor do livro “Como Vender Mais e Melhor”, pela Editora Letramento.

Contato: carlos@camatru.com.br
Sumário

4 Prefácio
5 Introdução
7 Capitulo 1 – Movimento Livre Circular
12 Capitulo 2 – Movimento Circular Excêntrico
19 Capítulo 3 – Movimento Livre Linear
27 Capítulo 4 – Movimento Elíptico
35 Capítulo 5 – Movimento de Alta Frequência
44 Capítulo 6 – Comparação entre alguns movimentos
vibratórios das peneiras

Foto de capa: Metso Brasil / Riuma Mineração


Prefácio


Usualmente chamamos uma planta de cominuição, de planta de britagem, termo que se
origina dos equipamentos de cominuição (britadores e moinhos). Devido ao seu maior preço e
maior consumo de energia é a cominuição a tecnologia mais estudada academicamente e con-
sequentemente resultando em uma maior disponibilidade de literatura técnica. Entretanto, em
um processo convencional de britagem, o peneiramento é de vital importância, e na maioria dos
casos a britagem não opera sem o peneiramento, pois do que adianta britar o material sem reti-
rar o produto desejado em seguida? Seja o produto final ou a preparação do material para um
processo posterior.

Aparentemente peneiras vibratórias parecem ser um equipamento simples e este pode ser
também um motivo de não atrair muita atenção na publicação de literatura relacionada a esta
tecnologia. Mas há no mercado diversos projetos de peneiras vibratórias, onde cada um deles se
adequa melhor para um determinado tipo de aplicação. Em função desta escassez de literatura,
são desconhecidas dos usuários de equipamentos vibratórios, de modo geral, as características,
vantagens e desvantagens de processo e mecânica de cada conceito de projeto das peneiras
vibratórias. Para ajudar na otimização da sua planta de britagem e moagem, é muito útil a lei-
tura deste compilado feito com muita competência pelo Eng. Carlos Trubbianelli, que reuniu um
material imparcial e didático das tecnologias de peneiras vibratórias mais usuais do mercado.

Estas informações são um resumo da experiência do Carlos obtida em aproximadamente
20 anos de trabalho com peneiras vibratórias em algumas das maiores fabricantes deste tipo de
equipamento.


Boa leitura!

Ricardo Maerschner Ogawa


General Manager Screening Business Line – South America
Metso Brasil Indústria e Comércio Ltda

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Introdução
A busca de controle e diminuição dos custos de produção para a conquista de resultados positivos
num ambiente cada vez mais competitivo é importantíssima e fundamental para a sustentabilidade
das empresas, da sua força de trabalho e do meio ambiente em todos os setores da sociedade.

O setor de mineração, incluindo o setor de agregados neste contexto, está cada vez mais exigente
em relação à qualidade de seus produtos, e portando, está sempre em busca das melhores con-
dições possíveis de trabalho nesse sentido, atendendo a vários quesitos, como alta performance,
segurança operacional, versatilidade, baixo consumo energético, além de atenção constante para
mitigar impactos ambientais. Além do uso de boas práticas, por vezes, informações técnicas sim-
ples podem ajudar nesse quesito.

Com isso, pensamos em trazer algumas informações que podem ser úteis para todos que estão
envolvidos nos diversos setores, facilitando o dia a dia de trabalho numa planta de britagem ou
em qualquer outra área ou processo que necessite de classificação e utilizem peneiras vibratórias
para isso. Portanto, abordaremos agora o entendimento das características técnicas de alguns
equipamentos, como é o caso das peneiras vibratórias.

Na área de peneiramento e classificação, temos diversas aplicações que dependem das caracte-
rísticas do produto ou matéria prima inicial e das características do produto final que se pretende
obter para as suas necessidades específicas, entre elas podemos citar: Pré-classificação ou “scal-
ping”, classificação propriamente dita, rejeito e desaguamento, podendo ainda ser fina, média,
grossa, base seca ou base úmida.

Com toda essa gama de diferentes necessidades, os projetos dos equipamentos que fazem essa
função também têm variação para que tenha melhor eficiência em cada aplicação necessária.

Normalmente, as peneiras vibratórias são desenvolvidas para determinado uso e, de acordo com
a finalidade, são desenhadas com certas características. Isso permite alguns ajustes, mas geral-
mente não uma mudança drástica de função.

Movimentos Vibratórios
Neste e-book, vamos falar de alguns dos principais sistemas de acionamento utilizados nas penei-
ras vibratórias que permitem diferentes movimentos, a começar pelo Movimento Livre Circular,
passando na sequência pelos acionamentos que permitem outros movimentos, como Circular
Excêntrico, Linear, Elíptico e de Alta Frequência, e terminando com uma comparação de carac-
terísticas e utilização entre eles, quando houver possibilidade.

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O intuito não é entrar tão profundamente no assunto, mas, levantar algumas informações e
questões que possam ajudar a identificar os tipos de vibrações existentes e com isso entender
suas características, possíveis ajustes e limitações.
 
Antes de tudo, o que é vibração?
Vibração ou oscilação é qualquer movimento que se repete, regular ou irregularmente dentro
de um intervalo de tempo. Na engenharia, estes movimentos se processam em elementos de
máquinas e em estruturas quando submetidos a ações dinâmicas.
Em geral, o que se busca é evitar vibrações na maioria dos equipamentos ou estruturas em função
dos danos que elas possam causar, gerando resultados catastróficos. É só lembrar de edifícios ou
pontes que desabaram em função de entrar em ressonância com a oscilação natural da estru-
tura. No caso das peneiras vibratórias, o que se busca é justamente produzir vibração para que
o trabalho possa ser efetuado.

Por que vibrar?


