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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL

ADOLFO JACQUES OLIVEIRA BASTOS

AVALIAÇÃO DO USO DE RESÍDUO DE SERRAGEM DE PEDRA CARIRI (RSPC)


PARA PRODUÇÃO DE CONCRETOS CONVENCIONAIS

FEIRA DE SANTANA – BA

2014
Ficha catalografica: Biblioteca Central Julieta Carteado

Bastos, Adolfo Jacques Oliveira


B326a Avaliação do uso de resíduo de serragem de pedra cariri (RSPC) para
produção de concretos convencionais Adolfo Jacques Oliveira Bastos,
2014.
93f. : il.

Orientador: Washington Almeida Moura


Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil e Ambiental) –
Universidade Estadual de Feira de Santana, 2014.

1. Concreto. 2. Resíduo – Pedra Cariri. 3. Resíduo de Serragem de


Pedra Cariri – Propriedades mecânicas. 4. Resíduo de Serragem de Pedra
Cariri – Durabilidade. I. Universidade Estadual de Feira de Santana. II.
Moura, Washington Almeida, orient. III. . Título.

CDU: 624.012.45
ADOLFO JACQUES OLIVEIRA BASTOS

AVALIAÇÃO DO USO DE RESÍDUO DE SERRAGEM DE PEDRA CARIRI (RSPC)


PARA PRODUÇÃO DE CONCRETOS CONVENCIONAIS

Dissertação apresentada ao Corpo Docente do


Programa de Pós-graduação em Engenharia
Civil e Ambiental da Universidade Estadual de
Feira de Santana, como parte dos requisitos
para obtenção do Grau de Mestre em Ciências
em Engenharia Civil e Ambiental.

Orientador:

Professor Dr. Washington Almeida Moura

FEIRA DE SANTANA – BA

2014
ADOLFO JACQUES OLIVEIRA BASTOS

AVALIAÇÃO DO USO DE RESÍDUO DE SERRAGEM DE PEDRA CARIRI (RSPC)


PARA PRODUÇÃO DE CONCRETOS CONVENCIONAIS

DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO PROGRAMA DE PÓS-


GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL DA UNIVERSIDADE
ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA COMO PARTE DOS REQUISITOS
NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS EM
ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL.

Feira de Santana, 04 de abril de 2014.

Aprovada por:

______________________________________________________
Prof. Washington Almeida Moura, D.Sc.
(Universidade Estadual de Feira de Santana)

______________________________________________________
Prof. Antônio Eduardo Bezerra Cabral, D.Sc.
(Universidade Federal do Ceará)

______________________________________________________
Prof. Paulo Roberto Lopes Lima, D.Sc.

(Universidade Estadual de Feira de Santana)


Primeiramente a Deus. A todos os

meus familiares, amigos e professores.


AGRADECIMENTOS

A Deus, pela própria existência humana e pelas graças concedidas ao longo de minha
vida.“Os que confiam no SENHOR serão como o monte de Sião, que não se abalam, mas
permanece para sempre” (Salmos 125:1).
“É tão difícil ficar sem você, o teu amor é gostoso demais, teu cheiro me dá prazer, quando
estou com você, estou nos braços da paz” (Dominguinhos). A minha querida esposa, Makeli
Fortunatti e meu amado filho Benício Fortunatti Bastos, pelo amor, dedicação,
companheirismo e coomprenssão, pelos vários e longos períodos distantes. Mesmo
ausente, embora fisicamente, sempre tentando manter presença e amor. Amo muitos vocês.

“E se eu chorar e o sal molhar o meu sorriso não se espante, cante que o teu canto é minha
força pra cantar” (Gonzaguinha). Ao meu pai, Eng. Aníbal Bastos, por sempre, mesmo nos
momentos mais difíceis, ter dado apoio de toda forma possível, tanto financeira como moral,
para que fosse possível a formação de todos os seus filhos. É bom te-lo com exemplo de
vida, mostrado que sempre é possível a vitória para quem acredita e luta dioturnamente por
ela. Obrigado papai, o senhor é um ótimo exemplo, para mim e agora para o seu neto. A
minha querida mãe Dona Jaciana, por ter sempre disposto amor e carinho para conosco,
além de sua atenção durante todos os momentos de minha vida, às vezes deixando suas
próprias vontades para satisfazer as minhas e me ajudar sempre que preciso. Obrigado
mamãe, a senhora é muito especial para mim.
A minha irmã, Priscilla Bastos e aos meus irmãos: Aníbal Sales, Paulo Guilherme, e meu
irmão fraternal, Breno Pontes pelo carinho, presença e amor, sempre apoiando minha
careira estudantil, e às vezes me dando alguns puxões de orelha. Amo muito todos vocês.
A todos os professores do PPGCEA, em especial ao meu orientador Dr. Washington Moura,
além de tudo um amigo, que tive o prazer em toda a minha jornada para obtenção deste
título, desfrutar de uma verdadeira amizade, sempre me dando apoio e me incentivando a
conclusão deste curso. O senhor sim, sabe o significado da palavra orientar. MUITO
OBRIGADO POR TUDO.

À professora Drª. Mônica Leite, muito obrigado professora, aprendi muito com a senhora e
registro aqui a participação da senhora em cada página deste trabalho. Muito obrigado pela
paciência na transferência de conhecimento e no convívio durante todo o programa
experimental e análise de resultados. Poder ser seu amigo é muito bom.

“Luz das estrelas, laço do infinito, gosto tando dela assim” (Djavan). A minha querida e
amada cidade Sobral que me acolheu e fez o que hoje sou e meus amigos da querida
terrinha. Em especial, ao professor e meu primeiro orientador e grande amigo, Dr. Francisco
Carvalho Arruda Coelho. Os agradecimentos não se referem somente aos trabalhos
realizados, mas também a sua amizade que tenho o prazer de desfrutar. Agradeço pela
oportunidade que me foi dada de participar como estagiário do Laboratório de Materiais de
Construção da UVA. Ali foi gerada a motivação para o curso de mestrado e, com certeza,
germinada a vontade de buscar o saber. Não apenas a busca do saber pura e simplesmente
para satisfação pessoal, mais para que possamos dar respostas à sociedade cearense
difundindo conhecimento para melhorar a vida do nosso povo.

“Minha vida é andar por este país prá ver se um dia descanso feliz guardando a recordação
das terras onde passei andando pelos sertões dos amigos que lá deixei” (Luis Gonzaga).
Aos meus amigos de Mestrado: Jodilson e João, vocês foram de extrema importância para
minha fixação em uma cidade até então desconhecida. Muito obrigado. Aos demais amigos
de mestrado: Adriana, Jorge, Guida, Tayse, Pollyana, Leila, Glaydson (Negão), Saulo, Maria
Elane, Rogério, Bruno (Gordo), Marcelo, Rebeca, Heni, todos vocês foram muito
importantes nesta minha jornada; aos amigos de Feira de Santana: Chico Chicote (obrigado
por tudo amigo, nossa amizade sem duvidas irá transpor os tempos...), Zenaide, Acácio,
Jáízo, Sr. Adilton, Sr. Cesar, Igor, Carlos (Formigão), Damasceno, Uirã, Acácia, Bruna,
Arlem, Rafael e tantos outros não citados muito obrigado por todos os momentos de
convivência sem duvidas vocês me ajudaram a matar parte da saudade do meu Ceará.

“Tua cor é o que eles olham, velha chaga, teu sorriso é o que eles temem, medo medo,
Feira moderna, o convite sensual” (Beto Guedes). Meu muito obrigado a esta cidade tão
cheia de contrastes e de espantos que me encantou sem demora adorei conhecer-te,
Princesa do Sertão.

A toda equipe de Coordenação do PPGECEA e a do o corpo doscente, com vocês aprendi


várias lições.

Ao senhor Nilson, funcionário da ACMAV, que contribuiu na realização de ensaios.

À COOPEDRAS, na pessoa do Sr. Gerlanio Sampaio, que me recebeu tão bem nas visitas
de campo e pelo fornecimento do material e entrega do mesmo na UEFS.

À Capes, pelo apoio financeir para desenvolvimento deste trabalho.

A todas as pessoas que aqui não citei, mas que de certa maneira colaboraram nesta jornada
e continuam fazendo-se presentes em minha vida e meu coração, meus sinceros
agradecimentos.
RESUMO

AVALIAÇÃO DO USO DE RESÍDUO DE SERRAGEM DE PEDRA CARIRI (RSPC)


PARA PRODUÇÃO DE CONCRETOS CONVENCIONAIS

Adolfo Jacques Oliveira Bastos

No Estado do Ceará, na região do Cariri, um minério calcário laminado,


comercialmente conhecido como “Pedra Cariri”, é muito explorado. Os processos de
exploração e beneficiamento deste minério são causas da geração de resíduos. Um dos
tipos gerados é o Resíduo de Serragem de Pedra Cariri (RSPC). Nesta pesquisa, avalia-se
a viabilidade do uso de RSPC, como substituição parcial do cimento, na produção de
concretos convencionais. Foram determinadas as características químicas e físicas do
RSPC. A influência do resíduo foi avaliada através das propriedades mecânicas (resistência
à compressão axial e diametral) e parâmetros de durabilidade (absorção por imersão e por
sucção capilar) dos concretos. Foram produzidos concretos com relação a/c de 0,45; 0,55;
0,65. Os teores de RSPC utilizados foram 0%, 10% e 20%, em relação à massa de cimento.
Os resultados demonstram que a substituição de cimento pelo RSPC provocou uma
redução na resistência à compressão, em relação aos concretos de referência. No que se
refere à resistência à tração por compressão diametral, não houve diferença entre os
concretos com utilização de RSPC e os de referência, para as relações a/c iguais a 0,55 e
0,65. No entanto, foi observado para os concretos com relação a/c igual a 0,45, uma
redução para as misturas com teor de substituição de 10% e 20% de substituição do
cimento pelo RSPC. Os concretos com RSPC apresentaram melhor comportamento, em
relação à absorção por imersão e por sucção capilar.

Palavras chave: Resíduo de pedra cariri; Reciclagem; Concreto; Propriedades Mecânicas;


Durabilidade.
ABSTRACT

VALUATION OF THE USE OF STONE CARIRI SAWDUST RESIDUE ( RSPC )


FOR CONVENTIONAL CONCRETES PRODUCTION

Adolfo Jacques Oliveira Bastos

In the state of Ceará, in Cariri region, a laminated limestone ore, known commercially
as "Cariri Stone" is much explored. The processes of exploration and melioration of this ore
are causes of residue generation. One of the generated types is the Stone Cariri Sawdust
residue (SCSR). In this research, it was evaluated the viability of using SCSR as a partial
replacement for cement, in the production of conventional concretes. It were determined the
chemical and physical characteristics of the RSPC. The residue influence was measured by
the mechanical properties (axial and diametrical compression resistance) and durability
parameters (absorption by immersion and by capillary suction) of concretes. It were
produced concretes with w/c ratio of 0.45; 0.55; 0.65. The percentage of RSPC used were
0%, 10% and 20% by mass of cement. The results show that the cement replacement by
RSPC caused a reduction in the compressive strength compared to the reference concretes.
Concerning about the tension resistance by diametral compression, there was no difference
between the concretes with RSPC and the reference concretes, with w/c ratio of 0.55 and
0.65. However, it was observed for concrete with w / c ratio equal to 0.45, a decrease for the
mixtures with replacement content of 10% and 20% cement replacement by RSPC.
Concretes with RSPC showed better behavior with regard to absorption by immersion and by
capillary suction.

Keywords:Cariri Stone Sawing Dust; Recycling; Concrete; Mechanical Properties;


Durability.
LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 MAPA DE LOCALIZAÇÃO DA REGIÃO ENFOCANDO OS DOIS MUNICÍPIOS PRODUTORES DE PEDRA


CARIRI 19
FIGURA 2 ASPECTOS DE FÓSSEIS ENCONTRADOS NA PEDRA CARIRI: (A) FÓSSIL DE PLANTA DE FAMÍLIA NÃO
IDENTIFICADA; (B) DASTISELBE ELONGATUS, LOCALMENTE CONHECIDO COMO “PIABA”; (C) DASTISELBE
ELONGATUS ................................................................................................................................................. 20
FIGURA 3 ASPECTO DA PEDRA CARIRI BENEFICIADA, COM DIFERENTES TONALIDADES DE CORES: A) PEDRA
CARIRI COM TONALIDADE CREME; B) PEDRA CARIRI COM TONALIDADE CINZA ........................................ 21
FIGURA 4 FLUXOGRAMA DAS ETAPAS DE BENEFICIAMENTO DA PEDRA CARIRI E GERAÇÃO DE RESÍDUOS
(RCVSRE – RESÍDUO DE COBERTURA VEGETAL, SOLO E ROCHA EXPOSTA; RCBPC – RESÍDUO DE CORTE
DOS BLOCOS DE PEDRA CARIRI; RSPC – RESÍDUO DE SERRAGEM DE PEDRA CARIRI RPC – RESÍDUO DE
PEDRA CARIRI).............................................................................................................................................. 22
FIGURA 5 ASPECTO DA EXTRAÇÃO DE PEDRA CARIRI PELO MÉTODO DE EXPLORAÇÃO RUDIMENTAR ....... 23
FIGURA 6 ASPECTOS DA EXTRAÇÃO DE PEDRA CARIRI PELO MÉTODO DE EXPLORAÇÃO SEMI-MECÂNIZADA:
(A) VISTA PANORÂMICA; (B) DESTAQUE PARA A CORTADEIRA MÓVEL ...................................................... 24
FIGURA 7 ASPECTO DA FRENTE DE LAVRA DE EXPLORAÇÃO DE PEDRA CARIRI ............................................ 25
FIGURA 8 CAMADA DE MATRACÃO ............................................................................................................... 25
FIGURA 9 ESCAVADEIRA RETIRANDO CAMADA DE MATRACÃO ................................................................... 26
FIGURA 10 ASPECTO DA EXPLORAÇÃO DA PEDRA CARIRI – (A E B) RETIRADA DA LAJOTA APÓS O CORTE DA
PEDRA CARIRI; (C) DESPLACAMENTO MANUAL DA PEDRA CARIRI.............................................................. 27
FIGURA 11 ASPECTO DA CALIBRAGEM MANUAL DA PEDRA CARIRI ............................................................... 28
FIGURA 12 ASPECTO DO ESQUADREJAMENTO DAS PLACAS DE PEDRA CARIRI .............................................. 29
FIGURA 13 APLICAÇÃO DE PEDRA CARIRI COMO MATERIAL DE REVESTIMENTO EM ÁREAS MOLHADAS ..... 30
FIGURA 14 EXEMPLOS DE UTILIZAÇÃO NÃO CONVENCIONAL DA PEDRA CARIRI – (A) MESA E BANCOS; (B E C)
ARTIGO DECORATIVO .................................................................................................................................. 31
FIGURA 15 ASPECTOS DE BOTA-FORA PRÓXIMOS A FRENTES DE EXPLORAÇÃO DE PEDRA CARIRI – (A)
ASPECTOS DE PILHAS DE BOTA-FORA; (C) PILHA DE BOTA-FORA PRÓXIMA A UM RIACHO........................ 32
FIGURA 16 ASPECTO DA DEPOSIÇÃO DO RESÍDUO DE SERRAGEM DE PEDRA CARIRI (RSPC) ......................... 33
FIGURA 17 CURVA DE COMPOSIÇÃO GRANULOMÉTRICA DO AGREGADO MIÚDO ........................................ 54
FIGURA 18 CURVA DE COMPOSIÇÃO GRANULOMÉTRICA DE AGREGADO GRAÚDO ...................................... 55
FIGURA 19 COLETA DO RSPC DEPOSITADO EM SACOS ................................................................................... 56
FIGURA 20 TORRÕES DE RSPC ......................................................................................................................... 57
FIGURA 21 BRITADOR DE MANDÍBULAS (A) – BRITADOR DE MANDÍBULAS; (B) – MANDÍBULA DO BRITADOR
.......................................................................................................................................................58
FIGURA 22 EQUIPAMENTO USADO NA SEGUNDA ETAPA DA MOAGEM: (A) ASPECTO DO MOINHO DE BOLAS;
(B) FOCO NOS JARROS E CORPOS MOEDORES ............................................................................................ 58
FIGURA 23 RSPC OBTIDO APÓS A SEGUNDA ETAPA DE DESTORROAMENTO ................................................. 59
FIGURA 24 DIFRATOGRAMA DE UMA AMOSTRA DE RSPC .............................................................................. 62
FIGURA 25 CURVA GRANULOMÉTRICA DO RESÍDUO UTILIZADO .................................................................... 62
FIGURA 26 DIAGRAMA DE DOSAGEM ............................................................................................................. 64
FIGURA 27 RETIRADA DE CORPOS-DE-PROVA PARA ENSAIO DE ABSORÇÃO POR SUCÇÃO ............................ 66
FIGURA 28 ESQUEMA DO ENSAIO DE ABSORÇÃO CAPILAR ............................................................................ 67
FIGURA 29 CORPO-DE-PROVA PARA ENSAIO DE ABSORÇÃO POR SUCÇÃO CAPILAR ..................................... 67
FIGURA 30 PESAGEM DOS CORPOS-DE-PROVA NO ENSAIO DE ABSORÇÃO POR SUCÇÃO CAPILAR............... 68
FIGURA 31 ILUSTRAÇÃO DE GRÁFICO GENÉRICO DE ABSORÇÃO POR SUCÇÃO CAPILAR DESTACANDO O NICK
POINT .......................................................................................................................................................69
FIGURA 32 ILUSTRAÇÃO COMPARATIVA DE ASPCETO DE CONSISTÊNCIA E COESÃO PARA CONCRETOS COM
E SEM RSPC (A) – CONCRETO REFERÊNCIA; (B) – CONCRETO PRODUZIDO COM RSPC ............................... 70
FIGURA 33 CURVAS DE COMPORTAMENTO QUANTO À RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO AXIAL DOS
CONCRETOS PRODUZIDOS: (A) AOS 7 DIAS; (B) AOS 28 DIAS ...................................................................... 72
FIGURA 34 CURVAS DE COMPORTAMENTO QUANTO À RESISTÊNCIA À TRAÇÃO POR COMPRESSÃO
DIAMETRAL DOS CONCRETOS PRODUZIDOS: (A) AOS 7 DIAS; (B) AOS 28 DIAS .......................................... 77
FIGURA 35 COMPORTAMENTO DOS CONCRETOS QUANTO À ABSORÇÃO POR IMERSÃO ............................. 81
FIGURA 36 GRÁFICO REFERENTE À TAXA DE ABSORÇÃO POR SUCÇÃO CAPILAR ............................................ 83
FIGURA 37 GRÁFICO REFERENTE À RESISTÊNCIA CAPILAR .............................................................................. 83
LISTA DE TABELAS

TABELA 1 RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO AXIAL DAS ARGAMASSAS DE REVESTIMENTO .............................. 44


