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Rio de Janeiro
Agosto de 2015
Castelli, Lucas Costa
iii
“Dubito, ergo Cogito, ergo Sum”
(René Descartes)
iv
Primeiramente dedico à minha bisavó, matriarca da
família, que pôde ver seu primeiro bisneto se formar.
À minha mãe, que não apenas sonhou, mas com
muita luta, me permitiu construir este momento.
Aos meus avós maternos, que foram as raízes que
fixaram os sonhos a realidade.
Por fim a minha esposa e meu filho, que dão novos
objetivos à minha vida.
v
AGRADECIMENTOS
Agradeço também a ANP, pelo suporte financeiro a este projeto, sem o qual o
mesmo não teria sido executado.
À minha mãe, Patricia, que sempre batalhou muito para garantir meus estudos e
sempre me manteve ao seu lado em todas nossas inúmeras aventuras.
A meus avós maternos, Paulo e Eleusa, que sempre deram suporte a minha mãe.
Um agradecimento especial a minha avó, que sempre auxiliou a no meu desenvolvimento
acadêmico e pessoal.
À minha esposa, Paula, que me deu muito apoio ao longo desses cinco árduos
anos de graduação, e com muita paciência e amor se manteve sempre ao meu lado.
A meus amigos, de longe ou perto, com quem convivo ou dos quais recordo, que
ao longo desses anos me acompanharam em diversos momentos. Em especial ao meu
compadre, Pietro, que me ajudou a realizar inúmeras empreitadas nesta jornada.
À minha família, por todo apoio e expectativa. Em especial meu filho, Gabriel, e
meu pequeno irmão, Pedro, por me darem inúmeros momentos de alegria infantil.
vi
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como
parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Naval e
Oceânico.
The work is an attempt to create a versatile, robust and simple computational tool
for the development of conceptual designs of planing boats.
The tool was developed from the application of a module from the SFD, a design’s
integrated system with the “Solution Focused Design” philosophy. The used module was
the dynamic equilibrium (DynEq) of high performance vessels based on hydrodynamics,
aerodynamics or aerostatics lift, applying the hydrodynamic part of planing boats.
The study was based on analytical, empirical and statistical methods for resistance
analysis: Savitsky, VPH and Holtrop. In addition to the research done on drag, this work
also engages the Newton-Rader series of supercavitating propellers.
The tool was designed to allow iterations with simplicity and quickly, following
the SFD’s principles. With several options that simplify and speed up numerous
evaluations along the design, including data, graphics and various images, DynEq always
keeps the input and output data displayed side by side.
viii
Sumário
1. Introdução ................................................................................................... 1
2. Estado da arte.............................................................................................. 2
7. Conclusão ................................................................................................. 89
8. Referências ............................................................................................... 90
ix
1. Introdução
No início das atividades offshore de exploração de petróleo as plataformas
operavam sobre uma pequena lamina d’água e razoavelmente próximas a costa. A curta
distância poderia ser superada com embarcações crew boat de baixas velocidades.
O EqDin, todavia, não surgiu desta demanda. Este trabalho apresenta uma
aplicação parcial do programa original, que é um dos principais componentes de um
sistema integrado de projeto, o SFD. Este sistema é baseado na filosofia “Solution
Focused Design” e conta com diversos módulos, com telas e interfaces
multidisciplinares, dentre eles o EqDin original. O mesmo é um trabalho que engloba a
sustentação dinâmica e a resistência ao avanço de diversos conceitos de embarcações de
alto desempenho. Não se limitando ao fenômeno de planeio, nem mesmo a fenômenos
hidrodinâmicos, a versão original do programa abrange ainda embarcações de sustentação
aerodinâmica e aerostática.
1
grande lacuna nas análises deste tipo de embarcação: poder avaliar com alta
confiabilidade planadores não prismáticos.
2. Estado da arte
Em Arquitetura Naval é tradicional tratar-se da Flutuabilidade das embarcações,
como corpos flutuantes que são, e suas posições de equilíbrio estático em cada condição
de carregamento. Para embarcações com sustentação dinâmica em velocidades altas,
surge a necessidade de se tratar não apenas dos aspectos estáticos, mas também dos
dinâmicos. Faz-se necessário avaliar em que posição se dará o equilíbrio de forças e
momentos a cada velocidade. Para velocidades baixas predomina o efeito estático,
comum à vasta maioria das embarcações do mundo, as ditas embarcações de
deslocamento (displacement hulls). É o regime de velocidade de deslocamento. Com o
aumento da velocidade surgem as componentes dinâmicas de sustentação e arrasto,
modificando o equilíbrio de forças e momentos, forçando a embarcação a uma nova
posição de equilíbrio. São os regimes de deslocamento de alta velocidade e o regime de
planeio.
2
As forças dinâmicas que sustentam o casco de planeio são as mesmas que resistem
ao seu avanço. Dessa maneira a resistência ao avanço em qualquer regime dinâmico de
sustentação está intimamente ligada à posição de equilíbrio.
Além dos dois aspectos anteriormente citados, que são peculiares a embarcações
de sustentação dinâmica há mais um aspecto crucial no projeto destas embarcações: a
estabilidade dinâmica. A estabilidade estática está relacionada à capacidade de a
embarcação suportar solicitações externas que tendem a emborcar o casco. A estabilidade
dinâmica não é diferente, mas mais abrangente. Esta estuda não só a capacidade de
restauração a jogo (roll, o chamado ‘chine walking’), mas também a arfagem (caturro, ou
pitch, na instabilidade denominada ‘porpoising’) e/ou na combinação dos dois, o
‘corkskwewing’. Nestes casos se considera não só o efeito de restauração de componente
estática devido à modificação do corpo submerso, mas também os efeitos dinâmicos,
embora o porpoising seja o mais estudado e muito mais provável de ocorrer.
3
levando a um consumo de recurso e tempo similar ao do CFD. A última opção é mais
robusta que os modelos estatísticos já que podem ser feitas combinações entre as opções
mapeadas, mas também é limitada ao conjunto de características estudadas. Ainda assim
é um modelo simples, fácil e rápido de aplicar, sendo perfeito para essa fase de projeto.
Outro exemplo comercial, que assim como anterior faz parte de um pacote de
renome, é o “Autopower®” do pacote “Autoship®”. Diferentemente do “Maxsurf
Resistance®”, não é mandatório que o projetista modele a forma, ele pode fornecer os
parâmetros manualmente, o que o torna vantajoso frente ao anterior.
4
Um resumo dos programas e suas funcionalidades pode ser visto na Tabela 1.