Para estratificar a camada de material, fazendo com que as partículas finas tenham maior possibi-
lidade de exposição aos furos da tela, e, portanto, melhor eficiência de classificação ou separação
dos materiais desejados, como pode ser visto na figura 1.

Figura 1

Mas se usa qualquer tipo de vibração?


Não. Além de existirem diferentes tipos de movimento que geram essa vibração, como comentado
anteriormente, é necessário que ela seja adequada ao propósito. Portanto, a vibração demanda
condições dinâmicas ideais de uma peneira vibratória para se atingir a melhor eficiência possível
de classificação, imprimindo a mais alta aceleração específica ao material a ser classificado, além
da adoção das melhores configurações e especificações dos tipos de superfícies de peneiramento
(telas), item que não será abordado neste e-book.
 
Com estes pontos abordados, vamos iniciar falando sobre o Movimento Livre Circular, um dos
tipos mais utilizados nas peneiras vibratórias.
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CAPÍTULO 1

Movimento
Livre Circular
Imagem: Kuttner do Brasil - Peneira Vibratória com movimento Livre Circular

O Movimento Livre Circular é gerado por meio de um acionamento constituído por um eixo, duas
massas ou pesos centrífugos, um para cada extremidade do eixo ou lado da peneira, (figuras 2
e 4) que tem a função de desbalancear o conjunto gerando um movimento circular enquanto o
eixo estiver girando na rotação determinada em projeto.

Figura 2
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Esse efeito pode ser obtido também por meio de motovibradores (Foto1) que têm sua configu-
ração de projeto, conforme descrito acima, ou ainda com outros tipos de acionamento com as
mesmas características.

Foto 1 - Motovibrador

Algumas características das peneiras com Movimento Livre Circular:

--Amplitude variável;
--A eficiência depende da carga;
--Frequência e amplitude ajustáveis;
--Maior utilização para cortes entre 4 e 150mm;
--Equipamento simples e versátil.
 
Outra característica é que desse tipo de vibração por si só não transporta o material. Para que isso
aconteça, é necessário que a peneira tenha inclinação suficiente para que a ação da gravidade
exerça essa função, conforme mostra a figura 3.

Figura 3

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Por que a eficiência depende da carga?
Como o próprio nome já diz, a peneira com esse tipo de acionamento é livremente apoiada em
molas, ou seja, a estrutura vibrante, também chamada de caixa, está apoiada em molas por meio
de suportes acoplados nas paredes laterais das peneiras (Figura 4).

Figura 4 - Desenho meramente ilustrativo, sem escala

As peneiras são calculadas para trabalharem numa condição dinâmica que está determinada
com uma amplitude e uma frequência específica para aquela aplicação a que se destina e com
um peso vibrante previsto para essa determinada aplicação. O fato dessa peneira ser apoiada
livremente sobre molas permite que, com a variação da alimentação, numa sobrecarga ou numa
subcarga, varie a amplitude de trabalho que foi determinada.

Pensando numa situação mais crítica de trabalho, com uma sobrecarga, e ainda com um material
pegajoso, o peso da massa vibrante pode aumentar de tal maneira e diminuir tanto a amplitude,
que o equipamento perde muita eficiência de peneiramento, podendo gerar uma classificação
inadequada. Em contrapartida, o equipamento é bastante versátil permitindo ajustes de condi-
ções dinâmicas com certa facilidade.

Como o fator de peneiramento (K) depende da amplitude e da rotação do eixo, conforme fór-
mula simplificada em seguida, para mudar as condições dinâmicas nesse tipo de acionamento
é possível mudar a amplitude de vibração (aumentando ou diminuindo o peso centrífugo) e/
ou mudando a frequência, ou seja, a rotação, por meio de troca de polias ou com utilização de
inversor de frequência.

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Onde a = amplitude (cm)
n = rotação do eixo (rpm)
 
Não vamos entrar no mérito do K ideal, já que ele depende de cada aplicação e da experiência
de cada fabricante. O importante é que o equipamento tenha um projeto capaz de permitir
o trabalho com o fator de peneiramento adequado sem causar problemas estruturais. Essas
mudanças requerem o cuidado para que as condições dinâmicas não ultrapassem o limite para
o qual o equipamento foi projetado. Portanto, recomendamos contato com o fabricante antes
de qualquer modificação.

No caso de aplicações mais críticas, uma das alternativas disponíveis é o Movimento Circular
Excêntrico que trataremos no próximo capítulo.

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CAPÍTULO 2

Movimento
Circular Excêntrico
Imagem: Haver & Boecker Latinoamericana - Peneira Vibratória com movimento Circular Excêntrico

Neste capítulo vamos falar de outro sistema de acionamento utilizado nas peneiras vibratórias,
neste caso, o segundo tipo de movimento circular: o Movimento Circular Excêntrico.

O Movimento Circular Excêntrico não é tão utilizado nas peneiras, mas vem ganhando espaço
pois permite uma condição de trabalho com eficiência mais constante em circunstâncias mais
críticas, quando comparado com o Movimento Livre Circular.

Ele é gerado por meio de um acionamento constituído por um eixo, quatro mancais, uma estru-
tura independente fora da caixa, isoladores (para cada apoio da estrutura independente) e dois
contrapesos, um para cada lado da peneira (figura 5) que tem a função de balancear a vibração
gerada pelo conjunto de caixa, telas e material em movimento, enquanto o eixo estiver girando
na rotação determinada em projeto.

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Algumas características das peneiras com Movimento Circular Excêntrico:

--Amplitude constante;
--Frequência ajustável;
--Mínima transferência de vibração para a estrutura;
--Maior utilização para cortes entre 5 e 300mm;
--Menor possibilidade de entupimentos de tela;
--A eficiência tem menos influência da carga.

