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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO

CENTRO DE ENGENHARIAS
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS
CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

KALIANA LOURENÇO DA SILVA LOPES

AVALIAÇÃO DE RISCOS OCUPACIONAIS NO AMBIENTE DE TRABALHO DE


UMA FUNERÁRIA NA CIDADE DE ASSU/RN

MOSSORÓ-RN
2018
KALIANA LOURENÇO DA SILVA LOPES

AVALIAÇÃO DE RISCOS OCUPACIONAIS NO AMBIENTE DE TRABALHO DE


UMA FUNERÁRIA NA CIDADE DE ASSU/RN

Trabalho de conclusão do curso de graduação em


Engenharia de Produção, do Departamento de
Engenharia e Ciências Ambientais do Centro de
Engenharias da Universidade Federal Rural do
Semi-Árido, como requisito para obtenção do título
de Engenheira de Produção.

Orientadora: Profª D. Sc. Fabrícia Nascimento de


Oliveira - UFERSA

MOSSORÓ-RN
2018
©Todos os direitos estão reservados à Universidade Federal Rural do Semi-Árido. O conteúdo desta obra é de inteira responsabilidade
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de Ciências Matemáticas e de Computação da Universidade de São Paulo (USP) e gentilmente cedido para o Sistema de Bibliotecas da
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Graduação e Programas de Pós-Graduação da Universidade.
KALIANA LOURENÇO DA SILVA LOPES

AVALIAÇÃO DE RISCOS OCUPACIONAIS NO AMBIENTE DE TRABALHO DE


UMA FUNERÁRIA NA CIDADE DE ASSU/RN

Trabalho de conclusão do curso de graduação em


Engenharia de Produção, do Departamento de
Engenharia e Ciências Ambientais do Centro de
Engenharias da Universidade Federal Rural do
Semi-Árido, como requisito para obtenção do título
de Engenheira de Produção.

APROVADA EM: 10/09/2018

BANCA EXAMINADORA
Dedico este trabalho a Deus por sempre ter
guiado meus passos para que chegassem a
este tão sonhado momento.

A minha mãe Maria de Lourdes (in


memoriam) que sempre foi um exemplo de
luta e de superação e que me inspira a ser
um ser humano melhor e acima de tudo por
buscar e nunca desistir dos meus objetivos
de vida.
AGRADECIMENTOS

P аD q é ó
dom da vida, por me abençoar a cada dia e por me sustentar diante das dificuldades ao longo
de minha trajetória.

Minha eterna gratidão a minha amada e inesquecível mãe Maria de Lourdes Simplício (in
memoriam) que tanto sonhou por esse momento, que tanto me incentivou a ter força para
continuar, que me ensinou a ser determinada, forte e corajosa para enfrentar tudo em busca
de um sonho. Por todo o carinho, amor e dedicação que sentia por mim e digo que essas
lembranças são o meu combustível para continuar lutando e poder corresponder ao papel
de uma boa filha a qual ela tinha tanto orgulho.

Ao meu filho João Miguel, por me ensinar o que é amar e por ser minha maior fonte de
inspiração. Ao meu esposo Ricardo Janilo, por todo o seu amor e carinho, por me
incentivar a continuar diante de tantas vezes que em desespero que pensava em desistir.

As minhas irmãs, Kalijane Lourenço e Kaline Lourenço, pelo amor, admiração e pela
paciência e ajuda diante dos meus estresses e ausências proporcionadas pela rotina para a
construção desse trabalho. Aos meus avós Sebastiana Simplício e Leandro Simplício (in
memoriam), pelo amor e torcida para que eu alcance meus objetivos.

A Luis Oliveira e sua esposa Sandra Medeiros pela disponibilidade e ajuda para a
construção deste trabalho.

A professora Fabrícia Nascimento de Oliveira pela orientação e apoio durante toda a


construção deste trabalho.
RESUMO

Os agentes existentes no ambiente de trabalho que são capazes de afetar a saúde e


segurança dos trabalhadores podem ser encontrados nas formas de riscos físicos, químicos,
biológicos, ergonômicos e de acidentes. Assim, esta pesquisa foi realizada em uma
funerária, localizada na cidade de Assu/RN, com o objetivo de identificar os riscos
ocupacionais presentes nos diversos setores da empresa. Realizou-se uma pesquisa
aplicada, com objetivo exploratório, abordagem mista e com procedimentos técnicos
classificado em estudo de caso. A coleta de dados consistiu em conhecer o processo de
trabalho no local analisado, identificar a disponibilidade de equipamentos de proteção
individual e coletivo e classificar os riscos de forma qualitativa e quantitativa para
representa-los no mapa de riscos, com o intuito de orientar os trabalhadores dos riscos
presentes no ambiente de trabalho. Observou-se que a empresa disponibilizava EPI
(equipamentos de proteção individual), porém existiam poucos equipamentos de proteção
coletiva. Identificou-se que a função de agente funerário é a mais propensa a riscos, pois
estão expostos aos agentes químicos e biológicos os quais podem acarretar em problemas
graves de saúde. Recomendam-se melhorias no armazenamento dos produtos químicos da
sala de procedimentos, além da aquisição de extintores de incêndio, chuveiro de
emergência e lâmpadas de emergência.

Palavras-chaves: Casa mortuária. Mapa de risco. EPI.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Gravidade dos riscos de acordo com o tamanho dos círculos ............................ 24
Figura 2 - Luxímetro MLM- 1011.................................................................................... 36
Figura 3- Decibelímetro MSL- 1352C ............................................................................. 37
Figura 4- Equipamento proteção individual agente funerário............................................ 43
Figura 5- Placas de sinalização na sala de procedimentos ................................................. 44
Figura 6- Plataforma de elevação ..................................................................................... 44
Figura 7 - Armário multiuso encontrado na sala de procedimentos ................................... 45
Figura 8 – Equipamentos de proteção utilizados auxiliar administrativo, atendente e
supervisão........................................................................................................................ 46
Figura 9 - Equipamento de proteção coletiva para acessar o setor de atendimento ao
público ............................................................................................................................ 47
Figura 10 - Equipamentos de proteção individual e coletiva auxiliar de serviços gerais ... 49
Figura 11 - Bomba injetora (A), bomba aspiradora (B), instrumentos cirúrgicos (C) ........ 51
Figura 12 - Paramentação funerária.................................................................................. 51
Figura 13 - Produtos químicos encontrados na sala de procedimentos .............................. 54
Figura 14- Posto de trabalho auxiliar administrativo e supervisão administrativa ............. 59
Figura 15 - Reservatório utilizado na sala de procedimentos para incineração de lixo ...... 75
Figura 16 - Mapa de risco do setor de atendimento .......................................................... 83
Figura 17- Mapa de risco do setor administrativo e supervisão ......................................... 84
Figura 18- Mapa de risco do setor de serviços gerais ........................................................ 85
Figura 19- Mapa de risco do setor da sala de procedimentos ............................................ 86
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1- Percepção dos colaboradores com relação ao mapa de risco e CIPA................ 40


Gráfico 2- Percepção dos colaboradores com relação aos riscos ....................................... 41
Gráfico 3- Treinamento sobre situação de emergência ..................................................... 41
Gráfico 4- Utilização de substâncias químicas pelos trabalhadores ................................... 52
Gráfico 5– Percepção dos colaboradores sobre vulnerabilidade a acidentes ...................... 55
Gráfico 6- Acidentes de trabalho presenciados pelos colaboradores no local de trabalho .. 56
Gráfico 7- Acidente ou doença de trabalho ocorrido com colaboradores da funerária ....... 56
LISTA DE QUADROS

Quadro 1- Cores dos riscos ocupacionais no mapa de riscos.............................................. 25


Quadro 2- Tipos de efeitos provocados pelos agentes físicos............................................. 26
Quadro 3- Tipos de Efeitos provocados pelos agentes químicos ........................................ 27
Quadro 4- Cores dos riscos ocupacionais no mapa de riscos.............................................. 29
Quadro 5- Probabilidade de ocorrência do dano, Índice (P) ............................................... 30
Quadro 6- Consequência do dano, Índice (C) .................................................................... 31
Quadro 7- Classificação da Exposição (E) ........................................................................ 31
Quadro 8- Grau de Perigosidade (GP) ............................................................................... 31
Quadro 9-Equipamento de proteção individual disponibilizados aos agentes funerários.. .. 42
Quadro 10- Equipamentos de proteção coletiva identificados na sala de procedimentos. ... 43
Quadro 11- Equipamento proteção individual setor administrativo ........................ .............46
Quadro 12- Equipamento de proteção coletiva identificados no setor
administrativo/atendimento ................................................................................................ 47
Quadro 13- Equipamentos de proteção individual identificados no setor de limpeza ......... 48
Quadro 14- Equipamentos de proteção coletiva identificados no setor de limpeza ............. 48
Quadro 15- Tipos de equipamentos, instrumentos/ferramentas utilizados por cada função.50
Quadro 16- Substâncias com sua composição química .......................................................53
Quadro 17- Atividades desenvolvidas por função......................................................... ......55
Quadro 18- Identificação dos riscos para a função de auxiliar administrativo...................... 60
Quadro 19 - Identificação dos riscos para atendente funerário..............................................62
Quadro 20 - Identificação dos riscos para a função de auxiliar de serviços gerais................64
Quadro 21 - Identificação dos riscos na função de agente funerário......................................66
Quadro 22- Classificação dos riscos para função de auxiliar administrativo e supervisor
administrativo.........................................................................................................................70
Quadro 23- Classificação dos riscos para a função de atendente funerário............................71
Quadro 24- Classificação dos riscos para função de auxiliar de serviços gerais....................73
Quadro 25- Classificação dos riscos para a função de agente funerário...............................77
Quadro 26- Iluminância de acordo com a ABNT...................................................................79
Quadro 27- Níveis de iluminância no setor de atendimento..................................................79
Quadro 28- Iluminância demais setores................................................................................80
Quadro 29- Decibéis (dB) gerados pelo ar condicionado por setor.......................................81
LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Perfil socioeconômico dos colaboradores de uma Funerária localizada em


Assu/RN .......................................................................................................................... 39
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas


ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária
CBO - Classificação Brasileira de Ocupações
CIPA - Comissão Interna Prevenção de Acidente
CLT - Consolidação das Leis do Trabalho
CIE - Comissão Internacional de Iluminação
CONAMA - Conselho Nacional de Meio Ambiente
EPC - Equipamento de proteção coletiva
EPI - Equipamento de proteção individual
ISSO - Organização Internacional de Normalização
MOI - Modelo Operário Italiano
TEM - Ministério do Trabalho e Emprego
NR - Normas regulamentadoras
PCMSO - Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional
PGRSS - Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde
POP - Procedimento Operacional Padrão
PPRA - Programa de Prevenção de Riscos Ambientais
PVC - Policloreto de Vinila
RDC - Resolução da Diretoria Colegiada.
SESMT - Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do
Trabalho
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 15
1.1 JUSTIFICATIVA ................................................................................................... 15
1.2 OBJETIVOS .......................................................................................................... 16
1.2.1 Objetivo geral ......................................................................................................... 16
1.2.2 Objetivos específicos .............................................................................................. 16
1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO ............................................................................ 16
2 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................. 18
2.1 FUNERÁRIA ......................................................................................................... 18
2.2 LEGISLAÇÃO DE SEGURANÇA DO TRABALHO ............................................ 20
2.3 MAPA DE RISCO ................................................................................................. 22
2.3.1 Elaboração do mapa de risco................................................................................... 23
2.4 CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS .......................................................................... 25
2.4.1 Agentes químicos ................................................................................................... 25
2.4.2 Agentes químicos ................................................................................................... 26
2.4.3 Agentes biológicos ................................................................................................. 27
2.4.4 Agentes ergonômicos ............................................................................................. 27
2.4.5 Agentes mecânicos ................................................................................................. 28
2.5 LEVANTAMENTOS DOS RISCOS ...................................................................... 29
2.6 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAIS E COLETIVOS ................... 32
3 METODOLOGIA .................................................................................................. 34
3.1 LOCAL DE ESTUDO ............................................................................................ 34
3.2 COLETA DE DADOS ........................................................................................... 35
3.2.1 Etapas de coleta ...................................................................................................... 35
3.2.2 Instrumentos de coleta ............................................................................................ 36
3.3 IDENTIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO DOS RISCOS ............................................... 37
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES .......................................................................... 38
4.1 ENTREVISTAS COM OS COLABORADORES ................................................... 38
4.1.1 Equipamento de proteção individual e coletiva ....................................................... 42
4.1.1.1 Agente Funerário .................................................................................................. 42
4.1.1.2 Auxiliar administrativo/atendente funerário/ supervisor administrativo................. 46
4.1.1.3 Auxiliar de serviços gerais.................................................................................... 48
4.1.2 Equipamentos e instrumentos ................................................................................. 49
4.1.3 Produtos químicos .................................................................................................. 52
4.1.4 Atividades realizadas por função ............................................................................ 54
4.1.5 Acidentes................................................................................................................ 55
4.2 ENTREVISTAS COM OS DIRETORES ............................................................... 57
4.3 IDENTIFICAÇÃO DO RISCO POR FUNÇÃO ..................................................... 58
4.3.1 Auxiliar administrativo/ supervisão administrativa ................................................. 58
4.3.2 Atendente funerário ................................................................................................ 61
4.3.3 Auxiliar serviços gerais .......................................................................................... 63
4.3.4 Agente funerário ..................................................................................................... 65
4.4 AVALIAÇÃO QUALITATIVA DOS RISCOS ...................................................... 68
4.4.1 Avaliação quantitativa utilizando instrumentos técnicos ......................................... 78
4.4.1.1 Intensidade de iluminação .................................................................................... 78
4.5 MAPA DE RISCO ................................................................................................. 81
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 88
REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 90
APÊNDICE A - TERMO DE AUTORIZAÇÃO UTILIZADO NA PESQUISA ........ 93
APÊNDICE B - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECID .......... 94
APÊNDICE C - ROTEIRO DE ENTREVISTA COM OS COLABORADORES ...... 95
APÊNDICE D - ROTIRO DE ENTREVISTA COM O GESTOR .............................. 96
15

1 INTRODUÇÃO

Atualmente as doenças profissionais e os acidentes de trabalho representam as


principais causas de afastamento do trabalhador. Segundo Santana et al. (2006), a maioria
dos casos de acidentes de trabalho poderiam ter sido evitados com políticas e programas de
prevenção a acidentes de trabalho evitando assim os impactos sociais, econômicos e
organizacionais.
A Norma Regulamentadora (NR-9) estabelece a obrigatoriedade de identificar os riscos
nos ambientes de trabalho, ficando sob a responsabilidade da Comissão Interna de
Prevenção de Acidentes (CIPA) a elaboração do mapa de riscos, visando à preservação da
saúde e da integridade física dos trabalhadores. Esse processo é realizado através da
identificação dos riscos, pois todo trabalhador precisa ser informado dos riscos que está
exposto durante a realização das atividades e em seguida é realizado um estudo de quais
estratégias preventivas deverá aplicar para reduzir os riscos identificados e treinar o
trabalhador para evitar e prevenir o acidente de trabalho (BRASIL, 2017).
De acordo Mota e Frota (2013 “ q iscos no ambiente
, ”. Como a
obrigatoriedade da utilização do mapa de risco é recente justifica-se a falta de material
relacionado ao tema.
Dessa forma, com este estudo pretende-se identificar os riscos físicos, químicos,
biológicos, ergonômicos e mecânicos, além de analisar condições básicas de saúde e
segurança no trabalho em uma empresa do setor funerário da cidade de Assu/RN.

1.1 JUSTIFICATIVA

O principal objetivo de uma funerária é a prestação de serviços de ornamentação e


conservação de cadáveres. Esse ambiente é considerado insalubre, pois, existe o contato
direto com cadáveres humanos, com possível presença de agentes biológicos nocivos que
apresentam alto risco de contaminação, além de serem realizados procedimentos de
conservação do corpo que envolve produtos químicos e instrumentação do tipo
perfurocortantes.
O monitoramento dos riscos ocupacionais neste local é de extrema importância para o
dimensionamento da exposição dos trabalhadores a fim de prevenir possíveis acidentes ou
16

doenças ocupacionais. Sendo assim, observa-se a necessidade de identificar os riscos


presentes nos ambientes da funerária, objeto deste estudo, e representá-los em um mapa de
riscos, o qual é estabelecido como obrigatório para todas as organizações através da
Portaria n. 05 de 17/08/1992 do Departamento Nacional de Segurança e Saúde do
Trabalhador.
O mapa de riscos constitui-se de uma representação gráfica dos riscos existentes nos
diversos locais de trabalho, sob a planta baixa do local, fixado em local visível a todos os
usuários do espaço (BITENCOURT et al., 1999).
Esta pesquisa teve os seguintes questionamentos: quais os riscos presentes nos setores
de uma funerária? A empresa analisada possui condições básicas de saúde e segurança no
trabalho para seus colaboradores realizarem as atividades de forma segura?