TABELA 2 RESULTADOS DE RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO AXIAL EM ARGAMASSAS COM E SEM RSMG ..... 45
TABELA 3 RESULTADOS DAS PROPRIEDADES MECÂNICAS DOS CONCRETOS ............................................... 50
TABELA 4 RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO AXIAL (MPA) DAS ARGAMASSAS DE REFERÊNCIA E COM RSPC
SUBSTITUINDO A AREIA ............................................................................................................................... 51
TABELA 5 RESULTADOS DE RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO AXIAL (MPA) DAS ARGAMASSAS COM RSPC
SUBSTITUINDO O CIMENTO ......................................................................................................................... 51
TABELA 6 COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO CIMENTO CP II – Z 32 RS UTILIZADO ................................................ 53
TABELA 7 CARACTERISTICAS FÍSICO-MECANICAS DO CIMENTO CP II – Z 32 RS UTILIZADO .......................... 53
TABELA 8 DISTRIBUIÇÃO GRANULOMÉTRICA E ÍNDICES FÍSICOS DA AREIA .................................................. 54
TABELA 9 DISTRIBUIÇÃO GRANULOMÉTRICA E ÍNDICES FÍSICOS DA BRITA .................................................. 55
TABELA 10 TAMANHO MÉDIO DOS GRÃOS E SUPERFÍCIE ESPECÍFICA DO RSPC PARA OS DIVERSOS TEMPOS
DE MOAGEM ................................................................................................................................................ 60
TABELA 11 RESISTÊNCIA A COMPRESSÃO AXIAL AOS 28 DIAS E TRAÇO UTILIZADO PARA PRODUÇÃO DAS
ARGAMASSAS ESTUDADAS .......................................................................................................................... 60
TABELA 12 COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO RSPC E DA PEDRA CARIRI ................................................................. 61
TABELA 13 TRAÇOS UTILIZADOS PARA ELABORAÇÃO DO DIAGRAMA DE DOSAGEM ..................................... 63
TABELA 14 TRAÇOS UTILIZADOS NO PROGRAMA EXPERIMENTAL .................................................................. 65
TABELA 15 RESULTADOS DO ENSAIO DE ABATIMENTO DE TRONCO DE CONE PARA TODOS OS CONCRETOS
ESTUDADOS ................................................................................................................................................. 70
TABELA 16 RESULTADOS DE RESISTÊNCIA A COMPRESSÃO AXIAL DOS CONCRETOS PRODUZIDOS ............... 71
TABELA 17 RESULTADOS DA ANOVA DE RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO AXIAL DOS CONCRETOS PRODUZIDOS
72
TABELA 18 COMPARAÇÃO MÚLTIPLA DE MÉDIAS (CMM) DOS RESULTADOS DE RESISTÊNCIA À
COMPRESSÃO AXIAL AOS 7 DIAS. ................................................................................................................ 74
TABELA 19 COMPARAÇÃO MÚLTIPLA DE MÉDIAS (CMM) DOS RESULTADOS DE RESISTÊNCIA À
COMPRESSÃO AXIAL AOS 28 DIAS. .............................................................................................................. 74
TABELA 20 RESULTADOS DE RESISTÊNCIA A COMPRESSÃO DIAMETRAL DOS CONCRETOS PRODUZIDOS ..... 76
TABELA 21 RESULTADOS DA ANOVA DE RESISTÊNCIA À TRAÇÃO POR COMPRESSÃO DIAMETRAL DOS
CONCRETOS PRODUZIDOS ........................................................................................................................... 77
TABELA 22 COMPARAÇÃO MÚLTIPLA DE MÉDIAS (CMM) DOS RESULTADOS DE RESISTÊNCIA À
COMPRESSÃO DIAMETRAL AOS 7 DIAS. ...................................................................................................... 78
TABELA 23 COMPARAÇÃO MÚLTIPLA DE MÉDIAS (CMM) DOS RESULTADOS DE RESISTÊNCIA À
COMPRESSÃO DIAMETRAL AOS 28 DIAS. .................................................................................................... 79
TABELA 24 RESULTADOS DO ENSAIO DE ABSORÇÃO POR IMERSÃO .............................................................. 80
TABELA 25 RESULTADOS DO ENSAIO DE ABSORÇÃO POR SUCÇÃO CAPILAR .................................................. 82
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................................... 15
1.1 OBJETIVOS ................................................................................................................. 17
1.2 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO .................................................................................... 18
2 PEDRA CARIRI .......................................................................................................... 19
2.1 EXPLORAÇÃO DA PEDRA CARIRI .................................................................................. 20
2.1.1 Processo produtivo da Pedra Cariri e geração de resíduos ........................................................... 22
2.1.2 Lavra da rocha ............................................................................................................................... 23
2.1.3 Desplacamento manual ................................................................................................................. 26
2.1.4 Calibragem das placas ................................................................................................................... 28
2.1.5 Esquadrejamento das placas ......................................................................................................... 29
2.2 UTILIZAÇÃO DE PEDRA CARIRI ..................................................................................... 30
2.3 RESÍDUO DA EXPLORAÇÃO DE PEDRA CARIRI .............................................................. 31
3 ADIÇÕES MINERAIS .................................................................................................. 34
3.1 CLASSIFICAÇÃO DAS ADIÇÕES MINERAIS ..................................................................... 35
3.1.1 Material pozolânico ....................................................................................................................... 36
3.1.2 Material cimentante ...................................................................................................................... 36
3.1.3 Fíler ................................................................................................................................................ 37
3.2 ADIÇÕES MINERAIS E SEUS EFEITOS QUÍMICOS E FÍSICOS ............................................ 37
3.2.1 Efeito químico das adições ............................................................................................................ 37
3.2.2 Efeito físico das adições ................................................................................................................. 37
3.3 EFEITO DAS ADIÇÕES MINERAIS EM CONCRETOS ......................................................... 38
3.3.1 Efeito das adições em concretos no estado fresco ....................................................................... 38
3.3.1.1 Demanda de água ................................................................................................................ 38
3.3.1.2 Aspectos reológicos ............................................................................................................. 39
3.3.1.3 Calor de hidratação .............................................................................................................. 40
3.3.2 Efeito das adições em concretos no estado endurecido ............................................................... 41
3.3.2.1 Resistência à compressão .................................................................................................... 41
3.3.2.2 Resistência à tração ............................................................................................................. 42
3.3.2.3 Características relacionados à durabilidade ........................................................................ 43
3.3.2.3.1 Porosidade capilar; absorção de água e permeabilidade................................................ 43
3.4 ESTUDOS REALIZADOS COM RESÍDUOS MINERAIS SEM REATIVIDADE QUÍMICA ........... 43
3.4.1 Resíduo de Serragem de Rochas Ornamentais .............................................................................. 44
3.4.2 Resíduo de Serragem de Calcário (RSC) ......................................................................................... 48
3.4.3 Resíduo de Serragem de Pedra Cariri (RSPC) ................................................................................. 50

4 PROGRAMA EXPERIMENTAL..................................................................................... 52
4.1 MATERIAIS E MÉTODOS .............................................................................................. 52
4.1.1 Materiais ........................................................................................................................................ 52
4.1.1.1 Cimento ................................................................................................................................ 52
4.1.1.2 Agregado miúdo ................................................................................................................... 53
4.1.1.3 Agregado graúdo .................................................................................................................. 55
4.1.1.4 Resíduo de Serragem de Pedra Cariri (RSPC) ....................................................................... 56
4.1.1.4.1 Beneficiamento para utilização do resíduo ..................................................................... 56
4.1.1.4.2 Determinação do tempo de moagem ............................................................................. 59
4.1.1.4.3 Características químicas .................................................................................................. 61
4.1.1.4.4 Características físicas....................................................................................................... 62
4.1.2 Dosagem e produção dos concretos ............................................................................................. 63
4.1.2.1 Propriedades do concreto .................................................................................................... 65

5 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ...................................................... 70


5.1 TRABALHABILIDADE ................................................................................................... 70
5.2 DETERMINAÇÃO DAS PROPRIEDADES DO CONCRETO NO ESTADO ENDURECIDO .......... 71
5.2.1 Propriedades mecânicas ................................................................................................................ 71
5.2.1.1 Resistência à compressão axial ............................................................................................ 71
5.2.1.2 Resistência à tração por compressão diametral .................................................................. 76
5.2.2 Ensaios físicos e parâmetros de durabilidade ............................................................................... 80
5.2.2.1 Absorção por imersão .......................................................................................................... 80
5.2.2.2 Absorção por sucção capilar ................................................................................................ 81

6 CONCLUSÕES ........................................................................................................... 85
6.1 QUANTO À CARACTERIZAÇÃO DO RSPC ....................................................................... 85
6.2 EM RELAÇÃO à TRABALHABILIDADE DOS CONCRETOS ................................................. 85
6.3 QUANTO ÀS PROPRIEDADES DO CONCRETO NO ESTADO ENdURECIDO ........................ 85
6.3.1 Propriedades Mecânicas................................................................................................................ 85
6.3.2 Parâmetros de Durabilidade .......................................................................................................... 86
6.3.2.1 Absorção por Imersão .......................................................................................................... 86
6.3.2.2 Absorção por Sucção Capilar ................................................................................................ 86
6.4 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS .................................................................... 87
7 REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 88
15

1 INTRODUÇÃO

A escassez dos recursos naturais vem sendo uma das maiores justificativas para o
desenvolvimento e utilização de materiais não convencionais na construção civil. Esta
prática contribui para o desenvolvimento sustentável. Define-se desenvolvimento
sustentável como sendo uma forma de desenvolvimento econômico que emprega recursos
naturais e o meio ambiente não apenas em benefício do presente, mas também das
gerações futuras (SJORTROM, citado por JOHN, 1998). Por outro lado, a Conferência das
Nações Unidas de 1992, que tratou sobre o Desemvolvimento e Meio Ambiente (Rio92),
apresentou um dos primeiros conceitos de desenvolvimento sustentável, o qual preconiza a
garantia para as gerações futuras de iguais condições de desenvolvimento (LIDDLE, ONU
apud Gonçalves 2000).

A construção civil é um dos maiores consumidores de matérias-primas naturais.


Estima-se que consome entre 20% e 50% de todos os recursos naturais extraídos
(SJOSTROM, 1996, citado por JONH, 1998). Isto é motivo de grande preocupação. Callister
(2001) alerta que “a terra é um sistema fechado em relação aos materiais constituintes e à
medida que a sociedade amadurece e as populações aumentam, os recursos disponíveis se
tornam escassos”. No entanto, a construção civil se apresenta como um potencial grande
aliado do desenvolvimento sustentável, devido a suas grandes possibilidades de integração
de resíduos aos seus inúmeros processos na cadeia produtiva, também podendo diminuir
índices de perda devido a melhoria de metodologias e sistemas construtivos.

Muitas empresas vêm investindo, cada vez mais, em equipamentos e formação de


quadros técnicos para eliminar a cultura do desperdício e consolidar a cultura da redução de
perdas, reutilização e reciclagem dos resíduos. Não só porque os resíduos provocam
impactos ambientais negativos, mas também porque a sua redução e aproveitamento pode
minimizar o consumo de recursos naturais e energéticos, o que implica, muitas vezes, num
menor dispêndio econômico (MOURA, 2000).

O concreto de cimento Portland é o segundo material mais consumido pelo homem,


perdendo apenas para água. Estimativas indicam que a produção mundial de concreto gire
em torno de 11 bilhões de toneladas por ano (MEHTA; MONTEIRO, 2008). O concreto pode
incorporar subprodutos de indústrias, em substituição ao material aglomerante ou aos
agregados, que contribui para a conservação de recursos naturais podendo melhorar seu
desempenho quanto ao aspecto de resistência e durabilidade. Em decorrência disso, a
utilização de adições no concreto de cimento Portland aumentou consideravelmente nos
últimos tempos, proporcionando, além da melhoria do desempenho mecânico e nas
16

características de durabilidade, redução nos custos de produção, além de envolver menor


consumo de energia, consequentemente contribuindo para preservação ambiental.

Segundo Mehta e Malhotra (1996), a utilização de resíduos como adições minerais


na indústria do cimento e do concreto, substituindo parcialmente o clínquer e/ou cimento, já
vinha se mostrando como um importante aliado do ponto de vista ambiental, econômico e
tecnológico:

 ambiental - quando são utilizados resíduos industriais como adições minerais na

produção de concretos, pode-se diminuir o gasto energético e evita-se o lançamento

destes resíduos em locais inadequados, que poderiam vir a degradar o ambiente;

 econômico - a utilização dos resíduos como adições minerais em substituição parcial

da massa de cimento contribui para a redução do custo do concreto, uma vez que, o

cimento é constituinte mais caro da mistura;

 tecnológico - as propriedades dos concretos tanto no estado fresco como no estado

endurecido podem ser melhoradas com a utilização das adições minerais.

Na construção civil, utiliza-se grande quantidade de rochas beneficiadas como


material de revestimento, decoração, pavimentação, dentre outros, devido as suas
propriedades mecânicas, de durabilidade e estética. O calcário laminado da região do Cariri
cearense, conhecido comercialmente como “Pedra Cariri”, é uma destas rochas.

Segundo Castro (2009), a Pedra Cariri é explorada, há mais de 40 anos, para uso
como revestimento, no Sul do Estado do Ceará, nos municípios de Nova Olinda e Santana
do Cariri, encravados na Chapada do Araripe. A produção da Pedra Cariri por um
aglomerado de pequenas pedreiras constitui a principal fonte de renda desses municípios,
empregando aproximadamente 1.500 trabalhadores.

A metodologia de lavra a céu aberto, de forma seletiva e semimecanizada são


empregadas, na região de Nova Olinda e Santana do Cariri, para exploração do calcário
laminado do Cariri. Este processo proporciona uma perda estimada de 70% de material ao
final de todo o processo (desde a lavra até o beneficiamento), podendo atingir até 90%, se
contabilizado o grande volume de material de cobertura ou volumes superficiais, sem
qualidade para atender ao uso como revestimento (VIDAL e PADILHA, 2003). Este resíduo
pode ser gerado de diferentes formas: como pó ou lama, ou na forma de placas com
dimensões inferiores as utilizadas comercialmente.
17

Parte do resíduo, na forma de placas já foi captado pela Indústria Itapuí Barbalhense
de Cimentos, que é utilizado para como parte do material na produção de clinquer.
Entretanto, a COOPEDRAS, cooperativa que estatutariamente é proprietária de todos os
resíduos provenientes da exploração da Pedra Cariri, deseja agregar valor a este material,
uma vez que a indústria cimenteira que utiliza parte deste resíduo, não oferece
contrapartida, a não ser a limpeza da área de estocagem do mesmo.

O resíduo na forma de pó ou lama, dado o seu volume poporcionalmente menor que


o resíduo na forma de placas, ainda não tem nenhum tipo de aproveitamento, sendo
totalemente descartado em lagoas de decantação e posteriormente, em diferentes pontos, a
céu aberto, podendo contrituir para assoreamento de rios e lagos.

Uma das formas de agregar valor a esse material é utilizá-lo como adição mineral,
substituindo parte do cimento para produção de concretos. Desta maneira, proporcionaria
uma diminuição no consumo de cimento para produção de concretos, obtendo-se um
material mais econômico e com possíveis vantagens tecnológicas. Esses concretos podem
ser utilizados em obras específicas de engenharia, a exemplo de barragens, quando o
volume de material é muito grande, podendo diminuir o calor de hidratação, e evitar, desta
forma, fissuras nas primeiras idades e aumentar a durabilidade da estrutura.

A diminuição no consumo de matéria prima para fabricação do cimento também tem


uma importância muito grande do ponto de vista ambiental. O cimento, além de consumir
grandes quantidades de recursos naturais não renováveis, é gerador de poluição (para cada
tonelada de clínquer produzido, cerca de 0,65 toneladas de CO2 é gerada) (JOHN citado por
GONÇALVES, 2003).

Neste contexto, propõe-se o estudo de utilização do Resíduo de Serragem de Pedra


Cariri (RSPC), em substituição parcial do cimento na produção de concreto. Esta aplicação
pode diminuir significativamente o impacto ambiental gerado pela exploração deste tipo de
rochas na região do cariri cearense, além de minimizar o gasto energético e a poluição
causada pela indústria cimenteira, podendo proporcionar ainda uma melhoria nas
propriedades do concreto.

1.1 OBJETIVOS

Este trabalho tem como objetivo geral avaliar a viabilidade técnica do uso do Resíduo
de Serragem de Pedra Cariri - RSPC como substituição parcial do cimento na produção de
concretos convencionais.
18

Os objetivos específicos do estudo são:

 Caracterizar o RSPC do ponto de vista químico e físico;

 mensurar as características físicas (índice de vazios), mecânicas (resistência


à compressão axial e resistência à tração por compressão diametral) e
parâmetros de durabilidade (absorção por sucção capilar e por imersão) dos
concretos produzidos;

1.2 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

A dissertação foi dividida em sete capítulos relacionados à utilização do Resíduo de


Serragem de Pedra Cariri (RSPC) para a produção de concretos convencionais.

No primeiro capítulo são apresentadas questões relacionadas ao aproveitamento de


resíduos sólidos na construção civil e sua importância para a sustentabilidade da mesma.
Além disso, foram apresentados os objetivos, geral e os específicos do estudo.

O segundo capítulo trata da origem do resíduo a ser estudado no programa


experimental “RSPC”. O processo de exploração e beneficiamento da “pedra cariri’, e
características dos resíduos gerados nas diversas etapas de beneficiamento.

O terceiro capítulo aborda, a partir da revisão da literatura, adições minerais. Trata


da sua classificação e influência no concreto, tanto no estado fresco (demanda de água,
reologia, calor de hidratação, além da trabalhabilidade) como no estado endurecido
(resistência à compressão axial, tração, módulo de elasticidade, além de parâmetros de
durabilidade como a absorção por imersão e por sucção capilar).

No quarto capitulo é apresentado o programa experimental: materiais


(beneficiamento, seleção e caracterização), metodologia de dosagem dos concretos
produzidos e para determinação das suas propriedades.

O quinto capítulo trata da apresentação e discussão dos resultados das propriedades


avaliadas nos concretos produzidos.

No sexto capítulo são apresentadas as conclusões do estudo e sugestões para


futuros trabalhos.

O sétimo capítulo apresenta as referências bibliográficas utilizadas na dissertação.


19

2 PEDRA CARIRI

“Pedra Cariri”, é como comercialmente é chamada à rocha de origem carbonática


explorada do extremo sul do Estado do Ceará. Trata-se de um tipo de calcário laminado,
que é formado basicamente por carbonato de cálcio. Segundo Castro (2009), esse tipo de
rocha se apresenta em camadas bem estratificadas, de poucos milímetros, até cerca de 30
centímetros de calcário amarelado, amarronzado ou cinza-azulado, intercaladas com
camadas de materiais argilosos.

Segundo Vidal et al. (2005), os maiores produtores da Pedra Cariri são os municípios
cearenses de Nova Olinda e Santana do Cariri, localizados na bacia sedimentar do Araripe,
no sul do Estado, como pode ser observado no mapa da Figura 1. Segundo Castro (2009), a
bacia sedimentar possui uma extensão regional, englobando os Estados do Ceará, Piauí e
Pernambuco. Sua área é de mais de 8.000km², disposta no sentido longitudinal, por cerca
de 180km e latitudinal, por cerca de 70km, no seu trecho mais largo.

(Fonte: VIDAL et al., 2005)

Figura 1 Mapa de localização da região enfocando os dois municípios produtores de Pedra


Cariri
20

O calcário explorado constitui um dos sítios paleontológicos da bacia sedimentar do


Araripe, contendo, principalmente, uma grande quantidade e variedade de fósseis de
insetos, peixes e angiospermas (HILLMER, 2006). A incidência de achado de fósseis em
Pedra Cariri é muito elevada. A Figura 2 apresenta alguns fósseis encontrados na região.

(a)

(b) (c)
(Fonte: (a) e (c) Do Próprio Autor; (b) CASTRO, 2009)

Figura 2 Aspectos de fósseis encontrados na Pedra Cariri: (a) Fóssil de Planta de família não
identificada; (b) Dastiselbe Elongatus, localmente conhecido como “piaba”; (c)
Dastiselbe Elongatus

2.1 EXPLORAÇÃO DA PEDRA CARIRI

Segundo Castro (2009), a maior quantidade de Pedra Cariri extraída (95%) é de cor
amarelada a creme, apresentando algumas variações de cor, em função de sua composição
química, existindo em menores quantidades, rochas de cor amarronzada e cinza. A Figura 3
mostra placas de Pedra Cariri com diferentes tonalidades de cor.
21

(a) (b)
(Fonte: Do Próprio Autor)

Figura 3 Aspecto da Pedra Cariri Beneficiada, com diferentes tonalidades de cores: a) Pedra
Cariri com tonalidade creme; b) Pedra Cariri com tonalidade cinza

A produção da Pedra Cariri em Nova Olinda e Santana do Cariri é estimada em 80


mil toneladas por ano, sendo a principal atividade da economia dos dois municípios, através
de 60 microempresas (VIDAL e FERNANDES, 2007).

Segundo a ASPROLARNO (2010), a meta dos produtores é dobrar a produção e


iniciar as exportações, ao incorporar máquinas à atividade, para atingir a calibragem de
corte com as espessuras exigidas pelo mercado externo (1cm a 1,5cm).

As atividades de exploração deste material tendem a se tornar mais intensas, tendo


em vista o aprimoramento da tecnologia para a exploração deste tipo de rocha e a
abundante reserva de matéria-prima existente. Estima-se reservas de cerca de 114,5
milhões de metros cúbicos, o que equivale a 275 milhões de toneladas desde calcário
laminado (VIDAL et al., 2005). Cerca de 31 milhões de metros cúbicos se encontra apenas
na reserva do município de Nova Olinda, o que corresponde a uma reserva lavrável
corrigida de 21,3 milhões de metros cúbicos, se for considerado uma espessura de 5 metros
de calcário laminado aproveitável para a produção de ladrilhos (QUEIRÓZ, 2002).

