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TURMA REGULAR
CONHECIMENTOS GERAIS
MÓDULO – II
JANEIRO - FEVEREIRO
2023
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Sumário
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PORTUGUÊS ................................................................................................................................... 5
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REDAÇÃO .............................................................................................................................................................................. 7
Tipos de argumentos / parágrafos .......................................................................................................................................... 7
As relações de causa e consequência na dissertação ............................................................................................................ 8
Planejamento ......................................................................................................................................................................... 15
Introdução .............................................................................................................................................................................. 17
Redações Exemplares ........................................................................................................................................................... 25
Tipos textuais ......................................................................................................................................................................... 25
GRAMÁTICA ......................................................................................................................................................................... 49
Adjetivo .................................................................................................................................................................................. 49
Preposição ................................................................................................................................. 54
MATEMÁTICA .............................................................................................................................. 61
Potenciação e Radiciação ..................................................................................................................................................... 63
Teoria dos Conjuntos ............................................................................................................................................................. 70
Funções ................................................................................................................................................................................. 82
Função Afim (Polinomial do 1º grau) ..................................................................................................................................... 85
Função Quadrática (Polinomial do 2º grau) ........................................................................................................................... 87
Funções Exponenciais ........................................................................................................................................................... 91
Funções Logarítmicas.............................................................................................................................................................................. 92
GEOGRAFIA .................................................................................................................................107
5 - A LÓGICA DOS ESPAÇOS INDUSTRIAIS (CONTINUAÇÃO) . ..................................................................................... 109
5.3 - Ciclos tecnológicos da Revolução Industrial ................................................................................................................ 109
5.4 - Desemprego ................................................................................................................................................................ 109
5.5 - Países pioneiros no processo de industrialização - Cenários Regionais ..................................................................... 110
5.6 - Países de industrialização planificada ......................................................................................................................... 123
5.7 - Países recentemente industrializados ......................................................................................................................... 137
6. - BRASIL: modelo econômico, dinâmicas territoriais e o espaço industrial ..................................................................... 144
6.1 - Origens da industrialização brasileira .......................................................................................................................... 144
6.2 - A economia brasileira a partir de 1985 ......................................................................................................................... 150
6.3 - Estrutura e distribuição da indústria brasileira ............................................................................................................. 155
7. O Meio Técnico - Economia e Tecnologia: Geografia e Política da Energia .................................................................... 156
7.1 - Introdução - O Pano de fundo global ........................................................................................................................... 156
7.2 - A matriz energética mundial ........................................................................................................................................ 160
7.3 - Petróleo ....................................................................................................................................................................... 162
7.4 - Carvão mineral e Gás natural ...................................................................................................................................... 163
7.5 - Energia Elétrica ........................................................................................................................................................... 164
7.6 - Problemas ambientais ................................................................................................................................................. 166
7.7 - Energia e Meio Ambiente ............................................................................................................................................ 167
EXERCÍCIOS .........................................................................................................................................................................................167
HISTÓRIA ....................................................................................................................................175
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REDAÇÃO
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Tipos de argumentos / parágrafos
1. Argumento de autoridade: ajuda a sustentar o ponto de vista, pois lança mão da voz de um especialista, uma
pessoa respeitável (líder, artista, político) ou uma instituição de pesquisa considerada autoridade no assunto em debate.
Ex: O cinema nacional conquistou, nos últimos anos, qualidade e faturamento nunca vistos antes. “Uma câmera na mão e uma
ideia na cabeça” - a famosa frase-conceito do diretor Gláuber Rocha virou uma fórmula eficiente para explicar os R$ 130
milhões que o cinema brasileiro faturou no ano passado. (Adaptado de Época, 14/04/2004).
2. Argumento por exemplificação: pretende-se levar o leitor a admitir a tese ou a conclusão justificando-a por meio
de exemplos de um fato ocorrido, mostrando que aquilo que se defende é válido.
Ex: Vejam os exemplos de muitas experiências positivas — Jundiaí (SP), Campinas (SP), São Caetano do Sul (SP), Campina
Grande (PB) — sistematicamente ignoradas pela grande imprensa. Tantos exemplos levam a acreditar que existe uma tendência
predominante na grande imprensa do Brasil de só noticiar fatos negativos.
3. Argumento por comparação: O argumentador pretende levar o leitor a aderir a sua tese de modo a mostrar
diferenças e semelhanças entre dois ou mais lados.
Ex: A quebra de sigilo nas provas do Enem 2009, denunciada pela imprensa, faz todos indagarem quem seriam os responsáveis.
O sigilo de uma prova de concurso deve pertencer ao âmbito das autoridades educacionais e não da mídia. Assim como a
imprensa é responsável por seus próprios sigilos, as autoridades educacionais devem ser responsáveis pelo sigilo do Enem.
4. Argumento de provas concretas ou de princípio: comprova seus argumentos com informações incontestáveis:
dados estatísticos, fatos históricos, acontecimentos notórios.
Ex: De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio (PNAD) de 2008, o telefone, a televisão e o computador
estão entre os bens de consumo mais adquiridos pelas famílias brasileiras. Esses dados mostram que boa parte desses bens de
consumo é ligada ao desejo de se comunicar. A presença desses três meios de comunicação entre os bens mais adquiridos pelos
brasileiros é uma evidência desse desejo.
5. Argumentação por causa e consequência: a tese ou a conclusão é aceita justamente por ser uma causa ou uma
consequência dos fatos apresentados, ou seja, um fato ocorre em decorrência de outro.
Ex: Ao se desesperar num congestionamento em São Paulo, daqueles em que o automóvel não se move nem quando o sinal
está verde, o indivíduo deve saber que, por trás de sua irritação crônica e cotidiana, está uma monumental ignorância histórica.
São Paulo só chegou a esse caos porque um seleto grupo de dirigentes decidiu, no início do século, que não deveríamos ter
metrô. Como cresce dia a dia o número de veículos, a tendência é piorar ainda mais o trânsito.
2. Argumentação histórica
Quem assiste à televisão hoje talvez nem imagine que seu compromisso inicial, quando chegou ao país, há pouco mais
de meio século, fosse com educação, informação e entretenimento. Não se pode negar que ela evoluiu – transformou-se na
maior representante da mídia, mas, em contrapartida, esqueceu-se de educar –, informa relativamente e entretém de maneira
discutível.
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o que ela tem de mais nocivo para quem a vê: sua capacidade aparentemente infinita de massificação". De fato, mais de 80%
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da população brasileira tem esse veículo como principal fonte de informação e referência.
1ª IDEIA (TESE) = A TELEVISÃO INFLUENCIA DE FORMA NEGATIVA A FORMAÇÃO DAS CRIANÇAS, POIS
OS CONTEÚDOS DE SEUS PROGRAMAS SÃO ABUSIVOS.
2ª IDEIA (TESE) = A TELEVISÃO NÃO INFLUENCIA DE FORMA NEGATIVA A FORMAÇÃO DAS CRIANÇAS,
EMBORA ALGUNS PROGRAMAS DEVAM SER COMBATIDOS.
ARGUMENTOS
01. ACUSAR A TELEVISÃO DE SER PERNICIOSA É UMA ATITUDE SEMELHANTE AO QUE SE FAZIA NO
PASSADO EM RELAÇÃO A ALGUMAS PUBLICAÇÕES POLÊMICAS (DANDO A ENTENDER QUE ESSA ATITUDE
É NATURAL E PASSAGEIRA).
02. AS CRIANÇAS TÊM IMITADO, NA VIDA REAL, OS ROTEIROS PRODUZIDOS PARA SEUS ÍDOLOS
TELEVISIVOS.
03. OS PERSONAGENS QUE PRATICAM CRIMES TÊM ESTIMULADO A VIOLÊNCIA ENTRE AS CRIANÇAS E OS
JOVENS.
04. MOSTRAR NA TELEVISÃO UM MUNDO TOTALMENTE HARMÔNICO SERIA TÃO ERRÔNEO QUANTO O
QUE SE TEM MOSTRADO DE FATO.
05. A TELEVISÃO NÃO PODE ABRIR MENTES OU FECHÁ-LAS PARA INCUTIR NAS CRIANÇAS VALORES
HORRENDOS.
06. AS CENAS DE SEXO, SEM ORIENTAÇÃO, FAZEM COM QUE OS JOVENS BUSQUEM O PRAZER DE FORMA
EQUIVOCADA.
Objetivos: Desenvolver a habilidade de redação de parágrafos dissertativos com o emprego dos elementos de coesão ou
articuladores textuais próprios para a expressão de determinadas ideias.
Proposta: Faça 2 parágrafos Obs.: Cada parágrafo pode conter, no mínimo, 3 períodos.
Proposta estrutural:
1º parágrafo: Desenvolvimento
2º parágrafo: Conclusão (Portanto, logo, por isso)
tema: Constatamos que, no Brasil, existe um grande número de correntes migratórias que se deslocam do campo para as
pequenas ou grandes cidades.
causa (POR QUÊ?): A zona rural apresenta inúmeros problemas que dificultam a permanência do homem no campo.
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Consequência (O QUE ACONTECE EM RAZÃO DISSO?): As cidades encontram-se despreparadas para absorver esses
migrantes e oferecer-lhes condições de subsistência e de trabalho.
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Alguns exemplos:
1. Tema: Muitas pessoas mais velhas são analfabetas eletrônicas, pois não conseguem operar nem mesmo um computador.
Causa: As pessoas mais velhas têm medo do novo, elas são mais conservadoras, até em assuntos mais prosaicos.
Consequência: Elas se tornam desajustadas, pois dependem dos mais jovens até para ligar um forno micro-ondas.
2. Tema: É de fundamental importância a preservação das construções que se constituem em patrimônios históricos.
Causa: A nação que deixa depredar as construções consideradas como patrimônios históricos destrói parte da história de seu
país.
Consequência: Essa situação demonstra claramente o subdesenvolvimento de uma nação, pois, quando não se conhece o
passado de um povo e não se valorizam suas tradições, despreza-se a herança cultural deixada pelos antepassados.
3. Tema: A maior parte da classe política não goza de muito prestígio e confiabilidade por parte da população.
Causa: A maioria dos parlamentares preocupa-se muito mais com a discussão dos mecanismos que os fazem chegar ao poder
do que com os problemas reais da população.
Consequência: Caos na saúde e na educação.
4. Tema: Muitos jovens deixam-se dominar pelo vício em diversos tipos de entorpecentes, mal que se alastra cada vez mais
em nossa sociedade.
Causa: Algumas pessoas refugiam-se nas drogas na tentativa de esquecer seus problemas.
Consequência: Formam-se dependentes dos psicóticos dos quais se utilizam e, na maioria das vezes, transformam-se em
pessoas inúteis para si mesmas e para a comunidade.
Exercícios: Apresentaremos alguns temas e você se incumbirá de encontrar uma causa e uma consequência para cada um
deles. Escreva-as, seguindo o modelo apresentado acima:
1. Tema: As linhas de ônibus que percorrem os bairros das grandes metrópoles não têm demonstrado muita eficiência no
atendimento a seus usuários.
Causa:_______________________________________________________________________________________________
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Consequência:
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Consequência:________________________________________________________________________________________
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3. Tema: As novelas de televisão passaram a exercer uma profunda influência nos hábitos e na maneira de pensar da maioria
dos telespectadores.
Causa:_______________________________________________________________________________________________
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Consequência:________________________________________________________________________________________
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Consequência:________________________________________________________________________________________
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5. Tema: Apesar de alertados por ecologistas, os lavradores continuam a utilizar produtos agrotóxicos indiscriminadamente.
Causa:_______________________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________________________
Consequência:________________________________________________________________________________________
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Elementos de coesão: Algumas palavras e expressões facilitam a ligação entre as ideias, estejam elas num mesmo parágrafo
ou não. Não é obrigatório, entretanto, o emprego destas expressões para que um texto tenha qualidade. Seguem algumas
sugestões e suas respectivas relações:
assim, desse modo - têm valor conclusivo, exemplificativo e complementar. A sequência introduzida por eles serve
normalmente para explicitar, confirmar e complementar o que se disse anteriormente.
ainda - serve, dentre outras coisas, para introduzir mais um argumento a favor de determinada conclusão; ou para incluir um
elemento a mais dentro de um conjunto de ideias qualquer.
ademais, além do mais, além de tudo, além disso - introduzem um argumento decisivo, apresentado como acréscimo.
mas, porém, todavia, contudo, entretanto... (conj. adversativas) - marcam oposição entre dois enunciados.
embora, ainda que, mesmo que - servem para admitir um dado contrário para depois negar seu valor de argumento, diminuir
sua importância. Trata-se de um recurso dissertativo muito bom, pois sem negar as possíveis objeções, afirma-se um ponto de
vista contrário.
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04. Segundo os argumentos apresentados pela autora no 1º parágrafo, ela aprova ou critica a gravidez na adolescência?
Identifique os argumentos da autora, justificando a sua resposta.
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05. A autora não cita exemplos, isso interfere na compreensão do leitor? Justifique sua resposta.
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06. Qual é a sua posição sobre o assunto do texto? Concorda com a autora? Por quê? Escreva um parágrafo de 7 a 10 linhas,
com 3 frases, no mínimo, na folha separada de redação do curso.
07. Marque, no texto, os elementos (conectivos) que servem de ligação entre os argumentos apresentados no texto.
08. Observe que o texto foi escrito em quatro parágrafos e, em cada um deles foi apresentada uma ideia nova. Reescreva. Com
suas palavras, a ideia apresentada em cada parágrafo.
1º parágrafo:
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2º parágrafo:
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3º parágrafo:
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4º parágrafo:
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Movidas pela ideia de que, nos grandes centros, o ser humano conta com melhores condições para a sua subsistência,
populações inteiras imigram do interior. O sonho termina logo que essas pessoas chegam e começam a procurar emprego. São
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inúmeros os problemas com os quais se deparam e a resposta é sempre a mesma: "Não há vaga", ou ainda "A vaga já foi
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preenchida".
Sem terem para aonde ir, essas pessoas se alojam em favelas, o que as aumenta em sua extensão territorial, ou se
formam outras que crescem do mesmo modo e vivem de maneira degradante. A luta agora é outra - com a fome, a total miséria.
O pouco que conseguem mal dá para a sua sobrevivência e a de suas crianças. Toda essa situação explica a existência de tantos
meninos que tentam vender balas, chocolates e outras pequenas mercadorias aos motoristas que param à espera do sinal abrir.
Junto com a miséria e a fome, surgem doenças, muitas vezes sem a possibilidade da cura, pois, se conseguem atendimento
médico gratuito, não têm como comprar os remédios.
Diante de todos esses problemas, pode-se acrescentar mais um: o da criminalidade. Bastaria citar a grave situação
desencadeada nas favelas entre os denominados traficantes que lá se instalam e os policiais. Todavia esse é apenas um dos
mais graves exemplos. Além da conotação que se tem com relação a quem mora em uma favela - a de bandido -, há ainda o
forte impulso da miséria que, com o desemprego, faz com que muitos roubem aqui e acolá, de pequenos a grandes roubos, de
um simples furto a assaltos à mão armada, e provocam a morte de inocentes.
Portanto pode-se confirmar a gravidade das consequências geradas pelo desemprego; consequências essas que tendem
a aumentar diariamente, pois não há muito comprometimento por parte dos governantes e da sociedade. Enquanto cada cidadão
estiver preocupado apenas com seus direitos, a taxa de desemprego continuará a crescer, e também a miséria, as favelas e a
criminalidade.
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05. Marque, no texto, os elementos (conectivos) que servem de ligação entre os argumentos apresentados no texto.
06. Observe que o texto foi escrito em cinco parágrafos e, em cada um deles foi apresentada uma ideia nova. Reescreva com
suas palavras a ideia apresentada em cada parágrafo.
1º parágrafo:
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2º parágrafo:
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3º parágrafo:
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4º parágrafo:
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5º parágrafo:
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05. Marque, no texto, os elementos (conectivos) que servem de ligação entre os argumentos apresentados no texto.
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06. Observe que o texto foi escrito em cinco parágrafos e, em cada um deles foi apresentada uma ideia nova. Reescreva, com
suas palavras, a ideia apresentada em cada parágrafo.
1º parágrafo:
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2º parágrafo:
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3º parágrafo:
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4º parágrafo:
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Tema
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Problemas do meio ambiente Ideia 1: Aquecimento global
Ideia 3:
Introdução
Técnica de introdução:
Tese: Nesse contexto, cabe ressaltar que o aquecimento global gera, sobretudo, desequilíbrio
ambiental.
Desenvolvimento
Parágrafo 1 = ideia 1
Recentemente, cientistas descobriram que o aquecimento global é causado pela enorme destruição do
meio ambiente.
Parágrafo 2 = ideia 2
Consequentemente, o meio ambiente sofre com graves desequilíbrio em sua fauna e flora.
Parágrafo 3 = ideia 3
Conclusão
Retomada da tese: O ser humano é, portanto, responsável pela destruição gradativa do meio
ambiente.
Técnicas de conclusão:
Título
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Planejamento Textual
Tema
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Ideia 1:
Ideia 2:
Ideia 3(opcional):
Introdução
Técnica de introdução:
Tese:
Desenvolvimento
Parágrafo 1 = ideia 1 = tópico frasal 1
Conclusão
Retomada da tese:
Técnicas de conclusão:
Título
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INTRODUÇÃO
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1) Funções:
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* Contextualizar: de onde o tema surgiu? Qual a relevância da questão proposta? Qual é a melhor estratégia para começar a
falar desse tema? Essa estratégia “fere” a essência da introdução ou, ao contrário, consegue enriquecê-la?
* Direcionar a abordagem: como o tema será tratado? Que ponto de vista será defendido?
2) Estrutura:
* 1º parágrafo do texto → cerca de cinco ou seis linhas
* Contextualização + Tese
2.1) Tese
* Conceito: eixo central / linha de raciocínio / Expressão do ponto de vista.
Exemplo 1:
Tema: Consumismo
Tese: Embora necessário, o consumismo constitui uma violência simbólica, que pode levar, também, à criminalidade.
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Exemplo 2:
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Com o aumento da quantidade e da gravidade dos casos de delinquência juvenil, vem à tona o debate em torno de suas
possíveis soluções. Dentre as propostas, destaca-se a redução da maioridade penal para dezesseis anos no Brasil. Embora seja
necessário melhorar previamente o sistema carcerário, essa mudança no código penal confirma a precocidade dos jovens de
hoje e ajuda a diminuir sua imunidade frente à lei.
Arg1:
Arg2:
Arg3:
Exemplo 3:
Arg1:
Arg2:
Arg3:
b) Tese implícita por ideia geral ou palavra-chave: sugestão sutil de ponto de vista
* Tese implícita por ideia geral ou palavra-chave: trata-se da sugestão genérica e/ou sutil da opinião que será defendida na
argumentação.
Exemplo 1:
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Exemplo 2:
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O discurso politicamente correto parece ocupar todos os espaços sociais disponíveis. Não seria diferente no que diz
respeito à mulher. Reconhecimento por parte de autoridades, mudanças na legislação eleitoral, teses e mais teses acadêmicas.
Na hora do comercial, porém, lá está a mesma mulher-objeto de sempre, corpo escultural, boca calada. No Brasil, sem dúvida,
vive-se uma espécie de contradição, pois a imagem feminina oficial nunca coincide com a real.
Exemplo 3:
Exemplo 1:
Rio 92, Rio+10, Rio+20. Não há, na história, registro de tantas reuniões e congressos para discutir os problemas
ambientais que desafiam a todos. Tema obrigatório em sala de aula e em páginas de jornal, a ecologia entrou e ficou em pauta.
O que era pura ciência alcança o cidadão comum, que, nos atos mais simples, aos poucos muda sua postura. Mantêm-se, no
entanto, os problemas mais graves, causados pelas grandes empresas de sempre. Nesse contexto, cabe indagar: de que adianta
a pura consciência individual se o sistema não vê obstáculos para sua expansão destruidora?
Com o aumento da quantidade e da gravidade dos casos de delinquência juvenil, vem à tona o debate em torno de suas
possíveis soluções. Dentre as propostas, destaca-se a redução da maioridade penal no Brasil. Uma análise menos emocionada
da situação, no entanto, revela governos incapazes de oferecer educação de base; prisões lotadas, que não reintegram indivíduos
à sociedade e bandidos dispostos a aliciar pessoas cada vez mais jovens para o tráfico. Nesse contexto, será mesmo que prender
jovens de dezesseis e dezessete anos será benéfico para o país?
Exemplo 3:
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a) Tradicional
* Evitar os lugares-comuns
- “Atualmente” (impreciso)
- “Desde os primórdios da humanidade” (não faz sentido)
- “A cada dia que passa”
Exemplos:
Tema: Descrença na política no mundo contemporâneo
Muito se tem discutido acerca da desvalorização da política no mundo atual. De fato, o descaso com o voto parece
constituir forte sintoma desse panorama. Para compreender tal fenômeno, cabe analisar a influência dos políticos, da sociedade
e do próprio sistema. Só assim será possível perceber a complexidade da situação.
b) Histórica
Exemplos:
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c) Conceitual
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* Definição da palavra-chave
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* Útil em temas reflexivos abstratos
Exemplos:
Tema: Educação brasileira hoje
Em sua etimologia, educar significa elevar, conduzir a um patamar superior. Infelizmente, nem sempre a teoria se
aproxima da prática. O sistema educacional brasileiro é um bom exemplo desse distanciamento. Infraestrutura decadente, baixa
remuneração de profissionais e currículos antiquados não combinam com o discurso do Ministério da Educação, pois o tornam
etéreo.
d) Fotográfica
Exemplos:
Tema: Relações amorosas na atualidade
Adolescentes “ficando”. Namoros via internet. Aumento do número de divórcios. Tais são alguns dos indícios de que
as relações amorosas têm passado por transformações profundas. Sem dúvida, a economia, a tecnologia e a aceleração dos
processos têm sido decisivas na caracterização do amor contemporâneo. Cabe compreender esse processo para julgá-lo, se for
o caso.
e) Jornalística
Exemplos:
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episódio trouxe à tona uma discussão que ficara escondida por muito tempo. Trata-se do debate em torno dos trotes
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universitários e sua violência descontrolada. Embora represente um sadismo compreensível, essa prática vai de encontro ao
espírito universitário e pode ser substituída por atividades mais inteligentes.
f) Cultural
g) Divisão
h) Oposição
j) Citação
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Tema: Escravidão
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O teórico Joaquim Nabuco, em sua comiseração pelo escravo brasileiro, disse que este só tem a própria morte. O
movimento brasileiro antiescravista, quando já fortalecido, deixou bem clara essa pungente acusação nas palavras dos
abolicionistas.
l) Comparação
MARINHA DO BRASIL
A Marinha do Brasil é um dos ramos que compõem as Forças Armadas de nosso país, com a Aeronáutica e o
Exército. Foi criada, em 1822, no contexto da independência, e atuou em diversos conflitos que marcaram a história de nosso
país, como a Guerra do Paraguai. A Marinha possui uma grande diversidade de embarcações.
O que é a Marinha?
A Marinha é um dos três ramos que compõem as Forças Armadas do Brasil. Além da Marinha, há o Exército e a
Aeronáutica. Cada um desses ramos tem um local próprio de atuação, sendo que a Marinha se ocupa das questões relativas aos
mares e rios de nosso país. O Exército atua por terra, e a Aeronáutica, pelo céu.
Além disso, suas funções foram estabelecidas em Lei Complementar promulgada em 1999, conforme estabelecido pela
Constituição de 1988. Essa foi a Lei Complementar nº 97, de 9 de junho de 1999, posteriormente modificada pela Lei
Complementar nº 117, de 2 de setembro de 2004.
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Hierarquia e navios
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A Marinha brasileira está subordinada ao Ministério da Defesa e
ao presidente da república. Além disso, no interior da corporação, existe toda
uma hierarquia de comando.
A Marinha brasileira possui em sua estrutura uma diversidade de navios, além
de algumas aeronaves, como helicópteros. Entre os navios que a força tem,
estão:
• Fragatas
• Corvetas
• Submarinos
• Navio de socorro submarino
• Navio doca multipropósito
• Navio de desembarque de carros de combate
• Navio-aeródromo multipropósito
• Navio-escola
• Navio-tanque
• Navio veleiro
• Embarcação de desembarque de carga geral
• Navio de apoio oceanográfico
• Navio polar
• Navio oceanográfico
• Navio hidrográfico
• Navio hidrográfico faroleiro
• Navio hidroceanográfico
• Navio de pesquisa hidroceanográfico
• Navio de pesquisa hidroceanográfico
• Navio-patrulha oceânico
• Navio de apoio logístico fluvial
• Navio de apoio oceânico
• Navio-patrulha fluvial
• Navio-varredor
• Rebocador de alto-mar
• Monitor
• Navio de assistência hospitalar
• Navio-auxiliar
• Navio-transporte fluvial
• Aviso hidroceanográfico fluvial
• Navio hidroceanográfico fluvial
• Navio hidrográfico balizador
Surgimento da Marinha
A Marinha brasileira surgiu no período da independência de nosso país, em 1822. Naquele cenário, a
criação de uma Marinha foi muito importante para defender nosso movimento de independência, uma vez que
havia resistência em algumas partes do território brasileiro. A ligação com muitos locais do país só seria possível
por meio do mar ou dos rios, sendo assim, era crucial proceder com a criação desse ramo das Forças Armadas.
Inicialmente, o Brasil se aproveitou da estrutura que os portugueses haviam estabelecido aqui.
A transferência da Corte para o Rio de Janeiro, em 1808, fez com que parte do pessoal e da infraestrutura da
Marinha portuguesa fosse transferida para cá. Com a independência, tanto o pessoal quanto a estrutura da
Marinha lusa foram aproveitados na formação de nossa Marinha.
Logo depois da independência, foi criado o Ministério da Marinha, e seu comando foi entregue a Luís da
Cunha Moreira, brasileiro que fez parte da Marinha de Portugal. A composição dessa força nesse período contou
com muitos marinheiros de Portugal e da Inglaterra.
A primeira esquadra brasileira foi alçada ao mar em 14 de novembro de 1822 e atuou nos conflitos da Guerra
de Independência do Brasil, sendo enviada primeiramente para a Cisplatina e depois para a Bahia, entre 1822
e 1823. Ao longo da história brasileira, a Marinha participou de diferentes conflitos, como:
• Guerra Cisplatina
• Guerra do Paraguai
• Primeira Guerra Mundial
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a Revolução Constitucionalista de 1932, e protagonizou momentos marcantes de nosso país, como a Revolta da
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Armada e a Revolta da Chibata.
Com base nas ideias presentes nos textos acima, redija 4 parágrafos diferentes de introdução sobre o tema:
Redações Exemplares
As novas tecnologias na Marinha do Brasil (Renato Duque)
As novas tecnologias são exaltadas pela Marinha do Brasil (MB) em seus planejamentos. Nesse contexto, para entender
tal fato, cabe considerar aspectos como a importância do reaparelhamento da economia e da segurança.
Sabe-se, primeiramente, que a aquisição de novos meios é essencial para a modernização da Esquadra brasileira. A
Estratégia Nacional de Defesa disponibilizou recursos para serem empregados na compra de novos equipamentos para as
Forças Armadas. Observa-se, nessa perspectiva, a preocupação do Governo Federal em equiparar a Força Naval brasileira à
dos países centrais, uma vez que a ONU exige um requisito tecnológico mínimo para atuar sob a sua égide.
Compreende-se, também, que a MB é uma irrigadora de recursos econômicos no País. O transporte marítimo é
responsável por mais de 90% das transações comerciais do Brasil com o mundo, em virtude de ser a forma mais barata de
descolar mercadorias. Nessa direção, uma proteção eficiente das águas jurisdicionais colaborará para uma estabilidade,
necessária, a fim de captar investidores no cenário internacional.
Constata-se, além disso, que a segurança aquática é primordial para a nação. A proteção da enorme massa líquida
brasileira exige equipamentos atualizados para inibir qualquer ameaça inimiga de origem oceânica. Nesse contexto, a
construção de submarinos – convencionais e nucleares –, no Estado, proporcionará um grande avanço militar e tecnológico
para a Esquadra brasileira.
As modernas tecnologias são, portanto, muito importantes para a MB se manter forte perante as grandes potências
mundiais. A atualização da Esquadra nacional é, nesse sentido, influente para o País continuar a apoiar a ONU nas missões de
paz.
TIPOS TEXTUAIS
Segundo Marcuschi (2002), é um termo que deve ser usado para designar uma espécie de sequência teoricamente
definida pela natureza linguística de sua composição. Em geral, os tipos textuais abrangem as categorias narração,
argumentação, exposição, descrição e injunção. Segundo ele, o termo tipologia textual é usado “para designar uma espécie de
sequência teoricamente definida pela natureza linguística de sua composição (aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais,
relações lógicas).
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1) A NARRAÇÃO trabalha com figuras, termos concretos para criar as personagens e fazê-las agir em determinados lugares.
Focaliza as transformações de estado, pois marca temporalmente essas ações, numa relação de anterioridade e
posterioridade, responsável pela causalidade. É a exteriorização de um fato, acontecimento por meio de formas verbais que
denotam ações continuadas. Nas estruturas narrativas, fica subentendida a ideia de ação, de acontecimento.
2) A DESCRIÇÃO focaliza estados e não, ações. Serve para caracterizar seres sensíveis, isto é, que podem ser apreendidos
pelos órgãos dos sentidos (visão, audição, olfato, tato e paladar). Como não há temporalidade, descreve-se o que existe
em um dado momento da realidade (presente ou passada), por isso seus elementos não mantêm relação de anterioridade e
posterioridade. Não existindo a causalidade, pode-se mudar ou inverter a ordem dos elementos do texto sem alterar seu
sentido. É um retrato (foto) do referente (assunto). O objetivo desse tipo de texto é a descrição dos traços mais particulares
do objeto em questão, a imagem.
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3) A DISSERTAÇÃO trabalha com ideias, por isso é temático e não, figurativo. Como seu objetivo é defender um ponto de
vista, argumentar em defesa de uma tese, opera, predominantemente, com palavras abstratas. As afirmações estabelecem
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relações de causa, consequência, condição, concessão, tempo, etc., por isso não se pode alterar a ordem do texto. Estabelece-
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se um raciocínio que supõe uma organização do pensamento e, para chegar à conclusão que se deseja, há de haver uma
ordem de ideias, a que denominamos progressividade. É uma disposição organizada de ideias a respeito de um tema
(exteriorização de reflexões de maneira impessoal), no qual o autor defende sua tese por meio de argumentos colocados em
progressão. Para efeito didático, podem distinguir-se dois tipos de textos dissertativos: os expositivos e os argumentativos.
3.1) Dissertação expositiva – é a simples apresentação por alguém de um saber próprio ou de uma opinião, sem a intenção
de influenciar e formar a opinião do receptor da mensagem.
3.2) Dissertação argumentativa – é a apresentação por alguém de um saber próprio ou de uma opinião, com a intenção de
influenciar e formar a opinião do receptor da mensagem.
4) A INJUNÇÃO
O tipo injuntivo, também conhecido como instrucional, tem a função de explicar e expor métodos, maneiras e
instruções a fim de demonstrar como uma ação deve ser realizada. De forma direta, é o tipo de texto que enuncia o procedimento
para executar um determinado ato. É um tipo textual que embasa receitas de cozinha, bulas de medicamentos, manuais de
instruções, editais de concursos e, até mesmo, algumas publicidades.
Por não ser um tipo argumentativo, não busca o convencimento do leitor, mas tão somente instruí-lo de forma
detalhada sobre a realização de um procedimento, transmitindo-lhe informações precisas e comandos para a efetivação do ato.
Dessa forma, é um tipo que apresenta a necessidade de um interlocutor ao qual o discurso se dirige e tem como
principal objetivo a realização de alguma ação por parte dele, modificando de alguma maneira o seu comportamento, na medida
em que fornece instruções e indicações para a execução de uma tarefa ou mesmo a recomendação sobre a forma de uso de um
determinado objeto.
Alguns estudiosos enxergam no tipo injuntivo uma divisão, separando da categoria os textos chamados “prescritivos”.
Enquanto o texto injuntivo forneceria instruções sem buscar evidenciar uma imposição ao leitor – tornando-se mera instrução,
como em manuais ou receitas –, o texto prescritivo estabelece uma atitude coercitiva, proibindo comportamentos ou indicando
a única maneira de realizar algo, a qual deve submeter-se o interlocutor – como seria o caso de editais de concursos,
regulamentos e leis em geral.
A linguagem utilizada no tipo é normalmente simples, clara, direta e objetiva. É característica, por conta da
necessidade de um interlocutor, a existência de verbos no imperativo, indicando as ações que devem ser realizadas por meio
de “ordens” para sua realização. É comum que esse tipo texto também se utilize de descrições sobre objetos, ou ações, de modo
a informar o leitor com precisão para que ele possa realizar as ações indicadas.
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TEXTO DIALOGAL
O texto dialogal é baseado na construção de um diálogo e, portanto, necessita de, no mínimo, dois interlocutores,
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criando uma espécie de texto “cogerido”, construído à base da integração de turnos entre esses interlocutores.
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Evidentemente, cada sentença de um enunciador relaciona-se com aquilo que seu interlocutor enunciou e vice-versa,
fazendo, assim, com que a trama do texto estabeleça-se por meio do diálogo que vai sendo construído, uma vez que esses
interlocutores concordam, discordam, concluem, generalizam, particularizam, justificam, exemplificam etc.
É um tipo que se percebe em diversos textos, como as entrevistas jornalísticas, os debates, as reuniões de trabalho,
conversas telefônicas, bate-papos em aplicativos e sites de mensagens diretas etc.
OS GÊNEROS TEXTUAIS
Para Porto (2009) os gêneros textuais são “modelos” de textos que circulam, socialmente e que estabelecem formas
próprias de organização do discurso. Segundo Bakhtin (1997, p.179), são caracterizados pelo conteúdo temático, pelo estilo e
pela construção composicional, que numa esfera de utilização apresentam tipos relativamente estáveis de enunciados, tais como
o conto, o relato, o texto de opinião, a entrevista, o artigo, o resumo, a receita, a conta de luz, os manuais, entre outros. A
escolha do gênero depende do contexto imediato e, consequentemente, da finalidade a que se destina, dos destinatários e do
conteúdo.
Segundo Marcuschi (2002), os gêneros textuais são fenômenos históricos, profundamente vinculados à vida cultural
e social. Fruto de trabalho coletivo, os gêneros contribuem para ordenar e estabilizar as atividades comunicativas do dia a dia.
São entidades sóciodiscursivas e formas de ação social incontornáveis em qualquer situação comunicativa. Hoje contamos com
uma diversidade infinita de gêneros. (...) os gêneros não são instrumentos estanques e enrijecedores da ação criativa.
Caracterizam-se como eventos textuais altamente maleáveis, dinâmicos e plásticos”.
Em nossas práticas comunicativas, fazemos uso de inúmeros gêneros textuais, considerando-se o contexto, o tema, a
relação entre os interlocutores, etc. São exemplos de gêneros textuais: diálogo face a face, bilhete, carta (pessoal, comercial,
etc.), receita culinária, horóscopo, artigo, romance, conto, novela, cardápio de restaurante, lista de compras, aula virtual, piada,
resenha, inquérito policial, ofício, requerimento, ata, relatório, o bate-papo on-line (MSN), blog, twitter (micro blog), Facebook,
mensagens SMS (celular), Whatsapp, etc.
Bakhtin evidencia inúmeras maneiras de interação entre a humanidade, nas mais variadas atividades sociais:
vendendo, comprando, trabalhando, brincando, se divertindo, etc. Os gêneros são instrumentos dessas práticas. Ele classifica
os gêneros em:
• Primários: são simples e procedem da comunicação verbal espontânea (diálogos, cartas);
• Secundários: frutos de uma comunicação cultural mais evoluída e mais complexa: romance, discurso científico, teatro, etc.
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EXERCÍCIOS
Questão (1) Analise os períodos abaixo.
• “A prestação do carro está vencendo, a crise roeu suas economias e o computador travou de vez (...).”
• “...o estresse representa um sinal de que estamos saudáveis. (...) é uma carga de ansiedade que todos recebemos para evoluir
na vida.”
• “...o cortisol, conhecido como hormônio do estresse e liberado pelo cérebro em situações de pressão.”
Texto I – questão 2.
A sua vez
Você já é grandinho o suficiente para saber que brincadeira é para a vida toda
1 Boa parte das brincadeiras infantis são um ensaio para a vida adulta. Criança brinca de ser mãe, pai,
cozinheiro, motorista, polícia, ladrão (e isso, você sabe, não implica nenhum tipo de propensão ao crime). E,
ah, quando não há ninguém por perto, brinca de médico também. É uma forma de viver todas as vidas possíveis
3 antes de fazer uma escolha ou descoberta. Talvez seja por isso que a gente pare de brincar aos poucos – como
se tudo isso perdesse o sentido quando viramos adultos de verdade. E tudo agora é para valer. Mas será que
5 parar de brincar é, de fato, uma decisão madura?
Atividades de recreação e lazer estimulam o imaginário e a criatividade, facilitam a socialização e
nos ajudam a combater o estresse. Mas, se tudo isso for o objetivo, perde a graça, deixa de ser brincadeira.
Vira mais uma atividade produtiva a cumprir na agenda. Você só brinca de verdade (ainda que de mentirinha)
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7 pelo prazer de brincar. E só. Como escreveu Rubem Alves, quem brinca não quer chegar a lugar nenhum – já
chegou.
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QUINTANILHA, Leandro
9
Disponível em: http://www.vidasimples.abril.com.br/edicoes/073/pe_no_chao/conteudo_399675.shtml
11
13
(A) injuntivo.
(B) narrativo.
(C) descritivo.
(D) expositivo.
(E) argumentativo.
Texto II – questão 3.
A angústia de cada dia
1 O angustiado é aquele que ficará a vida toda na alternativa, na escolha, mas sem escolher. Por que não se
decide?
3
Será possível uma revolução íntima?
Sem alternativa
5
Infelizmente, não há saída nem pela direita nem pela esquerda. De um lado, a angústia foi aceita
7 como regra, sobretudo nas religiões que veneram o sofrimento. De outro, todo o esforço da ciência e da
tecnologia se erigiu como combate à angústia. Morrer, perecer, sofrer são momentos importantes da vida.
9 Melhor viver sem eles, pensam os que combatem a angústia. Travam uma espécie de combate do otimismo
contra o pessimismo, como se essa oposição tivesse necessariamente que ter um vencedor. Um combate
11 que já nasce fraco, pois não há remédio contra a angústia. A angústia nossa de cada dia cresce como grama
que é preciso aparar, torna-se gigantesca e pode até nos engolir de vez, deixar a casa debaixo do matagal.
Debaixo da grama selvagem, com paciência, um jardineiro, no entanto, constrói seu jardim.
TIBURI, Márcia. Revista vida simples. 73. ed. p. 64-65, dez. 2008. (Fragmento)
(A) expositivo.
(B) injuntivo.
(C) argumentativo.
(D) narrativo.
(E) descritivo.
Texto I – questão 4.
Constituição política e convivência
1 Vivemos uma cultura que valida a competição e a luta, e frequentemente dizemos que a
democracia é a livre disputa pelo poder. Isto é um erro, se o que queremos é uma convivência na qual não
surjam a pobreza, o abuso e a opressão como modos legítimos de vida. Não existem a competição sadia nem
a disputa fraterna. Se o que queremos é uma convivência em que não surjam a pobreza e o abuso como
3 instituições legítimas do viver nacional, nossa tarefa é fazer da democracia uma oportunidade para colaborar
na criação cotidiana de uma convivência fundada no respeito que reconhece a legitimidade do outro num
5 projeto comum, na realização do qual a pobreza e o abuso são erros e podem e devem ser corrigidos.
Façamos da democracia um espaço político para a cooperação na criação de um mundo de
convivência no qual nem a pobreza, nem o abuso, nem a tirania surjam como modos legítimos de vida. A
7 democracia é uma obra de arte político-cotidiana que exige atuar no saber que ninguém é dono da verdade,
e que o outro é tão legítimo quanto qualquer um. Além disso, tal obra exige a reflexão e a aceitação do outro
e, sobretudo, a audácia de aceitar que as diferentes ideologias políticas devem operar como diferentes modos
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9 de ver os espaços de convivência, que permitem descobrir diferentes tipos de erros na tarefa comum de criar
um mundo de convivência, no qual a pobreza e o abuso são erros que se quer corrigir. Isto é uma coisa
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11
(Maturana, Humberto. Emoções e linguagem na educação e na
13 política. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1998.pp. 75-76.)
15
17
Texto II – questão 5.
1 O projeto original do Metrô/DF é composto por 29 estações, das quais 21 estão em
funcionamento. Possui, atualmente, uma frota de 20 trens, e transporta uma média de 150 mil passageiros
3 ao dia — de segunda a sexta-feira, das 6h às 23h30, e aos sábados, domingos e feriados, das 7h às 19h.
5 As linhas do Metrô/DF possuem a forma da letra Y. Dos 42,38 Km de extensão, 19, 19 Km
interligam a estação Central — localizada na rodoviária do plano piloto de Brasília — à Estação Águas
7 Claras. Outros 14,31 Km compreendem o ramal que parte da estação Águas Claras, percorrendo
Taguatinga Centro e Norte, até Ceilândia. Por fim, 8,8 Km abrangem o trecho que liga a estação Águas
9 Claras, via Taguatinga Sul, até Samambaia.
11 A linha principal é subterrânea na Asa Sul. As estações operacionais da região possuem
passagens subterrâneas que dão acesso às superquadras 100 e 200, e aos pontos de ônibus dos Eixos W e
13 L Sul, nos dois sentidos. Em seguida passa pelo Setor Policial Sul, onde se localiza a Estação Asa Sul,
também chamada de terminal Asa Sul, em razão de integração com o sistema de transporte rodoviário. A
15 linha atravessa a via EPIA, Guará, Setor de Mansões Park Way, até chegar a Águas Claras. Nesse percurso,
há trechos de linha em superfície e também em trincheira — área subterrânea sem cobertura. Ainda nesse
17 trecho, será construído o novo terminal rodoviário interestadual de Brasília, ao lado da estação Shopping.
19 É na estação Águas Claras que a linha principal se divide em dois ramais. O ramal com destino
a Samambaia passa por Taguatinga Sul, cruzando a via EPTC — Pistão Sul, até chegar ao centro de
21 Samambaia. Esse trecho é percorrido em superfície e possui quatro estações.
23 Poderão ser construídos mais oito terminais rodoviários junto às estações do Metro/DF para
contribuir com a implantação do Programa Brasília Integrada que prevê a integração entre os sistemas
rodoviário, metroferroviário, incluindo o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT).
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5 Juruena e o Arraias, e visitamos uma raridade, o rio Cristalino, perto de Alta Floresta (MT), ainda intacto do
começo (na Serra do Cachimbo) ao fim (desemboca no rio Teles Pires).
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7 Cientes da preocupação dos índios do Parque Indígena do Xingu quanto à qualidade da água
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que bebem, várias coletas foram feitas nos rios e em lagos do parque. Ouvimos os comentários ansiosos dos
9 caciques Aritana (Yawalapiti) e Kotoky (Kamayurá) a respeito do assoreamento e da deterioração dessas
águas, algo que percebem pela diminuição da quantidade de peixes. Nobre é a preocupação demonstrada por
11 eles, visando ao bem-estar das futuras gerações; não pensando apenas na geração presente.
13 No oeste do estado de Mato Grosso, descobrimos rios belíssimos, como o Juruena, Papagaio
e Buriti, faixas azuis atravessando matas e cerrados intactos, descendo das nascentes em áreas ainda não
15 tomadas pela soja, na Chapada dos Parecis. Brilhavam pequenas praias convidativas. Bancos de areia
submersa traçando desenhos ondulados por baixo das águas transparentes. Corredeiras alegres, cachoeiras
17 escondidas e uma vegetação nativa ainda intacta. No dia em que voamos de Alta Floresta para Vilhena (RO),
a tentação era grande demais. Fizemos pit stop para almoçar em uma praia deserta colada a uma ilha verde
19 em pleno Juruena. Só nós dois e, na areia, as pegadas das capivaras.
Decolando de Cuiabá no dia 16 de novembro, rumo ao Araguaia, houve um incidente que
21 deixou o Talha-mar na Chapada dos Guimarães. Ele vai ficar alguns meses fora de serviço, mas o projeto
23 não parou. O Brasil das Águas continua. Já adotamos e adaptamos o Talha-marzinho.
Felizmente, nenhuma gota das amostras colhidas durante a viagem perdeu-se durante o
25 incidente da Chapada: tudo foi entregue aos cientistas-parceiros para análise. Hoje, podemos anunciar que
27 17% do projeto já está realizado!
Questão (6) De acordo com as ideias apresentadas no texto I, assinale a alternativa correta.
(A) Pelo contexto é possível concluir que Talha-mar é o nome da embarcação marítima utilizada como transporte no dia 16
de novembro.
(B) Percebe-se no texto a intenção dos autores em narrar os acontecimentos.
(C) No trecho “Ouvimos os comentários ansiosos dos caciques” (linha 9), os índios descrevem a situação para evidenciar a
preocupação com as águas.
(D) A evidência de faixas azuis atravessando matas e cerrados é relacionada a cordões de isolamento para a proteção de áreas
já depredadas.
(E) Os cordões azuis são encontrados com mais frequência em regiões onde há rios.
Texto IV — questão 7.
1 É a partir de marcas que a maioria das pessoas não consegue enxergar que um sistema de
identificação simples, fácil, rápido, econômico e extremamente preciso tem início. Com ampla aplicação
3 nas áreas civil e criminal, que pode ajudar na pesquisa de patologias e comportamento humano, como
também identificar crianças desaparecidas e colocar criminosos na cadeia, o papiloscopista trata da
5 identificação humana através das papilas dérmicas, utilizando-se do estudo das impressões digitais (a
datiloscopia), e que está completando 104 anos de função no Brasil. Apesar de regulamentada no País
desde 5 de fevereiro de 1903, a profissão aqui não é popular. Em Mossoró há apenas um profissional
7 habilitado, que é lotado na delegacia da Polícia Federal. Preferindo não se identificar, por questão de
segurança, o papiloscopista federal atuante na cidade teve o trabalho amplamente divulgado nas últimas
9 semanas, após ser o responsável pela apresentação do exame que incriminou Kleyton Alves da Silva como
autor do homicídio da jovem Iziana Paula, ocorrido no dia 27 de novembro de 2007. O perito disse que,
11 para se especializar na área, ele primeiramente prestou concurso público para o cargo e, em seguida, foi
submetido a curso rigoroso e eliminatório na Academia Nacional de Polícia, com duração de cerca de
13 quatro meses. “Trabalho com papiloscopia desde 2004, quando fiz o curso da Polícia Federal. De lá para
cá, tenho sempre buscado me reciclar indo para Natal participar de ações da equipe da capital para estar
15 sempre em contado com o serviço”, ressaltou.
A importância da profissão reside no fato de que é responsabilidade dos que nela atuam
17 organizar toda a base civil de impressões digitais, isto é, guardar e arquivar todas as impressões dos dez
dedos de cada cidadão que, por algum motivo, precise da PF, seja para adquirir um passaporte ou mesmo
19 após ser arrolado como participante de investigações. Ao trabalhar com a identificação humana,
normalmente por meio das digitais, é possível se identificar qualquer pessoa pelos dedos e palma da mão
21 e pelas marcas dos pés. É uma mão-de-obra altamente qualificada. Na PF, o cargo de papiloscopista é
visto como uma função extremamente necessária como conclusão de investigações diversas. Para se obter
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23 o êxito hoje apresentado, os profissionais foram qualificados em cursos na França e nos Estados Unidos,
junto ao FBI. Para unir as informações dos peritos em todo país, em 2003, o Departamento de Polícia
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25 Federal (DPF) implantou o Sistema Automatizado de Impressões Digitais (Afis), a mais cara aquisição do
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departamento. O Sistema Afis faz a análise de impressões digitais e tem aplicação funcional junto a
27 estrangeiros e também relatos criminais. Seja na identificação de civis (estrangeiros) ou criminalmente;
seja elaborando laudos periciais papiloscópicos ou participando de projetos de pesquisa em áreas como a
29 genética, o papiloscopista tem se revelado um profissional imprescindível para o futuro da segurança
pública. Assim, sempre que necessário, para solucionar crimes, designar a real identidade de pessoas, pode
ser consultado este arquivo.
32
Internet. <http://www2.uol.com.br/omossoroense/mudanca/conteudo/policia.html> (com adaptações).
33
(A) Trata-se de texto dissertativo-argumentativo em que o autor defende a tese de que os papiloscopistas veem mais do que
uma pessoa comum.
(B) Trata-se de texto dissertativo-expositivo com predomínio da exemplificação.
(C) Trata-se de texto dissertativo-expositivo com predomínio da descrição.
(D) Trata-se de texto literário em que se destaca a visão artística de uma profissão.
(E) Trata-se de texto dissertativo-argumentativo em que se destaca a confrontação de ideias antagônicas.
Tomando como parâmetro a norma padrão do português escrito, julgue os itens seguintes, relativos às estruturas linguísticas
do texto.
5) Uma forma de evitar a repetição da expressão “dois países” (L.8, 12, 15) é substituí-la, na linha 12, por: ambos países.
6) No último parágrafo, as aspas estão empregadas para indicar que o trecho isolado por elas constitui citação da fala de
outrem; no caso, do ministro da Educação brasileiro.
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Talvez a resposta não seja tão complicada quanto se pensa. (...) O principal obstáculo para a prosperidade
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3 financeira ou para se lidar com dinheiro é a ausência de educação financeira. Passamos grande parte de
nossa vida nos bancos escolares e nunca ou muito raramente recebemos orientação sobre finanças.
5
Educar-se financeiramente é a condição básica para entender como o dinheiro deve ser
7 administrado. Um cidadão educado financeiramente sabe o valor do dinheiro, o quanto é difícil ganhá-lo
e a importância de conservá-lo, respeitá-lo e fazê-lo render.
9
E você, é um cidadão educado financeiramente? Saberia o que fazer para ganhar, preservar
11 e aumentar sua riqueza? Quando você encontra uma moeda de dez centavos, como reage? Há pessoas que
desperdiçam muito dinheiro. Olham uma moeda de R$ 1 e não veem valor significativo nela. Pode ser que
13 R$ 1 já não compre muita coisa isoladamente. Mas R$ 1 por dia são R$ 30 mensais. Você saberia dizer
quanto o desperdício de R$ 1 por dia daria em um ano? E em 10 anos? E em 20 ou 30 ou 22 40 anos?
15
O que uma pessoa que desconhece os segredos do dinheiro faria se ganhasse R$ 500 mil
17 em um programa de televisão? A grande maioria apresenta uma lista imensa de “prioridades” como: ajudar
um parente ou amigo, comprar uma casa nova, comprar um carro, uma fazenda, fazer lipoaspiração, mudar
19 de visual, trocar todo o guarda-roupa etc. A lista apresenta-se como uma infinidade de itens a serem
adquiridos.
21
Este é o grande problema: não podemos ter um dinheirinho a mais e queremos comprar.
23 Compramos os chamados “passivos”. É considerado “passivo” tudo aquilo que, além de tirar nosso
dinheiro do bolso, gera mais despesas para o nosso orçamento. Uma casa maior, por exemplo, traz consigo
25 novas e maiores despesas. Um carro novo perde 25% do seu valor ao sair da concessionária, além de trazer
um aumento de gastos com seguros e impostos. Portanto, toda aquisição deve ser rigorosamente estudada
27 no que diz respeito à sua viabilidade e necessidade. A falta de conhecimento causa problemas como esses.
29 Comprar dívidas é o maior sinal de ausência de educação financeira.
QUESTÃO 9: Acerca da compreensão, da interpretação e da tipologia do texto apresentado, julgue os próximos itens.
7) O segmento a seguir poderia figurar no espaço marcado com (...), sem prejudicar a organização das ideias do primeiro
parágrafo: As pessoas educadas financeiramente sabem como fazer para preservar e aumentar sua riqueza.
8) Os autores do texto censuram as pessoas que desperdiçam tempo recolhendo moedas de pouco valor, em vez de tentarem
ganhar meio milhão em programas de televisão.
9) Segundo o texto, é uma virtude viver sob o lema: Mais vale um gosto que dinheiro no bolso.
10) Depreende-se do texto a recomendação dos autores a favor da aquisição de “passivos” à vista, caso se tenha um dinheiro
a mais sobrando, já que “Comprar dívidas” (L.31) é coisa de quem não possui educação financeira.
11) Quanto à tipologia, o texto caracteriza-se como um diálogo, em virtude das perguntas feitas diretamente ao leitor.
12) As aspas estão empregadas nas linhas 19 e 24 pelo mesmo motivo: indicar que as palavras por elas destacadas pertencem
a linguagem técnico-científica.
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15
gente levar.
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Grupo Móvel — Quantos anos o Sr. tem?
17
Jacaré — Tenho 64 anos.
Grupo Móvel — E trabalha para ele há quantos anos?
19
Jacaré — Faz uns 30 anos.
Grupo Móvel — O Sr. pede dinheiro para ele?
21 Jacaré — Não, não peço. Precisa pedir? Se a gente trabalha, não precisa pedir.
O dilema de Eduardo Silva, conhecido como Jacaré, enfim, foi resolvido. Ele foi retirado
23
da fazenda em Xinguara, no Pará. O Grupo Especial Móvel de Combate ao Trabalho Escravo do MTE
abriu para ele uma caderneta de poupança, onde foi depositado o valor das verbas indenizatórias devidas,
25 cerca de R$ 100 mil.
Revista Trabalho. Brasília: MTE, ago./set./out./2008, p. 43 (com adaptações).
QUESTÃO 10: Acerca dos aspectos estruturais e linguísticos e dos sentidos do texto ao lado, julgue o item a seguir.
1) Por suas características estruturais, é correto afirmar que o texto em análise é uma descrição.
A) narrativo.
B) argumentativo.
C) injuntivo.
D) expositivo.
E) dialogado.
Questão (12) No gênero narrativo, adota-se normalmente a ordem da sucessão dos fatos. Não se deve, assim relatar “antes” o
que ocorre “depois”, salvo se se pretende conseguir o que, nos romances policiais e seus similares, se chama de “suspense”,
em que o interesse da narrativa decorre muitas vezes da escamoteação provisória de certos incidentes ou episódios ou da
antecipação de outros. (Othon M. Garcia, Comunicação em Prosa Moderna, 2004). A opção que mostra uma sucessão de
fatos típica de um texto narrativo, como está explicado acima é
A) Estava parada na Rua da Quitanda, próximo à da Assembléia, uma linda vitória, puxada por soberbos cavalos do Cabo.
Dentro do carro havia duas moças; uma delas, alta e esbelta, tinha uma presença encantadora; a outra, de pequena estatura,
muito delicada de talhe, era talvez mais linda que sua companheira.
B) Por esse tempo veio um grave desgosto à casa: a tia Fanny morreu, duma pneumonia, nos frios de março; e isto enegreceu
mais a melancolia de Maria Eduarda, que a amava muito também — por ser irlandesa e católica. Para a distrair, Afonso
levou-a para a Itália, para uma deliciosa vila ao pé de Roma.
C) As traduções são muito mais complexas do que se imagina. Não me refiro a locuções, expressões idiomáticas, palavras de
gíria, flexões verbais, declinações e coisas assim. Refiro-me à impossibilidade de encontrar equivalências entre palavras
aparentemente sinônimas, unívocas e univalentes.
D) No ano seguinte, o Ateneu revelou-se-me noutro aspecto. Conhecera-o interessante, com as seduções do que é novo, com
as projeções obscuras de perspectiva, desafiando curiosidade e receio; conhecera-o insípido e banal como os mistérios
resolvidos, caiado de tédio; conhecia-o agora intolerável como um cárcere, murado de desejos e privações.
E) Essas milhas interessantes viagens hão de ser uma obra prima, erudita, brilhante, de pensamentos novos, uma coisa digna
do século. Preciso de o dizer ao leitor, para que ele esteja prevenido: não cuide que são quaisquer dessas rabiscaduras da
moda que, com o título de Impressões de Viagem, fatigam as imprensas da Europa.
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Conta-se que, em noites frias de inverno, descia um forte nevoeiro trazido pelo mar e, nessa noite, ouviam-se muitos
barulhos estranhos. Os moradores da cidade de São Francisco, que é a cidade mais antiga de Santa Catarina, eram acordados
de madrugada com um barulho perturbador. Ao abrirem a janela de casa, os moradores assustavam-se com a cena: viam uma
carroça andando sem cavalo e sem ninguém puxando... Andava sozinha! Na carroça, havia objetos barulhentos, como panelas,
bules, inclusive alguns objetos amarrados do lado de fora da carroça. O medo dominou a pequena cidade. Conta-se ainda que
um carroceiro foi morto a coices pelo seu cavalo, por maltratar o animal. Nas noites de manifestação da assombração, a carroça
saía de um nevoeiro, assustava a população e, depois de um tempo, voltava a desaparecer no nevoeiro.
Considerando-se que os diversos gêneros que circulam na sociedade cumprem uma função social específica, esse texto tem
por função
2. Montaigne deu o nome para um novo gênero literário; foi dos primeiros a instituir na literatura moderna um espaço privado,
o espaço do “eu”, do texto íntimo. Ele cria um novo processo de escrita filosófica, no qual hesitações. autocríticas, correções
entram no próprio texto.
COELHO, M. Montaigne. São Paulo: Publifolha, 2001 (adaptado).
A baratinha velha subiu pelo pé do copo que, ainda com um pouco de vinho, tinha sido largado a um canto da cozinha,
desceu pela parte de dentro e começou a lambiscar o vinho. Dada a pequena distância que nas baratas vai da boca ao cérebro,
o álcool lhe subiu logo a este. Bêbada, a baratinha caiu dentro do copo. Debateu-se, bebeu mais vinho, ficou mais tonta,
debateu-se mais, bebeu mais, tonteou mais e já quase morria quando deparou com o carão do gato doméstico que sorria de sua
aflição, do alto do copo.
– Gatinho, meu gatinho –, pediu ela – me salva, me salva. Me salva que assim que eu sair daqui eu deixo você me
engolir inteirinha, como você gosta. Me salva.
– Você deixa mesmo eu engolir você? – disse o gato.
– Me saaaalva! – implorou a baratinha. – Eu prometo.
O gato então virou o copo com uma pata, o líquido escorreu e com ele a baratinha que, assim que se viu no chão, saiu
correndo para o buraco mais perto, onde caiu na gargalhada.
– Que é isso? – perguntou o gato. – Você não vai sair daí e cumprir sua promessa? Você disse que deixaria eu comer
você inteira.
– Ah, ah, ah – riu então a barata, sem poder se conter. – E você é tão imbecil a ponto de acreditar na promessa de uma
barata velha e bêbada?
Moral: Às vezes a autodepreciação nos livra do pelotão.
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b) transmitir um ensinamento.
c) satirizar comportamentos humanos.
d) humanizar os animais.
e) divertir o leitor.
4. Cartas se caracterizam por serem textos efêmeros, inscritas no tempo de sua produção e escritas, muitas vezes, no papel
que se tem à mão. Por isso, frequentemente, salvo um esforço dos próprios missivistas ou de terceiros, preocupados em
preservá-las, facilmente desaparecem, seja pelo corriqueiro de seu conteúdo, seja pela sua fragilidade material. Nem sempre é
assim, porém. Temos assistido, nestas duas décadas do século XXI, a um grande interesse pelas chamadas écritures du moi
(“escritas do eu”, na expressão de Georges Gusdorf): nunca se estudaram tantas memórias, diários, cartas, quanto nesses
últimos tempos. Publicações de memórias, diários, cartas sempre houve. Estudos, no entanto, que os enxergassem como objetos
de pesquisa, e não como auxiliares para a interpretação da obra de um escritor, como protagonistas, e não como coadjuvantes,
eram raros.
Nesse sentido, engana-se quem abre o volume Cartas provincianas: correspondência entre Gilberto Freyre e Manuel
Bandeira, lançado pela Global Editora, e julga deparar-se apenas com um livro de cartas. A organizadora preocupou-se em
contextualizar cada uma das 68 cartas, em um trabalho cuidadoso e pormenorizado de reconstituição das condições de produção
de cada uma delas, um verdadeiro resgate.
De acordo com o texto, o gênero carta tem assumido a função social de material de cunho científico por
5.
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6.
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Nesse texto, o entrelaçamento de vários gêneros textuais é um mecanismo discursivo para
7. Epitáfio
[...]
O gênero epitáfio, palavra que significa uma inscrição colocada sobre lápides, tem a função social de homenagear os mortos.
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Nesse texto, a apropriação desse gênero no título da letra da canção cria o efeito de
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a) destacar a importância de uma pessoa falecida.
b) expressar desejo de reversão de atitudes.
c) registrar as características pessoais.
d) homenagear as pessoas sepultadas.
e) sugerir notações para lápides.
Em caras de presidentes
Em grandes beijos de amor
Em dentes, pernas, bandeiras
Bombas e Brigitte Bardot
O sol nas bancas de revista
Me enche de alegria e preguiça
Quem lê tanta notícia
Eu vou
VELOSO, C. Alegria, alegria. In: Caetano Veloso. São Paulo: Phillips, 1967 (fragmento).
É comum coexistirem sequências tipológicas em um mesmo gênero textual. Nesse fragmento, os tipos textuais que se destacam
na organização temática são
a) descritivo e argumentativo, pois o enunciador detalha cada lugar por onde passa, argumentando contra a violência urbana.
b) dissertativo e argumentativo, pois o enunciador apresenta seu ponto de vista sobre as notícias relativas à cidade.
c) expositivo e injuntivo, pois o enunciador fala de seus estados físicos e psicológicos e interage com a mulher amada.
d) narrativo e descritivo, pois o enunciador conta sobre suas andanças pelas ruas da cidade ao mesmo tempo que a descreve.
e) narrativo e injuntivo, pois o enunciador ensina o interlocutor como andar pelas ruas da cidade contando sobre sua própria
experiência.
9.
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O gênero capa de livro tem, entre outras, a função de antecipar uma possível leitura a ser feita da obra em questão. Pela leitura
dessa capa, infere-se que seu criador teve como propósito
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a) criticar a alienação das crianças promovida pela forte presença das mídias de massa em seu cotidiano.
b) alertar os pais sobre a má influência das tecnologias para o desenvolvimento infantil.
c) satirizar o nível de criatividade de meninos isolados do convívio com seu grupo.
d) condenar o uso recorrente de aparatos eletrônicos pelos jovens na atualidade.
e) censurar o comportamento dos pais em relação à educação dada aos filhos.
10. Texto I
Texto II
O que levou Marta, seis vezes a melhor do mundo, a enfrentar a Austrália de chuteiras pretas? Adianto, não foi o futebol “raiz”.
Marta não fechou patrocínio com nenhuma das gigantes do mercado esportivo. Não recebeu nenhuma proposta à altura do seu
futebol. Isso diz muito sobre o machismo no esporte. A partir disso, a atleta decidiu calçar a luta pela diversidade.
(Fonte: https://www.hypeness.com.br/2019/06/chuteira-sem-logo-e-com-simbolo-de-igualdade-de-genero-foi-mais-um-
golaco-de-marta/. Acessado em 18/06/2019.)
a) enfrentou o time adversário com chuteiras pretas, mesmo que não tenha sido influenciada pelo futebol “raiz”.
b) usou chuteiras sem logotipo e luta pela igualdade de gênero no esporte, mesmo sendo considerada seis vezes a melhor do
mundo.
c) não recebeu patrocínio de nenhuma grande empresa, embora a chuteira preta sem logotipo simbolize o futebol “raiz”.
d) optou por lutar contra o machismo no esporte, embora as propostas de patrocínio não tenham considerado seu valor.
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II. O trecho “Eles dizem que os poluentes que jogamos no ar vão impedir a saída do calor do sol e derreter a camada de gelo
polar” apresenta um discurso indireto.
III. Quanto ao gênero, o texto trata-se de uma tirinha.
Estão corretas as afirmativas
a) I e II, apenas.
b) I e III, apenas.
c) II e III, apenas.
d) I, II e III.
Sou do tipo que chora. Batizado, casamento*, mas principalmente formatura. Como é bonita a chance e o cumprimento
do estudo. Pra todo mundo, universal mesmo. 1Imagina a oportunidade a quem só poderia se formar em escola pública. De
arrepiar. Por isso comemoro aqui o diploma de mais 423 alunos da URCA, a Universidade Regional do Cariri, conforme leio
no site “Miséria”, o jornal da minha aldeia universalíssima. A festa foi nesta quinta (08/08) e haja 2orgulho na gente de pequenas
cidades e da roça nos arredores da Chapada do Araripe. São 12,5 mil alunos nesta escola mantida pelo governo cearense.
Sou do tipo que chora com o ensino público e gratuito e a chance para quem vem lá do mato. Na formatura da 3URCA,
haja primos, 4pense num povo metido, né, 5ave palavra, que orgulho enquadrado na parede. Pense numa “balbúrdia”, 6esse
povo “lá de nós”, como na bendita 7linguagem caririense, 8formada em Artes Visuais, Biologia, Ciências Econômicas, Ciências
Sociais, Direito, Enfermagem, Educação Física, Engenharia de Produção, Física, Geografia, História, Letras, Matemática,
Pedagogia, Teatro e Tecnologia da Construção Civil. Pense!
E mais orgulhosamente ainda 9vos digo: a URCA, segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
Anísio Teixeira (Inep), 10viva o gênio Anísio Teixeira, tem a menor taxa de evasão universitária do Brasil, apenas 4,47%. Como
a turma dá valor ao candeeiro iluminista sertões adentro. Choro um Orós inteiro e ainda derramo minhas lágrimas no Jaguaribe,
rio 11que constava nos meus livros didáticos como o “rio mais seco do mundo”. 12Desculpa aí, hoje só 13venho 14com as
grandezas.
Hoje, se eu pudesse, faria você também refletir com um discurso na linha do David Foster Wallace (1962-2008).
Aquela sua fala como paraninfo de uma turma de formandos americanos do Kenyon College, em 2005, Gambier, Ohio. Ele
escreveu uma singularíssima fábula sobre — 15repare só! — dois peixinhos e a água. Recomendo a leitura. O texto está no livro
Ficando longe do fato de já estar meio que longe de 16tudo (Companhia das Letras).
De Ohio ao Cariri. Além da URCA, em 2013 conquistamos (nada é de graça) a UFCA, a brava Universidade Federal
do Cariri. 17Era um facho, uma fogueira, era um candeeiro, era uma lamparina, era uma luminária a gás butano, fez-se a luz,
pardon matriz iluminista, perdão Paris, mas o mundo e o futuro 18será de um certo Cariri que peleja, aprende a preservar e
estuda, somos a própria ideia viva de Patrimônio Universal da Humanidade, só falta o referendo da Unesco — escuto os mestres
do Reizado ao fundo, que batuque afro-indígena-futurista.
[...]
Só deixo o meu Cariri, no último pau-de-arara. Qual o quê, corri léguas rodoviárias, rumo ao Recife, a bordo da viação
Princesa do Agreste, ainda no comecinho dos anos 1980. Espírito beatnik, por desejo e necessidade, deixei Juazeiro — onde
morava —, o Crato de nascença, a Santana (Sítio das Cobras) afetiva de infância e a Nova Olinda das primeiras letras. Seria o
primeiro representante do clã (risos rurais amarcodianos) dos Sá-Menezes-Freire-Novais, família meio pernambucana meio
cearense, a chegar ao ensino superior. Um Xicobrás, diria, 100% escolha pública, do primário ao campus da UFPE. Hoje tenho
uma penca de primos a cada nova formatura, sem precisar sequer sair dos arredores de casa.
E pensar que não havia a 19ideia de universidade no meu terreiro. Nada disso do que hoje comemoro com os formandos
da URCA e UFCA. [...].
Só nos resta defender [...]. Sem sequer o direito ao 20VAR (olho no lance) da história. 21jmmmmmmmmmmmkk kkll
l çnçççlllçlxsp. Eita, desculpa, caro leitor, pela incompreensão da escrita, é que minha filha Irene invadiu esta crônica —
tentando ver a Pepa Pig — e dedilhou involuntariamente estas mal-traçadas linhas. [...]
* Os termos sublinhados neste texto representam hyperlinks no texto original publicado no sítio eletrônico do jornal El País.
Conforme o dicionário Michaelis, hyperlink é, “no contexto da hipermídia e do hipertexto, endereço que aparece em destaque
(geralmente sublinhado ou apresentado em uma cor diferente) e que, a um clique no mouse, permite a conexão com outro site”.
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12. Julgue o que se afirma sobre o texto em relação ao seu gênero textual.
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I. O uso de termos e de expressões próprios da língua coloquial associados à língua culta tem por finalidade a aproximação
Í
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com o leitor ao apresentar o assunto com menor grau de formalidade.
II. As interjeições ave (referência 5) e viva (referência 10) reproduzem o entusiasmo que toma conta do narrador em virtude
da formatura de 423 alunos em uma universidade regional da sua terra natal.
III. A utilização de expressões da linguagem informal e a referência a outros textos, bem como a presença de hyperlinks na
publicação original, não são recursos próprios do gênero textual crônica.
a) I e II, apenas.
b) I e III, apenas.
c) II e III, apenas.
d) I, II e III.
13. Leia o texto a seguir, publicado no Instagram e em um livro do @akapoeta João Doederlein.
1
Eram quatro da manhã quando seu pai sofreu um colapso cardíaco. 2Só estavam os três na casa: o pai, a mãe e ele, um garoto
de 13 anos. Chamaram o médico da família. 3E aguardaram. E aguardaram. E aguardaram. 4Até que o garoto escutou um
barulho lá fora. É ele que conta, hoje, adulto: 5Nunca na vida ouvira um som mais lindo, mais calmante, do que os pneus
daquele carro amassando as folhas de outono empilhadas junto ao meio-fio.
6
Inesquecível, para o menino, foi ouvir o som do carro do médico se aproximando, o homem que salvaria seu pai. Na mesma
hora em que li esse relato, imaginei um sem-número de sons que nos confortam. A começar pelo choro na sala de parto. Seu
filho nasceu. E o mais aliviante para pais que possuem adolescentes baladeiros: 7o barulho da chave abrindo a fechadura da
porta. Seu filho voltou.
E pode parecer mórbido para uns, masoquismo para outros, mas há quem mate a saudade assim: ouvindo pela enésima vez 8o
recado na secretária eletrônica de alguém que já morreu.
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Deixando a categoria dos sons magnânimos para a dos sons cotidianos: a voz no alto-falante do aeroporto dizendo que a
aeronave já se encontra em solo e o embarque será feito dentro de poucos minutos.
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9
O sinal, dentro do teatro, avisando que as luzes serão apagadas e o espetáculo irá começar.
O telefone tocando exatamente no horário que se espera, conforme o combinado. 10Até a musiquinha que antecede a chamada
a cobrar pode ser bem-vinda, se for grande a ansiedade para se falar com alguém distante.
O barulho da chuva forte no meio da madrugada, quando você está no quentinho da sua cama.
Uma conversa em outro idioma na mesa ao lado da sua, provocando a falsa sensação de que você está viajando, de férias em
algum lugar estrangeiro. E estando em algum lugar estrangeiro, ouvir o seu idioma natal sendo falado por alguém que passou,
fazendo você lembrar que o mundo não é tão vasto assim.
11
O toque do interfone quando se aguarda ansiosamente a chegada do namorado. Ou mesmo a chegada da pizza.
O aplauso depois que você, nervoso, falou em público para dezenas de desconhecidos.
15
O primeiro eu te amo dito por quem você também começou a amar.
MEDEIROS, Martha. Feliz por nada. São Paulo: L&PM Editores, 2011.
14. Em função de uma linguagem mais simples e coloquial, a crônica, muitas vezes, pode “desrespeitar” a norma gramatical
própria do uso culto da escrita formal da língua, o que pode ser observado no texto de Martha Medeiros na seguinte passagem:
a) “Eram quatro da manhã quando seu pai sofreu um colapso cardíaco” (ref. 1), em que, gramaticalmente, o verbo “ser”,
indicando tempo, não varia em número para concordar com “quatro da manhã”.
b) “Até a musiquinha que antecede a chamada a cobrar pode ser bem-vinda” (ref. 10), em que o verbo “anteceder” exige um
complemento com preposição.
c) “A música que você mais gosta tocando no rádio do carro” (ref. 14), em que a regência do verbo “gostar” não é obedecida.
d) “O toque do interfone quando se aguarda ansiosamente a chegada do namorado” (ref. 11), em que a expressão “a chegada’
deveria vir com o acento indicativo de crase, já que o verbo “aguardar” exige complemento com a preposição “a”, bem
como o artigo que acompanha o substantivo é do gênero feminino.
Karol Conka é uma rapper brasileira reconhecida por canções que exaltam a mulher. No refrão de Me garanto, de sua autoria,
a forma tô
a) representa uma inadequação ao grau de formalidade exigido pela letra da canção, um gênero escrito que circula oralmente
em contextos públicos.
b) caracteriza uma variedade linguística estigmatizada, já que, no Brasil, o rap está associado a comunidades socialmente
marginalizadas.
c) desmistifica a dicotomia entre a fala e a escrita, visto que figura em um gênero que apresenta um meio de produção sonoro
e uma concepção discursiva gráfica.
d) indicia a inclusão de uma variante típica da fala informal à norma padrão, visto que figura em um texto escrito formal.
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NO MEIO DO CAMINHO
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O homem ia andando e encontrou uma pedra no meio do caminho. Milhões de homens encontram uma pedra no caminho
e dela se esquecem. Um poeta, que talvez nunca tenha encontrado pedra nenhuma, que fatalmente esqueceu muitas coisas,
esqueceu caminhos que andou e pedras que não encontrou, fez um poema dizendo que nunca esqueceria a pedra encontrada
no meio do caminho.
1
Se a rosa é uma rosa, a pedra deveria ser uma pedra, mas nem sempre é. No meu primeiro dia de escola, da qual seria
expulso por não saber falar o mínimo que se espera de uma criança, minha tia e madrinha, que nós chamávamos de Doneta,
mas tinha outro nome do qual me esqueci, levou-me pela mão em silêncio, e em silêncio ia eu, sem saber o que representava o
primeiro dia de escola.
Quando percebi o que seria aquilo – misturar-me a meninos estranhos e ferozes, ficar longe de casa e da mão da minha
tia e madrinha – entrei a espernear, aos berros – aos quais mais tarde renunciaria por inúteis.
Foi então que a tia e madrinha definiu a situação, dizendo com sabedoria: “São os abrolhos, meu filho”.
Sim, os abrolhos começaram e até hoje não acabaram. Não sei bem o que é um abrolho, mas deve ser uma pedra no
caminho da gente. A diferença mais substancial é que bastou uma pedra no meio do caminho para que um poeta dela não se
esquecesse.
Não sendo poeta, não me lembro de ter topado com pedra nenhuma no meio do caminho. Mas, em matéria de abrolhos,
sou douto. Mesmo não sabendo em que consiste um abrolho.
Como disse acima, tiraram-me daquele abrolho inicial porque não sabia falar. Aprendi a escrever mal e porcamente, e
os abrolhos vieram em legião. Faço força para esquecê-los, mas volta e meia penso que seria melhor encontrar uma pedra no
meio do caminho.
Na crônica de Carlos Heitor Cony, características típicas da narração são predominantes nos seguintes parágrafos:
a) 1º parágrafo.
b) 3º e 4º parágrafos.
c) 5º e 6º parágrafos.
d) último parágrafo.
EU TENHO UM SONHO
Estou contente de me reunir com vocês nesta que será conhecida como a maior demonstração pela liberdade na história
de nossa nação.
Há dez décadas, um grande americano, sob cuja sombra simbólica nos encontramos hoje, assinou a Proclamação da
Emancipação. Esse magnífico decreto surgiu como um grande farol de esperança para milhões de escravos negros que arderam
nas chamas da árida injustiça. Ele surgiu como uma aurora de júbilo para pôr fim à longa noite de cativeiro.
Mas cem anos depois, o negro ainda não é livre. Cem anos depois, a vida do negro ainda está tristemente debilitada
pelas algemas da segregação e pelos grilhões da discriminação. Cem anos depois, o negro vive isolado numa ilha de pobreza
em meio a um vasto oceano de prosperidade material. Cem anos depois, o negro ainda vive abandonado nos recantos da
sociedade na América, exilado em sua própria terra. Assim, hoje viemos aqui para representar a nossa vergonhosa condição.
De uma certa forma, viemos à capital da nação para descontar um cheque. Quando os arquitetos da nossa república
escreveram as magníficas palavras da Constituição e da Declaração da Independência, eles estavam assinando uma nota
promissória da qual todos os americanos seriam herdeiros. A nota era uma promessa de que todos os homens, sim, negros e
brancos igualmente, teriam garantidos os “direitos inalienáveis à vida, à liberdade e à busca da felicidade”. É óbvio neste
momento que, no que diz respeito aos seus cidadãos de cor, a América não pagou essa promessa. Em vez de honrar a sagrada
obrigação, a América entregou à população negra, um cheque que voltou com o carimbo de “sem fundos”.
No entanto, recusamos a acreditar que o banco da justiça esteja falido. Recusamos a acreditar que não haja fundos
suficientes nos grandes cofres de oportunidade desta nação. E, assim, viemos descontar esse cheque, um cheque que nos
garantirá, sob demanda, as riquezas da liberdade e a segurança da justiça.
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[...]
Não ficaremos satisfeitos enquanto o negro for vítima dos inenarráveis horrores da brutalidade policial. [...] Não
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ficaremos satisfeitos enquanto nossos filhos forem despidos de sua personalidade e tiverem a sua dignidade roubada por
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cartazes com os dizeres “só para brancos”. [...] Não estamos satisfeitos e nem ficaremos satisfeitos até que “a justiça jorre como
uma fonte; e a equidade, como uma poderosa correnteza”.
E digo-lhes hoje, meus amigos, mesmo diante das dificuldades de hoje e de amanhã, ainda tenho um sonho, um sonho
profundamente enraizado no sonho americano.
Eu tenho um sonho de que um dia esta nação se erguerá e experimentará o verdadeiro significado de sua crença:
“Acreditamos que essas verdades são evidentes, que todos os homens são criados iguais”.
[...]
Eu tenho um sonho de que os meus quatro filhos pequenos viverão um dia numa nação onde não serão julgados pela
cor de sua pele, mas pelo conteúdo de seu caráter. [...]
KING JR., Martin Luther. Em: ABAURRE, M.L.M.; ABAURRE, M. B. M.; PONTARA, M. Português: contexto interlocução
e sentido. São Paulo: Moderna, 2016. Vol. I
17. Entre os gêneros típicos da oralidade, o discurso é normalmente escrito para, somente depois, ser falado. A partir dessa
informação e conhecendo o contexto em que o texto foi produzido, assim como seus prováveis interlocutores, avalie as
afirmações a seguir.
I. O autor utiliza, em alguns trechos do discurso, a primeira pessoa do singular. Tal escolha adequa-se ao gênero e funciona
como estratégia de convencimento do público.
II. No 4º e 5º parágrafos, a Constituição e a Declaração da Independência são comparadas a um cheque ou nota promissória.
Como o discurso não é um texto literário, o uso dessa analogia pode dificultar a compreensão dos interlocutores.
III. No 3º e 6º parágrafos, há a recorrência das expressões “cem anos depois” e “não ficaremos satisfeitos”, respectivamente.
Essa repetição é característica exclusiva do texto falado proferido sem planejamento prévio.
IV. Em “E digo-lhes hoje, meus amigos” (7º parágrafo), a expressão destacada empresta ao discurso um tom menos formal,
lembrando um diálogo. Essa é uma importante estratégia de convencimento do público.
V. Ainda no mesmo trecho: “E digo-lhes hoje, meus amigos” (7º parágrafo), a ênclise (pronome depois do verbo), embora
gramaticalmente adequada, caracteriza o discurso como um texto eloquente e formal, típico de gêneros falados.
a) I e IV.
b) II e III.
c) I, III e IV.
d) III, IV e V.
e) I e V.
A GRAMA DO VIZINHO
Martha Medeiros
Ao amadurecer, descobrimos que a grama do vizinho não é mais verde coisíssima nenhuma.
Estamos todos no mesmo barco.
Há no ar certo queixume sem razões muito claras.
Converso com mulheres que estão entre os 40 e 50 anos, todas com profissão, marido, filhos, saúde, e ainda assim
elas trazem dentro delas um não-sei-o-quê perturbador, algo que as incomoda, mesmo estando tudo bem.
De onde vem isso? Anos atrás, a cantora Marina Lima compôs com o seu irmão, o poeta Antonio Cícero, uma música
que dizia: “Eu espero/ acontecimentos/ só que quando anoitece/ é festa no outro apartamento”.
Passei minha adolescência com esta sensação: a de que algo muito animado estava acontecendo em algum lugar para
o qual eu não tinha convite. É uma das características da juventude: considerar-se deslocado e impedido de ser feliz como os
outros são, ou aparentam ser. Só que chega uma hora em que é preciso deixar de ficar tão ligada na grama do vizinho.
As festas em outros apartamentos são fruto da nossa imaginação, que é infectada por falsos holofotes, falsos sorrisos
e falsas notícias. Os notáveis alardeiam muito suas vitórias, mas falam pouco das suas angústias, revelam pouco suas aflições,
não dão bandeira das suas fraquezas, então fica parecendo que todos estão comemorando grandes paixões e fortunas, quando
na verdade a festa lá fora não está tão animada assim. Ao amadurecer, descobrimos que a grama do vizinho não é mais verde
coisíssima nenhuma. Estamos todos no mesmo barco, com motivos pra dançar pela sala e também motivos pra se refugiar no
escuro, alternadamente.
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“Nunca conheci quem tivesse levado porrada/ todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo”.
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Fernando Pessoa também já se sentiu abafado pela perfeição alheia, e olha que na época em que ele escreveu estes
versos não havia esta overdose de revistas que há hoje, vendendo um mundo de faz-de-conta. Nesta era de exaltação de
celebridades – reais e inventadas – fica difícil mesmo achar que a vida da gente tem graça. Mas, tem. Paz interior, amigos leais,
nossas músicas, livros, fantasias, desilusões e recomeços, tudo isso vale ser incluído na nossa biografia. Ou será que é tão
divertido passar dois dias na Ilha de Caras fotografando junto a todos os produtos dos patrocinadores? Compensa passar a vida
comendo alface para ter o corpo que a profissão de modelo exige? Será tão gratificante ter um paparazzo na sua cola cada vez
que você sai de casa? Estarão mesmo todos realizando um milhão de coisas interessantes enquanto só você está sentada no
sofá pintando as unhas do pé? Favor não confundir uma vida sensacional com uma vida sensacionalista.
As melhores festas acontecem dentro do nosso próprio apartamento.
Fonte: Disponível em: http://www.refletirpararefletir.com.br/4-cronicas-de-marthamedeiros.
Acesso em 12/09/2017, às 15h13.
18. Segundo a estrutura composicional do texto A grama do vizinho, podemos afirmar que temos o seguinte gênero:
a) Editorial.
b) Artigo de opinião.
c) Crônica.
d) Parábola.
e) Anedota.
19. O texto traz questões intimistas tratadas pela autora. Em gêneros dessa natureza, é comum os autores disporem de
passagens metafóricas, relacionadas às trivialidades da vida. No trecho: “As melhores festas acontecem dentro do nosso próprio
apartamento.”, pode-se inferir que a autora utiliza uma linguagem
A sua carta chegou muito atrasada, e receio que 2esta resposta já não 3o ache 4fixando na tela a nossa pobre gente da
roça. Não há trabalho mais digno, penso eu. 5Dizem que somos pessimistas e exibimos deformações; 6contudo as deformações
e miséria existem fora da arte e são cultivadas pelos que nos censuram.
O que às vezes pergunto 7a mim mesmo, com angústia, Portinari, é 8isto: se elas desaparecessem, poderíamos continuar
a trabalhar? Desejamos realmente que elas desapareçam ou seremos também uns exploradores, tão perversos como os outros,
quando expomos desgraças? Dos quadros que você mostrou 9quando almocei no Cosme Velho pela última vez, o que mais me
comoveu foi aquela mãe com a criança morta. Saí de sua casa com um pensamento horrível: numa sociedade sem classes e
sem miséria seria possível fazer-se aquilo? Numa vida tranquila e feliz que espécie de arte surgiria? Chego a pensar que
faríamos cromos, anjinhos cor-de-rosa, e isto me horroriza.
Felizmente a dor existirá sempre, a 10nossa velha amiga, nada a suprimirá. E 11seríamos ingratos se 12desejássemos a
supressão dela, não 13lhe parece? Veja como os nossos ricaços em geral são burros.
Julgo naturalmente que seria bom enforcá-los, mas se isto nos trouxesse tranquilidade e felicidade, eu ficaria bem
desgostoso, porque não nascemos para tal sensaboria. O meu desejo é que, eliminados os ricos de qualquer modo e os
sofrimentos causados por eles, venham novos sofrimentos, 14pois sem isto não temos arte.
E adeus,15 meu grande Portinari. Muitos abraços para você e para Maria.
Graciliano
sensaboria: contratempo, monotonia
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I. A carta apresentada para leitura pertence a um gênero do discurso do domínio discursivo interpessoal, por isso prevê, em
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sua própria elaboração, uma interlocução entre emissor e destinatário, com papéis bem definidos.
II. A carta apresentada para leitura é classificada como um discurso aberto, dirigido não a um leitor-interlocutor específico,
mas a um conjunto de leitores virtuais com o objetivo de expressar opiniões e denunciar ações negativas.
III. Na carta apresentada para leitura, pode ser assinalada, entre outras, a presença das funções emotiva (na manifestação de
sentimentos do emissor), conativa (no endereçamento das mensagens ao destinatário) e referencial (no tratamento de
assuntos específicos).
Gabarito:
Considerado o gênero fábula a que pertence o texto, composição literária em que personagens com características humanas
apresentam caráter instrutivo, é possível deduzir que sua função é transmitir um ensinamento, como se afirma em [B].
No último período do texto, o autor afirma que a organizadora das cartas trocadas entre Gilberto Freyre e Manuel Bandeira
preocupou-se em contextualizar cada uma, “em um trabalho cuidadoso e pormenorizado de reconstituição das condições de
produção de cada uma delas”. Desta forma, por fazer parte do acervo literário do país, o gênero cartas tem ido além do estudo
de interpretação da obra dos autores para assumir também a função social de material de cunho histórico científico. Assim, é
correta a opção [E].
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A mensagem veiculada no anúncio faz uso da função conativa para influenciar e persuadir o destinatário a respeitar as mulheres
em eventos esportivos. Os sinais que apontam para o que deve ou não ser admitido durante o jogo precedem o apelo às mulheres
para que denunciem qualquer tipo de comportamento desrespeitoso ou agressivo. Assim, é correta a opção [A].
A caracterização do sentimento amoroso em forma de bula de remédio, recomendado para quem sofre de solidão ou qualquer
tipo de carência afetiva e a imagem de um cartaz de campanha para adoção de cães do canil municipal da prefeitura de
Florianópolis têm como objetivo sensibilizar a população para as vantagens emocionais produzidas em quem adota um cão.
Assim, é correta a opção [B].
A canção trata de vários desejos do eu lírico que não foram realizados durante a sua vida. Assim, a apropriação do gênero
“Epitáfio” no título da letra da canção cria o efeito de expressar desejo de reversão de atitudes: tudo aquilo que ele queria ter
feito ao longo da vida, mas não fez.
É correta a opção [D], pois a letra da canção trabalha, simultaneamente, os gêneros narrativo, quando o eu lírico relata as suas
andanças pela cidade, e o descritivo, quando expõe detalhes que a caracterizam.
Ao analisar o título do livro, “O menino sem imaginação”, é possível fazer já um recorte da característica do personagem
abordado – ausência de imaginação. Essa leitura se complementa com a imagem apresentada: uma televisão com pernas,
simbolizando, assim, a figura do menino que seria “formado” unicamente pela televisão, isto é, pela presença das mídias de
massa, afetando sua capacidade imaginativa. O balão que sai da televisão também simboliza esse vazio.
Assim, leitura cruzada entre os elementos verbais e não verbais permite concluir que o livro busca criticar a alienação das
crianças promovida pela forte presença das mídias de massa em seu cotidiano.
A expressão indignada da jogadora Marta, “seis vezes a melhor do mundo”, e o seu gesto de exibir ostensivamente uma chuteira
preta sem logotipo que identificasse um patrocinador, denuncia o fato de que a mulher, além da disputa em jogo com o
adversário, ainda tem de lutar contra o machismo no esporte. Assim, é correta a opção [B].
[III] Incorreta: por tratar de fatos cotidianos, o uso de expressões da linguagem informal não se descola do gênero crônica.
O fato de o título do poema estar destacado à esquerda e apresentar uma abreviatura típica de entrada de palavra em dicionário
ou enciclopédia permite deduzir informações sobre o assunto, mas, neste caso, de caráter subjetivo e metafórico, típico da
linguagem poética. Assim, é correta a opção [D].
O verbo “gostar” é regido pela preposição “de”, dessa forma, o período em [C] deveria ser escrito como “A música DE que
você mais gosta tocando no rádio do carro” para respeitar as regras do uso formal da língua.
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Embora a canção esteja escrita, ela será cantada, assim, a princípio, vemos uma dicotomia fala × escrita. No entanto, esta é
desmistificada, uma vez que na própria escrita é usada uma linguagem coloquial, própria da fala, como expresso pela forma
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“tô”.
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Resposta da questão 16: [B]
Nos parágrafos 3 e 4, Carlos Heitor Cony narra como foi a sua experiência ao chegar na escola, trazendo à tona as ações e os
sentimentos suscitados por elas, os “personagens” envolvidos, o tempo e o espaço em que essas ações se passaram.
[II] O uso de tal analogia não dificulta a compreensão do texto, pelo contrário, torna-o mais palpável.
[III] Essa repetição também faz parte do planejamento, já que é construída a partir de uma intenção. Trata-se de uma repetição
expressiva, utilizada para dar ênfase no fato de que mesmo com o passar dos anos a desigualdade se mantém.
[IV] Os gêneros falados costumam valer-se de um discurso mais informal e coloquial.
Por tratar de um assunto do cotidiano (no caso, como as pessoas possuem o sentimento que “a grama do vizinho é mais verde”)
de forma breve e narrativa, podemos afirmar que é uma crônica.
A linguagem usada nesse trecho não é literal, mas figurada, conotativa, uma vez que a autora busca falar do processo de olhar
para si mesmo (introspecção) e perceber-se tão feliz quanto os outros.
A proposição [II] destoa das afirmações contidas em [I] e [III] que apontam as características principais da carta de Graciliano
Ramos a Portinari. Além da interlocução entre emissor e destinatário, com papéis bem definidos, nota-se presença da função
emotiva na manifestação de sentimentos do emissor (“nossa pobre gente”, “o que mais me comoveu, e isto me horroriza”), da
função conativa (uso de vocativo no endereçamento e verbos na primeira pessoa do plural) e da referencial, no tratamento de
assunto “arte”.
Assim, é correta apenas a opção [B].
Gramática
ADJETIVO
Adjetivo é a palavra que expressa qualidade, característica ou estado dos seres em geral. É variável em gênero, número
e grau. Pode ser classificado de quatro formas.
Primitivo (não são formados por derivação de nenhuma outra palavra) – Ex.: azul, curto, feliz.
Derivado (formado por derivação) – Ex.: azulado, infeliz, desconfortável.
Obs.: A locução adjetiva é uma expressão geralmente formada de preposição + substantivo, com valor de adjetivo. Ex.: A água
da chuva destruiu a lavoura de café. Ele apresentou uma atitude sem qualquer cabimento.
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INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
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1. FLEXÃO DE NÚMERO
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1.1. Plural dos adjetivos simples: seguem as mesmas regras dos substantivos.
1.2. Plural dos adjetivos compostos
OBS.: Nos substantivos compostos que designam cores, ambos os elementos vão para o plural: os verdes-claros, os amarelos-
esverdeados, os azuis-escuros.
1.2.2. Adjetivos referentes a cores são invariáveis quando o segundo elemento da composição é um substantivo: canários
amarelo-ouro, uniformes verde-oliva, blusas verde-garrafa, camisas vermelho-sangue
1.4. São adjetivos invariáveis: azul-marinho, azul-celeste e os que começam por “cor de” (Blusas cor-de-rosa)
Obs.: os adjetivos hindu, sensabor, cortês, incolor, multicor, bicolor, tricolor, maior, melhor, menor, pior, superior, anterior,
posterior são usados dessa forma também para o feminino. Ex.: roupa hindu, atitude superior.
2.3. Os terminados em –ão trocam essa terminação por –ã, -ona e, mais raramente, por –oa.
Ex.: alemão / alemã, cristão / cristã, chorão / chorona, comilão / comilona, beirão / beiroa.
2.4. Os terminados em –eu (com som fechado) trocam essa terminação por -eia/ os terminados em –eu (som aberto) trocam
por –oa.
Ex.: ateu / ateia, europeu / europeia, ilhéu / ilhoa, tabaréu / tabaroa.
Exceções: judeu / judia, sandeu / sandia, réu/ré
2.5. Feminino dos compostos: apenas o segundo elemento varia. Ex.: literatura hispano-americana
Observação importante: Os adjetivos compostos cujo segundo elemento é um substantivo são invariáveis. Ex.: amarelo-ouro,
verde-mar.
2.6. Há muitos adjetivos uniformes (servem para masculino e feminino): agrícola, audaz, exemplar, frágil, ruim.
3. GRAUS DO ADJETIVO
COMPARATIVO (Indica uma relação de 1 ser para 2 adjetivos ou de 2 seres para 1 adjetivo.)
3.1. Grau comparativo de igualdade: Pedro é tão forte quanto eu./ Pedro é tão forte quanto inteligente.
3.2. Grau comparativo de superioridade: Pedro é mais forte (do) que eu./ Pedro é mais forte (do) que inteligente.
3.3. Grau comparativo de inferioridade: Pedro é menos forte (do) que eu. / Pedro é menos forte (do) que inteligente.
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OBS.: Ao se comparar 2 qualidades ou ações de sum ser, empregam-se “mais bom”, “mais mau”, “mais grande”, “mais
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Ele é mais bom do que mau. A escola é mais grande do que pequena. Ele é mais mau do que simpático. Ele é mais
pequeno do que grande.
Obs.: na linguagem coloquial, pode-se empregar a repetição do mesmo adjetivo, sem pausa e sem vírgula.
O dia está belo belo. Ela era linda linda.
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Absoluto Relativo
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bom melhor ótimo o melhor
mau pior péssimo o pior
grande maior máximo o maior
pequeno menor mínimo o menor
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
1. “Talvez seja bom que o proprietário do imóvel possa desconfiar de que ele não é tão imóvel assim.” As palavras destacadas
assumem, respectivamente, valor de
a) substantivo e substantivo.
b) substantivo e adjetivo.
c) adjetivo e verbo.
d) advérbio e adjetivo.
e) adjetivo e advérbio.
2. Assinale o período em que ocorre a mesma relação significativa indicada pelos termos destacados em "A atividade científica
é tão natural quanto qualquer outra atividade econômica":
a) Ele era tão aplicado, que em pouco tempo foi promovido.
b) Quanto mais estuda, menos se aprende.
c) Tenho tudo quanto quero
d) Sabia a lição tão bem como eu.
e) Todos estavam exaustos, tanto que se recolheram logo.
3. “Os homens são os melhores fregueses do bairro" ... Os melhores encontra-se no grau:
a) comparativos de superioridade.
b) superlativo comparativo de superioridade.
c) superlativo absoluto sintético.
d) superlativo relativo sintético de superioridade.
4. Assinale a alternativa em que o adjetivo está flexionado no grau superlativo absoluto sintético:
a) O garoto é tão inteligente quanto sua irmã.
b) O aluno é o mais inteligente da sala.
c) A cerveja está geladíssima.
d) O político é muito influente.
e) O leite está melhor que o café.
d) Seja paciente no trânsito para não ser paciente (usuário do) no hospital.
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a) "Os cegos, habitantes de um mundo esquemático, sabem aonde ir..."
b)"O cego de Ipanema representava naquele momento todas as alegorias da noite escura da alma..."
c)"Todos os cálculos do cego se desfaziam na turbulência do álcool."
d)"Naquele instante era só um pobre cego."
e)"... da Terra que é um globo cego girando ao caos."
8. Se preenchermos os espaços com a expressão colocada entre parênteses, ficará gramaticalmente correta somente a frase da
alternativa:
a) o moral abalado- o – do
b) a moral abalada- o – da
c) o moral abalado –o- da
d) a moral abalado – a – do
e) a moral abalada – a – da
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PREPOSIÇÃO
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A preposição estabelece um elo de subordinação entre dois elementos oracionais (duas palavras), no entanto pode aparecer
como conectivo oracional (entre orações): Apesar de não ser bonita, Ana é agradável.
Locução prepositiva
a) advérbio + preposição: O garoto escondeu-se atrás do móvel.
b) preposição + substantivo + preposição: Não saímos por causa da chuva.
Essenciais - só aparecem como preposição: a, ante, até, após, com, contra, de, desde, em, entre, para, por, perante, sem, sob,
sobre, trás.
Acidentais - as que passaram a serem usadas como preposição: durante, conforme, visto, segundo, mediante, como (= na
qualidade de), consoante.
As preposições podem assumir diferentes valores:
Preposição “A”
Condição A persistirem os sintomas, o médico deverá ser consultado!
Direção Quero conhecer o Brasil de norte a sul.
Fim João estudou a passar no concurso.
Meio Obteve êxito a estudo.
Lugar Estávamos ao portão do curso.
Conformidade O professor fez a questão ao método prático.
Preço Vendeu a um real o quilo.
Concessão Ele nada fazia a não ser jogar futebol.
Tempo Ao encontrar a solução, fiquei aliviado.
Instrumento Mataram a galinha a machado.
Modo Falar aos berros.
Semelhança João não saiu a vocês.
Distribuição proporcional, gradação dia a dia, mês a mês, ano a ano.
Posse Tomou o pulso ao doente.(= do doente)
1 Causa
2 Direção
3 Fim
4 Meio
5 Lugar
6 Conformidade
7 Preço
8 Concessão
9 Posse
10 Instrumento
11 Modo
12 Semelhança
13 Proporção
Gradação
14 Condição
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j. ( ) Matar à fome.
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k. ( ) Esqueci-me de tudo a não ser do seu nome.
l. ( ) Maria puxou ao pai.
m. ( ) Arrancou o prazer da leitura ao homem.
n. ( ) A cumprirem suas responsabilidades, serão bem recebidos.
Preposição “ATÉ”
Limite de lugar Segui você até o final da rua.
Limite de tempo Esperei até ontem.
Limite numérico O produto custará até três vezes mais.
1. Numere as frases de acordo com o valor semântico da preposição “até”:
1 Limite de lugar
2 Limite de tempo
3 Limite numérico
a. ( ) Capacidade até 10 quilos de roupa.
b. ( ) As longas e cansativas caminhadas até o cemitério eram desesperadoras.
c. ( ) Tenho até hoje para enviar os documentos.
d. ( ) Apostarei até R$100,00 no jogo de hoje.
e. ( ) Debruçada até quase os meus joelhos, ela gritou.
f. ( ) Amar-te-ei até o último dia de nossas vidas.
Preposição “COM”
Companhia Gostaria de sair mais vezes com você.
Soma Uniremos as tuas com as nossas palavras.
Modo Ele gritou com força.
Instrumento Lavei a roupa com sabão de coco.
Condição Com sorte, atingiremos nossos objetivos.
Causa Os japoneses ficaram aflitos com o Tsunami.
Tempo Com seis meses de uso, as peças começam a ficar ruins.
Conformidade Reconhecemos, com o ilustre professor, que a questão deveria ser anulada.
Lugar Talvez encontremos, com o fim da estrada, água.
Concessão Com vinte anos de carreira, seu patrimônio se resume a dois carros modestos.
Meio Fui com minha moto para os lugares mais remotos do Brasil.
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Preposição “CONTRA”
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Adversidade Tudo isso é contra meus princípios.
Comparação No ano passado, o curso teve duzentas aprovações, contra trezentas e cinquenta que obtivemos este ano.
1 Lugar
2 Adversidade
3 Comparação
BIZU
A PREPOSIÇÃO CONTRA ENTRA EM EXPRESSÕES FIXAS
Ser contra / ficar contra / ir contra → opor-se a
Sou contra os charlatões. / Ninguém pode ir contra a vontade de Deus.
Preposição “DE”
Modo Os espertos vão saindo de fininho.
Lugar De longe nada se via.
Tempo A reunião acontece de manhã.
Instrumento Devia ter feito a barba de gilete.
Causa As frutas caíram do pé de podre.
Matéria A casa foi feita de madeira.
Intensidade Ele estudou de não aguentar mais o ritmo.
Negação Não quisera regressar de jeito algum.
Posse Ela bebeu com o dinheiro de Maria.
Finalidade “E o coração… é instrumento de sopro ou de percussão?”
Assunto Falava de política.
Origem “Afirmava-se que o fogo começara de uma sala” (Raul Pompéia).
1 Modo
2 Lugar
3 Tempo
4 Instrumento
5 Causa
6 Matéria
7 Intensidade
8 Negação
9 Posse
10 Finalidade
11 Assunto
12 Origem
a. ( ) Ele vive de pequenos furtos.
b. ( ) Roubaram a bolsa de uma aluna da turma.
c. ( ) Cheguei de imediato.
d. ( ) Comprei uma casa de campo.
e. ( ) Meu coração pulou de saudades.
f. ( ) O fio foi feito de cobre.
g. ( ) Ele riu de todos estarem com sono.
h. ( ) A aluna falou de música com o professor.
i. ( ) Vamos capinar de enxada.
j. ( ) Sentou-se de frente para você.
k. ( ) Ela não acreditava de maneira alguma em alienígenas.
l. ( ) A manifestação começou de todos os escritório e foi até a praça.
m. ( ) Ele chegou de Paris agora
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Preposição “EM”
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Modo Em lágrimas, confessou o crime.
Tempo A reunião acontecerá em trinta minutos.
Causa Ela estava triste em não poder ajudar a pobre moça.
Finalidade João acariciou em despedida a face de seu pai.
Matéria O talher é feito em cobre.
Instrumento Desenharam na máquina os projetos futuros.
Meio O professor, em explicações exatas, conseguiu o gabarito.
Preço Eu estimei em vinte milhões o terreno.
1 Lugar
2 Modo
3 Tempo
4 Causa
5 Finalidade
6 Matéria
7 Instrumento
8 Meio
9 preço
Preposição “ENTRE”
Lugar A moto estava entre os dois carros no trânsito.
Tempo Entre 1979 e 1985, foram vendidas três mil peças.
Quantidade O preço vai girar entre oito e dez dólares.
Companhia Vivia entre os mais pobres.
1 Lugar
2 Tempo
3 Quantidade
4 Companhia
Preposição “PARA”
Direção Eu caminhei para a rua animada.
Tempo Marcamos o encontro para amanhã.
Conformidade Para mim, isso não é doença.
Finalidade O aluno estuda para passar.
Condição Para desejar cantar comigo, terá de tratar da voz.
Lugar Havia um pouco de comida mais para o canto da sala.
Restrição Proibido para menores.
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1 Direção
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2 Tempo
3 Conformidade
4 Finalidade
5 Condição
6 Lugar
7 Restrição
Preposição “POR”
Meio As casas são ligadas por uma escada.
Causa Aparentava mais idade por seus cabelos brancos.
Modo Resolveremos as questões por partes.
Lugar Ele passou por baixo da ponte.
Agente Ele foi baleado por uma criança.
Tempo Na piscina, por muitas horas, tomou muito sol.
1 Meio
2 Causa
3 Modo
4 Lugar
5 Agente
6 Tempo
Preposição “SOB”
Lugar (posição inferior) Namoramos sob aquelas pedras.
Causa Não se deve ficar aqui, sob o risco de ser assaltado.
Proteção A criança estava sob minha custódia.
Sujeição Bentinho foi exilado sob a regência severa da ditadura.
1 Lugar
2 Causa
3 Proteção
4 Sujeição
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Preposição “SOBRE”
Lugar (posição superior) O livro estava sobre a mesa.
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Especificação Houve um acréscimo de 33% sobre os dados do governo anterior.
Preferência (acima de) Amar a Deus sobre todas as coisas.
1 Lugar
2 Assunto
3 Especificação
4 Preferência
Preposição “ANTE”
Lugar João encontrou o livro ante o único lugar vago.
Causa ante a belíssima atuação dos flamenguistas.
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
1 Lugar
2 Causa
BIZU
A PREPOSIÇÃO ANTE COM IDEIA DE LUGAR PODE SER SUBSTITUÍDA POR: perante, diante de
A PREPOSIÇÃO ANTE COM IDEIA DE CAUSA PODE SER SUBSTITUÍDA POR: por causa de
Preposição “APÓS”
Lugar posterior Após o canteiro da obra, você encontrará um buraco.
Tempo posterior Após a apresentação, fomos ao restaurante.
1 Lugar
2 Tempo
Preposição “DESDE”
Afastamento de um lugar Ele caminhou desde o Leblon.
Início de um tempo Desde seu nascimento, era esperto.
Condição Desde que estudes, passarás.
Causa Desde que tenho muito trabalho, não fui à festa alguma.
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1 Lugar
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2 Tempo
3 Condição
4 Causa
Preposição “PERANTE”
Diante de / Na frente de / Ante O professor, perante dois mil alunos, explicou.
Preposição “SEM”
Modo Ele fez os exercícios sem pensar.
Condição Sem sorte, nem podemos sair de casa.
Ausência (falta) “Sem ela o que é a vida?” (Castro Alves).
1 Modo
2 Condição
3 Ausência (falta)
BIZU
A PREPOSIÇÃO SEM ENTRA EM EXPRESSÕES FIXAS:
Exemplo: Saía gritando pelas ruas da cidade, sem quê nem para quê.
Exemplo: Sem mais, para hoje, envio-lhe saudações.
Exemplo: Sem essa, meu amor, só tenho olhos para você.
BIZU
CONFORME / SEGUNDO / CONSOANTE
Os elementos acima podem ser conjunções confirmativas, construindo-se, então, com forma verbal no indicativo ou no
subjuntivo.
Exemplo: Conforme estudava, as informações chegavam.
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I
T
T
A
Á
E
A
C
M
M
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1) POTENCIAÇÃO E RADICIAÇÃO
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Regras:
Definições e Demonstrações:
Raiz de 1 quociente e quociente de 2 raízes: o quociente de
2 radicais do mesmo índice, é o radical do mesmo índice cujo
o radicando é quociente dos radicandos do divisor e do
dividendo.
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O próximo exercício vem demonstrar o porque das operações
entre coeficiente (o n° fora da raiz) e radicando (o n° dentro
da raiz) são possíveis.
2. Efetue os seguintes cálculos elevando ao
Quando o expoente da raiz for igual ao expoente do radicando, quadrado cada um dos exercícios propostos:
o radicando vira coeficiente de expoente 1.
Exercícios:
Vamos resolver alguns exercícios simples da utilização de
potência e radicais, saliento, a simplicidade destes exercícios
farão com que domine muito bem esse tipo de operações
podendo posteriormente tentar resolver exercícios maiores e
mais complexos.
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multiplicam-se os dois expoentes de potencia:
a) – 10/9
5. Continuando, aplica-se a regra Raiz de uma raiz b) -3/5
onde têm-se 2 raízes com o mesmo índice ou expoente, 2, c) 2
multiplicam-se então os seus expoentes e como seu d) 3
produto resulta numa só raiz: e) 1/5
a) 3/5
b) 2/3
c) 2
d) 23/7
e) 32/9
a) 8
b) 10
c) 12
d) 14
e) 16
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10) Calcule :
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4) Efetuando-se a expressão obtemos: a) 2/3
b) 3/5
a) 5 c) 2
b) 7 d) 5/4
c) 9 e) 7/4
d) 10
e) 12
11) Calcule :
a) - 63/8
b) - 32/5
c) – 3/5
5) Ache o valor de : d) 7/8
e) 7/5
a) 1/3
b) 3/5
c) 2/7
d) 4/9
e) 5
12) Calcule :
a) 2
b) 3
6) Calcule o valor da expressão : c) 4
d) 5
a) – 1 e) 6
b) 0
c) 1
d) 2
e) 3
13) Desenvolva :
a) - 56/17
7) Efetue : b) - 13/23
c) - 119/25
a) 2/3 d) - 23/19
b) 5/9 e) – 17/37
c) 1/3
d) 2
e) 3
14) Calcule :
a) 15
b) 21
8) Calculando a expressão obtemos:
c) 27
d) 30
a) 2/5
e) 32
b) 3/5
c) 3
d) 4
e) 4/5
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23 . 3 2
16) Simplifique :
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a) 1 28
b) 2 a)
c) 3 5
d) 4 29
e) 5 b)
5
c) 28
17) Efetue : d) 29
1
a) 2 258 3
b) 3 e)
c) 3 2 10
d) 2 2
22) (FUVEST) Qual é o valor da expressão:
e) 2
5+ 3 a) 3
18) Racionalize : b) 4
5− 3 c) 3
d) 2
a) 4 + 15 e) 2
b) 1 + 15
a) 1/6
b) 1/3
19) Desenvolva : c) 6.3n−1
1− n
d) 1 − 3
a) 10
e) −3
n+1
b) 3 10
a
c) 5 10 1
24) (U.E. Londrina) Calculando-se −− onde
d) 7 10 243
e) 10 10 2
a= − , obtém-se:
5
1 1 1 1
20) Se A= + + , qual o valor de ? a) - 81
2 2 +1 2 −1 A b) - 9
c) 9
d) 81
2 e) um número não real
a)
3
2 1
b) 1 4 6 1 2
5 25) Calcule 8 2 + 16 4 − 27 3 é igual:
3 2
c)
5 a) - 5
b) - 3
2 c) - 1
d) d) 0
2 e) 2
3 2
e)
2
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, então k vale:
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1) (QOAM) Entre 5 e 5.000, tem-se k números da forma 2n ,
a) 1 onde n é um número natural. Qual é o valor de k?
b) 2
c) 3 a) 8
d) 4 b) 9
e) 5 c) 10
d) 11
e) 12
( 8)
−4
a) 2−48 2) (QOAM)
3
é igual a:
b) 2−49 a) 1/16
c) 249 b) 1/8
c) 1/6
d) 248 d) 6
e) 250 e) 16
( )
0,25
n +3 n −1 3) (QOAM - 2011) Sabendo que k= 2 9
, qual o valor
2 .2 − 2 .7
28) (F.C. Chagas) A expressão é igual a:
5.2n − 4 k 2( n +1) .k 3− n
a) 40 de ?
b) 30 k 7 : k −n
c) 5/8
d) −2−2 a)
3
e) −26 2
3
b)
4
29) Sabe-se que n é um número natural e maior do que 1. Então 2
c)
22 n + 22 n+ 2 2
o valor da expressão é:
5 2
a) 1/5 d)
n 4
b) 2
3 2
4
e)
c) 2 3
n
d)
2 k
4) (QOAM – 2012) Determine o valor de , sabendo que
n 10
( )( )
e)
5 =
k 28 2 +3 3− 2 :
5
a)
4
213 + 216 8
30) Simplificando a expressão ,obtemos: b)
215 3
a) 2
13
c)
b) 1,5 7
c) 2,25
d) 2 7
d)
e) 1 5
11
e)
6
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5) (QOAM – 2013) Qual é o valor numérico da expressão 9) (QOAM – 2018) Consideradas satisfeitas as condições de
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a +1 + a −1
2 2
a +1 − a −1
2 2 existência das frações e simplificando as expressões
E + a = 25 ?
Í
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quando
a +1 − a −1
2 2
a +1 + a −1
2 2
a) 1
b) 2 e
c) 210
d) 211 , é correto afirmar que vale:
e) 213
, encontra-se:
a)
b)
c)
d)
e)
1 A 2 E 3 C 4 D 5 D
6 C 7 B 8 A 9 D 10 E
8) (QOAM – 2017) Assinale a opção que apresenta o valor
simplificado da expressão 11 A 12 E 13 C 14 C 15 B
16 B 17 C 18 A 19 B 20 B
21 D 22 B 23 B 24 B 25 A
.
26 C 27 C 28 A 29 B 30 B
a) 1
b) 3/2
c) 2 GABARITO – QUESTÕES DE CONCURSOS QOQM:
d) 4/3
e) 6/5 1 C 2 A 3 D 4 D 5 D
6 B 7 E 8 B 9 A 10 D
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com outro conjunto (ou subconjunto) utilizamos a relação de
inclusão.
: pertence : existe
Exemplo: Se considerarmos o conjunto formado por todas
as letras do alfabeto e o conjunto formado pelas vogais,
: não pertence : não existe
podemos dizer que (A contém V) ou (V
está contido em A)
: está contido : para todo (ou
qualquer que seja)
Relação de Pertinência: Se é um elemento de
, nós podemos dizer que o elemento pertence ao
: não está contido : conjunto vazio
conjunto e podemos escrever . Se não é um
N: conjunto dos números elemento de , nós podemos dizer que o elemento não
: contém naturais
pertence ao conjunto e podemos escrever .
Z : conjunto dos números
: não contém inteiros Exemplos:
Q: conjunto dos números
/ : tal que
racionais •
Q'= I: conjunto dos •
: implica que números irracionais
•
Símbolos das operações
Conjunto vazio: é um conjunto que não possui
: a ou b
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presentes no universo e que não pertençam a A. Também
define-se complementar para dois conjuntos, contanto que um
deles seja subconjunto do outro. Nesse caso, diz-se, por
exemplo, complementar de B em relação a A (sendo B um
subconjunto de A) — é o complementar relativo — e usa-se o
símbolo . Matematicamente:
Exemplo:
A = { 3,4,9,{10,12},{25,27} }
D = { {10,12} }
Intersecção de Conjuntos: dados os
conjuntos A e B, define-se como intersecção dos
conjuntos A e B ao conjunto representado por ,
formado por todos os elementos pertencentes a A e B,
simultaneamente, ou seja:
Exemplo:
Diferença de Conjuntos: dados os conjuntos A
e B, define-se como diferença entre A e B (nesta ordem) ao
Se A = { 1, 2, 3 }, então = { ∅, {1}, {2}, {3},
conjunto representado por A-B, formado por todos os
{1, 2}, {1, 3}, {2, 3}, {1, 2, 3} }.
elementos pertencentes a A, mas que não pertencem a B,
CONJUNTOS NUMÉRICOS
IN={0, 1, 2, 3, 4, 5,...}
Produto Cartesiano: dados os conjuntos A e B, Um subconjunto importante de IN é o conjunto IN*:
chama-se peoduto cartesiano A com B, ao conjunto AxB, IN*={1, 2, 3, 4, 5,...} o zero foi excluído do conjunto IN.
formado por todos os pares ordenados (x,y), onde x é elemento Podemos considerar o conjunto dos números naturais
de A e y é elemento de B, ou seja ordenados sobre uma reta, como mostra o gráfico abaixo:
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• Conjunto dos números inteiros (Z) Um número irracional bastante conhecido é o número
π=3,1415926535...
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O conjunto IN é subconjunto de Z. • Conjunto dos números reais (IR)
Temos também outros subconjuntos de Z:
Z* = Z-{0} Dados os conjuntos dos números racionais (Q) e dos
Z+ = conjunto dos inteiros não negativos = {0,1,2,3,4,5,...} irracionais, definimos o conjunto dos números reais como:
Z_ = conjunto dos inteiros não positivos = {0,-1,-2,-3,-4,-5,...}
5 3 3
Então : -2, − , − 1, , 1, , por exemplo, são números racionais.
4 5 2 Portanto, os números naturais, inteiros, racionais e
irracionais são todos números reais. Como subconjuntos
Exemplos: importantes de IR temos:
IR* = IR-{0}
−3 −6 −9 IR+ = conjunto dos números reais não negativos
a) − 3 = = = IR_ = conjunto dos números reais não positivos
1 2 3
1 2 3
b) 1 = = = Obs: entre dois números inteiros existem infinitos
1 2 3 números reais. Por exemplo:
• Entre os números 1 e 2 existem infinitos números reais:
Assim, podemos escrever: 1,01 ; 1,001 ; 1,0001 ; 1,1 ; 1,2 ; 1,5 ; 1,99 ; 1,999 ;
1,9999 ...
• Entre os números 5 e 6 existem infinitos números reais:
a 5,01 ; 5,02 ; 5,05 ; 5,1 ; 5,2 ; 5,5 ; 5,99 ; 5,999 ; 5,9999
Q = {x | x = , com a ∈ Z , b ∈ Z e b ≠ 0} ...
b
QUESTÕES DE CONCURSOS
É interessante considerar a representação decimal de um
número racional, que se obtém dividindo a por b.
1) Se um conjunto A possui 1024 subconjuntos, então o
Exemplos referentes aos decimais exatos ou finitos: cardinal de A é igual a:
1 6 7
= 0,333... = 0,857142857142... = 1,1666... a) 5
3 7 6 b) 6
c) 7
Exemplos referentes aos decimais periódicos ou infinitos: d) 9
1 6 7 e) 10
= 0,333... = 0,857142857142... = 1,1666...
3 7 6
Todo decimal exato ou periódico pode ser representada na
forma de número racional.
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de elementos de P(F), ou seja, conjunto das partes do conjunto formado pelos múltiplos estritamente positivos de 5, menores
F, é: do que 40, então o valor de n é:
Í
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a) 2(n + 1) a) 127
b) n + 1 b) 125
c) 2n c) 124
d) 4n d) 120
e) 110
e) 2.2n
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13) Numa pesquisa realizada entre 500 pessoas, 318 gostavam 19) Numa pesquisa , verificou-se que, das pessoas
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de uma mercadoria A, 264 de uma mercadoria B e 112 consultadas, 100 liam o jornal A, 150 liam o jornal B, 20 liam
gostavam das duas mercadorias. Quantos não gostavam da os dois jornais (A e B) e 110 não liam nenhum dos dois jornais.
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mercadoria A e nem da B? Quantas pessoas foram consultadas?
a) 30 a) 320
b) 32 b) 340
c) 35 c) 350
d) 40 d) 360
e) 42 e) 380
a) 18 a) 57
b) 20 b) 59
c) 22 c) 60
d) 24 d) 63
e) 26 e) 70
a) 8 a) 20
b) 10 b) 26
c) 12 c) 30
d) 14 d) 32
e) 16 e) 34
18) Numa cidade existem dois clubes A e B, que têm juntos 24) Numa O.M. Naval há n sargentos. Sabe-se que 56
6000 sócios. O clube A têm 4000 sócios e os dois clubes têm sargentos praticam natação, 21 praticam natação e judô, 106
500 sócios comuns. Quantos sócios têm o clube B? praticam apenas um dos dois esportes e 66 não praticam judô.
