Você está na página 1de 5

Vamos, então, à introdução!

A introdução tem a função de apresentar o tema ou a área de interesse da pesquisa com suas especificidades,
partindo do assunto maior – o tema – para o menor – delimitação do tema. É importante que a delimitação seja bem
pensada, pois uma concepção errada dessa etapa pode comprometer os resultados. Assim, após situar o leitor do
que será abordado e explanar brevemente a situação-problema, apresentam-se os objetivos a serem alcançados, a
metodologia de pesquisa e a sequência das etapas que serão desenvolvidas ao longo do trabalho.

A introdução, assim como todo o TCC, deve ser redigida na forma impessoal (o que explicaremos em uma outra
postagem), por exemplo: acredita-se em vez de “acredito” ou “acreditamos”. Além disso, algumas instituições não
indicam o uso de citações na introdução, portanto, verifique quais são as preferências de seu orientador para que a
sua introdução seja bem redigida e esteja de acordo com as expectativas da banca. Embora o número de página não
signifique muito em questões de conteúdo, pode-se dizer que a introdução de um TCC de um curso de graduação
não ultrapassa duas páginas ou seis/sete parágrafos, mas cabe grifar que tudo depende da orientação de seu
professor, ok?

Dando continuidade ao passo a passo de um TCC, hoje vamos falar um pouquinho sobre os objetivos. Geralmente,
um trabalho de conclusão é dividido em objetivo geral e objetivos específicos.

O objetivo geral define o que o pesquisador pretende atingir com sua investigação e deve estar diretamente
relacionado ao problema da pesquisa. A sentença que o descreve inicia com apenas um verbo no infinitivo – verbo
esse que deve ser escolhido com muito cuidado, pois a má concepção de um objetivo pode traçar uma meta inviável
de ser alcançada dentro das condições daquele trabalho.

Já os objetivos específicos, que devem ser no máximo três, derivam-se do objetivo geral, indicando questões de
ordem prática, que podem ser vistos como metas intermediárias para atingir o objetivo maior. Em suma, eles
definem as etapas do trabalho a serem realizadas para que se alcance o objetivo geral. Da mesma forma, os verbos
devem estar no infinitivo, indicando a ação esperada, de acordo com o tipo de pesquisa escolhido (exploratória,
descritiva, explicativa). Sugerem-se alguns:

– para pesquisa exploratória: conhecer, identificar, examinar, levantar, descobrir, desvelar, revelar;

– para pesquisa descritiva: caracterizar, descrever, traçar, verificar;

– para pesquisa explicativa: analisar, avaliar, verificar, explicar.

Cabe ressaltar aqui a importância da concepção correta desta etapa tendo em vista que objetivos mal traçados
podem arruinar com um TCC. Por isso, desenvolva-os com apoio de seu orientador e só prossiga com sua pesquisa
após a autorização dele.

Após termos discorrido sobre a introdução e os objetivos de um TCC, vamos ao terceiro elemento textual: a
justificativa. A justificativa consiste na apresentação, de forma clara e objetiva, das razões de ordem teórica ou
prática que justificam a realização da pesquisa ou o tema proposto.

Essa etapa deve indicar: a relevância do problema a ser investigado; as contribuições que a pesquisa pode trazer no
sentido de proporcionar respostas aos problemas propostos ou ampliar as formulações teóricas a esse respeito; o
estágio de desenvolvimento dos conhecimentos referentes ao tema; e a possibilidade de sugerir modificações no
âmbito da realidade proposta pelo tema.

De forma mais simples, a justificativa trata da visão do pesquisador sobre a importância da pesquisa, respondendo à
questão: por quê? Portanto, devem ser expostas informações sobre sua visão teórica e prática do assunto,
argumentando, fundamentando, convencendo pelas descrições das razões do trabalho. A justificativa deve
contemplar os aspectos sobre importância, viabilidade e oportunidade do estudo:

– importância: para quem o tema é importante? Qual é a relevância para a empresa em estudo ou instituição de
ensino?
– viabilidade: refere-se ao acesso de material teórico, liberdade para coleta de informações, orientação de
professores e viabilidade quanto ao custo do projeto.