Para a comercialização desta rocha como material de revestimento aplicado na


construção civil é preciso que a mesma passe por um processo de beneficiamento. Este
processo compreende as etapas de lavra do material até o seu acabamento final, conforme
será abordado a seguir.
22

2.1.1 Processo produtivo da Pedra Cariri e geração de resíduos

A exploração, beneficiamento e comercialização da Pedra Cariri, são as etapas


principais de seu processo produtivo. Em todas as etapas do processo, existe geração de
resíduos, inerentes a própria execução do processo de lavra ou benefiamento, ou ainda,
devido a quebra de placas durante o transporte ou estocagem. A geração destes resíduos
provoca impactos ambientais. A Figura 4 apresenta um fluxograma básico das operações de
todo o processo de industialização da Pedra Cariri.

(Fonte: Do Próprio Autor)

Figura 4 Fluxograma das etapas de beneficiamento da Pedra Cariri e geração de resíduos


(RCVSRE – Resíduo de cobertura vegetal, solo e rocha exposta; RCBPC – Resíduo
de corte dos blocos de Pedra Cariri; RSPC – Resíduo de serragem de Pedra Cariri
RPC – Resíduo de Pedra Cariri)

Nos itens a seguir será detalhada toda a cadeia produtiva da Pedra Cariri,
desde a lavra, passando pelos processos de beneficiamento até as áreas de estocagem e
geração de resíduos de cada etapa. Segundo Oliveira (2006) a quantidade de resíduo
gerado e não aproveitado na exploração da Pedra Cariri, alcança valores realmentes altos,
70,81% ou seja 276,16m³, de um bloco-padrão de 390,00m³. Deste total, existe uma parte
relativamente pequena que é considerada irrecuperável ou sem possibilidade de uso, como
23

no caso de dissolução cárstica¹1(3,93% ou 15,34m³), mesmo assim, ainda tem-se 66,88%


ou 260,82m³, o que é um volume de resíduo significativo e com possibilidade de uso. Isto
porque, diferentemente da maioria de outras substancias minerais, as rochas carbonáticas
detém vasta gama de usos e outras condições que as classificam como excelentes para
reuso.

2.1.2 Lavra da rocha

A lavra é o procedimento de retirada da rocha no formato de lajes ou lajotas. Nessa


etapa do beneficiamento da matéria-prima ocorrem grandes percentuais de perda, devido,
basicamente, à metodologia aplicada. Existem dois tipos de metodologia para lavra da
Pedra Cariri, a semi-mecânizada e a rudimentar. Segundo Vidal e Padilha (2003) a
metodologia rudimentar proporciona maiores percentuais de pedras. A Figura 5 mostra a
retirada de placas de Pedra Cariri pelo método de exploração rudimentar.

(Fonte: VIDAL, et al.2005)

Figura 5 Aspecto da extração de Pedra Cariri pelo método de exploração rudimentar

No entanto foi relatado pela COOPEDRAS (2010), a existência de um esforço


conjunto de vários pesquisadores, para tornar o processo metodologicamente mais
adequado e, assim, reduzir os percentuais de perda. Uma destas ações foi o
desenvolvimento de uma espécie de cortadeira móvel com fio diamantado. Na Figura 6
observa-se um operador realizando o corte da rocha com o auxilio de uma cortadeira móvel.

1
É uma dissolução química (corrossão) das rochas. O termo deriva do alemão Karst, que é nome de uma região
que se estende do norte da Itália até o sudoeste da Eslovênia, que significa “campo de pedras calcárias”
(KARMANN ,2000).
24

(a) (b)
(Fonte: Do Próprio Autor)

Figura 6 Aspectos da extração de Pedra Cariri pelo método de exploração semi-mecânizada:


(a) vista panorâmica; (b) destaque para a cortadeira móvel

Segundo Vidal et al. (2005), o diâmetro do disco de corte varia de 350mm a 500mm,
permitindo um corte em placas de calcário, com profundidade não superior a espessura de
18cm. Atualmente o método mais utilizado para lavra é o semi-mecanizado. Mas ainda
ocorre, mesmo que quase totalmente abandonada, a extração das rochas de forma manual,
rudimentar. Em ambos os casos, a lavra é seletiva, a céu aberto, por bancadas baixas
descendentes. Estima-se que a perda na lavra, com a operação manual, atinge a 90% e,
com a utilização da máquina com disco diamantado, reduz-se consideravelmente para 60%
(Vidal e Padilha, 2003). A redução nos percentuais de perda se dá, basicamente, devido a
utilização da cortadeira móvel proporcionar uma menor variação das dimensões do produto
extraído minimizando assim desperdício de aparas da etapa de esquadrejamento, além de
eliminar totalmente a retirada de material que não atende as dimensões mínimas utilizada
pelo comércio.

As bancadas têm dimensões de 20m a 30m de largura por 30m a 40m de


comprimento, exceto os poucos casos de pedreiras em que se utiliza o método manual, nas
quais as bancadas são bem menores (CASTRO, 2009). A Figura 7 apresenta uma frente de
trabalho (bancada) de exploração de Pedra Cariri.
25

(Fonte: Do Próprio Autor)

Figura 7 Aspecto da frente de lavra de exploração de Pedra Cariri

A exploração da lavra é sub-dividida em etapas: a primeira etapa consiste no preparo


da área a ser explorada, nesta etapa é retirado todo o material de cobertura existende
(vegetação, solo e calcário intemperizado). Este material é disposto em forma de pilhas, ao
lado da área limpa. A espessura da superfície até a rocha sã vai determinar o volume total
do material de cobertura, esta espessura varia da ordem de poucos centímetros até casos
extremos de espessuras maiores de 15 metros de cobertura, este valor varia de acordo com
a localização da jazida e relevo da região (CASTRO, 2009).

Ainda segundo este mesmo autor, uma vez alcançado o topo do calcário lavrável, vai
se extraindo o material, como mostrado na Figura 7, em bancadas descendentes de
aproximadamente 90m², até se atingir a base da camada ou uma camada de "matracão”. Na
Figura 8 observa-se uma camada de matracão.

(Fonte: CASTRO, 2009)

Figura 8 Camada de matracão


26

Este é um material mais compacto, mais dolomítico, considerado rejeito pelos


produtores. Por isso, em muitos casos, essa frente de lavra é abandonada para prosseguir
em outras que apresentam material mais macio. A espessura dessa camada varia entre
50cm à 100cm, contuto foi observado que a COOPEDRAS vem fazendo esforços para
aproveitar ao máximo todas as áreas já exploradas. Com isto, os produtores além de
degradar uma menor área também aumenta seus lucros. Na Figura 9 é observado uma
escavadeira hidráulica retirando uma camada de matração. Outros motivos que obrigam ao
abandono da exploração de uma determinada frente são: material muito fragmentado e
argiloso e cavidades de dissolução cárstica.

(Fonte: Do próprio autor)

Figura 9 Escavadeira retirando camada de matracão

2.1.3 Desplacamento manual

Após toda a etapa de lavra da rocha, se dá o desplacamento manual. Esta etapa


consiste no simples desplacamento da rocha, em forma de placas, realizada por um
operador, com auxilio de uma espátula e um martelo. Este desdobramento do material em
forma de laje, para a forma de placas, com espessuras entre 1cm a 3cm, é possível devido
ao plano de clivagem bem definido na rocha. Nesta etapa é determinada a espessura que a
placa terá. Contudo, como o processo é um tanto quanto rudimentar, não existe um controle
rigoroso de espessura das placas. O que diminui o seu valor comercial e possibilidades de
27

uso (CASTRO, 2009). Na Figura 10 são apresentados o corte e retirada da lajota e o


desdobramento da lajota em placas.

(a) (b)

(c)
(Fonte: Do próprio autor)

Figura 10 Aspecto da exploração da Pedra Cariri – (a e b) Retirada da lajota após o corte da


Pedra Cariri; (c) Desplacamento manual da Pedra Cariri

Ainda existe outra técnica de desplacamento, quase que totalmente abandonada,


mas muito utilizada até pouco tempo atrás. Consiste de um procedimento totalmente
manual, no qual se realiza primeiramente a abertura de uma fenda na superfície, com auxilio
de uma barra de aço e golpes de marreta. Posteriormente a esta etapa é aplicada uma
alavanca entre as lâminas para extração de placas de 2 a 3 cm de espessura. Este método
resulta na obtenção de placas totalmente irregulares. Algumas podem ser transformadas em
lajotas e muitas quebram, sendo levadas à pilha de rejeito, dependendo de suas dimensões
(CASTRO, 2009).
28

2.1.4 Calibragem das placas

Esta etapa é realizada in loco, logo após o desplacamento das lajes ou lajotas em
placas. Consiste em calibrar a placa manualmente, com o auxilio de uma espátula e martelo,
removendo pequenos filetes, ainda remanecentes do desplacamento manual, de material
quebrado que conferem irregularidade à superfície da placa (CASTRO, 2009). Na Figura 11
apresenta-se o método de calibragem utilizado.

(Fonte: Do Próprio Autor)

Figura 11 Aspecto da calibragem manual da Pedra Cariri

Contudo, já existem máquinas que automatizam o processo. Porém, devido ao alto


custo para obtenção desse equipamento a calibragem manual ainda é a mais difundida e
praticada na exploração destas rochas.

Todavia o procedimento realizado da forma manual não garante a uniformidade


dimensional no que tange a espessura, e como consequência a esta não conformidade é
produzido peças com menor valor agregado e difícil comercialização no exterior.

Após a calibragem das peças, dá-se continuidade ao processo de produtivo,


selecionando e por fim transportando a placa para a próxima etapa de beneficiamento que
consiste no esquadrejamento em tamanhos padrões nas serrarias. No entanto, os
produtores menores encerram seu processo produtivo nesta fase, repassando o material,
até ali, por ele explorado para produtores maiores que dispõem de equipamentos de
serragem.
29

2.1.5 Esquadrejamento das placas

Esta etapa de beneficiamento é realizada nas serrarias. As lajotas são cortadas ou


simplesmente esquadrejadas, em dimensões compatíveis a sua aplicação. As dimensões
comercialmente mais utilizadas são: 40cm x 40cm, 50cm x 50cm, 30cm x 30cm, 20cm x
20cm e 15cm x 30cm ou em barras. Em casos excepcionais, por encomenda, podem ser
produzidas lajotas de 60cm x 60cm ou maiores (CASTRO, 2009). A Figura 12 apresenta a
etapa de esquadrejamento de placas.

(Fonte: Do Próprio Autor)

Figura 12 Aspecto do esquadrejamento das placas de Pedra Cariri

Nesta etapa é gerado um grande volume de resíduos, na forma de filetes de rochas,


denominado Resíduo de Pedra Cariri (RPC) e o Resíduo de Serragem de Pedra Cariri
(RSPC) na forma de pasta por este processo ser efetuado por corte de disco diamantado
resfriado com água.
30

2.2 UTILIZAÇÃO DE PEDRA CARIRI

A Pedra Cariri é normalmente utilizada sem qualquer polimento ou acabamento


superficial, aplicada como revestimento de fachadas, paredes e áreas molhadas (piscinas e
decks). A produção mensal de 80.000 m² de placas (VIDAL e FERNANDES, 2007), onde é
comercializada para diversas regiões do país. Na Figura 13 apresenta-se um exemplo de
utilização da pedra cariri como revestimento de piso em áreas molhadas.

(Fonte: Do Próprio Autor)

Figura 13 Aplicação de Pedra Cariri como material de revestimento em áreas molhadas

Entretanto, podem-se observar aplicações mais nobres da rocha, a exemplo da


utilização da Pedra Cariri para confecção de móveis e artigos de decoração, como ilustra a
Figura 14.
31

(a) (b)

(c)

(Fonte: Do Próprio Autor)

Figura 14 Exemplos de utilização não convencional da Pedra Cariri – (a) Mesa e bancos; (b e
c) Artigo decorativo

A utilização da Pedra Cariri para estes fins é uma forma de agregar valor aos
produtos e difundir ainda mais o uso desta rocha.

2.3 RESÍDUO DA EXPLORAÇÃO DE PEDRA CARIRI

A Pedra Cariri vem sendo explorada a mais de 40 anos nos municíos de Nova Olinda
e Santana do Cariri, Vidal et al., (2005) estima que o volume de resíduos da Pedra Cariri,
gerado em sua exploração, remanescente até 2005 nos bota-foras das pedreiras,
localizadas nestas cidades é de 1.030.000m³, correspondendo a 2,4 milhões de toneladas.
Essa rocha apresenta teores médios de 54% de CaO e 0,7% de MgO e baixo conteúdo em
32

SiO2, Fe2O3 e Al2O3, o que possibilita sua utilização como material carbonático. O resíduo
gerado é hoje utilizado como aterros para construção civil e melhorias de estradas vicinais
nos períodos chuvosos. Eventualmente o resíduo proveniente da exploração da Pedra Cariri
na forma de pedaços de placas é utilizado como matéria prima na fabricação de cimento,
por uma cimenteira da região. Na Figura 15 está apresentado aspectos de pilhas de bota-
fora próximas as frente de exploração de Pedra Cariri. Este tipo de disposição, além de
comprometer a paisagem natural da região, compromete corpos hídricos e ainda diminui o
espaço disponível para exploração da rocha.

(a) (b)

(c)

(Fonte: Do Próprio Autor)

Figura 15 Aspectos de bota-fora próximos a frentes de exploração de Pedra Cariri – (a)


aspectos de pilhas de bota-fora; (c) pilha de bota-fora próxima a um riacho

Os Resíduos de Serragem da Pedra Cariri são gerados em duas etapas do


processo: na etapa de extração da lajota com o uso da cortadeira móvel e na etapa de
33

esquadrejamento das placas de Pedra Cariri para dimensões comerciais. Não existe, ainda,
levantamento do volume gerado destes resíduos, devido à variação dos processos de
exploração.

O esquadrejamento das placas se dá por serragem e gera o Resíduo de Serragem


de Pedra Cariri (RSPC). Considerando a produção mensal de 80.000 m² de placas (VIDAL e
FERNANDES, 2007), as dimensões de uso, variando entre 40cmx40cm, 50cmx50cm,
30cmx30cm, 20cmx20cm e 15cmx30cm, e a espessura média das placas girando em torno
de 2cm, estima-se que o volume RSPC gerado no processo seja de cerca de 850
toneladas/ano. Este resíduo geralmente é disposto em depressões formando espécies de
lagoas de lama. A Figura 16 mostra o aspecto da deposição do RSPC.

(Fonte: Do Próprio Autor)

Figura 16 Aspecto da deposição do Resíduo de Serragem de Pedra Cariri (RSPC)


34

3 ADIÇÕES MINERAIS

Define-se adições minerais como sendo materiais finamente moídos, que são
incorporados ao concreto com a finalidade de se obter características específicas. As
adições são geralmente utilizadas com a finalidade de reduzir custos, podendo também
melhorar propriedades do concreto tanto no estado fresco, a exemplo da trabalhabilidade,
quanto no estado endurecido (resistência à compressão, fissuração térmica, expansão
decorrente da reação álcali-agregado e ao ataque por sulfatos) (MEHTA; MONTEIRO,
2008).

O uso de adições minerais na construção civil é anterior à invenção do cimento,


tendo iniciado no período de 1500 a.C., na Grécia, onde se adotava um material de origem
vulcânica, originado de erupções ocorridas na ilha de Santorini (MALHOTRA; MEHTA,
1996). Posterior a utilização de adições minerais na Grécia, os romanos descobriram que
argamassas de cal e tufos vulcânicos, extraídos das regiões de Nápoles e Roma,
constituíam-se de excelentes produtos cimentantes. Um dos locais de aquisição desse
material situava-se ao redor do monte Pozzuoli. Daí a denominação de pozolana.
Denominação esta, posterior ao próprio uso destes tipos de adições minerais. Essas
adições pozolônicas foram utilizadas na execução de várias obras de construção civil
realizadas no império romano. O principal ponto de extração das cinzas vulcânicas utilizadas
como pozolanas era o monte Vesúvio, que se localiza na região de Nápoles (BARATA,
1998).

Devido à vasta extensão do território do império romano, o que tornava impensável o


transporte das pozolanas, e a indisponibilidade de cinzas vulcânicas, tendo em vista que
não há vulcões em toda a região na qual se estendia o império romano, os romanos foram
obrigados a pensar em outra forma de obtenção de pozolana. Segundo Dal Molin (2005), os
romanos, visando suprir a necessidade das localidades onde não havia disponibilidade de
cinzas vulcânicas, buscaram outra adição mineral: a argila calcinada, que era obtida através
da moagem de tijolos e telhas cerâmicas.

Atualmente, as adições minerais mais utilizadas são resíduos provenientes de


processos industriais, a exemplo da siderurgia, do beneficiamento de rochas ornamentais e,
da fabricação de papel ou agroindústrias. A utilização de subprodutos industriais como
adição mineral na produção de novos materiais vem se intensificando, cada vez mais. De
fato, a inclusão destes subprodutos pode trazer melhorias técnicas aos materiais de
construção, argamassas, concretos e cimento Portland.
35

Além disso, essa utilização constitui um grande ganho ambiental, considerando que
estes resíduos geralmente são descartados em grandes pilhas de bota-fora, e muitas vezes
são dispostos de maneira inadequada, o que pode contribuir para a contaminação do solo e
da água no caso dos materiais não inertes. Quando se trata de resíduos inertes, a
disposição inadequada pode provocar assoreamento dos corpos hídricos. O aproveitamento
destes resíduos também pode contribuir de forma relevante para minimizar o impacto
ambiental da construção civil, de forma que sua utilização pode contribuir para redução do
uso de recursos naturais não renováveis, bem como da redução na emissão de CO 2 e no
consumo energético durante a produção de materiais como o cimento.

3.1 CLASSIFICAÇÃO DAS ADIÇÕES MINERAIS

De acordo com Cavalcanti (2006), as adições podem ser classificadas como


predominantemente inertes (API) ou predominantemente reativas (APR), de acordo com a
sua ação no concreto. As APR, a exemplo da cinza volante, cinza da casca de arroz, escória
de alto forno, sílica ativa e metacaulin, contribuem para a formação dos hidratos. Já as API
promovem uma ação física, proporcionando maior compacidade nas estruturas das
matrizes. Alguns exemplos são os fíleres de calcário, quartzo, e o resíduo do beneficiamento
de mármore e granito (RBMG).

Segundo a EFNARC (2002), as adições podem ser classificadas em tipo I e tipo II,
de acordo com sua reatividade. As adições inertes, classificadas de tipo I, promovem uma
ação física, aumentando a compacidade da mistura. Essas adições do tipo I são
representadas pelos fíleres calcários e quartzos finamente moídos, dentre outros.
Entretanto, as dolomíticas podem vir a apresentar riscos à durabilidade do concreto, devido
à reação álcali-carbono (LISBÔA, 2004). Já as adições reativas são classificadas como de
tipo II a exemplo da cinza volante, cinza de casca de arroz, metacaulin, escória de alto forno
e o fumo de sílica (sílica ativa).

As adições minerais são classificadas em três grandes grupos, segundo suas ações
físico-químicas (DAL MOLIN, 2005):

a) material pozolânico;

b) material cimentante;

c) fíleres.
36

3.1.1 Material pozolânico

As pozolanas são definidas como “materiais silicosos ou sílico-aluminosos que, por si


só, têm pouco ou nenhum valor cimentício. Entretanto, quando finamente moído e na
presença de água, reagem quimicamente com o hidróxido de cálcio, à temperatura
ambiente, formando compostos com propriedades cimentícias” (NBR 12653 - ABNT, 1992;
ASTM C 125, 2007). Como exemplos de material pozolânico pode-se citar a cinza volante, a
sílica ativa, a cinza da casca de arroz e o metacaulin.

As pozolanas podem ser classificadas quanto a sua origem em naturais ou artificiais.