Figura 5 - Desenho meramente ilustrativo, sem escala

Existe uma diferença fundamental que é importante salientar: enquanto no acionamento abor-
dado no capítulo anterior (Livre Circular) temos duas massas centrífugas que servem exatamente
para desbalancear o conjunto gerando o movimento vibratório, e, portanto, se aumentarmos
essa massa automaticamente aumentamos a amplitude de vibração, no caso do Movimento
Circular Excêntrico, temos dois contrapesos, que tem função totalmente diferente: balancear
o equipamento. Para tanto, eles estão posicionados diametralmente opostos à amplitude, que
neste caso, é fixa e usinada no eixo.

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Como pode ser visto na figura 5, para a peneira se manter equilibrada, a Massa 1 da caixa com
tela e material, multiplicada pela amplitude de vibração usinada no eixo (a), deve ser igual à
Massa 2 dos contrapesos, multiplicada pela distância do centro de gravidade destes (b), conforme
a fórmula de igualdade abaixo:

M1.a = M2.b

Ou seja, é uma peneira balanceada onde o contrapeso é utilizado para igualar as forças geradas
pela caixa apoiada na parte excêntrica do eixo. Com essa característica, o equipamento com esse
tipo de movimento tem diminuída a transmissão de carga dinâmica para a estrutura.

Como o movimento continua sendo circular (Figura 6), se mantem a característica desse tipo de
vibração que por si só não transporta o material, então continua sendo necessário que a peneira
tenha inclinação suficiente para que a ação da gravidade exerça essa função.

Figura 6

Por que nesse caso a eficiência não depende da carga?


Neste tipo de acionamento, diferentemente da peneira com acionamento Livre Circular, que é
livremente apoiada em molas, a estrutura vibrante, também chamada de caixa, está apoiada
diretamente no eixo da peneira que por sua vez é apoiado em uma estrutura independente
externamente à caixa e a isoladores de borracha.

Nesse caso, a peneira tem um eixo e quatro mancais ao invés de dois, sendo que os dois mancais
internos das laterais da peneira estão localizados no ponto do eixo onde é usinada a excentrici-
dade (amplitude) determinada em projeto, e os dois mancais externos do eixo estão apoiados
numa estrutura independente com isoladores.

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Como comentado anteriormente, peneiras são calculadas para trabalharem numa condição
dinâmica que está determinada com uma amplitude e uma frequência específica para aquela
aplicação a que se destina e com um peso vibrante previsto para essa determinada aplicação.

O fato dessa peneira ter a excentricidade usinada no eixo permite que mesmo com a variação da
alimentação, numa sobrecarga ou numa subcarga, a amplitude de trabalho que foi determinada
se mantenha constante.

Novamente pensando numa situação mais crítica de trabalho, mesmo com uma sobrecarga, ou
seja, o aumento do volume de material sobre a peneira (peso da massa vibrante), essa solução
não permite variação da amplitude, e, portanto, a eficiência de peneiramento é melhor quando
comparada com a peneira com acionamento de Movimento Livre Circular.

Nas figuras 5 e 7 é possível identificar os pontos comentados.

Figura 7 - Desenho meramente ilustrativo, sem escala

Outra diferença importante é que no lugar de molas helicoidais, esta peneira tem molas (ou amor-
tecedores) de borracha que tem duas funções distintas: a primeira delas é manter a peneira na
inclinação de projeto, pois sem as mesmas e sendo apoiada no eixo central isso seria impossível.
A outra função é aliviar o peso total do equipamento nos apoios do eixo na estrutura suporte
(mancais externos), fazendo uma espécie de pré-tensão nas molas de borracha.

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E por que é importante saber essa diferença entre os movimentos circulares?
Como a maioria das peneiras de Movimento Circular usa o sistema Livre, os profissionais que as
usam têm maior familiaridade com esse tipo de equipamento e, portanto, estão acostumados
a ter duas opções para ajuste do fator de peneiramento, utilizando-se muitas vezes da adição
de massa centrifuga para aumentar a amplitude quando necessário. Se esse profissional não
identificar que o sistema utilizado é o Circular Excêntrico e tentar usar a mesma solução, estará
colocando mais massa, agora no contrapeso, fazendo com que a peneira desbalanceie e, depen-
dendo da quantidade dessa adição, pode fazer com que o equipamento se desloque de sua posi-
ção de trabalho causando danos ao mesmo e problemas sérios de segurança dos trabalhadores
no entorno e da planta.

É importante então ter certeza do tipo de acionamento utilizado antes de qualquer tipo de
intervenção.

Neste caso, o equipamento é menos versátil com relação à regulagem, permitindo ajuste de
condições dinâmicas de uma única maneira. (Só é possível a mudança da amplitude com a troca
do eixo, o que demanda tempo e custos importantes, praticamente inviabilizando essa solução).

Relembrando que o fator de peneiramento (K) depende da amplitude e da rotação do eixo, con-
forme fórmula simplificada abaixo, para mudar as condições dinâmicas no acionamento Circular
Excêntrico, não é possível mudar a amplitude de vibração (pois está usinada no eixo).

A única mudança de ajuste permitida é variando a frequência, ou seja, a rotação por meio de
troca de polias ou com utilização de inversor de frequência.

Onde a = amplitude (cm) (neste caso, constante e definida em projeto)


n = rotação do eixo (rpm)

Importante: Vale lembrar que essas mudanças requerem o cuidado para que as condições dinâmi-
cas não ultrapassem o limite para o qual o equipamento foi projetado, portanto, recomendamos
contato com o fabricante antes de qualquer modificação.
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Para ficar mais fácil e visível a diferença entre os dois tipos de movimentos abordados até aqui
(Livre Circular e Circular Excêntrico) vamos observar as figuras 4 e 5, abaixo.

