Você está na página 1de 88

ANÁLISE DA INSTALAÇÃO DE RISER FLEXÍVEL COM CONFIGURAÇÃO

LAZY WAVE

IAN CALS CAPUCHI MACHADO

Projeto de Graduação apresentado ao Curso


de Engenharia Naval e Oceânica, Escola
Politécnica, da Universidade Federal do
Rio de Janeiro, como parte dos requisitos
necessários à obtenção do título de
Engenheiro Naval e Oceânico.

Orientadora: Marta Cecilia Tapia Reyes

Rio de Janeiro
Fevereiro de 2016
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Escola Politécnica
Engenharia Naval e Oceânica
POLI/UF
RJ

ANÁLISE DA INSTALAÇÃO DE RISER FLEXÍVEL COM CONFIGURAÇÃO


LAZY WAVE

IAN CALS CAPUCHI MACHADO

PROJETO FINAL SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO DEPARTAMENTO


DE ENGENHARIA NAVAL E OCEÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS
REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE
ENGENHEIRO NALVAL E OCEÂNICO.

Aprovado por:

________________________________________________

Prof.ªMarta Cecilia Tapia Reyes,D.Sc.

________________________________________________
Prof. Julio Cesar Ramalho Cyrino, D.Sc.

________________________________________________

Prof. Carl Host Albrecht, D.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

FEVEREIRO DE 2016

ii
Machado, Ian Cals Capuchi

Análise da instalação de Riser Flexível com


configuração Lazy Wave / Ian Cals Capuchi Machado -
Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica, 2016

XIV, 74 p .: il.: 29,7 cm.

Orientador: Marta Cecilia Tapia Reyes

Projeto de Graduação - UFRJ/ POLI/ Engenharia


Naval e Oceânica, 2016

Referências Bibliográficas:. p.81

1. Introdução 2. Duto Flexível e Umbilical 3. Pipe


Lay Support Vessel 4. Acessórios 5. Operações
Envolvidas 6. A Instalação 7. Programas 8. Estudo de
Caso 9. Análise dos Resultados 10. Conclusões 11.
Referências

I. Tapia Reyes, Marta Cecilia. II. Universidade


Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de
Engenharia Naval e Oceânica. III. Análise da instalação de
Riser Flexível com configuração Lazy Wave.

iii
Veni, vidi, vici.

iv
AGRADECIMENTOS

Agradeço a minha mãe que, sendo a mulher que é, formou o homem que sou.

A minha avó, por todo suporte ao longo de toda minha vida.

Ao meu irmão, que me ensinou o verdadeiro significado de amizade.

A minha namorada, por todo companheirismo e carinho ao longo desse caminho.

Aos meus amigos e aos meus colegas de universidade pelo apoio e parceria.

Aos professores que realmente entendem o valor de ensinar.

v
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Naval e Oceânico.

Análise da instalação de Riser Flexível com configuração Lazy Wave

Ao instalar Risers flexíveis nos campos de pré-sal, dois dos grandes desafios de
trabalhar com ultra-profundidades são o excesso de carga aos quais os navios FPSO
estão sujeitos e as altas cargas de compressão e tração dos dutos na região de
Touchdown Point. Com o intuito de reduzir essas altas cargas, foi criada a
configuração de catenária chamada Lazy Wave, que consiste na instalação de
flutuadores equidistantes ao longo do duto que fornecem empuxo que aliviam as
cargas exercidas pelo Riser e, assim, evitam os problemas causados pelo excesso de
peso. Para a instalação de tal método, é necessária uma minuciosa análise capaz de
cobrir todos os passos da instalação visando mitigar os possíveis problemas. Esse
estudo tem como propósito apresentar todas variáveis levadas em consideração nas
análises, introduzir o método de instalação e, ainda, evidenciar as melhorias devido à
adição dos flutuadores.

Ian Cals Capuchi Machado

Fevereiro/2016

Orientadora: Marta Cecília Tapia Reyes

Curso: Engenharia Naval e Oceânica


Palavras-chave: Linhas Flexíveis, Lazy Wave, Riser, Offshore, Interligação
Submarina, Catenária.

vi
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of
the requirements for the degree of Naval Engineer.

Flexible Riser Installation Analysis with Lazy Wave configuration

When installing flexible risers in the pre-salt fields, two of the greatest challenges of
working with ultra-deep waters are the overload which affects the FPSO vessels and
the high compressive and tension loads of the pipelines over the Touchdown Point
area. In order to reduce these loads, it was created the Lazy Wave riser configuration,
which consists in the installation of equidistant buoys along the riser that provides
buoyancy to relieve the loads generated by the riser weight. For the installation, a
thorough analysis will be made covering all the installation steps. This study aims to
present all variables which were considered at the analysis, introduce the installation
method and also highlight the improvements due to the addition of buoys along the
riser section.

Ian Cals Capuchi Machado

February/2016

Advisor: Marta CecíliaTapia Reyes

Graduation: Naval Engineering

Keywords: Flexible pipes, Riser, Lazy Wave, Offshore, Catenary

vii
Tabela 7.1- Dados do FPSO .......................................................................................... 59
Tabela 7.2 – Informações do I-Tube ............................................................................. 60
Tabela 7.3 - Dados dos dutos flexíveis .......................................................................... 61
Tabela 7.4 - Dados dos acessórios ................................................................................. 61
Tabela 7.5 - Informações Conector ............................................................................... 63
Tabela 7.6 - Informações Vértebra ................................................................................ 63
Tabela 7.7 - Informações MCV ..................................................................................... 63
Tabela 7.8 - Coordenadas MCV .................................................................................... 63
Tabela 7.9 - Informações Dutos Flexíveis ..................................................................... 64
Tabela 7.10 - Posição dos flutuadores de CVD ............................................................. 64
Tabela 7.11 - Dados para cálculo de Lazy Wave .......................................................... 66
Tabela 7.12 - Tabela de Lançamento............................................................................. 69
Tabela 7.13 - Parâmetros de cargas ambientais ............................................................. 70
Tabela 7.14 - Primeiro Flutuador Instalado ................................................................... 70
Tabela 7.15 - 100% dos Flutuadores Submersos ........................................................... 70
Tabela 7.16 - Último Flutuador Instalado a 50m da Lâmina D'água ............................ 70
Tabela 7.17 - PLSV Posicioando para Pull-in ............................................................... 71
Tabela 7.18 - Máxima carga para passo 4 ..................................................................... 71
Tabela 7.19 - Mínima carga para passo 4 ...................................................................... 71
Tabela 7.20 - Máxima carga para passo 9 ..................................................................... 72
Tabela 7.21 - Mínima carga para passo 9 ...................................................................... 72
Tabela 7.22 - Máxima Carga para passo 10 .................................................................. 72
Tabela 7.23 - Mínima Carga para passo 10 ................................................................... 72
Tabela 7.24 - Máxima carga para passo 15 ................................................................... 73
Tabela 7.25 - Mínima carga para passo 15 .................................................................... 73
Tabela 7.26 - Tabela de Pull-in de 2ª............................................................................. 75
Tabela 8.1 - Cargas máximas e mínimas dos passos críticos ........................................ 76
Tabela 8.2 - Dados da Posição Final de Lazy Wave ..................................................... 77

viii
Tabela 8.3 - Dados da Catenária simples comparados aos de Lazy Wave .................... 77

ix
Figura 2.1 – Configurações de Risers Flexíveis ............................................................. 19
Figura 2.2 - Flowlines e Equipamentos Submarinos ...................................................... 20
Figura 2.3 - Camadas Duto Flexível............................................................................... 22
Figura 2.4 - Umbilical .................................................................................................... 23
Figura 3.1 - Tensionador Horizontal .............................................................................. 25
Figura 3.2 - Método J-Lay .............................................................................................. 26
Figura 3.3 - Bobinas de Armazenamento ....................................................................... 27
Figura 3.4 - Bobinas com Segregamento........................................................................ 27
Figura 3.5 - Carrossel ..................................................................................................... 28
Figura 3.6 - Spooling ...................................................................................................... 29
Figura 4.1 - Flutuadores Lazy Wave ............................................................................... 31
Figura 4.2 - Clamp Interno ............................................................................................. 31
Figura 4.3 - Ferramenta de Aperto ................................................................................. 32
Figura 4.4 - Módulo de Conexão Vertical ...................................................................... 32
Figura 4.5 - Conector ...................................................................................................... 33
Figura 4.6 - Conector no Han-off ................................................................................... 33
Figura 4.7 - Vertebras intertravadas ............................................................................... 34
Figura 4.8 - Vertebra acoplada ao duto .......................................................................... 34
Figura 4.9 - Triplate ........................................................................................................ 35
Figura 4.10 - Enrijecedor ................................................................................................ 36
Figura 4.11 - I-tube ......................................................................................................... 36
Figure 4.12 - Boca de Sino ............................................................................................. 37
Figura 5.1 - CVD de 1ª ................................................................................................... 39
Figura 5.2 - Pull-in de 2ª ................................................................................................. 40
Figura 5.3 - Clamp Interno com as lingadas ................................................................... 43
Figura 5.4 - Suporte Metálico ......................................................................................... 44
Figura 5.5 - Anexando Clamp ao Suporte Metálico ....................................................... 44

x
Figura 5.6 - Fixando o Clamp Interno ............................................................................ 45
Figura 5.7 - Utilização da Ferramenta de Aperto ........................................................... 45
Figura 5.8 - Içamento do Flutuador para a mesa de trabalho ......................................... 46
Figura 5.9 - Retirada das cintas do flutuador.................................................................. 46
Figura 5.10 - Conexão do flutuador ao duto ................................................................... 47
Figura 5.11 - Descida dos flutuadores ............................................................................ 47
Figura 6.1 - MCV Verticalizado ..................................................................................... 52
Figura 6.2 - MCV no HUB com linha suspensa ............................................................. 53
Figura 6.3 - MCV no HUB com linha assentada............................................................ 53
Figura 6.4 - CVD com flutuadores ................................................................................. 54
Figura 6.5 - Escolha de configuração de catenária ......................................................... 56
Figura 6.6 - Interface CATENARIA .............................................................................. 57
Figura 7.1 - Dados dos flutuadores ................................................................................. 60
Figura 7.2 - Unifilar da linha com flutuador .................................................................. 60
Figura 7.3 - Output CATENARIA ................................................................................. 62
Figura 7.4 - Coordenadas MCV ..................................................................................... 63
Figura 7.5 - Posição dos flutuadores de CVD ................................................................ 64
Figura 7.6 - Posicionamento dos flutuadores de CVD ................................................... 65
Figura 7.7 - Passos das Operações de Lazy Wave ......................................................... 68
Figura 7.8 - Incidência de Ondas .................................................................................... 69
Figura 7.9 - Passos do Pull-in de 2ª ................................................................................ 74
Figura 8.1 - Configuração final de Lazy Wave .............................................................. 77

xi
Abreviações

A&R: Abandonment and Recovery – Guincho para recolhimento e abandono de linha;


