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A

Regulamentação
Marítima
sua aplicabilidade a nível dos
Portos
Carmen dos Santos
Prof.ª Catedrática
Índice
1 – Introdução;

2 – Vectores de valor;

3 – Operações portuárias;

4 – Funções;

5 – Serviços;

6 – Modelos de gestão;

7 – Actividade portuária;

8 – Administração portuária;

9 – Infra-estruturas portuárias;

10 – Legislação marítima;

11 - Desafios e perspectivas de futuro;

12 – Conclusões.
1. Introdução
Um porto é uma fronteira nacional aberta, um
entreposto dinâmico de mercadorias, onde se realizam
diversas actividades: aduaneiras, alfandegárias,
comerciais, sanitárias, tributárias, migratórias etc.

Numa outra perspectiva, um porto é uma área abrigada


das ondas e das correntes marítimas, na maioria das
vezes localizada às margens de um oceano, lago ou rio,
utilizada para o atracamento.
2. Vectores de valor
Um Porto Marítimo é caracterizado, essencialmente, por três
vectores de valor: económico, social e ambiental.

A nível económico, um Porto gera sempre riqueza e


crescimento para o País pois aglomera um conjunto
de actividades necessárias ao desenvolvimento deste.
A sua importância é evidenciada através do grande
contributo que os Portos dão para a riqueza nacional
(PIB) devendo-se em grande parte aos impostos e
direitos alfandegários.
2. Vectores de valor
O valor social dos Portos é notório a nível local, pois
os Portos contribuem para bons níveis de
empregabilidade, consequentemente maiores
rendimentos para as famílias, e constante
desenvolvimento das áreas circundantes.

A nível ambiental, os Portos têm que ter uma


consciencialização dos impactos negativos e positivos
que produzem no ambiente que os rodeia, para que
possam (re)organizar os seus serviços conservando e
preservando o ambiente.
3. Operações portuárias
A operação portuária pode ser dividida em duas classes:

 a principal, onde ocorre o movimento próprio da


mercadoria, tais como carregamento, descarga e
armazenamento; e,

 as complementares, ou seja, aquelas operações


adicionais que viabilizam a movimentação de
mercadorias, tais como, a identificação, despachos
aduaneiros, reconhecimento de avarias e as
actividades ligadas aos sistemas de informação.

Neste contexto destaca-se a extensão da cadeia logístico-portuária, composta por diversas


empresas, normalmente operadores logísticos e prestadores de serviço, órgãos e
instituições estatais e agências regulamentadoras, cada um exercendo actividades
específicas e, por vezes, complementares.
4. Funções
As actividades na área do Porto são efectuadas devido às
funções por ele requeridas, como sendo:

(1) promover (2) promover acesso


facilidades para o marítimo adequado
escoamento de aos navios no intuito
cargas de maneira de atendê-los
eficiente; eficientemente;

(3) garantir a
segurança dos navios (4) garantir
no acesso e na saída, protecção ao meio
no interior da bacia de maneira
portuária e também adequada e
na segurança da vida eficiente.
nos limites do porto;
5. Serviços
Um primeiro detalhe destas funções gerais trata dos serviços básicos fornecidos
pela maioria dos portos, tais como:

Acesso e protecção
Pilotagem
Reboque
Serviços marítimos
Gestão do tráfego
Serviço de protecção contra incêndios
Fornecimento
Serviços de imobilização do navio
Movimentação e transferências de contentores
Movimentação de cargas tradicionais
Serviços de terminal Movimentação de carga de granéis líquidos e secos
Carga e descarga de contentores
Ensacamento e embalagem
Armazenamento, aceitação e entrega de carga
Dragagem e manutenção de canais e bacias
Reparação e manutenção de equipamentos
Serviços de reparação Reparação naval (drydock)
Reparos em contentores e chassis