Figura 4

Figura 5

Onde:
Figura 4 mostra a configuração de um eixo e dois mancais (movimento Livre Circular);
Figura 5 mostra a configuração de um eixo e quatro mancais (movimento Circular Excêntrico).

Mais detalhes sobre cada um estão nas descrições em cada capítulo.

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CAPÍTULO 3

Movimento
Livre Linear
Imagem: Schenck Process - Peneira Vibratória com movimento Livre Linear

Neste capítulo vamos falar de outro sistema de acionamento utilizado nas peneiras vibratórias,
o que gera o Movimento Livre Linear.

Basicamente, se lembrarmos do primeiro capítulo sobre o movimento Livre Circular, poderíamos


pensar no acionamento que gera o movimento Livre Linear como sendo a utilização de dois acio-
namentos de movimento livre circular, colocados em paralelo e com sentido de giro (rotação)
contrário entre eles.

Isso faz com que, dependendo do posicionamento das massas centrífugas durante o funciona-
mento, elas se somem ou se anulem, gerando assim o movimento linear.

Nas figuras 8, 9 e 10, pode ser visto claramente esse efeito, ou seja, quando as massas estão posi-
cionadas no mesmo sentido (para baixo ou para cima) as forças se somam. E quando as massas
estão em sentido oposto (na horizontal para dentro ou para fora) as forças se anulam (figura 8).

20
Figura 8

Figura 9

Figura 10

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Como é gerado o Movimento Livre Linear?
Esse tipo de movimento pode ser gerado de várias maneiras. Uma delas, como comentado acima,
por um conjunto, como se fossem dois acionamentos livres circulares, ou seja, constituído por
dois eixos dispostos em paralelo entre si, quatro massas centrifugas, uma para cada extremidade
dos eixos, fazendo com que cada lateral da peneira tenha duas extremidades de eixos com suas
respectivas massas centrífugas. Os eixos devem girar um contra o outro (figuras 8 e 10).

Essas massas têm a função de desbalancear o conjunto gerando um movimento linear enquanto
os eixos estiverem girando na rotação determinada em projeto. Esse efeito pode ser conseguido
também por meio de dois motovibradores (Foto 2 e Figura 15), que têm sua configuração de
projeto conforme descrito acima, dispostos em paralelo entre eles, ou ainda com outros tipos de
acionamento com as mesmas características, por exemplo com unidades compactas montadas
nas laterais (Foto 3), conectadas por Eixos Compensadores Industriais – ECI (eixos cardan).

Foto 2 - Motovibrador Foto 3 - Unidade Compacta

Figura 11

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Outra maneira de conseguir esse tipo de movimento, é por meio de vibradores unidirecionais
também conhecidos como excitadores (Figuras 12, 13 e Foto 4), que diferem dos mencionados
anteriormente por serem construídos em caixa fechada com um par de engrenagens de sincro-
nismo, lubrificadas em banho de óleo

Figura 12 - Desenho em corte do Excitador

Com isso, apenas um motor aciona um dos eixos e transfere o movimento para o outro eixo por
meio das engrenagens.

Foto 4 - Excitador
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Os acionamentos mencionados anteriormente funcionam com dois motores (um para cada eixo)
trabalhando separadamente e promovem um auto sincronismo (figuras 11 e 15).

Figura 13

Algumas características das peneiras com Movimento Livre Linear:

--Permite execução de peneira horizontal ou em aclive;


--Amplitude variável;
--A eficiência pode variar com a carga;
--Bastante utilizada para instalações com limitação de altura;
--Frequência e amplitude ajustáveis;
--Maior utilização para cortes entre 0,4 e 50mm.

Outra característica é que esse tipo de vibração por si só transporta o material (Figura 14), e por
isso permite que a peneira possa ser construída na horizontal, ou mesmo em aclive (quando é
necessária outra função da peneira).

Figura 14

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A função principal de uma peneira é a classificação, ou separação do material de alimentação em
diferentes tamanhos. Para essa aplicação elas são geralmente construídas com inclinação ou com
desenho horizontal.

Mais uma função importante desse equipamento, principalmente para alguns minérios onde é
necessária a adição de água no processo, é a de desaguamento, e é nesse caso que se usa a cons-
trução em aclive, já que a necessidade é outra, fazendo com que a altura de camada aumente
da alimentação para a descarga e exerça uma pressão na massa pela vibração, fazendo com que
a água utilizada se separe do material.

Por que a eficiência pode variar com a carga?


Da mesma maneira, como a maioria das peneiras disponíveis (com exceção às peneiras com acio-
namento circular excêntrico, abordado no capítulo 2), a peneira com esse tipo de acionamento
é livremente apoiada em molas, ou seja, a estrutura vibrante, também chamada de caixa, está
apoiada em molas por meio de suportes acoplados nas paredes laterais das peneiras (Figuras
11, 13 e 15).

Isso permite, dependendo das características do material, como curva granulométrica, ou tamanho
de partícula, densidade e/ou aplicação, que com a variação da alimentação, numa sobrecarga ou
numa sub carga, varie a amplitude de trabalho que foi determinada em projeto e possivelmente
uma perda de eficiência de peneiramento, com isso uma classificação inadequada.

Com relação a ajustes das condições dinâmicas o equipamento é bastante versátil permitindo
mudar a amplitude de vibração (aumentando ou diminuindo o peso centrífugo) e/ou mudando
a frequência, ou seja, a rotação por meio de troca de polias ou com utilização de inversores de
frequência.

Importante: No caso de adição de massas centrifugas para aumentar a amplitude no acionamento


que gera o movimento linear, deve ser feita em igual quantidade nos dois eixos que trabalham
em paralelo, bem como em cada extremidade deles, se for essa configuração, pois caso contrário
pode gerar um desbalanceamento não uniforme e com isso gerar tensões no equipamento que
não foi projetado para suportar esse esforço, podendo gerar em casos mais graves trincas e até
colapso da peneira ou mesmo na estrutura onde está apoiada.