CVD: Conexão Vertical Direta;
FPSO: Floating Production Storage and Offloading – Unidade flutuante de
armazenamento e transferência do petroleo extraído;
HLS: Horizontal Lay System – Sistema de Lançamento horizontal de linha;
MCV: Modulo de Conexão Vertical;
PLEM: Pipe Line End Manifold – Terminal do Manifold para duto flexível;
PLET: Pipe Line End Terminal – Terminal final do duto flexível;
PLSV: Pipe Lay Support Vessel – Navio de lançamento de linha
RDS: Reel Drive System – Sistema de Lançamento por Bobina;
ROV: Remoted Operational Vehicle – veículo de operação remota;
TDP: Touchdown Point – Ponto o qual o Riser vira Flowline, em suma, é a região que o
riser toca o solo;
UEP: Unidade de Exploração e Produção;
;VLS: Vertical Lay System – Sistema de Lançamento vertical de linha;

xii
Sumário
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 15
2. DUTO FLEXÍVEL E UMBILICAL ............................................................................................. 19

2.1. RISER ...................................................................................................................................... 19

2.2. FLOWLINE ............................................................................................................................... 20

2.3. DUTO FLEXÍVEL ..................................................................................................................... 20

2.3.1. Estrutura Duto Flexível ..................................................................................................... 21

2.4. UMBILICAL ............................................................................................................................. 22


3. PIPE LAY SUPPORT VESSEL .................................................................................................... 24

3.1. TIPOS DE LANÇAMENTO DE DUTOS ........................................................................................ 24

3.1.1. S-Lay .................................................................................................................................. 24

3.1.2. J-Lay .................................................................................................................................. 25

3.2. TIPOS DE ARMAZENAMENTO ................................................................................................. 26

3.2.1. Bobinas .............................................................................................................................. 26

3.2.2. Carrossel ............................................................................................................................ 28

3.3. GUINDASTES ........................................................................................................................... 29


4. ACESSÓRIOS ................................................................................................................................. 30

4.1. FLUTUADORES ........................................................................................................................ 30

4.2. CLAMP INTERNO..................................................................................................................... 31

4.3. FERRAMENTA DE APERTO DE CLAMP ................................................................................... 31

4.4. MCV ....................................................................................................................................... 32

4.5. CONECTOR .............................................................................................................................. 33

4.6. VÉRTEBRA .............................................................................................................................. 34

4.7. TRIPLATE ................................................................................................................................ 35

4.8. ENRIJECEDOR DE EXTREMIDADE ........................................................................................... 35

4.9. I-TUBE ..................................................................................................................................... 36

4.10. BOCA DE SINO .................................................................................................................... 37


5. OPERAÇÕES ENVOLVIDAS ...................................................................................................... 38

5.1. CVD DE 1ª EXTREMIDADE ...................................................................................................... 38

5.2. PULL-IN DE 2ª EXTREMIDADE ................................................................................................ 39

5.3. A INSTALAÇÃO A INSTALAÇÃO MORRE ESTE CAPITULO VAI PARA O5 ................................ 40

5.3.1. Fatores que influenciam a instalação ............................................................................... 41

5.3.2. Sequência de Instalação .................................................................................................... 42

xiii
5.4. A FINALIZAÇÃO ...................................................................................................................... 48
6. MODELAÇÃO DAS OPERAÇÕES ............................................................................................. 51

6.1. ANÁLISES PARA CVD DE 1ª .................................................................................................... 51

6.2. ANÁLISES PARA LAZY WAVE ................................................................................................. 54

6.3. MODELAÇÃO DE CATEÁRIA SIMPLES .................................................................................... 56


7. ESTUDO DE CASO ....................................................................................................................... 59

7.1. FPSO TEM AUTORIZAÇÃO PARA IDENTIFICAR O NAVIO??? ................................................. 59

7.2. OPERAÇÕES DO PROJETO HEIN????? COPIOU DO RELATÓRIO TÉCNICO??? ....................... 59

7.3. CARACTERÍSTICAS DOS FLUTUADORES ................................................................................. 59

7.4. INFORMAÇÕES I-TUBE ............................................................................................................ 60

7.5. INFORMAÇÕES DOS DUTOS FLEXÍVEIS ................................................................................... 61

7.6. INFORMAÇÕES DOS ACESSÓRIOS ........................................................................................... 61

7.7. MODELAÇÃO INICIAL DE CATENÁRIA SIMPLES .................................................................... 61

7.8. CÁLCULOS PARA CVD DE 1ª................................................................................................... 62

7.9. CÁLCULOS PARA LAZY WAVE ................................................................................................. 66

7.10. CÁLCULOS PARA PULL-IN DE 2ª......................................................................................... 73


8. ANÁLISE DOS RESULTADOS.................................................................................................... 76
9. CONCLUSÕES ............................................................................................................................... 79
10. REFERÊNCIAS .............................................................................................................................. 81
ANEXO 1 – DADOS DO POÇO E DA PLATAFORMA ..................................................................... 82
ANEXO 2 – DADOS CONECTOR ......................................................................................................... 83
ANEXO 3 – DADOS ENRIJECEDOR ................................................................................................... 84
ANEXO 4 – DADOS VÉRTEBRA.......................................................................................................... 85
ANEXO 5 – DADOS FLUTUADORES.................................................................................................. 86
ANEXO 6 – DADOS BOCA DE SINO ................................................................................................... 87
ANEXO 7 – DADOS I-TUBE .................................................................................................................. 88

xiv
1. INTRODUÇÃO

A busca pelo petróleo ao redor do mundo não é novidade. Com início da moderna
indústria petrolífera em meados de 1850, a procura se limitava a poços terrestres de
petróleo, que eram perfurados a profundidades de 20 metros e produziam algumas
poucas centenas de barris por poço, surgindo assim os primeiros passos da exploração
Onshore do produto.

Aos poucos os EUA e outros países começaram a se dar conta de sua importância. A
Primeira Guerra Mundial deflagrou essa percepção, com a utilização dos primeiros
aviões de guerra e os submarinos com motor Diesel, bem como a crescente importância
do mercado automobilístico ao redor de todo o mundo. O EUA começou a incentivar
que suas empresas participassem da exploração em outras partes do mundo e então, a
corrida pela exploração e produção de petróleo se iniciava no início do século XX.

Após as grandes descobertas de poços de petróleo na área continental, diversos países


passaram a explorar também as bacias marítimas. Inclusive o Brasil, que, no início da
década de 1960, com a tese do pesquisador norte-americano Walter K. Link, concluiu
que seria impossível extrair petróleo em larga escala e por um bom tempo em poços
onshore, mas que dizia que, com avanços tecnológicos, seria possível explorar poços
offshore.

Com o tempo, concluiu-se que essa tese estava correta e que as bacias marítimas
brasileiras trariam produções em larga escala quando comparados com os poços
continentais. No entanto, tal inovação se restringia a águas rasas, com lâmina d’água de
não mais que 400 metros de profundidade, onde as Jaquetas tiveram sua grande
importância no final da década de 1960 até meados de 1980.

Observando uma necessidade de aprimoramento tecnológico para águas mais profundas,


a Petrobras [1] investiu em conhecimento e em sua tecnologia interna, criando o Cenpes
para acelerar o desenvolvimento de tecnologias offshore. Isso permitiu a estatal adquirir
um conhecimento ímpar em instalações offshore que possibilitou um aumento das
explorações dos campos de petróleo.

Exemplo disso foi a exploração da Bacia de Campos, descoberta em 1974 e que teve sua
primeira perfuração em 1976. Esse campo tinha características diferentes dos demais,
pois possuía profundidades cada vez maiores que aumentavam o desafio tecnológico. A

15
Bacia fez com que o país se aprimorasse cada vez mais no ramo de águas profundas e,
com o passar dos anos, especulações sobre petróleo em águas ultra-profundas fizeram
aumentar as buscas desses campos.

E assim, no ano de 2006, o país anunciou a descoberta do Pré-Sal. Reservas petrolíferas


em lâminas d’água de até 4000m d’água, que se localizam debaixo de uma profunda
camada de sal e de sedimentos. O petróleo é considerado de densidade média,
considerado mais valioso, melhor e mais fácil de refinar que o petróleo do “pós-sal”.

Com essa crescente produção de óleo derivado de águas profundas e ultra-profundas, a


utilização de dutos flexíveis, também conhecidos como Risers Flexíveis, se tornou
imprescindível. Esses dutos são excelentes para grandes profundidades, pois possuem
grande capacidade de curvatura, sem perder sua integridade. São versáteis, simples de
transportar, são pré-fabricados, de fácil armazenamento em bobinas ou cestas, entre
outras muitas vantagens de sua utilização. Esses dutos podem transportar petróleo, além
de outras finalidades, como transporte de fluidos de injeção, gás ou algum produto
químico.

Os Risers Flexíveis são instalados por navios PLSV’s, que utilizam de cestas para
armazenamento de dutos e tensionadores para o lançamento dos mesmos, além de
possuírem os equipamentos necessários para a instalação dos equipamentos no leito
marinho. Na maioria das vezes não é necessário utilizar outros navios nas operações,
sendo o PLSV autossuficiente operacionalmente falando.

Pelas profundidades das operações do Pré-Sal, os comprimentos de linhas flexíveis


acabam se tornando um grande percalço. O peso das linhas por metro é grande, e se
considerarmos um poço localizado a 2000m, é de se concluir que os esforços aos quais
as embarcações são submetidas nas instalações são altíssimos. Dessa forma, surgiram
tecnologias inovadoras para auxiliar e aliviar as tensões que o navio está submetido e
garantir a viabilidade dos projetos em águas ultra-profundas.

Entre essas tecnologias, está a Lazy Wave. Consiste na instalação de uma quantidade de
módulos de flutuabilidade que formam uma seção flutuante que reduz
consideravelmente as cargas e podem dar maior mobilidade a sistemas flutuantes.

O objetivo deste estudo é de analisar as configurações de catenária existentes quando o


Riser está sujeito a uma configuração de Lazy Wave. Serão apresentados os

16
equipamentos necessários para a instalação dos dutos com os flutuadores. Estudos sobre
o procedimento de instalação serão primordiais para o entendimento de como adotar
essa tecnologia para aliviar tensões, e um estudo de caso será utilizado para melhor
explicitar os conhecimentos necessários para tal atividade.

No capítulo 2 serão apresentados os tipos de duto flexível e umbilicais que podem ser
instalados com a configuração de Lazy Wave. Suas características principais serão
explicitadas, a estrutura dos dutos será detalhada de forma a entender como são
compostos os dutos para resistir a condições extremas nas profundidades de instalação.

Os navios de instalação dos dutos, bem como todos os equipamentos presentes no


convés da embarcação no processo de lançamento dos Risers serão introduzidos no
capítulo 3 para um maior entendimento das operações envolvidas em um projeto de
instalação de dutos com configuração Lazy Wave.

O capítulo 4 deste relatório abordará todos acessórios necessários para a instalação dos
dutos no respectivo projeto. Equipamentos como conectores, enrijecedores, MCV, entre
outros fundamentais estarão minuciosamente explicados e apresentados através de
imagens para que o leitor possa ter uma melhor visualização dos mesmos.

Para se ter um conhecimento mais geral ao redor de todas as etapas das operações da
instalação de dutos flexíveis com configuração de Lazy Wave, foi criado o capítulo 5.
Este capítulo abordará operações como a Conexão Vertical de Primeira Extremidade,
Pull-in de Segunda Extremidade, o passo-a-passo das instalações dos flutuadores nos
dutos flexíveis ainda dentro das embarcações de lançamento de linhas e por fim a
finalização das operações.

Programas que auxiliam ao projetista a calcular esforços envolvidos no processo, pesos


dos materiais em catenária, e análise estáticas e dinâmicas das operações serão
apresentados no capítulo 6.

