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O sistema portuário brasileiro foi criado em 1808 por D. João VI, quando ele promoveu a
abertura dos portos e inseriu o país no comércio internacional. Em 1869, foi promulgada a Lei
das Concessões, a fim de permitir o financiamento privado de obras de expansão nos principais
portos da época. Na década de 1930, o Estado assumiu o papel de financiador e operador dos
portos e criou a Portobras para cuidar da exploração do cais comercial (operador portuário) e
atuar como autoridade portuária nacional (administrava os 35 principais portos comerciais do
país). Em 1990, a Portobras foi extinta, e o sistema portuário brasileiro passou por uma grave
crise, solucionada com a publicação da Lei de Modernização dos Portos, em 1993, a qual
redefiniu os papéis da autoridade portuária, do operador portuário e do próprio Estado na
gestão e na regulação do sistema.
Conceito de porto O porto é uma área abrigada das ondas e das correntes marítimas e fica
localizada, na maioria das vezes, à beira de um oceano, lago ou rio, destinada ao atracamento
de barcos e de navios. O porto é um local para transbordo de mercadorias e produtos de vários
tipos, destacando-se: granéis sólidos e líquidos; bens de capital; e contêineres. Este transbordo
pode ser de um navio para outro; de um trem para um navio; de um caminhão para um navio;
e vice-versa. É, portanto, uma estrutura intermodal por excelência. Para que um porto
funcione, são necessárias pessoas para executar os serviços de carga e descarga e o manuseio
e controle de estoque temporário, bem como instalações adequadas ao movimento de pessoas
e de cargas. No Brasil, prevalece o conceito de porto organizado, definido pela Lei no 8.630, de
25 de fevereiro de 1993, em seu artigo 1°, parágrafo 1°, inciso I: I – Porto organizado:
construído e aparelhado para atender às necessidades da navegação e da movimentação e
armazenagem de mercadorias, concedido ou explorado pela União, cujo tráfego e operações
portuárias estejam sob a jurisdição de uma autoridade portuária. Essa definição prevaleceu até
o advento da MP 595, de 2012, transformada na Lei no 12.815/2013, que revogou a Lei no
8.630/93 e deu a seguinte definição para porto organizado: Art. 2° Para os fins desta Lei,
consideram-se: I – porto organizado: bem público construído e aparelhado para atender às
necessidades de navegação, de movimentação de passageiros ou de movimentação e
armazenagem de mercadorias, e cujo tráfego e operações portuárias estejam sob a jurisdição
de autoridade portuária.
Esta lei, ainda em seu artigo 2°, também estabeleceu a área do porto organizado: II – área do
porto organizado: área delimitada por ato do Poder Executivo que compreende as instalações
portuárias e a infraestrutura de proteção e de acesso ao porto organizado. Na seção IV, no
artigo 15°, a lei trata da definição da área de porto organizado nos seguintes termos: Art. 15.
Ato do Presidente da República disporá sobre a definição d a área dos portos organizados, a
partir de proposta da Secretaria de Portos da Presidência da República. Parágrafo único. A
delimitação da área deverá considerar a adequação dos acessos marítimos e terrestres, os
ganhos de eficiência e competitividade decorrente da escala das operações e as instalações
portuárias já existentes. Componente importante do modal de transporte aquaviário, o porto
organizado depende da existência de:
Infraestrutura aquaviária: composta por: • Anteporto ou barra: local que demarca a entrada do
porto e onde se torna necessária uma adequada condição de sinalização. Trata-se da área
abrigada antes do canal de acesso e das bacias existentes. • Bacia de evolução: área fronteiriça
às instalações de acostagem, reservada para as evoluções necessárias às operações de
atracação e desatracação dos navios no porto. • Bacia de fundeio ou ancoradouro: local onde a
embarcação lança sua âncora e que pode permanecer parada por vários dias fazendo reparos
ou aguardando atracação no porto. A bacia de fundeio é uma área predeterminada pela
autoridade marítima local, no caso, a Capitania dos Portos. • Canais de acesso e atracagem:
caminhos naturalmente mais profundos no leito oceânico, utilizados para a aproximação, a
saída ou o fundeamento de embarcações que aguardam vez no porto. Permitem o tráfego das
embarcações desde a barra até as instalações de acostagem, e vice-versa. • Berços de
atracação: locais de parada para carregar ou descarregar navios por meio manual ou mecânico
(Figura 2.1)
• Quebra-mar: construção de concreto que recebe e rechaça o ímpeto das ondas ou das
correntes marítimas, defendendo as embarcações que se recolhem no porto. O quebra-mar se
diferencia do molhe por não possuir ligação com a terra. • Cais ou píer: áreas onde estão
localizados os berços de atracação e os equipamentos de movimentação de carga e descarga
de mercadorias. • Docas: parte de um porto de mar ladeada de muros ou cais em que as
embarcações recebem ou deixam as cargas. • Dolfin: estrutura fora do cais onde se localiza um
cabeço para amarração do navio
Terminais: pontos isolados que compartilham pouca ou nenhuma infraestrutura com outros
pontos e que, em geral, são especializados na movimentação de cargas de grande volume e
baixo valor agregado. Os terminais estão situados em área de mar, ao longo da costa e
perpendicular a ela.