A norma brasileira NBR 12653 (ABNT, 1992) define essa classificação da seguinte forma:

a) naturais - materiais de origem vulcânica, geralmente de caráter petrográfico ácido


(≥ 65% de SiO2) ou de origem sedimentar, com atividade pozolânica;

b) artificiais - materiais resultantes de tratamento térmico (argilas calcinadas ou


térmicamente ativadas) ou suprodutos industriais com atividade pozolânica.

Para ativar materiais pozolânicos, tanto naturais quanto artificiais, pode ser
necessário um co-processamento destes materiais, a exemplo da britagem e moagem, ou
ainda, queima controlada.

3.1.2 Material cimentante

Segundo Dal Molin (2005), os materiais cimentantes não necessitam do hidróxido de


cálcio, proveniente da hidratação do cimento Portland, para reagir e formar os compostos
cimentantes, como o silicato de cálcio hidratado (C-S-H). Portanto, as reações nos materiais
cimentantes ocorrem independentemente da presença do cimento Portland. A sua auto-
hidratação é normalmente mais lenta que no cimento Portland e a quantidade de produtos
formados pela sua hidratação é insuficiente para aplicação deste material para fins
estruturais. Ainda segundo o mesmo autor, a presença de hidróxido de cálcio e gipsita,
decorrentes da presença do cimento, aceleram a hidratação de outros materiais cimentantes
utilizados como adição ou substituição parcial do cimento Portland, como é o caso da
escória de alto-forno.
37

3.1.3 Fíler

Os fíleres são materiais não reativos, finamente moídos, que devido às suas
características físicas pode ter um efeito benéfico sobre as propriedades das argamassas e
concretos, tais como: trabalhabilidade, densidade, permeabilidade e porosidade (NEVILLE,
1997). A ação destas adições se resume a um efeito físico de empacotamento
granulométrico e a formação de pontos de nucleação que facilitam a hidratação dos grãos
de cimento anidro. São considerados fíleres o Resíduo de Serragem de Rochas
Ornamentais (RSRO), o pó de calcário e materiais carbonáticos.

3.2 ADIÇÕES MINERAIS E SEUS EFEITOS QUÍMICOS E FÍSICOS

As adições minerais produzem efeitos químicos e/ou físicos na microestrutura dos


concretos. Tais efeitos podem vir a melhorar as características dos concretos quanto à sua
reologia, resistência mecânica e durabilidade.

3.2.1 Efeito químico das adições

De acordo com Coutinho (1997), os compostos silicosos e aluninosos da pozolana


reagem, principalmente, com o hidróxido de cálcio formando silicatos e aluminatos de cálcio.

As adições pozolânicas podem provocar efeitos químicos na microestrutura do


concreto. Tais efeitos são diretamente associados à capacidade de reação de compostos
destas adições com o hidróxido de cálcio - Ca(OH)2, que é formado durante a hidratação do
cimento Portland. Estas reações entre as adições minerais e o Ca(OH) 2 formam o silicato de
cálcio hidratado – C-S-H, que é o principal produto responsável pela resistência dos
materiais à base de cimento Portland. As reações pozolânicas podem ser mais lentas ou
mais rápidas, a depender da superfície específica e da composição química das partículas
das adições (Dal Molin, 2005).

3.2.2 Efeito físico das adições

Segundo Dal Molin (2005) o efeito físico das adições, também conhecido como efeito
fíler, é gerado por adições minerais com ou sem atividade pozolânica. Estas adições podem
provocar vários efeitos, dentre eles o efeito microfíler. Além disso, pode provocar o
38

refinamento da estrutura de poros e dos produtos de hidratação do cimento e ainda alterar a


microestrutura da zona de transição.

O efeito microfíler contribui no sentido de tornar mais densa a mistura de materiais a


base de cimento Portland. Este fenômeno se dá devido à adição atuar no sentido de
preencher os vazios deixados pelos materiais constituintes do concreto, inclusive os vazios
entre os grãos de cimento. Assim ocorre o refinamento da estrutura de poros e dos produtos
de hidratação do cimento, quando as adições minerais agem como pontos de nucleação
para os produtos de hidratação. Desta forma, há uma restrição ao crescimento dos cristais,
acelerando as reações de hidratação, devido estas adições compartilharem parte da água
aderida em sua superfície para hidratação do cimento ainda anidro (DAL MOLIN, 2005).
Tais circunstâncias podem promover ambiente mais favorável a formação de cristais
hidratados em idades prematuras (GOLDMAN; BENTUR, 1992; CURCIO et al., 1998;
GONÇALVES, 2000; GEYER, 2001; CORDEIRO, 2001; GRIGOLI, et al. 2001; CORDEIRO,
2006). Ocorrem também alterações na microestrutura da zona de transição, uma vez que as
adições interferem no fluxo da água no entorno das outras partículas da mistura, que diminui
ou até mesmo elimina a água livre retida na superfície dos agregados. Este comportamento
causa uma diminuição da espessura da zona de transição. O que favorece a uma estrutura
mais densa e resistente (DAL MOLIN, 2005; MEHTA; MONTEIRO, 2008). Todos estes
efeitos contribuem para uma significativa melhoria das características dos concretos.

3.3 EFEITO DAS ADIÇÕES MINERAIS EM CONCRETOS

A utilização de adições minerais em concretos causa melhorias nas suas


propriedades tanto no estado fresco quanto endurecido. Como já explicitado, estas
melhorias podem ser causadas pelo efeito físico, pelo efeito químico, ou mesmo por uma
interação entre os dois efeitos.

3.3.1 Efeito das adições em concretos no estado fresco

3.3.1.1 Demanda de água

A superfície específica e forma das partículas que constituem as adições minerais,


além do teor de substituição ou adição podem contribuir para aumentar ou diminuir a
demanda de água necessária para o concreto atingir uma mesma trabalhabilidade sem o
uso de adições minerais.
39

Segundo Neville (1997), para se obter uma mesma trabalhabilidade em concretos


produzidos com e sem cinza volante, os valores de redução da demanda de água podem
atingir patamares que variam entre 5% e 15%. Este efeito pode ser explicado pela forma
esférica das partículas de cinza volante, além de possuir uma superfície específica menor,
da ordem de 500m²/kg, o que contribui para um efeito conhecido como efeito de rolamento.
Já em adições como a sílica ativa e a cinza da casca do arroz, acontece um aumento de
demanda de água, devido à extrema finura destas adições, que apresentam superfícies
específicas, respectivamente, da ordem de 20.000m²/kg e 70.000m²/kg. A demanda de água
aumenta à medida que se aumenta os teores de substituição de cimento por estas adições.
No entanto, estudos realizados por Metha (1984; 1989) mostram que à adição de pequenos
percentuais de sílica ativa (2% a 3% em relação à massa de cimento) pode diminuir o
consumo de água e melhorar a trabalhabilidade do concreto. Isto acontece porque as
partículas de sílica ativa, embora necessitando de maior quantidade de água de molhagem
superficial, funcionam como microesferas, atuando como rolamentos na mistura.

O ensaio de abatimento de tronco de cone é bastante utilizado para mensurar a


trabalhabilidade de concretos convencionais, com adições minerais menos finas e sem
atividade pozolânica. Entretanto, segundo Sellevold e Nilsen (1987), o ensaio de abatimento
do tronco de cone não é indicado para avaliar a trabalhabilidade de concretos com adição
de sílica ativa. De fato, a melhoria da trabalhabilidade por adição de sílica ativa não quer
dizer, necessariamente, que o concreto terá um maior abatimento, medido através do ensaio
de tronco de cone, devido ao aumento na coesão das misturas com estas adições, o que
consequentimente aumenta a tensão inicial de escoamento, sendo necessários assim,
ensaios dinâmicos para uma melhor aferição da trabalhabilidade.

3.3.1.2 Aspectos reológicos

As características que classificam os concretos quanto a sua reologia são a coesão e


viscosidade. A coesão do concreto é a característica que confere ao concreto uma
resistência inicial ao movimento quando submetido a pequenos esforços de tensão. A
viscosidade é a característica responsável pela estabilidade da mistura, e está relacionada à
segregação dos materiais. Ambas são relacionadas basicamente pelos fenômenos ocorridos
nas superfícies dos materiais da mistura (DAL MOLIN, 2005).

Segundo Male (1989), as pequenas partículas, em grande número, agem como


bloqueadoras de poros, o que aumenta o contato entre os materiais constituintes sólidos da
mistura. Assim, os concretos com adição mineral, quando comparados com os concretos
40

sem adição, tendem a ser mais coesos e apresentam uma redução substancial da tendência
à segregação e exsudação.

A ASTM C – 125 (ASTM, 2007) define trabalhabilidade como “a propriedade que


determina o esforço exigido para manipular uma quantidade de concreto fresco, com perda
mínima de homogeneidade”. Logo, esta propriedade pode ser alterada com a incorporação
de adições minerais às misturas à base de cimento Portland. Segundo Metha e Monteiro
(2008), as adições minerais, quanto mais finas forem, menor será a quantidade necessária
para aumentar trabalhebilidade e coesão. Um aumento na finura da adição mineral está
relacionado com o aumento da área específica, que irá adsorver água livre, aumentando a
viscosidade das misturas. Estas características influenciam diretamente na trabalhabilidade
dos concretos.

Em seu estudo, Gonçalves (2001) concluiu que quanto maior o teor de Resíduo de
Corte de Granito (RCG) como adição ao concreto, maior a coesão e consistência do
mesmo. Também foi observado, pelo autor, uma diminuição na exsudação com o aumento
dos teores de RCG.

3.3.1.3 Calor de hidratação

Na hidratação dos compostos do cimento Portland, ocorrem reações a altas


temperauras. Antes dos compostos serem hidratados os produtudos encontram-se no
estado de não equilíbrio com elevada energia, após sua hidratação seus compostos
assumem estados estáveis de baixa energia. Durante o processo é liberdado energia
térmica o que caracteriza a hidratação do cimento Portland como uma reação exotérmica
(MEHTA; MONTEIRO, 2008).

Deste modo geral podemos afirmar que a substituição de parte do cimento por
adições minerais, pode reduzir o calor de hidratação. Isto pode ser explicado devido à
diminuição da quantidade de cimento na mistura, o que ocasiona uma menor liberação de
calor que é produzido à medida que as reações de hidratação do cimento vão acontecendo.

Segundo Dal Molin (2005), o calor de hidratação gerado pelas adições de pozolanas
não contribui para a geração do gráfico de pico do calor de hidratação da mistura, uma vez
que, as reações químicas provocadas pela adição das mesmas acontecem em idades mais
avançadas. Nestas idades, o pico de calor de hidratação já aconteceu. Desta forma, pode-
se dizer que o calor de hidratação, que é um problema em estruturas de concreto com
grandes massas, pode ser reduzido com a substituição do clínquer por adições minerais,
com velocidades de reação lentas, como a cinza volante, argila calcinada ou escória de alto-
41

forno. No caso das adições minerais consideradas superpozolanas (mais reativas e com
velocidades de reação maiores), como a sílica ativa, metacaulim e a cinza da casca de
arroz, a diminuição do calor de hidratação causado por conta da diminuição do total de
clínquer da mistura, é recuperado devido à capacidade destas adições se dispersarem e
formarem pontos de nucleação, acelerando a hidratação do cimento restante.

3.3.2 Efeito das adições em concretos no estado endurecido

3.3.2.1 Resistência à compressão

Sabe-se que as adições minerais de alta reatividade, como a sílica ativa, cinza da
casca de arroz e o metacaulim, contribuem para um incremento significativo na resistência à
compressão. Este incremento de resistência se dá devido ao refinamento da estrutura de
poros, e das reações químicas, que durante a hidratação do cimento anidro geram cristais
resistentes como o C-S-H.

Segundo Dal Molin (2005), a quantidade de pozolanas adicionadas é um parâmetro


importante, que influencia na resistência à compressão dos concretos. Para construções
convencionais, a dosagem ótima varia, geralmente, entre 5% e 12% sobre a massa de
cimento, chegando, em situações especiais, a 15%.

Em seus estudos, Isaia (1995) observou que a substituição do cimento pela sílica
ativa nos percentuais de 10% e 20% (em massa), gerou um aumento médio de resistência à
compressão entre 25% e 45%, em relação à resistência do concreto de referência.

Os avanços tecnológicos proporcionaram a produção de concretos de alta


resistência e posteriormente de alto desempenho, requeridos pelos projetos cada vez mais
arrojados, a exemplo de edifícios altos e tabuleiros de pontes, com estruturas que
solicitavam, cada vez mais, materiais de desempenho superiores aos utilizados à época.
Para produção de concretos de alta resistência é importante a utilização de adições minerais
reativas. Malhotra (1984), concluiu que para produzir um concreto de alta resistência
(superior a 60MPa) para ser utilizado na região de Chicago, na construção de prédios altos,
era quase que obrigatória a utilização de cinzas volantes. Segundo FIP-CEB (1990) e Aictin
e Neville (1993), para se produzir concretos de resistências superiores a 80MPa é
indispensável a utilização de pozolanas. Foi constatado por Malhotra et al. (1994), que já
estava bem estabelecido no meio técnico que a incorporação de sílica ativa contribuía
significativamente para o desenvolvimento da resistência do concreto, tanto pelo efeito
42

físico, quanto pela reação pozolânica (efeito químico). Estes mecanismos proporcionam
uma melhora substancial na zona de transição das misturas.

Misturas binárias ou ternárias de resíduos podem contribuir para melhorar o


desempenho do concreto quanto à resistência à compressão. Fontes (2008) verificou que a
utilização 5% e 10% de uma mistura de 50% de cinza de lodo de esgoto, que quando
tratado de acordo com os procedimentos do estudo, verificou-se ter ação pozolânica e 50%
de metacaulinita proporcionou um aumento na resistência à compressão de concretos de
auto desempenho.

Gonçalves (2000) utilizou teores de 10% e 20% de adição de resíduo de serragem


de granito (em relação à massa de cimento) na produção de concreto. No estudo foi
verificado que os concretos com 10% de substituição apresentaram melhor comportamento
mecânico. O autor atribuiu este comportamento ao efeito fíler proporcionado pelo resíduo,
uma vez que foi constatado que este não possuía atividade pozolânica e seu diâmetro
médio foi de 6,3µm. Portanto, menor do que o do cimento. Por outro lado, Lameiras et al.
(2004) utilizaram o resíduo de beneficiamento de chapas de granito, em teor de 10% em
substituição ao cimento, para produção de concretos e suas misturas apresentaram
resistência até 15% menor que as do concreto de referência. Este efeito pode ser explicado
devido ao efeito de preenchimento dos grãos do resíduo não ter sido preponderante ao
efeito de cimentação do aglomerante.

3.3.2.2 Resistência à tração

A redução da porosidade e a melhoria da zona de transição pasta-agregado


causados pela incorporação de adições minerais nos concretos melhoram significativamente
a resistência mecânica dos concretos. Segundo Dal Molin (2005), a resistência à tração não
aumenta em grande magnitude nas primeiras idades. Todavia, é notado um aumento de
resistência à tração mais significativo em idades mais avançadas, que é quando as reações
pozolânicas começam a acontecer. Isto se dá devido às reações pozolânicas consumirem
os cristais de hidróxido de cálcio, cristais frágeis que se localizam, em sua maioria, na zona
de transição e têm resistência muito inferior a cristais de silicato de cálcio hidratado.

Por outro lado, as adições minerais sem ação química não apresentam contribuição
tão significativa na resistência à tração, já que seu efeito é apenas de preenchimento.
Gonçalves (2000) verificou que os concretos com 10% de adição de resíduo de serragem de
granito apresentaram um pequeno aumento nos resultados de tração por compressão
diametral, em relação aos concretos sem adição.
43

3.3.2.3 Características relacionados à durabilidade

3.3.2.3.1 Porosidade capilar; absorção de água e permeabilidade

Segundo Dal Molin (2005), as adições minerais com atividade química normalmente
reagem com o hidróxido de cálcio resultante da hidratação do cimento, gerando silicatos e
sílico-aluminatos de cálcio hidratado. Esses compostos hidratados acabam precipitando nos
vazios maiores da pasta de cimento endurecida, reduzindo a permeabilidade e absorção do
concreto. Além disso, a substituição de um composto solúvel e lixiviável, como o hidróxido
de cálcio, por um composto estável e resistente, proporciona um concreto com maior
capacidade de impedir a passagem de água por haver um refinamento de sua estrutura de
poros capilares.

Muitos mecanismos de deterioração estão diretamente relacionados com a


porosidade. A redução dos níveis de porosidade capilar contribui para uma maior
durabilidade das estruturas, pois dificultam a absorção e penetração de água. Segundo Isaia
(1995), concretos com adição de sílica ativa, nos teores de 10% e 20%, apresentaram
decréscimos de 45% a 68%, respectivamente, na absorção de água por capilaridade. Os
resultados mostram que a adição de sílica ativa, pode contribuir para a durabilidade do
concreto, pois à água em ambientes agressivos pode conter íons nocivos ao mesmo. Menor
formação de capilares também dificulta a percolação de gases agressivos no concreto.

3.4 ESTUDOS REALIZADOS COM RESÍDUOS MINERAIS SEM REATIVIDADE


QUÍMICA

Segundo Mehta e Malhotra (1996), a utilização de resíduos como adições minerais


na indústria do cimento e do concreto, substituindo parcialmente o clínquer e/ou cimento,
vem se mostrando como um importante aliado do ponto de vista ambiental, econômico e
tecnológico, como se segue:

 ambiental - quando são utilizados resíduos industriais como adições minerais na

produção de concretos, pode-se diminuir o gasto energético e evita-se o lançamento

destes resíduos em locais inadequados, que poderiam vir a degradar o ambiente;

 econômico - a utilização dos resíduos como adições minerais em substituição parcial

da massa de cimento contribui para a redução do custo do concreto, uma vez que, o

cimento é constituinte mais caro da mistura;


44

 tecnológico - as propriedades dos concretos tanto no estado fresco como no estado

endurecido podem ser melhoradas com a utilização das adições minerais.

Neste item serão apresentados estudos sobre a incorporação de adições minerais,


sem atividade pozolânica, mais especificamente resíduos industriais provenientes do
beneficiamento de rochas ornamentais e de revestimento.

3.4.1 Resíduo de Serragem de Rochas Ornamentais

Gonçalves et al. (2003) utilizaram como adição mineral para concreto o Resíduo de
Serragem de Mármore e Granito – RSMG. Os concretos com adição de 10% e 20% de
RSMG, em relação à massa de cimento, apresentaram resistência à compressão axial e
resistência à tração por compressão diametral, aos 28 dias, superiores aos concretos de
referência (sem resíduo). Os autores atribuíram este comportamento ao efeito fíler
proporcionado pelo resíduo.

Segundo Gonçalves et al. (2003) e Cruz e Lameiras (2003), as adições do tipo fíler,
para que venha a conferir melhores propriedades às misturas à base de cimento Portland
não podem ultrapassar teores maiores que 20% de substituição em relação à massa de
cimento.

Moura et al. (2002) estudaram a viabilidade técnica da utilização do RSMG como


agregado miúdo, substituindo o agregado natural, em 5% e 10%, em massa, para
argamassas de revestimento e produção de lajotas pré-moldadas para piso. A influência da
utilização do RSMG foi verificada com base nos resultados de resistência à compressão de
argamassa. A Tabela 1 apresenta os resultados obtidos no estudo.

Tabela 1 Resistência à compressão axial das argamassas de revestimento


Misturas Fc Médio 3 dias Fc Médio 7 dias Fc Médio 28 dias
REF 9,9 12,1 17,2
RSMG 5% 10,5 13,6 17,6
RSMG 10% 10,8 14,8 17,7
(Fonte: MOURA et al., 2002)

Os autores concluiram que a utilização de RSMG como agregado miúdo para


argamassa de revestimento, nos percentuais estudados, é tecnicamente viável. Foi
observado que aos 7 dias a mistura com 10% de RSMG apresentou o melhor desempenho,
chegando a aumentar a resistência em 22%, quando comparada com a mistura referência.
Os autores não justificam tal comportamento, porém, este comportamento pode ser
45

atribuído ao efeito de nucleação causado pelo resíduo, que pode ter contribuído para uma
maior hidratação do cimento anidro nas primeiras idades. No entanto, aos 28 dias, o ganho
de resistência não foi significativo, apresentando apenas 3% de acréscimo da mesma
mistura, em relação à mistura referência. Os autores também constataram o bom
desempenho do RSMG na produção de lajotas de argamassa para pisos. Os autores
discutem e atribuem como sendo o efeito fíler o responsável pelo melhor comportamento
das misturas com o resíduo.

