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DIESEL, BIODIESEL E BIO-ÓLEO: ESPECIFICAÇÕES, DIFERENÇAS, E

IMPACTOS SÓCIOAMBIENTAIS

Abimael Sousa de Jesus

Acadêmico do 1° período do curso de Engenharia Agronômica da Faculdade Arnaldo Aroldo Ferreira –


FAAHF Abimaelsjb@gmail.com

Álefe Ariel Nunes Miranda


Acadêmico do 1° período do curso de Engenharia Agronômica da Faculdade Arnaldo Aroldo Ferreira - FAAHF
Alefenunes25@gmail.com

Bruno Rangel Santana Benevides

Acadêmico do 1° período do curso de Engenharia Agronômica da Faculdade Arnaldo Aroldo Ferreira - FAAHF
brunorangel.contato@gmail.com

Resumo: O Diesel é um combustível derivado do petróleo bruto, usado em motores a diesel, o


que o transforma em um dos principais combustíveis utilizados, porém sua fonte não renovável
e a liberação de gases poluentes durante a queima são desvantagens evidentes. Enquanto o
biodiesel é um combustível renovável produzido a partir de fontes de gordura animal ou óleos
vegetais, podendo ser usado como substituto total ou parcial do diesel. Investimentos na
diversificação da matriz energética abrangem globalmente a busca por fontes preferencialmente
renováveis e mais baratas, devido a aspectos econômicos e ambientais. Neste contexto, o
biodiesel, sendo um combustível alternativo e renovável. Já o Bio-óleo é um líquido produzido
a partir da pirólise de biomassa, usado para produzir energia térmica ou elétrica e produtos
químicos, mas que ainda enfrenta desafios técnicos e econômicos para sua utilização em larga
escala. Dentro deste contexto, o objetivo desse trabalho é apresentar uma breve análise das
especificações de cada combustível citado, suas diferenças, seus métodos de extração e seus
processos de transformações entra a matéria prima e o produto final, incluindo suas vantagens
e desvantagens que cada um apresenta no meio social em que vivemos, com intuito de
apresentarmos os problemas do passado e os ainda enfrentados no presente, juntamente aos
caminhos buscados pelo desenvolvimento das tecnologias e temáticas necessárias para que no
futuro sejam encontradas as soluções para combustíveis mais limpos e de menor custo, em
busca de um meio ambiente limpo e sustentável.
Palavras-chave: Diesel, Biodiesel, Bio-óleo, Biocombustível, Desenvolvimento.

Abstract: Diesel is a fuel derived from crude oil, used in diesel engines, which makes it one of
the main fuels used, but its non-renewable source and the release of polluting gases during
burning are obvious disadvantages. While biodiesel is a renewable fuel produced from sources
of animal fat or vegetable oils, it can be used as a total or partial substitute for diesel.
Investments in the diversification of the energy matrix globally encompass the search for
preferentially renewable and cheaper sources, due to economic and environmental aspects. In
this context, biodiesel, being an alternative and renewable fuel. Bio-oil, on the other hand, is a
liquid produced from the pyrolysis of biomass, used to produce thermal or electrical energy and
chemical products, but which still faces technical and economic challenges for its large-scale
use. Within this context, the objective of this work is to present a brief analysis of the
specifications of each fuel mentioned, their differences, their extraction methods and their
transformation processes between the raw material and the final product, including the
advantages and disadvantages that each one presents. in the social environment in which we
live, in order to present the problems of the past and those still faced in the present, together
with the paths sought for the development of technologies and themes necessary for finding
solutions for cleaner and lower cost fuels in the future, in search of a clean and sustainable
environment.

Keywords: Diesel, Biodiesel, Bio-óleo, Biocombustível, Desenvolvimento.


1 INTRODUÇÃO

Surgido em 1893 o motor a diesel tem grande impacto na evolução dos meios de
transportes no mundo todo e consequentemente uma vasta evolução na indústria de
combustíveis. Criado pelo alemão Rudolf Diesel seu intuito era a evolução do meio agrário e
seus maquinários.

“O motor a diesel pode ser alimentado por óleos vegetais, e ajudará no


desenvolvimento agrário dos países que vierem a utilizá -lo... O uso de óleos vegetais
como combustível pode parecer insignificante hoje em dia. Mas com o tempo irão se
tornar tão importante quanto o petróleo e o carvão são atualmente.” (DIESEL, 1912,
p. 1)

Após a morte de Rudolf Diesel, a indústria petrolífera criou um produto chamado "Óleo
Diesel", que, por ser mais barato do que outros combustíveis, tornou-se amplamente utilizado.
Infelizmente, esqueceu-se do princípio básico que levou à invenção do motor, que funcionava
com óleo vegetal e poderia ajudar substancialmente no desenvolvimento da agricultura em
diferentes países. A disponibilidade abundante de petróleo e seus derivados com baixo custo
fizeram com que o uso de óleos vegetais fosse esquecido. No entanto, os conflitos entre países
e o aquecimento global marcaram a consciência dos ambientalistas sobre a necessidade do
desenvolvimento sustentável. Assim, a fixação do homem no campo e o aumento do consumo
de combustíveis fósseis levaram a uma preocupação renovada com a produção de óleo vegetal
para uso em motores.