Após a apresentação de todos os fatores envolvidos nas operações, será realizado no


capítulo 7 um estudo de caso para aplicar o conhecimento apresentado durante todo o
relatório. Serão utilizados dados obtidos em sites da Petrobras e de outros sites de
fornecedores de acessórios normalmente utilizados em operações do tipo para realização
dos cálculos.

17
No capítulo 8 serão analisados todos os dados obtidos nos estudos de caso através dos
cálculos feitos pelos programas utilizados. Serão comparados dados de configurações de
catenária simples com os dados obtidos para configuração de Lazy Wave para que seja
possível tirar conclusões das mudanças geradas pela adição de flutuadores nos dutos
flexíveis.

Por fim, o capítulo 9 tratará das conclusões feitas pelo autor deste projeto a fim de
elucidar as vantagens geradas pela configuração de Lazy Wave frente à configuração de
catenária simples.

18
2. Duto Flexível e Umbilical

2.1.Riser

Os dutos flexíveis apresentam diferentes classificações baseado em suas diferentes


funções quando operando. Para as linhas que se encontram conectadas às Unidades de
Exploração e Produção (denominadas de UEP) suspensas até o contato com o leito
marinho, dá-se o nome de Riser Flexível. Tendo como característica exposição a cargas
maiores devido à gravidade, bem como flexões consideráveis devido às cargas
ambientais. O Riser comumente tem uma curva até o leito marinho, semelhante à meia-
parábola, chamada também de catenária, a menos que haja ações que evitem essa
curvatura. [1]

Figura 2.1 – Configurações de Risers Flexíveis

Assim sendo, o riser precisa ser estruturado para resistir a um número muito grande de
ciclos de vida pelo tempo em que estiver em operação. Isso acarreta em uma linha com
maior dimensionamento estrutural, aumentando seu peso por metro, que aumenta
consequentemente a carga a qual as embarcações estão sujeitas.

19
2.2.Flowline

Para todo duto flexível que está apoiado no solo marítimo e conectado a um
equipamento submarino, seja ele um Riser, Árvore de Natal, PLET, PLEM, dá-se o
nome de Flowline. Por se encontrar em águas ultra-profundas, as cargas ambientais são
praticamente nulas, sendo assim não há exposição grande à torções, tensões ou grandes
cargas. Como se encontram apoiadas ao leito marinho, tampouco se encontram sob
efeito da gravidade.

Figura 2.2 - Flowlines e Equipamentos Submarinos

Dessa forma, sua estrutura não demanda grandes reforços, sendo somente necessário
resistir às trações ou compressões dadas devido à instalação do produto, ou ao
lançamento do mesmo. Sendo assim, sua estrutura somente a permite funcionar como
Flowline, não podendo ser utilizada como peça de reposição de Risers. [2]

2.3. Duto Flexível

Em meados da década de 1970-80, foram instalados os primeiros Dutos Flexíveis no


país. Muito comum em águas profundas, tem consideráveis vantagens quando
comparado aos dutos rígidos [2], dentre elas podemos destacar:

• Antecipação da produção;

• Reutilização dos dutos em diferentes campos;

20
• Facilidade de instalação e remanejamento;

• Em caso de estar armazenada no leito marinho em Almoxarifes Submarinos,


possui facilidade em se recuperar do leito marinho pelos navios PLSV;

• Rápido carregamento nos PLSV’s;

• Fácil armazenamento;

• Fácil manutenção;

• Pode ser instalado em regiões que exigem pequenos raios.

Não obstante ser bastante vantajoso, ele é um riser muito mais caro que o Rígido,
custando até U$10.000,00 o metro de duto flexível devido a suas camadas de proteção.
Sua vida útil também é menor, possui limitações de temperatura e pressão, entre outras
desvantagens.

2.3.1. Estrutura Duto Flexível

O duto flexível é constituído de diversas camadas concêntricas [4]. Cada camada


presente exerce uma função diferente no duto. Seus movimentos ocorrem de acordo
com os esforços aplicados aos dutos, sendo possível fazer curvas com pequenos raios,
quando comparamos com os raios alcançados utilizando-se dutos rígidos.

Destacaremos agora as diferentes camadas presentes em um Flexível e suas


funcionalidades:

• Carcaça Intertravada: Resistência ao colapso da camada interna, devido à pressão


externa. É fabricada através do dobramento das fitas metálicas onde são enroladas
helicoidalmente. Também auxilia no aumento da rigidez axial do duto;

• Revestimento Interno de Plástico: Resistência à corrosão, danos químicos que possam


ser causados pelos fluidos carregados e abrasão;

• Amadura de Pressão (opcional): Resiste à pressão interna, também auxilia na


resistência ao esmagamento causado pela armadura de tração;

• Armadura de Tração: Resistência às cargas axiais e às torcionais. Pode resistir à


pressão caso não haja Armadura de Pressão;

21
• Isolamento Térmico: Isola a carga interna das influências térmicas do ambiente
externo, evitando que o óleo resfrie com contato com a temperatura externa;

• Revestimento Externo: Barreira de contenção das demais camadas à água marinha.


Protege da corrosão, abrasão e de incrustações.

Figura 2.3 - Camadas Duto Flexível

2.4. Umbilical

O uso de FPSO’s para a produção do pré-sal combinados a poços muito profundos para
a extração do óleo, gerou a necessidade de métodos de controle remoto de poços.
Umbilicais provêm uma ligação fixa entre os dois, fornecendo comunicação, energia,
controle e injeção de químicos. [4]

Sua estrutura é semelhante a de um flexível, porém seu núcleo possui cabos elétricos,
cabos de fibra ótica, mangueira de químicos ou de fluidos, entre outros compostos.

O Umbilical é um conjunto de pequenos serviços unidos em um só riser. Seus


fornecimentos mais comuns são de:

• Controle Hidráulico;

• Energia Elétrica;

• Controle elétrico;

• Fibra Ótica;

• Injeção Química.

22
Figura 2.4 - Umbilical

23
3. Pipe Lay Support Vessel

Os navios PLSV (Pipelay Support Vessel) são os navios responsáveis pelo lançamento
de linhas rígidas e flexíveis, bem como são responsáveis pela interconexão da linha, e
de seus respectivos equipamentos, entre poço e UEP (Unidade de Exploração e
Produção) ou a outros equipamentos da infraestrutura submarina em campos de
exploração [5].

Esses navios são derivados dos Platform Support Vessel, que, com o tempo e a
necessidade, foram evoluindo e se tornando um tipo específico de embarcação. No
PLSV, se destacam os tipos de equipamentos que se encontram no convés.
Protagonistas nas operações, estes equipamentos variam conforme o tipo de lançamento
da embarcação, bem como variam conforme o tipo de armazenamento das linhas
flexíveis.

Para detalhar as funções de cada acessório/equipamento necessário para as instalações


das linhas, primeiramente serão apresentados primeiramente os diferentes tipos de
lançamento e armazenamento dos flexíveis.

3.1. Tipos de Lançamento de dutos

Embarcações PLSV variam suas formas de lançamento de Risers, devido ao tipo de


riser, a forma do navio, a profundidade de instalação, a facilidade de armazenamento,
entre outras variáveis que influenciam o método. Serão destacados os principais
métodos e suas diferenças [6]:

3.1.1. S-Lay

Esse tipo de lançamento ocorre em navios com o sistema de lançamento horizontal


(HLS – Horizontal Lay System). Típico de navios que instalam Risers Rígidos, por não
poderem armazenar risers enrolados, faz-se a soldagem dos tubos no convés da
embarcação, bem como sua inspeção logo após o processo de solda. Suas operações
levam mais tempo e são menos confiáveis devido aos riscos de falha na soldagem. Além
de ser um método mais recomendado para águas rasas.

O lançamento é feito através de Tensionadores Horizontais, estes são equipamentos que


seguram, lançam ou recolhem a linha para o leito marinho. Esses tensionadores são

24
providos de sapatas (3 a 4) que são removíveis, variando conforme o diâmetro externo
do Riser a ser lançado. Além desses, conta também com guindastes e A-Frame.

Figura 3.1 - Tensionador Horizontal

O S-lay tem esse nome devido à forma que o Riser adquire ao ser lançado. A forma
como o produto é lançado produz duas flexões que são geradas: ao deixar o convés da
embarcação pela popa, o riser flexiona-se em curva acentuada na entrada da água que se
denomina Overbend. Ao encostar no solo marítimo, a linha gera uma curvatura
denominada Sagbend. Essas flexões no Riser são a parte mais crítica de uma instalação
desse tipo, e podem fazer com que haja um colapso da linha, sendo necessária uma
análise de instalação para cada caso.

3.1.2. J-Lay

Esse método é destinado às embarcações cujo sistema de lançamento é vertical (VLS –


Vertical Lay System). Mais recomendado para instalação de Risers Flexíveis e
Umbilicais, esse método não gera o Overbend, curvatura tão indesejada na parte
superior, rente à popa.

Mais apropriado para águas profundas, o método consiste em lançar o Riser através de
um tensionador vertical que segura, lança ou recolhe a linha para o fundo. Esses
tensionadores possuem sapatas que variam conforme o diâmetro externo da linha e
podem ser trocados facilmente. Seu nome se dá devido à forma que é gerada pelo
lançamento da linha, de J.

25
Figura 3.2 - Método J-Lay

Esse tipo de lançamento apresenta vantagens em relação ao lançamento horizontal,


como maior espaço livre no convés, boa área de trabalho para instalar equipamentos na
linha, lançamento perto da linha de centro do navio, entre outros. Como desvantagens
pode-se levar em conta o calado aéreo que a embarcação adquire devido ao tensionador,
o centro de gravidade da embarcação será mais para cima que pode gerar problemas de
estabilidade, a estrutura tem que ser mais reforçada nessa região, as operações levam
maior tempo.

Esse método pode ser realizado através de uma moonpool encontrada no meio do
convés ou em um dos bordos do navio.

3.2. Tipos de Armazenamento

O tipo de lançamento vertical de Risers VLS traz algumas opções de armazenamento


das linhas flexíveis e umbilicais. Por poderem flexionar, as linhas podem ser enroladas
em bobinas, carrosséis ou cestas.

Carrosséis e cestas são ideais para linhas muito compridas ou múltiplas linhas. Bobinas
são mais recomendadas para pequenos projetos, com linhas mais limitadas.

3.2.1. Bobinas

As bobinas podem armazenar flexíveis ou umbilicais. A bobina é um tipo de içamento


que tem seu carregamento mais fácil para manuseio das linhas, visto que para

26
carregar/descarregar, somente é necessário trocar a bobina já no porto ou via balsa, por
guindaste ou cábria. Isso cria vantagens em relação à velocidade de (des)carregamento,
sendo mais vantajosa frente a outras tecnologias.

Figura 3.3 - Bobinas de Armazenamento

Uma bobina pode acomodar um ou mais produtos. No caso de haver mais de um


produto, utiliza-se um segregador de linhas que separa os dois tipos na mesma bobina.

Figura 3.4 - Bobinas com Segregamento

Como desvantagem é destacada as limitações em quesito de volume e peso, sendo


inferior às capacidades dos carrosséis e cestas. A necessidade de um guindaste/cábria
adequado para o içamento também é levado em consideração. A bobina também exige
um sistema de trilhos chamado RDS (Reel Drive System), que auxilia na sua

27
acomodação e mobilização. Esse equipamento ocupa um grande espaço no convés,
restringindo a área livre de trabalho.

3.2.2. Carrossel

Para esse tipo de armazenamento, tem-se dois tipos: Cesta e Spool.