Cruz et al. (2003) utilizaram quatro tipos de RSMG, de duas empresas


beneficiadoras distintas (M e G), como adição mineral em argamassas. As massas
específicas das amostras foram diferentes: M1=3.178kg/m³, M2=2.974kg/m³,
G1=2.861kg/m³ e G2=2.812kg/m³. O traço da argamassa de referência, em massa, foi
1:3,0:0,48 (cimento:areia:água). O agregado miúdo foi substituído pelo resíduo com
percentuais, em volume, de 5%, 10%, 15% e 20%. Foram ensaiados corpos-de-prova
cilíndricos de argamassa, nas dimensões de (50x100) mm. Foi avaliada a influência dos
resíduos M1 e G1 na resistência à compressão axial das argamassas, nas idades de 7 e 28
dias. A Tabela 2 apresenta os resultados.

Tabela 2 Resultados de resistência à compressão axial em argamassas com e sem RSMG


Resistência à compressão axial (MPa)
Tempo (dias) RSMG
Ref. 5% 10% 15% 20%
M1 23,7 23,9 19,0 24,9
7 19,1
G1 19,2 15,5 22,5 24,9
M1 31,4 32,7 32,9 31,1
28 21,1
G1 23,8 23,2 24,63 28,8
(Fonte: adaptado de Cruz et al., 2003)

Os autores observaram que a utilização do resíduo, em até 20%, proporciona melhor


desempenho às misturas. Com base nos resultados de 28 dias apresentados na Tabela 2,
observa-se que as misturas com a presença do resíduo de maior massa específica (M1)
proporcionou maior resistência à compressão axial do que as misturas com o resíduo de
menor massa específica. A resistência da argamassa chegou a aumentar 56% para mistura
com 15% de substituição do cimento pelo resíduo M1. Para mistura com 20% de
substituição do cimento pelo resíduo G1 esse aumento foi de no máximo 36% , em relação à
mistura de referência. Atribui-se o melhor comportamento das argamassas com o resíduo ao
efeito de preenchimento proporcionado por este.

Tenório (2008) utilizou o resíduo do polimento e corte de mármore e granito, sem


granalha, como adição mineral, na produção de argamassas. O resíduo substituiu
percentuais de 5% e 10% do volume de cimento e 5% e 10% do volume de areia. A massa
46

específica do resíduo utilizado foi 2.670kg/m³. O traço de referência foi 1:3,0:0,60


(cimento:areia:água). Foram feitas análises comparativas de índice de consistência,
resistência à compressão, módulo de deformação, absorção de água por imersão, índice de
vazios e massa específica real, das quatro argamassas com resíduo e a argamassa de
referência. Os resultados da resistência à compressão, aos 7, 28 e 56 dias, e módulo de
deformação estática, aos 28 dias, mostraram que, quando o resíduo substitui parcialmente o
cimento, a resistência à compressão e o módulo de deformação das argamassas
apresentam uma leve queda e quando o resíduo substitui parcialmente a areia a resistência
à compressão e o módulo de deformação das argamassas aumentam. De acordo com o
autor, este comportamento pode ser explicado devido à substituição de cimento por uma
adição não pozolânica ou inerte, uma vez que não forma C-S-H, que é um dos produtos
gerados a partir da hidratação do cimento e confere resistência aos materiais a base de
cimento Portland. No entanto, a substituição da areia pelo RSRO pode ter contrituido para
um melhor empacotamento da mistura e ajudado a criar pontos de nucleação, o que pode
ter acelerado o processo de hidratação dos grãos de cimento anidro, ocasionando um
aumento nas propriedades mecânicas das argamassas.

Lameiras (2004) utilizou o resíduo do polimento e corte do granito, sem granalha,


como adição mineral, na produção de dez concretos convencionais, nos quais foram
utilizados dois tipos de brita, Dmáx 9,5 e 19 mm e duas relações água/cimento (0,45 e 0,65).
Para cada relação água/cimento o resíduo substituiu 5% e 10% do volume de cimento e 5,
10 e 30% do volume de areia. A massa específica encontrada para o resíduo utilizado foi
2.670kg/m³. As dosagens dos concretos em massa foram: para a relação a/c=0,45
(1:1,37:1,26:1,26) e para a/c=0,65 (1:2,36:1,82:1,82). O volume de água se manteve
constante em 195 litros por m³ de concreto. Foi feita uma análise comparativa de
consistência, massa específica no estado fresco, resistência à compressão, módulo de
deformação, absorção por imersão, índice de vazios e massa específica no estado
endurecido, entre os dez concretos e seus respectivos concretos de referência. A resistência
à compressão foi determinada aos 7, 28 e 56 dias e o módulo de deformação estática aos
28 dias, para a/c=0,45 e a/c=0,65. O autor concluiu que, quando o resíduo substitui parte do
cimento, a resistência à compressão e o módulo de deformação apresentam uma leve
queda e quando o resíduo substitui parte da areia, em até 10%, a resistência e o módulo de
deformação dos concretos aumentam. Quando o percentual de substituição da areia pelo
resíduo é de 30% a resistência à compressão e o módulo de deformação apresentam uma
queda.

Reis (2008) realizou um amplo estudo experimental das proporções dos constituintes
das três camadas do ladrilho e da influência da adição do Resíduo de Serragem de Rochas
47

Ornamentais (RSRO), para tornar o ladrilho mais compacto possível. O autor desenvolveu
estudos sobre empacotamento e compactação de partículas, distribuição granulométrica das
misturas e influência da umidade na prensagem. Os ladrilhos hidráulicos foram produzidos
em três camadas e compactados em prensa hidráulica semi-industrial. O resíduo foi
adicionado nos teores de 20% a 31% em relação à massa anidra utilizada no ladrilho
hidráulico. Nas peças produzidas com resíduo foram verificadas propriedades físicas e
mecânicas, tais como absorção de água, carga de ruptura, módulo de resistência à flexão,
resistência ao desgaste por abrasão e avaliação dimensional. Os resultados encontrados
pelo autor apresentaram elevado aumento na resistência à flexão, proporcionado pelo
resíduo. Por outro lado, o autor constatou que a absorção de água e à resistência ao
desgaste por abrasão não são passíveis de atender aos respectivos limites da norma, a
partir de dosagens viáveis economicamente. O autor concluiu que o uso do resíduo na
confecção do ladrilho hidráulico piso tátil é viável tecnicamente e contribui para o
desenvolvimento autosustentável do setor.

Piovezam et al. (2008), no seu estudo, avaliaram a influência da área específica,


forma e textura superficial das adições no comportamento reológico de pasta autoadensável
de alto desempenho (PAAD). As adições selecionadas foram o fíler calcário e o fíler
basáltico, por se tratarem de subprodutos industriais, buscando contribuir, desta forma, para
o desenvolvimento sustentável. A pasta do estudo foi constituída de cimento, sílica ativa,
fíler calcário ou fíler basáltico, água e aditivo superplastificante de última geração. Foram
fixadas as relações: água/cimento (0,40); sílica ativa/cimento (0,10). As relações
fíler/cimento e superplastificante/cimento foram determinadas por meio de ensaios de cone
de Marsh e de “mini-slump”. Os resultados mostraram que, para as mesmas relações de
fíler/cimento, os teores de superplastificante para pasta com fíler calcário foram
significativamente inferiores ao da pasta com fíler basaltico. A análise dos resultados
levaram os autores a concluir que a área específica, a forma e a textura superficial das
adições influenciam significativamente no comportamento reológico das PAADs.

Bastos (2009) estudou pastas autoadensáveis compostas por cimento, RSRO, água
e aditivo de última geração. Foram produzidas quatro séries de pasta, com diferentes teores
de aditivos e a cada série foi incorporado RSRO nas proporções de 5%, 10% e 15%, além
da série referência (sem adições de RSRO), totalizando 16 misturas. Os resultados
mostraram que para a mesma relação aditivo/cimento, a incorporação de diferentes teores
de RSRO é um fator importante para o comportamento reológico da PAA.

Alyamaç e Ince (2009) estudaram a utilização de RSRO nos concretos


autoadensáveis. Foram realizadas 73 misturas variando entre si a relação a/c, a/f (água/fíler)
48

e três tipos de RSRO direfentes. Foram determinadas as características do concreto em


estado fresco através dos ensaios de funil V, caixa L, slump flow, também foi realizado o
teste de resistência à compressão, aos 7, 28 e 90 dias. Os autores concluíram que o RSRO
pode ser utilizado como material de enchimento inerte nas misturas.

Mármol et al. (2010) estudaram a aplicação de lama de RSRO na produção de


argamassas, em seu estudo foi utilizado o RSRO em duas situaçõs: o RSRO in natura,
apenas destoroado e peneirado e o RSRO tratado termicamente, submetido a uma
temparadura variando de 700 a 900 °C, o que tornou o resíduo uma espécie de pigmento
vermelho-alaranjado. O diâmetro máximo foi controlado e igual a 0,1mm, além da
trabalhabilidade, medida através do ensaio da mesa de consistência, igual a 167 ± 2mm, o
teor de substituição utilizado no estudo foi de 10%. Os autores observaram através dos
resultados obtidos que é perfeitamente viável a utilização, tanto do RSRO sem tratamento
térmico, como com tratamento térmico. Os resultados indicaram aumento de resistência das
argamassas com RSRO, de 20,2%, e foi observado também que não houve decréscimo de
resistência quando utilizado o RSRO em forma de pigmento depois de tratamento térmico.
Os autores atribuíram estes resultados à capacidade de empacotamento destes materiais
na mistura.

Os estudos apresentados indicam que a utilização de Resíduo de Serragem de


Rochas Ornamentais - RSRO (mármore e granitos), como fíler, influencia diretamente nas
propriedades reológicas, mecânicas e de durabilidade dos concretos. Observou-se também
que o percentual máximo de substituição de cimento pelo RSRO é de 20% para que não
venha influenciar negativamente nas propriedades do concreto.

3.4.2 Resíduo de Serragem de Calcário (RSC)

Popee e Schutter (2005), em seu estudo observaram que embora as adições, fíler
calcário e de quartzo sejam consideradas adições inertes, influenciam diretamente na
hidratação do cimento anidro. Os autores explicam esta influência devido às adições
causarem um efeito de nucleação nos grãos de cimento, o que acelera o processo de
hidratação do mesmo. Em alguns casos, os mecanismos de reação são alterados, podendo
ocorrer um novo pico de hidratação. Os autores realizaram experimentos e, posteriormente,
uma modelagem, a fim de predizer a influência das adições na hidratação do cimento. De
posse dos dados experimentais foi verificado que a inclusão de fíler calcário, em algumas
misturas, influenciou claramente no mecanismo de hidratação do cimento. Porém, não foi
verificada nenhuma mudança no comportamento de hidratação do cimento quando o fíler
49

utilizado foi o de origem quartzosa. Os autores não realizaram neste estudo, análises
químicas que explicassem a influência do fíler calcário na hidratação do cimento.

Bouasker et al. (2007) avaliaram a influência da incorporação de fíler calcário na


retração química de pastas e argamassas de cimento e no grau de hidratação, entre 0 e 24
horas de idade das amostras. Os autores utilizaram dois tipos de cimento, um denominado
CEM I com percentuais de composição química de 97% de clínquer, 2% de cal e 1% de fíler;
e o outro denominado CEM II com 92% de clínquer, 6% de cal e 2% de fíler, duas relações
a/c 0,3 e 0,4 e três taxas de substituição de cimento por fíler calcário 0%, 25% e 67%. Os
resultados obtidos pelos autores revelam que o fíler calcário provoca uma aceleração da
retração de Le Chatelier e do processo de hidratação do cimento desde as primeiras horas.
Constataram ainda que a intensidade deste aumento também depende do tipo de cimento
utilizado, que é maior para o CEM II que para o CEM I.

Por outro lado, existem estudos que mostram que o fíler calcário não apresenta
nenhuma reação química nas misturas à base de cimento. É o caso do estudo realizado por
Ye et al. (2007). Os autores investigaram o desenvolvimento da microestrutura, como:
porosidade e distribuição de poros. Estes parâmetros estudados no Concreto autoadensável
(CAA) foram comparados com concretos de alto desempenho e concreto tradicional. Os
testemunhos de pasta de cimento autoadensável (PCAA) tiveram as relações a/c de 0,41 e
0,48, a pasta de cimento de alto desempenho (PCAD), a/c de 0,33 e a pasta de cimento
tradicional (PCT) com a/c de 0,48. Foram realizadas diferentes medições no decorrer do
tempo, considerando vários estágios de hidratação, 1, 3, 7, 14, 28 e 56 dias. Os autores
afirmam que a estrutura de poros, distribuição de tamanho de poros e os diâmetros críticos
de poros são muito semelhantes entre a PCAA e a PCAD, o que revela que a adição do fíler
calcário presente apenas na PCAA não participa das reações químicas.

Estudos, como o de Almeida, Branco e Santos (2007), mostram que resíduo também
pode ser utilizado como substituinte da areia. No estudo, os autores utilizaram o Resíduo de
Serragem de Rocha Ornamentais (RSRO) na produção dos concretos, nos teores de 5%,
10%, 15%, 20%, 34%, 67% e 100%, em relação à massa de areia, além da mistura
referência (sem resíduo). O resíduo só pôde ser disperso na mistura com a utilização de
altos teores de aditivo superplastificante. A Tabela 3 apresenta os resultados encontrados
no estudo para as propriedades mecânicas.
50

Tabela 3 Resultados das propriedades mecânicas dos concretos


Mistura Resistência à Resistência à Resistência à Módulo de
compressão aos compressão aos Tração (MPa) Elasticidade
7 dias (MPa) 28 dias (MPa) (GPa)
REF 60,3 85,1 4,2 40,5
RSR5 66,5 91,1 4,8 43,0
RSR10 55,3 79,4 4,2 41,4
RSR15 58,1 79,5 4,3 38,8
RSR20 53,9 77,5 4,0 36,9
RSR34 41,1 60,8 3,3 33,5
RSR67 36,4 58,2 3,2 30,7
RSR100 30,1 50,3 3,0 26,7
Fonte: (ALMEIDA; BRANCO; SANTOS, 2007)

Os autores destacaram que quando o teor de substituição de areia pela RSRO foi de
5% (RSR5) a resistência à compressão aos 7 dias aumentou em 10,3% e aos 28 dias em
7,1% em relação a mistura referência. Este aumento pode estar relacionado à maior
concentração de compostos hidratados de cimento dentro de um mesmo volume e as
partículas de resíduo, por serem muito finas, colaborar com a densificação da zona de
transição e diminuir o tamanho e quantidade de poros capilares, reduzindo assim a água
livre da mistura. No entanto, nas misturas com teores de substituição superiores a 5% foi
observado uma redução de resistência à compressão, em relação à mistura de referência.
Os autores explicaram que devido às relações a/c das misturas terem sido extremamente
baixas pode ter havido uma inibição das reações químicas. Quando os teores aumentaram
em mais de 20% de substituição as perdas de resistência tornaram-se ainda mais
significativas, chegando a cerca de 50%. O autor concluiu que a substituição total do
agregado miúdo pelo RSRO não é indicado quando a resistência à compressão for um
aspecto fundamental.

3.4.3 Resíduo de Serragem de Pedra Cariri (RSPC)

Silva et al. (2008), observaram que os processos de mineração e beneficiamento de


calcário sedimentar laminado para fabricação de pisos e revestimentos produzem uma
grande quantidade de rejeito, responsável por grandes danos ao meio ambiente. Neste
trabalho foram feitos ensaios de reatividade pozolânica, para avaliar a viailidade de se
incorporar o calcário em argamassas de cimento. Também foi estudada a substituição
parcial da areia pelo RSPC. O material utilizado no estudo foi o rejeito de calcário
sedimentar do Cariri cearense, com granolumetria de 48µm, cimento Portland CP V-ARI-RS
e areia média. O traço utilizado para a argamassa foi de 1:3 com fator água/cimento igual a
0,60. Os autores realizaram a adição do calcário na argamassa em duas etapas distintas: a
51

primeira com a substituição da areia pelo calcário, em proporções de 5%, 10%, 15%, 20% e
25%, em relação à massa da areia, mantendo-se constante a massa do cimento e o fator
água/cimento; a segunda com a substituição do cimento pelo calcário, também em
proporções de 5%, 10%, 15%, 20% e 25%, em relação à massa do cimento, mantendo-se
constante a massa da areia e o fator água/pó (cimento + calcário).

Nas duas etapas, foi avaliada a resistência à compressão, aos 7, 14 e 28 dias, tendo
sido rompido dois corpos-de-prova, para cada idade. Os resultados de resistência das
argamassas com RSPC substituindo a areia encontram-se naTabela 4.

Tabela 4 Resistência à compressão axial (MPa) das argamassas de referência e com RSPC
substituindo a areia
Teor de substituição (%)
Tempo (dias)
0% 5% 10% 15% 20% 25%
7 15,7 9,5 11,4 15,0 16,2 14,7
14 19,0 14,2 19,2 18,5 13,7 14,0
28 17,2 16,5 14,2 14,2 13,5 15,7
Fonte: Silva et al. (2008)

Com base nos resultados de 28 dias, os autores destacam a perda de resistência à


compressão das argamassas com adição de calcário em relação à argamassa sem o
resíduo. A perda de resistência chegou a 26,3% com a mistura utilizando 25% de RSPC em
substituição da areia, em relação à resistência à compressão da mistura referência.

Os resultados de resistência das argamassas com RSPC substituindo a o cimento


encontram-se na Tabela 5.

Tabela 5 Resultados de resistência à compressão axial (MPa) das argamassas com RSPC
substituindo o cimento
Teor de substituição (%)
Tempo (dias)
0% 5% 10% 15% 20% 25%
7 15,6 12,8 10,3 13,3 8,8 7,5
14 15,4 13,6 13,7 13,2 10,5 10,5
28 19,9 13,6 13,5 15,4 14,5 10,8
Fonte: Silva et al. (2008)

Baseado nos resultados observa-se uma queda na resistência à compressão das


argamassas com RSPC, em relação á mistura de referência. A redução na resistência
chegou a 54,3% quando foi utilizado 25% de RSPC em substituição ao cimento. Os autores
comentaram que as misturas apresentaram uma pequena perda de resistência e concluíram
que existiu uma relativa atividade pozolânica do resíduo. Pode-se considerar como bastante
equivocada a conclusão dos autores.
52

4 PROGRAMA EXPERIMENTAL

O programa experimental envolveu a caracterização do RSPC (Resíduo de


Serragem de Pedra Cariri), ensaios de caracterização do aglomerante e dos agregados e
dos ensaios físicos e mecânicos nos concretos produzidos.

Para a caracterização do resíduo foram realizados ensaios de análise química,


difração de raio X e granulometria do RSPC.

Para avaliar a viabilidade técnica do uso do resíduo como adição mineral em


concretos convencionais foram realizados, nos mesmos, ensaios de propriedades
mecânicas (resistência à compressão axial e resistência à tração por compressão
diametral), parâmetros de durabilidade (absorção por sucção capilar e absorção por
imersão), além do efeito da utilização desta adição na trabalhabilidade do concreto pelo
método do abatimento do troco de cone.

Os resultados foram analizados estatisticamente. Foi utilizado o software Statística


®, que permite uma verificação mais apropriada da influência do RSPC nos concretos
produzidos através da ANOVA. Este software permite identificar a interação entre as
variáveis relacionadas, verificando a influência das variáveis dentro de seu grupo e entre os
grupos, através da média geral e dos erros envolvidos. Também foi utilizado, para os grupos
de resultados de características mecânicas, um método denominado Comparação Múltipla
de Médias (CMM), que tem como finalidade determinar se os valores médios se diferenciam
entre si.