– oportunidade: quanto o tema é oportuno? É o encontro da oportunidade para a empresa e para o pesquisador.

Como sempre existe aquele aluno que precisa de uma “unidade de medida” para o texto, podemos (nos atrever a)
dizer que a justificativa não ultrapassa uma página de texto, geralmente sendo desenvolvida em quatro ou cinco
parágrafos. Contudo, como já afirmamos anteriormente, é o seu orientador e a instituição que determinarão o
padrão de justificativa a ser adotado, ok?

O referencial teórico, ou fundamentação teórica, é a etapa do TCC que dá suporte à coleta e análise dos dados e
apresenta os conceitos, teorias e modelos que irão sustentar a argumentação do pesquisador. Pesquisa alguma
parte hoje da estaca zero, certo?

Em algum lugar, alguém já deve ter feito pesquisas iguais ou semelhantes, ou mesmo complementares de certos
aspectos da pesquisa pretendida. Logo, a procura de tais fontes, documentais ou bibliográficas, torna-se
imprescindível para que não haja duplicação de esforços.

A citação das principais conclusões a que outros autores chegaram permite salientar a contribuição da pesquisa
realizada, demonstrar contradições ou reafirmar comportamentos e atitudes. Para tanto, a literatura deverá ser
relevante, atual e condizente com o problema em estudo. É importante ainda que o autor do TCC demonstre
entendimento da literatura existente sobre o tema. Não se trata de reescrever ou citar de forma idêntica o que os
autores da área publicaram ou afirmaram, mas, sim, de relacionar – com coesão, coerência, criatividade e bom
português – a teoria revisada ao tema e ao problema construído.

Para saber mais sobre como fazer as citações de seu referencial teórico, leia a postagem que fizemos sobre isso
clicando aqui. É imprescindível seguir essas regras para que seu trabalho não seja considerado plágio.

Após ter concluído o referencial teórico, seu conteúdo servirá para (1) subsidiar a coleta de dados, sinalizando para o
o autor do trabalho como fazer, o que perguntar, que rumo tomar e (2) suportar as inferências feitas na seção de
análise dos dados – etapas sobre as quais discorreremos em breve aqui no blog.

A seção intitulada metodologia tem como objetivo descrever o tipo de pesquisa realizada em seu trabalho de
conclusão. Nessa etapa, expõe-se a descrição (se necessário) dos instrumentos e fontes escolhidos para a coleta de
dados: entrevistas, formulários, questionários, legislação, etc. Além disso, deve-se indicar o procedimento para a
coleta de dados, que deverá acompanhar o tipo de pesquisa selecionado, por exemplo: para pesquisa bibliográfica,
indica-se a proposta de seleção das leituras; para a pesquisa descritiva, indica-se o procedimento da observação:
entrevista, questionário, análise documental, entre outros. Em suma, a metodologia descreve como o estudo foi
feito a fim de atingir seus objetivos.

É possível (e aconselha-se) dividir a seção da metodologia em subseções para maior clareza. Uma sugestão de
divisão é a seguinte: (1) descrição do tipo de pesquisa realizada; (2) descrição da caracterização da população e da
técnica de amostragem; (3) descrição das técnicas e fontes usadas para a coleta de dados; e (4) descrição das
técnicas e fontes usadas para as análises (estas devem ser apresentadas e discutidas na seção seguinte). Essa
sugestão é dada pelos orientadores do curso de Administração das Faculdades Integradas São Judas Tadeu, cujos
orientandos são nossos frequentes clientes. Cada uma dessas subseções é descrita em um sucinto manual, mas que
consegue definir muito bem cada uma das etapas. Tendo em vista a grande utilidade deste material, transcrevemos
a seguir a explanação das subseções que podem integrar a metodologia:

1. Delineamento da pesquisa

a) Definição do tipo de pesquisa quanto aos objetivos.

Geralmente pode ser classificada em exploratória, descritiva e explicativa (ou causal).