O valor de n é:
a) 2300
b) 2400 a) 146
c) 2500 b) 148
d) 2600 c) 152
e) 2740 d) 156
e) 158
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25) Numa pesquisa com marujos, foram feitas as seguintes 31) A e B são conjuntos disjuntos. Se A’ e B’ são conjuntos
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perguntas para que respondessem sim ou não: Gosta de complementares em U (conjunto universo), então o
navegar? Gosta de tirar serviço? Responderam sim à primeira ∪
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complementar de (B – A) (A – A’) em U é:
pergunta 90 marujos; 70 responderam sim à segunda; 25
responderam sim a ambas; e 40 responderam não a ambas. a) A’
Quantos marujos foram entrevistados. b) B’
a) 170 c) (A ∪ B)’
b) 175 d) (A ∩ B)’
c) 180
d) 182 e) A ∩B
e) 186
26) Temos 400 militares numa corporação da Marinha, 32) Sendo A e B dois conjuntos quaisquer, determine x para
constatou-se que: 160 deles são oficiais, 130 são homens e 50 que n(A) = x + 1, n(B) = 3 – x e n(A x B) = 3.
são homens oficiais. O número de militares praças mulheres é:
a) 0 ou 2
a) 150 b) 1 ou 3
b) 155 c) 2 ou 4
c) 160 d) 1 ou 4
d) 168 e) 2 ou 5
e) 170
27) Consultados 500 militares sobre as manobras de guerra a 33) Um treinamento militar era constituído de dois exercícios.
que habitualmente participam obteve-se o seguinte resultado: 300 militares concluíram somente um dos exercícios, 260
280 militares participam da manobra A, 250 participam da concluíram o segundo, 100 militares concluíram os dois e 210
manobra B e 70 participam de outras manobras distintas de A não concluíram o primeiro. Quantos militares fizeram o
e B. O número de militares que participam da manobra A e não treinamento.
participam da manobra B é:
a) 380
a) 170 b) 400
b) 180 c) 430
c) 185 d) 450
d) 190 e) 460
e) 196
28) Uma pesquisa de mercado sobre o consumo de três marcas 34) Quantos elementos nós temos em: ( A − B ) ( B − A)
A, B e C de um determinado produto apresentou os seguintes .
resultados: A 48%, B 45%, C 50%, A e B 18%, A e C 15%, B e
C 25% e nenhuma das três marcas 5%. Qual a porcentagem
dos entrevistados que consomem uma e apenas uma das três
marcas?
a) 57%
b) 58%
c) 60%
d) 61%
e) 62%
29) Numa O.M., 58% dos militares são do sexo masculino. a) 109
Entre os homens, 22% estão na O.M. há mais de cinco anos; b) 198
entre as mulheres, este percentual é de 27%. A porcentagem c) 216
total de militares da O.M. que lá servem há mais de cinco anos d) 262
é de: e) 290
a) 21,8%
b) 22,6%
c) 23,7%
35) Dados os conjuntos A = {1,3, 4, 7,8} ,
d) 24,1%
e) 25,4%
B = {2, 4, 6, 7} e C = {2,3,5, 7,8} , então o conjunto
a) 120 c) {3}
b) 130
c) 135 d) {3,8}
d) 140
e) 150 e) ∅
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afirmar:
Í
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a) {∅} ∈ A
b) {1, 2} ∩ {3,1} ∈ A
c) {1, 2} ⊂ A
d) ∅∈ A
e) {1, 2} ∪ {3,1} ∈ A
a) 22
b) 12
c) 10
d) 8
e) 18
41) Sejam A, B e C três conjuntos não disjuntos. Das figuras
abaixo, aquela cuja região sombreada representa o conjunto
( A ∩ B ) − C é:
38) Dados os conjuntos A = {1,3, 4, 7,8} ,
B = {2, 4, 6, 7} e C = {2,3,5, 7,8} , então o conjunto
B − ( A ∩ C ) é:
a) {1,3,5,8}
b) {2,3, 4, 6,8}
c) {3}
d) {2, 4, 6}
e) ∅
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42) Numa turma de 35 alunos, 27 gostam de futebol, 16 de 47) Num avião temos brasileiros, estrangeiros, fumantes e não
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basquete e 13 gostam dos dois. Quantos não gostam nem de fumantes. O total de passageiros é 50. 32 são brasileiros, 8
futebol e nem de basquete? homens estrangeiros não fumantes, 25 fumantes, 10 mulheres
Í
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brasileiras não fumantes, 2 homens estrangeiros fumantes, 12
a) 5 mulheres brasileiras fumantes, 16 brasileiros fumantes.
b) 6 Determine quantos passageiros não fumantes tem no avião?
c) 7
d) 8 a) 20
e) 9 b) 22
c) 25
d) 28
e) 30
a) 74; 12; 18
45) Consultados 500 militares sobre as manobras e guerra a b) 100; 4; 74
que habitualmente participam obteve-se o seguinte resultado: c) 74; 4; 54
280 militares participam da manobra A, 250 participam da d) 80; 54; 6
manobra B e 70 participam de outras manobras distintas de A e) 100; 2; 30
e B. O número de militares que participam da manobra A e não
participam da manobra B é:
a) 6 a) 670
b) 8 b) 970
c) 9 c) 870
d) 10 d) 610
e) 12 e) 510
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51) Em uma pequena cidade, todos os 200 habitantes 56) (UF – Uberlândia) Num grupo de estudantes, 80% estudam
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masculinos gostam de praticar pelo menos um dos três Inglês, 40% estudam Francês e 10% não estudam nenhuma
esportes: xadrez, futebol e voleibol. Sabe-se que do total: dessas duas línguas. Nesse grupo, a porcentagem de alunos
Í
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- 100 gostam de xadrez que estudam ambas as línguas é:
- 100 gostam de futebol
- 100 gostam de voleibol a) 25%
- 50 gostam de xadrez e futebol b) 50%
- 50 gostam de futebol e voleibol c) 15%
- 20 gostam de xadrez e voleibol d) 33%
Quantos habitantes masculinos gostam de praticar futebol e e) 30%
voleibol e não gostam de praticar xadrez?
a) 22
b) 24
c) 26 57) (VUNESP) Uma população utiliza 3 marcas diferentes de
d) 28 detergente: A, B e C. Feita uma pesquisa de mercado
e) 30 colheram-se os resultados tabelados abaixo:
53) O número de subconjuntos X que satisfazem à equação 58) (UNESP) Numa classe de 30 alunos, 16 alunos gostam de
{1,3,5} ⊂ X ⊂ {1, 2,3, 4,5, 6} é: Matemática e 20 de História. O número de alunos desta classe
que gostam de Matemática e de História é:
a) 8 a) exatamente 16
b) 10 b) exatamente 10
c) 12 c) no máximo 6
d) 16 d) no mínimo 6
e) 64 e) exatamente 18
54) X e Y são dois conjuntos não vazios. O conjunto X possui 59) (AFA) Entrevistando 100 oficiais da AFA, descobriu-se que
64 subconjuntos. O conjunto Y, por sua vez, possui 256 20 deles pilotam a aeronave TUCANO, 40 pilotam o
subconjuntos. Sabe-se, também, que o conjunto Z= X ∩ Y helicóptero ESQUILO e 50 não são pilotos. Dos oficiais
possui 2 elementos. Desse modo, conclui-se que o número de entrevistados, quantos pilotam o TUCANO e o ESQUILO?
elementos do conjunto P= Y − X é igual a: a) 5
b) 10
a) 4 c) 15
b) 6 d) 20
c) 8 e) 25
d) 1
e) vazio
55) (ESAL) Foi consultado um certo número de pessoas sobre 60) Uma prova era constituída de dois problemas. 300 alunos
as emissoras de TV que habitualmente assistem. Obteve-se o acertaram somente um dos problemas, 260 acertaram o
resultado seguinte: 300 pessoas assistem ao canal A, 270 segundo. 100 alunos acertaram os dois e 210 erraram o
pessoas assistem o canal B, das quais 150 assistem ambos os primeiro. Quantos alunos fizeram a prova?
canais A e B e 80 assistem outros canais distintos de A e B. O
número de pessoas consultadas foi: a) 300
b) 350
a) 800 c) 400
b) 720 d) 450
c) 570 e) 500
d) 500
e) 600
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61) (UF VIÇOSA) Dentre 100 leitores dos jornais A e B, 40 lêem 67) (U.F. Ouro Preto) Numa sala de aula com 60 alunos, 11
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o jornal A e 70 lêem o jornal B. O percentual dos leitores que jogam xadrez, 31 são homens ou jogam xadrez e 3 mulheres
leem os jornais A e B é: jogam xadrez. Conclui-se portanto, que:
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a) 10% a) 31 são mulheres
b) 17% b) 29 são homens
c) 28% c) 29 mulheres não jogam xadrez
d) 11% d) 23 homens não jogam xadrez
e) 30% e) 9 homens jogam xadrez
62) (CESGRANRIO) Em uma universidade são lidos dois 68) Feito exame de sangue em um grupo de 200 pessoas,
jornais A e B; exatamente 80% dos alunos leem o jornal A e constatou-se que: 80 delas tem sangue com fator Rh negativo,
60% o jornal B. Sabendo-se que todo aluno é leitor de pelo 65 tem sangue tipo O e 25 tem sangue tipo O com fator Rh
menos um dos jornais, o percentual de alunos que leem ambos negativo. O número de pessoas, com sangue de tipo diferente
é: de O e com fator Rh positivo é:
a) 48% a) 40
b) 60% b) 65
c) 40% c) 80
d) 140% d) 120
e) 80% e) 135
63) Numa escola há n alunos. Sabe-se que 56 lêem o jornal A, QUESTÕES DO CONCURSO QOAM
21 lêem os jornais A e B, 106 lêem apenas um dos dois jornais
e 66 não leem o jornal B. O valor de n é:
1) (QOAM) Para cumprir pelo menos uma de duas missões, A
a) 127 e B, 80% das praças de uma determinada Base Naval se
b) 137 apresentaram como voluntários. Se 60% desses voluntários
c) 158 querem cumprir a missão A e 55% desses voluntários querem
d) 183 cumprir a missão B, qual é o percentual das praças da referida
e) 249 Base Naval que são voluntários para ambas as missões A e
B?
a) 15%
64) (AFA) Em um grupo de n cadetes da Aeronáutica, 17 b) 12%
nadam, 19 jogam basquetebol, 21 jogam voleibol, 5 nadam e c) 10%
jogam basquetebol, 2 nadam e jogam voleibol, 5 jogam d) 8%
basquetebol e voleibol e 2 fazem os três esportes. Qual o valor e) 6%
de n, sabendo-se que todos os cadetes desse grupo praticam
pelo menos um desses esportes?
a) 31
b) 37
c) 47
d) 51 2) (QOAM - 2006) De um certo grupo de 180 Oficiais da
e) 60 Marinha do Brasil, 122 pertencem ao conjunto T dos Tenentes,
108 pertencem ao conjunto A de Oficiais da Armada e 75
pertencem aos dois conjuntos. Quantos são os Oficiais desse
65) (UF Pará) Uma escola tem 20 professores, dos quais 10 grupo que não pertencem ao conjunto T nem ao conjunto A?
ensinam Matemática, 9 ensinam Física, 7 Química e 4 ensinam
Matemática e Física. Nenhum deles ensina Matemática e a) 155
Química. Quantos professores ensinam Química e Física e b) 100
quantos ensinam somente Física? c) 75
d) 55
a) 3 e 2 e) 25
b) 2 e 5
c) 2 e 3
d) 5 e 2
e) 3 e 4
3) (QOAM – 2007) Sejam P e Q conjuntos que possuem um
único elemento em comum. Se o número de subconjuntos de
66) Numa sociedade, existem 35 homens (que usam óculos ou P é igual ao dobro do número de subconjuntos de Q, o número
não), 18 pessoas que usam óculos, 15 mulheres que não usam de elementos do conjunto P ∪ Q é o:
óculos e 7 homens que usam óculos. O número de pessoas
que são homens ou usam óculos é: a) Triplo do número de elementos de P
b) Triplo do número de elementos de Q
a) 42 c) Quádruplo do número de elementos de P
b) 46 d) Dobro do número de elementos de P
c) 50 e) Dobro do número de elementos de Q
d) 54
e) 61
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4) (QOAM - 2008) A e B são subconjuntos de U. Se A’ e B’ são 8) (QOAM – 2012) Um homem programou um passeio de
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os seus respectivos complementares em U, então barco com seus netos, num domingo de verão, por ilhas
( A ∩ B ) ∪ ( A ∩ B ') é igual a: secundárias da Baía de Guanabara. Ele selecionou, dentre as
Í
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muitas existentes, algumas ilhas que foram listadas formando
o seguinte conjunto: I = (Ilha das Enxadas, Ilha da Conceição,
a) A’ Ilha de Brocoió, Ilha do Sol, Ilha do Pinheiro). O objetivo do
b) B’ passeio era visitar o maior número de ilhas possível do
c) A conjunto I, porém, dependendo de fatores climáticos, isso
d) B podia não acontecer. O homem, então organizou um número
e) A’ – B’ de roteiros levando em conta a possibilidade de visitação a
cinco ilhas, quatro ilhas, três ilhas, duas ilhas e apenas a uma
ilha, pois decidiu que, mesmo com tempo ruim, ao menos a
5) (QOAM – 2009) Dados os conjuntos uma ilha, ele levaria os netos convidados.
{1, 2,3, 4,5,, 6, 7,8,9,10} ,
A∪ B ∪C =
Considerando os dados e que a ordem de visitação às ilhas
não diferencia os roteiros, quantos roteiros, foram
{2,3,8} ,
A∩ B = {2, 7} ,
A∩C =
organizados?
c) {5, 7,8}
9) (QOAM – 2014) Sejam A e B conjuntos não vazios tais que
d) {5, 7,9} n(A – B) = 3 e n(A) = k, logo o total de subconjuntos não vazios
A ∩ B é igual a:
e) {8,9,10}
de
a) 2 k −3
6) (QOAM - 2010) Um banco promoveu uma seleção de b) 2 k −3 − 1
pessoal para o quadro de estagiários. Exigia-se que os c) 2k −1
candidatos fossem estudantes universitários. Concluída a
seleção, foi feito um levantamento sobre as carreiras que os d) 2k −1 − 1
estagiários selecionados estavam cursando. O levantamento e) 2k − 1
apontou que:
I. 60% dos selecionados cursavam Economia ou Administração
de Empresas;
II. 30% dos selecionados cursavam Administração de
Empresas; 10) (QOAM – 2015) Seja N o número total de maneiras de
III. 25% dos selecionados que cursavam Economia também escolher pelo menos um brinquedo, de um total de 7 distintos,
cursavam Administração de Empresas. existentes em um parque de diversões. Pode-se afirmar que N
é um número natural:
De acordo com as informações apresentadas acima, é correto
afirmar que a porcentagem de selecionados que cursavam a) par, formado por dois algarismos.
Economia é igual a: b) ímpar, formado por dois algarismos.
a) 10% c) ímpar, formado por três algarismos.
b) 30% d) par, formado por três algarismos.
c) 37,5% e) ímpar, formado por um algarismo.
d) 40%
e) 55%
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12) (QOAM – 2017) Considere o conjunto dos números naturais A relação acima não é uma função, pois existe o elemento 1
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Í
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Se o símbolo # representa a quantidade de elementos de um
conjunto, é correto afirmar que:
a)
b)
c)
d)
e)
A relação acima também não é uma função, pois existe o
elemento 4 no conjunto A, que está associado a mais de um
elemento do conjunto B.
GABARITO - QUESTÕES DE CONCURSOS :
Agora preste atenção no próximo exemplo:
1 E 2 D 3 E 4 B 5 D
6 B 7 E 8 A 9 E 10 A
11 D 12 A 13 A 14 B 15 E
16 A 17 B 18 C 19 B 20 C
21 B 22 E 23 A 24 E 25 B
26 C 27 B 28 A 29 D 30 E
31 C 32 A 33 D 34 D 35 D
36 D 37 D 38 D 39 A 40 C
41 A 42 A 43 A 44 B 45 C A relação acima é uma função, pois todo elemento do conjunto
46 B 47 C 48 A 49 C 50 D A, está associado a somente um elemento do conjunto B.
51 E 52 E 53 A 54 B 55 D
56 E 57 D 58 D 59 B 60 D
61 A 62 C 63 C 64 C 65 C
66 B 67 C 68 C
DOMÍNIO E IMAGEM DE UMA FUNÇÃO:
O domínio de uma função é sempre o próprio conjunto de
GABARITO - QUESTÕES DE CONCURSOS QOAM: partida, ou seja, D=A. Se um elemento x ∈ A estiver associado
a um elemento y ∈ B, dizemos que y é a imagem de x (indica-
1 B 2 E 3 E 4 C 5 A
se y=f(x) e lê-se “y é igual a f de x”).
6 D 7 E 8 D 9 B 10 C
Exemplo: se f é uma função de IN em IN (isto significa que o
11 E 12 A domínio e o contradomínio são os números naturais) definida
por y=x+2. Então temos que:
3) FUNÇÕES • A imagem de 1 através de f é 3, ou seja, f(1)=1+2=3;
• A imagem de 2 através de f é 4, ou seja, f(2)=2+2=4;
O conceito de função é um dos mais importantes em toda a
matemática. O conceito básico de função é o seguinte: toda vez De modo geral, a imagem de x através de f é x+2, ou seja:
que temos dois conjuntos e algum tipo de associação entre f(x)=x+2.
eles, que faça corresponder a todo elemento do primeiro Numa função f de A em B, os elementos de B que são imagens
conjunto um único elemento do segundo, ocorre uma função. dos elementos de A através da aplicação de f formam o
O uso de funções pode ser encontrado em diversos assuntos. conjunto imagem de f.
Por exemplo, na tabela de preços de uma loja, a cada produto
corresponde um determinado preço. Outro exemplo seria o Com base nos diagramas acima, concluímos que existem 2
preço a ser pago numa conta de luz, que depende da condições para uma relação f seja uma função:
quantidade de energia consumida.
Observe, por exemplo, o diagrama das relações abaixo:
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Observações:
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• A variável x é chamada variável independente e a
variável y, variável dependente, pois para obter o valor
de y dependemos de um valor de x.
• Uma função f fica definida quando são dados seu domínio
(conjunto A), seu contradomínio (conjunto B) e a lei de
associação y=f(x).
Identificamos os pontos encontrados no plano cartesiano:
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CLASSIFICAÇÃO DE FUNÇÕES
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As funções possuem algumas propriedades que as
caracterizam f : A→B.
Função sobrejetora
Função injetora
Função bijetora
Função inversa
FUNÇÃO COMPOSTA
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(x+5)/3.
Definição
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Temos:
Veja alguns exemplos de funções polinomiais do 1º grau:
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f(x) = 5x - 3, onde a = 5 e b = - 3
Í
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f(x) = -2x - 7, onde a = -2 e b = - 7 f(x) = 0 ax + b = 0
f(x) = 11x, onde a = 11 e b = 0
x y
0 -1 Notemos que, quando aumentos o valor de x, os
correspondentes
valores de y também aumentam. Dizemos, então que a
0 função y = 3x - 1 é crescente.
Observamos novamente seu gráfico:
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a função do 1º grau f(x) = ax + b é crescente quando o
coeficiente de x é positivo (a > 0);
a função do 1º grau f(x) = ax + b é decrescente quando o
coeficiente de x é negativo (a < 0);
Justificativa:
• para a > 0: se x1 < x2, então ax1 < ax2. Daí, ax1 + b < ax2 + b, de
onde vem f(x1) < f(x2).
• para a < 0: se x1 < x2, então ax1 > ax2. Daí, ax1 + b > ax2 + b, de
onde vem f(x1) > f(x2).
Sinal
Gráfico
Exemplo:
2º) a < 0 (a função é decrescente)
Vamos construir o gráfico da função y = x2 + x:
Primeiro atribuímos a x alguns valores, depois calculamos o
valor correspondente de y e, em seguida, ligamos os pontos
y>0 ax + b > 0 x< assim obtidos.
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x y
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-3 6 Quando a > 0, a parábola tem concavidade voltada para
cima e um ponto de mínimo V; quando a < 0, a parábola tem
-2 2 concavidade voltada para baixo e um ponto de máximo V.
-1 0
0 0
1 2
2 6
Observação:
Temos:
Observação
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1ª - quando a > 0,
Construção da Parábola
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É possível construir o gráfico de uma função do 2º grau sem
montar a tabela de pares (x, y), mas seguindo apenas o roteiro
de observação seguinte:
Sinal
1º - >0
Nesse caso a função quadrática admite dois zeros reais
distintos (x1 x2). a parábola intercepta o eixo Ox em dois
2ª quando a < 0, pontos e o sinal da função é o indicado nos gráficos abaixo:
a<0
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y>0 (x < x1 ou x > x2)
y<0 x1 < x < x2
quando a <
0
quando a < 0
2º - =0 3º - <0
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3x-1=10,
de onde x=-1/7.
FUNÇÃO EXPONENCIAL
a = a ⇒ m = n (a ≠ 1 e a > 0)
m n
EXERCÍCIOS RESOLVIDOS:
1) 3x=81
Resolução: Como 81=34, podemos escrever 3x = 34
E daí, x=4.
2) 9x = 1
Resolução: 9x = 1 ⇒ 9x = 90 ; logo x=0.
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A função f:IR+IR definida por f(x)=logax, com a≠1 e a>0, é
chamada função logarítmica de base a. O domínio dessa
x -2 -1 0 1 2 função é o conjunto IR+ (reais positivos, maiores que zero) e o
y 4 2 1 1/2 1/4 contradomínio é IR (reais).
x 1/ 1/2 1 2 4
4
y -2 -1 0 1 2
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1) log3(x+5) = 2
d) o gráfico nunca intercepta o eixo vertical;
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e) o gráfico corta o eixo horizontal no ponto (1,0). A raiz da Resolução: condição de existência: x+5>0 => x>-5
função é x=1; log3(x+5) = 2 => x+5 = 32 => x=9-5 => x=4
f) y assume todos os valores reais, portanto o conjunto Como x=4 satisfaz a condição de existência, então o
imagem é Im=IR. conjunto solução é S={4}.
Além disso, podemos estabelecer o seguinte: 2) log2(log4 x) = 1
1) a>1 Resolução: condição de existência: x>0 e log4x>0
log2(log4 x) = 1 ; sabemos que 1 = log2(2), então
log2(log4x) = log2(2) => log4x = 2 => 42 = x => x=16
Como x=16 satisfaz as condições de existência, então o
conjunto solução é S={16}.
3) Resolva o sistema:
log x + log y = 7
3. log x − 2. log y = 1
a) -5
b) -4
c) 0
d) 4
e) 5
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4) (INFO) Sendo f e g duas funções tais que: f(x) = ax + b e g(x) 10) A função f é definida por f(x) = ax + b. Sabe-se que f(-1) =
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a) b(1 - c) = d(1 - a) a) 2
b) a(1 - b) = d(1 - c) b) -2
c) ab = cd c) 0
d) ad = bc d) 3
e) a = bc e) -3
5) (INFO) O conjunto imagem da função y = 1 / (x - 1) é o 11) 24) A função f, definida por f(x) = - 3x + m, está
conjunto: representada abaixo:
a) R - { 1 }
b) [0,2]
c) R - {0}
d) [0,2)
e) (-1 ,2]
a) -1/3
b) 1/3
c) 0
d) 1 f (1)
e) -1 O valor da razão é:
f (3)
a) – 3/2
b) – 1/2
c) 1/2
8) Sendo f e g duas funções tais que fog(x) = 2x + 1 e g(x) = 2 d) 3/2
- x então f(x) é: e) 5
a) 2 - 2x
b) 3 - 3x
c) 2x - 5
d) 5 - 2x
e) uma função par. 13) Seja uma função f do 1º Grau. Se f(-1) = 3 e f(1) = 1,
então o valor de f(3) é:
a) - 1
b) - 3
9) (PUC-RS) Seja a função definida por f(x) = (2x - 3) / 5x. O c) 0
elemento do domínio de f que tem -2/5 como imagem é: d) 2
e) 3
a) 0
b) 2/5
c) -3
d) 3/4
e) 4/3
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a) 5/4
b) 3/2 e
c) 1/2
d) 3/4 a) a = 2 e b = 1
e) 5/2 b) a = 3 e b = 2
c) a = 3 e b = 1
d) a = 1 e b = 2
e) a = - 2 e b = 3
a) 15n + 1
b) 14n – 1
c) 3n – 2 22) O lucro de uma empresa é dado por uma lei
d) 15n – 15 em que x é a quantidade vendida (em
e) 14n – 2 milhares de unidades) e L é o lucro (em Reais). Qual o valor
do lucro máximo, em reais?
a) 7200
b) 7600
c) 8000
17) Os valores de k de modo que o valor mínimo da função f(x) d) 8400
= x² + (2k – 1)x + 1 seja – 3 são: e) 9000
a) 5/2 e – 3/2
b) 2/3 e 1/2
c) 3/2 e – 2
d) 1/3 e 3
e) 2/3 e 4
23) Seja a função f: R -> R, definida por ,
calcule .
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a)
25) (Mackenzie – SP) As funções f(x) = 3–4x e g(x) = 3x+m
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são tais que f(g(x)) = g(f(x)), qualquer que seja x real. O valor
de m é:
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a) 9/4
b) 5/4
c) – 6/5
d) 9/5
e) – 2/3
a) 6
b) 8
c) 2
d) 1
e) 4
a) √x² + 1
b) x+1 c)
c) √x² + 1
d) √x²
e) x² + 1
d)
e) N.R.A
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29) (Ufes) A função cujo gráfico está representado na figura 1 31) (UEL) Sendo a função definida por
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O gráfico de sua inversa é: f é:
32) (UFV) Seja f a função real tal que f(2x – 9) = x para todo
x real. A igualdade se verifica para c igual a:
a) 9
b) 1
c) 5
d) 3
e) 7
a) 750 + 2,5x
b) 750 + 0,25x
c) 750,25x
d) 750.(0,25x)
e) 750 + 0,025x
a) 18
b) 20
c) 22
d) 25
e) 30
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36) (UFSM –2005) Sabe-se que o preço a ser pago por uma 42) Um táxi começa uma corrida com o taxímetro marcando
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corrida de taxi inclui uma parcela fixa, que é denominada R$ 4,00. Cada quilômetro rodado custa R$1,50. Se ao final de
bandeirada, e uma parcela variável, que é função da distância uma corrida, o passageiro pagou R$ 37,00, a quantidade de
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percorrida. Se o preço da bandeirada é de R$ 4,60 e o quilômetros percorridos foi:
quilômetro rodado é R$ 0,96, a distância percorrida pelo
passageiro que pagou R$ 19,00 para ir de sua casa ao a) 26
shopping, é de: b) 11
c) 33
a) 5 km d) 22
b) 10 km e) 32
c) 15 km
d) 20 km
e) 25 km
43) (Enem – 2017) A igreja de São Francisco de Assis, obra
arquitetônica modernista de Oscar Niemeyer, localizada na
Lagoa da Pampulha, em Belo Horizonte, possui abóbadas
37) (UFLAVRAS –2000 alterada) Em relação à função f(x) = 3x parabólicas. A seta na Figura 1 ilustra uma das abóbadas na
+ 2, assinale a alternativa INCORRETA: entrada principal da capela. A figura 2 fornece uma vista frontal
desta abóbada, com medidas hipotéticas para simplificar os
a) f(4)-f(2) = 6 cálculos.
b) O gráfico da f(x) é uma reta
c) O gráfico de f(x) corta o eixo y no ponto (0,2);
d) f(x) é uma função crescente
e) a raíz da função é -3/2
a) R$ 62,50
b) R$ 50,50
c) R$ 74,50
d) R$ 78,50
Qual a medida da altura H, em metro, indicada na Figura 2?
e) R$ 87,50
a) 16/3
b) 31/5
39) (UFPI) A função real de variável real, definida por f (x) = (3 c) 25/4
– 2a).x + 2, é crescente quando: d) 25/3
e) 75/2
a) a > 0
b) a < 3/2
c) a = 3/2 44) (UNESP – 2017) Uma função quadrática f é dada por f(x)
d) a > 3/2 = x2 + bx + c, com b e c reais. Se f(1) = –1 e f(2) – f(3) = 1, o
e) a < 3 menor valor que f(x) pode assumir, quando x varia no conjunto
dos números reais, é igual a
a) –12.
b) –6.
40) (FGV) O gráfico da função f (x) = mx + n passa pelos pontos c) –10.
(– 1, 3) e (2, 7). O valor de m é:
d) –5.
e) –9.
a) 5/3
b) 4/3
c) 1
d) 3/4 45) (UERJ – 2016) Observe a função f, definida por:
e) 3/5
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46) (UFSM – 2015) A água é essencial para a vida e está 49) (UfSCar–SP) Uma bola, ao ser chutada num tiro de meta
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presente na constituição de todos os alimentos. Em regiões por um goleiro, numa partida de futebol, teve sua trajetória
com escassez de água, é comum a utilização de cisternas para descrita pela equação h(t) = – 2t² + 8t (t ≥ 0) , onde t é o tempo
Í
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a captação e armazenamento da água da chuva. Ao esvaziar medido em segundo e h(t) é a altura em metros da bola no
um tanque contendo água da chuva, a expressão instante t. Determine, após o chute:
47) (Enem – 2013) A parte interior de uma taça foi gerada pela
rotação de uma parábola em torno de um eixo z, conforme
mostra a figura. 50) O esboço do gráfico quadrática y = 2x² - 8x + 6 é:
a)
b)
a) 1.
b) 2.
c) 4.
d) 5. d)
e) 6.
– 4x – 5. e) N.R.A
a) 2 e 3
b) 0 e 2
c) – 1 e 5
d) – 2 e 6
e) – 2 e 7
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51) Qual a parábola abaixo que poderia representar uma 53) Chutando-se uma bola para cima, notou-se que ela
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função quadrática com um . descrevia a função quadrática h(x) = 48x – 8x², onde h é a
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altura em metros e x o tempo em segundos depois do
a) lançamento. Qual será a altura máxima atingida pela bola?
a) 68 m
b) 72 m
c) 76 m
d) 78 m
e) 80 m
b)
c) a) 16 m
b) 18 m
c) 20 m
d) 22 m
e) 24 m
a) 16 m
b) 18 m
e) N.R.A c) 20 m
d) 22 m
e) 24 m
52) O esboço do gráfico da função y = - x² + 1 é:
a)
56) Sabendo que 3x − 32− x =
8 , calcule o valor de
(15 − x ) 2
a) 9
b) 10
c) 11
d) 12
b) e) 15
x−2
1
( )
x
57) A solução da equação = 27 pertence
81
c) ao intervalo:
a) ]0,1[
b) ]1, 2[
c) ]2,3[
d)
d) ]3, 4[
e) ]−3, 4[
e) N.R.A
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58) (Mack – SP) Dadas as funções f(x) = 2 x² – 4 e g(x) = 4 x² 64) (UNIT-SE). Uma determinada máquina industrial se
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– 2x
, se x satisfaz f(x) = g(x), então 2x é: deprecia de tal forma que seu valor, t anos após a sua compra,
é dado pela lei abaixo, onde k é uma constante real. Se, após
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a) ¼ 10 anos, a máquina estiver valendo R$ 12 000,00, determine
b) 1 o valor que ela foi comprada.
c) 8
d) 4
e) ½
a) 48000
59) Na função exponencial a seguir, calcule o valor de k. b) 48500
Considere uma função crescente. c) 64000
g(x) = (3k + 16)x d) 45900
e) 84000
a) k > - 5
b) k > - 2
c) k > 0
d) k < 3
e) k < 2 65) (UESPI 2007) Um botânico, após registrar o crescimento
diário de uma planta, verificou que o mesmo se dava de acordo
com a função abaixo, com t representando o número de dias
contados a partir do primeiro registro e f(t) a altura (em cm) da
planta no dia t. Nessas condições, é correto afirmar que o
tempo necessário para que essa planta atinja a altura de 88,18
60) Considerando que f(x) = 49x, determine o valor de f(1,5). centímetros é:
a) 81
b) 246 a) 30 dias.
c) 343 b) 40 dias.
d) 364 c) 46 dias.
e) 385 d) 50 dias.
e) 55 dias.
61) (UEMA) Seja f(x) = 3x-4 + 3x-3 + 3x-2 + 3x-1. O valor de x para 66) (U. E. FEIRA DE SANTANA - BA) O produto das
que se tenha f(x) = 40 é: soluções da equação (43 - x)2 - x = 1 é:
a) 0 a) 0
b) -2 b) 1
c) 1 c) 4
d) 4 d) 5
e) 3 e) 6
a) 7.416,00 a) 2 horas
b) 3.819,24 b) 3 horas
c) 3.709,62 c) 4 horas
d) 3.708,00 d) 5 horas
e) 1909,62 e) 6 horas
, definidas por
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4
a) – 3/2
b) – 1 , respectivamente. O valor de
c) 0
é:
d) 2
e) 13/2
a) 0
b) 1
c) 2
70) Se log 2 2 512 = x , então x vale: d) 3
e) 4
a) 6
b) 3/2
c) 9
d) 3
e) 2/3 76) Seja uma função f:*+ R → R, definida por
, calcule f(2) e f(6).
a)
b)
c)
d)
e)
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mostrada na figura adiante, é:
a)
b)
c)
a) 2
b) 4
c) 6 d)
d) 8
e) 10
e)
a) 10
b) 2
c) 1
d) 1/2
e) – 2
a) n < - 1
b) n > 3
c) – 1 < n < 0
d) 0 < n < 1
e) n > 2
84) (PucRS) Um aluno do Ensino Médio deve resolver a 88) O altímetro é o instrumento usado para medir alturas ou
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resultado seja obtido em um único passo, e aproxime-se o mais atmosférica e apresenta-a como altitude.
possível do valor procurado, sua calculadora deverá possuir a
Suponha que a altitude h acima do nível do mar, em
tecla que indique a aplicação da função f definida por: quilômetros, detectada pelo altímetro de um avião seja dada
em função da pressão atmosférica p , em atm, por
A(p) = 20 ⋅ logp -1 .
Num determinado instante, a pressão atmosférica medida pelo
altímetro era 0,8 atm. Considerando a aproximação
log2 = 0,3 , qual a altitude h do avião nesse instante, em
quilômetros?
a) 1 km
b) 2 km
85) (UERJ) O número, em centenas de indivíduos, de um c) 3km
determinado grupo de animais, x dias após a liberação de um d) 4 km
predador no seu ambiente, é expresso pela seguinte função: e) 5 km
a) 3
b) 4
c) 300
d) 400
e) 500
a) f ( x ) = log 5 x
b) f ( x ) = log 2 x
c) f ( x ) = log 4 x
87) (FIC / FACEM) A produção de uma indústria vem
diminuindo ano a ano. Num certo ano, ela produziu mil d) f ( x ) = log 1 x
unidades de seu principal produto. A partir daí, a produção 5
anual passou a seguir a lei y = 1000.(0,9)x. O número de
unidades produzidas no segundo ano desse período recessivo e) f ( x ) = log 1 x
foi de: 2
a) 900
b) 1000
c) 180
d) 810
e) 90
90) O altímetro dos aviões é um instrumento que mede a 93) (QOAM – 2021) Sabendo que log12 27 = a , calcule
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e assinale a opção correta.
quilômetros, detectada pelo altímetro de um avião seja dada,
em função da pressão atmosférica p, em atm, por
3+ a
1 a)
h( p ) = 20 ⋅ log10 6−a
p
Num determinado instante, a pressão atmosférica medida 8 + 4a
b)
pelo altímetro era 0,4 atm. Considerando a 3+ a
aproximação log10 2 = 0,3 , a altitude do avião nesse 8−a
instante, em quilômetros, era de: c)
6+a
a) 5
b) 8 12 − 4a
d)
c) 9
d) 11
3+ a
e) 12 3− a
e)
6+a
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I
F
A
A
E
R
G
O
G
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5.3.8 - A indústria na era da globalização
No pós-guerra, os diversos avanços tecnológicos e a internacionalização da economia iniciaram a fase da Terceira
Revolução Industrial, Tecnológica ou Informacional.
Nas últimas décadas do século XX ocorreram também modificações na forma de produzir. O modelo fordista/taylorista
foi substituído pelo modelo toyotista. A capacidade de adaptação ou de flexibilização na produção (modelo toyotista) passou a
ser mais valorizada do que as divisões rígidas na produção (fordismo/taylorismo). A produção e os produtos fabricados tornaram-
se cada vez mais complexos, impondo a necessidade de integrar indústrias e laboratórios de pesquisa, o que levou a tecnologia
a ocupar um lugar cada vez mais importante na produção industrial.
Outra transformação significativa foi a criação e a ampliação da indústria de ponta, com a utilização de máquinas de
ajuste flexível, que permitem modificações rápidas no processo produtivo. Essas indústrias dependem de inovações constantes
e, portanto, de investimentos em pesquisas científicas e tecnológicas.
Beneficiando-se do progresso
nos transportes e nas comunicações, a
produção industrial espalhou-se por
vários continentes, permitindo separar
a concepção e a execução do produto.
Com a globalização, a
indústria deixou de ter o espaço local
e regional como base, ultrapassando
as fronteiras nacionais. Componentes
de um produto podem ter origem em
países diferentes, pois as corporações
aproveitam as vantagens
comparativas das economias
nacionais. Qualquer desvantagem
pode acarretar a troca do fornecedor
ou mesmo a transferência de unidades
produtoras inteiras.
Estabeleceu-se uma nova
divisão de trabalho, a partir de uma
divisão territorial de indústrias. As
indústrias de ponta concentram-se nos
países centrais ou desenvolvidos. As
economias de maior avanço
tecnológico investem em novos
produtos e investem na
comercialização mundial por meio de
estratégias de marketing (estudo dos
mercados). Atuam no cotidiano das
pessoas, articulando continentes
inteiros com os mesmos produtos e as
mesmas imagens. Atualmente, esse
tipo de indústria é em parte
responsável pela preponderância de
um país sobre outro.
5.4 - Desemprego
Se, por um lado, as inovações tecnológicas introduzidas nas indústrias aumentaram a produtividade, por outro lado,
reduziram os empregos, o que implica sérias questões sociais.
Enquanto os empregos, juntamente com as fábricas, foram transferidos para os países subdesenvolvidos, nos países
centrais parte da mão-de-obra passou a ser ocupada pelo setor terciário.
Lembre-se que as atividades econômicas geralmente são classificadas em três setores:
• setor primário – compreende a agricultura, a pecuária, a caça e o extrativismo;
• setor secundário – é composto pelas atividades industriais, em qualquer nível tecnológico;
• setor terciário ou de prestação de serviços – abrange o comércio, setor financeiro, setor público, educação, transportes, em
suma todas as atividades que normalmente ocorrem em áreas urbanas, com exceção das indústrias. Esse setor complementa os
dois primeiros, pois permite ou induz ao consumo de produtos e exerce papel fundamental na produtividade.
Atualmente, com o atual estágio tecnocientífico, tende-se a redividir os setores de atividade econômica em quatro,
incluindo o setor quaternário, que abrange a pesquisa de alto nível (biotecnológica, robótica, aeroespacial etc.).
Assim, as inovações tecnológicas do passado acabaram com alguns postos de trabalho, mas deram origem a outros, em
novos setores da economia.
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Atualmente, as inovações tecnológicas têm provocado não só aumento de produtividade, mas também desemprego em
Í
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todos os grupos de países. Isso ocorre até mesmo no setor terciário, uma vez que a tecnologia da informação invade o setor de
serviços, automatizando bancos, telecomunicações, escritórios, comércio etc. Os computadores, além de diminuir a participação
humana, permitem produção programada e variada; a robotização reduz os custos na produção e permite realizar atividades que
envolvem riscos de segurança ou ocorrem em lugares de difícil acesso ao ser humano, como dutos ou o fundo do mar (instalação
de equipamentos).
Esse processo provoca o desemprego estrutural, que afasta do mercado de trabalho grande massa de população durante
períodos mais ou menos prolongados, atingindo principalmente jovens (dificuldade de acesso ao primeiro emprego) e
trabalhadores de pouca qualificação técnica.
No centro da ilha foram construídas usinas siderúrgicas, o que viabilizou a produção de locomotivas e navios movidos a
vapor. As indústrias de material ferroviário e naval localizavam-se em torno das siderúrgicas, que, por sua vez, estavam perto do
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carvão, o qual também atraiu a indústria têxtil. Isso explica o grande dinamismo das regiões carboníferas britânicas durante a
Í
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Primeira Revolução Industrial. Porém, as mudanças futuras no padrão tecnológico e energético levaram as “regiões negras” e
suas indústrias pioneiras à decadência.
Outro fator essencial de atração das indústrias foi a existência de portos marítimos e fluviais. Muitas cidades portuárias
desenvolveram um importante parque industrial, como Liverpool, Glasgow e principalmente a capital, Londres. O maior centro
industrial no Reino Unido sempre foi a região metropolitana da capital, em razão de seu poder de polarização sobre o território
britânico (nacional e colonial). Inicialmente, as indústrias menos dependentes de matérias-primas aí se localizaram por causa da
disponibilidade de mão de obra, de mercado consumidor e de rede de transportes. Durante a Primeira Revolução Industrial,
Londres, que já era o maior porto e centro comercial e financeiro britânico, tornou-se também o maior entroncamento ferroviário,
aumentando sua capacidade de polarização.
Posteriormente, na Segunda Revolução Industrial, muitas indústrias que não dependiam do carvão - automobilísticas,
aeronáuticas, químicas, elétricas, mecânicas, farmacêuticas etc. - foram se instalando em torno da metrópole, ampliando sua
importância. A partir daí, essa região metropolitana se converteu no maior entroncamento rodoviário do país e numa das maiores
confluências de rotas aéreas do mundo. Esses fatores explicam o fato de Londres ter se transformado numa das mais importantes
cidades globais da atualidade.
Por sua posição estratégica, outra cidade que se beneficiou bastante dessa nova tendência foi Birmingham, que, depois de
Londres, era o principal centro industrial britânico, polarizando uma série de cidades e com um parque industrial bastante
diversificado.
No contexto da atual revolução tecnológica, a reorganização das indústrias britânicas atinge o país de forma bastante
desigual: setorial e regionalmente. Há setores que entraram em decadência, como a indústria têxtil, a siderúrgica e a naval,
outrora as maiores do mundo e associadas às antigas bacias carboníferas. Mas há setores bastante dinâmicos, como o de material
bélico, o aeronáutico, o automobilístico, o químico-farmacêutico, o petroquímico (graças ao petróleo explorado no mar do Norte)
e o de biotecnologia. Essas novas e modernas indústrias em geral estão localizadas nas pequenas cidades do centro-sul da
Inglaterra, onde se destaca o importante parque tecnológico de Cambridge, com suas empresas de alta tecnologia.
Cambridge é uma antiga cidade universitária, localizada a cerca de 80 quilômetros a noroeste de Londres. Em torno da
Universidade de Cambridge começou a ser implantado, na década de 1970, um parque tecnológico concentrando empresas de
setores típicos da Terceira Revolução Industrial, como os de informática e biotecnologia, entre outros.
A cidade contou com fatores muito semelhantes aos do Vale do Silício (Estados Unidos): centros de pesquisa de renome,
mão de obra com alto nível de qualificação, disponibilidade de capitais de risco e desenvolvimento de empresas inovadoras. Há
outros polos de alta tecnologia no Reino Unido, como na região oeste de Londres, conhecida como Corredor Oeste ou Corredor
M4. Observe no mapa da página anterior a distribuição das principais indústrias no Reino Unido. A produção de carvão no Reino
Unido caiu sensivelmente (a maioria das minas se esgotou) e seu consumo foi substituído por gás natural, petróleo e eletricidade.
Embora o país seja produtor de petróleo, sua produção (1,1 milhão de barris/dia em 2011, vigésimo produtor mundial) não é
suficiente para abastecer o consumo interno, havendo necessidade de importação, sobretudo da Noruega. O país também é
importador de gás natural, combustível cujo consumo foi o que mais aumentou no país, especialmente para a produção de
eletricidade em termelétricas. Cresceu também a produção de energia em usinas termonucleares.
Nas regiões carboníferas, são visíveis a desindustrialização, o desemprego e o empobrecimento, principalmente no centro
da Grã-Bretanha, em cidades como Liverpool, Manchester e Sheffield. Desde a década de 1970, com o fechamento de diversas
fábricas, essa região converteu-se em zona de repulsão populacional. O empobrecimento de parte da população britânica
aumentou nos anos 1980, época em que também ocorreu maior concentração de renda nas mãos de sua elite, em prejuízo do
restante da sociedade. Essa situação resultou da perda de competitividade do país diante do aumento da concorrência em uma
economia globalizada.
O Reino Unido enfrentava, de um lado, a concorrência de economias mais competitivas, ancoradas em sistemas de
produção flexível como a japonesa e a coreana, e, de outro, economias emergentes, ancoradas em mão de obra barata, como a
China, a Índia e outros países asiáticos. A gestão da primeira-ministra Margaret Tatcher (1979-1990), do Partido Conservador,
foi marcada por políticas neoliberais que visavam reduzir o papel do Estado na economia e aumentar a competitividade das
empresas britânicas.
Nesse processo muitas empresas estatais foram privatizadas, entre as quais a BP – British Petroleum (petrolífera). Essas
privatizações reduziram a contribuição das estatais para o PIB britânico de 9%, em 1979, para 3,5%, em 1990. A BP é a maior
corporação do Reino Unido e a quarta do mundo (é a terceira no setor de petróleo), de acordo com a Fortune Global 500 2012.
Entre as grandes corporações britânicas, ainda se destacam a Vodafone (telecomunicações), Rio Tinto (mineração), a BAE
Systems (aeroespacial e material bélico), a GlaxoSmithKline e Astra Zeneca (farmacêuticas), todas entre as quinhentas maiores
empresas do mundo.
A implantação de políticas neoliberais teve como efeitos colaterais o enfraquecimento do estado de bem-estar e, durante
o governo Thatcher, o aumento da concentração de renda. No fim dos anos 1990, como mostra a tabela a seguir, apesar de ter
havido um pequeno aumento da participação dos estratos mais pobres na distribuição da renda, a participação dos 10% mais
ricos continuou aumentando, em detrimento da classe média.
A política econômica do governo Tatcher atingiu seus objetivos: reduziu o papel do Estado na economia, o deficit público
e os custos de produção das empresas e aumentou a competitividade britânica no mundo globalizado, tanto que de modo geral
foi mantida por seus sucessores, mesmo os do Partido Trabalhista. Entretanto, para isso houve um custo social e a consequente
redução de conquistas trabalhistas, o que levou a enfrentamentos com os sindicatos de várias categorias, especialmente os do
setor de mineração, cuja greve durou um ano. O governo venceu essa queda de braço e, com o tempo, diversas minas foram
fechadas.
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A partir dessa greve emblemática, pois atingiu um setor outrora estratégico no país, os sindicatos em geral se
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enfraqueceram. O gráfico ao lado mostra que, alguns anos após o fim do governo conservador, o Reino Unido era, entre os
principais países desenvolvidos, aquele no qual os trabalhadores tinham um dos menores salários diretos e os menores benefícios
sociais e previdenciários.
Em 2010, a situação não mudou; apesar da elevação salarial, os trabalhadores industriais do Reino Unido permanecem
entre os de menor remuneração (salário + benefícios) entre os dos principais países desenvolvidos.
Os fatores da industrialização
Quando o território do que viria a ser os Estados Unidos ainda pertencia ao Reino Unido, recebeu um grande fluxo de
imigrantes britânicos, principalmente nas colônias do Norte. Esses imigrantes, fugindo de perseguições políticas e religiosas ou
em busca de melhores condições de vida do que as da Europa, foram se fixando na faixa litorânea, num trecho conhecido como
Nova Inglaterra. Aí desenvolviam uma agricultura diversificada (policultura) em pequenas propriedades, nas quais predominava
o trabalho familiar.
Cidades como Nova York, Boston e Filadélfia começavam a surgir e crescer em ritmo acelerado, e teve início uma
atividade manufatureira, pois vários imigrantes que eram artesãos na Inglaterra, Escócia e Irlanda trouxeram consigo suas
habilidades e ferramentas. Gradativamente, foi se estruturando um mercado interno, com o predomínio do trabalho familiar no
campo e do trabalho assalariado nas cidades. Isso criou condições para a crescente expansão das manufaturas, das casas de
comércio e dos bancos.
Assim, nas colônias do Norte, organizou-se uma colonização de povoamento, enquanto nas do Sul imperava a colonização
de exploração, estruturada sobre uma sociedade rigidamente estratificada e na exploração do trabalho escravo. A economia
sulista era baseada em plantations: grandes propriedades monocultoras nas quais se cultivava principalmente o algodão e se
utilizava trabalho escravo de povos negros trazidos à força da África central. Praticamente toda a produção era exportada para o
Reino Unido. A riqueza estava fortemente concentrada nas mãos dos fazendeiros escravagistas (a que permanecia no país) e dos
comerciantes britânicos, de forma que o mercado interno prosperava muito lentamente.
Já nas colônias do Norte os negócios se expandiam com rapidez e os capitais se concentravam nas mãos da burguesia
nascente. Com o tempo, os capitalistas e outros setores da sociedade nortista desenvolveram interesses próprios que passaram a
se chocar com os dos britânicos. O resultado desse conflito de interesses, como vimos, levou a uma guerra entre a colônia e a
metrópole e à independência política, que fez dos Estados Unidos o primeiro país livre da América.
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Com isso surge uma dúvida: por que o Reino Unido não manteve um controle mais rígido sobre as treze colônias, já que
Í
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foi justamente nessa região que nasceram o separatismo e a industrialização? Esses fatos contrariavam os interesses britânicos:
o separatismo significava a perda de colônias, além de criar um perigoso precedente, e a industrialização, uma incômoda
concorrência. O jornalista uruguaio Eduardo Galeano deu uma boa resposta a essa questão:
As treze colônias do Norte tiveram, pode-se bem dizer, a dita da desgraça. Sua experiência histórica mostrou a tremenda
importância de não nascer importante. Porque no norte da América não tinha ouro, nem prata, nem civilizações indígenas com
densas concentrações de população já organizada para o trabalho, nem solos tropicais de fertilidade fabulosa na faixa costeira
que os peregrinos ingleses colonizaram. A natureza tinha-se mostrado avara, e, também, a História: faltavam metais e mão de
obra escrava para arrancá-los do ventre da terra. Foi uma sorte. No resto, desde Maryland até Nova Escócia, passando pela Nova
Inglaterra, as colônias do Norte produziam, em virtude do clima e pelas características dos solos, exatamente o mesmo que a
agricultura britânica, ou seja, não ofereciam à metrópole uma produção complementar. Muito diferente era a situação das
Antilhas e das colônias ibéricas de terra firme. Das terras tropicais brotavam o açúcar, o algodão, o anil, a terebintina; uma
pequena ilha do Caribe era mais importante para a Inglaterra, do ponto de vista econômico, do que as 13 colônias matrizes dos
Estados Unidos. Essas circunstâncias explicam a ascensão e a consolidação dos Estados Unidos como um sistema
economicamente autônomo, que não drenava para fora a riqueza gerada em seu seio. Eram muito frouxos os laços que atavam a
colônia à metrópole; em Barbados ou Jamaica, em compensação, só se reinvestiam os capitais indispensáveis para repor os
escravos na medida em que se iam gastando. Não foram fatores raciais, como se vê, os que decidiram o desenvolvimento de uns
e o subdesenvolvimento de outros; as ilhas britânicas das Antilhas não tinham nada de espanholas nem portuguesas. A verdade
é que a insignificância econômica das 13 colônias permitiu a precoce diversificação de suas manufaturas. A industrialização
norte-americana contou, desde antes da independência, com estímulos e proteções oficiais. A Inglaterra mostrava-se tolerante,
ao mesmo tempo que proibia estritamente que suas ilhas antilhanas fabricassem até mesmo um alfinete.
GALEANO, Eduardo. As veias abertas da América Latina. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986. p. 146.
A maioria dos primeiros imigrantes era britânica, seguidores de religiões cristãs protestantes, principalmente puritanos
(como eram chamados os calvinistas, os seguidores de João Calvino, na Grã-Bretanha), que haviam rompido com a Igreja católica
a partir da Reforma Protestante empreendida por Calvino e outros teólogos no século XVI. As religiões protestantes favoreciam
o desenvolvimento capitalista, uma vez que não condenavam moralmente a riqueza. Ao contrário, pregavam que a riqueza era
bem-vinda porque era fruto do trabalho, de uma vida austera, que afastava o fiel do pecado e o aproximava da salvação divina.
Embora o aspecto cultural não seja determinante, pois na Itália católica e no Japão xintoísta/budista o capitalismo também
floresceu, é indiscutível que o protestantismo criou condições culturais extremamente favoráveis ao desenvolvimento de um
espírito empreendedor e de uma ética do trabalho, importantíssimas para a acumulação de capitais.
Fatores de ordem natural também foram fundamentais no processo de industrialização dos Estados Unidos. O nordeste
do território, além de estar próximo do oceano - o que há muito vem facilitando os transportes marítimos e o intercâmbio
comercial -, possui grandes reservas de carvão nas bacias sedimentares próximas aos Apalaches, nos estados da Pensilvânia e de
Ohio, e importantes jazidas de minério de ferro nos escudos próximos ao lago Superior, nos estados de Minnesota e de Wisconsin.
Além disso, o país dispõe de grandes e diversificadas reservas minerais e energéticas. Veja no mapa a seguir a distribuição das
principais ocorrências minerais e a localização das principais refinarias de petróleo e usinas geradoras de energia nos Estados
Unidos.
A farta e bem distribuída rede hidrográfica foi outro fator natural que favoreceu o desenvolvimento dos Estados Unidos.
A existência, no nordeste do país, de extensos lagos com desníveis consideráveis possibilitou a construção de grandes barragens
e usinas hidrelétricas para geração de energia. Ao lado das turbinas hidráulicas foram edificadas eclusas, que permitiram às
embarcações transpor os desníveis e ampliar significativamente a rede de hidrovias, garantindo a disponibilidade de
infraestrutura de energia elétrica e de transportes para o desenvolvimento industrial. Os Grandes Lagos (como são chamados)
favoreceram imensamente os transportes: pouco a pouco, foram interligados por canais artificiais e eclusas que possibilitaram a
ligação do interior do continente com o oceano Atlântico pelo rio São Lourenço, no Canadá, e pelo Hudson, nos Estados Unidos.
Esse rio alcança o lago Erie, por meio de um canal artificial, e desemboca no Atlântico, onde fica o porto de Nova York.
A arrancada industrial
Após a independência, as diferenças econômicas, sociais e culturais entre a sociedade nortista, das colônias de
povoamento, e a sociedade sulista, das colônias de exploração, afloraram nitidamente e acabaram desencadeando um conflito
armado, na segunda metade do século XIX. As elites aristocráticas que comandavam os estados escravagistas do Sul, em franca
decadência política e econômica, na tentativa de manter o poder e a escravidão criaram os Estados Confederados da América.
Com isso, esses estados declararam sua separação (secessão) da federação americana, dominada pelos capitalistas
industriais e financeiros do Norte. Essa atitude provocou a Guerra de Secessão, ou Guerra Civil Americana.
A vitória da burguesia nortista teve como resultado geopolítico mais importante a manutenção da unidade territorial do
país, que já se estendia do Atlântico ao Pacífico. Interessada em garantir a ocupação dos territórios tomados dos povos nativos
(à custa de um grande genocídio) e aumentar o mercado consumidor para os bens produzidos por suas indústrias, a elite do Norte
passou a estimular a imigração. Em 1862 foi elaborada a Lei Lincoln (Homestead Act), segundo a qual as famílias que migrassem
para o oeste do país receberiam 65 hectares de terra para se fixar e, caso permanecessem cultivando-os por pelo menos cinco
anos, ganhariam sua posse definitiva. Porém, embora essa lei tenha garantido a ocupação das terras do oeste, principalmente os
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férteis solos das planícies centrais, o que mais contribuiu para atrair imigrantes e ampliar o mercado interno do país foi a
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aceleração de seu processo de industrialização, sobretudo no final do século XIX e início do XX: entre 1890 e 1929, mais de 22
milhões de imigrantes, especialmente europeus, se fixaram no país.
A crise de 1929, a depressão dos anos 1930 decorrente dela e a Segunda Guerra Mundial reduziram drasticamente a
entrada de pessoas no país nos anos 1930-1940, porém, o fluxo imigratório voltou a aumentar após a guerra e atingiu seu pico
nos anos 1990, década em que entrou no país quase o mesmo número de imigrantes que nos vinte anos anteriores. Entre 1850 e
2010 os Estados Unidos foram o país que mais recebeu imigrantes no mundo, com a fixação de mais de 74 milhões de pessoas
em seu território.
Outra medida que ampliou o mercado consumidor interno foi a decretação, em 1863, do fim da escravidão nos Estados
Unidos. A partir de então, foi-se disseminando o trabalho assalariado e, pouco a pouco, foi-se estruturando, pela primeira vez na
História, uma ampla sociedade de consumo, que se consolidou após a Primeira Guerra Mundial.
A desconcentração industrial
Está ocorrendo nos Estados Unidos, já há algumas décadas, um processo de desconcentração industrial. O cinturão
industrial (manufacturing belt) do Nordeste já chegou a concentrar, no início do século XX, mais de 75% da produção industrial
dos Estados Unidos. De lá para cá sua participação vem se reduzindo, e hoje ela é inferior a 50%. Como consequência do grande
crescimento de cidades do Nordeste, que se agruparam em gigantescas megalópoles como a que se estende de Boston a
Washington (conhecida como Boswash), passando por Nova York, tem havido uma tendência de elevação dos custos de
produção na região. Novos centros industriais surgiram no sul e no oeste do país, e centros mais antigos nessas mesmas regiões
se expandiram, acarretando uma dispersão industrial. Algumas das cidades norte-americanas que mais têm crescido estão nessas
regiões novas, como Atlanta, Dallas, Houston, Seattle, São Francisco, etc.
Sul
As primeiras fábricas do Sul dos Estados Unidos datam de 1880: produziam fios e tecidos e foram instaladas por
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industriais da Nova Inglaterra, atraídos pela disponibilidade de matéria-prima, o algodão cultivado na região. Contudo, a
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industrialização efetiva do Sul ganhou grande impulso mesmo no início do século XX, após a descoberta de enormes lençóis
petrolíferos na região, principalmente no Texas. Após a Segunda Guerra o processo se intensificou, pois as necessidades de
defesa e de desenvolvimento do programa espacial estimularam a expansão industrial no Sul. Foi construída uma fábrica de
aviões em Marietta (Geórgia), onde hoje se encontra uma das maiores unidades da Lockheed Martin, empresa do setor
aeroespacial. Em Huntsville (Alabama), foi construído um dos centros da Nasa, a agência espacial dos Estados Unidos, e uma
fábrica de aviões militares e mísseis da Boeing, a maior indústria aeronáutica do mundo.
No Texas, localiza-se o importante Centro Espacial de Houston, sede da Nasa. Na Flórida, em Cabo Canaveral, encontra-
se o Centro Espacial John F. Kennedy, base de lançamento de foguetes. No Texas há também importantes indústrias aeronáuticas,
em Fort Worth e San Antonio, e grandes indústrias petrolíferas em Houston, onde se destaca a Exxon Mobil. Em 2012 essa
empresa era a maior dos Estados Unidos e a segunda do mundo na lista das quinhentas maiores da revista Fortune, com um
faturamento de 453 bilhões de dólares, valor equivalente ao PIB da Argentina (a maior do mundo era a holandesa Royal Dutch
Shell, cujo faturamento era de 484 bilhões de dólares).
Oeste
A última região dos Estados Unidos a se industrializar foi o Oeste. Entre os fatores que contribuíram para a instalação de
indústrias nessa região, destacam-se:
• disponibilidade de mão de obra, que foi se estabelecendo desde a época da Corrida do Ouro, em meados do século XIX,
quando a exploração desse metal na Serra Nevada (Califórnia) atraiu muita gente;
• existência de outros minérios, como ferro e cobre, nas Montanhas Rochosas e na Serra Nevada, e de petróleo e gás
natural na Bacia da Califórnia;
• disponibilidade de elevado potencial hidrelétrico, principalmente nos rios Columbia e Colorado.
Em Seattle (estado de Washington) há uma importante concentração da indústria aeronáutica (divisão de aviões
comerciais da Boeing), e em Portland (Oregon) de indústrias siderúrgicas e metalúrgicas (alumínio), entre outras. Mas o estado
mais importante do Oeste é a Califórnia, com um parque industrial bastante diversificado, localizado principalmente no eixo São
Francisco-Los Angeles-San Diego, a segunda megalópole do país (conhecida como San-San), com indústrias petroquímicas,
automobilísticas, aeronáuticas, navais, alimentícias e outras.
Há, assim, muitos setores tradicionais. No entanto, pelo fato de ser uma industrialização relativamente recente, bastante
vinculada à indústria bélica (tendo recebido por isso fortes incentivos governamentais) e ligada a importantes universidades e
centros de pesquisas, no Oeste se encontram as mais importantes concentrações de indústrias de alta tecnologia dos Estados
Unidos, principalmente no tecnopolo do Vale do Silício.
Vale do Silício
O Vale do Silício (Silicon Valley), no norte da Califórnia, foi o primeiro parque tecnológico implantado no mundo. Ainda
é o mais importante e serve de modelo para muitos dos que surgiram posteriormente em diversos países. Abrange as cidades de
Palo Alto, Santa Clara, San José e Cupertino, entre outras localizadas em torno da Baía de São Francisco. Essa região é chamada
de Vale do Silício porque sua formação foi baseada nas indústrias de semicondutores, que produzem microchips (ou
microprocessadores), cuja matéria-prima mais importante é o silício, e na indústria de informática, tanto de computadores e
periféricos (hardware) como de sistemas e programas (software).
Embora o início de sua industrialização remonte aos anos 1930, a expressão “Vale do Silício” surgiu em 1971, e o impulso
para o desenvolvimento da região se deu sobretudo durante a Guerra Fria, devido à corrida armamentista e aeroespacial. Foram
as indústrias eletrônicas do Vale do Silício que, por exemplo, forneceram transistores para mísseis e circuitos integrados para os
computadores que guiaram as naves Apollo, cuja série 11 atingiu a Lua. Assim, o governo dos Estados Unidos, além de subsidiar
as pesquisas nos laboratórios de universidades e empresas, garantia mercado para a produção regional, comprando parte do que
era produzido.
A criação, em 1951, do Stanford Industrial Park, no campus da universidade do mesmo nome, também teve importante
papel no desenvolvimento desse parque tecnológico, pois atraiu indústrias de alta tecnologia, principalmente do setor de
microeletrônica e informática. Outras universidades da região tiveram papel crucial na formação de mão de obra qualificada e
na produção de pesquisa avançada, entre as quais a Universidade da Califórnia (campus de Berkeley e de São Francisco), e a
Universidade Estadual de San José.
Graças aos pesquisadores dessas universidades o Vale do Silício tornou-se o principal centro de alta tecnologia do mundo.
Também contribuiu para isso a existência de um espírito empreendedor, de capitais de risco dispostos a bancar projetos
inovadores e de um ambiente favorável aos investimentos e à gestação de novas empresas. Muitas empresas dos setores de
microeletrônica e informática, que hoje estão entre as maiores do mundo, foram gestadas na região. Por exemplo, em 1939
William Hewlett e David Packard, dois estudantes da Universidade Stanford, fundaram uma empresa de computadores e
impressoras - a Hewlett-Packard, mais conhecida como HP - que em 2012 era a maior produtora de hardware dos Estados Unidos
e a segunda do mundo desse setor (a primeira era a Samsung Electronics; entre as 500 maiores empresas do mundo, a sul-coreana
estava na 20ª posição e a norte-americana, na 31ª). Mas há diversas outras no Vale, entre as quais se destacam: Intel e AMD
(semicondutores); Apple (computadores); Oracle e Adobe (programas e sistemas), Cisco Systems (TI), entre outras menos
conhecidas. Grandes empresas do setor de informática que têm sede em outros lugares dos Estados Unidos, como a Microsoft,
em Redmond (estado de Washington), e a IBM, em Nova York (estado de Nova York), também têm filiais aí. Mesmo corporações
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Apesar da diversificação posterior, sobretudo com a biotecnologia (observe a foto da página anterior), ainda é
predominante a participação desses setores pioneiros. Importantes empresas que se desenvolveram recentemente devido à
expansão da internet, como a Google (fundada em 1998) e o Facebook (2004), também têm sede no Vale do Silício.
Boston
No leste do país destaca-se outro importante tecnopolo, localizado na região metropolitana de Boston (Massachusetts) e
que se desenvolveu a partir dos anos 1960 ao longo da Rota 128, uma autoestrada que contorna as cidades da metrópole. Esse
tecnopolo também está vinculado à indústria bélica e ao setor de informática e abriga empresas como a Raytheon (material
bélico) e a Lionbridge Tecnologies (TI), entre outras. Mais recentemente têm se desenvolvido novos setores de alta tecnologia
na região, especialmente em Cambridge e arredores, sobressaindo-se as de biotecnologia (novos remédios e terapias) e de
equipamentos médicos, com destaque para empresas como a Biogen Idec e a Genzyme.
A região de Boston passou por um processo de reconversão industrial. Em torno dessa cidade surgiram os prédios
inteligentes dos setores ligados à nova economia informacional, muitas vezes no lugar de antigas fábricas, como as têxteis ou
navais, típicas da Primeira Revolução Industrial. Diferentemente de outras cidades do Nordeste que passaram a fazer parte do
Rust Belt, a região de Boston transformou-se num tecnopolo porque dispõe do ativo mais importante da Revolução Técnico-
Científica ou Informacional: conhecimento científico-tecnológico avançado. Isso ocorre graças aos professores e pesquisadores
da Universidade de Harvard e do Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT), duas das instituições de ensino e pesquisa mais
conceituadas do mundo, além da Universidade de Boston e de cerca de cinquenta outras menos conhecidas.
Além do Vale do Silício e da Rota 128, há diversos outros tecnopolos no território dos Estados Unidos, entre os quais se
destaca, logo abaixo dos dois mais importantes, o Research Triangle Park, na Carolina do Norte. Esse parque de pesquisas recebe
esse nome porque congrega empresas de alta tecnologia numa região formada por um triângulo em cujos vértices estão três das
mais importantes instituições de ensino e pesquisa do país: Duke University, North Carolina State University e University of
North Carolina at Chapel Hill.
Para finalizar, vale destacar que, como vimos anteriormente, em 2012 os Estados Unidos tinham corporações na lista da
revista Fortune, o que correspondia a 26,4% das quinhentas maiores do mundo. Entretanto, em 2001 chegou a ter 197 empresas
na lista, 39,4% do total, um recorde. De lá para cá, empresas
de países emergentes, especialmente da China, têm ocupado esse espaço. Isso é mais uma evidência do enfraquecimento
relativo dos Estados Unidos e, paralelamente, do crescente fortalecimento das economias emergentes no mundo atual.
A Alemanha e o Japão, assim como a Itália e o Canadá, industrializaram-se na segunda metade do século XIX.
São considerados países de industrialização tardia em comparação com os pioneiros que estudamos no capítulo anterior.
Neste, vamos analisar os dois primeiros, os mais importantes deste grupo.
Por que a Alemanha se industrializou tardiamente em relação aos países pioneiros?
Sua história é marcada pelo envolvimento em guerras, por destruições e reconstruções. Derrotada na Primeira e
na Segunda Guerra, foi arrasada e dividida, mas nas últimas décadas recuperou-se e em pouco tempo emergiu novamente
como potência econômica, com uma indústria moderna e competitiva. O que explica essa rápida recuperação econômica?
Que fatores mais contribuíram para isso?
O Japão foi a primeira potência industrial a se desenvolver na Ásia. A industrialização tardia o levou, como a
Alemanha, à expansão imperialista retardatária e a enfrentamentos com as potências já consolidadas. Durante a Segunda
Guerra, o país foi arrasado do mesmo modo que a Alemanha, com quem se aliou. Em menos de três décadas emergiu dos
destroços da guerra para o segundo posto na economia mundial. Entretanto, desde os anos 1990 reduziu drasticamente
seu ritmo de crescimento econômico e acabou superado recentemente pela China. O que mudou para interromper o ciclo
de crescimento anterior? Para entender seu vertiginoso avanço econômico, e depois a crise pela qual o país passou, é
fundamental estudar seu processo de industrialização.
5.5.3 - ALEMANHA
Unificação territorial e industrialização
De 1815 a 1871 a Alemanha foi uma confederação composta de 39 unidades políticas independentes (Estados, reinos,
ducados, principados e cidades-Estado). Em 1861, sob o comando de Otto von Bismarck, chanceler da Prússia, o Estado mais
poderoso da confederação germânica, iniciou-se o processo de unificação político-territorial marcado por diversas guerras contra
seus vizinhos. A Alemanha entrou em guerra contra a Dinamarca, a Áustria e a França. Venceu todas, inclusive a que travou
contra seu vizinho mais poderoso (a França), de quem tomou os territórios da Alsácia e Lorena ao final da Guerra Franco-
Prussiana (1870-1871)
Após esse período de guerras, o país completou sua unificação político-territorial. A partir daí houve uma aceleração do
processo de industrialização e, em fins do século XIX, a Alemanha já tinha uma economia mais forte que a do Reino Unido e a
da França e liderava, com os Estados Unidos, os avanços tecnológicos da Segunda Revolução Industrial.
A unificação política de 1871 tornou a Alemanha não só um único Estado, mas também um único mercado. Entretanto,
o processo de unificação econômica já havia começado com a criação do Zollverein (união aduaneira estabelecida em 1834 entre
os Estados alemães), o que estimulou desde aquela época o comércio e, portanto, o desenvolvimento industrial. Com a unificação
política, consolidou-se a integração econômica: instituição de uma moeda única, padronização das leis e constituição de um
amplo mercado interno, que ampliou as possibilidades de acumulação de capitais. Em consequência disso, a Alemanha tornou-
se uma potência econômica e militar, mas, como não tinha colônias, envolveu-se em outras guerras com o objetivo de conquistar
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novos territórios.
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Ao longo dos séculos XIX e XX, graças à disponibilidade de grandes jazidas de carvão mineral (a hulha da bacia do Ruhr)
e à facilidade de transporte hidroviário (observe a foto da página seguinte), muitas indústrias se concentraram na confluência dos
rios Ruhr e Reno, quase na fronteira com os Países Baixos. Desde o final da Idade Média, o vale do Reno, que liga o norte da
Itália aos Países Baixos, já era uma das principais rotas do comércio, o que explica a significativa concentração de capitais na
região e os investimentos cada vez maiores, por parte de grandes proprietários de terras e banqueiros, na indústria que ali se
instalava.
Gradativamente, a população que vivia no campo migrou para as cidades, empregou-se como mão de obra assalariada e
contribuiu para a ampliação do mercado consumidor. Além desses fatores, a França, derrotada na Guerra Franco-Prussiana,
terminada em 1871, foi obrigada a ceder à Alemanha as províncias da Alsácia e Lorena (localize-as no mapa acima), ricas em
carvão e minério de ferro, e a pagar pesada indenização aos alemães. Isso significou mais recursos e acesso a novas fontes de
energia e de matérias-primas. A soma desses fatores explica a intensa industrialização da Alemanha a partir de então, mas o país
enfrentou problemas para sustentar seu crescimento econômico.
monopólio político e econômico por parte do Estado. A produtividade crescia lentamente e o parque industrial aos poucos foi se
defasando tecnologicamente. O padrão de vida e de consumo não acompanhou os níveis ocidentais, gerando um
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descontentamento popular que só não aflorava por causa da censura e da repressão política.
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A Alemanha Ocidental, capitalista, organizou-se sob um sistema econômico estruturalmente mais competitivo e dinâmico
e beneficiou-se muito da Guerra Fria: recebeu 1,4 bilhão de dólares do Plano Marshall. Esse fato, aliado à sua entrada em
organizações supranacionais, como a Comunidade Econômica Europeia (atual União Europeia), foi fundamental para sua rápida
reconstrução econômica no pós-guerra, o que aprofundou as diferenças entre as duas Alemanhas.
Ao ocorrer a reunificação política, em 1990, as diferenças sociais, econômicas, políticas e culturais entre os dois sistemas
afloraram nitidamente no novo país. O contraste de padrão de vida, comportamentos, ideias e costumes entre alemães do oeste e
do leste revelavam um distanciamento muito maior do que o inicialmente esperado. Entretanto, passados mais de vinte anos da
reunificação, apesar de algumas diferenças socioeconômicas que ainda persistem - por exemplo, o desemprego e a pobreza no
leste são maiores - a Alemanha voltou a ser um único Estado-nação.
A trajetória político-econômica da Alemanha após a Segunda Guerra nega as afirmações de Ratzel no final de seu texto.
Apesar de suas perdas territoriais (mesmo com a reunificação não possui a mesma extensão que tinha antes do grande conflito
bélico), o país não entrou em decadência; ao contrário, tornou-se uma das maiores potências econômicas do mundo, com um
parque industrial muito moderno e competitivo.
da antiga Berlim Oriental. Elas viveram uma profunda crise após a reunificação política e muitas fecharam as portas porque eram
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defasadas tecnologicamente e não conseguiram concorrer com as indústrias ocidentais, que estão entre as mais modernas e
produtivas do mundo.
O símbolo mais emblemático da defasagem tecnológica e da baixa competitividade das indústrias do leste pode ser
resumido numa palavra: Trabant. Mais conhecidos como Trabi, esses carros eram fabricados na antiga RDA. Com a abertura da
fronteira, muitos alemães orientais passaram a viajar à RFA dirigindo esses carros antiquados - vagarosos, barulhentos e de baixo
rendimento, além de poluidores - que “invadiram” o território dos Mercedes-Benz, BMW, Audi e Volkswagen, entre os mais
conceituados automóveis do mundo. Resultado: muitos Trabis eram abandonados por seus proprietários, que já não queriam os
produtos tecnologicamente defasados que eles mesmos fabricavam, e acabavam virando sucata!
Na economia planificada da Alemanha Oriental havia pleno emprego, porque o Estado era o único empregador e as
empresas, estatais, não se orientavam pela concorrência. Após a reunificação, muitas delas foram compradas por empresas do
oeste. Seus novos administradores, para enxugar o quadro de funcionários, demitiram trabalhadores, o que elevou os índices de
desemprego e agravou os problemas sociais.
Para impedir que se agravassem as desigualdades socioeconômicas, a partir da reunificação o governo despendeu vultosos
recursos para modernizar a infraestrutura da ex-RDA. Esses gastos provocaram aumento do déficit público, obrigando o governo
a emitir moeda, o que elevou a taxa de inflação. Tentando minimizar esses problemas, o Bundesbank (o banco central alemão)
manteve, ao longo de 1992 e 1993, uma política de altas taxas de juros, medida que causou desaceleração do crescimento
econômico e levou o país à recessão, em 1993, com o consequente aumento do desemprego.
Na segunda metade da década de 1990, a gradativa redução da inflação, do deficit público e do desemprego permitiram
que a economia alemã retomasse o crescimento, mas o país, um dos mais atingidos pela crise financeira de 2008/2009, enfrentou
forte recessão em 2009. Apesar disso, a economia alemã já demonstrou sinais de recuperação em 2010.
Segundo a Organização Mundial do Comércio (OMC), em 2008 a Alemanha exportou 1,462 trilhão de dólares, mas em
2010 o volume das exportações caiu para 1,269 trilhão de dólares (o principal mercado dos produtos alemães são os países da
União Europeia, onde naquele momento a crise era mais grave). Com isso, o país perdeu para a China, cujas vendas externas
somaram 1,578 trilhão naquele ano, a posição de maior exportador do mundo. Na pauta de exportações alemãs predominam
produtos industriais de alto valor agregado, portanto, muito valorizados. De acordo com o Relatório de desenvolvimento
industrial 2011, da Unido (Organização de Desenvolvimento Industrial das Nações Unidas), em 2009 93,4% das exportações do
país eram de bens industrializados, dos quais 71,3% são produtos de média e alta tecnologia. Quando ocorrer a retomada do
crescimento na União Europeia, o país deverá ampliar suas exportações.
5.5.4 - JAPÃO
O primeiro contato dos japoneses com os europeus se deu no início do século XVI, com a chegada dos comerciantes e
evangelizadores portugueses, que lá permaneceram por cerca de cem anos. Entretanto, com a ascensão do xogunato Tokugawa,
em 1603, os estrangeiros foram proibidos de entrar no país (inclusive os portugueses), e os japoneses, de sair. Com isso o Japão
permaneceu bastante isolado do mundo exterior no período em que foi governado pelo clã Tokugawa. Havia apenas uma exceção:
as trocas comerciais feitas com os holandeses, que mantinham um entreposto comercial em Nagasaqui. Por isso, quando uma
esquadra da marinha norte-americana aportou no Japão em 1853, fato que marcou o fim desse período de isolamento, encontrou
um país ainda feudal e defasado economicamente em relação ao mundo ocidental.
Tentando realizar seu projeto geopolítico de controle dos oceanos, os norte-americanos forçaram a abertura do Japão por
meio do Tratado de Kanagawa, assinado em 1854. Essa abertura acelerou a desintegração do sistema feudal japonês e, em 1868,
encerrou-se o domínio do clã Tokugawa e do próprio regime do xogunato. Por que o Japão permaneceu isolado durante tanto
tempo? Por que os europeus e, particularmente, os britânicos, que estenderam seu império à Índia e à China, não forçaram a
entrada no país do Sol Nascente?
O Japão é um país insular muito pequeno (sua área, de 377 mil quilômetros quadrados, corresponde aos estados do Rio
Grande do Sul e de Santa Catarina), formado por montanhas e estreitas planícies, portanto, com pouquíssimas terras agricultáveis,
a maioria na zona temperada do planeta, a qual não oferecia condições para o cultivo dos cobiçados produtos tropicais, como a
cana e o algodão, entre outros. Geologicamente, o Japão é formado por uma combinação de dobramentos e vulcanismo. Localiza-
se numa zona de contato de três placas tectônicas, no Círculo de Fogo do Pacífico, o que explica sua grande instabilidade
geológica, além de um subsolo extremamente pobre em minérios e combustíveis fósseis.
Assim, o que o Japão poderia oferecer às potências colonialistas, tanto na fase do mercantilismo, como, mais tarde, na
etapa do imperialismo? Como se percebe, muito pouco, por isso o país não despertou tanto interesse nos comerciantes e
industriais europeus.
Entretanto, no final do século XIX, quando os Estados Unidos emergiram como potência e se lançaram em busca de
pontos estratégicos nos oceanos Pacífico e Atlântico, o Japão se tornou um país interessante para os norte-americanos, porque
está numa posição estratégica no Pacífico, próximo à costa do leste da Ásia. A partir de então, para não ficarem dependentes dos
Estados Unidos, os japoneses empenharam-se de modo enérgico em viabilizar seu processo de industrialização, por meio da
intervenção do Estado na economia e do militarismo. Assim como a Alemanha e a Itália, o Japão é um país de capitalismo tardio,
de imperialismo tardio, e uma aliança entre esses três países foi apenas uma questão de tempo. Isso aconteceu no contexto da
Segunda Guerra, quando formaram o eixo Berlim-Roma-Tóquio numa tentativa de dominar o mundo. Aos japoneses era muito
interessante o domínio de territórios na Ásia que pudessem viabilizar sua expansão econômica. Eles também buscavam seu
“espaço vital”.
Industrialização e imperialismo
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O processo de industrialização e de modernização do Japão começou a partir de 1868, ano que marcou o fim do xogunato
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Tokugawa e a restauração do império (os japoneses acreditam que seu primeiro imperador foi entronado no século VII a.C.),
com a ascensão do imperador Mitsuhito. Esse novo reinado, conhecido como Era Meiji (‘governo ilustrado’, em japonês),
estendeu-se até 1912 e foi marcado por políticas modernizantes: investimentos para a criação de infraestrutura (ferrovias, portos,
minas etc.); maciços investimentos em educação, que foi universalizada e voltada à qualificação de mão de obra; abertura à
tecnologia e aos produtos estrangeiros. A Constituição de 1889 estabeleceu o imperador como chefe “sagrado e inviolável” do
Estado e também a Dieta Nacional do Japão (Parlamento). O governo também estimulou o desenvolvimento de grandes
conglomerados, que no Japão ficaram conhecidos como zaibatsus (em japonês: zai, ‘riqueza’; batsu, ‘grupo’). Esses grupos
econômicos surgiram de tradicionais e poderosos clãs de comerciantes e proprietários de terras, como Mitsubishi, Mitsui,
Sumitomo e Yasuda, entre outros menores. Com o tempo, esses grupos passaram a atuar em praticamente todos os ramos
industriais, além do comércio e das finanças. Foram incorporando empresas menores e dominando cada vez mais a economia do
país (os “quatro grandes” zaibatsus chegaram a controlar até metade de alguns setores industriais).
Como consequência dessa política modernizante, o Japão viveu um acelerado processo de industrialização. No entanto,
o país enfrentava problemas estruturais graves: escassez crônica de matérias-primas e de energia e limitação do mercado interno,
o que levou o império japonês a se aventurar em busca de territórios na Ásia e no Pacífico. Para atingir tal objetivo, investiu
pesado em seu fortalecimento militar, o que foi facilitado pela rígida disciplina xintoísta (aspecto cultural), aliada à capacidade
industrial (aspecto econômico).
A expansão territorial iniciou-se com a vitória na Guerra Sino-Japonesa (1894-1895), que garantiu a ocupação de Taiwan,
e em 1910 o Japão anexou a Coreia. Posteriormente, com a vitória na guerra contra a Rússia (1904-1905), os japoneses tomaram
as ilhas Sacalinas ao norte e, em 1931, ocuparam a Manchúria, parte do território chinês, onde implantaram Manchukuo, um
Estado fantoche sob o governo do último imperador chinês, Pu Yi.
Com o objetivo de conquistar novos territórios, em 1937 o Japão iniciou uma confrontação total com a China, que se
estendeu até a Segunda Guerra. Como mostra o mapa, essa conflagração mundial marcou a fase de maior expansão territorial
nipônica, quando o país ocupou parte do Sudeste Asiático e diversas ilhas do Pacífico. Tal política expansionista, porém, levou
o país a ser derrotado na guerra e à sua quase total destruição.
Em 1941 os japoneses realizaram um ataque-surpresa à base naval de Pearl Harbor, Havaí (Estados Unidos), numa
evidência de que superestimaram seu poderio militar. Esse ato precipitou a entrada dos norte-americanos na guerra, o que acabou
levando os japoneses à derrota. Após os Estados Unidos lançarem bombas atômicas sobre Hiroxima e Nagasaki, em 6 e 9 de
agosto de 1945, respectivamente, o Japão não teve alternativa a não ser se render. A rendição - assinada em setembro de 1945
no porta-aviões Missouri, atracado na baía de Tóquio - foi o principal símbolo da superioridade tecnológica e militar norte-
americana e, ao mesmo tempo, o prenúncio do papel reservado ao Japão durante a Guerra Fria: fiel aliado político e aguerrido
adversário econômico dos Estados Unidos.
• a grande disponibilidade de mão de obra relativamente barata, disciplinada e qualificada (assim como a Alemanha, o Japão já
possuía trabalhadores qualificados antes da Segunda Guerra);
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• os maciços investimentos estatais em educação, que melhoraram ainda mais a qualificação da mão de obra e, junto à iniciativa
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privada, em pesquisa e desenvolvimento tecnológico;
• a reconstrução da infraestrutura e dos conglomerados (os antigos zaibatsus) em bases mais modernas e a gradativa introdução
de novos métodos organizacionais, como o toyotismo (orientado pelo lema kaizen), aumentando a competitividade das
empresas;
• a desmilitarização do país e de seu parque industrial, que permitiu investimentos maiores nas indústrias civis de bens
intermediários e de capital, o que deu sustentação ao desenvolvimento de uma poderosa e competitiva indústria de bens de
consumo.
Após a Segunda Guerra, em substituição aos zaibatsus, que tinham uma holding que controlava todas as empresas do
grupo (ou seja, possuíam uma “cabeça”), as companhias japonesas reorganizaram-se formando os keiretsus (‘união sem cabeça’,
em japonês). Essa palavra é perfeita para definir as redes de empresas integradas que dominam a economia japonesa atual. As
empresas que as formam são independentes, embora muitas vezes uma possua parte minoritária das ações da outra e vice-versa.
Um keiretsu geralmente se articula em torno de algum grande banco que dá suporte financeiro às empresas da rede, as quais
atuam de forma integrada para atingir seus objetivos. Atualmente os grandes grupos japoneses - muitos deles antigos zaibatsus,
como Mitsubishi, Mitsui, Sumitomo - se organizam como keiretsu.
É importante destacar que até os anos 1970 a principal vantagem apresentada pelo Japão sobre os concorrentes da Europa
ocidental e da América do Norte foi a mão de obra barata. Essa foi a outra face do “milagre”, ou seja, a competitividade até então
esteve assentada em grande medida na superexploração da força de trabalho. Porém, com o passar do tempo, os salários foram
aumentando como decorrência da elevação da produtividade resultante dos avanços tecnológicos (como a robotização) e
organizacionais (como o toyotismo) incorporados ao processo de produção.
Na primeira metade da década de 1990 os trabalhadores japoneses alcançaram salários bastante elevados, entre os mais
altos do mundo, o que sustentou um gigantesco mercado interno e lhes assegurou um dos mais altos padrões de vida do mundo.
Entretanto, a persistência da estagnação econômica provocou o aumento do desemprego e, consequentemente, a estagnação do
valor dos salários. Somente a partir de 2005 houve uma recuperação salarial.
_ bras sintéticas, como o náilon, e novos setores foram se desenvolvendo, como o eletrônico, o automobilístico e o mecatrônico,
entre outros.
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A distribuição das indústrias no território japonês foi condicionada, entre outros fatores, por uma forte dependência em
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relação ao exterior, tanto para exportar como para importar, somada ao fato de o país ser insular e montanhoso.
A insularidade e a dependência de produtos primários importados condicionaram especialmente o desenvolvimento da
indústria naval, uma das mais importantes do país. A frota naval japonesa foi quase toda destruída durante a Segunda Guerra,
mas, para um país com as condições geográficas do Japão, era estratégico possuir uma marinha mercante bem equipada. Por isso
o governo incentivou o desenvolvimento dessa indústria: protegeu o mercado interno e assegurou encomendas para mantê-la
funcionando. Com o tempo, os investimentos em tecnologia, a qualificação da mão de obra e a elevação da produtividade
transformaram a indústria naval do país na maior e mais competitiva do mundo: em meados dos anos 1980, chegou a responder
por quase 60% das encomendas mundiais de navios. Com o crescimento da concorrência de países onde os custos de produção
são menores, o Japão foi perdendo terreno. No início dos anos 2000 sua indústria naval foi superada pela coreana e, em meados
daquela década, pela chinesa. Segundo a Associação Japonesa de Construtores Navais, em 2008 a Coreia do Sul foi responsável
por 40,5% das encomendas mundiais de novos navios, a chinesa, por 33,4%, e a japonesa, por 16,8%.
Assim, a maior parte do parque industrial japonês situa-se próximo aos grandes portos, nas estreitas planícies litorâneas,
onde, além da facilidade de transporte, historicamente a população se concentrou em razão da possibilidade de praticar a
agricultura do arroz, a mais importante do país. Com a industrialização, a população foi se instalando em torno dessas cidades
portuárias, principalmente na costa voltada para o Pacífico, onde hoje se localizam as maiores concentrações urbano-industriais
do país.
No sudeste da ilha de Honshu (a maior do país em extensão) fica a segunda aglomeração urbano-industrial do mundo, e
no eixo Tóquio-Osaka encontra-se o trecho mais importante da megalópole japonesa. Extremamente diversificado, esse cinturão
industrial concentra cerca de 80% da produção do país, e as regiões de Tóquio e Osaka, sozinhas, são responsáveis por cerca da
metade desse total. Nessas duas cidades estão 81% das sedes administrativas das maiores corporações japonesas constantes da
lista da revista Fortune Global 500 2012 (69% em Tóquio). As sedes administrativas das grandes corporações, assim como suas
respectivas fábricas, são muito mais concentradas espacialmente no Japão (principalmente na região da capital) do que nos
Estados Unidos e na Alemanha.
Crises econômicas
O grande sucesso econômico do Japão resultou de uma eficiente combinação de livre mercado com planejamento estatal.
O influente Ministério da Indústria e do Comércio Internacional, criado em 1951, teve papel importante na elaboração de
diretrizes macroeconômicas de longo prazo. Em 2001, após passar por um processo de reorganização, teve seu nome mudado
para Ministério da Economia, Comércio e Indústria. Funcionando em sintonia com os grandes grupos econômicos, após a
Segunda Guerra o Estado japonês deu sustentação e apoio à competição para a conquista de mercados no exterior.
Entretanto, no início dos anos 1990 a economia japonesa perdeu fôlego e entrou em um período de estagnação que de
certa forma foi consequência do sucesso dos anos anteriores. O grande acúmulo de riquezas no país levou os agentes econômicos
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a uma crescente especulação com ações, o que provocou uma enorme alta na Bolsa de Valores de Tóquio e dos imóveis, que
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atingiram valores estratosféricos. Os bancos japoneses, que na época chegaram a ocupar oito das dez primeiras posições entre
os maiores grupos financeiros do mundo, segundo o relatório World Investiment Report 2012, da Unctad, emplacaram apenas
dois entre os dez maiores, considerando o patrimônio: o Mitsubishi UFJ Financial Group e o Mizuho Financial Group. A
concessão de grandes empréstimos sem critério, principalmente para o mercado imobiliário, gerou grande especulação nesse
setor. Essa bolha especulativa - financeira e imobiliária - estourou no início dos anos 1990. Os valores das ações e dos imóveis
despencaram, fazendo a crise se propagar pela economia real e provocar o fechamento de empresas e o aumento do desemprego.
Os bancos, não tendo como receber dos devedores, deixaram de fazer novos empréstimos. Muitas empresas (industriais e
comerciais) e instituições financeiras (bancos, seguradoras, corretoras de valores etc.) foram à falência, levando o país à
estagnação econômica.
Agravando esse quadro, a população, receosa com a crise, passou a poupar mais, o que reduziu ainda mais os níveis de
consumo. Esse fato, além de aumentar a historicamente alta taxa de poupança interna, dificultou a retomada do crescimento
econômico. Com isso, a economia japonesa cresceu nos anos 1990 apenas 1% na média anual, e nos anos 2000 foi ainda pior:
0,9% (recordando: na década de 1980 o crescimento médio anual havia sido de 4,1%).
Como mostram os dados do gráfico abaixo, a economia japonesa estava esboçando uma reação em meados dos anos 2000,
mas com a crise mundial de 2008/2009 o país entrou novamente em recessão.
Apesar da estagnação que viveu nos anos 1990 e 2000 e de ter sido um dos países mais atingidos pela crise de 2008/2009,
o Japão permanece como terceiro PIB do mundo (foi superado pela China em 2010) e é uma potência industrial de primeira
linha: moderna e competitiva. O país sedia algumas das maiores corporações transnacionais do planeta, com destaque para
Toyota, Nissan e Honda (automóveis); Hitachi, Panasonic e Sony (eletrônicos em geral); Mitsubishi, Mitsui e Sumitomo (navios,
automóveis, bancos etc.); Fujitsu e NEC (computadores e softwares); Canon e Fujifilm (equipamentos fotográficos); Nippon
Steel (aço), todas na lista das 500 maiores da revista Fortune.
Embora as primeiras fábricas da Rússia tenham sido construídas no século XIX, ainda na época do Império Czarista, seu
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processo de industrialização só se acelerou após a Revolução de 1917, que deu origem à União Soviética. Na China esse processo
ocorreu somente depois da Revolução de 1949, inicialmente com apoio soviético. Nos dois países, após as mencionadas
revoluções socialistas, foram implantadas economias planificadas, baseadas na propriedade estatal dos meios de produção e no
planejamento centralizado.
Com o colapso do socialismo, em 1991 a União Soviética fragmentou-se, dando origem a quinze países independentes,
sendo a Rússia o maior e mais importante deles. Depois de passar por profunda crise nos anos 1990, o país gradativamente
renasce como potência, porém, agora na condição de economia emergente, ao lado de China, Índia, Brasil, África do Sul (com
os quais compõe o grupo Brics), México, entre outros. O que levou a União Soviética à decadência e ao colapso econômico e
político-territorial? Que fatores explicam a retomada do crescimento econômico da Rússia e seu gradativo retorno à condição de
potência?
Nos primórdios da Terceira Revolução Industrial, a União Soviética chegou a liderar alguns setores: por exemplo, ao
lançar ao espaço, em 1957, o primeiro satélite artificial (Sputnik), ou quando colocou o primeiro astronauta (Yuri Gagarin) em
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órbita ao redor da Terra, em 1961. No entanto, a partir da década de 1970, quando a Revolução Técnico-Científica começou a
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se acelerar nos países capitalistas desenvolvidos, sobretudo nos Estados Unidos, a União Soviética não conseguia acompanhá-
los e começou a sofrer defasagem econômica e tecnológica. Uma fatia crescente do orçamento era comprometida com a indústria
bélica e aeroespacial, setores em que o país se mantinha competitivo por conta da corrida armamentista com os Estados Unidos.
Entretanto, ao contrário do que acontecia nos Estados Unidos e na Europa ocidental, na União Soviética as inovações
tecnológicas desenvolvidas nesses setores não migravam para as indústrias civis, dinamizando a economia e gerando novos
produtos. Como a produtividade da indústria em geral e do setor de bens de consumo em particular era baixa e não acompanhava
os avanços tecnológicos dos países capitalistas desenvolvidos, seu parque industrial mostrou-se incapaz de produzir bens em
quantidade e qualidade suficientes para abastecer a população, gerando filas e aborrecimentos.
No início da década de 1980, os Estados Unidos deram o golpe de misericórdia na enfraquecida economia soviética. Em
1981, Ronald Reagan, do Partido Republicano, foi eleito presidente em substituição a Jimmy Carter, do Partido Democrata, tido
por muitos como um governo fraco em política externa. Logo depois de assumir o cargo, Reagan triplicou o orçamento para a
defesa. Com isso a União Soviética não teve mais como continuar a corrida armamentista e os acordos de paz tornaram-se
necessários e urgentes.
Em 1985, Mikhail Gorbatchev ascendeu ao cargo de secretário-geral do PCUS. Além de negociar acordos de redução de
armas, seu desafio era recolocar o país no mesmo patamar tecnológico do mundo ocidental e aumentar a produtividade da
economia, assim como a oferta e a qualidade de bens de consumo para a população.
O próprio Gorbatchev fez uma análise bastante realista dessa situação em um livro lançado logo depois de chegar ao
poder, um best-seller mundial na época. Leia o trecho a seguir - “Estava-se desenvolvendo uma situação absurda: a URSS, o
maior produtor mundial de aço, matérias-primas, combustíveis e energia, apresentava escassez de tais recursos devido ao uso
ineficiente ou ao desperdício. Apesar de ser um dos maiores produtores de grãos para alimentação, tinha de comprar milhões de
toneladas por ano para forragem. Possuímos o maior número de médicos e leitos hospitalares para cada mil habitantes, e, ao
mesmo tempo, existem claras deficiências em nossos serviços de saúde. Nossos foguetes conseguem encontrar o cometa de
Halley e atingir Vênus com uma precisão surpreendente, mas ao lado desses triunfos científicos e tecnológicos existe uma
ineficiência óbvia para aplicar nossas conquistas científicas às necessidades econômicas, e muitos dos eletrodomésticos na URSS
apresentam uma qualidade sofrível.
Infelizmente, isso não é tudo. Iniciou-se uma gradual erosão de valores ideológicos e morais de nosso povo.
Ficou claro que a taxa de crescimento caía rapidamente e que todo o mecanismo de controle de qualidade não estava
funcionando de forma adequada. Havia falta de receptividade com relação aos avanços científicos e tecnológicos, a melhoria do
padrão de vida estava diminuindo e havia dificuldade no fornecimento de alimentos, habitação, bens de consumo e serviços.
(...)”
GORBATCHEV, Mikhail. Perestroika: novas ideias para o meu país e o mundo. São Paulo: Best Seller, 1987. p. 20.
Gorbatchev, rompendo com o imobilismo da era Brejnev, logo que assumiu o poder propôs um conjunto de reformas
voltadas para a modernização da economia soviética, chamado perestroika (‘reestruturação’, em russo), visando à superação de
suas profundas contradições. Planejava criar condições para atrair investimentos estrangeiros: facilitar a formação de empresas
mistas (joint ventures), assegurando o acesso a novas tecnologias da Terceira Revolução Industrial; introduzir processos
produtivos e métodos de controle de qualidade inovadores, a fim de modernizar as empresas estatais; entre outras medidas, que
visavam ao aumento da produtividade. Para ele, outra necessidade urgente era frear a corrida armamentista. Esperava com isso
diminuir os gastos militares e obter os recursos necessários a essas mudanças. Desde que chegou ao poder, Gorbatchev sempre
tomou a iniciativa para a assinatura de acordos de paz com os Estados Unidos, o que lhe valeu o prêmio Nobel da Paz em 1990.
A implantação dessas mudanças econômicas também envolveu reformas no sistema político-administrativo. Era preciso
pôr fim à ditadura desmontando o aparelho repressor herdado da era Stálin e assegurando liberdade de imprensa e direitos
democráticos mínimos. Com a implantação da glasnost (‘transparência política’, em russo), teve início a abertura política na
União Soviética. Entretanto, a incipiente desmontagem do aparelho repressor liberou forças contidas havia muito tempo.
Nacionalistas de várias repúblicas da União começaram a reivindicar autonomia em relação a Moscou. Durante a existência da
União Soviética, muitas minorias étnicas foram oprimidas pelos russos, a etnia majoritária e que de fato detinha o poder no país.
As repúblicas bálticas (Estônia, Letônia e Lituânia), anexadas à União Soviética após a Segunda Guerra, foram pioneiras,
declarando sua independência. Em seguida, o separatismo ganhou força nas demais regiões do país, levando à completa
fragmentação política da antiga superpotência.
a seu cargo. No entanto, o poder soviético se enfraquecera, porque as repúblicas, uma a uma, proclamaram a independência
política. Fortalecido com a crise, Yeltsin iniciou o gradativo desmonte das instituições da União Soviética, como a proibição de
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funcionamento do PCUS na Rússia e o confisco de seus bens, contribuindo para o esvaziamento do poder de Gorbatchev. No
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início de dezembro de 1991, a própria Rússia, principal sustentáculo da União Soviética, sob a presidência de Yeltsin, proclamou
sua independência política, num golpe velado contra Gorbatchev.
Um encontro dos presidentes da Rússia, Ucrânia e de Belarus, realizado em 8 de dezembro de 1991, selou o fim da União
Soviética e firmou o Acordo de Minsk (capital de Belarus, sede do encontro), que criou a Comunidade de Estados Independentes
(CEI). Em 21 de dezembro, essa comunidade foi instituída pelo Tratado de Alma-Ata (Cazaquistão), pelo qual 11 das antigas
repúblicas soviéticas aderiram à CEI (em 1993, a Geórgia também ingressou); apenas Lituânia, Letônia e Estônia optaram por
não fazer parte do grupo. Em 25 de dezembro, com seu poder completamente esvaziado, Gorbatchev renunciou ao cargo de
presidente da União Soviética. No dia seguinte, a bandeira vermelha com a foice e o martelo, da União Soviética, foi arriada do
Kremlin e em seu lugar foi hasteada a bandeira branca, azul e vermelha, da Federação Russa. Esse fato simbolizou o fim da
URSS e a passagem do poder para a Rússia.
A CEI foi criada como tentativa de gerir a interdependência econômica que existia entre as repúblicas da União Soviética
e continuou existindo após se tornarem países politicamente independentes. Por exemplo, a Ucrânia depende de petróleo e gás
natural russos, e a Rússia depende dos cereais produzidos nas férteis terras negras ucranianas. O Cazaquistão tem importante
produção de petróleo e carvão, mas como possui extensas áreas de desertos, depende da importação de alimentos das outras
repúblicas. Praticamente todas as ex-repúblicas soviéticas dependiam, e em grande medida ainda dependem, da importação de
produtos da indústria russa. Embora os países almejem diversificar seu comércio, o peso da história comum e da proximidade
geográfica faz com que ainda haja considerável dependência em relação à Rússia, o país mais industrializado e a maior economia
da região.
A Rússia ocupou o espaço da antiga União Soviética no cenário internacional como o assento de membro permanente do
Conselho de Segurança da ONU. No entanto, perdeu poder no mundo, mesmo na região em que influenciava diretamente, o
Leste Europeu, onde viu vários de seus antigos satélites ingressarem na Otan e na União Europeia. O fracasso da perestroika e a
conturbada transição para a economia de mercado lançaram o país em profunda recessão. Segundo o Banco Mundial e o FMI,
no período 1990-2000, o PIB russo encolheu 4,7% na média anual (o recorde foi em 1994, quando caiu 12,7%). A economia do
país encolheu constantemente até 1996; em 1997 esboçou uma reação, mas veio a crise russa de 1998 e o PIB encolheu
novamente. A partir de 1999, a economia da Rússia entrou num período de crescimento elevado (entre 2000 e 2010 cresceu em
média 5,4% ao ano), só interrompido pela crise financeira de 2008/2009.
O resultado da recessão dos anos 1990 e da crise de 1998 foi a elevação do desemprego, que atingiu 11,4% da população
ativa em 1998; com isso, houve aumento da pobreza e piora dos indicadores de distribuição de renda. No entanto, a partir de
1999 o PIB da Rússia passou a crescer com taxas anuais elevadas, impulsionado pela desvalorização de sua moeda, que estimulou
suas vendas ao exterior, e pela elevação do preço do petróleo, seu principal produto de exportação. Isso contribuiu para uma
melhora nos indicadores de distribuição de renda.
A indústria russa
Os imensos recursos naturais
A Rússia, em razão de sua enorme extensão territorial e da diversidade de sua estrutura geológica, é um dos países mais
ricos do mundo em recursos minerais. Há em seu território extensas áreas de bacias sedimentares, ricas em combustíveis fósseis,
e de escudos cristalinos, ricos em minerais metálicos, além do enorme potencial hidráulico de seus extensos rios, que possibilitou
a construção de grandes usinas hidrelétricas nos trechos planálticos.
A Rússia dispõe de importantes reservas de fontes de energia, com destaque para o petróleo e o gás natural.
No ranking mundial, segundo a Statistical Review of World Energy-2022, da British Petroleum, a Rússia estava em
terceiro lugar em produção e pouco abaixo da Arábia Saudita (10.994.000/10.954.000 bpd, respectivamente. Quanto a exportação
é o segundo exportador mundial de petróleo do mundo (o primeiro é a Arábia Saudita), tendo exportado em média 8.234 mbp/dd.
A maior produção se encontra na bacia do Volga-Ural e na Sibéria ocidental e oriental. Possui as maiores reservas e é o
maior produtor e exportador de gás natural do planeta. Em 2021 extraiu 701.7 bilhões de metros cúbicos e exportou 35% desse
total, sendo o principal fornecedor de vários países da Europa ocidental. As principais regiões produtoras são Pechora (extremo
norte da Rússia europeia) e Sibéria ocidental, mas há importantes reservas também na Sibéria oriental.
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A Rússia é também um importante produtor de carvão mineral: em 2011 extraiu 334 milhões de toneladas (sexto produtor
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mundial). A extração se concentra nas bacias de Pechora e Donets (fronteira com a Ucrânia), na porção europeia, e nas bacias
da Sibéria ocidental (principalmente na região do Kuzbass). Na parte asiática estão mais de 80% das reservas e, portanto, as
maiores possibilidades de ampliação da produção. O país é um grande produtor de eletricidade (terceiro do mundo). Em 2021,
gerou 1.157,1 terawatts/h, sobretudo em termelétricas movidas a petróleo, gás e carvão e em grandes usinas hidrelétricas. As
principais se encontram nos rios da bacia do Volga (porção europeia de seu território) e nos rios que cortam os planaltos do sul
da Sibéria ocidental, principalmente no Ienissei e no Angara.
A Rússia dispõe de grandes reservas de minérios metálicos e não metálicos extraídos nos escudos cristalinos dos Montes
Urais, onde se encontram as principais províncias minerais do país e outras no planalto central siberiano. Destaca-se como grande
produtor de diamante industrial, níquel, platina, entre outros, como mostra a tabela. Também é importante produtor de urânio,
extraído de jazidas da Sibéria ocidental. Esse minério radiativo é enriquecido tanto para fins pacíficos quanto bélicos: é usado
na movimentação de reatores de usinas termonucleares que produzem energia elétrica, mas também nas ogivas que armam os
mísseis balísticos do arsenal nuclear russo.
A riqueza do subsolo russo, especialmente o petróleo e o gás natural, tem sido fator fundamental para a recuperação da
produção industrial, mas seu grande mercado interno de consumo também é muito importante. Com a recuperação econômica,
após anos de recessão, surgiu uma significativa classe média ávida por novos produtos, provocando o crescimento das indústrias
de bens de consumo: automóveis, eletroeletrônicos, vestuário etc., setores que não eram priorizados durante a vigência do
controle estatal da economia.
O parque industrial
As duas principais concentrações industriais na Rússia são a região dos Montes Urais e a de Moscou, mas há
concentrações menores na Sibéria ocidental (observe o mapa da página seguinte). Nas proximidades dos Urais há predominância
de indústrias de bens intermediários, como as siderúrgicas, devido à disponibilidade do minério de ferro e de carvão mineral. As
duas maiores empresas mineradoras e siderúrgicas do país - Severstal e a Evraz Group – possuem minas de ferro e carvão e
usinas siderúrgicas em diversos lugares do país e do exterior. Há também indústrias de bens de capital, como a de máquinas e
equipamentos. As principais refinarias e petroquímicas do país estão próximas aos grandes lençóis petrolíferos, principalmente
na bacia do Volga-Ural, que fica entre Moscou e os Urais.
Em torno da capital predominam indústrias de bens de consumo e de bens de capital por causa da existência de um amplo
mercado consumidor e da boa infraestrutura de transportes e telecomunicações. Na Sibéria ocidental, em razão da grande
disponibilidade de recursos minerais, há importante concentração de indústrias pesadas, como siderúrgicas e metalúrgicas,
principalmente na região do Kuzbass.
Com o fim do socialismo, iniciou-se um processo de privatização e de adoção de mecanismos da economia de mercado
nas ex-repúblicas soviéticas, além da instauração de um processo de modernização da economia.
Na Rússia, durante o governo de Boris Yeltsin (1991-1999), uma parte das antigas empresas estatais foi privatizada.
Dessas, algumas foram compradas por corporações estrangeiras ou por fundos de investimento, outras tiveram suas ações
distribuídas entre os empregados, mas muitas delas acabaram caindo nas mãos de políticos influentes ou mesmo de grupos
criminosos que corromperam agentes do Estado para conseguir o controle de antigas estatais pagando valores muito baixos.
Esses grupos foram um dos setores da sociedade russa que mais enriqueceu. Desde a época da União Soviética controlavam uma
economia paralela que floresceu nos interstícios da economia planificada em decorrência da escassez dos mais variados produtos.
Entretanto, como veremos, ainda há muitas empresas sob o controle total ou parcial do Estado russo.
Depois de um período de profunda crise, com a retomada do crescimento econômico surgiram grandes corporações russas
de capital aberto, isto é, com ações cotadas na Bolsa de Valores de Moscou. É o caso da Gazprom (principal produtora de gás
natural do planeta, maior empresa russa e 15a na lista da Fortune Global 500 2012), da Lukoil e da Rosneft Oil, ambas também
listadas naquela pesquisa. Essas três empresas são responsáveis por extrair petróleo e gás natural em diversos pontos do território
russo e no exterior. Não é por acaso que as maiores corporações russas sejam do setor energético: como vimos, o petróleo e o
gás são duas das maiores riquezas naturais do país.
Apesar do avanço do processo de privatização, diversas
empresas, principalmente desses setores estratégicos,
continuam pertencendo, em parte, ao Estado. Em 2021, a
Gazprom ainda tinha mais de 50% de suas ações nas mãos do
governo russo, seu maior acionista. Do capital da Rosneft Oil,
75% das ações pertenciam ao Estado russo. A Lukoil começou
a ser privatizada em 1993: o governo foi se desfazendo de suas
ações e em 2004 vendeu o restante que possuía do capital da
empresa.
O presidente Vladimir Putin, em seu primeiro mandato
(2000-2004), planejava vender as empresas estatais que
restaram, e que não fossem competitivas ou estratégicas, para
sanear as contas públicas e garantir um crescimento de 7% ao ano em seu segundo mandato (2004-2008). Com isso o governo
russo projetava dobrar o PIB do país até o final daquela década. A economia russa vinha crescendo a taxas elevadas, até que a
crise financeira a atingiu em cheio, provocando profunda recessão em 2009. Em 2010, porém, o crescimento foi retomado e,
apesar desse percalço, o valor do PIB do país duplicou desde 2004 e mais que quadruplicou ao longo daquela década. Ou seja,
Putin atingiu seu objetivo e acabou sendo reeleito. Em 2008, não pôde se candidatar a um terceiro mandato consecutivo e foi
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substituído por Dmitri Medvedev (ex-membro do Conselho de Administração da Gazprom), presidente eleito com seu apoio (em
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retribuição foi por ele indicado ao cargo de primeiro-ministro). Em 2012, Putin foi eleito presidente para um novo mandato de
quatro anos e, mantendo o rodízio de poder com Medvedev, indicou-o ao cargo de primeiro-ministro.
Com o rápido crescimento econômico nos anos 2000, ao mesmo tempo que as empresas russas têm ganhado importância
no mundo, vem crescendo o fluxo de investimentos estrangeiros no país, que atingiu 75 bilhões de dólares em 2008 e depois caiu
um pouco por causa da crise. De acordo com a Unctad, os capitais estrangeiros têm sido atraídos pelo crescimento do mercado
interno e pela possibilidade de exploração dos recursos naturais, especialmente no setor energético. Por exemplo, a petrolífera
Yukos, que chegou a ser a maior empresa privada russa, faliu em 2006 e foi comprada pela italiana ENI em associação com a
compatriota Enel. Outro exemplo: naquele mesmo ano a petrolífera francesa Total e a norueguesa Statoil Hydro firmaram
parceria com a Gazprom para a exploração de gás natural no gigantesco campo de Shtokman, no mar de Barents. Compare os
dados da Rússia com os números dos Estados Unidos, o maior receptor de investimentos do mundo, e de outros países do Brics.
O colapso da poderosa União Soviética em 1991 marcou o fim da era comunista. E foi também a entrada da Rússia no
que era seu maior inimigo: o sistema capitalista.
A Rússia tem um sistema bancário, reconhece a propriedade privada, acessa o mercado de capitais… "tudo o que
normalmente atribuiríamos a um país capitalista", disse à BBC News Mundo (o serviço em espanhol da BBC) Carlos Siegrel,
professor da Divisão de Economia e Assuntos Globais da Universidade Rutgers, nos EUA.
É o país com maior extensão territorial do mundo e obtém grandes receitas com as exportações de petróleo e gás.
A Agência Internacional de Energia (AIE) afirma que a Rússia "desempenha um papel descomunal nos mercados
mundiais de petróleo".
Em 2021, a revista Forbes classificou a Rússia em quinto lugar entre os países com mais bilionários.
A Rússia é um país capitalista, mas vários especialistas concordam que após a queda da URSS, os líderes russos, primeiro
Boris Yeltsin e depois Vladimir Putin, alimentaram um modelo econômico que favoreceu algumas poucas figuras mais próximas
ao governo.
"Capitalismo de camaradas" é como chamam alguns analistas, como Anders Åslund, autor do livro Russia's Crony
Capitalism: The Path from Market Economy to Kleptocracy ("O Capitalismo de Camaradas da Rússia: o Caminho de uma
Economia de Mercado para uma Cleptocracia", em tradução livre).
Como funciona a economia da Rússia e por que seus críticos a associam ao aparecimento de oligarcas e corrupção?
Mudança de sistema
Segundo Siegrel, para entender a economia russa hoje, é preciso voltar ao colapso da União Soviética.
As empresas que antes pertenciam ao Estado seriam privatizadas.
"A questão era como privatizá-las", diz o especialista.
O que aconteceu, diz ele, foi que muitas das grandes empresas privatizadas foram deixadas nas mãos de ex-funcionários
do governo soviético ou de pessoas bem relacionadas.
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Essas pessoas, que por estarem próximas do governo conseguiram privilégios para assumir as empresas, hoje são
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conhecidas como os oligarcas.
"Fazem parte da elite empresarial ultrarrica com poder político desproporcional", afirma Stanislav Markus, professor de
negócios internacionais da Universidade da Carolina do Sul em um artigo em inglês no site The Conversation.
Segundo Markus, os oligarcas surgiram em duas ondas.
A primeira foi a partir de 1990, durante o governo de Boris Yeltsin, quando grandes empresas estatais foram vendidas a
um preço considerado baixo a um seleto grupo de magnatas em troca de benefícios.
A segunda onda foi promovida por Putin por meio de contratos com o Estado, explica Markus.
O modelo era baseado em empresas privadas de infraestrutura, defesa e saúde que vendiam seus serviços ao governo a
um preço muito superior ao preço de mercado, em troca de propinas aos funcionários que viabilizavam a transação.
"Assim, Putin enriqueceu uma nova legião de oligarcas que lhe deviam suas enormes fortunas", diz Markus.
Esse conluio é o que chamam de "capitalismo de camaradas" ou "de compadres".
"A Rússia é um país com um capitalismo de camaradas, é muito parecido com o que você teria em economias fascistas,
onde o Estado e algumas indústrias colaboravam entre si", diz Siegliel.
"Neste caso, eles colaboram por meio de mecanismos de corrupção."
Eszter Wirth, professora de Economia Internacional da Pontifícia Universidade Comillas, na Espanha, descreve a Rússia
como um "sistema aparentemente capitalista".
"Onde a maior parte da riqueza é gerada em setores caracterizados pela busca de renda, nepotismo e compra de favores",
disse Wirth à BBC Mundo.
Wirth explica que Putin implementou um sistema baseado no modelo soviético, caracterizado por grandes empresas
estatais, e combinou com o sistema de oligarquia de Yeltsin.
"Essas empresas estatais controlam 55% da economia russa, que lembram a era socialista", diz a especialista.
"Sistema cleptocrático"
Esse mecanismo, dizem os especialistas, funciona da seguinte forma: os oligarcas não se envolvem em assuntos políticos,
e o Kremlin não se envolve nos negócios desses magnatas.
"Os oligarcas ajudaram Putin a permanecer no poder por meio de sua imobilidade política e apoio financeiro a iniciativas
internas do Kremlin", diz Markus.
A ONG Transparência Internacional descreve a Rússia como possuidora de um "sistema cleptocrata".
"A grande riqueza que os cleptocratas russos acumularam, e continuam a desfrutar, ajudou o presidente Putin a reforçar
seu controle e poder...", disse a organização em um artigo de 4 de março.
A revista The Economist coloca a Rússia em primeiro lugar em seu Índice de Capitalismo de Camaradas.
O índice mede o número de bilionários cujas fortunas podem estar ligadas à proximidade com o governo, especialmente
por meio de negócios como bancos, cassinos, defesa, indústrias extrativas e construção.
A publicação sustenta que na Rússia existem 120 bilionários, dos quais 70% atendem às características de um "capitalista
camarada".
"28% do PIB [Produto Interno Bruto] russo corresponde à riqueza dos bilionários russos [oligarcas] que atuam em setores
rentistas [ligados ao Estado]", diz Wirth.
Sem concorrência
Sieglel afirma que esse mecanismo corrupto também afeta o progresso da indústria russa.
"Normalmente essas empresas teriam que competir entre si, essa competição as levaria a serem mais eficientes, a contratar
o pessoal certo", diz o professor.
"Mas o que aconteceu foi que o governo, e isso também acontece em outros países, protegeu muitos desses indivíduos de
uma concorrência direta."
"Como resultado, o que você tem na Rússia é uma série de empresas que não são tão eficientes em termos de produção
porque não têm concorrência."
Montanha russa
Globalmente, a Rússia é o segundo maior exportador de petróleo, depois da Arábia Saudita. E é o terceiro maior
produtor de petróleo, atrás dos Estados Unidos e da Arábia Saudita, segundo a Agência Internacional de Energia.
Possui a segunda maior reserva de carvão, depois dos EUA.
40% do gás natural que a Europa consome vem da Rússia, produzido pelo monopólio estatal Gazprom.
Além disso, o país é rico em terras raras (importantes para a indústria eletrônica) e produtos agrícolas como trigo, milho
e óleo de girassol.
Essas riquezas naturais, especialmente gás e petróleo, ajudaram a superar várias crises e altos e baixos econômicos nas
últimas décadas.
Quando Putin chegou ao poder, o país estava encerrando uma década de hiperinflação, em que o PIB caiu e a
desigualdade aumentou.
Economicamente, a década de 1990 na Rússia foi "uma década perdida", como Wirth descreve em um artigo.
Mas a chegada de Putin ao poder deu um novo rumo ao país .
Durante os primeiros 8 anos do governo de Putin, a Rússia teve uma recuperação que, segundo Wirth, é atribuída ao
aumento global dos preços dos hidrocarbonetos, principal produto de exportação russo.
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A crise de 2008 e 2009 interrompeu esse crescimento, mas em 2013 um novo aumento nos preços do petróleo ajudou na
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recuperação.
Mas em 2014 e 2015, os preços caíram novamente, o rublo perdeu valor e a inflação cresceu.
"A dependência excessiva das exportações de petróleo e gás natural durante a era Putin teve seu preço na economia
russa", escreve Wirth.
"A Rússia continua sendo um país com grandes superávits comerciais quando os preços das commodities estão altos e
poderia investi-los na modernização de maquinário e infraestrutura obsoletos", diz a analista.
"Mas, como as exportações estão concentradas nas mãos de alguns oligarcas, eles preferem investir em fundos no
exterior, razão pela qual a Rússia vem passando por um processo de fuga de capitais há anos para paraísos fiscais, como Suíça
ou Londres."
Sieglel concorda que a economia russa não é muito diversificada, acrescentando que "eles não têm incentivo para
inovar".
"Apesar dos recursos, eles não têm as instituições adequadas para inovação em termos de novos produtos ou
tecnologia", diz ele.
O professor também indica que, diferentemente de outros países capitalistas, na Rússia não há leis antitruste e não há
ambiente legal que estimule a concorrência.
Sanções
Nos últimos três anos, a Rússia teve um crescimento econômico moderado.
Segundo o Banco Mundial, o impacto da pandemia foi menor do que em outros países entre os russos.
Isso pode ser resultado da política de ajudas fiscais do Estado e pelo fato de que o setor de serviços é relativamente
pequeno, além de um setor público grande, que diminui os efeitos sobre o desemprego.
Ainda assim, a professora Wirth chama as taxas de crescimento econômico da Rússia de "decepcionantes" para um dos
países dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul).
Além disso, desde que Putin invadiu a Crimeia em 2014, a Rússia enfrentou sanções que a isolaram de mercados
ocidentais.
E o país agora enfrenta um pacote de sanções internacionais ainda mais forte em resposta à invasão da Ucrânia.
Essas medidas incluem a expulsão dos maiores bancos russos da Swift, a rede internacional de pagamentos, dificultando
o processamento de transações que vêm do exterior.
Putin já ofereceu ajuda estatal aos bancos sancionados.
Centenas de bilhões de euros de reservas do banco central russo também foram congelados.
Cerca de 300 marcas suspenderam suas operações na Rússia.
E sanções individuais também foram aplicadas a dezenas de bilionários que EUA, Reino Unido e Europa consideram
como oligarcas próximos a Putin.
No último mês, o rublo perdeu mais de 40% de seu valor em relação ao dólar.
Com base nessas sanções, o banco de investimentos Goldman Sacks estima que o PIB da Rússia pode cair 7% neste
ano.