4.1 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1.1 Materiais

4.1.1.1 Cimento

O cimento utilizado neste trabalho foi o CP II Z 32 - RS, cimento Portland composto


com pozolana, por ser um dos cimentos comumente utilizados na região de geração do
resíduo. Na Tabela 6, encontram-se os resultados de composição química, que foi realizado
noo laboratórios da COPPE através do método de espectroscopia por fluorescência de
raios-x o equipamento e na Tabela 7 os ensaios físicos e mecânicos do cimento. Os ensaios
e resultados foram realizados de acordo com os preceitos das normas da ABNT.
53

Tabela 6 Composição química do cimento CP II – Z 32 RS utilizado


Compostos Teor (%)
CaO 61,34
SiO2 21,49
Al2O3 5,81
SO3 5,21
Fe2O3 3,73
K2O 1,80
TiO2 0,33
SrO 0,24
MnO 0,04
Rb2O 0,01
Y2O3 0,01

Fonte: Laboratório de análises Químicas – COPPE/UFRJ

Tabela 7 Caracteristicas físico-mecanicas do cimento CP II – Z 32 RS utilizado


Limites da NBR
Propriedades físicas Resultados
11578
Idade(dias)
Resistência à compressão
3 26,5 ≥10,0
axial (MPa) – NBR 7215
7 29,1 ≥20,0
(1996)
28 34,9 ≥32,0
Massa Específica (g/cm³)–
- 2,90 -
NBR NM 23 (2001)
Resíduo na peneira # 200
- 2 ≤12,0
(%) – NBR 11578 (1991)
Tempo de pega (h) - NBR
Início 2:55 ≥1
NM 65 (2003)
Fim 5:05 ≤10
Diâmetro Médio (µm) - 17 -
Expansibilidade à quente
- 0 ≤5
(mm) – NBR 11582

Pode-se observar que os resultados de caracterização da Tabela 7 do cimento


atendem aos limites das normas.

4.1.1.2 Agregado miúdo

Foi utilizado como agregado miúdo, areia quartzosa de origem fluvial, proveniente do
Rio Jacuípe, localizado no município de Feira de Santana-BA. Os ensaios de caracterização
do agregado miúdo encontram-se na Tabela 8 e foram realizados segundo as prescrições
da NBR 7211 (2009).
54

Tabela 8 Distribuição granulométrica e índices físicos da areia


Abertura de peneira (mm) % Retida Acumulada Norma utilizada
4,8 0,00
2,4 3
1,2 12
0,6 39 NBR NM 248
0,3 81
0,15 98
‹0,15 100,00
Dimensão máxima característica (mm) 2,40 NBR NM 248
Módulo de finura 2,32 NBR NM 248
Massa específica (g/cm³) – Agregado Seco 2,54 NBR NM 52
Massa unitária no estado solto (g/cm³) 1,45 NBR 7251
Absorção (%) 0,76 NBR NM 30

A curva de granulométrica do agregado miúdo utilizado, bem como os respectivos


limites definidos pela NBR 7211 (2009) estão apresentados na Figura 17.

100

90

80

70
% RETIDO ACUMULADO

60

50
LIM UTILIZÁVEL SUP
40

30 Agregado Miúdo

20
LIM UTILIZÁVEL INF
10

0
10 1 0,1 0,01
DIÂMETRO DOS GRÃOS- log (mm)

Figura 17 Curva de composição granulométrica do agregado miúdo

Observa-se que a curva granulométrica do agregado miúdo localiza-se dentro da


faixa utilizável.
55

4.1.1.3 Agregado graúdo

Foi utilizado como agregado graúdo, brita de origem granítica, obtida na Pedreira Rio
Branco, situada na cidade de Feira de Santana – BA. Os resultados dos ensaios de
caracterização da brita estão apresentados na Tabela 9.

Tabela 9 Distribuição granulométrica e índices físicos da brita


Abertura de peneira (mm) % Retida Acumulada Norma utilizada
25 0,00
19 17
12,5 96
9,5 100 NBR NM 248
6,3 100
4,8 100
‹4,8 100
Dimensão máxima característica (mm) 25,0 NBR NM 248
Massa específica (g/cm³) – Agregado Seco 2,78 NBR NM 53
Massa unitária no estado solto (g/cm³) 1,49 NBR 7251
Absorção (%) 0,35 NBR NM 53

A curva granulométrica da brita, bem como os limites inferior e superior


estabelecidos na norma NBR 7211 (ABNT,2009) que podem ser observadas na Figura 18.

100

90

80
RETIDO ACUMULADO %

70

60

50

40 LIM UTILIZÁVEL
SUP
30
LIM UTILIZÁVEL
20 INF

10 Agregado
Graúdo
0
10 1
DIAMETRO DOS GRÃOS- LOG (mm)

Figura 18 Curva de composição granulométrica de agregado graúdo


56

Observa-se que, embora muito pouco, existe uma fração do agregado graúdo fora
da zona utilizável.

4.1.1.4 Resíduo de Serragem de Pedra Cariri (RSPC)

A coleta do resíduo foi realizada de acordo com a NBR 10007 (ABNT, 2004). A
amostra do RSPC foi coletada em uma empresa filiada à Cooperativa de Mineração dos
Produtores de Pedra Cariri – Ceará (COOPEDRAS), na cidade de Nova Olinda-CE.

O volume de resíduo coletado foi de cerca de 1 m³. Esta amostra foi considerada
representativa o suficiente para o desenvolvimento da pesquisa. O resíduo foi coletado em
forma de pasta, portanto, com altos teores de umidade. O material foi colocado em sacos de
ráfia e transportado para o Laboratório de Materiais de Construção da Universidade
Estadual de Feira de Santana, onde o estudo foi desenvolvido. Na Figura 19 apresenta-se
um aspecto do processo de coleta do RSPC.

(Fonte: Do Próprio Autor)

Figura 19 Coleta do RSPC depositado em sacos

4.1.1.4.1 Beneficiamento para utilização do resíduo

Após a coleta do RSPC foi necessário um beneficiamento para seu uso nos
concretos. Tais processos serão descritos nos itens a seguir.

a) Secagem do material

O RSPC coletado, devido ao método de exploração da rocha, contém altos teores de


umidade sendo necessário secá-lo para utilização nos concretos. A metodologia de
secagem realizada foi a seguinte:

 exposição do material, em camadas de até 5cm de altura, ao ar livre, por 48


horas;
57

 posteriormente, o material foi levado a estufa a uma temperatura de 110°C,


por 24 horas.

A Figura 20 mostra um aspecto do RSPC seco. Pode-se observar que após seco, o
resíduo forma grandes torrões.

(Fonte: Do Próprio Autor)

Figura 20 Torrões de RSPC

b) Processo de destorroamento do RSPC

Como os grãos de RSPC após a secagem encontravam-se fortemente aderidos uns


aos outros formando grandes torrões, fez-se necessário realizar a moagem do material. O
processo de destorroamento deste material compreende duas etapas.

Na primeira foi utilizado o britador de mandíbulas para transformar aglomerados de


RSPC que inicialmente tinham cerca de Dmáx=200mm para aglomerados com
Dmáx=6,3mm. Na Figura 21, ilustra-se o britador de mandíbulas utilizado nesta etapa do
processamento do RSPC.
58

(a) (b)
(Fonte: Do Próprio Autor)

Figura 21 Britador de mandíbulas (a) – Britador de mandíbulas; (b) – Mandíbula do britador

Na segunda etapa foi utilizado um moinho de bolas horizontal CT 242 Servitech, que
conferiu ao RSPC o aspecto de pó, desejável para a utilização nos concretos. A carga de
bolas de alumina utilizada foi de 800g e igual quantidade de RSPC. A Figura 22 mostra um
aspecto do moinho utilizado.

(a) (b)
(Fonte: Do Próprio Autor)

Figura 22 Equipamento usado na segunda etapa da moagem: (a) Aspecto do Moinho de bolas;
(b) Foco nos jarros e corpos moedores
59

Na Figura 23 apresenta-se o RSPC depois do processo de moagem.

(Fonte: Do Próprio Autor)

Figura 23 RSPC obtido após a segunda etapa de destorroamento

Pode-se observar que após o processo de moagem o resíduo apresenta um aspecto


de pulverulento.

4.1.1.4.2 Determinação do tempo de moagem

A escolha do tempo de moagem foi feita a partir de um estudo de desempenho de


argamassas quanto à resistência à compressão. Foram escolhidos 4 diferentes tempos de
moagem: 2min. (considerado com apenas destorroamento), 10, 20 e 30 minutos. Foram
produzidas argamassas de referência (sem resíduo), com de 10% de RSPC em substituição
ao cimento, em massa, para cada tempo de moagem. Foi também produzida argamassa
com 10% do resíduo após passar pelo britador e peneirado na peneira 4,8mm (tempo de
moagem 0).

Para cada tempo de moagem, foi determinada a granulometria do RSPC, através de


granulômetro a laser MasterSizer 2000. Este ensaio foi realizado Laboratório de Estruturas
(LabEst) da COPPE/UFRJ e as partículas foram dissipadas em água. Também foi
determinada a superfície específica do resíduo utilizando o frasco columétrico de Le
Chatelier, de acordo com a norma NM23 (NM, 2000), este ensaio foi realizado no
Laboratório de Tecnologia – LABOTEC da UEFS. Na Tabela 10 estão apresentados os
tamanhos médios dos grãos de RSPC e sua superfície específica para os variados tempos
de moagem.
60

Tabela 10 Tamanho médio dos grãos e superfície específica do RSPC para os diversos tempos de
moagem
Tempo de moagem
D50%(µm) Sup. Esp. m²/g
(minutos)
2 5,23 2,25
10 4,69 2,39
20 4,58 2,41
30 4,38 2,52
Os resultados apresentados na Tabela 10 demonstraram, como esperado, que
quanto maior o tempo de moagem menor o diâmetro médio e maior a superfície especifica
dos grãos.

Para avaliar a influência do tempo de moagem, diâmetro médio e superfície


especifica na resistência das argamassas foi definido um traço padrão de 1:3,0. Também foi
definida uma consistência padrão para a argamassa referência, 250 ± 10mm, determinada
através da mesa de consistência (NBR 13276, ABNT, 2005). Para essa faixa de
consistência não houve variação na relação a/c, que foi de 0,54. Para cada traço foram
moldados e rompidos 4 corpos-de-prova à compressão, aos 28 dias. A média dos resultados
e o coeficiente de variação dos ensaios estão apresentados na Tabela 11.

Tabela 11 Resistência a compressão axial aos 28 dias e traço utilizado para produção das
argamassas estudadas
Tempo de moagem Tensão Traço
C.V. (%)
(minutos) (MPa) (c:a:a/c)
Ref 24,0 11,27
0 25,4 19,36
2 27,4 9,78
1:3:0,54
10 27,9 9,74
20 25,6 3,91
30 27,7 4,94

Com base nos resultados apresentados na Tabela 11 definiu-se 2 minutos como


sendo o melhor tempo de moagem do RSPC, uma vez que proporciona um menor gasto
energético para um desempenho de mesmo patamar que os maiores tempos de moagem,
quanto à resistência à compressão.

Foram determinadas as características físicas e químicas do resíduo moído a 2


minutos, a fim de obter parâmetros para se compreender melhor a sua influência no
comportamento dos concretos produzidos, conforme apresentado a seguir.
61

4.1.1.4.3 Características químicas

O conhecimento das características químicas é de fundamental importância para


definir as possíveis aplicações do resíduo, podendo inclusive inviabilizar o seu uso. A
composição química do RSPC, moído por um tempo 2 minutos, utilizada neste estudo
encontra-se na Tabela 12, o ensaio foi realizado no Laboratorio da COPPE Nessa tabela
também é apresentada a composição química da Pedra Cariri, determinada por outro autor.

A partir dos resultados encontrados na Tabela 12, pode-se verificar que existem
grandes variações na composição química do RSPC e da Pedra Cariri. O fato do ensaio
realizado no RSPC não ter determinado a perda ao fogo (PF) pode justificar estas
diferenças.

Tabela 12 Composição química do RSPC e da Pedra Cariri


Composição química do RSPC e da Pedra Cariri
Composto RSPC (%) PC – NO5* (%)
CaO 95,27 54,0
SiO2 1,37 0,99
Fe2O3 1,33 0,47
SO3 1,26 0,05
MnO 0,43 0,17
SrO 0,25 0,07
ZnO 0,05 -
CuO 0,03 0,02
MgO - 0,62
K2O - 0,03
P2O5 - 0,05
PF - 43,0
* Fonte: Vidal e Correia (2006). Esta amostra de Pedra Cariri é
proveniente da mesma cidade que o resíduo em estudo: o município de
Nova Olinda. Pc – Pedra Cariri; NO5 – Quinta amostra retirada na cidade
de Nova Olinda.

Observa-se que o RSPC é composto praticamente de CaO.

Foi realizado o ensaio de difração de raios X no resíduo, a fim de se conhecer a


estrutura dos compostos encontrados na análise química. O ensaio foi realizado no
Laboratório da UNICAMP. Os resultados encontrados estão apresentados na Figura 24.
62

(Fonte: Do Próprio Autor)

Figura 24 Difratograma de uma amostra de RSPC

Pode-se observar no difratograma que a estrutura do RSPC é bastante cristalina, o


que indica que o RSPC não reage quimicamente, sendo o principal constituinte o oxído de
cálcio com percentual de 95,27% deste material, bem distante do que é fixado pela NBR
12653 (ABNT, 1992) que preconiza que . O que possibilita o
uso do resíduo basicamente como material fíller. O estudo de Guimarães e Moura (2013)
reforçam a possibilidade de aplicação do RSPC apenas como fíller uma vez que o material
apresentou índice de atividade pozolânica de apenas 56%.

4.1.1.4.4 Características físicas

Foram realizados ensaios para caracterizar fisicamente o resíduo. Os ensaios


realizados foram massa específica e granulometria. Na Figura 25 apresenta-se a curva
granulométrica do RSPC utilizado (moído por 2 minutos).

100,00
PASSANTE ACUMULADO (%)

90,00
80,00
70,00
60,00
50,00
40,00
30,00
20,00
10,00 RSPC
0,00
0,01 0,1 1 10 100 1000
TAMANHO DOS GRÃOS (µm)

Figura 25 Curva granulométrica do resíduo utilizado


63

A massa específica encontrada foi igual a 2,67g/cm³, e determinada segundo a NBR


NM 23 (ABNT, 2003).

Como pode-se observar na tabela 10, o diâmetro médio do resíduo utilizado foi de
5,23µm. O RSPC apresenta por tanto um diâmetro médio muito menor que o do cimento
Portland, o que pode contribuir para melhor preenchimento da matriz.

4.1.2 Dosagem e produção dos concretos

A metodologia utilizada para dosagem dos concretos foi a do IPT/EPUSP (HELENE


e TERZIAN, 1992). Para a determinação do diagrama de dosagem que foi utilizado nesta
pesquisa, foram produzidos 3 traços variando os valores de m (teor de agregados secos) e o
consumo de cimento. Como fator de controle adotou-se três relações a/c (0,46; 0,56; 0,71).
O teor de argamassa seca obtido foi de 52% para todos os concretos produzidos. A
trabalhabilidade foi medida através do ensaio de abatimento de tronco de cone, NBR NM 67
(ABNT, 1998), tendo sido fixada em 100 ± 20 mm.

Não foi utilizada substituição do cimento pelo RSPC nesta etapa do estudo. Na
Tabela 13 apresentam-se os traços, em massa, utilizados para definição do diagrama de
dosagem.

Tabela 13 Traços utilizados para elaboração do diagrama de dosagem


Consumo de cimento
Relação a/c Cimento Ag. Miúdo Ag. Graúdo
(kg/m³)
0,47 1 1,34 2,16 475,3
0,56 1 2,22 2,88 361,2
0,71 1 2,90 3,60 319,8

O processo de mistura dos materiais constituintes do concreto se deu da seguinte


forma: primeiro colocou-se 100% do agregado graúdo, em seguida 50% da água, depois
todo o cimento e o restante da água e por último toda a areia.

Para determinação da resistência à compressão axial foram moldados corpos-de-


prova cilíndricos, de acordo com a NBR 5738 (ABNT, 2003). Após a moldagem, os corpos-
de-prova foram cobertos com uma lona plástica, nas primeiras 24 horas, e em seguida
desmoldados e curados submersos em água com cal. Foram moldados 8 corpos-de-prova
para cada traço, dos quais 4 foram rompidos aos 7 dias e 4 aos 28 dias.
64

De posse dos resultados de resistência à compressão axial aos 7 e 28 dias,


construiu-se o diagrama da Figura 26, que mostra as curvas de comportamento dos
concretos utilizados na dosagem.
Fc(MPa)
35
fc7 = 66.167/10.371 a/c
R² = 0.977
fc28= 87.346/10,655a/c
30
R²= 0.945

fc7
fc28 25

20

15

10

Cc(kg/m³) a/c
500 450 400 350 300 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8
3

Abatimento 100 +/- 20 mm

4 m = 11.842 * a/c - 1.829


R² = 0.987

m
(Fonte: Do Próprio Autor)

Figura 26 Diagrama de dosagem

Na Tabela 14 encontram-se todos os traços, relações entre materiais, bem como os


teores de substiruição e também o consumo de cimento por metro cúbico, em massa,
utilizados no estudo.
65

Tabela 14 Traços utilizados no programa experimental


Teor de Consumo
Relação
substituição Cimento RSPC Ag. Miúdo Ag. Graúdo de cimento
a/c
(%) (kg/m³)
0,45 0 1 0 1,34 2,16 470,8
0,55 0 1 0 1,95 2,73 394,1
0,65 0 1 0 2,57 3,30 334,8
0,45 10 0,9 0,1 1,34 2,16 423,7
0,55 10 0,9 0,1 1,95 2,73 354,7
0,65 10 0,9 0,1 2,57 3,30 301,4
0,45 20 0,8 0,2 1,34 2,16 376,6
0,55 20 0,8 0,2 1,95 2,73 315,3
0,65 20 0,8 0,2 2,57 3,30 267,9

4.1.2.1 Propriedades do concreto

Foram avaliadas propriedades do concreto no estado fresco e endurecido. Para o


concreto no estado fresco foi determinada a trabalhabilidade dos concretos produzidos por
meio da medida do abatimento do tronco de cone, de acordo com a NBR NM 67 (1998). No
que se refere às ao conjunto de propriedades avaliadas nos concretos no estado endurecido
foram realizados, para determinação das características mecânicas, os de ensaios de
resistência à compressão axial de acordo com a norma NBR 5739 (ABNT, 2007). Foram
ensaiados 4 corpos-de-prova de cada traço por idade (7 e 28 dias), resistência à tração
indireta realizados de acordo com a norma NBR 7222 (ABNT, 2011). Foram ensaiados 2
CP´s cilíndricos de cada traço, por idade (7 e 28 dias). Também foi realizados ensaios que
apontam paramentros de durabilidade, como o ensaio de absorção por sucção capilar, no
qual não existe no Brasil normatização. Logo, a metodologia para realização deste ensaio foi
adotada com base no método definido por KELHAM, (1988) e adaptado por Gopalan (1996).
Os procedimentos para execução do ensaio de absorção por sucção capilar, segundo
Moura (2000), compreendem as seguintes etapas:

 Foram moldados para cada traço 2 corpos-de-prova prismáticos


100mmx100mmx150mm (largura, altura e comprimento), a moldagem se deu
em duas camadas e os CP´s foram adensados com vidrador de imersão com
agulha de 15mm.

 após 28 dias de cura úmida os corpos-de-prova foram serrados em fatias com


espessura de 25mm. Foram selecionadas 2 fatias para cada traço, sendo
uma de cada corpo-de-prova moldado. Na Figura 27 apresenta-se o processo
de retirada dos testemunhos para ensaio de absorção por sucção;
66

(Fonte: Do Próprio Autor)

Figura 27 Retirada de corpos-de-prova para ensaio de absorção por sucção

 as amostras foram colocadas em estufa à temperatura de 70 ± 5ºC para


secagem, até a constância de massa (diferença de 0,1% entre pesagens no
intervalo de 24 horas);

 após a constância de massa, as amostras foram resfriadas ao ar livre;

 foram determinadas a área e a espessura média de cada corpo-de-prova,


medida a partir das quatro faces laterais;

 foram impermeabilizadas as faces laterais de cada corpo-de-prova, com


resina epóxi. Na impermeabilização foram tomados os devidos cuidados para
que a resina não atingisse as faces inferior e superior das amostras,
principalmente a inferior, para que não houvesse redução da área de contato
com a água;

 foi colocada, na face superior da amostra, uma placa de PVC furada no


centro, com uma mangueira de 4mm de diâmetro envolvendo o furo. A função
desta mangueira é fazer o contato com a atmosfera, garantindo o equilíbrio
de pressão entre a atmosfera e o espaço entre a placa e a face da amostra. A
placa de PVC fica afastada em torno de 5mm da face superior da amostra. Já
após abaixo dos CP´s quando submersos foi colocada uma tela tipo
galinheiro para garantir perfeito contato da água com a parte inferior do
mesmo. A Figura 28 mostra o esquema do corpo-de-prova utilizado no ensaio
e a Figura 29 mostra o corpo-de-prova pronto para o ensaio de absorção por
sucção capilar;
67

(Fonte: KELHAM,1988)

Figura 28 Esquema do ensaio de absorção capilar

Onde:

(Fonte: Do Próprio Autor)

Figura 29 Corpo-de-prova para ensaio de absorção por sucção capilar


68

 estabeleceu-se os tempos para determinação das pesagens hidrostática dos


corpos-de-prova em 2, 5, 15, 30, 60, 120, 360, 720, 1440, 2880, 4320 e 5760
minutos, até a saturação do mesmo. De acordo com a metodologia
considera-se que o corpo-de-prova estará saturado quando a variação de
massa for inferior a 0,2%;

 foi equilibrado o conjunto balança e a bandeja de suporte da amostra, antes


do ensaio. A bandeja foi posicionada de forma que garantisse a imersão do
corpo-de-prova durante as pesagens;

 posteriormente realizou-se as pesagens do corpo-de-prova nos tempos pré-


estabelecidos. Na Figura 30 é ilustrada a pesagem dos corpos-de-prova no
decorrer do ensaio.

