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Faculdade Professor Miguel Ângelo da

Silva Santos - FeMASS

Disciplina: Metodologia da Pesquisa


Professora: Fernanda Antunes

PROJETO DE PESQUISA

Em certo sentido, estamos sempre fazendo projetos, para quaisquer tarefas que
precisamos cumprir ou ações que queremos realizar, tanto do ponto vista pessoal como
profissional. Para tudo, falamos em planos, propostas, definimos metas, custos, relações
entre custos e benefícios. Na vida acadêmica, o projeto é um gênero básico,
indispensável na produção, divulgação e gestão do conhecimento. Precisamos de
projetos para investigar e analisar algum aspecto da realidade que nos intriga, para
compreender algum comportamento que nos desafia, para examinar o andamento de
alguma atividade ou processo que queremos controlar, para intervir na realidade e
implantar, alterar ou melhorar algum procedimento. Como você pode ver, o motor do
projeto é a curiosidade, e levá-lo a cabo significa buscar caminhos para essa curiosidade
dar frutos no meio acadêmico.

Um projeto bem articulado representa ganho de tempo e dinheiro na execução da


pesquisa. Por isso, antes de iniciar uma pesquisa, é preciso conhecer as partes que
devem constituir o projeto e meditar sobre como elas se traduzem no caso específico
que interessa a você estudar. Geralmente, esse processo envolve explicitar os passos e
procedimentos que serão adotados para definir o tema de estudo, problematizá-lo,
formular objetivos alcançáveis, ancorar-se em referencial teórico consistente, estimar os
resultados esperados, definir população e amostra para levantamento de dados,
explicitar procedimentos de análise e estabelecer cronograma de ações.

2.1. Familiarizando-se com as partes do projeto

O formato do projeto varia segundo as instituições de pesquisa e as agências de


financiamento. Você pode verificar isso, visitando sites de órgãos de financiamento à
pesquisa, como o CNPq e a FAPERJ, e os programas de pesquisa das universidades e
instituições de investigação.

A despeito de eventuais diferenças, na maioria dos manuais e roteiros para


elaboração de projetos predomina o que vai ser apresentado e comentado aqui.

Quando fazemos um projeto, temos em mente uma lacuna no conhecimento


disponibilizado. Buscamos, pois, preencher essa lacuna com nossas descobertas,
contribuindo para o avanço dos estudos no tópico escolhido. Isso quer dizer que,
geralmente, planejamos uma pesquisa para responder a uma pergunta antiga de uma

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forma nova, para responder a uma pergunta nova ou para lançar novos olhares a uma
resposta já divulgada de uma pergunta antiga.

Quanto às partes básicas de um projeto, podemos destacar:

1. Introdução –comentar brevemente os primeiros contatos do pesquisador com aquilo


que lhe despertou a curiosidade intelectual. Além disso, é fundamental que, na
introdução, sejam claramente definidos o tema e o problema de pesquisa. Isso quer dizer
que você deve apresentar a grande área a que seu estudo se vincula (tema), bem como
formular claramente uma questão específica (problema) sobre ele.

Lembre-se de que essa articulação entre tema e problema é fundamental para a


definição do percurso dos seus estudos. Preocupe-se, principalmente, com a
delimitação do problema, pois o insucesso de muitas pesquisas deve-se ao seu
atrelamento a problemas formulados em termos excessivamente vagos ou inatingíveis.
Seja realista e, mesmo levando em conta um quadro maior, busque perceber que
contribuição específica você pode dar. Para tanto, formule uma questão exequível,
considerando o tempo e os recursos disponíveis.

2. Objetivos – definem os alvos a serem atingidos, os pontos a serem compreendidos e


explicados pela pesquisa. Nessa parte do projeto, também é muito importante que o
pesquisador seja realista: em vez de um objetivo excessivamente ambicioso e
irrealizável, mais vale determinar metas que possam ser atingidas.

Lembre-se também de apresentar cada objetivo com um único verbo, no


infinitivo. Evite, no entanto, verbos de significação excessivamente genérica e subjetiva,
como entender, conhecer ou compreender. Prefira vocábulos cujo sentido tenha um
caráter mais prático, aplicado e externalizável, como identificar, listar, definir etc.

3. Justificativa e relevância – definem o ganho que o estudo trará para diferentes


grupos sociais e para o avanço da ciência. A fim de redigir essa seção em seu projeto,
pense em quais impactos seu estudo vai provocar a curto, médio e longo prazo. Pense
objetivamente: do seu trabalho resultará nova esperança para alguém? Nova ferramenta
para pesquisar alguma coisa? Alguma mudança necessária ou relevante nas normas,
procedimentos e processos?