A diferença está apenas no equipamento que auxilia o Spooling. Para a Cesta, o próprio
eixo é o equipamento, que, ao girar em tensão constante auxilia no enrolar da linha.

Figura 3.5 - Carrossel

Enquanto no Spool necessita de um equipamento que fornece essa tensão para a linha e
tem um movimento vertical constante para uniformizar o armazenamento da linha sem
que haja um bom enrolamento das mesmas.

28
Figura 3.6 - Spooling

Esses sistemas conseguem suportar cargas muito maiores de linhas e não ocupam
qualquer espaço no convés, visto que, em sua grande maioria, são instalados abaixo do
deck. Tendo assim uma maior área de trabalho disponível. Podem armazenar mais de
uma linha ao mesmo tempo, porém, é recomendado que fossem de mesmo diâmetro
para não haver problemas de não uniformidade durante o Spooling.

No entanto, seu carregamento/descarregamento é consideravelmente mais lento e de


maior dificuldade, visto que o Spooling das linhas tem de ser feito através de Softwares
que garantam que as linhas ficarão bem enroladas e bem tensionadas enquanto
armazenadas.

3.3. Guindastes

São utilizados para manuseio dos acessórios e equipamentos pesados, o guindaste deve
ser certificado para operações offshore, geralmente possuem Heave Compensator,
facilitando realização de conexões verticais diretas (CVD) nos “Hubs” de produção,
além de Manifolds.

29
4. Acessórios

Para cada instalação de dutos flexíveis interligando um poço a uma plataforma, temos
diferentes tipos de acessórios, variando conforme profundidade, tipo de ligação, tipo de
duto, entre outras variáveis. Para a instalação de dutos flexíveis com configuração Lazy
Wave que apresentam os processos de CVD de 1ª e Pull-in de 2ª (Capítulo 5), os
acessórios essenciais para serem adicionados aos risers são: Flutuadores, Clamp
interno, MCV, Conectores, Vértebras, Triplate, Enrijecedor de Extremidade, I-Tube e
Boca de sino. Esses acessórios são primordiais nas instalações e, para maior
compreensão de suas funcionalidades, bem como se obter uma visualização dos
mesmos, serão apresentados neste capítulo todos acessórios detalhatamente envolvidos
nas instalação da configuração Lazy Wave.

4.1. Flutuadores

Flutuadores são os acessórios responsáveis pelo empuxo que faz com que o riser seja
elevado e adquira a configuração em forma de onda, característica das Lazy Waves [3].

O números de flutuadores por riser variam, dependendo de cada caso de estudo. A


distância entre cada boia também é determinado após uma análise de peso de linha, tipo
de configuração desejada, entre outras variáveis.

Ao longo de sua vida útil, haverá uma perda de flutuabilidade nas boias devido à
penetração de água no material, sendo necessário que no estudo se leve em conta uma
perda de empuxo para os devidos cálculos.

30
Figura 4.1 - Flutuadores Lazy Wave

4.2. Clamp Interno

Os Clamps são acessórios que fazem parte dos flutuadores [7]. Eles são instalados
anteriormente às boias com o fim de fixá-las aos Risers.

Os clamps possuem pinos de titânio que servem para fixação na linha.

Figura 4.2 - Clamp Interno

4.3. Ferramenta de Aperto de Clamp

Como já diz o nome, as ferramentas de aperto tem como função fornecer o torque
necessário nas porcas dos pinos de titânio presentes nos clamps, para garantir o aperto
necessário para fixação dos clamps nos Risers.

31
Figura 4.3 - Ferramenta de Aperto

4.4. MCV

MCV é a sigla para Módulo de Conexão Vertical, que consiste em um equipamento que
faz a ligação do Riser e dos Umbilicais com o PLET (Pipe Line End Terminal) ou
PLEM (Pipe Line End Manifold). Como o nome já diz, sua conexão é vertical.

Figura 4.4 - Módulo de Conexão Vertical

Sua instalação ocorre com o auxílio de ROV’s e guindastes. Para casos em que ocorre a
conexão vertical com a primeira extremidade do Riser, dá-se o nome de CVD de 1ª
Extremidade – Conexão Vertical Direta de Primeira Extremidade.

Quando ocorre a conexão vertical com a segunda extremidade, é chamado de CVD de


2ª – Conexão Vertical Direta de Segunda Extremidade.

32
Tais operações serão apresentadas com mais detalhes mais a frente.

4.5. Conector

Os conectores se encontram no final de cada tramo de Riser. Em cada extremidade de


linha é encontrado um. Os conectores tem como finalidade unir diferentes tipos de
tramo para formar um único.

Figura 4.5 - Conector

Em muitos casos, as segundas extremidades ficam apoiadas à mesa de trabalho, sendo


exposta à cargas altas, visto que suporta todo peso de linha “pendurado”, assim
necessitam ter rigidez alta para que resistam a estas altas cargas.

Figura 4.6 - Conector no Han-off

A união de dois conectores é dada através do flangeamento por porcas. Ferramentas de


aperto são utilizadas para gerar o torque necessário para unir os dois flanges, sendo
fixados com porcas e arruelas.

33
4.6. Vértebra

Situados sempre após os conectores, tem como função evitar que os Risers tenham um
Overbend nas regiões de alta curvatura, como em casos de CVD, que possuem
verticalização do equipamento e devido a isso um aumento na curvatura da região.

Figura 4.7 - Vertebras intertravadas

Sua rigidez ocorre somente quando o raio de travamento é atingido, uma vez travado, a
vértebra dificilmente volta a sua configuração original.

Figura 4.8 - Vertebra acoplada ao duto

34
Cada Vértebra consiste em um casco bipartido, feito de polímero ou aço intertravado,
que é fixado com parafusos e porcas. É dividido em módulos, tendo seu número variado
conforme cada caso.

4.7. Triplate

Acessório que permite que dois guinchos se conectem ao mesmo duto flexível, sendo
estes guinchos, geralmente, pertencentes a dois navios distintos. Sua função é de
permitir transferência de carga da linha flexível de um guincho para o outro, assim
transferindo o riser de um navio para o outro (ou para outra plataforma).

Figura 4.9 - Triplate

4.8. Enrijecedor de extremidade

O Enrijecedor é encontrado sempre na extremidade de topo dos Risers que tem


interligação com navios FPSO ou com Plataformas. Tem como função prevenir o
Overbend dos dutos ou umbilicais principalmente das cargas dinâmicas e dos danos
causados devido à fadiga.

Como o nome já diz, ele fornece a rigidez necessária para suportar as cargas sujeitas no
riser através de seu formato cônico, que provê uma transferência de rigidez do riser para
a estrutura de topo.

35
Figura 4.10 - Enrijecedor

4.9. I-tube

O I-tube consiste em um tubo de aço reforçado cuja função é guiar a passagem do Riser
ou Umbilical para o FPSO. Seu diâmetro é ligeiramente maior que o duto, permitindo a
passagem da linha com o conector apenas.

Figura 4.11 - I-tube

36
4.10. Boca de Sino

A Boca de Sino fica na extremidade inferior do I-tube. Sua função consiste em prender
o enrijecedor conforme o conector e o duto vão sendo guiados pelo I-tube, tendo o
Enrijecedor alojado em sua base.

Figura 4.12 - Boca de Sino

37
5. Operações Envolvidas

Neste capítulo serão explicitadas as principais operações envolvidas em instalações de


flutuadores Lazy Wave para que seja possível ter uma maior compreensão das etapas.

Para instalação de dutos flexíveis em configuração de Lazy Wave, só há uma forma de


instalação de dutos, que é a Conexão Vertical de Primeira Extremidade, seguida da
instalação dos flutuadores na linha, lançamento do duto no leito marinho e então realiza-
se o Pull-in de Segunda Extremidade. Existem operações de Conexão Vertical de
Segunda Extremidade e Pull-in de Primeira Extremidade, mas, para casos de Lazy
Wave, somente é aplicável as CVD de 1ª e Pull-in de 2ª. Os motivos para as operações
serem restritamente essas para casos de Lazy Wave serão explicitados mais a frente.

5.1. CVD de 1ª Extremidade

A Conexão Vertical Direta de 1ª Extremidade tem como característica o MCV


conectado a extremidade inicial do Riser. Nesta etapa, grande parte do duto se encontra
ainda armazenado dentro da embarcação. Para descida do equipamento, não se faz
necessária a utilização de guindastes, visto que o duto, estando acoplado ao MCV
realiza o transporte do mesmo, sendo somente necessário que se pague a linha via
tensionadores. [7]

Quando o MCV se aproxima do equipamento submarino a ser conectado (hub do PLET


ou PLEM), então se utiliza do guindaste para realizar a verticalização do equipamento
para encaixe no Hub de Entrada, tendo assim parte da carga transferida para o
guindaste.

A CVD de 1ª é o caso que fornece as maiores cargas para o navio, visto que a linha
ainda se encontra toda armazenada no PLSV e, dependendo da linha d’água e do peso
da linha por metro, pode adquirir grande peso devido as altíssimas profundidades.

A região que ocorre a conexão vertical direta é a região mais crítica da estrutura, visto
que há grandes pesos atuantes naquela região como Vértebra, Conector e MCV. Sendo
assim, é onde ocorre o maior risco da linha atingir o raio mínimo de curvatura. Assim,
flutuadores devem estar presentes na região, para gerarem uma força contrária ao peso
desses acessórios de forma a aliviar o peso incidente na região e assim evitar um esforço
muito grande no duto.

38
Figura 5.1 - CVD de 1ª

5.2. Pull-in de 2ª Extremidade

O Pull-in de segunda extremidade ocorre após uma interligação submarina da primeira


extremidade da linha (como, por exemplo, uma CVD de 1ª). O navio, após instalar o
MCV no leito equipamento submarino, paga linha pelo track definido anteriormente
pelo projeto rumo a uma Unidade de Exploração e Produção, até que por fim somente
sobre a segunda extremidade do duto na mesa de trabalho. [8]

Quando chega esse momento, então a plataforma lança um cabo de guincho ao mar,
bem como o PLSV desce seu cabo de guincho pelo moonpool. Com o auxílio do ROV, o
cabo do guincho da plataforma é conectado ao guincho do navio e então é trazido para a
mesa de trabalho. Ao recolher o guincho, este é conectado à cabeça de tração por um
triplate. O PLSV conecta o guincho do guindaste Abanadonment & Recovery (mais
conhecido pelo nome de A&R) também ao triplate para, mais tarde poder se soltar e o
triplate assim somente ser sustentado pelo guincho da plataforma.

Após as conexões dos cabos às lingadas, o navio pode pagar o A&R e a segunda
extremidade desce até uma profundidade que se julgue adequada. Então, o guincho da
plataforma começa a recolher de modo a levar a linha em direção a UEP. Quando se
chega a um ponto equidistante, então o cabo do navio é desconectado do triplate com

39
auxílio do ROV. Após isso, o guincho da plataforma recolhe a carga de forma integral,
até que se recolha a linha até o respectivo I-Tube.

Ao chegar ao suporte destinado, o enrijecedor da linha é fixado na boca de sino e a


linha continua a ser recolhida até que o conector de topo chegue ao seu destino, no final
do I-tube.

Figura 5.2 - Pull-in de 2ª

5.3. A Instalação

Serão abordados nesta seção os aspectos que influenciam na instalação de flutuadores


para que uma linha flexível adquira a configuração de Lazy Wave. Também será
explicitado o passo-a-passo da instalação, desde a instalação no PLSV até sua
submersão e então, será explicado como se finaliza o processo com a interligação com o
equipamento submarino e a conexão da segunda extremidade com a plataforma.