(Fonte: Do Próprio Autor)

Figura 30 Pesagem dos corpos-de-prova no ensaio de absorção por sucção capilar

Com os valores medidos de acúmulo de massa dos corpos-de-prova submersos,


plota-se os pontos de ganho de massa em função da raiz quadrada do tempo.
Posteriormente, são interpoladas duas retas, em função dos pontos plotados: a primeira
referente ao período de absorção inicial e a segunda no trecho de saturação dos corpos-de-
prova, onde é observado uma diminuição significativa do ganho de massa das amostras.
Denomina-se nick point, o ponto de interseção entre as duas retas, que corresponde ao
início da saturação do corpo-de-prova. Na Figura 31 está ilustrado um gráfico genérico de
ganho de massa em função da raiz quadrada do tempo destacando o Nick point.
69

(Fonte: Do Próprio Autor)

Figura 31 Ilustração de gráfico genérico de absorção por sucção capilar destacando o Nick
point

Traçados os gráficos de ganho de massa em função da raiz quadrada do tempo,


calcula-se a taxa de absorção e a resistência capilar. Com a relação entre a inclinação da
reta de absorção inicial e a área da seção transversal do corpo-de-prova encontra-se a taxa
de absorção, em √ .

Calcula-se a resistência capilar, em , utilizando a Equação (1) (GJORV,1994):

(1)

onde:

– Resistência capilar ( )

– Abcissa do ponto de saturação ( √ )

– espessura do corpo-de-prova ( )

E os ensaios de absorção por imersão foram realizados com base na norma NBR
9778 (ABNT, 2005). A absorção foi determinada em 2 corpos-de-prova cilíndricos
(100x200)mm por traço na idade de 28 dias.
70

5 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

5.1 TRABALHABILIDADE

A Tabela 15 apresenta os resultados dos abatimentos para todos os concretos


produzidos e na Figura 32 demonstra-se uma diferença nos aspecto de coesão dos
concretos com e sem RSPC.

Tabela 15 Resultados do ensaio de abatimento de tronco de cone para todos os concretos


estudados
Misturas a/c Abatimento (mm)
0,45 90
Referência 0,55 120
0,65 85
0,45 100
10% de substituição do
0,55 115
cimento pelo RSPC
0,65 120
0,45 95
20% de substituição do
0,55 100
cimento pelo RSPC
0,65 85

(a) (b)

Figura 32 Ilustração comparativa de aspceto de consistência e coesão para concretos com e


sem RSPC (a) – concreto referência; (b) – concreto produzido com RSPC

Verificou-se que todos os concretos estão dentro da faixa de controle estabelecido


(100 ± 20)mm e os concretos com RSPC apresentaram um aspecto de maior consistência e
coesão, quanto maior foi o teor de substituição do cimento pelo RSPC. Este comportamento
era esperado e pode ser explicado pela ação fíler do resíduo utilizado. Vários autores, a
exemplo de Gonçalves (2000) e Cabrera et al. (1998), em seus estudos substituindo,
respectivamente, o cimento por resíduo de corte de granito (RCG) e fíler calcário, também
observaram para maiores teores de adição misturas mais coesas.
71

5.2 DETERMINAÇÃO DAS PROPRIEDADES DO CONCRETO NO ESTADO


ENDURECIDO

5.2.1 Propriedades mecânicas

5.2.1.1 Resistência à compressão axial

Foram rompidos 4 corpos-de-prova para cada mistura e idade (7 e 28 dias). Na


Tabela 16 estão apresentados os resultados de resistência à compressão axial.

Tabela 16 Resultados de resistência a compressão axial dos concretos produzidos

Idade
7 dias 28 dias
Mistura a/c Fc Fcm C.V. (%) Fc Fcm C.V. (%)
( MPa) ( MPa) ( MPa) ( MPa)
0,45 28,4 33,0
0,45 23,5 35,8
27,0 9,08 34,3 3,40
0,45 27,0 34,3
0,45 28,9 34,3
0,55 21,8 28,4
0,55 21,9 28,4
Referência 21,5 2,02 27,7 3,42
0,55 21,3 26,4
0,55 21,0 27,7
0,65 19,7 20,7
0,65 17,0 22,0
18,2 6,81 21,0 6,29
0,65 17,4 22,1
0,65 18,6 19,3
0,45 22,6 32,0
0,45 24,8 31,4
24,5 5,47 31,3 6,27
0,45 25,6 28,6
0,45 25,0 33,3
10% de 0,55 21,4 25,6
substituição 0,55 19,8 24,4
20,4 4,05 23,9 5,78
do cimento 0,55 19,6 22,8
pelo RSPC 0,55 20,7 22,7
0,65 16,4 21,8
0,65 16,5 22,3
17,2 5,22 22,3 3,36
0,65 18,2 21,6
0,65 17,5 23,3
0,45 23,0 31,3
0,45 25,6 28,3
23,4 8,07 28,4 7,15
0,45 23,8 26,7
0,45 21,1 27,5
20% de 0,55 20,9 23,1
substituição 0,55 19,2 22,1
19,4 5,21 22,7 1,87
do cimento 0,55 19,0 22,8
pelo RSPC 0,55 18,6 22,8
0,65 14,4 16,3
0,65 16,4 14,7
14,9 11,42 16,2 7,11
0,65 15,9 16,5
0,65 12,7 17,5
72

A Figura 33 apresenta, as curvas de comportamento geradas a partir dos resultados de


resistência à compressão axial dos concretos, aos 7 e 28 dias, em função da relação a/c e
dos teores de substituição.

40
MISTURAS
35 REF
10%RSPC
20%RSPC
30
fc (MPa)

25

20

15
7d 28d
10
0,45 0,55 0,65 0,45 0,55 0,65
Relação a/c Relação a/c
(a) (b)
(Fonte: Do Próprio Autor)

Figura 33 Curvas de comportamento quanto à resistência à compressão axial dos concretos


produzidos: (a) aos 7 dias; (b) aos 28 dias

Análise dos resultados

A influência do teor de substituição do RSPC nas propriedades dos concretos


produzidos e a interação entre as variáveis relacionadas foram avaliadas estatisticamente
por análise de variância (ANOVA), com a utilização do software Statistica. Na Tabela 17 são
apresentados os resultados da ANOVA.

Tabela 17 Resultados da ANOVA de resistência à compressão axial dos concretos produzidos


Fator GDL MQ Fcalculado F0,05 Significância
A – Teor 2 102,44 54,28 3,17 S
B – a/c 2 588,18 311,60 3,17 S
C – Idade 1 385,49 204,23 4,02 S
AB 4 7,11 3,76 2,55 S
AC 2 8,73 4,62 3,17 S
BC 2 16,89 8,95 3,17 S
ABC 4 3,28 1,74 2,55 NS
Erro 54 1,886 - - -
GDL - Graus de liberdade / Fcalculado - Valor calculado de F / MQ - Média quadrada /
F0,05 Valor tabelado de f para o nível de significância de 5% / S - Significativo / NS -
Não significativo
73

Com base nos resultados da ANOVA pode-se verificar que as variáveis: teor de
substituição de cimento pelo RSPC, a relação a/c e as idades, analisados separadamente
possuem efeito significativo sobre a resistência à compressão axial. Também foi verificado
que existem influências significativas nas interações, teor de substituição e relação a/c, teor
de substituição e idade e relação a/c e idade. No entanto não há efeito significativo da
interação quando as três variáveis são analisadas conjuntamente.

A existência do efeito significativo entre às variáveis, teor de adição e idade significa


que de alguma forma a adição provoca alterações significantes na resistência à compressão
axial dos concretos ao longo do tempo. A variação de resistência à compressão axial em
função do efeito isolado da variável relação a/c, como esperado, mostrou que a relação a/c
é inversamente proporcional à resistência à compressão axial nos concretos. Ou seja, para
maiores valores de relação a/c são obtidos menores valores de resistência à compressão
das misturas. Também como esperado, quando isola-se a variável idade, percebe-se uma
influência significativa na resistência à compressão axial dos concretos: quanto maior a
idade maior a resistência à compressão.

Analisando o comportamento dos concretos, conforme a Tabela 17, pode-se


observar que aos 7 dias a resistência à compressão dos concretos diminuiu com a utilização
de RSPC, em relação aos concretos de referência, para todos os teores estudados, e todas
as relações a/c. Quanto maior foi o teor de substituição, maior foi a perda de resistência à
compressão.

Verificou-se também esta influência utilizando o método de Comparação Múltipla de


Média (CMM), afim de determinar se os valores de resistências médias para cada relação
a/c e teores de substituição de RSPC. Na Tabela 18 é apresentado a (CMM) dos resultados
de resistência à compressão axial, aos 7 dias.
74

Tabela 18 Comparação Múltipla de Médias (CMM) dos resultados de resistência à compressão


axial aos 7 dias.
Médias em ordem crescente Desvio Limite de Comparação Significância
padrão decisão duas a duas
das
médias
Identificação Fc
(MPa)
(I)20%RSPC_a/c0,45 23,38 (II) – (I) = 1,13 DNS
(II)10%RSPC_a/c0,45 24,5 (III) – (I) = 3,58 DNS
(III)REF_a/c0,45 26,95 (III) – (II) = 2,45 DNS
(I)20%RSPC_a/c0,55 19,43 (II) – (I) = 0,95 DNS
(II)10%RSPC_a/c0,55 20,38 (III) – (I) = 2,08 DNS
(III)REF_a/c0,55 21,5 (III) – (II) = 1,13 DNS
(I)20%RSPC_a/c0,65 14,85 (II) – (I) = 2,30 DNS
(II)10%RSPC_a/c0,65 17,15 (III) – (I) = 3,33 DNS
(III)REF_a/c0,65 18,18 (III) – (II) = 1,03 DNS


NOTA: DNS = Diferença Não Significativa; ; MQR = Média quadrática

dentro do grupo; n = nº de repetições; = Limite de decisão
A diferença entre os valores médios são inferiores ao valor do limite de decisão,
determinado no método da CMM, conforme observa-se na Tabela 18. Portanto, pode-se
afirmar que a diferença não é significativa para todos os resultados médios de resistência à
compressão axial, aos 7 dias.

O comportamento dos concretos, quanto à resistência à compressão, com idade de


28 dias, com base na CMM, foi semelhante ao dos concretos aos 7 dias. Na Tabela 19 é
apresentado a (CMM) dos resultados de resistência à compressão axial aos 28 dias.

Tabela 19 Comparação Múltipla de Médias (CMM) dos resultados de resistência à compressão


axial aos 28 dias.
Médias em ordem crescente Desvio Limite de Comparação Significância
padrão decisão duas a duas
das
médias
Identificação Fc
(MPa)
(I)20%RSPC_a/c0,45 28,45 (II) – (I) = 2,88 DNS
(II)10%RSPC_a/c0,45 31,33 (III) – (I) = 5,90 DS
(III)REF_a/c0,45 34,35 (III) – (II) = 3,03 DNS
(I)20%RSPC_a/c0,55 22,70 (II) – (I) = 1,18 DNS
(II)10%RSPC_a/c0,55 23,88 (III) – (I) = 5,03 DNS
(III)REF_a/c0,55 27,73 (III) – (II) = 3,85 DS
(I)20%RSPC_a/c0,65 16,25 (III) – (I) = 6,00 DS
(II)REF _a/c0,65 21,00 (II) – (I) = 4,75 DS
(III) 10%RSP_a/c0,65 22,25 (III) – (II) = 1,25 DNS

NOTA: DNS = Diferença Não Significativa e DS = Diferença Significativa;



; MQR = Média quadrática dentro do grupo; n = nº de repetições; = Limite de

decisão
75

Pode-se observar que, quando comparado os concretos de referência aos concretos


com substituição de 10% de cimento por RSPC a diferença não é significativa, exceto para
relação a/c = 0,55. Já para os concretos com 20% de RSPC este comportamento não se
configura. Isto pode ser justificado pelo fato de que o resíduo é bem mais fino do que o
cimento utilizado, possibilitando um melhor empacotamento dos grãos nos concretos com
até 10% de RSPC. Ou seja, o efeito fíler preponderou sobre o efeito cimentante do cimento.
No entanto, com 20% de RSPC, o efeito do resíduo já não é eficiente, uma vez que os poros
já foram preenchidos com 10% de RSPC, se configurando apenas perda de material
cimentante, sem compensação.

No seu estudo de utilização de resíduo de corte de granito (RCG), que também é


uma adição inerte, como adição ao concreto, Gonçalves (2000) concluiu que os concretos
com adição de 10% e 20% de RCG apresentaram maior resistência à compressão do que
os concretos de referência. O pesquisador atribuiu este comportamento ao efeito fíler
provocado pelo resíduo, cujo diâmetro médio dos grãos foi de 6,74µm. Segundo o autor a
adição do resíduo proporcionou um refinamento na estrutura de poros, contribuiu para
densificação da zona de transição e proporcionou uma melhor dispersão e conseqüente
aceleração na formação dos produtos hidratados da matriz cimentícia.
76

5.2.1.2 Resistência à tração por compressão diametral

Dada a importância de se conhecer a resistência do concreto aos esforços de tração,


foi realizado nos concretos o ensaio de resistência a tração por compressão diametral.
Foram realizados ensaiados de 2 corpos-de-prova para cada mistura e idade (7 e 28 dias).
Os resultados estão apresentados na Tabela 20.

Tabela 20 Resultados de resistência a compressão diametral dos concretos produzidos


Idade
7 dias 28 dias
MISTURA a/c ft’d ft’dm CV (%) ft’d ft’dm CV (%)
2,5 3,1
0,45 2,5 2,8 3,1 0,0
2,4 3,1
1,8 2,1
Referência 0,55 1,9 3,7 2,2 3,2
1,9 2,2
2,0 1,9
0,65 1,7 25,0 2,1 10,1
1,4 2,2
2,5 2,7
0,45 2,5 2,8 2,7 0,0
10% de 2,4 2,7
substituição 1,8 2,2
0,55 1,9 3,7 2,2 0,0
do cimento 1,9 2,2
pelo RSPC 1,4 1,8
0,65 1,6 13,3 2,0 10,6
1,7 2,1
2,3 2,4
0,45 2,3 0,0 2,6 8,2
20% de 2,3 2,7
substituição 1,7 2,2
0,55 1,7 0,0 2,2 0,0
do cimento 1,7 2,2
pelo RSPC 1,4 1,9
0,65 1,5 4,7 2,0 7,1
1,5 2,1
ft’d = resistência à tração por compressão diametral (MPa)
ft’dm = resistência à tração por compressão diametral média (MPa)

Na Figura 34 apresenta-se as curvas de comportamento geradas a partir dos


resultados de resistência à tração por compressão diametral aos 7 e 28 dias, em função da
relação a/c e dos teores de substituição.
77

3,4
3,2 MIST URAS
REF
3,0
10%RSP C
2,8
20%RSP C
2,6
ft'd (MPa)

2,4
2,2
2,0
1,8
1,6
1,4 7d 28d
1,2
0.45 0.55 0.65 0.45 0.55 0.65
Relação a/c Relação a/c

(a) (b)
(Fonte: Do Próprio Autor)

Figura 34 Curvas de comportamento quanto à resistência à tração por compressão diametral


dos concretos produzidos: (a) aos 7 dias; (b) aos 28 dias

Análise dos resultados

A influência do teor de substituição do RSPC na resistência à tração por compressão


diametral dos concretos produzidos e a interação entre as variáveis relacionadas foram
avaliadas estatisticamente por análise de variância (ANOVA), com a utilização do software
Statistica ®. Na Tabela 21 são apresentados os resultados da ANOVA.

Tabela 21 Resultados da ANOVA de resistência à tração por compressão diametral dos concretos
produzidos
Fator GDL MQ Fcalculado F0,05 Significância
A – Teor 2 0,101 4,439 3,55 S
B – a/c 2 2,114 92,793 3,55 S
C – Idade 1 1,440 63,219 4,41 S
AB 4 0,269 1,183 2,93 NS
AC 2 0,010 0,439 3,55 NS
BC 2 0,003 0,110 3,55 NS
ABC 4 0,033 1,427 2,93 NS
Erro 18 0,023 - - -
GDL - Graus de liberdade / Fcalculado - Valor calculado de F / MQ - Média quadrada /
F0,05 Valor tabelado de f para o nível de significância de 5% / S - Significativo / NS -
Não significativo

Os resultados da ANOVA mostram que existe influência significativa do teor de


substituição, da relação a/c e da idade na resistência à tração por compressão diametral dos
78

concretos. Por outro lado, não houve influência significativa das interações entre as
variáveis, em relação à propriedade estudada.

Com base nos resultados de 7 dias pode-se verificar, que os concretos com 10% de
substituição de cimento pelo RSPC apresentaram resistência à tração semelhante aos
concretos de referência. Já os concretos com 20% de RSPC apresentaram resistência à
tração inferior a dos concretos de referência, para todas as relações a/c estudadas. A
redução da resistência à tração por compressão diametral chegou a 11,8% na mistura com
relação a/c 0,65, em relação ao correspondente concreto de referência.

Em relação aos resultados de 28 dias pode-se observar que os concretos com 10% e
20% RSPC não apresentaram uma redução na resistência à tração, em relação aos
concretos de referência. A redução da resistência chega a 16,1% para a mistura com 20%
de RSPC e relação a/c de 0,45. Por outro lado, observa-se que para os concretos com 10%
e 20% de RSPC e relação a/c igual a 0,55 e 0,65 a resistência à tração por compressão
diametral é bastante semelhante à resistência dos concretos de referência.

Foi também utilizado o método de CMM para os resultados de resistência à tração.


Na Tabela 22 estão apresentados os resultados da análise.

Tabela 22 Comparação Múltipla de Médias (CMM) dos resultados de resistência à compressão


diametral aos 7 dias.
Médias em ordem crescente Desvio Limite de Comparação Significância
padrão decisão duas a duas
das
médias
Identificação ft’dm
(MPa)
(I)20%RSPC_a/c0,45 2,30 (II) – (I) = 0,15 DNS
(II)10%RSPC_a/c0,45 2,45 (III) – (I) = 0,15 DNS
(III)REF_a/c0,45 2,45 (III) – (II) = 0,00 DNS
(I)20%RSPC_a/c0,55 1,70 (II) – (I) = 0,15 DNS
(II)10%RSPC_a/c0,55 1,85 (III) – (I) = 0,15 DNS
(III)REF_a/c0,55 1,85 (III) – (II) = 0,00 DNS
(I)20%RSPC_a/c0,65 1,45 (III) – (I) = 0,10 DNS
(II)10%RSPC_a/c0,65 1,55 (II) – (I) = 0,25 DNS
(III)REF_a/c0,65 1,70 (III) – (II) = 0,15 DNS

NOTA: DNS = Diferença Não Significativa e DS = Diferença Significativa;



; MQR = Média quadrática dentro do grupo; n = nº de repetições; = Limite de

decisão
Pode-se observar, apartir dos resultados obtidos através do método da CMM, que,
em relação à resistência à tração por compressão diametral, aos 7 dias de idade, não houve
diferença significativa entre os concretos referência e os concretos com substituição do
cimento pelo RSPC todos os teores estudados e para todas as relações a/c.
79

Em relação aos resultados de 28 dias pode-se observar que os concretos com 10% e
20% RSPC não apresentaram uma grande redução na resistência à tração, em relação aos
concretos de referência. A redução da resistência chega a 16,1% para a mistura com 20%
de RSPC e relação a/c de 0,45. Por outro lado, observa-se que para os concretos com 10%
e 20% de RSPC e relação a/c igual a 0,55 e 0,65 a resistência à tração por compressão
diametral é bastante semelhante à resistência dos concretos de referência. Foi utilizado o
método do CMM também para este conjunto de resultados para verificar se esta diferença é
ou não significativa. Na Tabela 23 é apresentado os resultados da analise do método CMM
do conjunto de resultados referentes à resistência a tração por compressão diametral aos 28
dias.