Nessa seção de seu projeto, deve predominar o modo argumentativo, uma vez
que sua função é justificar a relevância do estudo diante das várias outras possibilidades
de pesquisa. No caso do seu projeto, o ponto de vista a ser defendido é a relevância da
pesquisa, e os argumentos que lhe darão suporte são os ganhos advindos do estudo, para
a sociedade e a comunidade científica.

4. Hipótese – define suas expectativas em relação ao que vai acontecer como resultado
do seu estudo. Trata-se das suas previsões, do que você espera confirmar ou validar,
com base no que você leu ou vivenciou e pode ser aplicado a seu problema de pesquisa.

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De forma resumida, pode-se dizer que uma hipótese é uma resposta provisória àquela
pergunta contida no problema que desafiou sua curiosidade. Ao fim da pesquisa,
você confirmará ou não essa hipótese, que havia sido formulada ainda na etapa de
projeto.

5. Corpus– explicita quais são os dados de que você dispõe, ou que pretende colher e
analisar, como evidências que provem ou não sua hipótese. Preste atenção à seleção do
seu corpus, pois a qualidade e o tamanho da amostra têm efeitos diretos sobre a seleção
dos métodos de coleta e análise, o rigor e a própria viabilidade de sua pesquisa.

6. Metodologia – define as ferramentas de coleta e análise dos dados, bem como a


ordenação dos vários passos e procedimentos que serão adotados em sua pesquisa.
Trata-se, pois, de uma sequência textual predominantemente narrativa. Os verbos
empregados na redação da metodologia, porém, devem estar flexionados em formas
futuras, uma vez que enumeram ações que ainda serão realizadas.

No que diz respeito à metodologia, é necessário também definir o tipo de sua


pesquisa, orientado pelo problema, pelos objetivos e pelos dados estudados.

 Pesquisa bibliográfica – “procura explicar um problema a partir de referências


teóricas publicadas em artigos, livros,dissertações e teses. Pode ser realizada
independentemente ou como parte da pesquisa descritiva ou experimental. Em
ambos os casos, busca-se conhecer e analisar as contribuições culturais ou
científicas do passado sobre determinado assunto, tema ou problema” (CRUZ,
2009, p.74).
 Pesquisa descritiva – “observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou
fenômenos (variáveis) sem manipulá-los. Procura descobrir, com a maior
precisão possível, a frequência com que um fenômeno ocorre, sua relação e
conexão com outros, sua natureza e suas características. Busca conhecer as
diversas situações e relações que ocorrem na vida social, política, econômica e
demais aspectos do comportamento humano, tanto do indivíduo tomado
isoladamente como de grupos e comunidades mais complexas” (CRUZ, 2009,
p.75).
 Pesquisa experimental – “caracteriza-se por manipular diretamente as variáveis
relacionadas com o objeto de estudo. (...) Enquanto a pesquisa descritiva procura
classificar, explicar e interpretar os fenômenos que ocorrem, a pesquisa
experimental pretende dizer de que modo ou por que o fenômeno é produzido.
Para atingir esses resultados, o pesquisador deve fazer uso de aparelhos e
instrumentos que a técnica moderna coloca a seu alcance, ou de procedimentos
apropriados e capazes de tornar perceptíveis as relações existentes entre as
variáveis envolvidas no objeto de estudo” (CRUZ, 2009, p.76-77).

7. Suporte teórico – expõe com clareza quais são as ideias básicas que orientam seu
estudo e quais autores as apresentam. Para redigir essa seção, você deve primeiro fazer

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uma pesquisa bibliográfica dos principais textos que dialogam com o problema em
questão. Após leitura e resumo das ideias mais relevantes para sua pesquisa, apresente-
as em seu projeto, tomando cuidado para respeitar as normas de citação e referências
bibliográficas.

8. Cronograma de execução – propõe a distribuição, ao longo do tempo, das atividades


previstas, desde a coleta até a elaboração do relatório final. A apresentação do
cronograma pode recorrer ao auxílio de elementos não-verbais, com vistas a permitir
uma rápida apreciação panorâmica da programação da pesquisa. Veja, a seguir, um
exemplo de cronograma estruturado na forma de uma tabela:

Nessa tabela, repare ainda que é normal a distribuição das atividades no tempo
não ser feita apenas de forma linear e sequencial, sendo comum e justificável haver
zonas de sobreposição.

9. Orçamento – fixa as despesas que a execução do projeto implica e como se pretende


cobri-las. Essa seção só é obrigatória quando o projeto é submetido a órgãos externos, a
fim de buscar recursos financeiros que custeiem a pesquisa;

10. Referências bibliográficas – registra as principais fontes de informação com que o


pesquisador conta e que efetivamente se relacionam com o seu estudo. Há uma série de
regras que balizam a redação de referências bibliográficas, definindo como se informam
o título da obra, o autor, a editora etc.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

CRUZ, V. A. G. Metodologia da pesquisa científica. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009.

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