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BIZUS DE GESTÃO MARÍTIMA

O Direito Aduaneiro é um ramo do Direito público que estuda as transações comerciais


internacionais que passam por aduanas em portos, aeroportos e fronteiras entre países. É um estudo
muito importante do mundo jurídico para entender como se realizam a entrada e a saída de
mercadorias do País.
O transporte marítimo é uma subdivisão do modal aquaviário e também se divide em transporte de
longo curso e cabotagem. Enquanto o transporte marítimo de longo curso é o mais utilizado no
comércio internacional, a cabotagem é a navegação entre portos do mesmo país.
O transporte marítimo internacional, de longo curso, tem representatividade consolidada no Brasil.
No entanto, a cabotagem brasileira, que é a navegação entre os portos brasileiros, apesar das
vantagens ambientais e da alta capacidade, ocupa a terceira posição na matriz de transportes
nacional.
Os portos são essenciais à cadeia de suprimentos global e possuem um importante papel na
integração da economia mundial. A globalização da economia transformou os portos, de meros
locais de movimentação, armazenamento e transbordo de cargas, em um componente
fundamental da matriz de transporte do país. Para atender seus clientes com qualidade e
eficiência, os portos, públicos ou privados, estão investindo fortemente na melhoria de sua
infraestrutura e na modernização de seus equipamentos e de suas tecnologias.

O sistema portuário brasileiro foi criado em 1808 por D. João VI, quando ele promoveu a
abertura dos portos e inseriu o país no comércio internacional. Em 1869, foi promulgada a Lei
das Concessões, a fim de permitir o financiamento privado de obras de expansão nos principais
portos da época. Na década de 1930, o Estado assumiu o papel de financiador e operador dos
portos e criou a Portobras para cuidar da exploração do cais comercial (operador portuário) e
atuar como autoridade portuária nacional (administrava os 35 principais portos comerciais do
país). Em 1990, a Portobras foi extinta, e o sistema portuário brasileiro passou por uma grave
crise, solucionada com a publicação da Lei de Modernização dos Portos, em 1993, a qual
redefiniu os papéis da autoridade portuária, do operador portuário e do próprio Estado na
gestão e na regulação do sistema.

A Portobras explorava os portos por meio de subsidiárias – companhias docas – e fiscalizava as


concessões estaduais e os terminais de empresas estatais e privadas.

Conceito de porto O porto é uma área abrigada das ondas e das correntes marítimas e fica
localizada, na maioria das vezes, à beira de um oceano, lago ou rio, destinada ao atracamento
de barcos e de navios. O porto é um local para transbordo de mercadorias e produtos de vários
tipos, destacando-se: granéis sólidos e líquidos; bens de capital; e contêineres. Este transbordo
pode ser de um navio para outro; de um trem para um navio; de um caminhão para um navio;
e vice-versa. É, portanto, uma estrutura intermodal por excelência. Para que um porto
funcione, são necessárias pessoas para executar os serviços de carga e descarga e o manuseio
e controle de estoque temporário, bem como instalações adequadas ao movimento de pessoas
e de cargas. No Brasil, prevalece o conceito de porto organizado, definido pela Lei no 8.630, de
25 de fevereiro de 1993, em seu artigo 1°, parágrafo 1°, inciso I: I – Porto organizado:
construído e aparelhado para atender às necessidades da navegação e da movimentação e
armazenagem de mercadorias, concedido ou explorado pela União, cujo tráfego e operações
portuárias estejam sob a jurisdição de uma autoridade portuária. Essa definição prevaleceu até
o advento da MP 595, de 2012, transformada na Lei no 12.815/2013, que revogou a Lei no
8.630/93 e deu a seguinte definição para porto organizado: Art. 2° Para os fins desta Lei,
consideram-se: I – porto organizado: bem público construído e aparelhado para atender às
necessidades de navegação, de movimentação de passageiros ou de movimentação e
armazenagem de mercadorias, e cujo tráfego e operações portuárias estejam sob a jurisdição
de autoridade portuária.