Lembrando sempre que essas mudanças requerem o cuidado para que as condições dinâmicas
não ultrapassem o limite para o qual o equipamento foi projetado, portanto recomendamos
contato com o fabricante antes de qualquer modificação.

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Outra versatilidade é que os acionamentos podem ser utilizados em diversas configurações de
projeto dependendo de necessidades específicas de processo e/ou de lay-out, como acionamento
na parte superior (Figuras 11 e 13), inferior da peneira (Figura 15) ou até em posição intermediária.

Figura 15

Alguns permitem ainda montagem em paralelo um em cada lateral da peneira.

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CAPÍTULO 4

Movimento
Elíptico
Imagem: Metso Minerals - Peneira Vibratória com movimento Elíptico

Outro sistema de acionamento importante utilizado nas peneiras vibratórias é o Movimento


Elíptico.

Nos capítulos anteriores, trouxemos informações sobre dois tipos de movimento, o Livre Circular
(capitulo 1) e o Livre Linear (capitulo 3) mostrando as características, bem como diferenças entre
os dois.

Basicamente, se lembrarmos desses dois capítulos anteriores sobre esse assunto, poderíamos
pensar no acionamento com movimento Elíptico como sendo a utilização desses dois movimentos
ao mesmo tempo, fazendo com que se consiga características comuns aos dois.

Essa solução busca combinar as vantagens dos movimentos Circular e Linear, ou seja, a melhor
classificação e ação de desentupimento do movimento Circular com a maior capacidade de
transporte do Linear.

Antes de tudo, é bom deixar claro que esse movimento também tem as mesmas características
de todo movimento livre já abordado anteriormente nesses mesmos capítulos.

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Como surgiu esse tipo de movimento?
Essa solução, veio da necessidade de se resolver um problema de utilização de peneiras em
plantas móveis, quando era usado um material que exigia uma abertura maior de separação, ou
seja acima de 50 mm.

As plantas móveis são concebidas para ser o mais compactas possível e em função disso utiliza-
vam peneiras com movimento Livre Linear, lembrando da informação do capítulo anterior onde
comentamos que o Movimento Livre Linear por si só transporta o material e portanto permite
a construção da peneira na horizontal, fazendo com que a altura da planta móvel seja menor do
que com a utilização da peneira com Movimento Livre Circular que necessita de inclinação para
que o material seja transportado, já que esse movimento vibratório por si só não o faz.

O primeiro projeto de acionamento para gerar o movimento elíptico foi concebido com três eixos
e sincronizados com engrenagens, dispostos de maneira a trabalhar no centro de gravidade da
peneira. O conceito é que dois eixos giram em um sentido (horário, por exemplo) e o outro em
sentido contrário (anti-horário). Isso faz com que não se forme um movimento circular correto,
bem como um movimento linear definido, gerando assim um movimento de forma elíptica.

Lembrando que, como abordado em artigos anteriores, cada eixo tem em suas extremidades
massas centrífugas que tem a função de desbalancear o conjunto gerando um movimento vibra-
tório circular enquanto o eixo estiver girando na rotação determinada em projeto.

Com o tempo foram sendo desenvolvidos outros sistemas. Entre eles está o com três eixos meca-
nicamente independentes que são sincronizados eletronicamente (Figura 16).

Figura 16 - Direção de rotação dos eixos

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Quando sincronizados eletronicamente, com utilização de inversores de frequência e encoders
para estabelecer a posição angular de cada eixo, é possível alterar o ângulo do movimento elíptico
sem necessidade de parada do equipamento (dentro das limitações de projeto do fabricante)
(Figura 17).

Figura 17

Outra maneira de gerar esse tipo de movimento é com a utilização de dois eixos ao invés de três,
nesse caso cada eixo gira em um sentido e um eixo tem maior massa centrifuga que o outro
(Figuras 18 e 19).

Figura 18

Figura 19

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Neste caso, os dois eixos se auto sincronizam, desenvolvendo um movimento elíptico como
pode ser visto na Figura 19, ou seja, no momento 1 da rotação representado na figura, existe
uma coincidência de massas dos dois eixos se somando, assim como no momento 3, formando a
maior amplitude de trabalho (1:3) enquanto que nos momentos 2 e 4 as massas estão em posição
oposta e não de anulam (como vimos anteriormente no movimento linear) em função de serem
diferentes, gerando assim um resultado que é a menor amplitude de trabalho do movimento
elíptico (2:4).

Com essa configuração os eixos estão dispostos de maneira a trabalhar fora de centro de gravidade
da peneira possibilitando o auto-sincronismo, dispensando a obrigatoriedade de um mecanismo
sincronizador (ex: engrenagem ou encoder).

Nessa situação o ângulo do movimento vibratório (elíptico) se mantem constante. Em caso de


necessidade, é possível utilizar do mesmo sistema de sincronismo eletrônico permitindo assim
variação do ângulo do movimento vibratório com a peneira em funcionamento.

Utilizando o mesmo princípio de dois eixos para gerar o movimento elíptico, é possível alcança-lo
também com a utilização de vibradores de caixa também conhecidos como excitadores (Figura
20 e/ou Foto 5), que como abordado no capítulo anterior quando falamos do movimento Livre
Linear, diferem dos mencionados anteriormente por serem construídos em caixa fechada com
um par de engrenagens de sincronismo, lubrificadas em banho de óleo. Com isso, apenas um
motor aciona um dos eixos e transfere o movimento para o outro eixo por meio das engrenagens.