A utilização de óleos vegetais in natura como combustível alternativo tem sido alvo de
diversos estudos nas últimas décadas (Nag et al., 1995; Piyaporn et al., 1996). Em pesquisas já
realizadas no Brasil com os óleos virgens de macaúba, pinhão manso, dendê, indaiá, buriti,
pequi, mamona, babaçu, cotieira, tingui e pupunha (Barreto, 1982; Ministério da Ind ústria e do
Comércio, 1985; Serruya, 1991) e nos testes realizados com esses óleos em caminhões e
máquinas agrícolas, foi ultrapassada a meta de um milhão de quilômetros rodados (Ministério
da Indústria e do Comércio, 1985). Mostrando um grande avanço no d esenvolvimento de
biocombustíveis em prol da sustentabilidade no meio ambiental e econômico.
2 REVISÃO DA LITERATURA

O A energia proveniente de combustíveis é fundamental para movimentar as atividades


cotidianas e a economia global, no entanto, o alto preço ambiental que pode ser gerado pela
utilização desses recursos deve ser considerado. O diesel é um dos principais combustíveis
utilizados, porém sua fonte não renovável e a liberação de gases poluentes durante a queima
são desvantagens evidentes. Em contrapartida, o biodiesel, produzido a partir de fontes vegetais,
apresenta vantagens ambientais significativas, com impacto menor e capacidade de produção
em larga escala.

O bio-óleo, obtido através da biomassa, é uma alternativa mais recente, com


características semelhantes às do petróleo, mas de fonte renovável e menos poluente, embora
sua produção ainda seja limitada. É crucial que as pessoas e as indústrias levem em conta o
impacto ambiental ao escolher o combustível a ser utilizado, considerando que a transição para
uma economia mais limpa e sustentável é uma necessidade urgente, e que a busca por novas
alternativas é constante. A escolha responsável é a chave para garantir um futuro mais
sustentável para todos.

2.1 Diferenças entre os combustíveis

Diesel, bio-óleo e biodiesel são diferentes tipos de combustíveis para motores de


combustão interna, com diferentes composições e propriedades. O diesel é um combustível
fóssil derivado do petróleo, geralmente utilizado em motores a diesel. Sendo um combustível
muito utilizado em veículos pesados, como caminhões e ônibus, bem como em geradores e
máquinas agrícolas.

O biodiesel é um combustível renovável produzido a partir de óleos vegetais ou gorduras


animais. O biodiesel pode ser utilizado em motores a diesel sem a necessidade de adaptações
significativas, e apresenta vantagens ambientais em relação ao diesel fóssil, uma vez que é
produzido a partir de fontes renováveis e emite menos gases poluentes.

O bio-óleo é uma opção ainda mais recente e menos conhecida. Ele é obtido a partir da
biomassa, através da pirólise, um processo de decomposição térmica. O resultado é um óleo
com propriedades semelhantes às do petróleo, mas com a vantagem de ser uma fonte renovável
e menos poluente.
2.2 Composições químicas de cada combustível

A composição química dos combustíveis é uma das questões mais importantes quando
se trata de avaliar seus impactos ambientais e econômicos. Cada combustível possui sua própria
composição, que varia dependendo de sua fonte de origem e do processo de produção utilizado.

O diesel é um dos combustíveis fósseis mais utilizados no mundo, sendo produzido a


partir do petróleo bruto. Composto majoritariamente por hidrocarbonetos com cadeias de 8 a
16 carbonos, podendo conter, em menor proporção, nitrogênio, enxofre e oxigênio. (Figura 1)
É formulado através da mistura de diversas correntes como gasóleos, nafta pesada, diesel leve
e diesel pesado, provenientes das diversas etapas de processamento do petróleo bruto. Sua alta
densidade de energia faz com que seja ideal para veículos com motores mais potentes e de alta
performance.

(Figura 1. Fórmula estrutural do Diesel)

O biodiesel é uma fonte renovável de energia produzida a partir de gorduras vegetais.


Por meio do processo de transesterificação (Figura 2), os óleos reagem com álcoois para formar
ésteres que podem ser usados como combustível em motores a diesel sem adaptações. Diferente
do diesel o biodiesel é considerado uma fonte de combustível limpa, já que emite baixos níveis
de poluentes na atmosfera. No Brasil, é comum misturar 7% de biodiesel ao diesel, mas motores
de ignição por compressão podem funcionar com uma mistura de até 20% sem adaptações. O
uso de biodiesel é uma alternativa sustentável ao diesel fóssil, que é finito e altamente poluente.

(Figura 2. Reação de transesterificação de óleos vegetais e/ou gorduras animais)

O Bio-óleo é um combustível renovável cuja matéria-prima é a biomassa, ou seja,


substâncias de origem orgânica (vegetal, animal, etc.). Sua fabricação consiste numa série de
transformações físico-químicas, que originam um líquido de coloração negra e bastante viscoso.
Por sua vez, o bio-óleo é composto por compostos orgânicos complexos, como ácidos
carboxílicos, fenóis, aldeídos, cetonas e hidrocarbonetos aromáticos, podendo conter
compostos de O, N e S em quantidades variadas.

