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Escola Secundária de Peniche 2022/2023

Atividade projeto
laboratorial:

“Produção de biodiesel a partir de


óleos alimentares queimados”

Da autoria de:
- Alexandre Silva
- Marta Póvoa
- Renata Castanheira
- Rui Morais
- Mateus Santos

Disciplina: Química
Professora: Leonor Marques

01.03.2023
Índice:

1. Introdução...................................................................................................3
2. Objetivos.....................................................................................................3
3. Questões-Problema.....................................................................................3
4. Introdução teórica.......................................................................................4
5. Materiais.....................................................................................................8
6. Reagentes....................................................................................................9
7. Perigos dos reagentes.................................................................................9
8. Variáveis.....................................................................................................9
9. Procedimento............................................................................................10
10. Esquema de montagem.............................................................................12
11. Observações..............................................................................................17
12. Registo de dados.......................................................................................19
13. Discussão..................................................................................................20
14. Conclusão.................................................................................................25
15. Crítica.......................................................................................................26
16. Bibliografia...............................................................................................27

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Introdução:

Nesta atividade laboratorial: Produção de biodiesel a partir de óleos


alimentares queimados, pretendemos explorar uma nova alternativa mais
sustentável, neste caso transformando resíduos (óleo alimentar queimado) em
fontes de energia renováveis (biodiesel). Esta prática tem ganho cada vez mais
importância em cenário mundial, devido à necessidade de reduzir a dependência
dos combustíveis fósseis e de encontrar fontes de energia mais limpas e
renováveis.
Além disso, é importante perceber que o descarte inadequado de óleos
alimentares pode provocar danos irreversíveis no meio ambiente, visto que estes
são considerados resíduos perigosos.
Neste contexto, pretendemos que esta consciência a nível ambiental seja
adquirida assim como o desenvolvimento de habilidades técnicas e científicas para
reduzir os impactos ambientais.

Objetivos:

Nesta atividade laboratorial pretendemos:


o Aprender e perceber o processo de produção de biodiesel a partir de óleos
alimentares queimados.
o Identificar os constituintes necessários à produção do biodiesel.
o Testar a miscibilidade do biodiesel e do óleo queimado em etanol.
o Testar a combustão do biodiesel e observar a chama.
o Perceber qual a importância do biodiesel.

Questões-Problema:

• Como produzir biodiesel a partir de óleos alimentares queimados?


Qual a importância do biodiesel?

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Introdução teórica:

Rudolf Diesel, nos finais do séc. XIX, descobriu que os óleos vegetais
poderiam ser utilizados como combustíveis - o biodiesel.

Em 1890, na exposição mundial de Paris, Diesel demonstrou um protótipo


de um motor movido a óleo de amendoim. Contudo, nos anos seguintes, os óleos
foram preferidos em relação aos derivados de petróleo, mais económicos,
abundantes e com maior conteúdo energético.

Esquema 1 – Síntese teórica da atividade laboratorial

Biodiesel é um conceito aplicado ao combustível derivado de óleos vegetais


ou gordura animal através de uma reação de transesterificação.

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A transesterificação é um processo químico rápido para obtenção de óleos
em que as moléculas de triglicerídeos presentes nos óleos ou gorduras reagem com
um álcool na presença de um catalisador ácido ou básico, reduzindo-se em
moléculas de ésteres metílicos ou etílicos, onde se irá formar uma mistura de
ésteres alquílios e glicerol, ou seja, o biodiesel e a glicerina respetivamente.

Esquema 2 – Processo de transesterificação

Esquema 3 – Processo de transesterificação

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Vantagens do uso do biodiesel Desvantagens do uso do biodiesel

Redução das emissões poluentes, (𝐶𝑂! ,


CO e partículas) Capacidade de produção limitada

Redução da dependência energética do Escassez de postos de


nosso país do petróleo bruto reabastecimento

Origina subprodutos utilizáveis Baixa eficiência do motor

Pode ser utilizado puro ou misturado e Preço elevado


apresenta um baixo custo

Promoção do desenvolvimento da Competição com a produção


agricultura nas zonas rurais mais alimentar, já que se utiliza terrenos
desfavorecidas agrícolas

Biodegradável ---

Energia Renovável.
---
Tabela 1 – Vantagens e desvantagens do uso de biodiesel

O etanol é inócuo, ou seja, não causa dano contrariamente ao metanol


(também utilizado muitas vezes na síntese do biodiesel) que apresenta toxicidade.