40
5.3.1. Fatores que influenciam a instalação

Ao iniciar o estudo de caso para instalação de flutuadores em uma linha flexível é


preciso levar em conta os fatores que caracterizam a região, bem como o navio e a UEP.
Assim, serão mencionados todos os fatores envolvidos no estudo de instalação.

• Lâmina D’água: Obviamente, as águas ultra-profundas características dos


campos de pré-sal influenciam na análise, visto que as pressões são altíssimas,
necessitando estudo para resistência do material dos flutuadores a serem
fabricados. As baixas temperaturas tem grande influência na rigidez do duto
flexível, também influenciando consequentemente as boias. [2]

• Unidade de Exploração e Produção: é sabido que há dois tipos mais


utilizados de UEP’s no Brasil – as semissubmersíveis e os FPSO’s. Uma das
grandes diferenças entre as duas está nos movimentos de Heave, Pitch e Roll,
estes são muito mais acentuados em FPSO’s que nas semisub’s. Devido a
formas, o FPSO possui maiores movimentos quando comparado às semisubs.

• VLS: A capacidade do VLS (torre de lançamento) também influenciará na


instalação das boias. A instalação das boias nos dutos flexíveis em navios de
lançamento vertical se dá pela mesa de trabalho, usualmente sendo uma
Moonpool na linha de centro da embarcação. Desta forma a instalação é mais
fácil, visto que as linhas flexíveis ficam sustentadas pelos tensionadores
enquanto se instalam os flutuadores um por um. No entanto, a capacidade de
carga da torre de lançamento ditará se o navio pode ou não realizar a instalação
Lazy Wave [6].

• Estado de Mar: A região a qual será instalado o duto precisa de um estudo


prévio dos estados de mar incidentes, para se ter noção dos movimentos que
serão gerados nos navios e nas linhas, visto que também influenciarão fatores
como corrente e onda. Assim, após um estudo de caso, se define um Estado de
Mar Limitante que diz as condições máximas que serão suportadas pelos dutos
flexíveis que possuem flutuadores. Serão necessárias informações como
Período de onda, Altura de Onda e Incidência de onda por direção azimutal.

41
• Estrutura da Linha: Cada duto flexível que possua estrutura diferente terá
diferentes configurações. Isso se dá, pois cada estrutura tem diferentes
características próprias, tais como: Diâmetro Externo, Diâmetro Interno,
Rigidez Axial, Peso por metro na água, Peso por metro no ar, Comprimento
Total, Raio de Curvatura Mínimo, etc.

• Acessórios: Para cada caso diferente, haverá diferentes configurações de


instalação de acessórios como posição e peso dos mesmos. Em algumas
situações haverá acessórios em um duto que em outros casos não será
necessário à instalação.

5.3.2. Sequência de Instalação

Para o estudo de caso, será explicado o passo-a-passo da instalação de flutuadores em


uma linha flexível qualquer, visto que o processo não muda com a mudança de
estrutura. O tipo de lançamento do navio será o Vertical Lay System com moonpool
sendo a mesa de trabalho aonde ocorrerá a instalação das boias.

OBS: O posicionamento das boias, bem como a quantidade delas é previamente


definido pelos estudos da contratante, cabendo ao navio PLSV somente realizar a
instalação das mesmas de acordo com o respectivo projeto.

1. Transferência para a mesa de trabalho de todos os itens necessários para a


instalação dos flutuadores, como: Ferramenta de aperto, lingadas, massames.

2. Instalação de olhais de içamento nos Clamps Internos;

3. Preparação das lingadas de manuseio dos Clamps de acordo com o peso dos
mesmos;

42
Figura 5.3 - Clamp Interno com as lingadas

4. Retiração dos pinos de titânio e parafusos;

5. Lubrificação dos pinos e parafusos com graxa definida pelo projeto;

6. Posicionamento dos Clamps Internos, pinos de titânio e parafusos na mesa de


trabalho com o auxílio de guindastes da embarcação. Neste momento é
recomendado que se evite contato dos pinos de titânio com o deck da embarcação.

7. Posicionamento dos flutuadores na mesa de trabalho utilizando os guindastes


da embarcação.

8. Com os acessórios presentas na mesa de trabalho, realização de transferência


do duto flexível do seu local de armazenamento ao moonpool até que a primeira cota
de instalação de flutuadores marcada na linha chegue a uma altura que permita a
instalação do Clamp.

9. Inspeção da localização do suporte metálico que auxilia a fixação do Clamp e


limpeza da região de instalação.

10. Instalação do suporte metálico para apoio do Clamp Interno. O


posicionamento do suporte deve ser levemente abaixo da cota de instalação do

43
flutuador para que se garanta que a seção média do Clamp coincida com a marcação
da cota de instalação, para garantir maior precisão da instalação.

Figura 5.4 - Suporte Metálico

11. Mobilização dos Clamps em direção à linha com auxílio de guindastes. Ele
deve ser apoiado no suporte metálico anteriormente instalado. É necessária a
utilização de Cargo Straps para o posicionamento adequado do Clamp.

Figura 5.5 - Anexando Clamp ao Suporte Metálico

12. Quando o Clamp estiver alinhado, os pinos de titânio devem ser


posicionados.

13. Quando as Cargo Straps se encontrarem bem tensionadas, retira-se então o


suporte metálico.

44
Figura 5.6 - Fixando o Clamp Interno

14. Içamento da Ferramenta de Aperto, com o auxílio do guindaste, para o


encaixe com o Clamp. Encaixe da ferramenta com os pinos de titânio.

15. Aplicação do torque nas porcas e contra porcas dos pinos de titânio seguindo
a especificação dos fabricantes dos flutuadores.

Figura 5.7 - Utilização da Ferramenta de Aperto

16. Com as porcas bem torqueadas, retira-se a Cargo Strap que envolve o Clamp
interno.

17. Remoção da Ferramenta de Aperto do Clamp Interno, com o auxílio do


guindaste.

18. Instalação de manilhas nos olhais de içamento dos Flutuadores.

19. Conexão do guindaste à boia e movimentação da mesma até o duto.

45
Figura 5.8 - Içamento do Flutuador para a mesa de trabalho

20. Retirada das cintas que envolvem o flutuador e garantem sua união.

Figura 5.9 - Retirada das cintas do flutuador

21. Separação dos módulos bipartidos do flutuador.

22. Com o auxílio do guindaste, realização do içamento dos módulos bipartidos


até o duto.

23. Instalação dos flutuadores no duto. Ao juntar os módulos, realizar fixação das
cintas em volta dos flutuadores. Recomenda-se aqui que se faça uma marcação

46
numérica a fim de ter conhecimento da sequência de instalação, facilitando para o
ROV que inspecione as boias.

Figura 5.10 - Conexão do flutuador ao duto

Abertura do Moonpool para descer a linha até que o flutuador ultrapasse


completamente as portas da Mesa de Trabalho, fechamento do Moonpool.

Figura 5.11 - Descida dos flutuadores

24. Lançamento de linha até que a próxima cota de instalação do Flutuador


chegue a altura de instalação desejada.

47
25. Repetição dos passos anteriores até que se chegue ao último flutuador a ser
instalado.

26. Após a instalação da última boia realizar a remoção de todas as ferramentas


da mesa de trabalho com auxílio do guindaste.

27. Lançamento da linha de forma convencional.

5.4. A Finalização

Antes da instalação dos flutuadores, se o comprimento dos tramos do duto flexível for
suficiente para descerem toda a Lâmina D’água, é realizada então a Conexão Vertical de
Primeira Extremidade no hub do PLET (ou PLEM).

Essa conexão é anteriormente analisada com base em algumas informações do


respectivo projeto tais como:

• Peso da linha;

• Peso dos acessórios (Vértebra e Conector);

• Comprimento dos acessórios (Vértebra e Conector);

• Peso do MCV dentro e fora d’água;

• Parâmetros do MCV, parâmetros da CVD de 1ª tais como altura MCV ao


leito;

• Posicionamento dos flutuadores de CVD (diferentemente dos flutuadores de


Lazy Wave, estes servem para aliviar o peso exercido pelos acessórios, de forma
a evitar que a extremidade atinja o raio mínimo de curvatura e assim traga
problemas estruturais para a linha);

• Coordenadas de X e Y do MCV em relação ao flange, olhal de içamento e


CG;

• Ângulo de entrada do Flange do MCV.

Essas são algumas das principais informações que necessitam serem fornecidas para que
se possa realizar a análise da CVD.

48
Com a análise em mãos, realiza-se a Conexão Vertical Direta em 1ª antes da instalação
dos flutuadores, pois, se estes fossem instalados antes, exerceriam um empuxo muito
grande a ponto de atrapalhar a conexão entre MCV e PLET.

Essa ligação é monitorada constantemente a fim de que se obtenham dados de cada


etapa do lançamento. É criada então uma Tabela de Lançamento de forma a estudar
esses dados para ter maior controle sobre a instalação. Os dados são divididos por
passos da operação, sendo eles tais como: Conexão entre os tramos de flow e riser,
Primeiro flutuador instalado, Primeiro flutuador submerso, 25% dos flutuadores
instalados, 50% dos flutuadores instalados, 75% dos flutuadores instalados,
Extremidade de topo da lazy wave na mesa de trabalho, entre outros passos até último
passo que é quando o PLSV está posicionado para dar início ao Pull-in.

Os dados fornecidos na Tabela de Lançamento são:

• Distância Moonpool x I-tube (m);

• Linha Paga a cada passo (m);

• Comprimento Total de linha paga (m);

• Movimento do PLSV (m);

• Movimento Acumulado do PLSV (m);

• Ângulo de topo (º);

• Carga Estática no Tipo (tf);

• Flutuadores Instalados no Passo;

• Flutuadores Submersos;

• Flutuadores – Total;

Após a CVD, se dá continuidade ao lançamento de linha, agora com os flutuadores


instalados um por um, sendo monitorados conforme os passos da Tabela de
Lançamento.

49
Após a imersão de todos flutuadores na água, e tendo lançado todo comprimento de
linha do projeto até a chegada da segunda extremidade na mesa de trabalho, se inicia
então o procedimento de Pull-in de Segunda Extremidade. Ocorre então a aproximação
do PLSV da plataforma (FPSO) a fim de realizar a transferência de carga da linha que o
Pipe Lay carrega para o guincho da UEP, com o auxílio do ROV. Após a transferência, a
carga fica toda por conta do FPSO, cabendo a ele recolher a linha até que o Enrijecedor
chegue a boca de sino e a extremidade de topo chegue ao final do I-tube.

Mais uma vez realizam-se análises estáticas que cobrem desde o último passo da Tabela
de Lançamento até a Extremidade de topo a boca de sino, considerando o PLSV
paralelo ao FPSO.

Os dados de análise são mais complexos nesse caso, pois envolvem análises do PLSV e
do FPSO (ou da plataforma).

Os dados fornecidos na Tabela de Pull-in são:

• Profundidade do Topo da Estrutura (m);

Dados do PLSV:

• Comprimento de Cabo Pago (m);

• Comprimento Total de Cabo (m);

• Ângulo de Topo do Cabo (º);

• Carga Estática no Cabo (Tf).

Dados do FPSO:

• Comprimento do Cabo Recolhido (m);

• Comprimento Total de Cabo (m);

• Ângulo de Topo do Cabo (º);

• Carga de Topo Estática (Tf).