Esta lei, ainda em seu artigo 2°, também estabeleceu a área do porto organizado: II – área do
porto organizado: área delimitada por ato do Poder Executivo que compreende as instalações
portuárias e a infraestrutura de proteção e de acesso ao porto organizado. Na seção IV, no
artigo 15°, a lei trata da definição da área de porto organizado nos seguintes termos: Art. 15.
Ato do Presidente da República disporá sobre a definição d a área dos portos organizados, a
partir de proposta da Secretaria de Portos da Presidência da República. Parágrafo único. A
delimitação da área deverá considerar a adequação dos acessos marítimos e terrestres, os
ganhos de eficiência e competitividade decorrente da escala das operações e as instalações
portuárias já existentes. Componente importante do modal de transporte aquaviário, o porto
organizado depende da existência de:

Infraestrutura aquaviária: composta por: • Anteporto ou barra: local que demarca a entrada do
porto e onde se torna necessária uma adequada condição de sinalização. Trata-se da área
abrigada antes do canal de acesso e das bacias existentes. • Bacia de evolução: área fronteiriça
às instalações de acostagem, reservada para as evoluções necessárias às operações de
atracação e desatracação dos navios no porto. • Bacia de fundeio ou ancoradouro: local onde a
embarcação lança sua âncora e que pode permanecer parada por vários dias fazendo reparos
ou aguardando atracação no porto. A bacia de fundeio é uma área predeterminada pela
autoridade marítima local, no caso, a Capitania dos Portos. • Canais de acesso e atracagem:
caminhos naturalmente mais profundos no leito oceânico, utilizados para a aproximação, a
saída ou o fundeamento de embarcações que aguardam vez no porto. Permitem o tráfego das
embarcações desde a barra até as instalações de acostagem, e vice-versa. • Berços de
atracação: locais de parada para carregar ou descarregar navios por meio manual ou mecânico
(Figura 2.1)

• Cabeço: equipamento localizado no berço de atracação cuja finalidade é receber as amarras


das embarcações.

• Quebra-mar: construção de concreto que recebe e rechaça o ímpeto das ondas ou das
correntes marítimas, defendendo as embarcações que se recolhem no porto. O quebra-mar se
diferencia do molhe por não possuir ligação com a terra. • Cais ou píer: áreas onde estão
localizados os berços de atracação e os equipamentos de movimentação de carga e descarga
de mercadorias. • Docas: parte de um porto de mar ladeada de muros ou cais em que as
embarcações recebem ou deixam as cargas. • Dolfin: estrutura fora do cais onde se localiza um
cabeço para amarração do navio

A empresa de praticagem possui técnicos altamente qualificados responsáveis por orientar o


comandante na manobra de atracação e desatracação do navio no porto. Eles possuem um
grande conhecimento náutico, pois são, normalmente, Oficiais de Marinha Mercante ou
Militares aprovados em concurso público realizado pela Diretoria de Portos e Costas (DPC),
órgão vinculado ao Ministério da Marinha. O uso dos práticos é obrigatório nos portos
brasileiros e onera bastante os custos operacionais.

Infraestrutura portuária: composta pelos ativos fixos sobre os quais é realizada a


movimentação de cargas entre os navios e os modais terrestres. • Pátios ou armazéns: áreas
utilizadas para acomodação das cargas a serem embarcadas ou desembarcadas dos navios. •
Equipamentos portuários: guindastes, empilhadeiras, transportadoras, correias, tubulações e
qualquer outro equipamento utilizado na movimentação de carga.

Superestrutura portuária: equipamentos portuários para movimentação e armazenagem de


mercadorias (Figura 2.2). Estes equipamentos são divididos conforme sua função: para
movimentação vertical (entre o porto e o navio, localizados na faixa do cais) e para
movimentação horizontal (no caso de movimentação de carga entre os pátios e armazéns para
o berço de atracação).