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo geral

Identificar os riscos presentes nos setores de uma funerária da cidade de Assu/RN.

1.2.2 Objetivos específicos

 Conhecer o processo de trabalho no local analisado;


 Avaliar os riscos de forma qualitativa e quantitativa;
 Identificar a disponibilidade de equipamentos de proteção individual e coletiva;
 Propor um modelo de mapa de riscos ocupacionais para a empresa analisada;

1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO

Este trabalho está estruturado em cinco seções conforme descritos a seguir:


Na primeira seção são exibidos os aspectos introdutórios do estudo, compreendendo a
introdução que resume o tema a ser explorado, bem como a descrição do problema de
pesquisa e os objetivos do estudo.
Na segunda seção são abordados o referencial teórico dos temas necessários para o
desenvolvimento da pesquisa realizada.
17

A terceira seção refere-se à metodologia utilizada para a construção do trabalho.


Na quarta seção são apresentados os resultados e discussões que está dividido em
quatro subseções. A primeira subseção trata da entrevista com os colaboradores, a segunda
aborda a entrevista com os diretores, a terceira seção mostra a identificação do risco por
função, estando subdividida em análise quantitativa e qualitativa, e por fim a apresentação
do mapa de risco proposto.
A quinta seção apresenta as considerações finais do trabalho.
18

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Nesta seção será apresentada a fundamentação teórica relacionada à funerária, a


legislação, o levantamento e classificação dos riscos, o mapa de risco e os equipamentos de
proteção individual e coletivo.

2.1 FUNERÁRIA

De acordo com Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA, 2009) são


considerados estabelecimentos funerários e congêneres, as empresas públicas ou privadas
que desenvolvam qualquer uma das seguintes atividades:
a) Remoção de Restos Mortais Humanos: medidas e procedimentos relacionados à
remoção de restos mortais humanos, em urna funerária, bandeja ou embalagem específica,
desde o local do óbito até o estabelecimento funerário, adotando-se todos os cuidados de
biossegurança necessários para se evitar a contaminação de pessoas e/ou do ambiente;
b) Higienização de restos mortais humanos: medidas e procedimentos utilizados
para limpeza e antissepsia de restos mortais humanos, com o objetivo de prepará-los para
procedimentos de conservação, inumação ou outra forma de destino;
c) Tamponamento de restos mortais humanos: uso de tampões para vedação dos
orifícios do cadáver;
d) Conservação de restos mortais humanos: empregos de técnicas, através das quais
os restos mortais humanos são submetidos a tratamentos químicos, com vistas a manterem-
se conservados por tempo total e permanente ou previsto, quais sejam, o embalsamamento
e a formolização, respectivamente;
e) Tanatopraxia: emprego de técnicas que visam à conservação de restos mortais
humanos, reconstrução de partes do corpo e embelezamento por necromaquiagem;
f) Ornamentação de urnas funerárias: consistem na colocação de flores, véus e
adornos decorativos e religiosos, conforme tradições e orientação religiosa;
g) Necromaquiagem: consiste na execução de maquiagem de cadáveres, com
aplicação de cosméticos específicos;
h) Comércio de artigos funerários: exposição para venda de artigos funerários, tais
como urnas funerárias (caixões), objetos decorativos e religiosos;
19

i) Velório: consiste nas honras fúnebres, conforme tradições e orientação religiosa.


Ato de velar cadáveres;
j) Translado de restos mortais humanos: todas as medidas relacionadas ao transporte
de restos mortais humanos, em urna funerária, inclusive aqueles referentes à sua
armazenagem ou guarda temporária até sua destinação final.
As normas dispostas pela Anvisa (2009) descrevem que estabelecimentos funerários
e congêneres devem possuir os seguintes documentos para seu funcionamento:
a) Alvará expedido pelo setor de finanças ou fazenda municipal, autorizando o
desenvolvimento das atividades no município;
b) Alvará ou Licença Sanitária expedida pela Vigilância Sanitária Estadual,
Vigilância Sanitária Municipal ou do Distrito Federal, conforme a competência pactuada;
Os estabelecimentos prestadores de serviços de Tanatopraxia, Conservação de Restos
Mortais Humanos, Higienização e/ou Tamponamento, devem dispor do Plano de
Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS) elaborado e implantado em
conformidade com a RDC ANVISA n° 306/2004, Resolução CONAMA n° 358/2005 e/ou
outros atos normativos que vierem a substituí-las ou complementa-las.
A Anvisa (2009) recomenda a existência de um responsável técnico pelos
estabelecimentos que execute a Conservação de Restos Mortais Humanos e/ou
Tanatopraxia deve ter o registro de médico inscrito e regular no Conselho Regional de
Medicina e possuir certidão de responsabilidade técnica expedido por esse conselho.
Os procedimentos de Conservação de Restos Mortais Humanos e/ou Tanatopraxia
poderão ser executados por profissionais com escolaridade mínima de 2º grau e com
qualificação específica comprovada (agente funerário conforme código 5165 CBO/MTE),
desde que sejam supervisionados pelo responsável técnico. Afirma também que os
proprietários de estabelecimentos funerários congêneres são responsáveis legais pelos
procedimentos e atividades realizadas no estabelecimento (ANVISA, 2009).
A Anvisa (2009) também orienta que os estabelecimentos que realizam
procedimentos de higienização, tamponamento e ou conservação de restos mortais
humanos, além do disposto nos itens 1 e 2 do capítulo V, deverão possuir as seguintes
áreas:
a) área para embarque e desembarque de carro funerário: área exclusiva, com acesso
privativo, distinto do acesso público ao estabelecimento funerário, com área mínima de 21
m²;
20

b) sala para higienização, tamponamento e procedimentos de conservação de restos


mortais humanos: sala com acesso restrito aos funcionários do setor, devendo possuir área
mínima de 9,00 m² para uma mesa tanatológica, acrescentando-se 5,00 m² por mesa
tanatológica adicional. Devem atender ainda às seguintes especificações:
•S â x ;
•R : ó q
dispensa o contato das mãos para o fechamento da água, provisão de sabão líquido, além
de recursos para secagem das mãos;
•M ó z ,
formato que facilita o escoamento de líquidos, feita em material liso e impermeável e que
possibilite processos repetidos e sucessivos de limpeza, descontaminação e desinfecção.
•V x ,
boxes individualizados para chuveiros e bacias sanitárias;
c) sala ou área para higienização e esterilização de materiais e equipamentos: esse
ambiente deve possuir:
• ;
• : ó q
dispensa o contato das mãos para o fechamento da água, provisão de sabão líquido, além
de recursos para secagem das mãos;
• , z q
e materiais;
• Eq í
equipamentos e materiais que se pretende esterilizar.
Se a área de higienização e esterilização de materiais e equipamentos está disposta
dentro da sala de tanatopraxia, a orientação da Anvisa, é que haja barreira técnica no local
e as condições descritas no item C sejam observadas. Já para os recursos utilizados na
higienização das mãos podem ser apenas um para os dois ambientes.

2.2 LEGISLAÇÃO DE SEGURANÇA DO TRABALHO

Em 8 de junho de 1978, através da portaria nº 3.124 o Ministério do Trabalho,


publicou-se as normas regulamentadoras de segurança e saúde no trabalho (NR’ ), que
inicialmente eram 28 normas, porém, atualmente são 36 em vigor, além de uma revogada
21

(NR 27). Algumas normas tratam de temas pertinentes a todas as organizações, enquanto
outras são específicas a determinados setores ou atividades rotineiras.
O primeiro artigo da NR 01 aponta a obrigatoriedade para as organizações
respeitarem todas as normas regulamentadoras, tanto as empresas privadas, órgãos
públicos da administração direta e indireta, bem como os órgãos dos poderes legislativo e
judiciário, que possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho
(CLT) (BRASIL, 2009).
A NR 05 estabelece a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), bem
como seus objetivos, atribuições e princípios de funcionamento. Nos artigos 14 e 16 desta
norma, são apresentadas as atribuições básicas da CIPA, sendo a primeira delas a
elaboração do mapa de riscos (BRASIL, 2011).
A NR 09 determina a obrigatoriedade da elaboração e implementação do Programa
de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) por parte dos empregadores e instituições que
admitam trabalhadores como empregados. Essa norma estabelece a elaboração do PPRA
dentro das organizações com o objetivo de prevenir a ocorrência de riscos ambientais,
identificar e classificar os riscos que poderão ser encontrados e auxiliar a CIPA na
elaboração do mapa de riscos (BRASIL, 2017).
De acordo com Saliba et al. (2002) o PPRA não pode ser confundido com o mapa de
riscos, isso por que o PPRA é um programa de higiene no trabalho, enquanto o mapa de
risco é uma inspeção qualitativa efetivada pelo próprio trabalhador no seu posto de
trabalho, levando-se em consideração os agentes químicos, físicos, biológicos,
ergonômicos e acidentes/mecânicos.
A NR 07 traz a obrigatoriedade de mais um instrumento com o objetivo de preservar
a saúde do trabalhador, que é o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional
(PCMSO). P M D 2004, . 225 P MSO “ ,
rastreamento e diagnóstico precoce dos agravos à ú ”,
planejado e implantado levando em consideração os riscos à saúde identificados no PPRA.
Já a NR 15 trata sobre o adicional de insalubridade que deve ser pago para
trabalhadores que estão em ambiente cujo risco da atividade esteja acima dos limites de
tolerância ou concentração acima do permitido. E a NR 17 estabelece à adequação do
ambiente de trabalho as características psicofisiológicas dos trabalhadores.
22

Assim, todo esse aparato de normas visa eliminar, reduzir ou controlar os riscos
ocupacionais que os trabalhadores estão submetidos para evitar acidentes e doenças
ocupacionais.

2.3 MAPA DE RISCO

De acordo com a NR 05 cabe às CIPAs a construção dos mapas de riscos dos locais
de trabalho. Através de seus componentes, a CIPA deverá ouvir os trabalhadores de todos
os setores da empresa e caso exista na empresa o Serviço Especializado de Medicina e
Segurança do Trabalho (SESMT) poderá solicitar ajuda durante a colaboração do mapa
(BRASIL, 2011).
Os riscos deverão ser representados em planta baixa ou esboço do local de trabalho
(croqui) e os tipos de riscos relacionados em tabelas próprias, anexas à referida portaria.
Muniz et al. (2013), revela que o mapeamento de riscos nos ambientes de trabalho é
uma herança do Modelo Operário Italiano (MOI) e em específico do psicólogo Ivar
Oddone, resultado da luta por melhores condições de trabalho na Itália. Na década de 80
essa configuração italiana disseminou-se, no Brasil. Ele afirma ainda que há duas vertentes
sobre a introdução do mapa de riscos italiano no Brasil: a primeira confere o feito às áreas
sindical e acadêmica, e a segunda atribui à Fundação Jorge Duprat Figueiredo de
Segurança e Medicina no Trabalho (Fundacentro) de Minas Gerais, pela iniciativa de
aplicação em empresas brasileiras e acompanhamento dos resultados obtidos.
A exclusão do Anexo IV da NR 05 em 1999 possibilitou a utilização das diversas
inovações na elaboração do mapa de riscos e deixou mais flexível a elaboração do mapa
por cada responsável. Com isso, alguns autores apresentam inovações tecnológicas e
metodológicas para a elaboração do mapa de riscos.
Facchini et al. (1998) sugere uma inovação metodológica que é a utilização de ícones
gráficos ao invés da padronização de círculos propostos pela legislação, permitindo um
maior envolvimento e compreensão por parte dos trabalhadores. Após a confecção dos
ícones, o autor utilizou um instrumento para avaliar a associação entre o ícone e o risco.
O autor Jakobi (2008) apresentou uma inovação tecnológica ao elaborar um mapa de
riscos a partir do gerenciamento integrado de saúde e doenças ocupacionais de todo o
estado de Rondônia. Através de um instrumento baseado em georeferenciamento,
23

conseguiu reunir dados socioeconômicos, de saúde e ambientais, conseguindo um


resultado abrangente, detalhista e significativo.
Hökerberg et al. (2006), também propôs uma inovação metodológica que busca
refletir sobre a construção coletiva fundamentada em conceitos de biossegurança,
qualidade total e vigilância em saúde do trabalhador em um hospital público.
P M F 2013, . 499 “ q mapa de riscos no
ambiente de trabalho são escassas, dificultando o aprofundamento e conhecimento do
”. q a utilização do mapa de risco por parte das
empresas é recente.
De acordo com Pinto, Windt e Céspedes (2010) o mapa de riscos tem como objetivo
reunir as informações básicas para desenvolver um diagnóstico da situação da segurança e
saúde no trabalho na empresa, e durante o processo de elaboração, deve existir a troca e a
divulgação de informações entre todos os trabalhadores, bem como estimular sua
participação nas ações de prevenção.
Para Santos (2008), o mapeamento tem validade anual ou sempre quando houver
mudanças, e sempre que se renova a CIPA o mesmo deve ser atualizado. Sendo assim, o
autor afirma que os trabalhadores poderão observar mais, e com isso aprendem a
identificar e a registrar graficamente os possíveis focos de acidentes nas empresas, visando
controla-los e até mesmo eliminá‐los.

2.3.1 Elaboração do mapa de risco

A elaboração do mapa de riscos está mencionada na í “ ”, 5.16 NR-


05, com redação dada pela Portaria nº 25 de 29/12/1994: identificar os riscos do processo
de trabalho e elaborar o mapa de risco, com a participação do maior número de
empregados, com assessoria do SESMT, quando houver. O anexo VI da NR-05 apresenta
as etapas para elaboração de mapas de riscos que são o conhecimento do processo de
trabalho, identificação e classificação dos riscos, identificação das medidas preventivas
existentes e sua eficácia, identificação dos indicadores de saúde, conhecimento dos
levantamentos ambientais já realizados no local e elaboração do mapa de riscos (BRASIL,
1994).
De acordo Portaria nº 25 de 29/12/1994 a primeira etapa consiste em conhecer o
processo de trabalho de todas as atividades desenvolvidas no local, o perfil das pessoas que
24

desenvolvem estas atividades (sexo, idade, preparação para exercer a atividade, número de
pessoas), os instrumentos e materiais utilizados, as atividades exercidas e o ambiente
(BRASIL, 1994).
A segunda etapa é a identificação dos riscos existentes no local analisado e
classificação dos mesmos. A terceira é a identificação das medidas preventivas existentes e
sua eficácia, bem como a verificação dos equipamentos de proteção individuais e coletivos,
medidas de combate a incêndio e medidas de higiene e conforto, como banheiros,
lavatórios, armários, bebedouro, enfermaria, refeitório (BRASIL, 1994).
A quarta etapa é a identificação dos indicadores de saúde por meio de levantamento
de queixas mais frequentes entre o pessoal exposto aos riscos, histórico de acidentes de
trabalho e doenças profissionais diagnosticadas. A quinta é conhecimento dos
levantamentos ambientais já realizados no local (BRASIL, 1994).
A sexta e última etapa é a elaboração do mapa de riscos, em cima do layout do local,
com o grupo a qual o risco pertence, a intensidade do risco e o número de pessoas expostas
ao risco. (BRASIL, 1994).
D P 2011, .08 “ representação gráfica dos riscos deve ser de
forma clara, permitindo a rápida identificação de cada tipo de risco existente em cada
setor”. São utilizadas cores para identificar o tipo de risco e a gravidade em círculos de
tamanho pequeno, médio e grande.
O circulo pequeno representa o risco pequeno por sua essência ou por ser um risco
médio já protegido. O círculo médio simboliza o risco que gera relativo incômodo, mas
que pode ser controlado. Já o círculo grande indica o risco que pode matar, mutilar ou
gerar doenças e que não dispõe de mecanismo para a redução, neutralização ou controle.
Ponzetto (2007) representou de acordo com a Figura 1 a gravidade dos riscos de acordo
com o tamanho dos círculos.

Figura 1- Gravidade dos riscos de acordo com o tamanho dos círculos

Fonte: Ponzetto (2007).


25

No Quadro 1 são apresentadas as cores correspondentes à classificação do agente de


riscos.
Quadro 1- Cores dos riscos ocupacionais no mapa de riscos
Riscos ocupacionais Cor
Agente físico Verde
Agente químico Vermelho
Agente biológico Marrom
Agente ergonômico Amarelo
Agente mecânico Azul
Fonte: Ponzetto (2007).

Para que os riscos no ambiente de trabalho possam ser bem identificados, o mapa é
elaborado de acordo com uma simbologia padrão. Os riscos são classificados em círculos
de três tamanhos (pequeno, médio e grande), que representa a intensidade da presença
deles em um determinado setor. E as cores também são elementos de diferenciação e
padronização da natureza do risco (PONZETTO, 2007).

2.4 CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS

Os Riscos podem ser operacionais (riscos de acidente), comportamentais ou


ambientais (físicos, químicos, biológicos e ergonômicos).