Entende-se por pesquisa exploratória aquela que visa proporcionar maior familiaridade com o fato ou fenômeno, a
fim de torná-lo mais claro. Envolve um levantamento bibliográfico e documental, entrevistas não padronizadas,
estudo de caso, entre outras técnicas.

Por pesquisa descritiva entende-se aquela que busca principalmente descrever, analisar ou verificar as relações
entre fatos e fenômenos (variáveis), ou seja, tomar conhecimento do que, com quem, como e qual a intensidade do
fenômeno em estudo.

A pesquisa explicativa é a que mais aprofunda o conhecimento da realidade, porque explica a razão, o porquê. A
pesquisa explicativa tem em sua globalidade os estudos de uma pesquisa exploratória e descritiva e mais algumas
particularidades que se revestem de elevado grau de controle e que, em alguns casos, podem ser classificadas como
experimentais.

b) Definição do tipo de pesquisa quanto à abordagem.

Quantitativa: considera que tudo pode ser quantificável, as informações podem ser traduzidas em números para
classificá-las e analisá-las. Requer o uso de técnicas estatísticas. O instrumento para a coleta de dados é sempre um
questionário bem estruturado.

Qualitativa: considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito. Identifica e analisa dados não
mensuráveis numericamente, como sentimentos, sensações, percepções, intenções. Não utiliza recursos estatísticos.

2. Definição da população/amostra

Descreve a população que é o objeto do estudo. Se o levantamento for amostral, identificar o método de
amostragem: se probabilístico ou não probabilístico.

a) Amostragem não probabilística: existe uma escolha deliberada dos elementos que irão formar a amostra. Pode
ser:

– por conveniência (ou acidental): a escolha depende da facilidade de acesso. por exemplo, as pessoas que estão
passando em determinada esquina;

– intencional (ou por julgamento): existe uma intenção na escolha. escolhem-se indivíduos que podem contribuir
significativamente para a pesquisa porque já conhecem o assunto;

– por cotas: a escolha é feita dentro de grupos previamente formados como sexo, idade, renda.

Não existem critérios ou fórmulas matemáticas para determinar o tamanho da amostra não probabilística. O
pesquisador deve usar o bom-senso. O tamanho da amostra depende da variabilidade na população (caso exista
muita diversidade, maior deve ser a amostra); depende do tipo de pergunta (muita dificuldade na compreensão,
maior a amostra). Muitas vezes a decisão é tomada no momento da coleta dos dados. Se algumas perguntas não são
respondidas adequadamente ou deixadas em branco, deve-se selecionar um grupo maior de respondentes.

b) Amostragem probabilística (ou aleatória): é aquela que garante probabilidades iguais para todos os elementos da
população. Pode ser: aleatória simples; sistemática; estratificada ou de conglomerados. É o único método de
amostragem que permite generalizações para a população de onde a amostra é proveniente.

3. Técnicas e procedimentos de coleta

No caso de pesquisa quantitativa, pode-se usar:


Entrevista: envolve o entrevistador e o entrevistado. O contato pode ser face a face ou à distância (ex.: telefone, e-
mail, chat).

Questionário: as perguntas são respondidas sem a presença do pesquisador. Podem ser entregues pessoalmente ou
pelo correio, e-mail, etc.

Nas entrevistas e questionários, é recomendável fazer um pré-teste do instrumento de coleta, aplicado a 2-3 pessoas
que não farão parte da amostra, mas com características tão semelhantes a esta quanto possível. Lembrando que
nas pesquisas quantitativas este número deve ser bem mais elevado, dependendo do tamanho e da variabilidade da
amostra, do tipo de perguntas, etc.

Já no caso de pesquisa qualitativa, pode-se fazer uso de entrevista em profundidade, observação, discussão em
grupos focais, documentos, história de vida, etc.

4. Técnicas e procedimentos de análise

No caso de uma pesquisa quantitativa, permite-se o emprego de análises estatísticas como, por exemplo,
distribuições de frequência, medidas de tendência central, medidas de dispersão, correlações e representações
gráficas.