Tabela 23 Comparação Múltipla de Médias (CMM) dos resultados de resistência à compressão


diametral aos 28 dias.
Médias em ordem crescente Desvio Limite de Comparação Significância
padrão decisão duas a duas
das
médias
Identificação ft’dm
(MPa)
(I)20%RSPC_a/c0,45 2,55 (II) – (I) = 0,15 DNS
(II)10%RSPC_a/c0,45 2,70 (III) – (I) = 0,55 DS
(III)REF_a/c0,45 3,10 (III) – (II) = 0,15 DNS
(I)20%RSPC_a/c0,55 2,20 (II) – (I) = 0,00 DNS
(II)REF _a/c0,55 2,15 (III) – (I) = 0,00 DNS
(III)10%RSPC_a/c0,55 2,20 (III) – (II) = 0,05 DNS
(I)10%RSPC_a/c0,65 1,45 (III) – (I) = 0,05 DNS
(II)20%RSPC_a/c0,65 1,55 (II) – (I) = 0,10 DNS
(III)REF_a/c0,65 1,70 (III) – (II) = 0,05 DNS

NOTA: DNS = Diferença Não Significativa e DS = Diferença Significativa;



; MQR = Média quadrática dentro do grupo; n = nº de repetições; = Limite de

decisão
Com base nos resultados da Tabela 23 observa-se que não é significatica a
diferença entre os resultados quando se varia o teor de substituição e relação a/c, exceto
para o concreto com 20% de RSPC e relação a/c 0,45 quando comparado com o concreto
referência de mesma relação a/c.

O RSPC apresentou melhor comportamento quanto à tração do que à compressão.


Este resultado foi inesperado, pois segundo MEHTA e MONTEIRO (2008), o suposto efeito
fíler é mais pronunciado na resistência à compressão do que na resistência à tração.

Segundo Gonçalves (2000), os concretos com adição 10% de resíduo de corte de


granito (RCG) apresentaram comportamento semelhante quanto à resistência à tração e à
compressão. Por outro lado, os concretos com adição de 20% de RCG apresentaram
comportamento contrário: os concretos com 20% de RCG apresentaram uma resistência à
80

compressão até 19,6% maior do que a do concreto de referência, enquanto na resistência à


tração os concretos com 20% de RCG apresentaram uma redução de até 5,8%, em relação
aos concretos de referência. O autor explica que como o RCG é inerte, a adição de 20%
proporciona uma redução da ligação dos produtos hidratados causando uma deficiência na
estrutura da matriz. Sendo esse efeito mais evidente quanto à tração.

5.2.2 Ensaios físicos e parâmetros de durabilidade

5.2.2.1 Absorção por imersão

Foram ensaiados 2 corpos-de-prova, por traço, na idade de 28 dias. Na Tabela 24


estão apresentados os resultados de absorção e índice de vazios dos concretos produzidos.

Tabela 24 Resultados do ensaio de absorção por imersão


Abs AbsMédia CV IV IVMédio CV
MISTURA a/c
.(%) (%) (%) (%) (%) (%)
6,6 15,1
0,45 6,6 1,1 15,0 1,4
6,5 14,8
6,9 15,5
REF 0,55 6,9 0,0 15,5 0,5
6,9 15,6
6,7 15,2
0,65 6,7 0,0 15,2 0,5
6,7 15,1
6,3 14,4
0,45 6,4 3,3 14,6 2,3
6,6 14,9
6,3 14,4
10%RSPC 0,55 6,3 1,1 14,6 1,4
6,4 14,7
7,1 16,1
0,65 7,1 0,0 16,1 0,0
7,1 16,1
6,5 14,7
0,45 6,5 0,0 14,7 0,0
6,5 14,7
6,9 15,4
20%RSPC 0,55 6,8 1,0 15,3 1,0
6,8 15,2
6,8 15,3
0,65 6,7 2,1 15,1 1,8
6,6 14,9
a/c – relação água/cimento / Abs – absorção / I.V. – índice de vazios

Quanto maior é a relação a/c maior deverá ser a absorção de água por imersão. Este
comportamento pode ser explicado pelo fato de que quanto mais água se tem em uma
mistura de concreto, mais poros existirão no concreto, para um mesmo volume de concreto,
após o seu endurecimento. Este comportamento não foi observado nos concretos de
referência, uma vez que a absorção do concreto com a/c igual a 0,65 foi menor do que o
concreto com relação 0,65. Pode-se atribuir este fato a falha no adensamento dos corpos-
de-prova de a/c 0,65. A Figura 35 apresenta o comportamento, quanto à absorção, das
misturas estudadas
81

8,0

7,5

7,0

Taxa de absorção (%) 6,5

6,0

5,5

5,0 MISTURAS
REF
10%
4,5
T20%

4,0
0,45 0,55 0,65
Relação a/c

(Fonte: Do Próprio Autor)

Figura 35 Comportamento dos concretos quanto à absorção por imersão


Os concretos com substituição de 20% de cimento pelo RSPC apresentaram uma
variação muito pequena na absorção, em relação aos concretos de referência, para todas as
relações a/c estudadas. Entretanto, os concretos com 10% de RSPC em substituição ao
cimento, apresentaram maiores variações em relação aos de referência: para relação a/c
0,55 o concreto com 10% RSPC apresentou uma redução de 8,7% na absorção em relação
ao concreto de referência; para a relação a/c de 0,65 o concreto com 10% de RSPC
apresntou um aumento de 6,0% na absorção, em relação ao concreto de referência.

Em relação ao índice de vazios, os concretos apresentaram o mesmo


comportamento da absorção por imersão, como é de se esperar, já que um decorre do
outro.

Gonçalves (2000) observou que concretos com adição 10% de resíduo de corte de
granito (RCG) apresentaram menor absorção por imersão do que os concretos sem resíduo.
Por outro lado, os concretos com adição de 20% de RCG apresentaram maior absorção do
que os concretos de referência. O autor explica que a adição de 10% RCG proporcionou um
maior refinamento dos poros e uma melhor distribuição destes.

5.2.2.2 Absorção por sucção capilar

O princípio do ensaio, conforme descrito por Moura (2000) consiste em avaliar o


ganho de massa de corpos-de-prova num período, medido em intervalos de tempo pré-
estabelecidos.

Com os valores medidos, plota-se os pontos de acúmulo de massa dos corpos-de-


prova submersos, em função da raiz quadrada do tempo. Posteriormente, duas retas são
82

interpoladas nos pontos plotados: a primeira referente ao período de absorção inicial e a


segunda no trecho de saturação dos corpos-de-prova. Este último caracteriza-se por uma
diminuição significativa do ganho de massa das amostras. Denomina-se nick point, o ponto
de interseção entre as duas retas, que corresponde ao início da saturação do corpo-de-
prova. Desta forma, calcula-se a taxa de absorção e resistência capilar.

A taxa de absorção, em √ , é determinada pela relação entre a inclinação da reta


de absorção inicial e a área da seção transversal do corpo-de-prova. A resistência capilar,
expressa em , é obtida através da Equação (1) (Item 4.1.2.1).

Para este ensaio foram utilizados 2 corpos-de-prova, para cada traço de concreto
estudado. Com os gráficos de ganho de massa em função da raiz quadrada do tempo,
calculou-se a taxa de absorção e resistência capilar, cujos resultados estão apresentados na
Tabela 25.

Tabela 25 Resultados do ensaio de absorção por sucção capilar


Taxa de Média da taxa Resistência Média da
MISTURA a/c absorção de absorção capilar resistência
(g/h^1/2) (g/h^1/2) (h/m²) capilar (h/m²)
12,21 11.168
0,45 12,60 10.869
12,99 10.570
11,87 10.066
REF 0,55 12,77 10.531
13,67 10.996
12,80 10.169
0,65 13,20 9.720
13,60 9.271
11,98 10.472
0,45 11,51 11.692
11,04 12.912
12,51 10.001
10%RSPC 0,55 11,79 11.344
11,07 12.687
11,68 11.649
0,65 12,26 10.902
12,84 10.155
12,13 11.156
0,45 11,70 11.338
11,27 11.520
12,15 10.102
20%RSPC 0,55 12,15 10.992
(*) ----
14,02 9.168
0,65 13,50 10.840
12,98 12.512
(*) o corpo-de–prova apresentou problemas, o que inviabilizou o seu ensaio.

Com os resultados do ensaio de absorção por sucção capilar quanto à taxa de


absorção e resistência capilar foi possível traçar os gráficos apresentados nas Figura 36 e
Figura 37.
83

14,0

13,5

13,0
Taxa de absorção (g/h^1/2)
12,5

12,0

11,5

11,0 MISTURAS
REF
10%
10,5 20%

10,0
0,45 0,55 0,65
Relação a/c

(Fonte: Do Próprio Autor)

Figura 36 Gráfico referente à taxa de absorção por sucção capilar

12000
Resistência capilar (h/m²)

11000

10000
MISTURA
REF
10%
20%

9000
0,45 0,55 0,65
Relação a/c

(Fonte: Do Próprio Autor)

Figura 37 Gráfico referente à resistência capilar

Os concretos com RSPC, em substituição ao cimento, apresentaram menor taxa de


absorção por sucção capilar, e maior resistência capilar, em relação aos concretos de
referência, para todas as relações a/c estudadas, exceto para o concreto com 20% de
RSPC com relação a/c 0,65. A redução da taxa de absorção chegou a 9% para o concreto
com 10% de RSPC e relação a/c de 0,45.

O melhor comportamento, quanto à taxa de absorção e resistência capilar, foi dos


concretos com 10% de RSPC. Pode-se atribuir o melhor comportamento dos concretos com
84

RSPC ao possível efeito de preenchimento proporcionado pelo resíduo, reduzindo a


formação de capilares.

Gonçalves (2000) verificou que o concreto com a adição de 10% de resíduo de


serragem de granito (RCG) proporcionou uma redução de 20,2% na taxa de absorção por
sucção capilar, em relação ao concreto de referência. Já o concreto com 20% de RCG
proporcionou uma redução na taxa de absorção de 11%. O autor atribui este
comportamento devido ao preenchimento dos poros, por parte do RCG, proporcionando
uma barreira física ao deslocamento ascendente da água.

Moura (2000) observou que a utilização de 20% de adição de escória de cobre no


concreto proporcionou uma redução de 33% na taxa de absorção por sucção capilar, em
relação ao concreto de referência. O autor justificou os resultados devido ao melhor
preencimento e distribuição dos vazios proporcionado pelo resíduo.
85

6 CONCLUSÕES

Devido ao alto consumo de matéria-prima e a escassez de jazidas naturais, além dos


altos gastos energéticos para exploração e beneficiamento destes materiais, a utilização de
resíduos se apresenta como uma boa alternativa para a disposição final destes resíduos e
redução do impacto ambiental. A construção civil, pelo grande volume e diversidade de
produtos que consome, se apresenta como um dos segmentos com maior potencial para
aproveitamento de resíduos.

A partir dos resultados apresentados nesta pesquisa, chegou-se às conclusões que


serão apresentadas a seguir.

6.1 QUANTO À CARACTERIZAÇÃO DO RSPC

O Resíduo de Serragem de Pedra Cariri (RSPC), do ponto de vista de sua


composição química, é um material carbonático, com 95,3% de CaO. A estrutura de seus
compostos é tipicamente cristalina. Portanto, não é reativo e possui apenas efeito físico de
preenchimento em misturas à base de cimento Portland. Constatou-se no difratograma uma
forte predominância de calcita. A massa específica do RSPC foi de 2,67g/cm³ e o diâmetro
médio dos seus graõs foi 5,23µm.

6.2 EM RELAÇÃO À TRABALHABILIDADE DOS CONCRETOS

As misturas produzidas com RSPC apresentaram maior coesão em relação aos


concretos de referência. Todas as misturas ficaram na faixa de trabalhabilidade estabelecida
sem alteração da relação a/c, em relação aos concretos de referência.

6.3 QUANTO ÀS PROPRIEDADES DO CONCRETO NO ESTADO ENDURECIDO

Em relação às propriedades mecânicas e parâmetros de durabilidade pode-se


chegar às conclusões apresentadas a seguir.

6.3.1 Propriedades Mecânicas

De acordo com a análise do método de Comparação Múltipla de Média (CMM), os


concretos com substituição de 10% de cimento por RSPC apresentaram resistência à
compressão semelhante ao concreto de referência, exceto para relação a/c = 0,55.
86

Entretanto, os concretos com 20% aresentaram resistência à compressão axial inferior ao


de referência.

No que se refere à resistência à tração por compressão diametral, os concretos com


RSPC apresentaram resistência semelhante a do concreto de referência, de acordo com a
análise do método de Comparação Múltipla de Média (CMM).

Quanto à resistência à tração por compressão diametral, não houve diferença no


desempenho dos concretos com utilização de RSPC e os de referência, para as relações a/c
iguais a 0,55 e 0,65. No entanto, foi observado para os concretos com relação a/c igual a
0,45, uma redução de 12,9% para as misturas com teor de substituição de 10% e uma
redução de 16,1% para as misturas com 20% de substituição do cimento por RSPC.

6.3.2 Parâmetros de Durabilidade

6.3.2.1 Absorção por Imersão

A mistura com teor de 10% de RSPC apresentou uma redução de 8,7% na absorção
por imersão, em relação ao concreto de referência, para relação a/c 0,55, e um incremento
de 6,0% na absorção, em relação ao concreto de referência, para a relação a/c de 0,65. Nos
concretos com teores de substituição de 20% de cimento pelo RSPC houve uma variação
muito pequena na absorção, em relação aos concretos de referência, para todas as relações
a/c estudadas.

6.3.2.2 Absorção por Sucção Capilar

Foi observada uma redução da taxa de absorção e aumento na resistência capilar


para as misturas produzidas com os teores de 10% e 20% de substituição do cimento pelo
RSPC, em relação aos concretos de referência. Exceto para o concreto com 20% de RSPC
com relação a/c 0,65. A mistura com 10% de RSPC, com relação a/c igual a 0,45
apresentou uma redução de 9% na taxa de absorção, quando comparado com o concreto
referência e mesma relação a/c. No entanto, foi observado um aumento de 2% na taxa de
absorção da mistura com teor de 20% de RSPC e relação a/c igual a 0,65, em relação à
mistura de referência e mesma relação a/c.

Com relação à resistência capilar, o concreto com 10% de substituição de cimento


pelo RSPC apresentou um aumento de 8% na resistência capilar quando comparado com a
mistura de referência e relação a/c 0,45. Para as misturas com 20% de RSPC, a resistência
87

capilar também aumentou, mais em patamares menores, chegando a 4% em relação ao


concreto sem utilização do RSPC com relação a/c 0,55.

Considerando todas as propriedades estudadas pode-se concluir que, do ponto de


vista técnico, é vantajoso à utilização de RSPC em substituição, em teores de até 10% de
substituição, para produção de concretos. Há também, que se considerar o grande benefício
ambiental que pode ser proporcionado com a utilização do RSPC no concreto.

Vale salientar que todas as conclusões apresentadas referem-se apenas aos


resultados obtidos no programa experimental desta pesquisa, através de ensaios nos
concretos produzidos com os tipos, quantidades e características específicas de cada
material, além das técnicas e execução utilizadas para a produção dos mesmos. Devem-se
realizar outras pesquisas para verificar e complementar os resultados obtidos nesse estudo.

6.4 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

 Avaliar a substituição de 5% de cimento por RSPC na produção de concretos.

 Verificar a influência da utilização de RSPC, em substituição parcial do


agregado miúdo, para produção de concretos.

 Estudar a utilização de RSPC, em substituição parcial do agregado miúdo,


para produção de argamassa de revestimento.

 Verificar a influência da utilização de RSPC, em substituição parcial do


agregado miúdo, para produção de blocos pré-moldados para alvenaria de
vedação e estrutural.

 Avaliar a influência da utilização de RSPC, como fíler, nas propriedades do


concreto autoadensável no estado fresco e no estado endurecido.
88

7 REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10004: resíduos


sólidos – classificação. Rio de Janeiro, 2004.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10005: lixiviação de


resíduos – procedimento. Rio de Janeiro, 2004.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10006: solubilização


de resíduos – procedimento. Rio de Janeiro, 2004.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10007: amostragem de


resíduos sólidos. Rio de Janeiro, 2004.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 11579: cimento


portland - determinação da finura por meio da peneira 75 μm (n° 200). Rio de
Janeiro, 1991.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 11582: Cimento


Portland – determinação da expansibilidade de Le Chatelier. Rio de Janeiro, 1991.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12653: materiais


pozolânicos – especificação. Rio de Janeiro, 1992.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS.NBR 5738: moldagem e cura de


corpos-de-prova cilíndricos ou prismáticos de concreto – Método de ensaio. Rio de
Janeiro, 2003.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5739: determinação da


resistência a compressão. Rio de Janeiro, 2007.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7211: Agregados para


concreto - Especificação. Rio de Janeiro, 2005.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7215: Cimento


Portland - Determinação da resistência à compressão. - Especificação. Rio de
Janeiro, 2005.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7222: Ensaio de


resistência à tração diametral. Rio de Janeiro, 1994.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9778: Argamassa e


concreto endurecidos - determinação da absorção de água, índice de vazios e
massa específica. Rio de Janeiro, 2005.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13276: Argamassa


para assentamento e revestimento de paredes e tetos – preparo da mistura e
determinação do índice de consistência. Rio de Janeiro, 2005.
89

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR NM 23: Cimento


portland e outros materiais em pó - Determinação da massa específica. Rio de
Janeiro, 2001.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR NM 43: Cimento


portland – Determinação da pasta de consistência normal. Rio de Janeiro, 2002.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR NM 30: Agregado


miúdo – Determinação da absorção de água: método de ensaio. Rio de Janeiro,
2001.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR NM 45: agregados -


determinação da massa unitária e do volume de vazios. Rio de Janeiro, 2006.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR NM 46: agregados -


determinação do material fino que passa através da peneira 75 um, por lavagem.
Rio de Janeiro, 2003.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR NM 52: agregado


miúdo - determinação de massa específica, massa específica aparente. Rio de
Janeiro, 2009.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR NM 53: agregado


graúdo – determinação de massa específica, massa específica aparente e absorção
de água. Rio de Janeiro, 2009.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR NM 65: cimento


portland - determinação do tempo de pega. Rio de Janeiro, 1998.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR NM 67: concreto -


determinação da consistência pelo abatimento do tronco de cone. Rio de Janeiro,
1998.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR NM 76: cimento


portland - determinação da finura pelo método de permeabilidade ao ar (método de
blaine). Rio de Janeiro, 1998.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR NM 248: agregados -


determinação da composição granulométrica. Rio de Janeiro, 2003.

ASSOCIAÇÃO DOS PRODUTORES DE CALCÁRIO, LAJES E ROCHAS


ORNAMENTAIS DE NOVA OLINDA (ASPROLARNO)
http://www.sfiec.org.br/noticias/pedracariri100105.htm. fev. 2010. Trimestral.
Disponível em: <http://www.topicos.net/Ausgabe_2_06.126.0.html>. Acesso em: 8
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AICTIN, P. C.; NEVILLE, A. High Performace concrete demystified.Concrete


International, v.15, n. 1, p.21-26, 1993.
90

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in industrial activities: Application to concrete mixtures, Building and
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