2.4.1 Agentes químicos

Os agentes físicos são representados por fatores ou agentes existentes no ambiente de


trabalho que podem afetar a saúde dos trabalhadores, como: ruídos, vibrações, radiações,
frio, calor, pressões anormais e umidade. De acordo com Santos (2008) os agentes físicos
podem causar alguns sintomas, conforme organizado no Quadro 2.
26

Quadro 2- Tipos de efeitos provocados pelos agentes físicos


Agente físico Sintomas
Cansaço, irritação, dores de cabeça, diminuição da audição
(surdez temporária, surdez definitiva e trauma acústico),
Ruídos
aumento da pressão arterial, problemas no aparelho digestivo,
taquicardia, perigo de infarto.
Cansaço, irritação, dores nos membros, dores na coluna,
Vibrações doença do movimento, artrite, problemas digestivos, lesões
ósseas, lesões dos tecidos moles, lesões circulatórias.
Taquicardia aumento da pulsação, cansaço, irritação, fadiga
Calor ou frio extremo térmica, prostração térmica, choque térmico, perturbação das
funções digestivas, hipertensão.
Radiações ionizantes Alterações celulares, câncer, fadiga, problemas visuais,
acidentes do trabalho.
Radiações não ionizantes Queimaduras, lesões na pele, nos olhos e em outros órgãos.
Doenças do aparelho respiratório, da pele e circulatórias, e
Umidade
traumatismos por quedas.
Embolia traumática pelo ar, embriaguez das profundidades,
Pressões anormais intoxicação por oxigênio e gás carbônico, doença
descompressiva.
Fonte: Santos (2008).

Os agentes físicos são aqueles gerados por máquinas e condições físicas


características do local de trabalho, que podem causar danos à saúde do trabalhador
(SANTOS, 2008).

2.4.2 Agentes químicos

Para Santos (2008) os agentes químicos são substâncias que podem contaminar o
ambiente de trabalho e provocar danos à integridade física e mental dos trabalhadores, a
exemplo de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases, vapores, substâncias, compostos ou
outros produtos químicos.
De acordo com Santos (2008) os gases, vapores e névoas podem provocar efeitos
irritantes, asfixiantes ou anestésicos conforme apresentados no Quadro 3.
27

Quadro 3- Tipos de Efeitos provocados pelos agentes químicos


Tipo de efeitos Substâncias Sintomas
Ácido clorídrico, ácido sulfúrico, Irritação das vias aéreas
Irritantes
amônia, soda cáustica, cloro. superiores.
Gases como hidrogênio, nitrogênio, Dor de cabeça, náuseas,
Asfixiantes hélio, metano, acetileno, dióxido de sonolência, convulsões, coma e
carbono, monóxido de carbono. até morte.
A maioria dos solventes orgânicos Ação depressiva sobre o sistema
assim como o butano, propano, nervoso central, provocando
aldeídos, acetona, cloreto de danos aos diversos órgãos.
Anestésicos
carbono, benzeno, xileno, álcoois, O benzeno é responsável por
tolueno. danos ao sistema formador do
sangue.
Fonte: Santos (2008, p.12).

São aqueles representados pelas substâncias químicas que se encontram nas formas
líquida, sólida e gasosa, e quando absorvidos pelo organismo, podem produzir reações
tóxicas e danos à saúde (SANTOS, 2008).

2.4.3 Agentes biológicos

Os agentes biológicos estão associados ao contato do homem com vírus, bactérias,


protozoários, parasitas, bacilos e outras espécies de microrganismos. Esses microrganismos
podem causar as seguintes doenças: tuberculose, intoxicação alimentar, fungos
(microrganismos causadores infecções), brucelose, malária, febre amarela. Para a
prevenção para esses grupos de agentes biológicos são: vacinação, esterilização, higiene
pessoal, uso de EPI; ventilação, controle médico e controle de pragas (SANTOS, 2008).

2.4.4 Agentes ergonômicos

Para Santos (2008) os agentes ergonômicos estão relacionados com a execução de


tarefas, a organização e as relações de trabalho, ao esforço físico intenso, levantamento e
transporte manual de peso, mobiliário inadequado, posturas incorretas, controle rígido de
tempo para produtividade, imposição de ritmos excessivos, trabalho em turno noturno,
jornadas de trabalho prolongadas, monotonia, repetitividade e situações causadoras de
estresse.
28

Para esses riscos os danos à saúde do trabalhador são: cansaço, dores musculares e
fraqueza, além de doenças como hipertensão arterial, diabetes, úlceras, moléstias nervosas,
alterações no sono, acidentes, problemas de coluna (SANTOS, 2008).

2.4.5 Agentes mecânicos

Os agentes mecânicos são muito diversificados e estão presentes no arranjo físico


inadequado, pisos pouco resistentes ou irregulares, material ou matéria prima fora de
especificação, máquina e equipamentos sem proteção, ferramentas impróprias ou
defeituosas, iluminação excessiva ou insuficiente, instalações elétricas defeituosas,
probabilidade de incêndio ou explosão, armazenamento inadequado e outras situações de
risco que poderão contribuir para a ocorrência de acidentes (SANTOS, 2008).
O arranjo físico inadequado ou deficiente causa acidentes além de provocar desgaste
físico excessivo nos trabalhadores. Edificações com defeitos de construção podem expor os
trabalhadores a riscos de quedas e acidentes em ambientes com piso que apresentam
desníveis, escadas fora de ausência de saídas de emergência, passagens sem a altura
necessária são mais propícios (SANTOS, 2008).
Matéria prima sem especificação e inadequada pode gerar acidentes, doenças
profissionais, queda da qualidade de produção. Instalações elétricas deficientes trazem
riscos de curto circuito, choque elétrico, incêndio, queimaduras, acidentes fatais. Já as
máquinas sem proteção podem provocar acidentes graves (SANTOS, 2008)
No Quadro 4 são elencados os principais riscos ocupacionais causados pelos cinco
principais agentes ambientais da avaliação qualitativa.
29

Quadro 4- Cores dos riscos ocupacionais no mapa de riscos


Grupo I Grupo II Grupo III Grupo IV Grupo V
Agentes Agentes Agentes Agentes Agentes
químicos físicos biológicos ergonômicos mecânicos
Trabalho físico Arranjo físico
Poeira Ruído Vírus
pesado deficiente
Fumos Posturas Maquinas sem
Vibração Bactéria
Metálicos incorretas proteção
Radiação Treinamento
Matéria-prima fora
Névoa ionizante e Protozoários inadequado
de especificação
não ionizante /Inexistente
Equipamentos
Jornadas
Pressões inadequado-
Vapores Fungos prolongadas de
anormais defeituosos ou
trabalho
inexistentes
Ferramentas
Temperaturas defeituosas e/ou
Gases Bacilos Trabalho noturno
extremas inadequadas ou
inexistentes
Responsabilidade
Produtos Iluminação
Frio e Conflito,
Químicos em Parasitas deficiente
Calor Tensões
geral Eletricidade
emocionais
Substâncias,
compostos ou Incêndio
Insetos, cobras, Desconforto
produtos Umidade Edificações
aranhas, etc. Monotonia
químicos em Armazenamento
geral
Outros Outros Outros Outros Outros
VERMELHO VERDE MARROM AMARELO AZUL
Fonte: Santos (2008).

De acordo com o autor, a CIPA deve se familiarizar com o Quadro 4, que classifica
os cinco tipos de riscos ocupacionais que são representadas através de cinco cores
diferentes no mapa.

2.5 LEVANTAMENTOS DOS RISCOS

De acordo com Pedro (2006) os métodos de identificação e avaliação de riscos são


interligados em diferentes categorias; qualitativos, quantitativos e semi-quantitativo e a
escolha dependerá dos objetivos da identificação e avaliação dos riscos, analisando para
que foram criados e quais meios foram utilizados e quais os fatores se relacionam.
Os métodos qualitativos são puramente descritivos, sem quantificações de risco,
30

identificam acontecimentos com a capacidade de provocar situações de perigo além de


apresentar maneiras de evitar tais ocorrências. Podem ser classificadas do tipo descritivo,
ou seja, fazem descrições detalhadas dos postos de trabalho utilizando listas de
verificações ou através de árvores lógicas onde representa diagramas de acontecimentos
(PEDRO, 2006; MENDONÇA, 2013).
O método quantitativo estabelece a quantificação do risco atribuindo um valor à
probabilidade de certo evento ocorrer. Os exemplos dos métodos quantitativos são; os
estatísticos (exemplo: índices de confiabilidade), os matemáticos (exemplo: modelos de
falhas) e os pontuais (exemplo: método de Gretener) (PEDRO, 2006; MENDONÇA,
2013).
Já para o método semi-quantitativo é realizada uma identificação dos perigos, o qual
atribuem índices às situações de riscos existentes e procuram estabelecer planos de ação,
buscando ordenar o risco definindo e implementando ações preventivas e corretivas.
Exemplos dos métodos semi-quantitativo tem-se o método de avaliação de riscos e
acidentes de trabalho – MARAT e o Método de William T. Fine (PEDRO, 2006;
MENDONÇA, 2013).
Para identificar os riscos encontrados no local analisado, é necessário estimar o risco
de acordo com a probabilidade da ocorrência do dano e a gravidade do dano. O método de
William T. Fine é uma ferramenta de análise de riscos que tem como objetivo indicar a
prioridade de ação sobre os riscos identificados, equacionando o grau de risco com a
disponibilidade econômica (CHAGAS, 2016).
O método proposto é semi-quantitativo, pois atribui um índice às situações de risco
identificadas baseado na gravidade e na probabilidade de ocorrência do perigo a elas
associado. A equação se dá através do produto das três variáveis, Consequência (C),
Exposição (E) e Probabilidade (P) dá origem à Magnitude do Risco (R) ou Grau de
Perigosidade (GP) (FREITAS, 2008). No Quadro 5 é apresentado o índice atribuído a
variável da probabilidade.
Quadro 5- Probabilidade de ocorrência do dano, Índice (P)
Probabilidade (P) Fator
Muito provável 10
Possível 6
Raro 3
Pouco provável 1
Nunca aconteceu 0,5
Praticamente impossível 0,1
Fonte: Chagas (2016 adaptado de Freitas, 2008).
31

Do mesmo modo, o referido autor também classifica a consequência do dano por


meio de métodos qualitativo e quantitativo, e atribui um valor através da classificação no
Índice (C), de acordo com o Quadro 6.

Quadro 6- Consequência do dano, Índice (C)


Consequência (C) Fator
Acidente mortal 100
Incapacidade permanente 50
Doença 25
Incapacidade temporária 15
Lesões graves 5
Lesões ligeiras 1
Fonte: Chagas (2016 adaptado de Freitas, 2018).

Outra variável utilizada é a Exposição (E), onde classifica por tempo de exposição ao
risco que o trabalhador está exposto (CHAGAS, 2016). O Quadro 7 apresenta a
classificação da Exposição (E).

Quadro 7- Classificação da Exposição (E)


Exposição (E) Descrição Fator
Contínua Muitas vezes por dia 10
Frequente Uma vez ao dia 6
Ocasional Entre uma vez por semana e uma vez por mês 3
Irregular Entre uma vez por mês e uma vez por ano 2
Raramente Sabe-se que ocorre, mas com frequência ínfima 1
Pouco provável Não se sabe se ocorre, mas pode acontecer 0,5
Fonte: Chagas (2016 adaptado de Freitas, 2018).

Este método parte do conceito geral de risco, para determinar o grau de perigosidade
de um risco, determinado pela seguinte expressão: GP = C x E x P, onde: GP- Grau de
Perigosidade do Risco; C- Consequência esperada; E- Tempo de exposição do trabalhador
à situação do risco e P- Probabilidade de ocorrência (CHAGAS, 2016). O Quadro 8
descreve o grau de perigosidade.

Quadro 8- Grau de Perigosidade (GP)


Grau de Perigosidade Índice de Risco
Muito Alto GP >400 Suspensão imediata da atividade perigosa
Alto 200 < GP<400 Correção imediata
Substancial 70 < GP< 200 Correção urgente
Moderado 20 < GP < 70 Não é urgente, mas tem que ser corrigido
Aceitável GP < 20 Pode manter-se
Fonte: Chagas (2016 adaptado de Freitas, 2018).
32

Com os resultados obtidos através da equação pode-se determinar as prioridades de


intervenção de acordo com a escala de índice de risco de acordo com o Quadro 8.

2.6 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAIS E COLETIVOS

A NR 06 aborda os equipamentos de proteção individuais EP ’


ressalta que o fornecimento destes é de responsabilidade do empregador, e compete ao
empregado o uso adequado para a finalidade a que se destina. A utilização correta dos EPIs
e a presença de equipamentos de proteção coletiva EP ’ minimizam e reduzem os riscos
de acidentes de trabalho. (BRASIL, 2010)
De acordo com Verga Filho (2009) equipamentos de proteção coletiva são “ q
que quando bem especificados para as finalidades a que se destinam, permitem executar
operações em ótimas condições de trabalho para o operador e demais pessoas no
ó ”. S x EP ’ : , ê , -
olhos de emergência, caixa de areia, extintores e mantas corta-fogo.
O EP ’ - “ balhador ou analista em operações que a
é ú í ”
Pode- x EP ’ : j , , ó , tetor
auricular e máscaras semifaciais e de proteção total. Além disso, o autor ressalva que todos
os EPIs precisam possuir registro no Ministério do Trabalho, chamado de certificado de
aprovação (CA), que comprove que esses equipamentos passaram por testes que asseguram
a efetiva proteção (VERGA FILHO, 2009).
Sabe-se que os EPI’s devem ser fornecidos de acordo com a atividade a ser
desenvolvida, sendo relacionada com o risco a qual o colaborador está exposto. Todos os
colaboradores que estão expostos a agentes biológicos nocivos e a agentes químicos,
devem estar cientes do método de prevenção, mas eficaz para evitar o acidente,
obedecendo às normas de biossegurança (VERGA FILHO, 2009).
Por não ter sido encontrado material específico para a função de agente funerário, foi
pesquisado o CBO (Classificação Brasileira de Ocupações), da função agente funerário, n°
5165 para detalhar quais EPIs seriam necessários para a função. Porém na descrição os
equipamentos de proteção individual e coletivos estão descritos de maneira superficial sem
maiores especificações. Sendo assim, os equipamentos de proteção individual utilizados
33

são os específicos para trabalho com agentes biológicos e químicos, os quais serão
abordados nas seções posteriores.
34

3 METODOLOGIA

A natureza da pesquisa é aplicada. Para Moreira e Caleffe (2008) a pesquisa aplicada


“é z ó ”. Esse tipo de pesquisa foi
escolhido, pois foram utilizados conhecimentos teóricos para uma situação problema, a fim
de encontrar soluções práticas.
Quanto aos seus objetivos, a pesquisa é classificada como exploratória. Segundo Gil
1991 q x ó “ j
com o problema, com vista de torná- x í ó ”. Em suma,
tem por característica, utilizar um levantamento bibliográfico, entrevistas com pessoas que
tiveram experiências diretas com o problema e análise de exemplos que ajudem na
compreensão.
Quanto à abordagem da pesquisa, foi classificada como quantitativa e qualitativa. Os
autores Moreira e Caleffe (2008), defendem que a pesquisa qualitativa “ x
í í q ”. E
que q q “ x í õ que dados
é ”. Vale salientar que essas classificações podem ser usadas
em um mesmo estudo. Neste estudo, a pesquisa qualitativa foi utilizada para identificar os
riscos ambientais presentes na Funerária, enquanto que a pesquisa quantitativa para avaliar
todos os riscos de acordo com a intensidade de cada um, posteriormente esses riscos foram
identificados no mapa de riscos.
Do ponto de vista dos procedimentos técnicos, a pesquisa foi classificada como um
estudo de caso. Gil (1991) define estudo de caso como o “ profundo e exaustivo de
j , q ”.
Além disso, o mesmo autor mostra que a escolha do estudo de caso em pesquisas
exploratórias define a ênfase na totalidade, no estímulo a novas descobertas e na
simplicidade dos procedimentos.

3.1 LOCAL DE ESTUDO

A pesquisa foi realizada nos meses de julho e agosto de 2018 em uma funerária
localizada na cidade de Assu/RN composta por 17 trabalhadores distribuídos nas seguintes
35

funções: 04 atendentes funerário, 04 agentes funerários, 02 Auxiliares de serviços gerais,


04 auxiliares administrativo, 01 supervisora administrativa e 02 diretores.

3.2 COLETA DE DADOS

A coleta de dados foi realizada por entrevistas semiestruturadas, por observação


direta, registro fotográfico e por medição dos agentes ocupacionais com instrumentos
técnicos. Os autores Moreira e Caleffe (2008) defendem que as entrevistas
semiestruturadas partem de uma premissa que inclui os temas a serem discutidos, não
devem ser introduzidos da mesma maneira e ordem em todas as entrevistas, e os
entrevistados não precisam se limitar em suas respostas, nem responder todas as questões.