A empresa de análise de mercado Oxford Economics calcula que a pressão sobre os mercados financeiros russos pode
ter um impacto de 6% no PIB, em comparação com as previsões feitas antes da crise.
A aposta do Ocidente é que essas sanções isolem e sufoquem a economia russa, como medida de pressão para que Putin
suspenda os ataques.
Wirth, no entanto, é cética quanto à eficácia dessas sanções.
"Em regimes autoritários, as sanções econômicas foram ineficazes: nem no Irã nem na Coreia do Norte geraram
mudanças políticas", diz ela. "Putin também parece não querer ouvir ninguém além de si mesmo."
Enquanto isso, a Ucrânia permanece sob fogo russo implacável.
Guerra na Ucrânia: por que Putin é tão popular na Rússia - e como isso pode mudar agora
Noah Buckley - The Conversation* - 8 março 2022
Desde que chegou ao poder em 2000, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, mantém níveis de aprovação junto ao
eleitorado russo que dariam inveja à maioria dos líderes mundiais.
Antes da recente invasão da Ucrânia, o índice de aprovação de Putin era de 71%, de acordo com uma pesquisa
independente. Ao contrário do que a maioria das pessoas acreditam, essa pesquisa independente revela que o apoio a Putin não
é uma ficção ou uma manipulação dos números.
Enquanto a Rússia segue com seu ataque à Ucrânia, uma olhada na percepção pública de Putin ao longo dos anos pode
nos ajudar a entender como os russos reagirão a essa guerra violenta - e qual será o futuro da sua popularidade.
Em minha pesquisa, investigo o que impulsiona a aprovação pública de líderes autoritários, incluindo Putin. Eu e outros
pesquisadores descobrimos que o desempenho econômico do país tem sido um fator constante no apoio dos russos a Putin nos
últimos 20 anos. Após o colapso econômico da Rússia na década de 1990 e a queda da União Soviética, Putin vem dependendo
da recuperação e da estabilidade da economia para sustentar sua popularidade.
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Hoje, fatores práticos como bem-estar financeiro e taxas de inflação geralmente dominam a percepção que muitos russos
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têm sobre seu governo. Isso acontece mesmo em tempos de fervor patriótico, como o aumento maciço na aprovação de Putin
observado após a anexação da Crimeia pela Rússia em 2014.
Como grande parte do mundo ocidental agora está impondo sanções econômicas paralisantes à Rússia, essas demandas
básicas por uma geladeira cheia e por renda estável provavelmente não vão desaparecer só por causa de uma onda qualquer de
sentimento pró-guerra.
É preciso lembrar que Putin também é popular por causa de quem ele é e o que ele representa - liderança firme. Seu apelo
pessoal - a masculinidade conspícua e o jeito de homem do povo - e seu papel em trazer a Rússia de volta ao palco principal dos
assuntos globais apenas reforçam sua atratividade junto aos russos.
Ter voz
No entanto, esses fatores econômicos básicos e o ressurgimento geopolítico da Rússia não são suficientes para contar toda
a história por trás do apoio a Putin e seu regime. O público russo também valoriza ter voz em seu sistema político.
Em uma pesquisa em andamento, realizada com os coautores Ora John Reuter e Quintin Beazer, mostramos que a
aprovação dos russos a Putin diminui quando a capacidade dos eleitores de votarem para prefeito de sua cidade é retirada pelo
regime. Isso ainda está muito longe de ser um clamor por uma democracia liberal plena, mas dados de pesquisas de opinião
sugerem que os russos querem que seus líderes políticos prestem contas a eles.
A sensação de que ninguém está ouvindo pode levar à decepção no sistema e em Putin. Essa demanda por participação
democrática na operação do vasto e complexo sistema de governo da Rússia é um fator poderoso que molda as percepções dos
russos sobre Putin e sobre o regime dominante.
Nos últimos anos, a Rússia tornou-se cada vez mais um governo repressivo e autoritário. A oposição, a mídia independente
e a dissidência aberta foram reprimidas. Essa tendência provavelmente só antagonizará ainda mais os muitos membros do público
russo que querem que suas vozes sejam ouvidas. Agora, a crescente guerra econômica e diplomática com o Ocidente apenas
aprofundará as tendências isolacionistas e antidemocráticas do regime e levará a uma desconexão pública ainda maior das
autoridades.
Alguns no país começaram a entender a natureza destrutiva da guerra de seu país contra a Ucrânia. Milhares de pessoas
foram presas por participação em protestos antiguerra em todo o país. Isso pode ser má notícia para Putin, cujo apoio na Rússia
depende de apatia política.
Ao examinar centenas de milhares de respostas a pesquisas de opinião pública russas de 2003 a 2019, descobri que a
simples existência de protestos públicos reduz a aprovação de Putin e de seu regime. Membros do público em geral aprendem
sobre os crimes do regime com esses protestos e descobrem que há mais dissidentes em sua sociedade do que eles poderiam ter
imaginado anteriormente. Em outras pesquisas em andamento, meus coautores e eu descobrimos que, quando os russos
descobrem que os níveis de aprovação de Putin não são tão altos quanto eles pensavam, seus próprios sentimentos em relação a
ele azedam bastante.
O poder do povo
Em conjunto, essa pesquisa mostra que a popularidade de Putin é baseada de maneira geral em fundações sólidas — e
não em algo manipulado ou imaginário.
Essas fundações serão severamente abaladas pela guerra que ele está causando a sangue frio. Se o sentimento antiguerra
na Rússia continuar a crescer, e o povo reunir a coragem enorme necessária para expressar dissidência diante da repressão brutal,
poderemos ver parte da popularidade de Putin derreter.
Pesquisas de opinião pública na Rússia sugerem que os danos catastróficos que a economia russa sofrerá como resultado
do ataque à Ucrânia provavelmente prejudicarão muito Putin. O aumento do sentimento de protesto e uma diminuição ainda
maior na sensação dos russos de que eles têm voz nas decisões tomadas em seu país podem levar a uma escalada na reprovação
de Putin.
Observar a opinião pública durante "bons tempos" em regimes autoritários como a Rússia só nos revela uma parte da
história de como as atitudes mudam durante uma crise. Putin tem uma ampla base de apoio e uma máquina de propaganda que
ele pode usar para limitar os danos à sua reputação. No entanto, revoltas em massa, descontentamento e até revolução podem
pegar todos de surpresa em regimes autoritários. Nós não devemos ignorar o povo russo.
A importância geopolítica do Mar Negro e do porto de Sebastopol para a Rússia no século XXI
Base de Sebastopol tem posição estratégica no acesso ao Mediterrâneo e é a única capaz de receber toda a frota russa do
Mar Negro. Para especialista, Rússia não quer deixar Mediterrâneo sob influência dos EUA.
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O interesse do presidente russo, Vladimir Putin, pela República Autônoma da Crimeia, cujos habitantes decidem em
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referendo neste domingo (16/03) se a região será anexada à Rússia, não é somente político e econômico. A península tem uma
posição estratégica no Mar Negro e possui o porto de Sebastopol, o único capaz de acolher e dar logística à completa frota de
navios da Rússia no Mar Negro.
Para Klaus Mommsen, especialista em marinhas estrangeiras, o Mar Negro é um "trampolim" em direção ao Mar
Mediterrâneo, que exerce um papel importante para a política externa russa. Com isso, Putin não pretende deixar o Mar
Mediterrâneo como área de influência da Marinha dos EUA.
"Quando se quer atuar de verdade na região do Mediterrâneo, isso só é possível a partir daquela região [Mar Negro]", diz
o também articulista da revista MarineForum em entrevista à DW.
Deutsche Welle: A frota russa do Mar Negro está estacionada há décadas na Crimeia ucraniana. Por que o local é tão
importante para Moscou?
Klaus Mommsen: A Crimeia tem uma posição estratégica dominante no Mar Negro – a península avança mar adentro.
Para a Rússia, ela é um trampolim em direção ao Sul, ou seja, para o Mar Mediterrâneo e Oriente Médio. Mesmo nos tempos da
União Soviética, ali se encontravam estaleiros, capazes de prestar assistência e reparos a navios de guerra.
Você poderia detalhar a importância da base militar de Sebastopol?
Trata-se do único porto capaz realmente de acolher e proporcionar a respectiva logística à completa frota russa do Mar
Negro. Para os russos, não há alternativa. Embora outra base esteja sendo construída em Novorossiysk, ao norte de Sochi, ela
poderá receber só parte da frota. Além disso, Novorossiysk é uma base pequena e sem baías de proteção. Dependendo do vento,
os navios que ali aportam podem ser avariados pelas ondas. Com as suas muitas baías, Sebastopol é bem diferente.
Por esse motivo, Sebastopol não é somente a principal base da frota russa do Mar Negro, mas também da Marinha
ucraniana. Elas se encontram ali, lado a lado. Se a Ucrânia rescindisse o contrato sobre a base e expulsasse os russos, a frota do
Mar Negro teria um problema.
Porque a frota do Mar Negro é tão importante para a Rússia?
A Rússia está cercada em grande parte pelo mar: no norte é o Ártico, a frota do norte tem grandes desafios no inverno,
pois as rotas para o Atlântico são longas. Também no Mar Báltico as distâncias são longas. Quando se quer atuar de verdade na
região do Mediterrâneo, isso só é possível a partir daquela região. Para a política externa russa, o Mar Mediterrâneo exerce um
papel importante. Em meados de 2013, também foi restabelecida uma esquadra permanente no Mediterrâneo. Os russos não
querem entregar essa região à Marinha americana.
O que a Rússia acertou com a Ucrânia para que Sebastopol pudesse ser utilizada como base da frota?
Este é um acordo de longa data, que foi fechado sob o governo do antigo presidente russo Yeltsin. Ele sucedeu a uma
disputa. A Ucrânia afirmou que, após a dissolução da União Soviética, os navios nos portos pertenciam a eles. Houve um acordo
e parte da frota foi dada aos ucranianos – na maioria navios que, de qualquer forma, já estavam avariados.
Em 1997, um contrato de arrendamento [para o uso pelos russos do porto em Sebastopol] foi fechado por 20 anos. Sob o
governo de Yushchenko, antecessor de Yanukovytch, esse contrato foi praticamente rescindido. Quando chegou ao poder,
Yanukovytch não somente o reativou, mas também o prorrogou por mais 20 anos. Isso levou novamente a uma disputa – e até
mesmo a questionamentos constitucionais.
Por que os ucranianos aceitaram então o acordo?
Por um lado, por razões econômicas: em contrapartida, a Rússia prometeu gás natural mais barato. Em segundo lugar,
por motivos políticos: Yanukovytch está, notoriamente, mais próximo dos russos do que do Ocidente.
Qual o papel da frota do Mar Negro na crise atual?
Nesse conflito, a frota do Mar Negro exerce um papel secundário. Não deverá haver nenhum confronto no mar.
Fonte: https://www.dw.com/pt-br/porto-de-sebastopol-%C3%A9-imprescind%C3%ADvel-para-a-r%C3%BAssia-diz-
analista/a-17500256. Acesso em 26 out 2022
5.6.2 - China
A China foi a economia que mais cresceu no mundo ao longo dos anos 1980 e 1990, e nos anos 2000 continuou crescendo
a taxas médias de 10% ao ano, quando alcançou a segunda posição entre os maiores PIBs do planeta. Como explicar as aceleradas
transformações pelas quais a China vem passando? Como compreender seu rápido salto à condição de potência mundial?
Nessa época começou a se desenvolver uma incipiente industrialização, com a chegada de investidores estrangeiros
interessados em aproveitar a mão de obra muito numerosa, por isso barata, e a grande disponibilidade de matérias-primas.
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Começaram a ser instaladas algumas fábricas nas principais cidades do país, sobretudo em Xangai. No conjunto, porém, a China
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continuava a ser um país camponês dominado por estrangeiros. A tímida industrialização foi interrompida pela invasão e
ocupação japonesa, na década de 1930, e pela guerra civil, que se estendeu de 1927 até 1949.
Nesse contexto, ideias revolucionárias ganharam força entre muitos intelectuais chineses. À influência da Revolução
Russa juntou-se o sentimento nacionalista e anticolonial, dando origem ao Partido Comunista Chinês (PCCh), em 1921. Entre
os fundadores desse partido estava Mao Tsé-tung (1893-1976), seu futuro líder.
Com a morte de Sun Yat-sen, o Kuomintang passou a ser controlado pelo militar Chiang Kai-shek (1887-1975), que a
partir de 1928 passou a liderar o Governo Nacional da China, embora não controlasse todo o território do país. Após curta
convivência pacífica, o governo nacionalista colocou o PCCh na ilegalidade, iniciando uma guerra civil entre comunistas e
nacionalistas que se estendeu até o fim da década de 1940. Em 1934, os japoneses implantaram na Manchúria, com a conivência
das potências ocidentais, Manchukuo (‘Estado da Manchúria’, em japonês), um país apenas formalmente independente. Seu
governante era Pu Yi, o último imperador chinês, na realidade um governante fantoche. Quem de fato governava Manchukuo
eram os japoneses, que tinham se apoderado de uma das regiões mais ricas em minérios e combustíveis fósseis de toda a China.
Em 1937, os japoneses declararam guerra total contra a China e chegaram a ocupar, próximo do fim da 2ª GM, cerca de
dois terços de seu território. Somente nesse breve período houve um apaziguamento entre comunistas e nacionalistas,
empenhados em derrotar os invasores japoneses. Bastou o Japão assinar sua rendição para que o conflito interno na China
reacendesse e se intensificasse.
Depois de 22 anos de guerra civil, com breves interrupções, os comunistas do Exército de Libertação Popular – formado
por voluntários, em sua maioria camponeses, e liderado por Mao Tsé-tung - saíram vitoriosos. Em outubro de 1949 foi
proclamada a República Popular da China, e o território continental do país foi unificado sob o controle dos comunistas,
comandados por Mao, então secretário-geral do PCCh: nascia a China comunista. Entretanto, os membros do Kuomintang,
comandados por Chiang Kai-shek, se refugiaram na ilha de Formosa, onde fundaram a República da China ou China nacionalista,
mais conhecida como Taiwan, que o governo de Pequim sempre considerou uma província rebelde.
Relação China-Taiwan
A história de Taiwan, por conta da Guerra Fria, é marcada pelo conflito com Pequim e pela duplicidade da política norte-
americana em relação aos dois países. Após a Revolução Comunista, a cadeira reservada à China na ONU foi oferecida a Taiwan,
que a ocupou até o início da década de 1970. A República Popular da China, com cerca de 1 bilhão de habitantes, simplesmente
não era reconhecida. Com o rompimento sino-soviético, em 1965, os Estados Unidos passaram a ter grandes interesses na
aproximação com a China comunista. Em 1972, o então presidente norte-americano, Richard Nixon, fez uma viagem ao país,
dando início ao reconhecimento do governo de Pequim. No ano anterior, o país havia sido reconhecido pela ONU e admitido
como membro permanente do Conselho de Segurança, ao mesmo tempo que Taiwan foi expulsa da organização por exigência
chinesa. Em 1979, os Estados Unidos romperam relações com Taiwan e reconheceram oficialmente a China. Há setores da
sociedade de Taiwan que defendem sua readmissão na ONU e o restabelecimento de relações diplomáticas com os Estados
Unidos, que, apesar de não reconhecerem o país oficialmente, vendem armas a ele, criando atritos com Pequim. A concretização
dessas metas é difícil, pois contraria os interesses chineses. A China sempre deixou claro que é contrária à independência da ilha
e ameaça invadi-la caso isso venha a acontecer. Os governos dos dois países vêm adotando uma posição moderada em relação a
essa questão e firmando acordos que visam a uma aproximação na área econômica, que pode levar no futuro a uma “reunificação
pacífica”, garantindo certa autonomia a Taiwan, como aconteceu com a reincorporação de Hong Kong, em 1997 (esse território,
hoje uma Região Administrativa Especial da China, era administrado pela Grã-Bretanha desde 1842).
A Revolução Chinesa de 1949 foi um importante divisor de águas na história do país, e isso já ficara evidente quando
Mao Tsé-tung, em discurso feito durante a fundação da República Popular da China, afirmou para uma multidão em Pequim: “O
povo chinês se levantou [...]; ninguém nos insultará novamente”.
No início do período revolucionário, a China seguiu o modelo político-econômico vigente na antiga União Soviética, país
que inclusive enviou muitos técnicos e assessores para ajudar no desenvolvimento da economia chinesa. Com base na ideologia
marxista-leninista, implantou-se um regime político centralizado sob o controle do Partido Comunista Chinês, cujo líder máximo
era o secretário-geral (cargo ocupado por Mao Tsé-tung até 1976). Economicamente, com a coletivização das terras, foram
implantadas de modo gradativo as comunas populares, que seguiam, de modo geral, o modelo das fazendas coletivas da União
Soviética. O Estado passou a controlar também todas as fábricas e a exploração dos recursos naturais; seu processo de
industrialização só deslanchou mesmo após 1949. Vale lembrar que a Revolução Chinesa foi essencialmente camponesa. Para
ter uma ideia, nessa época havia no país em torno de 3,2 milhões de operários, o que equivalia a apenas 0,6% da população de
cerca de 540 milhões de habitantes.
O processo de industrialização
Em 1957, Mao Tsé-tung lançou um ambicioso plano econômico, conhecido como o Grande Salto à Frente, que se estendeu
até 1961. Esse plano pretendia acelerar a consolidação do socialismo por meio da implantação de um parque industrial amplo e
diversificado. Para tanto, a China passou a priorizar investimentos na indústria de base, na bélica e em obras de infraestrutura
que sustentassem o processo de industrialização. Apesar de dispor de numerosa mão de obra e de abundantes recursos naturais,
a industrialização chinesa teve idas e vindas. Devido à burocracia e à má gestão, o Grande Salto à Frente desarticulou
completamente a incipiente economia industrial do país. Além disso, a industrialização chinesa inicialmente padeceu dos mesmos
males do modelo em que se inspirou: baixa produtividade, produção insuficiente, má qualidade dos produtos, concentração de
capitais no setor armamentista e burocratização.
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As divergências e as desconfianças entre os líderes dos dois principais países socialistas aumentavam cada vez mais. Em
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1964, a China fez seu primeiro teste subterrâneo com uma bomba atômica e, três anos depois, com a de hidrogênio. A União
Soviética, por sua vez, não admitia perder a hegemonia nuclear no bloco socialista. Esse fato decisivo, somado às divergências
quanto ao modelo de socialismo, acabou provocando, em 1965, o rompimento entre a União Soviética e a China. Como
consequência, Moscou retirou os assessores e os técnicos que mantinha em território chinês, agravando ainda mais seus
problemas econômicos. O rompimento sino-soviético abriu caminho para a aproximação sino-americana. Foi nessa época que,
como vimos, a República Popular da China recebeu a visita do presidente dos Estados Unidos e foi admitida na ONU, tornando-
se membro permanente do Conselho de Segurança. Com a morte de Mao Tsé-tung (1976), após um curto período de disputa
interna pelo poder, Deng Xiaoping foi indicado ao cargo de secretário-geral do PCCh (dois anos depois), posição em que
permaneceu por 14 anos. Nesse período implantou diversas medidas que caracterizam a reforma econômica, a “segunda
revolução da China”, como ele diz na epígrafe, responsável pela completa transformação do país. Mao foi responsável pela
primeira revolução chinesa, a socialista, Deng, pela segunda, a “socialista de mercado”.
seus produtos, baixando seus preços e ficando atentas às demandas do mercado. Além disso, o governo permitiu o surgimento
de pequenas empresas e autorizou a constituição de empresas mistas (joint ventures), visando atrair o capital estrangeiro.
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A grande virada, porém, veio com a abertura das chamadas zonas econômicas especiais, já no início dos anos 1980 – as
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primeiras foram as de Zhuhai, Shenzhen, Shantou, Xiamen e Hainan. Com o tempo foram implantadas cidades abertas, portos
abertos, entre outras modalidades de abertura ao exterior. O objetivo fundamental dessas diversas áreas abertas, espécies de
enclaves capitalistas dentro do território chinês, era atrair empresas estrangeiras, as quais levaram, além de capitais, tecnologia
e experiência de gestão empresarial, que faltavam aos chineses. Num esforço para ampliar as exportações, a China concedeu aos
capitais estrangeiros ampla liberdade de atuação nessas novas regiões industriais, especialmente nas zonas econômicas especiais
(a maioria se concentra na província de Guangdong). Consequentemente, desde os anos 1990 o país tem ocupado quase sempre
a posição de segundo maior receptor de investimentos produtivos do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. Quase todas as
transnacionais com atuação global têm filiais na China, mas para se instalar em seu território precisam criar joint ventures com
empresas nacionais, o que implica transferência tecnológica.
É importante destacar que as empresas estrangeiras são atraídas por um conjunto de fatores que tornam o território chinês
altamente favorável a uma produção voltada ao mercado externo e ao abastecimento do crescente mercado interno:
• Baixos salários e mão de obra razoavelmente qualificada: a população é numerosa e os sindicatos são proibidos;
• Política tributária que favorece as exportações: redução ou isenção de impostos sobre produtos industrializados;
• Controle da taxa de câmbio: a cotação do yuan é mantida artificialmente baixa pelo governo, o que torna os produtos exportados
baratos no mercado internacional;
• Disponibilidade de moderna Infraestrutura nas zonas econômicas especiais: o governo tem investido maciçamente em portos,
ferrovias, rodovias, telecomunicações, etc.;
• Disponibilidade de recursos naturais usados como matéria-prima e fontes de energia, mas apesar de seus imensos recursos
naturais a China é grande importador;
• Permivissidade com relação à poluição e à degradação ambiental: essa política está mudando;
• Nos últimos anos, grande crescimento e fortalecimento do mercado interno: está havendo uma elevação da renda da população.
lugar na lista dos maiores exportadores do mundo). Trinta anos depois, o país exportou mercadorias no valor de US$1,6 trilhão,
tornando-se o maior exportador do mundo. Para ter uma ideia do explosivo crescimento das exportações chinesas, basta compará-
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lo com o de outro país do Brics, o Brasil. Em 1980, nosso país exportou mercadorias no valor de 20 bilhões de dólares (19º lugar
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na lista) e, em 2010, 202 bilhões de dólares (22º lugar). Enquanto as exportações brasileiras cresceram 910% no período, as
chinesas cresceram 8 667%!
O governo chinês aumentou gradativamente a quantidade de produtos industrializados na pauta de exportação do país.
Em 1980, 48% de suas exportações eram compostas de produtos industrializados; em 2010, esse índice subiu para 94%, de
acordo com o Relatório Indicadores de Desenvolvimento Mundial 2012. Desse percentual, a maior parte é composta de produtos
de baixo e médio valor agregado, intensivos em trabalho, ou seja, que se valem da enorme disponibilidade de mão de obra barata
como vantagem competitiva. Entretanto, o governo tem se esforçado para aumentar os produtos de maior valor agregado na
pauta de exportação. Para isso, desde meados da década de 1980 vem implantando tecnopolos, as chamadas zonas de
desenvolvimento econômico e tecnológico, que buscam atrair indústrias de alta tecnologia. Em 2010, de acordo com o relatório
do Banco Mundial, 27,5% dos produtos industrializados exportados pelo país já eram bens de alta tecnologia, que são intensivos
em capital. Grande parte desses produtos é fabricada nas mais de cinquenta zonas de desenvolvimento econômico e tecnológico
situadas predominantemente na costa leste, tais como Xangai, Cantão, Fuzhou, Xiamen e Hainan. Muitas dessas regiões
industriais de alta tecnologia localizam-se em zonas econômicas especiais ou em cidades abertas.
A entrada da China na OMC, em 2001, foi um dos principais acontecimentos da economia internacional no início deste
século e reforça sua posição mundial como grande país comerciante. Ao se adequar às regras dessa organização, o país ampliou
as possibilidades de negócios para suas empresas exportadoras e para as empresas estrangeiras que exportam para seu mercado
interno.
O rápido crescimento econômico concentrado principalmente nas cidades costeiras provocou o aumento das migrações
internas, apesar das restrições do governo central. Por exemplo, a população da cidade de Shenzen, localizada na província de
Guangdong, próxima a Hong Kong, saltou de 300 mil habitantes, em 1975, para 9 milhões, em 2010. De acordo com a ONU, a
cidade saltou da 401ª posição entre as maiores do mundo para a 26ª colocação. Foi a cidade que mais cresceu no mundo nas
últimas três décadas. A maioria dos migrantes vai em busca de melhores salários nas zonas econômicas especiais e nas cidades
livres, mas é sobretudo essa migração que impede uma elevação maior da remuneração dos trabalhadores. O governo tem
procurado interiorizar a economia, estimulando o desenvolvimento de novos centros industriais, mas é na fachada litorânea que
ainda estão as maiores oportunidades de trabalho.
Outro aspecto desse crescimento acelerado foram os graves impactos ambientais provocados pelo rápido e insustentável
crescimento econômico. Até os anos 1990 não havia nenhuma preocupação com a questão ecológica por parte do regime chinês,
a ordem era crescer a qualquer custo e gerar urgentemente empregos, lucros, saldos comerciais e impostos. Como consequência
dessa política, as agressões ambientais cresceram vertiginosamente: as cidades chinesas estão entre as mais poluídas do mundo,
assim como seus cursos de água, o que tem causado diversas doenças à população, e muitos de seus recursos naturais estão à
beira do esgotamento.
A Agência de Proteção Ambiental Nacional (Nepa, na sigla em inglês) foi criada em 1984, mas nessa época a prioridade
era o crescimento econômico. Somente a partir do / m dos anos 1990 começou a se disseminar no país a consciência de que o
crescimento precisa ser sustentável, não apenas do ponto de vista econômico e social, mas também do ponto de vista ecológico,
e o próprio governo está preocupado com a questão.
atmosférica; a poluição radioativa também tem recebido grande interesse. Os instrumentos da política mudaram da ênfase em
regulamentos de comando-e-controle para incentivos econômicos. [...]
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FERREIRA, L. C.; BARBI, F. Questões ambientais e prioridades políticas na China. Com Ciência - revista eletrônica de
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jornalismo científico, n. 137, Campinas: Labjor-Unicamp/SBPC, 10 abr. 2012.
Disponível em: <www.comciencia.br/comciencia/handler.php?>. Acesso em: 14 nov. 2012.
O parque industrial
A China dispõe atualmente de um parque fabril muito diversificado, e grandes corporações estão se constituindo no país.
Em 2012, havia 73 empresas chinesas, a maioria delas estatal, na lista das quinhentas maiores do mundo. Entre elas estão:
Sinopec Group (setor petrolífero e petroquímico; em 2012 era a maior empresa do país e a quinta na lista da revista Fortune),
China Nacional Petroleum (setor petrolífero), State Grid (energia elétrica), Baosteel (setor siderúrgico), China Railway Group
(setor ferroviário), Dongfeng Motor e China FAW Group (setor automobilístico) e Aviation Industry Corporation of China (setor
aeronáutico).
Vinte anos antes não havia nenhuma empresa chinesa nessa lista. Essa mudança reflete o explosivo crescimento
econômico do país e evidencia a crescente importância de suas empresas no mundo. Acompanhe, na tabela, a evolução do número
de empresas chinesas entre as maiores do mundo em comparação com outros países. Porém, nem só de grandes empresas vive a
economia chinesa. A maioria dos empregados e grande parte da produção para a exportação, principalmente das mercadorias de
baixo valor agregado, concentram-se em milhões de pequenas empresas espalhadas pelo país, incluindo a zona rural.
Em muitos setores industriais, principalmente nos estratégicos, as empresas chinesas são controladas predominantemente
pelo Estado. Entretanto, o setor privado está em crescimento constante e, se considerarmos a economia como um todo, em
número de empresas, em empregos oferecidos e em patrimônio, já superou o setor estatal, como mostram os gráficos. Entretanto,
em termos de patrimônio, o Estado ainda tem uma participação importante, indicando que continua dono das maiores empresas
do país. No setor privado predominam empresas nacionais pequenas e médias, que são também as que mais empregam.
A maioria das grandes empresas transnacionais do mundo e mesmo algumas de menor porte têm instalado filiais na China
para aproveitar o gigantesco mercado interno, que não para de crescer, e as vantagens competitivas que o país oferece para
exportação (quase todas as quinhentas da lista da revista Fortune possuem filiais lá). Há inclusive algumas multinacionais
brasileiras instaladas no país: WEG (motores elétricos), Embraco (compressores), entre outras.
O acelerado crescimento econômico da China e sua transformação em “fábrica do mundo” modificou radicalmente as
paisagens do país, especialmente as urbanas. As cidades cresceram exponencialmente, fábricas foram erguidas por todos os lados
e a poluição cresceu na mesma proporção, mas ao mesmo tempo esse processo tirou milhões de pessoas da pobreza e constituiu
uma classe média numerosa. Em 1981, segundo o Banco Mundial, 97,8% da população chinesa vivia na pobreza (com menos
de 2 dólares/dia); em 2008, a população que estava na penúria caiu para 29,8%. A expansão da classe média, com crescente
poder de compra, ampliou significativamente o mercado consumidor interno, como se pode constatar pelos dados da tabela.
Entretanto, ao mesmo tempo, esse crescimento acelerado vem concentrando renda nos estratos mais ricos da sociedade e
contribuindo para ampliar as desigualdades sociais, como mostra a tabela ao lado.
De acordo com o Hurun Report, em 2010 havia na China 189 pessoas com uma fortuna superior a US$1 bilhão (só perdia
para os Estados Unidos, com quatrocentos bilionários). O vínculo com o Partido Comunista ajuda a fazer negócios e a enriquecer:
segundo o mesmo relatório, um terço das mil pessoas mais ricas da China pertence ao PCCh.
Essas são algumas das contradições da “economia socialista de mercado”.
Zonas Econômicas Especiais (ZEEs), em 1984, que funcionam como verdadeiros enclaves econômicos internacionalizados. As
empresas instaladas em ZEEs beneficiam-se de legislação especial. A maioria desses enclaves situa-se em cidades do litoral
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O litoral, onde se concentram as principais cidades, configura-se como espaço econômico internacionalizado. O
dinamismo econômico dessa faixa, onde a renda per capita é mais elevada, difunde-se aos poucos e através dos vales fluviais
para o cinturão agrícola interior. Nessas províncias essencialmente rurais, a agricultura percorre uma trajetória desigual de
modernização e libera numeroso contingente de trabalhadores para o litoral industrializado. As estimativas indicam que mais de
100 milhões de pessoas estão em permanente migração na China, constituindo força de trabalho temporária nos polos urbanos e
industriais.
A indústria pesada, por sua vez, concentra-se na Manchúria, que dispõe de vastas reservas de carvão mineral e importantes
jazidas de ferro. O complexo estatal de indústrias de base instalado nessa região garante ao país o primeiro lugar na produção
mundial de aço. Contudo, essa área sofre de problemas estruturais de defasagem tecnológica.
Outro agente importante no início da industrialização foi o Estado, que passou a investir em indústrias de bens
intermediários – mineração e siderurgia, petrolífera e petroquímica etc. – e em infraestrutura – transportes, telecomunicações,
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energia elétrica etc. Na América Latina, os maiores símbolos desse modelo foram as estatais petrolíferas: Petrobras (fundada em
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1954), Pemex (Petróleos Mexicanos, 1934), PDVSA (Petróleos de Venezuela S.A., 1975) e a argentina YPF (Yacimientos
Petrolíferos Fiscales, 1922). Em 2012 todas continuavam sob o controle total ou parcial do Estado, eram tanto as maiores
empresas nos respectivos países como, com exceção da YPF, as primeiras colocadas da América Latina na lista Fortune Global
500 (a YPF foi comprada em 1999 pela espanhola Repsol, mas em 2012 o governo argentino voltou a controlá-la ao expropriar
51% das ações de um bloco de 57,4% que pertencia à Repsol). Após a Segunda Guerra, o modelo de industrialização por
substituição de importações mostrou suas limitações: carência de maiores volumes de capitais que permitissem dar continuidade
ao processo, inexistência de setores industriais importantes, como a indústria de bens de capital, e defasagem tecnológica. Foi
nessa época que começou a entrada de capitais estrangeiros. As filiais de empresas transnacionais promoveram expansão de
muitos setores industriais nesses países: automobilístico, químico-farmacêutico, eletroeletrônico, de máquinas e equipamentos e
outros, que até então tinham uma produção limitada ou inexistente. Nos setores tradicionais também entraram grandes empresas
alimentícias e têxteis, juntando-se às nacionais já existentes e, em muitos casos, incorporando-as. Assim, houve um grande
avanço no processo de industrialização do Brasil, do México e da Argentina, o qual passou a se assentar no tripé de capital
estatal, nacional e estrangeiro. A entrada das corporações transnacionais contribuiu para o surgimento de novas empresas
nacionais em diversos setores, muitas delas complementares às estrangeiras: por exemplo, a entrada das empresas
automobilísticas estimulou o desenvolvimento de muitas indústrias nacionais de autopeças.
Esse modelo vigorou também em outros países latino-americanos, como a Venezuela, a Colômbia, o Chile e o Peru, que,
embora tenham menor grau de industrialização, vêm apresentando rápido crescimento econômico neste século, maior até do que
as duas maiores economias da região. Com o tempo, a indústria tornou-se um setor muito importante na economia do Brasil, do
México e da Argentina (e de outros países da América Latina), com uma significativa participação nos respectivos PIBs. Os mais
importantes complexos industriais estão concentrados nas grandes regiões metropolitanas: no triângulo São Paulo-Rio de
Janeiro-Belo Horizonte, no Brasil; no eixo Buenos Aires-Rosário, na Argentina; e no eixo Cidade do México-Guadalajara e em
Monterrey, no México. Mas há concentrações industriais também na região de Caracas (Venezuela), Bogotá (Colômbia) e
Santiago (Chile). Esses países, embora menos importantes do ponto de vista industrial, também são classificados como
emergentes.
O modelo de substituição de importações incentivou a produção interna de muitos bens de consumo, que deixaram de ser
comprados no exterior, como roupas, calçados, eletrodomésticos, carros, entre outros. Ao mesmo tempo, requeria a importação
de outros bens que não eram produzidos internamente, como máquinas e equipamentos, e exigia a constituição de uma
infraestrutura de transportes, energia e telecomunicações, demandando cada vez mais investimentos. Como a poupança interna
era limitada, esse modelo de industrialização foi muito dependente de capital estrangeiro, e os recursos externos entravam nesses
países como investimento produtivo, por meio da instalação de filiais de transnacionais, ou por empréstimos contraídos pelos
governos e por empresas privadas nacionais.
A combinação de altas taxas de juros (maior endividamento) com baixos preços de produtos de exportação (menores
receitas) só podia resultar, para muitos países, em uma grave crise econômica. A crise da dívida atingiu os países em
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desenvolvimento em geral, mas em particular os latino-americanos, os mais endividados. Assim, para esses países, os anos 1980
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ficaram conhecidos como a “década perdida”: suas economias sofreram com baixo crescimento e elevada inflação.
Esse modelo econômico provocou forte concentração de renda, sobretudo no Brasil (segundo o Banco Mundial, em 1989
os 10% mais ricos da população se apropriavam de 51,3% da renda nacional, enquanto os 10% mais pobres detinham apenas
0,7%), porque se assentava em baixos salários pagos aos trabalhadores, o que restringiu a expansão do mercado interno e, como
consequência, o próprio processo de industrialização. Paradoxalmente, o modelo que visava substituir importações, ou seja, ter
autonomia para suprir o mercado interno, acabou limitando-o. Os bens de consumo produzidos, notadamente automóveis e
produtos eletrônicos, eram voltados apenas para pequena parcela da população.
A década de 1990 foi marcada pela estabilização das economias dos países latino-americanos. A redução da inflação foi
alcançada após a implantação de medidas como o controle dos gastos públicos, a privatização de empresas estatais e a abertura
econômica para produtos e capitais estrangeiros. Essas medidas mudaram a modalidade de endividamento externo e melhoraram
o desempenho da economia, entretanto, as crises continuaram ocorrendo, agora no contexto da globalização financeira.
Com os avanços tecnológicos na informática e nas telecomunicações, ampliaram-se as possibilidades de investimentos
no mercado mundial. Há diversas modalidades de investimentos de capitais no sistema fi- nanceiro globalizado, destacando-se
as ações, os títulos da dívida pública e as moedas estrangeiras.
Além do mercado acionário, que cresceu de forma significativa, uma das modalidades de investimento especulativo mais
difundidas na atual globalização financeira é a compra e a venda de títulos da dívida pública. A emissão desses títulos pelos
governos é uma forma de os países tomarem dinheiro emprestado. Ao comprá-los, os investidores – em geral bancos ou corretoras
que fazem a intermediação entre pessoas e empresas que aplicam no mercado financeiro – emprestam dinheiro ao Estado, que
terá de pagar juros pelo empréstimo.
O problema do capital especulativo é que ele é volátil, ou seja, não cria raízes, transferindo-se rapidamente de um setor,
ou mesmo de um país, para outro, e por isso gera poucos empregos. Além disso, tende a fragilizar as economias dos países
porque os operadores das empresas financeiras muitas vezes retiram o dinheiro quando aqueles mais precisam de capital. Essa
foi a origem das crises financeiras de diversos países emergentes ao longo da década de 1990. Vejamos o caso mais emblemático:
o do México.
maioria analfabeta, território reduzido, sem nenhuma reserva importante de recursos minerais ou combustíveis fósseis, portanto,
um futuro econômico que não lhes parecia muito promissor. No entanto, atualmente possuem algumas das economias mais
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A península da Coreia, como a ilha de Taiwan, foi ocupada pelo Japão desde o fim da Guerra Sino-Japonesa (1894-1895)
até o fim da Segunda Guerra Mundial.
A península da Coreia foi dividida após a Segunda Guerra, dando origem a dois países: a Coreia do Norte, socialista, e a
Coreia do Sul, capitalista. Ao fim da guerra travada entre elas, de 1950 a 1953, a península continuou dividida. Enquanto a
Coreia do Norte tornou-se um dos países mais isolados e atrasados do mundo, a Coreia do Sul se transformou na maior economia
dos quatro Tigres e quarta da Ásia.
Taiwan (ou República da China), com capital em Taipé, constituiu-se como Estado a partir da fuga dos membros do
Partido Nacionalista (Kuomintang), após a Revolução de 1949, como vimos no capítulo anterior.
Cingapura era um entreposto comercial da Companhia Britânica das Índias Ocidentais desde 1824. Essa pequena ilha,
depois de pertencer ao Império Britânico, integrou a Federação da Malásia, mas sua independência definitiva ocorreu apenas em
1965, quando foi constituída a República de Cingapura.
Durante a Segunda Guerra, todos esses territórios estiveram sob ocupação japonesa. Após a guerra, sobretudo a partir dos
anos 1970, eles passaram por um acelerado processo de industrialização, favorecido pela lógica da Guerra Fria: fizeram parte de
um arco de alianças liderado pelos Estados Unidos para fazer frente ao avanço sino-soviético e receberam apoio financeiro desse
país. Nas décadas de 1980 e 1990, apresentaram alguns dos maiores índices de crescimento econômico do mundo e, desde essa
época, suas economias estão entre as que mais têm incorporado novas tecnologias ao processo produtivo. Além disso, vêm
diminuindo as desigualdades sociais e melhorando seus indicadores socioeconômicos. Desde os anos 1980, ficaram conhecidos
como Tigres Asiáticos (junto de Hong Kong), porque o forte empenho na busca de novos mercados no exterior levou suas
economias a crescer, em média, 7,4% ao ano. Resultado do modelo de plataforma de exportações, cujas características veremos
em seguida: em 1965, nos primórdios do processo de industrialização de cada um desses três territórios, eles detinham uma
participação de cerca de 1% do comércio mundial; em 2010, segundo a OMC, essa participação atingiu 7%.
No início da industrialização, a mão de obra nesses países asiáticos era muito barata e relativamente qualificada e
produtiva, por causa do bom nível educacional. Esse baixo custo, associado às medidas governamentais, como os subsídios às
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exportações e o controle da política cambial, tornava os produtos dos Tigres muito baratos. Isso lhes garantiu alta competitividade
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no mercado mundial e, portanto, elevados saldos comerciais, os quais eram reinvestidos a fim de alcançar maior capacitação
tecnológica.
Vale destacar que, desde os primórdios de seu processo de industrialização, as sociedades dos Tigres Asiáticos
perceberam a importância de investir em educação, principalmente no nível básico, como condição fundamental para a formação
de trabalhadores e pesquisadores qualificados, a geração de novas tecnologias e o aumento da produtividade. Principalmente a
Coreia do Sul, a maior e mais moderna economia entre os Tigres, desde o início deu muito valor à educação básica e a tomou
como suporte para seu desenvolvimento socioeconômico. O país sempre vem aparecendo nas primeiras posições no Programa
Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa). Esse exame é realizado desde 2000 pela Organização de Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE) para avaliar conhecimentos e habilidades essenciais dos alunos de 15 anos (em tese,
concluintes do Ensino Fundamental). Dele participam os membros da OCDE e alguns países convidados, como o Brasil, que
sempre tem ocupado as últimas posições.
Ao contrário dos países latino-americanos e africanos, os Tigres Asiáticos tinham um vizinho com um modelo bem-
sucedido em que se espelhar: seguiram de maneira quase integral os passos do Japão. Além disso, se beneficiaram de uma
conjuntura mundial liberal, principalmente nos Estados Unidos, dispondo, assim, de amplos mercados para colocar seus
produtos, o que os ajudou a se converterem em plataformas de exportação. Durante muito tempo esses países foram conhecidos
como exportadores de produtos de baixa qualidade e de tecnologia banal, mas hoje estão vendendo produtos sofisticados de alto
valor agregado, como navios, automóveis, semicondutores, computadores, tablets, smartphones, etc. Mais recentemente, o
aumento da renda per capita, e a elevação salarial, resultante do crescimento da produtividade da economia, ocasionaram uma
expansão quantitativa e qualitativa dos mercados internos, sobretudo na Coreia do Sul. Esse país, além de ser o mais populoso
dos quatro, é também aquele no qual os trabalhadores recebem os salários mais elevados (embora ainda seja metade do que
ganham norte-americanos e japoneses).
Deve-se salientar que a elevação dos custos da mão de obra e a valorização de suas moedas têm levado esses países,
novamente seguindo os passos do Japão, a aprimorar suas indústrias. Os Tigres têm investido em novos setores industriais, mais
avançados tecnologicamente, transferindo indústrias tradicionais e intensivas em mão de obra para outros países da região, onde
o custo da força de trabalho é menor. Assim como investidores japoneses, norte-americanos e europeus, os empresários dos
Tigres também têm construído filiais na Tailândia, na Malásia e na Indonésia, que, como os primeiros Tigres, também cresceram
aceleradamente, de 1980 a 2010, conforme se pode constatar pelos dados da tabela a seguir. Por isso esses três países são
conhecidos como os Novos Tigres. Há ainda muitos investimentos sendo feitos na China, sobretudo por empresários de origem
chinesa com empresas sediadas em Taiwan e Cingapura.
Apesar de muitos pontos em comum, principalmente quanto ao processo de industrialização, há grandes diferenças entre
esses países, em particular quanto à estrutura industrial.
A Coreia do Sul é o país mais industrializado dos Tigres Asiáticos, e sua economia é controlada por redes de grandes
empresas, denominadas chaebols, a exemplo dos keiretsus japoneses. Fabricam uma enorme diversidade de produtos, desde aço
e navios até artigos eletrônicos e automóveis, além de também atuarem no setor financeiro e no comércio. Os chaebols sul-
coreanos cada vez mais colocam seus produtos mundo afora, figuram na lista das maiores empresas do mundo e já são
responsáveis por algumas inovações tecnológicas. Entre eles se destacam: a Samsung Electronics (a maior empresa do país e 20ª
do mundo, de acordo com a The Global 500, 2012), a SK Holdings, a Hyundai Motor, a LG Electronics e a Hyundai Heavy
Industries (todas na lista da revista Fortune).
As maiores concentrações industriais na Coréia do Sul estão no litoral, nas proximidades de portos, como Busan, o maior
do país e um dos maiores do mundo. Essa localização favorece a chegada de matérias-primas agrícolas, minerais e fósseis, com
forte presença na pauta de importações (segundo o Banco Mundial, 44% em 2010), e a saída de produtos industrializados,
majoritários na pauta de exportações (89% em 2010).
Taiwan tem seis empresas na lista da Fortune Global 500 2012; a maior delas é a Hon Hai Precision Industry (a 43ª do
mundo). Essa empresa é detentora da marca Foxconn, que produz motherboards (placas-mãe), notebooks, tablets e smartphones
para diversas marcas ocidentais, entre as quais a norte-americana Apple. Estão sediadas no país mais duas empresas do setor
microeletrônico que estão entre as quinhentas maiores: Quanta Computer e Compal Electronics. A especialização das empresas
taiwanesas lhes permite agilidade e flexibilidade para se adaptarem às inovações tecnológicas, assegurando-lhes maior
competitividade. Cingapura transformou-se num dos maiores entrepostos comerciais do mundo e importante centro financeiro
asiático. Em 2012, o país apresentava o melhor índice de desempenho em logística do mundo, como vimos no capítulo 6, e em
2010 possuía o segundo porto mais movimentado do planeta. Além disso, tem procurado investir em indústrias de alto valor
agregado, como a naval e a eletrônica. Está sediada no país a Flextronics International, segunda fabricante mundial de
componentes eletrônicos, atrás apenas da Foxconn.
possibilitou, mais do que o latino-americano, a constituição de um amplo mercado interno. A exclusão social foi uma das piores
decorrências do modelo econômico implantado na América Latina.
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Outra diferença importante é que o modelo asiático, ao apoiar o desenvolvimento em poupança interna e implantar um
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Estado eficiente, mantendo as contas públicas controladas, permitiu, bem antes dos países da América Latina, maior crescimento
econômico com a inflação sob controle. A inflação alta foi durante muito tempo um perverso mecanismo de concentração de
renda nos países da América Latina, mesmo quando a economia cresceu. Como vimos, o modelo asiático, em comparação com
o latino-americano, propiciou maiores taxas de crescimento econômico, maior elevação e melhor distribuição da renda per capita,
consequentemente, assegurou maior alta do índice de desenvolvimento humano.
O modelo de industrialização desses dois países emergentes se aproxima do vigente no Brasil: também visou à
substituição de importações e teve (e ainda tem) forte presença do Estado na economia.
ÍNDIA
A Índia, um dos mais importantes países emergentes, possui uma das economias que mais cresce no mundo, ancorada em
seu gigantesco mercado consumidor: é a 2ª população do planeta (superada apenas pela chinesa; veja a tabela acima). Segundo
o Banco Mundial, o país cresceu em média 8% ao ano no período 2000-2010 (só ficou atrás da China). Entretanto, iniciou seu
processo de industrialização muito tarde, somente após a Segunda Guerra, quando se libertou do domínio do Reino Unido.
Em 1947, depois de longa campanha sob a liderança de Mohandas Gandhi (1869-1948), mais conhecido como Mahatma
(‘grande alma’, em sânscrito), o país obteve sua independência política. O partido Congresso Nacional Indiano (Indian National
Congress, INC), de maioria hindu, assumiu o poder, tendo como primeiro-ministro outro importante líder do movimento de
independência, Jawarhalal Nehru (1889-1964), que governou até sua morte. Seu partido, porém, permaneceu no poder até 1996,
quando o Partido do Povo Indiano (Bharatiya Janata Party, BJP) venceu as eleições. O país é uma república parlamentarista, e
os indianos gabam-se de ser a maior democracia do mundo, como aparece no próprio slogan do INC: “O maior partido
democrático do mundo”.
Sob o governo de Nehru, a Índia teve uma forte participação do Estado no início de seu processo de industrialização,
embora houvesse também capitais britânicos e norte-americanos. Como se tratava de um governo do grupo dos países não
alinhados, contou também com a assistência técnica soviética em diversos setores, como o petroquímico e o bélico. O Estado
investiu principalmente na indústria de bens intermediários, na indústria bélica e em obras de infraestrutura. Contribuíram ainda
para o processo de industrialização as grandes reservas de minérios, como cromo (2º produtor mundial), ferro (4º) e manganês
(5º), e de combustíveis fósseis, principalmente o carvão mineral, sua principal fonte de energia. Em 2011, o país extraiu de suas
minas 586 milhões de toneladas de carvão mineral (7,5% de toda a produção do planeta), sendo o terceiro produtor mundial. Em
2011, as reservas de petróleo eram de cerca de 9 bilhões de barris (19ª do planeta), e sua produção era de 897 mil barris diários
(23º produtor mundial). A produção interna equivalia a apenas 27% do consumo/dia, tornando o país um grande importador
desse combustível fóssil.
As maiores concentrações industriais do país estão no nordeste do território indiano, em torno de cidades como Janshedpur
e Kolkata (Calcutá), com destaque para indústrias pesadas, como siderúrgicas, mecânicas, carbo e petroquímicas, em razão das
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reservas de carvão, petróleo e minérios. Mas há concentrações industriais em outras regiões, inclusive de alta tecnologia, como
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em Bangalore, no sul do país.
A Índia dispõe de um parque fabril diversificado, com praticamente todos os setores industriais, e, também, já possui
algumas empresas entre as maiores do mundo, com destaque para a Indian Oil (maior do país e 83ª do mundo na lista da Fortune
Global 500 2012). A empresa atua em extração, transporte e refino de petróleo e no setor petroquímico. Foi criada em 1959, no
governo de Nehru, com o objetivo estratégico de sustentar o desenvolvimento industrial do país e garantir o abastecimento de
petróleo e derivados. A Indian Oil é o símbolo maior da intervenção estatal no processo de industrialização da Índia (como é a
Petrobras, no Brasil) e até hoje é controlada pelo governo central, que em 2012 detinha 78,9% das ações da companhia.
Outras duas grandes empresas indianas são a Tata Motors e a Tata Steel (314ª e 401ª na lista das 500 maiores em 2012);
ambas pertencem ao Grupo Tata, cujo controle está nas mãos do bilionário Ratan N. Tata. Esse gigantesco conglomerado é
composto de 94 empresas que atuam em mais de oitenta países nos mais diversos setores industriais: siderúrgico, químico,
automobilístico, aeroespacial, informática, entre outros; assim como também nos serviços e nas finanças.
ÁFRICA DO SUL
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O processo de industrialização da África do Sul se intensificou a partir da independência política, em 1961 (como a Índia,
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também foi colônia do Reino Unido), e contou com uma forte participação de capitais estrangeiros, predominantemente norte-
americanos e britânicos. Os investimentos externos distribuíram-se por vários setores, com destaque para a indústria extrativa,
enquanto os estatais concentraram-se na indústria de bens intermediários e em obras de infraestrutura. Hoje o parque industrial
sul-africano é diversificado, como mostra o mapa da página seguinte.
Embora a África do Sul seja a maior economia do continente africano e possua importantes empresas nacionais (estatais
e privadas), nenhuma delas consta na lista das 500 maiores do mundo. Também não há nenhuma empresa da África na lista da
revista Fortune. Isso é um dos indicadores da baixa concentração de capitais em suas empresas e da limitação do mercado interno
dos países africanos. Em 2011, o PIB da África do Sul, apesar de corresponder a 33% do produto bruto de toda a África
subsaariana (nessa região há 47 países), equivalia a 91% do PIB argentino ou a 16% do brasileiro.
Os fatores que mais contribuíram para a industrialização da África do Sul foram a disponibilidade de mão de obra barata
– os trabalhadores negros eram super explorados – e as enormes reservas minerais e energéticas. No início do processo eles
serviram para atrair investimentos estrangeiros, mas com o aumento da pressão internacional contra o apartheid, principalmente
a partir dos anos 1980, muitas empresas transnacionais deixaram de investir no país.
Além das pressões externas, muitos líderes sul-africanos lutaram contra o regime segregacionista, entre os quais o mais
conhecido é Nelson Mandela. Ele foi o maior líder do Congresso Nacional Africano, o mais antigo grupo antiapartheid (fundado
em 1912) e o partido político atualmente no poder (2012). Com a introdução do voto secreto e universal em 1994, Mandela,
recém-saído da prisão, foi eleito o primeiro presidente negro do país.
Apesar da extinção do regime do apartheid, a desigualdade socioeconômica permanece. A África do Sul é um dos países
com pior distribuição de renda no mundo: segundo o relatório 2012 do Banco Mundial, os 10% mais ricos se apropriam de 51,7%
da renda nacional, e os 10% mais pobres, de 1,2%. Segundo o mesmo relatório, 31,3% da população vive na pobreza (com menos
de 2 dólares/dia) e 13,8%, na extrema pobreza (com menos de 1,25 dólar/dia). A maioria da população pobre é composta de
negros, por isso, políticas de ação afirmativa têm sido postas em prática por sucessivos governos desde Mandela para compensar
essa desigualdade.
A concentração da renda nacional e a população relativamente pequena (quatro vezes menor que a brasileira e 24 vezes
menor que a indiana) restringem o mercado interno e inibem uma expansão mais acelerada do PIB sul-africano. Embora nos
anos 2000 tenha aumentado a taxa de crescimento econômico em relação à década anterior, na qual o país estava saindo do
apartheid, não chegou a apresentar um desempenho tão elevado como o da Índia, embora tenha superado o do Brasil. Segundo
o Banco Mundial, na década de 1990, o PIB da África do Sul cresceu em média 2,1% ao ano, e, no período 2000-2010, quase
dobrou, foi para 3,9%.
É importante destacar que o café permitiu a acumulação de capitais que serviram para implantar toda a infraestrutura
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necessária ao impulso da atividade industrial. Os barões do café, que residiam nos centros urbanos, sobretudo na cidade de São
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Paulo, para cuidar da comercialização da produção nos bancos e investir na Bolsa de Valores, aplicavam enorme quantidade de
capital no sistema financeiro, capital esse que ficou em parte disponível para a implantação de indústrias e infraestrutura. Todas
as ferrovias, construídas com a finalidade principal de escoar a produção cafeeira para o porto de Santos, interligavam-se na
capital paulista e constituíam um eficiente sistema de transporte. Havia também grande disponibilidade de mão de obra imigrante
que foi liberada dos cafezais pela crise ou que já residia nas cidades, além de significativa produção de energia elétrica. Além
desses fatores, o colapso econômico mundial causou a diminuição da entrada de mercadorias estrangeiras, que poderiam competir
com as nacionais.
A associação desses fatores constituiu a semente do processo de industrialização, que passou a germinar notadamente na
cidade de São Paulo, onde havia maior disponibilidade de capitais, trabalhadores qualificados e a infraestrutura básica a que nos
referimos. Regiões dos estados do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Minas Gerais também intensificaram seus processos de
industrialização.
Na instalação de novas indústrias predominava, com raras exceções, o capital de origem nacional, acumulado nas
atividades agroexportadoras. A política industrial comandada pelo governo federal era a de substituir as importações, visando à
obtenção de um superavit cada vez maior na balança comercial e no balanço de pagamentos, para permitir um aumento nos
investimentos nos setores de energia e transportes.
Graças à afinidade ideológica de Getúlio Vargas com o nazifascismo, que foi derrotado na Segunda Guerra, as oposições
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liberais se fortaleceram e, em 1945, o presidente foi deposto. Vargas retornou ao poder em 1951, dessa vez eleito pelo povo.
Com sua saída, assumiu a Presidência o general Eurico Gaspar Dutra, em 1946, que instituiu o Plano Salte, destinando
investimentos aos setores de saúde, alimentação, transportes, energia e educação. Até 1950, quando terminou seu mandato, o
Brasil passou por grande incremento da capacidade produtiva.
Durante a Segunda Guerra, o país exportou diversos produtos agrícolas, industriais e minerais para os países europeus em
conflito, obtendo enorme saldo positivo na balança comercial. Esse saldo, porém, foi utilizado no decorrer do governo Dutra,
com a importação de máquinas e equipamentos para as indústrias têxteis e mecânicas, o reequipamento do sistema de transportes
e o incremento da extração de minerais metálicos, não metálicos e energéticos.
Além disso, houve forte mudança na política econômica do país com a abertura à importação de bens de consumo, o que
contrariava os interesses da indústria nacional. Os empresários nacionais defendiam a reserva de mercado, isto é, que o governo
adotasse medidas que tornassem as mercadorias importadas mais caras ou mesmo proibissem sua entrada no país.
Boa parte das reservas cambiais acumuladas ao longo da Segunda Guerra foi utilizada na importação de cremes dentais,
geladeiras, chocolates, brinquedos, artigos decorativos e muitos outros produtos que agradavam à classe média. Ao utilizar as
reservas, essa mudança obrigou o governo a desvalorizar o cruzeiro em relação ao dólar e emitir papel-moeda, o que provocou
inflação e consequente queda de poder aquisitivo dos salários.
Leia, no texto a seguir, as três teorias de desenvolvimento – a neoliberal, a desenvolvimentista-nacionalista e a
nacionalista radical – que embasavam, na primeira metade do século XX, o debate político sobre as estratégias a ser adotadas
para estimular o crescimento econômico. Note que há muitas semelhanças com as ideias discutidas atualmente.
investimentos estatais em diversos setores da economia - agricultura, saúde, educação, energia, transportes, mineração e
construção civil -, tornando o Brasil um país atraente aos investimentos estrangeiros. Embalado por uma ideologia
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desenvolvimentista, o governo divulgava o objetivo de fazer o país crescer “50 anos em 5”, e buscava interiorizar a ocupação do
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território, integrando espaços com domínios naturais e ocupados pela agricultura e pecuária aos grandes centros urbano-
industriais. Foi nessa época que a capital federal foi transferida do litoral para o interior com a construção de Brasília, inaugurada
em 1960. Seu projeto urbanístico e a arquitetura materializaram a busca de modernização do país, que à época ainda era dominado
por estruturas econômicas e políticas herdadas do período agrário-exportador.
Na execução desse plano, 73% dos investimentos dirigiram-se aos setores de energia e transportes. Isso permitiu grande
aumento da produção de hidreletricidade e de carvão mineral, forneceu o impulso inicial ao programa nuclear, elevou a
capacidade de prospecção e refino de petróleo, pavimentação e construção de rodovias (14 970 km), além de melhorias nas
instalações e serviços portuários, aeroviários e reaparelhamento e construção de pequena extensão de ferrovias (827 km).
Paralelamente, em virtude dos investimentos estatais em obras de infraestrutura e incentivos do governo, houve expressivo
ingresso de capital estrangeiro, responsável por grande crescimento da produção industrial, principalmente nos setores
automobilístico, químico-farmacêutico e de eletrodomésticos. O parque industrial brasileiro passou, assim, a contar com
significativa produção de bens de consumo duráveis, o que sustentou e deu continuidade à política de substituição de importações.
Ao longo do governo JK consolidou-se o tripé da produção industrial nacional, formado pelas indústrias:
• de bens de consumo não duráveis, que desde a segunda metade do século XIX já vinham sendo produzidos, com amplo
predomínio do capital privado nacional;
• de bens de produção e bens de capital, que contaram com investimento estatal nos governos de Getúlio Vargas;
• de bens de consumo duráveis, com forte participação de capital estrangeiro, como vimos anteriormente.
Entretanto, o sucesso do Plano de Metas resultou num significativo aumento da inflação e da dívida externa, contraída
para financiar seus investimentos.
Além disso, a opção pelo transporte rodoviário, sistema não recomendável em países territorialmente extensos como o
nosso, marcou economicamente o Brasil de forma duradoura, diminuindo a competitividade dos produtos brasileiros no mercado
internacional, com consequências até os dias atuais.
A política do Plano de Metas acentuou a concentração do parque industrial na região Sudeste, agravando os contrastes
regionais. Com isso, as migrações internas intensificaram-se, provocando o crescimento acelerado e desordenado dos grandes
centros urbanos, principalmente São Paulo e Rio de Janeiro.
Os problemas decorrentes da falta de planejamento urbano permanecem até hoje e abrangem aglomerações urbanas que
não abrigam grande parque industrial.
A concentração do parque industrial no Sudeste determinou a implementação de uma política federal de planejamento
econômico para o desenvolvimento das demais regiões. Em 1959, foi criada a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste
(Sudene), e, nos anos seguintes, dezenas de outros órgãos, como a Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam),
a Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco), a Superintendência de Desenvolvimento do Sul (Sudesul) e
a Companhia do Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf ), entre outras que foram extintas ou transformadas em
agências de desenvolvimento a partir do início da década de 1990.
armas, foi a dos que defendiam a segunda opção. A história desse período demonstra que o caminho adotado pelas forças
conservadoras melhorou a vida de alguns em detrimento da maioria da população, fato revelado pela crescente concentração de
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O período militar
Em 1º de abril de 1964, após um golpe de Estado que tirou João Goulart do poder, teve início no país o regime militar,
com uma estrutura de governo ditatorial. O Brasil possuía o 43º PIB do mundo capitalista e uma dívida externa de 3,7 bilhões
de dólares. Em 1985, ao término do regime, o Brasil apresentava o 9º PIB do mundo capitalista e sua dívida externa era de
aproximadamente 95 bilhões de dólares, ou seja, crescemos muito, mas à custa de um pesado endividamento. O parque industrial
cresceu de forma bastante significativa e a infraestrutura nos setores de energia, transportes e telecomunicações se modernizou.
No entanto, embora os indicadores econômicos tenham evoluído positivamente, a desigualdade social aprofundou-se muito nesse
período, concentrando a renda nos estratos mais ricos da sociedade. Segundo o IBGE e o Banco Mundial, em 1960, os 20% mais
ricos da sociedade brasileira dispunham de 54% da renda nacional, em 1970 passaram a contar com 62%, e em 1989, com 67,5%.
O trecho a seguir nos mostra uma consequência imediata do modelo econômico adotado pelos governos militares, que foi
agravado pelo êxodo rural iniciado na década de 1950.
Entre 1968 e 1973, período conhecido como “milagre econômico”, a economia brasileira desenvolveu-se em ritmo
acelerado.
Esse ritmo de crescimento foi sustentado por investimentos governamentais que promoveram grande expansão na oferta de
alguns serviços prestados por empresas estatais, como energia, transporte e telecomunicações. No entanto, várias obras tinham
necessidade, rentabilidade ou eficiência questionáveis, como as rodovias Transamazônica e Perimetral Norte e o acordo nuclear
entre Brasil e Alemanha. O setor de telecomunicações também foi beneficiado nesse período. Os investimentos nesse setor foram
feitos graças à grande captação de recursos no exterior, o que elevou a dívida externa, pois boa parte desse capital foi investido
em setores pouco rentáveis da economia. Como pagar a parcela da dívida contraída com a construção de rodovias na Amazônia?
Outro aspecto importante na questão do crescimento econômico no período militar foi o dos investimentos externos. O
capital estrangeiro penetrou em vários setores da economia, principalmente na extração de minerais metálicos (projetos Carajás,
Trombetas e Jari), na expansão das áreas agrícolas (monoculturas de exportação), nas indústrias química e farmacêutica, e na
fabricação de bens de capital (máquinas e
equipamentos) utilizados pelas indústrias
de bens de consumo.
Como o aumento dos preços dos
produtos (inflação) não era integralmente
repassado aos salários, a taxa de lucro dos
empresários foi ampliada com a diminuição
do poder aquisitivo dos trabalhadores.
Aumentava-se, assim, a taxa de
reinvestimento dos lucros em setores que
gerariam empregos principalmente para os
trabalhadores qualificados e exclui os
pobres, o que deu continuidade ao processo
histórico de concentração da renda
nacional.
Ficou famosa a frase do então ministro da Fazenda Delfim Netto, em resposta à inquietação dos trabalhadores ao ver seus salários
arrochados: “É necessário fazer o bolo crescer para depois reparti-lo”. O bolo (a economia) cresceu – o Brasil chegou a ser a 9a
maior economia do mundo capitalista no início da década de 1980 (em 2012, segundo o Fundo Monetário Internacional, o Brasil
era a 6a economia do mundo) – e, até hoje, a renda permanece concentrada (em 2009, segundo o Banco Mundial, os 10% mais
ricos se apropriavam de 42,9% da renda nacional).
Nesse contexto, as pessoas da classe média que tinham qualificação profissional viram seu poder de compra ampliado,
quer pela elevação dos salários em cargos que exigiam formação técnica e superior, quer pela ampliação do sistema de crédito
bancário, permitindo maior financiamento do consumo. Enquanto isso, os trabalhadores sem qualificação tiveram seu poder de
compra diminuído e ainda foram prejudicados com a degradação dos serviços públicos, sobretudo os de educação e saúde.
No final da década de 1970, os Estados Unidos promoveram a elevação das taxas de juros no mercado internacional,
reduzindo os investimentos destinados aos países em desenvolvimento. Além de sentir essa redução, a economia brasileira teve
de arcar com o pagamento crescente dos juros da dívida externa, contraída com taxas flutuantes.
Diante dessa nova realidade, a saída imposta pelo governo para obter recursos que permitissem honrar os compromissos
da dívida pode ser sintetizada na frase: “Exportar é o que importa”. Porém, como tornar os produtos brasileiros
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internacionalmente competitivos? Tanto em qualidade como em preço, as mercadorias produzidas na época em um país em
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desenvolvimento como o Brasil, que quase não investia em tecnologia, enfrentavam grandes obstáculos.
As soluções encontradas foram desastrosas para o mercado interno de consumo:
• redução do poder de compra dos assalariados, conhecido como arrocho salarial;
• subsídios fiscais para exportação (cobrava-se menos imposto por um produto exportado que por um similar vendido no mercado
interno);
• negligência com o meio ambiente, levando ao aumento de diversas formas de poluição, erosão e de outras agressões ao meio
natural;
• desvalorização cambial: a valorização do dólar em relação ao cruzeiro (moeda da época) facilitava as exportações e dificultava
as importações;
• diminuição do poder aquisitivo das famílias para combater o aumento dos preços.
Essas medidas, adotadas em conjunto, favoreceram a venda de produtos no mercado externo, mas prejudicaram o mercado
interno, reduzindo o poder de compra do brasileiro. Assim se explica o aparente paradoxo: a economia cresce, mas o povo
empobrece.
Na busca de um maior superavit na balança comercial, o governo aumentou os impostos de importação não apenas para
bens de consumo, como também para os bens de capital e bens intermediários. A consequência dessa medida foi a redução da
competitividade do parque industrial brasileiro frente ao exterior ao longo dos anos 1980. Os industriais não tinham capacidade
financeira para importar novas máquinas e, por causa da falta de competição com produtos importados, não havia incentivos à
busca de maior produtividade e qualidade dos produtos. Com isso, as indústrias, com raras exceções, foram perdendo
competitividade no mercado internacional e as mercadorias comercializadas internamente tornaram-se caras e tecnologicamente
defasadas em relação às estrangeiras.
Os efeitos sociais dessa política econômica se agravaram com a crise mundial, que se iniciou em 1979. As taxas de juros
da dívida externa atingiram, em 1982, o recorde histórico de 14% ao ano. A partir de então, a economia brasileira passou por um
período em que se alternavam anos de recessão e outros de baixo crescimento. Isso se arrastou por toda a década de 1980 e início
da de 1990, período que se caracterizou pela chamada ciranda financeira: o governo emitia títulos públicos para captar o dinheiro
depositado pela população nos bancos. Como as taxas de juros oferecidas internamente eram muito altas, muitos empresários
deixavam de investir no setor produtivo – o que geraria empregos e estimularia a economia aumentando o PIB – para investir no
mercado financeiro. Na época, essa “ciranda” criava a necessidade de emissão de moeda em excesso, o que elevou os índices de
inflação.
Outro aspecto negativo da política econômica do período militar merece destaque: se as medidas adotadas tinham como
objetivo o crescimento do PIB a qualquer custo, o que fazer com as empresas ineficientes, à beira da falência? A solução
encontrada para esse problema foi a estatização. O Estado brasileiro adquiriu empresas em quase todos os setores da economia
utilizando recursos públicos, em parte acumulados com o pagamento de impostos por toda a população. O crescimento da
participação do Estado na economia, de 1964 a 1985, foi muito grande. Em 1985, cerca de 20% do PIB era produzido em
empresas estatais, enquanto os serviços tradicionalmente públicos, como saúde e educação, estavam se deteriorando por causa
da falta de recursos, que eram redirecionados dos setores sociais para os produtivos.
O período dos governos militares no Brasil caracterizou-se pela apropriação do poder público por agentes que desviaram
os interesses do Estado para as necessidades empresariais. As carências da população ficaram em segundo plano; as prioridades
foram o crescimento do PIB e o aumento do superavit na balança comercial. O objetivo de qualquer governo é o de aumentar a
produção econômica. O problema é saber como atingi-lo sem comprometer os investimentos em serviços públicos, que
possibilitam a melhoria da qualidade de vida das pessoas.
Apesar do exposto, durante o período do regime militar, o processo de industrialização e de urbanização continuou
avançando, resultando em significativa melhora nos índices de natalidade e mortalidade, que registraram queda, além do aumento
da expectativa de vida. A interpretação desse fato deve levar em conta o intenso êxodo rural, já que nas cidades aumentou o
acesso a saneamento básico e atendimento médico-hospitalar, bem como a remédios e programas de vacinação em postos de
saúde, e o fato de que muitos migrantes conseguiram melhorar a qualidade de vida nos centros urbanos.
O fim do período militar ocorreu em 1985, depois de várias manifestações populares a favor das eleições diretas para
presidente da República. Os problemas econômicos herdados do regime militar foram agravados no governo que se seguiu, o de
José Sarney, e só foram enfrentados efetivamente nos anos 1990.
Como síntese do processo de industrialização na época do regime militar, leia o texto a seguir, no qual a autora caracteriza
as diferentes fases desse processo.
c) de 1974 até o presente (1992) – fase em que o “milagre” entrou em total e completo declínio, sem que as várias saídas tentadas
tenham conseguido grande sucesso.
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MENDONÇA, Sônia. A industrialização brasileira. São Paulo: Moderna, 1997. p. 67-68. (Polêmica).
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6.2 - A economia brasileira a partir de 1985
O plano cruzado
Tancredo Neves, eleito indiretamente em 1985, não chegou a ser empossado porque faleceu. Nessa eleição, os eleitores
foram os parlamentares – deputados federais e senadores – e os representantes dos partidos políticos que formavam o Colégio
Eleitoral. Seu vice, José Sarney, que apoiou o regime militar desde seu início, assumiu o cargo de presidente em 15 de março do
mesmo ano. Durante seu mandato, preocupou-se em implementar reformas, visando estabilizar a economia e obter apoio popular.
Embora tenha implantado posteriormente outros três pacotes na tentativa de estabilizar a moeda, seu governo ficou
marcado pelo primeiro deles, o Plano Cruzado, lançado em 28 de fevereiro de 1986. Entre as principais medidas destacavam-se
a troca da moeda nacional - mil cruzeiros passaram a valer um cruzado - e o congelamento de preços e salários. Com exceção
do mínimo (que subiu 16%), todos os salários foram definidos com base no poder de compra médio dos últimos seis meses e
acrescidos de um abono de 8%. Essas medidas, associadas à manutenção das datas de reajuste das categorias profissionais, ao
aumento dos prazos de financiamento dos crediários para a compra de bens de consumo e ao controle da taxa de câmbio,
promoveram rápido aumento no poder de compra dos assalariados.
O plano contou com grande apoio da população e de parcela expressiva de economistas dos partidos de oposição. A
população foi estimulada a denunciar os estabelecimentos comerciais, principalmente supermercados que aumentavam os preços
de suas mercadorias, desobedecendo ao congelamento imposto pelo plano. As taxas de inflação tiveram uma queda vertiginosa,
mantendo-se baixas até outubro de 1986, e levaram o PMDB, partido do presidente, a eleger os governadores de 22 das 24
unidades da Federação (estados e Distrito Federal) então existentes (atualmente são 27).
Com o aumento da demanda, rapidamente começaram a sumir produtos das prateleiras, e a escassez - que em alguns casos
era real, mas em outros era provocada por fabricantes e comerciantes, que se recusavam a vender seus produtos pelo preço
congelado - levou à cobrança de ágio na comercialização.
Nessa época, como o Brasil possuía uma das economias mais fechadas do mundo ocidental (nossa abertura comercial se
iniciou em 1990), não havia possibilidade de o governo liberar a importação de bens de consumo para combater o aumento dos
preços.
No caso da carne, os pecuaristas se recusavam a abater o gado, e a escassez do produto criou um mercado paralelo, com
a carne sendo vendida a preços muito superiores aos definidos pelo congelamento.
O retorno dos reajustes de preços ocorreu com rapidez e, consequentemente, a inflação voltou a subir em decorrência da:
• cobrança de ágio na comercialização de produtos;
• falta de concorrência dos produtos importados;
• contínua elevação nas cotações do dólar em relação à moeda nacional – que provocava a elevação de preços em todos os
produtos importados, como petróleo, trigo e máquinas;
• manutenção do déficit público, que alimentava novamente a ciranda financeira.
Logo após as eleições de outubro de 1986 (para a escolha de novos governadores, senadores, deputados federais e
estaduais), foi lançado o Plano Cruzado II, com grandes reajustes nas tarifas públicas e forte aumento nos impostos indiretos,
reduzindo o poder de compra da população. Em fevereiro de 1987 foi abolido o controle oficial de preços e a correção monetária
voltou a ser mensal, para acompanhar o descontrole inflacionário, cuja consequência é a diminuição dos salários reais. Também
foi decretada a moratória do pagamento da dívida externa, o que bloqueou imediatamente o ingresso de capital estrangeiro no
país e criou grandes dificuldades de negociação no mercado internacional.
Nos anos seguintes, o governo José Sarney se caracterizou por perda de popularidade e pelo lançamento de outros dois
planos econômicos (Plano Bresser e Plano Verão), todos com sérios problemas para ser postos em prática. Apesar das sucessivas
tentativas de controle, uma das principais heranças do governo Sarney foi uma altíssima inflação: 53% em dezembro de 1989,
atingindo 85% em março de 1990, quando o mandato se encerrou.
Ao longo da década de 1980, a ciranda financeira e as altas taxas de inflação, com a consequente perda do poder de
compra dos salários, foram responsáveis por um período de estagnação na produção industrial e de baixo crescimento econômico
(segundo o Banco Mundial, o PIB brasileiro cresceu em média 2,7% nos anos 1980). A necessidade de controlar a inflação e
ajustar as contas externas - fortemente comprometidas com o aumento do preço do petróleo e das taxas de juros no mercado
internacional - havia levado o governo do general João Baptista Figueiredo (1979-1985), o último do regime militar, a se
preocupar com ajustes de curto prazo na política econômica. O mesmo ocorreu na gestão de Sarney. Essa prioridade significou
uma década inteira sem planejamento econômico de longo prazo, com exceção de alguns setores (política de reserva de mercado
para informática e incentivo à exportação de celulose, por exemplo). Houve, nesse período, uma queda de 5% na participação
da produção industrial no PIB brasileiro.
No campo da política econômica e do papel do Estado, o governo Sarney foi responsável por um incipiente processo de
privatização de empresas estatais, começando a retirar o Estado do setor produtivo para concentrar sua ação na fiscalização e na
regulamentação. Foram vendidas dezessete empresas estatais, das quais as mais importantes foram a Aracruz Celulose, a Caraíba
Metais e a Eletrossiderurgia Brasileira (Sibra).
O plano Collor
Fernando Collor, eleito em 1990 para suceder a Sarney, foi o primeiro presidente a chegar ao poder via voto popular após
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o fim do regime militar. Um dia depois da posse, o novo governo lançou um plano de estabilização econômica, que ficou
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conhecido como Plano Collor, baseado no confisco generalizado por dezoito meses dos depósitos bancários em dinheiro
superiores a 50 mil cruzeiros (cerca de R$ 6 800,00, em valores de dezembro de 2012 usando o IPCA como indexador, ou R$ 3
200,00, caso se utilize o dólar como referência). Com isso, a equipe econômica esperava reduzir o consumo e, consequentemente,
frear a inflação. A falta de dinheiro em circulação reduziu a inflação, de 85% ao mês em março, para 14% em abril de 1990.
A liberação antecipada dos recursos retidos poderia ser feita pelo Ministério da Fazenda, que estudava os pedidos caso a
caso. Podiam ser liberados depósitos de empresas para pagamento de salários e dinheiro de pessoas doentes que necessitavam
de tratamento médico, entre outros casos. Como havia exceções que permitiam a liberação dos recursos bloqueados, aumentavam
as pressões exercidas por políticos e lobistas para obtê-las, o que se tornou grande fonte de corrupção. As práticas de corrupção,
comandadas pelo tesoureiro da campanha eleitoral de Collor, foram amplamente divulgadas pela imprensa. As demais empresas
e trabalhadores receberam seu dinheiro de volta em dezoito parcelas, que começaram a ser pagas após dezoito meses de confisco.
Segundo cálculos divulgados na época, o poder de compra do dinheiro devolvido havia se reduzido em aproximadamente 40%,
uma vez que os índices de reajuste utilizados foram menores que os da inflação.
A permissão para a elevação dos preços de alguns serviços privados e tarifas públicas levou ao retorno da espiral
inflacionária já no início de 1991, antes que o plano completasse seu primeiro ano. Os índices da inflação ocorrida após o Plano
Collor foram menores que os índices anteriores a esse plano porque havia falta de dinheiro em circulação no mercado.
A consequente recessão (em 1992 houve uma queda de 0,5% no PIB) levou a um grande aumento do desemprego e da
economia informal, uma vez que o plano não promoveu crescimento econômico, distribuição de renda, nem combate ao déficit
público.
Além do confisco monetário, o Plano Collor apoiava-se em outros três pontos:
• diminuição da participação do Estado no setor produtivo por meio da privatização de empresas estatais (dezoito empresas, com
destaque para Usiminas e Embraer) e da concessão à iniciativa privada da exploração de rodovias, portos, ferrovias e
hidrelétricas, entre outros;
• eliminação dos monopólios do Estado em telecomunicações e petróleo, e fim da discriminação ao capital estrangeiro, que, entre
outros investimentos, poderia participar dos leilões de privatização;
• abertura da economia ao ingresso de produtos e serviços importados por meio da redução e/ou eliminação dos impostos de
importação, reservas de mercado e cotas de importação.
Essas medidas tiveram continuidade durante os governos de Itamar Franco (sucedeu a Fernando Collor) e Fernando
Henrique Cardoso.
péssimo estado de conservação e uma linha telefônica era considerada um patrimônio pessoal (três anos antes da privatização do
sistema Telebrás), chegando a custar R$5 mil (praticamente US$5 mil) no mercado paralelo em 1995. Além disso, as tarifas
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estavam muito defasadas. Seu valor era estabelecido segundo conveniências políticas e manipulado para que não pressionasse
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as taxas de inflação, o que elevava o déficit público e acabava por alimentar a própria inflação.
Com a privatização e a concessão de exploração dos serviços públicos, esses setores receberam investimentos privados,
se expandiram e passaram a operar em condições melhores que anteriormente, à custa de aumento nas tarifas.
Na década de 1990, os governos eram acusados pelos partidos de oposição de vender o patrimônio do Estado e abandonar
a infraestrutura nas mãos da iniciativa privada, com claro prejuízo para a população. Porém, desde aquela época até os dias
atuais, o Estado continua legalmente comandando todos os setores concedidos e privatizados por intermédio da ação de agências
reguladoras: Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Agência Nacional
do Petróleo (ANP), Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), entre outras.
Por meio dessas agências, o Estado brasileiro regula e fiscaliza os serviços e controla o valor das tarifas praticadas em
cada um dos setores. O aumento no preço do pedágio, do pulso telefônico ou da energia elétrica obedece às condições
estabelecidas nos contratos de concessão. Para aumentar os preços, as empresas concessionárias devem cumprir metas de
investimento, comprovar aumento de custos ou registrar em contrato que o reajuste estará atrelado a algum índice de inflação.
Em alguns casos, até o percentual de lucro que as empresas podem obter está estabelecido em contrato.
Entre os casos de má gestão, tanto por parte do governo quanto das empresas concessionárias, destaca-se o da energia
elétrica. Em 2001, foi imposto um racionamento à população e, em 2009 e 2012, ocorreu um colapso no abastecimento que
deixou grande parte do país sem energia elétrica por algumas horas (conhecido como “apagão”), conforme veremos no capítulo
seguinte. Esses fatos se explicam pela falta de planejamento estratégico, fiscalização e investimentos no setor.
As empresas de telefonia continuam com sérios problemas técnicos e de atendimento ao consumidor, prestando serviços
com qualidade inferior à de congêneres dos países desenvolvidos, onde fica a sede de algumas delas. Não é raro os sistemas
entrarem em pane e ocorrer desrespeito às normas legais de atendimento ao cliente. Em razão disso, frequentemente, as agências
reguladoras lavram multas, ou mesmo chegam a proibir a expansão do atendimento.
No entanto, a indexação de algumas tarifas públicas causa problemas à população e ao custo de produção industrial. Como
geralmente os salários não são indexados (os reajustes são negociados por setor e sindicato), não acompanham os reajustes das
tarifas, que ano a ano aumentam seu peso nos orçamentos familiares.
Uma das principais críticas ao processo de privatização e concessão refere-se ao destino dado ao dinheiro arrecadado pelo
Estado nos leilões – direcionado ao pagamento de juros da dívida interna, sem amortização do montante principal – e à
desnacionalização provocada por esse processo.
Com as privatizações e a abertura da economia brasileira, houve forte ingresso de capital estrangeiro em setores
produtivos anteriormente dominados pelo Estado e por empresas de capital privado nacional. Com a entrada de capital
estrangeiro no setor produtivo, a economia brasileira reduziu sua dependência do capital especulativo, o que a tornou mais sólida
e mais bem estruturada, mas aumentou a saída de dólares na forma de remessa de lucros e pagamento de royalties às matrizes
das empresas que se instalaram no país. Para equilibrar o balanço de pagamentos, as estratégias principais são o incentivo às
exportações, ao aumento no fluxo de investimentos estrangeiros, à internacionalização de empresas brasileiras e outras.
Apesar do exposto, o Brasil ainda tem uma economia muito fechada do ponto de vista comercial quando comparada à de
outros países, tanto os desenvolvidos quanto alguns emergentes. Segundo a Organização Mundial do Comércio (OMC), em
2011, sua participação mundial era de apenas 1,8% nas exportações e 1,6% nas importações, enquanto a participação dos Estados
Unidos, por exemplo, era de 16,0% e 12,0%, e a da Coreia do Sul, que tem um PIB menor que o brasileiro, de 3,9% e 3,6%,
respectivamente.
Assim, a partir de 1990, os sucessivos déficits públicos se transformaram em superavit à custa de maior desnacionalização
da economia, o que aumentou o fluxo de royalties e remessas de lucros. Em contrapartida, a acelerada modernização de alguns
setores da economia fez aumentar a competitividade da nossa produção agrícola e industrial no mercado internacional.
O Plano Real
Com a renúncia de Collor, seu vice-presidente, Itamar Franco, assumiu o comando do governo brasileiro por pouco mais
de dois anos - de outubro de 1992 até o final de 1994. Nos primeiros sete meses de seu mandato, três ministros passaram pela
pasta da Fazenda, as taxas de inflação se mantiveram muito altas (observe o gráfico da página seguinte) e o crescimento
econômico muito baixo (segundo o Banco Mundial, entre 1990 e 1994, o PIB brasileiro cresceu apenas 2,2% em média).
Em maio de 1993, o presidente transferiu seu ministro das Relações Exteriores, Fernando Henrique Cardoso, para o
Ministério da Fazenda. A intenção era a de colocar no cargo um político com livre trânsito entre os vários partidos políticos com
representação no Congresso Nacional na época.
O governo tentaria iniciar o processo de estabilização econômica por intermédio de uma negociação política, conduzida
diretamente pelo ministro da Fazenda. A primeira medida adotada foi a de cortar três zeros da moeda corrente e passar a chamá-
la de cruzeiro real – ato ineficiente e de fundo meramente psicológico, que não reduziu a inflação.
O Plano Real, que permitiu controlar a inflação depois de sete pacotes malsucedidos, foi lançado em março de 1994 e se
baseava na paridade entre a nova moeda, o real, e o dólar, com cotação de R$ 1,00 = US$ 1,00.
Para controlar o câmbio, o governo elevou as taxas de juros, com a intenção de atrair capitais especulativos do exterior e
aumentar as reservas de dólares do Banco Central. Na lógica desse plano, à medida que a estabilização da moeda se consolidasse
e o Congresso Nacional aprovasse as reformas estruturais necessárias ao controle do déficit público (principalmente a reforma
da previdência, a tributária e a trabalhista), haveria maior ingresso de capitais produtivos e o Banco Central poderia reduzir as
taxas de juros sem comprometer o desenvolvimento econômico.
Antes da substituição do cruzeiro real pelo real, foi criada a Unidade Real de Valor (URV), cuja cotação diária
acompanharia a cotação da moeda norte-americana. A partir de 1º de março de 1994, a URV passou a valer um dólar e a
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população deveria acompanhar a variação de preços na cotação das duas moedas: o cruzeiro real, que perdia valor diariamente,
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e a URV, cujo valor deveria variar pouco. Na prática, a inflação em cruzeiro real era a inflação brasileira, mas a população não
deveria aceitar aumentos de preços em URVs, porque isso significaria inflação em dólar, que nos Estados Unidos era inferior a
5% ao ano. Depois de três meses, quando considerou aceitáveis os índices de inflação em URV, o governo substituiu o cruzeiro
real pelo real e garantiu a conversão inicial da nova moeda pela cotação R$ 1,00 = US$ 1,00.
Nos três primeiros anos de sua vigência, o Plano Real proporcionou grandes avanços ao país, o que garantiu a vitória de
Fernando Henrique Cardoso nas eleições presidenciais de 1994 e de 1998. De imediato, houve aumento de 28% no poder
aquisitivo da população de baixa renda, como resultado do controle da inflação, que antes nunca era repassada integralmente aos
salários nas épocas de reajuste. Esse aumento no poder de compra incluiu no mercado de consumo muitas famílias que estavam
abaixo da linha de pobreza, estimulando o aumento da produção industrial. Com o lançamento do Plano Real, o rendimento
médio dos trabalhadores subiu de 742 para 983 reais. Isso significou um aumento de 28% no poder aquisitivo, índice equivalente
ao da taxa mensal de inflação no mês de lançamento da URV. Entretanto, o Banco Central foi forçado a manter os juros elevados
devido:
• à falta de empenho do governo e à conduta da oposição, contrária aos projetos de reforma enviados ao Congresso;
• ao déficit comercial resultante da manutenção de uma taxa de câmbio irreal;
• à ocorrência de crises externas que reduziram a entrada de dólares na economia brasileira.
Como vimos, a manutenção de juros altos inibe o desenvolvimento das atividades produtivas, limitando o crescimento do
PIB. Nesse contexto, a partir de 1997, os ganhos de renda da população de menor poder aquisitivo foram praticamente anulados
pelo aumento dos índices de desemprego e de inflação não repassada aos salários. Apesar de mantida em índices considerados
aceitáveis, a inflação acumulada ano a ano reduziu o poder aquisitivo dos assalariados, concentrando ainda mais a renda. Leia o
texto a seguir, que explica como a inflação reduz o poder aquisitivo da população de baixa renda.
Num primeiro momento, essa desvalorização cambial provocou aumento da inflação, uma vez que produtos importados
(como trigo, petróleo, máquinas e equipamentos de comunicação e informática, entre outros) ficaram mais caros e a população
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em geral, novamente, teve perda de seu poder aquisitivo. Depois que esse aumento foi repassado ao preço dos produtos,
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entretanto, a desvalorização cambial permitiu que vários setores industriais aumentassem sua produção, porque muitos bens de
consumo e de capital, anteriormente importados, ficaram mais caros no mercado interno. Embora involuntária, essa foi uma
prática de protecionismo. A redução no volume das importações, associada ao aumento nas exportações, reduziu – mas não
eliminou – a vulnerabilidade da economia brasileira e sua dependência do ingresso de capital estrangeiro.
Ao longo do governo Fernando Henrique, os índices de crescimento econômico foram baixos e o desemprego continuou
elevado, na casa de 10% da População economicamente ativa (PEA), ou seja, as pessoas ocupadas mais a parcela de pessoas
desocupadas que estão procurando trabalho. Esses fatores, associados à consequente perda de poder aquisitivo dos assalariados
a partir de 1997, colaboraram para a derrota de José Serra (PSDB) contra Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 2002.
Durante a campanha eleitoral daquele ano e durante o período de transição entre o governo de Fernando Henrique e o de Lula, a
moeda norte-americana novamente sofreu forte valorização especulativa, chegando a ser cotada a R$ 4,00.
Ao longo do governo Lula (2002-2010), a cotação do dólar recuou para cerca de R$ 1,80, e as taxas de juros caíram para
8,75% ao ano (dados de janeiro de 2010), pois não houve mudanças bruscas quanto à política econômica vigente:
• estabelecimento de metas para a inflação;
• responsabilidade fiscal com aumento do superavit primário, que em 2002 aumentou de 3,75% para 4,25% do PIB;
• elevação nas taxas de juros do Banco Central, atingindo 26,5% em abril de 2003, a partir de quando foi passando por lentas
reduções;
• manutenção do câmbio flutuante;
• garantia de cumprimento dos contratos;
• ampliação da rede de proteção social com aumento da transferência direta de renda para a população de baixo poder aquisitivo.
Nesse contexto, os índices de crescimento econômico apresentaram elevação em 2007 e 2008. Além de, em linhas gerais,
dar continuidade à política econômica do governo Fernando Henrique, o governo de Lula tomou medidas que:
• cessaram as privatizações e concessões de serviços públicos;
• aumentaram os superávits comerciais;
• ampliaram os programas de transferência de renda à população carente;
• melhoraram a confiança dos investidores estrangeiros no Brasil – o risco-país caiu para cerca de 200 pontos;
• elevaram a cotação dos títulos da dívida pública emitidos pelo governo brasileiro;
• elevaram as reservas internacionais, o que levou o país a quitar sua dívida com o FMI e se tornar credor em dólar, em vez de
devedor (segundo o Banco Central do Brasil, em 4 de dezembro de 2012, as reservas atingiram US$378 bilhões, superando os
compromissos internacionais do país);
• elevaram a dívida interna (resultante da emissão de títulos da dívida pública) de R$ 684 bilhões para R$ 1,9 trilhão entre abril
de 2002 e outubro de 2012.
Com esse conjunto de medidas, houve uma retomada da captação de empréstimos no exterior, feitos por empresas
brasileiras, fluxo que estava estagnado desde a campanha eleitoral. O aumento da oferta de dólares na economia também foi
decisivo para a queda da cotação da moeda norte-americana em relação ao real ao longo de 2003, primeiro ano do novo governo.
Entretanto, apesar dos avanços, o crescimento econômico permaneceu baixo.
Na média, o crescimento do PIB ao longo dos dois governos de Fernando Henrique Cardoso foi de apenas 2,3% ao ano.
Nos oito anos do governo Lula, o crescimento melhorou, com média de 4,4%, mas continuou baixo, além de inferior ao de outros
países emergentes nesse mesmo período. São índices baixos para um país com as enormes carências sociais que o Brasil
apresenta.
O baixo crescimento econômico não permitiu que fossem gerados os empregos necessários para a absorção daqueles,
especialmente os mais jovens, que estavam tentando entrar no mercado de trabalho. No período de 1995 a 2011 houve um
aumento de 23,8 milhões de pessoas ocupadas, mas o crescimento da PEA foi maior – 27 milhões de pessoas tentaram entrar no
mercado de trabalho. Resultado: embora a taxa de desemprego tenha se mantido entre 6,1% e 6,7%, em números absolutos houve
crescimento.
Em resumo, entre 1994 e 1999 foi possível controlar a inflação manipulando o câmbio, o que gerou sobrevalorização da
nossa moeda e grande déficit na balança comercial. Para financiar esse déficit, o país passou a depender da entrada de capitais
especulativos, atraídos por uma política de juros internos elevados. A manutenção dos juros altos por vários anos resultou no
aumento do déficit público, no aumento da dívida interna e em baixos índices de crescimento industrial (de 1995 a 1999, a
produção industrial brasileira cresceu em média apenas 1,2% ao ano, e o PIB, 2,2%, na média do período).
Para combater esse quadro, o governo promoveu uma desvalorização cambial em janeiro de 1999 e o comércio exterior
brasileiro passou, em 2001, a apresentar superavit. Porém, somente a partir de outubro de 2003 foi possível reduzir os juros, o
que continuou acontecendo até 2012, ano em que houve queda para um dígito (7,25% ao ano no mês de dezembro). Mesmo
assim, o país ainda apresentava a quarta maior taxa do mundo, sendo superado apenas por Argentina, Egito e Índia.
Quando eclodiu a crise econômica mundial de 2008, o Brasil e outros países emergentes se encontravam em situação
econômica muito melhor que a das crises de 1997, 1999 e 2001. A inflação controlada dentro das metas estabelecidas, os juros
em queda, um grande volume de reservas em moeda estrangeira no Banco Central e um mercado interno em crescimento
permitiram que o país sofresse consequências bem mais brandas que as verificadas nos Estados Unidos, na União Europeia e no
Japão.
Em 2011 foi empossada na Presidência da República Dilma Rousseff, ex-ministra e sucessora de Lula. Os primeiros dois
anos de seu governo foram marcados por baixo crescimento do PIB (2,3% em 2011 e 0,9% em 2012) e manutenção das linhas
gerais da política econômica de seu antecessor, com ampliação dos programas de transferência de renda à população carente e
redução das taxas de juros.
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Ao longo dos oito anos de governo Lula e na primeira metade do governo Dilma, os investimentos em infraestrutura
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foram insuficientes para sustentar um crescimento econômico mais acelerado, e houve deterioração na qualidade de alguns
serviços públicos, com destaque para o transporte aéreo, que apresentou alguns episódios de grande transtorno aos usuários. Para
enfrentar a necessidade de novos investimentos em transportes, energia e outros setores, em 2012 o governo Dilma retomou o
projeto de Fernando Henrique para atrair investimentos privados por meio da concessão da administração de usinas, aeroportos,
portos, rodovias e ferrovias à iniciativa privada.
Com a crise do café e o impulso à industrialização, comandada pelo Sudeste, esse quadro se alterou. Intensificou-se um
processo de integração dos mercados regionais, comandado pelo centro econômico mais dinâmico do país, o eixo São Paulo-Rio
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de Janeiro, interligando os arquipélagos econômicos regionais. Houve um aumento da participação de produtos industriais do
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Sudeste nas demais regiões do país, o que levou muitas indústrias, principalmente nordestinas, à falência.
Além de terem se iniciado historicamente com mais força no Sudeste, as atividades industriais tenderam a concentrar-se
nessa região por causa de dois outros fatores básicos:
• a complementaridade industrial: as indústrias de autopeças tendem a se localizar próximo às automobilísticas; as petroquímicas,
próximo às refinarias; etc.;
• a concentração de investimentos públicos no setor de infraestrutura industrial: pressionados pelos detentores do poder
econômico, os governantes costumam atender às suas reivindicações.
O governo gasta menos concentrando investimentos em determinada região em vez de distribuí-los pelo território
nacional, sobretudo no início do processo de industrialização, quando os recursos eram mais escassos.
A primeira grande ação governamental para dispersar o parque industrial aconteceu em 1968, quando foi criada a
Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) e instalado um polo industrial naquela cidade, o que promoveu grande
crescimento econômico. A seguir, como resultado dos Planos Nacionais de Desenvolvimento dos governos Médici (1969-1974)
e Geisel (1974-1979), no final da década de 1970 e início da seguinte, começaram a ser inauguradas as primeiras usinas
hidrelétricas nas regiões Norte e Nordeste: Tucuruí, no rio Tocantins (PA); Sobradinho, no rio São Francisco (BA); e Boa
Esperança, no rio Parnaíba (PI). Quando o governo passou a atender ao menos parte das necessidades de infraestrutura das
regiões historicamente marginalizadas, começou a haver um processo de dispersão do parque industrial pelo território, não
apenas em escala nacional, mas regional, com industrialização dispersa pelo território de várias regiões e estados brasileiros.
Além da alocação de infraestrutura, ao longo da década de 1990, as indústrias passaram a se dispersar em busca de mão
de obra mais barata e onde os sindicatos são menos atuantes, provocando a intensificação da guerra fiscal entre estados e
municípios que reduzem impostos e oferecem outras vantagens, como doação de terrenos, para atrair as empresas.
Mesmo no estado de São Paulo, o mais equipado do país quanto à infraestrutura de energia e transportes, historicamente
houve maior concentração de indústrias na Região Metropolitana de São Paulo.
Entretanto, atualmente, seguindo uma tendência já verificada em países desenvolvidos, tem ocorrido um processo de
deslocamento das indústrias em direção às cidades médias em todas as regiões do país, como as que receberam a instalação dos
parques tecnológicos. Isso é possível graças ao grande desenvolvimento da informática e à modernização da infraestrutura de
produção de energia, transporte e comunicação, criando condições de especialização produtiva por intermédio da integração
regional. As regiões tendem, atualmente, a se especializar em poucos setores da atividade econômica e a buscar em outros
mercados (do Brasil ou do exterior) as mercadorias que satisfaçam as necessidades diárias de consumo da população.
Além das emissões de carbono do uso de energia, o WRI estima que as outras principais fontes de emissões em 2016
foram: agricultura (5,8 Gt CO2e); processos industriais (2,8Gt CO2e); uso da terra e mudança florestal 3.2 GtC02e); e instalações
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Em termos de emissões de carbono do uso de energia, quase metade das emissões provém da energia usada na indústria.
O restante é dividido igualmente entre os setores de transporte e edifícios (incluindo agricultura).
Conforme a transição energética avança, algumas emissões podem ser evitadas mais prontamente do que outras. Em
particular, as emissões de carbono de atividades ou processos que são relativamente simples ou baratos de eletrificar podem ser
reduzidas à medida que o setor de energia é cada vez mais descarbonizado. Uma exceção a isso são as demandas sazonais de
aquecimento e resfriamento em edifícios. Embora essas demandas possam ser eletrificadas, a escala das flutuações sazonais é
difícil de atender em um setor de energia fortemente baseado em energia renovável intermitente.
A maioria das emissões que são difíceis de abater resultam de atividades ou processos que são difíceis de eletrificar e,
portanto, precisam de fontes alternativas de energia de baixo carbono. Isso inclui processos industriais de alta temperatura, como
os usados em ferro e aço, cimento e produtos químicos. Também inclui serviços de transporte de longa distância, incluindo
caminhões pesados, e marítimo.
O aumento das temperaturas, combinado com padrões climáticos mais extremos e o aumento do nível do mar, pode
desencadear uma série de impactos que reduzem o crescimento econômico. Os esforços para reduzir ou mitigar as emissões de
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Estimar o tamanho potencial desses impactos é altamente incerto, com a maioria dos modelos e estudos ambientais e
econômicos existentes capturando apenas um subconjunto desses efeitos, muitas vezes de forma muito imperfeita. Por exemplo,
a literatura econômica na qual nosso impacto ilustrativo sobre o PIB se baseia considera apenas o aumento das temperaturas.
Para fins ilustrativos, o nível do PIB em 2050 em todos os três cenários é projetado para ser cerca de 5% menor em relação
a um mundo hipotético no qual a concentração de gases de efeito estufa foi congelada nos níveis atuais. Presume-se que esses
efeitos sejam maiores nas regiões que têm as temperaturas médias mais altas atualmente (consulte Estimativas de mudanças
climáticas no crescimento do PIB para mais detalhes).
O impacto negativo do aumento dos níveis de temperatura é maior no BAU, onde pouco progresso é feito na redução das
emissões de carbono. Mas os custos iniciais das ações políticas tomadas para reduzir as emissões são maiores em Rápido e Net
Zero, de forma que o impacto geral no PIB nos próximos 30 anos é projetado para ser amplamente semelhante em todos os três
cenários.
É importante ressaltar que se os cenários fossem extrapolados para além de 2050, a erosão da riqueza e da prosperidade
no BAU ficaria progressivamente pior, levando a níveis significativamente mais baixos de atividade e bem-estar do que no
Rápido ou Net Zero.
Os modelos e estudos ambientais e econômicos que sustentam essas estimativas ilustrativas do impacto do aquecimento
global sobre a atividade econômica são altamente incertos e quase certamente incompletos - por exemplo, eles não captam muitos
dos custos humanos potenciais. Edições futuras do Energy Outlook atualizarão essas estimativas à medida que o entendimento
científico e econômico desses efeitos melhorar.
A demanda de energia cresce liderada pelo aumento da prosperidade, parcialmente compensada por ganhos de eficiência
O crescimento da demanda global de
energia é sustentado por níveis crescentes de
prosperidade nas economias emergentes. A
energia primária aumenta cerca de 10% no
Rapid and Net Zero e cerca de 25% no BAU.
Muito desse aumento no consumo de
energia - todo o crescimento no Rapid and
Net Zero e mais da metade no BAU - deriva
de economias que estão se urbanizando
rapidamente.
As taxas médias de crescimento da
energia primária em Rapid (0,3% aa) e Net
Zero (0,3% aa) são significativamente mais
lentas do que nos últimos 20 anos (2,0% aa),
refletindo uma combinação de crescimento
econômico mais fraco e melhorias mais
rápidas em intensidade energética (energia utilizada por unidade do PIB). A energia primária em ambos os cenários atinge
amplamente os platôs na segunda metade do Outlook.
A eficiência energética medida em termos de consumo final de energia melhora em mais em Zero Líquido do que em
Rápido, mas esses ganhos são compensados em termos de energia primária pelo maior uso de eletricidade e hidrogênio, que
requerem quantidades consideráveis de energia primária para produzir.
O crescimento da energia primária em BAU (0,7% a.a.) é mais rápido e sustentado do que nos outros dois cenários,
refletindo ganhos mais lentos em eficiência energética.
Os declínios mais rápidos na intensidade de energia em relação à história em Rápido e Net Zero são um fator crítico na
mitigação do crescimento das emissões de carbono. Mantendo as outras coisas iguais, se a intensidade energética em relação ao
Outlook melhorasse na mesma taxa dos últimos 20 anos, as emissões de carbono em 2050 seriam mais de um quarto mais altas
no Rápido e Net Zero.
Políticas e ações para promover melhorias na eficiência energética são fundamentais para alcançar uma transição de baixo
carbono.
Presume-se que a Covid-19 tenha um impacto persistente na atividade econômica e na demanda de energia
A pandemia de Covid-19 é antes de tudo uma crise humanitária, mas a escala do custo econômico e da ruptura também
deve ter um impacto significativo e persistente na economia global e no sistema de energia. No momento em que este artigo foi
escrito, o número de novos casos da pandemia ainda está aumentando e, portanto, a avaliação de seu eventual impacto é altamente
incerta.
A visão central utilizada nos principais cenários é que a atividade econômica se recupera parcialmente do impacto da
pandemia nos próximos anos conforme as restrições são atenuadas, mas que alguns efeitos persistem. O nível do PIB global é
estimado em cerca de 2,5% menor em 2025 e 3,5% em 2050 como resultado da crise. Esses impactos econômicos afetam de
maneira desproporcional as economias emergentes, como Índia, Brasil e África, cujas estruturas econômicas estão mais expostas
às ramificações econômicas da Covid-19.
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para outros meios de transporte ou trabalhe em casa com
mais frequência. Muitas dessas mudanças
comportamentais provavelmente se dissiparão com o
tempo, conforme a pandemia for controlada e a confiança
pública for restaurada. Mas algumas mudanças, como o
aumento do trabalho em casa, podem persistir.
Em Rapid, presume-se que o impacto da
pandemia reduza o nível de demanda de energia em cerca
de 2,5% em 2025 e 3% em 2050. Os impactos são mais
pronunciados sobre a demanda de petróleo, que é cerca
de 3 Mb / d menor em 2025 e 2 Mb / d em 2050 como
resultado da pandemia. A maior parte desta redução
reflete o ambiente econômico mais fraco, com cerca de 1
Mb / d de redução em 2025 como resultado de várias mudanças de comportamento. Os impactos marginais em BAU e Net Zero
são semelhantes.
Existe o risco de que as perdas econômicas da Covid-19 sejam significativamente maiores, especialmente se houver novas
ondas de infecção. Essa possibilidade é explorada em um caso de 'maior impacto', no qual a Covid-19 reduz o nível do PIB
global em 4% em 2025 e quase 10% em 2050. Neste caso de 'maior impacto', a crise causa o nível de demanda de energia em
Rapid em 2050 a ser 8% menor, com o nível de demanda de petróleo em torno de 5 Mb / d menor.
O desenvolvimento econômico depende tanto do acesso à energia quanto da qualidade desse acesso
Existe uma forte ligação entre o acesso à energia e o bem-estar e prosperidade econômicos. A importância do acesso à
energia está consubstanciada no Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 7 da ONU, que visa “garantir o acesso a
energia acessível, confiável, sustentável e moderna para todos”.
Uma medida monitorada
pelo ODS 7 é o acesso global à
eletricidade, onde o número de
pessoas sem acesso é estimado
ter diminuído de 1,2 bilhão em 2010
para 790 milhões em 2018 *.
A prosperidade e o
desenvolvimento econômico
dependem não apenas da
capacidade de acesso à
eletricidade, mas também da
quantidade e qualidade do
fornecimento de eletricidade.
A estrutura de vários
níveis do Banco Mundial
fornece uma medida de
qualidade de acesso, em que o
acesso de Nível 1 equivale a Fonte: Oxford Economics; BP Statistical Review 2019
Camadas com base nas definições do Banco Mundial
níveis muito básicos de * O acesso Tier 3 pressupõe menos de 16 horas de eletricidade ininterrupta de média potência durante o dia e menos
fornecimento (iluminação com de 4 horas durante a noite
disponibilidade limitada), embora
para Nível 5, que denota acesso a suprimentos abundantes e confiáveis.
Há uma forte ligação entre o desenvolvimento econômico e a qualidade do acesso à eletricidade: cerca de três quartos dos
países de renda baixa e média-baixa em 2018 tinham acesso relativamente limitado à eletricidade (Nível 3 ou inferior); enquanto
mais de 90% dos países de alta renda tinham acesso ao Nível 5.
Embora se estima que a parcela da população mundial sem qualquer acesso à eletricidade tenha diminuído para 10% em
2018, cerca de 45% da população mundial vivia em países com acesso Tier 3 ou inferior. Em todos os três cenários, cerca de um
quarto da população mundial em 2050 vive em países ou regiões em que os níveis médios de consumo de eletricidade ainda são
equivalentes ao acesso Tier 3 ou inferior.
Melhorar a qualidade do acesso à eletricidade - e o acesso à energia de forma mais geral - em todo o mundo provavelmente
exigirá uma série de diferentes abordagens de políticas e tecnologias, incluindo o desenvolvimento de geração de energia
descentralizada e fora da rede.
* Fonte: Tracking SDG7: The Energy Progress Report 2020
https://www.bp.com/en/global/corporate/energy-economics/energy-outlook/introduction.html. Acesso 22 fev 2021
que moviam embarcações e moinhos; a água corrente, que movia rodas d'água; e a madeira, cuja combustão servia para
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aquecimento doméstico, preparo de alimentos e fundição de metais.
A era industrial baseou-se numa revolução energética. As tecnologias mecânicas e, mais tarde, elétricas e eletrônicas
apoiaram-se essencialmente nos combustíveis fósseis. No século XIX, o carvão mineral foi o alicerce energético da indústria e
dos modernos meios de transporte. No século XX, o petróleo somou-se ao carvão e acabou tornando-se a principal fonte
energética.
O predomínio do petróleo consolidou-se ao longo das últimas quatro décadas. Nesse período, o consumo de gás natural
multiplicou-se por quatro, aproximando-se do consumo de carvão. A tríade dos combustíveis fósseis é responsável por 90% da
energia comercial consumida no mundo. O restante divide-se quase totalmente entre as fontes hídrica e nuclear.
Com a alta do preço do barril de petróleo entre 1980 e 1985, consequência da situação política do Irã, principal produtor,
o consumo desse recurso experimentou retrocesso, mas depois voltou a crescer. O ritmo dessa expansão deve se reduzir, em
virtude do encarecimento do produto, que reflete uma forte redução na descoberta de novas reservas em condições de extração
comercial.
O consumo de carvão mineral apresenta uma dinâmica inversa à do petróleo. Quando os preços do segundo sobem,
aumenta a produção de carvão, com a intensificação da exploração de minas antigas e a abertura de minas novas. Esse é o motivo
da expansão de consumo de carvão no início do século XXI, que foi impulsionado pelo forte crescimento econômico da China.
O consumo de gás natural segue outra lógica.
A sua expansão persistente decorre das qualidades
ambientais do recurso, que gera emissões menores de gases
de estufa. Alguns analistas narram a história dos
combustíveis na era industrial como uma sequência que se
inicia num “ciclo dos sólidos” (carvão e madeira), continua
num "ciclo do líquido" (petróleo) e chega ao "ciclo do gás"
(gás natural).
A produção de energia em usinas nucleares decolou
na década de 1970, mas enfrentou forte oposição dos
movimentos ambientalistas. Em consequência, inúmeros
projetos foram abandonados, principalmente na Europa, e o
crescimento da produção perdeu velocidade desde 1990.
Atualmente, governos e lideranças ambientalistas descobrem as virtudes da fonte nuclear, que não gera emissões de gases de
estufa, o que parece indicar um novo ciclo de construção de usinas.
A produção hidrelétrica cresce lentamente, em virtude das limitações naturais do potencial dos rios. Nas antigas potências
industriais, o aproveitamento hidrelétrico atingiu há décadas um ponto próximo do máximo. A expansão da produção ocorre,
atualmente, em países em desenvolvimento que possuem significativo potencial explorável. O Brasil destaca-se no panorama
mundial por sua elevada produção hidrelétrica.
O balanço energético global não se circunscreve às fontes comercializadas no mercado internacional. Além delas, são
utilizados combustíveis renováveis, um item que abrange os biocombustíveis e combustíveis tradicionais. Os biocombustíveis
apresentam amplas perspectivas de crescimento, mas ainda não são comercializados internacionalmente em larga escala.
Combustíveis tradicionais, como a lenha e excrementos de animais, têm baixa eficiência energética, mas são bastante utilizados
para o aquecimento doméstico e para o preparo de alimentos em regiões rurais pobres.
Finalmente, há fontes alternativas, como a eólica, a solar e a geotérmica, que prosperam apenas em algumas áreas do
mundo, sob o impulso de condições naturais particularmente favoráveis ou de subsídios governamentais. Em conjunto, elas
respondem por uma fração quase insignificante do consumo mundial.
Estratégias energéticas
A transição da economia pré-industrial para a economia industrial representou um salto vertiginoso no consumo de
energia mundial. Mas o salto inicial representou apenas o primeiro de uma série de saltos que acompanharam o desenvolvimento
tecnológico das sociedades, a urbanização da população e a difusão da indústria e dos transportes modernos pelo mundo.
Do ponto de vista econômico e social, energia e desenvolvimento estão estreitamente ligados. Em 2004, nos Estados
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Unidos, o consumo anual de energia era de 7,9 toe (abreviatura, em inglês, de ton of oil equivalent, ou seja, toneladas equivalentes
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de petróleo - tep) per capita e, na França, situava-se em torno de 4,4 toe per capita. Existem diferenças importantes nos padrões
de consumo energético entre os dois países, mas em ambos o consumo médio é bastante elevado. Os contrastes entre os países
desenvolvidos e os demais são marcantes: no México, o consumo anual per capita de energia era de 1,6 toe; na China, de 1,2 toe;
no Brasil, de 1,1 toe; na Bolívia, de 0,6 toe.
Os níveis de desenvolvimento econômico e os contingentes demográficos explicam a distribuição do consumo de energia
comercial pelas grandes regiões e países. Os Estados Unidos figuram, isoladamente, como o maior consumidor de energia do
mundo. A União Europeia e a China ocupam as posições seguintes. Juntos, eles respondem por metade do consumo energético
global.
A Ásia/Pacífico consome um terço da energia comercial do mundo. Na região, além da China, Japão e Índia figuram
como grandes consumidores. Não há relação direta entre o tamanho do PIB e o consumo energético: a Rússia é o terceiro maior
consumidor mundial de energia, à frente do Japão, que possui PIB maior.
O consumo energético baseia-se, em quase todos os lugares, principalmente, na queima de combustíveis fósseis. Isso
significa que os níveis de consumo se associam aos níveis de emissões de gases de estufa decorrentes do uso de petróleo, carvão
mineral e gás natural. Contudo, a relação não é direta, pois depende da composição das matrizes energéticas nacionais.
Os Estados Unidos figuraram, até 2005, como o maior emissor de gases de estufa, devido ao seu elevado consumo
energético. Mas, em 2006, a China assumiu a dianteira e lançou na atmosfera cerca de 6,2 bilhões de toneladas de CO2, contra
os 5,8 bilhões dos Estados Unidos. O consumo de energia chinês ainda é menor que o norte-americano, mas a sua matriz assenta-
se fortemente sobre o carvão mineral, que gera emissões de CO2 ainda maiores que as do petróleo.
assim como a readequação das usinas termelétricas (hoje acionadas predominantemente pela combustão de petróleo, gás ou
carvão) a uma nova fonte de energia primária. Isso já vem ocorrendo em vários países para diminuir a dependência externa e
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Em qualquer país, a estrutura energética é um dos elementos mais decisivos da economia e da geopolítica, por isso esse
setor é considerado estratégico. A produção industrial, os sistemas de transportes e de telecomunicações, a saúde, a educação, o
comércio, a agricultura, todas as atividades, enfim, dependem de energia. Qualquer sobressalto no setor energético interfere na
posição do país no comércio mundial, já que, na composição dos custos de produção, a energia é um fator que pode tornar a
mercadoria mais ou menos competitiva no comércio internacional. Por isso o setor energético geralmente é controlado pelo
Estado, que atua diretamente na produção de energia, por meio de empresas estatais ou pela concessão dessa produção a empresas
privadas.
Todos os países almejam a autossuficiência energética e baixos custos na produção de energia para que as atividades
econômicas não fiquem sujeitas às oscilações de preço das fontes importadas. A busca por uma matriz energética diversificada
constitui estratégia de planejamento adotada por várias nações para evitar desabastecimento ou enfrentar crises econômicas,
como aconteceu com os aumentos do preço do petróleo em 1973, 1980, 1990 e 2007. Até recentemente, a grande preocupação
ao optar por determinada fonte de energia se restringia ao preço, mas, atualmente, em muitos países, essa opção também está
voltada à busca de fontes que sejam renováveis e limpas.
Para atingir esses objetivos há a necessidade de racionalizar o uso de energia observando as estratégias que causam menos
impactos econômicos, sociais e ambientais. Deve-se combater o desperdício de energia, aumentar a eficiência dos equipamentos
(residenciais, industriais, de serviços, etc.), promover a reciclagem de materiais, valorizar produtos e serviços que consumam
menos energia para ser disponibilizados, reorganizar a localização e o transporte de mercadorias e de pessoas, e controlar as
emissões de poluentes.
Além da busca pela maior eficiência energética, a intensificação do aquecimento global provocado pelo efeito estufa tem
levado os países a buscar fontes de energia menos poluentes, como a hidreletricidade, a nuclear, a eólica, a solar, a geotérmica e
a biomassa, entre outras. Nesse contexto, a utilização crescente de fontes renováveis de energia é a melhor alternativa na busca
da sustentabilidade ambiental, econômica e social.
7.3 - Petróleo
O petróleo é um hidrocarboneto fóssil de origem orgânica encontrado em bacias sedimentares resultantes do soterramento
de antigos ambientes aquáticos. Seus diversos subprodutos se apresentam em todos os estados de agregação: sólido (asfalto e
plásticos, entre outros), líquido (óleos lubrificantes, gasolina e outros combustíveis) e gasoso (gás combustível). Em suas formas
de ocorrência natural, é utilizado há muito tempo: na vedação dos reservatórios de água construídos pelos incas; na pavimentação,
em conjunto com pedras, das estradas romanas e na vedação de antigas embarcações.
Desde a década de 1930, com a construção das primeiras indústrias petroquímicas, o petróleo é uma matéria-prima
importantíssima, presente de forma constante em nosso cotidiano nas mais diversas formas: materiais de construção e de
embalagem, ingredientes de tintas, de fertilizantes e de produtos farmacêuticos, além de inúmeros tipos de plásticos.
Sua utilização como fonte de energia iniciou-se em 1859, na Pensilvânia, Estados Unidos, quando Edwin Drake, um
perfurador de poços, encontrou petróleo a apenas 21 metros de profundidade e passou a comercializá-lo com as cidades – para
ser utilizado na iluminação pública –, com as indústrias e com as companhias de trem – em substituição ao carvão mineral usado
nas máquinas a vapor.
O petróleo, por ser líquido e apresentar maior facilidade de transporte que o carvão mineral, passou a ser consumido em
quantidades crescentes a cada ano. O carvão foi a fonte de energia que impulsionou o crescimento industrial e econômico de
diversos países desde o final do século XVIII, na Primeira Revolução Industrial. No entanto, no século XIX, com a Segunda
Revolução Industrial, esse papel foi assumido pelo petróleo. O incremento do consumo foi acompanhado pelo surgimento de
centenas de companhias petrolíferas atuando em todas as quatro fases econômicas de sua exploração: extração, transporte, refino
e distribuição.
Com a invenção do motor a explosão interna e seu uso em veículos, o consumo mundial de petróleo disparou. As empresas
do setor petrolífero cresceram no mesmo ritmo do consumo, principalmente nos Estados Unidos e na Europa. Algumas dessas
empresas tornaram-se transnacionais e deram oportunidade para a formação do cartel e do oligopólio no setor petrolífero em
escala mundial. Em 1928, as sete maiores empresas do setor formaram um cartel, conhecido como “sete irmãs”, que dividiu o
planeta em áreas de influência, controlando a extração, o transporte, o refino e a distribuição da principal fonte de energia dos
sistemas de transportes e da produção industrial do globo. Esse fato causou forte reação em diversos países, principalmente nos
que dependiam da importação do produto.
Na tentativa de controlar tanto o comércio como as demais atividades petrolíferas, começaram a se desenvolver, principalmente a partir
da década de 1930, diversas empresas estatais, que passaram a atuar diretamente nas quatro fases econômicas de exploração do petróleo, ou
pelo menos em uma delas, segundo as prioridades estabelecidas internamente. Entre os exemplos mais significativos estão a Pemex (México),
a PDVSA (Venezuela), a Indian Oil (Índia) e a ENI (Itália). No Brasil, com a criação da Petrobras em 1953, a extração, o transporte e o refino
foram estatizados. Em 1995, foi extinto o monopólio da Petrobras, uma empresa de capital aberto que tem o governo federal como sócio
majoritário (28,5% das ações, em 2012) e com o controle de sua estrutura administrativa; toda a regulamentação do setor petrolífero no Brasil
continua sob a responsabilidade do Estado.
A segunda ação na tentativa de desmobilização do poder das “sete irmãs” concretizou-se em 1960, com a criação da
Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), fundada por Irã, Iraque, Kuwait, Arábia Saudita e Venezuela.
Em 1973, os países da Opep promoveram um drástico aumento no preço do barril (159 litros) – de 2,70 para 11,20 dólares
–, aproveitando-se de uma situação política criada pela guerra do Yom Kippur (quando Egito, Síria e outros países atacaram
Israel, dando início ao quarto conflito armado entre árabes e israelenses). Esse foi o chamado “primeiro choque do petróleo”,
www.cursoadsumus.com.br Página 161
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que provocou crise econômica em muitos países. Boa parte dos dólares que movimentavam o comércio internacional foi para o
Oriente Médio, onde se localizam as maiores reservas e os maiores exportadores mundiais do produto.