Terminais: pontos isolados que compartilham pouca ou nenhuma infraestrutura com outros
pontos e que, em geral, são especializados na movimentação de cargas de grande volume e
baixo valor agregado. Os terminais estão situados em área de mar, ao longo da costa e
perpendicular a ela.

Trata-se de uma plataforma afastada, em ilha artificial longe da costa, com passarela de acesso,
em forma de bacia interna fechada ou aberta

Infraestrutura terrestre: permite o transporte de bens entre os navios e os limites da área do


porto, por meio não somente de vias ferroviárias e rodoviárias, dutos e correias
transportadoras, mas também de pátios de terminais de embarque e desembarque de cargas e
passageiros e de pátios de áreas de armazenagem. • Retroporto: área interna do porto
reservada para a instalação de serviços e o estacionamento de caminhões. • Vias perimetrais
rodoviárias e férreas: estruturas de acesso terrestre ao retroporto e à própria área do porto
localizadas em paralelo ao cais.

• Centros administrativos e operacionais: aparelhado para atender às necessidades de


navegação, movimentação e armazenagem de mercadorias.

Sobre a função das instalações dos portos, a Lei no 12.815, de 5 de junho de 2013, em seu
artigo 2°, define: III – instalação portuária: instalação localizada dentro ou fora da área do porto
organizado e utilizada em movimentação de passageiros, em movimentação ou armazenagem
de mercadorias, destinadas ou provenientes de transporte aquaviário; IV – terminal de uso
privado: instalação portuária explorada mediante autorização e localizada fora da área do
porto organizado; V – estação de transbordo de cargas: instalação portuária explorada
mediante autorização, localizada fora da área do porto organizado e utilizada exclusivamente
para operação de transbordo de mercadorias em embarcações de navegação interior ou
cabotagem; VI – instalação portuária pública de pequeno porte: instalação portuária explorada
mediante autorização, localizada fora do porto organizado e utilizada em movimentação de
passageiros ou mercadorias em embarcações de navegação interior; VII – instalação portuária
de turismo: instalação portuária explorada mediante arrendamento ou autorização e utilizada
em embarque, desembarque e trânsito de passageiros, tripulantes e bagagens, e de insumos
para o provimento e abastecimento de embarcações de turismo

Sistema portuário brasileiro Segundo a Secretaria Especial de Portos (BRASIL, 2012), o sistema
portuário nacional possui 34 portos públicos (administrados pelo Estado) marítimos e fluviais.
Entre os 34 portos, existem 16 delegados, concedidos ou administrados, mediante autorização,
pelos governos estaduais e municipais. Os outros 18 marítimos são administrados diretamente
pelas Companhias Docas, sociedades de economia mista que têm como acionista majoritário o
Governo Federal e, portanto, estão diretamente vinculadas à Secretaria de Portos. A Secretaria
de Portos da Presidência da República (SEP/PR) é responsável pela formulação de políticas
(formas de conduzir e gerir os portos brasileiros por meio da ANTAQ) e pela execução de
medidas, programas e projetos de apoio ao desenvolvimento da infraestrutura dos portos
marítimos. Compete a ela a participação no planejamento estratégico e a aprovação dos planos
de outorgas,

buscando garantir a segurança e eficiência no transporte marítimo de cargas e de passageiros.