Figura 20 - Desenho em corte do Excitador


31
Foto 5 - Excitador

Para se conseguir o movimento elíptico ao invés do Linear, é necessário usar ajustes de massas
centrifugas diferentes nos dois eixos sincronizados pelas engrenagens e projetar cuidadosa-
mente a posição do excitador em relação ao centro de gravidade do equipamento, e a viga do
mecanismo, onde são fixados os excitadores, deve ser mais robusta para suportar a torção do
movimento elíptico, portanto não é possível uma peneira originalmente fabricada para trabalhar
com o movimento linear, operar com o movimento Elíptico.

Uma vantagem de projetar a peneira para o movimento elíptico é que o excitador pode gerar os
dois tipos de movimento, se forem usados ajustes de massas centrifugas iguais nos dois eixos e
ajustar as engrenagens para que a força do excitador esteja alinhada com o centro de gravidade
da peneira, teremos o Movimento Linear e com o uso de massas diferentes teremos o Movimento
Elíptico.

Nos desenhos 1 e 2, em corte, é possível ver os ajustes diferentes entre os eixos do excitador.

Desenho 1
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Desenho 2

Algumas características das peneiras com movimento elíptico:

--Permite execução de peneira horizontal e em aclive;


--Amplitude variável;
--A eficiência pode variar com a carga;
--Frequência e amplitude ajustáveis;
--Variação do ângulo de ataque ajustável com o uso de sincronismo eletrônico;
--Maior utilização para cortes entre 0,4 e 150 mm.

Por que a eficiência pode variar com a carga?


Da mesma maneira, como a maioria das peneiras disponíveis (com exceção às peneiras com acio-
namento circular excêntrico, abordado no capítulo 2), a peneira com esse tipo de acionamento
é livremente apoiada em molas, ou seja, a estrutura vibrante, também chamada de caixa, está
apoiada em molas por meio de suportes acoplados nas paredes laterais das peneiras

Isso permite, dependendo das características do material, como curva granulométrica, ou tamanho
de partícula, densidade e/ou aplicação, que com a variação da alimentação, numa sobrecarga ou
numa sub carga, varie a amplitude de trabalho que foi determinada em projeto e possivelmente
uma perda de eficiência de peneiramento, com isso uma classificação inadequada.

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Com relação a ajustes das condições dinâmicas o equipamento é bastante versátil permitindo
mudar a amplitude de vibração (aumentando ou diminuindo o peso centrífugo) e/ou mudando
a frequência, ou seja, a rotação por meio de troca de polias ou com utilização de inversores de
frequência.

Lembrando sempre que essas mudanças requerem o cuidado para que as condições dinâmicas
não ultrapassem o limite para o qual o equipamento foi projetado, portanto recomendamos
contato com o fabricante antes de qualquer modificação.

34
CAPÍTULO 5

Movimento de
Alta Frequência
Imagem: Astec - Peneira Vibratória com movimento de Alta Frequência

Neste capítulo vamos abordar outro sistema de acionamento utilizado nas peneiras vibratórias:
o que gera o movimento ou a vibração de Alta Frequência.

Este é outro movimento vibratório importante para a classificação de diversos materiais nos mais
variados processos, principalmente quando é necessária uma classificação mais fina.

A principal característica desse tipo de acionamento, como o próprio nome já diz, é trabalhar com
uma frequência elevada e em contrapartida uma amplitude menor que as utilizadas em outros
movimentos vibratórios.

Para esse tipo de movimento existem várias alternativas de solução tanto com relação às tecno-
logias, como na configuração dos equipamentos, então abordaremos alguns deles.

Um dos primeiros sistemas utilizados para gerar esse tipo de vibração foi com a utilização de
cabeçotes eletromagnéticos. Esses cabeçotes são dispostos na parte superior da peneira em
número suficiente para cobrir toda a área de peneiramento, já que eles têm um campo de ação
limitado. (Foto 6)

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Foto 6 - Peneira de Alta Frequência com cabeçotes eletromagnéticos

Uma das soluções de montagem desse tipo de acionamento é fazer com que cada eixo de cada
cabeçote eletromagnético atravesse a tela da peneira e fique fixado por meio de arruelas e porcas.

Outra configuração no tipo de montagem para essa solução de vibração, está nos cabeçotes ele-
tromagnéticos não ficarem solidários, ou seja, fixados na tela, mas sim sobre a tela.

Nesse caso cada eixo atua em um disco fixado na tela. Dessa maneira cada eixo trabalha golpeando
um disco ao invés de levar e trazer a tela em cada movimento como na solução anteriormente
descrita.
(Figuras 21 e 22)

Figura 21 - Detalhe de cabeçote eletromagnético golpeando em disco fixado na tela

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Figura 22 - Sequência de cabeçotes eletromagnéticos na configuração
golpeando em discos posicionados na tela

Com a melhoria da tecnologia dos motovibradores (Foto 7), esse equipamento começou a ser
utilizado também para gerar o movimento de alta frequência utilizando-o com maiores rotações
que quando utilizados para outros tipos de movimentos (circular ou linear) mencionados em
capítulos anteriores.

Foto 7 - Motovibrador

Uma das primeiras soluções com o uso de motovibradores foi a utilização com o mesmo conceito
de montagem descrito anteriormente, ou seja, instalados na parte superior da peneira (Foto 8).

Foto 8 - Peneira com motovibradores posicionados na parte superior

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Esses equipamentos são montados sobre uma estrutura móvel na parte superior, e por meio de
um eixo com montagem perpendicular a essa estrutura, transmitem a vibração para as telas,
mantendo a caixa da peneira estática (Foto 9).