3.2.1 Etapas de coleta

Para a realização deste trabalho foi realizada uma reunião com os diretores para pedir
autorização para a realização do estudo, conforme Apêndice A. Após a autorização foi
realizada a construção de dois roteiros de entrevista, sendo um para ser aplicado com os
colaboradores (Apêndice C) e outro com os diretores (Apêndice D). Para aplicar o
questionário com os colaboradores se fez necessário à assinatura de um termo de
autorização, conforme Apêndice B, e em seguida foi realizada entrevista com os 15
colaboradores.
Em outra ocasião foram entrevistados os 2 diretores da empresa em estudo. Após a
realização das entrevistas foi realizado o levantamento de questões referentes às atividades
realizadas na empresa, aos riscos ocupacionais encontrados e à utilização de equipamentos
de proteção individual e coletivo.
Em seguida foi realizada uma análise de todos os setores da empresa, verificando as
condições de trabalho e disponibilidade de equipamentos através de um Checklist,
conforme Apêndice E, para obter uma análise qualitativa do risco. Após esta etapa,
utilizaram-se os equipamentos técnicos de ruído e iluminância para obter dados
quantitativos. Por fim, a última etapa foi à elaboração dos mapas de riscos ambientais.
Vale salientar a importância da observação no desenvolvimento deste trabalho. Essa
etapa teve como objetivo a identificação dos riscos presentes em todos os setores da
36

empresa a fim de identificar aqueles não abordados na entrevista, mas que existem no local
visando fazer um comparativo sobre a percepção dos colaboradores em relação aos riscos
que foi observado.

3.2.2 Instrumentos de coleta

Como instrumentos de análise foram utilizados os dados obtidos pelas entrevistas,


observação nos setores da empresa para identificação e caracterização das atividades
desenvolvidas e dos riscos ocupacionais, além do referencial teórico e das Normas
Regulamentadoras nº 05 e 09 do Ministério do Trabalho para elaboração dos mapas de
riscos setoriais.
Também foram utilizados instrumentos de medições de ruído e iluminância. As
medições de intensidade de iluminação ou iluminância foram realizadas através de um
Luxímetro MLM-1011, fabricante Minipa, fornecido pela instituição de ensino. As
medidas foram dadas em lux, o que corresponde à incidência perpendicular de 1 lúmen em
uma superfície de 1 metro quadrado. Na Figura 2 é representado o luxímetro utilizado.

Figura 2 - Luxímetro MLM- 1011

Fonte: Arquivo da Autora (2018).

Foi utilizado o decibelímetro como instrumento de medição para nível de pressão


sonora no circuito de compensação A e com circuito de resposta lenta, próximas ao ouvido
do colaborador. O equipamento utilizado para as medições foi o MSL-1352C, do
fabricante Minipa, fornecido pela instituição e ilustrado na Figura 3.
37

Figura 3- Decibelímetro MSL- 1352C

Fonte: Elaboração da Autora (2018).

Os resultados das leituras utilizando os equipamentos mencionados acima foram


anotados em quadros ao término de cada medição para realizar comparações com as
normas existentes, sendo para iluminância a ABNT NBR ISO/CIE 8995-1:2013 e para
ruído o Anexo 1 e 2 da NR 15.
.
3.3 IDENTIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO DOS RISCOS

O método escolhido para este trabalho foi semi-quantitativo baseado no método de


William T. Fine, utilizando a equação que se dá através do produto das três variáveis,
Consequência (C), Exposição (E) e Probabilidade (P) dá origem à Magnitude do Risco (R)
ou Grau de Perigosidade (GP) utilizando a escala de índice de risco, em que: o GP<20, o
nível de risco é 5 (aceitável); 20<GP<70, 4 (moderado); 70<GP<200, 3 (notável);
200<GP<400, 2 (alto) e GP>400, o nível de risco é 1 (grave/eminente) (FREITAS, 2008).
38

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Buscou-se conhecer o processo de trabalho da funerária e assim identificar e mapear


os riscos presentes em cada atividade. Esta seção é dividida em quatro etapas, a primeira é
a analise dos dados obtidos através das entrevistas com os colaboradores, a segunda é a
análise das entrevistas com os diretores, a terceira etapa é a identificação do risco por
função que foi subdividida em avaliação qualitativa e quantitativa, e por fim é apresentado
o mapa de risco.

4.1 ENTREVISTAS COM OS COLABORADORES

Foram entrevistados 15 colaboradores da funerária analisada. De acordo com a


entrevista, foram perguntadas informações pessoais como: idade, sexo, tempo de admissão,
escolaridade e função como mostrado na Tabela 1.
39

Tabela 1- Perfil socioeconômico dos colaboradores de uma Funerária localizada em


Assu/RN
Variáveis Unidade Porcentagem (%)
1. Sexo
Feminino 07 46,7
Masculino 08 53,3
2. Idade (anos)
18-25 4 26,67
26-33 5 33,33
34-41 4 26,67
Acima 41 anos 2 13,33
3. Escolaridade
Fundamental completo 2 13,33
Fundamental incompleto 2 13,33
Médio completo 8 53,34
Superior completo 2 13,33
Superior incompleto 1 6,67
4. Função
Agente Funerário 4 26,7
Atendente Funerário 4 26,7
Auxiliar administrativo 5 33,3
Auxiliar Serviços Gerais 2 13,3
5. Admissão (anos)
Até 1 ano 5 33,4
1 – 5 anos 4 26,6
5 – 10 anos 6 40,0
Fonte: Elaboração da autora (2018).

Em relação ao gênero, 46,7% é do sexo feminino e 53,3% do sexo masculino.


Observou-se que a função de agente funerário é composta apenas por membro do sexo
masculino. Já com relação à idade foi identificado que o colaborador mais jovem possui 24
anos e o mais velho 45 anos. Pode-se afirmar que 60% dos trabalhadores possui até 33
anos o que caracteriza uma equipe de trabalhadores jovens.
Quanto à escolaridade, 53,34% possuem ensino médio completo. Dois colaboradores
informaram que não tinham concluído o ensino fundamental, porém suas funções não
exige uma maior formação, eles compõem o setor de limpeza. Apenas 13,33% da equipe
possuem ensino superior completo, com formação em bacharelado em administração que é
diretamente relacionada a suas atividades.
40

Em relação às funções foram identificadas 06 funções básicas (atendente funerário,


agente funerário, auxiliar administrativo, supervisora administrativa, auxiliar de serviços
gerais e diretor) necessárias para o desenvolvimento do serviço funerário. São quatro
agentes funerários e quatro atendentes funerários trabalhando no regime 12 x 36 horas. A
equipe do setor administrativo é composta por cinco colaboradores que desenvolvem
atividades relacionadas à administração da empresa. A diretoria é composta pelo
proprietário e sua esposa. A equipe de manutenção e limpeza é composta por 02
colaboradores.
Quanto ao tempo de admissão, aproximadamente 70% dos colaboradores estão
dentro do intervalo de 1 a 10 anos de vínculo empregatício. Foi identificado que o
colaborador mais recente possui 3 meses de admissão e o mais antigo possui 8 anos.
Quando questionados sobre o que era mapa de risco e CIPA, cerca de 40% dos
entrevistados afirmaram que não sabia ou não lembrava o que significava. A empresa não
possui CIPA, pois conforme a NR 5, ela está desobrigada a constituir a comissão. No
entanto, deveria ter um trabalhador treinado como designado da CIPA. Esses percentuais
estão representados no Gráfico 1.

Gráfico 1- Percepção dos colaboradores com relação ao mapa de risco e CIPA

Fonte: Elaboração da autora (2018)

Quanto à identificação dos riscos, cada função possui riscos específicos. Sendo
assim, durante as entrevistas os colaboradores do setor administrativo composto por 4
trabalhadores junto com a supervisão administrativa e também os atendentes funerários
identificaram como a má postura um possível fator de risco na sua função.
A equipe de manutenção e limpeza composta por 02 auxiliares de serviços gerais
identificaram como fonte geradora de riscos o uso de produtos de limpeza, piso molhado e
41

a utilização de ferramentas de jardinagem. Já a equipe de agentes funerários mostrou-se


cientes dos riscos químicos e biológicos quando estão na sala de tanatopraxia. Vale
salientar que esses foram os relatos referentes à percepção dos colaboradores (Gráfico 2).
Porém, na etapa de observação serão analisados todos os riscos existentes.

Gráfico 2- Percepção dos colaboradores com relação aos riscos

Fonte: Elaboração da autora (2018).

Cerca de 40% dos entrevistados afirmaram que não tiveram treinamentos sobre
situação de emergências. Foi percebido que os colaboradores que tiveram essa percepção
são aqueles com o tempo de admissão mais recente. O que supõe que o treinamento foi
realizado antes da admissão dos mesmos. Conforme Gráfico 3.

Gráfico 3- Treinamento sobre situação de emergência

Fonte: Elaboração da autora (2018).


42

4.1.1 Equipamento de proteção individual e coletiva

Todos os colaboradores afirmam que receberam EPI’s de acordo com sua função e
que utilizam todos os equipamentos. Porém não foram relatados os equipamentos de
segurança coletiva, como por exemplo, os extintores.
Sendo assim, visando confirmar tais informações propôs-se realizar uma lista de
verificação com os EPI’s fornecidos pela empresa. No dia 13 de julho de 2018 foi realizada
a verificação por função de todos os EPI’s e EPC’s necessários para o estabelecimento.

4.1.1.1 Agente Funerário

Para o agente funerário é obrigatório no decorrer da execução de suas atividades, à


utilização de avental de PVC, botina em PVC, capote, luvas de segurança, óculos de
segurança, entre outros, listados no Quadro 9. E EP ’ z durante a
preparação e ornamentação de um cadáver/corpo, pois eles estão expostos a bactérias,
vírus, fungos, parasitas, protozoários e bacilos. Durante a visita foram identificados os
EPI’s disponíveis, juntamente com o Certificado de aprovação (CA) e a validade dos
mesmos conforme Quadro 9.

Quadro 9- Equipamento de proteção individual disponibilizado aos agentes funerários

Equipamentos de proteção individual N° CA Validade


Avental em PVC 21075 28/12/2022
Botina em PVC 13.146 26/12/2022
Capote 37505 29/09/2020
Luva cano longo contra agentes mecânicos e químico 31336 14/11/2022
Luva látex para procedimento 9633 04/06/2019
Macacão em poliéster Duvelk 20.662 02/07/2023
Macacão em poliéster Tavelk 17.672 02/06/2019
Óculos de proteção ampla visão 18.070 09/04/2019
Respirador purificador de ar tipo peça semifacial 434 23/08/2022
Fardamento de uso externo - -
Fardamento de uso interno na sala de procedimentos. - -
Fonte: Elaboração da autora (2018).

Para melhor visualização segue a Figura 4 do colaborador utilizando os EPI’s que é


utilizado na sala de procedimentos.
43

Figura 4- Equipamento proteção individual da função de agente funerário

Fonte: Arquivo da autora (2018).

Não foram identificados extintores, chuveiro de emergência e lâmpadas de


emergência na sala de procedimentos, itens essenciais em situações de emergências. Vale
salientar que o vestiário com chuveiros de emergência e lava olho, de acordo com a NR 32,
é exigível onde há risco químico. O Quadro 10 descreve os itens de proteção coletiva.

Quadro 10– Equipamentos de proteção coletiva identificados na sala de procedimentos


Equipamentos de proteção coletiva Sala de procedimentos
Extintor de incêndio Não
Chuveiro de emergência Não
Lâmpadas de emergência Não
Plataforma elevação Sim
Armário multiuso Sim
Placas de sinalização Sim
Máquina de lavar roupa Não
Fonte: Elaboração da autora (2018).

Na sala de procedimentos existem algumas sinalizações que alertam os


colaboradores para a utilização dos EPI’s, além de uma placa que solicita a organização e
44

limpeza da sala. Para auxiliar nos procedimentos técnicos de conservação do corpo existe
um cartaz com o sistema circulatório humano, conforme é mostrado na Figura 5.

Figura 5- Placas de sinalização na sala de procedimentos

Fonte: Arquivo da autora (2018).

Para auxiliar o transporte do cadáver da sala de procedimento para o carro funerário,


o colaborador utiliza uma plataforma de elevação mecânica, conforme é mostrada na
Figura 6.
Figura 6- Plataforma de elevação

Fonte: Arquivo da autora (2018).

A NR 24 estabelece que se faz necessário disponibilizar armário individual quando a


atividade exija troca de roupas, além disso a norma define que a dimensão de 1,20 m de
45

altura por 0,30 m de largura e 0,40 m de profundidade, com separação ou prateleira, de


modo que um compartimento, com a altura de 0,80 m, se destine a abrigar a roupa de uso
comum e o outro compartimento, com altura de 0,40 m a guardar a roupa de trabalho.
Vale salientar que os armários por serem individuais precisam possuir dispositivo de
segurança como trancas/cadeados. No local foi identificado um armário, porém não está
dentro das especificações necessárias para a atividade insalubre realizada pelos agentes
funerários, pois seriam necessários armários individuais do tipo duplo. Além disso, foi
verificado que alguns compartimentos estão com puxadores quebrados e que não possuem
dispositivos de segurança. Na Figura 7 é mostrado o armário disponibilizado aos
colaboradores da empresa.

Figura 7 - Armário multiuso encontrado na sala de procedimentos

Fonte: Arquivo da autora (2018).

Os agentes funerários são responsáveis pela lavagem do fardamento que utilizam


durante as atividades na sala de procedimentos. Portanto também ficam expostos aos
agentes biológicos e químicos no manuseio de tais vestimentas. Uma máquina de lavar
roupa seria um equipamento eficaz para executar a limpeza dos fardamentos sem necessitar
do contato direto do colaborador.
46

4.1.1.2 Auxiliar administrativo/atendente funerário/ supervisor administrativo

Os colaboradores que executam essas funções estão expostos aos riscos


ergonômicos e para evitar tais danos, a empresa realizou adequações em seus postos de
trabalho. Sendo assim, após realizar uma verificação constataram-se os seguintes
equipamentos de proteção individual (Quadro 11).

Quadro 11- Equipamento proteção individual setor administrativo


Equipamentos de proteção individual Sala de procedimentos
Fardamento Sim
Cadeira com apoio de braço Sim
Suporte para monitor Sim
Suporte para mouse com apoio Sim
Suporte para pés Não
Fonte: Elaboração da autora (2018).

Na Figura 8 é mostrado o posto de trabalho do setor administrativo, destacando todos


os equipamentos ergonômicos disponibilizados pela empresa.

Figura 8 – Equipamentos de proteção utilizados pelas funções de auxiliar


administrativo, atendente e supervisor

Fonte: Arquivo da autora (2018).

No que se refere à proteção coletiva, não foram identificados extintores de incêndio,


lâmpadas de emergência, nem sinalização de alertas no quadro de distribuição de energia.
47

Também não foi identificado o suporte para pés. No Quadro 12 é apresentada a verificação
dos equipamentos de proteção coletiva.

Quadro 12- Equipamento de proteção coletiva identificados no setor


administrativo/atendimento
Equipamentos de proteção coletiva Setor administrativo/atendimento
Extintor de incêndio Não
Lâmpadas de emergência Não
Corrimão Sim
Fonte: Elaboração da autora (2018).

Existe corrimão e uma rampa de acessibilidade na entrada da empresa. Nos degraus e


no início da rampa possuem detalhes antiderrapantes. Na Figura 9 é apresentada a entrada
da empresa.

Figura 9 – Escada e rampa de acessar ao setor de atendimento ao público

Fonte: Arquivo da autora (2018).

Porém falta a sinalização horizontal na cor amarelo indicando atenção para todos que
utilizam essa entrada (Figura 9).
48

4.1.1.3 Auxiliar de serviços gerais

Neste departamento, o colaborador conta com EPIs especializados para executar a


limpeza do local e a manutenção do jardim, conforme descrito no Quadro 13.

Quadro 13- Equipamentos de proteção individual identificados no setor de limpeza


Equipamentos de proteção individual Setor de limpeza
Fardamento Sim
Camisa de manga longa Não
Botina em PVC Sim
Mascara descartável Sim
Óculos de proteção Sim
Luva látex descartável Sim
Luva de borracha Sim
Fonte: Elaboração da autora (2018).

Foi evidenciado que o colaborador que realiza a manutenção do jardim não possui
camisa de manga longa, visto que o colaborador fica exposto ao sol quando está realizando
a poda das árvores e a limpeza na área externa. No Quadro 14 são descritos os
equipamentos de proteção coletiva.

Quadro 14- Equipamentos de proteção coletiva identificados no setor de limpeza

Equipamentos de proteção coletiva Setor de limpeza


Extintor de incêndio Não
Carrinho funcional de limpeza Sim
Placa sinalização (piso molhado) Sim
Exaustor (banheiros) Sim
Cafeteira elétrica Não
Fonte: Elaboração da autora (2018).

Na Figura 10 são mostrados os EPIs que a colaboradora do setor de limpeza utiliza


para executar suas atividades.
49

Figura 10 - Equipamentos de proteção individual e coletiva para auxiliar de serviços gerais

Fonte: Arquivo da autora (2018).