O biodiesel tem potencial para ser substituto do combustível fóssil para


motores a diesel, uma vez que é um combustível com propriedades muito
semelhantes às do gasóleo, podendo ser usado quer puro quer em mistura com o
gasóleo.
Quase todas as gorduras e óleos, vegetais ou animais, virgens ou usados,
podem ser utilizados para este fim, diminuindo a dependência energética do país
relativamente ao petróleo, com benefícios a nível ambiental.

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Como alternativa ecológica aos combustíveis fósseis, quer pela sua escassez
quer pela sua marca negativa no planeta (na sua exploração, transformação,
transporte e utilização), o biodiesel tem vindo a assumir um papel de destaque na
defesa da sustentabilidade, na redução da dependência das importações de energia
e na instabilidade dos preços do petróleo, já que é um combustível renovável e
biodegradável, cuja exploração comercial tem vindo a aumentar, devido ao baixo
custo das matérias-primas utilizadas, como óleos vegetais, mas também de modo
a travar a problemática das alterações climáticas e garantir um desenvolvimento
sustentável para a sociedade atual e futura.

Existem vários catalisadores ácidos utilizados no processo de produção de


biodiesel, sendo o mais usado o ácido sulfúrico, em que os tempos de reação são
mais longos e o consumo energético é maior comparativamente aos catalisadores
básicos, visto que a maioria dos processos necessitam de aquecimento. No entanto,
estes catalisadores permitem a utilização de óleos e gorduras que possuem um alto
teor de ácidos gordos livres, como acontece no caso dos óleos vegetais, ricos em
triglicerídeos.
Existem também enzimas, como as lipases, que podem ser utilizadas como
catalisadores no processo de produção de biodiesel. Sendo mais fácil de recuperar
os produtos, podemos afirmar que este processo apresenta condições de reação
moderadas e tem mais facilidade em reciclar materiais.

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Materiais:
o Balança digital de precisão
o Termómetro digital
o Placa de aquecimento com agitação magnética;
o Placa de aquecimento
o Barra magnética;
o Bloco de madeira
o 1 Vidro de relógio
o 1 Espátula
o Almofariz e pilão
o 1 Funil
o Pano
o 2 Proveta de 500 mL
o 2 Vareta de vidro Fig. 1 – Materiais utlizados no procedimento da atividade
o 2 Pipeta graduada
o 1 Pompete
o 3 Gobelé 1000 mL
o 1 Gobelé de 250 ml
o Ampola de decantação de 500 mL
o Suporte universal
o Argola
Para a parte C:
o 1 Proveta
o 2 Tubos de ensaio
o Suporte de tubos de ensaio
o 2 Pipetas de Pasteur
o 2 Pedaços de algodão
o 2 Pinças
o 2 Cadinhos
Fig. 2 – Alguns materiais utlizados na parte C do procedimento
o Fósforos
o 1 Gobelé de 100ml

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Reagentes:

o Óleo alimentar queimado;


o Etanol;
o Hidróxido de sódio;
o Água destilada.

Perigos dos reagentes:

Hidróxido de Inflamável Gases Evitar o


sódio inflamáveis contacto com
as chamas,
Líquidos fontes de
inflamáveis calor e
comburentes.

Etanol Corrosivo Lesões Evitar o


oculares contacto com
graves. a pele, olhos
e vestuário.
Corrosão
cutânea.

Óleo alimentar --- --- --- ---


queimado
Água destilada --- --- --- ---
Tabela 2 – Perigos associados aos reagentes usados na atividade laboratorial

Variáveis:

o Natureza do óleo alimentar queimado utilizado;


o Número de insaturações do óleo (número de ligações duplas ou triplos
presentes no óleo);
o Tipo de catalisador utilizado;
o Temperatura;
o Fator tempo.