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Nos anos de 1979 e 1980, com a ocorrência da revolução islâmica no Irã e a eclosão da guerra com o Iraque, os países
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importadores ficaram preocupados com a possibilidade de ingresso de outras nações árabes no conflito. Se isso acontecesse, a
oferta mundial de petróleo estaria comprometida, o que levou muitos países a comprar o produto para aumentar seus estoques
estratégicos. Com esse brusco aumento da procura, a Opep elevou o preço do barril a 34 dólares (como vimos, em 1973, o preço
era de apenas 2,70 dólares).
Essas bruscas elevações do preço do petróleo agravaram a crise econômica do mundo desenvolvido, que já se arrastava
desde o final da década de 1960. Essa crise, porém, atingiu de forma mais severa os países importadores de petróleo, notadamente
os mais pobres, que tiveram sua balança comercial seriamente comprometida. Para enfrentar esse problema e diminuir a
dependência energética, muitos países importadores estabeleceram duas estratégias complementares: aumentar a produção
interna e substituir o petróleo por outras fontes de energia.
No mesmo período, vários países
produtores de petróleo que não
integravam a Opep – principalmente a
antiga União Soviética (com destaque
para a Federação Russa), o México e a
Noruega – incrementaram sua produção
e tornaram-se grandes exportadores.
Com o petróleo custando 34 dólares o
barril, justificavam-se os investimentos
em prospecção e os custos de extração
em qualquer local do planeta. A então
União Soviética foi extraí-lo na Sibéria;
os Estados Unidos, no Alasca; e o
México, o Brasil e os países do mar do
Norte, em suas plataformas continentais.
Com o aumento da produção
mundial e a substituição do petróleo por
outras fontes, a lei da oferta e da procura
entrou em ação e, em 1986, a cotação do
barril caiu para 12 dólares. Essa queda
nos preços pôs em dúvida a viabilidade
econômica de muitas fontes alternativas,
já que a criação de novos modelos energéticos previa constantes elevações no preço do petróleo. Além disso, tornou pouco
competitiva, e às vezes até ineficiente, a extração em águas profundas. Com a queda vertiginosa do preço do barril de petróleo,
algumas fontes alternativas – como o etanol, no caso brasileiro – tornaram-se inviáveis economicamente no contexto daquela
época, quando ainda não havia preocupação em diversificar a matriz energética e combater o aquecimento global.
A partir de 1986, disputas internas na Opep tornaram cada vez mais difícil estabelecer um acordo de preços e cotas de
produção entre os países-membros. Os Estados Unidos conseguiram aprofundar a fragilização da organização por meio de
favorecimentos comerciais à Arábia Saudita e ao Kuwait, que passaram a aumentar suas produções, causando sérios problemas
internos à Opep.
Em dezembro de 1990, o Iraque, economicamente abalado com os gastos de oito anos de guerra com o Irã, invadiu o
Kuwait e ameaçou invadir a Arábia Saudita, sob o pretexto de disputa territorial, mas a verdade é que esses países estavam
extrapolando as cotas de produção de petróleo estabelecidas pela Opep e forçando uma queda no preço do barril no mercado
mundial. A fim de defender seus interesses comerciais, os Estados Unidos, liderando uma coalizão de vários países e com o
apoio da ONU e de várias nações árabes, intervieram imediatamente no conflito enviando tropas ao Oriente Médio. Isso obrigou
o Iraque a se retirar do território do Kuwait em janeiro de 1991. Durante o conflito, conhecido como Guerra do Golfo, o barril
de petróleo chegou a custar quase 40 dólares; com o fim do conflito, o preço voltou a cair e chegou a 20 dólares.
Em 2003, contrariando resolução da ONU, os Estados Unidos invadiram militarmente o Iraque, derrubaram o regime de
Saddam Hussein (1937-2006) e passaram a controlar as reservas petrolíferas desse país, que estão entre as maiores do mundo.
No início de 2004, o preço do barril estava em torno de 30 dólares, mas com os problemas enfrentados pelas forças de ocupação,
sobretudo como resultado da resistência armada iraquiana e o impulso no consumo causado pelo crescimento econômico
mundial, chegou a 93 dólares no início de 2008. Em janeiro de 2012, seguindo uma tendência de alta no preço internacional das
matérias-primas, estava cotado em 109 dólares o barril.
Podemos dividir os maiores produtores de petróleo em dois subgrupos: exportadores e importadores. No primeiro estão
os detentores de grandes reservas – portanto, de excedentes exportáveis. Os maiores representantes desse grupo são a Arábia
Saudita e a Rússia. No segundo estão países como os Estados Unidos e a China, que, apesar de grandes produtores, são também
grandes consumidores e dependem de importações para o abastecimento de seu mercado interno. Embora os Estados Unidos
sejam o terceiro produtor mundial de petróleo, ocupam a primeira posição entre os importadores; a China é o quarto maior
produtor, mas é o segundo maior importador. O Japão, terceiro maior importador, não é produtor de petróleo, importa
praticamente 100% de seu consumo.
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O carvão mineral e o gás natural ocupam, respectivamente, a segunda e a terceira posições no consumo mundial de
energia: o carvão mineral é responsável por aproximadamente 40% da geração de eletricidade, e o gás natural, por cerca de 20%.
Isso significa que mais da metade da energia elétrica produzida no planeta é obtida em usinas que utilizam carvão mineral ou
gás natural como fonte primária de energia.
Entre as fontes não renováveis de energia, o carvão mineral é a mais abundante, principalmente nos países do hemisfério
norte. Além disso, segundo estimativas, quando o petróleo se esgotar, as reservas de carvão ainda terão uma vida útil muito
longa. Isso o torna hoje o substituto imediato do petróleo em situação de crise e aumento de preço.
O uso do carvão mineral, porém, acarreta sérias agressões ambientais, pois sua estrutura molecular contém enorme
quantidade de carbono e enxofre que, após a queima, são lançados na atmosfera na forma de gás carbônico (CO2), que agrava o
efeito estufa, e de dióxido de enxofre (SO2), o grande responsável pela chuva ácida.
O carvão mineral é uma rocha metamórfica de origem sedimentar e não deve ser confundido com o vegetal, obtido da
madeira carbonizada em fornos. No que se refere à sua utilização prática, o carvão mineral é muito mais eficiente, pois possui
grande poder calorífero e sua queima libera muito mais energia que a do carvão vegetal, o que amplia suas possibilidades de
utilização em atividades siderúrgicas e na produção de energia em usinas termelétricas.
Além de constituir fonte de energia, o carvão mineral é importante matéria-prima da indústria de produtos químicos
orgânicos, como piche, asfalto, corantes, plásticos, inseticidas, tintas e náilon, entre outros.
Já o gás natural, além de ser mais barato e facilmente transportável por meio de dutos, apresenta uma queima quase limpa
(pouco poluente) em comparação ao carvão e ao petróleo.
Trata-se de uma fonte de energia muito versátil, pois pode ser utilizada na geração de energia elétrica (em usinas térmicas),
nas máquinas e altos-fornos industriais, nos motores de veículos, nos fogões e no aquecimento das residências, entre outros. Em
razão disso, vem sendo cada vez mais empregado nos transportes, na termeletricidade, na produção industrial e no consumo
doméstico.
A partir da década de 1980, o
consumo de gás natural vem
apresentando forte expansão. Segundo a
Agência Internacional de Energia, entre
1973 e 2011, a produção mundial mais
que dobrou, passando de 1,2 bilhão para
3,3 bilhões de metros cúbicos, mas,
mesmo assim, manteve a terceira
posição na matriz energética mundial.
Entre as fontes utilizadas em usinas
termelétricas, saltou do quarto para o
segundo lugar, ficando atrás apenas do
carvão.
Hidreletricidade
Os rios que apresentam desnível acentuado em seu percurso tendem a apresentar potencial hidrelétrico aproveitável,
principalmente se seu suprimento de água for garantido por clima ou hidrografia favoráveis. Não é necessária a ocorrência de
quedas-d’água, mas de desníveis que possibilitem a construção de uma barragem que forme uma represa e crie uma queda
artificial. Trata-se de uma forma não poluente, barata e renovável de obtenção de energia, embora o alagamento de grandes áreas
por causa da construção das barragens e do represamento da água cause impacto ambiental. Em terrenos mais planos, ocorre
inundação de enormes áreas, enquanto em terrenos que possuem desnível acentuado, a superfície inundada é menor. A energia
tende a ser produzida com maior eficiência quanto maior for o desnível obtido entre o nível de água e a turbina. Em terrenos com
maior declividade é possível obter maiores desníveis com menor superfície de água represada.
Dessa forma, a construção de uma barragem deve ser precedida de minucioso estudo do impacto ambiental e arqueológico,
para que se avalie a viabilidade técnica, social, ambiental e econômica do represamento.
Na prática, a produção de energia hidrelétrica depende da energia solar, pois a água, em seu ciclo, é transportada para
compartimentos mais elevados do relevo pela evaporação e posterior precipitação. Por isso, os países de relevo acidentado,
grande extensão territorial (portanto, maior área de insolação) e muitos rios contam com grande potencial hidráulico. É o caso
do Brasil, do Canadá, dos Estados Unidos, da China, da Rússia e da Índia.
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energia elétrica e percentual da hidreletricidade na
geração total de energia elétrica.
Grandes represas - a formação de grandes represas
apresenta aspectos positivos e negativos:
Aspectos positivos
• Geração de energia elétrica mais limpa e barata
que a obtida por outras fontes.
• Possibilidade de controle de enchentes a jusante.
• Melhora das condições de abastecimento de água
para a população.
• Maiores possibilidades de instalação de projetos
de agricultura irrigada.
• Incremento da utilização do transporte fluvial.
• Estímulo à piscicultura.
• Incentivo à instalação de equipamentos de esporte, turismo e lazer.
Aspectos negativos
• Possível necessidade de desmatamento prévio da área a ser inundada e/ou de resgate de animais ilhados durante o
preenchimento da represa.
• Possível necessidade de deslocamento de cidades, povoados ou comunidades indígenas.
• Salinização da água dos reservatórios em regiões de evaporação intensa.
• Mudança no fluxo dos sedimentos e no volume de água do rio.
• Assoreamento da represa e consequente comprometimento de sua capacidade geradora.
• Inundação de sítios arqueológicos.
• Perda de solo agricultável.
• Redução da vegetação nativa e da biodiversidade.
Termeletricidade
A obtenção de energia elétrica pela termeletricidade é feita com maiores custos e com maior impacto ambiental, mas a
construção de uma usina desse tipo requer investimentos menores que a de uma hidrelétrica. O que faz a turbina de uma usina
termelétrica girar é a pressão do vapor de água obtido pela queima de carvão mineral, gás ou petróleo (entre vários outros
combustíveis possíveis, como o bagaço de cana-de-açúcar, muito utilizado no Brasil), que aquece uma caldeira contendo água.
Enquanto a fonte primária de energia das usinas hidrelétricas é a água, disponível no local onde é instalada, a das termelétricas
tem de ser extraída e transportada (e por vezes importada), o que encarece o produto final: a energia elétrica. Sua vantagem em
relação à hidreletricidade é que a localização da usina é determinada pelo mercado consumidor, e não pelo relevo e hidrografia,
o que possibilita sua instalação nas proximidades da área onde há demanda, acarretando gastos menores na transmissão da energia
elétrica obtida.
Energia atômica
Desde o início deste século, em razão do agravamento do aquecimento global, a utilização da energia nuclear para
obtenção de energia elétrica voltou à agenda internacional como importante alternativa à queima de combustíveis fósseis. Em
2010, as usinas nucleares foram responsáveis por cerca de 10,3% de toda a energia elétrica produzida no mundo.
Assim como nas termelétricas, o que movimenta a turbina de uma usina nuclear é o vapor de água, só que neste caso o
aquecimento da água para produzir o vapor é feito a partir da fissão nuclear, realizada a partir da quebra de átomos de urânio.
Em vários países é grande a produção de energia elétrica em usinas nucleares, apesar do alto custo de instalação,
funcionamento e conservação. Em muitos deles houve o esgotamento das possibilidades de produção hidrelétrica e há carência
de combustíveis fósseis para a produção de energia em centrais termelétricas.
Apesar de apresentarem algumas vantagens em relação aos outros tipos de usinas, como, por exemplo, o custo do
quilowatt-hora produzido, que é menor que o obtido em usinas termelétricas que utilizam carvão como fonte primária, a opinião
pública mundial tem exercido forte pressão contrária à instalação de novas centrais. As usinas nucleares são potencialmente
muito mais perigosas por utilizarem fontes primárias radiativas, e demandam um alto custo para a destinação final dos seus
rejeitos – o lixo atômico. Em caso de acidentes (como o de Three Mile Island, nos Estados Unidos, em 1979; o de Chernobyl,
na Ucrânia, em 1986; e o de Fukushima, no Japão, em 2011, causado por terremoto seguido de tsunami), a radiatividade leva
anos ou mesmo décadas para se dissipar. Nos Estados Unidos, por exemplo – país responsável por quase 30% da geração mundial
de energia elétrica em centrais nucleares –, não se constroem novas usinas desde o acidente de 1979. Diversas outras formas de
obtenção de energia elétrica vêm sendo pesquisadas por vários países, como a energia solar, a geotérmica, a eólica, a variação
das marés, a fusão nuclear (de átomos de hidrogênio), etc., mas a instalação dessas usinas e a produção em larga escala ainda
dependem da redução dos custos.
Energia solar
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A energia solar é utilizada na geração de eletricidade e no aquecimento da água, ou seja, basicamente como fonte de luz
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e de calor, sendo uma boa opção para atender a população que mora em localidades rurais sem acesso à rede de energia elétrica.
Nas cidades, seu uso vem se intensificando em residências, hotéis, hospitais, clubes e outros, que buscam redução dos custos da
eletricidade. Sua captação é realizada por coletores para o aquecimento e por células fotovoltaicas para converter a energia solar
em eletricidade.
Energia eólica
A energia eólica é obtida do movimento dos ventos e das massas de ar, que por sua vez resultam das diferenças de
temperatura existentes na superfície do planeta. É uma forma limpa e renovável de obtenção de energia que está disponível em
muitos lugares do planeta.
Biomassa
Biomassa é qualquer tipo de matéria orgânica não fóssil, vegetal ou animal, que possibilite obtenção de energia. Entre os
produtos mais utilizados destacam-se o etanol obtido da cana-de-açúcar, da beterraba, do milho e da madeira; o lixo orgânico
(cuja decomposição nos aterros produz biogás); a lenha; o carvão vegetal; e os diversos tipos de óleos vegetais que podem ser
transformados em biodiesel (soja, dendê, mamona, algodão e trigo, entre outros). A utilização de biomassa como fonte de energia
é muito antiga, remonta ao tempo em que o ser humano controlou o fogo e começou a queimar lenha para se aquecer e cozinhar
os alimentos. Atualmente, vem aumentando bastante seu consumo por causa da instabilidade do preço do petróleo e, em geral,
por sua queima produzir menos poluentes do que a dos combustíveis fósseis.
Hoje em dia ela é considerada uma das principais alternativas na busca por maior diversificação na matriz energética,
visando reduzir a dependência dos combustíveis fósseis, porque possibilita a obtenção de energia elétrica e de biocombustíveis.
O etanol e o biodiesel são combustíveis não tóxicos e biodegradáveis, cuja queima em substituição aos derivados de petróleo
reduz de 40% a 60% a emissão de gases que provocam o efeito estufa. Além disso, por serem isentos de enxofre em sua
composição, não causam chuva ácida.
Desde 2005, quando entrou em vigor o Protocolo de Kyoto, muitos países aceleraram a busca por fontes de energias
renováveis e menos poluentes, cujo consumo está em expansão em escala mundial. A produção de biocombustíveis vem
apresentando grande possibilidade de crescimento econômico e geração de empregos na agricultura e nas usinas, com efeito
multiplicador nos demais setores que integram sua cadeia produtiva (máquinas, equipamentos, fertilizantes, setores de serviços,
comércio e transporte).
A expansão da produção e do consumo dos biocombustíveis depende muito do preço do barril de petróleo, que, como
vimos, sofre grandes oscilações em função da ocorrência de guerras e crises econômicas. Quando aumenta o preço do barril de
petróleo, há tendência de busca de fontes mais baratas e os biocombustíveis ganham competitividade; ao contrário, nas épocas
em que cai o preço do barril de petróleo, os biocombustíveis perdem mercado.
Porém, independentemente das oscilações no preço do petróleo, o setor de biocombustíveis e toda sua cadeia produtiva
têm recebido incentivo governamental em alguns países, como Estados Unidos, Brasil, Alemanha e França, embora sua produção
e consumo sejam mais caros que a utilização de óleo diesel e gasolina. Isso ocorre graças às vantagens que ele oferece em termos
sociais, estratégicos e ambientais, como a geração de empregos, a segurança energética, a redução na emissão de poluentes e o
declínio no volume das importações, o que melhora o resultado da balança comercial.
Muitos países possuem legislação que obriga a mistura de álcool e biodiesel na gasolina e no óleo diesel (derivados de
petróleo). Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma, Unep Yearbook 2008), na Europa, até 2020,
10% dos combustíveis usados no setor de transportes deverão ter origem agrícola, percentual que já é adotado na Colômbia,
Venezuela e Tailândia. Na China, é obrigatória a mistura de 10% nas cinco províncias com maior volume de transporte de carga
e pessoas. O Brasil, em 2012, misturava 20% de álcool à gasolina, 5% de biodiesel ao diesel de petróleo, e era o único país do
mundo com carros flex, movidos a etanol ou gasolina, ou com a mistura dos dois combustíveis em qualquer proporção.
Essas exigências provocaram redução nos índices de poluição atmosférica, sobretudo nos centros urbanos, entretanto,
geraram uma grande demanda por matéria-prima agrícola. O aumento no consumo de óleo de palma no Sudeste Asiático, por
exemplo, provocou desmatamento na região, e a alta no preço de alguns cereais – principalmente o milho – é atribuída ao aumento
de sua utilização para produzir etanol.
Como o milho é utilizado como ração na criação de gado e aves e constitui matéria-prima para produção de vários tipos
de alimentos industrializados, há grande receio de aumento de preços nos alimentos, principalmente carne bovina, suína e de
aves, leite e seus derivados, ovos, farinha - matéria-prima de pão, macarrão, bolachas etc. - e outros.
Em 2007, um consórcio de vinte agências da Organização das Nações Unidas (UN – Energy) divulgou um relatório
apontando algumas preocupações sobre o aumento no consumo de biocombustíveis em escala mundial: sua produção poderá
comprometer a disponibilidade e elevar os preços de alimentos e, consequentemente, agravar a subnutrição e a fome pelo mundo?
Haverá maior degradação dos biomas em consequência da expansão da área cultivada? O que acontecerá com os pequenos
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produtores agrícolas?
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Caso a produção de biocombustíveis seja planejada para contemplar o desenvolvimento sustentável, poderá ser algo muito
positivo. Para isso, deve-se pensar nos benefícios que resultam da redução na emissão de gás carbônico, mas, também, na
preservação dos biomas e na geração de empregos e renda, enfim, na sua sustentabilidade ambiental e socioeconômica.
EXERCÍCIOS
01. Um dos maiores problemas da atualidade é o aumento desenfreado do desemprego. O texto abaixo destaca esta situação.
O desemprego é hoje um fenômeno que atinge e preocupa o mundo todo. [...] A onda de desemprego recente não é conjuntural,
ou seja, provocada por crises localizadas e temporárias. Está associada a mudanças estruturais na economia, daí o nome de
desemprego estrutural. O desemprego manifesta-se hoje na maioria das economias, incluindo a dos países ricos. A OIT estimava
em 1 bilhão – um terço da força de trabalho mundial – o número de desempregados em todo o mundo em 1998. Desse total, 150
milhões encontram-se abertamente desempregados e entre 750 e 900 milhões estão subempregados.
Almanaque Abril 1999 [cd-rom]. São Paulo: abril.
(A) a uma economia desaquecida que provoca ondas gigantescas de desemprego, gerando revoltas e crises institucionais.
(B) ao setor de serviços que se expande provocando ondas de desemprego no setor industrial, atraindo essa mão de obra para
este novo setor.
(C) ao setor industrial que passa a produzir menos, buscando enxugar custos, provocando, com isso, demissões em larga escala.
(D) às novas formas de gerenciamento de produção e novas tecnologias que são inseridas no processo produtivo, eliminando
empregos que não voltam.
(E) ao emprego informal que cresce, já que uma parcela da população não tem condições de regularizar o seu comércio.
A integração regional é um instrumento fundamental para que um número cada vez maior de países possa melhorar a sua
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inserção num mundo globalizado, já que eleva o seu nível de competitividade, aumenta as trocas comerciais, permite o aumento
da produtividade, cria condições para um maior crescimento econômico e favorece o aprofundamento dos processos
democráticos. A integração regional e a globalização surgem assim como processos complementares e vantajosos.
“Declaração de Porto”, VIII Cimeira ibero-americana, Porto, Portugal, 17 e 18 de outubro de 1998.
Um considerável número de mercadorias passou a ser produzido no Brasil, substituindo o que não era possível ou era muito
caro importar. Foi assim que a crise econômica mundial e o encarecimento das importações levaram o governo Vargas a criar
as bases para o crescimento industrial brasileiro.
Pomar, W. Era Vargas – a modernização conservadora.
É correto afirmar que as políticas econômicas mencionadas nos textos são:
(A) opostas, pois, no primeiro texto, o centro das preocupações são as exportações e, no segundo, as importações.
(B) semelhantes, uma vez que ambos demonstram uma tendência protecionista.
(C) diferentes, porque, para o primeiro texto, a questão central é a integração regional e, para o segundo, a política de substituição
de importações.
(D) semelhantes, porque consideram a integração regional necessária ao desenvolvimento econômico.
(E) opostas, pois, para o primeiro texto, a globalização impede o aprofundamento democrático e, para o segundo, a globalização
é geradora da crise econômica.
03. A atividade industrial e a industrialização brasileira estão desigualmente distribuídas pelas regiões do país. Construídas
predominantemente no século XX, elas são componentes da modernização urbana que reinventa nossa sociedade e dinâmica
espacial.
Sobre a indústria e industrialização brasileira, é correto afirmar:
(A) a industrialização tem suas raízes fincadas na economia da cana-de-açúcar e do café, que possibilitou a acumulação de capital
necessária para a diversificação em investimentos no setor industrial, e esse fato permitiu a produção de bens de consumo
duráveis, sobretudo automóveis e eletrodomésticos.
(B) a indústria nasce dos capitais restantes do declínio da economia da cana-de-açúcar e do café. Esses capitais impulsionaram
uma diversidade de pequenas indústrias de produção de bens de consumo não duráveis, tais como perfumaria, cosméticos,
bebidas, cigarros, que apoiadas pelo estado se difundiram pelo país.
(C) a ação do estado foi fundamental para desencadear o processo de industrialização brasileira, por exemplo, criando empresas
estatais, como a antiga companhia Vale do rio doce e a companhia siderúrgica nacional, para investir na indústria de base.
Sem elas não seria possível a implantação de indústria de bens de consumo duráveis.
(D) a industrialização brasileira é fruto da capacidade inovadora do estado e do empresariado nacional. Este último não mediu
esforços para construir em todo o território nacional sistemas de transporte, comunicação, energia e portos, necessários à
circulação de bens, serviços e pessoas por todas as regiões.
(E) a industrialização brasileira se tornou possível a partir de investimentos do capital internacional, que não mediu esforços para
construir em todo o território nacional sistemas de transporte, comunicação, energia e portos, necessários à circulação de
bens, serviços e pessoas por todas as regiões.
Com base na letra da canção e nos conhecimentos sobre industrialização brasileira, é correto afirmar:
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(A) trata-se de um processo destituído de relevância social, porque passou despercebido pela população das metrópoles, cujo
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cotidiano manteve-se inalterado.
(B) alterou as relações campo-cidade, as paisagens urbanas, os hábitos de consumo das pessoas, as relações sociais e criou novas
profissões e postos de trabalho.
(C) a indústria têxtil prejudicou o desenvolvimento do setor automobilístico, porque em ambos havia grande necessidade de mão
de obra especializada.
(D) os apitos das fábricas foram proibidos nas grandes metrópoles industrializadas, porque provocavam poluição sonora que era
potencializada pelas buzinas dos carros.
(E) manteve inalterado o equilíbrio populacional entre campo e cidade, porque as indústrias têxteis demandavam pouca mão de
obra, dado o seu alto grau de mecanização.
05. Após a 2ª GM, a maioria dos países latino-americanos implementou políticas de industrialização por substituição de
importações que tiveram resultados diversos. Considere as seguintes afirmações sobre os efeitos que a implementação dessas
políticas teve no Brasil.
I. ela acelerou a migração campo-cidade.
II. ela favoreceu a industrialização nas regiões sudeste e sul.
III. ela reforçou o papel do estado brasileiro nas políticas territoriais.
(A) apenas I.
(B) apenas II.
(C) apenas III.
(D) apenas II E III.
(E) I, II e III.
06. [...] Liberalismo, o Neo, bateu à porta da quitinete onde morava o Estado Mínimo e sua numerosa família. O Estado Mínimo
– diga-se de passagem – já fora o máximo no passado, requisitado por todos, vivia confortavelmente em uma cobertura duplex
no edifício Keynes. A partir dos anos 1980, seu prestígio começou a declinar diante da campanha orquestrada pelo Liberalismo
que avançou no seu patrimônio e privatizou suas empresas sob o pretexto de que ele, Estado, não entendia nada de economia,
cobrava altos impostos e impedia a maximização dos seus lucros. Empobrecendo, o Estado teve que se mudar para um
apartamento menor e depois para outro menor ainda e hoje vive em uma modesta unidade no conjunto habitacional Milton
Friedmam. [...]
Novaes, Carlos Eduardo. Liberalismo e estado mínimo. Jornal do Brasil, rio de Janeiro, 1º mar. 2009.
A opção que apresenta exemplos, no Brasil, que confirmam a explicação contida no trecho da crônica é:
(A) privatização de bancos, aumento das barreiras alfandegárias, aplicação dos planos Quinquenais.
(B) desestatização de empresas, desregulamentação da economia, criação de agências reguladoras.
(C) redução da concentração do poder administrativo federal, redução das taxas de juros, criação dos Órgãos de planejamento
regional.
(D) ampliação da esfera de atuação das secretarias de governo, reforma fiscal, implementação de programas de desenvolvimento
nacional.
(E) nacionalização de empresas, redução das tarifas alfandegárias, implementação dos programas nacionais de desenvolvimento.
07. É possível afirmar através de uma visão de síntese do processo histórico da industrialização no Brasil entre 1880 e 1980, que
esta foi retardatária cerca de 100 anos em relação aos centros mundiais do capitalismo. Podemos identificar cinco fases que
definem o panorama brasileiro de seu desenvolvimento industrial: 1880 a 1930, 1930 a 1955, 1956 a 1961, 1962 a 1964 e 1964
a 1980.
Leia com atenção as afirmações a seguir, identificando-as com a sua fase de desenvolvimento industrial.
I. Modelo de desenvolvimento associado ao capital estrangeiro, sem descentralizar a indústria do Sudeste de forma significativa
em direção a outras regiões brasileiras; corresponde ao período de Juscelino Kubitschek, com incremento da indústria de
bens de consumo duráveis e de setores básicos.
II. Modelo de política nacionalista da Era Vargas, com o desenvolvimento autônomo da base industrial demonstrado através da
construção da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Ressalta-se que, neste período, a Segunda Guerra Mundial
impulsionou a industrialização.
III. Período de desaceleração da economia e do processo industrial motivados pela instabilidade e tensão política no Brasil.
IV. Implantação dos principais setores da indústria de bens de consumo não duráveis ou indústria leve, mantendo-se a
dependência brasileira em relação aos países mais industrializados. O Brasil não possuía indústrias de bens de capital ou de
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produção.
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V. Período em que o Brasil esteve submetido a constrangimentos econômicos, financeiros e sociais devido a seu endividamento
no exterior com o objetivo de atingir o crescimento econômico de 10% ao ano. Mesmo assim, não houve muitos avanços na
área social. Modernização conservadora com o governo militar.
Adaptado de: São Paulo (estado). Secretaria da Educação. Geografia, Ensino Médio. São Paulo, 2008.
09. Os chineses não atrelam nenhuma condição para efetuar investimentos nos países africanos. Outro ponto interessante é a
venda e compra de grandes somas de áreas, posteriormente cercadas. Por se tratar de países instáveis e com governos ainda não
consolidados, teme-se que algumas nações da África tornem-se literalmente protetorados.
Brancolli, F. China e os novos investimentos na África: neocolonialismo ou mudanças na arquitetura global?
Disponível em: <http://opiniaoenoticia.com.br>. Acesso em: 29 abr. 2010. (adaptado).
A presença econômica da China em vastas áreas do globo é uma realidade do século XXI. A partir do texto, como é possível
caracterizar a relação econômica da China com o continente africano?
(A) Pela presença de órgãos econômicos internacionais como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, que
restringem os investimentos chineses, uma vez que estes não se preocupam com a preservação do meio ambiente.
(B) Pela ação de ONGs (Organizações Não Governamentais) que limitam os investimentos estatais chineses, uma vez que estes
se mostram desinteressados em relação aos problemas sociais africanos.
(C) Pela aliança com os capitais e investimentos diretos realizados pelos países ocidentais, promovendo o crescimento econômico
de algumas regiões desse continente.
(D) Pela presença cada vez maior de investimentos diretos, o que pode representar uma ameaça à soberania dos países africanos
ou manipulação das ações destes governos em favor dos grandes projetos.
(E) Pela presença de um número cada vez maior de diplomatas, o que pode levar à formação de um mercado comum sino-
africano, ameaçando os interesses ocidentais.
10. Em meados de 1980, as estratégias político-econômicas conduzidas pelo novo secretário-geral do Partido comunista, Mikhail
Gorbachev, acabaram contribuindo para o colapso da URSS e de seu regime socialista. Sobre essas estratégias, considere as
seguintes afirmações.
I. A “Glasnost” tinha por finalidade revitalizar o socialismo através, entre outras reformas, de uma relativa democratização do
sistema.
II. A não concessão de maior independência política aos estados-membros da URSS rendeu a Gorbachev o apoio da ala
conservadora do partido.
III. A “Perestroika” buscou reestruturar a economia estatal planificada, com o objetivo de impedir a crescente privatização dos
meios de produção e a concentração fundiária.
Quais estão corretas?
(A) apenas I.
(B) apenas II.
(C) apenas I e II.
(D) apenas II e III.
(E) I, II e III.
11. A China é o país mais populoso do planeta e uma potência militar que tem conseguido atrair investimentos estrangeiros em
grande proporção, sustentando um crescimento econômico que lhe confere um papel estratégico e de crescente projeção no
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(A) em 1949 foi proclamada a república Popular da China, sob liderança de Mao Tsé-Tung. O socialismo implantado rompeu a
dominação colonial e imperialista que havia explorado a China por quase cinco séculos.
(B) a partir do final da década de 1970 o governo toma uma série de medidas econômicas liberalizantes que propiciaram a
abertura e a modernização da economia por meio de uma política estatal elaborada e controlada firmemente pelos líderes
do Partido comunista.
(C) em busca de prover a demanda de energia no mesmo ritmo do crescimento econômico do país foi construída, no rio Yangtzé,
a usina hidrelétrica de Três Gargantas, que se encontra entre as maiores centrais hidrelétricas do mundo.
(D) a China caracteriza-se pela maior concentração populacional na sua extensa faixa litorânea, local de maior dinamismo
econômico no país e onde foram criadas as zonas econômicas especiais (ZEEs), áreas específicas para a entrada de capital
internacional que, por intermédio de joint ventures – associação entre empresas estrangeiras e locais – produzem para a
exportação.
(E) no contexto da nova Divisão Internacional do trabalho, a China destaca-se por contar com uma mão de obra abundante,
altamente qualificada e bem remunerada o que favorece seu comércio interno.
12. A partir da década de 1950, verificou-se uma intensificação no processo de industrialização em diversas regiões do planeta.
No caso de países latino-americanos, como, por exemplo, o Brasil, a Argentina e o México, em que se baseou, fundamentalmente,
a industrialização?
13. A industrialização do sudeste asiático ocorreu em duas etapas. Na primeira, surgiram os chamados Tigres de primeira geração,
que receberam capital do Japão. Na segunda, eles investiram nos Tigres da segunda geração. Assinale a alternativa que lista
corretamente os tigres asiáticos de primeira e de segunda geração.
(A) Primeira geração: Coreia do Sul, Taiwan e Cingapura - segunda geração: Indonésia, Malaísia e Tailândia.
(B) Primeira geração: Coreia do Sul, Malaísia e Taiwan - segunda geração: Cingapura, Indonésia e Tailândia.
(C) Primeira geração: Taiwan, Tailândia e Malaísia - segunda geração: Coreia do Sul, Cingapura e Indonésia.
(D) Primeira geração: Coreia do sul, Cingapura e Indonésia - segunda geração: Malaísia, Tailândia e Taiwan.
(E) Primeira geração: Cingapura, Indonésia e Tailândia - segunda geração: Coreia do Sul, Malaísia e Taiwan.
14. Bangalore, na Índia, Campinas, no Brasil e San Francisco, nos estados unidos, têm em comum:
15. O peso econômico dos Brics é certamente considerável. Entre 2003 e 2007, o crescimento dos quatro países representou 65% da expansão
do PIB mundial. Em paridade de poder de compra, o PIB dos Brics já supera hoje o dos EUA ou o da União Europeia. Para dar uma ideia do
ritmo de crescimento desses países, em 2003, os Brics respondiam por 9% do PIB mundial e, em 2009, esse valor aumentou para 14%. Em
2010, o PIB conjunto dos cinco países (incluindo a África do Sul) totalizou US$11 trilhões ou 18% da economia mundial. Considerando o PIB
pela paridade de poder de compra, esse índice é ainda maior: US$19 trilhões ou 25%.
Disponível em: <www.itamaraty.gov.br/temas/mecanismosinter-regionais/agrupamentobrics>. acesso em: jun. 2012. (Fragmento).
Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul são os países de “economia emergente” que formam o grupo Brics. Este agrupamento de países
representa um bloco político-econômico:
(A) formal, constituído por países com interesses e papéis semelhantes na Organização Mundial do Comércio, integrantes de
uma contemporânea regionalização globalizada.
(B) informal, composto por países com interesses e papéis semelhantes na nova ordem mundial, integrantes de uma
contemporânea regionalização globalizada.
(C) informal, constituído por países do G-8 e com interesses e papéis conflitantes na nova ordem mundial, integrantes de uma
contemporânea regionalização globalizada.
(D) formal, composto por países com interesses e papéis semelhantes no conselho de segurança da ONU, integrantes de uma
contemporânea regionalização globalizada.
(E) informal, originalmente, e formal, posteriormente, composto por países com interesses semelhantes a maior atuação no
cenário global, como alternativa a liderança norte-americana e o G-7.
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16. Uma mesma empresa pode ter sua sede administrativa onde os impostos são menores, as unidades de produção onde os
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salários são os mais baixos, os capitais onde os juros são os mais altos e seus executivos vivendo onde a qualidade de vida é mais
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elevada.
SEVCENKO, N. A corrida para o século XXI: no loop da montanha russa. São Paulo: Companhia das Letras, 2001 (adaptado).
No texto estão apresentadas estratégias empresariais no contexto da globalização. Uma consequência social derivada dessas
estratégias tem sido:
17. A evolução do processo de transformação de matérias-primas em produtos acabados ocorreu em três estágios: artesanato,
manufatura e maquinofatura. Um desses estágios foi o artesanato, em que se:
18. Considere o papel da técnica no desenvolvimento da constituição de sociedades e três invenções tecnológicas que marcaram
esse processo: invenção do arco e flecha nas civilizações primitivas, locomotiva nas civilizações do século XIX e televisão nas
civilizações modernas.
A respeito dessas invenções são feitas as seguintes afirmações:
I. A primeira ampliou a capacidade de ação dos braços, provocando mudanças na forma de organização social e na utilização
de fontes de alimentação.
II. A segunda tornou mais eficiente o sistema de transporte, ampliando possibilidades de locomoção e provocando mudanças na
visão de espaço e de tempo.
III. A terceira possibilitou um novo tipo de lazer que, envolvendo apenas participação passiva do ser humano, não provocou
mudanças na sua forma de conceber o mundo.
(A) I, apenas.
(B) I e II, apenas.
(C) I e III, apenas.
(D) II e III, apenas.
(E) I, II e III.
19. Sobre os diferentes tipos de indústrias e a sua dinâmica espacial, assinale o que for correto.
(A) as indústrias de bens de produção ou de base produzem bens para outras indústrias, gastam muita energia e transformam
grandes quantidades de matérias-primas. São exemplos desse tipo de indústrias: petroquímicas, metalúrgicas, siderúrgicas,
entre outras.
(B) as indústrias de bens de capital ou intermediárias produzem máquinas, equipamentos, ferramentas ou autopeças para outras
indústrias, como, por exemplo, as indústrias dos componentes eletrônicos e a de motores para carros ou aviões.
(C) as indústrias de ponta estão ligadas ao emprego de alta tecnologia, elevado capital e de número grande de trabalhadores
qualificados. Elas dependem de inovações constantes para que sejam possíveis modificações rápidas no processo de
produção.
(D) a partir de 1990, intensificou-se no Brasil o processo de desconcentração industrial, ou seja, muitas indústrias deixaram áreas
tradicionais e instalaram unidades fabris em novos espaços na busca de vantagens econômicas, como incentivos fiscais,
menores custos de produção, mão de obra mais barata, mercado consumidor significativo e atuação sindical fraca.
(E) as indústrias de bens de consumo estão divididas em duráveis e não duráveis. A primeira se refere à indústria de automóveis,
eletrodomésticos e móveis. Já as não duráveis estão ligadas ao setor de vestuário, alimentos, remédios e calçados.
20. Os fatores locacionais da indústria passaram por grandes modificações, desde o século XVIII, alterando as decisões
estratégicas das empresas acerca da escolha do local mais rentável para
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seu empreendimento.
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O esquema ao lado apresenta alguns modelos de localização da
siderurgia, considerando os fatores locacionais mais importantes para
esse tipo de indústria: minério de ferro, carvão mineral, mercado e sucata.
No caso dos modelos C e D, as mudanças socioeconômicas que justificam
as escolhas de novos locais para instalação de usinas siderúrgicas nas
últimas décadas são, respectivamente:
21. A organização do espaço geográfico através de redes de comunicação eliminou a necessidade de fixar as atividades econômicas num
determinado lugar. Isso vale para muitos serviços, que podem ser prestados a partir de qualquer lugar do mundo para qualquer outro, bastando
que estes locais estejam conectados.
Sobre essas redes de comunicação, é correto afirmar que:
(A) eliminaram as restrições produtivas dos diferentes espaços geográficos, criando condições de trabalho igualitárias em todos os países do
mundo.
(B) contribuíram, pela velocidade da informação e diversidade de serviços, para a dispersão geográfica dos processos produtivos industriais,
cujas etapas estão localizadas em diferentes países.
(C) possibilitaram a disseminação dos lucros das empresas multinacionais, pela interligação de sistemas industriais de produção.
(D) ampliaram as trocas no comércio internacional, mas não possibilitaram grandes transformações na organização do espaço geográfico
mundial.
(E) diminuíram, por sua ampliação, as desigualdades sociais entre os países, tendência mundial da atualidade.
(A) atualmente, grande parte das empresas multinacionais é originária dos países subdesenvolvidos e aí estão instaladas.
(B) embora seja objeto de investimentos capitalistas, o sistema socialista chinês ainda afugenta as empresas multinacionais.
(C) a globalização facilitou a mobilidade de capitais e empresas, aumentando a competição entre países.
(D) nos países asiáticos, o alto custo da mão de obra é compensado pela abundância de matérias-primas minerais baratas.
(E) a abertura comercial propiciada pela globalização permitiu às empresas brasileiras concorrerem com as dos países europeus.
23. Por referência a dinâmica e o desenvolvimento do modo de produção capitalista em relação à organização do espaço geográfico e aos
problemas ambientais, analise:
I. A internacionalização dos problemas ambientais durante a 2ª Revolução Industrial foi uma consequência das disputas interimperialistas
ocorridas a partir da unificação alemã e italiana, que se constituíram como novos países capitalistas.
II. O espaço geográfico mundial, após a crise de 1929, teve uma intensa reorganização produtiva, considerando a aplicação da política de bem-
estar social, o taylorismo/fordismo e o just in time, estruturas administrativas que possibilitam a produção/reprodução ampliada do capital.
III. Os problemas da organização do espaço geográfico têm relação direta com as categorias de análise central da geografia, como paisagem,
região, espaço, território e lugar, sendo estes, em muitos momentos, adjetivados como meio ambiente.
IV. A produção em série e o consumo de massa, implantados com o New Deal, estão na base da crise pela qual passa a economia americana
atualmente.
São corretas:
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(A) localizado no oeste dos Estados Unidos, próximo a importantes centros de pesquisa, forma um complexo industrial com destaque para os
ramos típicos da Terceira Revolução Industrial.
(B) também conhecido por cinturão (belt), constitui-se na principal área produtora de cereais dos Estados Unidos, sobretudo de milho e trigo,
além de pecuária intensiva.
(C) formado por erosão glacial, constitui-se numa área de preservação permanente, onde se destacam as faias, as sequoias e as bétulas, espécies
típicas da floresta boreal.
(D) localizado no nordeste dos EUA, constitui-se numa área de antiga concentração industrial, destacando-se as indústrias de bens de produção
pela abundância de matérias-primas, energia e mão de obra e pela facilidade de transporte.
(E) é uma das principais áreas de extração mineral, sobretudo de silício, cobre e ferro, altamente prejudicada pela degradação do meio ambiente.
GABARITO:
1 D 2 C 3 C 4 B 5 E
6 B 7 A 8 A 9 D 10 A
11 E 12 E 13 A 14 A 15 E
16 B 17 B 18 E 19 D 20 D
21 B 22 C 23 D 24 A
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HISTÓRIA MILITAR NAVAL Prof. VAGNER SOUZA
ÍNDICE
Índice ................................................................................................................................................. 001
AS NAÇÕES
(Continuação)
5) Grã-Bretanha ................................................................................................................................ 003
6) Alemanha ...................................................................................................................................... 024
7) Japão ............................................................................................................................................. 032
8) Estados Unidos ............................................................................................................................. 039
Artigo: Evolução Tecnológica no Setor Naval na Segunda Metade do Século XIX e as Anx
Consequências para a Marinha do Brasil.
BRASIL
Capítulo I – A Descoberta do Brasil ............................................................................................. 061
1) As Razões da Expansão Marítima ................................................................................................ 061
2) Os Portugueses se Espalham pelo Mundo .................................................................................... 063
3) A América Descoberta .................................................................................................................. 064
4) O Acordo de Tordesilhas .............................................................................................................. 066
5) O Caminho das Índias Decifrado .................................................................................................. 067
6) A Viagem de Cabral ..................................................................................................................... 067
CAPÍTULO IV
AS NAÇÕES
5) Grã-Bretanha:
A Grã-Bretanha teve sempre seu destino ligado ao mar e aos portos e rios
que desde os tempos primitivos abriram suas regiões interiores ao oceano.
Assim, muito antes que aspirasse dominar os mares, a eles esteve sujeita. Dos
povoadores iberos e celtas aos saxões e dinamarqueses, dos comerciantes pré-
históricos e fenícios aos senhores romanos e normandos, sucessivas vagas de
colonos guerreiros, os mais enérgicos homens do mar, agricultores e traficantes
da Europa vieram pelas águas para habitar a Ilha ou para insinuar os seus
conhecimentos e espírito aos antigos habitantes. Entretanto, os primeiros povos
que habitaram a Grã-Bretanha não se notabilizaram no mar. A Inglaterra vivia
então da agricultura e do pastoreio. Seus homens eram pastores e fazendeiros
antes que mercadores ou marinheiros, e antes da conquista normanda, por longo
tempo, nem o Estado nem a Marinha insular estiveram habilitados a defender a
Ilha. Exceto quando protegida pelas galés e legiões romanas, a antiga Grã-
Bretanha esteve, portanto, particularmente exposta à invasão.
Mas se invadir a Grã-Bretanha era extraordinariamente fácil antes da conquista normanda, tornou-se
extraordinariamente difícil depois. A razão é clara. Um Estado bem organizado, com um povo unido em
terra e uma força naval no mar, podia defender-se por detrás do canal contra qualquer superioridade militar.
Assim, nos tempos antigos, a relação da Inglaterra com o mar foi passiva e receptiva e nos tempos
modernos, ativa e adquiridora. Num e noutro caso é a chave de sua evolução.
Nos séculos seguintes à conquista normanda, embora permanecesse a Inglaterra um país sobretudo
agrícola, o adensamento progressivo de uma população de pescadores, marinheiros e mercadores nos
magníficos e inúmeros portos marítimos e fluviais começou a revelar a futura tendência do povo da Ilha.
Essa classe aumentou em prestígio e em riqueza, primeiro em consequência das Cruzadas e depois em
virtude da Guerra dos Cem Anos.
No decurso da longa série de conflitos com a França nos séculos XIV e XV, é curioso observar, tão
cedo na história, que os principais traços da política inglesa já aparecem impostos pela situação do país. A
Inglaterra tinha necessidade da supremacia no mar, na falta da qual não podia continuar o comércio, nem
enviar tropas ao continente, nem se manter em ligação com as tropas já enviadas. Enquanto a superioridade
naval foi mantida, a Inglaterra manteve-se em solo francês, graças à ligação constante com seus exércitos
desembarcados no continente. Todavia, as comunicações foram perturbadas várias vezes pela investida de
marinheiros gauleses e a reação de um país populoso como a França obrigou, no fim da longa luta, os
ingleses a se retirarem. De qualquer forma, o solo britânico se viu a salvo dos ataques inimigos, a não ser
das suas rápidas e pequenas investidas. A verdadeira expansão marítima inglesa começou, porém, mais
tarde e pode ser datada da criação da Marinha Real.
Na realidade, a Inglaterra, em 1485, era ainda um país pastoril. A fonte principal de riquezas
derivava não da construção naval ou da manufatura de têxteis, mas de fazendas de ovelhas, do crescimento
da lã. Os principais mercados para esses produtos eram as ricas cidades dos Países Baixos no estuário do
Reno. Durante a Guerra dos Cem Anos, o canal da Mancha fora defendido, na medida do possível, pelos
combativos marinheiros da frota mercante, lutando, por vezes, separadamente como piratas, por vezes como
em Sluys, sob comando nomeado pelo rei. Henrique V começara a construir uma esquadra real, mas a sua
obra não passara dos primórdios e foi posteriormente descontinuada.
Henrique VII encorajara a Marinha Mercante; no entanto, não armou uma frota exclusivamente para
fins de guerra. Coube a Henrique VIII criar uma armada efetiva de navios reais de combate, com estaleiros
reais em Woolwich e Deptford; fundou também a corporação da Casa da Trindade. A política marítima de
Henrique VIII teve importância dupla. Não só criou navios especialmente tripulados e apetrechados para o
combate em serviço nacional, como também os seus arquitetos navais planejaram muitos desses navios
segundo um modelo aperfeiçoado. Eram veleiros melhor adaptados ao oceano do que as galés a remos das
MÓDULO 2 REGULAR -3- QOA-AA/AFN 2023
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potências mediterrâneas, e mais bem adaptadas à manobra em batalha do que os navios redondos do tipo
medieval, a bordo dos quais navegavam os mercadores ingleses, e os espanhóis atravessavam o Atlântico.
Ao mesmo tempo, o descobrimento da América veio incentivar a atividade comercial da Inglaterra.
As Ilhas Britânicas tinham sido, durante a Idade Média, um setor marginal relativamente pouco
importante do mundo civilizado; um país conhecido, no máximo, como fornecedor de lã ou de estanho. É
verdade que já se achavam nas Ilhas as premissas geográficas de seu poderio ulterior; os magníficos portos
marítimos e abundantes portos fluviais, aos quais, durante a maré alta, podiam chegar as embarcações de
maior calado; a técnica perfeita, a experiência naval que os habitantes da costa tinham adquirido em sua
luta contra os elementos e, sobretudo, a esplêndida posição marítima, a coberto dos ataques do continente
e a posição mercantil posteriormente tão elogiada entre os Estados mais progressivos da Europa e as terras
virgens das colônias americanas.
Gradualmente, durante os reinados Tudors, os ingleses perceberam que a sua remota posição insular
se modificara e passara a ponto central, dominando com vantagem as modernas rotas de comércio e de
colonização. O poder, a riqueza e a aventura os esperavam no longínquo termo de viagens oceânicas
fabulosamente longas. A luta pela supremacia comercial e naval sob as novas condições se travaria
claramente entre a Espanha, a França e a Inglaterra; todos esses países estão voltados para o oceano
Atlântico, que subitamente se tornara o principal centro de comunicações do mundo, e cada um deles
encontrava-se em processo de unificação sob um Estado moderno, com consciência étnica agressiva e sob
uma monarquia poderosa. Dessa forma, dos tempos Tudors em diante, a Inglaterra tratou a política europeia
simplesmente como um meio de firmar a sua própria segurança face à invasão e de levar avante os seus
planos ultramarinos. A sua insularidade, convenientemente aproveitada, deu-lhe imensa vantagem sobre a
Espanha e a França na concorrência marítima e colonial.
Com a sua configuração estreita e irregular, com uma linha de costa grandemente recortada, por fim
em paz com seu único vizinho terrestre, a Escócia, bem fornecida de portos, grandes e pequenos, apinhados
de marinheiros e pescadores, o Estado encontrava-se sujeito à influência e às ideias dos homens de comércio
e da armação naval, que formavam uma única classe com as melhores famílias provinciais nos condados
marítimos. Dado que nenhum ponto na Inglaterra se situa a mais de setenta milhas da costa, uma elevada
proporção dos seus habitantes tinha algum contato com o mar, ou pelo menos com as populações marítimas.
Acima de tudo, Londres está sobre o mar, ao passo que Paris está no interior e Madri fica o mais distante
possível da costa. Por conseguinte, na Inglaterra, embora a população total fosse pequena em comparação
com a francesa ou a espanhola, havia uma grande comunidade marítima acostumada há séculos a sulcar as
tempestuosas vagas do mar no Norte. Em breve, os representantes da comunidade marítima inglesa
começaram a estender o raio de ação de suas atividades, já agora contando com a proteção da Marinha de
Guerra Real, construída e armada segundo princípios modernos, e que dava apoio profissional aos esforços
guerreiros de mercadores e piratas particulares.
A fim de encontrar saída para a nova manufatura têxtil, os mercadores aventureiros da Inglaterra,
desde o princípio do século XV, procuraram vigorosamente novos mercados na Europa, não sem o
constante derramar de sangue, por mar e por terra, numa época em que a pirataria era tão geral que
dificilmente podia ser considerada desonrosa e em que os privilégios comerciais eram frequentemente
recusados e conquistados ao gume de espada. Com o fito de aproveitar uma situação vantajosa, foram
fundadas, com o apoio da Coroa, várias companhias de comércio, e, naturalmente, a Marinha Mercante
inglesa teve forte impulso. Assim, de 76 navios com mais de cem toneladas, que a Grã-Bretanha dispunha
em 1560, o número subiu a 177 em 1582, quase todos pertencentes às quatro principais companhias: a das
Índias, a do Levante, a de Moscou e a da Guiné.
Lado a lado com as mais guerreiras empresas de Drake, roubando aos espanhóis e abrindo o
comércio com as colônias pela força dos canhões, também houve muito tráfego de caráter mais pacífico na
Moscóvia, na África e no Levante (mar Negro). No entanto, era impossível traçar uma clara linha divisória
entre os comerciantes pacíficos e os guerreiros, porque, por seu lado, os portugueses atacavam todos os que
se aproximavam das costas africanas ou indianas. Não raras vezes, na costa africana, repercutiu o estrépito
da batalha entre os contrabandistas ingleses e os monopolizadores portugueses, e, para o fim do reinado de
Isabel I (Elizabeth I – A Rainha Virgem), os mesmos ruídos começaram a quebrar o silêncio dos mares
1
A diferença entre o pirata e o corsário era apenas que o segundo tinha autorização de um Estado para suas ações, tendo
obrigações com este Estado de partilha dos bens pilhados ou no cumprimento de uma missão em nome do rei.
MÓDULO 2 REGULAR -5- QOA-AA/AFN 2023
HISTÓRIA MILITAR NAVAL Prof. VAGNER SOUZA
Quando na época Stuart, a riqueza acumulada e a população supérflua da Inglaterra lhe permitiram
retomar a obra colonizadora, dessa vez em paz com a Espanha, o rumo dos puritanos e outros imigrantes
levou-os necessariamente às paragens setentrionais da América onde não se encontravam espanhóis.
Enquanto a Marinha espanhola exerceu o exclusivo domínio do Mar das Caraíbas, do oeste do
Atlântico e do leste do oceano Pacífico, nenhuma ocupação britânica foi possível, quer nas Índias
Ocidentais, quer no litoral da América do Norte. Enquanto a Marinha portuguesa dominou o Atlântico Sul
e o oceano índico, o comércio com o Oriente pela rota do Cabo esteve fora de questão. Ao ser destroçado
em conjunto o poderio naval peninsular na guerra que depois da derrota da Armada continuou até 1604,
ficaram abertas ambas, a leste e a oeste, ao comércio inglês e à colonização. Entretanto, por falta de apoio
do Estado, a expansão marítima comercial da Grã-Bretanha não atingiu, nos primeiros anos do século XVII,
toda a pujança de que já era capaz; houve mesmo um período de retrocesso durante o reinado de Jaime I, o
único rei Stuart que desprezou totalmente a Marinha.
Os conflitos entre a Inglaterra e a Espanha diminuíram em 1603, com a morte da rainha Isabel e a
ascensão ao trono de Jaime I, também rei da Escócia e filho de Maria Stuart (que havia sido assassinada
pela prima, a rainha Isabel). Hipnotizado pelo mito espanhol, mais do que Isabel, Jaime logo selou aliança
com o inimigo da véspera. Fazendo isso, abandonou a luta pela independência dos holandeses e lançou
as sementes para futuras hostilidades entre a Inglaterra e a Holanda.
A Inglaterra continuava a ser uma comunidade marítima, mas durante trinta anos deixou de ser uma
potência naval. A incúria com a Marinha anulou alguns dos efeitos benéficos da paz com a Espanha. Os
termos do tratado que encerrou a guerra isabelina davam aos mercadores ingleses liberdade de comércio
com a Espanha e com as suas possessões na Europa, mas não mencionavam as pretensões dos marítimos
isabelinos no tráfego com a América Espanhola e com as regiões monopolizadas por Portugal na África e
na Ásia. O governo inglês não continuou a apoiar tais pretensões e deixou decair a Marinha Real, ao passo
que procurava com toda a sua força não consentir na pirataria. Nestas circunstâncias, prosseguiu a guerra
privada com os espanhóis e portugueses, sem o auxílio do Estado.
Durante o próprio reinado de Jaime I, a Companhia Inglesa das Índias Orientais fundou uma frutuosa
feitoria em Surate e no reinado de Carlos I edificou a fortaleza de São Jorge, em Madrasta, e ergueu outras
feitorias em Bengala. Tais foram as humildes origens comerciais do domínio britânico na Índia. Mas de
início esses comerciantes das Índias Orientais não eram apenas feitores: destruíam o monopólio português
pela ação diplomática nas cortes dos potentados gentios ou pela metralha dos navios no mar.
Mas o desfecho da luta contra a supremacia marítima da Holanda não foi decidido antes dos
primórdios do século XVIII. Já há muito, no reinado de Ricardo II, os Parlamentos tinham promulgado Leis
de Navegação, a fim de limitarem a entrada de navios estrangeiros nos portos ingleses, mas devido à
escassez da Marinha inglesa, não foi possível fazê-las cumprir. A situação mudou durante a ditadura de
MÓDULO 2 REGULAR -6- QOA-AA/AFN 2023
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Cromwell. O “Ato de Navegação” votado em 1651 pelo Longo Parlamento, por proposição de Cromwell,
e que foi designado pelo nome de Magna Carta da Marinha Inglesa tinha um duplo fim: arruinar o poderio
comercial holandês e por conseguinte desenvolver a Marinha inglesa.
Pelo Ato de Navegação, as mercadorias procedentes dos países extra
europeus e desembarcadas na costa inglesa deveriam ser importadas em
navios de construção e de proprietário inglês ou comandado por comandante
inglês. Pelo menos três quartos das tripulações deveriam ser formados de
marinheiros ingleses. Além do mais, reservavam-se exclusivamente aos
navios ingleses as cabotagens, a relação entre as colônias e as comunicações
entre a Inglaterra e suas colônias. O comércio de importação das mercadorias
europeias não foi permitido senão aos ingleses e aos navios dos países de
origem, isto para evitar os intermediários holandeses. Essas medidas tiveram
por efeito imediato um aumento da navegação britânica e por conseguinte
estimularam a fabricação dos navios. O próprio Estado contribuiu largamente,
encorajado pelos preços dos grandes armadores e dos importadores de trigo,
o que permitiu aos primeiros desenvolver uma grande atividade. Para que os
armadores pudessem facilmente recrutar as tripulações necessárias aos seus
navios, os órfãos foram obrigados a se tornarem marinheiros, facilitou-se a
Carlos I
naturalização de marinheiros estrangeiros, prometeram-se auxílios aos
marinheiros velhos ou doentes, às viúvas e aos órfãos dos desaparecidos no
mar.
Para dar confiança ao público e levar os armadores a aumentarem as frotas mercantes, esquadras
poderosas faziam a política dos mares, e mediante um pagamento módico, um engenhoso sistema de seguro
protegia os negociantes contra todo acidente. Bem cedo os estaleiros nacionais eram impotentes para
atender ao ritmo sempre crescente do tráfego marítimo.
O “Ato de Navegação" foi dessa forma um repto a todas as navegações marítimas e em especial uma
declaração de guerra lançada aos holandeses. O conflito declarado entre as duas potências marítimas
começou em 1653, e, apesar do valor de seus marinheiros, a Holanda foi vencida depois de quase dois anos
de guerra. A Holanda sofreu mais do que a Inglaterra, porque possuía menos recursos em terra e porque,
pela primeira vez, desde que constituía uma nação, defrontava uma potência hostil que bloqueava o canal
da Mancha às frotas mercantes que lhe traziam de longe a vida e a riqueza.
As alterações profundas surgidas na política interna da Grã-Bretanha após a morte de Cromwell já
não mais afetaram o desenvolvimento marítimo do país. A corte e o Parlamento da Restauração aceitaram
as tradições de esquadra de guerra da República. Carlos II e seu irmão Jaime mostraram interesse pessoal
pelas questões navais e o Almirantado continuou a ser bem servido. O Parlamento Cavalheiro e o Partido
Tory consideravam a Marinha com especial favor.
Em breve eclodiu outra guerra marítima com a Holanda, o reacender da luta entre as duas
comunidades mercantes, iniciada durante a República. Por ambos os contendores ela foi conduzida com as
mesmas esplêndidas qualidades de perícia naval combativa e na mesma escala colossal da primeira vez. De
novo a nação maior levou a melhor na guerra, e, pelo Tratado de Breda, a Holanda cedeu Nova Amsterdã
à Inglaterra que passou a chamar a cidade de Nova York.
Ainda mais uma vez, em 1672, a Inglaterra, aliando-se à França, entrou em luta contra a Holanda,
mas dela se retirou um ano e meio após. O Parlamento Cavalheiro acabara por compreender que essa guerra,
bem analisada, não era a continuação da antiga luta entre a Inglaterra e a Holanda pela supremacia naval.
O desaparecimento da Holanda como potência independente encerraria em si a ameaça à segurança
marítima inglesa, porque o delta do Reno cairia nas mãos da França. A França também era um concorrente
marítimo, potencialmente até mais formidável do que a Holanda, e caso se estabelecesse em Amsterdã,
rapidamente poria fim à supremacia naval inglesa.
A partir das guerras anglo-holandesas, a política externa da Inglaterra caiu cada vez mais sob a
influência de considerações mercantis. No fim do período Stuart, a Inglaterra era a maior nação
manufatureira e comercial do mundo. Londres ultrapassara Amsterdã como o maior empório mundial.
Havia um comércio próspero com o Oriente, o Mediterrâneo e as colônias americanas, baseado na venda
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de artigos têxteis ingleses, cujo transporte até o outro lado do globo se efetuava nos grandes navios de
navegação oceânica dessa nova era. Já então as classes governantes estavam resolvidas a gastar o que fosse
necessário na Marinha e o mínimo no Exército.
Ao período da guerra mercantil anglo-holandesa sucedeu o da luta sustentada entre a Inglaterra e a
França pela hegemonia do mar, bem como para manter o equilíbrio europeu. Essa série de guerras,
conhecidas como a segunda guerra dos cem anos perdurou, nos mares, até a batalha de Trafalgar, em 1805,
e, em terra, até Waterloo dez anos depois. Na realidade, o conflito consistiu de sete guerras, separadas umas
das outras por pequenos intervalos de paz indecisa. Cada vez mais se começaram a perceber, especialmente
depois que o gênio iluminado de Pítt tornou claro o fato, que o objetivo supremo era o senhorio dos mares
e a manutenção do império nele baseada.
Desde a guerra dos Trinta Anos o Estado francês, sob a enérgica direção de Richelieu, havia
robustecido seu poder em tais condições, que já podia intervir com probabilidade de êxito nos mares. Tinha-
se apropriado de ricas possessões coloniais, e uma poderosa frota estava disposta a defender o comércio
ultramarino. O conflito entre as duas grandes potências europeias em ascensão tornou-se inevitável. A
primeira guerra da longa série foi a chamada da Liga de Augsburgo, que durou de 1689 a 1697. Graças à
eficiente Marinha criada por Colbert, no início a vitória sorriu às armas francesas. Em 1690, a Esquadra
francesa, sob o comando de Tourville, derrotou a frota aliada anglo-holandesa na batalha de Beachy Head,
mas a vitória não foi devidamente aproveitada. Os cortesãos da terrestre Versailles não tinham o sentido da
oportunidade naval que raras vezes faltou aos estadistas que atentavam ao fluxo e refluxo do mundo através
das marés que batem o Tâmisa.
Dois anos depois, os aliados triunfaram sobre Tourville na batalha naval de La Hougue. La Hougue
mostrou-se tão decisivo quanto Trafalgar, porque Luiz XIV, tendo desafiado com sua política grosseira e
arrogante toda a Europa para uma guerra terrestre, não conseguiu manter a Marinha francesa à altura de
suas necessidades, devido ao esforço despendido com os exércitos e fortalezas necessários à defesa
simultânea de todas as suas fronteiras terrestres. A superioridade temporária da Marinha de Guerra francesa,
em 1690, resultara da política bélica da corte e não se fundara no mesmo grau que as marinhas da Inglaterra
e da Holanda em recursos proporcionalmente elevados de navegação mercantil e riqueza comercial.
Quando, portanto, a política guerreira de Luiz XIV o induziu a descuidar-se da Marinha, a favor das forças
terrestres, o declínio naval francês precipitou-se e tornou-se permanente, com o que sofreram o comércio e
as colônias francesas.
Os marinheiros da França, quando a sua grande esquadra deixou de ter missão a cumprir, voltaram
as suas energias para a pirataria. O Almirante Tourville foi eclipsado por Jean Bart. O comércio inglês
sofreu com a sua ação e a dos outros corsários, mas prosseguiu a despeito desses entraves, ao passo que o
comércio francês desapareceu dos mares. Ao se fecharem as fronteiras da França, devido à posição de
exércitos hostis, essa nação teve de passar a sustentar-se dos seus próprios recursos decrescentes, enquanto
a Inglaterra se abastecia em todo o mundo, desde a China a Massachusetts. Assim, em paralelo com o
desenvolvimento da Inglaterra deu-se a decadência marítima e financeira da França.
A Guerra da Liga de Augsburgo terminou pelo indeciso
Tratado de Ryswick. Após um intervalo difícil de quatro anos,
estalou de novo em escala ainda mais ampla a Guerra de
Sucessão da Espanha, que terminou com o Tratado de Utrecht
em 1713. Esse tratado, que abre o período estável e
característico da civilização do século XVIII, assinala o advento
da supremacia marítima, comercial e financeira da Grã-
Bretanha.
A primeira condição de guerra vitoriosa contra Luiz
XIV, quer no mar, quer em terra, era a aliança da Inglaterra e da
Holanda. A colaboração apresentava-se menos difícil porque a
inveja comercial da Inglaterra pela Holanda diminuía à medida
que os navios holandeses baixavam ante os recursos pela
primeira vez mobilizados de seu aliado.
Ao recomeçar a guerra em 1803, depois da pequena trégua resultante do Tratado de Amiens, a França
procurou não disputar a hegemonia naval, mas obter uma superioridade momentânea no canal da Mancha,
que permitisse a transposição do exército de 150 mil homens reunidos em torno de Boulogne. Napoleão
engendrou vários planos visando reunir diversas esquadras francesas e espanholas bloqueadas em Brest,
Rochefort, Cádiz, La Coruña e Toulon, mas tudo desabou com a esmagadora derrota de Trafalgar.
Após 1870, tanto a Alemanha como a Itália começaram a construção de navios, embora as respectivas
atividades não causassem alarma até próximo ao fim do século. As crescentes marinhas dos Estados Unidos
e do Japão, também, a princípio, não causaram inquietação.
A partir de 1897, von Tirpitz, apoiado pelo Kaiser, deu início ao grandioso programa naval alemão.
O alto nível alcançado pela indústria germânica bem cedo fez ver que uma nova potência ia surgir nos
mares. A Inglaterra se alarmou ante essa possibilidade e começou a grande corrida armamentista naval
entre as duas nações. Ao deflagrar a Primeira Guerra Mundial, a Alemanha dispunha da segunda Marinha
de Guerra do mundo, e sua frota de comércio crescia cada ano mais, levando os produtos germânicos a
todos os cantos da Terra. A Alemanha manteve-se, contudo, na defensiva nos mares ante a superioridade
da Marinha Real aliada às Marinhas francesa, russa e italiana. A supremacia na superfície dos mares pela
Grã-Bretanha e seus aliados se deu realmente desde o princípio mais absoluto do que fora em qualquer
guerra precedente. Ao romperem as hostilidades, a Alemanha tinha para mais de dois mil navios a vapor e
cerca de três mil navios à vela empregados no comércio. Em poucas semanas, cada um deles fora capturado
ou internado, e durante o decorrer dos quatro anos de guerra nenhum voltou a navegar como navio mercante.
O imenso e lucrativo comércio exterior da Alemanha foi inteiramente eliminado. A Alemanha teve, é
verdade, um novo e poderoso poder no submarino. O submarino era, e ainda é, um mero instrumento de
destruição. Ele foi completamente incapaz de fazer qualquer coisa para reviver o extinto tráfego da
Alemanha.
Comparadas ao bloqueio inglês dos Impérios Centrais e à campanha submarina alemã, as outras
operações navais de guerra foram relativamente insignificantes, pouco ou nada contribuindo para o
desenrolar do conflito. A Frota Alemã de Alto Mar nunca se atreveu a um teste decisivo e perdeu
oportunidade após oportunidade para influir decisivamente nos acontecimentos. A fuga do Goeben e do
Breslau no Mediterrâneo, a escaramuça ao largo de Heligoland (agosto de 1914), a batalha de Coronel
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(novembro de 1914) com a sua sequência ao largo das Ilhas Falklands (dezembro de 1914), a caça ao largo
de Dogger Bank (janeiro de 1915), a longa e penosa aventura dos Dardanellos (abril de 1915-janeiro de
1916), todos foram meros episódios dramáticos e espetaculares, custosos mas indecisos.
Depois de a Grã-Bretanha, a França, a Alemanha, a Rússia e a Áustria-Hungria estarem engajadas, a
Turquia entrou na guerra, em outubro de 1914, ao lado dos impérios centrais (Alemanha e Áustria-
Hungria). As frentes estavam paralisadas, tanto a ocidental quanto a oriental. Foi nessa oportunidade que a
Rússia pediu socorro a seus aliados ocidentais, França e Grã-Bretanha. A pressão austro-alemã na frente
oriental era grande. Além disso, os turcos invadiram o Cáucaso, obrigando a Rússia a mais um esforço
defensivo naquela área. Assim, pressionados, os russos necessitavam de apoio logístico, especialmente
munições e precisavam também escoar sua produção de cereais, que tinham em excesso desde que os turcos
lhes fecharam o estreito de Dardanelos para exportações.
Decidiu-se apoiar à Rússia pelos Dardanelos, afastando-se todas as demais hipóteses de alcançá-la
pelo mar. A tarefa de coube, porém, exclusivamente à marinha. Winston Churchill, então primeiro lorde do
Almirantado, entusiasmara-se com a ideia de chegar à Rússia pelo estreito de Dardanelos. Os Aliados
fizeram inúmeras tentativas. Os turcos haviam minado o estreito e fortificado suas margens sob a orientação
de um general alemão, Von Saunders.
Os aliados perderam ali alguns navios, até que
perceberam que não podiam tomar os Dardanelos
apenas com navios, porque navios nunca tomaram
posição alguma de terra. Quando, depois de
empregarem até navios novos – como foi o caso dos
super-dreadnoughts classe Queen Elizabeth – o que
resultou no pedido de demissão de lorde Fisher, os
aliados decidiram usar tropas de terra, já sendo tarde
demais. Uma das margens do estreito de Dardanelos
era na península de Galípoli, onde o desastre foi
completo. Tudo aconteceu ao contrário do que se
pretendia. A Turquia (Império Otomano) fortaleceu-se
e a Bulgária entrou na guerra a favor das potências
centrais. Tudo porque se empregou erradamente
o poder naval. Tudo porque os partidários de uma
rígida estratégia terrestre não quiseram renunciar a suas Super-Dreadnought “Queen Elizabeth”
convicções. O mau emprego dos navios resultou numa
custosa lição.
O grande revés experimentado pelos Aliados com a campanha de Constantinopla, como também
ficou conhecida a Campanha dos Dardanelos, foi seguida de uma gigantesca batalha naval, a maior do
mundo até então, a Batalha da Jutlândia (também chamada de Skagerrak pelos alemães). A batalha da
Jutlândia (31/05/1916), de longe a mais considerável ação naval da guerra, poderia bem ter sido decisiva,
mas não o foi. Na verdade, Jutlândia foi seguida por dois anos e meio de agonia desnecessária. No fim,
porém, o poderio naval teve sua parte decisiva, derrotando a campanha submarina, assegurando o trânsito
seguro das forças inglesas e americanas, conservando abertas todas as comunicações aliadas.
A estratégia marítima britânica envolvia uma atividade principal: o bloqueio do inimigo. Esse
bloqueio, muitas vezes furado, não conseguiu impedir que um perigosíssimo elemento aparecesse no
cenário da guerra naval: o submarino.
O submarino era uma arma obscura. Ninguém conhecia exatamente seu valor. Nunca havia sido
experimentado em larga escala. Era conhecido apenas como um navio adequado para a defesa dos portos.
O submarino era, exclusivamente, um navio de emprego defensivo. Sem condições de alcançar cedo uma
vitória que pretendiam obter sobre a França com seis semanas de guerra, os alemães voltaram-se tenazmente
contra os Aliados no mar, especialmente contra a Grã-Bretanha, lançando as campanhas submarinas.
Ao começar a guerra, os ingleses tinham 64 submarinos, os franceses, 73, e os alemães, 23. Quando
a guerra terminou, os alemães haviam construído mais de 800 submarinos, o que mostra a importância que
deram a este tipo de navio. A primeira campanha submarina foi em 1915; a segunda, em
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1916. Ambas, porém, foram restritas, isto é, tinham como objetivo os navios mercantes inimigos,
preferencialmente aos de guerra, quando em águas declaradas como zona de guerra. Dentre os navios
afundados, no entanto, contavam-se frequentemente navios neutros, o que gerava protestos diplomáticos.
A guerra restrita dava poucos resultados, considerando-se, sobretudo, o abuso de bandeiras neutras por
parte dos ingleses.
Por fim, em 1917, o Imperador da Alemanha, Guilherme II, proclamou a campanha submarina
irrestrita. Os alemães afundariam os navios mercantes de qualquer nacionalidade que navegassem na zona
de guerra em torno das ilhas britânicas. Os alemães pretendiam liquidar com a economia inglesa e fazer o
povo inglês padecer de fome, já que a Grã-Bretanha importava alimentos em grande quantidade. Os alemães
calculavam que, em 1917, a comida era transportada para a Grã-Bretanha por 10.750.000 toneladas de
navios mercantes, dos quais dois terços era ingleses. Os alemães pretendiam afundar uma média de 600.000
t de navios mercantes por mês, fazendo com que em pouco tempo a Grã-Bretanha passasse fome. Tudo
teria dado excelente resultado para os alemães, não fossem estudos novos que se fizeram sobre o tráfego
marítimo.
Verificou-se o seguinte: o tráfego no canal da Mancha, realizado em comboio, trazia o índice de
apenas cinco afundamentos em 2.600 viagens, o que significa apenas 0,19% de perdas; nas viagens para a
Noruega, com o uso de comboio, as perdas eram da ordem de 0,24%, enquanto sem comboio elevavam-se
a 25%. Tais resultados induziam ao uso do comboio como medida geral a ser adotada para o
tráfego marítimo durante a guerra.
O Almirantado britânico, contudo, reagia à ideia, fundamentando-se em argumentos aparentemente
razoáveis como:
a) a velocidade do comboio teria que ser reduzida em função do navio mais lento, o que aumentaria
demasiadamente a demora nas travessias;
b) os portos ficariam congestionados em face da chegada simultânea de um número grande de navios
para as operações de carga e descarga;
c) a viagem em grupo aumentava os riscos de colisão e de consequente perda de navios;
d) o emprego de navios de guerra para a cobertura dos comboios retirá-los-ia de missões ofensivas,
com prejuízo para o desenvolvimento das operações navais.
Os oficiais partidários do comboio contra-argumentaram e por fim viu-se que tinham razão, pois:
a) os comboios poderiam ser agrupados de modo a se comporem de navios com velocidade
aproximadamente igual; os muito lentos viajariam escoteiros (isolados); assim, não haveria substancial
prejuízo na rapidez das viagens;
b) a chegada programada, em certa data, de um comboio de navios, permitiu melhor planejamento e
execução das operações de carga e descarga do que a vinda aleatória de navios escoteiros, impossibilitados
de prevenir sua chegada ao porto, por terem que manter silêncio-rádio;
c) os comandantes de navios mercantes mostraram-se hábeis em manter a posição de seus navios em
formatura;
d) a missão de comboio requisitou poucos navios para escolta, muito menos do que se imaginava,
geralmente 5% dos navios engajados em missões operativas, nunca ultrapassando a porcentagem de 15%
destes.
A vitória do emprego do comboio deveu-se, sobretudo, ao Almirante Sims, da US Navy, que tratava,
em Londres, do apoio dos Estados Unidos à Grã-Bretanha. Sims exigiu do Almirantado britânico
a adoção do comboio, pressionando-o a aceitar tal solução, pela qual se entusiasmara ao tomar
conhecimento dos estudos realizados, em função da substancial ajuda que os americanos começavam a
prestar com sua entrada na guerra.
O comboio foi a salvação do tráfego marítimo inglês. Todas as outras contramedidas mostraram-se
fracas em comparação a esta. Depois de usarem minas, redes, hidrofone, mercantes armados, navios-
armadilha (Q-ships), carga de profundidade e comboio, tudo contra os submarinos, apareceu a grande
novidade da época, o avião, também usado em larga escala na proteção à navegação mercante. No final da
guerra, 565 aviões, hidraviões e zepelins apoiaram comboios (últimos seis meses do conflito). Voaram uma
média de 14 mil horas por mês, marca somente ultrapassada em meados de 1943, na Segunda Guerra
Mundial. Tais equipamentos aéreos avistaram 28 submarinos inimigos e atacaram 19. Embora não tenham
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alcançado nenhum afundamento, seu caráter pioneiro foi brilhante, marcando o início de uma tática
antissubmarina que se desenvolveria mais tarde no segundo grande conflito do século. Dentre as centenas
de comboios com proteção aérea e de superfície, apenas seis foram atacados, com cinco afundamentos.
Em 11 de novembro de 1918, a Grande Guerra acabou, e, pouco depois, toda a frota alemã se rendeu;
dezenove encouraçados, cinco cruzadores de batalha, dezesseis cruzadores ligeiros, noventa e dois
contratorpedeiros, cinquenta torpedeiros e cento e cinquenta e oito submarinos. Nessa mesma época, a Grã-
Bretanha dispunha de quarenta e nove navios de linha, oitenta e oito cruzadores de vários tipos e para mais
de trezentos contratorpedeiros. Nunca antes fora tão esmagador o domínio dos mares pela Inglaterra, como
em fins de 1918.
Rapidamente, após a guerra, a Grã-Bretanha recuperou a primazia da Marinha Mercante que
perdera, por efeito da campanha submarina, para a crescente frota de comércio dos Estados Unidos. Em
1925, a Grã-Bretanha já estava com sua frota mercante inteiramente restaurada e voltou a participar do
tráfego mundial mais ou menos na mesma proporção de antes da guerra. Além de atender às permutas do
vasto Império, a Marinha de comércio inglesa cobria deficiências de transporte em regiões afastadas de
todo o mundo. Nos portos brasileiros, argentinos, chilenos, chineses e etc, era a bandeira do Reino Unido
a mais vista; 35% das exportações americanas eram feitas em porões ingleses. Já não era, entretanto, a Grã-
Bretanha a única potência marítima, nem permitiam mais seus recursos financeiros manter a supremacia
absoluta, conservada por cerca de duzentos anos. Entre as duas guerras, ela procurou nas conferências de
desarmamento salvaguardar sua posição, mas foi obrigada a aceitar a paridade naval com os Estados
Unidos.
A par disso, outras potências navais surgiram ameaçadoras: a Itália, no Mediterrâneo, e o Japão, no
extremo Oriente, se bem que contrabalançados pelas Marinhas francesa e americana, respectivamente.
O governo inglês, preocupado com um possível desenvolvimento da marinha de guerra germânica,
iniciou negociações secretas com os alemães, sem qualquer consulta à França. Em 18/06/1935, a Europa
soube, estarrecida, que Londres permitia aos nazistas a construção de uma frota de alto-mar equivalente a
1/3 da marinha britânica, com uma proporção ainda maior de submarinos. Tal acordo equiparava a força
naval alemã à francesa. A notícia provocou em Paris uma profunda irritação contra os ingleses, que haviam
agido em função de seus interesses exclusivos e abandonado a França, diante de uma Alemanha cada vez
mais poderosa. Ressentidos com os britânicos, os franceses procuraram então se aproximar da Itália, como
um meio de barrar o caminho à Alemanha.
Mussolini aceitou com entusiasmo a mão que a França lhe estendia, o que vinha servir seus planos
imperialistas. O Fascismo consolidara-se internamente, e a população italiana atingira um nível de
prosperidade material até então jamais alcançado.
Entretanto, a própria psicologia do fascismo obrigava os dirigentes a estimularem constantemente o
povo, conservando-o sempre excitado, a fim de manter o prestígio de Mussolini. O Duce queria evitar que
a população italiana se habituasse à rotina, diminuindo o apoio ruidoso que lhe prestava e que afagava sua
volúpia de poder. Devido a seu temperamento, era um líder que precisava de grandes gestos e de atos
igualmente grandiosos, para alimentar sua enorme vaidade. Embora houvesse feito uma administração de
incontestável valor na Itália, isso não lhe bastava. Sua concepção histórica impelia-o a imitar Júlio Cesar,
fazendo-o entrar, também, para a galeria dos grandes homens, sob o tríplice rótulo de administrador,
estadista e conquistador.
Desde que começou a Segunda Guerra Mundial, o principal esforço da Alemanha no mar foi
orientado no sentido de cortar as ligações oceânicas do Império Britânico, recorrendo principalmente à
arma submarina e à aviação. A Batalha do Atlântico, que começou no primeiro dia da guerra, foi assim a
campanha naval chave de todo o conflito. Seu desenrolar não pôde ser determinado pelos resultados de um
encontro decisivo, mas pelas listas anotadas numa folha onde figuravam navios perdidos em face de navios
construídos, navios afundados em face de submarinos alemães destruídos. Referindo-se à Batalha do
Atlântico, assim se expressou Winston Churchill: "A única coisa que sempre me atemorizou realmente
durante a guerra foi o perigo dos submarinos. A nossa linha vital mesmo através dos amplos oceanos e
particularmente nas entradas para a Ilha estava em perigo. Sentia-me ainda mais ansioso a respeito dessa
batalha do que me sentira a respeito da gloriosa luta aérea chamada Batalha da Grã-Bretanha”.
Em fins de maio de 1939, era assinado o "Pacto de Aço" entre a Itália e a Alemanha. Seu primeiro
artigo especificava que as duas potências se manteriam em contato permanente e concordariam em todos
os assuntos de interesse comum; o artigo terceiro estipulava que, se uma das partes contratantes se envol-
vesse em uma ação militar, a outra devia auxiliá-la com todas as suas forças. Em 11 de agosto, Ribbentrop
anunciava ao Conde Ciano que a Alemanha atacaria a Polônia e lhe solicitava a aplicação do pacto. Os
italianos, não tendo sido consultados previamente, poderiam prevalecer-se do artigo primeiro do pacto para
sofismarem sobre o terceiro. Preferiram, entretanto, agir dentro do espírito do "Memorando Cavallero": a
entrada em guerra três anos antes do que haviam previsto pegava-os desprevenidos.
Em 25 de agosto, Mussolini telegrafava a Hitler dizendo-lhe que a Itália não podia entrar em
campanha, a menos que recebesse uma ajuda substancial em dinheiro e materiais, inclusive combustíveis.
Attolico, embaixador italiano em Berlim, fez ver que a liberação de tais matérias, devia ser imediata, prece-
dendo mesmo a entrada em guerra. No mesmo dia, Hitler respondia que não tinha condições de atender
imediatamente tais exigências. Dizia também que compreendia a situação da Itália e lhe pedia simplesmente
que operasse deslocamentos de tropas com o fim de reter junto a suas fronteiras forças franco-britânicas.
Uma nova troca de mensagens confirmou a neutralidade italiana com a aquiescência de Hitler. A
manobra da Itália poderá ser taxada de oportunista, mas na verdade, como hoje se sabe, era bastante grave
o despreparo de seu Exército, o que justificava sua atitude. A Itália proclamou, então, sua não beligerância,
termo que, para Mussolini, significava neutralidade, favorável à Alemanha. Durante a guerra, os italianos
passariam da não beligerância à guerra contra os Aliados, depois à co-beligerância, ou guerra ao lado destes.
Apesar do termo inquietante de não beligerância, a posição tomada pela Itália em setembro de 1939
nos foi extremamente favorável.
A Espanha, extenuada pela guerra civil e inquieta com o pacto de não agressão germano-russo,
encontrava na decisão da Itália uma razão suplementar para não entrar na luta e proclamou sua neutralidade.
No Mediterrâneo Oriental a situação era ainda melhor. A Turquia, ao contrário do que acontecera em 1914,
era francamente favorável aos Aliados e, em 19 de outubro, foi assinado um tratado entre a Turquia, a
França e a Grã-Bretanha, dando garantias à Grécia e à Romênia, o que foi seguido por contatos entre os
estados-maiores. Assim, todas as costas do Mediterrâneo estavam neutras ou se encontravam sob o domínio
da França ou da Grã-Bretanha. A guerra começava nesse teatro nas condições mais favoráveis, apesar da
necessidade de que tinham as duas potências de manter aí forças de segurança.
Durante muitos anos os estados-maiores franceses haviam tido no primeiro plano de suas
preocupações o transporte rápido de tropas da África do Norte para a metrópole. A Marinha, a quem cabia
grande responsabilidade, havia estudado a questão em todas as suas formas e previsto todas as
eventualidades. As turmas da Escola de Guerra Naval estavam todas dedicadas a este problema e uma
grande parte dos exercícios da Esquadra tinha como motivo o tema da passagem. Tudo se tornou fácil pela
neutralidade da Itália e a impotência das forças navais alemãs.
No começo da guerra, a Alemanha dispunha essencialmente de dois encouraçados - Scharnhost e
Gneisenau; três encouraçados de bolso; três cruzadores pesados; cinco cruzadores ligeiros; uns cinquenta
contratorpedeiros e cinquenta e sete submarinos, dos quais somente vinte e seis eram capazes de agir fora
do Mar do Norte. As forças de superfície alemãs não podiam penetrar no Mediterrâneo devido a sua inferio-
ridade e os submarinos tinham muito que fazer no Atlântico.
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Além do mais, em 7 de setembro, Hitler ordenava aos submarinos alemães que não empreendessem
nenhuma ação ofensiva contra os navios franceses. Ele esperava, então, que a França, após a derrota da
Polônia, aceitasse uma paz de compromisso. Tal ordem foi revogada em 23 de setembro, mas a Marinha
alemã não enviou submarinos ao Mediterrâneo. Somente no verão de 1941 os primeiros U-Boot transporão
Gibraltar.
Assim, a situação do Mediterrâneo em 1939 se apresentava o mais favoravelmente possível. A França
e a Grã-Bretanha puderam destacar para o Atlântico uma grande parte das forças reservadas para combater
a Itália. Somente alguns navios leves, participando do bloqueio, asseguravam a proteção ao tráfego
marítimo no Mediterrâneo contra eventuais corsários inimigos.
Por outro lado, a estratégia aliada pretendia, em longo prazo, realizar uma intervenção nos Bálcãs,
onde a diplomacia preparava o terreno. Ao mesmo tempo, uma divisão argelina foi enviada à Síria. A
manobra de alas, bastante empregada pelos chefes franceses, baseava-se na certeza da cristalização da frente
nordeste, o que infelizmente estava errado. A neutralidade da Itália, que deixava aos Aliados o domínio
inconteste do Mediterrâneo, permitia conceber grandes planos para o futuro, esperando-se conservar as
margens desse mar.
A conservação da supremacia do Atlântico pelos britânicos, a
despeito das forças aéreas e marítimas do Eixo, durante os dois
terríveis primeiros anos de guerra, conta-se entre os feitos mais
extraordinários da História. O principal problema naval das nações
unidas na Segunda Guerra Mundial foi, até pelo menos o meio do
ano de 1943, o de achar um número de navios de guerra para
assegurar a proteção conveniente da navegação comercial.
Ante a destruição gigantesca sofrida pelas marinhas de
comércio aliadas, as disponibilidades de navios de transporte
tornaram-se o fundamento da estratégia de guerra aliada. Os aliados Navio mercante torpedeado
perderam quatro milhões de toneladas de barcos mercantes em 1940
e mais de quatro milhões em 1941.
Em 1942, foram postos a pique quase 8 milhões de toneladas
da navegação aliada, então já aumentada depois que os Estados
Unidos se tinham tornado aliados. Submarino Alemão (U-Boat)
Até fins de 1942, os submarinos afundaram navios mais depressa do que os aliados podiam construí-
los. Em começos de 1943, o nível das novas tonelagens foi subindo nitidamente, e as perdas diminuíram.
Antes do fim daquele ano, a nova tonelagem havia finalmente ultrapassado as perdas marítimas oriundas
de causas diversas.
O segundo semestre presenciou, pela primeira vez, as perdas de submarinos excederem a sua
capacidade de poderem ser substituídos. Logo viria o tempo em que seriam afundados no Atlântico mais
submarinos do que navios mercantes. “A Batalha do Atlântico", afirmou ainda Winston Churchill, foi o
fator dominante durante toda a guerra. Jamais podíamos esquecer que tudo que acontecesse algures, em
terra, no mar ou no ar, dependia em última instância do resultado daquela batalha, e, em meio a todas as
outras preocupações, considerávamos os seus altos e baixos, dia a dia presos de esperança ou apreensão.
No Mediterrâneo, área de grande importância estratégica e econômica devido ao canal de Suez, a
Inglaterra teve brilhante e importante atuação durante a Segunda Grande Guerra. Contra a relativamente
poderosa esquadra italiana, os ingleses colocaram no Mediterrâneo forças consideráveis organizadas
inicialmente em duas esquadras, a do Oriente sob o comando do almirante Cunningham, com base em
Alexandria, e a Força H, com base em Gibraltar, destinada a atuar no Atlântico ou no Mediterrâneo, com a
dupla missão de participar da proteção das rotas oceânicas e de assegurar, dentro do Mediterrâneo
Ocidental, escolta para os comboios com destino a Malta, onde mais tarde foi montada a força K, e a
Alexandria. Seu comandante era o Almirante Somerville, que estava diretamente subordinado ao
Almirantado. Ao todo, os britânicos contavam com seis couraçados, dois porta-aviões e um número
apreciável de cruzadores, 33 contratorpedeiros e alguns submarinos. Graças à arma aérea embarcada
estavam numa posição de equilíbrio ou até de superioridade.
6) Alemanha:
A partir do século XVIII, a Prússia começou a emergir como o mais poderoso dos Estados
germânicos, mas, cercada por nações rivais, também ela não pôde cogitar do desenvolvimento marítimo,
nem sequer empreender a construção de uma esquadra que protegesse o litoral do Báltico contra os ataques
inimigos. Assim, durante todo o século XVIII, não se encontra nenhum traço da Marinha de Guerra da
Prússia. A necessidade de haver uma se fizera sentir no país por várias vezes durante esse período
perturbado, mas o estado precário das finanças do reino fez sempre adiar a realização dessa empresa. Suecos
e dinamarqueses disso se aproveitaram para levar a bom termo várias campanhas em solo da Alemanha, no
decorrer dos séculos XVII e XVIII.
Em meados do século XIX, a Prússia criou uma pequena Marinha de Guerra. Ela surgiu por força
da guerra contra a Dinamarca e foi planejada levando em conta as peculiaridades da campanha contra aquele
país nórdico. Terminada a guerra, seguiu-se novamente um período de esquecimento para a nascente
Marinha prussiana. Os recursos militares que se davam aos navios alemães em serviço eram fracos. Era o
resultado pouco brilhante de uma política naval sempre entravada e sacrificada. Por conseguinte, antes de
1870 a esquadra alemã aumentou apenas por golpes. Como a Marinha Mercante era pouco desenvolvida
para poder incrementar a construção naval, acompanhando os novos processos, a Marinha de Guerra era
obrigada a recorrer quase sempre ao estrangeiro.
Decorreram assim longos anos antes que a Alemanha se convertesse em potência naval. Somente
quando várias circunstâncias favoráveis coexistiram surgiu a Marinha que iria disputar à Grã-Bretanha a
supremacia dos mares. A razão principal desse retardamento pode ser atribuída à posição geográfica do
país. Com efeito, o território alemão é quase todo fechado por terra e onde ele toca o mar este é dominado
por potências situadas mais favoravelmente. Em terra, a Alemanha dispunha sobre os seus vizinhos das
facilidades de milhares de comunicações interiores. No mar, os territórios das potências inimigas,
ocupavam posições estratégicas mais favoráveis, permitindo o controle dos acessos oceânicos aos portos
germânicos.
Dentro de uma estratégia nitidamente continental, a Prússia iniciou em meados do século XIX uma
série de guerras expansionistas, visando firmar-se como grande potência europeia. Nas guerras de 1864
(contra a Dinamarca) e 1866 (contra a Áustria), não houve encontro naval de qualquer espécie, e na guerra
franco-prussiana de 1870-71 houve apenas um combate no mar, entre dois pequenos navios.
Depois, porém, que a Alemanha constituiu um Império, em 1871, pela união dos vários Estados
germânicos, a necessidade de um poder naval capaz de defender os interesses alemães no ultramar tornou-
se patente.
O rápido desenvolvimento do comércio alemão sob o estímulo das indenizações francesas e tarifas
protetoras exigia novas fontes de matéria-prima e novos mercados. O maior incremento da população, por
outro lado, indicava a necessidade de lugar para a expansão germânica no ultramar. Por muitos anos a
MÓDULO 2 REGULAR - 24 - QOA-AA/AFN 2023
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emigração de alemães da terra-pátria, em média cerca de dois mil por dia, dirigira-se em grande fluxo para
os Estados Unidos, para o Brasil, para a Argentina e outras regiões onde o Governo Imperial não tinha
controle. Parecia claro que colônias eram desejadas e mesmo necessárias. Em 1884, a Alemanha, sem
mover um navio ou disparar um canhão, achou-se possuidora de território na África, cuja área combinada
excedia a mais de quatro vezes a área do Império Germânico na Europa. Depois da Inglaterra, da França e
dos Estados Unidos, a Alemanha ocupava, enfim, posto eminente no comércio internacional, posição essa
que se consolidou com o passar dos anos.
Entre todas as potências mercantis foi a Alemanha a que relativamente acusou o mais grandioso
desenvolvimento até a Primeira Guerra Mundial.
A indústria metalúrgica, que já na primeira metade do século avançava com sucesso, no fim dos
oitocentos e no primeiro decênio do século XX, prosperou a passos gigantescos, graças à descoberta de
jazidas de minério de ferro no subsolo da Alemanha. Em 1871, a produção de ferro alemã não superava
1.563.000 toneladas e mantinha 23 mil operários, e em 1904, a produção passava a 10 milhões de toneladas
e ocupava 35 mil pessoas. A produção de aço aumentou da mesma maneira. Em 1912, ela era avaliada em
17 milhões de toneladas contra 1.100 mil em 1887.
Desse modo, se antes de 1880 a Alemanha ocupava o quarto lugar no comércio mundial, em 1914
ocupava o segundo. De 1898 a 1914 o comércio externo da Alemanha aumentou em 100%, dos quais três
quartos eram de comércio marítimo cuja escala era em Roterdã (Alemanha) e Antuérpia (Bélgica).
As cidades costeiras do mar do Norte e do Báltico beneficiaram-se amplamente do cuidado
incessante dado à Marinha e da expansão comercial alemã no ultramar. Hamburgo, na embocadura do Elba,
agigantou-se. Porto franco desde 1881, possuía em 1914, 1.087 navios que deslocavam 1.362.000
toneladas. Todo ano entravam e frequentavam seu porto mais de 30 mil navios. A importação subia a 12
milhões de toneladas, e a exportação a nove. Naturalmente as companhias marítimas de Hamburgo
cresceram em número e como entidade, de modo extraordinário. A partir de 1885, Bismarck começou a
autorizar fortes subvenções do Governo Imperial à Marinha Mercante germânica.
Em 1870, uma só companhia existia, a Hamburg Amerika Line; em 1914, depois de quarenta anos,
portanto, havia não menos de quarenta companhias orgulhosas. Só a Hamburg dispunha de um capital não
inferior a 125 milhões de marcos, sendo proprietária de 388 navios com uma tonelagem que, em 1910,
subia a 1.021.963 toneladas.
Nas vésperas da Primeira Guerra Mundial, a frota mercante alemã era a segunda do mundo. Ela
compreendia mais de quatro mil navios com mais de cinco milhões de toneladas. Oitenta mil marinheiros
guarneciam esta frota. A percentagem da Alemanha na frota mercante mundial, que era, em 1874-75,
somente 5,2%, elevou-se até o começo da guerra a 10,8%.
Estimulados pelo desenvolvimento da Marinha Mercante e
amparados por uma sólida indústria siderúrgica, os estaleiros alemães
proliferaram. Em 1870, havia no país apenas sete estaleiros. Esse
número elevou-se a 107 em 1912. Enquanto até o nono decênio do
século XIX os grandes navios transatlânticos só procediam da
Inglaterra, as conhecidas firmas de armadores de Hamburgo e Bremen
fizeram daí por diante suas encomendas aos estaleiros alemães,
estimulando-os com isso a desenvolverem uma capacidade de produção
cada vez mais elevada. Em poucos anos, converteram-se esses
estaleiros em empresas construtoras de primeira categoria, e a contínua
ampliação de suas explorações demonstrou o desenvolvimento
crescente dessa indústria.
Kaiser Guilherme II
7) Japão:
Até a restauração Meiji (1868), o Japão era quase unicamente
um país agrícola. A terra japonesa é, entretanto, muito estéril, havendo
pouco espaço para o desenvolvimento progressivo das lavouras, pois a
natureza montanhosa das ilhas e as rígidas temperaturas na grande ilha
nórdica de Yeso impedem a expansão agrícola. Assim sendo, as terras
disponíveis no Japão nas quais se pode colher com aproveitamento
oscilam apenas entre 15 a 20%. Em grande parte, as terras aproveitáveis
destinam-se às culturas do arroz e da cevada que, com a pesca
abundante nos mares circunvizinhos, constituem a base da alimentação
japonesa.
A restauração Meiji marcou uma mudança de época, transformando completamente o Japão numa
moderna nação industrial. A restauração teve lugar cerca de um século após a revolução industrial inglesa.
A visita dos navios negros conduzidos pelo Comodoro Perry à Uraga levantou a nação japonesa do estado
sonolento que havia durado mais de dois séculos devido à reclusão do mundo exterior. A abolição dos clãs
governamentais e a completa mudança de todas as instituições políticas, sociais e econômicas introduziram
o Japão no período de industrialização capitalista. Durante dez anos, porém, a agitação interna provocada
pelo novo estado de coisas impediu o progresso do país.
Com o término da Rebelião Saigo em 1877, várias indústrias surgiram em rápida sucessão, e pouco
a pouco o comércio exterior se desenvolveu.
A navegação japonesa era então quase inteiramente costeira, e o comércio exterior era feito em
porões estrangeiros. Entretanto, com o correr dos anos, o desenvolvimento do intercâmbio comercial com
as outras nações conduziram à fundação de várias companhias de navegação, todas elas amparadas pelo
Governo.
Querendo ampliar cada vez mais o campo das
atividades nacionais, o Japão adotou uma política de
linhas imperialistas, cuja finalidade principal era a
conquista de novos mercados consumidores e fontes
de matérias-primas. Em consequência, o Governo
japonês procurou desde cedo criar uma Marinha de
Guerra capaz de atender à sua política exterior.
A primeira manifestação concreta do
imperialismo japonês foi a inesperada agressão à
China em 1894 (Primeira Guerra Sino-Japonesa,
1894-95). A recém-criada Marinha logo alcançou o
domínio absoluto do mar Amarelo, com a vitória de
Yalu, abrindo caminho às forças terrestres que não
tiveram grande dificuldade em derrotar o Exército
chinês. O efeito dessa guerra vitoriosa nos negócios
foi extraordinário. A guerra não só chamou a atenção
do mundo para o Japão, como estimulou seu
comércio exterior. Além do mais, o Japão recebeu
uma indenização da China de 400 milhões de taels
para não mencionar a aquisição de Formosa e a
hegemonia na Coréia. Acima de tudo, a guerra deu
confiança ao país na própria força e capacidade. O encouraçado Matsushima, construído pela
França e montado no Japão, carro-chefe da
Marinha Imperial Japonesa durante o conflito sino-
japonês.
8) Estados Unidos:
Concluída a aliança com a França, a poderosa frota desse país foi empregada no serviço da causa
patriota. Juntou-se a ela, posteriormente, a Frota espanhola com a declaração de guerra da Espanha à
Inglaterra em 1779. A Inglaterra iria contar, ainda, com um outro inimigo. Pelo fim de 1780, arrebentou a
guerra com a Holanda, e, desde então, foi necessário à Grã-Bretanha lutar contra três grandes potências
europeias além da América.
Nos mares, coube à Marinha francesa o papel preponderante. Com a Royal Navy dispersa por todo
o mundo, lutando contra três grandes potências navais, a Inglaterra perdeu para a França o controle dos
mares junto às colônias revoltadas, e suas forças de terra, desamparadas da metrópole, foram obrigadas à
rendição, face ao Exército franco-americano.
A Grã-Bretanha vencida assinou a paz em 1783. Também nesse Tratado percebe-se a importância
que os dirigentes britânicos sempre deram aos assuntos marítimos. O Mississipi ficava aberto aos navios
americanos e ingleses. Os americanos continuavam com direitos de pesca nas costas da Terra Nova e do
golfo de São Lourenço.
Foi assim que no decorrer da Guerra da Independência surgiu a Marinha americana, mas a massa
heterogênea que a constituía (corsários particulares, navios pertencentes às colônias e navios armados pelo
Congresso) dissolveu-se no caos que se seguiu à guerra. Em 1785, ano da venda do último navio, os Estados
Unidos não possuíam um só navio de guerra. Entretanto, muito pouco tempo depois do fim da Guerra da
Independência, a necessidade de uma marinha fez-se sentir em virtude da captura de navios mercantes
americanos pelos corsários do Bei de Alger. Em 1793, os corsários argelinos espalhavam-se no Atlântico e
em um mês capturaram onze navios americanos. Essa situação vergonhosa levou enfim o Congresso a
tomar medidas, e no ano seguinte foi iniciada a construção de várias fragatas.
Os navios recém-construídos não tiveram, porém, o batismo de fogo em luta contra os piratas do
Norte da África e sim na guerra contra os corsários franceses das Antilhas. As operações navais contra a
França duraram ao todo cerca de dois anos e meio. A guerra nunca foi formalmente declarada,
desenrolando-se apenas nas Antilhas e foi muito proveitosa à jovem Marinha americana. O grande
acréscimo das exportações, devido à proteção dada pelos cruzeiros de navios americanos e os brilhantes
sucessos obtidos nos combates navais deram à Marinha uma popularidade necessária naqueles dias em que
a manutenção de um navio de guerra parecia a muitos ameaça de monarquismo.
Mal terminadas as lutas contra os corsários franceses, a Marinha americana levou a cabo uma série
de operações navais no Mediterrâneo contra o Bei de Trípoli. A guerra contra os norte africanos serviu para
proporcionar certa expansão à Marinha. A duração relativamente longa da luta (1801-05) nesse teatro
afastado de operações, aprimorou o valor combativo das guarnições. Estas vantagens seriam apreciadas
devidamente cerca de dez anos depois na guerra contra a Inglaterra.
Apesar do contratempo representado pelas operações nas Antilhas e no Mediterrâneo, o comércio
marítimo americano expandia-se rapidamente. As guerras napoleônicas absorveram de tal forma as
populações da Europa que uma parte sempre crescente do comércio marítimo coube à América. Durante
vinte anos os lucros desse comércio foram enormes, e a navegação mercante progrediu a passos de gigante.
Em 1790 o valor total das exportações dos Estados Unidos elevara-se a 19 milhões de dólares; cinco anos
mais tarde, 26 milhões de dólares de mercadorias procedentes somente das possessões francesas,
holandesas e espanholas foram importadas para serem em seguida reexportadas. Em 1806, o valor das
reexportações elevou-se a 60 milhões de dólares. Não é de estranhar que a Inglaterra se tenha sentido
alarmada quanto ao futuro de sua supremacia marítima e, dedicando-se ainda à fase econômica de sua luta
contra Napoleão, ela pôs em vigor medidas restritivas.
A Inglaterra declarou então bloqueio geral da França, desde o Elba até Brest, com um bloqueio
cerrado do Sena e Ostende (ato do Conselho de 16 de maio de 1806). Napoleão respondeu com o famoso
decreto de Berlim (21 de novembro de 1806), o qual declarou as Ilhas Britânicas, dali por diante, em estado
de bloqueio.
O comércio americano encontrava-se assim entre as duas pedras de mó. O remédio previsto pelo
Presidente Jefferson para todos esses problemas foi a coerção pacífica. Em 1807, ele decretou para todos
os navios empregados no comércio exterior um embargo que durou quinze meses e que custou oito milhões
de dólares só aos comerciantes da Nova Inglaterra. O embargo foi extremamente impopular nos Estados
MÓDULO 2 REGULAR - 41 - QOA-AA/AFN 2023
HISTÓRIA MILITAR NAVAL Prof. VAGNER SOUZA
Unidos que sofreram bem mais que a Europa. O espetáculo oferecido pelo país era o mais desolador. Os
navios ficavam a apodrecer nos portos. Cereais, algodão, fumo e outros produtos acumulavam-se nos
celeiros dos fazendeiros do Norte, dos plantadores do Sul e ao longo do cais nos portos de mar. A maior
parte dos historiadores vê no voto e na aplicação do embargo um grande erro de Jefferson. As consequências
do embargo para a França foram mínimas. Napoleão lançou o decreto de Bayonne que determinou a captura
de todos os navios americanos encontrados nas águas francesas, espanholas e italianas. Ele confiscou assim
mais de duzentos navios americanos. O embargo afetou mais a Inglaterra, mas mesmo lá os efeitos foram
inferiores aos esperados. A guerra contra a Inglaterra foi, contudo, adiada para o período presidencial
seguinte.
Durante a presidência de Madison, no quatriênio que se seguiu, ante a inquietante situação
internacional, foi proposta no Congresso a construção de uma esquadra relativamente poderosa de 10 navios
de linha e 20 fragatas, porém o Congresso, dominado pela oposição Jeffersoniana contrária à política
armamentista naval, julgou a proposta custosa e perigosa para a liberdade pública. Em consequência, ao ser
iniciada a guerra contra a Inglaterra em 1812, a Marinha americana compunha-se de apenas dezesseis
navios em estado de servir. Além disso, havia 257 chalupas canhoneiras construídas nos anos precedentes,
pois Jefferson, que se opunha tão violentamente à Marinha, tinha grande confiança nesse tipo de
embarcação, destinada à defesa das costas. Tais embarcações, entretanto, se mostrariam sem valor.
Durante esse conflito, também chamado de Segunda Guerra de Independência dos EUA, as fragatas
americanas, mais bem construídas, venceram uma série de combates singulares contra congêneres ingleses.
Esses êxitos parciais, todavia, não puderam evitar o absoluto controle dos mares pela esmagadora
superioridade naval dos britânicos. O comércio americano foi banido dos oceanos, e os ingleses
desembarcaram tropas a seu bel prazer no litoral dos Estados Unidos, chegando mesmo a incendiar
Washington. O que restava da pequena Marinha americana ficou bloqueado nos portos. A retaliação
americana foi a guerra de corso.
A perda que sofreu o comércio marítimo inglês durante os dois anos e meio de guerra foi
incalculável. O Congresso autorizou cerca de duzentos e cinquenta corsários que varreram os oceanos à
cata dos infelizes navios mercantes, capturando centenas deles. Estima-se em 600 o número de navios
mercantes ingleses vítimas dos corsários e dos navios de guerra americanos. Um grande número deles,
porém, foi retomado pelos ingleses, antes de atingir portos americanos.
Com o fim da guerra em 1815, a Marinha Mercante
americana voltou à senda do progresso. Na Nova Inglaterra, a
construção naval atingiu elevados índices de perfeição, e de suas
carreiras saíram os famosos Clippers, os navios mais velozes da
Marinha a vela, os quais chegavam a navegar mais de 420 milhas
em 24 horas.
A partir de meados do século, a Marinha de Comércio
americana entrou em decadência. Vários fatores concorreram para
esse fim, mas o principal foi o fracasso da construção naval do país
em acompanhar a evolução da vela para o vapor e da madeira para
o ferro. Outra razão foi a marcha para o Oeste que então se
processava, absorvendo todas as atenções e todos os interesses,
com o correspondente crescimento das estradas de ferro.
O deflagrar da Guerra Civil foi o sopro que acabou com a
fase áurea da Marinha Mercante dos Estados Unidos.
Paralelamente, a Marinha de Guerra dos Estados Unidos não fez
grandes progressos após a paz de 1815. Ela foi empregada numa
série de operações secundárias, tais como na guerra contra o Bei de
Alger e nas operações que suprimiram a pirataria nas Antilhas. Sua
ação contra o México foi muito restrita em face da não existência
de oposição nos mares. Digna de nota foi a ação do Comodoro
Perry no Japão em 1854, abrindo aquele país ao comércio mundial.
Durante a guerra, as duas grandes tarefas da Marinha dos estados do Norte (federados) foram o
bloqueio das costas confederadas (do Sul) e a separação em duas porções da confederação pelo domínio do
rio Mississipi. Essas duas operações eram essenciais para impedir a chegada de munições e
aprovisionamento aos exércitos confederados, batendo-se no Leste. A captura de Port Royal, o bizarro
combate de Hampton Road, as operações no baixo Mississipi, a batalha da baía de Mobile, os encontros da
baía de Albermale marcaram o desenrolar das duas ações fundamentais.
A rigor, o bloqueio e a ocupação dos portos confederados puseram fim ao comércio do Sul. Durante a
guerra, a esquadra bloqueadora capturou ou destruiu 1.150 navios com as respectivas cargas,
representando um valor total de 30 milhões de dólares. Por outro lado, a Marinha Mercante americana
sofreu forte redução no decorrer da guerra. De 2.500.000 toneladas em 1861, ela caiu para 1.500.000 em
1865, ao acabar o conflito, concorrendo para o declínio não só a destruição oriunda das operações bélicas,
mas também a perda do mercado de transporte para a Marinha inglesa.
Em condições normais, a navegação comercial americana poderia renascer após a Guerra de
Secessão como se restabelecera depois da guerra de 1812. A razão pela qual ela não retomou vida, residiu
na mudança das circunstâncias econômicas acarretadas, ao menos, em parte, pelo aumento dos impostos
que tornaram impossível construir e armar navios de forma barata, como faziam os rivais estrangeiros.
Também foram nocivas certas leis de navegação que interditavam a compra de navios estrangeiros para
navegar sob pavilhão americano. Essas medidas tiveram efeito penoso sobre a Marinha Mercante e levaram
o capital americano a não mais ser empregado em navios, mas de preferência nas empresas ferroviárias,
usinas e minas. Em consequência, rapidamente a percentagem do tráfego marítimo efetuado em porões de
navios americanos decaiu. Ela era de 66,5% ainda em 1860. Em 1865 caíra a 27,7% e cerca de 1901 baixara
a 8,2%.
O desenvolvimento da ciência da Guerra Naval que tinha sido tão rápida nos Estados Unidos durante
a guerra de Secessão, parou bruscamente com ela. Durante vinte anos os Estados Unidos não tiveram um
só navio encouraçado. No decorrer do período do Presidente Hayes, a Marinha americana era inferior à de
A Segunda Guerra Mundial elevou os Estados Unidos à primazia incontestável nos mares. O perigo
crescente de um conflito na Europa levou o governo de Roosevelt a pôr em execução um gigantesco
programa naval que já ia bem adiantado quando do ataque a Pearl Harbour. Empregando-se a fundo em
dois oceanos, a Marinha dos Estados Unidos rapidamente se recuperou dos golpes iniciais e empreendeu
ação decisiva tanto na batalha do Atlântico como contra o Japão. No Atlântico, a quantidade fabulosa de
navios de escolta e aeronaves que a América colocou na luta antissubmarina teve efeitos decisivos. No
Pacífico, a esmagadora superioridade americana bem cedo varreu os nipônicos das principais áreas por eles
conquistadas na arrancada inicial da guerra e por fim atingiu o próprio território metropolitano japonês.
Leitura Complementar
A HISTÓRIA DA NAVEGAÇÃO
Os rios, lagos, mares e oceanos eram obstáculos que os seres humanos do passado muitas vezes
precisavam ultrapassar. Primeiro, eles se agarravam a qualquer coisa que flutuasse. Depois, sentiram a
necessidade de descobrir como transformar materiais, para que estes, flutuando, pudessem se sustentar
melhor sobre a água. Assim, ao longo do tempo, em cada lugar surgiu uma solução, que dependeu do
material disponível: a canoa feita de um só tronco cavado; a canoa feita da casca de uma única árvore; a
jangada de vários troncos amarrados; o bote de feixes de juncos ou de papiro; o bote de couro de animais
e outros.
Durante o século XV, os portugueses decidiram que deveriam prosperar negociando diretamente
com o Oriente, por meio do mar. Para alcançar bom êxito nesse ambicioso projeto de interesse nacional,
foi necessário: explorar a costa da África no Oceano Atlântico e encontrar a passagem, ao sul do continente
africano, para o Oceano Índico; chegar às Índias e lá negociar diretamente as mercadorias; trazê-las para
Portugal em navios capazes de transportar quantidades relativamente grandes de carga e defender esse
comércio. Isso exigiu desenvolvimentos científicos e tecnológicos para os navios e para a navegação.
Todas essas soluções simples, no entanto, não transportavam muita coisa, ou eram difíceis de
manejar, ou mesmo perigosas em águas agitadas. Era necessário desenvolver embarcações construídas a
partir da junção de diversas partes, para que fossem maiores e melhores.
Os portugueses desenvolveram e utilizaram: caravelas 2 para explorações; naus 3 como navios
mercantes para o comércio e galeões 4 como navios de guerra. Mas isso só não bastava para chegar com
sucesso ao porto de destino.
A navegação, quando se mantém terra à vista, é feita pela observação de pontos geográficos de terra
determinando a posição do navio em relação à costa. Quando não se avista mais a terra e quando o mar e o
céu se encontram no horizonte a toda volta, é necessário saber em que direção o navio segue e a posição
em que se está em relação à superfície do globo terrestre.
Foi necessário, portanto, desenvolver instrumentos capazes de indicar a direção do navio (bússola),
a latitude (astrolábio) e a longitude (cronômetro).
OS NAVIOS DE MADEIRA:
CONSTRUINDO EMBARCAÇÕES E NAVIOS
As caravelas provavelmente tiveram sua origem em embarcações de pesca, que já existiam na
Península Ibérica3 desde o século XIII. Tinham, em geral, velas latinas4. Essas velas são muito boas para
navegar quase contra o vento, contribuindo para que as caravelas fossem muito úteis na costa da África.
Foi principalmente com elas que os portugueses exploraram o litoral africano durante o século XV. As
caravelas foram os navios mais importantes para Portugal até a descoberta do Cabo da Boa Esperança, que
permitiu contornar a África, passando do Oceano Atlântico para o Oceano Índico. A partir de então, o
transporte de mercadorias por naus passou a ser o mais importante.
2
CARAVELA – de caravo, do inglês caravel, do francês caravelle, navio de casco alto na popa e baixo na proa, de proa aberta
ou coberta, arvorando de um a quatro mastros de velas bastardas (latinas e triangulares) e armado com até dez peças de artilharia.
Sua tonelagem variava de 60 a 160t. Algumas caravelas tinham velas redondas no mastro do traquete; foram os navios mais
utilizados pelos portugueses nos descobrimentos marítimos dos séculos XV e XVI.
3
NAU – Até fins do século XV, navio de porte relativamente grande, com acastelamentos à proa e à popa, arvorando geralmente
um só mastro com vela redonda (ou “pano”). Daí até fins do século XVI, princípios do XVII, as naus foram aumentando de
tamanho, tornaram-se muito bojudas (boca com cerca de 1/3 do comprimento da quilha), passaram a arvorar até três mastros
(traquete, grande e mezena) envergando pano redondo e uma vela latina quadrangular à popa, além de gurupés, e tinham até três
ou quatro cobertas com duas a três baterias de canhões. Com o passar dos anos, foi-se modificando o seu velame. Eram
embarcações imponentes, em geral ricamente ornamentadas, mas de difícil manejo
4
GALEÃO – do inglês galeno, do francês galion – embarcação de alto-bordo, dois ou três mastros envergando velas redondas
e gurupés com velas de proa, empregada no transporte de ouro e prata da América para Espanha e Portugal, nos séculos XVI,
XVII e XVIII. Era armado com numerosos canhões.
BRASIL
CAPÍTULO I
A “DESCOBERTA” DO BRASIL
3) A América Descoberta:
O reino português transformou-se num centro de aventureiros, sábios e navegantes de várias
nacionalidades que se empenhavam na tarefa da descoberta do caminho para as Índias. Entre eles, destacou-
se Cristóvão Colombo, uma das figuras mais discutidas da História.
Genovês de origem, talvez nascido em 1451, pouco sabemos de seus primeiros anos de vida. Não
parece ter feito grandes estudos (Eu, que não sou um sábio... escreveu), mas, com certeza, impressionou-se
pelo movimento das descobertas, nas quais vários compatriotas seus participavam. Lançarote, Usodimare,
os irmãos Vivaldi, Antonio da Noli, eram todos genoveses a serviço do Infante. O livro de Marco Polo
devia ser sua leitura preferida, especialmente este trecho o impressionava: "Cipango (Japão) é uma ilha do
Oriente que está no mar alto, longe da terra firme 1.005 milhas... chamam a este mar o de Cin, mas ele é o
grande mar do Ocidente".
É possível que Colombo tenha navegado à Islândia, onde entrou em contato com as notícias que os
descendentes dos vikings guardavam de Vinland, a futura América, reunidas na Erik Saga Rhauda (seus
drakkars já foram encontrados nas costas americanas). Depois dessa viagem, estabeleceu-se em Portugal.
Mas, os conhecimentos ou ignorâncias deste genovês ainda constituem um enigma para os
estudiosos de sua vida. Para sobreviver, realizou algumas viagens comerciais por conta de firmas
genovesas. Nessa oportunidade, 1481, casou-se com Filipa Moniz, herdeira do rico comerciante
Bartolomeu Perestrelo. Esse casamento lhe permitiu refletir sobre seu grande projeto; Colombo passa a
viver na ilha de Porto Santo, próxima da Madeira, onde nasceu seu filho Diego. É possível, também, que
tenha efetuado algumas viagens em caravelas portuguesas pelo litoral africano. Aos poucos, foi
amadurecendo a ideia de chegar às Índias pelo caminho do Ocidente, ao mesmo tempo em que muito
aprendia com os portugueses.
Incentivado pelo conteúdo da carta do sábio florentino Paolo Toscanelli (por alguns tidos como
apócrifa), que acreditava na esfericidade da Terra, enviada ao cônego Fernão Martins, em Lisboa, da qual
deve ter tomado conhecimento, Colombo instalou-se em Lisboa onde já vivia seu irmão Bartolomeu e,
certamente em 1484, conseguiu que o Rei D. João II examinasse o seu projeto para chegar às Índias por
meio mais rápido: atravessaria o mar Tenebroso. Para melhor convencer o soberano, argumentou com a
redondeza da Terra e determinou que cada grau tivesse 56,5km (o certo é 111km), tornando pequena a
distância entre Lisboa e a costa da Índia. Ouvido por um conselho de homens de saber foram seus planos
desaprovados e recusados em seguida pelo rei, não propriamente porque os portugueses não aceitassem as
suas ideias, nessa fase das navegações bem válidas, mas porque Colombo exigia demais, podendo muitos
portugueses fazer o mesmo pelo amor à Pátria.
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Colombo não queria tentar a sua aventura sem o respaldo de um soberano. Em 1485, dirigiu-se para
Castela. Passou um tempo no convento franciscano de La Rabida, causando forte impressão a Frei Antonio
de Marchena, que o encorajou. Dirigiu-se a Sevilha, ligando-se ao banqueiro florentino Berardi. Este o
apresentou ao Duque de Medinaceli, que se propôs financiar o projeto. Mas Colombo desejava o apoio real.
Fernando e Isabel, reis de Aragão e Castela, empenhavam-se em vencer o último reduto mouro: o reino de
Granada. Auxiliado, também, pelo Duque de Medinasidonia. Colombo conseguiu uma entrevista com a
rainha em Córdoba e uma promessa para o futuro.
Colombo instalou-se junto à Corte, que se fixara em Córdoba, e aguardou até que se se transferiu
com a Corte para Salamanca no final do ano de 1486. Nesta cidade, os reis católicos fizeram reunir uma
comissão de sábios visando a apreciar o projeto de Colombo. Esta comissão conclui ser o mesmo inviável.