De acordo com os dados obtidos na entrevista, 100% dos colaboradores informaram


que receberam os equipamentos de proteção individual e que utilizam todos para executar
suas atividades.

4.1.2 Equipamentos e instrumentos

De acordo com o que foi relatado durante as entrevistas foi construído o Quadro 15,
no qual são descritos todos os equipamentos, instrumentos/ferramentas utilizados por cada
função.
50

Quadro 15- Tipos de equipamentos, instrumentos/ferramentas utilizados por cada função


Função Equipamentos Instrumentos/ferramentas
- Bomba injetora - Instrumentação cirúrgica
Agente - Bomba Aspiradora - Paramentação funerária (suporte para
funerário - Ar condicionado urnas, velas e livro, castiçais e
resplendor).
- Computador - Suporte para monitor
Atendente - Ar condicionado - Suporte para mouse com apoio em
funerário - Impressora multifuncional gel
-Telefone fixo e celulares - Cadeira com apoio para braços
- Computador - Suporte para monitor
Auxiliar - Ar condicionado - Suporte para mouse com apoio em
administrativo - Impressora multifuncional gel
-Telefone fixo e celulares - Cadeira com apoio para braços
- Cortador de grama elétrico. - Carrinho funcional de limpeza
Auxiliar
- Fogão - Rodo, vassoura
de serviços
- Ferramentas de jardinagem (tesoura
gerais
de poda, facão, ancinho e ciscador).
- Computador - Suporte para monitor
Supervisor - Ar condicionado - Suporte para mouse com apoio em
administrativo gel
- Cadeira com apoio para braços
Fonte: Elaboração da autora (2018).

Os agentes funerários utilizam como equipamentos uma bomba injetora e uma


aspiradora para executar o procedimento de conservação de cadáveres. Para tal
procedimento também utiliza uma instrumentação cirúrgica composta por agulha S, bisturi,
cabo para bisturi, cânula, dessecador, fixador, pinça de drenagem, pinça dente de rato,
pinça reta, pinça termostática curva P e G, prendedor de cânula, tesoura de ponta
arredondada. Esses colaboradores também realizam o transporte terrestre utilizando
veículos adaptados para o translado com urnas mortuárias. A Figura 11 representa os
equipamentos e instrumentos utilizados pelos agentes funerários.
51

Figura 11 - Bomba injetora (A), bomba aspiradora (B), instrumentos cirúrgicos (C)

Fonte: Arquivo da autora (2018).

Além disso, transportam e organizam toda paramentação funerária para velórios


externos. Essa paramentação é composta por castiçais, suporte para urna, suporte para
livro de presença e suporte para velas, mesa. O item 17.2 da NR 17 aborda o levantamento,
transporte e descarga individual de materiais. Segundo a norma o transporte individual ou
manual de cargas é todo o transporte no qual o peso da carga é suportado individualmente
por um só colaborador, desde o levantamento até o deslocamento da carga. A Figura 12
representa a paramentação utilizada.

Figura 12 - Paramentação funerária

Fonte: Arquivo da autora (2018).


52

De acordo com a CLT, nos arts. 198, 390 e 405, o peso máximo da carga que um
colaborador poderá suportar individualmente sem o auxílio de instrumento mecânico
deverá ser para homem 60 kg e a mulher e o jovem (aquele com idade inferior a 18 e maior
que 14 anos) um peso nitidamente inferior: 20 kg para trabalhos contínuos e 25 kg para
trabalhos eventuais. Sendo assim, o transporte da paramentação tem um peso médio de 10
kg e está dentro do limite da regulamentação.

4.1.3 Produtos químicos

Quando questionados sobre a utilização de produtos químicos durante a execução de


suas atividades, apenas os agentes funerários mencionaram a utilização de substâncias
químicas específicas, o que perfaz um percentual de 27%. No Gráfico 4 é representado os
percentuais obtidos.

Gráfico 4- Utilização de substâncias químicas pelos trabalhadores

Fonte: Elaboração da autora (2018).

Após uma avaliação qualitativa das substâncias encontradas no ambiente de trabalho


apresenta-se no Quadro 16, a descrição de todas as substâncias químicas utilizadas pelos
agentes funerários para os procedimentos de tanatofluído arterial e de cavidade.
53

Quadro 16- Substâncias com sua composição química


Substâncias Composição química Utilização
Excelente poder de absorção de
Poliacrilamida e
Pro Stanch líquidos. Previne vazamento
carboximetilecelulose.
oral e nasal.
Pó para Incisão Silicato hidratado de alumínio e Seca e evita a saída de líquidos
(PI. 3) sulfato de cálcio natural nos cortes da pele.
IC Intensocor Aldeído fórmico, água e corante Intensifica a coloração corporal.
Desinfetante externo corporal;
Aldeído fórmico, cloreto de alquil, higieniza a pele; desinfeta
Clear –
dimetil benzil, amoníaco linear, aberturas bucal, nasal, anal e os
Desinfetânatus
alquil benzil, sulfanato de sódio, órgãos genitais. Importante
tópicos
água e corante efeito sobre ferimentos e
escoriações.
Aldeído fórmico, gel e paraforma Cobrir cortes e escoriações no
Tanatogel GM
deído. corpo.
Efeito rápido e prolongado na
fixação dos tecidos;
Aldeído fórmico, fosfato de sódio,
Promove acentuada rigidez
TA 2E glicerina, KH 150, HBO, corante,
necessária para a grande
água e álcool.
preservação corporal.

Age sobre os pigmentos biliares;


Ameniza a coloração esverdeada
Aldeído fórmico, fosfato de sódio, final;
TA 14 glicerina, CH 3250, HBO, corante, Determina a fixação uniforme
água e álcool. dos tecidos;
Mantém a textura natural da
pele.
Alto grau de infiltração;
Aldeído fórmico, fosfato de sódio,
Efeito natural de coloração;
TA 32 glicerina, CH 3250, H3BO3,
Determina a fixação rápida dos
corante, água e álcool.
órgãos.
Alto grau de penetração;
Aldeído fórmico, fosfato de sódio, Determina coloração moderada;
24 A glicerina, H3BO3, corante, água e Promove a fixação rápida e
álcool. eficaz dos tecidos do corpo
humano.
Descoagula o sangue;
AC Dissolve os êmbolos;
Heparina sódica, solução
Tatatosolvente Promove melhor drenagem;
fisiológica, corante.
arterial Facilita a injeção do fluido
arterial.
Penetra rapidamente nas
Aldeído fórmico, fosfato de sódio,
vísceras;
TC 20 NAOH, NCI, corante, água e
Forte conservante e
álcool.
desinfetante.
Fonte: Elaboração da autora (2018).
54

Durante a visita técnica ao local foi observado que os produtos químicos são
guardados dentro da própria sala de procedimentos. Acondicionados em sua maioria em
bombonas de 20 litros e de 5 litros. Conforme mostrado na Figura 13.

Figura 13 - Produtos químicos encontrados na sala de procedimentos

Fonte: Arquivo da autora (2018).

O modo de armazenamento dos produtos químicos está totalmente fora dos padrões
de segurança. As substancias químicas devem ser armazenadas em um almoxarifado
construído de acordo com a NR8, do Ministério do Trabalho e Emprego (NR 8 do MTE)
para edificações do local de trabalho. Além disso, devem estar separados de acordo com
suas compatibilidades para evitar incêndio, explosão e formação de gases tóxicos que
podem ocorrer mediante a mistura de tais produtos químicos.

4.1.4 Atividades realizadas por função

Ao questionar quais as atividades cada colaborador realiza com maior frequência,


foram mencionadas algumas que serão classificadas por função, conforme apresentado no
Quadro 17.
55

Quadro 17- Atividades desenvolvidas por função


-Remoção terrestre de cadáveres humanos.
-Higienização e conservação cadáveres humanos.
Agente funerário -Ornamentação de urnas.
-Necromaquiagem em cadáveres humanos.
-Limpeza da sala de procedimentos.
-Recepcionar clientes presenciais e via telefone.
-Movimentação de caixa.
Atendente funerário
-Controles internos.
-Preenchimento de checklist
-Preencher controles internos de caráter financeiro,
operacional.
Auxiliar administrativo
-Controle de frota, estoques.
-Relacionamento com clientes.
-Limpeza e organização das salas (exceto sala de
procedimento) e capelas de velório.
-Preparo café e chá para consumo interno e para levar para
Auxiliar de serviços gerais velórios externos.
-Poda e manutenção do jardim.
-Limpeza e organização de flores naturais dentro da câmara
fria.
Fonte: Elaboração da autora (2018).

4.1.5 Acidentes

Em relação à percepção sobre a vulnerabilidade a acidentes enquanto executam suas


atividades, apenas 27% afirmaram sentirem-se vulneráveis a possíveis danos. Os 4
colaboradores que “S ” q x rcem função de agente
funerário. O Gráfico 5 apresenta o percentual conforme foi compilado.

Gráfico 5– Percepção dos colaboradores sobre vulnerabilidade a acidentes

Fonte: Elaboração da autora (2018).


56

Em torno de 13% dos entrevistados revelaram ter presenciado acidente no local de


trabalho analisado. Segundo os relatos, o preparo do café é feito numa cafeteira de
alumínio no fogão a gás e numa determinada ocasião um colaborador sofreu queimaduras
após o café fervendo cair em cima do braço da vitima causando queimaduras no local.
Porém não ocasionou afastamento do colaborados (Gráfico 6).

Gráfico 6- Acidentes de trabalho presenciados pelos colaboradores no local de trabalho

Fonte: Elaboração da autora (2018).

Quando questionados se já sofreu algum acidente ou doença do trabalho, apenas um


colaborador afirmou ter adquirido uma doença do trabalho chamada cisto sinovial no pulso
devido ao movimento repetitivo de digitação, porém não houve afastamento (Gráfico 7).

Gráfico 7- Acidente ou doença de trabalho ocorrido com colaboradores da funerária

Fonte: Elaboração da autora (2018).


57

Foi mencionado por outra colaboradora mais antiga de uma situação de acidente de
percurso ocorrido por uma trabalhadora que se acidentou quando voltava para casa, e que
ficou afastada 180 dias. Porém esse fato não foi mencionado pelos demais colaboradores,
pois os mesmos não tiveram a percepção de que acidentes ocorridos no percurso de casa-
trabalho e vice-versa são caracterizados como acidente de trabalho.

4.2 ENTREVISTAS COM OS DIRETORES

A diretoria da empresa é composta por dois membros, o empresário e sua esposa. O


mesmo ocupa a função de diretor executivo e sua esposa diretora administrativa. O diretor
executivo tem 48 anos, sexo masculino e possui ensino médio completo, e a diretora
administrativa possui 40 anos e também tem ensino médio completo.
A empresa está em plena atividade desde 2002, porém nas instalações atual a partir
de 2010. Vale salientar que a entrevista foi realizada com os dois ao mesmo tempo. Eles
afirmam que a empresa não possui mapa de risco e que não há comissão de prevenção de
acidentes. Além disso, declaram que tem conhecimento da existência de riscos de
acidentes químicos e biológicos da sala de procedimentos e ergonômicos no setor
administrativo.
Na visão deles a sala de procedimentos é o local mais propício de acidentes dentro da
empresa. Porém, fez uma ressalva que ao utilizar todos os EPI’s o risco torna-se
praticamente nulo. Quanto a treinamento necessário para agir em situações de emergência
eles afirmam que foi realizado há alguns anos. Afirmam que a equipe de agentes funerários
recebe treinamento sobre os procedimentos que realizam na sala de procedimentos e quem
tem tópicos específicos da utilização dos EPIs e que é realizada lista de treinamento. O
mesmo afirma que atualmente fornece todos os EPIs necessários para cada função e que
realiza treinamento para o uso e que a supervisora administrativa fiscaliza a utilização dos
mesmos.
A pesquisadora informou que alguns EPCs estão faltando, como extintores de
incêndio, lâmpadas de emergências, e chuveiro de emergência. Porém, o diretor executivo
afirmou que irá providenciar o quanto antes.
Sobre acidente no local do trabalho, o mesmo informou que nunca presenciou e que
não é frequente tal situação dentro da empresa. Durante todos os anos de funcionamento
da empresa foi preciso preencher apenas uma CAT (Comunicação de Acidente de
58

Trabalho) que foi para registrar acidente de trabalho classificado com acidente de percurso.
A colaboradora precisou de afastamento durante 180 dias. Ressaltou ainda que atualmente
não possui colaboradores afastados ou diagnosticados com alguma doença do trabalho.

4.3 IDENTIFICAÇÃO DO RISCO POR FUNÇÃO

Para a identificação dos riscos se faz necessário à verificação de um conjunto de


fatores com o objetivo de estimar o potencial de danos à saúde ocasionados pela exposição
de indivíduos a agentes ambientais. Tais verificações servem de auxílio para o controle e a
prevenção dessa exposição. Assim, no ambiente de trabalho analisado, os agentes podem
está relacionados a processos de produção, produtos e resíduos. Com isso, foram
elaborados quadros que descrevem os riscos de acordo com cada função da funerária
pesquisada.

4.3.1 Auxiliar administrativo/ supervisão administrativa

O setor administrativo é composto por cinco auxiliares administrativo. Possuem uma


jornada de trabalho de 44 horas semanais, no turno diurno das 7:30 as 17:30 com uma hora
para intervalo de almoço.
A função exige concentração e responsabilidade para executar preenchimento de
planilhas eletrônicas que correspondem a controles administrativos, financeiros,
operacionais e de relacionamento com cliente.
O posto de trabalho é localizado num ambiente climatizado e iluminado por
lâmpadas fluorescente. Não possui janelas e os colaboradores executam suas atividades na
posição sentada de frente a um monitor de computador com suporte de altura (Figura 14).
59

Figura 14- Posto de trabalho da auxiliar administrativo e supervisora administrativa

Fonte: Arquivo da autora (2018).

O quadro 18 apresenta os riscos identificados para a função auxiliar administrativo.


Além disso, descreve as medidas de controle recomendadas para minimizar os riscos
inerentes a função.
60

Quadro 18- Identificação dos riscos para a função de auxiliar administrativo


Setor Administrativo

Cargo/Função Auxiliar administrativo – Supervisora administrativa


Nesta função os colaboradores preenchem controles internos de caráter
Atividade financeiro, operacional, estoque e de relacionamento com clientes via
contato telefônico.
Risco Ergonômico Postura inadequada, Fontes Digitação, controles
repetitividade, responsabilidade, geradoras diários, cadeiras,
stress físico e emocional. do risco bancadas de trabalho e
monitor.
Risco de acidentes Choque elétrico, batidas contra Fontes Equipamentos elétricos,
objetos, perfuração. geradoras chão, pisos, mobília,
do risco grampeador e
fragmentadora de papel.
Risco Físico Exposição ao ruído Fontes Telefones, ar
geradoras condicionado,
do risco impressora
multifuncional,
fragmentadora de papel.
Riscos Biológicos Fungos e Bactérias Fontes Ar condicionado
geradoras
do risco
Medidas de EPIs:
Controle -Cadeira com apoio de braço, suporte para monitor, mouse pad com
Existentes suporte, suporte para pés em alguns postos de trabalho.
EPCs:
-Não possui extintores e placas de alertas.
Medidas de ordem geral ou administrativa:
-Mobílias adequadas, ambiente climatizado e iluminado com lâmpadas
fluorescente.
-Cor das paredes em tons claros que facilita a iluminação do ambiente.
-Reutilização dos papéis usados, pois será picotado e reutilizado em
procedimentos internos do setor operacional.
Medidas de -Organização do posto de trabalho.
Controle -Realizar pausas de 10 minutos a cada 50 minutos de trabalhados
Recomendadas contínuos, realizar alongamento antes, durante e após as atividades.
-Limpeza e manutenção dos filtros de ar condicionados.
-Placas de sinalização de alertas de seguranças.
- Utilizar organizador de cabos nos computadores e impressoras
- Suporte para os pés para todos os colaboradores
- Deixar os móveis com quinas arredondadas.
Fonte: Elaboração da autora (2018).