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Procedimento:

Nota: Ir fazendo sucessivos registos fotográficos

A - Preparação do biodiesel
1- Pesar numa balança digital 1,0 g de hidróxido de sódio sólido (NaOH)(s);
2- Triturar hidróxido de sódio sólido com o auxílio de um almofariz e de um pilão;
3- Depositar num gobelé de 1000 mL o NaOH já triturado;
4- Adicionar 75 mL de etanol 96% ao gobelé com o NaOH;
5- Colocar o agitador magnético na mistura e ligar a placa de agitação e aguardar
até que a dissolução da solução fique completa;
6- Medir cerca de 300 mL de óleo queimado e aquecê-lo até 30ºC, para que fique
mais fluido;
7- Filtrar o óleo alimentar já quente, para remover possíveis impurezas nele
contidas;
8- Levar a solução ao aquecimento, a aproximadamente 100ºC durante alguns
minutos (cerca de 5), para promover a libertação de água;
9- Deixar o óleo arrefecer, até ter aproximadamente 60ºC
10- Medir 250 mL de óleo queimado;
11- Adicionar o óleo alimentar à mistura de NaOH e etanol;
12- Agitar a solução cerca de 30/40 minutos, com o auxílio da barra magnética,
até que a solução fique homogénea, tendo o cuidado para que esta mantenha os 60
ºC.
13- Colocar a ampola de decantação no suporte universal e garantir que a torneira
se encontra fechada;
14- Transferir a solução para a ampola de decantação e colocar a tampa na mesma;
15- Deixar a solução em repouso até se observarem duas fases distintas;

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B - Decantação do biodiesel
1-Abrir a torneira da ampola de decantação e decantar o biodiesel obtido para um
gobelé de 250 mL;
2-Transferir o biodiesel para uma proveta com a ajuda de uma vareta;
3- Medir a quantidade de biodiesel obtido;
4- Observar os resultados obtidos.

C -Testagem do biodiesel
1- Testar a miscibilidade do biodiesel e do óleo queimado em etanol:
i. Colocar em dois tubos de ensaio 2mL de etanol e identificá-los com as
letras A e B;
ii. Adicionar uma pequena quantidade de produto obtido ao tubo de ensaio
A e de óleo alimentar ao tubo de ensaio B;
iii. Agitar vigorosamente os tubos de ensaio;
iv. Tirar conclusões.

2- Testar a combustão e observar a chama:


i. Mergulhar um pequeno pedaço de algodão no biodiesel e colocá-lo num
cadinho;
ii. Com um fósforo, inflamar o biodiesel;
iii. Da mesma forma, repetir os passos i e ii com o óleo alimentar queimado;
iv. Tirar conclusões.

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Esquema de montagem:
NaOH (s)

Pilão
Espátula
Balança
digital de
precisão

Vidro de
relógio Almofariz

Fig. 3 – Medição da massa do hidróxido de


sódio sólido - NaOH(s) Fig. 4 – Maceração do hidróxido de
sódio sólido - NaOH(s)

Pipeta graduada
de 25 mL

Etanol 96%
Gobelé de
250 mL

Fig. 5 – Deposição do NaOH(s) no gobelé


Fig. 6 – Medir 75 mL de etanol com o
auxílio de uma pipeta graduada

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Pompete

Barra
magnética

Placa de
aquecimento
com agitação
magnética

Fig. 7 – Adicionar o etanol ao gobelé Fig. 8 – Colocar o agitador magnético na


com o NaOH(s) mistura e ligar a placa de agitação

Pano

Proveta
Placa de
aquecimento

Fig. 9 – Medir cerca de 300 mL de


óleo queimado e aquecê-lo até 30ºC Fig. 10 – Filtrar o óleo alimentar

13
Termómetro digital

Bloco de
madeira

Fig. 11 – Levar a solução ao aquecimento, a Fig. 12 – Medir 250 mL de óleo queimado


aproximadamente 100ºC, de seguida deixar o
óleo arrefecer, até atingir cerca de 60ºC

Vareta de vidro

Fig. 14 – Agitar a solução cerca de 30/40


Fig. 13 – Adicionar o óleo alimentar à minutos, com o auxílio da barra magnética,
mistura de NaOH e etanol até que a solução fique homogénea, tendo o
cuidado para que esta mantenha os 60 ºC.