Desanimado, Colombo retornou a Lisboa e tentou retomar as conversações com o Rei D. João II, sem
qualquer êxito. No final do ano de 1489, encontrava-se em terras espanholas, no acampamento real diante
de Baza.
O tempo passou; suas esperanças iniciais diminuíram. O prior do convento, Padre Luan Pérez,
convenceu-o a ter paciência, ao mesmo tempo em que enviava uma carta à rainha, que convocou Colombo
à sua presença. Novamente expôs seus planos. Meses depois, em 2 de janeiro de 1492, Granada rendeu-se:
estava aberto o caminho para Colombo.
Os reis católicos aceitaram as suas imposições nas Capitulações de Santa Fé (17 de abril). Com
dinheiro adiantado à Coroa pelos banqueiros Luis Santángel e Francisco Pinelo e alguma ajuda dos
armadores de Palos, Martim e Vicente Pinzón, totalizando 1.170.000 maravedis (pequena moeda de cobre
em uso), Colombo reuniu duas caravelas, a Pinta (140t) e a Nina (100t) e a nau Santa Maria (250t),
guarnecidas com 110 homens.
Partiu de Palos a 3 de agosto. A 8 de setembro, suspendeu das Canárias e entrou no desconhecido.
Descobrindo no percurso o fenômeno da declinação magnética, Colombo chegava, a 12 de outubro, na ilha
de Guanaany, por ele chamada San Salvador (hoje Watling Island, uma das Bahamas).
Como não se acharam sinais de civilização, a viagem prosseguiu; Colombo encontrou Cuba
(chamada de Joana) e Haiti (batizada de Espanhola); nesta ilha, construiu um forte com os restos da Santa
Maria, chamado Navidad, deixando uma guarnição sob o comando de Diego Arana. Ao regressar, Colombo
aportou primeiro em Lisboa, comunicando ao Rei D. João II que descobrira o caminho para as Índias.
4) O Acordo de Tordesilhas:
A existência de diversas bulas papais assegurando aos
portugueses terras não descobertas, fez com que os reis da
Espanha logo recorressem ao Papa Alexandre VI, pertencente à
família aragonesa dos Bórgias (portanto parente dos reis), para que
lhes confirmasse a posse das terras encontradas por Colombo.
Através das bulas Eximin e Devotionis (de 03/05/1493) e das duas
Inter Coetera (de 04/05/1493), o papa estabeleceu uma
demarcação para a soberania de Castela, imaginando um
meridiano que, distante 100 léguas das ilhas de Açores e Cabo
Verde, daria início às posses castelhanas.
D. João II não se conformou e disse: “ficou mui confuso e
creo verdadeiramente que esta terra descoberta lhe pertencia”.
Tentou, diplomaticamente, a anulação das Bulas, sem resultado.
Mandou que Ruy de Sande propusesse um paralelo, o das
Canárias, para servir de divisão entre as posses de Castela e
Portugal, que guardaria o domínio meridional. Recusada essa
proposta, enviou a Castela Rui de Pina e Pero Dias, os quais não
obtiveram resultados satisfatórios. Apelou, então, para a ameaça,
aparelhando forte esquadra que disputaria, pelas armas, as terras
descobertas.
Os reis católicos espanhóis não se interessaram, porém, em
medir forças com Portugal; a fatigante luta contra os mouros e os
negócios da Itália aconselhavam uma política pacífica. Assim,
Castela procurou negociações diretas. Na pequena cidade
castelhana de Tordesilhas, reuniram-se os negociadores (D.
Gutierrez de Cárdenas, D. Enrique Enriquez e o Dr. Rodrigo Maldonado, por parte de Castela, e Rui de
Sousa, seu filho João de Sousa, Ayres de Almada e Duarte Pacheco Pereira, representando Portugal), que
assinaram, a 7 de junho de 1494, a Capítulacíon de La
Partícion del Mar Oceano, por meio da qual ficavam fixadas
as áreas de influência dos dois países, através de um meridiano
(em toda a extensão da Terra) que passasse a oeste de 370
léguas do arquipélago de Cabo Verde: as terras não europeias
a leste seriam de Portugal e as situadas a oeste ficavam
espanholas.
Esse tratado representou uma grande vitória da
diplomacia lusa, pois defendia a rota africana que os nautas
portugueses há tantos anos perseguiam. Por outro lado, sem
esclarecer de qual ilha partiria a contagem e nem qual o tipo
de légua a ser usado, o tratado nunca pôde ser realmente
demarcado, nem respeitado por ambos os países, que se
interessavam na persistência da dúvida.
A Capitulação de Saragoza (22/04/1529),
consequência da descoberta das Molucas por Fernão de
Magalhães, procurou solucionar esse problema. Reconheceu
Portugal, governado por D. João III, serem as Molucas
pertencentes à Espanha, adquirindo-as por 350 mil ducados.
Com isso, firmava-se o meridiano de Tordesilhas, na América,
entrando na posse portuguesa a Banda Oriental do Uruguai, as
terras do Chaco Paraguaio e grande parte da região amazônica.
6) A Viagem de Cabral:
As riquezas que as Índias ofereciam afiguravam-se imensas. Era necessário, porém, que os
portugueses se impusessem aos habitantes e aos monopolizadores do comércio das especiarias. Resolveu,
então, D. Manuel reunir uma tripulação escolhida em uma forte esquadra, entregando o seu comando, com
o título de capitão-mor, a Pedro Álvares Cabral, que, além de pequenos conhecimentos náuticos, possuía
provada capacidade de administração. Secundava-lhe no comando Sancho de Tovar. Serviam-lhe de
orientação instruções escritas sob a inspiração de Vasco da Gama (o original, incompleto, acha-se no
Arquivo Nacional da Torre do Tombo em Lisboa).
A expedição partiu de Lisboa a 9 de março de 1500. Nela embarcaram hábeis pilotos, como
Bartolomeu Dias e seu irmão Diogo, Gaspar de Lemos, Nicolau Coelho, Simão de Miranda, Duarte Pacheco
Pereira; destacava-se, ainda, o mestre João, físico de bordo, Pero Vaz de Caminha, escrivão da feitoria a
ser fundada, frei Henrique Soares, que arcava junto com poucos religiosos com a tarefa de evangelização
dos infiéis, e Aires Correia, que ia ser o feitor. Somavam 1500 homens em 10 naus e três navios menores.
Dificuldades entravaram a viagem. Perto de Cabo Verde, desapareceu a nau comandada por Vasco
de Ataíde, "comida pelo mar” como se dizia. Afastando-se da costa da África, os portugueses tomaram a
direção sul-sudoeste, com a intenção de achar terras. A 21 de abril, pressentiram sinais de terra; no dia
seguinte, viram pequena elevação, que recebeu o nome de Monte Pascoal. A 23, chegaram junto à praia, na
foz do Rio Caí, onde foram travados os primeiros contatos com os indígenas. Procuraram um ancoradouro
mais ao norte, fundeando numa enseada, por eles batizada de Porto Seguro (hoje Baía Cabrália, no litoral
do Estado da Bahia). Verificaram-se novos contatos amigáveis com os naturais; rezaram-se duas missas,
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uma no ilhéu da Coroa Vermelha e outra em terra firme, e tomou-se posse da terra levantando-se uma
grande cruz de madeira. Batizou-se a terra, que se supunha ser uma ilha, com o nome de Vera Cruz. Pedro
Álvares resolveu notificar ao rei o acontecido. Extensa carta foi escrita por Pero Vaz de Caminha, levada
por Gaspar de Lemos, que, a 2 de maio, retornava a Portugal. No mesmo dia, Cabral partia para as Índias,
onde cumpriu a sua missão.
Sobre o “achamento” do Brasil existem três documentos importantes: a carta de Caminha
(encontrada no Arquivo da Torre do Tombo por José de Seabra da Silva e publicada em 1817 por Aires do
Casal), a carta do mestre João ao Rei D. Manuel I e a carta deste aos reis católicos, verdadeira comunicação
oficial. Ainda podemos citar a Relação do Piloto Anônimo (publicada no livro Paesi Nuovamente Ritrovatí,
de Montalbocido) e o manuscrito Valentím Fernandês, publicado em 1940, pela Academia Portuguesa da
História.
Não há hoje dúvida de que a expedição, de quatro caravelas, comandada por Vicente Yanez Pinzón
atingiu, em janeiro de 1500, o litoral do atual Estado do Ceará (ponta de Mucuripe), dando, assim, a
prioridade do descobrimento aos espanhóis. Pinzón prosseguiu a sua viagem para o Rio Oiapoque. Na sua
esteira navegou outro espanhol, Diego de Lepe, com dois navios, tendo reconhecido as regiões do atual
Amapá, após haver alcançado Pinzón na foz do Rio Amazonas.
CAPÍTULO II
A COLONIZAÇÃO DO BRASIL
Em 1511, situa-se a viagem da nau Bretoa (cujo nome provém de sua construção em algum estaleiro
da Bretanha), comandada por Cristóvão Pires e tendo por piloto João Lopes de Carvalho, provavelmente
ainda pertencente ao Trato. Do Brasil arrecadou 5.008 toros de pau-de-tinta, 35 indígenas e 70 animais. A
expedição de Estevão Fróis, que navegou no litoral norte em 1513, acabou por ser apreendida pelas
autoridades espanholas nas Antilhas. Em 1514, esteve em nossas costas a expedição armada por D. Nuno
Manoel (pilotava um dos dois navios João de Lisboa), conhecida pela Nova Gazeta da Terra do Brasil
(publicada na Alemanha e sem data sob o título original Newveil Zeytungauss Pressillglandt) e que, talvez,
tenha percorrido o rio da Prata antes dos espanhóis.
Acredita-se que, por essa ocasião, terminou o Trato com Fernão de Loronha ou que o mesmo
possuísse novo arrematante, o armador Jorge Lopes Bixorda.
Diversos navios ou armadas aportavam nas costas brasílicas em demanda das Índias ou delas, de
retorno, paravam para se abastecerem de água e alimentos.
Foram essas expedições que, por vezes, largaram degredados ou que, sofrendo naufrágios,
proporcionaram o aparecimento, em diversos pontos da costa, de portugueses que representaram o traço de
união entre os indígenas e a futura colonização. Destacaram-se Diogo Álvares Correia, apelidado
Caramuru, João Ramalho, Cosme Fernandes, conhecido como o Bacharel de Cananéia, Antônio Rodrigues,
Francisco de Chaves e Aleixo Garcia, que chegou a terras hoje pertencentes ao Paraguai e Bolívia
precedendo, nessas regiões, os espanhóis, encontrando a morte nas mãos dos índios guaranis.
Por essa época, a terra descoberta começou a ser chamada de Brasil. A origem desse nome pode se
prender à cor de brasa da madeira (vermelha) que existia em abundância no litoral, pode ser uma corruptela
do italiano versino ou versil, nome de madeira de tinta proveniente do Oriente ou da geografia medieval
que havia inventado uma ilha no mar Tenebroso (oceano Atlântico) chamada Barzil ou Bersil, onde
existiam muitas riquezas, inclusive e sobretudo o versil. Ora, fácil foram os navegantes identificarem a terra
encontrada com a lendária ilha. Lá, em 1503, Giovani da Empoli dizia: "... la terra della Vera Croce ouer
del Bresil cosi nominata" (in Viaggio Fatto nell’India, Venetia, 1554). Denominavam-se brasileiros todos
aqueles que comerciavam com o pau-de-tinta.
Durante esse período, andou velejando em nosso litoral o português João Dias de Solís (1515 a
1516) a serviço de Castela, na tentativa de encontrar uma passagem para as Índias. O mesmo fez outro
português (igualmente a serviço de Castela), Fernão de Magalhães (1519), o qual, tendo permanecido 13
dias na Baía de Guanabara, nos últimos dias de dezembro, batizou involuntariamente a região com o nome
de Rio de Janeiro, e, mais feliz que seus antecessores, descobria a tão cobiçada passagem no extremo sul
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da América. Mais tarde, 1526, o veneziano Sebastião Caboto percorreu a costa brasileira (suas viagens de
ponto a ponto da costa deu origem ao estilo de navegação que foi batizado mais tarde de cabotagem).
O pau-de-tinta atraiu também os franceses, corsários a mando do Rei Francisco I (este monarca
desconhecia o "Testamento de Adão” que havia dividido o mundo em duas partes entre os reis de Portugal
e Espanha, seus primos). Ele enviou corsários (entrelopos) com o objetivo de apanhar a madeira.
Conhecemos bem a expedição do navio Espoir, comandado por Binot Paulmier de Gonneville, que
percorreu a Baía de Todos os Santos, em 1504. Jean Parmentier, francês de Dieppe, velejou do Amazonas
ao Prata, por volta de 1525 (citado em Ramúsio: Delle Navigationi ed viaggi, III); mas muitos outros navios
dos estaleiros de Jean Ango certamente aqui estiveram. Hábeis no trato com os indígenas, esses mairs (como
eram chamados os franceses pelos indígenas) gozavam de maior simpatia. Por isso, D. Manuel I determinou
que Cristóvão Jaques, descendente de ilustre família aragonesa e fidalgo da Casa Real, e os dois navios a
seu comando policiassem o litoral, o que pouco adiantou. Essa viagem durou de 21 de junho de 1516 a 9
de maio de 1519; Jaques fundou uma feitoria na Ilha de Itamaracá (em Pernambuco).
De novo, o rei enviou Cristóvão Jaques ao Brasil, com dois navios, em 1521, em uma viagem de
reconhecimento pela costa meridional: a crítica história moderna, baseada em documentação irrefutável
(carta de Juan de Zúniga ao Imperador Carlos V, existente no Arquivo Geral de Simancas), conclui que
Jaques penetrou no rio da Prata e explorou o rio Paraná.
Morrendo D. Manuel I em 1521, subiu ao trono D. João III; as notícias que chegavam à Corte de
Lisboa de que navios franceses estavam sendo armados para efetuarem o corso nas terras brasileiras levaram
o monarca a incumbir o mesmo Cristóvão Jaques, em 1527, de idênticas funções policiadoras, com uma
nau e cinco caravelas, mas Jaques procurou desincumbir-se da missão. Sabemos ter havido cruento combate
na baía de Todos os Santos. É possível que tenham ocorrido outros encontros com corsários, mas, sozinho,
pouco podia fazer. Em 1528, Jaques regressou a Portugal, Substituiu-o Antônio Ribeiro, sobre o qual nada
sabemos. E, finalmente, exerceu esta atividade Duarte Coelho, entre 1530 e 1531, tendo combatido os
índios caetés que favoreciam os franceses.
Durante esses trinta anos, os portugueses (pêros para os indígenas) mantiveram contatos amistosos
com os naturais, os quais se prestaram bem na exploração da madeira. O homem de pele branca despertava
curiosidade e um irresistível atrativo para a mulher indígena. Ele significava superioridade.
Algumas feitorias, escassamente habitadas, começaram a povoar a costa: havia a de Cabo Frio, uma
na Baía de Todos os Santos, cujo feitor chamava-se João de Braga, e outra no litoral de Pernambuco.
Cada donatário recebia uma Carta de Doação, documento pelo qual se efetivava a doação do uso,
com a descrição da terra e a outorga da governança da mesma, com o título de capitão-mor, explicitando
seus direitos e deveres; e um Foral, que fixava os direitos, deveres, foros, tributos e coisas que os futuros
colonos deviam ao rei ou ao capitão-donatário.
O capitão-donatário não se tornava proprietário da capitania: ficava na sua posse, que era transmitida
hereditariamente em linha masculina, preferentemente, sem ser objeto de negociações ou partilha. Exercia
a justiça, podendo até condenar à morte, nomeava funcionários, doava terras para cultivo (sesmarias),
mantinha propriedade plena em determinada área escolhida, cobrava impostos à população (5% do pau-
brasil e do pescado, 1% dos impostos pagos à Coroa, postagens e 500 reis anuais dos tabeliães). Podia
acoitar e homiziar réus julgados e condenados no reino e em outras capitanias, com a finalidade de facilitar
o povoamento. Tinha o direito de fundar vilas, o que, em Portugal, era atribuição exclusiva do rei. Era-lhe
permitido reduzir os naturais ao cativeiro e vendê-los em Portugal até o máximo de 39 por ano. A Coroa
reservava-se o direito de cunhar moedas e estipulava como rendas o quinto (20%) dos metais e pedras raras,
a dizima das colheitas (10%), a vintena do pescado (5%) e o monopólio do pau-brasil (estanco).
Aos donatários cabia ocuparem as suas terras e iniciarem o povoamento e a obtenção de lucros. Os
que se aventuraram em plagas americanas tiveram de enfrentar dificuldades enormes com os índios, que
não compreenderam, com o ambiente geográfico hostil e com a falta de recursos. Por isso, formou-se a
opinião que o sistema resultou em um fracasso, que é um erro. Foram as capitanias que iniciaram a ocupação
efetiva do litoral e mantiveram um estado de alerta, impedindo a conquista estrangeira, ao mesmo tempo
em que o português impunha a sua cultura ao gentio.
Vejamos como os donatários se houveram com suas capitanias. Antônio Cardoso de Barros não se
preocupou com sua terra. João de Barros, Fernão Álvares de Andrade e Aires da Cunha associaram-se e
enviaram uma expedição que alcançou poucos resultados, perdendo a vida este último no naufrágio da
capitânia. A vila de Nazaré desapareceu em três anos. A tentativa de Luis de Melo em 1554 acabou
fracassando, motivo pelo qual as capitanias ao norte da de Itamaracá ficaram sem colonização.
A) Tomé de Sousa:
O primeiro governador tinha de reunir boas qualidades de administração e comando. A Carta Régia
de 7 de janeiro de 1549 nomeava Tomé de Sousa (primo de Martim Afonso e do Conde da Castanheira)
para exercer o difícil encargo; fidalgo austero, adquirira fama nas guerras da África como militar de valor.
A 29 de março, aportava na vila do Pereira trazendo Pero Góis da Silveira como Capitão-mor da Costa,
Antônio Cardoso de Barros, como Provedor-mor da Fazenda, Pero Borges, Ouvidor-geral, e o Padre
Manoel da Nóbrega, chefiando seis jesuítas, além de colonos, seiscentos soldados, quatrocentos degredados
e operários sob as ordens do mestre Luis Dias.
Escolheu um sítio elevado, em frente à vila do Pereira, e nele ergueu Salvador, que permaneceu a
capital da Colônia por dois séculos. Dedicou os primeiros momentos da sua administração a essa tarefa,
recebendo ajuda de Caramuru, de um castelhano chamado Filipe Guilhem e dos índios tupinambás, aos
quais apavorou com os canhões que trouxera.
Desenvolveu a cultura da cana-de-açúcar, introduziu o gado vindo de Cabo Verde, doou sesmarias,
tendo-se tornado famosa a Casa da Torre de Garcia d'Ávila, que se dedicou à criação extensiva de bovinos.
Organizou uma entrada em busca de metais preciosos, comandada pelo castelhano Francisco Brueza de
Espiãosa, que nada encontrou.
B) Duarte da Costa:
Para substituir Tomé de Sousa, o rei escolheu Duarte da Costa, Armeiro-mor do reino, nomeado a
1º de março, mas só a 13 de julho de 1553 chegava a Salvador, trazendo 260 pessoas, entre as quais estava
um filho seu, Álvaro, herói das lutas nas Índias, e o jesuíta Luis da Grã, com alguns padres e o irmão José
de Anchieta.
Talvez animado de bons desejos, Duarte da Costa não pôde demonstrá-los. Faltava-lhe a prática do
mando e a experiência da guerra. O seu governo foi logo agitado pelo desentendimento entre seu filho, mais
liberal, e o bispo, intransigente. A população dividiu-se, prejudicando a administração, diminuindo a
autoridade do governador. O rei chamou o bispo a Lisboa, a fim de pessoalmente lhe relatar os
acontecimentos. Embarcou no navio N. S da Ajuda, e, quando este passou nos Baixios de D. Rodrigo,
naufragou; apanhado pelos caetés (onde hoje é a praia do Francês, Maceió, Alagoas), junto com os 95 que
se salvaram, sofreu suplício, a 15 de junho de 1556, em ritual mágico-religioso (escaparam um português,
"língua", e dois escravos índios, portadores das notícias). A atitude dos caetés valeu-lhes represália
implacável e uma mudança política em face das populações indígenas.
Difícil, hoje, concluir quem estava com a razão; contudo, sem o concurso de D. Álvaro, os indígenas
não seriam expulsos do Recôncavo (1555).
A 25 de janeiro de 1554, os jesuítas, tendo à frente Nóbrega, Provincial da Companhia, fundavam
o Colégio dos Meninos de São Paulo, em Piratininga, origem da cidade de São Paulo.
Sem que Duarte da Costa pudesse impedir, os franceses, comandados por Nicolau Durand de
Villegagnon, instalavam-se, em 1555, na Baía de Guanabara. Amargurou-o a impossibilidade de reagir,
bem como a morte do rei D. João III, seu protetor (11/06/1557); na vila do Pereira, morria Diogo Álvares,
o Caramuru. Duarte da Costa terminou o seu governo (1558) enfrentando revoltas indígenas em
Pernambuco, no Espírito Santo, em Porto Seguro, bem como, no sul, os tamoios, liderados pelo feroz
Cunhambeba, ameaçaram os colonos.
C) Men de Sá:
Para substituir Duarte da Costa, o Rei D. João III escolheu um homem (Carta régia de 23/07/1556)
considerado virtuoso e de grande cultura jurídica (era desembargador da Casa de Suplicação e irmão do
poeta Francisco Sá de Miranda). Men de Sá aportou em Salvador a 28 de dezembro de 1557 (mas só
assumiu o cargo a 3 de janeiro), sabendo que teria dois problemas graves a enfrentar: pacificar a população
da capital, agitada com os eventos do governo anterior, e expulsar os franceses da Guanabara.
Começou por adotar diversas medidas repressivas contra os abusos do povo, especialmente o jogo.
Desenvolveu a agricultura da cana-de-açúcar, em parte negligenciada. Construiu um engenho real, a fim de
atender aos lavradores mais modestos. Incentivou a formação de aldeamentos indígenas, proibindo que se
dessem aguardente e armas aos índios. Combateu os goitacás (do Espírito Santo), que se submeteram após
vários combates (sendo mais importante a batalha dos Nadadores), num dos quais faleceu seu filho Fernão.
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Ao mesmo tempo, Vasco Rodrigues Caldas reduziu à obediência as tribos do Rio Paraguaçu, e Braz Fragoso
amansou os aimorés. Organizou duas entradas, confiando uma à direção de Vasco Rodrigues Caldas (1561)
e outra a Martim Carvalho (1568).
Os caetés, declarados "fora da lei", acabaram desaparecendo, vítimas da “Guerra Justa”. E muitos
outros índios também sucumbiram em decorrência da epidemia de varíola, que, trazida por embarcadiços
portugueses, alastrou-se entre as povoações do litoral e interior próximo.
Men de Sá chefiou uma expedição contra os franceses alojados na Baía de Guanabara; em virtude
de persistirem esses estrangeiros na mesma região, a metrópole enviou reforços, sob o comando de Estácio
de Sá, que trazia instruções para fundar um núcleo português, a cidade de São Sebastião, na área cobiçada
pelos franceses, o que foi executado em 1º de março de 1565. Permaneceram em lutas intermitentes cerca
de dois anos. Men de Sá resolveu, então, retornar à Guanabara, em 1567, participando da expulsão dos
franceses e transferindo a cidade para local mais adequado, visando ao seu desenvolvimento.
A) Os Franceses:
Durante o século XVI, os corsários franceses frequentavam o litoral brasileiro, retirando o
ibirapitanga nativo (pau-brasil), atividade que se mostrava cada vez mais arriscada, tendo em vista o
progresso da colonização portuguesa. Melhor seria empenharem-se na fundação de um núcleo permanente.
A França vivia dias agitados; católicos e calvinistas (huguenotes) não se entendiam, e a intolerância desses
grupos antagônicos provocava distúrbios políticos. Uma colônia na América serviria de refúgio a todos que
desejassem viver e prosperar em paz. Constituíram, estas, as razões que nortearam a criação da França
Antártica.
5
O primeiro fato histórico significativo e pitoresco do Brasil se deu por ocasião da proclamação do paulistano Amador
Bueno de Ribeira como rei de São Paulo. Após a separação das coroas lusa e espanhola, e iniciada a restauração
do Reino de Portugal, em 1640, parte da população da cidade, em geral de origem espanhola, decide proclamar rei
um de seus filhos mais ilustres. Alguns desejavam continuar fiéis ao reino de Castela, pois acreditavam que em
breve estariam de novo sob sua autoridade. Mas, para não dar mostras de seu intento, esse grupo dizia apenas
proclamar um filho de São Paulo como seu rei. Amador Bueno, entretanto, consciencioso e percebendo a artimanha
das famílias espanholas, declinou o convite. Porém, chegaram a jurá-lo de morte, caso ele não aceitasse a coroa
paulistana. Ele, então, já seguido pelos gritos de muitos, refugia-se no Mosteiro de São Bento. O Abade e a
comunidade monástica saíram para deter a multidão, que logo se conteve em respeito aos religiosos. Bastava gritar
ao lado de fora do mosteiro sua aclamação. Aos poucos, os religiosos foram convencendo a população da falacidade
o intento, até acalmarem-se e desistirem de vez do que planejavam fazer.
Desiludido, Villegagnon retornou à Europa (em 1559), prometendo voltar, o que nunca cumpriu,
ganhando, assim, dos calvinistas, o apelido de “Caim da América”. Conseguiu, no entanto, uma indenização
por parte do governo português e, do governo francês, uma carta de corso contra os portugueses; mas não
a usou, preferindo negociá-la com Portugal, recebendo a soma de trinta mil ducados.
O Governador Men de Sá encontrava-se em Ilhéus quando recebeu notícias dos franceses por um
que desertara: Jean de Coynta, senhor de Bouléz, que, em troca da liberdade, lhe forneceu as informações
que precisava sobre a posição militar de seus patrícios e do Forte de Coligny.
A situação não permitia delongas; os jesuítas aconselhavam a fundação de um núcleo na Guanabara:
Nóbrega, em carta de 2 de setembro de 1557 ao padre Miguel de Torres, em São Vicente, afirmava esse
ponto de vista, "como sempre se desejou".
Chegados, enfim, os reforços tão insistentemente pedidos, a 30 de novembro de 1559, chefiados por
Bartolomeu de Vasconcelos da Cunha, Men de Sá reuniu mais homens, em duas naus e três navios menores,
e dirigiu-se para a Guanabara. O ataque ao Forte de Coligny verificou-se a 15 de março de 1560; resistiram
os intrusos por dois dias. Orientados por Bouléz, dois portugueses (Manoel Coutinho e Afonso Martins
Diabo) conseguiram entrar no forte e explodir seu paiol de pólvora, causando grande confusão. Os franceses
se retiraram escondendo-se nos matos próximos, com a ajuda dos tamoios; 74 renderam-se, Esse combate
é historiado em carta do padre Nóbrega, que o assistiu, datada de 01/06/1560, ao Cardeal D. Henrique.
Men de Sá limitou-se a arrasar o forte. Não dispunha de gente nem meios para criar um núcleo de
povoamento permanente, o que seria aconselhável. Da Guanabara, dirigiu-se a São Vicente e, depois, para
Salvador. No Espírito Santo, aceitou a renúncia do donatário Vasco Fernandes, nomeando Belchior de
Azevedo para administrar a região. Bouléz ficou em São Vicente, mas, hostilizado pelos habitantes, foi
remetido para Salvador onde enfrentou processo como herege e mandado, em seguida, preso para a
Inquisição de Lisboa onde foi desterrado para a Índia.
Os franceses, orientados pelos tamoios, tomaram novas posições na Ilha de Paranapuan (hoje
Governador). Insuflando os indígenas, conseguiram que o chefe Cunhambeba os reunisse para o ataque a
São Vicente e ao Colégio dos Meninos de São Paulo. Compreendendo o perigo que se avizinhava das
povoações portuguesas, o padre Manoel da Nóbrega e o irmão José de Anchieta entrevistaram-se com os
chefes indígenas. Duraram cinco meses as negociações, três dos quais Anchieta ficou como refém (quando
então compôs o poema à Virgem), terminando com o armistício de Iperoig (próximo de Ubatuba): os
portugueses não mais seriam atacados (14/09/1563).
Da terra do Brasil não cessavam de chegar a Lisboa pedidos no sentido de se fundar uma povoação
no Rio de Janeiro. Constitui documento valioso a carta de Brás Cubas a D. Sebastião de 25 de abril de 1562.
Prevenido pela metrópole, o Governador Castro Moraes organizou a defesa, concitando o General-
de-Batalha-do-Mar Gaspar da Costa Ataíde, apelidado "o Maquines", a que colaborasse, utilizando os
homens e os recursos de seus quatro navios, que estavam casualmente no porto do Rio. O efetivo total da
cidade atingia 3.270 homens, muitos dos quais índios, ou populares, pouco afeitos à profissão das armas.
A 12 de setembro de 1711, despontaram os franceses na entrada da barra, forçando-a, graças a um
pequeno nevoeiro. Os tiros dos fortes litorâneos não impediram a entrada dos franceses, apesar de terem
provocado trezentas baixas. Navegaram, lentamente, em direção da ilha de Villegagnon, sem serem
molestados, pois a fortificação nela instalada encontrava-se inoperante por causa da explosão do paiol de
pólvora. Bombardearam a cidade, ao mesmo tempo em que procuraram tomar as naus do Maquines,
conseguindo apenas uma, pois as outras foram inutilizadas por ordem de seu comandante.
Solicitou, o governador, que o Maquines garantisse, com seus homens, a ilha das Cobras, ponto
vulnerável. Mas não sabemos até hoje porque esse militar, tão famoso em guerras passadas, negligenciou
a sua parte, permitindo que os franceses tomassem a ilha nessa mesma noite. Tiros foram trocados com
peças assestadas no Mosteiro de S. Bento, mas sem proveito algum. Na manhã de 14, Duguay-Trouin
desembarcou seus homens na praia de S. Diogo, perto da Bica dos Marinheiros, e ocupou os morros de S.
Diogo, Livramento e Conceição, instalando, neste último, na casa do bispo, o seu quartel general. Do dia
15 ao 18, os invasores fustigaram a cidade com seus canhões. Castro Moraes procurou resistir, ao mesmo
tempo em que pedia ajuda às capitanias vizinhas. Apenas de Parati chegavam 580 homens, sob o comando
de Francisco do Amaral Gurgel.
No dia 19, um emissário francês exigia a rendição. Castro Moraes respondeu: "... Enquanto a
entregar-vos a cidade pelas ameaças que me fazeis, havendo-me ela sido confiada por El-Rei, meu Senhor,
não tenho outra resposta a dar-vos senão que a hei de defender até a última gota de meu sangue". Mas na
tarde do dia seguinte, os militares e notáveis da cidade, reunidos em conselho pelo governador, votaram
unanimemente pelo abandono da praça e a concentração em outra posição, com o auxílio de reforços, para
se proceder a um contra-ataque. Ordenada a retirada, esta se verificou no correr da noite, transformando-se
numa fuga desordenada e vergonhosa, em meio a um temporal fantástico, onde não foram poucos os saques
às propriedades da área rural. Concentraram-se todos em Moxambomba (hoje Nova Iguaçu).
Os próprios prisioneiros da expedição anterior, logrando evadirem-se, avisaram na manhã de 21 ao
comandante francês que a cidade se encontrava em suas mãos. Os fortes se renderam.
Donos da cidade, os franceses procederam a uma completa pilhagem, enquanto se calavam as
últimas resistências esparsas, momento em que morreu Bento do Amaral Coutinho. Duguay-Trouin não
ficou satisfeito com o saque: exigiu do governador um resgate, para não terminar de destruir a cidade.
MÓDULO 2 REGULAR - 87 - QOA-AA/AFN 2023
HISTÓRIA MILITAR NAVAL Prof. VAGNER SOUZA
Tentou ganhar tempo Castro Moraes, mas, pressionado pelos principais, que temiam perda de suas
propriedades, acabou cedendo em pagar a soma de 610.000 cruzados, além de cem caixas de açúcar e
duzentos bois. Como se imaginava, chegaram os reforços do planalto, comandados por Antônio de
Albuquerque Coelho de Carvalho, que, inexplicavelmente, não se empenhou em nenhuma ação militar com
os seus seis mil companheiros.
A 13 de novembro, partia Duguay-Trouin com uma expressiva presa, cujos lucros foram fixados
em 95%. Pensou atacar Salvador a pretexto de livrar os oficiais de Duclerc ainda presos. Ventos difíceis o
impediram, perdendo, mesmo, dois navios. Do rei francês, recebeu a promoção a Chefe-de-Esquadra e a
comenda de S. Luis e, da História, a fama de marujo audaz. Escreveu depois um livro de memórias.
O povo do Rio de Janeiro atribuiu a Castro Moraes a sua desventura. Alcunhou-o de grosseiro nome
e instou para que Albuquerque assumisse. Realmente, o governador não estava à altura de exercer um
comando militar; tivera êxito em 1710, como consequência do malogro do adversário, não por sua tática
militar. A sua incapacidade se demonstrava diante de um chefe como Duguay-Trouin. Castro Moraes foi
preso, bem como outros oficiais, abrindo-se logo uma devassa, com ouvidores da Bahia, que concluíram
pela culpabilidade de todos, remetidos, em seguida, para o Reino. O governador perdeu seus bens e partiu,
deportado, para o Indução, somente reabilitado em 1730; os militares receberam castigos severos e destinos
semelhantes. Menos o Maquines, contra quem nada se imputou. Uma segunda devassa aberta em Lisboa e
terminada em 1716 concluiu pela culpabilidade de Gaspar da Costa, condenado à prisão, pena que não se
aplicou por falecimento do réu. Antônio de Albuquerque foi, também, censurado pela sua atitude, perdendo
a governança.
B) Os Ingleses:
Os ingleses interessaram-se pelas riquezas nativas do Brasil ainda no século XVI. William Atkins,
em comando do navio Paul of Plymouth, realizou três viagens proveitosas à costa brasileira em 1530, 1536
e 1540. Mas, as correrias de flibusteiros ingleses nos mares brasileiros ocorreram quando o Brasil, seguindo
o destino de Portugal, passou a ser administrado pela Espanha. A rivalidade existente entre esta potência e
o reino de Elizabeth I, que projetava a Inglaterra nos mares, explica as incursões inglesas nos lados
meridionais do Oceano Atlântico. Devemos, também, assinalar a existência das cartas de John Whithali,
inglês radicado em Santos, enviadas a parentes, narrando a presença de pepitas de ouro; elas aguçaram os
corsários, contribuindo, assim, para as viagens de alguns deles.
Em 1583, Edward Fenton, com dois navios, investiu sobre a vila de São Vicente, travando combate
com três galeões espanhóis, comando de André de Equino, que se encontravam no local. Depois de cinco
dias, Fenton desistiu da empresa, apesar de ter afundado um dos galeões. Um dos navios ingleses,
capitaneado por Luke Ward, rumou imediato para a Inglaterra; Fenton ainda fez aguada no Espírito Santo
e tentou comerciar com o donatário Vasco Fernandes Coutinho.
Em 21 de abril de 1587, Robert Withringhton e Christopher Lister, cada um comandando uma nau
de guerra e contando com mais duas embarcações, entraram na Baía de Todos os Santos, apresando
pequenos navios mercantes. A cidade de Salvador resistiu, mas os dois corsários saquearam as fazendas do
recôncavo até junho. Durante esse período, houve diversos pequenos combates com perdas de ambos os
lados.
Quando Thomas Cavendish (o corsário elegante) resolveu excursionar no Brasil, já havia realizado
a famosa viagem de circunavegação do globo, a terceira que se tinha notícia. Sua esquadra era composta
de um galeão, duas naus e dois navios menores, com quatrocentos homens de guarnição. Em Cabo Frio,
apresou um navio português; desembarcou na ilha Grande, onde fez aguada e provocou desordens. Em
seguida, atacou a Vila de Santos (15/12/1591) e dela se apoderou, saqueando-a. O mesmo destino encontrou
a Vila de São Vicente. Cavendish as deixou parcialmente destruídas e incendiadas. Satisfeito, levantou
ferros em 03/02/1592, velejando litoral sul. Atingiu o Estreito de Magalhães. Dificuldades várias o
pressionaram a regressar pelo Oceano Atlântico. Perto de Santos obteve alguns víveres. Resolveu atacar,
de novo, a vila, mas os habitantes repeliram os intrusos. Cavendish rumou para o norte, atingiu Vitória e
desembarcou uma força de ocupação. Em renhido combate, os habitantes e mais índios guerreiros
destroçaram o contingente inglês. Na ilha de São Sebastião abandonou 20 feridos, dos quais apenas dois
C) Os Holandeses:
A inabilidade com que o Rei Filipe II tratou o problema religioso nos Países Baixos e debilidade da
coroa espanhola após a derrota da Invencível Armada para a Inglaterra, originaram uma guerra de libertação
que acabou sendo vitoriosa para os holandeses. Nascia um novo país, a República das Províncias Unidas
dos Países Baixos, a futura Holanda, e em franca rivalidade com a Espanha. Esta fechou seus portos aos
navios batavos, cônscia do poderio marítimo que desfrutava. Para a Holanda que surgia afigurava-se
indispensável à libertação dos mares, mas só a iria obter através de lutas. Desenvolvendo-se rapidamente,
graças aos capitais judeus provenientes da Península ibérica, a Holanda organizou empresas mercantis que
deram origem ao seu império. A primeira foi a Companhia das Índias Orientais (1602), seguindo-se a das
Índias Ocidentais, criada por Willen Usselinx. A sua administração compunha-se de 19 diretores, o
chamado Conselho dos Dezenove, que funcionava em Amsterdã e Midelburg. Essas duas companhias
constituíam empresas mercantis paraestatais, de amplos poderes, pouco influindo nelas os “stathouders”
(governantes) dessa República das Províncias Unidas dos Países Baixos durante esse período que interessa
ao Brasil (Moritz, de 1584 a 1625, Frederich-Henrich, de 1625 a 1647, Willen II, de 1647 a 1650, e Johan
van Witt, de 1650 a 1672). Para justificar a expansão marítima de sua pátria, Hugo von Groot escreveu
Maré liberum, em 1609, tendo provocado uma grande polêmica na Europa.
Deduz-se, portanto, que o procedimento de Filipe II atiçou os holandeses a procurarem nas próprias
fontes os produtos que distribuíam na Europa; a paralisação do mecanismo de revenda dos mesmos
representaria a morte da nação, que fundamentava a sua economia no comércio. O desejo de dominar as
terras produtoras de açúcar não consistiu a única razão das invasões holandesas em terras do Brasil;
desestabilizar o império espanhol (e português) no Atlântico consistia o objetivo primordial.
Por isso, alguns holandeses andaram investigando o nosso litoral. Os quert, comandando uma urca
holandesa, participou do assalto à Bahia impetrado pelos corsários ingleses Withringhton e Lister. Em 9 de
fevereiro de 1599, Olivier van Noortt, utilizando as boas qualidades do seu navio Eendracht, tentou
desembarcar no Rio de Janeiro, mas foi repelido. No mesmo ano, Hartman e Broer, com sete embarcações,
assolaram o recôncavo baiano conseguindo alguma presa. Em 1604, Paulus van Carden, com sete navios,
aventurou-se na Bahia, apoderando-se de muito açúcar. Dez anos depois, Joris van Spilberg, com seis
navios, ocupou a ilha Grande, efetuando depredações em São Vicente e em Santos. Pouco depois, em 1615,
o Governador do Rio de Janeiro, Constantino Menelau, afugentou holandeses que se encontravam em Cabo
Frio, logrando fazer alguns prisioneiros, enviados para o governador geral.
Os holandeses interessaram-se, também, pela Amazônia; sabe-se que Pieter Adriaansz fundou, em
1616, uma colônia na margem do Rio Paru. Um comércio intenso e regular se estabeleceu. Os portugueses
reagiram enviando uma expedição sob o comando de Luís Aranha de Vasconcelos, que destruiu redutos
holandeses e apresou uma nau capitaneada por Adriaansz. Outro holandês, Nikolaas Ouclaen, associou-se
ao irlandês Purcell e fundou um núcleo na foz do Rio Xingu (Mandiutuba) arrasado por Pedro Teixeira,
Jerônimo de Albuquerque e Pedro da Costa Favela. Ouclaen escapou levando muitos em sua companhia.
Teixeira e seus companheiros perseguiu-os atingindo os fortes da ilha dos Tucujus, que combateram e
tomaram no dia seguinte, regressando a Belém com prisioneiros. Ouclaen morreu no campo de batalha.
Afigurava-se melhor, concluíram, ocupar a Zuickerlând, isto é, a terra do açúcar. Foi o que
aconselhou à Companhia, em 1624, Jan Andries Moerbeeck no escrito que intitulou “Motivos porque a
Companhia das Índias Ocidentais deve tirar ao rei da Espanha a terra do Brasil”.
Percebendo que a permanência em Recife se mostrava arriscada, destruiu os armazéns, navios com
preciosas cargas e se retirou para as margens do Rio Capiberibe, a igual distância entre os dois núcleos,
fundando o Arraial do Bom Jesus (04/03/1630), formado com todos aqueles que fugiam dos holandeses.
Com a capitulação do Forte de São Jorge, comandado por Antônio Lima, os holandeses ocuparam Recife
(03/03/1630).
Enquanto o arraial se tornava uma fortificação capaz de resistir aos inimigos, os nossos
organizaram-se no sistema de guerrilhas que bons resultados dera na primeira invasão. Os mais diversos
elementos se confraternizaram para combater os intrusos, destacando-se os índios do bravo Poti (depois
batizado de Antônio Filipe Camarão) e diversos negros sob o comando de Henrique Dias.
As guerrilhas predispunham os invasores a um permanente estado de sobreaviso, causando, assim,
intenso nervosismo nos holandeses, que se viram em situação constrangedora. Por isso, construíram as
fortificações do Brum, de Cinco Pontas e Três Pontas.
Logo receberam reforços: 16 navios e cerca de mil homens sob o comando de Adriaen Iansen Pater.
Por isso, animaram-se a ocupar a ilha de Itamaracá, onde ergueram o Forte Orange. Entretanto, o governo
espanhol aprestou uma esquadra que visava a compelir os invasores a uma capitulação. Comandava-a D.
Antonio de Oquendo. Este atingiu Salvador em 13 de junho (1631); em setembro, fez-se ao mar para
conduzir reforços para Matias de Albuquerque. Os holandeses estavam, porém, vigilantes; Oquendo tentou
safar-se se dirigindo para o sul; Pater seguiu-o.
Encontraram-se as duas esquadras em setembro de 1631, em Abrolhos, travando o primeiro combate
naval de larga envergadura da história brasileira (Combate Naval de Abrolhos) e de toda a América até
aquele momento. Outra grande batalha só terá lugar em 1640. Oquendo dispunha de vinte navios de guerra,
com 439 peças, comboiando navios que transportavam açúcar e 12 caravelas com tropas de apoio, sob o
comando do Conde de Bagnoli. Pater tinha 16 navios com 472 peças. Às nove horas de manhã, começou a
batalha que durou até o anoitecer. Oquendo repeliu o ataque adversário provocando a sua fuga, tendo sido,
portanto, o vencedor, apesar de ter tido tantas perdas quanto Pater, que morreu nesse dia, afundando com
sua capitânia Prinz Wíllen. Complementando a sua missão, Oquendo conseguiu desembarcar o
destacamento militar comandado pelo Conde de Bagnoli; pouco depois, esta força juntou-se aos que
seguiam Albuquerque.
A posição dos holandeses estabilizara-se. Dispunham, nesse momento, de sete mil homens. Seu
comandante, Coronel Waerdenburch, firmou-se na Ilha de Itamaracá; a direção do Forte Orange foi
entregue ao Coronel Crestofle d'Artischau Arciszewsky, mercenário polonês.
Por ordem de Albuquerque, Bagnoli e trezentos napolitanos dirigiram-se para o Cabo de Santo
Agostinho, onde erigiram o Forte de Nazaré.
Em 25 de novembro, Waerdenburch incendiou Olinda e se concentrou no Recife. Tentou conquistar
o Forte Cabedelo, na foz do Rio Paraíba, sem sucesso; a pequena expedição do Capitão Smient atingiu o
Forte Ceará e não foi mais feliz; e a investida sobre o Forte dos Reis Magos redundou em fracasso.
MÓDULO 2 REGULAR - 92 - QOA-AA/AFN 2023
HISTÓRIA MILITAR NAVAL Prof. VAGNER SOUZA
Mas, a traição de Calabar (20 de abril de 1632) mudou a sorte dos acontecimentos. Domingos
Fernandes Calabar era um natural da terra, nascido em Porto Calvo; seu interesse residia na ambição de
enriquecer. Desentendendo-se com Albuquerque, talvez por causa do contrabando de alimentos, foi expulso
do arraial. Os holandeses, agora dirigidos por um homem de valor, o General Sigmund von Schkoop, e
tendo o apoio de um conhecedor da terra, conseguiram desarticular as guerrilhas e alcançar inúmeras
vitórias: partindo do Forte de Orange, na Ilha de Itamaracá, dominaram toda a ilha, expulsando o Capitão
Salvador Pinheiro e sua gente; assaltaram Igaraçu; cercaram o forte do Rio Formoso, onde o Capitão Pedro
de Albuquerque e vinte homens resistiram a quatro ataques mas morreram 19; o capitão, ferido, foi
conduzido ao Recife e se restabeleceu, seguindo para as Antilhas e daí para a Europa. Waerdenburch
retirou-se para a Europa, sendo substituído (24/03/1633) pelo Major Rembach. Ainda com a participação
de Calabar, uma expedição, sob o comando de Lichtardt, ocupou Natal e cercou o Forte dos Reis Magos,
no Rio Grande do Norte, capitulando a sua guarnição (12/12/1633). Em 16 de dezembro (1634), os
holandeses conquistaram o Forte de Cabedelo na Paraíba; em seguida, assaltaram o Forte de Santo Antônio,
situado na margem esquerda do Rio Paraíba, e investiram sobre Filipéia, que passou a se chamar Frederícia.
Continuando sob a orientação de Calabar, os holandeses ocuparam Porto Calvo e obtiveram a rendição do
Forte de Nazaré (02/07/1635). Em seguida, cercaram o Arraial do Bom Jesus, que se rendeu em 8 de julho,
apesar dos esforços de seu comandante, Coronel André Marin.
Cerca de sete mil pessoas encetaram penosa marcha para o sul, em direção a Alagoas. Reagiu
Sebastião do Souto cercando Porto Calvo e obrigando a render-se o Major Picard, com seus 402 homens,
entre os quais se encontrava Calabar. Albuquerque, sabedor deste episódio vitorioso, acorreu em Porto
Calvo e ordenou o enforcamento de Calabar, que, assim, ocorria, por ironia da História, na terra que nascera
(22 de julho de 1635).
Esses fatos sacudiram a Corte do rei espanhol que mandou um reforço de 1.700 soldados, sob o
comando do General D. Luis de Roias y Boria, Duque de Gandía, substituto de Albuquerque, recolhido
preso ao Reino. Resolveu o afoito duque oferecer combate aberto. Em Mata Redonda, próximo a Porto
Calvo, alinhou seus combatentes, 1.100, contra 1.300 do Coronel Arciszewsky, perdendo espetacularmente,
sendo morto logo aos primeiros tiros (18/01/1636). Seu exército contou duzentas baixas e recuou para Porto
Calvo; os holandeses tiveram quarenta mortos e 85 feridos, mas não souberam aproveitar a vitória. O duque
foi substituído por Bagnoli, que prudentemente volveu ao sistema de guerrilhas.
Vários holandeses compreenderam que a luta estava próxima do fim e, amotinados, buscaram
refúgio nas Antilhas. E as guerras navais que se abriram entre a Holanda e a Inglaterra, em decorrência do
Ato de Navegação, de Cromwell, concorreram para apressar o desfecho. Os Atos de Navegação, decretados
pelo governo inglês de Oliver Cromwell a partir de 1650, protegiam os mercadores ingleses e suprimiam a
forte participação holandesa no comércio inglês. As tensões crescentes deram início à guerra entre Países
Baixos e Inglaterra (1652-1654), o que favoreceu a maior aproximação entre ingleses e portugueses. Diante
da derrota militar para os britânicos, os holandeses, enfraquecidos e desgastados, também perderam para
as forças luso-pernambucanas, que, em 1654, puseram fim à sua dominação sobre o Brasil.
Schkoop e seus homens se viram reduzidos ao Recife, perdendo as suas praças fortes, cercados por
mar pelos 64 navios mercantes e 13 de guerra, comando do Almirante Francisco de Brito Freire, armados
pela Companhia Geral de Comércio do Brasil. Assim, capitulou o Forte do Rego (14/01/1654). Na margem
esquerda do rio Capibaribe, rendeu-se o reduto Altenar (Major Berghen e 180 homens); no dia 23, pediu
armistício o Forte Cinco Pontas, comandado por Waulter van Loo. Três dias depois, Cilbert de With e
Huybrecht Brest assinaram com Francisco Álvares Moreira, o Capitão Manoel Gonçalves Correa e o
Capitão Afonso de Albuquerque uma capitulação, com 27 artigos, no local chamado Campina do Taborda
A) A Descoberta do Ouro:
A pobreza da inicialmente próspera capitania de São Vicente, frente ao sucesso do empreendimento
açucareiro no Nordeste, levou à organização de bandeiras, expedições cujo objetivo era procurar riquezas
no interior da colônia e apresamento de nativos, além de ataques contratados a quilombos, como ocorreram
posteriormente.
Diante da ocupação de Pernambuco e da região africana de Angola pelos holandeses, as demais
capitanias não tinham acesso a carregamentos de escravos. Assim, embora as primeiras bandeiras de
apresamento de índios visassem obter mão-de-obra para a pequena lavoura paulista ou a venda para regiões
próximas, progressivamente passaram também a sanar as dificuldades dos senhores de engenho do
Nordeste, onde se localizava a maior produção agrícola baseada em mão-de-obra escrava.
Muitas bandeiras atacaram as missões jesuíticas do Oeste e Sul da colônia, capturando milhares de
nativos e cobrando um valor mais alto pelos aculturados por estarem adaptados ao trabalho agrícola.
A atividade apresadora de índios entrou em decadência, com o fim do domínio espanhol e a
retomada do comércio de africanos pelos portugueses, normalizando o abastecimento de escravos para a
colônia. Os paulistas organizados em bandeiras dedicaram-se, então, a atacar aldeamentos de nativos
insubmissos e de negros fugidos que viviam em quilombos. Essas expedições, a serviço dos fazendeiros ou
da administração colonial, eram chamadas de bandeiras de contrato, destacando-se a de Domingos Jorge
Velho, que venceu a resistência dos cariris e janduís e destruiu o quilombo de Palmares, em fins do século
XVII.
As mais importantes bandeiras foram, contudo, as destinadas à procura de metais preciosos,
incentivadas pela metrópole devido ao declínio da economia açucareira nordestina na segunda metade do
século XVII devido ao sucesso do empreendimento exercido pelos holandeses nas Antilhas após a expulsão
do Brasil. O financiamento das expedições paulistas trouxe a descoberta de ouro na região de Minas Gerais
– como em Vila Rica, atual Ouro Preto, e Sabará –, depois Mato Grosso e Goiás, dando início à atividade
econômica mineradora na colônia.
Portugueses, estrangeiros e colonos de
outras áreas, apelidados pelos paulistas de
emboabas (forasteiros), foram atraídos para a
região das minas, entrando em conflito
armado com os descobridores das jazidas e
terminando por expulsá-los da região. Os
bandeirantes paulistas dirigiram-se, então,
para a região central da colônia; em 1719,
Pascoal Moreira Cabral descobriu ouro em
Cuiabá e, em 1722, Bartolomeu Bueno Filho
achou riquezas em Goiás.
B) Os Vice-Reis na Bahia:
A descoberta do ouro e dos diamantes e o consequente progresso da Colônia despertaram a
administração portuguesa, que passou a olhar com maior interesse para o Brasil, Coincidiu com o
desabrochar do iluminismo cartesiano entre os pensadores europeus, que influenciaram os governantes a
assumir atitudes mais justas para com os povos. Reinou D. João V de 1706 a 1750.
A partir de 1714 os governadores gerais, que tinham por capital Salvador, ostentam o título de vice-
rei, sem, contudo, existir qualquer ato de elevação do Brasil a vice-reino; foram enviados ilustres homens
e administradores capazes, que empreenderam obras de vulto.
O Marquês de Angeja (D. Pedro Antônio de Noronha) realizou ótimo governo (1714 a 1718); serviu-
se do Brigadeiro Jean Massé, calvinista francês, que ergueu fortificações no estilo Vauban e reformou e
ampliou os fortes de S. Marcelo e do Barbalho, ambos em Salvador. Reabriu a Casa da Moeda, aumentou
a Sé, enquanto a população ia construindo suas casas sem regularidade alguma. La Barbinnais, francês,
visitou Salvador nessa época deixando interessante descrição da cidade e de seu povo devoto e indolente.
O Conde de Vimieiro (D. Sancho de Faro) sucedeu-lhe (1718) e, já doente, morreu a 13 de outubro
de 1719, ficando uma Junta a exercer a administração. Conseguiu celebridade em razão do castigo aplicado
aos piratas ingleses, cujo navio encalhara na costa fluminense, em Macaé, enforcando 27.
Trazia a experiência, por ter sido vice-rei da Índia, o Conde de Sabugosa (Vasco Fernandes Cesar
de Menezes), que assumiu em 1720, estendendo, por 15 anos, o seu governo. Completou as obras de
fortificações e visitou diversas capitanias; severo e disciplinador, condenou sete soldados à morte,
consequência de um motim em Salvador (10/05/1728); esclarecido, criou a Academia Brasílica dos
Esquecidos, a 7 de março de 1724, em dependências de seu palácio, tendo se reunido 18 vezes. Iniciou a
cobrança do donativo para perfazer o dote da Infanta D. Maria Bárbara (1727), num total de sete milhões
de cruzados (a serem pagos em 25 anos).
Substituiu-o Conde das Galveias (André de Meio e Castro), assumindo a 11 de maio de 1735;
favoreceu a capital, concorrendo para a construção de três conventos de freiras: Lapa, Mercês e Soledade,
este, iniciativa do jesuíta Gabriel Malagrida.
Sucedeu-lhe o Conde de Antouguia (D. Luis Pedro Peregrino de Carvalho de Menezes e Ataíde) em
1749, permanecendo como vice-rei até 1755.
Governou, em seguida (primeira intervenção do Marquês de Pombal), o 6º Conde dos Arcos (D.
Marcos de Noronha), de 1755 a 1760. O conde reedificou o fortim do Rio Vermelho, bem como cobrou
impostos que facilitaram Pombal na reconstrução de Lisboa, vitimada pelo terremoto de 1755. O 1º
Marquês do Lavradio (D. Antônio de Almeida Soares e Portugal), último dos vice-reis que teve Salvador
como capital, exerceu sua atividade por apenas seis meses, porque logo faleceu, ficando uma junta em seu
lugar até 1763, quando houve a transferência da capital para o Rio de Janeiro.
F) Progresso Econômico:
O século XVIII corresponde ao ciclo do ouro, consequência lógica do encontro das minas e veios
auríferos pelos bandeirantes e desbravadores. Os mineradores e tropeiros vão lentamente sedimentando a
conquista obtida, também, graças ao aventureiro ávido de riquezas, que termina por se fixar no interior após
a dissolução de seus sonhos de grandeza.
Em 1702, 19 de abril, a metrópole organizou o Regimento dos Superintendentes, Guardas-Mores e
Oficiais-Deputados para as Minas de Ouro e, para cumpri-lo, instituiu a Intendência das Minas.
Qualquer descoberta devia ser comunicada à intendência; os guardas-mores demarcavam o local e
distribuíam as "datas" (porções de terra), exclusão de uma, do descobridor, e de outra, da Coroa. As demais
entravam em sorteio para os candidatos possuidores de, no mínimo, 12 escravos.
A princípio, os mineradores apenas afastavam o cascalho da margem dos ribeirões com toscos
instrumentos; passo importante representou a adoção da bateia, de origem africana. A presença da água
consistia em necessidade elementar: apanhava-se ouro nos córregos (ouro da água), nas margens dos rios
(ouro de tabuleiro) e nas encostas secas (ouro de grupiara), utilizando-se a água para o desmonte do
cascalho. A "cata" do ouro era simples nos dois primeiros casos, mas complicava-se no terceiro, devendo-
se levar a água, por força humana ou animal, a regos de madeira, provocando, pela atuação da gravidade, a
lavagem das faldas dos montes e a formação de uma "cata" artificial. Daí a importância das águas ser origem
de muitas desavenças. Obtinha-se o ouro de veio talhando a rocha e triturando os pedaços em pilões.
Ao rei cabia 20% do ouro encontrado: consistia no "quinto", imposto que aparece nas Ordenações
e Regimentos mineiros, desde os primeiros tempos coloniais. Em virtude das dificuldades de arrecadação
e de fiscalização, a Intendência estipulou, em 1713, por proposta dos mineradores, a finta, anuidade fixa
cobrada ao distrito mineiro, montante em trinta arrobas de ouro; em 1718, reduziu-se para 25. Esta fórmula
não suprimia a sonegação; por isso, a metrópole criou as Casas de Fundição em 1720, mas com atuação
efetiva a partir de 1725, destinadas a converter o ouro minerado em barras seladas, proibindo-se,
igualmente, a circulação do ouro não quintado, A produção diminuiu tanto que a Intendência das Minas
aplicou a capitação, a partir de 1º de julho de 1735, sem eliminar a arrecadação dos quintos. A capitação
consistia numa taxa fixa (quatro oitavas e 3/4) que o minerador pagava por cada escravo de mais de 14 anos
empregado na sua lavra; as lojas, vendas e boticas da região mineira contribuíam com uma capitação que
variava entre oito e 24 oitavas (cada oitava equivalia a 3,586 gramas). Avolumaram-se os protestos contra
esse sistema, injusto, pois devia ser pago mesmo nas fases de pesquisa ou ainda que nenhum resultado se
chegasse, Assim, a Coroa retomou ao quinto, depois de 3 de dezembro de 1750, exigido sob a forma de
finta, equivalente a cem arrobas. Somaram-se os déficits por causa da exaustão dos veios auríferos,
arrecadados compulsoriamente sob a forma de derrama, a qual não consistia em novo imposto.
Mas o contrabando do ouro ou o "descaminho", bem como a falsificação dos selos reais para a
fabricação de barras sem a retirada do imposto, floresceu em todo o século XVIII, apesar das medidas
repressivas e da vigilância dos registros, postos de fiscalização nos caminhos das Minas. Através de trilhas
pouco frequentadas, o ouro era levado a Salvador ou ao Rio de Janeiro e, desses portos, para outros lugares,
como Açores, Buenos Aires, Antilhas, de onde se transportava para a Europa. Contribuía a venalidade de
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muitos funcionários públicos, mesquinhamente pagos. Utilizava-se qualquer fardo para esconder o ouro,
tendo ficado famosos os “santos-de-pau-oco”. O governador do Rio, Luis Vahia Monteiro, sobre tudo isso
preveniu a Coroa, não tendo desta recebido apoio devido. Célebre ficou a quadrilha de Inácio de Souza
Ferreira que tinha uma fundição clandestina na serra de Paraopeba e agentes espalhados nas principais
cidades.
Calcula-se a produção aurífera em 982t, o que representa boa parte do ouro circulante no mundo.
Entretanto, a condição política do Brasil não lhe permitiu aproveitar-se dessa riqueza para próprio
desenvolvimento. Serviu para Portugal levar uma vida luxuosa e de ócio, adquirindo produtos
manufaturados ingleses e entregando à Inglaterra, aos poucos, o ouro brasileiro. Mas o sonho das minas
não durou muito: antes de terminar o século XVIII, o ouro já estava esgotado. Deficiências técnicas e
ignorância dos mineradores aliaram-se para impedir a extração de depósitos profundos.
As primeiras notícias de diamantes datam de 1714, Pouco depois, em 1727, Bernardo da Fonseca
Lobo achou as primeiras pedras no sítio de Morrinhos, em Cerro Frio. Vários mineradores acorreram à
região. Em 1734, Portugal criou a Intendência dos Diamantes, submetida a uma legislação especial, o
Regimento das Terras Diamantinas (conhecido como Livro da Capa Verde), datado de 1771. Até 1740,
permitiu-se a livre exploração; depois, contratou-se com particulares a obtenção dos diamantes,
delimitando-se o Distrito Diamantífero, cujo centro localizava-se no Arraial do Tijuco (hoje Diamantina).
O contratador devia pagar, aproximadamente, £40.000 anuais. Famosos ficaram Felisberto Caldeira Brant,
que encontrou falência depois de vários infortúnios, e João Fernandes Oliveira, que não mediu dinheiro
para contentar Xica da Silva. Calcula-se em três milhões de quilates o fornecimento durante a época
colonial, provocando uma baixa de 75%, por quilate, na venda de diamantes em mercados da Europa.
A exploração das minas acarretou um rápido povoamento do interior. Sendo o ouro a preocupação
maior, ninguém pensou em plantar e criar, o que gerou uma grande dificuldade de vida, pela deficiência
dos meios de subsistência. A comida vinha de muito longe e chegava às Minas por preços absurdos. Assim,
surgiram as fortunas alicerçadas no comércio e na criação de gado. O ouro mudou o posicionamento social:
nos séculos anteriores importavam as grandes sesmarias agora, a situação social fundamentava-se nas
riquezas móveis. Com o tempo, dispersam-se os mineradores, arraiais, povoados e vilas se formavam, se
desenvolveu o comércio com o litoral, ao mesmo tempo em que são abertos caminhos percorridos pelos
tropeiros. A parte Sul, com o Rio de Janeiro à frente, progrediu muito, enquanto o Nordeste entrou
lentamente em decadência.
Corria o dinheiro português quer cunhado no Reino, quer produzido nas casas de moeda em Minas.
De ouro existiam: a dobra de oito escudos e valor de 12,800 réis, a dobra de quatro escudos, com valor de
6.400 réis, a meia-dobra, de 3.200, o escudo, de 1.600 réis, o meio-escudo e o quarto de escudo, chamado
cruzado. De 1724 a 1727, existiram os cruzados-novos, com valor de 480 réis. A unidade da moeda de prata
chamava-se tostão, com valor de 100 réis. Havia moedas de cobre de 40 e 20 réis, A diversidade de moedas
e a variedade de cunhagens produziram um sistema monetário verdadeiramente anárquico, isso sem contar
com a presença de moedas falsificadas pelas próprias casas de moedas ou por particulares.
O açúcar, grande riqueza do século XVII, ocupou, no século XVIII, lugar secundário. Fazendas se
despovoaram por causa das minas, coincidindo com a baixa do preço do produto que já começava a
enfrentar a concorrência do produzido nas Antilhas. Contudo, a Bahia exportava, em 1798, de 14 a 18 mil
caixas de açúcar, e Pernambuco, de 12 a 13 mil.
O cultivo do tabaco intensificou-se pelo desenvolvimento do vício de fumar. Antonil dedicou 12
capítulos de seu livro ao tabaco. Havia, em Lisboa, uma Alfândega do Tabaco, reorganizada por Pombal
em 1751. Em certos anos, o lucro com o tabaco subia ao dobro do que se obtinha com o ouro. Provavelmente
em 1757, Pombal enviou à Vila de Cachoeira, na Bahia, André Moreno com a incumbência de preparar o
tabaco em folhas para a fabricação de charutos. O cacau conseguiu um lugar de destaque, existindo
plantações em Ilhéus, sul da Bahia.
Somente no final do século, renasceu a economia agrícola vinculada ao algodão, vegetal têxtil nativo
da América. O nascimento de indústrias fabris mecanizadas, resultado da descoberta da máquina a vapor
(James Watt em 1769), ofereceu ao Brasil a oportunidade de produzir algodão e vendê-lo à Inglaterra, que
começou a encontrar dificuldades de extrair de suas próprias colônias americanas. Em 1775, a produção
atingia cinco milhões de libras (peso), aumentando, em 1791 para 26 milhões. O cultivo do algodão
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concentrou-se no Maranhão, espalhando-se, depois, em outros pontos do litoral. As atividades ficaram
vinculadas ao escravo, usando-se o descaroçamento manual; a máquina inventada por Eli Whitney, em
1793, não chegou a ser conhecida no Brasil.
Os colonizadores se aproveitaram de muitas espécies vegetais indígenas, neste século XVIII, já
participando da alimentação dos habitantes, como procuraram plantar os vegetais que normalmente
integravam a sua dieta europeia; o trigo e a uva não chegaram a se desenvolver, apesar dos esforços
despendidos; diversas árvores frutíferas se deram bem e passaram a ser cultivadas, Merece citação especial
o coqueiro, proveniente da Ásia e da Oceania. O vice-rei, 2º Marquês do Lavradio, iniciou o cultivo do
arroz e do chá, este plantado com sucesso nos arredores do Rio de Janeiro. Não sendo alimentícias, mas de
alto interesse, lembremos o cultivo da amoreira, da anileira e do cânhamo. Utilizou-se, também, o mate,
proveniente das missões guaraníticas.
O café, introduzido no Pará, em 1727, pelo ajudante Francisco Xavier Palheta, que transportou a
planta da Guiana Francesa, cumprindo ordem do governador do Estado do Maranhão, João Maia da Gama,
ainda estava em fase de aclimatação.
Percorrendo a costa norte do Brasil lentamente e sem muito sucesso, o café chegou ao Rio de
Janeiro, trazido pelo desembargador do Maranhão João Alberto Castelo Branco, ocasião em que governava
a Repartição do Sul Gomes Freire de Andrade (1760). Apenas duas mudas foram plantadas em chãos do
Convento dos Barbonos, na rua do mesmo nome (hoje Evaristo da Veiga). Apesar dos desvelos dos padres,
uma delas morreu, mas a outra se desenvolveu dando frutos que, apanhados pelo holandês J. Hoppman,
este os plantou em suas terras de Mata Porcos (hoje Estácio), formando extenso cafezal, protegido pelo
vice-rei Marquês do Lavradio. Rapidamente, os pés de café se espalharam na terra carioca, principalmente
na fazenda do Mendanha (Campo Grande – RJ), de propriedade do Padre Antônio Couto da Fonseca, que
os plantou na vila de Resende, fundada pelo vice-rei Conde de Resende. Ao final do século, podiam ser
vistas plantações de café em São Paulo e Minas Gerais.
Durante o século XVII, o gado bovino subiu morosamente pelas duas margens do Rio São Francisco
até as suas nascentes. Criado extensivamente, ele se multiplicou em terras mineiras, atingindo, neste século
XVIII, o planalto goiano e mato-grossense. De São Vicente, foi o gado levado para Paranaguá, e de tal
maneira ele se desenvolveu, que os criadores procuraram os "campos de cima", fundando Curitiba. De
Curitiba, o gado caminhou para o sul, encontrando bons pastos nos pampas sulinos. Nessa região, o gado
cavalar começou a ser criado com bastante proveito, barateando o preço da montaria até então acessível a
poucos, No fim do século, a área sulina produzia excelente charque, distribuído para todo o Brasil,
ocasionando a decadência parcial do gado nordestino.
A circulação de riquezas, resultado da descoberta das minas, provocou o nascimento de pequenas
manufaturas: cerâmica, metalurgia, ourivesaria, tecelagem e outras menores, o que não foi bem-visto pela
metrópole. Em 1766, ficava proibida a profissão de ourives. O alvará de 5 de janeiro de 1785 proibiu a
instalação de estabelecimentos fabris. Em consequência, as tecelagens paralisaram-se, com exclusão
daquelas destinadas ao fabrico de tecidos para os escravos e sacaria. Bastante desenvolvida mostrou-se a
pesca da baleia, cetáceo abundante no litoral sul, em especial na Baía de Guanabara. No Rio de Janeiro
funcionaram armações que industrializavam a carne, o azeite, as barbatanas e o espermacete (cera branca
existente na cabeça de baleias e cachalotes empregada na fabricação de cosméticos). Os curtumes
necessários a obtenção de couro, utilizável para a exportação, existiram em vários centros urbanos. E as
fábricas de anil, no Rio e no Pará, chegaram a exportar para a metrópole até quinhentas arrobas anuais.
Continuamos, neste século XVIII, a enviar para a metrópole os produtos nativos brasileiros,
recebendo, em troca, os manufaturados de origem portuguesa ou estrangeira, através de comerciantes
portugueses. Chamava-se, esse intercâmbio, de Pacto Colonial, estando vedado a qualquer nação fazer o
comércio direto em portos brasileiros. Mas, em algumas vezes, navios ingleses burlavam esse acordo e,
alegando arribada forçada, efetuavam trocas comerciais diretas, com alguns subornos às autoridades locais.
O comércio interno, por via terrestre com as terras espanholas, tornou-se muito importante e até hoje pouco
conhecido, dado o seu caráter de contrabando. Muitos “peruleiros” embrenhavam-se pelas regiões
desconhecidas, visando lucros com as populações andinas, brancas ou nativas.
Apesar de a Companhia Geral de Comércio do Brasil ter sido extinta em 1720, a ideia renasceu
durante a época de Pombal, que criou, em 1755, a Companhia de Comércio do Grão-Pará e Maranhão
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e, em 1759, a Companhia de Pernambuco e Paraíba. Ambas conseguiram altos lucros praticando abusos
na venda de produtos que monopolizavam. Foram extintas por D. Maria I em 1778 e 1779, respectivamente.
O comércio negreiro mostrou-se ativo e compensador durante este século XVIII, graças às
necessidades das minas, onde o africano não vivia muito tempo. Havia um trânsito permanente de tumbeiros
para os mercados brasileiros, enriquecendo a quantos a esse negócio se dedicavam.
Relativamente ao comércio interno, não possuímos dados suficientes. Tratava-se de mercadorias
destinadas à exportação e que eram transportadas aos portos de embarque; e os produtos estrangeiros que,
a partir desses mesmos portos, se distribuíam no resto do país. Tropas de muares percorriam os caminhos
conhecidos solidificando a conquista que os bandeirantes haviam iniciado.
H) As Questões de Fronteiras:
A fronteira do Sul do Brasil demorou a ser definida devido à ferrenha disputa travada entre Portugal e
Espanha que tinham interesse em dominar a estratégica região platina. Para consolidar o domínio da região, os
A família real portuguesa embarca para o Brasil no cais de Belém (Portugal) em 29/11/1807.
Esta apostila de História do Brasil, com enfoque em História Marítima (Civil e Militar) Brasileira, foi
desenvolvida com dados dos seguintes meios:
Fontes Impressas:
ALENCAR, Carlos Ramos de, Alexandrino, O Grande Marinheiro. Serviço de Documentação da Marinha,
Rio de Janeiro, 1989.
BELOT, R. de, A Guerra Aeronaval no Mediterrâneo. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Record, 1939-1945.
CAMINHA, Vice-Almirante João Carlos. História Marítima. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército
(BibliEx), Coleção General Benício, 1976.
FROTA, Guilherme de Andrea, Quinhentos Anos de História do Brasil. Rio de Janeiro: Biblioteca do
Exército (BibliEx), Coleção General Benício, 2000.
GOMES, Laurentino, 1808: como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta
enganaram Napoleão e mudaram a história de Portuga e do Brasil. São Paulo: Ed. Planeta, 2007.
HART, B. H. Liddell, As Grande Guerras da História. 3º Ed. São Paulo: IBRASA, Instituição Brasileira
de Difusão Cultural S. A.
_____ Introdução à História Marítima Brasileira. Rio de Janeiro: Serviço de Documentação da Marinha,
2006
LIMA, Roberto Luiz Fontenelle. Guerra e Desarmamento: Duque de Caxias: Imprensa Naval.
SCHWARTZ, Stuart B., Segredos Internos: engenhos e escravos na sociedade colonial, 1550 - 1835. 1ª
reimpressão. São Paulo: Companhia das Letras, 1995
VIANA FILHO, Vice-Almirante Arlindo, Estratégia Naval Brasileira. Abordagem à História da Evolução
dos Conceitos Estratégicos Navais Brasileiros. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército (BibliEx),
Coleção General Benício, 1995.
VICENTINO, Cláudio e DORIGO, Gianpaolo. História para o Ensino Médio – História Geral e do Brasil.
São Paulo: Scipione, 2000, vol. único.
Fontes Eletrônicas:
* Será abordado o Livro “Marinha do Brasil - Uma Síntese Histórica” – (SDM, RJ, 2018) - Não incluso neste módulo.
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Sumário
PORTUGUÊS ........................................................................................................................................................................... 5
REDAÇÃO................................................................................................................................................................................ 7
Desenvolvimento ..................................................................................................................................................................... 7
As relações de causa e consequência na dissertação .......................................................................................................... 10
Conclusão .............................................................................................................................................................................. 11
Sugestão de temas para textos dissertativos ........................................................................................................................ 17
GRAMÁTICA ......................................................................................................................................................................... 18
Advérbio ................................................................................................................................................................................. 18
Numeral ................................................................................................................................................................................. 21
Verbo ..................................................................................................................................................................................... 22
Pronome ................................................................................................................................................................................ 45
MATEMÁTICA ........................................................................................................................................................................ 63
Sequências ............................................................................................................................................................................ 65
P.A. (Progressão Aritmética) ................................................................................................................................................. 66
P.G. (Progressão Geométrica) .............................................................................................................................................. 81
Análise Combinatória ............................................................................................................................................................. 95
Probabilidade ....................................................................................................................................................................... 114
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15.4 - Aspectos demográficos ............................................................................................................................................. 172
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REDAÇÃO
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DESENVOLVIMENTO
1) Conceitos
* Desenvolvimento é a demonstração por etapas da tese, de forma que cada parágrafo ajude a comprovar a totalidade do ponto
de vista central da dissertação, apresentado na introdução.
* Argumento é todo procedimento linguístico que visa fazer o receptor aceitar o que lhe foi comunicado, levá-lo a crer no que
foi dito e fazer o que foi proposto.
2) Estruturas do desenvolvimento
2.1) Geral
* Preferencialmente dois parágrafos, de 7 a 10 linhas cada.
* Parágrafo é uma unidade de texto em que se desenvolve uma ideia central, articulada ao todo.
a) Coerência
* Externa: relação de sentido entre o texto e a realidade (sensatez)
b) Coesão
* Expressão formal da coerência, trata-se do conjunto de mecanismos linguísticos que estabelecem relações entre as partes do
texto.
2.2) Interna
Exemplos:
De fato, as tecnologias têm produzido alguns efeitos perversos no comportamento humano (Tópico frasal). Embora
permitam um aumento quantitativo da comunicação, as máquinas tendem a reduzir o contato direto entre as pessoas por
estabelecer uma espécie de solidão. Além disso, o uso frequente de equipamentos eletrônicos costuma aumentar o sedentarismo
tanto físico quanto intelectual (Fundamentação). Desse modo, cabe às pessoas manter o bom senso no uso dessas tecnologias.
(Miniconclusão)
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Ademais, para agravar esse quadro, o emprego dessas inovações gera consequências negativas para o meio ambiente
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(Tópico frasal). Poluição do ar, lixo tóxico e esgotamento dos recursos naturais são alguns aspectos desse processo. No limite, o
próprio planeta talvez já se encontre ameaçado diante do aquecimento global e do desequilíbrio ecológico, ambos provocados
pela ação do homem e de suas máquinas (Fundamentação). Os líderes mundiais devem, então, buscar medidas mais eficazes.
(Miniconclusão)
a) Tópico frasal: declaração “inicial” – afirmativa ou negativa – com um juízo de valor acerca do tema, ou seja, é a frase em
que se expressa a opinião a ser provada, no parágrafo, em relação ao tema.
b) Ampliação / Fundamentação: demonstração / comprovação da opinião pela apresentação de evidências e/ou premissas.
3) Fundamentação (convencimento)
* Critérios de validade:
- Pertinência → relação com o tema
- Suficiência → quantidade
- Relevância → ≠ exceções
b) Base Ideal: criação de uma linha de raciocínio pelo uso de premissas (conceitos pouco questionáveis, “verdades universais”)
* Critérios de validade:
- Relação de causa x consequência
- Profundidade
- Reflexões sobre o tema.
Exemplos:
Ademais, a educação pode constituir meio eficaz de combate à violência (Tópico frasal). Nessa perspectiva, cabe
entender que tal situação ocorre, porque, em sua origem, muitos crimes são explicados por fatores morais, mais do que por
pressões sociais, uma vez que, sem dúvida, o que leva alguém a infringir uma lei, em última instância, são seus valores. Dessa
forma, o sistema educacional pode oferecer alternativas, na medida em que exerce participação decisiva na formação do caráter
individual (Fundamentação – Base Ideal).
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Uso de exemplos
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* Funções
- Esclarecer ideia complexa
- Concretizar o abstrato
- Ilustrar tópico
- Demonstrar conhecimento
- COMPROVAR OPINIÃO
* Critérios de escolha
- Notoriedade
- Invulgaridade
- Relevância
- Síntese
Paradoxalmente, a juventude parece ser o grupo social que tem mais perdido a esperança e, com ela, seu poder de
transformação. Nesse sentido, ideologias falidas, ausência de exemplos positivos, formação escolar pouco crítica e alienação
produzida pela mídia: são muitos os fatores desse panorama; a consequência é, entretanto, uma só – o sentido revolucionário que
marcou a década de 60 cede espaço ao extremo pragmatismo. Mais do que um grande ideal ou valor, o que tem tido maior
repercussão nas recentes campanhas estudantis, por exemplo, são os aumentos de mensalidade.
Paradoxalmente, a juventude parece ser o grupo social que tem mais perdido a esperança e, com ela, seu poder de
transformação. Nesse sentido, ideologias falidas, ausência de exemplos positivos, formação escolar pouco crítica e alienação
produzida pela mídia: são muitos os fatores desse panorama; a consequência é, entretanto, uma só – o sentido revolucionário que
marcou a década de 60 cede espaço ao extremo pragmatismo. Um exemplo dessa situação são as respostas dadas por
vestibulandos sobre suas escolhas profissionais: a maioria procura apenas estabilidade financeira.
Ademais, o preconceito racial está enraizado na sociedade brasileira. Há cerca de duas semanas, uma pesquisa
universitária revelou o que já se sabia – trabalhadores negros ganham, em média, muito menos que os brancos, em todos os
níveis salariais. Esse dado não prova apenas a existência do racismo; revela, também, que nem mesmo a ascensão profissional
de um indivíduo manifesta a superação do preconceito, o que faz o discurso brasileiro da democracia racial perder seu principal
argumento. Afinal, se o preconceito no Brasil fosse apenas social, como explicar que os executivos negros ganhem menos que
os brancos.
Ademais, o preconceito racial está enraizado na sociedade brasileira. Nos classificados dos jornais, é cada vez mais
comum encontrar ofertas de empregos para pessoas de "boa aparência", situação que se refere a um dos muitos exemplos do
racismo velado presente no Brasil, já que, na prática, preterem-se quase sempre os negros: como o adjetivo "boa" só existe
segundo critérios subjetivos, a Constituição Federal é respeitada e, consequentemente, o preconceito se perpetua em sua forma
mais cruel. Por ser sutil, esse racismo dificilmente é detectado e combatido, e, com a consciência limpa, as elites permitem a
manutenção da democracia que lhes convém: só para elas.
Atenção:
O principal culpado pelo desabamento do Palace, senhor Sérgio Naya, foi cassado na câmara, teve seus registros de
engenheiro inválidos, sofreu ações de danos morais e materiais, além de um processo penal. Eis mais um exemplo de um raro
caso de punição rápida e eficaz no Brasil. Em função dessa raridade, cria-se a falsa impressão de que a impunidade acabou. Tal
alívio, portanto, atrapalha mais do que ajuda, na mudança de comportamento da sociedade.
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AS RELAÇÕES DE CAUSA E CONSEQUÊNCIA NA DISSERTAÇÃO
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CAUSA
Substantivo motivo, razão, causa, base, origem, explicação, o porquê, fundamento, justificação, justificativa etc.
Verbos causar, gerar, acarretar, originar, provocar, motivar, permitir, criar, ocasionar, determinar etc.
Locuções prepositivas em virtude de, em razão de, por causa de, em vista de, por motivo de, por isso que, já que, visto que,
e conjunções uma vez que, porque, pois, como etc.
CONSEQUÊNCIA
Substantivo efeito, resultado, resultante, sequela, seguimento, produto, consequência, fruto, reflexo,
desenlace, repercussão etc.
Verbos derivar, resultar, vir de, ser resultado de, ter origem em, decorrer etc.
Locuções prepositivas pois, por isso, por consequência, portanto, por conseguinte, consequentemente, logo, então, em
e conjunções virtude disso, como resultado, devido a isso, em vista disso etc.
Exercício: Reelaborar essas duas redações exemplares, de modo que elas fiquem com 2 parágrafos de desenvolvimento.
Vocação e Superação de um bom Oficial com Coragem, Disciplina e Honra (Renato Duque)
Um bom Oficial, além de vocação, deve ter superação para ultrapassar as dificuldades da carreira militar, especialmente
da Marinha do Brasil (MB). Nesse contexto, para entender tal fato, cabe considerar aspectos, como a importância da coragem,
da disciplina e da honra.
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Sabe-se, em primeiro lugar, que a coragem pode ser observada de duas formas – a física, a moral. Aquela é verificada
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quando se vence o medo do enfrentar qualquer perigo para o cumprimento da missão; esta é a transposição, às vezes, dos próprios
princípios para atingir os ordenamentos da Instituição. O combatente que desempenhar essa qualidade tornar-se-á, assim, um
exemplo para seus subordinados.
Compreende-se, também, que a disciplina é a pedra angular sobre a qual se estrutura a dinâmica de uma Organização
Militar (OM). Esse preceito é visualizado, por exemplo, pela obediência pronta aos superiores hierárquicos e pelo bom
andamento dos trabalhos. Uma Unidade com homens doutrinados terá, então, sempre êxito nas atividades executadas.
Além disso, constata-se que a honra induz o marinheiro a praticar o bem. Essa virtude é o patrimônio da alma do indivíduo
que se transmite, por intermédio de experiências e atitudes, aos mais modernos. De fato, tal item da Rosa das Virtudes permite
que o combatente nunca entregue o pavilhão de seu País ao oponente, mesmo sob forte pressão, porque o levará a lutar,
bravamente, até a morte.
O oficial da MB precisa, portanto, de vocação para escolher a profissão e de superação para transpor as adversidades do
cotidiano. Nesse âmbito, a Esquadra procura, por meio das Instituições de Ensino, capacitar seus líderes com os mais influentes
valores morais.
EXERCÍCIOS DE DESENVOLVIMENTO
1) Para cada letra, faça 1 parágrafo de desenvolvimento, de 7 a 10 linhas, com 3 frases, no mínimo, em cada um. Siga as
instruções.
a) Assunto: Petróleo
Delimitação do assunto: o Problema do petróleo no mundo de hoje.
Objetivo: Mostrar a necessidade de racionalizar o consumo de petróleo.
b) Assunto: Desemprego
Delimitação do assunto: O problema do desemprego nos centros urbanos.
Objetivo: Indicar as causas do desemprego nos centros urbanos.
c) Assunto: Desemprego
Delimitação do assunto: O problema do desemprego nos centros urbanos.
Objetivo: Indicar as consequências do desemprego nos centros urbanos.
d) Assunto: Televisão
Delimitação do assunto: a violência da televisão.
Objetivo: Apontar efeitos positivos e negativos da violência na televisão.
f) Assunto: Preconceitos
Delimitação do assunto: Preconceitos raciais.
Objetivo: Apresentar argumentos contra preconceitos raciais.
g) Assunto: Preconceitos
Delimitação do assunto: Preconceitos raciais
Objetivo: Apontar as causas dos preconceitos raciais nos Estados Unidos (contra negros) e na Alemanha de Hitler (contra judeus).
h) Assunto: Preconceitos
Delimitação do assunto: Preconceitos raciais
Objetivo: Apontar as consequências da existência de preconceitos raciais nos Estados Unidos (contra negros) e na Alemanha
de Hitler (contra judeus)
CONCLUSÃO
1- Funções
* Básica: extrair a essência dos argumentos / ratificar a tese / confirmar o ponto de vista.
* Avançada: ampliar as fronteiras do texto / elevar ou manter o nível de interesse do leitor, surpreendendo-o.
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Exemplos:
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Tema: De que maneira o esporte pode se transformar em fator positivo para a sociedade brasileira?
(Introdução): A realização dos jogos pan-americanos, no Rio de Janeiro, evidenciou a importância do esporte para a sociedade
brasileira. Provas dessa situação foram os estádios lotados e a grande audiência televisiva. Nesse contexto, para que a prática
desportiva possa desempenhar sua função nacionalista e sua participação na inclusão social, é preciso que o governo e as
empresas a considerem prioridade pública. (Tese)
(Conclusão): Torna-se evidente, portanto, que o esporte é capaz de exercer uma influência positiva na coesão nacional e no
desenvolvimento social, desde que o Estado e o segundo setor façam sua parte. (Reafirmação da tese). Na base dessa ideia,
porém, deve estar presente uma sociedade que saiba desse valor e exerça pressão sobre os demais agentes sociais. Só dessa
maneira a competição pode ser, de fato, saudável para todos. (Desfecho criativo)
(Conclusão): Fica explícito, portanto, que os efeitos negativos das tecnologias existem e atingem os mais diversos setores.
(Reafirmação da tese). Nesse âmbito, culpar os avanços tecnológicos pelas consequências de seu uso seria, entretanto, uma visão
distorcida do problema. Afinal, eles são apenas instrumentos a serviço das pessoas. Resta, de fato, ao homem abandonar o
otimismo excessivo e o pessimismo extremo, para procurar um meio termo que lhe seja benéfico. Ainda há tempo. (Desfecho
criativo)
a) Desculpas do tipo “Nem todos concordam com isso, mas é a minha opinião.”, “Isso é o que possível fazer com o pouco tempo
dado para prova...”
b) Expressões já estereotipadas: “Diante dos fatos acima mencionados.” , “Frente ao exposto acima...”, “Conclui-se que...”
c) Introduzir outro tema ou encerrar com assunto não pertinente ao desenvolvimento: “Ainda seria importante mencionar outro
fato que...”; “Muito ainda se pode abordar em relação a esse assunto, mas ...” (A conclusão deve fechar o texto e, assim, o
deixaria em aberto.)
Portanto, na prática, a conclusão serve como uma “amarração” de tudo o que foi abordado na introdução e no desenvolvimento
do texto. Dessa forma, tal conclusão garantirá uma unidade com o tema ou título proposto.
2- Estrutura
Reafirmação da tese + Desfecho criativo
2.1) Básica (Reafirmação da tese): reescrever a tese, com novos termos e um conectivo de conclusão (portanto, logo, dessa
forma, por conseguinte etc.).
2.2) Avançada (Desfecho criativo): apresentar novo conteúdo, de preferência com relação circular com a introdução /
recomendável: frase de desfecho (fragmento final curto e impactante).
a) Reflexão
* Propor um pensamento aprofundado sobre a questão de fundo
* Objetivo: fazer o leitor pensar
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Exemplos:
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A impunidade no Brasil deve ser, portanto, combatida pela sociedade e por seus representantes na política. É preciso
perceber, no entanto, que transformações verdadeiras só podem ser imaginadas se houver um desejo real de mudança do quadro.
Depois de séculos de crimes sem punição, o brasileiro habituou-se a regras de convívio flexíveis, e, muitas vezes, beneficia-se
com seus famosos – e indesejáveis – “jeitinhos”. Resta saber se discurso revoltado da sociedade algum dia se transformará, de
fato, em atitudes concretas.
c) Ironia
* Humor crítico, sutil e indireto, porém claro.
* Qualidade: sintonia de inteligências
* Evitar ironias em temas graves (Ex.: fome, prostituição infantil)
Exemplos:
Tema: A esperança do brasileiro
No Brasil, portanto, a esperança tem perdido toda sua carga positiva para se transformar em apenas mais uma expressão
da postura apática diante de quase tudo. Felizmente, porém, pelo menos no futebol e nas novelas, o brasileiro consegue manter
seu otimismo. Espanta perceber que ninguém tenha visto o óbvio: lançar um Neymar ou até um ganhador de “Big Brother” para
presidente. No mínimo, os votos nulos diminuiriam – o que não deixa de ser uma vitória.
É inegável, portanto, que a prática do trote constitui mais uma vertente da banalização da violência a que a sociedade
brasileira está submetida. Nesse âmbito, a permanecer o atual quadro, em pouco tempo o vestibular poderá dispensar as provas
discursivas e medir os bíceps dos candidatos. Será, no mínimo, mais adequado à lógica imperante.
d) Analogia / Metáfora
* Associação do tema a uma situação de outra natureza
* Circularidade com a introdução
* Estratégia criativa
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Exemplos:
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(Conclusão): Pouco se pode fazer, portanto, para mudar a realidade do vestibular, por ele cumprir, com rigor, sua função de
seleção. Muito se pode mudar, entretanto, a respeito do pensamento das pessoas. É preciso, de fato, que todos usem os óculos
da razão e enxerguem que existe uma saída para tudo, nem que esta seja o tempo — ao menos, restará a paciência.
Tema: Por que o homem contemporâneo tem dificuldade de viver um grande amor?
(Introdução): Quando o tema é o grande amor, pensa-se logo em algo inalcançável, ou seja, uma relação desejada por todos os
homens, mas que mais se enquadra em um conto de fadas com personagens medievais do que na realidade do homem
contemporâneo. Nesse contexto, pode-se dizer que a dificuldade em atingir essa idealização está intimamente ligada à distância
comportamental entre essas duas eras.
(Conclusão): Fica fácil, portanto, entender a utopia que se tornou o grande amor. Nesse âmbito, não se podem esperar moldes
divinos em uma sociedade que buscou a mudança para a chamada Modernidade, e, caso se queira facilitar a experiência de viver
tão grandioso sentimento, armadura e cavalo branco aguardam adormecidos.
e) Solução
* Evitar discursos “vazios”, panfletários → redação ≠ discurso político
* Dois níveis:
GOVERNO:
- Melhoria no sistema de fiscalização
- Criação / aprimoramento de leis possíveis
- Desburocratização dos processos (justiça, por exemplo)
- Intensificação do trabalho de assistentes sociais
- Benefícios fiscais (subsídios governamentais)
- Investimento em mão de obra qualificada e infraestrutura
- Projetos de conscientização
ONG:
- Assistencialismo: arrecadação de alimentos, roupas, livros
- Capacitação: pré-vestibulares comunitários + treinamento técnico
- Defesa de causa (e denúncias): contra corrupção, violência, desmatamento, voto consciente
MÍDIA
- Campanhas de conscientização
- Análise crítica dos fatos
- Cobertura cuidadosa
- Ficção engajada (novelas, filmes e minisséries sobre o tema)
- Divulgação de projetos
- Estímulo a ações afirmativas e à cidadania plena
INSTITUIÇÕES DE ENSINO:
- Novas disciplinas (ampliação do foco para educação crítica e moral)
- Acompanhamento dos professores
- Criação de microcosmos
- Visita a instituições, exposições
- Organização de palestras e/ou oficinas
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FAMÍLIA:
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INICIATIVA PRIVADA
- Parcerias público-privadas
- Auxílios para os funcionários
Exemplos:
A postura negativa dos meios de comunicação e a negligência das escolas contribuem, portanto, para o preconceito
linguístico como forma de exclusão social. Nesse sentido, cabe às instituições de ensino, por meio de atividades, como debates
e rodas de conversa em escolas abertas para toda comunidade, informar sobre os danos causados pela discriminação de diferentes
dialetos, como mostrada na mídia, com o fito de estimular o senso crítico. Com efeito, tais medidas apresentam a finalidade de
promover, de forma ampla, a compreensão de que essa problemática necessita ser solucionada pela união da escola e da
comunidade.
f) Vantagens secundárias
* Além das principais, evidenciar outras vantagens.
Exemplos:
EXERCÍCIOS DE CONCLUSÃO
1. A redação abaixo foi feita em uma prova e responde à pergunta “Por que o brasileiro transgride as leis?” e apresenta somente
os parágrafos de desenvolvimento. Analise-a sob todos os aspectos, e crie uma introdução e uma conclusão.
Deus é o brasileiro
Falta introdução.
Nas situações de desrespeito às leis, a análise aponta sempre para o individualismo. Afinal, se os benefícios próprios
superam os malefícios alheios, a transgressão vale a pena. Para o Brasil, em particular, essa não é uma lógica qualquer: em nossa
história, a desobediência tem sido uma razoável estratégia para lidar com imposições absurdas. Fossem as normas distantes,
criadas em outro continente, ou os atos institucionais plenos de razão da Ditadura Militar, as leis “precisavam” ser infringidas.
Nessa perspectiva, o bom senso e a ideia de justiça prevalecem sobre a frieza dos papéis. Com o tempo, porém, as práticas
humanas tendem a se tornar hábitos. Assim, da lógica da sobrevivência, passa-se à transgressão pura e simples, em que não há
motivos, apenas pretextos. Como cultura, o que pode ter sido uma necessidade torna-se um valor tão entronizado no brasileiro,
que só causa espanto após uma viagem ao exterior e, mesmo assim, por pouco tempo.
Para completar o quadro, não se encontra no Brasil aquilo que, em outros países, limita as razões egoístas — a autoridade.
Reformas constitucionais, leis oportunistas, códigos obsoletos se unem à fiscalização ineficaz para produzir uma situação caótica.
Se a impunidade fosse apenas possível, já seria suficiente para mover infratores, mas no Brasil trata-se de uma certeza histórica,
demonstrada por quem deveria dar o exemplo: políticos, fiscais e até juízes.
Falta Conclusão.
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2) Faça o mesmo. Desta vez, o tema proposto foi “O mundo é um lugar para o riso ou para o choro?”.
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A castração do homem
Falta introdução.
Apesar de toda a evolução da sociedade, ainda predomina o maniqueísmo da Idade Média: quem ri ascende; quem chora
padece. De fato, é comprovado cientificamente que o riso faz bem à alma, pois aumenta a longevidade e conserva o espírito
jovem. Em contrapartida, o choro seria o anúncio da morte, a exemplo dos românticos, que, para não sofrer, preferiam a busca
pela paz eterna.
Entretanto, é preciso entender que as lágrimas e os sorrisos não se excluem; antes se complementam. Por mais estranho
que seja, para conseguir rir, é preciso chorar. Como o homem é um ser complexo, que desvaloriza tudo o que é obtido com
facilidade, é necessário que ele passe por um processo de sensibilização, a fim de dar valor aos momentos bons. A alegria, para
o homem, é uma espécie de bonança, ao encontrar sentido na vida, após compreender que sobreviver em meio a tantas injustiças
e desigualdades é uma vitória.
Acima desse processo de procura e encontro da felicidade plena, está o fato de que o homem — ser individual e instável
— alterna suas sensações conforme o momento pelo qual está passando. Não é possível criar uma generalização para a sociedade,
pois cada pessoa vive um conflito existencial distinto, em que chorar pode ser um desabafo, e o riso uma felicidade.
Falta conclusão.
3) Faça o mesmo. Desta vez, o tema proposto foi o seguinte: “Fatores socioeconômicos, culturais e políticos da violência no
Brasil”.
Projeção
Falta introdução.
Além da doença do século – o estresse –, que pode mover reações agressivas, existe outro fator comportamental que
pode estimular a violência. Em busca de audiência, programas de televisão exploram cenas fortes que passam a mensagem de
que a violência é eficaz. Dessa forma, transforma-se o potencial violento em ato. Essa conversão é ainda estimulada pela realidade
econômica em que as pessoas estão inseridas.
Isso ocorre porque a desigualdade de renda gera exclusão, que pode levar a uma reação radical pela busca ilícita de
inclusão na sociedade – essencialmente capitalista e materialista. Uma dessas formas ilegais muito presente na atualidade é o
crime organizado. No Brasil, ele é uma atividade econômica altamente lucrativa e sedutora, devido à impunidade, pois não paga
impostos – em um país onde a média tributária é de 40%. No caso do tráfico de drogas, além de não ter gastos com propaganda,
apresenta demanda inelástica. Assim, a lógica econômica da não punição explica muitos crimes.
Essa explicação se baseia na ineficiência e na corrupção sistêmica da polícia, na lentidão e na excessiva burocracia da
justiça, na fragilidade da legislação e na ineficácia do sistema penitenciário. Enquanto a segurança pública e o judiciário não
forem suficientes, não serão as leis – com redutores de pena, pena máxima baixa e não cumulativa – nem as prisões – com fugas
recorrentes e possível liberdade de comunicação externa – que conseguirão inibir a violência e seus fatores de predisposição.
Falta conclusão.
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A Paz
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A paz é bastante almejada pela sociedade contemporânea e buscada pela Marinha do Brasil (MB) em recentes ações
urbanas. Nesse contexto, para entender tal prática, cabe considerar aspectos como a importância do emprego da Força, da
atividade social e da operação conjunta.
Ressalta-se, em primeiro lugar, que a firme presença dos militares é benéfica para a população. Nessa perspectiva, os
combatentes buscam fornecer às comunidades uma melhor segurança ao executarem manobras repressivas. Os soldados, para
atuarem dentro da norma, necessitam, contudo, da regularização jurídica, visto que seus poderes constitucionais são outros,
como, por exemplo, a manutenção da Soberania Nacional.
Também a atividade social é muito importante para alcançar a paz nas localidades. Nessa direção, a ação cívico-social
propicia atendimento médico e jurídico exames clínicos e competições esportivas a fim de estruturar os laços entre os marinheiros
e a sociedade. A Esquadra realiza, por sua vez, o Programa Olímpico da Marinha (PROLIM) para capacitar atletas de bairros
carentes com apoio no desenvolvimento físico e moral.
Além dessa questão, a segurança conjunta atua de maneira bastante eficiente. A guarda integrada entre as Forças Armadas
– estaduais e nacionais – resulta em um acúmulo de experiência e de conhecimento. Consequentemente, os trabalhos executados
pelos setores de inteligência de logística e de operações alcançam a eficácia necessária para diminuir os índices de violência nas
comunidades apoiadas.
A Esquadra tem atuado, portanto, de forma muito contundente nas ações solicitadas pelo Governo Federal na busca do
restabelecimento da lei e da ordem na sociedade. Nesse âmbito, os combatentes da MB estão sempre prontos para atuarem nas
missões que forem benéficas para o País a fim de proporcionar o melhor para a população.
1. Quais são as soluções para o problema das drogas, em sua 28. Energia nuclear
opinião? 29. O Brasil pode: o sucesso em nossa tecnologia.
2. Autoridade e responsabilidade: o exercício consciente do 30. A importância da disciplina
poder. 31. Pena de morte é solução?
3. “A Pátria não é ninguém: são todos. E cada qual tem, no 32. Com o desenvolvimento tecnológico, principalmente na
seio dela, o mesmo direito à ideia, à palavra, à associação.” área dos computadores, chegará o dia em que ninguém mais
(Rui Barbosa) lerá um livro?
4. Liberdade e responsabilidade. 33. União: forma coletiva de mudança
5. A tecnologia a serviço da comunicação 34. Saúde e Genética: uma associação da modernidade
6. A importância da família para a sociedade moderna. 35. A água: um bem comum.
7. O planeta Terra hoje 36. Pequenos atos, grandes atitudes.
8. Deve o menor ser penalizado criminalmente aos dezesseis 37. A importância de bem-fazer e fazer o bem.
anos? 38.Existirá justiça se nós a exercermos.
9. Brasil: país de contrastes 39. Concorrência: aspecto positivo de hoje
10. A importância da arte na educação infantil 40. A fé na vida do homem moderno
11. Um eterno dilema: deve-se dar o peixe ou ensinar a 41. Ser forte no mar é garantia de paz.
pescar? 42. O Brasil é um país marítimo.
12. A relação homem/mulher mudou após a emancipação 43. Liderança no ambiente de trabalho
feminina? 44. O cumprimento do dever
13. A participação das Forças Armadas no combate ao 45. O Poder Marítimo no Brasil.
narcotráfico 46. Os riscos da expansão das redes sociais na Internet.
14. Profissão: vocação ou influência do mercado de trabalho? 47. A importância da Marinha para a sociedade brasileira.
15. O trabalho na vida do ser humano 48. Senso de responsabilidade
16. Ameaças à democracia no mundo contemporâneo. 49. A importância do patrimônio da Amazônia Azul
17. 17.“Se a juventude soubesse e a velhice pudesse...” 50. O Legado dos V Jogos Mundiais Militares
18. Você acha justo que, em muitas ocasiões, o brasileiro “dê 51. Educação à distância na MB
um jeitinho”? 52. A honra
19. Tanto a ideologia quanto a ignorância podem cegar os 53. O militar e a sociedade brasileira.
homens. 54. Os faróis e a segurança da navegação.
20. Perseverar é preciso. 55. A importância do submarino para o Brasil.
21. A difícil arte de conviver no trabalho 56. A Marinha do Brasil ontem e hoje.
22. A vida militar 57. A Marinha do Brasil ontem, hoje e amanhã.
23. “Assim é se lhe parece.” 58. O futuro da Marinha do Brasil.
24. Preservação e desenvolvimento 59. O Poder Naval e o Poder Marítimo.
25. 25.“Ontem o rio deu vida à cidade, hoje a cidade destrói a 60. A importância da Liderança na Carreira Naval.
vida do rio.” 61. A evolução tecnológica e a Marinha do futuro.
26. Modernidade e tradição: faces necessárias a qualquer 62. A imagem da Marinha: oportunidades da atualidade.
povo. 63. Eu, tenente.
27. A natureza hoje
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GRAMÁTICA
ADVÉRBIO
Advérbio é palavra invariável que caracteriza o processo verbal, exprimindo circunstâncias em que esse processo se desenvolve.
Ex.: “Hoje não ouço as vozes daquele tempo.” (circunstâncias de tempo e negação).
Obs. 1: Em alguns casos, os advérbios podem se referir a uma oração inteira; nessa situação, normalmente transmitem a avaliação
de quem fala ou escreve sobre o conteúdo da oração. Ex.: Infelizmente, os deputados não aprovarão as emendas. Possivelmente
não haverá como avisá-los.
Obs. 2: As locuções adverbiais são conjuntos de duas ou mais palavras que funcionam como um advérbio. São geralmente
formadas por preposição + substantivo ou por preposição + advérbio. Ex.: “Estavam todos lá”. (advérbio). Estavam todos à
frente (locução adverbial) do rei. Já andei aqui. (advérbio). Comecei por aqui. (locução adverbial).
2. Advérbios interrogativos são advérbios empregados em interrogativas diretas e indiretas. São eles:
a) de causa: por que (Por que não trouxeste o livro? Quero saber por que não trouxeste o livro.)
b) de lugar: onde (Onde está o livro?)
c) de modo: como (Como está o rapaz ferido ontem?)
d) de tempo: quando (Quando ele foi ferido? Precisamos saber quando ele foi ferido.)
Os advérbios de modo podem ser empregados com diferentes gradações. Podem apresentar grau comparativo (Caminhava
mais depressa que eu.) ou superlativo (Estranhou muitíssimo a forma de agir do pai.). As palavras melhor e pior podem tanto ser
empregadas como adjetivos ou advérbios. Ex.: Ele se sentia melhor/ pior naquele dia. (=mais “bem”=advérbio). Ele era melhor
do que o irmão. (=mais “bom”=adjetivo).
Advérbios são, tradicionalmente, classificados como palavras invariáveis, mas é comum, principalmente na linguagem
coloquial, o advérbio assumir uma forma diminutiva, com intenção de valorizar, ou seja, com valor superlativo. Ex: Chegou
cedinho ao trabalho. Ele vive falando baixinho. Outra forma de ênfase ao que está sendo dito é repetir o advérbio. Ex.: Estava
quase quase a descobrir a verdade. Descobrirá logo logo que ela o trai.
4. Palavras denotativas
São palavras classificadas à parte em função do sentido que adquirem no contexto em que se encontram. Não devem ser
incluídas entre os advérbios, pois não modificam o verbo, nem o adjetivo, nem outro advérbio.
a) de inclusão: até, inclusive, mesmo, também Ex.: Até o presidente do clube sorriu.
b) exclusão: apenas, salvo, só, somente, senão Ex.: Só o presidente do clube sorriu.
c) designação: eis Ex.: Eis o nosso candidato.
d) realce: cá, lá, é que, só Ex.: Sei lá, não sei de nada. Eu cá é que sei?
e) retificação: aliás, ou antes, isto é, ou melhor Ex.: Ressurgi, isto é, recuperei-me da cirurgia.
f) situação: afinal, agora, então Ex.: Afinal, ele virá ou não para a reunião?
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OBSERVAÇÃO IMPORTANTE
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Há palavras que assumem diferentes valores semânticos, morfológicos e sintáticos, que dependem do contexto.
meia Ela achou somente uma meia Tomou meia taça de vinho. xxxxxxxxx
preta.
Exercícios
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4. CLASSIFIQUE OS ADVÉRBIOS SUBLINHADOS:
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7.
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NUMERAL
Numeral é a palavra que indica número ou ordem numa determinada série.
Os numerais classificam-se em cardinais, ordinais, fracionários ou multiplicativos.
a) Anteposto ao substantivo, o número romano deve ser lido como ordinal; posposto ao substantivo, deve ser lido como
cardinal, concordando com a palavra número subentendida. Ex.: Reprisaram a VII Copa do Mundo. (sétima). Interrompi a
leitura na página XXII. (vinte e dois).
b) A leitura de leis, decretos e portarias deve ser feita com ordinais até nono; depois deve ser feita com cardinais.
Ex.: Decreto VII (sétimo), Portaria X (dez)
c) Nomes de papas, soberanos, séculos e partes de obra devem ser lidos com ordinais até décimo; depois deve ser feita com
cardinais. Ex.: Henrique V (quinto), século XI (onze)
d) AMBOS pode ser classificado, segundo BECHARA, como numeral ou como pronome. Ex.: Ambas as filhas ou As filhas
ambas. Ambos os livros ou Os livros ambos.
Pode ser substituído por “um e outro”. Ex.: Ambas (as) razões ou Uma e outra razão. “Ambos” não pode ser usado numa
situação que indique contrariedade. Ex.: As suas partes chegaram a um entendimento no processo. (E não Ambas as partes.)
a) Podem ser grafados com lh ou li: bilhão/bilião, trilhão/trilião, quatrilião, quintilião, sextilião, setilião, octilião. As formas
com lh são mais usuais no Brasil.
b) Os adjuntos de milhar e milhões devem ficar no masculino. Ex.: Alguns milhares de pessoas se expõem. Os milhares de
pessoas estudam línguas estrangeiras.
c) O numeral cardinal pode, às vezes, ser empregado para indicar número indeterminado.
Ex.: Peço-lhe um minuto de sua atenção. (por alguns poucos minutos)
Contou-lhe o fato em duas palavras. (por poucas palavras)
Ele tem mil e um defeitos. (por muitos defeitos)
d) Último, penúltimo, antepenúltimo, anterior, posterior, derradeiro, anteroposterior e outros tais, ainda que exprimam
posição do ser, não têm correspondência entre os numerais e devem ser considerados adjetivos.
e) Têm emprego como substantivos e guardam analogia com os coletivos: dezena, década, dúzia, centena, lustro,
sesquicentenário, grosa etc.
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
3. Analise as duas orações que seguem e atenda ao propósito de responder ao seguinte questionamento:
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4. Assinale o item em que não é correto ler o numeral como vem indicado entre parênteses:
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a – Pode-se dizer que no século IX (nono) o português já existia como língua falada. ( )
b – Pigmalião reside na casa 22 (vinte e duas) do antigo Beco do Saco do Alferes em Aparecida. ( )
c - Abram o livro, por favor, na página 201 (duzentos e um). ( )
d – O que procuras está no art. 10 (dez) do código que tens aí à mão.( )
e – O Papa Pio X (décimo), cuja morte teria sido apressada com o advento da Primeira Guerra Mundial, foi canonizado em
1954.( )
5. Nas frases abaixo, coloque dentro dos parênteses, a letra que indica a classificação das palavras em negrito.
1 – Numeral cardinal.
2 – Numeral ordinal.
3 – Numeral multiplicativo.
4 – Numeral fracionário.
5 – Numeral coletivo.
( ) José chega ao aeroporto; duas horas depois do avião ter decolado.
( ) Consegui a vigésima terceira classificação no concurso de contos da escola.
( ) Ainda resta a metade da torta.
( ) Ele trabalhou o dobro do que havia planejado.
( ) Recebi um doze avos do meu salário.
( ) Ele recebeu dois terços da herança paterna.
( ) Vendi duas dúzias de ovos.
VERBO
Verbo é a palavra que exprime um processo situado no tempo. Esse processo pode ser uma ação, um estado, um fenômeno ou
uma mudança de estado. Flexiona-se em pessoa, número, tempo, modo e voz.
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2. Variação de modo: modos verbais são as diferentes formas que toma o verbo para indicar a atitude (de certeza, de dúvida,
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de suposição, de mando etc.) da pessoa que fala em relação ao fato que enuncia. Há o modo Indicativo (da certeza, da realidade),
o Subjuntivo (da dúvida, da hipótese, da eventualidade) e o Imperativo (da ordem, conselho ou súplica).
3. Variação de tempo: é a variação que indica o momento em que se dá o fato expresso pelo verbo. Os três tempos naturais
são presente, pretérito e futuro. O primeiro é indivisível, mas os outros dois se dividem.
Modo Indicativo: presente; pretérito perfeito, imperfeito e mais-que-perfeito; futuro do presente e futuro do pretérito.
Modo Subjuntivo: presente, pretérito imperfeito e futuro.
Obs: o Imperativo divide-se em Imperativo Afirmativo e Imperativo Negativo (mas que não envolvem propriamente a noção
de tempo).
4. Variação de aspecto: é uma categoria verbal que manifesta o ponto de vista do qual o locutor considera a ação expressa
pelo verbo. A ação pode ser considerada como concluída, ou como não concluída, ou seja, observada quanto à sua duração. A
noção de aspecto verbal é importante, pois permite perceber valores semânticos atribuídos ao verbo ou ao contexto em que
esse se encontra.
Ex.: Ele começou a chorar. Ele continua a chorar. Ele acabou de chorar. A seguir, encontram-se os principais aspectos.
a) aspecto pontual: Acabo de ler um livro. (= no momento)
b) aspecto durativo: Continuo a ler um livro.
c) aspecto contínuo: Vou lendo o livro até cansar.
d) aspecto descontínuo: Voltei a ler o livro.
e) aspecto incoativo (início de ação): Comecei a ler um livro.
f) aspecto conclusivo: Acabei de ler um livro muito bom. (ação já passada há algum tempo)
No que se refere ao estudo de valor e emprego dos tempos verbais, é possível perceber diferenças entre o pretérito
perfeito e o pretérito imperfeito do indicativo. A diferença entre esses tempos é uma diferença de aspecto, pois está ligada à
duração do processo verbal. Observe:
- Quando o via cumprimentava-o. O aspecto é imperfeito, pois o processo não tem limites claros, prolongando-se por
período impreciso de tempo.
O presente do indicativo e o presente do subjuntivo apresentam aspecto imperfeito, pois não impõem precisos ao
processo verbal:
- Faço isso sempre.
- É provável que ele faça isso sempre.
Já o pretérito mais-que-perfeito, como o próprio nome indica, apresenta aspecto perfeito em suas várias formas do
indicativo e do subjuntivo, pois traduz processos já concluídos:
- Quando atingimos o topo da montanha, encontramos a bandeira que ele fincara (ou havia fincado) dois dias antes.
- Se tivéssemos chegado antes, teríamos conseguido fazer o exame.
Outra informação aspectual que a oposição entre o perfeito e imperfeito pode fornecer diz respeito à localização do
processo no tempo. Os tempos perfeitos podem ser usados para exprimir processos localizados num ponto preciso do tempo:
- No momento em que o vi, acenei-lhe.
- Tinha-o cumprimentado logo que o vira.
O aspecto permite a indicação de outros detalhes relacionados com a duração do processo verbal. Veja:
- Tenho encontrado problemas em meu trabalho. Esse tempo, conhecido como pretérito perfeito composto do
indicativo, indica um processo repetido ou frequente, que se prolonga até o presente.
- Estou almoçando.
A forma composta pelo auxiliar estar seguido do gerúndio do verbo principal indica um processo que se prolonga. É
largamente empregada na linguagem cotidiana, não só no presente, mas também em outros tempos (estava almoçando, estive
almoçando, estarei almoçando, etc.).
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- Tudo estará resolvido quando ele chegar. Tudo estaria resolvido quando ele chegasse.
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As formas compostas: estará resolvido e estaria resolvido, conhecidas como futuro do presente e futuro do pretérito
compostos do indicativo, exprimem processo concluído - é a ideia do aspecto perfeito - ao qual se acrescenta a noção de que
os efeitos produzidos permanecem, uma vez realizada a ação.
5. Variação quanto à voz verbal: voz verbal é a forma como o verbo se apresenta para expressar a relação do sujeito com a
ação realizada. O fato expresso pelo verbo pode ser representado de três formas:
a) como praticado pelo sujeito: a chamada voz ativa. Ex.: João escolheu Pedro para aquele cargo.
b) como sofrido pelo sujeito: a chamada voz passiva. Ex.: Pedro foi escolhido por João para aquele cargo.
c) como sofrido e praticado pelo sujeito. Ex.: João escolheu-se para assumir aquele cargo.
a) Voz passiva analítica: mais de uma forma verbal; pode aparecer com agente da passiva; sempre introduzido por
preposição (por, pelo, pela, de). Ex.: Os combatentes foram atingidos pelos inimigos ferozes.
b) Voz passiva sintética: uma só forma verbal (sempre VTD) + pronome se (partícula apassivadora); nunca aparece com
agente da passiva; verbo deve concordar com o sujeito. Ex.: Procura-se uma casa. (= Uma casa é procurada.). Procuram-se
casas. (= Casas são procuradas.) Elevam-se os juros. Os juros são elevados.
f) Desde então, os operários estavam retirando mensalmente dividendos dos lucros da fábrica.
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3. Reescreva as orações, que estão na voz passiva analítica, na passiva sintética ou pronominal:
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Indicativo: exprime uma atitude de certeza. É usado quando se toma como real ou verdadeiro o conteúdo daquilo que se fala
ou escreve.
PRESENTE – além de exprimir os processos verbais que se desenvolvem simultaneamente ao momento em que se fala ou
escreve, o presente expressa:
ação habitual ou fato permanente: Nesta casa, todos acordam cedo.
em narrativas, uma ação que se quer tornar presente, conferindo-lhe vivacidade: o chamado presente-histórico. No dia 15 de
janeiro de 1985, o povo toma as ruas para comemorar o fim da ditadura.
ação próxima no futuro e de realização considerada certa: Volto hoje à noite.
ordem, de forma delicada e familiar de tratamento: Amanhã vocês resolvem essa questão para mim.
PRETÉRITO – indica um fato anterior ao momento em que se fala e divide-se em três tipos.
1. Imperfeito - tem limites imprecisos: transmite uma ideia de continuidade, de processo não concluído. Pode ser utilizado
para
indicar o que no passado era contínuo ou frequente: Fazia ginástica todos os dias.
exprimir o processo que estava em desenvolvimento quando da ocorrência de outro: O dia clareava quando chegamos à
cidade.
2. Perfeito - exprime os processos verbais concluídos e localizados num momento ou período do passado. Ex.: A assembléia
terminou às dez horas da manhã.
O Pretérito Perfeito Composto exprime processos que se repetem ou prolongam até o presente: Tenho lutado pelas coisas
em que acredito.
3. Mais-Que-Perfeito - exprime um processo que ocorreu antes de outro processo passado: Quando abri a porta, percebi que
alguém invadira (ou tinha invadido) o quarto e remexera (tinha remexido) tudo.
FUTURO do Presente - exprime basicamente os processos certos ou prováveis que ainda não se realizaram no momento em
que se fala ou escreve: Haverá uma passeata de protesto amanhã.
Em lugar do presente, pode ser usado também para exprimir dúvida ou incerteza: Esta cidade terá (tem) atualmente uns
seiscentos mil habitantes.
O futuro do presente composto exprime um fato ainda não realizado no momento presente, mas já passado em relação a outro
fato futuro: Quando chegarmos lá, o evento já terá acabado.
FUTURO do Pretérito - exprime processos posteriores ao momento passado a que nos estamos referindo. Ex.: Anos depois,
teríamos a oportunidade de perceber nosso erro.
Também se usa esse tempo para exprimir dúvida ou incerteza em relação a um fato passado: Haveria dez mil pessoas na
manifestação.
O futuro do pretérito composto exprime um processo encerrado posteriormente a uma época passada a que nos estamos
referindo: Soube-se que antes do anoitecer as tropas inimigas já teriam atingido os limites da cidade.
Subjuntivo: exprime uma atitude de dúvida, de possibilidade. É usado quando se toma como provável, duvidoso ou hipotético
o conteúdo daquilo que se fala ou escreve.
PRESENTE do Subjuntivo - exprime processos que se desenvolvem no momento em que se fala ou escreve. Ex.: Pena que
a vida seja tão difícil para muitos!
Também se podem exprimir fatos ainda não realizados no momento em que se fala ou escreve. Ex.: É possível que ela
compareça às aulas amanhã.
PRETÉRITO Imperfeito do Subjuntivo – exprime fatos ou possibilidades hipotéticos passados (Chovesse ou não, ele estava
lá.); de futuro (Se ele confessasse, talvez isso fosse um bem para ele.)
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FUTURO do Subjuntivo- indica possibilidades ainda não realizadas no momento em que se fala ou escreve. Ex.: Quando
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Além de conhecer modos e tempos verbais, é importante aprender a reconhecer as formas nominais.
Formas nominais do verbo - são três: o infinitivo, o gerúndio e o particípio. Essas formas são chamadas nominais porque
podem assumir comportamento de nomes (substantivos, adjetivos e advérbios) em determinadas circunstâncias.
INFINITIVO - é a forma como designamos os verbos. Apresenta como desinência característica o –r: jogar, vender, partir.
Há duas formas de infinitivo em português: o pessoal e o impessoal. No primeiro deles, o processo verbal é relacionado a
algum ser; no segundo, não há relação entre o processo verbal e qualquer ser: Perguntei se havia algo para se fazer. / Fazer
algo ajuda a passar o tempo.
Em sua forma composta, o infinitivo tem valor de passado, indicando um processo já concluído no momento em que se fala
ou escreve: Ter ficado até o fim da festa não nos valeu nenhuma satisfação maior.
PARTICÍPIO - é a forma nominal que participa, ao mesmo tempo, da natureza do verbo e do adjetivo. Sua natureza verbal se
manifesta nas locuções verbais, tempos compostos e orações reduzidas. Ex.: O problema terá sido resolvido até segunda-feira.
/ Até que tivesse terminado o trabalho, ficou impedido de sair. Aprovado o procedimento, iniciaremos os trabalhos. / Calado
num canto, ele nos observava atentamente.
Assume função adjetiva quando atua como caracterizador de substantivos. Ex.: Teve papel destacado (atuação destacada)
no encaminhamento da questão.
GERÚNDIO - além da natureza verbal, pode desempenhar função de advérbio e de adjetivo. Atua como verbo nas locuções
verbais e orações reduzidas. Indica normalmente um processo incompleto ou prolongado: Estou lendo o livro que você me
emprestou.
A forma composta do gerúndio tem valor de pretérito, indicando processo já concluído no momento em que se fala ou escreve.