50
6. Modelação das Operações

Para realizar estudos das operações que serão realizadas a fim de obter dados de suma
importância para analisar a viabilidade, bem como as melhorias da adição de
flutuadores, serão utilizados programas de modelação computacional que simulam
condições semelhantes às das condições da região para se ter uma maior
verossimilidade. Os programas utilizados são o OrcaFlex e o Catenária. Ambos serão
melhor explicados ao longo desse capítulo.

O OrcaFlex é um programa de análise estática de sistemas marinhos em regiões


Offshore, reconhecido por sua ampla capacidade técnica e usabilidade de fácil
entendimento. Desenvolvida pela empresa de Software Orcina [9], seu uso vai desde
assuntos de engenharia offshore a outras áreas como estudos sísmicos, engenharia
oceânica, pesquisas oceanográficas, estudo de energias marítimas renováveis, entre
outras áreas de estudo.

A utilização do programa englobará todas as etapas da instalação do riser com os


flutuadores, iniciando no estudo da análise de Conexão Vertical Direta, visto que este
ponto, como já dito anteriormente, oferece riscos à integridade do material em seu ponto
de instalação devido aos momentos gerados pelos pesos dos acessórios e duto. Seguido
da análise estática e dinâmica de instalação de Lazy Wave, fase mais crítica da operação
e ponto de destaque do presente estudo. Por fim, utiliza-se o programa para realizar as
análises estáticas do Pull-in de Segunda Extremidade, a fim de ter todas as informações
de carga nos passos envolvidos na operação.

A versão utilizada do programa será OrcaFlex 9.8c. Segue abaixo a sequência de


análises feitas pelo programa:

6.1. Análises para CVD de 1ª

Para análise da CVD de primeira extremidade serão estudados os três momentos mais
críticos da operação que serão explicitados a seguir Todos os casos envolvidos serão
considerados com a linha alagada de água do mar, visto que é quando há maiores cargas
no duto, no guindaste e nos tensionadores.

Caso 1 – MCV Verticalizado:

51
O primeiro caso de análise envolve a descida do MCV em direção ao PLET, já próximo
ao hub no instante de acoplamento. O ângulo de inclinação do MCV nesse momento é
igual a 0º, visto que este está verticalizado pelo guindaste.

Figura 6.1 - MCV Verticalizado

Caso 2: - MCV no Hub com linha Suspensa:

Este caso representa a situação de CVD de primeira extremidade em que o MCV está
assentado no hub e a linha suspensa pelo PLSV.

O propósito do estudo deste caso é determinar o momento máximo na interface do


MCV e a linha no sentido de suspender o flange do MCV.

52
Figura 6.2 - MCV no HUB com linha suspensa

Caso 3 – MCV no Hub com flowline assentado

O ponto de estudo deste caso é determinar os esforços na interface do MCV com o


flowline. Visto que o MCV se encontra travado e a linha assentada no mar, é necessário
verificar se a estrutura suporta tais esforços ao ser instalada definitivamente.

Figura 6.3 - MCV no HUB com linha assentada

Algumas vezes nessas análises, se tem resultados que indicam um travamento da


vértebra antes que ela atinja sua posição final. O travamento gera um aumento
considerável do momento fletor aplicado no MCV durante a instalação, o que leva a

53
falha do equipamento. Desta forma, para evitar o travamento total, deve ser considerado
o uso de sistemas de flutuadores acoplados ao restritor de curvatura.

Figura 6.4 - CVD com flutuadores

6.2. Análises para Lazy Wave

Análises Estáticas

Para a análise da Lazy Wave serão estudados diversos passos, como dito na seção 6.3.
As análises estáticas consideram os passos críticos para a operação, mantendo 1° de
ângulo de topo durante o lançamento, visto que se trata de um navio de lançamento
Vertical, exceto para o último passo da tabela de lançamento, quando a extremidade de
topo da lazy wave está conectada ao guincho de A&R, na altura da mesa de trabalho,
com PLSV preparado para realização do pull-in para o FPSO.

As cargas estáticas, comprimentos de cabos e ângulos de topo são verificados para o


instante da transferência de carga do PLSV para o FPSO.

Os passos mais críticos envolvidos no estudo são:

Caso 1 – Primeiro flutuador instalado

Para buscar uma referência inicial da influência de carga com os flutuadores exercendo
seu empuxo, é destacado o momento em que o primeiro deles é instalado, de forma a ter
a referência do marco zero. Aqui somente lançou-se linha para que fosse realizada a
CVD de 1ª extremidade.

Caso 2 – 100% dos flutuadores submersos

54
Nesse momento tem-se o marco final da instalação dos flutuadores, assim pode se
comparar ao momento de marco zero para obter informações sobre a influência que o
empuxo de todas as boias exerce sobre a carga total da linha flexível.

Caso 3 – Último flutuador instalado se encontra a 50m da lâmina D’água

Quando a última boia atinge 50m de lâmina d’água, o empuxo de todas as boias juntas
fornece a menor carga estática de topo. Isso é algo a ser buscado, mas tem seu risco.
Este momento é crítico, pois há o risco de que a linha sofra compressão acima da linha
dos flutuadores, visto que a carga causa pelas cargas ambientais (análise dinâmica)
podem fazer com que a linha tenha aceleração vertical a cima do limite e assim
danifique o produto. Caso haja o risco de compressão, é necessário adicionar peso
morto na região de Flowline do duto a fim de evitar as acelerações verticais que possam
gerar a compressão.

Caso 4 – PLSV posicionado para dar início ao Pull-in

Esse é o momento mais crítico, onde a carga estática no topo se encontra máxima
devido à angulação que a linha adquire pela conexão do cabo do A&R do PLSV com o
cabo da plataforma. Aqui também é onde toda a linha já foi lançada, restando apenas a
conexão da extremidade final com a plataforma para se ter a interligação concluída.

Análises Dinâmicas

A análise de estado de mar limitante faz a cobertura de todos os passos envolvidos na


instalação e imersão dos flutuadores. São gerados de output as Máximas Alturas
Significativas de onda em função do aproamento da embarcação e do período de onda
incidente na região no momento das operações.

O programa utiliza de simulações dinâmicas que analisam ondas regulares com


diferentes alturas e períodos de onda.

Os passos a serem destacados na análise dinâmica são os citados acima, pois são os
considerados mais críticos para a operação.

A direção de incidência das ondas está presente na análise, sendo analisadas ondas
incidentes a: 0º, 30º, 60º, 90º, 120º, 150º e 180º.

55
Para as alturas de onda, foram consideradas as alturas de maior incidência da região,
baseado numa coletânea de informações sobre as principais alturas de onda da região.
Foram analisadas alturas de onda de: 1,0; 1,5; 2,0; 2,5 e 3,0m.

O Períodos de onda analisados foi baseado nos principais períodos de onda da região,
análogo à altura de onda. Os principais períodos da região são: 6, 7, 8, 9, 10, 11,12 e 13
segundos.

Por fim, o programa gera como output uma tabela para os passos mais críticos,
anteriormente citados, com as Máximas Cargas Dinâmicas e também as Míninmas
Cargas Dinâmicas no topo. As condições de contorno acima apresentadas estão também
presentes na análise, sendo evidenciadas as diferentes cargas para as diferentes direções,
alturas e períodos de onda.

6.3. Modelação de Cateária Simples

Para realizar as comparações com o método de Lazy Wave, será realizada modelação de
catenária simples que fornecerá de output os dados de cargas de topo e da área de TDP
do respectivo projeto.

O programa Catenária tem como intuito auxiliar no fornecimento de dados para a


configuração de catenária que o duto flexível irá adquirir na forma final, já instalada
[10]. Ele é um programa de interface simples e de fácil utilização para o usuário.
Inicialmente, ao abrir o programa, deve-se escolher o tipo configuração de catenária.

Figura 6.5 - Escolha de configuração de catenária

56
Sabemos que o objetivo deste projeto é o cálculo de Lazy Wave, não obstante, é
recomendável que se utilize para fins comparativos, a configuração de catenária
simples, para que se obtenha os valores da tensão na região de Touchdown Point, onde a
tração e compressão são críticos. Assim, colhendo tais informações será possível
analisar, com o programa OrcaFlex, o quanto a configuração Lazy Wave auxiliou a
reduzir tal tensão.

Após escolher a catenária simples, o programa abre uma tela com diversos dados a
serem inputados pelo usuário para que seja possível a realização dos cálculos. Para o
caso deste projeto, as informações a serem inputadas são:

• W - O peso da linha (kg/m) alagada e submersa;

• Y - A Lâmina D’água da região de instalação do duto subtraindo o


comprimento submerso do I-tube;

• O ângulo de topo do I-tube do FPSO.

Figura 6.6 - Interface CATENARIA

Tendo colocado as informações essenciais ao cálculo básico de catenária simples, então


deve-se clicar no botão “CALCULAR” e o programa gerará os outputs da configuração
final do duto flexível naquele caso específico.

Os Outputs são:

57
• X – Distância horizontal do TDP para a boca de sino (m);

• S – Comprimento de linha suspensa (m);

• Ta – Carga de topo gerada pelo duto (t);

• H – Tensão gerada pelo duto na região de TDP (kgf).

Assim, após gerar os dados baseados no projeto especificado, será possível comparar
resultados para determinar a eficiência dos flutuadores aplicadas na configuração de
Lazy Wave.

58
7. Estudo de Caso

Para tentar colocar em prática todos os conhecimentos obtidos nesse projeto, será
proposto um estudo de caso prático de uma instalação de Lazy Wave de uma linha de
serviço do poço ao FPSO.

7.1. FPSO

O FPSO do estudo está localizado a 240 km do litoral do Rio de Janeiro, sobre uma
Lâmina D’água de 2240m na área de Iracema Norte, no campo de Lula, Bacia de
Santos. Sua capacidade é de 150 mil barris de óleo por dia e consegue comprimir oito
milhões de metros cúbicos de gás natural por dia.

Seguem mais dados da UEP:

Tabela 7.1- Dados do FPSO

Dados FPSO
Processamento de Petróleo 150 mil barris/dia
Tratamento e Compressão de Gás 8 milhões m³/dia
Tratamento de Água de Injeção 264 mil barris/dia
Capacidade de Armazenamento 1,6 milhão de barris de óleo
Profundidade de água 2240 metros
Comprimento Total 332 metros
Boca 58 metros
Pontal 31 metros
Peso 82 metros

O FPSO é conectado a oito poços produtores e nove poços injetores. O gás natural
provindo dos poços será exportado via gasoduto submarino.

7.2. Operações do projeto

A interligação entre poço e plataforma se dará por duto flexível. Para tal, o projeto
consistirá em uma Conexão Vertical de Primeira Extremidade no poço 7-LL-051
inicialmente, seguido da instalação de flutuadores Lazy Wave e por fim o Pull-in de
Segunda Extremidade que conectará o duto flexível ao FPSO.

7.3. Características dos flutuadores

Para o cálculo de instalação Lazy Wave, o cliente deve fornecer as informações


necessárias para a análise. Informações como: Espaçamento entre flutuadores, Empuxo

59
Líquido, Peso no ar, Diâmetro e Comprimento. Segue os valores abaixo para o caso
estudado:

Figura 7.1 - Dados dos flutuadores

Figura 7.2 - Unifilar da linha com flutuador

Analisando o Empuxo médio da boia no início da vida multiplicado pelo número de


boias presentes na linha, teremos então o Empuxo Total fornecido pela configuração de
Lazy Wave. Sendo assim, nosso Empuxo Total será equivalente a 40t.