14
Suporte
universal

Ampola de Argola
decantação

Fig. 15 – Transferir a solução para a Fig. 16 – Deixar a solução em repouso


ampola de decantação até se observarem duas fases distintas

Biodiesel
decantado

Fig. 17 – Abrir a torneira da ampola Fig. 18 – Transferir o biodiesel


de decantação e decantar o biodiesel para uma proveta com a ajuda de
obtido para um gobelé de 250 mL uma vareta

15
Pipeta de Pasteur
Tubo de ensaio

Suporte de
tubos de
ensaio

Fig. 19 – Colocar em dois tubos de ensaio 2mL de etanol e identificá-los


com as letras A e B, de seguida adicionar uma pequena quantidade de Fig. 20 – Agitar vigorosamente os
produto obtido ao tubo de ensaio A e de óleo alimentar ao tubo de ensaio B tubos de ensaio

Pinça

Fósforos

Cadinho

Algodão
Fig. 22 – Com um fósforo, inflamar o biodiesel e
Fig. 21 – Mergulhar o algodão no o óleo queimado
biodiesel e no óleo queimado

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Observações:

o O hidróxido de sódio (NaOH(s))


é granulado e branco, só depois
de macerado é que ficou em pó
branco.
A B
Fig. 23 – NaOH granulado (A) em pó (B)

o A mistura de NaOH (s) e etanol gerou uma solução


de cor branco leitoso.

Fig. 24 – Observação da cor resultante da


junção da mistura de NaOH e etanol
o Óleo inicialmente com resíduos alimentares.

o Óleo à temperatura ambiente torna-se mais fluido quando aquecido.

o Solução de óleo com a mistura de NaOH mais etanol,


ficou com uma tonalidade amarela caramelizada,
indicando a presença de glicerina.

Fig. 25 – Observação da cor resultante da


junção da mistura de NaOH e etanol mais
óleo alimentar

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o Na ampola de decantação encontramos o biodiesel na parte inferior do
recipiente, e na parte superior uma camada fina de glicerina, com uma cor
alaranjada.

24 Horas

07/03/2023 08/03/2023

Fig. 26 – Observação da deposição dos produtos da reação

o No tubo A e B inicialmente não se verificou a mistura de etanol e biodiesel


(tubo A) / óleo (tubo B), porém depois de homogeneizar, observou-se a
mistura das soluções do tubo A e no tubo B as soluções mantiveram-se
imiscíveis.

Fig. 27 – Observação do teste da miscibilidade do biodiesel obtido


experimentalmente

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o No teste de combustão, o algodão
presente no cadinho B não inflamou, já
o algodão dentro do cadinho A ateou
muito rapidamente.
Fig. 28 – Observação do teste da chama ao biodiesel
obtido experimentalmente

o No fim do teste de combustão, o material presente no cadinho B não


apresentou alterações e o material no cadinho A ficou com uma cor preta.

A B
Fig. 29 – Observação da cor resultante da queima do algodão com biodiesel (A) e com
óleo alimentar (B) depois de queimado

Registo de dados:
Materiais Balança digital de precisão (g) Termómetro digital (ºC) Proveta (mL) Pipeta graduada(mL)

Incerteza (+/-) 0,01 0,1 5,0 0,1


Tabela 3 – Incertezas dos materiais de medida

o m(NaOH)(s) = 1,0 g

o Vi = 250 mL

o Vf = 260 mL

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Discussão:

Antes de proceder à utilização do óleo alimentar queimado na atividade em


si, foi importante prepará-lo. Decidimos aquecer o óleo até 30 ºC de modo a torná-
lo mais fluido, visto que o aumento da temperatura faz com que certas ligações
éster sejam quebradas e a solução fique mais fluida. Após este processo
observámos algumas impurezas no óleo recolhido, e por isso, tivemos de filtrá-lo
com o auxílio de um pano. O uso do pano como filtro foi necessário, porque se
tivéssemos usado um papel de filtro, este poderia ficar danificado ou até mesmo
não conseguir filtrar o óleo devido à densidade deste. No fundo, optámos por
utilizar o pano, porque resistia à humidade do óleo e conseguia em simultâneo
atuar como filtro. Procedemos também ao aquecimento do óleo já filtrado a 100ºC
para que conseguíssemos libertar a maior quantidade de água possível através do
processo de evaporação, para tal aguardámos cerca de 5 minutos sempre com a
temperatura acima dos 100ºC. Nesta situação, tivemos de ter em conta que o ponto
de ebulição da água é relativamente inferior ao ponto de ebulição dos lípidos, mais
exatamente dos ácidos gordos (ácidos monocarboxílicos).