5
versão original o conceito é expandido para outras embarcações de sustentação dinâmica,
e não apenas planadores. Neste trabalho o “EqDin” foi aplicado apenas para planadores.
3. Sistema SFD
O sistema SFD, Solution Focused Design, é baseado no processo cognitivo de
projeto focado na solução, e não no problema, como o processo tradicional. O conceito
prioriza uma situação futura, para estimular um possível processo criativo, melhor do que
a simples resolução de um problema.
Como todas as disciplinas de projeto podem ser aplicadas na mesma interface que
garante a integração das mesmas há um ganho enorme de produtividade e tempo.
4. Programa EqDin
4.1 Conceito
O programa EqDin recebe esse nome pela sua função: cálculo de equilíbrio
dinâmico. Nele é possível estimar o equilíbrio de uma embarcação cuja sustentação não
é predominantemente hidrostática. Tal processo abrange os três principais aspectos que
6
dominam o projeto de qualquer embarcação de alto desempenho: força de sustentação,
resistência ao avanço e centro de pressão, contrapondo o peso e a distribuição de massa.
Essa adaptação conta basicamente com quatro módulos integrados. Dois deles
destinados à estimativa de equilíbrio dinâmico em planeio, no qual faz-se necessário
conhecer ou supor uma forma e sua distribuição de massa. Um módulo dedicado ao
cálculo de resistência ao avanço em velocidades baixas. E por fim um módulo de
propulsão, que auxilia o projeto do sistema propulsivo e ajuda a validar inicialmente a
distribuição de massa suposta.
4.2 Teorias
Esta seção é dedicada a explicar os métodos aplicados neste programa e seus
fundamentos teóricos. As quatro primeiras subseções são dedicadas às estimativas da
embarcação em planeio. A terceira complementa os outros dois métodos para velocidades
mais baixas, incluindo deslocamento de alta velocidade, onde predomina a sustentação
estática. Por fim a última subseção explica a série de propulsores supercavitantes
utilizadas como base para estimativas da propulsão.
O conceito deste método é bastante simples: trata-se a lancha como um casco com
ângulo de pé de caverna constante de comprimento semi-infinito, e estima-se a força de
pressão atuante no casco tratando-o como uma placa plana. A consideração geométrica
permite obter algumas relações geométricas, que podem ser vistas na Figura 1. A Figura
2 mostra a distribuição de pressão típica em uma placa plana.
7
Figura 1 - Interseções com a linha d'água
8
Figura 2 - Distribuição de pressão em uma placa plana
𝜏: ângulo de trim;
Stagnation Line: Linha de corrente que atinge velocidade nula ao se aproximar
do casco;
Spray Root: raiz do spray, ponto onde a direção do jato inverte de sentido;
𝛿 − 𝑆𝑝𝑟𝑎𝑦 𝑇ℎ𝑖𝑐𝑘𝑛𝑒𝑠𝑠: espessura do jato, distância medida da linha d’água
para a linha de estagnação, associada a quantidade de fluxo que irá inverter de
sentido;
1
𝜌𝑉 2 : considerando um fluido não viscoso, por Bernoulli o pico de pressão
2
acontece no ponto de estagnação, assim a pressão máxima tem seu valor igual
ao valor máximo da energia cinética, já que não há velocidade no ponto.
𝐶𝐿 = 𝐴𝜏 + 𝐵𝜏 2 (1)
9
𝐿
Como as embarcações possuem alto 𝐵, o segundo termo da equação 1 se torna
apenas uma pequena correção do primeiro, então descobriu-se que o lift poderia ser
tratado como função de 𝜏 1.1. Separou-se os termos dinâmicos e estáticos, para o primeiro
utilizou-se a formulação proposta por Sottorft (Sottorf, 1934). Para o segundo
componente utilizou-se uma formulação analítica. Por fim obteve-se os valores das
constantes desconhecidas empiricamente, obtendo-se a equação 2.
5
1
0.0055𝜆2
𝐶𝐿 = 𝜏 1.1 [0.0120𝜆2 + ] (2)
𝐶𝑣2
𝑜𝑛𝑑𝑒:
𝑉
𝐶𝑉 : 𝐶𝑜𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑣𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒
√𝑔𝑏
Onde
Em seu método Savitsky descreve o arrasto para águas tranquilas fazendo uso de
dois termos: pressão e arrasto viscoso. Sabe-se que a pressão atua sempre normal a
superfície, é possível decompor essa pressão em lift e drag. No equilíbrio a primeira
componente se iguala ao deslocamento e por relações geométricas pode-se obter a
equação 4. A componente viscosa pode ser calculada utilizando o coeficiente friccional
de Schoenherr, e assim obtém-se a equação 5.
𝐷𝑝 = Δtan(𝜏) (4)
𝑓 1 𝐶 𝑉 2 (𝜆𝑏 2 )
𝐷 = Δ tan(𝜏) + 2cos (5)
(𝛽)cos(𝜏)
Onde:
10
𝐷𝑝 = 𝐶𝑜𝑚𝑝𝑜𝑛𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑑𝑜 𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠𝑡𝑜
𝐷 = 𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠𝑡𝑜,
𝐶𝑓 = 𝑐𝑜𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑓𝑟𝑖𝑐𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 𝑡𝑢𝑟𝑏𝑢𝑙𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑆𝑐ℎ𝑜𝑒𝑛ℎ𝑒𝑟𝑟
𝑉1 = 𝑣𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑚é𝑑𝑖𝑎 𝑛𝑜 𝑓𝑢𝑛𝑑𝑜 𝑑𝑜 𝑐𝑎𝑠𝑐𝑜
𝜆𝑏 2
= á𝑟𝑒𝑎 𝑚𝑜𝑙ℎ𝑎𝑑𝑎
cos(𝛽)
𝑙𝑝 1
𝐶𝑝 = 𝜆𝑏 = 0.75 − 𝐶2
(6)
5.21∗ 2𝑣 +2.39
𝜆
Onde:
11
4.2.2 Resistência de Spray – Hadler
No método apresentado anteriormente a componente viscosa do arrasto considera
apenas a superfície molhada do casco, desprezando o efeito do spray no costado do casco.
O spray é o jato de água e ar que o casco lança para frente no encontro com a linha d’água.
Essa massa de água causa uma fricção no casco gerando resistência adicional.
Hadler, (Hadler, 1966), propõem uma formulação que inclui esse efeito.
Analogamente ao arrasto da superfície molhada tem-se a equação 7. Que é
complementada pela equação 8, e o coeficiente friccional é proveniente do ITTC, bem
como a correção devido a rugosidade Δ𝐶𝑓 .