Para pesquisas qualitativas, aplica-se a análise de conteúdo, que é utilizada principalmente para análise qualitativa
das entrevistas, das observações, das questões abertas em questionários etc., buscando o significado dos dados
coletados. Reduz a complexidade e a extensão dos conteúdos através de alguma classificação (categorias)
apresentada de forma sistematizada e/ou contagem de unidades (palavras ou termos) contidas nas respostas ou
texto. Quando a coleta é guiada por alguma estrutura ou modelo teórico, seus elementos são as categorias.

A seção de análise dos dados tem por objetivo organizar e sintetizar os dados coletados e, obviamente, atingir os
objetivos propostos. Essa análise deve ser embasada no referencial teórico, sustentando, segundo os autores
citados, as afirmações ou negações.

O ideal é apresentar o resultado e, logo em seguida, o embasamento teórico referente àqueles dados. No caso da
apresentação dos resultados de uma entrevista, pode-se proceder como no exemplo a seguir:

Foi mencionada, também, a necessidade de receber mais apoio da empresa para as negociações com melhores
premiações por méritos de vendas. Os corretores referem-se à regra de divisão de comissão, que inclui profissionais
que contribuem de forma indireta, como Gestor de Produto e Diretor Comercial. De acordo com Veruki (1998), as
empresas estão aprendendo a buscar novos atrativos para reter talentos, não somente com benefícios, mas inclusive
criando metas de retenção de pessoas para os gerentes em suas equipes (SJT, 2012).

O mesmo pode ser feito com dados quantitativos, que serão apresentados com o apoio de gráficos, tabelas, quadros
ou qualquer outro meio que acomode os números. Veja o exemplo:

Gráfico 1 – Faixa etária das mulheres entrevistadas com sobrepeso

Fonte: O autor (2014)

Questão 1: Em relação à faixa etária, foi constatado que 26% das entrevistadas estão entre 30 e 35 anos; 24%
apresentam entre 24 e 29 anos; 23%, acima de 42 anos; 12%, entre 36 e 41 anos; 11%, entre 18 e 23 anos; e apenas
4%; menos de 18 anos.

De acordo com Solomon (2011), é comum que consumidores de diferentes faixas etárias tenham necessidades e
desejos diferentes. Mesmo aqueles que estão dentro da mesma faixa etária e que diferem de outros aspectos
tendem a compartilhar um conjunto de valores e de experiências culturais comuns. E o mesmo defendem Kotler e
Keller (2012) quando dizem que a idade dos consumidores deve ser considerada, pois ela indica preferências dos
consumidores conforme a etapa psicológica que eles estão vivendo (MANFREDINI, 2014).
Ao final da seção de análise dos dados ou de acordo com a divisão desejada, deve-se retomar o objetivo geral e os
objetivos específicos, mostrando que foram alcançados conforme proposto no início do trabalho.

A conclusão, última etapa do TCC, deve retomar o que foi feito ao longo do trabalho de forma resumida e mostrar
que objetivo geral foi atingido. Se ao longo do trabalho foi exposta uma situação-problema, esse é o momento de
apresentá-la novamente e respondê-la. Após discorrer sobre os pontos mais relevantes, exponha as limitações do
trabalho, as dificuldades encontradas para realizá-lo, e dê sugestões de pesquisas futuras que venham a contribuir
para aquele mercado.

Como a conclusão deve ser escrita com as palavras do aluno, não é comum usar citações de autores. Além disso,
lembre-se que, assim como em todo o trabalho, não se deve escrever em primeira pessoa – concluí, acredito, etc. –,
e sim de forma impessoal – conclui-se, acredita-se, etc. A conclusão é, portanto, um texto breve, objetivo e claro,
contendo no máximo duas páginas, e que não apresentará novas descobertas, apenas fará o fechamento das ideias.

Assim chega ao final o nosso TCC passo a passo. Esperamos que nossas orientações sejam úteis para o sucesso de
seu trabalho, afinal, esse é o objetivo da Textuar. E que venha a formatura! 🙂

Você também pode gostar