7.4. Informações I-tube

As análises para realização do Pull-in de 2ª necessitam de informações do suporte ao


qual o duto flexível será conectado. Segue as informações

Tabela 7.2 – Informações do I-Tube

60
7.5. Informações dos dutos flexíveis

As análises dependem de uma coletânea de informações dos dutos flexíveis que serão
instalados. Foram obtidos os dados essenciais que servem de input para os cálculos
necessários para a análise:

Tabela 7.3 - Dados dos dutos flexíveis

Rigidez de Peso na Raio mínimo de


Diâmetro Externo Peso no Comprimento
Tipo de Riser Curvatura Água curvatura para
(mm) ar (tf/m) Total (m)
(kN.m²) (tf/m) instalação (m)
de Topo 217,95 15,89 0,0813 0,1195 400 2,13
Intermediário 189,93 10,68 0,0494 0,0784 1640 1,845
Fundo 185,93 10,05 0,0439 0,0718 1060 1,815
Flowline 167,33 6,66 0,0437 0,0662 1400 1,755

7.6. Informações dos Acessórios

Segue o dado de todos acessórios que serão instalados na linha necessários para a boa
funcionalidade do Riser ao longo de sua vida útil:

Tabela 7.4 - Dados dos acessórios

Peso Submerso Peso no Ar


Acessório
(tf) (tf)
Conector topo 0,844 0,971
Collar Pull-in 0,278 0,32
Enrijecedor Topo 5,36 8,017
Enrijecedor 0,089 0,172
Enrijecedor 0,131 0,22
Enrijecedor 0,083 0,162
Conector 0,335 0,398
Conector 0,352 0,409
Conector 0,352 0,409
Conector 0,332 0,38
Conector 0,332 0,38
Conector 0,21 0,244
Conector 0,402 0,462
Colar de Ancoragem 0,115 0,132
Colar Batente 0,5 0,588

Somando o peso submerso de todos os acessórios, teremos um adicional ao peso da


linha suspensa um total de 10t.

7.7. Modelação inicial de Catenária Simples

Para se ter noção do quanto os flutuadores da Lazy Wave aliviaram a tensão horizontal
da catenária na região de TDP, serão calculados os valores de carga horizontal na região

61
de Touchdown Point e da carga vertical de topo para a Catenária Simples, de forma a
poder comparar, após descobrir os valores, com os valores estimados para configuração
Lazy Wave.

O peso do duto será considerado o de Peso Misto, que envolve uma média dos
diferentes pesos da estrutura de topo, da intermediária e a de fundo, excluindo a
flowline que fica assentada no leito. Foi modelado uma catenária simples com as
informações de peso da linha, LDA da região e o ângulo de lançamento

Adicionadas as informações essenciais, serão calculados os outputs do estudo de caso


específico.

Figura 7.3 - Output CATENARIA

Assim temos que a tensão da carga de topo será de 130t sem a adição dos flutuadores.
Porém, esta conta não leva em consideração o peso dos acessórios submersos. Foi visto
na seção de acessórios que o peso total somado é de 10t. Então vemos que a carga total
de topo para uma catenária simples seria em torno de 140t.

7.8. Cálculos para CVD de 1ª

Para que se possam ser feitas as análises necessárias para a realização da CVD de
primeira extremidade são necessários dados dos equipamentos, como já citado nas

62
seções anteriores que servirão de input para o programa OrcaFlex gerar a análise. A
seguir seguem os principais dados para CVD de 1ª:

Tabela 7.5 - Informações Conector

Conector
Peso (kg) Comprimento (m)
462 1,155

Tabela 7.6 - Informações Vértebra

Vértebra
Peso (kg) Comprimento (m) Raio mínimo de Curvatura (m)
1403 7,567 3,598

Tabela 7.7 - Informações MCV

MCV
Massa do MCV (kg) Ângulo do Flange (º)
Submerso 6749
60
No ar 7940

Figura 7.4 - Coordenadas MCV

63
Tabela 7.8 - Coordenadas MCV

Tabela 7.9 - Informações Dutos Flexíveis

Linha Flexível
Diâmetro Externo Raio mínimo de curvatura Rigidez a
Peso na Água (kg/m)
(m) para instalação (m) Curvatura (kN.m²)

0,16734 43,7 1,17 6,66

Com esses dados, iniciou-se os cálculos para determinar se seria necessária a instalação
de flutuadores para que a CVD ocorresse sem travamento da vértebra. É gerada uma
tabela com os dados de posição dos flutuadores a partir do flange do MCV até a
localização dos mesmos, tendo como complemento a informação e quando empuxo
cada boia gera na sua posição. Também em anexo é mostrada a posição que a linha deve
ter no momento em que realiza a CVD de 1ª.

Tabela 7.10 - Posição dos flutuadores de CVD

Posição das bóias a


Empuxo das
Bóias partir do flange do MCV
boias (kgf)
(m)
1 3,5 1289
2 7,5 227,76
3 16 821
4 23 113,9
5 N/A N/A

Figura 7.5 - Posição dos flutuadores de CVD

64
Figura 7.6 - Posicionamento dos flutuadores de CVD

65
7.9. Cálculos para Lazy Wave

Para o estudo de Lazy Wave, alguns dados são de suma importância para iniciar os
cálculos para análise. Dados do FPSO, gerais, do PLSV e dos flutuadores a ser instalada
são inputados para início de estudo.

Tabela 7.11 - Dados para cálculo de Lazy Wave

Dados Gerais
Pull-in de 1ª ou 2ª 2
Lâmina D'água 2240
Condição de Instalação do
Linha Cheia
Produto
Distância entre mesa de
trabalho e boca de sino 65
durante Pull-in (m)
Distância horizontal entre I-
1491
tube e conector (m)
Dados FPSO
Calado médio FPSO (m) 22,02
Profundidade Boca de sino (m) 19,02
Ângulo Boca de Sino (º) 5
Comprimento I-tube (m) 26,2
Ângulo máximo permitido para
7
Pull-in (º)
Dados PLSV
Carga máxima de topo no
146
PLSV (t)
Ângulo de topo máximo
7
durante Pull-in (º)
Ângulo de topo máximo
durante instalação dos 1
flutuadores (º)
Dados Flutuadores
Flutabilidade de cada Boia
703,6
(kgf)
Distância do Centro da
Primeira Boia a ser instalada 2000
(m) a partir do FPSO
Distância do Centro da Última
Boia a ser instalada (m) a 1725
partir do FPSO

Além desses dados, informações da linha, dos acessórios e do campo também são
essenciais para utilizar de input nas análises. As informações da linha foram
anteriormente citadas, bem como as dos acessórios. As do campo estão em anexo ao fim
desse estudo.

66
Agora serão descritos o passo-a-passo da instalação dos dutos Lazy Wave, abrangendo
desde a CVD de 1ª até o momento em que o PLSV inicia o Pull-in. Esses passos são
escolhidos, pois auxiliam a tripulação do PLSV a ter as informações necessárias no
momento da instalação. Segue abaixo os passos tidos como mais importantes para a
respectiva operação:

• Passo 1 - Conexão entre os tramos de flowline e riser de fundo.

• Passo 2 - Pagos 50% do tramo de riser de fundo.

• Passo 3 - Conexão entre os tramos de riser de fundo e riser intermediário.

• Passo 4 - Primeiro flutuador instalado.

• Passo 5 - Primeiro flutuador submerso.

• Passo 6 - 25% dos flutuadores instalados.

• Passo 7 - 50% dos flutuadores instalados

• Passo 8 - 75% dos flutuadores instalados.

• Passo 9 - 100% dos flutuadores instalados e submersos.

• Passo 10 - Último flutuador instalado se encontra a 50m da lâmina d'água.

• Passo 11 - Pagos 50% do tramo de riser intermediário.

• Passo 12 - Conexão entre os tramos de riser intermediário e riser de topo.

• Passo 13 - Pagos 50% do riser de topo.

• Passo 14 - Extremidade de topo da lazy wave chega na mesa de trabalho.

• Passo 15 - PLSV posicionado para dar início ao pull-in, com moonpool a 65m
da boca de sino.

67
Figura 7.7 - Passos das Operações de Lazy Wave

A figura acima ilustra os passos analisados já mencionados. Ao final do passo 15 pode-


se notar que a configuração de Lazy Wave já está quase completa, tendo um formato
parecido com o que se espera de tal configuração. Eles fazem parte da análise estática
da instalação de Lazy Wave. Essa análise é feitas a partir da compilação dos dados
anteriormente inputados no programa e geram essas configurações baseadas no peso das
boias, na quantidade delas, no ângulo de lançamento, na profundidade da região e na
distância do PLSV para o FPSO. Ao

Junto a esses passos da operação, é gerada a Tabela de Lançamento, que auxiliará ao


PLSV se inteirar das cargas estáticas exercidas pela linha flexível ao longo da instalação
do duto flexível cobrindo desde a conexão riser/flowline até o passo em que o PLSV
está posicionado para o pull-in, como citado anteriormente.

Segue abaixo as informações geradas após o input dos dados.

68
Tabela 7.12 - Tabela de Lançamento

Deve se notar que as cargas estáticas começam altas, começam a descer, tem um ponto
de inflexão e voltam a subir, o momento de menor carga estática, como já mencionado é
um dos pontos críticos, que é o momento em que todas as boias já foram instaladas e
estão submersas.

Após as tabelas com as cargas estáticas, é iniciada então as análises dinâmicas da


embarcação. As tabelas de estados de mar limitantes são apresentadas, cada uma
cobrindo um passo específico da operação, já mencionados na seção anterior, cobrindo
os passos considerados mais críticos da operação. Os resultados são apresentados na
forma de máxima altura significativa de onda, Hs, em função do aproamento relativo da
embarcação e período de onda, T.

Figura 7.8 - Incidência de Ondas

Segue abaixo as condições ambientais analisadas para as operações, baseado nas


maiores incidências do Campo estudado.

69
Tabela 7.13 - Parâmetros de cargas ambientais

A seguir estão as tabelas de análise dinâmica de estado de mar para os quatro principais
passos considerados mais críticos da operação:

• Passo 4 – Primeiro Flutuador Instalado

Tabela 7.14 - Primeiro Flutuador Instalado

• Passo 9 – 100% dos Flutuadores Submersos

Tabela 7.15 - 100% dos Flutuadores Submersos

• Passo 10 – Último Flutuador instalado a 50m da Lâmina D’água

Tabela 7.16 - Último Flutuador Instalado a 50m da Lâmina D'água

70
• Passo 15 – PLSV Posicionado para o Pull-in

Tabela 7.17 - PLSV Posicioando para Pull-in

Após ter sido analisada todas as incidências de onda no navio PLSV, é dada
continuidade a análise dinâmica, agora analisando as máximas e mínimas cargas
dinâmicas de topo que a embarcação fica sujeita ao longo das operações. Novamente
são estudados os passos considerados mais críticos da operação. Segue abaixo os
valores de todas as cargas, em tonelada-força, analisadas para os estados de mar
limitantes da região de operação:

• Passo 4 – Primeiro Flutuador Instalado

Tabela 7.18 - Máxima carga para passo 4

Tabela 7.19 - Mínima carga para passo 4

71
• Passo 9 – 100% dos Flutuadores Submersos

Tabela 7.20 - Máxima carga para passo 9

Tabela 7.21 - Mínima carga para passo 9

• Passo 10 – Último Flutuador instalado a 50m da Lâmina D’água

Tabela 7.22 - Máxima Carga para passo 10

Tabela 7.23 - Mínima Carga para passo 10

72
• Passo 15 – PLSV Posicionado para o Pull-in

Tabela 7.24 - Máxima carga para passo 15

Tabela 7.25 - Mínima carga para passo 15

Com o fim das análises dinâmicas, pode-se considerar que todos os casos, passos e
considerações foram abrangidos, tendo assim uma cobertura total da operação. Com
isso, é possível continuar as operações e iniciar o estudo do Pull-in de 2ª Extremidade.