Os principais riscos inerentes à função de auxiliar administrativo são os riscos


ergonômicos. As medidas preventivas são a utilização dos suportes (monitor, mouse) e
realização de pausas de 10 minutos a cada 50 minutos de trabalhados contínuos,
implementação de alongamento antes, durante e após as atividades.
61

4.3.2 Atendente funerário

O setor de atendimento é composto por 4 atendentes, que compõem um plantão


diurno e um noturno e que trabalham com a jornada 12 x 36 horas. A função exige além
de uma extrema responsabilidade como também um controle emocional, pois trabalha
diretamente com pessoas enlutadas. O contato com os clientes é realizado de forma
presencial e por telefone. Além disso, é responsável por movimentos financeiros de caixa,
preenchimento de planilhas eletrônicas de controles administrativos e de relacionamento
com cliente. No Quadro 19 é apresentado os riscos identificados para a função de
atendente funerário.
62

Quadro 19 - Identificação dos riscos para atendente funerário


Setor Atendimento
Cargo/Função Atendente Funerário
Recepcionar clientes, atendimento via telefone, movimentação de
Atividade caixa, controles internos, e check list de verificações.
Risco Ergonômico Postura inadequada, Fontes Digitação, controles
repetitividade, geradoras diários, cadeiras,
responsabilidade, jornada de do risco bancadas de trabalho e
trabalho excessiva e stress monitor.
físico e emocional.
Risco de acidentes Choque elétrico, batidas Fontes Equipamentos
contra objetos, perfuração. geradoras elétricos, chão, pisos,
do risco mobília, grampeador e
fragmentadora de
papel.
Risco Físico Exposição ao ruído Fontes Telefones, ar
geradoras condicionado,
do risco impressora
multifuncional.
Riscos Biológicos Fungos e bactérias Fontes Ar condicionado
geradoras
do risco
Medidas de EPIs:
Controle -Cadeira com apoio de braço, suporte para monitor, mouse pad
Existentes com suporte, suporte para pés.
EPCs:
-Corrimão e rampa de acessibilidade na entrada. Não foi
identificado extintores de incêndio nem lâmpadas de emergência.
Medidas de ordem geral ou administrativa:
-Mobílias adequadas, ambiente climatizado e iluminado com
lâmpadas fluorescente.
-Cor das paredes em tons claros que facilita a iluminação do
ambiente.
-Reutilização dos papéis usados, pois será picotado e reutilizado
em procedimentos internos do setor operacional.
Medidas de -Organização do posto de trabalho.
Controle -Realizar pausas de 10 minutos a cada 50 minutos de trabalhados
Recomendadas contínuos, realizar alongamento antes, durante e após as
atividades.
-Limpeza e manutenção dos filtros de ar condicionados.
-Placas de sinalização de alertas de seguranças.
- Utilizar organizador de cabos nos computadores e impressoras
-Instalação de um toldo para minimizar a incidência do sol pela
manhã.
-Deixar os móveis com quinas arredondadas.
Fonte: Elaboração da autora (2018).
63

O posto de trabalho é localizado num ambiente climatizado e iluminado por


lâmpadas fluorescente. O local possui portas de vidro que durante o dia transmite luz do
sol. Os colaboradores executam suas atividades na posição sentada de frente a um monitor
de computador com suporte de altura. Realiza o preenchimento de um checklist quando é
realizado um serviço de funeral externo, visando evitar esquecimentos da paramentação do
velório, conforme mostrado na Figura 7.

4.3.3 Auxiliar serviços gerais

O setor de limpeza é composto por 2 auxiliares de serviços gerais. A função exige


proatividade para executar todas as tarefas relacionadas à manutenção e limpeza de todo o
prédio em sua área interna e externa (exceto a sala de procedimentos). Também é
responsável pela limpeza e organização das flores naturais conservadas na câmara fria. A
área externa possui um jardim, o qual necessita de manutenção diariamente. Os
colaboradores trabalham em pé realizando vários movimentos durante o dia. O os riscos
identificados para a função são apresentados no Quadro 20.
64

Quadro 20 - Identificação dos riscos para a função de auxiliar de serviços gerais


Setor Limpeza
Cargo/Função Auxiliar de serviços gerais
Limpeza e organização das salas (exceto sala de procedimento) e capelas
Atividade de velório. Prepara café e chá para consumo interno e para levar para
velórios externos. Limpeza e organização flores natural na câmara fria.
Poda e manutenção do jardim.
Risco Postura em pé, Fontes Rodo, vassoura, pá,
Ergonômico repetitividade, atenção. geradoras do ferramentas de jardinagem.
risco
Risco de Choques elétricos, quedas, Fontes Equipamentos elétricos,
acidentes batidas contra objetos, geradoras do chão, pisos, mobília,
corte, queimaduras, risco ferramenta de jardinagem,
torções. fogão.
Risco Físico Calor, Ruído, frio Fontes Sol, carrinho de corta grama,
geradoras do câmara fria.
risco
Risco Fungos, bactérias e Fontes Material fecal, papéis
Biológico parasitas geradoras do higiênico, recolhimento do
risco lixo.
Risco Químico Substancias químicas Fontes Água sanitária, desinfetante,
oriundas do material de geradoras do sabão em pó, detergente,
limpeza. risco desodorizador spray, Limpa
vidro e limpa piso.
Medidas de EPIs: Bota emborrachada, máscara luvas, óculos de proteção.
Controle
EPCs: Sinalização piso molhado, carrinho funcional de limpeza,
Existentes
exaustores nos banheiros.
Medidas de ordem geral ou administrativa:
-As paredes são pintadas em tons claros.
-A ordem da poda das plantas é de acordo com a sombra no local.
- Manter sempre os pisos secos ou colocar placas, sinalizando que o piso
está molhado ou escorregadio. Não encerar o chão.
- Não utilizar tapetes de tecido, apenas do modelo capacho.
Medidas de -Utilização de todos os EPIs.
Controle - Possuir e aplicar medidas do Programa de Controle Médico de Saúde
Recomendada Ocupacional (PCMSO).
s -Organização do posto de trabalho, realizar pausas de 10 minutos a cada
50 minutos de trabalhados contínuos, realizar alongamento antes, durante
e após as atividades.
- Usar vestimenta térmica para realizar atividades na câmara fria.
- Coleta seletiva do lixo.
- Recolher o saco de lixo das lixeiras, dando um nó antes de recolhê-lo.
- Deixar os Móveis com quinas arredondadas.
- Camisa de proteção solar, para realizar atividades na área externa.
- Disponibilizar escadas apropriadas com a finalidade de alcançar objetos
no alto, para evitar utilizarem outros objetos sem segurança.
Fonte: Elaboração da autora (2018).
65

A exposição aos riscos biológicos, químicos e de acidente, citados no Quadro 20,


podem causar sérios danos à saúde do colaborador. Para evitar possíveis danos se faz
necessário à utilização de todos os EPIs, ter atenção ao recolher o lixo, realizar pausas de
10 minutos a cada 50 minutos de trabalhados contínuos, realizar alongamento antes,
durante e após as atividades.
O empregador tem a obrigação de possuir e aplicar medidas do Programa de
Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), disponibilizar vestimentas adequadas
para a exposição ao frio e ao calor.

4.3.4 Agente funerário

O setor operacional é composto por 4 agentes funerário, que compõem um plantão


diurno e um noturno e que trabalham com a jornada 12 x 36 horas. A função exige além
de uma extrema responsabilidade como também um controle emocional, pois trabalha
diretamente com cadáveres em vários estados de conservação. Além disso, são
responsáveis pelo transporte por via terrestre numa região composta por 22 cidades num
raio de 120 km da cidade base que é Assu.
A sala de procedimentos é um ambiente climatizado e iluminado por lâmpadas
fluorescente. O ambiente possui equipamentos e produtos químicos específicos para a
realização dos procedimentos de limpeza e conservação de cadáveres. Neste posto de
trabalho os colaboradores executam suas atividades em pé.
Entretanto, quando estão realizando o translado ficam na posição sentada. Além da
urna com os cadáveres transporta também a paramentação funerária composta por suporte
para urnas, velas, livro, castiçais e resplendor.
O mesmo tem acesso à câmara fria, onde ficam as flores naturais, que serve para
ornamentar a urna mortuária. No Quadro 21 é apresentado os riscos identificados para
essa função.
66

Quadro 21 - Identificação dos riscos na função de agente funerário


Setor Procedimentos

Cargo/Função Agente Funerário


Remoção terrestre, higienização, tamponamento, conservação,
Atividade tanatopraxia e necromaquiagem em cadáveres humanos, ornamentação
de urnas, preparação das flores naturais para ornamentação do corpo,
organização e transporte paramentação fúnebre. Lavagem fardamento.
Risco Postura inadequada, Fontes Operação em maquina fixa,
Ergonômico repetitividade, atenção, geradoras trabalho em pé em bancadas
responsabilidade e stress físico do risco e maquinas fixas, carro
e emocional, levantamento e fúnebre. Transporte e
transporte de peso. movimentação dos
cadáveres e paramentação.
Risco de Choques elétricos, quedas, Fontes Equipamentos elétricos,
acidentes batidas contra objetos, pressão geradoras chão, pisos, mobília,
gerada pela bomba injetora, do risco instrumentação cirúrgicas,
perfurocortantes, e colisão de bomba injetora e
veículos, armazenamento automóvel.
inadequado dos produtos.
Risco Físico Ruído, frio Fontes Bomba injetora e aspiradora
geradoras e ar condicionado e acesso a
do risco câmara fria,
Risco Biológico Bactérias, vírus, fungos e Fontes Preparação de cadáveres
parasitas. geradoras humanos. Limpeza da sala
do risco de procedimentos.
Manuseio e transporte do
Lixo contaminado.
Risco Químico Produtos químicos Fontes Pro Stanch, Pó para
geradoras Incisão (PI. 3), IC
do risco Intensocor, Clear –
Desinfetânatus tópicos,
Tanatogel GM, TA 2E, TA
14, TA 32, 24 A, AC
Tatatosolvente arterial, TC
20
Água sanitária,
desinfetante,
desodorizador spray

Medidas de EPIs: Avental descartável, botina em PVC, Capote, luva cano longo
Controle contra agentes mecânicos e químico, luva látex para procedimento,
Existentes macacão em poliéster, óculos de proteção ampla visão, respirador
purificador de ar tipo peça semifacial. Fardamento para uso externo e
fardamento para uso na sala de procedimentos

EPCs: Placas de Sinalização, plataforma de elevação, armário de EPIs e


vestimenta. Não possui extintores, nem chuveiro de emergência e
lâmpadas de emergência.
67

Medidas de ordem geral ou administrativa:


- Manutenção da frota de carros
-Treinamento de procedimentos técnicos.
-O recolhimento do lixo biológico é realizado por uma empresa
especializada.
-Local possui ralos sifonados que evitam a entrada de animais
peçonhentos.
-Reaproveitamento dos papeis picotados para preencher laterais da urna
mortuária.
- Lavar as mãos após o término de cada exame ou procedimento.
- Manter unhas aparadas e limpas
- Não fumar na sala de procedimentos
-É vedado o uso de adornos (anéis, brincos, correntes) que possam
acumular sujeira ou albergar possíveis microrganismos patogênicos,
além de facilitarem a ocorrência de acidentes.
-Não guardar ou consumir alimentos ou bebidas na sala de
procedimentos.
Medidas de -Utilizar de todos os EPIs.
Controle -Manter o ambiente e ferramentas limpas e organizadas.
Recomendadas - Colocar placas de aviso com todos as medidas administrativas.
- Criar POP
-Possuir e aplicar medidas do Programa de Controle Médico de Saúde
Ocupacional
-Manter vacinas em dias (Hepatite B, Difteria, Tétano, Sarampo,
Caxumba e Rubéola, Influenza, Varicela, Hepatite A, Gripe,-
Pneumococo, Varicela ou Catapora - Dengue - Hepatite A - Hepes
zoste)
- Dispor Ficha de Informação de Segurança do Produto Químico-FISPQ
-Realizar pausas de 10 minutos a cada 50 minutos de trabalhados
contínuos, realizar alongamento antes, durante e após as atividades.
-Usar roupa térmica para realizar atividades na câmara fria.
- Estufa para esterilizar a instrumentação cirúrgica
-Armazenar todos os produtos químicos em um almoxarifado,
identificados e armazenado de acordo com suas propriedades e com
acesso restrito aos agentes funerários.
-Criar cronograma semanal de limpeza e desinfecção da sala de
procedimento. (paredes, tetos e mobiliários).
- Lâmpadas de emergências
- Torneiras com comando de acionamento sem o contato
- Lavatórios devem ter uma barreira de segurança que separa do restante
da sala.
- Deve conter sabonete líquido, toalha descartável e lixeira provida de
sistema de abertura sem contato
- Chuveiro de emergência
- Extintores de incêndio
- Maquina de lavar roupa.
- Limpeza e manutenção dos filtros de ar condicionados com frequência.

Fonte: Elaboração da autora (2018).


68

Os riscos químicos estão presentes em todo o processo de execução da preparação e


conservação de cadáveres. A probabilidade de ocorrência do dano depende da atenção e da
e utilização dos EPIs de acordo com as respectivas substâncias químicas utilizadas.
De acordo com o Quadro 21, os riscos químicos identificados na função dos agentes
funerários são produtos químicos específicos, que são manipulados dentro da sala de
procedimentos. A sala não possui chuveiro de emergência.
Dentre os riscos físicos estão o ruído e frio. O ruído está presente no momento da
utilização da bomba injetora e aspiradora, além do ar condicionado. Os riscos biológicos
estão presentes através dos possíveis fungos, vírus, bactérias e parasitas no momento
preparado dos cadáveres. Como medida recomendada se faz necessário à utilização de
todos os EPIs e a exigência da atualização da vacinação de todos os agentes funerários.
Entre os riscos de acidente, pode-se citar o risco com eletricidade, perigo de
incêndio, corte, colisão com veículos, queda e batida contra objetos.
Os riscos ergonômicos são a postura incorreta, responsabilidade excessiva, por se
tratar de uma prestação de serviço delicada, turnos de trabalho noturno, e jornada de
trabalho excessiva quando é preciso realizar translado para cidades mais distantes, o stress
físico e emocional e repetitividade em movimentos.

4.4 AVALIAÇÃO QUALITATIVA DOS RISCOS

Após a identificação dos riscos, com base nas entrevistas e nas observações feitas
na empresa analisada, foram atribuídos índices de probabilidade de ocorrência,
consequência e exposição, e os riscos foram classificados como aceitável, moderado,
substancial, alto e muito alto.
Verificou-se que os riscos ergonômicos são os mais comuns para as funções de
administrativos e supervisão, pois estes estão no mesmo espaço e possuem similaridades
nas atividades. Após a análise constatou-se que as atividades realizadas por essas funções
possuem uma magnitude de risco entre 21 e 70 o que corresponde a uma classificação de
“M ” é / “N ,
deve- ” todos os riscos ergonômicos, físico, acidente e biológico.
Porém existe um risco de grau de magnitude entre 200 e 400 que é classificado com
alto com é / “ ”q é
exposição ao ruído, onde na próxima seção será analisada quantitativamente. Após a
69

tabulação de todos dados obtidos e classificação dos riscos para as funções de auxiliar
administrativo e supervisor administrativo os resultados são apresentados no Quadro 22.
70

Quadro 22- Classificação dos riscos para função de auxiliar administrativo e supervisor administrativo.
Produto
Classificação Índice Índice Índice Categoria
Setor
do Risco
Risco Consequência Onde
( P) (C) (E)
(P)x (C) x
do Risco
(E)
Administrativo Ergonômico Postura Inadequada Fadiga Posto de trabalho 6 1 10 60 Moderado
Lesão por esforço
Administrativo Ergonômico Repetitividade Computador 6 1 10 60 Moderado
repetitivo ( LER)
Administrativo Ergonômico Responsabilidade Stress emocional Controles interno 6 1 10 60 Moderado
Equipamentos
Administrativo Acidente Exposição elétrica Eletrocussão /Eletrização 1 100 0,5 50 Moderado
elétricos
Batidas contra
Administrativo Acidente Hematomas Mobílias 6 1 10 60 Moderado
objetos
Administrativo Acidente Grampear papel Perfuração/ corte Grampeador 6 1 10 60 Moderado
Perda da acuidade Equipamentos
Administrativo Físico Exposição ao Ruído 6 25 6 900 Muito alto
auditiva elétricos
Administrativo Biológicos Fungos e Bactérias Doenças respiratórias Ar condicionado 6 1 10 60 Moderado
Fonte: Elaboração da autora (2018).

Para a função de atendente funerário pode-se descrever a maior parte dos riscos com uma magnitude de risco entre 21 e 70 o que
“M ” é / “N , -se
”. Porém existem dois riscos de grau de magnitude entre 200 e 400 que é classificado com alto com critério de atuação/ação
“Correção Imediata” que é a exposição ao ruído e a luminosidade excessiva. Vale salientar que iluminação é um
fator primordial num ambiente de trabalho, pois ela é responsável para evitar acidentes de trabalho, assegurar a garantia da qualidade dos
serviços/produtos e consequentemente pela produtividade da equipe. A NR 17 fala sobre a luminosidade no ambiente de trabalho e no item
17.5.3.2 q “ iluminação geral ou suplementar deve ser projetada e instalada de forma a evitar ofuscamento, reflexos incômodos”.
71

No ambiente de trabalho do atendente funerário foi constatada uma luminosidade excessiva no período da manhã, isso por causa da
posição geográfica do prédio e fica evidente que prejudica substancialmente a visão do atendente diurno durante algumas horas do período da
manhã. Para evitar tal risco, sugere-se a colocação de um toldo ou uma persiana com o intuito de reduzir a intensidade da luz solar no
ambiente. O Quadro 23 mostra a classificação do risco para a função de atendente funerário.

