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Orientação – Método
Prof. Dr. Hugo Matias

‖ Centro - CCAAB ‖ Curso – Bach. Interdisc. Ciênc. Exat. Tecnolog.


‖ Componente – CCAAB 283 – Metodologia da Pesquisa Científica

Orientações para a construção do método


→ O que é o método
Na seção de método do projeto de pesquisa devem ser descritas principalmente as ações e
procedimentos a serem realizados pelo pesquisador para responder à sua pergunta de pesquisa, do
mesmo modo, todos os recursos de que ele vier a lançar mão para isso e tudo o mais que for relevante
para a compreensão do processo de levantamento, tratamento, análise e discussão dos dados.
→ As características do método
Esse texto é essencialmente descritivo. No entanto, também contém elementos argumentativos (é
preciso justificar a adoção de determinada técnica, procedimento, instrumento, material etc.). Sua
linguagem, como a dos demais elementos do projeto, deverá ser clara, objetiva e concisa. Os verbos
devem estar no futuro do indicativo (pois se trata de uma declaração do que se pretende realizar). Os itens
básicos da descrição do método são:
(1) descrição de materiais (ou participantes, se a pesquisa é feita com sujeitos humanos ou
animais);
(1a) é nesse momento que também pode ser oportuno mencionar técnicas de amostragem
eventualmente aplicadas;
(2) instrumentos que caracterizam a aplicação de uma técnica determinada para coleta ou
análise de dados de pesquisa;
(2a) eventualmente, será necessária a descrição de procedimentos de calibragem de
instrumentos de pesquisa;
(3) procedimentos de preparação, coleta ou geração de dados, de tabulação ou cômputo de
dados etc.;
(3a) eventualmente os procedimentos metodológicos são padronizados em protocolos ou
algoritmos específicos, muitas vezes, normatizados por associações técnicas ou científicas,
ou mesmo consagrados pela literatura especializada;
(4) referencial analítico, o que significa a descrição das técnicas de análise de dados (por
exemplo, técnicas estatísticas ou laboratoriais etc.), parâmetros e critérios adotados para essa
análise etc.
(4a) eventualmente, também as técnicas de tratamento ou análise de dados, assim como
parâmetros e critérios a serem adotados também são padronizados ou normatizados;
(4b) é muito comum haver testes normatizados para parâmetros consagrados pela
literatura de um campo bem desenvolvido de pesquisa. Muitos desses testes são a tal ponto
normatizadas que acabam se tornando referência para novos campos de pesquisa mais
próximos de outros já existentes e consolidados.
A apresentação do método de pesquisa em um projeto deve deixar claro o seu desenho, ou
delineamento. O desenho de pesquisa consiste no plano geral da pesquisa, seu esqueleto básico, ou um
modelo abrangente pelo qual se pode captar com clareza a rapidez as linhas gerais de coleta, mensuração
e análise dos dados. Há diversas maneiras de classificar a variedade existente de desenhos (cada uma,
segundo critérios particulares, mas importantes). Quanto ao objetivo da pesquisa, o delineamento pode
ser exploratório, descritivo, explicativo, compreensivo ou produtivo; quanto ao seu grau de controle sobre
variáveis, ele pode ser observacional, quasi-experimental ou experimental; quanto à sua originalidade,
pode ser primário ou secundário.

O sistema de classificação acima esboçado, assim como o esquema correspondente, não pretende
ser exaustivos, isto é, representar todas as possibilidades existentes. Pretende ser apenas ilustrativo e
sugestivo, com o fim de indicar a complexidade e variedade dos possíveis delineamentos. Ele deixa de fora
modelos muito utilizados como o estudo de caso, a investigação ex post facto, a pesquisa documental etc.;
deixa de fora de um sistema de classificação (quanto ao objetivo) a pesquisa teórica; e deixa de fora ainda
critérios alternativos, como o recorte de tempo (que distingue pesquisas longitudinais, transversais e
pontuais) etc.
Na verdade, esta apresentação do que o texto do método pode conter e como ele deve ser
planejado e apresentado é demasiadamente abrangente e o seu escopo foi intencionalmente reduzido ao
mais básico que se pode oferecer como recomendações. No entanto, à guisa de indicação, é preciso
mencionar que muitos trabalhos de pesquisa terão de abordar o tema da análise de erro (critérios para
rejeição de medidas espúrias, estimativa de erro e seu posterior relato etc.).
Há, por fim, duas considerações a serem feitas sobre a descrição metodológica de um projeto de
pesquisa. Esse tipo de documento somente existe porque é necessário submeter uma intenção de fazer
pesquisa ao crivo e avaliação de outros, pelas mais diversas razões (instituições de financiamento e
fomento, instituições fiscalizadoras e reguladoras etc.). Assim, a primeira consideração a ser feita é que o
autor deve ser preocupar com uma característica crítica de seu projeto de pesquisa: a exequibilidade. Isso
significa que a pesquisa deve ser planejada de maneira tal que possa ser de fato levada a cabo no tempo
e com os recursos que o próprio texto indica. Abaixo, algumas situações em que o projeto pode falhar
quanto a este critério
(1) quando os recursos financeiros que ele demanda estão indisponíveis por qualquer razão, ou
quando são sub ou superdimensionados;
(2) o mesmo vale para o planejamento do tempo de execução: a necessidade de tempo pode
ser sub ou superdimensionada;
(3) quando não há equipamento, tecnologia ou pessoal capacitado para a execução de todas as
etapas de realização do projeto;
(4) quando a alocação de qualquer desses recursos não parece compensar os resultados
pretendidos pela pesquisa proposta (inviabilidade econômica);
(5) quando há claros empecilhos técnicos, práticos, legais ou de qualquer natureza para a coleta
ou análise de dados.
Mais uma vez, mesmo sem podermos ser exaustivos, é preciso chegar ao último tópico de
recomendação. Trata-se das exigências relacionadas à ética em pesquisa. Cada vez mais a sociedade cobra
da comunidade científica padrões elevados de sensibilidade ética em suas pesquisas. Isso se realiza na
operação dos comitês de ética em pesquisa instalados nas mais diversas instituições de ensino e pesquisa.
A redação do projeto de pesquisa deve estar atenta a esses padrões de exigência e se adequar a ela. Os
critérios mais básicos, extensamente aplicados a pesquisas com seres humanos, podem também oferecer
um norte para uma avaliação ética de projetos de pesquisa em outras áreas, isto é, o princípio da não
maleficência e o da beneficência.

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