7.10. Cálculos para Pull-in de 2ª

Para os cálculos de Pull-in de Segunda Extremidade, serão coletados os dados da tabela


10, apresentados na seção anterior, para que se possam ser inputados os dados
necessários para o cálculo das configurações de linha com a realização do Pull-in para o
FPSO.

Após o input, é gerada uma tabela semelhante à Tabela de Lançamento, mas agora para
Pull-in. Esta apresenta os resultados da análise estática realizada para a operação de
pull-in, considerando o PLSV paralelo ao FPSO, 50 m entre cascos.

Inicialmente serão descritos o passo-a-passo do Pull-in de segunda extremidade. Esses


passos são escolhidos, pois auxiliam a tripulação do PLSV e do FPSO a terem as
informações necessárias no momento da instalação. Segue abaixo os passos tidos como
mais importantes para a respectiva operação:

73
• Passo 15 - Esse passo corresponde ao último passo da tabela de lançamento,
de onde começa o pull-in.

• Passo 1 – Esse passo contempla a descida da linha pelo Moonpool até 98m de
Lâmina D’água.

• Passo 2 – Neste momento é realizada a conexão entre guincho do FPSO e


guincho do PLSV, onde daí inicia-se a transferência de carga do PLSV para a
UEP.

• Passo 3 - O topo da lazy wave se encontra na metade da distância (projeção


horizontal) entre o PLSV e o FPSO.

• Passo 4 - O cabo do guincho do PLSV pode ser desconectado a partir desse


passo. A carga está toda no cabo do FPSO.

• Passo 5 – Linha a 100m do I-tube.

• Passo 6 - Extremidade de topo na entrada da boca de sino.

Figura 7.9 - Passos do Pull-in de 2ª

Segue abaixo a Tabela de Pull-in:

74
Tabela 7.26 - Tabela de Pull-in de 2ª

É possível se notar pela tabela que ocorre a transferência de carga do PLSV para o
FPSO mais acentuadamente a partir do passo 3, bem como a mudança de ângulo vai
convergindo gradualmente para o ângulo final do I-Tube presente no FPSO (informação
contida na seção de informações do I-tube).

Ao final da etapa de cálculos das cargas estáticas do Pull-in de Segunda Extremidade,


pode ser considerado que toda a operação está contemplada nas análises. Assim, tendo
os valores obtidos, pode-se analisar os resultados do estudo de caso e verificar a
viabilidade do projeto analisado.

75
8. Análise dos Resultados

Ao fim das análises estáticas e dinâmicas envolvidas em todas as etapas das operações,
estas agora serão avaliadas a fim de se definir se a respectiva operação é considerada
viável ou não, quais melhores condições de instalação e quais maiores cargas exercidas
durante os passos.

Para o caso de instalação dos flutuadores, as análises não indicam ocorrências de cargas
compressivas durante a instalação dos flutuadores. Portanto, não se faz necessária a
instalação de peso morto de contingência.

Para o estado de mar limitante é observado que os passos analisados mostram pequenas
restrições de mar para mares de través nos passos 9 e 10. Para mares incidindo com 60°
com a popa e a proa, a única limitação é para o período de 9s, com Hs limite de 2.5m.
Para mares de proa ou popa +/- 30° não foram encontradas restrições até 3.0m de Hs.

Para o passo 15, quando o PLSV está posicionado para dar início ao pull-in, nenhuma
restrição foi encontrada para Hs de até 3.0m.

Ao fim da análise, é possível se definir quais são as maiores e as menores cargas de topo
as quais o PLSV estaria sujeito apresentadas em cada passo. Seus valores são mostrados
em tonelada-força (tf).

Tabela 8.1 - Cargas máximas e mínimas dos passos críticos

Ao final das operações, já tendo sido realizada a Conexão Vertical Direta de 1ª


Extremidade, a Lazy Wave com a instalação de todos os 59 flutuadores, bem como o
Pull-in de 2ª Extremidade, o duto flexível terá adquirido sua forma final a seguinte
configuração final:

76
Figura 8.1 - Configuração final de Lazy Wave

Além da configuração final, temos gerado pela análise a estimativa da distância


horizontal do TDP para a boca de sino, o ângulo final da extremidade de topo, a carga
de topo total, carga horizontal na região de TDP e o comprimento suspenso de linha
obtido. Com esses valores, podemos comparar aos obtidos na análise preliminar de
catenária simples do programa Catenária a fim de determinarmos a eficiência da
configuração Lazy Wave frente a configuração simples.

Tabela 8.2 - Dados da Posição Final de Lazy Wave

Dados para Posição Final de Lazy Wave


Ângulo de Topo (º) 5
Distância Horizontal TDP (m) 1030,8
Comprimento Suspenso (m) 2640
Carga de Topo (t) 105
Tensão no TDP (tf) 8,4

Assim, expomos lado a lado os valores obtidos através da estimativa inicial de catenária
simples pelo programa Catenária e os valores obtidos na análise de OrcaFlex para
configuração de Lazy Wave.

Tabela 8.3 - Dados da Catenária simples comparados aos de Lazy Wave


Dados Estimados para Catenária Simples Dados para Posição Final de Lazy Wave Disparidade
Ângulo de Topo (º) 5 5 0
Distância Horizontal TDP (m) 669,68 1030,8 361,12
Comprimento Suspenso (m) 2444 2640 196
Carga de Topo (t) 140 105 -35
Tensão no TDP (tf) 11,3 8,4 -2,9

77
Agora analisa-se os resultados:

1- Ângulo de Topo – Este valor obviamente não se alteraria, visto que o ângulo da boca
de sino é fixo, logo não há disparidade.

2- Distância Horizontal de TDP – É notável que houve um aumento na distância


horizontal do Touchdown point para a boca de sino. Isso se dá devido aos flutuadores,
que por fornecerem empuxo, mudam a configuração do riser na descida, não tendo um
ângulo tão inclinado, sendo mais suave e por isso aumentando a distância horizontal.

3- Comprimento de Linha Suspensa - Análogo a explicação da Distância Horizontal.


Devido ao empuxo fornecido pelos flutuadores, há uma mudança na angulação de
descida do riser para o leito. Dessa forma o comprimento suspenso tende a aumentar.

4- Carga de Topo – O Sinal negativo na carga de topo tem o significado de alívio na


carga. Com os flutuadores fornecendo aproximadamente 40t de empuxo, e com uma
carga de aproximadamente 140t, é claro que a carga de topo terá um drástico alívio.

5- Tensão no TDP – Novamente, o sinal negativo expressa um alívio na carga incidente


na região de Touchdown Point. Essa região é muito crítica e sofre com constantes
compressões e trações, assim, reduzir a carga na área é um dos objetivos da adição de
flutuadores.

78
9. Conclusões

Analisando os resultados obtidos, pode-se dizer que, com os dados apresentados, ficou
clara a influência direta dos flutuadores Lazy Wave no alívio das cargas geradas pelo
peso do duto flexível ao longo de sua configuração abaixo da Lâmina D’água.

As regiões mais afetadas pelas instalações das boias foram principalmente a região da
extremidade de topo, aonde o riser se conecta a Unidade de Exploração e Produção, e na
região de Touchdown Point, aonde a compressão e tração do duto são críticas e exigem
um maior cuidado para não haver danificação do material.

Nesse relatório foi evidenciada a extrema importância da utilização do programa


OrcaFlex para as análises estáticas e dinâmicas do processo de interligação submarina.
Essas análises permitem que seja possível prever os períodos de onda que apresentam
maior dificuldade de instalação, bem como a altura de onda crítica para o processo. Isso
permite que a empresa que realizará a instalação consiga organizar uma janela de
operações de forma mais clara baseado em previsões meteorológicas que evidenciem as
melhores condições para a instalação.

O passo a passo da instalação apresentado no programa também faz com que haja um
maior conhecimento sobre os detalhes da operação, ficando resguardado a respeito de
todos os momentos da operação. Assim, o PLSV fica com maior controle sobre as
operações, mitigando os riscos, trazendo maior segurança e confiança para a
interligação.

O Programa Catenária não é de suma importância para um projeto de instalação Lazy


Wave, mas o mesmo permite que sejam obtidos dados que disponibilizem uma
comparação entre o processo sem flutuadores e com eles. Isso faz com que se fortaleça a
ideia de que as boias são de extrema importância para evitar desgastes do produto, bem
como evitam a sobrecarga dos navios de exploração.

Dessa forma, pode se notar que a configuração Lazy Wave exige uma análise minuciosa
ao redor de todas variáveis envolvidas nas etapas de instalação do duto flexível do poço
ao navio FPSO. No entanto, uma vez realizadas essas análises de forma bem feita, o
projeto está resguardado de quaisquer perigos envolvidos nas operações.

79
Assim é concluído o estudo da instalação de um riser flexível com configuração Lazy
Wave. Este projeto serviu de auxílio para o autor na maior compreensão das influências
sobre esse tipo de operação, no maior conhecimento e domínio sobre os programas
utilizados, bem como aumentou o entendimento sobre as análises, aprimorando a
capacidade de interpretação de dados.

80
10. Referências

[1] Petrobras [on line] 2016. Disponível: http://www.petrobras.com.br/pt/ [Acesso: 15


Janeiro 2016].

[2] Xavier, M. L. (2006), "Instalação de dutos flexíveis em águas ultraprofundas", de


Mestrado, Engenharia Oceânica, COPPE/UFRJ.

[3] PETROBRAS. N-2409 – Norma Petrobras para Dutos Flexíveis, 2003.

[4] Engineering Standard - Flexibles, Umbilical’s and Controls, Moorings. 2014.

[5] Subsea 7 [on line] 2016. Disponível: http://www.subsea7.com/ [Acesso: 04 Janeiro


2016].

[6] Huisman [on line] 2016. Disponível http://www.huismanequipment.com/en [Acesso


15 Dezembro 2015].

[7] Balmoral Group [online] 2016. Disponível: http://www.balmoral-


group.com/balmoral-offshore/index.php/products/surf-products/ [Acesso 05 Fevereiro
2016]

[8] Lopes, V. S. (2005), “Influência da rigidez à flexão de duto flexível na instalação de


módulos de conexão vertical em águas profundas”, de Mestrado, Engenharia Oceânica,
COPPE/UFRJ.

[9] Lima, H. F. (2007) “Metodologia para a tomada de decisão no projeto de sistemas


submarinos de produção de óleo e gás” de Mestrado, Engenharia Oceânica,
COPPE/UFRJ.

[10] ORCAFLEX version 9,8c, Orcina Ltda, 1987-2004.

[11] CATENARIA version 95. 2005-2014.

81
Anexo 1 – Dados do Poço e da Plataforma
Anexo 2 – Dados Conector
Anexo 3 – Dados Enrijecedor
Anexo 4 – Dados Vértebra
Anexo 5 – Dados Flutuadores
Anexo 6 – Dados Boca de Sino
Anexo 7 – Dados I-tube

Você também pode gostar