Quadro 23– Classificação dos riscos para a função de atendente funerário


Produto
Classificação Índice Índice Índice Categoria
Setor Risco Consequência Onde (P)x (C) x
do Risco ( P) (C) (E) do Risco
(E)
Atendimento Ergonômico Postura Inadequada Fadiga Posto de trabalho 6 1 10 60 Moderado
Lesão por esforço
Atendimento Ergonômico Repetitividade Computador 6 1 10 60 Moderado
repetitivo (LER)
Atendimento Ergonômico Responsabilidade Stress emocional Controles interno 6 1 10 60 Moderado
Jornada de Trabalho
Atendimento Ergonômico Stress físico Controles interno 6 1 10 60 Moderado
noturno
Equipamentos
Atendimento Acidente Exposição elétrica Eletrocussão /Eletrização 3 15 1 45 Moderado
elétricos
Atendimento Acidente Batidas contra objetos Hematomas Mobílias 6 1 10 60 Moderado
Atendimento Acidente Grampear papel Perfuração/ corte Grampeador 6 1 10 60 Moderado
Perda da acuidade Equipamentos
Atendimento Físico Exposição ao Ruído 6 25 10 1500 Muito alto
auditiva elétricos
Luminosidade
Atendimento Físico Problemas visuais Luz do sol 6 25 10 1500 Muito alto
excessiva
Atendimento Biológicos Fungos e Bactérias Doenças respiratórias Ar condicionado 6 1 10 60 Moderado
Fonte: Elaboração da autora (2018).
72

Para a função de auxiliar de serviços gerais pode-se descrever a maioria dos riscos com
uma magnitude de r 21 70 q “M ”
é / “N , - ”.
Porém existem dois riscos com grau de magnitude entre 70 e 200 que é classificado
com substancial com critério de atuação/ação corretiva classificada “Correção Urgente”
que foi o frio evidenciado na atividade da limpeza e organização das flores naturais na
câmara fria. Com uma temperatura média de 16 °C o ambiente possui temperatura fria e que
se constitui num risco potencial à saúde dos trabalhadores, pois pode causar desconforto,
doenças ocupacionais, acidentes e até mesmo morte, quando o colaborador fica preso
acidentalmente em ambientes frios ou imerso em água gelada.
O local não possui sinalização, nem termômetro para indicar a temperatura. Vale
ressaltar que as pessoas expostas a esse tipo de ambiente devem estar protegidas contra a
exposição ao frio de modo que a temperatura central do corpo não fique abaixo de 36 °C.
Não foi evidenciado nenhum EPI para tal finalidade. Como medida preventiva a sugestão é
a disponibilidade de vestimentas adequadas à temperatura, um termômetro para mostrar a
temperatura do local. Outro risco com essa magnitude é a exposição prolongada ao calor que
pode causar irritabilidade aguda, fraqueza, ansiedade e incapacidade de concentrar-se.
Como medida preventiva sugere-se a utilização de uma camisa de manga longa e realizar as
podas seguindo a sombra do ambiente.
Também foi evidenciada uma atividade com grau de magnitude entre 200 e 400 que é
classificado com alto com é / “Correção
Imediata”, foi à exposição a temperatura do fogão. Os colaboradores também utilizam um
fogão a gás para fazer café e chá que são utilizados durante os velórios realizados nas
capelas da empresa e também em locais externos. Com essa atividade os colaboradores
ficam expostos tanto a temperatura do fogão quanto ao líquido quente durante o preparo que
pode ocasionar queimaduras tanto de 1º como de 2º grau. Para evitar tal risco é recomendada
a aquisição de uma cafeteira e uma chaleira elétrica que diminui o contato que o trabalhador
terá com o líquido quente e elimina o chama do fogão da operação. Com uma magnitude de
risco acima de 400, q “Muito Alto” ritério de
atuação/ação corretiva classificada de Suspensão Imediata, foi à exposição aos riscos
biológicos durante a limpeza e manutenção dos banheiros. Essa atividade
73

necessita ser executada com todos os EPIs além de toda atenção para o recolhimento do lixo. A classificação do risco para a função de
auxiliar de serviços gerais é apresentada no Quadro 24.
Quadro 24- Classificação dos riscos para função de auxiliar de serviços gerais
Produto
Classificação Índice Índice Índice Categoria
Riscos Consequência Onde (P)x (C) x
do Risco ( P) (C) (E) do Risco
(E)
Ergonômico Postura Inadequada Fadiga Posto de trabalho 6 1 10 60 Moderado
Lesão por esforço
Ergonômico Repetitividade Computador 6 1 10 60 Moderado
repetitivo (LER)
Ergonômico Atenção Stress emocional Controles interno 6 1 10 60 Moderado
Equipamentos
Acidente Exposição elétrica Eletrocussão /Eletrização 3 15 1 45 Moderado
elétricos
Batidas contra
Acidente Hematomas Mobílias 6 1 10 60 Moderado
objetos
Executar atividades
Acidente Quedas / contusões Piso 6 15 10 900 Muito alto
em movimento
Manuseio com
Acidente fogo / Liquido Queimadura Fogão 6 5 10 300 Alto
quente
Exposição ao Perda da acuidade Equipamentos
Físico 6 25 10 1500 Muito alto
Ruído auditiva elétricos
Físico Exposição ao Frio Hipotermia Câmara fria 6 5 6 180 Substancial
Físico Exposição ao calor Desidratação Áreas externas 6 5 6 180 Substancial
Fungos, bactérias e Doenças virais e
Biológicos Banheiros 6 25 10 1500 Muito alto
parasitas bacterianas
Substâncias Produtos de
Químico Intoxicação 6 1 10 60 Moderado
químicas Limpeza

Fonte: Elaboração da autora (2018).


74

Após analisar as atividades realizadas pela função de agente funerário pôde-se classificar a
maioria dos riscos ergonômicos com uma magnitude de risco entre 21 e 70 o que corresponde
“M ” é /
“N urgente, mas deve- ”. Porém foram evidenciadas algumas atividades com risco
de grau de magnitude entre 70 e 200 que é classificado com substancial com critério de
/ “ U ”.
Neste tipo de classificação pode-se citar o transporte material e da paramentação
funerária como um possível dano a saúde do colaborador. Como medida preventiva a empresa
forneceu um carrinho de elevação que é utilizado pelos colaboradores apenas para transportar
urna mortuária com o cadáver para colocar no carro fúnebre e realizar o transporte. Porém
para os outros materiais necessários para a realização de um velório externo o colaborador
realiza o transporte manual dos itens, e a sugestão é utilizar o carrinho de elevação para
transportar todo o material, reduzindo assim o esforço físico.
Outro risco com essa magnitude foi observado no ato de utilizar instrumentação
cirúrgica onde pode causar cortes ou perfuração e ainda contaminar o colaborador com algum
vírus ou bactéria. Como medida preventiva foi sugerida a utilização de luvas e atenção por
parte dos colaboradores. E para evitar possíveis contaminações foi orientada a aquisição de
uma estufa para esterilizar toda a instrumentação cirúrgica.
Também foi evidenciado o frio quando o trabalhador entrar na câmara fria para
realizar atividades de preparação das flores naturais para realizar a ornamentação do corpo,
sendo necessária a utilização de uma roupa térmica para evitar o desconforto causado pela
baixa temperatura da sala. Com uma magnitude de risco acima de 400, o que corresponde a
uma classific “Muito Alto” é /
“S ” riscos químicos e biológicos. Durante o
manuseio de cadáveres humanos, tanto o local quanto os equipamentos, mobílias e
instrumentos ficam expostos aos vírus, bactérias, fungos, parasitas.
Não foi evidenciado estufa para esterilização dos instrumentos. Todos os equipamentos,
produtos químicos e higiene ficam em uma prateleira aberta ficando expostos a
microrganismos patogênicos. A sugestão é acondicionar esses materiais em um armário de
aço que possui superfície lisa que facilita a limpeza e desinfecção e com portas de vidro para
facilitar a visualização dos produtos. É de extrema importância que os produtos possuam
etiquetas contendo informações e composição.
Outra medida para reduzir os riscos biológicos é a vacinação contra algumas doenças
75

virais como Hepatite B, Difteria, Tétano, Sarampo, Caxumba e Rubéola, Influenza, Varicela,
Hepatite A, Gripe, Pneumococo, Varicela ou Catapora, Dengue, Hepatite A, Hepes zoste.
Vale salientar que a maioria dessas vacinas está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS).
Realizar exames ocupacionais de acordo com o PCMSO da empresa.
A limpeza da sala de procedimentos é de responsabilidade do agente funerário após o
término dos procedimentos. Porém esse tipo ambiente necessita de limpeza específica com o
objetivo de remover as sujeiras, tanto químicas quanto biológicas com o intuito de controlar,
reduzir, prevenir e até eliminar riscos que possam comprometer a saúde dos colaboradores.
Deve-se não somente lavar o chão e mesa cirúrgica, mas também lavar semanalmente as
paredes, desinfetar mobílias, bancadas e utensílios com álcool 70%. Além de esterilizar a
instrumentação cirúrgica.
Na sala de procedimentos não existe uma barreira de segurança que separe o lavatório
do restante da sala. Também se faz necessárias torneiras com acionamento, sem o contato,
deve disponibilizar sabonete líquido, toalha descartável e lixeira provida de sistema de
abertura sem contato para os colaboradores higienizarem suas mãos e utensílios.
Outro cuidado é no momento do manuseio do lixo gerado durante os procedimentos
para evitar contaminação. Isso porque esse profissional é responsável de recolher esse lixo e
levar para o recipiente que será incinerado pela empresa especializada neste tipo de lixo. Na
Figura 15 é evidenciado uma lixeira para recolher os resíduos gerados na sala de
procedimentos e o tambor fornecido pela empresa especializada em resíduos.

Figura 15 - Reservatório utilizado na sala de procedimentos para incineração de lixo

Fonte: Arquivo da autora (2018).


76

O risco químico está presente durante toda a etapa de preparação dos cadáveres. A
utilização dos EPIs, a atenção ao manusear é de extrema importância para evitar o contato ou
inalação dos mesmos. Como mencionados anteriormente, todos os produtos químicos estão
dispostos na própria sala de procedimentos, o que torna suscetível a acidentes.
Deve-se salientar que todos os produtos químicos utilizados necessitam estar
armazenados em local apropriado com sinalização de fácil visualização para identificação do
ambiente, de acordo com a NR 26 do Ministério do Trabalho. Ter acesso restrito, além de
armazenar os produtos de acordo com a compatibilidade, em local seguro e bem ventilado,
onde não possa ocorrer confinamento de vapores e gases.
Outra medida importante é possuir ficha de informação de segurança do produto
químico (FISPQ). Essa ficha é um documento normalizado pela Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT) conforme norma, ABNT-NBR 14725, “F
Dados de Segurança”. Segundo Decreto nº 2.657 de 03/07/1998 (promulga a Convenção nº
170 da Organização Internacional do Trabalho - OIT), deve ser recebido pelos empregadores
que utilizem produtos químicos, e é um documento obrigatório para a comercialização destes
produtos. Esta ficha fornece informações sobre as especificações dos produtos químicos
(substâncias ou misturas) quanto à segurança, à saúde e ao meio ambiente além de
recomendações sobre medidas de proteção e ações em situação de emergência. A
Classificação dos riscos para a função de agente funerário é apresentada no Quadro 25
77

Quadro 25- Classificação dos riscos para a função de agente funerário


Produto
Classificação Índic Índic Índic Categoria do
Perigo Risco Onde (P)x (C)
do Risco e ( P) e (C) e (E) Risco
x (E)
Ergonômico Postura Inadequada Fadiga Posto de trabalho 6 1 10 60 Moderado
Ergonômico Repetitividade Lesão por esforço repetitivo Computador 6 1 10 60 Moderado
Ergonômico Atenção Stress emocional Controles interno 6 1 10 60 Moderado
Ergonômico Jornada de Trabalho Stress físico Controles interno 6 1 10 60 Moderado
Transporte da
Ergonômico Peso Lesão lombar 6 5 6 180 Substancial
paramentação funerária
Acidente Exposição elétrica Eletrocussão /Eletrização Equipamentos elétricos 6 1 10 60 Moderado
Acidente Batidas contra objetos Hematomas Mobílias 6 1 10 60 Moderado
Executar atividades em
Acidente Quedas / contusões Piso 6 1 10 60 Moderado
movimento
Acidente Objetos perfurocortante Perfuração / Corte Instrumentação cirúrgica 6 5 6 180 Substancial
Físico Exposição ao Ruído Perda da acuidade auditiva Equipamentos elétricos 6 25 10 1500 Muito alto
Físico Exposição ao Frio Hipotermia Câmara fria 6 5 6 180 Substancial
Fungos, vírus bactérias e Doenças virais bacterianas,
Biológicos Lavagem fardamento 10 25 6 1500 Muito alto
parasitas fúngica
Limpeza sala de
Fungos, vírus bactérias e Doenças virais bacterianas,
Biológicos procedimento/ 10 25 6 1500 Muito alto
parasitas fúngica
recolhimento do lixo
Fungos, vírus bactérias e Doenças virais bacterianas,
Biológicos Preparação de cadáveres 10 25 6 1500 Muito alto
parasitas fúngica
Biológicos Fungos, vírus bactérias Doenças virais bacterianas, Ar condicionado 6 25 6 1500 Muito alto
Substancias químicas
Químico Intoxicação Produtos químicos 10 50 6 3.000 Muito alto
específicas
Fonte: Elaboração da autora (2018).
78

A sala de procedimentos não possui chuveiro de emergência que é um equipamento


projetado para promover uma descontaminação eficiente, utilizando um fluxo controlado de
água, com uma velocidade relativamente alta, mas sem causar dano ao usuário. Sendo assim,
em caso de algum acidente com produto químico o colaborador não tem como se
descontaminar.

4.4.1 Avaliação quantitativa utilizando instrumentos técnicos

Entre os dias 19 de julho de 2018 foram realizadas medições técnicas nos setores da
empresa estudada. Estas se referem à identificação durante o período de verificação dos
riscos, sendo elas medições de intensidade de iluminação e ruído. Os procedimentos de
análise e resultados serão apresentados neste tópico.

4.4.1.1 Intensidade de iluminação

As condições de intensidade de iluminação são amplas e variadas, dependendo de


vários fatores como, por exemplo, a incidência da luz solar. A posição geográfica da
empresa faz com que haja uma forte intensidade solar na sala de atendimento pela manhã,
levando em consideração que o ambiente possui portas de vidro que permite uma maior
incidência da luz solar no local. Sendo assim, foram realizadas aferições em três turnos
(manhã, tarde e noite) buscando analisar a realidade do colaborador de acordo com o turno.
Como referência foi utilizado a consulta na ABNT NBR ISO/CIE 8995-1:2013, conforme
Quadro 26.
79

Quadro 26- Iluminância de acordo com a ABNT


__
Tipo de ambiente, tarefa ou atividade Em UGRL Ra Observação
lux
2. Escritórios
Arquivamento, cópia, circulação etc. 300 19 80
Trabalho com VDT ver
Escrever, teclar, ler, processar dados 500 19 80
4.10
Desenho técnico 750 19 80
Estações de projeto assistido por Trabalho com VDT ver
500 19 80
computador 4.10
Recomenda-se que a
Salas de reunião 500 19 80 iluminação seja
controlada
29. Locais de assistência médica
Salas de esterilização 300 22 80
Sala de desinfecção 300 22 80
Mesas de autópsia e necrotérios 500 19 90
Valores maiores que
Mesa de autópsia e mesa de dissecação 5.000 90 5.000 lux podem ser
necessários.
Fonte: ABNT NBR ISO/CIE 8995-1 (2013).

Ao realizar as medições no setor de atendimento, observou-se que a iluminância no


período da manhã é 585 luxes, constatando-se que a iluminação solar incomoda o
colaborador que está de plantão neste turno. No turno vespertino possui incidência da luz
solar e luz artificial e no turno noturno apenas iluminação artificial. A norma ABNT NBR
ISO/CIE 8995-1:2013 recomenda 500 lux para ambientes onde é executado atividades de
escrever, teclar, ler, processar dados. Com isso, foi constatado que a iluminação no período
da noite está abaixo do estabelecido pela norma, sendo necessárias correções. As medições
realizadas estão apresentadas no Quadro 27.

Quadro 18- Níveis de iluminância no setor de atendimento


Iluminância (lux)
Setor Local Manhã Tarde Noite
Atendimento Recepção 585 196 0,95
Fonte: Elaboração da autora (2018).

Nos demais setores, são ambientes são fechados com porta de madeira e em sua
maioria não possuem janelas. A iluminação noturna é totalmente artificial. Sendo assim,
deve-se sempre trabalhar com todas as lâmpadas acesas. Após as aferições foi identificado
80

que a iluminância está abaixo do esperado no setor administrativo e isso pode prejudicar a
visão dos colaboradores conforme descrito no Quadro 28.