Trata-se de uma plataforma afastada, em ilha artificial longe da costa, com passarela de acesso,
em forma de bacia interna fechada ou aberta
Sobre a função das instalações dos portos, a Lei no 12.815, de 5 de junho de 2013, em seu
artigo 2°, define: III – instalação portuária: instalação localizada dentro ou fora da área do porto
organizado e utilizada em movimentação de passageiros, em movimentação ou armazenagem
de mercadorias, destinadas ou provenientes de transporte aquaviário; IV – terminal de uso
privado: instalação portuária explorada mediante autorização e localizada fora da área do
porto organizado; V – estação de transbordo de cargas: instalação portuária explorada
mediante autorização, localizada fora da área do porto organizado e utilizada exclusivamente
para operação de transbordo de mercadorias em embarcações de navegação interior ou
cabotagem; VI – instalação portuária pública de pequeno porte: instalação portuária explorada
mediante autorização, localizada fora do porto organizado e utilizada em movimentação de
passageiros ou mercadorias em embarcações de navegação interior; VII – instalação portuária
de turismo: instalação portuária explorada mediante arrendamento ou autorização e utilizada
em embarque, desembarque e trânsito de passageiros, tripulantes e bagagens, e de insumos
para o provimento e abastecimento de embarcações de turismo
Sistema portuário brasileiro Segundo a Secretaria Especial de Portos (BRASIL, 2012), o sistema
portuário nacional possui 34 portos públicos (administrados pelo Estado) marítimos e fluviais.
Entre os 34 portos, existem 16 delegados, concedidos ou administrados, mediante autorização,
pelos governos estaduais e municipais. Os outros 18 marítimos são administrados diretamente
pelas Companhias Docas, sociedades de economia mista que têm como acionista majoritário o
Governo Federal e, portanto, estão diretamente vinculadas à Secretaria de Portos. A Secretaria
de Portos da Presidência da República (SEP/PR) é responsável pela formulação de políticas
(formas de conduzir e gerir os portos brasileiros por meio da ANTAQ) e pela execução de
medidas, programas e projetos de apoio ao desenvolvimento da infraestrutura dos portos
marítimos. Compete a ela a participação no planejamento estratégico e a aprovação dos planos
de outorgas,
Portos secos Os portos secos são recintos alfandegados de uso público, situados em zona
secundária, nos quais são executadas operações de movimentação, armazenagem e despacho
aduaneiro de mercadorias e de bagagem sob o controle aduaneiro. As operações de
movimentação e armazenagem, bem como a prestação de serviços conexos em porto seco,
sujeitam-se ao regime de concessão ou de permissão. A execução das operações e a prestação
dos serviços conexos serão efetivadas mediante o regime de permissão, salvo quando os
serviços devam ser prestados em porto seco instalado em imóvel pertencente à União, caso
em que será adotado o regime de concessão precedida da execução de obra pública. O porto
seco é instalado, preferencialmente, adjacente às regiões produtoras e consumidoras. No porto
seco também são executados todos os serviços aduaneiros a cargo da Secretaria da Receita
Federal, inclusive os de processamento de despacho aduaneiro de importação e de exportação
(conferência e desembaraço aduaneiros), permitindo, assim, a interiorização desses serviços no
país. A prestação dos serviços aduaneiros em porto seco próximo ao domicílio dos agentes
econômicos envolvidos proporciona uma grande simplificação de procedimentos para o
contribuinte. O Brasil possui 63 portos secos em funcionamento em todas as regiões do país,
sendo 35 unidades em 14 estados, 1 no Distrito Federal e 27 em São Paulo. Responsabilidades
sobre as atividades portuárias A responsabilidade pelo planejamento e pela gestão dos
equipamentos de infraestrutura está a cargo do Ministério dos Transportes (MT) – responsável
pela formulação de políticas para o seu âmbito de atuação como um todo –, da Agência
Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ) e da Secretaria Especial dos Portos (SEP). A
ANTAQ foi instituída pela Lei no 10.233, de 05 de junho de 2001, cuja finalidade é implementar,
em sua esfera de atuação, as políticas formuladas pelo Ministério dos Transportes e pelo
Conselho Nacional de Integração de Políticas de Transporte (CONIT) segundo os princípios e as
diretrizes estabelecidos na sua lei de criação. Segundo essa lei, a ANTAQ deve regular,
supervisionar e fiscalizar as atividades de prestação de serviços de transporte aquaviário e de
exploração da infraestrutura portuária e aquaviária exercidas por terceiros. De acordo com o
Decreto no 8.033/2013, em seu Capítulo I – Disposições preliminares, a SEP passou a ter o
poder concedente de concessões e de arrendamento dentro do porto organizado, como dis