Para que fosse possível separar o biodiesel e a glicerina do óleo alimentar


queimado, tivemos de proceder à utilização do NaOH e do etanol (solução de
ambos). O etanol tende a reagir com o óleo alimentar (triglicerídeo) e a formar o
glicerol e o biodiesel separadamente. Esta reação denomina-se por reação de
transesterificação, visto que conseguimos obter um novo éster (biodiesel) e um
novo álcool (glicerol) a partir de outros pré-existentes (o óleo alimentar e o etanol
respetivamente).

Esquema 4 - Reação de transesterificação

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Em relação à utilização do NaOH, podemos afirmar que como também se
formaram ácidos gordos livres tivemos de os catalisar com uma substância básica,
o próprio NaOH, de modo a formar H! O e um ácido gordo composto por sódio que
posteriormente acaba por ser consumido no decorrer da reação. Esta catalisação
acaba por ser fundamental para a realização da atividade, visto que se não
tivéssemos usado esta base, a separação das fases podia ser ainda mais
comprometida.

Fig. 30 - Fórmula de estrutura de ácidos gordos livres

De certa forma podemos concluir que quanto maior for a quantidade de


ácidos livres formados, menor será a qualidade do óleo, o que resultará numa maior
dificuldade na obtenção de biodiesel devido à separação das fases (as ligações
destas ficam mais estáveis).

Fig. 31 – Reação do ácido gordo livre com o NaOH

Sendo a temperatura uma das variáveis principais desta atividade, foi


importante garantir que a temperatura da solução (NaOH + etanol + óleo) aquando
da sua agitação fosse de aproximadamente 70ºC. Este valor encontra-se associado
ao ponto de ebulição do etanol que é de 78,37ºC, ou seja, durante a agitação da
solução, tivemos de garantir que a temperatura não fosse superior ao ponto de
ebulição do etanol, de modo que este não evaporasse e acabássemos por perder
algumas características deste reagente fundamental para a realização da solução.
Além disso, podemos ainda reforçar a importância da agitação da solução, visto
que todos os reagentes devem reagir na sua totalidade e induzir a separação da
solução em duas fases (a fase com glicerina e a fase com biodiesel).

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Tendo em conta que o objetivo desta atividade é obter biodiesel, o fator
tempo associado ao repouso das soluções é imprescindível para que a separação
das fases seja conseguida com sucesso. Assim sendo, o grupo, devido ao seu
domínio na matéria, deu especial importância ao tempo de repouso das soluções
assim como o controlo das condições laboratoriais associadas a esse repouso.

Por conta dos percalços que acabaram por acontecer na realização da


atividade não tivemos tempo suficiente para tornar o biodiesel o mais puro
possível. Isto passaria por lavar o biodiesel no final da atividade com água e
glicerol fazendo as sucessivas decantações dos excessos obtidos. A água teria
como objetivo a eliminação de substâncias em suspensão na solução e ainda a
dissolução de outras substâncias em excesso presentes no biodiesel (como por
exemplo o Na+ presente no NaOH, entre outros compostos possíveis de serem
dissolvidos em água), enquanto que a utilização do glicerol teria como principal
objetivo a eliminação da água presente em solução. Além destas substâncias
poderíamos ainda ter utilizado o sulfato de sódio anidro para ajudar na secagem
do biodiesel (remoção das moléculas de água presentes no biodiesel), o que
contribuiria para a diminuição dos erros obtidos e o aumento da fiabilidade dos
resultados. Visto que tal não foi possível, o “biodiesel” obtido não é 100% puro.

Além deste biodiesel não ser 100% puro e de acordo com o total de biodiesel
recolhido no final da atividade (260mL), podemos concluir que foram cometidos
vários erros na realização da mesma, visto que o óleo alimentar que utilizámos no
início da atividade foi de 250mL. Esta incompatibilidade de valores pode estar
relacionada a reações incompletas dos reagentes, excesso de água no biodiesel
obtido, como até a erros de leitura nas sucessivas etapas do procedimento.

Sendo esta atividade de longa duração, nomeadamente no processo de


repouso das soluções, poderíamos ter também utilizado alguns catalisadores
químicos (por exemplo: o ácido sulfúrico) para induzir a separação das fases, o
que não achámos de todo necessário, porque conseguimos associar os tempos
letivos aos tempos de descanso das soluções.

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Contudo, esta atividade esteve sujeita a vários erros, devido a incapacidades
a nível material e funcional. Como consequência, estas falhas acabaram por
comprometer a exatidão e a precisão dos resultados obtidos.