𝜌
𝐷𝑠𝑝𝑟𝑎𝑦 = 2 𝑉 2 𝑆𝑠𝑝𝑟𝑎𝑦 𝑐𝑜𝑠𝜃(𝐶𝑓 + Δ𝐶𝑓 ) (7)
Onde:
(Δ𝜆)𝑏 2
𝑆𝑠𝑝𝑟𝑎𝑦 𝑐𝑜𝑠𝜃 = (8)
𝑐𝑜𝑠𝛽
1
𝑅𝑠𝑝𝑟𝑎𝑦 = 2 𝜌𝑉 2 Δ𝜆𝑏 2 𝐶𝑓 (9)
𝑐𝑜𝑠Θ
Δ𝜆 = 4𝑠𝑒𝑛(2𝛼)𝑐𝑜𝑠𝛽 (10)
12
aquém quando se trata dos termos estáticos. O VPH é então proposto para considerar uma
geometria completamente arbitraria e aumentar a precisão de ambos os termos.
O método propõe uma função polinomial formada por radicais, equação 11. Os
coeficientes da mesma podem ser obtidos em função de quatro condições de contorno:
𝐵
2𝑔(ℎ− 𝑡𝑎𝑛𝛽)
𝐶𝐿𝑆𝑃 (1) = − 4
(13)
𝑈2
1 𝐵
∫0 𝐶𝐿𝑆𝑃 (𝑥)𝑏̅(𝑥)𝑑𝑥 = 𝐿 𝐶𝐿𝛽𝐷 (14)
𝑘
1 𝐵 𝐶
∫0 𝐶𝐿𝑆𝑃 (𝑥)𝑏̅(𝑥)𝑥𝑑𝑥 = 𝐿 𝐶𝐿𝛽𝐷 ( 𝐿𝑃𝐷) (15)
𝑘 𝑘
13
Figura 4 - Corpo submerso adimensionalizado
14
𝑅𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝑅𝐹 (1 + 𝑘1 ) + 𝑅𝐴𝑃𝑃 + 𝑅𝑤 + 𝑅𝑏 + 𝑅𝑇𝑅 + 𝑅𝐴 (16)
1
𝑅𝐹 = 2 𝜌𝑉 2 𝐶𝑓 𝑆 (17)
0.36486
𝐿3 −0.604247
(∇) ∗ (1 − 𝐶𝑝 ) (18)
𝑑 −2
𝑅𝑊−𝐴 (𝐹𝑛 ) = 𝑐1 𝑐2 𝑐5 𝛻𝜌𝑔𝑒 𝑚1 𝐹𝑛 +𝑚2 𝑐𝑜𝑠(𝜆𝐹𝑛 ) 𝐹𝑛 ≤ 0.4
𝑑 −2
{ 𝑅𝑊−𝐵 (𝐹𝑛 ) = 𝑐17 𝑐2 𝑐5 𝛥𝜌𝑔𝑒 𝑚3 𝐹𝑛 +𝑚4 𝑐𝑜𝑠(𝜆𝐹𝑛 ) 𝐹𝑛 ≥ 0.55 (20)
10𝐹𝑛 −4
𝑅𝑤 (𝐹𝑛 ) = 𝑅𝑊−𝐴 (0.4) + (𝑅𝑊−𝐵 (0.55) − 𝑅𝑊−𝐴 ) 0.4 < 𝐹𝑛 < 0.55
1.5
−2 3 1.5
0.11𝑒 −3𝑃𝐵 𝐹𝑛𝑖 𝐴𝐵𝑇 𝜌𝑔
𝑅𝐵 = (21)
1+𝐹𝑛2
15
Todos os modelos foram testados para nove números de cavitação, 𝜎 =
0.25, 0.30, 0.40, 0.50, 0.60, 0.75, 1.00, 2.50, 5.5. O último número de cavitação
corresponde à pressão atmosférica no domo do túnel de cavitação. Os propulsores foram
nomeados de acordo com sua razão de área e passo. O nome do modelo ficou sendo
AX/YY/ZZZ, onde o X é o número de pás, nessa série sempre 3. Os dois dígitos Y são as
duas primeiras casas decimais da razão de área e ZZZ é o digito inteiro e os dois primeiros
decimais da razão de passo. Os resultados para o modelo A3/71/125 pode ser visto no
Gráfico 1, Gráfico 2 e Gráfico 3.
16
Gráfico 2- Resultados dos testes para o modelo A3/71/125
17
O número de cavitação utilizado no modelo não considera a velocidade resultante
que atua sobre o bordo de ataque do propulsor a 0.7R. Para facilitar o procedimento de
projeto do propulsor o número de cavitação utiliza apenas a velocidade axial incidente
sobre o propulsor, equação 24. Assim para uma dada posição vertical do propulsor e uma
velocidade incidente há apenas um número de cavitação, o que reduz as inúmeras tabelas
de 𝐾𝑇 , 𝐾𝑄 , 𝐽 para apenas uma por modelo, totalizando doze tabelas.
𝑝0 −𝑒
𝜎= 𝜌 2 (24)
𝑉
2
4.3 Implementação
4.3.1 Savitsky
Todo o método de Savitsky foi implementado em formato computacional. Um
código antigo de uma versão inicial do EqDin foi aproveitado nessa nova versão. Alguns
bugs foram sanados e melhorias numéricas foram implementadas, aumentando a robustez
e confiabilidade do método implementado. O código ainda permite a inclusão do efeito
de arrasto devido a spray, tanto pela aproximação feita por Hadler quanto a feita por
Savitsky. O adendo de código do Hadler foi aproveitado do projeto original e o do
Savitsky foi desenvolvido baseado em seu artigo.
18
O programa executa o método para um conjunto definido de velocidades. Para
cada velocidade é feita uma busca da combinação do trim e afundamento da embarcação
em que a mesma possui equilíbrio de forças e momentos. Essa busca é feita considerando
os parâmetros geométricos. Para velocidades baixas o método é complementado com as
estimativas de Holtrop, utilizando as características do casco submerso no equilíbrio
dinâmico até uma velocidade equivalente a Froude 0,4 (a partir de onde o método de
Savitsky funciona).