Foto 9 - Detalhe do sistema de vibração com motovibrador posicionado na parte superior da peneira

Existem outras configurações de projeto com o uso de motovibradores que aumentam a gama
de possibilidades de soluções, entre elas temos a utilização dos motovibradores montados numa
estrutura com travessas sob a tela fazendo com que todo esse conjunto se movimente transmitindo
a vibração diretamente para as telas. As telas são esticadas (tensionadas) sobre essas estruturas
não deixando espaço entre as partes e, portanto, são induzidas a vibrar junto (Figuras 23 e 24).

Figura 23 - Peneira com motovibradores posicionados sob a tela

39
Figura 24 - Detalhe do sistema de vibração com motovibrador posicionado sob a tela

Nesse caso a caixa da peneira também se mantem estática, e por meio de coxins posicionados
entre a estrutura vibrante e a caixa da peneira as vibrações são minimizadas.

Normalmente para manter a tela metálica tensionada se utiliza molas prato que absorvem o
movimento da tela com a vibração, mantendo-a em contato com as travessas evitando golpes
ou batimentos indesejados.

Mais uma possibilidade com o mesmo tipo de estrutura montada sob as telas, é a utilização de
motovibradores montados na lateral da peneira para vibrar essa estrutura (Foto 10).

Foto 10 - Peneira com motovibradores posicionados na lateral da caixa

40
Vibradores Eletro-Hidráulicos
O vibrador Eletro-Hidráulico, é mais um tipo de acionador para Peneiras de Alta Frequência, que
possui as mesmas características com relação a maneira de gerar amplitude como nos motovi-
bradores (por meio de massas centrifugas ajustáveis), mas a frequência (rotação) é gerada por
um sistema eletro-hidráulico.

Eles são usados exatamente da mesma maneira que os motovibradores na configuração de posi-
cionamento em estrutura abaixo da tela.

Com relação a ajustes das condições dinâmicas esses equipamentos são bastante versáteis per-
mitindo mudar a amplitude de vibração (aumentando ou diminuindo o peso centrífugo) e/ou
mudando a frequência, ou seja, a rotação com utilização de inversores de frequência nos moto-
vibradores, ou controladores de vazão nos acionamentos eletro-hidráulicos.

Lembrando sempre que essas mudanças requerem o cuidado para que as condições dinâmicas
não ultrapassem o limite para o qual o equipamento foi projetado, principalmente quando a caixa
vibra junto, portanto recomendamos contato com o fabricante antes de qualquer modificação.

Uma versatilidade importante, desde que se use inversores e controladores de vazão individuais,
é a possibilidade de ajuste para cada módulo de tela ou regulagem diferente para cada vibrador,
facilitando o ajuste para classificação com diferentes materiais ou granulometrias.

A ação gravitacional é fundamental


A vibração de Alta Frequência por si só não transporta o material, então para isso é necessário
que a peneira tenha inclinação suficiente para que a ação da gravidade exerça essa função.

O ajuste dessa inclinação é fundamental para obter a velocidade ideal que permita a combinação
entre capacidade e eficiência de classificação. Em função disso, muitos fabricantes oferecem o
equipamento com inclinação ajustável

Algumas soluções com motovibradores ou com vibradores eletro-hidráulicos vibram a peneira


toda e não somente a tela. Essa solução é mais usada para peneiramento a úmido (com polpa)
e pode ter diferentes configurações construtivas (Foto 11 e 12).

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Foto 11 - Peneira com motovibradores proporcionando vibração de todo o equipamento

Foto 12 - Peneira com motovibradores proporcionando vibração de todo o equipamento

Como a água utilizada nessas peneiras ajuda no transporte, uma diferença entre peneiras de
classificação a seco e a úmido está na inclinação do equipamento.

As peneiras de classificação a seco podem variar de inclinação entre 30 e 40º, enquanto as penei-
ras de classificação a úmido podem ficar em torno dos 20 a 25º.

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Obs: Outro ponto importante para conseguir a melhor eficiência de classificação é utilizar a tela
correta para cada aplicação, tanto com relação ao material como ao tipo de abertura, mas não
trataremos desse ponto nesse e-book.

Algumas características das peneiras com movimento de Alta Frequência:

--Frequência e amplitude ajustáveis;


--A caixa da peneira pode ser estática ou vibratória (dependendo do projeto de cada
fabricante);
--Possibilidade de regulagens diferentes para cada acionamento ou setor da peneira;
--Possibilidade de ajuste de inclinação (dependendo da solução de cada fabricante);
--Equipamento versátil para a aplicação.
--Maior utilização para cortes entre 0,045 e 10mm.

43
CAPÍTULO 6

Comparação entre alguns


movimentos vibratórios
das peneiras
Como comentado no início desse e-book, pensamos em trazer na sequência dos capítulos, algu-
mas informações que poderiam ser úteis, para todos que estão envolvidos nos diversos setores
produtivos, e facilitar o dia a dia de trabalho na planta de britagem ou em qualquer outra área ou
processo que necessite de classificação e utilizem peneiras vibratórias para isso, com o entendi-
mento de algumas características técnicas de equipamentos, nesse caso as peneiras vibratórias.

Um dos objetivos foi tentar ajudar a identificar os diferentes movimentos vibratórios com infor-
mações técnicas, de maneira mais simples possível.

O intuito não foi entrar tão profundamente no assunto, mas levantar alguns pontos e questões
que pudessem ajudar a identificar os tipos de vibrações existentes e com isso entender suas
características, possíveis ajustes e limitações.

Lembramos que as peneiras vibratórias são desenvolvidas normalmente para determinado uso
e para isso são desenhadas com certas particularidades. Isso permite alguns ajustes, mas geral-
mente não uma mudança drástica de função.