Serviços de gestão de bens -------

Serviços de gestão de informações ----


6. Modelo de Gestão
Esse portfólio de serviços pode variar de acordo com o modelo de gestão
adoptado. Isso significa que os portos funcionam mediante uma lógica de
funcionamento pré-estabelecida.
De maneira geral, existem quatro modelos de gestão portuária:

LANDLORD FULLY PRIVATIZED


SERVICE PORT TOOL PORT
PORT PORT

Investimento em infra- PÚBLICO PÚBLICO PÚBLICO PRIVADO


estrutura portuária

Investimento em PÚBLICO PÚBLICO PRIVADO PRIVADO


superestrutura

Investimento em PÚBLICO PÚBLICO PRIVADO PRIVADO


equipamentos

Operação portuária PÚBLICO PRIVADO PRIVADO PRIVADO

Administração do PÚBLICO PÚBLICO PÚBLICO PRIVADO


Porto
Propriedade da terra e PÚBLICO PÚBLICO PÚBLICO PRIVADO
activos
7. Actividade portuária
A actividade portuária, propriamente dita, engloba inúmeras
actividades distintas, que se pretende complementares para poderem
contribuir para o bom funcionamento de um Porto.

Tem que se considerar como actividades portuárias, tanto as


realizadas em meio marítimo como em meio terrestre, e olhá-las
como actividades especializadas, o que requer a necessária
formação (inicial e subsequente) de todos os operadores.

Torna-se, portanto, essencial, um consistente planeamento, por


forma a contribuir para uma boa prestação de serviços portuários,
alcançando um nível equilibrado de profissionalismo de todos os
operadores de um Porto.
8. Administração portuária
A administração portuária integra um elevado número de agentes
(Capitanias, Alfândega, Serviço de Migração e Estrangeiros,
Inspecções Sanitárias, etc.), de naturezas diferentes, interesses
diferentes, mas que deverão ser complementares.

Pois é à administração portuária que cabe o desempenho das


importantes funções de integração, coordenação e agilização de todas
as actividades que ocorrem num Porto.

Assim, a administração portuária tem que possuir uma política única


que vá de encontro a uma estratégia comum para o bom
desenvolvimento do Porto.
9. Infra-estruturas portuárias
Pode-se, então, concluir que um Porto é um complexo sistema, que envolve
um conjunto diversificado de operações distintas, pelo que terá que contar com
inúmeros agentes internos e externos, englobando a gestão e manutenção de
infra-estruturas diferenciadas, tais como:

Canais
Zonas de aproximação
Quebra mares
Infra-estrutura de acesso marítimo
Molhes
Fundeadouros
Sinalização
Cais
Docas
Infra-estrutura portuária Bacias
Áreas de armazenagem
Vias internas (rodoviárias e ferroviárias)
Estradas
Infra-estrutura de acesso terrestre Caminhos-de-ferro
Canais de navegação interiores
Guindastes
Pórticos
Supraestrutura Pipelines
Terminais, Abrigos
Componente administrativa e de carácter informativo, que
acompanha o fluxo físico dos meios de transporte e da
Infoestrutura mercadoria. E que monitoriza os níveis de formação e
necessidades da mesma.
11. Desafios e Perspectivas de futuro

Com vista a atender a todas as vertentes e


inúmeros serviços desenvolvidos em contexto
portuário com a máxima perfeição, eficácia,
eficiência e qualidade, os recursos humanos
são de elevadíssima importância.

