Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Orientação – Método
Prof. Dr. Hugo Matias
O sistema de classificação acima esboçado, assim como o esquema correspondente, não pretende
ser exaustivos, isto é, representar todas as possibilidades existentes. Pretende ser apenas ilustrativo e
sugestivo, com o fim de indicar a complexidade e variedade dos possíveis delineamentos. Ele deixa de fora
modelos muito utilizados como o estudo de caso, a investigação ex post facto, a pesquisa documental etc.;
deixa de fora de um sistema de classificação (quanto ao objetivo) a pesquisa teórica; e deixa de fora ainda
critérios alternativos, como o recorte de tempo (que distingue pesquisas longitudinais, transversais e
pontuais) etc.
Na verdade, esta apresentação do que o texto do método pode conter e como ele deve ser
planejado e apresentado é demasiadamente abrangente e o seu escopo foi intencionalmente reduzido ao
mais básico que se pode oferecer como recomendações. No entanto, à guisa de indicação, é preciso
mencionar que muitos trabalhos de pesquisa terão de abordar o tema da análise de erro (critérios para
rejeição de medidas espúrias, estimativa de erro e seu posterior relato etc.).
Há, por fim, duas considerações a serem feitas sobre a descrição metodológica de um projeto de
pesquisa. Esse tipo de documento somente existe porque é necessário submeter uma intenção de fazer
pesquisa ao crivo e avaliação de outros, pelas mais diversas razões (instituições de financiamento e
fomento, instituições fiscalizadoras e reguladoras etc.). Assim, a primeira consideração a ser feita é que o
autor deve ser preocupar com uma característica crítica de seu projeto de pesquisa: a exequibilidade. Isso
significa que a pesquisa deve ser planejada de maneira tal que possa ser de fato levada a cabo no tempo
e com os recursos que o próprio texto indica. Abaixo, algumas situações em que o projeto pode falhar
quanto a este critério
(1) quando os recursos financeiros que ele demanda estão indisponíveis por qualquer razão, ou
quando são sub ou superdimensionados;
(2) o mesmo vale para o planejamento do tempo de execução: a necessidade de tempo pode
ser sub ou superdimensionada;
(3) quando não há equipamento, tecnologia ou pessoal capacitado para a execução de todas as
etapas de realização do projeto;
(4) quando a alocação de qualquer desses recursos não parece compensar os resultados
pretendidos pela pesquisa proposta (inviabilidade econômica);
(5) quando há claros empecilhos técnicos, práticos, legais ou de qualquer natureza para a coleta
ou análise de dados.
Mais uma vez, mesmo sem podermos ser exaustivos, é preciso chegar ao último tópico de
recomendação. Trata-se das exigências relacionadas à ética em pesquisa. Cada vez mais a sociedade cobra
da comunidade científica padrões elevados de sensibilidade ética em suas pesquisas. Isso se realiza na
operação dos comitês de ética em pesquisa instalados nas mais diversas instituições de ensino e pesquisa.
A redação do projeto de pesquisa deve estar atenta a esses padrões de exigência e se adequar a ela. Os
critérios mais básicos, extensamente aplicados a pesquisas com seres humanos, podem também oferecer
um norte para uma avaliação ética de projetos de pesquisa em outras áreas, isto é, o princípio da não
maleficência e o da beneficência.