Variável Valor
𝚫 60000 lb
LCG 29.0 ft
VCG 2.0 ft
B 14 ft
𝜷 10º
V 40 nós
a 1.39 ft
f 0.50 ft
e 4º
Δ 115000 pounds
LCG 27,5 ft
Boca 16,2 ft
Deadrise 18,5º
Ângulo do eixo 10º
20
Tabela 6 - Dados de saida - com spray - Exemplo de spray
15000
14800
14600
14400
14200
14000
29 31 33 35 37 39 41
V [nós]
Programa Artigo
21
Exemplo de spray - Resistência total
17000
16500
16000
Rt [lb]
15500
15000
14500
14000
28 30 32 34 36 38 40 42
V [nós]
4.3.2 VPH
Esse método foi implementado no EqDin através de um código original feito em
Mathcad® para a publicação da dissertação de mestrado (Ribeiro, 2002) onde o método
foi proposto. Como este método utiliza uma discretização bastante refinada do casco faz-
se necessário conhecer as características geométricas em um grande de conjunto de seções
transversais. Como simplificação nessa aplicação do EqDin implementou-se um código
matemático para gerar esse conjunto baseado em características geométricas do casco a
ré, a meia nau e a vante.
22
Para validar a implementação utilizou-se um casco da série “Keuning e
Gerritsma”, (Keuning & Gerritsma, 1982), os mesmos usados no trabalho original. Os
dados de entrada utilizados no programa podem ser vistos na Tabela 7. Os dados de saída
podem ser vistos na Tabela 8 e no Gráfico 6.
23
𝑋𝐴𝑉 : 𝑐𝑜𝑜𝑟𝑑𝑒𝑛𝑎𝑑𝑎 𝑑𝑜 𝑝𝑜𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑒𝑙𝑒𝑣𝑎çã𝑜 𝑑𝑜 𝑅𝑎𝑘𝑒 𝑑𝑒 𝑝𝑟𝑜𝑎;
𝑋𝑐ℎ𝑎𝑣 : 𝑝𝑜𝑠𝑖çã𝑜 𝑑𝑜 𝑓𝑖𝑚 𝑑𝑎 𝑞𝑢𝑖𝑛𝑎;
𝑋𝑇 : 𝑝𝑜𝑠𝑖çã𝑜 𝑙𝑜𝑛𝑔𝑖𝑡𝑢𝑑𝑖𝑛𝑎𝑙 𝑑𝑎 𝑝𝑟𝑜𝑝𝑢𝑙𝑠ã𝑜.
Resistência ao Avanço
13
12
11
10
Rt [N]
9
8
7
6
5 5,5 6 6,5 7 7,5 8
V [nós]
Rt exp[N] Rt prog[N]
4.3.3 Holtrop
O método de Holtrop, como mostrado anteriormente, é fruto de um trabalho
extenso publicado nas duas publicações principais de seis existentes do autor no assunto:
(Holtrop & Mennen, 1982) e (Holtrop, 1984). Na segunda publicação não foram
apresentadas todas as equações necessárias, uma vez que as mesmas já haviam sido
publicadas dois anos antes. Dessa forma o método aqui implementado inclui todas as
equações da segunda publicação e as equações complementares presentes somente na
versão de 1982.
24
estatística desses dois parâmetros, mas caso eles já sejam conhecidos a estimativa de
resistência pode ser significativamente melhorada, desse modo foi possibilitado que o
usuário utilize a aproximação ou indique manualmente um ou ambos os valores.
L [m] 50
B [m] 12
TF [m] 3,1
TA[m] 3,3
∇ [m3] 900
Sapp 50
(1+k2) 3
Cstern 0
ABT [m2] 0
IE 25º
CM 0,78
LCB [m] 22,75
AT [m2] 10
25
CWP 0,80
𝑂𝑛𝑑𝑒:
𝑇𝐹 𝑒 𝑇𝐴 : 𝑐𝑎𝑙𝑎𝑑𝑜 𝑎 𝑣𝑎𝑛𝑡𝑒 𝑒 𝑎 𝑟é, 𝑟𝑒𝑠𝑝𝑒𝑐𝑡𝑖𝑣𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑒;
𝑆𝑎𝑝𝑝 : 𝑠𝑢𝑝𝑒𝑟𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒 𝑚𝑜𝑙ℎ𝑎𝑑𝑎 𝑑𝑜𝑠 𝑎𝑝𝑒𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒𝑠;
1 + 𝑘2 : 𝑐𝑜𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑒𝑞𝑢𝑖𝑣𝑎𝑙𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑓𝑜𝑟𝑚𝑎 𝑑𝑜𝑠 𝑎𝑝𝑒𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒𝑠;
𝐶𝑠𝑡𝑒𝑟𝑛 : 𝑐𝑜𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑓𝑜𝑟𝑚𝑎 𝑑𝑜 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑜𝑚;
𝐴𝐵𝑇 : á𝑟𝑒𝑎 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑣𝑒𝑟𝑠𝑎𝑙 𝑑𝑜 𝑏𝑢𝑙𝑏𝑜;
𝐼𝐸 : â𝑛𝑔𝑢𝑙𝑜 𝑑𝑒 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 𝑑𝑎 𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎 𝑑 ′ á𝑔𝑢𝑎;
𝐴𝑇 : á𝑟𝑒𝑎 𝑚𝑜𝑙ℎ𝑎𝑑𝑎 𝑑𝑜 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑜𝑚;
𝐶𝑊𝑃 : 𝑐𝑜𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎 𝑑′ á𝑔𝑢𝑎.
Resistência Total
950
900
850
800
750
700
650
600
24 26 28 30 32 34 36
26
4.3.4 Propulsão
O último módulo do programa consiste em uma seleção preliminar de propulsores,
que já permite fazer uma pré-seleção dos motores e assim reconhecer um dos
componentes mais pesados do projeto, ajudando a validar a estimativa de peso e CG
utilizada no equilíbrio dinâmico.
Nessa aba o usuário pode fornecer os dados de resistência a ser vencida ou coletar
tal informação de um dos outros módulos. Depois é necessário configurar o sistema
propulsivo no que diz respeito a número de propulsores e suas posições. Por fim
especificações quanto aos parâmetros propulsivos e diâmetros possíveis para os
propulsores devem ser indicados para que o programa então encontre o conjunto de
hélices da série Newton-Rader que fornecem o empuxo necessário ao menor consumo de
potência. Essa seleção é feita calculando o 𝐾𝑇 requerido e buscando-o na curva 𝐾𝑇 , 𝐾𝑄 , 𝐽
de todos os possíveis hélices.
[1]- O projetista deve ter boas estimativas das dimensões principais, requisitos
de projeto, características dominantes da geometria, peso e estimativa de
faixas de LCG (típicas de lancha) e do VCG da embarcação projetada.
27
[2]- De acordo com as características da forma utilizada e preferência do
projetista ele deve escolher entre utilizar o método de Savitsky ou o VPH.