Relativamente à ocorrência de erros fortuitos (fatores acidentais que afetam


a precisão dos resultados), podemos enumerar os seguintes: a flutuação dos
aparelhos de medida (balança de precisão); e as variações existentes em ambiente
laboratorial (nomeadamente a temperatura que é uma das variáveis fundamentais
nesta atividade). Quanto aos erros sistemáticos (fatores evitáveis que afetam a
exatidão), podemos destacar alguns como: a má calibração dos aparelhos de
medida (balança de precisão); o funcionamento deficiente de certos aparelhos
como o termómetro e a placa de agitação; o grau de pureza dos reagentes
utilizados; a incorreta preparação da dissolução do NaOH no etanol; a má filtração
do óleo alimentar queimado; o desperdício de reagentes nas paredes dos gobelés,
nas paredes das provetas e nas varetas; a má lavagem dos materiais; e as falhas
sistemáticas do observador como: o erro de Paralaxe (observação errada na escala
da proveta, devido a um desvio ótico do menisco).

Apesar de toda a preparação, no decorrer da atividade prática ocorreu algo


que não estávamos à espera e que foi sem dúvida uma inquietação na realização
da mesma, levando mesmo à mudança do procedimento laboratorial. Como
havíamos preparado e concluído anteriormente ao dia da realização da atividade,
a glicerina (supostamente mais densa) deveria ter ficado depositada no fundo do
recipiente, ficando o biodiesel (menos denso) sobre a glicerina, o que se observou
precisamente o contrário após a junção de todos os reagentes.

Esquema 5 – Separação do biodiesel e do glicerol esperada

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Com esta observação inesperada, percebemos que o único fator (possível)
responsável para tal imprevisto seria a constituição química do etanol utilizado
(visto que comparativamente com outros grupos de trabalho que experimentaram
o mesmo ambiente laboratorial, nenhum dos resultados se mostrou semelhante ao
nosso). Tendo o etanol a seguinte fórmula molecular, 𝐶! 𝐻" 𝑂, e o biodiesel formado
maioritariamente por triglicerídeos, podemos afirmar que sendo a densidade a
massa presente num determinado volume de solução, aquando da reação do etanol
e do NaOH com o óleo alimentar queimado ocorreu uma reação na qual a
composição molecular dos produtos (biodiesel e glicerol) estaria alterada, fazendo
com que o espaço ocupado por unidade cúbica de solução tivesse uma quantidade
de soluto irregular (daí a glicerina ter ficado também mais fluída do que era de
esperar, além de ter ficado sobre o biodiesel).

Além do procedimento em si, decidimos testar algumas características que


poderiam diferenciar o óleo alimentar queimado do biodiesel obtido, de modo a
retirarmos um maior número de conclusões. Decidimos assim testar a
miscibilidade de ambas as substâncias em etanol, ou seja, a capacidade de haver a
formação de uma mistura homogénea. Percebemos que no tubo A (biodiesel)
ocorreu uma mistura parcial das substâncias, o que nos remete de facto para uma
semelhança a nível de estrutura molecular, mais exatamente nas ligações entre o
etanol e o biodiesel. Por outro lado, no tubo B (óleo alimentar queimado) pudemos
concluir que não ocorreu mistura de fases, o que nos remete sem dúvida para
diferenças consideráveis a nível de ligações intramoleculares. Quanto ao teste de
chama realizado, percebemos que o biodiesel entra em combustão, o que justifica
sem dúvida a sua utilização a nível energético (como combustível). Por contraste,
o óleo alimentar queimado nem entrou em combustão o que justifica mais uma vez
que este possui uma grande quantidade de lípidos na sua estrutura (o que podemos
comprovar nomeadamente na fritura de alimentos, visto que o óleo não entra em
combustão apesar das elevadas temperaturas a que é submetido).

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Conclusão:

Com a concretização desta atividade conseguimos adquirir e aprofundar


conhecimentos sobre o tema em estudo, nomeadamente a importância do biodiesel
nos dias de hoje e de que forma o podemos produzir a partir de óleos alimentares
queimados.

Sendo um assunto cada vez mais próximo de nós, não só devido a fatores
socioeconómicos como também relacionado com as alterações ambientais, este
trabalho contribuiu para a nossa sensibilização relativamente às mudanças que
estão a acontecer no nosso planeta, como também à sensibilização de nós próprios
e da nossa população sobre aquilo que podemos fazer enquanto cidadãos para o
bem da Terra.