Nestes capítulos, começamos falando do Movimento Livre Circular, que é um dos mais utiliza-
dos por sua simplicidade e facilidade de ajustes, chegando a ser considerado por alguns como o
“Fusca das peneiras”.
45
Na sequência tratamos do Movimento Circular Excêntrico, que tem uma diferença fundamental
comparado ao Livre Circular, apesar do tipo de movimento ser o mesmo, e que, portanto, tem
possibilidade de regulagem diferente.

Abordamos também os movimentos Livre Linear, Elíptico e de Alta frequência.

E como comentado também no início desse e-book, terminaríamos com uma comparação de
características e utilização entre eles. Pois chegou esse momento.

Antes de apresentar o quadro comparativo entre os sistemas de vibração abordados nesse e-book
(Figuras 26 e 27), vamos rever algumas informações que permitam fazer desse capítulo um resumo
um pouco mais amplo para utilização diária.

Então vamos relembrar inicialmente e superficialmente, a vibração.

Vibração ou oscilação é qualquer movimento que se repete, regular ou irregularmente dentro


de um intervalo de tempo. Na engenharia estes movimentos se processam em elementos de
máquinas e em estruturas quando submetidos a ações dinâmicas.
Em geral, o que se busca é evitar vibrações na maioria dos equipamentos ou estruturas em fun-
ção dos danos que podem causar podendo chegar a resultados catastróficos. É só lembrar de
edifícios ou pontes que desabaram em função de entrar em ressonância com a oscilação natural
da estrutura. No caso das peneiras vibratórias, o que se busca é justamente produzir vibração
para que o trabalho possa ser efetuado.

Por que vibrar?


Para estratificar a camada de material, fazendo com que as partículas finas tenham maior possibi-
lidade de exposição aos furos da tela, e, portanto, melhor eficiência de classificação ou separação
dos materiais desejados, como pode ser visto na figura 25.

Figura 25

46
Mas se usa qualquer tipo de vibração?
Não. Além de existirem diferentes tipos de movimento que geram essa vibração, como comentado
acima, é necessário que ela seja adequada ao propósito. Portanto, deverá estar dentro das condições
dinâmicas ideais, ou seja, condições dinâmicas de uma peneira vibratória para se atingir a melhor
eficiência possível de classificação (mantendo-a fora da sua frequência natural), imprimindo a
mais alta aceleração específica ao material a ser classificado, além da adoção das melhores con-
figurações e especificações dos tipos de superfícies de peneiramento (telas), item que não será
tratado nesse e-book.

Figura 26

47
Figura 27

Observação importante: A tabela comparativa e o gráfico apresentados nesse capítulo (Figuras 26


e 27), tem caráter apenas orientativo e não podem ser utilizados como base para decisões e/ou
cálculos de equipamentos. São dados empíricos focados apenas no tipo de movimento vibratório
que não levam em conta uma série de outros pontos importantes para uma tomada de decisão,
como: material, curva granulométrica, densidade, umidade, etc.

Lembramos também que peneiras são calculadas para trabalharem numa condição dinâmica que
está determinada com uma amplitude e uma frequência específica para aquela aplicação a que
se destina e com um peso vibrante previsto para essa determinada aplicação.

Como o fator de peneiramento (K) depende da amplitude e da rotação do eixo, conforme fórmula
simplificada abaixo, para mudar as condições dinâmicas na maioria dos acionamentos descritos
é possível mudar a amplitude de vibração (aumentando ou diminuindo o peso centrífugo) e/
ou mudando a frequência, ou seja, a rotação, por meio de troca de polias ou com utilização de
inversores de frequência.

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OBS: O único movimento citado que não permite mudança de amplitude com facilidade, é o
movimento Circular Excêntrico, que para essa mudança exige a substituição do eixo por outro
com diferente amplitude, o que praticamente inviabiliza essa modificação. (Ver informação com-
pleta no capítulo 2)

Não entramos no mérito do K ideal, já que ele depende de cada aplicação e da experiência de
cada fabricante. O importante é que o equipamento tenha projeto que permita o trabalho com
o fator de peneiramento adequado sem causar problemas estruturais.

Importante: Essas mudanças requerem o cuidado para que as condições dinâmicas não ultra-
passem o limite para o qual o equipamento foi projetado, principalmente quando a caixa da
peneira faz parte do conjunto vibrante, portanto recomendamos contato com o fabricante antes
de qualquer modificação.

Fontes: Imagens e publicações de trabalhos das empresas Astec, Derrick, Haver & Boecker, Kütner/IFE, Metso,
Schenck Process , Simplex e demais inspiradas e extraídas de trabalhos técnicos disponíveis livremente na internet.

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Movimentos Vibratórios
das Peneiras de Classificação

O setor de mineração, incluindo o setor de agregados neste contexto, está cada vez mais exigente em relação à qualidade de
seus produtos, e portando, está sempre em busca das melhores condições possíveis de trabalho nesse sentido, atendendo a
vários quesitos, como alta performance, segurança operacional, versatilidade, baixo consumo energético, além de atenção
constante para mitigar impactos ambientais. Além do uso de boas práticas, por vezes, informações técnicas simples podem
ajudar nesse quesito.
Com isso, pensamos em trazer algumas informações que podem ser úteis para todos que estão envolvidos nos diversos
setores, facilitando o dia a dia de trabalho numa planta de britagem ou em qualquer outra área ou processo que necessite
de classificação e utilizem peneiras vibratórias para isso.
Neste e-book, fruto da parceria entre a Revista Agregados Online e a Camatru Consultoria e Treinamento, falamos de alguns
dos principais sistemas de acionamento utilizados nas peneiras vibratórias que permitem diferentes movimentos vibratórios.
O intuito é levantar algumas informações e questões que possam ajudar a identificar os tipos de vibrações existentes e com
isso entender suas características, possíveis ajustes e limitações.

www.agregadosonline.com.br www.camatru.com.br

Revista
Agregados Online

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