Ex.: Tendo feito várias reclamações por escrito que não foram atendidas, resolvi vir pessoalmente até a repartição.
LOCUÇÕES VERBAIS - as formas nominais dos verbos são bastante empregadas na formação das chamadas locuções
verbais, conjuntos de verbos que, numa oração, desempenham papel equivalente ao de um verbo único. Nessas locuções, o
último verbo, chamado principal, surge sempre numa de suas formas nominais; as flexões de tempo, modo, número e pessoa
ocorrem nos verbos auxiliares. Ex.: Ninguém poderá sair antes do término da sessão. Todos poderão sair. (e não saírem)
1.
EMPREGO DO INFINITIVO
2.
1.1. Infinitivo impessoal ou não-flexionado : utiliza-se em locuções verbais.
Ex.. : Os candidatos podem obter a anulação da prova. INCORRETO: ...podem obterem...
NÃO ESQUECER:
a) Em orações reduzidas introduzidas por uma preposição com sujeito oculto (sendo o mesmo da or. anterior), a flexão é
a é facultativa . Ex.: Elas chegaram para trabalhar. (ou trabalharem)
b) A presença de verbos causativos (mandar, deixar, fazer e sinônimos) levam a casos distintos de concordância :
1. sujeito antes do verbo = infinitivo flexionado ( Ela mandou os pais saírem .)
2. sujeito depois do infinitivo = flexão facultativa ( Ela mandou sair ou saírem os pais.)
3. sujeito for um pronome oblíquo = flexão proibida ( Ela mandou-os sair.)
c) O uso de auxiliar com infinitivo pode atribuir a uma frase diferentes sentidos.
*TER + INFINITIVO = sentido de obrigação : Tenho de passar no concurso.
*HAVER + INFINITIVO = sentido de desejo : Hei de conseguir esta vaga.
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2. EMPREGO DAS FORMAS ABUNDANTES DE PARTICÍPIO
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Correlação Verbal
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13. Pretérito Mais-Que-Perfeito do Indicativo + Pretérito Imperfeito do Subjuntivo
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2. A transformação passiva da frase "A religião te inspirou esse anúncio." apresentará o seguinte resultado:
3. Preencha os espaços da frase transformada com as formas adequadas dos verbos assinalados na frase original.
Original: Para você "vir" à Cidade Universitária é preciso "virar" à direita ao "ver" a ponte da Alvarenga.
Transformada: Para tu _______ à Cidade Universitária é preciso que ________ à direita quando ________ a ponte da
Alvarenga.
4. Tendo em conta a flexão e o emprego do verbo de acordo com a norma culta da língua, assinale a opção em que a forma
entre parênteses NÃO completa corretamente a lacuna da frase:
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5. Em "Se aceitas a comparação, distinguirás...", se a forma "aceitas" for substituída por "aceitasses", a forma "distinguirás"
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TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 5 QUESTÕES:
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Assinale a letra correspondente à alternativa que preenche corretamente as lacunas da frase apresentada.
12. Transpondo para a voz ativa a frase "As datas das provas estavam sendo fixadas pela comissão de exames", obtém-se a
forma verbal.
a) estava fixando
b) fixavam-se
c) eram fixadas
d) fixava
e) estavam fixando
13. Transpondo para a voz passiva a frase "Os examinadores teriam questionado os vestibulandos", obtém-se a forma verbal.
a) seriam questionados
b) tinham sido questionados
c) questionariam
d) teriam sido questionados
e) haveriam de ser questionados
14. O professor, ..... que alguém ..... resultados negativos, ..... a tempo.
a) receando - previsse - interveio
b) receiando - prevesse - interveio
c) receiando - previsse - interviu
d) receando - prevesse - interviu
e) receando - previsse - interviu
15. Daquela escola ..... recursos para que os funcionários se ..... contra novas crises e ..... a cantina.
a) provieram - precavissem - provissem
b) provieram - precavessem - provessem
c) proviram - precavessem - provessem
d) proviram - precavissem - provissem
e) provieram - precavissem - provessem
16. Se você não ..... o que sacou da minha conta e se eu não ..... meu crédito junto à gerência, ..... responder a um processo.
a) repuser - reaver - caber-lhe-á
b) repuser - reouver - caber-lhe-á
c) repor - reouver - couber-lhe-á
d) repor - reaver - caber-lhe-á
e) repuser - reouver - couber-lhe-á
17. Assinalar a alternativa que completa corretamente as lacunas das seguintes orações:
I. Nós_____a Brasília e_____a Praça dos Três Poderes.
II. O professor_____a prova a pedido do aluno.
III. _____eles os objetos que haviam perdido?
a) vimos - viemos - reveu - reouveram
b) revimos - vimos - reviu - reaveram
c) viemos - vemos - reveu - reouveram
d) vimos - viemos - reviu - reaveram
e) viemos - vimos - reviu - reouveram
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TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
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Por onde passava, ficava um fermento de desassossego, os homens não reconheciam as suas mulheres, que subitamente
se punham a olhar para eles, com pena de que não tivessem desaparecido, para enfim poderem procurá-los. Mas esses mesmos
homens perguntavam, Já se foi, com uma inexplicável tristeza no coração, e se lhes respondiam, Ainda anda por aí, tornavam
a sair com a esperança de a encontrar naquele bosque, na seara alta, banhando os pés no rio ou despindo-se atrás dum canavial,
tanto fazia, que do vulto só os olhos gozavam, entre a mão e o fruto há um espigão de ferro, felizmente ninguém mais teve de
morrer.(José Saramago, Memorial do Convento)
SONETO DE SEPARAÇÃO
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
20. "E das bocas unidas fez-se a espuma". Sujeito do verbo fazer:
a) bocas b) bocas unidas c) se d) espuma
e) indeterminado
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TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
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"Sobre a história do arquipelago, explicou que fora doado pelo Rei de Portugal, em 1504, a Fernão de Noronha. O
primeiro nome fora ilha de São João. Naqueles tempos era comum batizar os lugares com o nome da festa religiosa do dia da
descoberta. Pode-se dizer, então, que ela foi vista pela primeira vez por olhos de navegantes europeus num dia 24 de junho,
entre 1500 e 1503.(Abdias Moura, em o SEGREDO DA ILHA)
Lá pela metade do século 21, já não haverá superpopulação humana, 1como hoje. Os governos de todo o mundo -
presumivelmente, todos democráticos - poderão 3incentivar as pessoas à reprodução. E será melhor que o façam com as
melhores pessoas. A eugenia humana - a escolha dos melhores exemplares para a reprodução, de modo a aprimorar a média da
espécie, como já se fez com cavalos - encontrará o período ideal para sair da prancheta dos cientistas para a vida real. Pessoas
selecionadas por suas características genéticas serão empregadas do Estado. O funcionalismo público terá uma nova categoria:
a dos reprodutores.
Este exercício de futurologia foi apresentado seriamente pelo professor do Instituto de Biociências da USP Oswaldo
Frota-Pessoa, em palestra no colóquio Brasil-Alemanha - Ética e Genética, quarta-feira à noite. [...] Nas conferências de
segunda e terça, a eugenia 2foi citada como um perigo das novas tecnologias, uma ideia que não é cientificamente - e muito
menos eticamente - defensável.
(Teixeira, Jerônimo. Brasileiro apresenta a visão do horror. ZERO HORA, 6.10.95, p. 5, 2º Caderno)
25. Assinale a alternativa que apresenta a forma passiva correta da frase que começa em 'Os governos...' (primeiro parágrafo)
a) As pessoas poderão ser incentivadas à reprodução pelos governos de todo o mundo - presumivelmente todos democráticos.
b) A reprodução será incentivada pelos governos de todo o mundo - presumivelmente todos democráticos.
c) A reprodução das pessoas poderá ser incentivada pelos governos de todo o mundo - presumivelmente todos democráticos.
d) As pessoas serão incentivadas à reprodução pelos governos de todo o mundo - presumivelmente todos democráticos.
e) O incentivo à reprodução será dado às pessoas pelos governos de todo o mundo - presumivelmente todos democráticos.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: O texto abaixo é referência para a(s) quest(ões) a seguir.
Dependendo do contexto em que são empregados, termos como “aí”, “até” e “ir” ora denotam espaço, ora denotam
tempo. Esses variados sentidos que as palavras podem assumir nem sempre são precisamente especificados no dicionário.
Talvez o exemplo mais interessante para ilustrar a indicação de tempo ou de espaço com a mesma palavra seja o verbo
“ir”. O sentido primeiro (aceitemos isso para efeito de raciocínio) do verbo “ir” é de deslocamento: “alguém vai de A a B” quer
dizer que alguém se desloca do ponto A ao ponto B. Trata-se de espaço.
Dizemos também, por exemplo, que a Bandeirantes vai de Piracicaba a S. Paulo. Mas é claro que a rodovia não se
desloca: ela começa em uma cidade e termina em outra. Não há sentido de deslocamento nessa oração, mas ainda estamos no
domínio do espaço.
Agora, veja-se outro caso: também dizemos que o período colonial vai de 1500 a 1822 (ou a 1808, conforme o ponto
de vista). Nesse exemplo, ninguém se desloca, nem se informa sobre dois pontos do espaço, dois lugares extremos. Agora não
se trata mais de espaço. Trata-se de tempo. E o verbo é o mesmo.
POSSENTI, Sírio. Analogias. Disponível em: <http://cienciahoje.uol.com.br/colunas/palavreado/analogias>. Acesso em 23
mai. 2014.
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1. O verbo “ir” tem, ainda, outro uso corrente não contemplado no texto: pode ser uma partícula unicamente gramatical
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responsável por marcar o tempo futuro do verbo principal da oração. Assinale a alternativa representativa desse uso.
a) Enquanto aguardamos o telefonema da Joana, o Luís vai ao mercado e compra os salgados para o café.
b) O período de inscrição para o concurso foi divulgado: vai de novembro a dezembro.
c) Já noticiaram: o técnico vai divulgar o nome dos jogadores convocados nesta semana.
d) Amanhã, este carro vai para a oficina, para reparos no freio e na lataria.
e) Você já guardou tudo? Vai que ele chegue sem avisar...
2. Considere o trecho a seguir: [...] Há não muito tempo, perguntávamos (1) a quem não entendia o que falávamos se gostaria
(2) que desenhássemos (3) a explicação. Era uma brincadeira, uma forma de infantilizar o interlocutor. Chegou o dia em que
a piada perdeu a graça, porque deixou de ser piada.
A indicação da desinência modo-temporal dos verbos 1, 2 e 3, grifados nesse trecho, está correta em
a) (1) pretérito imperfeito do subjuntivo; (2) futuro simples do indicativo; (3) pretérito perfeito do indicativo.
b) (1) pretérito perfeito do indicativo; (2) pretérito imperfeito do indicativo; (3) pretérito imperfeito do indicativo.
c) (1) pretérito imperfeito do indicativo; (2) futuro do pretérito do indicativo; (3) pretérito imperfeito do subjuntivo.
d) (1) pretérito mais-que-perfeito do indicativo; (2) futuro do pretérito do indicativo; (3) pretérito perfeito do subjuntivo.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Responda à(s) questões a seguir com base no texto abaixo.
Dois caminhos se 1abriram diante do paulista Marcus Smolka em 2007, quando ele 2concluiu o pós-doutorado no
Ludwig Institute for Cancer Research, em San Diego (EUA).
Um deles 3era retornar ao Brasil e associar-se a um centro de pesquisa dotado de espectrômetro de massa, um
equipamento novo, que ele dominava como poucos. Nesse caso, 4trabalharia como uma espécie de operador da máquina,
rodando os trabalhos de outros cientistas. Nas horas vagas, 5poderia usá-la para dar continuidade a suas próprias pesquisas. A
outra opção 6era aceitar um convite da Universidade Cornell, no Estado de Nova York. Por essa proposta, 7ganharia um
laboratório e teria um espectrômetro só para si, aos 33 anos de idade.
8
Para Smolka, nenhuma das duas opções 9era a ideal. 10O que ele queria mesmo era voltar ao Brasil e ter um
espectrômetro. Mas a proposta que apresentou ao Fundo de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp) esbarrou no custo do
equipamento, da ordem de US$ 1 milhão. O brasileiro 11acabou escolhendo Cornell.
Smolka é hoje parte de uma expressiva comunidade de cientistas brasileiros que estão radicados no Exterior,
produzindo pesquisa de ponta e ajudando a mudar os rumos do conhecimento. Tradicionalmente encarado como fuga de
cérebros, o fenômeno é, na verdade, uma tendência global.
Adaptado de: Histórias de cientistas brasileiros ajudam a explicar o fenômeno da exportação de cérebros.Zero Hora, Planeta
Ciência. 24/7/2015
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Considere o texto para responder à(s) questão(ões): Tintim
Durante alguns anos, o tintim me intrigou. Tintim por tintim: o que queria dizer aquilo? Imaginei que fosse alguma misteriosa
medida de outros tempos que sobrevivera ao sistema métrico, como a braça, a légua, etc. Outro mistério era o triz. Qual a exata
definição de um triz? É uma subdivisão de tempo ou de espaço. As coisas deixam de acontecer por um triz, por uma fração de
segundo ou de milímetro. Mas que fração? O triz talvez correspondesse a meio tintim, ou o tintim a um décimo de triz.
Tanto o tintim quanto o triz pertenceriam ao obscuro mundo das microcoisas.
Há quem diga que não existe uma fração mínima de matéria, que tudo pode ser dividido e subdividido. Assim como existe o
infinito para fora – isto é, o espaço sem fim, depois que o Universo acaba – existiria o infinito para dentro. A menor fração da
menor partícula do último átomo ainda seria formada por dois trizes, e cada triz por dois tintins, e cada tintim por dois trizes,
e assim por diante, até a loucura.
Descobri, finalmente, o que significa tintim. É verdade que, se tivesse me dado o trabalho de olhar no dicionário mais cedo,
minha ignorância não teria durado tanto. Mas o óbvio, às vezes, é a última coisa que nos ocorre. Está no Aurelião. Tintim,
vocábulo onomatopaico que evoca o tinido das moedas.
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Originalmente, portanto, "tintim por tintim" indicava um pagamento feito minuciosamente, moeda por moeda. Isso no tempo
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em que as moedas, no Brasil, tiniam, ao contrário de hoje, quando são feitas de papelão e se chocam sem ruído. Numa
investigação feita hoje da corrupção no país tintim por tintim ficaríamos tinindo sem parar e chegaríamos a uma nova concepção
de infinito.
Tintim por tintim. A menina muito dada namoraria sim-sim por sim-sim. O gordo incontrolável progrediria pela vida quindim
por quindim. O telespectador habitual viveria plim-plim por plim-plim. E você e eu vamos ganhando nosso salário tin por tin
(olha aí, a inflação já levou dois tins).
Resolvido o mistério do tintim, que não é uma subdivisão nem de tempo nem de espaço nem de matéria, resta o triz. O Aurelião
não nos ajuda. "Triz", diz ele, significa por pouco. Sim, mas que pouco? Queremos algarismos, vírgulas, zeros, definições para
"triz". Substantivo feminino. Popular.
"Icterícia." Triz quer dizer icterícia. Ou teremos que mudar todas as nossas teorias sobre o Universo ou teremos que mudar de
assunto. Acho melhor mudar de assunto.
O Universo já tem problemas demais.
(VERÍSSIMO, Luis Fernando. Comédias para ler na escola. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.)
4. Considere o seguinte trecho: “É verdade que, se tivesse me dado o trabalho de olhar no dicionário mais cedo, minha
ignorância não teria durado tanto. Mas o óbvio, às vezes, é a última coisa que nos ocorre”. Os verbos grifados encontram-se
conjugados, respectivamente:
a) pretérito perfeito do indicativo, futuro do pretérito do indicativo, presente do subjuntivo.
b) pretérito imperfeito do indicativo, pretérito perfeito do indicativo, presente do indicativo.
c) pretérito mais que perfeito do indicativo, pretérito imperfeito do indicativo, presente do subjuntivo.
d) pretérito imperfeito do subjuntivo, pretérito imperfeito do indicativo, pretérito perfeito do indicativo.
e) pretérito imperfeito do subjuntivo, futuro do pretérito do indicativo, presente do indicativo.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Pesquisadores querem colocar carne artificial à venda em até 5 anos
Os cientistas da Universidade de Maastricht, na Holanda, montaram uma nova companhia para transformar a carne
artificial em um hambúrguer que seja, segundo eles, mais saboroso e barato.
Dois anos atrás, a equipe de pesquisadores mostrou um protótipo em Londres. Mas o custo para a produção desse
hambúrguer era altíssimo: cerca de 215 mil libras (mais de R$ 1,2 milhão).
"Estou confiante que, quando for oferecido como uma alternativa à carne, um número cada vez maior de pessoas vai
achar difícil não comprar nosso produto por razões éticas", disse à BBC o diretor da nova empresa, Peter Verstrate.
"Acredito que vamos colocar (o produto) no mercado em cinco anos", disse o professor Mark Post, que desenvolveu
a carne artificial nos laboratórios da Universidade de Maastricht.
Post acrescentou que, inicialmente, o produto estaria disponível apenas sob encomenda, mas, quando a demanda pela
carne artificial se estabelecer e o preço cair, deve chegar às prateleiras de supermercados.
Células-tronco
O hambúrguer artificial é feito a partir de células-tronco, aquelas que podem se desenvolver em tecidos em diversas formas,
tais como nervos e pele.
A maioria dos pesquisadores que trabalham com células-tronco tenta cultivar tecido humano para transplantes ou para substituir
tecido muscular doente, células nervosas ou cartilagem.
Mark Post, no entanto, usa essas células para cultivar músculo e gordura para a fabricação dos hambúrgueres artificiais.
O processo começa com células-tronco retiradas do músculo de uma vaca. No laboratório, essas células são colocadas em uma
cultura – uma solução – com nutrientes e elementos químicos que promovem seu aumento para ajudá-las a crescerem e se
multiplicarem.
Três semanas depois os cientistas já estão com mais de um milhão de células-tronco, que são divididas e colocadas em
recipientes menores. As células já crescidas se transformam em pequenas tiras de músculo de aproximadamente um centímetro
de comprimento e apenas alguns milímetros de espessura.
As pequenas tiras são então coletadas e juntadas em pequenos montes, coloridas e misturadas com gordura.
O hambúrguer resultante deste processo foi preparado e provado em uma entrevista coletiva em Londres, há dois anos.
Um especialista gastronômico que provou a iguaria disse que o gosto estava "próximo da carne, mas não era tão suculento",
mas outro disse que tinha gosto de um hambúrguer de verdade.
Peter Verstrate disse à BBC que o hambúrguer servido em 2013 ainda não era o produto finalizado.
"Era proteína, fibra muscular. Mas carne é muito mais que isso – é sangue, é gordura, tecido de ligação, e tudo isso soma ao
gosto e à textura."
"Se você quer imitar a carne, precisa fazer todas estas coisas também – e você pode usar tecnologias de engenharia de tecido
–, mas ainda não tínhamos feito isso naquele momento", acrescentou.
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Mosa Meat, a empresa que Verstrate estabeleceu com Post e a Universidade de Maastricht, quer sintetizar carne moída no
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laboratório de forma que ela seja tão saborosa quanto a carne real e a um custo igual ao da carne moída vendida hoje.
Nos últimos dois anos, Post e sua equipe progrediram nas pesquisas, mas o cientista percebeu que, para colocar o produto no
mercado em um prazo de cinco anos, terá que acelerar os estudos.
A Mosa Meat vai empregar 25 cientistas, técnicos de laboratórios e gerentes. Um dos objetivos principais é descobrir como
iniciar a produção em massa dessa carne.
Os pesquisadores também vão analisar formas de fazer costeletas usando impressoras 3D. Mas vai demorar um pouco mais
para comercializar esses produtos.
http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/10/151017_carne_artificial_mercado_fn
5. Considerando o texto “Pesquisadores querem colocar carne artificial à venda em até 5 anos”, bem como a norma padrão
da Língua Portuguesa, marque (V) para verdadeiro ou (F) para falso e em seguida assinale a alternativa correta.
( ) “Dois anos atrás, a equipe de pesquisadores mostrou um protótipo em Londres”. O verbo grifado está conjugado no
pretérito imperfeito e se trata de uma ação que se iniciou no passado, mas que continua no presente.
( ) “Dois anos atrás, a equipe de pesquisadores mostrou um protótipo em Londres”. O verbo grifado está conjugado no
pretérito perfeito e se trata de uma ação terminada.
( ) “Nos últimos dois anos, Post e sua equipe progrediram nas pesquisas, mas o cientista percebeu que, para colocar o produto
no mercado em um prazo de cinco anos, terá que acelerar os estudos”. O verbo grifado está conjugado no futuro do
presente e se refere a uma ação futura.
( ) “Nos últimos dois anos, Post e sua equipe progrediram nas pesquisas, mas o cientista percebeu que, para colocar o produto
no mercado em um prazo de cinco anos, terá que acelerar os estudos”. O verbo grifado está conjugado no futuro do
pretérito e se refere a uma possibilidade.
a) F, V, V, F. b) F, V, V, V. c) F, V, F, F. d) V, V, F, V. e) V, F, F, V.
6. Ainda quanto à natureza semântica (de significado) e sintática (de relação gramatical) dos elementos presentes no texto,
há, a seguir, apenas uma alternativa errada. Assinale-a.
a) O termo “de idosos” caracteriza o substantivo “abrigo”, funcionando como adjunto adnominal deste.
b) “de doações” é complemento do verbo “precisa”, denominando-se objeto indireto, por ser introduzido por preposição.
c) Sintaticamente, no anúncio, a palavra “contar” está para “fazer”, assim como “O segredo” está para “Nosso objetivo”.
d) “Chegar”, “compartilhar” e “doar” são verbos de primeira conjugação e, no anúncio, estão no modo imperativo.
e) “ser uma rede de solidariedade” e “apoiar instituições de diversos segmentos divulgando as suas necessidades” indicam as
finalidades para a existência do grupo.
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TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: SOMOS TODOS ESTRANGEIROS
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Volta e meia, em nosso mundo redondo, colapsa o frágil convívio entre os diversos modos de ser dos seus habitantes.
1
Neste momento, vivemos uma nova rodada 2dessas com os inúmeros refugiados, famílias fugitivas de suas guerras civis e
massacres. Eles tentam entrar na mesma Europa que já expulsou seus famintos e judeus. Esses movimentos introduzem gente
destoante no meio de outras culturas, estrangeiros que chegam falando atravessado, comendo, amando e rezando de outras
maneiras. Os diferentes se estranham.
Fui duplamente estrangeira, no Brasil por ser uruguaia, em ambos os países e nas escolas públicas por ser judia. A
instrução era tentar mimetizar-se, falar com o menor sotaque possível, ficar invisível no horário do Pai Nosso diário.
Certamente todos conhecem esse sentimento de sentir-se estrangeiro, ficar de fora, de não ser tão autêntico quanto os
outros, ou não ser escolhido para o que realmente importa. Na 3infância, tudo é grande demais, amedronta e entendemos
fragmentariamente, como recém-chegados. Na puberdade, perdemos a familiaridade com nossos familiares: o que antes parecia
natural começa __________ soar como estrangeiro. 4Na 5adolescência, sentimo-nos estranhos __________ quase tudo,
andamos por aí enturmados com os da mesma idade ou estilo, tendo apenas uns aos outros como cúmplices para existir.
O fim desse desencontro deveria ocorrer no começo da vida adulta, quando trabalhamos, procriamos e tomamos
decisões de repercussão social. Finalmente 6deveríamos sentir-nos legítimos cidadãos da vida. 7Porém, julgamos ser uma
fraude: 8imaginávamos que os adultos eram algo maior, mais consistente do que sentimos ser. Logo em seguida disso, já
começamos a achar que perdemos o bonde da vida. O tempo nos faz estrangeiros __________ própria existência.
Uma das formas mais simples de combater todo esse 9mal-estar é encontrar outro para chamar de diferente, de
inadequado. 10Quem pratica o bullying, quer seja entre alunos ou com os que têm hábitos e aparência distintos do seu, conquista
momentaneamente a ilusão da legitimidade. Quem discrimina arranja no grito e na violência um lugar para si.
Conviver com as diferentes cores de pele, interpretações dos gêneros, formas de amar e casar, vestimentas, religiões
ou a falta delas, línguas faz com que todos sejam estrangeiros. Isso produz a mágica sensação de inclusão universal: 11se formos
todos diferentes, ninguém precisa sentir-se excluído. Movimentos migratórios misturam povos, a eliminação de barreiras de
casta e de preconceitos também. Já pensou que delícia se, no futuro, entendermos que na vida ninguém é nativo. 12A existência
de cada um é como um barco em que fazemos um trajeto ao final do qual sempre partiremos sem as malas.
Texto adaptado de Diana Corso, publicado em 12 de setembro de 2015. Disponível em:
<http://wp.clicrbs.com.br/opiniaozh/2015/09/12/artigo-somos-todos-estrangeiros/?topo=13,1,1,,,13>. Acesso em: 19 out.
2015
( ) A substituição dos pronomes demonstrativos neste e dessas (ref. 1 e 2) pelos pronomes demonstrativos nesse e destas,
respectivamente, manteria a correção gramatical da frase.
( ) Quanto à acentuação gráfica, as palavras infância (ref. 3) e adolescência (ref. 5) são paroxítonas acentuadas porque
terminam em ditongo crescente.
( ) Os verbos deveríamos (ref. 6) e imaginávamos (ref. 8) estão conjugados no mesmo tempo verbal, o pretérito perfeito do
modo indicativo.
( ) O vocábulo mal-estar (ref.9) necessita de hífen porque o segundo termo inicia por uma vogal.
( ) Na frase marcada pela referência 4, a mudança do sujeito de 1ª pessoa do plural para a 1ª pessoa do singular implica em
duas alterações, a fim de manter a sintaxe de concordância adequada.
a) F – V – F – V – F. b) V – V – F – V – V. c) V – V – V – F – F. d) F – F – V – V – V.
Ela abre os olhos. Não fosse o cheiro horrível de morte, o silêncio seria até agradável, mas o olfato a lembra que não
há paz 1– nem pessoas, vizinhos, crianças. A trégua na manhãzinha não traz esperança. Tão somente lhe permite descansar o
corpo, mas não a mente. As lembranças da noite anterior ainda produzem sobressaltos. Bombas, casas caindo e soldados
gritando.
Levanta-se, bebe o pouco da água que restou do copo ao lado da cama. Já não é tão limpa, nem farta como antes.
Sempre um gosto amargo misturado com H2O.
Abre a geladeira, e só encontra comida enlatada e congelada. E mesmo não tão congelada assim, já que os cortes
diários de eletricidade derretem as camadas de gelo.
Os sobrinhos ainda dormem, e ela tenta orar. Não consegue. A mente desconcentra-se facilmente. Em uma prece
fragmentada, pede a Deus descanso e trégua. E faz a oração sem pensar muito. Não precisa; é a mesma oração das últimas
semanas.
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Ela não quer sair de casa. Não é teimosia, é falta de opção. 2“Para onde ir?”, pergunta, com uma voz desesperançosa.
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Crônica parafraseada do depoimento de uma moradora da capital da Síria (identificada apenas pela letra “R”) ao jornal Folha
de São Paulo, de quarta-feira, dia 25. A Síria está em revolta há 16 meses contra a ditadura de Bashar al-Assad. Nos últimos
dias, o confronto contra os rebeldes se acirrou e as mortes aumentaram.
Disponível em: <http://ultimato.com.br/sites/fatosecorrelatos/2012/07/26/cronica-parafraseada-de-uma-siria-em-guerra/>
Acesso em: 14 set. 2015.
8. Leia: “Levanta-se, bebe o pouco da água que restou do copo ao lado da cama.”
Tomando-se a frase isoladamente do texto, caso o pronome “se” fosse substituído pelo pronome “te”, o verbo levantar
a) sofreria mudança em seu modo verbal, passando do subjuntivo para o imperativo, e o verbo beber permaneceria inalterado.
b) não sofreria alteração em seu modo verbal, permanecendo no indicativo, assim como o verbo beber.
c) sofreria modificação em seu modo verbal, passando do indicativo para o imperativo, e o verbo beber não necessitaria de
ajustes.
d) não sofreria alteração em seu modo verbal, permanecendo no subjuntivo, mas o verbo beber seria modificado.
9. Considerando a flexão das formas verbais impediram (ref. 3) e era (ref. 4), é correto afirmar que
a) os dois verbos estão conjugados no pretérito imperfeito do modo indicativo.
b) os dois verbos estão conjugados no pretérito perfeito do modo indicativo.
c) o verbo impedir está conjugado no pretérito perfeito do indicativo, e o ser, no pretérito imperfeito do indicativo.
d) o verbo impedir está conjugado no pretérito imperfeito do subjuntivo, e o ser, no futuro do subjuntivo.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: O monstro da procrastinação - Penélope Salles. Blog Posgraduando.com
Assim como eu, você tem um monte de coisas para fazer: textos para ler, um artigo para escrever, e-mails importantes
para responder, casa para limpar (porque a vida não está fácil para ninguém)? E nessa hora o que você sente é aquela vontade
de conferir a última novidade do Facebook? Ou de ver um vídeo no YouTube, passar aquela fase do Candy Crash ou ainda
tirar aquela soneca boa no meio da tarde?
Quem nunca?
Infelizmente a perfeita consciência disso não faz as coisas acontecerem como num passe de mágica. É preciso muito
mais que força de vontade para deixar o monstro peludo da procrastinação de lado e fazer aquilo que realmente é necessário.
Vou falar de cinco estratégias que tenho adotado e que têm me ajudado nesta batalha diária contra este monstro terrível:
1. Listas
Faça uma lista de tudo o que precisa ser feito no dia e selecione aquelas que são prioritárias. Não se esqueça de listar
até mesmo aquelas atividades consideradas mais “chatas”, mas que são importantes. Eu sei que muita gente já faz isso, mas a
necessidade de planejar o dia a dia só surgiu quando eu percebi que não tinha tempo suficiente para fazer tudo o que precisava.
Este hábito facilita e muito a minha vida, já que tenho que me dividir entre o mestrado, a monitoria, o cuidado com a casa,
família.
Costumo toda noite, antes de ir dormir, fazer uma lista de tarefas para o dia seguinte na minha agenda. Você pode
usar o bloco de notas no celular, o Evernote no computador ou a ferramenta que melhor se adeque à sua rotina. Com a lista de
atividades em mãos, fica mais fácil visualizar o que precisa ser feito. Se não sabemos exatamente o que fazer, vamos deixar
para mais tarde e aí a procrastinação vai tomar conta.
2. Objetivos claros
É claro que sem força de vontade não fazemos nada nessa vida, mas para agirmos precisamos ter claro quais são os
nossos objetivos.
Por que é importante fazer o fichamento do texto X? É importante porque vou utilizá-lo para a produção do meu
artigo. Por que ler o livro Y? Porque ele será discutido na próxima aula. E assim por diante. Dessa forma, até mesmo as tarefas
mais simples e corriqueiras acabam sendo ressignificadas e a partir daí não serão mais ignoradas.
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3. Prazos pré-estabelecidos
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Ao sabermos a data de uma prova, nos descabelamos e começamos a estudar desesperados, não é mesmo? Nada como
uma boa pressão para nos mexermos rapidinho. Então, é preciso estabelecer prazos para as tarefas a serem realizadas e depois
determinação para cumpri-los.
Você tem que ler um texto X para a aula? Defina um prazo para realizá-lo. Precisa escrever um artigo? Estabeleça
uma data para terminá-lo. Você precisa preparar uma apresentação para um seminário? Determine o dia que precisará concluí-
lo. E por fim, cumpra os prazos e você se sentirá feliz por ter conseguido vencer mais uma batalha contra este monstro.
5. Recompensa
Apesar de soar um pouco estranho, a recompensa é a motivação para muitas pessoas cumprirem as tarefas necessárias.
Seria mais ou menos o seguinte: você se propõe a fazer determinada atividade e, como forma de realizá-la, promete a si mesmo
uma recompensa no final. Embora nem todo mundo concorde com ela, acho que é uma estratégia para nos motivarmos a
realizar as tarefas mais difíceis ou mais “chatas”.
Espero que estas dicas ajudem vocês a evitar a procrastinação.
10. No texto, encontramos verbos conjugados no modo imperativo, como “faça” e “fuja”. A autora usou esse tempo verbal
para expressar: a) ordem. b) pedido. c) súplica. d) conselho. e) crítica.
11. Em junho de 1913, embarquei para a Europa a fim de me tratar num sanatório suíço. Escolhi o de Clavadel, perto de
Davos-Platz, porque a respeito dele me falara João Luso, que ali passara um inverno com a senhora. Mais tarde vim a saber
que antes de existir no lugar um sanatório, lá estivera por algum tempo Antônio Nobre. “Ao cair das folhas”, um de seus mais
belos sonetos, talvez o meu predileto, está datado de “Clavadel, outubro, 1895”. Fiquei na Suíça até outubro de 1914.
BANDEIRA, M. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1985.
No relato de memórias do autor, entre os recursos usados para organizar a sequência dos eventos narrados, destaca-se a
a) construção de frases curtas a fim de conferir dinamicidade ao texto.
b) presença de advérbios de lugar para indicar a progressão dos fatos.
c) alternância de tempos do pretérito para ordenar os acontecimentos.
d) inclusão de enunciados com comentários e avaliações pessoais.
e) alusão a pessoas marcantes na trajetória de vida do escritor.
12. Assinale a alternativa cujo termo em negrito exprime um fato que NÃO pertence a um tempo
determinado.
a) Em 2014, uma tendência se consolidou: produtos digitais estão cada vez mais sendo vendidos do mesmo jeito que a maioria
das churrascarias serve carne: em sistemas de rodízio. Mas isso não quer dizer que o modelo esteja decidido.
(Superinteressante, ed. 34, fev. 2015, p. 20)
b) As inovações dão fôlego à civilização: quando um novo passo da ciência origina um produto disruptor, surgem mercados
que alimentam a economia. (Veja, 3 dez. 2014)
c) Especialistas têm desenvolvido treinos que ajudam a restaurar o equilíbrio. A reabilitação vestibular, por exemplo, envolve
atividades para os olhos e a cabeça que buscam estimular o cérebro a lidar com sinais distorcidos que vêm da orelha interna.
(Mente e Cérebro, Ano XXI, No 265, p.31)
d) A busca por inovar, uma capacidade (até onde se sabe) exclusiva do Homo Sapiens, é o motor das engrenagens da civilização.
Inovações, sempre nascidas para solucionar necessidades pulsantes da humanidade, levam a transformações definitivas no
modo como produzimos e dão início a mudanças profundas nas relações humanas. (Veja, 3 dez. 2014)
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13.
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A rapidez é destacada como uma das qualidades do serviço anunciado, funcionando como estratégia de persuasão em relação
ao consumidor do mercado gráfico. O recurso da linguagem verbal que contribui para esse destaque é o emprego
a) do termo “fácil” no início do anúncio, com foco no processo.
b) de adjetivos que valorizam a nitidez da impressão.
c) das formas verbais no futuro e no pretérito, em sequência.
d) da expressão intensificadora “menos do que” associada à qualidade.
e) da locução “do mundo” associada a “melhor”, que quantifica a ação
14. Em textos instrucionais, é frequente o emprego de comandos ao leitor e de declarações que os justificam. Observe esse
princípio nos excertos de um texto sobre as utilidades do sal de cozinha no ambiente doméstico (coluna da direita) e associe-
os aos significados correspondentes (coluna da esquerda).
(1) Comando ( ) O sal afasta alguns insetos que podem sofrer desidratação ao entrarem em contato com ele.
(2) Declaração ( ) Prepare uma solução de sal com água e borrife nos cantos da casa.
( ) Com esse procedimento, são evitados entupimentos causados pelo acúmulo de gordura.
15. Em que opção todas as formas verbais destacadas estão de acordo com a norma padrão da língua?
a) Quando vimos o acidente, freiamos imediatamente. Outros, contudo, não se precaviram, e mais batidas aconteceram.
b) Ainda que eles compossem com afinco, não obteriam as músicas necessárias para o espetáculo.
c) Muitas empresas mantém serviço de atendimento ao consumidor, mas quando nós propusemos alterações nos contratos, não
fomos ouvidos.
d) Quando eu intermedeio as discussões, não aceito que imponham determinadas ideias.
e) Embora ele não me mantivesse informada sobre o contrato, eu intervi na negociação e obtive sucesso.
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TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: CANÇÃO DO VER
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16. A memória expressa pelo enunciador do texto não pertence somente a ele.
Na construção do poema, essa ideia é reforçada pelo emprego de:
a) tempo passado e presente b) linguagem visual e musical c) descrição objetiva e subjetiva
d) primeira pessoa do singular e do plural
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Para responder à(s) questão(ões), leia o poema de Catulo da Paixão Cearense (1863-
1946).
O Azulão e os tico-ticos
Um papagaio, surpreso
de ver o grande desprezo,
do Azulão, que os desprezava,
um dia em que ele cantava
e um bando de tico-ticos
numa algazarra o vaiava,
lhe perguntou: 1“Azulão,
olha, dize-me a razão
por que, quando estás cantando
e recebes uma vaia
desses garotos joviais,
tu continuas gorgeando
e cada vez canta mais?!”
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Numas volatas sonoras,
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* Nota do editor: Simbolicamente, Rui Barbosa está representado neste Sabiá, pois foi a “Águia de Haia” um dos maiores
admiradores de Catulo e prefaciador do seu livro Poemas bravios.
17. Na fala do papagaio, na referência 1, uma das formas verbais não apresenta, como deveria, flexão correspondente à mesma
pessoa gramatical das demais. Trata-se de
a) continuas. b) dize. c) canta. d) recebes. e) estás.
Usar a tecnologia para construir um mundo melhor tem seu lado frívolo. 1Mas, 11felizmente, 2também tem um lado bem
sério. Principalmente na política. A tecnologia 10pode ajudar governos a adotar medidas que 3beneficiam a população.
Avanços tecnológicos facilitaram a criação de ferramentas que ajudam não só a promover a cidadania, mas também a vigiar,
a reportar e a agir contra a restrição dos direitos civis. Por isso, pode-se argumentar que está cada vez mais difícil manter um governo
injusto e cada vez mais fácil se rebelar contra regimes antidemocráticos.
6
Se você quiser monitorar os países onde há desrespeito à democracia, uma das 4melhores ferramentas é o projeto
ChokePoint. Inspirado nos acontecimentos no Egito e na Líbia, o ChokePoint (chokepointproject.net) é uma plataforma que expõe o
intercâmbio de informação entre países. Se houver uma parada súbita no tráfego de dados, o sistema alerta sobre um provável corte
da liberdade de expressão naquele país. [...]
E 7se você quiser organizar um protesto? Aqui entra a tecnologia também. Em agosto, manifestantes contra o governo
usaram em Londres o API do GoogleMaps para mostrar, em tempo real, por quais ruas a polícia estava se aproximando. [...]
Mas 8se você não mora em áreas de conflito e protesto não é seu estilo, há várias maneiras de usar a tecnologia para 12facilitar
o engajamento. Em sites como o Change.org (change.org) é possível reunir milhares de pessoas para assinar uma petição. Em sites
locais, como o FixMyStreet (fixmystreet.com) ou eDemocracy (forums.e-democracy. org/about), é possível discutir problemas da
comunidade e acionar as autoridades.
É claro que a tecnologia também pode ser usada para terrorismo, mas a maioria da população é contra esse tipo de atividade.
É 13gratificante saber que 9podemos contar com a tecnologia para engajar grupos que vão provocar mudanças, sejam para a denúncia
de buracos na sua rua ou a derrubada de regimes ditatoriais. O mundo conectado é capaz de construir uma sociedade mais 5justa.
Fonte: LARIU, Alessandra. Uma revolução em cinco minutos. INFO, Nov. 2011, p.52. (adaptado)
18. O texto é um artigo de opinião que apresenta recursos linguísticos típicos de estruturas dissertativo-argumentativas. Assinale a
alternativa em que o elemento linguístico está corretamente analisado no contexto em que ocorre.
a) “Mas” (ref. 1) associado a “também” (ref. 2) ressalta o lado "sério" da tecnologia e elimina o lado "frívolo".
b) Os elementos “beneficiam” (ref. 3), “melhores” (ref. 4) e “justa” (ref. 5) sinalizam avaliações positivas à sociedade.
c) O elemento “se” (refs. 6, 7 e 8), introduz possibilidades de ações que prescindem do uso de recursos tecnológicos.
d) O emprego de “podemos” (ref. 9), em 1ª pessoa, marca inclusão da autora e dos leitores na possibilidade de uso da tecnologia para
engajamento de grupos sociais.
e) O emprego de “pode” (ref. 10), em 3ª pessoa, marca convicção da autora sobre o uso da tecnologia para a prática de terrorismo.
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TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: A estranha passageira . Stanislaw Ponte Preta
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– O senhor sabe? É a primeira vez que eu viajo de avião. Estou com zero hora de voo - e riu nervosinha, coitada.
Depois pediu que eu me sentasse ao seu lado, pois me achava muito calmo e isto iria fazer-lhe bem. Lá se foi a oportunidade
de ler o romance policial que eu comprara no aeroporto, para me distrair na viagem. Suspirei e me fiz de educado respondendo
que estava às suas ordens.
Afinal estava ali pronta para viajar. Os outros passageiros estavam já se divertindo às minhas custas, a zombar do meu embaraço
ante as perguntas que aquela senhora me fazia aos berros, como se estivesse em sua casa, entre pessoas íntimas. A coisa foi
ficando ridícula:
– Para que esse saquinho aí? – foi a pergunta que fez, num tom de voz que parecia que ela estava no Rio e eu em São Paulo.
Todos olharam para ela, inclusive eu. Madama apontou para a janela e disse:
– Olha lá embaixo.
Eu olhei. E ela acrescentou: – Como nós estamos voando alto, moço.
Olha só... o pessoal lá embaixo parece formiga.
Suspirei e lasquei:
– Minha senhora, aquilo são formigas mesmo. O avião ainda não levantou voo.
<http://atividadeslinguaportuguesa.blogspot.com.br/2013/08/a-estranha-passageira-estanislaw-ponte.html> Acesso em:
26.02.2015. Adaptado.
19. “O comandante já esquentara os motores e a aeronave estava parada, esperando ordens para ganhar a pista de decolagem.
Percebi que minha vizinha de banco apertava os olhos e lia qualquer coisa.”
As formas verbais em destaque foram empregadas no modo indicativo e a respeito delas é correto afirmar que
a) esquentara está no pretérito mais-que-perfeito e expressa incerteza sobre os fatos.
b) esquentara está no pretérito imperfeito e expressa convicção sobre fatos futuros.
c) percebi está no pretérito perfeito e expressa ação concluída no passado.
d) apertava está no pretérito perfeito e expressa ação habitual e repetitiva.
e) percebi está no pretérito imperfeito e expressa ação que perdura até o presente.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: A crescente intolerância no Rio Grande do Sul - Marcelo Gonzatto.
Atos de intolerância como a agressão racista sofrida pelo ex-árbitro de futebol Márcio Chagas da Silva, que encontrou
bananas lançadas sobre seu carro após apitar um jogo do Campeonato Gaúcho, em março de 2014, estão entranhados no
cotidiano dos gaúchos. Embora poucos casos como esse ganhem atenção, um estudo inédito revela que, a cada 36 horas, em
média, uma ocorrência envolvendo preconceito foi registrada pela Polícia Civil nos últimos sete anos. Nada menos que 1.677
queixas decorrentes de ofensas ou ameaças carregadas de ódio a alguma etnia, nacionalidade ou origem chegaram 1__________
delegacias gaúchas.
Isso significa que, a cada dia e meio, um confronto marcado pelo desprezo entre brancos, negros, asiáticos, indígenas
ou judeus, entre gaúchos e não gaúchos, brasileiros e estrangeiros, entre pessoas de origens ou culturas diferentes desmentiu
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2
__________ reputação de hospitalidade que a população do Estado costuma atribuir 3__________ si. Mas nem mesmo a
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contabilidade oficial consegue dar a dimensão total do preconceito.
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Como 4__________ pouca sistematização na coleta de dados sobre esse tipo de violação no país, é difícil fazer
comparações entre os Estados. 5Além disso, muitas vezes, uma cifra maior de denúncias pode revelar um grau mais elevado
de conscientização e 6mais facilidade de acesso a órgãos de fiscalização do que um maior número de situações de intolerância
de fato. Por isso, é difícil supor se um gaúcho é mais ou menos amistoso que um paulista ou baiano - mas as informações
disponíveis dão conta de um cotidiano de 7beligerância.
O sociólogo José Luiz Bica de Melo identifica alguns traços culturais do gaúcho que estimulam determinadas formas
de discriminação: o projeto de desenvolvimento baseado na vinda do imigrante europeu, em vez da integração do negro,
contribuiu para a formação de estereótipos. Além disso, há uma certa tendência 8__________ violência fundamentada na
questão histórica de que 9estabelecemos fronteiras através da guerra e 10construímos nosso mapa com as patas dos cavalos. Em
muitas das fronteiras invisíveis que dividem os habitantes do Pampa, a guerra continua.
Disponível em:<http://zh.clicrbs.com.br>(Acesso em 02 abr. 2015).
20. Considerando a correlação verbal do texto, no fragmento textual: "estabelecemos fronteiras através da guerra e construímos
nosso mapa" (ref. 9), os verbos sublinhados estão conjugados na
a) primeira pessoa do singular do presente do indicativo.
b) primeira pessoa do plural do presente do indicativo.
c) primeira pessoa do plural do pretérito perfeito do indicativo.
d) primeira pessoa do plural do pretérito imperfeito do indicativo.
Gabarito:
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Resposta da questão 7: [A]
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Primeira afirmativa: Falsa: existem diferenças entre os termos “destas” e “dessas”, “neste” e “nesse” no que diz respeito à
proximidade daquele que fala com o que é dito. Quando o falante está próximo do momento em que se fala, ele faz uso do
pronome “neste”, e quando está longe usa “nesse”. Quando o falante não está próximo daquilo a que se refere, ele faz uso do
pronome “desse”, e quando está perto usa “deste”.
Terceira afirmativa: Falsa: “deveríamos” está no futuro do pretérito e “imaginávamos” está no pretérito imperfeito.
Quinta afirmativa: Falsa: A frase ficaria com mais alterações: “Na adolescência, senti-me (1a alteração) estranho (2a
alteração) a quase tudo, andei (3a alteração) por aí enturmado (4a alteração) com os da mesma idade ou estilo (...).”
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Resposta da questão 18: [D]
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PRONOME
Pronome é a palavra que substitui os seres ou se refere a eles, considerando-os como pessoas do discurso ou relacionando-os
com elas. Os pronomes classificam-se em vários tipos.
Pronome pessoal:
Indicam uma das três pessoas do discurso, substituindo um substantivo. Podem também representar, quando na 3ª pessoa,
uma forma nominal anteriormente expressa (A moça era a melhor secretária, ela mesma agendava os compromissos do
chefe).
A seguir um quadro com todas as formas do pronome pessoal:
Pronomes pessoais
Pronomes oblíquos
Número Pessoa Pronomes retos
Átonos Tônicos
Os pronomes pessoais apresentam variações de forma dependendo da função sintática que exercem na frase. Os pronomes
pessoais retos desempenham, normalmente, função de sujeito; enquanto os oblíquos, geralmente, de complemento.
EX.: Ele a viu ontem. (Ele=sujeito; a= objeto direto)
Os pronomes oblíquos tônicos devem vir regidos de preposição. Em comigo, contigo, conosco e convosco, a preposição
com já é parte integrante do pronome.
Ex.: Isto é para mim. Sairei com eles. Sairemos contigo. Estou entre mim e ti.
Os pronomes de tratamento estão enquadrados nos pronomes pessoais. São empregados como referência à pessoa com quem
se fala (2ª pessoa), entretanto, a concordância é feita com a 3ª pessoa. Também são considerados pronomes de tratamento
as formas você, vocês (provenientes da redução de Vossa Mercê), Senhor, Senhora e Senhorita.
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Quanto ao emprego, as formas oblíquas o, a, os, as completam verbos que não vêm regidos de preposição (Verbos
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Transitivos Diretos); enquanto lhe e lhes para verbos regidos das preposições(não expressas) (Verbos Transitivos
Indiretos).
Ex.: Eu o quero. (o = objeto direto) / Eu lhe enviei o arquivo. (lhe = objeto indireto)
Os pronomes átonos o, a, os e as viram lo(a/s), quando associados a verbos terminados em r, s ou z e viram no(a/s), se a
terminação verbal for em ditongo nasal.
Ex.: Vou trazer a ficha amanhã. José traz os documentos. Maria quis um biscoito ontem.
Vou trazê-la amanhã. José trá-los Maria qui-lo ontem.
Os pronomes o/a (s), me, te, se, nos, vos desempenham função se sujeitos de infinitivo ou verbo no gerúndio, junto ao verbo
fazer, deixar, mandar, ouvir e ver (Mandei-o entrar / Eu o vi sair / Deixei-as chorando).
A forma você, atualmente, é usada no lugar da 2ª pessoa (tu/vós), tanto no singular quanto no plural, levando o verbo para
a 3ª pessoa.
Já as formas de tratamento serão precedidas de Vossa, quando nos dirigirmos diretamente à pessoa e de Sua, quando fizermos
referência a ela. Troca-se na abreviatura o V. pelo S.
Ex.: Vossa Alteza deveria viajar menos. (ao falar com um príncipe)
Sua Alteza deveria viajar menos. (ao falar a respeito de um príncipe)
Quando precedidos de preposição, os pronomes retos (exceto eu e tu) passam a funcionar como oblíquos. Eu e tu não podem
vir precedidos de preposição, exceto se funcionarem como sujeito de um verbo no infinitivo.
Ex.: Isto é para eu fazer. Está na hora de tu comeres.
Os pronomes me, te, se, nos, vos podem ter valor reflexivo, enquanto se, nos, vos - podem ter valor reflexivo e recíproco.
Ex.: Ao agir assim, tu te prejudicas ainda mais. (te = a ti mesmo) – Pron. Oblíquo Reflexivo
O garoto atirou-se na piscina. (se = a si mesmo) - Pron. Oblíquo Reflexivo.
Pai e filho se acusavam abertamente. (se = um ao outro) - Pron. Oblíquo Recíproco.
As formas si e consigo têm valor exclusivamente reflexivo e são usados para a 3ª pessoa. Já conosco e convosco devem
aparecer na sua forma analítica (com nós e com vós) quando vierem com modificadores (todos, outros, mesmos, próprios,
numeral ou oração adjetiva).
Ex.: Ele sempre leva consigo uma foto da filha. (consigo = com ele mesmo)
Erro: Eu gostaria de viajar consigo para o litoral.
Correções: Eu gostaria de viajar contigo (ou com você) para o litoral.
Quanto ao uso das preposições junto aos pronomes, deve-se saber que não se pode contrair as preposições com pronomes
que sejam sujeitos
Ex.: Em vez de ele continuar, desistiu ≠ Vi as bolsas dele.
Está na hora de a Dilma agir.
Os pronomes átonos podem assumir valor possessivo (Levaram-me o dinheiro / Pesavam-lhe os olhos), enquanto alguns
átonos são partes integrantes de verbos como suicidar-se, apiedar-se, condoer-se, ufanar-se, queixar-se, vangloriar-se.
Já os pronomes oblíquos podem ser usados como expressão expletiva. Ex.: Não me venha com essa.
Pronome possessivo:
Fazem referência às pessoas do discurso, apresentando-as como possuidoras de algo. Concordam em gênero e número com
a coisa possuída.
São pronomes possessivos da língua portuguesa as formas:
1ª pessoa: meu(s), minha(s) nosso(a/s);
2ª pessoa: teu(s), tua(s) vosso(a/s);
3ª pessoa: seu(s), sua(s) seu(s), sua(s).
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Quanto ao emprego, normalmente, vem antes do nome a que se refere; podendo, também, vir depois do substantivo que
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determina.
O possessivo pode indicar cálculo aproximado. Por exemplo: Ele já deve ter seus 40 anos.
O uso do possessivo seu (a/s) pode causar ambiguidade, para desfazê-la, deve-se preferir o uso do dele (a/s). Ex.: (Ele disse
que Maria estava trancada em sua casa. Casa de quem?) (A garotinha olhava para o pai sem saber qual seria o seu destino.
Destino de quem?); pode também indicar aproximação numérica (ele tem lá seus 40 anos).
Já nas expressões do tipo "Seu João", seu não tem valor de posse por ser uma alteração fonética de Senhor.
Pronome demonstrativo:
Indicam posição de algo em relação às pessoas do discurso, situando-o no tempo e/ou no espaço e dentro do próprio texto. São:
este (a/s), isto, esse (a/s), isso, aquele (a/s), aquilo. Isto, isso e aquilo são invariáveis e se empregam exclusivamente como
substitutos de substantivos.
As formas mesmo, próprio, semelhante, tal (s) e o (a/s) podem desempenhar papel de pronome demonstrativo.
Quanto ao emprego, os pronomes demonstrativos apresentam-se da seguinte maneira:
localização temporal - este (presente), esse (passado próximo) e aquele (passado remoto ou bastante vago);
Ex.: (Naquele tempo, não havia perigo algum em sair à noite.); tempo presente (Neste dia, queremos te homenagear.); tempo
passado recente (Nesses dias, venho trabalhando muito.)
localização no próprio texto: retomar palavras ou expressões já citadas (ajudam a estabelecer referências no texto)
Ex.: A mãe parecia triste; a filha passava a mão no cabelo distraída; a avó parecia ausente. Esta era muito idosa, essa parecia
extremamente jovem e aquela ainda era muito bonita.
uso anafórico, em referência ao que já foi ou será dito - este (novo enunciado) e esse (retoma informação);
o, a, os, as são demonstrativos quando equivalem a aquele (a/s), isto (Leve o que lhe pertence);
tal é demonstrativo se puder ser substituído por esse (a), este (a) ou aquele (a) e semelhante, quando anteposto ao substantivo
a que se refere e equivalente a "aquele", "idêntico" (O problema ainda não foi resolvido, tal demora atrapalhou as
negociações / Não brigue por semelhante causa);
mesmo e próprio são demonstrativos se precedidos de artigo, quando significarem "idêntico", "igual" ou "exato".
Concordam com o nome a que se referem (Separaram crianças de mesmas séries);
como referência a termos já citados, os pronomes aquele (a/s) e este (a/s) são usados para primeira e segunda ocorrências,
respectivamente, em apostos distributivos (O médico e a enfermeira estavam calados: aquele amedrontado e esta calma /
ou: esta calma e aquele amedrontado);
pode ocorrer a contração das preposições a, de, em com os pronomes demonstrativos (Não acreditei no que estava vendo /
Fui àquela região de montanhas / Fez alusão à pessoa de azul e à de branco);
podem apresentar valor intensificador ou depreciativo, dependendo do contexto frasal (Ele estava com aquela paciência /
Aquilo é um marido de enfeite);
Pronome relativo:
São aqueles que retomam um substantivo ou um outro pronome anterior a eles.
Ex.:
1. Admiro muito a obra de Tarsila do Amaral.
2. Tarsila do Amaral pintou o quadro Abaporu.
1+2 = Admiro muito a obra de Tarsila do Amaral, que pintou o quadro Abaporu.
QUE: relativo básico (refere-se a pessoas, coisas, lugar, tempo). Ex.: Este é o livro que compramos.
CUJO: sempre ideia de posse (= seu, sua). Ex.: Este é o livro cujo autor virá à escola. (autor do livro, seu autor)
CUJO não admite o uso posterior de artigo. INCORRETO: ... cujo o autor.
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O QUAL, A QUAL: usados para evitar ambiguidade e com preposições. Ex.: Chegou o irmão da menina o qual conhecemos
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(a qual conhecemos). Este é um fato contra o qual lutaremos sempre. Há uma conquista salarial sem a qual não teríamos tudo
isso.
ONDE: usado somente para indicar lugar. Ex.: Moramos em um prédio onde não há garagem.
QUANDO: tendo com referente palavra relativa a tempo. Ex.: Era um tempo quando todos se entendiam.
QUANTO: tendo como referente tudo, todo, toda. Ex.: Em tudo quanto olhei, não vi nada anormal.
Pronome indefinido:
Referem-se à 3ª pessoa do discurso quando considerada de modo vago, impreciso ou genérico, representando pessoas,
coisas e lugares. Alguns também podem dar ideia de conjunto ou quantidade indeterminada. Em função da quantidade de
pronomes indefinidos, merece atenção sua identificação.
São pronomes indefinidos de:
pessoas: quem, alguém, ninguém, outrem;
pessoas, lugares, coisas: que, qual, quais, algo, tudo, nada, todo (a/s), algum (a/s), vários (a), nenhum (a/s), certo (a/s), outro
(a/s), muito (a/s), pouco (a/s), quanto (a/s), um (a/s), qualquer (s), cada.
Sobre o emprego dos indefinidos devemos atentar para:
algum, após o substantivo a que se refere, assume valor negativo (=nenhum) (Computador algum resolverá o problema).
algum, antes do substantivo a que se refere, assume valor afirmativo.(=pelo menos um) (Algum computador resolverá o
problema.).
cada deve ser sempre seguido de um substantivo ou numeral (Elas receberam 3 balas cada uma).
alguns pronomes indefinidos, se vierem depois do nome a que estiverem se referindo, passam a ser adjetivos. (Certas
pessoas deveriam ter seus lugares certos / Comprei várias balas de sabores vários).
bastante pode vir como adjetivo também, se estiver determinando algum substantivo, unindo-se a ele por verbo de ligação
(Isso é bastante para mim).
o pronome outrem equivale a "qualquer pessoa".
o pronome nada, colocado junto a verbos ou adjetivos, pode equivaler a advérbio (Ele não está nada contente hoje).
existem algumas locuções pronominais indefinidas - quem quer que, o que quer, seja quem for, cada um etc.
todo, no singular e sem artigo, antes de um substantivo, indica sentido de “qualquer” ou “cada”. (Toda cidade parou para
ver a banda.).
todo, no singular e com artigo, antes de um substantivo, indica sentido de totalidade, “inteiro”.(Toda a cidade parou para
ver a banda).
todos, no plural, indica a totalidade de um conjunto. (Todos os livros antigos serão restaurados. As lojas todas estiveram
fechadas no Carnaval.).
todo, no singular e depois de substantivo, também significam totalidade, “inteiro”.
a) Algumas palavras classificadas tradicionalmente como advérbios podem ser utilizadas como pronomes indefinidos ao
referirem-se a substantivos ou pronomes (os advérbios referem-se a verbos, adjetivos ou outros advérbios).
Ex.: Trouxe muito livro interessante. Trouxe mais livros. ( pronomes indefinidos)
Chorou muito ontem. Estava mais irritado que ele. (advérbios)
c) Do ponto de vista sintático, os pronomes podem determinar substantivos, à semelhança dos adjetivos, razão pela qual se
denominam pronomes adjetivos, ou podem exercer a função de um substantivo, uso em que recebem o nome de pronomes
substantivos. Ex.: Estes documentos são válidos. (pron. demonstrativo adjetivo). Nada se resolverá assim. (pronome indefinido
substantivo).
d) Os pronomes concordam com o nome a que se referem. (Os livros aos quais me refiro são bons. As revistas as quais havia
perdido foram encontradas logo. O menino cujo tornozelo fora ferido estava bem agora. A menina cuja perna fora ferida estava
bem agora.)
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EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
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1. Complete com as formas adequadas dos pronomes pessoais 2. Nas frases abaixo, assinale a que contém incorreção no
referentes à primeira pessoa do singular: uso de pronome:
a) Ele está triste com nós todos.
a) Para __________________ , todos são iguais. b) Interessa que venha com nós três.
b) Para __________________ chegar cedo à empresa, preciso c) Os irmãos virão com nós que somos seus tutores.
embarcar no primeiro ônibus. d) Na ocasião, portaremos conosco os documentos.
c) Para __________________, chegar cedo à empresa já é e) Procure andar conosco que sabemos do seu problema de
um hábito. locomoção.
d) Por __________________, todos vão se classificar.
e) Por _________________ ser nervoso, não me saí bem. 3.Qual a única frase que permite o emprego de consigo?
f) Entre __________________ e vocês, sempre houve diálogo. a) Falaram muito mal __________ lá no salão.
g) Entre a turma e ___________ sempre houve diálogo. b) Iremos __________ na formatura.
h) Entre __________ pedir e você atender, que distância! c) Carregava __________ o dinheiro que tinha.
h) Entre você e ________________,não há discussão. d) O diretor está querendo negociar um acordo
__________
e) Deixarei __________ a parte mais fácil do trabalho.
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5. Utilizando pronomes relativos, complete as lacunas 9. Indique a frase em que há o emprego de pronome
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adequadamente: adjetivo.
a) Tudo foi por água abaixo.
É muito bom o livro __________ recebeste.
b) Nada funcionou bem no dia.
__________ páginas rabiscastes.
c) Ninguém aceitou aquela proposta.
__________ gostas.
d) Não, li somente aquela.
__________ aludimos.
__________ nos apaixonamos.
10. Em "Somos o que somos", o termo grifado é um
pronome:
6. As frases seguintes são frequentes na língua coloquial e
a) relativo c) demonstrativo
familiar. Reescreva-as de acordo com o padrão culto da
b) indefinido d) pessoal oblíquo
língua.
a) Vi ele ontem. 11. "Ele é um velho. Sua lucidez causa espanto."
___________________________________________ "Drummond é um poeta. Seus versos a todos comovem."
"A casa parecia ser nova. Seu muro caiu."
b) Encontrei ela no supermercado. Para unir cada grupo de duas orações em um só período,
___________________________________________ devem ser usados, respectivamente, os pronomes relativos:
a) cuja - cujos - cujo
c) Deixa eu em paz! b) cuja a - cujo os - cujo o
___________________________________________ c) que - que - que
d) o qual - os quais - a qual
d) Ela trouxe algumas revistas pra mim dar uma olhada. e) o qual- o qual - cujo
___________________________________________
12. Em uma frase, quais pronomes devem ser usados,
f) Está tudo terminado entre eu e tu. respectivamente, para designar a própria caneta e a caneta de
____________________________________________ um interlocutor?
a) essa - esta
g) Isto é para mim levar ao correio. b) esta – aquela
___________________________________________ c) esta - essa
d) aquela – essa
h) Cheguei a cantar pra ti dormir. e) essa – esta
___________________________________________
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EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES
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8. Uma as frases abaixo por meio de um pronome relativo e assinale a alternativa correta.
O eclipse encantou multidões. A magia do eclipse afagou a alma.
a) Após o comício, houve briga onde estavam envolvidos estudantes de duas escolas diferentes.
b) Os músicos criaram um clima de alegria onde o anfitrião foi responsabilizado.
c) Foi importante a reforma do estatuto da escola, de onde resultou melhoria do ensino.
d) Viver em um país onde saúde e educação são valorizadas é um direito de qualquer cidadão.
e) Na reunião de segunda-feira, várias decisões foram tomadas pelos sócios da empresa, onde também foi decidido o reajuste
das tarifas.
A garagem de casa
1
Com o portão enguiçado, e num 2convite a 3ladrões de livros, a 4garagem de casa lembra uma biblioteca pública
permanentemente aberta para a rua. 5Mas não são 6adeptos de literatura 7os indivíduos que ali se abrigam da chuva ou do sol a
pino de verão. 8Esses desocupados 9matam o tempo jogando porrinha, ou lendo os jornais velhos que mamãe amontoa num
canto, sentados nos degraus do escadote com que ela alcança as prateleiras altas. 10Já quando fazem o obséquio de me liberar
o espaço, de tempos em tempos entro para olhar as estantes onde há de tudo um pouco, em boa parte remessas de editores
estrangeiros que têm apreço pelo meu pai. 11Num reduto de literatura tão sortida, como bem sabem os habitués de sebos, fascina
a perspectiva de por puro acaso dar com um livro bom. 12Ou by serendipity, como dizem os ingleses quando na caça a um
tesouro se tem a felicidade de deparar com outro bem, mais precioso ainda. Hoje revejo na mesma prateleira velhos conhecidos,
algumas dezenas de livros turcos, ou búlgaros ou húngaros, que papai é capaz de um dia querer destrinchar. Também continua
em evidência o livro do poeta romeno Eminescu, que papai ao menos 13tentou ler, como é fácil inferir das folhas cortadas a
espátula. Há uma edição em alfabeto árabe das Mil e Uma Noites que ele não 14leu, mas cujas ilustrações 15admirou longamente,
como denunciam os filetes de cinzas na junção das suas páginas coloridas. Hoje tenho experiência para saber quantas vezes
meu pai 16leu um mesmo livro, posso quase medir quantos minutos ele se 17deteve em cada página. 18E não costumo perder
tempo com livros que ele nem sequer 19abriu, entre os quais uns poucos eleitos que mamãe 20teve o capricho de empilhar numa
ponta de prateleira, confiando numa futura redenção. Muitas vezes a vi de manhãzinha compadecida dos livros estatelados no
escritório, com especial carinho pelos que trazem a foto do autor na capa e que papai despreza: parece disco de cantor de rádio.
(Chico Buarque. O irmão alemão. 1 ed. São Paulo. Companhia das letras. 2014. p. 60-61.
Texto adaptado com o acréscimo do título.)
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A obra O irmão alemão, último livro de Chico Buarque de Holanda, tem como móvel da narrativa a existência de um
desconhecido irmão alemão, fruto de uma aventura amorosa que o pai dele, Sérgio Buarque de Holanda, tivera com uma alemã,
lá pelo final da década de 30 do século passado. Exatamente quando Hitler ascende ao poder na Alemanha. Esse fato é real: o
jornalista, historiador e sociólogo Sérgio Buarque de Holanda, na época, solteiro, deixou esse filho na Alemanha. Na família,
no entanto, não se falava no assunto. Chico teve, por acaso, conhecimento dessa aventura do pai em uma reunião na casa de
Manuel Bandeira, por comentário feito pelo próprio Bandeira.
Foi em torno da pretensa busca desse pretenso irmão que Chico Buarque desenvolveu sua narrativa ficcional, o seu romance.
Sobre a obra, diz Fernando de Barros e Silva: “o que o leitor tem em mãos [...] não é um relato histórico. Realidade e ficção
estão aqui entranhadas numa narrativa que embaralha sem cessar memória biográfica e ficção”.
I. O emprego do vocábulo casa sem a determinação do artigo definido, como acontece no texto, indica que a casa é da pessoa
que fala.
II. A introdução do artigo definido antes do substantivo casa – garagem da casa – indicaria não só que o falante não é o
proprietário da casa, ou pelo menos não a habita, mas também que o referente casa, representado no texto pelo vocábulo
casa, já aparecera no texto, portanto não seria novo para o leitor.
III. A introdução do artigo indefinido um antes do substantivo casa – garagem de uma casa – indicaria que o referente casa,
representado pelo vocábulo casa, ainda não aparecera no texto, portanto seria novo para o leitor.
a) I e II apenas.
b) I, II e III.
c) I e III apenas.
d) II apenas.
O conhecimento
Diante da natureza, o homem – animal racional – não age como 1os animais 2inferiores. 3Estes apenas esforçam-se
pela vida. O homem, 4além disso, esforça-se por entender a natureza e, embora sua inteligência seja dotada de limitações, tenta
sempre dominar a 5realidade, agir sobre ela para torná-la mais adequada às suas próprias necessidades. E, à medida que a
domina e transforma, também amplia ou desenvolve suas próprias necessidades.
Esse 6processo permanente de acúmulo de conhecimentos sobre a natureza e de ações racionais capazes de transformá-
la compõe o universo de ideias que hoje denominamos “Ciência”.
Ciência é, pois, o conhecimento racional, sistemático, exato e verificável da realidade. Por meio da investigação
científica o homem reconstitui artificialmente o universo real em sua própria mente. Mas essa reconstituição ainda não é
definitiva. A descoberta e a compreensão de fatos quase sempre levam à necessidade de descobrir e compreender novos fatos.
E como o resultado das investigações depende dos conhecimentos já adquiridos e de instrumentos capazes de aprofundar a
observação, a Ciência está sempre limitada às condições de sua época.
O que era conhecimento verdadeiro para o sábio da Antiguidade já não o era para o cientista do Renascimento; e o
que foi verdadeiro para o cientista do século XVIII pode já não o ser para o cientista dos nossos dias. Assim diz-se também
que a ciência é falível, ou seja, pode ser exata apenas para determinado período. O conceito científico que o homem tem do
mundo é cada vez mais amplo, mais profundo, mais detalhado e mais exato. Mas está ainda muito longe de ser completo.
Assim, considerando-se o desenvolvimento 7histórico da ciência, é lógico pressupor que o cientista do final do século XXI
disporá de conhecimentos muito mais desenvolvidos e exatos do que os de hoje.
Afinal, o que é conhecer?
Em linhas gerais, conhecer é estabelecer uma relação entre a pessoa que conhece e o objeto que passa a ser conhecido.
No processo de conhecimento, quem conhece acaba por, de certo modo, apropriar-se do objeto que conheceu. De certa forma
“engole” o objeto que conheceu. Ou seja, transforma em conceito esse objeto, reconstitui-o na sua mente.
O conceito, no entanto, não é o objeto real, não é a realidade, mas apenas uma forma de conhecer (ou conceber, ou
conceituar) a realidade. O objeto real continua existindo como tal, independentemente do fato de o conhecermos ou não.
(Galliano. O método científico: teoria e prática. Editora Harper& Row do Brasil Ltda. São Paulo: 1979. p. 16-17.)
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3. Observe as relações entre os elementos do primeiro parágrafo.
I. O “Estes” (ref. 3) aponta para “os animais inferiores” (ref. 1).
II. O “isso” de “além disso” (ref. 4) refere-se à oração “Estes apenas esforçam-se pela vida” (ref. 3), resumindo-a.
III. O substantivo “realidade” (ref. 5) não é retomado por nenhuma anáfora.
5. Assinale a alternativa incorreta em relação ao período da novela A hora da estrela, de Clarice Lispector : “Quando eu era
mulher-dama já ia juntando meu dinheirinho, dando porcentagem à chefa, é claro.”
a) O vocábulo “mulher-dama” é um substantivo composto, e refere-se à madame Carlota; se pluralizado fica mulheres-damas.
b) O período é composto, formado por quatro orações, sendo que a segunda e a terceira orações são reduzidas do gerúndio, em
relação à primeira oração que é a principal.
c) A palavra “já”, no período, indica uma circunstância de tempo.
d) O substantivo “dinheirinho” quanto à flexão de grau é diminutivo sintético, e o sufixo -inho está sendo usado para indicar
valor afetivo.
e) A palavra “mulher-dama”, sintaticamente, é predicativo do sujeito, e “dando”, quanto à transitividade, é verbo transitivo
direto e indireto.
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6. Indique o verso em que ocorre um adjetivo antes e outro depois de um substantivo:
a) O que varia é o espírito que as sente
b) Mas, se nesse vaivém tudo parece igual
c) Tons esquivos e trêmulos, nuanças
d) Homem inquieto e vão que não repousas!
e) Dentro do eterno giro universal
Apesar do apoio popular, é bastante difícil que ocorram alterações na forma de punir adolescentes infratores no médio
prazo. Isso porque a maioridade penal em 18 anos (estabelecida pelo artigo 228 da Constituição Federal) é considerada um
direito fundamental dos adolescentes. Por isso, Ministério Público Federal, Ordem dos Advogados do Brasil e especialistas
argumentam que o artigo se trata de uma cláusula pétrea, que não pode ser alterada.
“É uma cláusula imutável. Para alterar a maioridade penal seria necessário fazer uma nova constituição”, diz Melina
Fachin, professora de Direito Constitucional da UFPR.
Ainda que Câmara e Senado tenham interpretações diferentes e aprovem uma das Propostas de Emenda à Constituição
(PECs), alterando o artigo 228 da Carta Magna, a decisão se estenderia ao Supremo Tribunal Federal.
Outra alternativa seria mudar pontos do ECA [Estatuto da Criança e do Adolescente], prevendo outras formas e
períodos de punição aos menores de 18 anos. MPF e OAB também já se manifestaram contra a hipótese. “O ECA é uma norma
infraconstitucional. Então, sua alteração também seria inconstitucional, porque haveria conflito com o que a Constituição
disciplina”, observa Melina.
Além do viés constitucional, o doutor em sociologia e coordenador do Núcleo de Estudos de Violência da UFPR,
Pedro Bodê, defende o ECA e questiona as intenções de alteração na legislação. “Mais uma vez, o jovem é tornado em bode
expiatório da derrocada dos governos e falência das políticas públicas que eles representam. É transformar a vítima em réu”,
afirma.
O deputado Fernando Francischini (PEN) discorda e se apega ao clamor público para justificar a redução. “A
Constituição é feita para proteger a população. A gente não pode dizer que a Constituição é imutável, se a própria população
quer mudá-la.”
a) Na frase “Mais uma vez, o jovem é tornado em bode expiatório(...)”, a expressão em destaque significa que “uma pessoa é
culpada pela ocorrência de um fato, por ser a responsável por isso”.
b) Em “Além do viés constitucional, o doutor em sociologia e coordenador do Núcleo de Estudos de Violência da UFPR, Pedro
Bodê, defende o ECA (...)”, o termo em destaque pode ser substituído por “além do aspecto constitucional...”
c) Em “Mais uma vez, o jovem é tornado em bode expiatório da derrocada dos governos e falência das políticas públicas (...)”,
o vocábulo destacado significa “apogeu”, ”ápice”.
d) Na frase “A Constituição é feita para proteger a população.”, os vocábulos destacados são, respectivamente, substantivo e
adjetivo.
e) Em “A gente não pode dizer que a Constituição é imutável, se a própria população quer mudá-la.”, a palavra grifada é um
pronome possessivo.
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9. Os quadrinhos a seguir são do cartunista brasileiro Henfil, famoso por criar personagens como Fradim e, especialmente,
a ave Graúna e seus companheiros, o cangaceiro Zeferino e o Bode Orelana.
Com base na leitura dos quadrinhos que compõem o texto, é CORRETO afirmar que:
01) ao declarar que, para votar, é necessário ler os anúncios, panfletos, cartazes e faixas de um candidato (quadrinho 03), a
personagem Bode Orelana defende que o eleitor faça sua escolha unicamente a partir do conteúdo veiculado pela campanha
publicitária.
02) o direito a voto do eleitor analfabeto é negado por Bode Orelana. Sua justificativa é a incapacidade do eleitor de
compreender o que realmente importa sobre um candidato, ou seja, sua personalidade e caráter.
04) na fala “Que qui custa ele votar uma vez?” (quadrinho 02), a palavra destacada poderia ser omitida, já que se trata de um
termo expletivo, utilizado apenas para dar ênfase à pergunta feita.
08) no primeiro quadrinho, a personagem ave Graúna utiliza um substantivo no grau diminutivo, “abatidinho”, para fazer
alusão à estatura de Zeferino.
16) no período “Tá tão abatidinho, tão jururu porque não pode votar” (quadrinho 01), o sujeito da frase que foi omitido
corresponde a Zeferino, impedido de participar do pleito por ser analfabeto.
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Leia a charge abaixo para responder as questões.
10. Sobre a classe gramatical das palavras do texto, assinale a alternativa CORRETA.
a) Como as personagens estão descrevendo a si mesmas, são abundantes os adjetivos, entre os quais se incluem azuis, atlético,
magra e sensual.
b) Como a principal função do texto é descrever, nele não ocorrem verbos, que são próprios de textos narrativos.
c) No texto, curiosamente, não ocorrem pronomes pessoais ou de tratamento, que são bastante comuns em diálogos.
d) O único substantivo que aparece no texto é a palavra olhos, como seria de esperar em um diálogo em que as pessoas falam
sobre si mesmas.
e) Na fala da mulher, a palavra super, originalmente um prefixo, está sendo usada como um substantivo que caracteriza boca.
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[...]
– 17Eles podem, assim, induzir a erro e oficializar versões equivocadas – analisa o lexicógrafo 15Francisco Filipak, autor do
Dicionário Sociolinguístico do Paraná.
Diferentemente dos demais vocabulários regionais, o de Filipak é concebido como um dicionário, 9de fato. Após 1330 anos de
pesquisa, catalogação e seleção, 18ele reuniu os 6 mil verbetes que compõem o estudo de 400 páginas. Seguindo 10à risca a
metodologia dos 11grandes dicionários do país, Filipak incluiu todas as designações de cada verbete, citando suas variações
vocabulares típicas só daquela região. Hoje, com 83 anos, 19diz desconhecer outro dicionário regional que tenha se guiado
pelo mesmo 12rigor metodológico.
Mesmo sendo de autores 7diletantes, os dicionários regionais são valorizados pelos pesquisadores que formulam obras
consagradas. Todos constam das prateleiras das equipes que atualizam os maiores dicionários da língua.
01) O valor dos dicionários regionais advém do seu caráter empírico, isto é, da relativa falta de rigor metodológico com que
são elaborados.
02) O trabalho dos dicionaristas diletantes, apesar de ser largamente empírico e não seguir métodos científicos rígidos, é de
algum interesse para os lexicógrafos profissionais.
04) O relato sobre Isaque de Borba Corrêa confirma o fato de que os dicionaristas regionais desenvolvem seu trabalho de forma
empírica, sem buscar conhecimentos científicos que o embasem.
08) Em seu trabalho de dicionarista, Antonio Soares da Fonseca Jr. obedece a certo rigor científico, porque escolhe o lugar
onde fará a pesquisa, o informante e o tópico da conversação.
16) Devido aos cuidados metodológicos empregados em sua composição, o Dicionário Sociolinguístico do Paraná não pode
ser considerado mera obra empírica de pesquisador diletante.
12. Assinale a(s) proposição(ões) CORRETA(S) com relação aos fatos de linguagem do texto.
01) O uso das aspas em “dicionários” (subtítulo), “dialetologia” (ref. 1) e “idiotismos” (ref. 2) serve para indicar ironia,
discordância da autora em relação ao valor que outros atribuem aos termos.
02) A classificação elaborada por Antonio Soares da Fonseca Jr. (ref. 3), além de informal, é equivocada, porque o termo
“lapada” seria mais bem enquadrado como verbo do que como substantivo e porque não existe uma classe dos “aprendizes
de interjeição”.
04) O título Grande Enciclopédia Internacional de Piauiês (ref. 4), dado ao dicionário elaborado por Paulo José Cunha, revela
ao leitor a grande abrangência e seriedade do trabalho dos lexicógrafos amadores.
08) O emprego dos termos informais “boteco” (ref. 5) e “papo” (ref. 6), que destoa um pouco do restante do texto, marcado
pelo uso da variedade culta escrita, pode ser explicado em parte como reflexo do próprio assunto tratado, a informalidade
com que Antonio Soares da Fonseca Jr. colhe dados para seu dicionário.
16) O adjetivo “diletantes” (ref. 7) funciona no texto como sinônimo de “profissionais” (ref. 8), uma vez que o texto aproxima
o trabalho dos autores diletantes, “apaixonados por regionalismos”, ao dos lexicógrafos profissionais.
32) As expressões “de fato” (ref. 9), “à risca” (ref. 10), “grandes dicionários do país” (ref. 11) e “rigor metodológico” (ref. 12),
assim como a informação de que o dicionário de Filipak consumiu “30 anos de pesquisa, catalogação e seleção” (ref. 13),
servem ao mesmo fim argumentativo, que é dar ao leitor uma impressão de solidez científica dessa obra.
01) Observa-se que, nas ref. 14 e 15, quando o nome de um pesquisador é introduzido no texto, segue-se um aposto, separado
do restante do texto por vírgula(s), conforme previsto nas regras de pontuação.
02) O trecho “traços que mais caracterizam uma língua em relação a outras que lhe são cognatas” (ref. 16) poderia ser reescrito
como “traços que mais caracterizam uma língua em relação a outras que são cognatas delas”, sem prejuízo ao sentido do
texto.
04) No trecho “Eles podem, assim, induzir a erro [...]” (ref. 17), se a palavra “erro” fosse substituída por “falha”, seria
necessário escrever “Eles podem, assim, induzir à falha [...]”, porque a presença do substantivo feminino implicaria uma
crase, nesse contexto.
08) No trecho “[...] ele reuniu os 6 mil verbetes que compõem o estudo de 400 páginas” (ref. 18), o pronome relativo “que”
poderia ser substituído por “cujos”, caso se desejasse um estilo mais formal.
16) Se seguidas à risca as regras de colocação pronominal previstas na norma padrão, o pronome “se” deveria aparecer
anteposto ao verbo “tenha” em “[...] diz desconhecer outro dicionário regional que tenha se guiado pelo mesmo rigor
metodológico” (ref. 19).
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Os gêneros textuais nascem emparelhados a necessidades e atividades da vida sociocultural. Por isso, caracterizam-se por uma função
social específica, um contexto de uso, um objetivo comunicativo e por peculiaridades linguísticas e estruturais que lhes conferem
determinado formato. Esse classificado procura convencer o leitor a comprar um imóvel e, para isso, utiliza-se
No processo da Revolução Francesa, quando destruíram os últimos resquícios do feudalismo na eufórica noite de 4 de agosto
de 1789, os deputados concordaram em manter o dízimo da Igreja, 2em vez de simplesmente aboli-lo sem qualquer
compensação. Mas, desde então, 1houve sinais de que a promessa seria abandonada. “Eles desejam ser livres, mas não sabem
ser justos”, reclamou o abade de Seyès, referindo-se a alguns colegas da Assembleia. Robespierre não era nem antipadres
nem anticlerical; 3é difícil determinar sua posição quanto ao futuro da Igreja na Revolução. Às vezes, era veemente crítico e,
em outras vezes, retornava à interpretação da doutrina cristã, pois, a seu ver, o cristianismo era a religião dos pobres e daqueles
de coração puro — riqueza chamativa e luxo não deveriam fazer parte dele. Os pobres, segundo ele, eram oprimidos não
apenas pela fome, mas também pelo espetáculo escandaloso de clérigos autoindulgentes, 4que esbanjavam insensivelmente
o que 5pertencia aos pobres por direito.
a) No trecho “houve sinais de que a promessa seria abandonada” (ref. 1), o substantivo “promessa” tem como referente o trecho
“em vez de simplesmente aboli-lo sem qualquer compensação” (ref. 2).
b) O trecho “é difícil determinar sua posição quanto ao futuro da Igreja na Revolução” (ref. 3) pode ser substituído corretamente
por quanto ao futuro da Igreja, é difícil determinar, na Revolução, a posição de Robespierre.
c) No trecho “que esbanjavam insensivelmente o que pertencia aos pobres por direito” (ref. 4), o complemento direto de
“esbanjavam” é modificado por uma oração adjetiva.
d) A estrutura “pertencia aos pobres por direito” (ref. 5) pode ser substituída corretamente por era um direito dos pobres.
Gabarito:
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Resposta da questão 5: [B]
[A] Mulher-dama é um substantivo composto formado por um substantivo e um adjetivo, sendo assim, as duas palavras
variam de acordo com o número.
[B] Correta. Tem-se na primeira oração: Quando eu era (...) uma Oração Subordinada Adverbial Temporal e a Oração
Principal é: já ia juntando meu dinheirinho.
[C] O advérbio já é um marcador de tempo, dá a ideia de imediatismo.
[D] O diminutivo dinheirinho expressa afetividade por um dinheiro extra, certamente, conseguido para complementação das
despesas.
[E] Sintaticamente a expressão mulher-dama é um predicativo do sujeito. Aparece depois de um sujeito (eu) mais um verbo
de ligação era. Já o verbo dar aparece com dupla predicação: transitivo direto do objeto porcentagem e indireto do objeto
à chefa.
[01] nem todos os dicionários regionais são elaborados de forma empírica, como atesta o do lexicógrafo Francisco Filipak,
autor do “Dicionário Sociolinguístico do Paraná”;
[04] Isaque de Borba Corrêa aprimorou o seu trabalho inicial divulgado em 1981, “Dicionário do Papa-Siri”, ao publicar
“Dicionário Catarinense” em 2000, fruto de pesquisa e embasamento científico;
[08] Antonio Soares da Fonseca Jr. escolhia aleatoriamente o lugar e o informante que serviriam de apoio para a sua
pesquisa.
Assim, 02 + 16 = 18.
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Resposta da questão 12: 08 + 32 = 40.
Os itens [01], [02], [04] e [16] apresentam afirmações incorretas, pois
[01] enquanto que o uso das aspas em “dicionários” expressa ironia, em “dialetologia” e “idiotismos” imprime ênfase aos
termos;
[02] as classificações de “lapada” e “aprendizes de interjeição” são adequadas, substantivo e interjeição, respectivamente, já
que o primeiro define a ação (“pancada”) e o segundo, uma expressão emotiva de alívio (ufa!);
[04] os dicionários elaborados por lexicógrafos amadores caracterizam-se pela despretensão e pelo bom humor;
[16] o termo “diletantes” caracteriza pessoas que exercem uma atividade por prazer, e não por obrigação;
Assim, 08 + 32 = 40.
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C
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Módulo III - REGULAR - MARÇO E ABRIL – MATEMÁTICA – PROFº RODRIGO MELO
1) SEQUÊNCIAS
Definição: Sequência (ou sucessão) é um conjunto de coisas, objetos, números, dispostos ordenadamente.
Exemplos:
c) (2, 3, 5, 7, 11, 13, 17, 19, ...) – Sequência dos números primos.
Basta inverter a ordem de dois elementos em qualquer dos exemplos dados, para termos imediatamente uma nova sequência
e não a mesma.
Abreviadamente, numa sucessão, chamamos o primeiro termo de a1 , o segundo de a2 , o terceiro de a3 , e assim por diante,
fazendo sempre com que o índice indique a posição do termo.
Uma sucessão com n termos seria indicada:
a1 , a2 , a3 , a4 ,..., an (observe: o índice varia de 1 até n)
Uma com 20 termos terá:
a1 , a2 , a3 ,..., an ,..., a20 (aqui n varia de 1 a 20)
As sequências mais importantes na Matemática são aquelas que obedecem a uma lei de formação, de modo que sempre
possamos encontrar qualquer um de seus elementos.
Exemplos:
a) Seja a sequência definida por an 3n 2 (observe: n aparece duas vezes). Substituindo-se n sucessivamente por 1, 2, 3,
4, ... vamos encontrando a1 , a2 , a3 , a4 ,...:
a1 3.1 2 5
a2 3.2 2 8
a3 3.3 2 11
a4 3.4 2 14
etc.
portanto, a sequência é (5, 8, 11, 14, ...)
Assim, a n representa um termo qualquer (geral) da sequência. Podemos encontrar, por exemplo, o décimo, sem saber os
anteriores. Basta fazer n = 10.
a10 3.10 2 32
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2) P.A. (PROGRESSÃO ARITMÉTICA)
Progressão aritmética é uma sequência numérica na qual, a partir do segundo, cada termo é igual à soma de seu
antecessor com uma constante, denominada razão.
Exemplos:
Fórmula Alternativa: aw ak w k .r
aw - termo posterior
ak - termo anterior
w - posição posterior
k - posição anterior
Quase todos os problemas de progressões aritméticas fornecem o valor de três das quatro variáveis e pedem o valor da quarta.
Logo, podem ser resolvidos por aplicação direta da fórmula do a n .
(a1 a n ).n
Soma de termos de uma P.A. finita : Sn
2
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Propriedades de uma P.A.:
1º Propriedade – A soma dos termos extremos de uma P.A. finita é igual à soma de dois termos equidistantes dos extremos.
a1 an a2 an 1
2º Propriedade – Em toda P.A., qualquer termo, excetuando-se o dos extremos, o valor de um determinado termo é igual à
média aritmética dos termos ao seu lado.
an 1 an 1
an
2
3º Propriedade – Quando a quantidade de termos for impar, o termo central é a média aritmética dos termos extremos.
a1 a n a 2 a n1
an = =
2 2
4º Propriedade - A soma dos termos de ordem ímpar de uma PA é o produto do termo do meio pela sua posição.
Si = TM x a(m)
Representações Especiais:
É muito comum, em exercícios, serem citadas progressões aritméticas de 3, 4 ou 5 termos, fornecendo a soma deles. Nesses
casos, para facilitar a resolução dos problemas, é conveniente utilizar as notações ao lado:
- Para representar 3 termos, use x r .x. x r (razão r)
- Para representar 4 termos, use
x 3r . x r . x r x 3r (razão 2r)
- Para representar 5 termos, use
x 2r . x r .x. x r x 2r (razão r)
QUESTÕES DE CONCURSOS
1) Sabendo-se que numa P.A. o seu décimo termo é igual a 15 e a razão é igual a 3. Qual é o seu trigésimo termo?
a) 45
b) 50
c) 60
d) 65
e) 75
2) Sabendo-se que os três primeiros termos de uma P.A. são, respectivamente, x – 1, x + 5 e 4x – 4, encontre o valor numérico
do quarto termo.
a) 20
b) 22
c) 25
d) 26
e) 28
3) Calcular x de modo que 3x – 1, x + 3 e x + 9, sejam termos consecutivos de uma P.A. na ordem enunciada.
a) - 2
b) - 1
c) 0
d) 1
e) 2
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4) Qual o 15° termo da P.A. (- 5, - 2, 1, 4, ...)?
a) 32
b) 35
c) 37
d) 40
e) 46
5) Numa P.A. o quinto e o décimo-segundo termos são respectivamente, 10 e 80. O primeiro termo, então, é:
a) - 30
b) - 20
c) - 10
d) 5
e) 10
6) Determine o número de termos de uma P.A. em que o primeiro termo é 2, o último termo é 22 e a razão é igual ao número
de termos.
a) 5
b) 6
c) 7
d) 8
e) 9
7) Numa P.A., o décimo termo é 72 e o termo precedente é 65. Calcule o primeiro termo.
a) 6
b) 7
c) 8
d) 9
e) 10
8) A soma de três números em P.A. é 18, e o produto dos termos extremos é 32. Determine os números.
a) (2, 4, 6)
b) (4, 6, 8)
c) (1, 3, 5)
d) (3, 5, 7)
e) (4, 7, 10)
9) Determine o termo de ordem cem de uma P.A. finita, de primeiro termo – 20 e razão 7.
a) 578
b) 587
c) 593
d) 627
e) 673
10) Determine o valor da soma dos 100 primeiros números inteiros positivos.
a) 4890
b) 4980
c) 5050
d) 5600
e) 5860
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12) Determine o valor da soma dos 20 primeiros termos da sucessão (10, 13, 16, 19, ...).
a) 568
b) 608
c) 676
d) 720
e) 770
14) Determine o número de termos de uma P.A. finita, de primeiro termo 5 e razão 6, sabendo que a soma de seus termos é 320.
a) 8
b) 9
c) 10
d) 11
e) 12
16) Determine a soma de todos os múltiplos de 7 que são maiores do que 100 e menores do que 1000.
a) 68.734
b) 69.962
c) 70.336
d) 71.680
e) 72.324
17) Numa P.A,, a soma dos sete primeiros termos é 7 e a soma dos doze primeiros termos é 102. Determine o primeiro termo e a razão.
a) – 8 e 3
b) – 12 e 5
c) 8 e – 3
d) 7 e 4
e) 3 e 7
18) Numa P.A., a soma do terceiro e oitavo termos é 27, e a soma do quinto e nono termos é 18. Calcule a soma dos dez primeiros termos.
a) 130
b) 135
c) 138
d) 140
e) 142
19) Numa P.A., a soma dos cinco primeiros termos é 30 e o terceiro termo é igual à soma dos primeiros dois. Escreva os cinco termos da
P.A.
a) (2, 4, 6, 8, 10)
b) (3, 5, 6, 7, 8)
c) (2, 5, 8, 11, 14)
d) (3, 6, 9, 12, 15)
e) (4, 5, 6, 7, 8)
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20) Numa P.A. de onze termos, o primeiro excede o último em 50. O sexto termo é 36. Calcule a soma dos seis primeiros termos.
a) 272
b) 291
c) 298
d) 306
e) 312
21) Somando o terceiro termo de uma P.A. com o nono obtemos 44 e somando o sexto com o décimo-segundo, 62. Determine
o centésimo terma dessa P.A.
a) 294
b) 302
c) 304
d) 306
e) 308
22) Calcule a soma dos 20 primeiros termos da sucessão (10, 13, 16, ...).
a) 750
b) 756
c) 760
d) 764
e) 770
23) O primeiro termo de uma P.A. é – 10 e a soma dos oito primeiros termos é 60. A razão dessa P.A. é:
a) 2
b) 3
c) 4
d) 5
e) 6
25) Uma P.A. tem vinte elementos. Seu 1° termo é 1 e a soma de seus termos é 590. Determine o 15° elemento.
a) 40
b) 43
c) 45
d) 48
e) 50
26) Em uma P.A., a soma do terceiro com o sétimo termo vale 30, e a soma dos doze primeiros termos vale 216. A razão dessa P.A. é:
a) – 2
b) – 1
c) 1
d) 2
e) 3
27) Um fuzileiro naval corre sempre 500 metros a mais do que no dia anterior. Sabendo-se que ao final de 15 dias ele correu
um total de 67.500 metros, o número de metros percorridos no 3° dias foi:
a) 1850
b) 1920
c) 2000
d) 2080
e) 2130
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28) Um para-quedista em queda livre percorre 3 m no primeiro segundo, 12 m no segundo, 21 m no terceiro segundo, e assim
por diante. Continuando nessa sequência, quantos metros terá percorrido após 10 segundos?
a) 435
b) 460
c) 485
d) 492
e) 500
29) As medidas dos lados de um triângulo são expressas por x + 1, 2x e x² - 5 e estão em P.A. nessa ordem. Calcule o perímetro
do triângulo.
a) 18
b) 20
c) 22
d) 24
e) 26
30) Numa progressão aritmética com 51 termos, o 26° termo é 2. A soma dos termos dessa progressão é:
a) 80
b) 90
c) 102
d) 110
e) 120
31) Ao efetuar a soma de cinqüenta parcelas da P.A. (202, 206, 210, ...), por distração não foi somada a 35° parcela. Qual foi
a soma encontrada?
a) 14.342
b) 14.662
c) 14.846
d) 15.184
e) 15.230
33) A média aritmética de 20 números em progressão aritmética é 60. Retirados os primeiro e último termos da progressão, a
média aritmética dos termos restantes será:
a) 56
b) 57
c) 60
d) 61
e) 62
34) Um capitão de corveta dispões seu regimento num triângulo completo, colocando um militar na primeira linha, dois na
segunda, três na terceira e assim por diante. Forma assim um triângulo com 171 militares. Qual é o número de linhas?
a) 16
b) 18
c) 20
d) 23
e) 25
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35) (MACK-SP) O trigésimo primeiro termo de uma progressão aritmética de primeiro termo 2 e razão 3 é:
a) 63
b) 65
c) 92
d) 95
e) 98
36) (FEI-SP) A razão de uma P.A. de 10 termos, onde o primeiro termo é 42 e o último é – 12, vale:
a) – 5
b) – 9
c) – 6
d) – 7
e) 0
37) O termo geral de uma P.A. é dado por an = 2n – 1. Então o terceiro termo da P.A. vale:
a) 2
b) 3
c) 5
d) 6
e) 4
38) Numa progressão aritmética, temos a7 = 5 e a15 = 61. Então, a razão é igual a:
a) 5
b) 6
c) 7
d) 8
e) 9
39) (MACK-SP) O produto das raízes da equação x² + 2x – 3 = 0 é a razão de uma P.A. de primeiro termo 7. O 100° termo dessa P.A. é:
a) – 200
b) – 304
c) – 290
d) – 205
e) – 191
42) (CATANDUVA-SP) Se numa P.A. de 3 termos a soma dos extremos é 12, o termo médio é:
a) 5
b) – 5
c) 6
d) – 6
e) 0
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43) Sabendo que a sequência (x, 3x + 1, 2x + 11) é uma P.A., a razão dessa P.A. será:
a) 6
b) 4
c) 9
d) 5
e) 7
45) Numa P.A. de 3 termos tais que sua soma seja 24 e seu produto seja 440, o primeiro termo pode ser:
a) 5 ou 8
b) 8 ou 11
c) 5 ou 11
d) 4 ou 5
e) 10 ou 11
46) (UFPR) O perímetro de um triângulo retângulo é 48 cm e seus lados estão em P.A. As medidas desses lados em cm são:
a) 20, 16, 12
b) 18, 16, 14
c) 13, 16, 19
d) 10,16, 22
e) 26,16, 6
47) (FGV) A soma dos 50 primeiros termos de uma P.A, na qual a6 + a45 = 160, vale:
a) 3.480
b) 4.000
c) 4.320
d) 4.200
e) 4.500
48) (PUC – RS) Um teatro tem 18 poltronas na primeira fila, 24 na segunda, 30 na terceira e assim na mesma sequência, até a
vigésima fila que é a última. O número de poltronas desse teatro é:
a) 92
b) 150
c) 1.500
d) 132
e) 1.320
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51) Numa P.A. de razão 5, o primeiro termo é 4. Qual é a posição do termo igual a 44?
a) 8°
b) 9°
c) 10°
d) 11°
e) 12°
53) Quanto termos de uma P.A. finita, de razão 3, sabendo-se que o primeiro termo é – 5 e o último é 16?
a) 8
b) 9
c) 10
d) 11
e) 12
55) Qual o primeiro termo de uma P.A. cujo sétimo termo é 46, sendo o termo precedente 39?
a) 3
b) 4
c) 5
d) 6
e) 7
57) Quantos números inteiros existem, de 100 a 500, que não são divisíveis por 8?
a) 347
b) 351
c) 359
e) 362
e) 368
58) Quantos termos aritméticos devemos interpolar entre 2 e 66 para que a razão da interpolação seja 8?
a) 7
b) 8
c) 9
d) 10
e) 11
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59) Determine a média aritmética dos seis meios aritméticos que podem ser interpolados entre 10 e 500:
a) 250
b) 255
c) 260
d) 265
e) 270
60) Uma fábrica produziu, em 2006, 6530 unidades de um determinado produto e, em 2008, produziu 23330 unidades do
mesmo produto. Sabendo que a produção anual desse produto vem crescendo em progressão aritmética, pede-se:
- Quantas unidades do produto essa fábrica produziu em 2007?
- Quantas unidades foram produzidas em 2011?
a) 14.930 e 48.530
b) 14.986 e 48.602
c) 15.116 e 48.798
d) 15.324 e 48.904
e) 15.612 e 49.762
62) (PUC) Um veículo parte de uma cidade A em direção a uma cidade B, distante 500 km. Na 1ª hora do trajeto ele percorre
20 km, na 2ª hora 22,5 km, na 3ª hora 25 km e assim sucessivamente. Ao completar a 12ª hora do percurso, a que distância
esse veículo estará de B?
a) 95 km
b) 115 km
c) 125 km
d) 135 km
e) 155 km
63) (U.E.Londrina) Uma criança anêmica pesava 8,3 kg. Iniciou um tratamento médico que fez com que engordasse 150 g por
semana durante 4 meses. Quanto pesava ao término da 15ª semana de tratamento?
a) 22,5 kg
b) 15 kg
c) 10,7 kg
d) 10,55 kg
e) 10,46 kg
65) Encontre o valor de x para que a sequência (2x, x + 1, 3x) seja uma progressão aritmética:
a) 2/3
b) 3/5
c) 4/7
d) 5/9
e) 7/11
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66) Numa progressão aritmética em que a2 + a7 = a4 + a k, o valor de k é:
a) 4
b) 5
c) 6
d) 7
e) 8
67) (UFPA) Sabendo que a sequência (1 – 3x, x – 2, 2x + 1) é uma P.A, determinar o valor de x:
a) – 2
b) 0
c) 2
d) 4
e) 6
68) (CESGRANRIO) Em uma progressão aritmética de 41 termos e de razão 9, a soma do termo do meio com o seu antecedente
é igual ao último termo. Então, o termo do meio, é:
a) 369
b) 189
c) 201
d) 171
e) 180
69) (PUC-RS) As medidas dos ângulos internos de um triângulo estão em progressão aritmética de razão 20°. O menor ângulo
desse triângulo mede:
a) 30°
b) 40°
c) 50°
d) 60°
e) 80°
70) (UFPA) Três números estão em P.A. A soma destes números é 15 e o seu produto 105. Qual a diferença entre o maior e o
menor?
a) 4
b) 5
c) 6
d) 7
e) 8
71) (UNICAMP) Sabe-se, de uma progressão aritmética, que a soma do 6° termo com o 16° termo é 58 e que o 4° termo é o
quádruplo do 2° termo. Qual entre os números abaixo não é termo desta progressão?
a) 8
b) 11
c) 20
d) 25
e) – 1
72) (UFBA) Numa progressão aritmética, o primeiro termo é 1 e a soma do n-ésimo termo com o número de termos é 2. A
razão dessa progressão é:
a) 2n – 1
b) 2n – 2
c) n – 1
d) 1
e) – 1
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73) (UFRN) O número de múltiplos de 7 entre 50 e 150 é:
a) 9
b) 12
c) 14
d) 16
e) 23
75) (COVEST) Indique o número de inteiros divisíveis simultaneamente por 7 e por 11, entre 1 e 7000:
a) 70
b) 96
c) 85
d) 90
e) 87
76) (PUC-SP) Um escritor escreveu, em um certo dia, as 20 primeiras linhas de um livro. A partir desse dia, ele escreveu, em
cada dia, tantas linhas quantas havia escrito no dia anterior, mais 5 linhas. O livro tem 17 páginas, cada uma com exatamente
25 linhas. Em quantos dias o escritor terminou de escrever o livro?
a) 8
b) 9
c) 10
d) 11
e) 17
77) (U.C.SALVADOR) No decorrer de uma viagem que teve a duração de 6 dias, um automóvel percorreu 60 km no 1° dia,
80 km no 2° dia, 100 km no 3° dia e assim, sucessivamente, até o 6° dia. O total de quilômetros percorridos por esse automóvel
durante os 6 dias foi:
a) 220
b) 380
c) 460
d) 580
e) 660
78) (CESESP) Dois andarilhos iniciam juntos uma caminhada. Um deles caminha uniformemente 10 km por dia e o outro
caminha 8 km no 1° dia e acelera o passo de modo a caminhar mais 1/2 km cada dia que se segue. Assinale a alternativa
correspondente ao número de dias caminhados para que o 2° andarilho alcance o primeiro:
a) 10
b) 9
c) 3
d) 5
e) 21
1) (QOAM) Seja (a1, a2, a3, a4, a5, a6) uma progressão aritmética. Qual é o valor de a1, se a1 + a2 + a3 + a4 + a5 + a6 =
126 e a6 – a1 = 20?
a) 15
b) 14
c) 13
d) 12
e) 11
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2) (QOAM – 2006) Uma carga de 930 quilogramas de suprimentos deve ser desembarcada da seguinte forma: no primeiro dia, 50
quilogramas; no segundo dia, 55 quilogramas; no terceiro dia, 60 quilogramas; e assim sucessivamente, isto é, a cada dia, 5 quilogramas a
mais do que no dia anterior. Desta forma, em exatamente quantos dias essa carga de suprimentos deverá ser desembarcada?
a) 10
b) 11
c) 12
d) 13
e) 14
3) (QOAM – 2007) Na compra a prazo de um produto, o total pago por uma pessoa foi de R$ 672,00. A entrada teve valor correspondente a
um sexto do total, e o restante foi pago em quatro parcelas, cujos valores formam uma progressão aritmética crescente de razão R$ 40,00.
Qual foi o valor da última prestação?
a) R$ 200,00
b) R$ 205,00
c) R$ 210,00
d) R$ 215,00
e) R$ 220,00
4) (QOAM – 2008) Em uma progressão aritmética de 37 termos, o décimo nono vale 126. Qual e a soma de todos os seus termos de ordem
ímpar?
a) 2205
b) 2231
c) 2268
d) 2394
e) 2457
5) (QOAM – 2009) Dada a progressão aritmética (a1, a2, a3, ..., a14, a15, a16) onde a8 = 4. Qual o valor de a1 + a15?
a) 2
b) 4
c) 5
d) 6
e) 8
6) (QOAM – 2010) Uma fragata recém construída foi lançada ao mar obedecendo a um determinado programa de testes durante 20 dias. No
primeiro dia no mar deveria navegar uma certa distância x; no segundo dia navegar o dobro do que navegou no primeiro dia; no terceiro dia
navegar o triplo do 1° dia; e assim sucessivamente. Ao final de 20 dias, o total navegado nos testes atingiu a marca de 6300 nós. Quantos nós
foram navegados no 1° dia de testes?
a) 35
b) 30
c) 25
d) 20
e) 15
a)
b)
c)
d)
e)
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8) (QOAM – 2012) Qual o valor de n que torna a sequência 2 + 3n; - 5n e 1 – 4n, nessa ordem, uma progressão aritmétrica?
a) – 1/3
b) –1 /2
c) 0
d) 1
e) 1/2
9) (QOAM – 2013) Sabendo que x e y são algarismos do sistema decimal e que os números 10x+y, 10y+x e 100x+y estão em progressão
aritmética nessa ordem, pode-se afirmar que a soma dos termos dessa progressão vale:
a) 193
b) 183
c) 173
d) 163
e) 153
x 4 2x 1 3
10) (QOAM – 2015) Sabendo que , e x , nesta ordem, determinam uma progressão aritmética, determine x2 e assinale
2 3
a opção correta.
a) 10
b) 8
c) 6
d) 4
e) 2
11) (QOAM – 2016) Um articulista escreveu, em um certo dia, as 20 primeiras linhas de um artigo. A partir desse dia, ele escreveu, em cada
dia, tantas linhas quanto havia escrito no dia anterior, mais 5 linhas. O artigo tem 17 páginas, cada uma com exatamente 25 linhas. Sendo
assim, ao terminar de escrever o artigo, ele trabalhou:
a) mais de 5 dias e menos de 8 dias.
b) mais de 8 dias e menos de 11 dias.
c) mais de 11 dias e menos de 14 dias.
d) mais de 14 dias e menos de 18 dias.
e) mais de 18 dias e menos de 21 dias.
12) (QOAM – 2017) Observe a sequência construída sobre a sigla MB da Marinha do Brasil a seguir.
Continuando com esse padrão, pode-se afirmar que o número 2017 estará apenas na seguinte posição:
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13) (QOAM – 2017) Uma sala de um teatro foi construída com 30 fileiras. A primeira fileira tem 25 cadeiras; a segunda, 27
cadeiras; a terceira, 29 cadeiras e assim por diante, até a 30ª fileira. Uma peça será encenada nessa sala para arrecadar fundos
para uma entidade filantrópica. Nesta apresentação, cada cadeira será vendida por R$ 10,00, sem exceção. Qual será o valor
máximo possível de ser arrecadado nessa apresentação?
a) R$ 16.200,00
b) R$ 12.450,00
c) R$ 9.600,00
d) R$ 6.080,00
e) R$ 2.400,00
14) (QOAM – 2018) Considere que xª e yª são a x-ésima linha e a y-ésima coluna dessa tabela, respectivamente.
A tabela indica uma distribuição matemática dos números naturais. O número 2018 está localizado na xª linha e na yª coluna.
Sendo assim, é correto afirmar que o produto xy é igual a:
a) 1015
b) 1515
c) 2054
d) 3024
e) 3514
15) (QOAM – 2019) Um Capitão de Fragata Médico, que serve na Escola Naval, recomendou que o aspirante sob seus cuidados
reiniciasse suas atividades físicas por caminhadas todos os dias. O aspirante iniciou caminhando 1 km no primeiro dia. A cada
dia, a partir do segundo, caminhou a distância percorrida no dia anterior mais uma distância fixa. Dessa forma, no 13º dia, o
aspirante caminhou 19 km. Sendo assim, pode-se afirmar que a sequência de distâncias percorridas a cada dia, em quilômetros,
é uma progressão:
a) Geométrica, sendo o segundo termo equivalente ao dobro do primeiro.
b) Geométrica, em que .
c) Geométrica, uma vez que a soma dos 13 termos é igual a 20.
d) Aritmética, em que .
e) Aritmética, em que a razão é igual a 1,5.
1 E 2 C 3 A 4 D 5 E 6 B 7 A 8 A 9 B 10 D
11 B 12 A 13 A 14 B 15 E
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3) P.G. (PROGRESSÃO GEOMÉTRICA)
Progressão geométrica é uma sequência numérica na qual, a partir do segundo, cada termo é igual ao produto de
seu antecessor com uma constante, denominada razão.
Exemplos:
Razão: Dividindo cada termo de uma P.G. pelo seu antecessor, encontramos a razão.
an
q
an 1
- a P.G. só é crescente se
a1 > 0 e q > 1 ou a1 < 0 e 0 < q < 1
- a P.G. só é decrescente se
a1 > 0 e 0 < q < 1 ou a1 < 0 e q > 1
w k
Fórmula Alternativa: aw ak .q
aw - termo posterior
ak - termo anterior
w - posição posterior
k - posição anterior
Quase todos os problemas de progressões geométricas fornecem o valor de três das quatro variáveis e pedem o valor da quarta.
Logo, podem ser resolvidos por aplicação direta da fórmula do a n .
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a1. q n 1
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Soma de termos de uma P.G. finita: Sn
q 1
Observe que aparecem quatro variáveis:
S n - soma do n primeiros termos
q - razão da P.G.
a1 - primeiro termo
n - quantidade de termos
a1 Obs.:
Limite da soma de uma P.G. infinita e decrescente: Sn
1 q
1º) A palavra “soma” não tem aqui o emprego habitual, uma vez que a adição das infinitas parcelas nunca termina, sendo
preferível dizer “limite da soma”.
2º) A mesma fórmula vale para uma P.G alternante ilimitada se o módulo dos termos for decrescente, ou seja, sempre que -
1 < q < 1.
2º Propriedade – Em toda P.G., qualquer termo, excetuando-se o dos extremos, o valor de um determinado termo é igual à
média geométrica (raiz do produto) dos termos ao seu lado.
an (an 1 ).(an 1 )
ou: O valor ao quadrado de um determinado termo é igual ao produtos dos termos ao seu lado. an ( an 1 ).( an 1 )
2
Ex.:
3º Propriedade – Quando a quantidade de termos for impar, o valor ao quadrado do termo central é igual ao produto dos
termos extremos.
Ex.:
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Representações Especiais:
É muito comum, em exercícios, serem citadas progressões geométricas de 3, 4 ou 5 termos, fornecendo a soma deles. Nesses
casos, para facilitar a resolução dos problemas, é conveniente utilizar as notações ao lado:
x
- Para representar 3 termos, use .x. x.q (razão q)
q
- Para representar 4 termos, use
x. x.q . x.q 2 x.q3 (razão q)
- Para representar 5 termos, use
x x
2 . .x. x.q x.q (razão q)
2
q q
QUESTÕES DE CONCURSOS
1) (Santa Casa – SP) Os frutos de uma árvore, atacados por uma moléstia, foram apodrecendo dia após dia, segundo os termos
de uma progressão geométrica de primeiro termo 1 e razão 3, isto é, no primeiro dia apodreceu 1 fruto, no segundo dia 3 outros,
no terceiro dia 9 outros, e assim sucessivamente. Se, no sétimo dia, apodreceram os últimos frutos, o número de frutos atacados
pela moléstia foi:
a) 363
b) 364
c) 729
d) 1092
e) 1093
2) No primeiro dia do mês, um frasco recebe 3 gotas de um remédio; no segundo dia ele recebe 9 gotas; no terceiro dia recebe
27 gotas, e assim por diante. No dia em que recebeu 2187 gotas, ficou completamente cheio. Em que dia do mês isso aconteceu?
a) 6
b) 7
c) 8
d) 9
e) 10
3) (FUVEST) Um país contraiu em 1829 um empréstimo de 1 milhão de dólares, para pagar em cem anos, à taxa de juros de
9% ao ano. Por problemas de balança comercial, nada foi pago até hoje, e a dívida foi sendo “rolada”, com capitalização anual
dos juros. Qual dos valores a seguir está mais próximo do valor da dívida em 1989? Para os cálculos adote .
a) 14 milhões de dólares
b) 500 milhões de dólares
c) 1 bilhão de dólares
d) 80 bilhões de dólares
e) 1 trilhão de dólares
4) (FUVEST) Dado um quadrado Q1 cujo lado tem comprimento L = 1, considere a sequência infinita de quadrados
onde cada quadrado é obtido unindo-se os pontos médios dos lados do quadrado anterior. A soma das áreas de
todos os quadrados da sequência é:
a) 4
b)
c) 4/3
d) 2
e)
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5) (CESGRANRIO) A população de certa cidade é, hoje, igual a P0 e cresce 2% ao ano. A população dessa cidade daqui a n anos será:
a)
b)
c)
d)
e)
6) (Ufpe) Em certa cidade a população de ratos é 20 vezes a população humana. Supondo que ambas as populações crescem em progressão
geométrica, onde a população humana dobra a cada 20 anos e a de ratos a cada ano, quantos ratos haverá por habitante dentro de 20 anos?
a)
b)
c)
d)
e)
7) (Ufpe) A cada mês que passa, o preço de uma cesta básica de alimentos diminui 3% em relação ao seu preço do mês anterior.
Admitindo que o preço da cesta básica no primeiro mês é R$ 97,00, o seu preço no 12° mês será, em reais:
a)
b)
c)
d)
e)
8) (Uelondrina) Seja Tn o termo geral de uma sequência de triângulos eqüiláteros, com . O primeiro termo T1 tem lado de medida
x. Cada termo tem como medida dos lados a metade da medida dos lados do termo anterior. Dessa forma, a medida da altura do triângulo T3
é:
a) x/4
b)
c)
d)
e)
9) (Unitau) A soma dos termos da sequência (1/2, 1/3, 2/9, 4/27, ...) é:
a)
b)
c)
d)
e) 3/5
a)
b)
c)
d)
e)
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11) Determine a razão da progressão geométrica em que a3 = 8 e a7 = 5000.
a) 2
b) 3
c) 4
d) 5
e) 6
12) Calcule o primeiro termo da progressão geométrica em que a6 = 12500 e razão igual a 5.
a) 4
b) 5
c) 6
d) 10
e) 15
13) Sabendo-se que numa determinada P.G. o terceiro termo é igual a 10 e a razão é igual a 2, então neste caso, qual será o oitavo termo?
a) 300
b) 320
c) 340
d) 350
e) 380
17) Para a P.G. (1/9, 1/3, ..., 729) qual seria a quantidade de termos?
a) 7
b) 8
c) 9
d) 10
e) 11
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19) Determine o número de termos da P.G. (0,125; 0,5; ...; 128).
a) 6
b) 7
c) 8
d) 9
e) 10
21) A soma de três números em P.G. é 14 e o produto 64. Determine esses números.
a) (1, 2, 4)
b) (1, 3, 9)
c) (-1, -2, -4)
d) (1, 4, 16)
e) (2, 4, 8)
22) Determine a razão de uma P.G. em que o primeiro termo é 1/4 e o quarto termo é 2/27.
a) 1/3
b) 2/3
c) 1/5
d) 2/5
e) 3/5
23) Numa P.G, o sexto termo é 162 e o quarto termo é 18. Determine o primeiro termo e a razão.
a) a1 = 2/3 e q = 3
b) a1 = 1/3 e q = 3
c) a1 = 2/3 e q = 4
d) a1 = 1/3 e q = 5
e) a1 = 2/3 e q = 6
24) Numa P.G, o sétimo termo é 3/32 e a razão é 1/2. Determine o primeiro termo.
a) 2
b) 3
c) 4
d) 5
e) 6
25) Quantos termos tem uma P.G. cujo primeiro termo é 1/2, a razão é 2 e o último termo é 128?
a) 7
b) 8
c) 9
d) 10
e) 11
26) Numa P.G, a soma do segundo e terceiro termos é 96, e a do primeiro e terceiro é 80. Quais os possíveis valores para a razão?
a) 2 e 3
b) 2 e 4
c) 3 e 4
d) 3 e 5
e) 4 e 6
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27) Numa P.G. de termos positivos, a soma dos dois primeiros é 9 e a soma dos dois seguintes é 36. Calcule o primeiro termo.
a) 1
b) 2
c) 3
d) 4
e) 5
28) A soma de três números em P.G. crescente é 26 e o termo do meio é 6. Qual o maior desses números?
a) 16
b) 18
c) 20
d) 22
e) 23
29) Sabendo que, numa P.G de cinco termos, o 1° termo é 4 e o último é 324, determine a razão dessa P.G.
a) 2
b) 3
c) 4
d) 5
e) 6
30) Numa P.G, o 5° termo é igual a 243. Calcule o seu 1° termo, sabendo que ele é igual à razão.
a) – 3
b) – 2
c) 2
d) 3
e) 4
31) Quantos meio geométricos devemos inserir entre 2 e 1024 de modo que a razão de interpolação seja 2?
a) 6
b) 7
c) 8
d) 9
e) 10
32) Se numa Progressão Geométrica, de termos positivos, o terceiro termo é igual à metade da razão, o produto dos três
primeiros termos é igual a:
a) 1/8
b) 1/4
c) 8
d) 16
e) 32
33) Num programa de condicionamento físico, um atleta nada sempre o dobro do dia anterior. Se no 1° dia ele nadou 25 m,
quanto ele nadará no 6° dia?
a) 640 m
b) 696 m
c) 700 m
d) 768 m
e) 800 m
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35) Sabendo que a sucessão (x – 1, x + 1, x + 4, ...) é uma P.G, calcule o seu quarto termo.
a) 15
b) 21
c) 17/5
d) 19/3
e) 27/2
36) Se a sequência (x, 3x + 2, 10x + 12) é uma progressão geométrica, calcule o valor de x.
a) – 2 ou 2
b) – 2 ou 3
c) – 3 ou 3
d) – 4 ou 4
e) – 4 ou 5
38) Qual é o número que se deve acrescentar aos termos da sequência (- 1, 3, 15) par se obter uma P.G?
a) 1
b) 2
c) 3
d) 4
e) 5
41) No primeiro teste da Loto apostei R$ 2,00 e, sem acertar, fui sempre dobrando as apostas nos testes seguintes. Qual o meu
prejuízo total após o décimo teste?
a) R$ 1.026,00
b) R$ 1.634,00
c) R$ 2.046,00
d) R$ 2.432,00
e) R$ 2.860,00
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43) Sendo x + x/3 + x/9 + ... = 3 e y + 2y + 3y + ... + 39y + 40y = 4100. Quanto vale a razão y/x³?
a) 2/3
b) 3/5
c) 4/7
d) 5/8
e) 7/9
44) A soma dos “infinitos” termos de uma P.G. é 4 e a soma dos dois primeiros termos da P.G. é 15/4. Determine os três
primeiros termos da P.G.
a) (3, 3/4, 3/16)
b) (4, 4/5, 4/25)
c) (4, 8, 16)
d) (3, 9, 27)
e) (4, 12, 36)
45) Sabendo que, numa P.G, o primeiro termo é 1/20 e que a razão vale 2. Qual a soma dos oito primeiros termos?
a) 27/2
b) 31/3
c) 51/4
d) 16
e) 20
46) Considere uma P.G. em que o 3° termo é 40 e o 6° termo é – 320. Sabendo que a razão é negativa, determine a soma dos
oito primeiros termos.
a) – 650
b) – 720
c) – 850
d) 130
e) 240
47) o 7° termo de uma P.G. é 8 e a razão é – 2. Determine a soma dos três primeiros termos dessa progressão.
a) 1/8
b) 1/4
c) 2/5
d) 3/8
e) 5/9
48) Considere a P.G. (3, 12, ...). Se somarmos os n primeiros termos dessa P.G, encontraremos 4.095. Determine n.
a) 6
b) 7
c) 8
d) 9
e) 10
49) Quantos termos devermos tomar na P.G. (3, 6, 12, ...) para que a soma seja 381?
a) 6
b) 7
c) 8
d) 9
e) 10
50) Qual o primeiro termo de uma P.G. de 7 termos, razão 2 e soma dos termos 508?
a) 2
b) 3
c) 4
d) 5
e) 6
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51) Um vazamento em um tanque de óleo de uma corveta provocou a perda de 2 litros no 1° dia. Como o orifício responsável
pelas perdas foi aumentando, no dia seguinte o vazamento foi o dobro do dia anterior. Se essa perda foi dobrando a cada dia,
quantos litros de óleo foram desperdiçados no total, após o 10° dia?
a) 1.962
b) 1.984
c) 2.012
d) 2.046
e) 2.168
52) Uma bola é lançada, na vertical, de encontro ao solo, de uma altura h. Cada vez que bate no solo, ela sobe até a metade da
altura de que caiu. Determine a distância total percorrida pela bola em sua trajetória, até atingir o repouso.
a) h
b) 2h
c) 3h
d) 4h
e) 5 h
53) Determinar a soma dos termos da P.G. (1, 4, 16, ..., 1024).
a) 1.365
b) 1.416
c) 1.495
d) 1.562
e) 1.608
54) Hoje a Marinha do Brasil qualifica anualmente 20.000 militares e, a cada ano, deve qualificar 30% a mais do que no ano
anterior, com meta para os próximos 5 anos. Quantos militares serão qualificados no quinto ano para atender a meta?
a) 56.642
b) 57.122
c) 57.864
d) 58.182
e) 58.870
57) (ITA) Suponha que os números 2, x, y, 1458 estão em P.G, nessa ordem. O valor de x + y é:
a) 90
b) 100
c) 180
d) 360
e) 1460
58) (UFPR) Calcular a razão de uma P.G, sabendo-se que o seu 1° termo é o dobro da razão e que a soma dos dois primeiros termos é 24.
a) 4 ou – 3
b) – 4 ou 3
c) 5 ou 3
d) – 5 ou 3
e) n.d.a
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59) Numa P.G, a soma do 3° com o 5° termo é 60 e a soma do 7° com o 9° termo é 960. O 1° termo da P.G. vale:
a) 3 ou – 3
b) 2
c) 2 ou – 2
d) 3
e) n.d.a
61) Uma bactéria de determinada espécie divide-se em duas a cada duas horas. Depois de 24 horas, qual será o número de
bactérias originadas de uma bactéria?
a) 1.024
b) 4.096
c) 4.095
d) 4.094
e) n.d.a
62) (Unifor-CE) Um turista anotou diariamente, por 5 dias, seus gastos na compra de artesanato e percebeu que essas quantias formavam
uma progressão geométrica de razão 2. Se o gasto total foi de R$ 465,00, a maior quantia gasta em um dia na compra de artesanato foi:
a) R$ 202,00
b) R$ 208,00
c) R$ 210,00
d) R$ 225,00
e) R$ 240,00
63) (UCDB-DF) Na segunda-feira, uma garota conta um segredo a três amigas. Na terça-feira, cada uma dessas amigas conta
esse segredo a três outras amigas. E assim, a cada dia, no decorrer da semana, as garotas que ouviram o segredo no dia anterior,
contam-no a três outras amigas. No final da sexta-feira dessa semana, o número de garotas que conhecem o segredo é igual a:
a) 82
b) 121
c) 244
d) 364
e) 1090
64) Numa progressão geométrica de termos positivos, o limite da soma dos infinitos termos é igual ao triplo do primeiro termo.