Vinculadas à SEP, as Companhias Docas (empresas públicas estaduais) são os atuais
administradores dos portos públicos organizados por delegação do Ministério dos Transportes.
Essas companhias assumem o papel de AP nos portos sob sua jurisdição e exercem a gestão
dos destinos e da exploração do porto. Elas são responsáveis por administrar as áreas
portuárias comuns e aplicar as tarifas previstas nos regulamentos, entre outras funções. Ao
todo, são sete Companhias Docas, assim distribuídas: • Companhia Docas do Pará (CDP):
Portos de Belém, Santarém e Vila do Conde. • Companhia Docas do Ceará (CDC): Porto de
Fortaleza. • Companhia Docas do Rio Grande do Norte (CODERN): Portos de Natal e Maceió,
além do Terminal Salineiro de Areia Branca. • Companhia Docas do Estado da Bahia (CODEBA):
Portos de Salvador, Ilhéus e Aratu. • Companhia Docas do Espírito Santo (CODESA): Portos de
Vitória e Barra do Riacho. • Companhia Docas do Rio de Janeiro (CDRJ): Portos do Rio de
Janeiro, Niterói, Angra dos Reis e Itaguaí. • Companhia Docas do Estado de São Paulo
(CODESP): Porto de Santos
O momento econômico que estamos vivenciando atualmente faz do Brasil um dos principais
mercados do mundo, cujo resultado está no aumento das importações de vários tipos de
produtos e, por conseguinte, na sobrecarga de operação dos portos. 31 As exportações
também estão crescendo, mas a infraestrutura logística e portuária torna o produto brasileiro
pouco competitivo. Consequentemente, há uma grande necessidade de investimento,
conforme orienta a Lei n° 12.815/2013, na seção II, sobre a autorização de instalações
portuárias e, na seção III, sobre os requisitos para a exploração dos portos e das instalações
portuárias. A instalação portuária nova, seja ela para importação ou exportação de produtos
feita com investimentos particulares, certamente trará melhorias ao cenário atual. Os
procedimentos para a abertura de novas instalações portuárias foram regulamentados pelo
Decreto no 8.033/2013, em seu Capítulo III – Da autorização de instalações portuárias.

Portos secos Os portos secos são recintos alfandegados de uso público, situados em zona
secundária, nos quais são executadas operações de movimentação, armazenagem e despacho
aduaneiro de mercadorias e de bagagem sob o controle aduaneiro. As operações de
movimentação e armazenagem, bem como a prestação de serviços conexos em porto seco,
sujeitam-se ao regime de concessão ou de permissão. A execução das operações e a prestação
dos serviços conexos serão efetivadas mediante o regime de permissão, salvo quando os
serviços devam ser prestados em porto seco instalado em imóvel pertencente à União, caso
em que será adotado o regime de concessão precedida da execução de obra pública. O porto
seco é instalado, preferencialmente, adjacente às regiões produtoras e consumidoras. No porto
seco também são executados todos os serviços aduaneiros a cargo da Secretaria da Receita
Federal, inclusive os de processamento de despacho aduaneiro de importação e de exportação
(conferência e desembaraço aduaneiros), permitindo, assim, a interiorização desses serviços no
país. A prestação dos serviços aduaneiros em porto seco próximo ao domicílio dos agentes
econômicos envolvidos proporciona uma grande simplificação de procedimentos para o
contribuinte. O Brasil possui 63 portos secos em funcionamento em todas as regiões do país,
sendo 35 unidades em 14 estados, 1 no Distrito Federal e 27 em São Paulo. Responsabilidades
sobre as atividades portuárias A responsabilidade pelo planejamento e pela gestão dos
equipamentos de infraestrutura está a cargo do Ministério dos Transportes (MT) – responsável
pela formulação de políticas para o seu âmbito de atuação como um todo –, da Agência
Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ) e da Secretaria Especial dos Portos (SEP). A
ANTAQ foi instituída pela Lei no 10.233, de 05 de junho de 2001, cuja finalidade é implementar,
em sua esfera de atuação, as políticas formuladas pelo Ministério dos Transportes e pelo
Conselho Nacional de Integração de Políticas de Transporte (CONIT) segundo os princípios e as
diretrizes estabelecidos na sua lei de criação. Segundo essa lei, a ANTAQ deve regular,
supervisionar e fiscalizar as atividades de prestação de serviços de transporte aquaviário e de
exploração da infraestrutura portuária e aquaviária exercidas por terceiros. De acordo com o
Decreto no 8.033/2013, em seu Capítulo I – Disposições preliminares, a SEP passou a ter o
poder concedente de concessões e de arrendamento dentro do porto organizado, como dis

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