Essa escolha deve ser feita considerando que o Savitsky é um método
tradicional e consagrado, porém limitado a embarcações prismáticas, e
quaisquer análises por equivalências requerem experiência e critica
aguçada do projetista. Em contrapartida há o VPH, desenvolvido para
embarcações não-prismáticas, porém é novo e ainda não se consagrou.
[3]- De acordo com o método escolhido deve-se supor ou estimar todos os
parâmetros geométricos necessários a execução do programa.
[4]- Com os dados fornecidos e o método selecionado o projetista executará o
programa, obtendo os dados de equilíbrio dinâmico e resistência. Na tela
integrada ele poderá avaliar a evolução do equilíbrio e resistência.
[5]- O projetista deverá então avaliar se o equilíbrio dinâmico é adequado a
aplicação do projeto. Caso não seja ele deverá estimar novamente o CG
voltando ao passo [4]. Caso contrário ele deve prosseguir.
[6]- Agora o projetista deve avaliar se a resistência está adequada. Caso ele
considere que alguma alteração na forma pode reduzir a resistência
mantendo um bom equilíbrio dinâmico ele deve voltar ao passo [3]. Caso
contrário ele prossegue.
[7]- O projetista irá usar a resistência estimada nos cálculos de propulsão.
[8]- O projetista deve fornecer os dados de entrada configurando o sistema
propulsivo do modo desejado: quantidade de eixos, posição vertical,
diâmetros a serem estudados.
[9]- Será necessário fornecer os coeficientes propulsivos ao programa. Ele
pode fornecê-los manualmente e partir para o passo [11] ou utilizar as
estimativas estatísticas de Holtrop no passo [10].
[10]- Para utilizar as estimativas de Holtrop para os coeficientes propulsivos é
necessário configurar os dados de entrada do método como se fosse
estimar a resistência, e mais, deve-se dar os dados de um hélice.
[11]- Já é possível executar o programa em busca de todos os hélices capazes de
propelir a embarcação na velocidade requerida.
[12]- Visualizando graficamente todos os candidatos a solução é possível avaliar
se o BHP está adequado ou não. Em caso negativo deve se reconfigurar o
sistema propulsivo retornando ao passo [8].
28
[13]- Caso o BHP inicial seja razoável o projetista deverá refinar o estudo
fornecendo as margens: mar, rotação e motor. Indicar ainda todas as razões
de redução que ele deseja utilizar, bem como as faixas de rotação e
potência de que dispõem.
[14]- É possível então aplicar os filtros e margens a todos os hélices,
considerando cada um individualmente com cada razão de redução. Isso
deve ser feito com o auxílio de experiência ou catálogos comerciais.
[15]- Caso não haja nenhuma solução o projetista deve reavaliar os filtros com
auxilio gráfico das diversas possibilidades.
[16]- Dentre as diversas soluções possíveis deve-se avaliar se alguma delas será
adotada e se o peso desse sistema propulsivo definido está de acordo com
a estimativa de peso proposta inicialmente e caso necessário retornar ao
passo [4].
Essa proposta será aplicada em um exemplo prático mais adiante nesse trabalho.
Ao longo do exemplo os dados numéricos, bem como as telas e ferramentas do programa
serão apresentados por figuras, gráficos e tabelas, todos retirados diretamente do
programa ou através da função report.
29
Figura 6 - Fluxo de trabalho
30
5. Manual de utilização
O programa conta com opções corriqueiras a todo o tipo de programa: novo, salvar
e abrir. Conta ainda com opções simples para configurar os parâmetros ambientais
utilizados nas estimativas: propriedades do fluido, aceleração da gravidade e pressão
atmosférica. Opções de controle do sistema de unidade do output, velocidades utilizadas
nas estimativas, troca de dados entre os métodos e report também estão disponíveis.
31
Figura 7 - EqDin - Funções globais
32
Figura 9 - Janelas auxiliares
33
Figura 10 - Barra de ferramentas - File
34
utilizados, e dados de entrada e saída de cada método executado. O sistema de
unidades pode ser selecionado entre o métrico e o imperial.
E- Exit: fecha o programa.
35
Figura 14 - Speed Table Input
37
Figura 17 - Input Exchange
38
Figura 19 - Interface – Savitsky
39
Figura 20 - Input - Savitsky
O canto esquerdo, que pode ser visto em detalhe na Figura 20, é dedicada aos
dados de entrada. São eles na ordem em que aparecem:
40
Speed: velocidade de projeto. Caso a opção de utilizar uma tabela com as
velocidades esteja selecionada, ela não poderá ser preenchida, e conterá o
texto “table”. Se a velocidade mínima, máxima ou o passo de aplicação
dessas velocidades conflitar com a velocidade de projeto, elas são
automaticamente ajustadas para: 0 nós (mínima), 120% da velocidade de
projeto (máxima), 1 nó (passo);
f: posição longitudinal de aplicação da força propulsiva;
𝝐: ângulo entre a linha de base e a força propulsiva;
a: distância vertical entre o arrasto e o cetro de gravidade, medido normal
ao arrasto. Parâmetro calculado automaticamente;
𝑪𝑽 : coeficiente de velocidade, análogo ao número de froude, considerado
transversalmente. Parâmetro calculado automaticamente.
𝑪𝒍𝜷 : coeficiente de sustentação para o prisma considerado. Parâmetro
calculado automaticamente.
Spray – Hadler: inclui o efeito de resistência devido ao spray através das
estimativas proposta por Hadler, 1976;
Whisker Spray: análogo a opção anterior, mas considerando as
estimativas propostas por Savitsky et al (2007).
41
Figura 21 - Output - Savitsky
42
Logo ao lado dos dados de entrada se encontram os dados de saída. Sua
apresentação numérica pode ser vista em detalhes na Figura 21. Os dados de saída são:
projeto;
Re: número de Reynolds;
𝑪𝒇 : coeficiente friccional de Schoenherr;
𝚫𝑪𝒇 : incremento no coeficiente friccional devido a rugosidade do casco;
𝑫𝒇 : arrasto de origem friccional;
𝑫𝒑 : arrasto de origem de pressão;
𝑫𝒕 : arrasto total;
𝑳𝒄𝒑: posição longitudinal do centro de pressão;
Lift: sustentação total atuando no casco;
EHP: potência efetiva;
𝑳𝒌 : comprimento de quilha molhada;
𝑳𝒄 : comprimento de quina molhada;
𝑳𝒎 : média entre os comprimentos de quina e quilha;
d: afundamento do casco;
Fn: número de Froude.