A razão é igual a:
a) 1/2
b) 1/3
c) 1/4
d) 2/3
e) 3/4
1) (QOAM – 2007) Se uma Progressão Geométrica, de termos positivos, o terceiro termo é igual à metade da razão, o produto
dos três primeiros termos é igual a:
a) 8
b) 4
c) 1/4
d) 1/8
e) 1/16
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2) (QOAM – 2008) Qual é o décimo termo da progressão geométrica 6
2, 2,... ?
a) 26 2
b) 4 6 2
c) 8 6 2
d) 16 6 2
e) 32 6 2
4) (QOAM – 2010) Sabe-se que 7 3 ; 7 3 e x são, nessa ordem, três termos consecutivos de uma progressão
geométrica, logo, x é igual a:
a) 7 3 3
7 3
b)
4
c) 2 7 4 3
d) 4 7 6 3
e) 2 3 7
5) (QOAM – 2012) Analise as afirmações abaixo sobre uma progressão geométrica finita (A1, A2, A3, .......... A10) que tem o
primeiro termo igual a 2 e o segundo igual a 6.
1 1
I) A10 8 3. 2 8
1 1
II) A7 6 3. 2 6
3 3
III) A6 5 32. 2 5
1 1
IV) A9 4 32. 2 4
Assinale a opção correta.
6) (QOAM – 2013) Ao inserir 5 meios geométricos reais entre 2 e 128, qual será a razão da progressão obtida?
a) 2
b) 3
c) 4
d) 5
e) 6
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7) (QOAM – 2014) Sejam " " e " x" números reais, tais que 2
, x, 2 2 é uma progressão aritmética nesta ordem e
, x,9 é uma progressão geométrica nesta ordem. A soma dos possíveis valores de é igual a:
a) 8
b) 6
c) 4
d) 2
e) 0
8) (QOAM – 2015) Em uma progressão geométrica de razão q (q > 0), tem-se que o quarto termo é igual a 3, e o vigésimo
8
termo é igual a 12. Sendo assim, o valor de q é:
a) 2
b) 4
c) 8
d) 16
e) 32
9) (QOAM – 2016) Um motorista avista um obstáculo e freia seu carro. Após a frenagem, o carro percorre ‘x’ metros no 1º
segundo, ‘x’/2 m no segundo seguinte, ‘x’/4 m no 3º, e assim sucessivamente, até o 8º segundo, após o qual ele para. Se o
obstáculo estava a 135 m do carro e x = 64, a que distância do obstáculo o carro parou?
a) 16 m
b) 15 m
c) 14 m
d) 7,5 m
e) 5 m
A etapa 1 exibe o quadrado ABCD de lado 4 e o arco de circunferência AC, com centro em D. Na etapa 2, constrói-se o
quadrado CEFG, com lado CE = 2 cm, sobre CD e arco de circunferência CF, com centro em E. Para a etapa 3, acrescenta-se,
à etapa 2, o quadrado FHIJ, com lado FJ = 1 cm sobre EF e arco FI com centro em J. Continuando a construção de novas
etapas, infinitamente, e mantendo-se o mesmo padrão das etapas 1, 2 e 3, os arcos desenham uma falsa espiral. Qual o
comprimento, em cm, dessa falsa espiral?
a) π
b) 2 π
c) 3 π
d) 4 π
e) 5 π
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12) (QOAM – 2018) Seja
1 D 2 C 3 C 4 D 5 C 6 A 7 E 8 A 9 D 10 D
11 D 12 B 13 E
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4) ANÁLISE COMBINATÓRIA
Princípio multiplicativo
UMA ADIÇÃO COM PARCELAS IDÊNTICAS
A multiplicação é regida por um princípio que pode ser resumido assim: multiplicar é realizar uma adição com parcelas
idênticas.
Quando fazemos a contagem de alguma quantidade - as ovelhas de um rebanho, os cachorros de um canil, as pessoas de uma
sala - não estamos interessados nem nas ovelhas, nem nos cachorros e muito menos nas pessoas. Queremos apenas saber quanto
é. Nessa ocasião, as coisas reduzem-se a números. O interesse é pela quantidade, e não pela qualidade.
Interessa também saber se as coisas estão ordenadas segundo algum padrão. Os objetos estão ordenados em alguma ordem, é
necessário saber: as colunas são iguais? Se em cada coluna há três soldados, teremos três colunas de três, ou três por três. Se
forem quatro colunas teremos quatro por três. E assim por diante.
Esta ordenação das coisas em colunas iguais é, na verdade, uma soma com parcelas idênticas. Ela é chamada de princípio
multiplicativo, que só é válido no interior do princípio aditivo: se iguais resultam iguais, o número é igual aos números das
colunas iguais.
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Colunas iguais ordenadas formam retângulos:
Estes riscos passaram a indicar o princípio multiplicativo na escrita numérica. Assim, três por treze é indicado 3 x 13.
A seguinte sentença, em palavras, há quatro meninas e para cada uma mando três beijos meus, pode ser pensada como um
retângulo de quatro colunas de três beijos:
Análise Combinatória
Introdução:
Análise Combinatória é o conjunto de técnicas utilizadas para facilitar grandes cálculos, técnicas de contagem indiretas de
resultados ou ocorrências ou ainda acontecimentos. O objetivo central deste assunto é aprender como em determinadas vezes
podemos prever e calcular a quantidades de situações finais possíveis sob determinadas condições.
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Princípio Aditivo:
Quando temos escolhas substitutivas, elas são caracterizadas pelo elemento textual “OU”.
Ex.: Num quartel devemos escolher entre os militares um responsável por uma seção, se temos 10 oficiais e 15 sargentos
habilitados para tal função, de quantas maneiras podemos escolher 1 oficial ou 1 sargento?
RESPONSÁVEIS = OFICIAIS + SARGENTOS = 10 + 15 = 25 POSSÍVEIS RESPONSÁVEIS
Princípio Multiplicativo:
Quando temos escolhas complementares, elas são caracterizadas pelo elemento textual “E”.
Ex.: Num quartel devemos escolher entre os militares uma dupla responsável por uma seção, se temos 10 oficiais e 15 sargentos
habilitados para tal função, de quantas maneiras podemos escolher 1 oficial e 1 sargento para tal função?
RESPONSÁVEIS = OFICIAIS x SARGENTOS = 10 x 15 = 150 POSSÍVEIS RESPONSÁVEIS
OBS.: Na nossa etapa inicial de estudos a maior parte das situações propostas recairá no Princípio Multiplicativo.
Fatorial de um número:
n!=n.(n-1).(n-2)...3.2.1
Definições especiais:
0!=1
1!=1
3) Quatro times de futebol (Grêmio, Santos, São Paulo e Flamengo) disputam o torneio dos campeões do mundo. Quantas são
as possibilidades para os três primeiros lugares?
R.: Existem 4 possibilidades para o 1º lugar, sobrando 3 possibilidades para o 2º lugar e 2 possibilidades para o 3º lugar (4.3.2
= 24 possibilidades).
Arranjo simples:
n!
An , p
(n p)!
OBS: Quando a ordem altera o resultado do agrupamento
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5) Quantos números de 3 algarismos distintos podemos formar com os algarismos do sistema decimal (0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9) sem
os repetir, de modo que:
a) Comecem com 1.
R.: O número pode possuir três algarismos, sendo que para o primeiro existe apenas 1 possibilidade (1) e para os outros dois
ainda existem 9 números disponíveis:
- Agora calculamos quantos divisíveis por 5 terminam com 5: para o terceiro algarismo existe apenas uma possibilidade (5).
Para o primeiro algarismos existem ainda 8 possibilidades, pois o número não pode começar com 0 (senão seria um número
de 2 algarismos). E para o segundo algarismo também existem 8 possibilidades (o segundo algarismo pode ser 0).
6) Quantos são os números compreendidos entre 2000 e 3000 formados por algarismos distintos escolhidos entre 1, 2, 3, 4, 5,
6, 7, 8 e 9?
R.: O número dever ter quatro algarismos (pois está entre 2000 e 3000). Para o primeiro algarismo existe apenas uma
possibilidade (2), e para os outros três ainda existem 8 números disponíveis, então:
Permutação Simples: É um caso particular de arranjo simples. É o tipo de agrupamento ordenado onde entram todos os
elementos.
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8) Quantos anagramas da palavra EDITORA:
a) Começam por A.
Para a primeira letra existem apenas uma possibilidade (A), e para as outras 6 letras existem 6 possibilidades. Então o total é:
8) Calcule de quantas maneiras podem ser dispostas 4 damas e 4 cavalheiros, numa fila, de forma que não fiquem juntos dois
cavalheiros e duas damas.
R.: Existem duas maneiras de fazer isso:
C – D – C – D – C – D – C – D ou D – C – D – C – D – C – D– C
Colocando um cavalheiro na primeira posição temos como número total de maneiras:
Combinação Simples: é o tipo de agrupamento em que um grupo difere do outro apenas pela natureza dos elementos
componentes.
10) Com 10 espécies de frutas, quantos tipos de salada, contendo 6 espécies diferentes podem ser feitas?
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11) Numa reunião com 7 rapazes e 6 moças, quantas comissões podemos formar com 3 rapazes e 4 moças?
Permutação com repetição: Usada para formar anagramas a partir de palavras com repetições de letras.
S = 4 REPETIÇÕES
I = 4 REPETIÇÕES
QUESTÕES DE CONCURSOS
1) (UFBA) Com os dígitos 1, 2, 3, 4, 6 e 8, podem-se formar x números ímpares, com três algarismos distintos cada um.
Determine x.
a) 50
b) 40
c) 30
d) 20
e) 10
2) (FAAP) Quantas motos podem ser licenciadas se cada placa tiver 2 vogais (podendo haver vogais repetidas) e 3 algarismos
distintos?
a) 25.000
b) 120
c) 120.000
d) 18.000
e) 32.000
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3) (Vunesp) Determinar quantos são os números de três algarismos, múltiplos de 5, cujos algarismos das centenas pertencem
a 1, 2,3, 4 e os demais algarismos a 0,5, 6, 7,8,9 :
a) 35
b) 45
c) 48
d) 84
e) 54
4) (UFMG) Considere formados e dispostos em ordem crescente todos os números que se obtêm permutando os algarismos 1,
3, 5, 7 e 9. O número 75391 ocupa, nessa disposição, o lugar:
a) 21º
b) 64º
c) 88º
d) 92º
e) 120º
6) (Cesgranrio) Em um campeonato de futebol, cada um dos 12 times disputantes joga contra todos os outros uma só vez. O
número total de jogos desse campeonato é:
a) 32
b) 36
c) 48
d) 60
e) 66
7) (Unitau) O número de anagramas da palavra BIOCIÊNCIAS que terminal com as letras AS, nesta ordem é´:
a) 9!
b) 11!
c) 9!
3!2!
d) 11!2!
e) 11!3!
8) (Mackenzie) Os anagramas distintos da palavra MACKENZIE que têm a forma E ……E são em número de:
a) 9!
b) 8!
c) 2.7!
d) 9! 7!
e) 7!
9) (UFSC) Calcule o número de anagramas da palavra CLARA em que as letras AR aparecem juntas e nesta ordem:
a) 24
b) 25
c) 26
d) 27
e) 28
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10) (ITA) O número de anagramas da palavra VESTIBULANDO, que não apresentam as cinco vogais juntas, é:
a) 12!
b) (8!).(5!)
c) 12! (8!).(5!)
d) 12! 8!
e) 12! (7!).(5!)
11) (UFMG) Formam-se comissões de três professores escolhidos entre os sete de uma escola. O número de comissões distintas
que podem, assim, ser formadas é:
a) 35
b) 45
c) 210
d) 7³
e) 7!
12) (Mackenzie) Num grupo de 10 pessoas temos somente 2 homens. O número de comissões de 5 pessoas que podemos
formar com 1 homem e 4mulheres é:
a) 70
b) 84
c) 140
d) 210
e) 252
13) (Puccamp) Numa escola há 15 professores, sendo que 3 deles lecionam Matemática. Deseja-se formar uma comissão de 5
professores para analisar os preços cobrados na cantina da escola. Nessa comissão, exatamente um membro deve lecionar
Matemática. De quantas maneiras diferentes pode-se formar a comissão?
a) 120
b) 1370
c) 1485
d) 1874
e) 3325
14) Um homem vai a um restaurante disposto a comer um só prato de carne e uma só sobremesa. O cardápio oferece oito pratos
de carnes e cinco pratos diferentes de sobremesa. De quantas formas pode o homem fazer a sua refeição?
a) 36
b) 40
c) 48
d) 56
e) 60
15) Um homem possui 10 ternos, 12 camisas e 5 pares de sapatos. De quantas formas poderá vestir um terno, uma camisa e
um par de sapatos?
a) 480
b) 520
c) 556
d) 580
e) 600
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17) Quantos números de 3 algarismos podemos formar com os dígitos 1, 2, 3, 7 e 8?
a) 86
b) 92
c) 100
d) 112
e) 125
18) Temos um conjunto de 10 nomes e outro de 20 sobrenomes. Quantas pessoas podem receber um nome e um sobrenome,
com esses elementos?
a) 180
b) 200
c) 220
d) 230
e) 236
19) Em um campeonato de futebol, participam 20 times. Quantos resultados são possíveis para os três primeiros lugares?
a) 5.784
b) 5.892
c) 6.000
d) 6.450
e) 6.840
20) Uma linha ferroviária tem 16 estações. Quantos tipos de bilhetes devem ser impressos, se cada tipo deve assinalar a estação
de partida e de chegada respectivamente?
a) 226
b) 240
c) 256
d) 300
e) 312
21) Um cofre possui um disco marcado com os dígitos 0, 1, 2, ..., 9. O segredo do cofre é composto por uma sequência de 3
dígitos distintos. Se uma pessoa tentar abrir o cofre, quantas tentativas deverão fazer (no máximo) para conseguir abri-lo?
a) 720
b) 730
c) 750
d) 786
e) 800
23) O grêmio estudantil de uma escola realiza eleições para preenchimento das vagas de sua diretoria. Para presidente
apresentam-se cinco candidatos; para vice-presidente, oito candidatos; e para secretário, seis candidatos. Quantas chapas podem
formar?
a) 230
b) 240
c) 250
d) 268
e) 272
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24) Com os algarismos 1, 2, 3, 4, 5 e 6 quantos números pares de 3 algarismos distintos podemos formar?
a) 56
b) 58
c) 60
d) 62
e) 64
26) Quantos anagramas distintos podemos formar com a palavra PERNAMBUCO que começam com a sílaba PER?
a) 4.980
b) 5.000
c) 5.020
d) 5.040
e) 5.100
28) Usando apenas os algarismos 0, 1, 4, 6 e 8, determine a quantidade de números que podemos formar com 4 algarismos
distintos?
a) 84
b) 90
c) 96
d) 100
e) 108
29) Com os algarismos 1, 2, 3, 4, 5 e 6 são formados números de 4 algarismos distintos. Dentre eles quantos são divisíveis por
5?
a) 60
b) 68
c) 70
d) 76
e) 80
30) Quantos são os números de quatro algarismos formados somente por algarismos ímpares?
a) 560
b) 600
c) 615
d) 625
e) 630
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31) Num ônibus há cinco lugares. Duas pessoas entram no ônibus. De quantas maneiras diferentes elas podem se sentar?
a) 20
b) 24
c) 25
d) 28
e) 30
32) Dez pessoas, entre elas João e Fabiana, devem ficar em fila. De quantas formas isso pode ser feito se João e Fabiana devem
ficar sempre juntos?
a) 689.450
b) 692.340
c) 796.000
d) 710.500
e) 725.760
33) Quantas duplas de tênis podem ser formadas a partir de um grupo de 6 pessoas?
a) 12
b) 15
c) 16
d) 18
e) 20
34) De quantas maneiras pode-se formar uma comissão de 3 pessoas escolhidas a partir de um grupo de 8 pessoas?
a) 56
b) 60
c) 64
d) 68
e) 70
35) Quantas comissões de quatro membros podem ser formadas com um conjunto de nove pessoas?
a) 112
b) 118
c) 124
d) 126
e) 130
36) Quantos subconjuntos com 3 elementos cada um, tem um conjunto com 8 elementos?
a) 52
b) 56
c) 60
d) 64
e) 70
37) Tomam-se dez pontos sobre uma circunferência. Quantos triângulos podemos construir com vértice nesses pontos?
a) 120
b) 126
c) 130
d) 134
e) 140
38) Numa sala, temos 5 oficiais e 6 sargentos. Quantos grupos podemos formar, tendo 2 oficiais e 3 sargentos?
a) 180
b) 192
c) 200
d) 216
e) 230
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39) A diretoria de uma empresa é constituída por 7 diretores brasileiros e 4 japoneses. Quantas comissões de 3 brasileiros e 3
japoneses podem ser formadas?
a) 120
b) 136
c) 140
d) 152
e) 160
40) Em um grupo de 15 profissionais existem 5 médicos, 7 engenheiros e 3 advogados. Quantas comissões de 5 pessoas
podemos formar, cada qual constituída de 2 médicos, 2 engenheiros e 1 advogado?
a) 580
b) 592
c) 600
d) 614
e) 630
41) Sobre uma reta, marcam-se 8 pontos e sobre outra reta, paralela à primeira, marcam-se 5 pontos. Quantos triângulos
obteremos, unindo 3 quaisquer desses pontos?
a) 200
b) 210
c) 220
d) 232
e) 236
42) Com seis pontos distintos sobre uma reta e um ponto fora dela, quantos triângulos podem ser formados?
a) 12
b) 15
c) 18
d) 20
e) 24
43) Carlos e Ana fazem parte de um grupo de 15 pessoas. De quantas maneiras é possível formar um grupo com 5 pessoas, se
Carlos e Ana devem necessariamente fazer parte dele?
a) 248
b) 262
c) 274
d) 280
e) 286
44) Carlos e Ana fazem parte de um grupo de 15 pessoas. De quantas maneiras é possível formar um grupo com 5 pessoas, de
modo que Carlos e Ana NÃO façam parte dele?
a) 1.164
b) 1.196
c) 1.242
d) 1.287
e) 1.294
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46) De quantas maneiras podem se sentar 4 pessoas em uma mesa circular?
a) 4
b) 5
c) 6
d) 7
e) 8
48) Com os algarismos 0, 1, 2, 4 e 5, sem os repetir, quantos números compreendidos entre 200 e 1000 podemos formar?
a) 32
b) 36
c) 40
d) 42
e) 50
49) Supostamente a diretoria de ensino da Marinha é composta por 10 almirantes, que podem ocupar a função de comandante,
diretor e coordenador pedagógico. De quantas maneiras podemos formar com os 10 membros militares, as posições
mencionadas acima?
a) 680
b) 700
c) 720
d) 740
e) 756
50) Quer-se escolher um presidente, um secretário e um tesoureiro para a administração do clube naval, entre doze militares
igualmente qualificados. De quantas maneiras a escolha pode ser feita?
a) 1.280
b) 1.296
c) 1.300
d) 1.320
e) 1.346
51) São dados 12 pontos em um plano, dos quais cinco e somente cinco estão alinhados. Quantos triângulos distintos podem
ser formados com vértices em três quaisquer dos 12 pontos?
a) 200
b) 210
c) 220
d) 236
e) 248
52) Cinco sargentos e uma oficial pretendem utilizar um banco de cinco lugares. De quantas maneiras diferentes podem sentar-
se, nunca ficando em pé a oficial?
a) 600
b) 620
c) 640
d) 656
e) 692
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53) Em uma reunião social, cada pessoa cumprimentou todas as outras havendo ao todo 45 apertos de mão. Quantas pessoas havia na
reunião?
a) 8
b) 9
c) 10
d) 11
e) 12
54) Dispomos de 5 cores e queremos pintar uma faixa decorativa com 3 listas, cada uma de uma cor. De quantas maneiras isso pode ser
feito, se não podemos repetir a mesma cor em posições adjacentes?
a) 60
b) 68
c) 72
d) 76
e) 80
55) Os polígonos de k lados (k múltiplos de 3), que podemos obter com vértices nos 9 pontos de uma circunferência, são em número de:
a) 83
b) 84
c) 85
d) 168
e) 169
56) A partir de um grupo de oito pessoas quer-se formar uma comissão constituída de quatro integrantes. Nesse grupo, incluem-se Arthur e
Felipe, que, sabe-se, não se relacionam um com o outro. Portanto, para evitar problemas, decidiu-se que esses dois, juntos, não deveriam
participar da comissão a ser formada. Nessas condições, de quantas maneiras distintas se podem formar essa comissão?
a) 70
b) 35
c) 55
d) 45
e) 40
57) (UERJ) Numa cidade, os números telefônicos não podem começar por zero e têm oito algarismos, dos quais os quatro primeiros
constituem o prefixo. Considere que os quatro últimos dígitos de todas as farmácias são 0000 e que o prefixo da farmácia VIVAVIDA é
formado pelos dígitos 2, 4, 5 e 6, não repetidos e não necessariamente nesta ordem. O número máximo de tentativas a serem feitas para
identificar o número telefônico completo dessa farmácia equivale a:
a) 6
b) 24
c) 64
d) 168
e) NDA
58) (UNESP) Um certo tipo de código usa apenas dois símbolos, o número zero (0) e o número um (1) e, considerando esses símbolos como
letras, podem-se formar palavras. Por exemplo: 0, 01, 00, 001 e 110 são algumas palavras de uma, duas e três letras desse código. O número
máximo de palavras, com cinco letras ou menos, que podem ser formadas com esse código é:
a) 120
b) 62
c) 60
d) 20
e) 10
59) As antigas placas para automóveis, com duas letras seguidas de quatro algarismos, foram substituídas por novas com três letras seguidas
de quatro algarismos. Nestas placas, bem como nas antigas, são utilizadas as 23 letras do alfabeto português, mais as letras K, W e Y. Quantos
carros a mais puderam ser emplacados com o novo sistema?
a) 192.000.000
b) 193.000.000
c) 194.000.000
d) 195.000.000
e) 169.000.000
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60) (MACK) Dentre os anagramas distintos que podemos formar com n letras, das quais duas são iguais, 120 apresentam estas
duas letras iguais juntas. O valor de n é:
a) 4
b) 5
c) 6
d) 7
e) 122
61) A figura mostra a planta de um bairro de uma cidade. Uma pessoa quer caminhar do ponto A ao ponto B por um dos
percursos mais curtos. Assim, ela caminhará sempre nos sentidos “de baixo para cima” ou “da esquerda para a direita”. O
número de percursos diferentes que essa pessoa poderá fazer de A até B é:
a) 95.040
b) 40.635
c) 924
d) 792
e) 35
62) Um clube de tênis deve selecionar 2 duplas mistas de um grupo de 5 homens e 4 mulheres. De quantas maneiras isso pode
ser feito?
a) 100
b) 116
c) 120
d) 126
e) 130
1) (QOAM) Um cozinheiro dispõe de dois tipos de arroz, três tipos de feijão, quatro tipos de carne e cinco tipos de salada. Quantas opções
diferentes têm para fazer uma refeição em que deverá usar um tipo de arroz, dois tipos de feijão, dois tipos de carne e três tipos de salada?
a) 12
b) 120
c) 144
d) 360
e) 1440
2) (QOAM) Um Departamento de uma determinada OM tem sete Oficiais. De quantas maneiras distintas pode-se formar uma representação
composta por três desses Oficiais?
a) 35
b) 70
c) 105
d) 175
e) 210
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4) (QOAM) Em determinada situação, empregaram-se sinais luminosos para transmitir o código Morse. Esse código só
emprega dois sinais: ponto e traço. Na situação mencionada, as palavras transmitidas tinham de uma a seis letras. Quantas
palavras distintas poderiam ser utilizadas neste caso?
a) 15
b) 30
c) 64
d) 126
e) 720
5) (QOAM – 2007) O jogo de dominó possui 28 pedras distintas. Quatro jogadores repartem entre si essas 28 peças, ficando
cada um com sete peças. O número de maneiras distintas com que se pode fazer tal distribuição é dado pela divisão de 28! Por:
a) 7!4!
b) 4!24!
4
c) (7!)
d) 7!24!
e) 7!21!
6) (QOAM – 2008) Dispondo-se de cinco tipos de saladas, sete tipos de pratos quentes e quatro tipos de sobremesas, quantos
são os cardápios diários e diferentes que podem ser feitos, escolhendo-se, para cada dia, dois tipos de salada, três tipos de pratos
quentes e um tipo de sobremesa, dentre os que foram disponibilizados?
a) 49
b) 350
c) 700
d) 1050
e) 1400
7) (QOAM – 2009) Uma pessoa vai trabalhar usando cinto e gravata de cores diferentes. Para que ela possa trabalhar 30 dias
com conjuntos diferentes, qual é o número mínimo de peças (número de cintos mais número de gravatas) de que precisa?
a) 10
b) 11
c) 12
d) 17
e) 31
8) (QOAM – 2010) Em um congresso científico há 6 físicos e 5 químicos. Quantas comissões de 7 cientistas é possível formar
entre eles, de modo que em cada comissão haja 2 químicos?
a) 440
b) 325
c) 288
d) 120
e) 60
9) (QOAM – 2011) Um trenzinho de um parque de diversões possui 8 pequenos vagões com capacidade para uma criança em
cada vagão. De quantos modos pode-se acomodar um grupo de 8 crianças nesse trenzinho de forma que Ana e Bruno, duas das
crianças do grupo, ocupem apenas o primeiro ou o último vagão?
a) 20160
b) 11520
c) 5640
d) 1440
e) 1080
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10) (QOAM – 2012) Observe a figura a seguir.
Oito pessoas A, B, C, D, E, F, G e H vão ocupar, para um passeio, os 8 lugares de um barco, como mostra a figura. As pessoas ocuparão o
barco obedecendo as seguintes restrições: as pessoas A e B só poderão ocupar o lado ímpar do barco, enquanto a pessoa C só poderá ocupar
o lado par. As demais pessoas poderão ocupar qualquer assento. Quantas serão as maneiras possíveis de assentar totalmente as oito pessoas
neste barco?
a) 1080
b) 1640
c) 2040
d) 4320
e) 5760
11) (QOAM – 2013) Uma pessoa possui 10 argolas de dedo (tipo aliança), todas de cores distintas e quer distribuí-las por 6 dedos de suas
mãos, não colocando argolas nos dedos mínimos nem nos polegares. De quantas maneiras essa pessoa poderá fazer a distribuição dessas
argolas usando apenas uma argola em cada dedo e levando em conta que a ordem das mesmas nos dedos é relevante?
a) 210
b) 7560
c) 65600
d) 151200
e) 1000000
12) (QOAM – 2014) A senha de um cadeado deve ser formada por uma sequência de 4 algarismos, escolhidos entre os elementos do conjunto
1, 2,3, 4, 7,8,9 . Sabendo que o primeiro algarismo da esquerda é maior do que 4 e que o último algarismo da direita é ímpar, quantas
sequências diferentes que podem ser formadas?
a) 588
b) 441
c) 386
d) 324
e) 293
13) (QOAM – 2015) Seja N o número total de maneiras de escolher pelo menos um brinquedo, de um total de 7 distintos, existentes em um
parque de diversões. Pode-se afirmar que N é um número natural:
a) par, formado por dois algarismos.
b) ímpar, formado por dois algarismos.
c) ímpar, formado por três algarismos.
d) par, formado por três algarismos.
e) ímpar, formado por um algarismo.
14) (QOAM – 2015) Em uma montanha russa os passageiros embarcam em um veículo com 5 carrinhos interligados. Esses carrinhos possuem
4 lugares cada. Um grupo de oito amigos quer ocupar exclusivamente os dois primeiros carrinhos, porém João, Pedro e Sérgio exigem
embarcar no carrinho da frente, enquanto Soraia e Marta exigem embarcar no segundo carrinho. De quantas maneiras diferentes pode-se
embarcar essas oito pessoas nos dois primeiros carrinhos, atendendo ao pedido de todos?
a) 720
b) 1728
c) 3600
d) 5040
e) 10368
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15) (QOAM – 2016) A tripulação completa de um avião para um voo internacional é composta por 13 pessoas: 2 pilotos, 2
engenheiros, 2 mecânicos, 4 aeromoças e 3 comissários de bordo. O responsável pela empresa escalará uma equipe para um
desses voos e tem a sua disposição 4 pilotos, 5 engenheiros, 2 mecânicos, 6 aeromoças e 5 comissários de bordo. Essa empresa
poderá escalar a equipe de forma completa de quantos modos?
a) 9000
b) 8400
c) 7200
d) 6400
e) 5600
16) (QOAM – 2017) Uma senhora teve que trocar sua senha a pedido do programa de segurança do seu banco. Ao tentar usar
a nova senha, constata que não se recorda da ordem exata dos algarismos que a compõem. Ela sabe que a nova senha é composta
por seis algarismos e que a centena 355 e a dezena 17 ocupam alguma posição na senha. Lembra também que, além desses
cinco algarismos, a senha tem um outro que é par. Ela dispõe de três tentativas diárias para digitar a senha no caixa eletrônico,
sendo que, se errar a terceira, bloqueia o cartão. A senhora lista as senhas possíveis e, diariamente, fará todas as tentativas que
puder, sem bloquear o cartão, até descobrir a senha. Em quantos dias, no máximo, ela descobrirá a senha?
a) 10
b) 15
c) 21
d) 27
e) 30
17) (QOAM – 2017) Uma secretária ficou encarregada de buscar na internet alguns detalhes sobre uma empresa, mas não
anotou o nome dessa empresa, por isso terá um pouco mais de trabalho para realizar a tarefa. Sendo assim, essa secretária
elaborou a seguinte lista com aquilo que lembrava sobre o nome da empresa:
18) (QOAM – 2019) As placas de automóveis no padrão Mercosul começaram a ser usadas em São Paulo e no Rio de Janeiro
e, em breve, serão usadas em todo o território brasileiro. Observe a imagem de uma nova possível placa:
Há ainda placas do tipo abaixo, conforme a figura, que ainda circulam nos carros nesses estados.
Observe que na placa acima, Ex: (1), a sequência será LLLNLNN, em que L é a letra e N é o número, nesta ordem. Já a placa
do Ex: (2) será de LLLNNNN, em que L é a letra e N é o número, também nesta ordem. Considerando as do modelo Mercosul,
em relação as que ainda circulam, quantas placas a mais serão confeccionadas, baseadas em nosso sistema de numeração de 0
a 9 e com o alfabeto de 26 letras?
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19) (QOAM – 2020) Um condomínio é composto por 7 edifícios enfileirados. Na manutenção que está sendo feita, decidiu-se
por pintar cada edifício com uma só cor. Além disso, dispõe-se de 4 cores diferentes e dois edifícios consecutivos não poderão
ter a mesma cor. Nessas condições, quantas são as opções de pintura dos edifícios desse condomínio?
20) (QOAM – 2021) Quantos são os anagramas da palavra MARINHA que NÃO possuem vogais juntas?
a) 120
b) 240
c) 420
d) 720
e) 1680
1 B 2 D 3 C 4 C 5 B 6 E 7 C 8 E 9 A 10 C
11 A 12 C 13 C 14 B 15 E 16 B 17 E 18 B 19 E 20 B
21 A 22 E 23 B 24 C 25 A 26 D 27 B 28 C 29 A 30 D
31 A 32 E 33 B 34 A 35 D 36 B 37 A 38 C 39 C 40 E
41 C 42 B 43 E 44 D 45 B 46 C 47 E 48 B 49 C 50 D
51 B 52 A 53 C 54 E 55 E 56 C 57 B 58 B 59 E 60 C
61 D 62 C
1 D 2 A 3 E 4 D 5 C 6 E 7 B 8 E 9 D 10 E
11 D 12 A 13 C 14 B 15 A 16 B 17 B 18 B 19 C 20 D
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5) PROBABILIDADE
A história da teoria das probabilidades, teve início com os jogos de cartas, dados e de roleta. Esse é o motivo da grande
existência de exemplos de jogos de azar no estudo da probabilidade. A teoria da probabilidade permite que se calcule a chance
de ocorrência de um número em um experimento aleatório.
Experimento Aleatório
É aquele experimento que quando repetido em iguais condições, podem fornecer resultados diferentes, ou seja, são resultados
explicados ao acaso. Quando se fala de tempo e possibilidades de ganho na loteria, a abordagem envolve cálculo de
experimento aleatório.
Espaço Amostral
É o conjunto de todos os resultados possíveis de um experimento aleatório. A letra que representa o espaço amostral, é S.
Exemplo:
Lançando uma moeda e um dado, simultaneamente, sendo S o espaço amostral, constituído pelos 12 elementos:
S = {K1, K2, K3, K4, K5, K6, R1, R2, R3, R4, R5, R6}
1. Escreva explicitamente os seguintes eventos: A={caras e m número par aparece}, B={um número primo aparece},
C={coroas e um número ímpar aparecem}.
2. Idem, o evento em que:
a) A ou B ocorrem;
b) B e C ocorrem;
c) Somente B ocorre.
Resolução:
1. Para obter A, escolhemos os elementos de S constituídos de um K e um número par: A={K2, K4, K6};
(b) B e C = B Ç C = {R3,R5}
B Ç Ac Ç Cc = {K3,K5,R2}
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Conceito de probabilidade
Se em um fenômeno aleatório as possibilidades são igualmente prováveis, então a probabilidade de ocorrer um evento A é:
Por, exemplo, no lançamento de um dado, um número par pode ocorrer de 3 maneiras diferentes dentre 6 igualmente prováveis,
portanto, P = 3/6= 1/2 = 50%
Dizemos que um espaço amostral S (finito) é equiprovável quando seus eventos elementares têm probabilidades iguais de ocorrência.
Propriedades Importantes:
P( A ) + P( A' ) = 1
Probabilidade Condicional
Antes da realização de um experimento, é necessário que já tenha alguma informação sobre o evento que se deseja observar.
Nesse caso, o espaço amostral se modifica e o evento tem a sua probabilidade de ocorrência alterada.
Onde P(E2/E1) é a probabilidade de ocorrer E2, condicionada pelo fato de já ter ocorrido E1;
P(E3/E1 e E2) é a probabilidade ocorrer E3, condicionada pelo fato de já terem ocorrido E1 e E2;
P(Pn/E1 e E2 e ...En-1) é a probabilidade de ocorrer En, condicionada ao fato de já ter ocorrido E1 e E2...En-1.
Exemplo:
Uma urna tem 30 bolas, sendo 10 vermelhas e 20 azuis. Se ocorrer um sorteio de 2 bolas, uma de cada vez e sem reposição,
qual será a probabilidade de a primeira ser vermelha e a segunda ser azul?
Resolução:
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Assim:
Eventos independentes
Dizemos que E1 e E2 e ...En-1, En são eventos independentes quando a probabilidade de ocorrer um deles não depende do fato
de os outros terem ou não terem ocorrido.
Exemplo:
Uma urna tem 30 bolas, sendo 10 vermelhas e 20 azuis. Se sortearmos 2 bolas, 1 de cada vez e repondo a sorteada na urna,
qual será a probabilidade de a primeira ser vermelha e a segunda ser azul?
Resolução:
Como os eventos são independentes, a probabilidade de sair vermelha na primeira retirada e azul na segunda retirada é igual
ao produto das probabilidades de cada condição, ou seja, P(A e B) = P(A).P(B). Ora, a probabilidade de sair vermelha na
primeira retirada é 10/30 e a de sair azul na segunda retirada 20/30. Daí, usando a regra do produto, temos: 10/30.20/30=2/9.
Observe que na segunda retirada forma consideradas todas as bolas, pois houve reposição. Assim, P(B/A) =P(B), porque o fato
de sair bola vermelha na primeira retirada não influenciou a segunda retirada, já que ela foi reposta na urna.
De fato, se existirem elementos comuns a E1 e E2, estes eventos estarão computados no cálculo de P(E 1) e P(E2). Para que
sejam considerados uma vez só, subtraímos P(E1 e E2).
Exemplo: Se dois dados, azul e branco, forem lançados, qual a probabilidade de sair 5 no azul e 3 no branco?
Considerando os eventos:
Exemplo: Se retirarmos aleatoriamente uma carta de baralho com 52 cartas, qual a probabilidade de ser um 8 ou um Rei?
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Sendo S o espaço amostral de todos os resultados possíveis, temos: n(S) = 52 cartas. Considere os eventos:
Assim, P(A ou B) = 4/52 + 4/52 – 0 = 8/52 = 2/13. Note que P(A e B) = 0, pois uma carta não pode ser 8 e rei ao mesmo tempo.
Quando isso ocorre dizemos que os eventos A e B são mutuamente exclusivos.
QUESTÕES DE CONCURSOS
1) Uma indústria produziu num determinado mês 450 peças, das quais 180 estavam defeituosas e o número de peças perfeitas
corresponde a:
a) 2/5
b) 3/5
c) 2/3
d) 3/4
e) 5/6
2) Você faz parte de um grupo de 10 pessoas, para três das quais serão distribuídos prêmios iguais. Calcule a probabilidade de que
você seja um dos premiados.
a) 2/3
b) 1/3
c) 7/10
d) 3/10
e) 3/5
3) Jogando-se dois dados, qual a probabilidade de que a soma dos pontos obtidos seja menor que 4?
a) 1/12
b) 1/10
c) 1/8
d) 1/6
e) 1/5
4) Com os dígitos 1, 4, 7, 8 e 9 são formados números de três algarismos distintos. Um deles é escolhido ao acaso. Qual a probabilidade
de ele ser ímpar?
a) 2/3
b) 3/5
c) 2/7
d) 3/7
e) 5/8
5) Dois dados perfeitos são lançados ao acaso. A probabilidade de que a soma dos resultados obtidos seja 6 é:
a) 1/36
b) 5/36
c) 5/30
d) 1/30
e) 1/5
6) Uma moeda e um dado, não viciados, são lançados simultaneamente. A probabilidade de se obter uma cara e uma face par é:
a) 1/12
b) 1/8
c) 1/6
d) 1/4
e) 1/2
7) A probabilidade de uma bola branca aparecer ao se retirar uma única bola de uma urna contendo 4 bolas brancas, 3 vermelhas e 5
azuis, é:
a) 1/3
b) 1/2
c) 1/4
d) 1/12
e) n.d.a.
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8) Escolhido ao acaso um elemento do conjunto dos divisores positivos de 30, a probabilidade de que ele seja par ou primo é:
a) 1/8
b) 3/4
c) 1/2
d) 3/8
e) 7/8
9) (EsSA – 2014) Jogando-se um dado comum de seis faces e não-viciado, a probabilidade de ocorrer um número primo e maior que
4 é de:
a) 1/3
b) 1/2
c) 1/6
d) 2/3
e) 5/6
10) (EsSA – 2015) A probabilidade de um jogador de futebol marcar o gol ao cobrar um pênalti, é de 80%. Se esse jogador cobrar
dois pênaltis consecutivos, a probabilidade dele fazer o gol, em ambas as cobranças, é igual a:
a) 16%
b) 20%
c) 32%
d) 64%
e) 80%
11) (EsSA – 2019) Uma caixa preta contém 10 bolas numeradas de 0 a 9. Uma bola é retirada ao acaso sem reposição. Qual a
probabilidade de ser a bola com o número 7?
a) 10%
b) 25%
c) 20%
d) 34%
e) 30%
12) (UEL-PR) Devido à ameaça de uma epidemia de sarampo e rubéola, os 400 alunos de uma escola foram consultados sobre as
vacinas que já haviam tonado. Do total, 240 haviam sido vacinados contra sarampo e 100 contra rubéola, sendo que 80 não haviam
tomado nenhuma dessas vacinas. Tomando-se ao acaso um aluno dessa escola, a probabilidade de ele ter tomado as duas vacinas é:
a) 2%
b) 5%
c) 10%
d) 15%
e) 20%
13) (UFPE) Uma equipe de socorro, formada por 4 médicos, deve ser escolhida, aleatoriamente, dentre 4 cirurgiões e 6 ortopedistas.
A probabilidade de que o grupo escolhido tenha pelo menos um cirurgião é:
a) 209/210
b) 1/210
c) 1/14
d) 13/14
e) 3/5
14) (CESGRANRIO) Um pesquisa realizada em dois banco, A e B, revelou que 40% dos funcionários do banco A e 30% dos
funcionários do banco B têm nível universitário. Escolhendo-se, aleatoriamente, um funcionário de cada banco, a probabilidade de
que pelo menos um dos escolhidos tenha nível universitário é:
a) 12%
b) 46%
c) 58%
d) 40%
e) 52%
1 B 2 D 3 A 4 B 5 B 6 D 7 A 8 B 9 C 10 D
11 A 12 B 13 D 14 C
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Módulo III - REGULAR - JANEIRO E FEVEREIRO – GECON – PROFº ODILON LUGÃO
8.0 - BRASIL: ENERGIA
O Brasil possui um potencial energético privilegiado se comparado ao de muitos outros países. A utilização de fontes
renováveis, como o aproveitamento hidrelétrico, e a obtenção de energia a partir da biomassa (com base em produtos orgânicos
de origem vegetal) como fonte primária são expressivas, e a produção de petróleo e gás natural, fontes não renováveis, vem
aumentando gradualmente.
A partir de 1980 tem havido uma tendência à redução da dependência externa de energia no Brasil, apesar do crescimento
do consumo, principalmente de 1995 em diante.
Em 2011, o Brasil apresentou uma dependência de importação de 8,3% do total da energia consumida no país, destacando
-se as importações de carvão mineral e derivados de petróleo e de energia elétrica do Paraguai, que é sócio do Brasil na usina de
Itaipu.
Para atingir a autossuficiência energética, são necessários investimentos na produção, transmissão e distribuição, além de
modernização dos sistemas de transporte urbano, de cargas e da produção industrial, visando à diminuição de consumo nesses
setores.
Como vimos, 44,1% do consumo total de energia é obtido no Brasil de fontes renováveis: hidráulica e eletricidade, lenha,
carvão vegetal, produtos da cana-de-açúcar, além de outras, como gás obtido em aterros, subprodutos de plantações diversas etc.
É o que se observa nos gráficos a seguir, nos quais fica evidente que os maiores consumidores de energia são os setores industrial
e de transportes.
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Em 1997 foi criada a Agência Nacional do Petróleo (ANP), uma autarquia vinculada ao Ministério de Minas e Energia
com a atribuição de regular, contratar e fiscalizar as atividades ligadas ao petróleo e gás natural no Brasil. Ações como licitações,
exploração, importação, exportação, transporte, refino, política de preços, reajustes e controle de qualidade, entre outras
atribuições, são conduzidas pela ANP, cujo presidente é indicado pelo ministro de Minas e Energia e empossado após seu nome
ser aprovado pelo Congresso Nacional.
Em 2012, a Petrobras possuía quinze refinarias, treze delas localizadas no Brasil, uma nos Estados Unidos e uma no
Japão. Desde 2006, o país importa apenas pequenas quantidades de derivados que não são produzidos internamente. Em caso de
nova crise mundial no setor petrolífero, o país estará menos sujeito a adversidades, já que a produção brasileira é suficiente para
abastecer o mercado interno. Até por volta de 1999 o Brasil apresentou dependência do petróleo externo, por causa do aumento
do consumo, apesar da crescente produção, até que mais ou menos em 2000 a dependência foi reduzida por conta do crescimento
da produção interna.
O aumento da produção interna nas últimas décadas deve-se à descoberta de uma importante bacia petrolífera em alto-
mar na plataforma continental de Campos, no litoral norte do estado do Rio de Janeiro, que começou a ser explorada em 1976.
Em 2012, essa bacia era responsável por mais de 80% da produção nacional de petróleo. Com cerca de cem mil quilômetros
quadrados, estende-se do estado do Espírito Santo, nas imediações da cidade de Vitória, até Arraial do Cabo, no litoral norte do
estado do Rio de Janeiro, e detém as maiores reservas de petróleo em produção do Brasil, destacando -se os campos de Albacora,
Marlim e Barracuda, situados em águas profundas (mais de 800 metros).
No continente, a área mais importante na extração é Mossoró (Rio Grande do Norte), seguida do Recôncavo Baiano.
Recentemente, foi descoberta uma pequena jazida continental em Urucu, a sudoeste de Manaus, onde há grandes reservas de gás
natural. O gás tornou-se importante fonte de energia para o parque industrial da Zona Franca de Manaus.
Em 2008, a Petrobras anunciou a descoberta de enormes reservas de petróleo e de gás natural a mais de 5 quilômetros de
profundidade e a 300 quilômetros da costa, na camada pré-sal da bacia de Santos. Segundo estimativas, essa camada pode conter
mais de 30 bilhões de barris, o que coloca o país como detentor de uma das maiores reservas mundiais de petróleo de boa
qualidade. As descobertas na bacia de Santos deverão colocar o Brasil no mesmo patamar dos grandes produtores mundiais.
Como mostram os gráficos anteriores, embora mais cara que a extração no continente, no Brasil predomina a exploração
de petróleo na plataforma continental, sob as águas do oceano Atlântico. O Rio de Janeiro é o estado responsável pela maior
produção (bacia de Campos).
O gás natural é a fonte de energia que vem apresentando as maiores taxas de crescimento na participação em nossa matriz
energética – entre 1998 e 2011, por exemplo, aumentou de 3,7% para 9,9% do total de energia consumida no país. O Rio de
Janeiro é o maior produtor, seguido por Espírito Santo e Amazonas, e há uma parcela variável que é importada, principalmente
da Bolívia. O gás natural vem substituindo, principalmente, derivados de petróleo – o gás liquefeito de petróleo (GLP) e o óleo
combustível na indústria; o óleo diesel e a gasolina nos transportes –, e vem sendo usado na geração de termeletricidade em
usinas construídas nos últimos anos ao longo dos 7198 quilômetros de gasodutos existentes no país em 2011.
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Embora existam jazidas de carvão mineral em outros estados da federação, elas são muito pequenas e pouco espessas.
Apenas em Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná as camadas de carvão apresentam viabilidade econômica para exploração.
No Rio Grande do Sul encontra-se a jazida de Candiota, a maior do país, mas seu carvão tem baixo potencial calorífico e
não compensa beneficiá-lo e transportá-lo a longas distâncias. É utilizado somente em usinas termelétricas locais, como a de
Canoas e a de Candiota, e seu consumo se restringe às cercanias das áreas de extração, no próprio estado.
No Brasil, o consumo de carvão mineral representa apenas 0,4% do total mundial. Em 2010, cerca de 71% do carvão
consumido no país era importado e 29%, produzido internamente. O carvão importado é integralmente utilizado em usinas
siderúrgicas; da produção nacional, 33% são consumidos em usinas termelétricas, e o restante em indústrias de celulose,
cerâmica, cimento e carboquímicas. Em Santa Catarina se concentram cerca de 41% da produção do carvão energético e 100%
do metalúrgico. O Rio Grande do Sul fornece aproximadamente 58% do carvão energético, e o Paraná, apenas cerca de 1% do
total de carvão produzido no país.
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A opção pela diversificação da matriz energética com prioridade para usinas menores difere bastante da adotada durante
a década de 1970 e início da de 1980, quando foi dado grande impulso ao setor energético com a construção de grandes usinas.
Depois das crises do petróleo de 1973 e 1979, a produção de hidreletricidade passou a receber grandes investimentos, por se
tratar de fonte alternativa ao petróleo. A política governamental estabeleceu como prioridade a construção de usinas com grandes
represas, porque na época não havia exigência de aprovação dos projetos pelos órgãos ambientais, o que passou a ocorrer somente
a partir de 1986. É o caso de Itaipu, no rio Paraná (localizada na fronteira do Paraná com o Paraguai), a maior usina hidrelétrica
brasileira. No Norte, as principais usinas são Tucuruí, no rio Tocantins, e Balbina, no rio Uatumã, ao norte de Manaus; e no
Nordeste, Sobradinho e Xingó, no rio São Francisco.
Essas grandes obras são polêmicas e algumas apresentam aspectos técnicos questionáveis. Usinas com o potencial de
Itaipu, Tucuruí e Sobradinho exigem a construção de enormes represas, que causam danos sociais e ambientais irreversíveis:
extinção de espécies endêmicas (que só existem nessa área), inundação de sítios arqueológicos, alteração da dinâmica de erosão
e sedimentação, deslocamento de população que vive em cidades, reservas indígenas e comunidades quilombolas, entre outros
danos.
A usina de Paulo Afonso, localizada na divisa entre Bahia e Pernambuco, apresenta a melhor relação entre área inundada
e potência final. Isso se explica pelo acentuado desnível do relevo do planalto da Borborema. Já a pior relação é a da usina de
Balbina, localizada na planície Amazônica, cuja energia gerada abastece apenas 50% das necessidades de consumo de Manaus.
Aproveite para comparar com uma obra que usa tecnologia moderna: a usina de Belo Monte, que em 2012 estava sendo
construída no rio Xingu, tem previsão de alagar uma área de 516 km² e produzir 11 233 MW.
Com o provável esgotamento das possibilidades de construção de grandes usinas hidrelétricas na região Sudeste e os
investimentos no Sistema Interligado Nacional, passou a ocorrer uma descentralização da geração para regiões que estiveram
marginalizadas ao longo do século XX. Esse fato vem favorecendo o investimento em novas fontes de energia e o
desenvolvimento das atividades econômicas em regiões historicamente desprovidas de infraestrutura básica. Está ocorrendo uma
desconcentração do parque industrial, principalmente nas regiões Sul, Nordeste e Norte.
Sistema Interligado Nacional: Como funciona o sistema de produção e transmissão de energia elétrica no Brasil?
É de conhecimento fundamental que o Brasil tem como predominância o uso de usinas hidrelétricas para a produção de
energia elétrica, e o maior desafio de países de grandes regiões como o nosso é como transmitir e distribuir essa energia para a
população da forma mais eficiente possível. A partir disso, foi criado
em 1998 o SIN – Sistema Interligado Nacional – que coordena e
controla esses meios de geração, produção e distribuição de energia
elétrica. O mapa ao lado mostra as linhas de transmissão do país.
O mapa mostra como, apesar de complexo, o sistema de
distribuição de energia do Brasil é interligado: apenas 1,7% da
capacidade de produção de eletricidade do país encontra-se fora do
SIN, localizados principalmente na região amazônica. São mais de 170
mil quilômetros de linhas de transmissão. O Brasil é um dos poucos
países do mundo que tem essa característica de ser praticamente toda
interligada.
O Sistema Interligado Nacional traz várias vantagens para a
distribuição de energia. Tais elas são:
Aproveitamento da sazonalidade das chuvas: Os períodos de chuva
diferem de acordo com as regiões do país, alguns lugares chovem em
uma época, outros lugares chovem em outra época. Como o sistema
de geração é hídrico, é necessário ter um sistema interligado para
garantir o equilíbrio de produção e transmissão.
Confiabilidade do sistema que diminui as interrupções de energia: se acontecer uma falha ou um erro em uma linha de
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transmissão, o sistema interligado consegue redirecionar energia elétrica para certos pontos, garantindo que menos pessoas
sejam afetadas por um possível apagão por menos tempo possível.
Também a nível de confiabilidade, vale ressaltar os inúmeros casos de apagões e blecautes dos Estados Unidos, por
exemplo. O sistema de produção e transmissão dos EUA é basicamente dividido em 3 grandes sistemas separados, ou seja, não
interligados. A exemplo do nível de confiabilidade baixa desse país, o blecaute ocorrido em agosto de 2003, que atingiu mais de
45 milhões de pessoas, durou várias horas, e em algumas das regiões chegou a durar cerca de 90 horas. Se o sistema de
distribuição fosse totalmente interligado, poderia, como citado anteriormente, ocorrer uma distribuição em pontos das falhas.
Risco de racionamento
Para Heloísa Firmo, engenheira civil do Departamento de Recursos Hídricos e Meio Ambiente da Politécnica da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), apesar das medidas do governo, há um risco real de a atual crise levar a situações
de racionamento de energia no Brasil.
"Há risco de racionamento de energia no Brasil, sim. Hoje em dia, por conta dos últimos anos, a gente no Brasil
tem tido muita restrição quanto a reservatórios de regularização. E o que é regularizar? É tornar regular. E para tornar
regular a vazão de um rio é necessário um reservatório. Com o passar dos anos, nos últimos dez, 20 anos a gente passou
a construir reservatórios, usinas, como a gente chama, a fio d'água, com reservatório muito pequeno ou praticamente
sem reservatório", explica a pesquisadora em entrevista à Sputnik Brasil.
Conforme detalha a professora, com esses tipos de reservatórios, o Brasil tem uma capacidade reduzida de resistir a um
período sem chuvas, de quatro a cinco meses, sendo que essa capacidade chegou a ser de até três anos.
"Com o passar dos anos o aumento do número de usinas a fio d'água, em detrimento de usinas com grandes
reservatórios, fez com que o sistema elétrico ficasse mais vulnerável. Então, eu diria que há risco, sim, de racionamento
de energia no Brasil, de falta de energia", reforça.
www.cursoadsumus.com.br Página 125
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Firmo aponta que o termo mais correto para o risco oferecido pela situação atual seria não de um racionamento, mas de
uma racionalização, com cortes programados e pontuais. Mesmo assim, a professora da UFRJ salienta que uma eventual
recuperação econômica no Brasil pode agravar o cenário.
"Qualquer retomada na economia vai gerar um aumento na demanda de energia. E aí, sim, acho que o risco de
racionamento começa a aparecer mais. Porque, por enquanto, a economia está ainda bastante retraída por conta da
pandemia da COVID-19", explica a professora, que lembra ainda que a crise hídrica pode se estender a outros setores
para além do energético, como no agronegócio e no abastecimento das famílias.
Fonte: http://www.drhima.poli.ufrj.br/index.php/br/destaque/noticias/325-o-que-explica-a-nova-crise-hidrica-e-quais-riscos-
ela-traz-para-o-brasil. Acesso em 30 jan 2022
O programa nuclear
O programa nuclear brasileiro teve início em 1969, quando o Brasil adquiriu da empresa W. Westinghouse, dos Estados
Unidos, a usina de Angra I, com capacidade de produção de 626 MW (5% da capacidade de Itaipu), sem que essa aquisição fosse
acompanhada de transferência de tecnologia. A usina foi instalada na praia de Itaorna (“pedra podre”, em tupi-guarani), em
Angra dos Reis, sobre uma falha geológica, ou seja, uma área potencialmente sujeita a movimentos tectônicos (o que o topônimo
criado pelos indígenas já alertava). Foi apelidada de “vagalume”, tal a incidência de problemas técnicos que desde sua
inauguração obrigaram a sucessivos desligamentos. Sua construção se iniciou em 1972, mas o fornecimento de eletricidade só
teve início treze anos depois, em 1985. Meses mais tarde, entretanto, foi interditada, e só voltou a funcionar em 1987, sempre de
forma intermitente. Somente a partir de 1995 seu funcionamento tornou-se regular.
Em 1975, o Brasil assinou um acordo nuclear com a Alemanha por intermédio da empresa Siemens. Inicialmente previa-
se a construção de oito usinas, com transferência de tecnologia. Após consumir bilhões de dólares em compra e armazenagem
de equipamentos, transferência de tecnologia, salários e outras despesas fixas, uma dessas usinas, Angra II, que deveria começar
a funcionar em 1983, só ficou pronta em 2001, com capacidade de produção de 1 350 MW. A construção de Angra III, que
também terá 1 350 MW de potência, foi paralisada durante muitos anos, mas em 2008 o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
e Recursos Naturais (Ibama) expediu licença prévia autorizando a retomada das obras, cuja conclusão estava prevista para 2014.
Em 2011, a participação das usinas Angra I e II na produção nacional de energia elétrica representava 2,7% do total, mas o estado
do Rio de Janeiro é altamente dependente do fornecimento dessas usinas.
Com a crise de abastecimento de energia enfrentada em 2001, a redução do custo de produção de energia em usinas
termonucleares e os compromissos assumidos pelo país no Acordo de Kyoto, o governo brasileiro incluiu a expansão do parque
nuclear em suas estratégias de investimento, mas sem definição de novas usinas.
8.4 - Biocombustíveis
Biocombustíveis são derivados de biomassa, como cana-de-açúcar, oleaginosas, madeira e outras matérias orgânicas. Os
mais utilizados são o etanol (álcool de cana, no caso brasileiro) e o biodiesel (oleaginosas), que podem ser usados puros ou
adicionados aos derivados de petróleo, como gasolina e óleo diesel.
Em 2011, a biomassa (principalmente derivados da cana-de-açúcar e lenha) foi a segunda fonte de energia mais consumida
no Brasil, com participação de 23,8% na nossa matriz energética, superada apenas por petróleo e gás natural, com 42,5%. O
Brasil apresenta condições muito favoráveis para a produção de etanol e biodiesel, pois tem grande extensão de áreas
agricultáveis, com solo e clima favoráveis ao cultivo de oleaginosas e cana.
Os biocombustíveis podem proporcionar vantagens que contemplam a sustentabilidade econômica, social e ambiental. O
aumento de sua produção reduz o consumo de derivados de petróleo e consequentemente a poluição atmosférica, gera novos
empregos em toda sua cadeia produtiva, promove a fixação de famílias no campo, aumenta a participação de fontes renováveis
em nossa matriz energética, e ainda pode se tornar importante produto da nossa pauta de exportações.
Entretanto, o crescimento da demanda por biocombustíveis no mercado mundial e a expansão na área cultivada com cana
e outras culturas no país geraram preocupação com a possível diminuição do cultivo de alimentos, que poderia causar aumento
nos preços, e o desmatamento de áreas de vegetação nativa. O Brasil, porém, apresenta um enorme estoque de áreas desmatadas
e improdutivas, principalmente pastagens abandonadas, que podem ser utilizadas para a produção de energia sem comprometer
o abastecimento alimentar ou o meio ambiente.
Biodiesel
O país dispõe de várias espécies de plantas oleaginosas que podem ser usadas na produção de biodiesel, com destaque
para mamona, palma (dendê), girassol, babaçu, soja e algodão, e é o segundo maior produtor mundial de etanol. Os Estados
Unidos − maior produtor mundial desse combustível − utilizam o milho para sua produção, a um custo superior ao obtido com
a cana no Brasil.
A utilização de biodiesel no mercado brasileiro foi regulamentada pela Lei n. 11 097, de 2005, que criou a obrigatoriedade
da mistura do produto ao diesel de petróleo em percentuais crescentes que deveriam atingir 5% em 2013, meta alcançada já em
2009. A partir dessa lei, a produção de biodiesel vem aumentando em ritmo muito acelerado.
Também foi criado o Selo Combustível Social e implantado um sistema de incentivos fiscais e subsídios para a produção
de biodiesel realizada com matéria-prima cultivada em pequenas propriedades familiares do Norte e Nordeste, principalmente
na região do semiárido.
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Entretanto, até 2011, a possibilidade de a produção de biodiesel colaborar para a melhoria das condições de vida dos
agricultores familiares ainda era limitada. Naquele ano, 81% do biodiesel produzido no Brasil foi obtido da soja e 13% do sebo
bovino, produtos obtidos predominantemente em grandes propriedades, com os pequenos produtores fornecendo apenas o
suficiente para as usinas conquistarem os benefícios fiscais.
Além de abastecer o mercado interno, parte da produção nacional de biodiesel é exportada, principalmente para a União
Europeia.
Etanol (álcool)
Em 14 de novembro de 1975, na busca de saídas para o primeiro choque do petróleo, foi criado o Programa Nacional do
Álcool (Proálcool), com o objetivo de introduzir a mistura gasolina-álcool (álcool anidro) e a fabricação de veículos movidos
exclusivamente a álcool (álcool hidratado). Foram concedidos vultosos empréstimos aos maiores produtores de cana-de-açúcar,
a juros subsidiados, para que construíssem usinas de grande porte para a produção de etanol (álcool que pode ser obtido de milho,
cana e outros vegetais; da madeira obtém-se metanol). Os atraentes financiamentos estenderam-se, em volumes me nores, a
pequenos e médios produtores agrícolas, que, na implantação do projeto, substituíram suas culturas diversificadas por cana-de-
açúcar e se tornaram fornecedores de matéria-prima aos usineiros.
Por causa do programa, ocorreram alterações na organização espacial do campo. Como não havia estabelecido preço
mínimo para a tonelada de cana-de-açúcar até 1989, o governo deixou os pequenos e médios produtores à mercê dos grandes
usineiros, já que não compra cana, apenas o álcool produzido nas usinas. Quem não possuía usina era obrigado a vender sua
produção aos usineiros, que costumavam pagar muito pouco pela cana-de-açúcar, prejudicando milhares de pequenos e médios
proprietários. Nas regiões em que foi implantado o Proálcool, agravaram-se os problemas relacionados à concentração de terras:
aumento do número de trabalhadores diaristas, incentivo à monocultura e êxodo rural.
Também em relação ao consumo, os subsídios foram enormes: de 1976 a 1989, o Imposto sobre a Propriedade de Veículos
Automotores (IPVA) cobrado de carros movidos a álcool foi equivalente a 50% do valor correspondente ao de carros a gasolina;
e o valor do litro de álcool era limitado, por lei, a 65% do preço da gasolina. O preço do combustível era determinado por razões
políticas, e não econômicas, e quem arcava com o prejuízo era o Estado, por meio da Petrobras. A partir de 1989, o governo
diminuiu os subsídios para a produção e o consumo de álcool, o setor entrou em crise e o país passou a importá-lo da Europa.
Desde o início da década de 1990, quando houve falta de álcool e consequente perda de confiança, até 2002, os
consumidores preferiram veículos movidos a gasolina. Por conta disso, no final desse período, menos de 1% dos veículos
fabricados tinham motor a álcool, enquanto em 1982 esse percentual chegava a 90%.
Atualmente, poucos veículos são movidos exclusivamente a álcool. Por determinação do Conselho Interministerial do
Açúcar e do Álcool (Cima), o etanol é misturado à gasolina na proporção de 20% a 25%, o que garante a manutenção de sua
produção. Se esse procedimento não fosse adotado, a qualidade do ar nos grandes centros urbanos pioraria muito, porque essa
mistura reduz a emissão de gases poluentes e elimina a necessidade de adicionar chumbo (usado como moderador de explosão)
à gasolina, tanto que os Estados Unidos e alguns países da Europa passaram a importar álcool e tecnologia brasileira de produção
para melhorar as condições ambientais em seus grandes centros urbanos.
Embora o etanol seja uma fonte de energia eficiente, o programa foi implantado, em escala nacional, numa época em que
sua produção e consumo apresentavam custos maiores que os da produção da gasolina – por isso houve a necessidade dos
subsídios. Atualmente, entretanto, após o grande desenvolvimento tecnológico obtido no setor e os diversos aumentos no preço
do barril de petróleo a partir de 1997, o álcool tornou-se economicamente viável. Além disso, desde 2002, a indústria
automobilística passou a produzir carros com motores bicombustíveis (movidos a etanol e/ou a gasolina), o que contribuiu muito
para o aumento do consumo de álcool. Em 2011, cerca de 90% dos carros zero-quilômetro vendidos no mercado eram “flex”,
como ficaram conhecidos os automóveis bicombustíveis.
Etanol de milho
Etanol de milho no Brasil?
Soou estranho quando as primeiras notícias sobre utilizar milho para produzir álcool combustível chegaram ao Brasil, vindas
dos Estados Unidos (EUA). O milho é o principal cereal utilizado na alimentação de humanos e animais, razão pela qual é amplamente
cultivado, com produção global superior a um bilhão de toneladas: 1,07 bilhões de toneladas em 2017, seguido pelo trigo, num distante
segundo lugar, com cerca de 750 milhões de toneladas (Mt).
O etanol, no entender dos brasileiros, se faz com cana de açúcar, muito mais eficiente e mais defensável desde uma perspectiva
social e econômica. Um hectare de cana produz cerca de 80 toneladas no centro sul do Brasil e rende 89,5 litros de etanol/t, totalizando
mais de 7 mil litros de biocombustível/ha. Já o milho, embora seja mais eficiente na produção de etanol por tonelada de produto (400
litros/t), proporciona uma produção média de etanol/ha de apenas 2.240, considerando a média da produção brasileira do grão, que é
de 5,55 t/ha (97,71 Mta em 17,71 Mha). Mesmo considerando a excelente produtividade média do milho norte-americano (11 t/ha), a
produção de etanol por área pouco ultrapassa a metade do etanol produzido a partir da cana no Brasil.
Os EUA utilizam cerca de 150 Mt de milho para produzir etanol e podem dar-se a esse luxo porque produzem cerca de 33% da
safra mundial do grão (370 Mt em 2016), dispondo, mesmo assim, de volume suficiente para atender as exportações e a enorme demanda
da indústria doméstica de proteína animal (carnes, ovos, produtos lácteos, entre outros).
Após extraído o etanol, o processamento do milho deixa um subproduto denominado DDG (Dried Distillers Grains), sigla em
inglês para Grãos Secos de Destilaria ou Grãos de Destilaria, produto utilizado na alimentação animal em substituição parcial do milho.
Apesar de ser um insumo relativamente novo no mercado brasileiro, o DDG está presente nos confinamentos norte-americanos há mais
de 25 anos e sua utilização foi crescendo conforme aumentou a oferta do produto, em decorrência da elevação da produção de etanol
de cereais nos EUA.
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No Brasil já operam quatro usinas de etanol de milho, todas localizadas no estado do Mato Grosso. Três são usinas flex,
produtoras de etanol de cana na safra e etanol de milho na entressafra da cana, e uma é exclusiva para a produção de etanol de
milho, que para garantir o suprimento contínuo de matéria prima, está oferecendo 33% mais pela saca de 60 kg (R$ 16 vs R$
12/sc), do que o mercado exportador. Isto se faz possível graças à agregação de valor ao grão transformado em etanol e DDG.
Produção de etanol a partir do grão de milho foi a solução encontrada para atender a ociosidade das destilarias na
entressafra da cana e para ajudar na desova dos excedentes de produção do milho, evitando a pressão dos preços para baixo e
reduzindo o custo com o transporte para os portos. Foi a solução encontrada, também, para resolver a falta de espaço para o
armazenamento do “milho sem teto” das supersafras do grão, que se acumula pela falta de interesse do produtor em comercializar
o produto a baixo preço.
A grande vantagem do etanol feito de milho é que o grão pode ser armazenado e utilizado à medida das necessidades da
indústria, o que não acontece com a cana, que precisa ser processada logo após sua colheita. Para a produção do etanol de milho
não existe entressafra, podendo ser utilizado ininterruptamente ao longo de todo o ano.
O DDG começou a ser produzido no Brasil em 2010, nas três usinas flex do MT. Entre 2013 e 2014, o DDG começou a
fazer parte de alguns confinamentos mato-grossenses em substituição ao farelo de soja nas dietas de bovinos e não decepcionou.
Atualmente, não somente o Mato Grosso, como também os Estados de MS, GO e MG, têm tirado proveito desse subproduto da
indústria do etanol, cujos teores de proteína bruta (PB) variam entre 26 a 30%. Segundo o IBGE, em 2016, a produção de etanol
de milho no Brasil alcançou o montante de 750 milhões de litros.
Tudo parece indicar que o milho será cada vez mais utilizado para a produção de etanol no Brasil, principalmente na
Região Centro-Oeste, onde se concentra o maior volume de produção de milho e onde os preços são mais baixos dada a maior
deficiência da logística de transporte e armazenagem.
A produção de etanol de milho no Brasil é crescente e tem ganhado espaço ao lado do etanol de cana, da qual a produção
brasileira é destaque mundial. Ambas atendem demandas de todo o País, mas as questões logísticas são um entrave para o
escoamento do grão de milho, que tem como líder de produção o estado do Mato Grosso.
O Brasil é o maior consumidor de etanol do mundo depois dos Estados Unidos, em grande parte por causa do amplo uso
de carros que podem rodar com o biocombustível ou com a gasolina convencional. Embora a maior parte das necessidades seja
satisfeita com a produção nacional, o Brasil absorve algumas importações, principalmente dos EUA.
“A rentabilidade de etanol de milho vai variar, mas a possibilidade é interessante para produtor de etanol diversificar os
riscos climáticos e de matéria-prima. Por outro lado, para o produtor de grãos, há a diversificação de receitas, sendo que ele entra
para mercado de energia. Tudo isso acaba reduzindo riscos da operação e contribuição para diversificação da economia do
Centro-Oeste brasileiro e a produção de grãos na região”, avalia.
O Brasil é superavitário em milho, principalmente no Centro-Oeste. A produção é crescente e varia de um ano para o
outro principalmente por causa da safrinha, conforme explica Botelho. “A oferta que temos é mais que suficiente para atender
demandas das primeiras plantas de etanol de milho. O Centro-Oeste é líder por causa das adequações climáticas, o que tem
levado ao forte crescimento da produção. Trata-se de uma região onde já existe produção de soja, ou seja, a rentabilidade não
precisa ser tão grande, porque a terra já é bem remunerada”, analisa.
A produção de milho no Brasil até alguns anos atrás era concentrada principalmente na primeira safra e no Sul, onde o
milho tinha um preço maior que no Centro-Oeste. Lá, a proximidade com o porto facilita a exportação, sendo que a produção
era voltada para o mercado de ração e a exportação não era tão cara. Botelho destaca que “havia essa produção de milho muito
concentrada na primeira safra ali no Sul. Porém a viabilidade econômica dessa produção se mostrou maior na segunda safra e no
Centro-Oeste. Desafios logísticos tornaram o milho mais barato, o que ajudou a viabilizar produção de etanol de milho. Além
disso, até os anos 2010, havia um aumento muito rápido na produção de etanol de cana e a demanda era atendida pela produção
de etanol de cana. A estagnação dessa produção estimulou produção a partir do milho”.
Mercado
A produção de etanol a partir do milho é competitiva, mas não deve substituir a cana, sendo apenas mais uma opção no
mercado brasileiro. Apesar das características similares e da facilidade de produção em usinas flex, a logística ainda é um gargalo.
As usinas flex são uma realidade extremamente competitiva, uma vez que há a utilização do bagaço da cana como biomassa para
geração da energia necessária no processo industrial, bem como para a cogeração de energia elétrica.
Hoje, aproximadamente 38% da frota utiliza etanol. Alguns dos produtores de etanol de cana podem utilizar a mesma
estrutura para produzir a partir de cana ou milho – que são as chamadas flex. Entretanto, é preciso fazer algumas adaptações, já
que os processos de fermentação e destilação são diferentes, além da preparação do caldo. A fábrica, entretanto, é movida com
a mesma energia e o mesmo vapor.
Sendo assim, existe certo compartilhamento, dependendo dos processos produtivos, possibilitando investimentos em
usinas flex. Além disso, a produção de etanol a partir do milho precisa de energia, sendo que a usina de cana tem a vantagem de
dispor do bagaço, que gera vapor para atender a demanda da produção de etanol de milho. Além disso, aproveita-se a expertise
do mercado sucroenergético, tendo em vista que as empresas possuem atuação no mercado, com áreas comerciais e
administrativas já acostumadas ao setor, o que facilita essa flexibilização para mercado de milho.
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A dificuldade logística é um dos grandes entraves para o escoamento do etanol de milho, o que trava o crescimento da
produção, já que o combustível precisa chegar com preço competitivo na bomba. “Os dois vão conviver naturalmente, ajudando
o Brasil a diminuir importação de gasolina”, acredita Pádua, da Única. Entre as vantagens, destaca-se a grande produção do grão,
que ocorre durante todo o ano, enquanto a da cana é de abril a novembro. Assim, o milho segue ainda que durante a entressafra
da cana.
Por outro lado, de acordo com Botelho, o preço do grão varia muito de um ano para o outro. Ainda assim, o etanol de
milho tem se mostrado competitivo, mas depende muito da safra de milho e da safra de cana para dar continuidade a essa
competitividade. Para o futuro, a projeção é que esta produção se mantenha crescente. “Em cinco ou 10 anos, nós já veremos
etanol de milho brasileiro sendo direcionado para todas as regiões do Brasil. Mato Grosso tem mostrado que já está se
aproximando do limite, movimento que deve se ampliar pelo País”
Norte e Nordeste são destinos mais favorecidos pelo etanol de milho do Mato Grosso pela proximidade logística. O
Norte é atendido principalmente pelos portos da bacia do Rio Amazonas. A expectativa é que seja possível fazer esse
deslocamento até o Nordeste, além de Goiás, por meio do caminho rodoviário, continuando na entressafra de cana. Após esses
mercados, as usinas, com certeza, vão começar a destinar etanol para Sul e Sudeste do Brasil.
A produção de etanol de milho no Brasil está em firme ascendência. Na previsão da União Brasileira do Etanol de Milho
(Unem), serão produzidos cerca de 2,5 bilhões de litros em 2020/21. Se isso se concretizar, o aumento será de 54,32% em relação
ao resultado de 2019/20, de 1,62 bilhão de litros.
Segundo um relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), o biocombustível produzido com o
grão está sendo atualmente fabricado em 16 usinas, sendo que quatro delas processam apenas o milho. A expectativa da indústria,
segundo o departamento, é que pelo menos outras sete plantas, que já estão nos estágios de planejamento, desenvolvimento ou
construção, entrem em operação até 2022.
Este compromisso com o aumento na produção do biocombustível com o cereal vem de um otimismo na indústria como um
todo. Diferentemente do que ocorre com a cana-de-açúcar, o mercado do milho sofre menos com sazonalidades da safra, influências
climáticas e dificuldades de armazenamento. Somado aos incentivos à produção de biocombustíveis, o cenário é atrativo.
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Assim como a energia elétrica e o petróleo, os transportes terrestres e aquáticos são fiscalizados e regulamentados por
agências: em 2001, foram criadas a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e a Agência Nacional de Transportes
Aquaviários (Antaq).
As rodovias apresentam a vantagem da mobilidade, o que não se verifica nas ferrovias por dependerem de estações − nem
nos portos – onde há um limite no número de embarcações que podem atracar. Além disso, o sistema rodoviário é insubstituível
em trajetos de curta distância, pois é economicamente inviável a construção de estações ferroviárias e portos muito próximos
uns dos outros.
A estruturação de uma malha de transportes eficiente envolve uma associação entre os modais de transportes utilizados
para deslocar as cargas a longas distâncias, conhecida como sistema intermodal ou multimodal. Nesse sistema, a carga é
transportada por caminhões em viagens de curta distância até a estação ou o porto, e passa a ser transportada por trens ou navios
em viagens de grandes distâncias.
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Hotspot, também chamado de ponto crítico, é um termo em inglês cunhado pelo cientista Norman Myers. O ponto crítico
se refere a lugares que possuem uma biodiversidade extremamente rica e, ao mesmo tempo, ameaçada de extinção. De acordo
com a organização Conservation International, para uma região ser considerada um hotspot (em português: ponto crítico) de
biodiversidade, esta deve obedecer a dois critérios:
A região deve possuir um número de espécies de plantas vasculares endêmicas de ao menos 1.500. Ou seja, uma grande
quantidade de plantas que não são encontradas em nenhum outro lugar do planeta, sendo, portanto, insubstituíveis;
Além disso, sua vegetação original deve estar ameaçada de extinção, que é quando esta se encontra em 30% ou menos da sua
vegetação nativa primária.
Os critérios estão atrelados às plantas, pois estas são cruciais, já que são produtoras primárias, a base de diversas cadeias
alimentares, além de servirem de abrigo para outros seres vivos, como aves e mamíferos. Um alto grau de endemismo, por sua
vez, é a medida do quão única e insubstituível a biodiversidade de uma região é, devendo esta, portanto, receber especial atenção
no que diz respeito a medidas de conservação.
Cerrado
O Cerrado é o segundo maior bioma brasileiro depois da Amazônia e originalmente cobria uma área de 2.031.990 km².
Desta área, apenas 21,3% ainda se encontra intacta. Neste bioma, existem diferentes tipos de vegetação, muito por conta das
variadas condições do solo.
O Cerradão é sua única formação florestal, a qual consegue atingir até 7 metros de altura nos solos mais férteis. Já o
Cerrado stricto sensu é formado por espécies herbáceas bem desenvolvidas, pequenas árvores e arbustos. Suas outras formações
são o campo limpo e o campo sujo, além das matas de galeria.
O clima no Cerrado é tropical, apresentando chuvas concentradas entre abril e outubro. Sua estação seca bem definida é
acompanhada de queimadas, naturais e provocadas pelo homem. Estas duas características são relevantes para a ecologia do
Cerrado, cujas plantas típicas são próprias de regiões secas e com adaptações ao fogo (árvores com cascas grossas, folhas
resistentes e capacidade de regeneração rápida). O fogo tem ainda um papel importante na germinação das sementes de várias
plantas da região.
O Cerrado é hoje a mais importante região do agronegócio do Brasil, sendo seu consequente impacto ambiental uma
ameaça às mais de 12 mil plantas nativas, das quais mais de 4 mil são endêmicas, aos grandes mamíferos como o lobo-guará
(Chrysocyon brachyurus), o tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla), a anta (Tapirus terrestris), o veado-campeiro
(Ozotoceros bezoarticus), a onça-pintada (Panthera onca) e a jaguatirica (Leopardus pardalis), além de 856 espécies de aves.
A degradação ambiental deste ambiente prejudica ainda as pessoas que dependem de seus recursos naturais, como
populações indígenas, quilombolas, geraizeiros, ribeirinhos e quebradeiras de coco babaçu.
Mata Atlântica
A Mata Atlântica é composta por uma série de ecossistemas de florestas tropicais da América do Sul, incluindo
os manguezais e os ambientes de restinga. Os tipos de vegetação deste bioma são determinados pela altitude que ocupam nesta
região de clima tropical, sendo estes as matas de grandes altitudes, as florestas de encostas e as matas da planície costeira.
Existem ainda formações mais secas, que são as florestas mistas e as matas semi-decíduas de interior.
De acordo com dados da SOS Mata Atlântica, apenas 12,4% da área original (estimada em 1.200.000 km²) estão intactos.
A região que compreende este bioma foi a primeira a ser colonizada e é hoje a de maior adensamento populacional do país, o
que exerce grande pressão sobre o bioma. O endemismo da Mata Atlântica é composto pela seguinte quantidade de espécies:
5 mil plantas;
71 espécies de mamíferos, incluindo o mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia), espécie-bandeira da região;
133 espécies de peixes;
148 espécies de aves, incluindo o papagaio-de-cara-roxa (Amazona brasiliensis);
286 espécies de anfíbios; e
94 espécies de répteis.
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Quantos hotspots há no mundo?
Além desses dois hotspots da biodiversidade brasileira, existem outros 34 hotspots presentes na Terra:
AMÉRICA DO NORTE (2):
Província Florística da Califórnia
Floresta de Pinho – Encino de Sierra Madre (México e EUA)
ÁFRICA (8):
Floresta da Guiné (África Ocidental).
Chifre da África
Floresta de Afromontante (África Oriental).
Montanhas do Arco Oriental
Madagascar e Ilhas do Oceano Índico
Maputaland – Pondoland – Albany (África do Sul, Swazilândia e Moçambique).
Província Florística do Cabo (África do Sul).
Karoo de Plantas Suculentas (África do Sul e Namíbia).
EUROPA (2):
Cáucaso
Região Irano – Anatólica
ÁSIA (6):
Montanhas da Ásia Central
Himalaias
Ghats Ocidentais (Índia e Sri Lanka).
Montanha do Centro Sul da China
Japão
Regiões da Indo – Birmânia
OCEANIA (7):
Filipinas
Wallacea (Indonésia)
Sudoeste da Austrália
Ilhas da Polinésia e Micronésia (incluindo Hawai).
Ilhas da Melanésia Oriental
Nova Caledônia
Nova Zelândia
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Dentre estes, os Andes
Tropicais são o
maior hotspot do mundo,
com cerca de 1/6 de todas
as espécies de plantas do
planeta.
Ainda que partes
desses hotspots se
encontrem dentro de
áreas protegidas, as
mudanças na paisagem
ao redor destas afetam
sua biodiversidade e
funções ecossistêmicas.
Sendo necessário,
portanto, a ação articulada
com outras estratégias de
conservação, como o
monitoramento contínuo
da conservação da
biodiversidade.
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Esse explosivo crescimento aumentou muito a demanda por matérias-primas e fontes de energia e, consequentemente, a
produção de resíduos que poluem o ar, a água e o solo – em 2008, a China já era o maior emissor de dióxido de carbono na
atmosfera.
Como a preservação do meio ambiente reduziria a competitividade de sua economia, até o final do século passado o
governo chinês fez vistas grossas e permitiu que os níveis de poluição atingissem patamares insustentáveis. Embora atualmente
a China seja um dos países que mais investem na busca de energias renováveis e não poluentes e em preservação ambiental,
algumas regiões ainda estão com sérios problemas de abastecimento de água para a população e a irrigação agrícola devido ao
desmatamento (que compromete as nascentes) e à poluição provocada pelo lançamento nos rios de esgoto domiciliar e industrial
sem tratamento. Nas maiores cidades, a poluição atmosférica provocada pelos veículos e indústrias tornou a qualidade do ar
quase sempre imprópria, comprometendo a saúde da população.
Além de utilizar seus próprios recursos naturais de forma ecologicamente insustentável, a China transformou-se num
grande importador de matérias-primas e fontes de energia, contribuindo para a elevação do preço de muitos produtos primários
no mercado internacional e interferindo no meio ambiente de lugares muito distantes de seu território.
Especialmente em países africanos, como Angola, Nigéria e Sudão do Sul, a China tem investido em vários projetos de
extração de minérios e de petróleo para garantir o abastecimento de seu parque industrial.
O exemplo chinês nos mostra que a grande questão que se coloca hoje em dia para todos os países é a busca de um modelo
de desenvolvimento que seja social e ecologicamente sustentável, isto é, que não cause tantos impactos ao meio ambiente e que
promova melhor distribuição da riqueza. Para isso, como veremos a seguir, seria necessário um novo modelo de sociedade.
Essa discussão esteve presente em várias conferências mundiais sobre meio ambiente, população e desenvolvimento:
Estocolmo-72, Rio-92, Conferência sobre População e Desenvolvimento (realizada no Cairo, Egito, em 1994), Conferência
Mundial sobre Assentamentos Humanos – Habitat II (Istambul, Turquia, em 1996), Rio + 10 (Johannesburgo, África do Sul,
2002) e Rio + 20 (Rio de Janeiro, 2012).
O fortalecimento da democracia e da cidadania em escala mundial pode colaborar, pela pressão da sociedade civil
organizada, para a solução desses complexos problemas. A seguir, vamos estudar as principais conferências mundiais sobre meio
ambiente e desenvolvimento.
O desenvolvimento sustentável
Em 1983, a Assembleia Geral da ONU indicou a então primeira-ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, para
presidir uma comissão encarregada de estudar o tema ambiental. Em 1987, foi publicado pela Comissão Mundial sobre o Meio
Ambiente e o Desenvolvimento da ONU um estudo denominado “Nosso futuro comum”, mais conhecido como Relatório
Brundtland. Esse estudo, que defendia o desenvolvimento para todos, buscava um equilíbrio entre as posições antagônicas
surgidas na Estocolmo-72 e criou a noção de desenvolvimento sustentável, “aquele que atende às necessidades do presente sem
comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem suas próprias necessidades”. Já as sociedades sustentáveis
estariam baseadas em igualdade econômica, justiça social, preservação da diversidade cultural, da autodeterminação dos povos
e da integridade ecológica. Isso obrigaria pessoas e países a mudanças não apenas econômicas, mas sociais, morais e éticas.
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Legislação ambiental no Brasil
Como vimos no capítulo anterior, em 1981 foi aprovada pelo Congresso Nacional brasileiro a Lei 6 938, que instituiu a
Política Nacional do Meio Ambiente e criou as bases para a proteção ambiental ao conceituar expressões como “meio ambiente”,
“poluidor”, “poluição” e “recursos naturais”. Em 1986, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) publicou uma
resolução sobre o tema e passou a ser exigido o Estudo de Impacto Ambiental e seu respectivo resumo no Relatório de Impacto
Ambiental (EIA/Rima), além do licenciamento e autorização expedidos pelo Ibama para a realização de qualquer obra ou
atividade que provoque impacto ambiental.
A norma legal que instituiu no Brasil a obrigatoriedade de realização de Estudo de Impacto Ambiental e de sua divulgação
ao público em um documento acessível aos que não são especialistas na área, chamado Relatório de Impacto Ambiental.
Obrigatoriamente, no EIA/Rima deve-se desenvolver um diagnóstico ambiental, considerando o meio físico, o biológico e o
socioeconômico.
A Constituição Federal brasileira de 1988, promulgada um ano após a publicação do relatório Nosso futuro comum,
incorporou o conceito de desenvolvimento sustentável e foi a primeira da história brasileira a dedicar um capítulo ao meio
ambiente. Ela estabelece, no artigo 225, que “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e
preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.
Rio-92
A Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, também conhecida como Cúpula da Terra,
Rio-92 ou Eco-92, foi realizada em 1992 no Rio de Janeiro e reuniu representantes de 178 países, além de milhares de membros
de organizações não governamentais (ONGs) numa conferência paralela. Esse encontro, que na fase preparatória teve como
subsídio o Relatório Brundtland, definiu uma série de resoluções, visando alterar o atual modelo consumista e excludente de
desenvolvimento para outro, social e ecologicamente mais sustentável.
O objetivo fundamental era tentar minimizar os impactos ambientais no planeta, garantindo, assim, o futuro das próximas
gerações. Na busca do desenvolvimento sustentável, foram elaboradas duas convenções, uma sobre biodiversidade, outra sobre
mudanças climáticas; uma declaração de princípios relativos às florestas e um plano de ação.
A Convenção sobre Biodiversidade e a Convenção sobre Mudanças Climáticas têm como agente financiador um
organismo denominado Fundo Global para o Meio Ambiente – GEF (do inglês, Global Environment Facility). Criado em 1990,
o GEF é dirigido pelo Banco Mundial e recebe apoio técnico e científico dos Programas das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (Pnud) e para o Meio Ambiente (Pnuma).
• A Convenção sobre Biodiversidade traçou uma série de medidas para a preservação da vida no planeta. Em vigor desde 1993,
essa convenção tenta frear a destruição da fauna e da flora, concentradas principalmente nas florestas tropicais, as mais ricas
em biodiversidade.
• A Convenção sobre Mudanças Climáticas, em vigor desde 1994, estabeleceu várias medidas para diminuir a emissão de
poluentes pelas indústrias, automóveis e outras fontes poluidoras, com o objetivo de atenuar o agravamento do efeito estufa, o
avanço da desertificação etc. Nessa convenção, foi assinado o Protocolo de Kyoto (Japão, 1997), visando à redução da emissão
de poluentes na atmosfera.
• A Declaração de Princípios Relativos às Florestas é uma série de indicações sobre manejo, uso sustentável e outras práticas
voltadas à preservação desses biomas.
• O Plano de Ação, mais conhecido como Agenda 21, é um ambicioso programa para a implantação de um modelo de
desenvolvimento sustentável em todo o mundo durante o século XXI. Esse objetivo, entretanto, requer volumosos recursos, e
os países desenvolvidos comprometeram-se a contribuir com 0,7% de seus PIBs para essa finalidade. Com o objetivo de
fiscalizar a aplicação da Agenda 21, foi criada a Comissão de Desenvolvimento Sustentável. O órgão, sediado em Nova York
e vinculado à ONU, agrega 53 países-membros, entre os quais o Brasil. Muitos países, contudo, não estão cumprindo o
compromisso, com raras exceções, como os países nórdicos.
Rio + 10
A Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável, conhecida como Rio + 10, foi realizada em Johannesburgo,
África do Sul, em 2002, reunindo delegações de 191 países. O principal objetivo do encontro foi realizar um balanço dos
resultados práticos obtidos depois da Rio-92.
Nesse encontro foram discutidos quatro temas, escolhidos como mais importantes para a busca do desenvolvimento
sustentável:
• erradicação da pobreza;
• mudanças no padrão de produção e consumo;
• utilização sustentável dos recursos naturais;
• possibilidades de se compatibilizar os efeitos da globalização com a busca do desenvolvimento sustentável.
Desde o início das discussões ficou acordado entre os participantes que na ocasião não seriam discutidos os temas das
duas convenções assinadas na Rio-92 (Biodiversidade e Mudanças Climáticas), mas sim os mecanismos que possibilitassem
ampliar sua implantação na prática. Essa intenção ficou descrita no documento final do encontro: Plano de Implementação da
Agenda 21, no qual se propõem alterações nos padrões mundiais de produção e consumo, com utilização racional dos recursos
naturais e busca de modelos sustentáveis que utilizem menor quantidade de energia e produzam menos resíduos poluentes.
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Porém, o Plano de Implementação da Agenda 21 acabou se restringindo a um conjunto de diretrizes que cada país
signatário pode ou não realizar na prática. Como não há nenhum órgão internacional de controle, os acordos realizados nas
conferências da ONU constituem o consenso mínimo sobre os temas abordados após as nações presentes apresentarem suas
posições.
Segundo o próprio documento oficial do encontro, “[...] na prática, os documentos aprovados em Johannesburgo apenas
representam um conjunto de diretrizes e princípios para as nações, cabendo a cada país transformá-las em leis nacionais para
garantir a sua realização”.
Rio + 20
A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável foi realizada no Rio de Janeiro em junho de 2012.
Inicialmente, havia a expectativa de que fossem realizadas ações concretas para colocar em prática os temas discutidos
durante a Rio-92, como a implantação da Agenda 21 em escala global e outros também ligados ao desenvolvimento sustentável,
na busca de maior justiça social, crescimento econômico e preservação ambiental. Entretanto, o documento final ficou restrito a
uma série de declarações e não vinculou nenhuma obrigação aos países participantes.
Esse documento, chamado O futuro que queremos, não apresentou nenhum avanço teórico ou prático em relação às
conferências anteriores. Foi apresentada a proposta de criação do conceito de economia verde, mas após muitas críticas e
discussões teóricas não se chegou a um consenso sobre o seu conteúdo. Muitas outras decisões importantes, como a criação de
um mecanismo de financiamento ao desenvolvimento sustentável e a concretização de um acordo para a proteção do alto-mar,
foram adiadas para os próximos encontros.
Leia sobre as dificuldades de implementação de algumas medidas discutidas durante o encontro.
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Com o lançamento de gases e partículas sólidas na atmosfera, tanto pode ocorrer um desequilíbrio nas proporções de
gases que já a compõem (caso da elevação da concentração de dióxido de carbono ou gás carbônico), quanto a presença de gases
estranhos a ela, como é o caso do dióxido de enxofre, dos óxidos de nitrogênio e do monóxido de carbono. Ocorre também o
aumento de elementos ou partículas que naturalmente não aparecem na composição atmosférica, como o chumbo, as poeiras
industriais, os aerossóis, as fumaças negras, os hidrocarbonetos, os solventes, etc.
A elevação dos níveis de poluentes na atmosfera traz uma série de desconfortos às pessoas, tais como irritação nos olhos
e na garganta – os mais imediatos – e problemas respiratórios, principalmente para os que já têm predisposição a eles, como
aqueles que têm doenças crônicas (asma e bronquite, por exemplo). Alguns fenômenos naturais, como a ocorrência de inversões
térmicas, os longos períodos de estiagem ou a própria configuração do relevo, aumentam a concentração de poluentes na
atmosfera ou dificultam sua dispersão.
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Ilhas de calor
A ilha de calor é uma das mais evidentes demonstrações da ação humana como fator de mudança climática. O fenômeno resulta
da elevação das temperaturas médias nas áreas urbanizadas das grandes cidades, em comparação com áreas vizinhas. A diferença de
temperatura entre o centro da cidade e as áreas periféricas pode chegar até 7 ºC. A expansão da mancha urbana de São Paulo, por
exemplo, provocou um aumento de 1,3 ºC na temperatura média anual entre 1920 e 2005, que subiu de 17,7 ºC para 19 ºC. Isso ocorre
por causa das diferenças de irradiação de calor entre as áreas impermeabilizadas e as áreas verdes. A substituição da vegetação por
grande quantidade de casas e prédios, viadutos, ruas e calçadas pavimentadas faz aumentar significativamente a irradiação de calor para
a atmosfera, em comparação com as zonas rurais, onde, em geral, é maior a cobertura vegetal. Além disso, nas zonas centrais das
grandes cidades é muito maior a concentração de gases e materiais particulados lançados por veículos automotores. Esses materiais são
responsáveis por um efeito estufa localizado, que colabora para aumentar a retenção de calor. A isso se soma o calor liberado pelos
motores dos veículos, o que acentua o fenômeno da ilha de calor. Nas grandes metrópoles os veículos atingem milhões de unidades;
por exemplo, na cidade de São Paulo, em 2012, havia cerca de 6 milhões de veículos automotores em circulação.
Deve-se salientar, no entanto, que uma cidade pode ter diversos picos de temperatura espalhados pela mancha urbana – como
mostra, por exemplo, o mapa ao lado –, caracterizando várias ilhas de calor. Uma região densamente edificada e industrializada
apresenta picos de temperatura mais elevados do que bairros residenciais com grandes áreas verdes.
A formação de ilhas de calor facilita a ascensão do ar, formando uma zona de baixa pressão. Isso faz com que os ventos soprem,
pelo menos durante o dia, para essa área central, trazendo, muitas vezes, maiores quantidades de poluentes. Sobre a zona central da
mancha urbana forma-se uma “cúpula” de ar pesadamente poluído. No caso das grandes metrópoles, com elevados índices de poluição,
os ventos que sopram de zonas industriais periféricas rumo às zonas centrais concentram ainda maiores quantidades de poluentes.
Nessas cidades, do alto dos prédios ou quando se está chegando por uma estrada, pode-se ver nitidamente uma “cúpula”
acinzentada recobrindo-as.
As chuvas ácidas
Mesmo em ambiente não poluído, as chuvas são sempre ligeiramente ácidas. A combinação de gás carbônico e água presentes
na atmosfera produz ácido carbônico, que dá às chuvas uma pequena acidez. O fenômeno das chuvas ácidas de origem antrópica causa,
porém, graves problemas por resultar da elevação anormal dos níveis de acidez da atmosfera, em conseqüência do lançamento de
poluentes produzidos sobretudo por atividades urbano-industriais. Trata-se de mais um fenômeno atmosférico causado, em escala local
e regional, pela emissão de poluentes das indústrias, dos meios de transporte e de outras fontes de combustão. Os principais causadores
desse fenômeno são o dióxido de nitrogênio e o trióxido de enxofre – que é a combinação do dióxido de enxofre, emitido pela queima
de combustíveis fósseis, e do oxigênio, já presente na atmosfera.
A concentração de trióxido de enxofre aumentou na atmosfera com a ampliação do uso de combustíveis fósseis nos transportes,
nas termelétricas e nas indústrias. Cerca de 90% do dióxido de enxofre é eliminado pela queima do carvão e do petróleo. Já pelo menos
70% do dióxido de nitrogênio é emitido pelos veículos automotores. Enquanto a concentração do primeiro está gradativamente
diminuindo na atmosfera, a do segundo está aumentando, por causa da maior utilização do transporte rodoviário.
Os países que mais colaboram para a emissão desses gases são os industrializados do hemisfério norte. Por isso as chuvas ácidas
ocorrem com mais intensidade nessas nações, principalmente no nordeste da América do Norte e na Europa ocidental.
Como ocorrem as chuvas ácidas? O trióxido de enxofre e o dióxido de nitrogênio lançados na atmosfera, ao se combinarem com
água em suspensão, transformam-se em ácido sulfúrico, ácido nítrico e nitroso, respectivamente, que têm elevada capacidade de
corrosão.
A ação corrosiva da chuva ácida foi detectada no século XVIII e sua intensidade só tem aumentado. Em 1872, Robert Angus
Smith, inspetor de saúde pública de Londres, escreveu o livro Ar e chuva: fundamentos de uma climatologia química, no qual apontava
a grande concentração de ácido sulfúrico no ar londrino e a conseqüente oxidação das peças de metal da cidade.
Além de causar corrosão de metais e deterioração de monumentos históricos – alguns extremamente valiosos, como os
monumentos gregos de Atenas –, as chuvas ácidas provocam impactos, muitas vezes, a centenas de quilômetros das fontes poluidoras.
Muitos lagos da Escandinávia estão acidificados por causa das chuvas alteradas pelo lançamento de dióxido de enxofre e de
dióxido de nitrogênio por indústrias localizadas na Alemanha, Reino Unido e França, a centenas de quilômetros ao sul. O mesmo
ocorreu com lagos canadenses, localizados bem ao norte dos centros industriais da região dos Grandes Lagos. A acidificação das águas
está matando todas as formas de vida nesses lagos. É impossível a manutenção da vida num ambiente com ph menor que 2,3, mas,
antes mesmo de se chegar a esse nível de acidez, muitas espécies já perecem, desequilibrando o ecossistema aquático.
Outro impacto causado pelas chuvas ácidas, que é tanto mais grave quanto mais próximo das fontes poluidoras, é a destruição
da cobertura vegetal. Essa tragédia ecológica é muito comum nos países desenvolvidos.
No Brasil, esse fenômeno ocorre de forma significativa na região metropolitana de São Paulo, nas cidades mineiras onde se
produz aço e no Rio Grande do Sul, próximo às termelétricas movidas a carvão, cuja poluição atinge até o Uruguai.
Décadas de 1980 e 1990 em Cubatão, município da Região Metropolitana da Baixada Santista (SP). Em alguns pontos da escarpa
da serra do Mar, nas proximidades das principais fontes poluidoras, parte da vegetação de pequeno e médio porte desapareceu. As
árvores resistiram à poluição, mas, com a morte dos vegetais de pequeno porte, o solo ficou exposto, o que favoreceu a ocorrência de
escorregamentos e agravou o desmatamento das encostas. Nos últimos anos, porém, a diminuição da emissão de poluentes pelas
indústrias do polo petroquímico e siderúrgico de Cubatão permitiu a reconstituição da vegetação nas encostas afetadas pelo processo.
A preocupação com os impactos ambientais, como os que vimos neste capítulo, vem desde a Conferência das Nações Unidas
sobre o Homem e o Meio Ambiente, realizada na Suécia (Estocolmo) em 1972. As questões lá apontadas, como a incompatibilidade
entre o modelo consumista de desenvolvimento e a conservação do meio ambiente, afloraram novamente na Conferência das Nações
Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento realizada no Rio de Janeiro em 1992, na Rio + 10, realizada em Johannesburgo em
2002, e de forma mais tímida na Rio + 20, no Rio de Janeiro, em 2012.
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Mesmo quando os países não chegaram a um acordo, como ocorreu num importante encontro realizado em Copenhague pelo
Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 15), houve consenso mundial sobre a necessidade de compatibilizar
crescimento econômico e conservação do meio ambiente para as futuras gerações, o que significa a defesa de um desenvolvimento
sustentável.
El niño
Enquanto as inversões térmicas acontecem em escala local por apenas algumas horas, El Niño é um fenômeno climático
natural que ocorre em escala planetária por períodos de aproximadamente dois a sete anos. Ele se manifesta como um
aquecimento (3 ºC a 7 ºC acima da média) das águas do oceano Pacífico nas proximidades do equador.
Geralmente, no hemisfério sul os ventos alísios sopram no sentido leste-oeste com velocidade média de 15 m/s,
aumentando o nível das águas do oceano Pacífico nas proximidades da Austrália, onde ele é cerca de 50 cm superior ao das
proximidades da América do Sul. Além disso, esses ventos provocam correntes que levam as águas da superfície, mais quentes,
nessa mesma direção.
Nos anos de ocorrência de El Niño, a velocidade dos ventos alísios diminui para cerca de 1 a 2 m/s. Sem a sustentação
dos ventos, o nível das águas se eleva em direção à América do Sul, e as águas superficiais, por se deslocarem menos, têm sua
temperatura aumentada. Em decorrência, provocam grandes mudanças na circulação dos ventos e das massas de ar, além de
evaporação mais intensa, com aumento do índice de chuvas em algumas regiões do planeta e ocorrência de estiagem em outras.
A razão dessa mudança na intensidade dos ventos alísios ainda é uma incógnita; as pesquisas em andamento não chegaram a
uma explicação conclusiva. Nos anos em que o fenômeno ocorre, a América do Sul sofre ainda a ação de uma massa de ar quente
e úmida periódica que atua no sentido noroeste-sudeste.
No Brasil, essa massa de ar desvia a umidade da Massa Equatorial Continental, a responsável pelas chuvas na caatinga,
em direção ao sul do país. A consequência é a ocorrência de enchentes no Brasil meridional e de seca na região do clima semiárido
nordestino e extremo norte do país, principalmente em Roraima. Outra consequência é o desvio da Massa Polar Atlântica para o
oceano Atlântico antes de atingir a região Sudeste, o que atenua a queda normal de temperaturas no inverno.
Existe um fenômeno que ocorre com menor frequência e que tem características opostas às de El Niño. Por esse contraste,
esse fenômeno foi denominado La Niña. Nos anos em que La Niña ocorre, há um resfriamento das águas superficiais do Pacífico
na costa peruana, o que também altera as zonas de alta e baixa pressão, provocando mudanças na direção dos ventos e das massas
de ar. As causas que determinam o aparecimento desses dois fenômenos naturais são desconhecidas.
Atualmente, a ocorrência de El Niño e de La Niña pode ser prevista com seis a nove meses de antecedência.
Existe, no oceano Pacífico, um conjunto de boias que monitoram a temperatura da superfície do mar e indicam os
primeiros sinais da formação do fenômeno. O monitoramento permite adotar medidas para enfrentar os problemas gerados pela
alteração climática. Assim os pescadores podem se adaptar à maior ou menor disponibilidade de pescado; os agricultores, se
prevenir contra quebras na produção agrícola; e o poder público pode se antecipar para atender às necessidades da população em
áreas sujeitas a secas ou inundações.
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Os impactos socioambientais provocados por esses fenômenos levaram o Senado Federal a criar, em 1997, uma comissão
especial para elaborar propostas que minimizem seus efeitos no campo, nas cidades e no meio ambiente natural:
• assistência para evitar a desestruturação da produção agrícola provocada por estiagens no Nordeste e enchentes no Sul;
• adoção de medidas emergenciais para minimizar o êxodo rural e seus impactos na vida dos migrantes e na organização interna
das cidades;
• medidas de prevenção contra a ocorrência de incêndios em áreas de preservação ambiental, como o que atingiu cerca de 20%
do território do estado de Roraima em 1997 e 1998;
• medidas de prevenção e assistência à população da região Sul que reside em áreas sujeitas à ocorrência de enchentes;
• fornecimento de água e cestas básicas à população afetada pela seca no Sertão nordestino.
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[...] O Brasil, como tem sido historicamente um país de diplomacia competente, propôs uma inclusão ao Protocolo de
Kyoto que se refere ao Mecanismo de desenvolvimento Limpo e que diz mais ou menos o seguinte: Esta usina do hemisfério
norte, por exemplo, que está emitindo CO2 e que não tem tempo suficiente para fazer uma reconversão dentro dos prazos
estabelecidos pelo Protocolo, poderá pagar para que alguém aqui no brasil, na Argentina, ou na áfrica, por meio de um sistema
de produção vegetal, capte carbono da atmosfera e transforme este carbono em celulose. Este sistema de produção vegetal poderá
fixar um volume de carbono igual ou maior que aquele emitido pela usina em questão e esta deverá financiar o empreendimento
agrícola compensador de sua emissão.
O texto final da 26ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre o Clima (COP26), publicado no
sábado (13) após duas semanas de negociações em Glasgow, na Escócia, teve avanços em relação ao tema do uso dos
combustíveis fósseis, mas não atende às reivindicações dos países pobres por justiça climática e não garante o objetivo de limitar
o aquecimento global a 1,5°C.
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, se mostrou satisfeito com a aprovação do "Pacto de Glasgow para o clima",
assinado por 200 países, mas admitiu que a alegria está "tingida de decepção" no que se refere "àqueles para os quais a mudança
climática já é uma questão de vida ou morte".
"Podemos estimular, mas não podemos obrigar nações soberanas a fazer algo que não querem fazer. É decisão delas",
completou Johnson, se referindo à recusa dos mais ricos em criarem um fundo para ajudar países em desenvolvimento e mais
vulneráveis aos desastres causados pelo clima se reconstruírem.
Apesar de os países ricos terem prometido no Acordo de Paris, em 2015, um fundo de US$ 100 bilhões anuais a partir de
2020 para apoiar os países mais vulneráveis a enfrentarem as mudanças climáticas, esse financiamento ainda não foi colocado
em prática.
Indignadas pelo descumprimento das promessas de financiamento climático anual, as nações em desenvolvimento
batalharam em Glasgow para a criação de um mecanismo específico para reparar os danos já causados pelos efeitos devastadores
do aumento de tormentas, secas e ondas de calor em suas regiões. O apelo foi chamado de "perdas e danos".
Contudo, os países ricos negaram a criação deste mecanismo específico, enquanto o texto final apenas se propõe a analisar
os pedidos de indenizações por danos e perdas dos países mais vulneráveis a médio prazo.
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"Estamos muito decepcionados pela ausência de elementos sobre perdas e danos e expressaremos nossas demandas em
seu devido momento", declarou a Aliança dos Pequenos Estados Insulares (AOSIS, na sigla em inglês), à France Presse.
“Viemos para negociar um acordo robusto sobre as perdas e danos sofridos. Queríamos mais financiamento para nossa
ação climática. Esperávamos obter apoio para nossas situações e necessidades particulares. Nós imploramos como fizemos na
COP22, COP23, COP 24, COP 25... Esperávamos ser ouvidos, mas como em reuniões anteriores, nosso pedido foi rejeitado”,
disse à RFI o ministro do Meio Ambiente do Quênia, Keriako Tobiko.
Relatórios apresentados na COP26 mostram como os efeitos das mudanças climáticas afetam de maneira desigual os
países. Um dos exemplos são os países africanos, que emitem apenas 3% das emissões de gases de efeito estufa, mas que já
gastam, por ano, 10% do seu PIB com os impactos climáticos.
Estima-se que, sem ajuda internacional, nações pobres poderão gastar 20% do PIB por ano em 2050 com impactos de
eventos extremos.
O Brasil foi um dos que pressionou nações ricas a cumprirem a promessa de fundo de financiamento climático de US$
100 bilhões ao ano. Segundo ambientalistas, no entanto, o governo não está em boa posição para requisitar financiamento, diante
dos recordes em taxas de desmatamento.
Além disso, O Brasil tem cerca de R$ 3 bilhões "parados" no cofre público desde 2019 do Fundo Amazônia - fundo que
recebia investimentos internacionais para serem aplicados na conservação da floresta e no combate ao desmatamento.
Avanços da COP26
Entre os avanços conquistados em Glasgow, os ambientalistas destacam duas declarações importantes para a mitigação
dos ases de efeito estufa como carbono e metano - ambas foram assinadas pelo Brasil: a primeira se compromete a zerar e reverter
o desmatamento no mundo até 2030 (Acordo de Florestas); a segunda estipula o corte de emissões globais de metano de 30%
em 2030 em relação aos níveis de 2020 (Acordo de Metano).
"O acordo sobre florestas é especialmente importante para o Brasil, que em 2020 tinha 46% de suas emissões advindas
de desmatamento. Mesmo que o atual governo brasileiro não tenha intenção de cumpri-lo, os três principais compradores de
commodities do Brasil — China, Estados Unidos e União Europeia — aderiram ao pacto, e a China anunciou que considerará a
legislação para barrar importações de produtos advindos de desmatamento", diz nota do Observatório do Clima.
Demais acordo vistos como avanços na COP26:
Energia limpa: cerca de 450 organizações financeiras, que controlam US$ 130 trilhões, concordaram em apoiar a tecnologia
"limpa", como energia renovável, e, para isso, direcionar o financiamento das indústrias de queima de combustíveis fósseis;
Acordo de Carvão: mais de 40 países - incluindo grandes usuários de carvão, como Polônia, Vietnã e Chile - concordaram
em abandonar o carvão;
Manifesto da Soja do Reino Unido: 27 empresas grandes empresas assinaram o compromisso para garantir que os embarques
físicos de soja para a região não sejam cultivados em áreas onde árvores foram cortadas ou a vegetação nativa convertida em
terras agrícolas após janeiro de 2020.
Adaptação
Já a Agência da ONU para Refugiados, Acnur, apelou aos Estados a implementar acordos sobre o alvo de 1,5 ° C que
garanta a neutralidade de carbono até meados do século.
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Os esforços para mitigar as emissões, aumentar o financiamento e o apoio à adaptação devem passar de palavras a ações em
favor de deslocados e apátridas.
O Acnur vê essas medidas como “essenciais para proteger comunidades vulneráveis e evitar consequências arrasadoras
para milhões de refugiados, deslocados e apátridas”.
Direitos Humanos
Um novo relatório do Escritório para os Direitos Humanos da ONU, foca a região africana do Sahel onde as temperaturas
estão subindo 1,5 vez mais rápido do que a média global.
Chuvas erráticas e as estações chuvosas irregulares são acompanhadas por inundações frequentes e limitam os meios de
subsistência afetando colheitas e pastagens na área abarcando nove países.
Em cidades, especialmente nas áreas costeiras, aumenta o nível do mar e inundações vão forçando a população a optar
pela migração que “piora a situação de vulnerabilidade de milhões de pessoas”.
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Durante o período da ditadura militar (1964-1985), foram criados projetos de ocupação humana e econômica das regiões
Norte e Centro-Oeste que provocaram grandes impactos negativos ao meio ambiente. Esses projetos previam a expansão da
agricultura e a criação de gado em áreas de floresta e a prática de garimpo, mineração e extração de madeira, instituída com a
abertura das rodovias de integração.
Como os impactos, principalmente na floresta Amazônica, trouxeram repercussão negativa em escala mundial, em 1974
o governo brasileiro promoveu mudanças de estratégia, implantando ações de proteção ambiental: combate à erosão, criação das
Estações Ecológicas e Áreas de Proteção Ambiental, metas para o zoneamento industrial e criação da Secretaria Especial do
Meio Ambiente. Em 1979, foi criado o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que instituiu, em 1981, a Política
Nacional do Meio Ambiente (PNMA, Lei n. 6 938).
Essa lei promoveu um grande avanço ao apresentar as bases para a proteção ambiental e conceituar expressões como
“meio ambiente”, “poluidor”, “poluição” e “recursos naturais”. Nela se destaca a exigência de elaboração do Estudo de Impacto
Ambiental (EIA), de caráter técnico e detalhista, e o seu respectivo Relatório de Impacto Ambiental (Rima), menos detalhado e
dirigido ao público leigo. Esses dois documentos são necessários para o licenciamento em qualquer atividade que provoque
impactos ambientais. A PNMA busca a preservação e a recuperação das áreas ambientalmente degradadas, visando garantir
condições de desenvolvimento social e econômico, a segurança nacional e a proteção da dignidade da vida humana.
A partir de então se instituiu que o meio ambiente é um bem público a ser resguardado e protegido, em prol da
coletividade. Outro grande destaque na evolução do Direito Ambiental brasileiro foi atingido com a Constituição Federal de
1988, a primeira de nossa história que dedicou um capítulo a esse tema e consagrou o direito de todos a um meio ambiente
ecologicamente equilibrado.
O parágrafo terceiro do seu artigo 225 estipula que: “As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente
sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de
reparar os danos causados”. A previsão de sanções penais significa a criminalização das atividades prejudiciais ao meio ambiente,
o que foi regulamentado somente dez anos depois, em 1998, com a Lei n. 9 605. Conhecida como Lei dos Crimes Ambientais,
ela define os crimes contra a fauna e a flora, além dos relacionados à poluição, ao ordenamento urbano, ao patrimônio cultural e
outros.
Quem comete agressões ambientais como desmatamento, poluição do ar ou de águas, ou falsificação de Relatório de
Impacto Ambiental, é punido com multa, proibição de exercício de certas atividades e até mesmo com cadeia.
• Áreas de Preservação Permanente (APPs): segundo a Lei 12651/2012, APP são áreas “cobertas ou não por vegetação nativa,
e possuem a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo
gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas”.
No Brasil, a percepção da necessidade de se proteger áreas específicas, que sejam representativas dos ecossistemas
naturais surge desde a criação do primeiro Código Florestal em 1934. O referido Código manifestava algumas características
preservacionistas e se apresentava de forma bastante conservacionista na época. Embora dispostos na legislação, a proteção e
conservação dessas áreas não ocorriam de forma satisfatória, e continuavam sendo entregues a exploração humana.
Dessa forma ocorre a edição e aperfeiçoamento da lei, tornando vigente o Código Florestal de 1965. Ele passa a limitar a
utilização da propriedade rural por seus proprietários e qualifica as florestas em território nacional como bens de interesse comum
a todo o povo brasileiro.
Na década de 1980 por meio de uma medida provisória, a extensão das áreas de preservação permanente hídricas foi
alterada, passando de 5 para 30 metros em cursos d´água com largura inferior a 10 metros. Tal atitude se baseou em estudos
realizados após a ocorrência de grandes enchentes no estado de Santa Catarina, os levantamentos apontavam que os danos
econômicos poderiam ser menores caso as faixas de APPs fossem maiores.
Entre outros motivos, inclusive pela existência de ambiguidades de interpretação, o chamado Novo Código Florestal é
publicado pela Lei nº 12.651 em 25 de maio de 2012, revogando a lei de 1965 (Antigo Código Florestal). Entre os argumentos
utilizados no Senado para a aprovação da “Nova Lei Florestal” estava a preocupação em remunerar produtores rurais pela
preservação de APPs e RLs através de Pagamentos por Serviços Ambientais (5).
Nova Lei Florestal dispõe sobre a proteção da vegetação nativa, tratando especificamente sobre as áreas de preservação
permanente (APP). Logo determina que “a vegetação situada em Área de Preservação Permanente deverá ser mantida pelo
proprietário da área, possuidor ou ocupante a qualquer título, pessoa física ou jurídica”. Assim sendo, a intervenção ou a
supressão de vegetação nativa será permitida somente nas hipóteses de utilidade pública, de interesse social ou de baixo impacto
ambiental previsto na Lei. Sendo permitido o acesso de pessoas e animais para obtenção de água e para realização de atividades
de baixo impacto ambiental. Entre outros motivos, inclusive pela existência de ambiguidades de interpretação, o chamado Novo
Código Florestal é publicado pela Lei nº 12.651 em 25 de maio de 2012, revogando a lei de 1965 (Antigo Código Florestal).
Entre os argumentos utilizados no Senado para a aprovação da “Nova Lei Florestal” estava a preocupação em remunerar
produtores rurais pela preservação de APPs e RLs através de Pagamentos por Serviços Ambientais.
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Como são classificadas as Áreas de Preservação Permanente?
De acordo com o Código Florestal considera-se como Áreas de Preservação Permanente, sejam em zonas rurais ou
urbanas:
I. "as faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e intermitente, excluídos os efêmeros, conforme medidas
descritas na imagem a seguir".
II. "as áreas no entorno dos lagos e lagoas naturais, conforme descrito a seguir"
III. "as áreas no entorno dos reservatórios d’água artificiais, decorrentes de barramento ou represamento de cursos d’água
naturais, na faixa definida na licença ambiental do empreendimento"
IV. "as áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes, no raio mínimo de 50 (cinquenta) metros"
V. "as encostas ou partes destas com declividade superior a 45º, equivalente a 100% na linha de maior declive"
VI. "as restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues" VII - "os manguezais, em toda a sua extensão" VIII
- "as bordas dos tabuleiros ou chapadas, em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros"
IX. "o topo de morros, montes, montanhas e serras, com altura mínima de 100 (cem) metros e inclinação média maior que 25º
"
X. "as áreas em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a vegetação"
XI. "a faixa marginal de veredas, com largura mínima de 50 (cinquenta) metros, a partir do espaço permanentemente brejoso e
encharcado".
Existem ainda áreas de preservação permanente que são consideradas de interesse social, definidas por ato do Chefe do
Poder Executivo. Sendo essas áreas cobertas com florestas ou outras formas de vegetação destinadas as seguintes finalidades:
. "conter a erosão do solo, mitigar riscos de enchentes, deslizamentos de terra e de rocha
. proteger as restingas, veredas e várzeas;
. abrigar exemplares da fauna ou da flora ameaçados de extinção;
. proteger sítios de beleza exuberante ou de valor científico, cultural ou histórico;
. formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias;
. assegurar condições de bem-estar público;
. auxiliar a defesa do território nacional, a critério das autoridades militares, e
. proteger áreas úmidas, especialmente as de importância.