Além de tudo isso, pudemos entender um dos processos de obtenção de


biodiesel a partir de óleos alimentares queimados, processo este que nos levou a
relacionar três tópicos fundamentais no nosso dia a dia, o rendimento de produção,
as necessidades de consumo e as repercussões dos resíduos produzidos.

De certa forma, concluímos que o biodiesel tem uma grande diversidade de


utilizações (nomeadamente a nível de combustíveis), o que resulta numa grande
necessidade de produção deste componente. Assim sendo, em pequena escala este
processo acaba por ter resultados bastante positivos, o que não acontece em
produção de grande escala, visto que na produção de biodiesel o rendimento de
produção é incompatível com as quantidades consideráveis de resíduos
produzidos.

Concluindo, este projeto laboratorial permitiu-nos dar resposta às questões-


problema inicialmente colocadas e ainda expandir os nossos horizontes acerca do
estudo dos combustíveis e a forma como estes afetam o nosso quotidiano.

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Crítica:

Tendo sido este trabalho preparado e realizado autonomamente pelo grupo,


além das competências essenciais adquiridas, percebemos que estamos cada vez
mais ágeis nos manuseamentos práticos e com uma maior segurança em nós
próprios como nos outros elementos do grupo.

Apesar de o grupo ter ido para a atividade com uma boa preparação e com
um bom domínio do assunto, uma atividade que parecia ser de fácil realização teve
algumas complicações devido a motivos inesperados, como foi o caso de o glicerol
ter ficado sobreposto ao biodiesel. Isto exigiu que tivéssemos de alterar o
procedimento algumas vezes, o que nos causou alguma frustração, mas de certa
colocou-nos à prova sobre os nossos conhecimentos gerais de química.

Com a inserção de um novo elemento no nosso grupo de trabalho, o grupo


achou por bem inseri-lo da melhor forma dando-lhe também a oportunidade de
participar ativamente na realização da atividade e do próprio relatório. Sendo algo
novo para ele, decidimos transcrever algumas frases por ele mencionadas: “Tudo
o que eu observei foi novo desde a utilização dos materiais até à realização do
relatório. Foram momentos incríveis de trabalho em grupo, nomeadamente na
parte em que cada integrante do grupo fazia algo diferente para a mesma
finalidade”; “A parte que mais me chamou à atenção foi o processo de acender o
fósforo para a inflamação do biodiesel. Além disso, tivemos de estar muito
atentos”; “Tive de estar atento às observações e ir anotando o que ia acontecendo
no trabalho para depois colocar no relatório”.

No fundo, além de adquirirmos mais conhecimentos sobre o tema em


questão, sentimos que esta atividade foi extremamente importante na nossa relação
enquanto grupo de trabalho associada à autonomia tida e necessária.

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Bibliografia:

Silva, cristina; Cunha, carlos; Vieira, miguel – Eu e a Quimica12: Caderno de


laboratório. Porto: Porto editora, 2019
consultado a: 24/02/2023, 25/02/2023, 03/03/2023, 07/03/2023

https://www.youtube.com/watch?v=0XFnrniJvjk
consultado a: 24/02/2023

https://www.youtube.com/watch?v=q2DxIhRLvWE
consultado a: 24/02/2023

https://run.unl.pt/bitstream/10362/4995/1/Carrapato_2010.pdf
consultado a: 24/02/2023

https://www.feis.unesp.br/Home/departamentos/engenhariamecanica/nuplen/prod
ucao-de-biodiesel-a-partir-de-oleo-residual-reciclado-e-realizacoo-de-testes-
comparativos-com-outros-tipos-de-biodiesel-e-proporcoes-de-mistura-em-um-
moto-gerador.pdf
https://www.todamateria.com.br/transesterificacao/
consultado a: 24/02/2023

http://quimicaluisa.weebly.com/material-de-auxiacutelio.html
consultado a: 25/02/2023

http://educa.fc.up.pt/ficheiros/fichas/1301/Protocolo%20biodiesel_macroescala.p
df
consultado a: 25/02/2023

http://quimicaluisa.weebly.com/uploads/4/7/6/0/47600029/ap_2.pdf
consultado a: 25/02/2023

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http://educa.fc.up.pt/ficheiros/fichas/1301/Protocolo%20biodiesel_macroescala.p
df
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https://www.escolavirtual.pt/
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