“Devendo haver forte


empenho e compromisso
na formação e
capacitação de todas as
categorias profissionais
portuárias”.
10. Legislação marítima
Convenções internacionais
Convenção das Nações Unidas sobre o Mar Territorial e a Zona Contígua
• Convenção das Nações Unidas sobre o Alto Mar
• Convenção das Nações Unidas sobre a Pesca e a Conservação dos Recursos Biológicos do Alto Mar
• Convenção das Nações Unidas sobre a Plataforma Continental
• Convenção das Nações Unidas sobre a Utilização dos Cursos de Água Internacionais para fins distintos da Navegação

Convenção Internacional para a Salvaguarda da Vida Humana no Mar - SOLAS


• Convenção Internacional sobre Normas de Formação, Certificação e Serviço de Quartos para Marítimos - SCTW
• Convenção Internacional para a Prevenção da Poluição Marítima por Navios - MARPOL
• Regulamento Internacional para Evitar Abalroamentos no Mar - COLREG72 ou RIPEAM72
• Convenção Internacional das Linhas de Carga

Convenção Internacional sobre Busca e Salvamento Marítimo - SAR79


• Convenção Internacional sobre a Segurança de Contentores - CSC
• Convenção Internacional sobre a Intervenção em Alto Mar em caso de acidente causando ou podendo vir a causar poluição
por hidrocarbonetos
• Convenção Internacional para a constituição de um Fundo Internacional para compensação pelos prejuízos devidos à
poluição por Hidrocarbonetos
• Convenção Internacional sobre a responsabilidade civil pelos prejuízos devidos à poluição por hidrocarbonetos.
Convenção Internacional sobre a preparação, combate e cooperação contra a poluição por
hidrocarbonetos.
• Convenção Internacional de Torremolinos
• Convenção Internacional de Nairobi
• Resolução nº 2/17 de 3 de Março (Carta Africana do Transporte Marítimo)
• Resolução nº 55/14 de 10 Setembro (Convenção relativa ao Desenvolvimento das Pescas do Golfo da Guiné)
• Resolução nº 37/16 de 02 de Agosto (Convenção sobre o Trabalho no Sector Pesqueiro)
10. Legislação marítima
Legislação nacionais
Constituição da República Angolana

• Lei de Adesão da República de Angola às Convenções sob a Égide da IMO - Lei nº 11/89 de 27 de Maio
• Ratificação da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar - Resolução nº 18/90 de 6 de Outubro
• Adesão da República de Angola à Convenção Internacional sobre Busca e Salvamento Marítimo (SAR) - Resolução nº 34/01 de 23 de Novembro
• Adesão da República de Angola à Convenção Internacional sobre a Segurança de Contentores (CSC) - Resolução nº 35/01 de 30 de Novembro
• Adesão da República de Angola à Convenção Internacional para a Prevenção da Poluição por Navios (MARPOL) - Resolução nº 41/01 de 21 de Dezembro

Lei dos Recursos Biológicos Aquáticos - Lei nº 6-A/04 de 08 de Outubro

• Resolução relativa à implementação da Parte XI da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar - Resolução nº 13/10 de 2 de Junho.
• Lei dos Espaços Marítimos - Lei nº 14/10 de 14 de Julho
• Regulamento para a prevenção e controlo da poluição das águas nacionais - Decreto Presidencial nº 141/12 de 21 de Junho
• Lei da Marinha Mercante, Portos e Actividades Conexas - Lei nº 27/12 de 28 de Agosto
• Regulamento da Pesca Continental - Decreto Presidencial nº 139/13 de 24 de Setembro

Regulamento da Pesca Recreativa e Desportiva - Decreto Presidencial nº 146/13 de 30 de Setembro

• Lei sobre as Linhas de base para a Delimitação e Demarcação dos Espaços Marítimos de Angola - Lei nº 17/14 de 29 de Setembro
• Estatuto do Agente de Navegação - Decreto Presidencial nº 50/14 de 27 de Fevereiro
• Regulamento sobre a Actividade do Gestor de Navios - Decreto Presidencial nº 51/14 de 27 de Fevereiro
• Regulamento sobre a Actividade de Transporte Marítimo - Decreto Presidencial nº 54/14 de 28 de Fevereiro
• Regulamento sobre as Medidas de Prevenção, Combate e Eliminação da Pesca Ilegal, Não Declarada e Não regulamentada - Decreto Presidencial nº 284/14
de 13 de Outubro