43
Figura 22 - Gráfico - Savitsky
Ao lado dos dados de saída, na parte inferior da interface também é possível ver
os gráficos gerados com os dados de saída do método. O gráfico pode ser visto em detalhe
na Figura 22.Podem ser gerados diversos tipos de gráficos. Em todas as opções há uma
barra vertical indicando a velocidade selecionada nos dados de saída e o ponto equivalente
ao número de Froude 0,4, e número de Taylor 1,34, ambos indicativos do
desenvolvimento do planeio e validade do método. Para velocidades inferiores os dados
são obtidos pelo método de Holtrop, e as características submersas consideradas
constantes e iguais as obtidas para Froude 0,4.
44
𝑪
√ 𝒍: Raiz de coeficiente de sustentação sobre dois. Parâmetro utilizado
𝟐
Além do esboço, há uma ferramenta que pode ser utilizado através do botão
“Animate” acima do desenho da Figura 20. Isto fará com que as imagens de cada posição
de equilíbrio sejam exibidas em sucessão, em função da velocidade, criando uma
representação atemporal do casco acelerando. No canto superior é exibida a velocidade e
o número de Froude de cada estado exibido.
45
interface completa pode ser vista na Figura 24. E posteriormente cada região da interface
é exibida em detalhes.
46
Figura 25 - Input - VPH
Abaixo a lista dos dados de entrada na ordem em que aparecem na Figura 25:
47
são automaticamente ajustadas para: 0 nós (mínima), 120% da velocidade
de projeto (máxima), 1 nó (passo);
𝐁𝐦á𝐱 at chine: boca máxima na quina;
𝐁𝐚𝐟𝐭 at chine: boca no extremo de ré da quina, medida na mesma;
𝜷𝒂𝒇𝒕 : ângulo de pé de caverna a ré do casco;
𝜷𝒎𝒔 : ângulo de pé de caverna a meia seção;
𝜷𝒇𝒘𝒅 : ângulo de pé de caverna a vante do casco;
Transom Rake: ângulo de Rake no espelho de popa;
Baseline fwd end: posição longitudinal onde a quilha começa a se elevar;
Chine fwd end: posição longitudinal onde a quina encontra a quilha,
deixando de existir;
Cwp – fwd: coeficiente de área a vante;
𝝐: ângulo entre a linha de base e a força propulsiva;
Long. Thrust: posição longitudinal de aplicação da força propulsiva;
48
Figura 26 - Output - VPH
O output pode ser visto na Figura 26, abaixo a lista de dados obtidos após a
execução do método:
49
𝑳𝒌 : comprimento de quilha molhada;
𝑳𝒄 : comprimento de quina molhada;
𝑳𝒎 : média entre os comprimentos de quina e quilha;
d: afundamento do casco;
Fn: número de Froude.
Por fim, como último detalhe da interface deste método tem-se a Figura 28, que
contempla os gráficos que podem ser gerados pelo programa. Analogamente ao método
anterior há um marcador para a velocidade selecionada nos dados de saída, um marcador
indicando a velocidade onde o fenômeno de planeio começa a se manifestar e opções para
ambos os eixos.
50
Resistance Components: as duas componentes da resistência, e a soma
das duas são plotadas no gráfico vs X;
Power: é plotado EHP vs X;
Relevante parameters: é plotado “𝐿𝑘 , 𝐿𝑐 , 𝐿𝑚 , 𝑡𝑟𝑖𝑚 𝑒 𝑑" vs X;
51
Figura 29 - Interface - Holtrop
52
Figura 30 - Input [1] - Holtrop
A aba principal dos dados de entrada, vista na Figura 30, contém os seguintes
parâmetros:
54
Figura 31 - Input [2] - Holtrop
A aba secundária dos dados de entrada, vista na Figura 31, contém os seguintes
parâmetros e ferramentas:
55
D: diâmetro do propulsor;
𝑨𝒆 /𝑨𝟎 ∶ razão de área do propulsor;
𝑷/𝑫: razão de passo do propulsor;
Number of Propellers: quantidade de propulsores;
𝐃𝐭𝐮𝐧𝐧𝐞𝐥 : diâmetro do túnel do propulsor transversal;
𝐂𝐁𝐓𝐎 : coeficiente de resistência devido aos tuneis de Bow Thrusters;
Roughness: rugosidade média da superfície molhada do casco.
A aba secundária, como dito anteriormente, foi criada para auxiliar o projetista.
Caso ele esteja interessado apenas na resistência e conheça o coeficiente de forma da
popa, a área total dos apêndices e seu coeficiente de forma, ele nem mesmo precisará
utilizar a aba secundária.
𝑹𝒕 : resistência total;
𝑹𝒇 : resistência friccional;
𝑹𝒗 : resistência viscosa, de forma ou de pressão viscosa. Implícita na
expressão original como produto de “k1” e a resistência viscosa;
𝑹𝒘 : resistência de onda;
𝑹𝒂 : resistência de correlação modelo-protótipo;
𝑹𝒕𝒓 : resistência de pressão devido ao espelho molhado;
𝑹𝒃 : resistência de pressão devido ao bulbo;
𝑹𝒂𝒑𝒑 : resistência devido aos apêndices;
56
Figura 33 – Output[2] - Holtrop
Todos os outros parâmetros de saída podem ser vistos na Figura 33, e são eles:
57
PT: potência fornecida pela propulsão;
O gráfico deste método, visto na Figura 34. Para qualquer gráfico exibido a
velocidade selecionada será indicada por uma barra vertical.