Quadro 19– Iluminância demais setores


Setor Local Iluminância (lux)
Administrativo Posto 1 0,58
Administrativo Posto 2 0,57
Administrativo Posto 3 0,67
Administrativo Posto 4 0,46
Supervisão Posto 1 120
Operacional Câmara Fria 0,75
Operacional Sala procedimento 327
Fonte: Elaboração da autora (2018).

Para a sala de procedimentos foram utilizados os parâmetros da ABNT NBR ISO/CIE


8995-1:2013 determinados para autopsias e necrotérios, por ser atividades, mas próximas
das realizadas na sala de procedimento. Constatou-se que nesse setor, os níveis de
iluminância estão abaixo do esperado necessitando de adequações.

4.4.1.2 Medição de níveis de ruídos contínuos

Em alguns setores há equipamentos que apresentam ruídos contínuos ou intermitentes.


Para efeitos da NR 15, deve-se calcular um limite de tolerância referente a máxima
exposição diária que o trabalhador pode permanecer no local de acordo com o nível de
ruído.
As medições foram feitas em equipamentos que foram mencionados como geradores
de ruídos durante as entrevistas. São aparelhos de ar condicionado, telefones, bomba injetora
e bomba aspiradora. Os resultados das medições de todos os equipamentos que geram ruídos
são apresentados no Quadro 29.
81

Quadro 209- Decibéis (dB) gerados pelo ar condicionado por setor


Ruído Medições (dB)
Setor Equipamento Local Máxima Mínima Média
Administrativo Ar condicionado Fonte 84,5 59,1 71,8
Administrativo Ar condicionado Posto 1 57 54 55,5
Administrativo Ar condicionado Posto 2 63,5 54,3 58,9
Administrativo Ar condicionado Posto 3 72,5 54,8 63,65
Administrativo Ar condicionado Posto 4 79,5 49,1 64,3
Supervisão Ar condicionado Posto 1 80 62,8 71,4
Operacional Ar condicionado Fonte 76 62 69
Operacional Ar condicionado Posto 1 70 64 67
Atendimento Ar condicionado Fonte 77 52 64,5
Atendimento Ar condicionado Posto 1 51,7 46,6 49,15
Sala de procedimentos Bomba injetora Fonte 88,5 61,2 74,85
Sala de procedimentos Bomba injetora Posto 1 70 64 67
Sala de procedimentos Bomba aspiradora Fonte 90 71 80,5
Sala de procedimentos Bomba aspiradora Posto 1 75,8 72 73,9
Atendimento Telefone fixo Fonte 84,2 51,2 67,7
Atendimento Telefone fixo Posto 1 83,2 69,9 76,55
Serviços Gerais Carrinho de cortar grama Fonte 87 71 79
Serviços Gerais Carrinho de cortar grama Posto 77 53 65
Fonte: Elaboração da autora (2018).

Partindo desse pressuposto a partir de 88 decibéis a empresa já pode trabalhar no


controle de ruído ocupacional. A ação recomendada é seguir as medidas de controle prevista
na NR 9 que são: medidas administrativas, medidas coletivas e por último as medidas de
controle individual que seria os protetores auditivos. Três instrumentos possuem um maior
ruído na fonte acima de 85 dB que são: bomba injetora, bomba aspiradora e o carrinho de
cortar grama. Como medida administrativa seria realizar manutenção em todas as maquinas,
evitando assim desgaste e consequentemente mais ruído. Como media coletiva seria
substituir esses equipamentos por outros mais modernos e mais silenciosos.

4.5 MAPA DE RISCO

Para a construção do mapa de risco foi realizado o levantamento do perfil dos


trabalhadores que desenvolvem estas atividades (sexo, idade, escolaridade, tempo de
admissão), os instrumentos e materiais utilizados, as atividades exercidas e o ambiente.
82

Logo após foi feita a identificação dos riscos existentes no local e classificação dos
mesmos. Além de descrever as medidas preventivas existentes e sua eficácia, como, a
verificação dos equipamentos de proteção individuais e coletivos. A última etapa consistiu
na elaboração do mapa de riscos, utilizando o layout do local, com o grupo a qual o risco
pertence, a intensidade do risco e o número de pessoas expostas ao risco. O mapa foi
elaborado individualmente por setor: administrativo, atendimento, sala de procedimentos,
copa e câmara fria.
O mapa de risco do setor de atendimento é apresentado na Figura 15, identificando os
riscos para a função. Vale ressaltar que o excesso de luminosidade através da luz solar foi o
risco com maior impacto para o setor.
83

Figura 16 - Mapa de risco do setor de atendimento


84

O mapa de risco do setor administrativo é representado na Figura 17. Vale ressaltar que não houve riscos mais intensos no setor. Pois o
único risco de magnitude alta foi o ruído, porém após uma análise quantitativa constatou-se que esse agente está dentro dos limites de
tolerância.
Figura 17- Mapa de risco do setor administrativo e supervisão

Fonte: Elaboração da autora (2018).


85

Na Figura 18 é representado o mapa de risco do setor de serviços gerais, no qual os riscos mais intensos classificados como de
magnitude alta e muita alta foram os riscos biológicos, físicos e de acidente.

Figura 18- Mapa de risco do setor de serviços gerais

Fonte: Elaboração da autora (2018).


86

O mapa de risco do setor dos agentes funerário é representado na Figura 19, em que os riscos mais intensos classificados como de
magnitude alta e muita alta foram os riscos biológicos, químicos e físicos. Já os de acidente como de intensidade média.

Figura 19- Mapa de risco do setor da sala de procedimentos


Fonte: Elaboração da autora (2018).
87

O mapa de risco alerta e conscientiza os funcionários dos riscos existentes na empresa


e tem o objetivo de incentivar a eliminação ou controlar os riscos. A NR 5 estabelece o
desenvolvimento do mapa de risco na empresa e as CIPAs (Comissão Interna de Prevenção
de Acidentes) são as responsáveis por elabora-los com a colaboração do SESMT (quando
existir), ressaltando a participação de todos os colaboradores expostos aos riscos nos setores
analisados.

Na empresa analisada não possui CIPA, mas não estão livres das multas previstas pela
NR 1, 1.7, í “ ”. Pois, no caso de não existir CIPA, precisa treinar um
colaborador para ser o designado da CIPA e este pode elaborar o mapa ou então contratar
um profissional capacitado ou até mesmo uma consultoria em segurança do trabalho para
construírem o mapa de risco, e não importando o porte da empresa, quantidade de
funcionários ou segmento.

A empresa contrata um técnico para a elaboração do PPRA (Programa de Prevenção


de Riscos Ambientais), porém não possui PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde
Ocupacional) nem o mapa de risco.
88

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a colaboração e com o apoio dos diretores da empresa foi possível conhecer todo
o processo de trabalho da funerária analisada, visto que o acesso às informações foi cedido
de forma imparcial. E no decorrer das observações perceberam-se aspectos importantes em
relação ao tema do estudo, como a identificação dos riscos existentes na empresa por função,
facilitando na hora da coleta de dados e na classificação dos riscos, haja vista que cada setor
realiza atividades que possuem níveis de riscos diferentes.
A entrevista com os colaboradores foi de extrema importância para ter como base
alguns dados para em seguida realizar observações e apontamentos que não são perceptíveis
aos olhos dos colaboradores, pois na maioria das vezes os funcionários demostram não
possuir conhecimento sobre o assunto. A maior dificuldade nessa etapa foi encontrar os
agentes funerários durante o horário das visitas, pois os mesmos também executam
atividades externas, como o transporte terrestre dos cadáveres, e ficam várias horas ausentes
da empresa. E por causa disso, foram realizadas várias visitas para conseguir realizar essa
etapa.
Durante a entrevista com os gestores da empresa, foi relatado à preocupação em
manter tudo organizado dentro das normas existentes. Quando informados sobre a falta de
alguns equipamentos de proteção coletiva, como extintores de incêndio, chuveiro de
emergência, lâmpadas de emergência, os mesmos afirmaram que irão providenciar o mais
rápido possível.
Observa-se que a empresa possui uma postura séria com relação a saúde e segurança
dos seus colaboradores através do fornecimento de todos os EPIs. E todos os colaboradores
afirmam que utilizam todos os equipamentos cedidos pela a empresa.
A função de agente funerário é a mais propensa a acidentes, pois estão expostos aos
riscos químicos e biológicos os quais podem acarretar em problemas graves de saúde. No
posto de trabalho desses colaboradores, foram identificadas algumas irregularidades no que
se refere ao armazenamento dos produtos químicos dispostos em baixo das bancadas. Não
foi identificado o PCMSO, para abordar o programa de vacinação desses colaboradores para
evitar o contagio de alguns agentes nocivos biológicos.
Nas avaliações qualitativas foi utilizada uma ferramenta de classificação do risco
baseado no método William T. Fine. Nesta etapa, construiu-se um quadro com todas as
89

atividades e os riscos relacionados a tais execuções e em seguida classificado como


aceitável, moderado, notável, alto e muito alto.
Nas avaliações quantitativas foram realizadas medições de intensidade de iluminação
através de um aparelho chamado luxímetro o qual constatou que a iluminância de
praticamente todos os setores estão abaixo da norma vigente. Também foram realizadas
medições de níveis de pressão sonora, utilizando o aparelho decibelímetro. Constatou-se que
apenas os ruídos emitidos pela bomba injetora, bomba aspiradora e carrinho de cortar grama
estão acima do limite permitido para exposição de 8 horas. Porém os colaboradores não
ficam exposto as 8 horas seguidas aos ruídos gerado por tais equipamentos.
Após todas as etapas de coletas de dados foi elaborado o mapa de risco do tipo
setorial. Todos os riscos foram identificados graficamente de acordo com sua intensidade,
pequeno, médio e grande, além de ser identificado de acordo com a cor que representa cada
risco.
Em suma, conseguiu-se cumprir o objetivo proposto neste trabalho e identificar todos
os riscos que os colaboradores de uma funerária localizada na cidade de Assu/RN estão
expostos. Para trabalhos futuros, pode-se realizar um estudo que vise regularizar a situação
do armazenamento das substâncias químicas utilizada durante os procedimentos de
conservação dos cadáveres. Além de realizar estudos que visem à redução da exposição a
agentes biológicos para os agentes funerários.
90

REFERÊNCIAS

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congêneres, de dezembro, 2009.

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Interna de Prevenção de Acidentes. Brasília, 14 jul. 2011. Disponível em: <
http://trabalho.gov.br/images/Documentos/SST/NR/NR5.pdf>. Acesso em: 11 fev. 2018.

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Prevenção de Riscos Ambientais. Brasília, 06 jul. 2017. Disponível em:<
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Operações Insalubres. Brasília, 14 ago. 2014. Disponível em:
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VERGA FILHO, A. F. Manual de segurança em laboratório químico. IV Conselho


Regional de Química. São José do Rio Preto: 2009, 82 p.
93

APÊNDICE A - TERMO DE AUTORIZAÇÃO UTILIZADO NA PESQUISA

Eu .....................................................................................................................................,
tenho ciência e autorizo a realização da pesquisa intitulada pela estudante Kalliana Lourenço
da Silva Lopes, do curso Engenharia de Produção, da Universidade Federal Rural do Semi-
Árido – UFERSA, a utilizar as informações por mim prestadas na minha empresa, como
também pela coleta dos dados pela discente como registros fotográficos, durante o período
de coleta que será realizado entre os meses de junho à agosto de 2018 para a elaboração de
seu Trabalho de Conclusão de Curso, que tem como título: AVALIAÇÃO DE RISCOS
OCUPACIONAIS NO AMBIENTE DE TRABALHO DE UMA FUNERÁRIA NA
CIDADE DE ASSU/RN, que seu objetivo é analisar o processo de trabalho para identificar
os riscos ocupacionais e verificar suas implicações para a saúde dos trabalhadores. E que
está sendo orientada pela Prof. Dra. Fabrícia Nascimento de Oliveira. Autorizo assim a
publicação dos dados desta pesquisa no meio científico sendo que foi garantido pela
estudante que o nome da minha empresa não seria identificado, mantendo no anonimato os
dados referentes à minha identificação.

Assu,......... de ................................de 2018.

__________________________________ __________________________________
Kaliana Lourenço da Silva Lopes Fabrícia Nascimento de Oliveira
(discente) (professora orientadora)

________________________________________________________
Responsável legal da empresa
94

APÊNDICE B - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECID

ESCLARECIMENTOS:

Eu, Kaliana Lourenço da Silva Lopes, aluna regulamente matriculada no curso de


Engenharia de Produção da Universidade Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA estou
realizando uma pesquisa para a conclusão do meu curso que tem como objetivo geral
identificar os riscos presentes nos setores de uma funerária ,visando identificar os riscos
ocupacionais e verificar suas implicações para a saúde dos trabalhadores na cidade de
Assu/RN. Com base nestas visitas, para cada risco encontrado, identificar-se-á o referido
agente causador, o meio em que esse risco é propagado e os possíveis danos à saúde.
Através dessas identificações serão informadas sugestões de medidas de controle/prevenção
para o risco encontrado, objetivando a redução ou eliminação dos riscos.

CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO:

Eu .............................................................................................................., estou de acordo


com a participação no estudo descrito acima. Fui devidamente esclarecido (a) quanto aos
objetivos do Trabalho de Conclusão do Curso, mostrando que os dados obtidos poderão
beneficiar os trabalhadores e moradores das comunidades, por levantar questões importantes
para todos. Autorizo assim a publicação dos dados desta pesquisa no meio científico sendo-
me garantido o meu anonimato e o sigilo dos dados referentes à minha identificação.

Assu,......... de ................................de 2018.

Kaliana Lourenço da Silva Lopes Assinatura do participante


95

APÊNDICE C - ROTEIRO DE ENTREVISTA COM OS COLABORADORES

1. Idade __________

2. Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino

3. Escolaridade: ( ) 1º Grau ( ) 2º Grau ( ) 3ºGrau ( ) Técnico

4. Função:____________________________ 5. Data de admissão: ______/______/______

6. O Sr.(a) conhece ou já ouviu falar em Mapa de Riscos? ( ) SIM ( ) Não

7. O Sr.(a) sabe dos riscos que existem na sua atividade? Se sim, cite-os.

8. O Sr.(a) já ouviu falar em Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA)?


( ) Sim ( ) Não

9 Quais são os equipamentos, instrumentos e ferramentas que o Sr. (a) utiliza para
desenvolver suas atividades?

10. O Sr.(a) tem o treinamento necessário para agir em situações de emergência?


( ) Sim ( ) Não

11. O Sr.(a) tem a sua disposição equipamentos de proteção individuais e coletivos?


( ) Sim ( ) Não

12. Quais são os produtos químicos que o Sr. (a) utiliza na sua atividade?

13. Quais são os EPIs que a empresa lhe forneceu?

14. Você utiliza todos os EPIs que a empresa lhe forneceu? Se não, qual deles você não
utiliza e qual o motivo?

15. Quais as atividades que realiza com maior frequência?

16. Em sua opinião, quais fatores que tornam os acidentes mais prováveis durante a
execução de suas atividades na empresa?

17. Qual a sua visão sobre acidentes dentro do seu local de trabalho?

18 Sr.(a) se considera vulnerável a acidentes enquanto trabalha?

19. Sr.(a) já presenciou acidentes dentro da empresa? Qual a frequência de tais acidentes?

20. Você já sofreu algum acidente de trabalho? Se sim, precisou se afastar por algum tempo?
96

APÊNDICE D - ROTIRO DE ENTREVISTA COM O GESTOR

1. Idade ______________

2. Sexo________________

3. Escolaridade:_______________________

4. Função:____________________________

5. Data de admissão: _______/______/______

6. A empresa possui Mapa de Riscos?

7. O Sr.(a) tem conhecimento da existência de riscos de acidentes químicos, físicos,


biológicos, ergonômicos e mecânicos no local de trabalho?

8. A Empresa possui Comissão Interna de Prevenção de Acidentes dentro da (CIPA)?

9.Na empresa existe algum local ou equipamento que apresente mais riscos de acidentes do
que os outros?

10. A empresa forneceu o treinamento necessário para agir em situações de emergência? Se


sim, quais foram os treinamentos? Os funcionários receberam certificado?

11. A empresa disponibiliza equipamentos de proteção individuais e coletivos? Quais?

12. Os colaboradores foram treinados para utilizar os equipamentos de proteção (EPI)?


Existe acompanhamento?

13. A empresa fiscaliza o uso dos EPIs pelos funcionários? Se sim, quem fica responsável
para fiscalizar o uso dos EPIs?

14. Qual a sua visão sobre acidentes dentro no local de trabalho?

15. Sr.(a) já presenciou acidentes dentro da empresa ? Qual a frequência de tais acidentes?

16. Quando ocorre um acidente a empresa faz o registro por meio da CAT (comunicação do
acidente de trabalho)? Se sim, quem fica responsável para preencher a CAT?

17. Algum trabalhador já precisou se afastar das atividades devido problemas de doença do
trabalho?

18. Existem casos diagnosticados de trabalhadores com doenças do trabalho? Se sim, quais
são as doenças?

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