Existem ainda áreas de preservação permanente que são consideradas de interesse social, definidas por ato do Chefe do
Poder Executivo. Sendo essas áreas cobertas com florestas ou outras formas de vegetação destinadas as seguintes finalidades:
internacional."
• Reservas Legais: o atual Código Florestal define a Reserva Legal como: Art. 3º Para os efeitos desta Lei, entende-se por:
(…)
III – Reserva Legal: área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, delimitada nos termos do art. 12, com a
função de assegurar o uso econômico de modo sustentável dos recursos naturais do imóvel rural, auxiliar a conservação e a
reabilitação dos processos ecológicos e promover a conservação da biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção de fauna
silvestre e da flora nativa;
A reserva legal é a área do imóvel rural que, coberta por vegetação natural, pode ser explorada com o manejo florestal
sustentável, nos limites estabelecidos em lei para o bioma em que está a propriedade. Por abrigar parcela representativa do
ambiente natural da região onde está inserida e, que por isso, se torna necessária à manutenção da biodiversidade local.
No Brasil, a Constituição da República garante a todos o direito tanto a um meio ambiente diverso e sustentável, como o
direito ao desenvolvimento econômico. Não é difícil perceber que a busca da realização de um destes direitos pode vir a conflitar
com o outro. O instituto da Reserva Legal é mais um dos instrumentos pelos quais o legislador brasileiro busca criar uma ponte
entre estes dois interesses fundamentais.
O primeiro conceito de Reserva Legal surgiu em 1934, com o primeiro Código Florestal. Foi atualizado em 1965, na Lei
Federal nº 4.771 (o Código Florestal recentemente revogado) que dividia as áreas a serem protegidas de acordo com as regiões,
e não pelo tipo de vegetação como é no atual Código. Fixava um mínimo de 20% a ser mantido nas “florestas de domínio
privado” na maior parte do país, ressalvando uma proibição de corte de 50% nas propriedades “na região Norte e na parte Norte
da região Centro-Oeste”.
Hoje, como visto anteriormente, o conceito é mais restritivo. A Reserva Legal, que junto com as Áreas de Preservação
Permanente tem o objetivo de garantir a preservação da biodiversidade local, é um avanço legal na tentativa de conter o
desmatamento e a pressão da agropecuária sobre as áreas de florestas e vegetação nativa. Ambientalistas defendem a sua
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preservação, o setor produtivo argumenta se tratar de intromissão indevida do Estado sobre a propriedade privada, o que
diminuiria a competitividade da agricultura e a capacidade de produção do país.
O percentual da propriedade que deve ser registrado como Reserva Legal vai variar de acordo com o bioma e a região em
questão, sendo: 80% em propriedades rurais localizadas em área de floresta na Amazônia Legal; 35% em propriedades situadas
em áreas de Cerrado na Amazônia Legal, sendo no mínimo 20% na propriedade e 15% na forma de compensação ambiental em
outra área, porém na mesma microbacia; 20% na propriedade situada em área de floresta, outras formas de vegetação nativa nas
demais regiões do país; e 20% na propriedade em área de campos gerais em qualquer região do país (art. 12).
Cabe a todo proprietário rural o registro no órgão ambiental competente (estadual ou municipal) por meio de inscrição no
Cadastro Ambiental Rural - CAR. As especificidades para o registro da reserva legal vão depender da legislação de cada Estado.
Uma vez realizado o registro fica proibida a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão ou de desmembramento, com
exceção das hipóteses previstas na Lei (art. 18). Em geral, nas áreas de reserva legal é proibida a extração de recursos naturais,
o corte raso, a alteração do uso do solo e a exploração comercial exceto nos casos autorizados pelo órgão ambiental via Plano de
Manejo ou, em casos de sistemas agroflorestais e ecoturismo.
Para a criação dessas unidades, o Ibama, ao lado do Banco Mundial e do WWF, organização não governamental atuante
no mundo inteiro, propôs uma classificação para os biomas brasileiros: Amazônia, Caatinga, Campos Sulinos, Mata Atlântica,
Pantanal, Cerrado e Costeiros. Também foram delimitados os ecótonos, zonas de transição entre esses ecossistemas, que
apresentam características mistas.
É importante destacar que a criação de leis, decretos e normas voltados à questão ambiental ao longo da história brasileira
é consequência do aumento da importância do tema no mundo e no Brasil. Essa evolução deu-se de forma lenta, mas contínua.
Como veremos no próximo capítulo, esse processo foi influenciado pelas conquistas obtidas em âmbito internacional nas diversas
conferências mundiais voltadas ao meio ambiente, e parte da sociedade civil brasileira cumpriu um importante papel ao
pressionar os governos e legisladores em aprovar leis eficazes e incluir o tema na própria Constituição do país.
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11.4 – Os biomas brasileiros
São seis os grandes biomas brasileiros (continentais). Os
biomas são conjuntos de ecossistemas (vegetal e animal) com uma
diversidade biológica própria.
Segundo o IBGE, no Brasil há seis tipos de biomas continentais e
um bioma marinho ou aquático. Quais são os biomas terrestres
brasileiros, então?
Amazônia
Cerrado
Caatinga
Mata Atlântica
Pantanal
Pampa
Bioma Cerrado
O cerrado brasileiro só perde para a Amazônia em termos de diversidade natural
O Cerrado é considerado o segundo maior bioma do Brasil em extensão. Ele abrange os estados do: Maranhão, Distrito
Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Tocantins. Além disso, ocupa uma pequena área de outros seis estados.
O clima predominante no cerrado é tropical sazonal, com períodos de chuvas e de secas. Já a sua vegetação, é caracterizada
por árvores de troncos retorcidos, gramíneas e arbustos. Em geral, as árvores são de pequeno porte e esparsas.
Bioma Caatinga
A Caatinga ocupa grande parte da região nordeste do país. Ela abrange os estados do: Ceará, Bahia, Paraíba, Pernambuco,
Piauí, Rio Grande do Norte, Alagoas e Sergipe.
Além disso, há presença desse tipo de bioma em pequenas partes dos estados do Maranhão e de Minas Gerais.
Típico do clima semiárido, localizado no sertão nordestino, a caatinga apresenta uma vegetação arbustiva de médio porte,
com galhos retorcidos e folhas adaptadas para os períodos de secas. Os cactus são característicos da Caatinga.
Bioma Pantanal
O Bioma Pantanal, considerado o de menor extensão territorial do país, abrange dois estados brasileiros, a saber: Mato
Grosso e Mato Grosso do Sul.
O clima predominante é tropical continental com altas temperaturas e chuvas, de verão chuvoso e inverno seco.
A vegetação do pantanal é marcada pelas gramíneas, árvores de médio porte, plantas rasteiras e arbustos. O nome desse
bioma remete às regiões alagadiças presentes, ou seja, os pântanos.
Bioma Pampa
O Pampa é o único bioma brasileiro presente somente numa unidade federativa. Ele ocupa mais da metade do território
do Rio Grande do Sul.
O clima é subtropical com as quatro estações do ano bem definidas e sua vegetação é marcada pela presença de gramíneas,
arbustos e árvores de pequeno porte.
Além disso, esse bioma é constituído de amplas áreas de pastagens, onde se desenvolvem grandes rebanhos.
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Biomas aquáticos
Os biomas aquáticos correspondem aos ambientes de água doce (lagos, rios, igarapés...) e salgada (mares e oceanos). Eles
são tão ricos em diversidade de espécies quanto os terrestres e precisam ser conservados.
A maior parte do nosso planeta, mais de 70%, é constituído por água salgada. O bioma marinho é classificado conforme
a profundidade da água e das regiões iluminadas ou não pelos raios solares.
Já os biomas de água doce abrangem os córregos, lagos, lagoas, geleiras, reservatórios subterrâneos e rios.
Agricultura familiar - Na agricultura familiar, a administração da propriedade e dos investimentos necessários às decisões sobre
o que e como produzir são tomadas pelos membros de uma família, sendo ou não eles os donos da terra – algumas famílias
produzem em terras arrendadas.
Em geral, nesse tipo de agricultura o trabalho é realizado pelos membros da família, mas muitas vezes há contratação de
mão de obra no mercado.
Se a política agrícola está voltada à fixação das famílias no campo, ao aumento da oferta de alimentos no mercado regional
e à geração de maior número de postos de trabalho, a agricultura familiar tem um papel importante em seu desenvolvimento. Ela
pode promover uma maior oferta de alimentos e reduzir o fluxo migratório para as cidades, já que um maior contingente de mão
de obra permanece ocupado no campo.
Em geral, considera-se, equivocadamente, que a agricultura familiar não tem condições de produzir excedentes
exportáveis por causa do porte das propriedades, geralmente pequenas e médias. No entanto, por meio do cooperativismo, a
associação de vários pequenos e médios produtores tem possibilitado aumentar sua participação no mercado mundial.
Agricultura de subsistência - Um tipo de agricultura familiar que prevalece nas regiões pobres é a agricultura de subsistência,
voltada às necessidades imediatas de consumo alimentar dos próprios agricultores e seus dependentes. A produção é obtida em
pequenas e médias propriedades ou em parcelas de grandes propriedades (nesse caso, parte da produção é entregue ao dono da
terra como pagamento do aluguel), com a utilização de técnicas tradicionais e rudimentares. Por falta de recursos e de assistência
técnica, as sementes utilizadas são de qualidade inferior, não se investe em fertilizantes e, portanto, a produção e a produtividade
são baixas. Após alguns anos de cultivo, há diminuição da fertilidade natural do solo, quase sempre exposto a processos erosivos.
Em alguns casos, ao perceber que o volume de produção está diminuindo, a família desmata uma área próxima e pratica a
queimada para acelerar o plantio, dando início à degradação acelerada de uma nova área, a qual será brevemente abandonada –
nesse caso, pratica-se a agricultura itinerante.
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Na agricultura familiar de subsistência, predominam as pequenas propriedades, que podem ser cultivadas em:
• parceria, quando o agricultor aluga a terra e paga por seu uso com parte da produção;
• arrendamento, quando o aluguel é pago em dinheiro;
• regime de posse, quando os agricultores simplesmente ocupam terras devolutas – terras desocupadas, vagas, que não possuem
dono regular ou que pertencem ao Estado.
Essa realidade existe hoje em boa parte dos países da África Subsaariana, do Sul e Sudeste Asiático e da América Latina,
mas o que prevalece atualmente é uma agricultura de subsistência voltada ao comércio urbano. Nesse caso, o agricultor e sua
família cultivam algum produto que será vendido na cidade mais próxima, mas o dinheiro que recebem é suficiente apenas para
lhes garantir a subsistência. Não há excedente de capital que lhes permita buscar uma melhoria das técnicas de cultivo e o
aumento de produtividade. Esse tipo de agricultura é comum em áreas onde falta infraestrutura e, portanto, a terra é mais barata.
Agricultura de jardinagem - Outro tipo de agricultura familiar é a chamada agricultura de jardinagem, expressão que se
originou no Sul e Sudeste Asiático, onde há enorme produção de arroz em planícies inundáveis, com utilização intensiva de mão
de obra. Esse sistema é praticado em pequenas e médias propriedades cultivadas pelo dono da terra e sua família ou em parcelas
de grandes propriedades. Embora sua estrutura apresente variação entre os países e regiões onde é praticada, nessa forma de
produção predomina alta produtividade, pois se recorre à seleção de sementes, à utilização de fertilizantes, à aplicação de avanços
biotecnológicos e às técnicas de preservação do solo que permitem a fixação da família na propriedade por tempo indeterminado.
Em países como Filipinas, Tailândia, Indonésia e outros do Sudeste Asiático, que apresentam elevada densidade
demográfica, as famílias contam com áreas muitas vezes inferiores a um hectare (10 000 metros quadrados) e têm condições de
vida bastante precárias. Em países que realizaram reforma agrária – Japão, Coreia do Sul e Taiwan – e ao redor dos grandes
centros urbanos de áreas tropicais, após a comercialização da produção e a realização de investimentos para a nova safra, há um
excedente de capital que permite melhorar, a cada ano, as condições de trabalho e a qualidade de vida das famílias. Entretanto,
como a propriedade e, consequentemente, o volume de produção são pequenos, os agricultores dependem de subsídios
governamentais para permanecer produzindo.
Na China, a produção também ocorre, predominantemente, em propriedades muito pequenas (inferiores a um hectare por
família) e em condições de trabalho quase sempre precárias. Como a população é muito numerosa, a opção de incentivos
governamentais voltados à modernização da produção agrícola foi substituída pela utilização de enormes contingentes de mão
de obra. No entanto, em algumas províncias litorâneas tem ocorrido um processo de modernização da agricultura, impulsionado
pela expansão de propriedades particulares e da capitalização proporcionada pela abertura econômica.
Cinturões verdes e bacias leiteiras - Outro tipo de agricultura com predomínio de mão de obra familiar é encontrado nos
cinturões verdes e nas bacias leiteiras. Ambos se localizam ao redor dos grandes centros urbanos, principalmente nos países
desenvolvidos e emergentes, onde a terra é valorizada. Neles se praticam agricultura e pecuária intensivas para atender às
necessidades de consumo da população local. Em tais áreas, produzem-se hortifrutigranjeiros e cria-se gado para a produção de
leite e derivados em pequenas e médias propriedades. Após a comercialização da produção, o excedente obtido é aplicado na
modernização das técnicas de cultivo e criação.
Agricultura empresarial - Na agricultura empresarial (ou patronal), prevalece a mão de obra contratada e desvinculada da
família do administrador ou do proprietário da terra. Em geral, nesse tipo de agricultura a produtividade é muito alta em
decorrência da seleção de sementes, do uso intensivo de fertilizantes, do elevado grau de mecanização no preparo do solo − no
plantio e na colheita −, da utilização de silos de armazenagem e do sistemático acompanhamento de todas as etapas de produção
e comercialização por técnicos, engenheiros e
administradores. Sua produção é voltada ao abastecimento
tanto do mercado interno quanto do externo, e é mais comum,
sobretudo, nos países desenvolvidos – Estados Unidos,
Canadá, Austrália e alguns países da União Europeia –, em
economias emergentes como Brasil, Argentina, Indonésia e
Malásia, e em algumas regiões tropicais da África que vêm
recebendo investimento estrangeiro, principalmente da
China e de países do Oriente Médio.
Dessa forma, as atividades agrícolas e pecuárias estão
integradas aos setores industriais e de serviços, criando uma
grande cadeia produtiva. Os insumos (fertilizantes,
inseticidas, rações, vacinas, combustíveis) e equipamentos
(tratores, colheitadeiras, sistemas de irrigação, estufas, etc.)
utilizados pela agropecuária são produzidos por indústrias de
bens de capital. Em contrapartida, os produtos agrícolas
abastecem as agroindústrias responsáveis pelo
processamento de matérias-primas e de alimentos, as
indústrias químicas, têxteis, de mobiliário e de muitos outros
produtos que são consumidos no mercado interno e/ou são
exportados.
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A agropecuária exerce influência direta sobre vários setores da economia, criando uma vasta cadeia produtiva. Essa
influência é chamada pelos economistas de “efeitos para a frente e para trás”, ou, ainda, “efeitos a montante e a jusante”. Antes
da produção agrícola e pecuária, são acionadas indústrias de máquinas, adubos, agrotóxicos, vacinas, rações, arames para cercas,
etc. Após a produção, as atividades na agroindústria, na armazenagem e na comercialização são postas em ação. Além disso, ao
longo de toda a cadeia estão envolvidos os setores de transporte, energia, telecomunicações, administração, marketing, vendas,
seguros e muitos outros. Essa extensa cadeia produtiva constitui os complexos agroindustriais, que são as fazendas onde se obtêm
a produção e os agronegócios, que envolvem todas as atividades primárias, secundárias e terciárias que fazem parte da cadeia
produtiva.
Para ilustrar a importância econômica dos agronegócios, podemos observar os dados quantitativos brasileiros de 2012
segundo o Ministério da Agricultura. Nesse ano, o PIB da agropecuária foi de R$ 157 bilhões (cerca de 6% do PIB brasileiro),
mas os agronegócios foram responsáveis por cerca de 37% do PIB, 40% das exportações e 5% das importações brasileiras.
Os governos também costumam analisar o setor agropecuário considerando sua ligação com outras esferas
socioeconômicas: a importância dos agronegócios para o mercado de trabalho e no combate ao desemprego, a garantia de
abastecimento alimentar em quantidade e qualidade satisfatórias e, finalmente, sua influência na balança comercial ao reduzir as
importações e estimular as exportações. Esses fatores levam muitos países, sobretudo os desenvolvidos, a estabelecer políticas
protecionistas e subsídios à produção agropecuária, o que cria fortes distorções no mercado mundial e prejudica muitos países
em desenvolvimento, especialmente os de baixa renda.
Nos Estados Unidos, por exemplo, as grandes propriedades organizaram-se em cinturões em função das características
do clima e do solo. O alto nível de capitalização exigiu uma especialização produtiva em grandes propriedades. Na área de um
cinturão, embora haja outros produtos, predomina um determinado tipo de cultivo que lhe dá o nome, como o cinturão do
milho/soja (observe o mapa ao lado).
No Brasil também existem várias regiões especializadas em determinado produto: cana-de-açúcar e laranja no Oeste
Paulista; grãos (soja, milho e outros) na Campanha Gaúcha, no Oeste Baiano, no sul do Maranhão e do Piauí e em vastas áreas
do Centro-Oeste; criação de aves e suínos e processamento de sua carne no Oeste Catarinense; produção irrigada de frutas no
Vale do São Francisco, entre muitos outros exemplos.
Outro tipo de agricultura cuja mão de obra está desvinculada do proprietário ou do administrador é a plantation – grande
propriedade monocultora e com produção de gêneros tropicais (café, frutas, cereais etc.) voltada para a exportação. Forma de
exploração típica dos países tropicais, a plantation foi amplamente utilizada durante a colonização europeia na América, com
mão de obra escravizada. Expandiu-se posteriormente para a África e para o Sul e o Sudeste Asiático. Na atualidade, esse sistema
permanece em várias regiões de países em desenvolvimento (Colômbia, países da América Central, Gana, Costa do Marfim,
Índia, Malásia etc.). Além de mão de obra assalariada, utiliza trabalho semiescravizado, quando se trabalha em troca de moradia
e alimentação, adota tecnologias defasadas e não obtém grande produtividade.
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Os problemas ambientais rurais
[...] O cultivo de espécie vegetal única (soja, trigo, algodão, milho, entre outros) em grandes extensões de terras favorece
o desenvolvimento de grande quantidade de pequenas espécies animais invasores, as pragas que se alimentam desses produtos.
É o caso da lagarta da soja, do besouro-bicudo do algodão e de bactérias como o ácaro dos mamoeiros, o cancro-cítrico dos
laranjais e as diversas pragas dos cafezais, dos fungos que atacam o trigo e o milho e das pragas que infestam os canaviais. Já o
cultivo de várias espécies, ou seja, a policultura, implica competitividade entre elas e elimina a possibilidade da disseminação
de pragas. Nas monoculturas as pragas proliferam rapidamente, e em dois ou três dias uma plantação de soja ou de algodão pode
ser totalmente dizimada. Para evitar isso, utilizam-se cada vez mais inseticidas e fungicidas químicos, que podem ser altamente
prejudiciais à saúde do homem.
O cultivo mecanizado é obrigatoriamente acompanhado do uso de fertilizantes químicos, e para o controle das chamadas
“ervas daninhas”, ou do “mato”, que nascem e crescem mais rapidamente que as espécies plantadas, aplicam-se os herbicidas,
tão tóxicos quanto os venenos empregados para controlar insetos e fungos.
A aplicação frequente de quantidades cada vez maiores desses produtos químicos, genericamente chamados de insumos
agrícolas, contamina o solo. Além disso, eles são transportados pela chuva para riachos e rios, afetando, desse modo, a qualidade
das águas que alimentam o gado, abastecem as cidades e abrigam os peixes. O veneno afeta a fauna, e os pássaros e os peixes
desaparecem rapidamente das áreas de monocultura, favorecendo a proliferação de pragas, lagartas, mosquitos e insetos em
geral. A impregnação do solo com venenos e adubos químicos tende a torná-lo estéril pela eliminação da vida microbiana. [...]
ROSS, Jurandyr, L. Sanches (Org.). Geografia do Brasil. 6. ed. São Paulo: Edusp, 2011. p. 226. (Didática 3).
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A China é o maior produtor mundial de alimentos e está entre as cinco primeiras colocações em todos os gráficos.
Entretanto, para abastecer seu enorme mercado interno, o país depende da importação de vários produtos agrícolas, sendo o
Brasil um de seus principais fornecedores, com destaque para a soja.
Nos países em desenvolvimento, foram principalmente as regiões agrícolas que abastecem o mercado externo que
passaram por semelhante processo
de modernização das técnicas de
cultivo e colheita. Em muitos
países, isso provocou um êxodo
rural e promoveu a concentração,
na periferia das grandes cidades, de
trabalhadores que perderam seus
empregos na zona rural.
No mundo em
desenvolvimento, é impossível
estabelecer generalizações, já que
os contrastes verificados entre
países mais pobres e alguns
emergentes – a Etiópia e o Brasil,
por exemplo – se repetem também no interior dos próprios países, onde convivem, lado a lado, modernas agroindústrias e
pequenas propriedades nas quais se pratica a agricultura de subsistência.
As atividades agrícolas constituem a base da economia em alguns países de baixa renda e em regiões atrasadas de países
emergentes. Uma vez que neles se pratica uma agricultura de baixa produtividade, o percentual da PEA que trabalha no setor é
sempre superior a 25%, atingindo às vezes índices bem mais altos, como em Uganda, onde 82% da PEA é agrícola. É comum
vigorar uma política governamental que priorize a produção agrícola voltada ao mercado externo, mais lucrativo, em detrimento
das necessidades internas de consumo, já que o poder aquisitivo da população é baixo.
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No Brasil, a regulamentação e fiscalização do uso de alimentos transgênicos ficou a cargo da Comissão Técnica Nacional
de Biossegurança (CTNBio), órgão vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia. Algumas de suas atribuições são a
implementação da Política Nacional de Biossegurança sobre os transgênicos, o estabelecimento de normas técnicas de segurança
e a emissão de pareceres sobre a proteção da saúde humana e do meio ambiente.
A agricultura orgânica
Paralelamente ao aumento do cultivo de transgênicos, vem crescendo o número de agricultores e consumidores adeptos
da agricultura orgânica, um sistema de produção que não utiliza nenhum produto agroquímico – fertilizantes, inseticidas,
herbicidas e, muito menos, geneticamente modificados. A adubação do solo é realizada com matéria orgânica e o combate às
pragas, com controle biológico – uso de predadores naturais.
Há, também, grande preocupação em manter o equilíbrio ecológico do solo – suporte para a fixação das raízes e sua fonte
de nutrientes –, fundamental nesse tipo de agricultura. Os produtores que adotam a agricultura orgânica buscam, portanto, manter
o equilíbrio do ambiente e de seu plantio por meio da preservação dos recursos naturais. Em conjunto, esses fatores tornam a
produção orgânica mais dispendiosa no curto prazo e esses alimentos ainda custam mais caro nos supermercados e feiras, embora
haja tendência de redução caso aumente o consumo. Embora lentamente, seu consumo vem apresentando crescimento por parte
de pessoas que preferem pagar um pouco mais por produtos mais saudáveis e cuja produção provoca menores agressões que as
dos produtos cultivados com adubos e inseticidas químicos. Aliás, o custo de reparação ambiental da agricultura química de
larga escala deveria estar incluído em seus preços – ela provoca um passivo ambiental que toda a sociedade terá que pagar
futuramente, o que torna sua produção mais barata que a orgânica apenas no curto prazo.
Esse tipo de agricultura valoriza a manutenção de faixas de vegetação nativa, além da rotação e associação de culturas, e
por isso envolve somente propriedades policultoras com suas vantagens socioeconômicas e ambientais inerentes: na grande
maioria, a produção é obtida em pequenas propriedades familiares, aumentando a oferta de ocupação produtiva à população rural
e diminuindo a migração para as cidades, além de promover maior preservação dos solos e não usar insumos químicos.
No Brasil, como em muitos outros países, a produção de alimentos orgânicos é fiscalizada, e as embalagens são
certificadas para que o consumidor tenha confiança no produto e garantia de que não está ingerindo substâncias potencialmente
nocivas. A partir de janeiro de 2010, a Lei Federal 10 831/2003 passou a exigir que os produtores e fabricantes de produtos
orgânicos coloquem selo de certificação emitido por empresas habilitadas pelo Instituto Nacional de Metrologia (Inmetro)
segundo as normas adotadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
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Desempenho da agricultura familiar e empresarial
Uma política de desenvolvimento da produção agropecuária deve contemplar o abastecimento interno, a reforma agrária,
o fortalecimento da agricultura familiar e o aumento nas exportações.
Mesmo com o abandono histórico, em função do domínio da grande propriedade, as unidades familiares são elementos
fundamentais no espaço geoeconômico rural. As grandes propriedades produzem mais carne bovina, soja, cafe, cana‑de‑acucar,
laranja e arroz, enquanto as unidades familiares estão a frente na produção de milho, batata, feijão, mandioca, carnes suína e de
aves, ovos, leite, verduras, legumes e frutas.
Segundo o Censo Agropecuário 2006, nesse ano existiam 4,4 milhões de estabelecimentos de agricultura familiar:
representavam 84% do total, mas ocupavam apenas 24% da área destinada a agropecuária. Já os patronais (cerca de 800 mil
propriedades) representavam 16% do número de estabelecimentos e ocupavam 76% da área total. Esses números retratam uma
estrutura agrária ainda muito concentrada no país: a área média dos estabelecimentos familiares era de 18 hectares, e a dos
empresariais, de 309 hectares. Apesar disso, em 2006 a agricultura familiar foi responsável por um terço do Valor Bruto da
Produção (VBP) da agropecuária nacional e, em contrapartida, a agricultura patronal, por 2/3 do VBP. Esses números
demonstram que, no geral, as propriedades familiares são mais eficientes, isto é, nelas o aproveitamento econômico da área e
maior do que nas propriedades empresariais – e isso vale para todas as regiões brasileiras.
Os números indicam a eficiência média da agricultura familiar, mas nem todas elas estão nas mesmas condições. Por
exemplo, uma família que tenha uma propriedade rural próxima a um grande centro urbano e produza alimentos de forma
intensiva tera uma rentabilidade muito maior do que outra que pratique agricultura extensiva em propriedade mais distante, por
causa dos altos custos de transporte e de sua baixa produtividade.
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Posseiros e grileiros
Posseiros são trabalhadores rurais que ocupam terras sem possuir o título de propriedade. Por causa do descaso histórico
do poder público na administração dos problemas do campo e na realização da reforma agrária, muitos deles se engajaram em
movimentos sociais, sendo o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) o mais representativo.
Para as ocupações, em geral são escolhidas fazendas improdutivas que se encaixam nos pré‑requisitos constitucionais da
realização da reforma agrária, para pressionar o governo a desapropriá‑la e realizar os assentamentos. Entretanto, a partir do
início deste século tem ocorrido com mais frequência invasão e destruição de propriedades produtivas, centros de pesquisa e
orgãos públicos, o que configura uma ação ilegal. Em muitos casos, os enfrentamentos decorrentes dessas ações causam sérios
conflitos e mortes entre lavradores, a polícia e os jagunços.
Alguns assentamentos, com destaque aos que se organizaram em cooperativas, foram bem‑sucedidos e prosperaram, mas
os que não conseguiram se organizar, muitas vezes porque foram implantados em áreas desprovidas até mesmo de infraestrutura
que permita o escoamento da produção, fracassaram.
Grileiros são os invasores de terras que conseguem, mediante corrupção, uma falsa escritura de propriedade da terra.
Costumam agir em áreas de expansão das fronteiras agrícolas ocupadas inicialmente por posseiros, o que causa grandes conflitos
e inúmeras mortes.
Estatuto da terra
Temerosos com a expansão da Revolução Cubana, ocorrida em 1959, os Estados Unidos formularam a Aliança para o
Progresso, política que estimulava reformas nas estruturas agrárias dos países latino-americanos, visando constituir uma vigorosa
classe média rural no campo. Com anseios capitalistas e aspirações consumistas, essa classe média seria o melhor freio à
revolução comunista na América Latina. Em outras palavras, era preferível à oligarquia rural entregar os anéis que os dedos.
O Estatuto da Terra, como é conhecida a Lei 4 504/64, promulgada no governo de Castelo Branco, representou a expressão
máxima dessa visão reformista defendida na época. O Estatuto propunha uma “solução democrática” à “opção socialista”.
Procurava, dessa forma, impulsionar o desenvolvimento do capitalismo no campo.
Mas a propalada democratização da posse da terra não ocorreu. Nem mesmo sendo a reforma agrária proposta para
fortalecer o capitalismo contra a expansão do socialismo na América Latina. A maioria dos países ensaiou, quase todos eles
elaboraram planos, fizeram discursos, mas a redistribuição das terras nunca saiu do papel para valer.
Ao contrário da divisão da propriedade, o capitalismo impulsionado pelo regime militar após 1964 promoveu a
modernização do latifúndio através do crédito rural subsidiado e abundante. Toda a economia brasileira cresceu vigorosamente,
urbanizando-se e industrializando-se, sem necessitar democratizar a posse da terra nem precisar do mercado interno rural. Era o
mundo se globalizando, promovendo uma nova divisão internacional do trabalho.
O projeto de reforma agrária foi, assim, esquecido. O resultado é que as estruturas agrárias dos países da América Latina,
com o Brasil na liderança, continuaram extremamente concentradas. Permaneceu o problema clássico: muita terra na mão de
pouca gente, muita gente com pouca terra.
De econômico, o problema da terra virou social. A industrialização e o crescimento econômico não precisaram da reforma
agrária para se efetivar. Isso é uma verdade histórica que desmentiu os economistas de esquerda da época, que incluíam os
“desenvolvimentistas”. Mas restou o argumento ideológico: é uma grande injustiça a miséria que existe no campo, e essa deve-
se à má distribuição das terras.
Assim o problema da terra foi trazido aos nossos dias. Como uma revolta da cidadania às injustiças sociais. Embora se
argumente ainda com as razões econômicas da reforma agrária, mudou o eixo da discussão principal.
GRAZIANO, Francisco. Estatuto da Terra. In: BRASIL em foco 2000 [CD-ROM]. Brasília: Ministério das Relações
Exteriores; São Paulo: Terceiro Nome, 2000. Francisco Graziano é agrônomo e doutor em Administração, lecionou Economia
Rural na Universidade Estadual Paulista (Unesp), exerceu a presidência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária (Incra) e foi secretário da Agricultura do estado de São Paulo.
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O que é propriedade familiar e módulo rural?
O inciso II, do art. 4º, do Estatuto da Terra (Lei 4 504/64), define como “Propriedade Familiar” o imóvel rural que, direta
e pessoalmente explorado pelo agricultor e sua família, lhes absorva toda a força de trabalho, garantindo-lhes a subsistência e o
progresso social e econômico, com área máxima fixada para cada região e tipo de exploração, e eventualmente, trabalhado com
a ajuda de terceiros. O conceito de propriedade familiar é fundamental para entender o significado de Módulo Rural. O conceito
de módulo rural é derivado do conceito de propriedade familiar, e, sendo assim, é uma unidade de medida, expressa em hectares,
que busca exprimir a interdependência entre a dimensão, a situação geográfica dos imóveis rurais e a forma e as condições do
seu aproveitamento econômico.
INSTITUTO Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Disponível em: <www.incra.gov.br>. Acesso em: 2 fev. 2013.
Embora a Constituição de 1988 tenha fornecido instrumentos legais ao Estado para a realização da reforma agrária, na
prática os assentamentos têm ocorrido em ritmo lento. A maioria dos proprietários contestava na justiça a desapropriação de suas
terras, argumentando que não eram improdutivas ou que o preço da indenização não correspondia ao valor de mercado. Isso fazia
com que os processos se arrastassem por anos, impedindo o assentamento das famílias selecionadas pelo Incra.
Tal problema foi solucionado em dezembro de 1996, quando foi firmado um importante acordo no Congresso Nacional
e foi aprovada a Lei do Rito Sumário de Desapropriação. Com essa lei, o pagamento da indenização passou a ser acompanhado
pela posse imediata da propriedade em litígio, ou no prazo estipulado pelo juiz, sem que o recurso judicial do proprietário para
questionar o valor pago ou o laudo que declarou a terra como improdutiva impeça sua retirada. Em contrapartida, foi aprovada
outra lei que proibiu a desapropriação de propriedades invadidas.
Nesse acordo, os deputados e senadores que representavam os interesses dos grandes proprietários rurais votaram a favor
do rito sumário de desapropriação. De outro lado, os que defendiam a realização acelerada da reforma agrária votaram a favor
da não desapropriação das terras invadidas. Essas medidas possibilitaram ao governo imprimir maior velocidade aos projetos de
assentamento.
Apesar dos assentamentos realizados a partir da década de 1990, ainda há grande concentração de terras em mãos de
alguns poucos proprietários, enquanto a maioria dos produtores rurais detém uma parcela muito pequena da área agrícola. Há
um número estimado em centenas de milhares de trabalhadores urbanos e rurais aguardando assentamento, enquanto cerca de
32% da área agrícola nacional é constituída por propriedades nas quais a terra é improdutiva.
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Também em 1996 foi estabelecida a possibilidade de impulsionar a realização da reforma agrária por via fiscal, que
consiste em utilizar a cobrança de impostos como mecanismo de alteração da estrutura fundiária. No Brasil, o Imposto Territorial
Rural (ITR) sempre foi muito baixo e altamente sonegado. Naquele ano, porém, foram criadas trinta alíquotas para esse imposto:
quanto maior a propriedade e menor o seu grau de utilização, maior o imposto; e vice‑versa: quanto menor a propriedade e maior
o seu grau de utilização, menor o valor a ser pago. Quem possui imóvel rural de até 50 hectares, por exemplo, e utiliza mais de
80% da área, paga a menor alíquota – de 0,08% do valor venal da propriedade – ao ano. No outro extremo, quem possui imóvel
rural de mais de 5 mil hectares e utiliza menos de 30% da área, paga 20% ao ano de ITR. Assim, a cada cinco anos, o proprietário
desembolsará o valor de sua propriedade aos cofres do governo. Na prática, essa lei obriga os latifundiários a produzir em suas
terras, vendê‑las, subdividi‑las ou arrendá‑las, para torná‑las produtivas.
É importante destacar que atualmente a distribuição de terras não é suficiente para melhorar as condições de vida das
camadas mais pobres da população. No Brasil, o enfrentamento dos problemas da agricultura deve ser estruturado por políticas
fundiárias regionais, porque uma fórmula única não pode ser aplicada em todo o território, tendo em vista as diferentes
necessidades. Em alguns casos, o ITR pode ser um importante mecanismo de combate à pobreza no campo, em outros, a
distribuição de terras pode obter resultado melhor, enquanto para os trabalhadores rurais empregados nas agroindústrias, tanto
os boias-frias quanto os empregados permanentes, a modernização das relações de trabalho e o aumento da renda podem
constituir o caminho mais rápido de combate à pobreza.
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• barreiras não tarifárias: geralmente utilizadas como argumento para restringir importações por meio de proibições, cotas ou
mesmo sobretaxas. São elas:
- barreiras fitozoossanitárias: alegação de que produtos da agropecuária correm risco de contaminação;
- cláusulas trabalhistas: sobretaxa ou proibição de importação de produtos cultivados ou fabricados em países cujas leis
trabalhistas são deficientes, os salários baixos ou que utilizam trabalho escravizado ou semiescravizado;
- cláusulas ambientais: sobretaxa ou proibição de importação de produtos cultivados ou fabricados em países onde ocorrem
agressões ambientais no processo de produção;
- embargo: proibição de importação de qualquer produto de países governados por regimes ditatoriais, que abriguem grupos
terroristas, pratiquem tortura, perseguição política ou religiosa e que não respeitem a Declaração Universal dos Direitos
Humanos da ONU;
- estabelecimento de cotas de importação: limitação da quantidade de produtos de determinado país que pode ingressar no
mercado interno.
Além das dificuldades externas para a exportação de produtos agrícolas, há também fatores internos que reduzem o
potencial de crescimento e a competitividade do Brasil:
• deficiências no setor de transportes e armazenagem, o que aumenta os custos operacionais;
• elevada carga tributária;
• baixa disponibilidade de crédito e financiamentos;
• falta de incentivo a formação de cooperativas;
• pequena abrangência espacial de energia elétrica na zona rural, inibindo investimentos em irrigação e armazenagem, entre
outros.
Apesar dessas dificuldades, o Brasil ocupa, como vimos, uma posição importante no mercado mundial como exportador
de produtos agrícolas. Entretanto, para abastecer o mercado interno, o país necessita importar alguns alimentos, como o trigo,
cuja área plantada foi reduzida de 1990 até 2002, quando voltou a apresentar relativo crescimento. Em 1990, foi eliminado o
monopólio de sua comercialização, até então exercida pelo Banco do Brasil e, a partir de então, os moinhos ficaram livres para
comprar o produto de qualquer fornecedor, nacional ou estrangeiro. Como a produção de trigo do Canadá e dos Estados Unidos
recebe elevados subsidios governamentais para a exportação, muitas vezes o produto importado acaba chegando ao Brasil mais
barato que o nacional.
Ao longo da História, a política agrícola brasileira tem oferecido mais incentivos aos produtos agrícolas de exportação,
quase sempre cultivados nos grandes latifúndios, em detrimento da produção para o mercado interno, geralmente obtida em
pequenas e médias propriedades. Somente a partir 1995, com a estabilização da economia e os programas assistenciais de
transferência de renda que promoveram aumento do poder de consumo das camadas mais pobres da população, houve uma
inversão de rumos, e os produtos que receberam mais incentivos foram o arroz, o feijão, a mandioca e o milho (largamente usado
na produção de ração para o gado), que, assim, passaram a apresentar significativo aumento da área cultivada da produção obtida.
Esse aumento da produção de itens voltados em sua maioria para o mercado interno explica-se também pela prática da associação
de culturas em grandes propriedades, o que proporciona ganhos na comercialização do produto associado e economia de gastos
com a preservação dos solos.
Em relação a criação de animais, as aves, sobretudo os galináceos, compõem o maior número; a Região Sudeste possui
cerca de 35% das aves destinadas a produção de ovos, enquanto a Região Sul concentra mais de 50% das que serão abatidas. O
segundo rebanho do país é o de bovinos.
De acordo com o IBGE, em 2011 o país tinha atingido um efetivo de quase 213 milhões de cabeças de gado bovino, sendo
o maior do mundo em termos comerciais (ou o segundo em números totais, ja que o primeiro é o da Índia, onde, contudo, esses
animais não têm uso comercial, pois são considerados sagrados).
O crescimento da produção das regiões Centro-Oeste e Norte do país vem sendo registrado desde o fim da década de
1980, superando áreas tradicionais de pecuária bovina, como as do Sul. Os maiores rebanhos de bovinos encontram-se nos
estados de Mato Grosso (13,7% do total), Minas Gerais (11,2%), Mato Grosso do Sul (10,1%), Goiás (10,2%), Para (8,5%) e
Rio Grande do Sul (6,7%).
A pecuária bovina brasileira vem passando, desde a década de 1980, por uma mudança estrutural, deixando de ser
predominantemente extensiva. Tem-se tornado cada vez mais frequente a seleção de raças e a vacinação do gado, que é
alimentado em pastos cultivados, no período chuvoso, e com ração, nos períodos de estiagem. Essas características são tipicas
da pecuária semi-intensiva ou intensiva, cada vez mais dominada por grandes empresas agroindustriais.
O tempo medio de engorda diminuiu de quatro anos, na década de 1970, para dois anos e meio, da década de 1990 até os
dias de hoje. Os criadores que não acompanham esses índices têm um custo de produção maior e, em geral, não conseguem repor
o número de cabecas em seu rebanho após o abate do boi gordo. Assim, suas atividades tornam-se ineficientes e inviáveis.
Essas mudancas vêm ocorrendo, ainda que mais lentamente, mesmo em regiões onde predominava a pecuária extensiva.
É o caso do Sertão nordestino, da Região Centro-Oeste e da periferia da Amazônia.
Apesar da modernização no setor, ocorre com certa frequência a divulgação de notícias sobre a ocorrência de focos de
febre aftosa, como as que ocorreram nos estados de Mato Grosso do Sul em 2006 e no Paraná em 2012. Essa doença − altamente
contagiosa e que atinge bovinos, suínos, ovinos e caprinos − e transmitida entre o gado pelo simples contato, e seus sintomas são
febre, aftas na boca, feridas nas patas e mamas. Isso impede os animais de pastar, reduzindo seu peso e a produção de leite,
podendo levá-los a morte.
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A aftosa provoca grandes prejuízos, uma vez que o gado contaminado deve ser sacrificado para a doença nao se expandir,
e sua ocorrência recorrente já levou vários países que importam carne do Brasil a declarar embargo, prejudicando as exportações.
Entretanto, a doença não apresenta riscos à saúde humana e raramente é transmitida pelo consumo de carne ou leite.
Em vários países europeus a febre aftosa foi erradicada por meio do controle de trânsito do gado e da vacinação
obrigatória. No Brasil, embora a vacinação seja obrigatória e, também, exista controle de trânsito, nem sempre a lei é cumprida,
e o rebanho fica sujeito a contaminação, principalmente quando há importação de gado de alguns países vizinhos. O governo
brasileiro e os criadores têm procurado aperfeiçoar esses mecanismos zoossanitários preventivos. Para aumentar o controle e a
aceitação da carne brasileira no mercado internacional, o Ministério da Agricultura criou em 2002 o Sistema Brasileiro de
Identificação e Certificação de Origem Bovina e Bubalina (Sisbov). Esse mecanismo permite o rastreamento dos animais desde
seu nascimento aé o momento em que sua carne é processada para ir à mesa do consumidor, garantindo sua procedência.
Outro fator importante para garantir as exportações (o Brasil ocupa a segunda posição mundial, sendo superado somente
pelos Estados Unidos) foi a “moratória dos grãos”, implantada em 2006, e a “moratória da carne”, de 2009. Trata-se de acordos
celebrados entre distribuidores, como a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), a Associação Nacional
dos Exportadores de Cereais (Anec), grandes frigoríficos, cadeias de supermercados e ONGs (como Greenpeace e WWF), nos
quais há o comprometimento de não comercializar produtos agropecuários de áreas desmatadas após 2006.
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Quando nos referimos à população de um país, por exemplo, também podemos considerar os conceitos de populoso e
povoado, que envolvem, respectivamente, a noção de população absoluta (número total de habitantes) e de população relativa
(número de habitantes por quilômetro quadrado). Um país é considerado populoso quando o número absoluto de habitantes é
alto. O Brasil é o quinto país mais populoso do planeta, com cerca de 194 milhões de habitantes (em agosto de 2012, segundo o
IBGE), embora seja pouco povoado, pois possui aproximadamente 22 hab./km2.
Ao considerarmos a qualidade de vida da população, os conceitos populoso e povoado devem ser interpretados com
atenção. Um país não oferece melhores ou piores condições de vida aos seus cidadãos simplesmente pelo fato de se apresentar
pouco ou muito povoado. Os Países Baixos, apesar de terem elevada população relativa (400 hab./km2), apresentam uma
estrutura econômica e de serviços públicos que atende às necessidades dos seus cidadãos. Já o Brasil, com uma baixa população
relativa, tem muitos problemas na área social por causa da carência de serviços públicos de qualidade, de empregos com salários
dignos, de habitações adequadas, etc. Nesse contexto, em última instância, o que conta é a análise das condições de vida da
população, e não apenas a análise dos números demográficos. Daí a importância de se considerar, além das condições
socioeconômicas, o acesso aos direitos humanos universais estabelecidos pela ONU.
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Quanto mais acentuadas as diferenças sociais e a concentração de renda, maior é a distância entre a média dos indicadores
socioeconômicos da população e a realidade em que vive a maioria dos cidadãos. No Brasil, como mostra a tabela, a taxa de
analfabetismo funcional da população que recebe até meio salário-mínimo por mês é quase seis vezes superior à parcela que
recebe mais de dois salários-mínimos.
Portanto, diante de uma tabela ou gráfico contendo quaisquer indicadores sociais de uma população, temos de considerar
como está distribuída a renda do país para podermos avaliar a confiabilidade da média obtida.
A Discriminação de Gênero - No que se refere à igualdade entre as pessoas como direito humano fundamental, é importante
ressaltar que em muitos países ainda existe forte discriminação de gênero, isto é, as mulheres não têm as mesmas condições de
vida e oportunidades que são oferecidas aos homens em relação a educação, atuação no mercado de trabalho e participação
política. Nos países desenvolvidos, principalmente nos da Europa ocidental, nos Estados Unidos, no Canadá e na Austrália, tem
havido grande avanço na redução das desigualdades de gênero, e as mulheres obtiveram muitas conquistas. Embora em nível
menor, o avanço também vem ocorrendo em países emergentes como o Brasil, a Argentina, o Chile, a Índia, a Turquia e a África
do Sul. Entretanto, em alguns outros emergentes e em muitos países e regiões mais pobres do mundo, principalmente na África
subsaariana e no Oriente Médio, as mulheres ainda sofrem grande discriminação e apresentam taxas de escolarização,
participação política e condições de emprego bem inferiores às da população masculina, além de frequentes maus-tratos. Leia o
texto do Unfpa, que demonstra a relação entre a cultura e a desigualdade de gênero.
Cultura, Gênero e Direitos Humanos - A cultura – padrões herdados de significados compartilhados e de entendimentos
comuns – influencia o modo como as pessoas regem suas vidas e oferece uma lente por meio da qual podem interpretar sua
sociedade. As culturas afetam a forma como as pessoas pensam e agem, mas não produzem uniformidade de pensamento ou de
comportamento.
As culturas devem ser vistas em seu contexto mais amplo: elas influenciam e são influenciadas por circunstâncias externas
e, em resposta a elas, se modificam. As culturas não são estáticas; as pessoas estão continuamente envolvidas em remodelá-las,
embora alguns aspectos da cultura continuem a influenciar escolhas e estilos de vida por períodos muito longos.
Os costumes, normas, comportamentos e atitudes culturais são tão variados quanto ambíguos e dinâmicos. É arriscado
generalizar e é particularmente perigoso julgar uma cultura pelas normas e valores de outra. Tal simplificação excessiva pode
levar à presunção de que todo membro de uma cultura pensa de forma idêntica. Isso não somente se trata de uma percepção
equivocada, mas ignora um dos acionadores da mudança cultural, que são as múltiplas expressões da resistência interna, a partir
das quais as transições emergem. O movimento em direção à igualdade de gênero é um bom exemplo desse processo em
funcionamento. [...]
Contudo, a desigualdade de gênero continua disseminada e arraigada em muitas culturas. As mulheres e as meninas
constituem 3/5 do bilhão de pessoas mais pobres do mundo: as mulheres são 2/3 dos 960 milhões de adultos em todo o mundo
que não sabem ler, e as meninas representam 70% dos 130 milhões de crianças que não vão para a escola. Algumas normas e
tradições culturais e sociais perpetuam a violência associada ao gênero, e tanto os homens como as mulheres podem aprender a
fazer “vista grossa” ou aceitar a situação. De fato, as mulheres podem defender as estruturas que as oprimem.
O poder opera dentro das culturas por meio da coerção que pode ser visível, oculta nas estruturas do governo e da
legislação, ou estar enraizada nas percepções que as pessoas têm delas mesmas. As relações de poder são, portanto, o cimento
que liga e molda a dinâmica de gênero e fundamenta o raciocínio e a maneira como as culturas interagem e se manifestam.
Práticas como o casamento de crianças (que é uma das principais causas da fístula obstétrica e da mortalidade materna) e a
mutilação ou excisão genital feminina (que tem consequências gravíssimas para a saúde) continuam a existir em muitos países
apesar de haver leis proibindo-as. As mulheres podem até ajudar a perpetuar tais práticas, na crença de que são uma forma de
proteção para seus filhos e para elas mesmas. Os avanços na igualdade de gênero nunca vieram sem um embate cultural. As
mulheres da América Latina, por exemplo, tiveram sucesso ao dar visibilidade à violência associada ao gênero e assegurar uma
legislação adequada, contudo sua aplicação continua a ser um problema.
FUNDO DE POPULAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (UNFPA). Relatório sobre a situação da população mundial 2008.
Disponível em: <www.unfpa.org.br>. Acesso em: 13 dez. 2012.
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O crescimento demográfico de uma
determinada área (seja bairro, cidade,
estado, país, grupo de países, continente)
está ligado a dois fatores: ao crescimento
natural e à taxa de migração. O primeiro,
também denominado crescimento
vegetativo, corresponde à diferença entre
nascimentos (natalidade) e óbitos
(mortalidade) verificada numa população; o
segundo é a diferença entre a entrada e a
saída de pessoas da área considerada. Tendo
como referência essas duas taxas, o
crescimento populacional poderá ser
positivo ou negativo.
Desde a Antiguidade, o crescimento
populacional é tema de reflexão para muitos
estudiosos que se preocuparam com o
equilíbrio entre a organização da sociedade,
a dinâmica demográfica e a exploração dos
recursos naturais.
Na Grécia antiga, Platão e Aristóteles
advertiram que não seria possível ampliar as
áreas de cultivo na mesma velocidade do crescimento populacional, o que tenderia a aumentar os níveis de pobreza e a escassez
de alimentos ao longo das sucessivas gerações.
Somente a partir do século XVIII, com o desenvolvimento do capitalismo, o crescimento populacional passou a ser
encarado como um fato positivo, uma vez que, quanto mais pessoas houvesse, mais consumidores também haveria. Nessa época,
foi publicada a primeira teoria demográfica de grande repercussão, formulada pelo economista inglês Thomas Robert Malthus
(1766-1834), que será analisada a seguir.
Teoria de Malthus
Em 1798, Malthus publicou seu Ensaio sobre a população, no qual desenvolveu uma teoria demográfica que se apoiava
basicamente em dois postulados:
• Se não ocorrerem guerras, epidemias, desastres naturais etc., a população tenderia a duplicar a cada 25 anos. Cresceria, portanto,
em progressão geométrica e constituiria um fator variável, que aumentaria sem parar.
• O crescimento da produção de alimentos ocorreria apenas em progressão aritmética e possuiria certo limite de produção, por
depender de um fator fixo: a própria extensão territorial dos continentes.
Ao considerar esses dois postulados, Malthus concluiu que o ritmo de crescimento populacional seria mais acelerado que
o da produção de alimentos. Previu também que um dia as possibilidades de aumento da área cultivada estariam esgotadas, pois
todos os continentes estariam plenamente ocupados pela agropecuária e, no entanto, a população mundial ainda continuaria
crescendo. A consequência disso seria a falta de alimentos para abastecer as necessidades de consumo do planeta – a fome. Para
evitar esse flagelo, Malthus, que além de economista era pastor da Igreja anglicana, na época contrária aos métodos
anticoncepcionais, propunha que as pessoas só tivessem filhos se possuíssem terras cultiváveis para poder alimentá-los.
Hoje, verifica-se que suas previsões não se concretizaram: o ritmo de crescimento da população do planeta desacelerou e
a produção de alimentos aumentou graças à elevação da produtividade (quantidade produzida por área) decorrente do
desenvolvimento tecnológico.
Essa teoria, quando foi elaborada, parecia muito consistente. Os erros de previsão estão ligados principalmente às
limitações tecnológicas da época para a coleta de dados, já que Malthus tirou suas conclusões partindo da observação do
comportamento demográfico em uma determinada região, com população predominantemente rural, e as considerou válidas para
todo o planeta no decorrer da História. Não previu os efeitos decorrentes da urbanização na evolução demográfica e do progresso
tecnológico aplicado à agricultura.
Desde que Malthus apresentou sua teoria, são comuns os discursos que relacionam de forma simplista a ocorrência da
fome no mundo ao crescimento populacional. Mais da metade da população mundial passa fome ou está subnutrida, mas isso é
resultado da má distribuição da renda, que impede o acesso de grandes parcelas da população a produtos em quantidade e
qualidade necessárias a uma alimentação balanceada, e não da carência na produção de alimentos. Nos primeiros anos do século
XXI, a produção agropecuária mundial era suficiente para alimentar cerca de 9 bilhões de pessoas, enquanto a população do
planeta era de 7 bilhões.
Teoria Neomalthusiana
Em 1945, com o término da Segunda Guerra, foi realizada a Conferência de São Francisco (EUA), na qual foram
discutidas estratégias de desenvolvimento para evitar a eclosão de um novo conflito militar em escala mundial. Havia apenas um
ponto de consenso entre os participantes: a paz depende da harmonia entre os povos e, portanto, da diminuição das desigualdades
econômicas no planeta. Assim sendo, como explicar e, mais difícil ainda, enfrentar a questão da miséria nos países pobres, na
época chamados de subdesenvolvidos?
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Esses países buscaram identificar a raiz de seus problemas na colonização de exploração realizada em seus territórios e
na desigualdade das relações comerciais que caracterizaram o colonialismo e o imperialismo. Por isso, passaram a propor amplas
reformas nas relações econômicas, em escala planetária, que diminuiriam as vantagens comerciais e, portanto, o fluxo de capitais
e a evasão de divisas dos países subdesenvolvidos em direção aos desenvolvidos.
Nesse contexto histórico, foi formulada a teoria demográfica neomalthusiana, uma tentativa de explicar a ocorrência da
fome e do atraso em muitos países. Essa teoria era defendida por setores das sociedades e dos governos dos países desenvolvidos
– e por alguns setores dos países em desenvolvimento – com o intuito de se esquivarem das questões socioeconômicas centrais.
Segundo essa teoria, uma numerosa população jovem, resultante das elevadas taxas de natalidade que eram verificadas
em quase todos os países pobres, necessitaria de grandes investimentos sociais em educação e saúde. Com isso, sobrariam menos
recursos para serem investidos em infraestrutura e nos setores agrícola e industrial, o que impediria o pleno desenvolvimento das
atividades econômicas e, consequentemente, da melhoria das condições de vida da população. Ainda segundo os
neomalthusianos, quanto maior o número de habitantes de um país, menor a renda per capita e a disponibilidade de capital a ser
utilizado pelos agentes econômicos.
Verifica-se que essa teoria, embora com postulados diferentes daqueles utilizados por Malthus, chega à mesma
conclusão: o crescimento populacional é o responsável pela ocorrência da pobreza. Seus defensores passaram a propor, então,
programas de controle de natalidade nos países em desenvolvimento mediante a disseminação de métodos anticoncepcionais.
Era uma tentativa de enfrentar problemas socioeconômicos com programas de controle da natalidade e de acobertar os efeitos
danosos dos baixos salários e das péssimas condições de vida – serviços de educação e saúde precários – que vigoram naqueles
países, com base apenas em uma argumentação demográfica. Além do mais, afirmar que, naquela época, os países
subdesenvolvidos desperdiçavam em investimentos sociais um dinheiro que deveria ser destinado ao setor produtivo é uma
conclusão bastante simplista. Alguns países, como a Alemanha (onde foi implantado o primeiro sistema educacional do mundo,
no início do século XIX), o Japão (onde a contribuição da educação foi decisiva para a rápida recuperação após a Segunda
Guerra) e, mais recentemente a Coreia do Sul (que atualmente passou a ser considerada um país desenvolvido), entre outros,
evidenciam que investimentos sociais, especialmente em educação, são um poderoso motor do desenvolvimento econômico.
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Índices de Crescimento Populacional
Segundo a ONU, a taxa média de fecundidade
necessária para a reposição da população sem que haja
decréscimo no total é de 2,1 filhos por mulher. Os números da
tabela ao lado mostram que, enquanto em muitos países a taxa
supera esse valor, em outros ela é inferior. Nesses casos, ou
esses países incentivam a natalidade e aceitam a entrada de
imigrantes, ou suas populações tendem a diminuir.
Caso a projeção da ONU se mantenha, entre 2010 e
2050 a população de 31 países pobres (Níger, Afeganistão e
outros) vai duplicar ou aumentar ainda mais, enquanto em 45
países desenvolvidos ou emergentes (Alemanha, Rússia e
outros) a população vai decrescer no mesmo período. Veja a
tabela acima.
Atualmente, o que se verifica na média mundial é uma
queda dos índices de natalidade e mortalidade, embora em
alguns países as taxas ainda se mantenham muito elevadas. Essa queda está relacionada principalmente ao êxodo rural (saída de
pessoas do campo para se fixarem nas cidades) e suas consequências no comportamento demográfico de uma população
crescentemente urbana, como as listadas abaixo.
• maior custo para criar os filhos – é mais caro criar filhos na cidade, pois é necessário adquirir maior quantidade de alimentos
básicos, que deixam de ser cultivados pela família. Além disso, o ingresso dos dependentes no mercado de trabalho urbano
costuma acontecer mais tarde que no campo (em muitos casos é o trabalho familiar que gera o sustento), o preço da moradia é
mais elevado e as necessidades gerais de consumo – vestuário, lazer, medicamentos, transportes, energia, saneamento e
comunicação – aumentam substancialmente;
• acesso a métodos anticoncepcionais – com a urbanização, as pessoas passaram a ter mais informação e acesso a farmácias,
hospitais e postos de saúde e a pílulas anticoncepcionais, preservativos e esterilização, entre outros métodos contraceptivos;
• trabalho feminino extradomiciliar – no meio urbano, aumenta sensivelmente o percentual de mulheres que trabalham fora e
desenvolvem uma carreira profissional. Para essas mulheres, sucessivas gestações acarretam queda no padrão de vida e
comprometem sua atividade profissional;
• aborto – por ser um procedimento ilegal na maioria dos países, os índices de abortos clandestinos são desconhecidos. Sabe-se,
porém, que a urbanização elevou bastante sua ocorrência, contribuindo para a queda da natalidade;
• acesso a assistência médica, saneamento básico e programas de vacinação – nas cidades, a expectativa de vida é maior que no
campo. Portanto, com a urbanização, principalmente nos países em desenvolvimento, caem as taxas de mortalidade.
• aspectos subjetivos – ligados às opções pessoais de vida de cada indivíduo.
A partir da Segunda Guerra, os avanços na ciência médica – principalmente a descoberta dos antibióticos e o
desenvolvimento de vacinas – aliados à urbanização causaram uma grande queda nas taxas de mortalidade, mesmo em países
pobres. O crescimento vegetativo aumentou em todo o planeta até a década de 1970. A partir daí, as taxas de mortalidade, em
condições normais – excluindo-se, portanto, os países que enfrentaram guerras, epidemias ou grandes desastres – tenderam a
estabilizar-se em níveis próximos a 0,6% nos países desenvolvidos e a continuar apresentando pequenas quedas nos países em
desenvolvimento.
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Em 2011, segundo dados da ONU, cerca de 214 milhões de pessoas residiam fora de seu país de origem, o que supera o
total da população brasileira (cerca de 190 milhões) e equivale a 3% da população mundial, percentual que duplicou desde 1970.
Parte do aumento do percentual de imigrantes na população mundial está ligada, principalmente, ao desmembramento político-
territorial da União Soviética (1991). Antes da fragmentação territorial havia 2,4 milhões de imigrantes na antiga superpotência;
em 2000, cerca de 29 milhões de pessoas, ou 16% do total mundial, eram imigrantes em países que fizeram parte da União
Soviética. Dessa forma, o desmembramento das repúblicas que a compunham em 15 países independentes provocou um aumento
de quase 27 milhões de imigrantes no total mundial. Na realidade, são pessoas que moram nos países da antiga União Soviética,
mas fora da nação onde nasceram. Por exemplo, há muitos russos vivendo na Ucrânia, no Casaquistão, entre outros dos 15 países,
mas sobretudo há muitas pessoas de diversas das nacionalidades que compunham a antiga superpotência vivendo na Rússia.
Os países desenvolvidos abrigam 60% dos imigrantes do planeta e, portanto, 40% residem em países em desenvolvimento.
A Europa é a maior receptora de imigrantes (69,8 milhões em 2010, segundo a ONU), seguida pela Ásia (61,3 milhões) e pela
América do Norte (50 milhões). Por países, como veremos, a maior recepção de imigrantes é a dos Estados Unidos (48,2 milhões
em 2010).
Em muitos casos, os emigrantes são responsáveis por importante ingresso de capital em seus países de origem. Ainda de
acordo com a ONU, em 2010 eles repatriaram cerca de US$ 325 bilhões, com a intenção de ajudar suas famílias ou realizar
poupança que lhes permitisse regressar no futuro; em contrapartida, os países de onde saem os emigrantes enfrentam a perda de
trabalhadores, muitos deles qualificados, que poderiam contribuir para o crescimento econômico e a melhoria das condições de
vida.
No final de 2011, havia no mundo 42,5 milhões de pessoas deslocadas de seu lugar de origem por perseguição – 15,5
milhões refugiadas em seu próprio país de origem. Os países que mais originaram refugiados no ano de 2011 foram o Afeganistão
(2,6 milhões), o Iraque (1,4 milhão) e a Somália (1,0 milhão).
Estrutura da População
A estrutura da população mundial deve ser analisada considerando sua distribuição por sexo, número, idade, ocupação,
renda, educação, saúde e outros indicadores que expressam os aspectos quantitativos e qualitativos da organização social,
importantes para ações de planejamento de investimentos, tanto governamental quanto privado. Para fins didáticos, vamos dividir
o estudo da estrutura da população em quatro categorias, que nos mostram informações sobre demografia, atividade econômica
e qualidade de vida.
• número, sexo e faixa etária dos habitantes: esses dados, obtidos pelo censo demográfico, são expressos por um gráfico chamado
pirâmide etária;
• atividades econômicas (primárias, secundárias e terciárias);
• distribuição da renda e do consumo;
• crescimento econômico e desenvolvimento social.
Pirâmide etária - ou pirâmide de idades, é um gráfico que mostra o número de habitantes (em números absolutos ou relativos)
e sua distribuição por sexo e idade. Pode retratar dados da população mundial, de um país, estado, município, etc. Sua simples
visualização nos permite tirar algumas conclusões referentes à taxa de natalidade e à expectativa de vida da população. Observe
as pirâmides a seguir:
Até a década de 1960, era possível classificar o nível de desenvolvimento de um país observando apenas sua pirâmide
etária. Os países em desenvolvimento – exceto a Argentina e o Uruguai – apresentavam altas taxas de natalidade e baixa
expectativa de vida, o que deixava suas pirâmides com aspecto triangular. No entanto, a partir do intenso processo de urbanização
e com os melhores resultados do planejamento familiar, muitos países em desenvolvimento – como o Brasil – passaram a
apresentar forte redução das taxas de natalidade e significativo aumento na esperança de vida.
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Desse modo, não se pode mais caracterizar as condições de desenvolvimento de um país apenas pela análise de sua
pirâmide etária. Essa classificação exige um estudo mais complexo, que considere vários indicadores sociais e econômicos, como
vem sendo feito pela ONU desde 1990, com a divulgação do Índice de Desenvolvimento Humano.
Quando observamos uma pirâmide etária, é necessário ter em mente, ainda, a história da população recenseada, para que
se conheça a causa de alguma configuração incomum.
Distribuição da Renda
Não basta consultar a pirâmide etária e saber quantas crianças atingirão a idade escolar no próximo ano para planejar o
número de vagas nas escolas da rede pública. Também é necessário saber como será a distribuição dessas crianças nas redes
pública e privada, o que envolve a análise não apenas da qualidade do ensino oferecido pelo Estado, mas também das condições
econômicas dos estudantes e do suporte que deve ser oferecido – material escolar, merenda, transporte e outros.
Assim sendo, se o planejamento governamental não considerar a distribuição da renda nacional, suas políticas de educação,
saúde, habitação, transporte, abastecimento, lazer, etc. correm sério risco de fracassarem. Da parte da iniciativa privada, o
planejamento do atendimento às demandas do mercado tem, necessariamente, de levar em conta não apenas o número, o sexo e
a idade dos consumidores, mas sobretudo seu poder aquisitivo.
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A análise dos indicadores de distribuição de renda mostra que nos países em desenvolvimento e em alguns emergentes há grande
concentração do rendimento nacional bruto em mãos de pequena parcela da população, enquanto nos desenvolvidos ela está mais bem
distribuída. O que ocasiona isso?
Além dos baixos salários que vigoram nos países pobres e em alguns emergentes e da dificuldade de acesso à propriedade
regular (urbana ou rural), há basicamente dois fatores que explicam a concentração de renda: o sistema tributário – os impostos pesam
mais para os mais pobres – e a inflação – quase sempre não repassada integralmente aos salários.
O imposto direto é aquele que recai diretamente sobre a renda ou a propriedade dos cidadãos. É considerado o mais justo, pois
pode ser cobrado de maneira progressiva e proporcional, de modo que quem recebe salários maiores obtém mais renda (lucros, aluguéis,
etc.) ou possui mais propriedades (imóveis, automóveis, etc.) paga parcelas mais elevadas, enquanto os que têm menos rendimentos e
poucas posses pagam menos ou até ficam isentos. O governo, que arrecada de forma diferenciada parte da renda nacional, pode distribui-
la na forma de escolas e hospitais, financiando a aquisição de casa própria, subsidiando setores econômicos que gerem empregos,
investindo em saneamento básico, etc. ou criando mecanismos de transferência direta de renda.
Já os impostos indiretos estão incluídos no preço das mercadorias e dos serviços que a população utiliza em seu cotidiano.
Podem ser considerados injustos quando assumem proporções elevadas, já que é cobrado sempre o mesmo valor do consumidor, não
importando a sua faixa de rendimento. Por exemplo, um operário que ganha três salários-mínimos por mês e compra um litro de leite
paga o mesmo valor de impostos indiretos que um profissional liberal que compra o mesmo litro de leite e ganha trinta salários mínimos.
É, por isso, um tipo de imposto que pesa mais no bolso de quem ganha menos, pois não há possibilidade de aplicar a progressividade
na arrecadação e, portanto, de distribuir a renda.
Em muitos países em desenvolvimento, a carga de impostos indiretos é elevada, enquanto nos países desenvolvidos o maior
volume de recursos arrecadados pelo governo recai sobre os impostos diretos. Outro fator preponderante é que, nos países em
desenvolvimento, os serviços públicos em geral são muito precários, prevalecendo um mecanismo perverso de reprodução da pobreza.
Filhos de trabalhadores de baixa renda dificilmente têm acesso a sistemas eficientes de educação, constituindo, na maioria dos casos,
mão de obra sem qualificação e, como consequência, mal remunerada, dificultando o rompimento desse círculo vicioso.
Atualmente, com a globalização da economia, a situação dos trabalhadores assalariados, sobretudo dos países desenvolvidos,
tem se deteriorado ainda mais. Tem-se intensificado a abertura ou a transferência de filiais de empresas para países em desenvolvimento,
onde os salários são mais baixos e a legislação trabalhista é mais flexível, em detrimento dos trabalhadores. Em muitos desses países
os assalariados têm uma participação menor na renda nacional e podem ser demitidos sem muitos encargos para as empresas. A busca
por maiores lucros atinge a escala mundial, e não apenas a nacional, o que vem diminuindo a oferta de postos de trabalho e até mesmo
os salários pagos em muitos países desenvolvidos.
Acrescente-se a isso o desemprego estrutural (redução de postos de trabalho em virtude das novas formas de organização do
trabalho e da produção), verificado em países cujas empresas investem em informatização e robótica, que tende a fragilizar a ação dos
sindicatos e a diminuir a força dos empregados em processos de negociação salarial.
Devido a sua importância, o assunto tem dominado as últimas discussões em encontros do G-20, do Fórum Econômico Mundial
(reunião de lideranças empresariais, políticas, sindicais e científicas que ocorre anualmente na cidade de Davos, na Suíça) e de várias
cúpulas patrocinadas pela ONU, que têm influência nas diretrizes econômicas, nos financiamentos gerenciados pelo FMI e pelo Banco
Mundial e nas determinações da Organização Mundial de Comércio (OMC).
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Historicamente, todos esses povos vêm contribuindo para a formação da diversidade cultural do país, o que se reflete em
modos de vida, ideias, costumes e valores, tanto em seus aspectos materiais quanto imateriais: língua, religião, culinária,
vestimenta, artefatos, arquitetura, festas populares, música, esportes, entre outros.
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O povo brasileiro
Surgimos da confluência, do entrechoque e do caldeamento do invasor português com índios silvícolas e campineiros e
com negros africanos, uns e outros aliciados como escravos.
Nessa confluência, que se dá sob a regência dos portugueses, matrizes raciais díspares, tradições culturais distintas,
formações sociais defasadas se enfrentam e se fundem para dar lugar a um povo novo (Ribeiro, 1970), num novo modelo de
estruturação societária. Novo porque surge como uma etnia nacional, diferenciada culturalmente de suas matrizes formadoras,
fortemente mestiçada, dinamizada por uma cultura sincrética e singularizada pela redefinição de traços culturais dela oriundos.
Também novo porque se vê a si mesmo e é visto como uma gente nova, um novo gênero humano diferente de quantos existam.
Povo novo, ainda, porque é um novo modelo de estruturação societária, que inaugura uma forma singular de organização
socioeconômica, fundada num tipo renovado de escravismo e numa servidão continuada ao mercado mundial. Novo, inclusive,
pela inverossímil alegria e espantosa vontade de felicidade, num povo tão sacrificado, que alenta e comove a todos os brasileiros.
[...] Essa unidade étnica básica não significa, porém, nenhuma uniformidade, mesmo porque atuaram sobre ela três forças
diversificadoras. A ecológica, fazendo surgir paisagens humanas distintas onde as condições do meio ambiente obrigaram a
adaptações regionais. A econômica, criando formas diferenciadas de produção, que conduziram a especializações funcionais e
aos seus correspondentes gêneros de vida. E, por último, a imigração, que introduziu, nesse magma, novos contingentes humanos,
principalmente europeus, árabes e japoneses. Mas já o encontrando formado e capaz de absorvê-los e abrasileirá-los, apenas
estrangeirou alguns brasileiros ao gerar diferenciações nas áreas ou nos estratos sociais onde os imigrantes mais se concentram.
RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro. A formação e o sentido do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p. 9-21.
Darcy Ribeiro (1922-1997) foi antropólogo, professor universitário, ministro do governo João Goulart, vice-governador do Rio
de Janeiro e senador por esse estado.
A miscigenação da população brasileira
Como podemos observar na tabela ao lado, segundo o IBGE, os percentuais de pessoas que se consideram brancas e
negras vêm se reduzindo, e o número das que se consideram pardas, aumentando, o que demonstra que continua havendo
miscigenação na população brasileira.
É importante ressaltar que, embora essa miscigenação seja uma realidade histórica, os dados da tabela refletem a pesquisa
do Censo 2010, que é baseada na forma como as pessoas se viam. Os recenseadores eram instruídos a mostrar, em 25% dos
domicílios pesquisados, um cartão com as opções de cor: branca, preta, amarela, parda e indígena. Nem sempre os mestiços ou
pardos se declaravam como tal, havendo muitos mulatos que se declaravam pretos, enquanto outros se declaravam brancos;
mestiços de brancos com indígenas se declaravam indígenas, enquanto outros se declaravam brancos. Além disso, existem muitas
pessoas que, por particularidades culturais do lugar onde vivem, não se identificam com nenhuma das cinco opções oferecidas
para enquadramento da resposta.
Na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), realizada pelo IBGE em anos diferentes dos anos do Censo
demográfico, são visitados apenas alguns domicílios. Em 1976, em vez de apresentar cartão com opções de cor, os recenseadores
anotaram a resposta espontânea da pessoa pesquisada. Embora as cores utilizadas no censo tenham constado em 57% das
respostas, foram mencionados 136 termos para designar cores, alguns curiosos: alvarenta, fogoió, lilás, marinheira, castanha,
enxofrada, pálida, roxa, sarará e turva, entre outros.
A espécie humana é uma só, não existem raças. O conceito de raça (ou mesmo cor, que seria sua expressão fenotípica),
como ainda aparece nas pesquisas do IBGE, não se sustenta cientificamente. O texto a seguir mostra que, geneticamente, a
espécie humana é uma só, não pode ser dividida em raças. O racismo é uma construção histórica e ideológica recente e que deve
ser desconstruída.
O DNA do racismo
Colunista conta como as raças foram inventadas e destaca que agora é nosso dever desinventá-las
Parece existir uma noção generalizada de que o conceito de raças humanas e sua indesejável consequência, o racismo,
são tão velhos como a humanidade. Há mesmo quem pense neles como parte essencial da “natureza humana”. Isso não é verdade.
Pelo contrário, as raças e o racismo são uma invenção recente na história da humanidade.
Nas civilizações antigas não são encontradas evidências inequívocas da existência de racismo (que não deve ser
confundido com rivalidade entre comunidades). É certo que havia escravidão na Grécia, em Roma, no mundo árabe e em outras
regiões. Mas os escravos eram geralmente prisioneiros de guerra e não havia de maneira alguma a ideia de que eles fossem
“naturalmente” inferiores aos seus senhores. A escravidão era mais conjuntural que estrutural – se o resultado da guerra tivesse
sido outro, os papéis de senhor e escravo estariam invertidos.
A emergência do racismo e a cristalização do conceito de raças coincidiram historicamente com dois fenômenos da era
moderna: o início do tráfico de escravos da África para as Américas e o esvanecimento do tradicional espírito religioso em favor
de interpretações científicas da natureza.
[...]
Diversidade humana
Antes de prosseguirmos, proponho ao leitor um simples experimento. Dirija-se a um local onde haja grande número de
pessoas – uma sala de aula, um restaurante, o saguão de um edifício comercial ou mesmo a calçada de uma rua movimentada.
Agora observe cuidadosamente as pessoas ao redor.
Deverá logo saltar aos olhos que somos todos muito parecidos e, ao mesmo tempo, muito diferentes. Realmente, podemos
ver grandes similaridades no plano corporal, na postura ereta, na pele fina e na falta relativa de pelos, características da espécie
humana que nos distinguem dos outros primatas.
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Por outro lado, serão evidentes as extraordinárias variações morfológicas entre as diferentes pessoas: sexo, idade, altura,
peso, massa muscular e distribuição de gordura corporal, comprimento, cor e textura dos cabelos (ou ausência deles), cor e
formato dos olhos, formatos do nariz e lábios, cor da pele, etc. Estas variações são quantitativas, contínuas, graduais. [...]
Taxonomia da humanidade
Vejamos agora, em nítido contraste com as conclusões do experimento de observação empírica acima, a rigidez da
classificação da humanidade feita pelo naturalista sueco Carl Linnaeus (1707-1778) na edição de 1767 do seu Systema Naturae
(“Sistema da natureza”). Ele apresentou, pela primeira vez na esfera científica, uma divisão taxonômica da espécie humana.
Linnaeus distinguiu quatro raças principais (além de uma quinta, mitológica, que não levaremos em consideração) e qualificou-
as de acordo com o que ele considerava suas características principais:
• Homo sapiens europaeus: Branco, sério, forte
• Homo sapiens asiaticus: Amarelo, melancólico, avaro
• Homo sapiens afer: Negro, impassível, preguiçoso
• Homo sapiens americanus: Vermelho, mal-humorado, violento
[...]
Esse tipo de associação fixa de características físicas e psicológicas, que incrivelmente ainda persiste na atualidade, não
faz absolutamente nenhum sentido do ponto de vista genético e biológico! O genoma humano tem cerca de 20 mil genes e
sabemos que poucas dúzias deles controlam a pigmentação da pele e a aparência física dos humanos. Está 100% estabelecido
que esses genes não têm nenhuma influência sobre qualquer traço comportamental ou intelectual.
[...]
O genial poeta Chico Buarque de Holanda sugere na canção “Apesar de você”: “Você que inventou a tristeza, / Ora, tenha
a fineza / De desinventar...”. Parafraseando-o, podemos dizer que, se a cultura ocidental inventou o racismo e as raças, temos,
agora, o dever de desinventá-los!
Não será tarefa fácil; alguns diriam mesmo impossível, pois as categorias raciais estão entranhadas nas nossas instituições
sociais. Para levá-la a cabo, devemos nos alinhar com uma proposta do grande político americano Robert Kennedy (1925-1968):
“Há aqueles que veem as coisas como elas são e perguntam por quê. Eu sonho com coisas que nunca foram e pergunto: por que
não?”.
PENA, Sérgio Danilo. O DNA do racismo. Ciência Hoje. Disponível em: <http://cienciahoje.uol.com.br/colunas/deriva-
genetica/o-dna-do-racismo>. Acesso em: 9 dez. 2010.
Sérgio Danilo Pena é professor titular do Departamento de Bioquímica e Imunologia da Universidade Federal de Minas Gerais.
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Em 1908, aportou em Santos a primeira embarcação trazendo colonos japoneses. O destino de quase todos foram as
lavouras de café do oeste do estado de São Paulo e norte do Paraná; alguns se instalaram no vale do Ribeira (SP) e ao redor de
Belém (PA). Da década de 1980 até 2008/2009, porém, alguns descendentes de japoneses, fazendo o caminho inverso de seus
ancestrais, emigraram em direção ao Japão como trabalhadores (os chamados decasséguis), ocupando postos de trabalho
desprezados por cidadãos japoneses, geralmente em linhas de produção industrial. Com a crise econômica do fim da década de
2000 e o aumento do desemprego no Japão, esse fluxo estagnou-se e muitos decasséguis voltaram ao Brasil.
As correntes imigratórias de menor expressão numérica incluem judeus (espalhados pelo país e provenientes de diversos
países, principalmente europeus), árabes (sírios e libaneses, também espalhados pelo país), chineses e coreanos (mais
concentrados em São Paulo) e eslavos (principalmente poloneses, lituanos e russos, mais concentrados em Curitiba e outras
cidades paranaenses). Há também sul-americanos (sobretudo argentinos, uruguaios, paraguaios, bolivianos e chilenos), a maioria
na Grande São Paulo.
Êxodo rural e migração pendular - Em 1920, apenas 10% da população brasileira vivia em cidades. Cinquenta anos depois,
em 1970, esse percentual já era de 56%. De acordo com o Censo 2010, hoje quase 85% da população brasileira é urbana. Estima-
se que, entre 1950 e 2000, 50 milhões de pessoas migraram do campo para as cidades, fenômeno conhecido como êxodo rural.
É importante lembrar que, na maioria dos casos, esses migrantes se deslocaram para as cidades com pouquíssimo dinheiro e em
condições muito precárias, consequência de uma política agrária que modernizou o trabalho do campo e concentrou a posse da
terra. Esse processo ocorreu associado a uma industrialização que permanecia concentrada nas principais regiões metropolitanas,
que, por isso, se tornavam áreas muito atrativas.
No entanto, como as cidades receptoras desse enorme contingente populacional não receberam investimentos públicos
suficientes em obras de infraestrutura urbana, passaram a crescer desordenada e aceleradamente, com a autoconstrução, o
erguimento de sub moradias e o surgimento de loteamentos (em grande parte clandestinos) em suas periferias. Esse processo
reduziu os vazios demográficos que existiam entre uma cidade e outra e, somado a outros fatores, colaborou para a formação de
regiões metropolitanas.
A emigração - Os movimentos de população sempre estão associados a fatores de repulsão e de atração, e muitas vezes os
emigrantes saem contrariados de seu país de origem, como indica o verso da epígrafe. A partir da década de 1980, o Brasil
começou a se tornar um país com fluxo imigratório negativo – número de emigrantes maior que o de imigrantes (veja o gráfico
na página seguinte).
Do início da década de 1980 até a crise mundial que se iniciou em 2008, muitos brasileiros se transferiram para os Estados
Unidos, Japão e Europa (sobretudo Portugal, Inglaterra, Espanha e França), entre outros destinos, em busca de melhores
condições de vida, já que no Brasil os salários pagos são muito mais baixos se comparados aos desses países e os índices de
desemprego e subemprego costumam ser mais elevados. Há, também, muitos brasileiros estabelecidos no Paraguai, quase todos
produtores rurais que para ali se dirigiram em busca de terras baratas e de uma carga tributária menor que a brasileira. Como a
maioria dos emigrantes entra clandestinamente nos países a que se dirigem, há estimativas precárias sobre o volume total do
fluxo migratório.
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Entretanto, desde a eclosão da crise econômica que se iniciou em 2008, o Brasil passou a receber muitos imigrantes de
países latino-americanos, com destaque para Bolívia, Peru e Paraguai, e de alguns países europeus, principalmente Portugal e
Espanha; além disso, muitos brasileiros que moravam no exterior voltaram para o país. Assim, a partir desse ano, o Brasil deixou
de ser um país onde predominava a emigração e passou a receber muitos estrangeiros. Tradicionalmente, os principais destinos
dos emigrantes de países da América do Sul e Central são os Estados Unidos e a Espanha. Porém, como a economia brasileira
conseguiu enfrentar a crise com muito mais vigor que a de muitos países desenvolvidos e há grande facilidade de deslocamento
terrestre para cá, muitos emigrantes latinos trocaram de destino.
Esperança de vida e mortalidade infantil - A esperança de vida ao nascer e a taxa de mortalidade infantil são importantes
indicadores da qualidade de vida da população de um país porque refletem fatores como escolaridade, saneamento básico,
serviços de saúde, campanhas de vacinação, atenção ao pré-natal, aleitamento materno, nutrição e outros. Analisando os dados
da tabela e do gráfico a seguir, constatamos que os contrastes regionais são muito acentuados no Brasil. Em 2009, no Sul, a
expectativa de vida ao nascer era 4,8 anos maior que a do Nordeste, onde o índice de mortalidade infantil, embora tenha
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apresentado grande redução entre 2000 e 2010, continua elevado em relação às outras regiões. Esses indicadores correspondem
a uma média e, portanto, não revelam as variações entre as classes sociais em cada região.
Embora tenha caído de aproximadamente 100‰ para 16‰ entre 1970 e 2010, a mortalidade infantil no Brasil ainda é
alta se comparada com a de outros países com nível de desenvolvimento semelhante. No mesmo período, essa taxa era de 10,5‰
na Argentina e 7,3‰ no Chile. Com relação aos países desenvolvidos, a distância é ainda maior: Noruega, 3,5‰, e Japão, 2,2‰.
Nesses países, os fatores da mortalidade infantil independem de políticas de infraestrutura social; já no caso do Brasil, o
percentual de mortes associadas à carência de serviços públicos essenciais ainda é elevado.
Desnutrição e obesidade
Até pouco tempo atrás, a desnutrição era um problema sério entre a população mais pobre no Brasil. No entanto, ao
observarmos os dados do gráfico a seguir verificamos que atualmente a obesidade é um problema de saúde pública que afeta
proporcionalmente mais que o dobro de pessoas que sofrem com desnutrição e fome. A obesidade aumenta o risco de doenças
associadas ao acúmulo de gordura subcutânea e no sangue, afeta os sistemas circulatório e respiratório, predispõe ao surgimento
de diabetes, hipertensão, dores nas articulações. Se considerarmos o sobrepeso em conjunto com a obesidade, os números
apontam que em 2009 quase 64% da população estava nessa situação, contra 2,7% de pessoas com déficit de peso.
Ainda segundo dados do IBGE, em 2009 havia cerca de 124 milhões de pessoas com 20 anos ou mais, sendo que desse
total 3,3 milhões (2,7%) apresentavam déficit de peso, 60 milhões estavam com excesso de peso e 18 milhões (14%), em estado
de obesidade. É importante destacar que obesidade e excesso de peso não indicam, necessariamente, que a pessoa esteja bem
alimentada. Há muitas pessoas nessas situações que são anêmicas porque sua alimentação não é equilibrada. Uma dieta
balanceada deve ser composta de frutas, legumes, verduras, carnes, leite, pães e cereais, proporcionam do equilíbrio entre
proteínas, vitaminas, sais minerais e carboidratos.
Segundo nota oficial divulgada com a Pesquisa de Orçamentos Familiares 2002-2003, já naquela época a população adulta
brasileira não apresentava sinais de desnutrição. Isso porque a taxa de 4% está dentro dos padrões internacionais: uma proporção
de pessoas é magra por sua própria constituição genética. Intervalos entre 3% e 5% aparecem em todas as populações não
expostas a problemas de nutrição, e apenas quando os déficits superam 5%, considera-se que a população está com problemas
de disponibilidade e/ou variedade de alimentos.
A melhora nas condições de alimentação provocou aumento na altura média dos brasileiros. Segundo a pesquisa Saúde
Brasil 2008, do Ministério da Saúde, a população brasileira está ficando mais alta: entre 1994 e 2008, a altura média das mulheres
adultas aumentou 3,3 cm (1,55 para 1,58 m), e a dos homens, 1,2 cm (1,68 para 1,70 m).
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15.6 - A janela de oportunidade demográfica do Brasil
A história da humanidade é a história da luta pela sobrevivência e pela extensão do ciclo de vida. Os seres humanos, até
recentemente, conviviam com altas taxas de mortalidade, especialmente uma elevadíssima mortalidade infantil. Em meados do
século XIX, a esperança de vida da população mundial estava ao redor de 30 anos de idade. Mas os avanços no padrão de vida
e as melhorias da medicina e das condições de saneamento e higiene reduziram as taxas de mortalidade, primeiro nos países de
maior grau de urbanização e industrialização e depois no chamado Terceiro Mundo. A esperança de vida ao nascer da população
mundial chegou à casa de 70 anos em 2010.
Após certo lapso de tempo, quando se consolidou o aumento do número de filhos sobreviventes, os casais passaram a
limitar os nascimentos, provocando a queda das taxas de fecundidade. Esse processo conhecido como transição demográfica é
um dos fenômenos sociais mais importantes da modernidade e acontece de forma sincrônica com o avanço das forças produtivas
e o desenvolvimento econômico.
No Brasil, as taxas de mortalidade infantil começaram a cair de forma rápida e consistente a partir do fim da Segunda
Guerra Mundial. Vinte anos depois, teve início a transição da fecundidade. A taxa de mortalidade infantil caiu de 135 por mil
em 1950 para 15 por mil em 2010, enquanto a esperança de vida ao nascer passou de 50 anos em 1950 para 73 anos em 2010. O
número de nascimentos nas famílias permaneceu elevado e acima de seis filhos por mulher até meados da década de 1960,
iniciando a partir daí um expressivo movimento de declínio, atingindo a taxa de 1,9 filho por mulher, segundo o censo
demográfico de 2010.
Todo país que passa pela transição demográfica experimenta, necessariamente, uma transformação da sua estrutura etária.
Em um primeiro momento, a base da pirâmide populacional se estreita, enquanto aumenta o peso relativo da população adulta.
Em um segundo momento, após décadas de transformação da estrutura de idade, há um crescimento, absoluto e relativo, da
população idosa. As mudanças no formato da pirâmide populacional geram alterações na razão de dependência demográfica
entre os grupos predominantemente consumidores e os majoritariamente produtores.
O Gráfico 1 mostra a razão de dependência demográfica para o Brasil no período de 1950 a 2100. Nota-se que, entre 1950
e 1970, houve aumento da percentagem de crianças (0-14 anos) em relação à população adulta (15-64 anos), elevando também
a razão de dependência total. Em 1970, havia cerca de 90 pessoas dependentes para cada 100 pessoas em idade de trabalhar.
Mas,em função da queda da fecundidade, a razão de dependência total veio caindo consistentemente e deve atingir o seu ponto
mais baixo (44 pessoas dependentes para cada 100 pessoas em idade produtiva) no quinquênio 2020-25.
Ou seja, em meados do século passado, havia quase uma pessoa dependente para uma pessoa em idade de trabalhar, mas
esta relação caiu pela metade, devendo ficar abaixo de 50% entre 2010 e 2030. Isso quer dizer que a carga econômica da
dependência demográfica se reduziu bastante, possibilitando o aumento da renda per capita e a elevação da capacidade de
poupança, tanto das famílias como em nível agregado. Maiores taxas de poupança – em termos micro e macroeconômicos –
significam a possibilidade de maiores investimentos em capital humano e de incremento da taxa bruta de capital fixo.
Esse fenômeno único e fundamental para a decolagem do desenvolvimento é chamado de “bônus demográfico” ou
“dividendo demográfico”. Trata-se de uma “janela de oportunidade” que requer políticas econômicas adequadas para que a
demografia possa ser colocada a serviço do desenvolvimento econômico e social, do bem-estar da população e do cuidado com
o meio ambiente.
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O Bônus Demográfico é, portanto, um fenômeno que ocorre em um período de tempo no qual a estrutura etária da população
apresenta menores razões de dependência (baixa proporção de crianças, adolescentes e idosos) e maiores percentuais de população em
idade economicamente ativa, possibilitando que as condições demográficas atuem no sentido de incrementar a qualidade de vida e
reduzir os níveis de pobreza e desigualdade. Também pode contribuir para a redução das desigualdades de gênero, pois a queda das
taxas de fecundidade e de mortalidade infantil transformam, em especial, a vida das mulheres, que passam a dedicar menos tempo às
tarefas da reprodução e do cuidado dos filhos, ganhando mais tempo para cuidar de si próprias, investir na qualificação profissional e
se incorporar à população economicamente ativa (PEA).
Todavia, o bônus demográfico é um fenômeno temporário e requer condições macroeconômicas adequadas, especialmente
investimentos em educação de qualidade, saúde e trabalho decente. Nos anos 1980, a chamada década perdida, o Brasil desperdiçou o
início do bônus demográfico devido à crise econômica que aumentou o desemprego, reduziu a renda e não criou oportunidades
educacionais para os jovens. Nos anos 1990, a economia cresceu e as condições sociais melhoraram, mas em ritmo insuficiente para
utilizar todo o potencial da estrutura etária. O melhor aproveitamento do bônus demográfico brasileiro aconteceu no quinquênio 2004-
2008, quando houve crescimento da renda, redução da pobreza, do desemprego e das desigualdades sociais e regionais. Mas, após a
recessão de 2009, o desempenho da economia brasileira tem ficado abaixo do esperado e aquém de suas potencialidades.
O bônus demográfico dura o tempo de passagem de uma estrutura etária jovem para uma estrutura etária idosa (60 anos e mais
ou 65 anos e mais). A data para definição do início da terceira idade depende de fatores culturais e institucionais. O tempo exato de
duração do bônus depende do ritmo de queda das taxas de fecundidade. Mas, em geral, o dividendo demográfico tem uma extensão de
cerca de 50 anos. No Brasil, a razão de dependência demográfica vai começar a aumentar por volta de 2030, pois o percentual de idosos
vai crescer rapidamente, significando que a janela de oportunidade vai começar a se fechar gradualmente. No final do século XXI, a
razão de dependência total terá voltado ao nível de 1970, puxado pelo processo de envelhecimento populacional.
A PIA – População em Idade de Trabalhar (15-59 anos ou 15-64 anos) – cresceu de cerca de 50% da população total, por volta
de 1970, para quase 70% entre 2010 e 2025. No mesmo período, as pessoas em idades consideradas dependentes (0-14 anos + 60 anos
e mais ou 65 anos e mais) diminuiram sua percentagem para cerca de 30%. Isso significa que a janela de oportunidade demográfica
estava se abrindo. Porém, entre 2025 e 2030 a janela vai começar a se fechar e vai inverter a relação entre “produtores” e “consumidores”
antes do final do século XXI, variando de acordo com a idade média da aposentadoria. Quanto mais cedo for a média de idade dos
beneficiários da previdência, mais curta será a janela de oportunidade (ou bônus, ou dividendo).
Portanto, o Brasil tem pouco tempo para colher o bônus demográfico, reduzir a pobreza e investir em infraestrutura econômica
e social. Em um futuro não muito distante, o país vai ter que conviver com a diminuição do número de pessoas economicamente ativas
e o aumento da população idosa, especialmente aquela acima de 80 anos, que requer muitos gastos com saúde e cuidado individual.
Precisamos aproveitar as condições contemporâneas favoráveis, antes do envelhecimento populacional e antes da subida da razão de
dependência demográfica.
O caminho para um horizonte saudável e sustentável, evidentemente, depende das condições determinadas historicamente, mas
são os passos dados no presente que irão definir a configuração do futuro. O que plantamos hoje, iremos colher amanhã. O Brasil vai
precisar de uma grande elevação da produtividade do trabalho para lidar com o fechamento da janela de oportunidade demográfica.
O artigo acima foi escrito por: José Eustáquio Diniz Alves - doutor em Demografia e professor titular do mestrado em Estudos
Populacionais e Pesquisas Sociais da Escola Nacional de Ciências Estatísticas (ENCE/IBGE).
Fonte: http://coletiva.labjor.unicamp.br/index.php/artigo/a-janela-de-oportunidade-demografica-do-brasil/ Acesso em 10 fev 2023
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Quando se analisa o perfil das pessoas desocupadas também se verifica que alguns grupos têm maior dificuldade de
inserção no mercado de trabalho. Quase 60% das mulheres com 15 anos de idade ou mais estavam desocupadas, superando o
percentual dos que nunca tinham trabalhado, dos jovens entre 18 e 24 anos de idade, dos pretos e/ou pardos e dos que não tinham
completado o ensino médio.
Nas sociedades onde a democracia está mais consolidada e a cidadania mais articulada, existe igualdade de oportunidades
de trabalho entre homens e mulheres. A redução da discriminação por gênero é um importante fator de combate à pobreza.
A distribuição de renda
Quanto à distribuição de renda, o Brasil
apresenta um dos piores índices do mundo. A
tabela a seguir mostra que a participação dos
mais pobres na renda nacional é muito pequena,
e a dos mais ricos é muito expressiva. Esse
mecanismo de concentração de renda, com
resultados perversos para a maioria da
população, foi construído principalmente no
processo inflacionário de preços nos anos 1980
e 1990. Como vimos no capítulo 2, os reajustes
da inflação nunca foram totalmente repassados
aos salários. Além disso, no sistema tributário brasileiro a carga de impostos indiretos (como ICMS, IPI e ISS), que não
distinguem faixas de renda, chega a 50% da arrecadação. Naquele período, sucessivos governos agravaram o processo de
concentração de renda ao aplicar seus recursos em benefício de setores ou atividades privadas, em detrimento dos investimentos
em educação, saúde, transporte coletivo, habitação, saneamento e outros serviços públicos.
Entretanto, embora a participação dos mais pobres na renda nacional ainda seja muito baixa, esse índice vem apresentando
lenta melhora. A partir de 1994, com o Plano Real e os programas assistenciais, os mais pobres vêm lentamente aumentando sua
participação na renda nacional.
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EXERCICIOS
01. Sobradinho
O homem chega, já desfaz a natureza
Tira gente, põe represa, diz que tudo vai mudar
O São Francisco lá pra cima da Bahia
Diz que dia menos dia vai subir bem devagar
E passo a passo vai cumprindo a profecia do beato que
dizia que o Sertão ia alagar.
Adaptado de: SÁ e GUARABYRA. Disco Pirão de peixe com pimenta. Som Livre, 1977.
O trecho da música faz referência a importante obra na região do rio São Francisco. Uma consequência socioespacial
dessa construção foi:
(A) a migração forçada da população ribeirinha.
(B) o rebaixamento do nível do lençol freático local.
(C) a preservação da memória histórica da região.
(D) a ampliação das áreas de clima árido.
(E) a redução das áreas de agricultura irrigada.
02. No dia 28 de fevereiro de 1985, era inaugurada a Estrada de Ferro Carajás, pertencente e diretamente operada pela
Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), na região Norte do país, ligando o interior ao principal porto da região, em São
Luís. Por seus aproximadamente 900 quilômetros de linha passam, hoje, 5 353 vagões e 100 locomotivas.
Adaptado de: <www.transportes.gov.br>. acesso em: 27 jul. 2010.
Aferrovia em questão é de extrema importância para a logística do setor primário da ec onomia brasileira, em especial
para porções dos estados do Pará e Maranhão. Um argumento que destaca a importância estratégica dessa porção do
território é a:
(A) produção de energia para as principais áreas industriais do país.
(B) produção sustentável de recursos minerais não metálicos.
(C) capacidade de produção de minerais metálicos.
(D) logística de importação de matérias-primas industriais.
(E) produção de recursos minerais energéticos.
03. A usina hidrelétrica de Belo Monte será construída no Rio Xingu, no município de Vitória de Xingu, no Pará. A usina
será a terceira maior do mundo e a maior totalmente brasileira, com capacidade de 11,2 mil megawatts. Os índios do
Xingu tomam a paisagem com seus cocares, arcos e flechas. Em Altamira, no Pará, agricultores fecharam estradas de
uma região que será inundada pelas águas da usina.
Adaptado de: BACOCCINA, D.; QUEIROZ, G.; BORGES, R. Fim do Leilão, Começo da Confusão. Istoé Dinheiro.
São Paulo: Três, ano 13, n. 655, 28 abr. 2010.
Os impasses, resistências e desafios associados à construção da usina Hidrelétrica de belo monte estão relacionados:
(A) ao potencial hidrelétrico dos rios no Norte e Nordeste quando comparados às bacias hidrográficas das regiões Sul, Sudeste
e Centro-oeste do país.
(B) à necessidade de equilibrar e compatibilizar o investimento no crescimento do país com os esforços para a conservação
ambiental.
(C) à grande quantidade de recursos disponíveis para as obras e à escassez dos recursos direcionados para o pagamento pela
desapropriação das terras.
(D) ao direito histórico dos indígenas à posse dessas terras e à ausência de reconhecimento desse direito por parte das
empreiteiras.
(E) ao aproveitamento da mão de obra especializada disponível na região Norte e o interesse das construtoras na vinda de profi
ssionais do Sudeste do país.
04. A Idade da Pedra chegou ao fim, não porque faltassem pedras; a era do petróleo chegará igualmente ao fim, mas não por falta de
petróleo.
Xeque Yamani, ex-ministro do Petróleo da arábia Saudita. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 20 ago. 2001.
Considerando as características que envolvem a utilização das matérias-primas citadas no texto em diferentes contextos histórico-
geográficos, é correto afirmar que, de acordo com o autor, a exemplo do que aconteceu na idade da Pedra, o fim da era do petróleo
estaria relacionado:
(A) à redução e esgotamento das reservas de petróleo.
(B) ao desenvolvimento tecnológico e à utilização de novas fontes de energia.
(C) ao desenvolvimento dos transportes e consequente aumento do consumo de energia.
(D) ao excesso de produção e consequente desvalorização do barril de petróleo.
(E) à diminuição das ações humanas sobre o meio ambiente.
www.cursoadsumus.com.br Página 177
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05. No ciclo da água, usado para produzir eletricidade, a água de lagos e oceanos, irradiada pelo Sol, evapora-se, dando
origem a nuvens, e se precipita como chuva. É então represada, corre de alto a baixo e move turbinas de uma usina,
acionando geradores. a eletricidade produzida é transmitida através de cabos e fios e é utilizada em motores e outros
aparelhos elétricos. Assim, para que o ciclo seja aproveitado na geração de energia elétrica, constrói-se uma barragem
para represar a água.
Entre os possíveis impactos ambientais causados por essa construção, devem ser destacados:
(A) aumento do nível dos oceanos e chuva ácida.
(B) chuva ácida e efeito estufa.
(C) alagamentos e intensificação do efeito estufa.
(D) alagamentos e desequilíbrio da fauna e da flora.
(E) alteração do curso natural dos rios e poluição atmosférica.
06. A Lei F ederal n. 11.097/2005 dispõe sobre a introdução do biodiesel na matriz energética brasileira e fixa em 5%, em
volume, o percentual mínimo obrigatório a ser adicionado ao óleo diesel vendido ao consumidor. De acordo com essa lei,
biocombustível é “derivado de biomassa renovável para uso em mot ores a combustão interna com ignição por
compressão ou, conforme regulamento, para geração de outro tipo de energia que pos sa substituir parcial ou totalmente
combustíveis de origem fóssil”.
07. O potencial brasileiro para gerar energia a partir da biomassa não se limita a uma ampliação do Proálcool. O país
pode substituir o óleo diesel de petróleo por grande variedade de óleos vegetais e explorar a alta produtividade das
florestas tropicais plantadas. Além da produção de celulose, a utilização da biomassa permite a geração de energia elétrica
por meio de termelétricas a lenha, carvão vegetal ou gás de madeira, com elevado rendimento e baixo custo.
Cerca de 30% do território brasileiro é constituído por terras impróprias para a agricultura, mas aptas à exploração
florestal. A utilização de metade dessa área, ou seja, de 120 milhões de hectares, para a formação de florestas energéticas,
permitiria produção sustentada do equivalente a cerca de 5 bilhões de barris de petróleo por ano, mais que o dobro do
que produz a Arábia Saudita atualmente.
Adaptado de: VIDAL, José Walter Bautista. Desafios internacionais para o século XXI. Seminário da Comissão de
Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, ago. 2002.
08. O setor residencial brasileiro é, depois da indústria, o que mais consome energia elétrica. a participação do setor
residencial no consumo total de energia cresceu de forma bastante acelerada nos últimos anos. Esse crescimento pode ser
explicado:
I. pelo processo de urbanização no país, com a migração da população rural para as cidades.
II. pela busca por melhor qualidade de vida com a maior utilização de sistemas de refrigeração, iluminação e
aquecimento.
III. pela substituição de det erminadas fontes de energia – a lenha, por exemplo – pela energia elétrica.
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09. A energia geotérmica tem sua origem no núcleo derretido da Terra, onde as temperaturas atingem 4 000 ºC. Essa energia é
primeiramente produzida pela decomposição de materiais radiativos dentro do planeta. Em fontes geotérmicas, a água,
aprisionada em um reservatório subterrâneo, é aquecida pelas rochas ao redor e fica submetida altas pressões, podendo atingir
temperaturas de até 370 ºC sem entrar em ebulição. Ao ser liberada na superfície, à pressão ambiente, ela se vaporiza e se
resfria, formando fontes ou gêiseres. O vapor de poços geotérmicos é separado da água e é utilizado no funcionamento de
turbinas para gerar eletricidade. A água quente pode ser utilizada para aquecimento direto ou em usinas de dessalinização.
Adaptado de: HINRICHS, Roger A.; KLEINBACH, Merlin. Energia e meio ambiente. Ed. ABDR.
10. Grandes lagos artificiais de barragens, como o Nasser, no rio Nilo, o Three Gorges, na China, e o de Itaipu, no Brasil,
resultantes do represamento de rios, estão entre as obras de engenharia espalhadas pelo mundo, com importantes efeitos
socioambientais.
Acerca dos efeitos socioambientais de grandes lagos de barragens, considere as afirmações abaixo.
I. Enquanto no passado grandes lagos de barragem restringiam-se a áreas de planície, atualmente, graças a progressos
tecnológicos, situam-se, invariavelmente, em regiões planálticas, com significativos desníveis topográficos.
II. a abertura das c omportas que represam as águas dos lagos de barragens impede a ocorrência de processos de sedimentação,
assim como provoca grandes enchentes a montante.
III. Frequentes desalojamentos de pessoas para a implantação de lagos de barragens levaram ao surgimento, no Brasil, do
movimento dos atingidos por barragens – mab.
IV. Por se constituírem como extensos e, muitas vezes, profundos reservatórios de água, grandes lagos de barragens provocam
alterações microclimáticas nas suas proximidades.
11. Os recursos energéticos utilizados atualmente podem ser classificados de várias formas, sendo usual a dis tinção baseada na
pos sibilidade de r enovação desses recursos (renováveis e não renováveis), numa escala de tempo compatível com a expectativa
de vida do ser humano.
12. Espalhadas do Espírito Santo a Santa Catarina, reservas de petróleo na área chamada de pré-sal prometem dar novo sentido
à estrofe do Hino Nacional “deitado eternamente em berço esplêndido.”
Zero Hora, Porto alegre, 20 abr. 2008.
Acerca do tema, que envolve as descobertas petrolíferas a gr andes profundidades, é correto afirmar que o petróleo é um(a):
(A) Substância que no brasil é encontrada principalmente em escudos cristalinos oceânicos, formada pela deposição de restos animais
e vegetais em ambientes planctônicos.
(B) Hidrocarboneto fóssil de origem orgânica, encontrado em bacias sedimentares, explorado no Brasil principalmente em solo
marítimo por meio de plataformas, e está em risco de escassez no mundo.
(C) Substância oleosa constituída basicamente por uma combinação de carbono e hidrogênio encontrada em escudos cristalinos, cuja
descoberta, no Brasil, tornou desnecessária a importação.
(D) recurso energético renovável utilizado como instrumento de influência política global e especulação financeira; sua descoberta
elevou o brasil, em curto prazo, ao grupo de elite dos produtores de petróleo.
(E) Substância que, juntamente com seus derivados, possui uso isento de riscos ambientais; sua tecnologia de exploração, desenvolvida
pela PETROBRAS, coloca o brasil como membro da OPEP.
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13. Lideranças indígenas denunciam construção de represas na bacia Amazônica
Lideranças indígenas denunciaram, em Londres, os efeitos negativos da possível construção de três represas na Bacia do Amazonas:
as hidrelétricas do Rio Madeira e Belo Monte, no Brasil, e a hidrelétrica de Paquitzapango, no Peru. As três represas, segundo as
lideranças, irão prejudicar as comunidades indígenas na região, além de causar um desequilíbrio ambiental nos ecossistemas locais.
Segundo Yakarepi, representante de uma tribo do Pará, “não existem garantias que assegurem a proteção dos direitos humanos das
tribos”.
Postado em: 2/3/2011 no Portal EcoDesenvolvimento. organizado pela redação do sítio eletrônico. Adaptado de:
<www.ecodesenvolvimento.org.br/posts/2011/fevereiro/lideres-indigenas-denunciam-construcao-derepresas#ixzz1X8oeFapb>.
Acesso em: 5 jul. 2011.
Belo Monte e a questão do desenvolvimento hidrelétrico sustentável
A Usina Hidrelétrica Belo Monte, com obras no Rio Xingu, Pará, é vista por alguns setores técnicos como um exemplo contundente da
possibilidade de se obter energia farta proveniente de hidrelétricas e, ao mesmo tempo, oferecer garantias aos direitos das populações
tradicionais e respeito ao meio ambiente. Segundo Marcelo Corrêa, diretor-presidente da Neoenergia S. A., “não se pode desprezar o
potencial hidráulico do Brasil, com cerca de 260 mil MW, dos quais 40,5% estão localizados na nova fronteira hidroenergética
brasileira, a Bacia Hidrográfica do Amazonas”.
Adaptado de: Homepage da Norte Energia S.A., responsável pela construção de belo monte. Disponível em:
<http://pt.norteenergiasa.com.br/2011/07/15/belo-monte-desenvolvimenio-hidreletrico-sustentavel/>. Acesso em: 5 jul. 2011.
O governo brasileiro planeja construir cerca de 60 represas na região amazônica, mas o tema provoca opiniões diferentes
em setores da sociedade. Uma explicação fundamental par a as dif erenças de opinião apontadas encontra-se em:
(A) capacidade tecnológica e financeira desigual entre os atores sociais.
(B) interesses divergentes relativos ao modo de ocupar o espaço regional.
(C) contradição persistente entre populações tradicionais e ecologistas.
(D) pressão crescente de outros países para o uso de recursos naturais.
(E) disparidade cultural intensa entre as sociedades indígena e branca.
14. A seleção dos locais para implementação de usinas hidrelétricas leva em consideração, entre outros fatores, a demanda
por energia e a topografia do relevo da região.
Considerando o exposto e a literatura sobre a produção de energia hidrelétrica no Brasil, identifique as afirmativas
corretas (C) e erradas (E):
( ) a bacia hidrográfica do rio Amazonas, apesar da enorme malha hidrográfica, sofre restrições à implantação de
usinas hidrelétricas, devido às suas características topográficas, as quais exigem o alagamento de extensas áreas
florestadas.
( ) a bacia hidrográfica do rio Uruguai apresenta o maior potencial hidrelétrico do país, porém não é aproveitada em
toda a sua potencialidade, tendo em vista as dificuldades naturais (relevo plano) e econômicas (baixo índice de
desenvolvimento) da região.
( ) a bacia hidrográfica do rio Paraná é a que apresenta o maior potencial hidrelétrico em operação no país, tendo em
vista as condições naturais e econômicas da região.
( ) a bacia hidrográfica do rio São Francisco apresenta alto potencial hidrelétrico aproveitado, pois seu relevo propicia
a construção de usinas hidrelétricas e há significativa demanda de energia no Nordeste.
( ) a bacia hidrográfica do rio Tocantins apresenta grande potencial hidrelétrico instalado, pois possui rios caudalosos
que percorrem extensas planícies e sua região apresenta grande demanda de energia, devido ao seu parque
industrial.
15. O acidente em Fukushima reaviva o trauma nuclear no Japão e leva o mundo a debater se essa fonte de energia é
realmente segura e imprescindível. Países cancelam ou reavaliam seus planos atômicos.
Veja. São Paulo: abril, 23 mar. 2011.
Considerando o texto e seus conhecimentos referentes à produção, uso e consumo da energia nuclear, é incorreto afirmar:
(A) a alta do petróleo é um fator favorável para que haja investimentos em energia nuclear, considerando o custo-benefício.
(B) o acidente de Chernobyl assim como o de Fukushima desencadeiam movimentos sociais antienergia nuclear.
(C) a produção de energia nuclear torna-se uma medida viável para os países com limitação de potencial hidrelétrico.
(D) a produção de energia nuclear brasileira é sabidamente eficiente por sua origem em tecnologia alemã, com altos padrões de
exigência para o funcionamento.
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16. As hidrelétricas têm desempenhado um papel destacado no processo de desenvolvimento econômico do Brasil. No entanto,
na fase de construção, as hidrelétricas causam diversos impactos diretos ao meio ambiente, tais como:
I. esvaziamento demográfico com forte emigração urbana.
II. possível alteração do trajeto do rio nas proximidades da obra.
III. desmatamento para construção de estradas.
IV. terraplanagem para a instalação de obras de apoio.
V. grandes mudanças climáticas regionais.
19. Uma empresa norte‑americana de bioenergia está expandindo suas operações para o Brasil para explorar o mercado de
pinhão‑manso. Com sede na California, a empresa desenvolveu sementes híbridas de pinhão‑manso, oleaginosa utilizada hoje
na produção de biodiesel e de querosene de aviação.
Adaptado de: MAGOSSI, E. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 19 maio 2011.
A partir do texto, a melhoria agronômica das sementes de pinhão‑manso abre para o Brasil a oportunidade econômica de:
(A) ampliar as regiões produtoras pela adaptação do cultivo a diferentes condições climáticas.
(B) beneficiar os pequenos produtores camponeses de óleo pela venda direta ao varejo.
(C) abandonar a energia automotiva derivada do petróleo em favor de fontes alternativas.
(D) baratear cultivos alimentares substituídos pelas culturas energeticas de valor economico superior.
(E) reduzir o impacto ambiental pela não emissão de gases do efeito estufa para a atmosfera.
20. No Estado de São Paulo, a mecanização da colheita da cana‑de‑açúcar tem sido induzida também pela legislação ambiental,
que proíbe a realização de queimadas em áreas próximas aos centros urbanos. Na região de Ribeirão Preto, principal polo
sucroalcooleiro do país, a mecanização da colheita já é realizada em 516 mil dos 1,3 milhão de hectares cultivados com
cana‑de‑açúcar.
BALSADI, O. et al. Transformações tecnológicas e a forçaa de trabalho na agricultura brasileira no período de 1990 ‑2000.
Revista de economia agrícola, v. 49 (1), 2002.
O texto aborda duas questões, uma ambiental e outra socioeconômica, que integram o processo de modernização da produção
canavieira. Em torno da associacao entre elas, uma mudança decorrente desse processo e a:
(A) perda de nutrientes do solo devido a utilização constante de máquinas.
(B) eficiência e racionalidade no plantio com maior produtividade na colheita.
(C) ampliação da oferta de empregos nesse tipo de ambiente produtivo.
(D) menor compactação do solo pelo uso de maquinário agrícola de porte.
(E) poluição do ar pelo consumo de combustíveis fósseis pelas máquinas.
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AS QUESTÕES 21, 22 E 23 REFEREM-SE AOS DEPOIMENTOS ABAIXO:
Em uma disputa por terras, em Mato Grosso do Sul, dois depoimentos são colhidos: o do proprietário de uma fazenda e o de um
integrante do Movimento dos Trabalhadores rurais sem Terra:
Depoimento 1
A minha propriedade foi conseguida com muito sacrifício pelos meus antepassados. Não admito invasão. Essa gente não sabe
de nada. Estão sendo manipulados pelos comunistas. Minha resposta será a bala. Esse povo tem que saber que a Constituição do
Brasil garante a propriedade privada. Além disso, se esse governo quiser as minhas terras para a reforma agrária terá que pagar,
em dinheiro, o valor que eu quero – proprietário de uma fazenda no Mato Grosso do Sul.
Depoimento 2
Sempre lutei muito. Minha família veio para a cidade porque fui despedido quando as máquinas chegaram lá na usina. Seu moço,
acontece que eu sou um homem da terra. Olho pro céu, sei quando e tempo de plantar e de colher. Na cidade não fico mais. Eu
quero um pedaço de terra, custe o que custar. Hoje eu sei que não estou sozinho. Aprendi que a terra tem um valor social. Ela é
feita para produzir alimento. O que o homem come vem da terra. O que é duro e ver que aqueles que possuem muita terra e não
dependem dela para sobreviver pouco se preocupam em produzir nela – integrante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra (MST), de Corumbá (MS).
21. O Centro‑Oeste apresentou‑se como extremamente receptivo aos novos fenômenos da urbanização, já que era praticamente
virgem, não possuindo infraestrutura de monta nem outros investimentos fixos vindos do passado. Pode, assim, receber uma
infraestrutura nova, totalmente a servico de uma economia moderna.
Adaptado de: SANTOS, M. A urbanização brasileira. São Paulo: EDUSP, 2005.
O texto trata da ocupação de uma parcela do território brasileiro. O processo econômico diretamente associado a essa ocupação
foi o avanço da:
(A) industrialização voltada para o setor de base.
(B) economia da borracha no sul da Amazônia.
(C) fronteira agropecuária que degradou parte do cerrado.
(D) exploração mineral na Chapada dos Guimaraes.
(E) extrativismo na região pantaneira.
22. A partir da leitura do depoimento 1, os argumentos utilizados para defender a posição do proprietário de terras são:
I. A Constituição do país garante o direito a propriedade privada; portanto, invadir terras é crime.
II. O MST é um movimento político controlado por partidos políticos.
III. As terras são fruto do árduo trabalho das famílias que as possuem.
IV. Este é um problema político e depende unicamente da decisão da justiça.
23. A partir da leitura do depoimento 2, quais os argumentos utilizados para defender a posição de um trabalhador rural
sem terra?
I. A distribuição mais justa da terra no país está sendo resolvida, apesar de que muitos ainda nao tem acesso a ela.
II. A terra é para quem trabalha nela e não para quem a acumula como bem material.
III. É necessário que se suprima o valor social da terra.
IV. A mecanização do campo acarreta a dispensa de mão de obra rural.
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24. Em 1872, Robert Angus Smith criou o termo “chuva ácida”, descrevendo precipitações ácidas em Manchester após a
Revolução Industrial. Trata-se do acúmulo demasiado de dióxido de carbono e enxofre na atmosfera que, ao reagirem
com compostos dessa camada, formam gotículas de chuva ácida e partículas de aerossóis. A chuva ácida não
necessariamente ocorre no local poluidor, pois tais poluentes, ao
serem lançados na atmosfera, são levados pelos ventos, podendo provocar a reação em regiões distantes. A água de forma
pura apresenta pH 7, e, ao contatar agentes poluidores, reage modificando seu pH para 5,6 e até menos que isso, o que
provoca reações, deixando consequências.
Disponível em: <www.brasilescola.com>. acesso em: 18 maio 2010 (adaptado).
O texto aponta para um fenômeno atmosférico causador de graves problemas ao meio ambiente: a chuva ácida
(pluviosidade com pH baixo). esse fenômeno tem como consequência
(A) a corrosão de metais, pinturas, monumentos históricos, destruição da cobertura vegetal e acidificação dos lagos.
(B) a diminuição do aquecimento global, já que esse tipo de chuva retira poluentes da atmosfera.
(C) a destruição da fauna e da flora e redução de recursos hídricos, com o assoreamento dos rios.
(D) as enchentes, que atrapalham a vida do cidadão urbano, corroendo, em curto prazo, automóveis e fios de cobre da rede
elétrica.
(E) a degradação da terra nas regiões semiáridas, localizadas, em sua maioria, no nordeste do nosso país.
25. As áreas do planalto do cerrado – como a chapada dos Guimarães, a serra de Tapirapuã e a serra dos Parecis, no
Mato Grosso, com altitudes que variam de 400 m a 800 m – são importantes para a planície pantaneira mato-grossense
(com altitude média inferior a 200 m), no que se refere à manutenção do nível de água, sobretudo durante a estiagem.
Nas cheias, a inundação ocorre em função da alta pluviosidade nas cabeceiras dos rios, do afloramento de lençóis freáticos
e da baixa declividade do relevo, entre outros fatores. Durante a estiagem, a grande biodiversidade é assegurada pelas
águas da calha dos principais rios, cujo volume tem diminuído, principalmente nas cabeceiras. cabeceiras ameaçadas.
Ciência Hoje. rio de Janeiro: SBPC. v. 42, jun. 2008 (adaptado).
A medida mais eficaz a ser tomada, visando à conservação da planície pantaneira e à preservação de sua grande
biodiversidade, é a conscientização da sociedade e a organização de movimentos sociais que exijam
(A) a criação de parques ecológicos na área do pantanal mato-grossense.
(B) a proibição da pesca e da caça, que tanto ameaçam a biodiversidade.
(C) o aumento das pastagens na área da planície, para que a cobertura vegetal, composta de gramíneas, evite a erosão do solo.
(D) o controle do desmatamento e da erosão, principalmente nas nascentes dos rios responsáveis pelo nível das águas durante o
período de cheias.
(E) a construção de barragens, para que o nível das águas dos rios seja mantido, sobretudo na estiagem, sem prejudicar os
ecossistemas.
26. O artigo 1º da Lei federal nº. 9 433/1997 (Lei das Águas) estabelece, entre outros, os seguintes fundamentos:
I. a água é um bem de domínio público;
II. a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico;
III. em situações de escassez, os usos prioritários dos recursos hídricos são o consumo humano e a dessedentação de
animais;
IV. a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas.
Considere que um rio nasça em uma fazenda cuja única atividade produtiva seja a lavoura irrigada de milho e que a
companhia de águas do município em que se encontra a fazenda colete água desse rio para abastecer a cidade. considere,
ainda, que, durante uma estiagem, o volume de água do rio tenha chegado ao nível crítico, tornando-se insuficiente para
garantir o consumo humano e a atividade agrícola mencionada. Nessa situação, qual das medidas adiante estaria de
acordo com o artigo 1o da Lei das Águas?
(A) manter a irrigação da lavoura, pois a água do rio pertence ao dono da fazenda.
(B) interromper a irrigação da lavoura, para se garantir o abastecimento de água para consumo humano.
(C) manter o fornecimento de água apenas para aqueles que pagam mais, já que a água é bem-dotado de valor econômico.
(D) manter o fornecimento de água tanto para a lavoura quanto para o consumo humano, até o esgotamento do rio.
(E) interromper o fornecimento de água para a lavoura e para o consumo humano, a fim de que