58
Figura 35 - Interface [1] – Propulsão
59
Figura 36 - Interface [2] – Propulsão
60
Figura 37 - Input – Propulsão
61
B: parcela percentual para a definição de H como função do diâmetro do
propulsor;
Diameters: número de diâmetros a serem utilizados no dimensionamento
dos hélices;
D: diâmetro do propulsor;
𝝎: coeficiente de esteira para um dado diâmetro;
𝒕: coeficiente de redução de empuxo para um dado diâmetro;
𝜼𝑹 : eficiência relativa rotativa;
62
Figura 39 - Output – Propulsão
O programa irá procurar um ponto de operação para cada diâmetro em cada uma
das 12 geometrias disponíveis da série utilizada. Caso o hélice não possa ser utilizado os
dados referentes ao ponto de operação estarão preenchidos com “NA”, de not applicable,
caso contrário seu valor numérico será exibido, conforme a lista de dados de saída a
seguir:
63
Propeller: nomenclatura da geometria de acordo com proposta da série,
(Newton & Rader, 1961). Também é um campo selecionável dentre as 12
opções;
𝝈: número de cavitação expresso pela equação 24;
Boss Depth: profundidade do propulsor, calculado com os parâmetros
fornecidos de acordo com a equação 25;
𝑲𝒕 : coeficiente de empuxo do hélice no ponto de operação;
𝑲𝒒 : coeficiente de torque do hélice no ponto de operação;
𝜼: eficiência do hélice no ponto de operação;
J: coeficiente de avanço do hélice no ponto de operação;
𝑻𝒓𝒆𝒒𝒖𝒊𝒓𝒆𝒅 : empuxo requerido em cada propulsor;
𝑻𝒑𝒓𝒐𝒑 : empuxo fornecido por cada propulsor;
𝑻𝒅𝒆𝒍𝒊𝒗𝒆𝒓𝒆𝒅 : empuxo total fornecido pelo conjunto de propulsores;
𝑽𝒂 : velocidade axial média incidente sobre o hélice;
N: rotação do hélice no ponto de operação;
𝑸𝒐𝒑𝒆𝒏 𝒘𝒂𝒕 : torque requerido por cada propulsores em águas abertas;
𝑸𝒓𝒆𝒒𝒖𝒊𝒓𝒆𝒅 : torque requerido por cada propulsor considerando o efeito do
casco;
EHP: potência efetiva consumida pelo casco nu e seus apêndices;
THP: potência entregue por cada propulsor;
PHP: potência requerida por cada propulsor, ou potência de eixo;
BHP: potência entregue pelo motor a cada eixo, já considerando todas as
margens de seleção/operação.
Além dos dados numéricos alguns gráficos, visto na Figura 41, auxiliam a análise
dos hélices dimensionados. As possibilidades de gráficos são:
65
𝑲𝒕 , 𝑲𝒒 , 𝜼 𝒗𝒔 𝑱: gráfico típico de propulsores, aplicado para o número de
cavitação apropriado e com indicação do J correspondente a operação do
propulsor, caso haja. O programa artificialmente considera que quando J
tende ao seu valor máximo o coeficiente de torque tende a zero, ao invés
de aumentar indefinidamente;
R, T vs N: plota a resistência do casco e o empuxo fornecido pelo hélice
contra a rotação do mesmo, caso haja ponto de operação o mesmo é
indicado;
Power vs N: plota quatro pontos de potência contra rotação, um para cada
margem ou perda aplicada em série. O primeiro ponto considera apenas a
perda de transmissão, o segundo adiciona a margem de rotação, o terceiro
a de mar e o último a de motor. Os dois últimos pontos são respectivamente
o CRS e o MCR;
BHP vs N (1D): plota o ponto MCR para cada hélice do diâmetro
selecionado. É possível clicar em um ponto do gráfico para selecionar o
mesmo nos dados de saída;
BHP vs N (all D): plota o ponto MCR para cada hélice de cada diâmetro.
É possível clicar em um ponto do gráfico para selecionar o mesmo nos
dados de saída.
A segunda aba dos dados de saída “Tables and Selection”, vista em Figura 36. Ela
conta com uma tabela, Figura 42, que exibe o propulsor selecionado, a rotação do mesmo,
66
a redução considerada e a rotação do motor. Essa tabela é atualizada a cada iteração do
projetista com o programa ao aplicar algum filtro.
67
6. Exemplo de aplicação
Para exemplificar a aplicação utilizou-se uma embarcação da série sistemática
desenvolvida para a guarda costeira americana, (Kowalyshyn & Metcalf, 2006).
O artigo relata uma série de experimentos em modelos de 10 pés, e por fim uma
prova com uma embarcação de 80 pés. Desse modo escolheu-se a forma referente a esta
embarcação. A mesma possui deadrise variável, e por isso o método mais apropriado é o
VPH. Para validar o método os resultados experimentais em escala 1:8 (10 pés) e 1:1 (80
pés) serão comparados aos resultados calculados.
Parâmetros Variant
Geométricos 3 5631
Deslocamento 375
(lbs)
LCG (ft) 3,8
VCG (ft) 1,5
LOA (ft) 10,900
B (ft) 2,364
D (ft) 1,500
Bmax (ft) 2,364
Baft (ft) 2,364
bMN (º) 25,4
bAR (º) 20,0
bAV (º) 35,0
RAKE (º) 0,001
xAV (ft) 9,000
xchAV (ft) 10,500
CV 0,75
e (º) 10
xT (ft) 0
68
Figura 45 - Modelo 5631-10pés
69
Os resultados calculados comparados com os do tanque de prova e o método de
Savitsky podem ser vistos no Gráfico 8 e na Tabela 12. Uma foto do teste pode ser vista
na Figura 46.
Resistência ao Avanço
120,0
100,0
80,0
R [lb]
60,0
40,0
20,0
0,0
0 5 10 15 20 25
V [nós]
70
Figura 46 - Teste dos modelos da USGC
Parâmetros 80
Geométricos Feet
Deslocamento
156000
(lbs)
LCG (ft) 30,4
VCG (ft) 9
LOA (ft) 87,2
B (ft) 17,9
D (ft) 13
Bmax (ft) 17,9
Baft (ft) 17,9
bMN (º) 25,4
bAR (º) 20
bAV (º) 35
RAKE (º) 0,001
xAV (ft) 82
71
xchAV (ft) 86
CV 0,75
e (º) 10
xT (ft) 0
Resistência ao avanço
120
100
80
R [kN]
60
40
20
0
0 10 20 30 40 50 60
V [nós]
Rexp Rvph
Como o VPH implementado no EqDin conta com um código que gera a forma do
casco internamente algumas restrições e características são inerentes a esta criação. No
caso das quinas, elas são representadas por uma curva quadrática entre o espelho e a meia
nau. Isso acarretou em leves diferenças entre o casco testado e o analisado pelo programa.
Para continuar este exemplo a forma gerada internamente no módulo do VPH foi
72
modelada em 3D no Free!ship®. O plano de linhas pode ser visto na Figura 47, enquanto
o plano de balizas original de um casco deste modelo escalado para 47 pés pode ser visto
na Figura 48.
73
Figura 47 - Plano de Linhas
74
Figura 48 - Plano de Balizas - USGC 47"
75
Figura 49 - Input-EqDin-Crew80
76
Figura 50 - Output-EqDin-Crew80
Neste gráfico há uma região delimitada por um marcador vermelho, que delimita
o limite de Fn=0,4, que indica o início do desenvolvimento do fenômeno de planeio, e
77
limita a funcionalidade do método de Savitsky e do VPH. Até essa velocidade as
estimativas foram feitas utilizando o método de Holtrop. Os inputs são gerados
interpolando as características do casco no equilíbrio estático a velocidade nula, e no
equilíbrio dinâmico a velocidade equivalente a Fn 0,4. Apesar do pequeno salto na junção
Holtrop-VPH podemos considerar que os métodos se complementam satisfatoriamente.