Regulamento sobre o Pessoal do Mar - Decreto Presidencial nº 78/16 de 14 de Abril

• Regulamento sobre a Lotação de Segurança de Navios e Embarcações - Decreto Presidencial nº 79/16 de 14 de Abril
• Regulamento Geral de Pilotagem nos Portos Nacionais - Decreto Presidencial nº 85/16 de 19 de Abrl
• Regulamento dos Sistema Nacional Integrado de Controlo do Tráfego Marítimo - Decreto Presidencial nº 87/16 de 20 de Abril
• Regulamento sobre o Sistema de Busca e salvamento no Mar - Decreto Presidencial nº 89/16 de 21 de Abril
• Licenciamento electrónico das actividades no sector pesqueiro - Decreto Executivo nº 469/16 de 07 de Dezembro

Regulamento sobre o regime de rastreabilidade, comercialização e distribuição dos produtos da pesca, aquicultura e sal. - Decreto Presidencial nº 57/17 de 16 de
Março
• Medidas de gestão das Pescarias Marinhas, da Pesca Continental e da Aquicultura para o ano de 2018. - Decreto Presidencial nº 13/18 de 22 de Janeiro
• Comércio Internacional Marítimo e Fiscalização dos Mares e Oceanos. Decreto Presidencial nº 220/18 de 25 de Setembro
11. Desafios e Perspectivas de futuro

A relação cidade/Porto é bastante complexa, pelo que


devem ser feitas a reformulação dessa relação e a
elaboração de um modelo de gestão conjunta que
aproveite o potencial de ambos, por forma a haver
crescimento tanto do Porto quanto da cidade.

As cidades portuárias têm nos seus Portos uma


das maiores fontes de desenvolvimento económico,
mas para isso os Portos devem estar aptos a
desempenhar uma série de funções adicionais, como
também mudanças na sua infra-estrutura e na
prestação de serviços.
11. Desafios e Perspectivas de futuro

Novas funções ligadas à organização dos transportes,


armazenamento, logística e distribuição abrem um
enorme leque de oportunidades. O crescimento do
comércio internacional, as novas técnicas de
comunicação e o grande desenvolvimento do
transporte multimodal estão a impulsionar as novas
funções. As inovações podem ser exploradas pela
cidade trazendo benefícios para ambas as partes.

Há, assim, a necessidade de maior diálogo entre as


políticas locais para melhorar a relação cidade/Porto,
integração entre Planos de Desenvolvimento e o Plano
Director das cidades portuárias, estabelecendo metas e
objectivos bem definidos a todas as partes e agentes.
11. Desafios e Perspectivas de futuro

As políticas públicas para o sector portuário angolano


devem estar correlacionadas com uma gestão eficaz e
por competência para uma actuação cada vez mais
profissional e capaz de atender às demandas
económicas, sociais e ambientais.

Cabe destacar o papel que as instituições de ensino


superior e formação profissional, para além das
instituições científicas, tecnológicas e de inovação
podem exercer no apoio aos processos de inovação e
desenvolvimento dos Portos, na transferência de Know-
how, na capacitação e formação dos recursos
humanos.
12. Conclusões
Para que o sector portuário angolano avance, faz-se
necessário estimular empresas e entidades públicas
a pensarem a inovação como um processo, o qual
deve ser retroalimentado e integrar a cultura das
organizações, formando uma rede de cooperação entre
diversas partes de diversa natureza.

O investimento no aperfeiçoamento das gestão dos


Portos e nos seus recursos humanos é essencial ao
fortalecimento do sector.

Devido à sua grande extensão territorial, é certo que


Angola precisa de instalações portuárias eficientes, em
todos os seus quadrantes, e que trabalhem de forma
sistémica e harmoniosa.
Obrigada

Carmen dos Santos


Prof.ª Catedrática

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