Analisando o casco até 50 nós, o máximo trim encontrado foi de 6º, próximo a
velocidade de projeto. Apesar de ser um trim acentuado, é sabido que o método de
Savitsky, portanto o VPH, superestimam o trim, gerando resultados de 1º a 3º acima do
trim real experimentado pelas embarcações. Em todos os casos avaliados da série da
USGC o método superestimou o trim em 2º ou mais. Assim considerou-se que o trim
dinâmico máximo do “Crew80” será de 4º. Esse valor é razoável para operação. Dessa
maneira o LCG não modificado.
78
Utilizou-se a ferramenta “Input Exchange” para gerar os dados de entrada
necessário para rodar o método de Savitsky. O deadrise considerado nessa operação é o
de meia-nau. Esse valor é próximo ao deadrise medido no LCG, no LCP e no
comprimento molhado estático, conforme recomendações e estudos, (Savitsky, 2011). O
input e output na velocidade de projeto pode ser visto na Figura 53.
Figura 53 - Input/Output-EqDin-Crew80
A análise do casco por Savitsky como casco prismático foi feita para avaliar o
porpoising, que é a estabilidade dinâmica longitudinal. Pode-se perceber que a 35 nós
estimou-se a mesma resistência: VPH-93,3kN e SAV-93,7kN. Esse fato indica que o
79
tratamento do casco como prismático é aceitável. Desse modo pode-se avaliar a
ocorrência ou não de porpoising através da Figura 54 e da Figura 55.
Figura 54 - Porpoising[1]-EqDin
Figura 55 - Porpoising[2]-EqDin
80
𝛽𝑒𝑓𝑒𝑡𝑖𝑣𝑜 = 25,4° a curva que limita esta embarcação séria, com certo conservadorismo, a
de 20º. Pela tendência da curva e dos limites, podemos concluir que há estabilidade
dinâmica longitudinal até 50 nós, mais do que nós.
Figura 56 - Input-Propulsão-EqDin
81
Espera-se que a embarcação conte com motores de alta rotação, 1600rpm a
2100rpm. Deseja-se que o sistema propulsivo seja o mais eficiente possível, por isso será
feita uma varredura inicial dos diâmetros propostos para verificar a faixa de diâmetros
mais adequada para a faixa de rotação desejada. Considerou-se que a propulsão não
utilizará caixa redutora, reduzindo as perdas de transmissão. As perdas e margens e
aplicadas podem ser vistas na Tabela 15.
82
Tabela 16 - Hélices preliminares
83
Com esse largo conjunto de hélices apropriados a propelir a embarcação sobre as
condições especificadas pode-se então procurar o motor mais eficiente e adequado a
algum deles.
84
Figura 59 - Propulsores Adequados[1]
85
1660
1640
1620
Potência [kW] 1600
1580
Motor
1560
Hélices
1540
1520
1500
1550 1600 1650 1700 1750 1800 1850
Rotação [rpm]
É possível perceber então que o hélice de menor rotação não pode operar com este
motor. Sendo assim seleciona-se o hélice D=78cm A3/95/104. Os dados deste propulsor
podem ser vistos na Figura 61.
86
Figura 61 - Dados do propulsor selecionado – EqDin
87
Para validar as conclusões do projeto preliminar faz-se necessário validar o peso
e CG. O peso de combustível pode ser calculado facilmente com os dados do fabricante,
o ponto de operação e se considerarmos um raio de alcance de 300 milhas náuticas,
conforme a equação 26.
O peso estrutural pode ser estimado nesta etapa através de fórmulas estatísticas.
Para a superestrutura há uma formulação baseada na área da base desta região, (Ventura,
2002), conforme a equação 27. A estrutura principal pela equação 28, (Karayannis,
Molland, & Sarac-Williams, 1999) em (Grubisic, 2008).
1.36
𝑃𝑒𝑠𝑜𝐸𝑠𝑡𝑟𝑢𝑡𝑢𝑟𝑎 = 𝐾 ∗ 𝐸𝑚 = 29.5 𝑡 (28)
𝐾 = 0.0169
𝐸𝑚 = 𝐿 ∗ (𝐵 + 𝑇) + 0.85 ∗ 𝐿(𝐷 − 𝑇) = 242
Após esta etapa de projeto o peso estrutural pode sofrer pequenas alterações, bem
como todos os LCGs. A folga de peso, 12,8t, será utilizada para colocar as mobílias da
área de passageiros, os sistemas de rádio e navegação, um pequeno gerador, um pequeno
propulsor transversal e um sistema de fundeio. As mobílias devem ter seu LCG próximo
ao da superestrutura, um pouco mais a ré. O gerador é posicionado a ré, o sistema de rádio
88
e controle a vante, bem como fundeio e bow thruster. Ao fim da definição destes
elementos o deslocamento e LCG pode ser ajustado para coincidir com a premissa de
projeto. Caso contrário uma rápida revisão do equilíbrio dinâmico, resistência ao avanço
e propulsão pode ser refeita através do EqDin.
7. Conclusão
Ao fim deste trabalho podemos concluir que o EqDin é uma ferramenta que pode
ser aperfeiçoada para se tornar algo sem igual no mercado. Possui métodos empírico-
analíticos e estatístico de alta confiabilidade, corretamente implementados, conforme
demonstrado nas seções anteriores. Tais métodos permitem avaliar cascos de planeio
prismáticos, Savitsky, ou não, VPH.
De maneira rápida e fácil o projetista pode alterar sua forma preliminar, baseada
apenas em parâmetros de forma, para obter novos resultados de equilíbrio dinâmico e
resistência ao avanço. Dessa forma é possível garantir a eficiência e segurança do projeto.
O arranjo da área de convés poderia ganhar mais liberdade, já que os impactos do arranjo
na forma poderiam rapidamente ser avaliados e reorganizados. O trim dinâmico pode ser
ajustado para garantir o conforto das pessoas a bordo. E por fim pode-se maximizar a
velocidade do projeto, de modo a minimizar a viagem.
Utilizando a troca de dados entre os métodos é realmente simples fazer uma breve
avaliação de porpoising como proposta por Savitsky, (Savitsky, 1964), através de gráficos
simples de velocidade, Froude ou Reynolds.
Com uma forma bem definida o projetista pode facilmente procurar entre centenas
de propulsores da série Newton-Rader, aquele que não só é mais eficiente como melhor
se adequa aos motores disponíveis.
89
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