Devido à complexidade original da biomassa e variação do conteúdo de celulose,


hemicelulose e lignina a composição do bio-óleo pode variar, já que contém uma multiplicidade
de constituintes (HUBER, 2006).

A 350 °C, o bio-óleo é composto por 13,505% (área) de hidrocarbonetos (3,665% de


alcanos, 1,941% de alcenos, 7,908% de hidrocarbonetos aromáticos) e 86,495% (área) de
oxigenados (5,407% de ésteres, 2,834% de carboxílicos, 5,270% de cetonas, 45,460% de fenóis,
24,407% de cresóis e 3,117% de furanos). A 400 °C, o bio-óleo é composto por 21,457% (área.)
de hidrocarbonetos (5,673% de alcanos, 3,784% de alcanos, 9,642% de hidrocarbonetos
aromáticos e 2,358% de cicloalcenos) e 78,543% (área.) de oxigenados (2,100% de cetonas,
50,354% de fenóis, 24,521% de cresóis e 1,568% de furanos) (BRAZILIAN, J, D, 2021).

Figura 3. Fenômenos de interação em catalisadores de Brönsted-Lowry: (a) interação de alcoóis


com a superfície de uma zeólita básica; (b) adsorção de alcoóis na superfície de sólidos ácidos contendo sais
de amônio quaternário; (c) protonação do grupo carbonila de materiais graxos por um ácido de Brönsted -
Lowry (CORDEIRO; SILVA; WYPYCH; RAMOS, 2011).

2.3 Formas de obtenção

A produção de diesel pode ser feita de duas formas: a partir do petróleo ou a partir da
biomassa. No processo de refino do petróleo, o diesel é separado por meio de destilação
fracionada, craqueamento, reforma e tratamento. Por ser um derivado direto do petróleo, a
obtenção do óleo diesel ocorre pelo método de separação de misturas homogêneas denominado
destilação fracionada (utilizado quando a mistura apresenta mais de um líquido, como o caso
do petróleo). A destilação fracionada, ou refino do petróleo, baseia-se na diferença do ponto de
ebulição entre os componentes da mistura. No caso do óleo diesel, sua separação ocorre quando
a temperatura atinge valores entre 220ºC e 380ºC. Os outros componentes do petróleo são
separados em outras faixas de ebulição.

Para a obtenção do biodiesel são necessários, principalmente, três reagentes: óleo ou


gordura, catalisador e um álcool (metanol ou etanol, usualmente). A reação de transesterificação
é a etapa da conversão do óleo ou gordura em ésteres de ácidos graxos que constitui o biodiesel.
O subproduto da produção do biodiesel é o glicerol, usado principalmente na fabricação de
sabonetes, cosméticos e fármacos. Na produção do biodiesel são usados catalisadores que
podem ser de natureza alcalina, ácida ou enzimática. A proporção molar óleo vegetal ou
gordura/álcool e a temperatura reacional influenciam de maneira significativa a reação de
transesterificação. Na obtenção do biodiesel os métodos de separação, recuperação e
purificação estão diretamente relacionadas à sua qualidade.

Por outro lado, a produção de diesel a partir da biomassa é considerada uma alternativa
mais sustentável, pois a biomassa é uma fonte de energia renovável e pode contribuir para a
redução das emissões de gases de efeito estufa. A biomassa pode ser aquecida por meio de
tecnologias de conversão termoquímica, como pirólise e gaseificação, para produzir bio-óleo,
que é um líquido viscoso.

O bio-óleo é produzido pela pirólise direta da biomassa, co-pirólise da biomassa com


outros materiais, pirólise flash e pirólise hidrotérmica. Esse processo se caracteriza pela queima
e degradação térmica da biomassa (serragem, bagaço de cana-de-açúcar, resíduos agrícolas,
casca de arroz, etc.) a temperaturas de 500 °C, na ausência total de oxigênio. O resultado origina
carvão, aerossóis, vapores e ácido pirolígneo. Após a condensação desses vapores, e nessas
condições de temperatura, o processo é concluído em poucos minutos, e cerca de 70% da
biomassa se transforma em um óleo negro, denominado bio-óleo.

Cada forma de obtenção do bio-óleo apresenta vantagens e desvantagens em termos de


rendimento, qualidade e viabilidade econômica, e a escolha do método depende da biomassa
disponível, da escala de produção e dos objetivos do processo.
2.4 Propriedades físico-químicas

As propriedades físico-químicas dos combustíveis são tão diversas quanto seus nomes:
diesel, biodiesel e bio-óleo. A composição química de cada um deles é o que determina suas
características de desempenho, armazenamento e combustão.

O diesel, por exemplo, tem um ponto de fulgor acima de 38°C e um ponto de névoa
abaixo de -18°C. Sua densidade varia entre 0,82 e 0,85 g/cm³ e sua viscosidade fica entre 2,0 e
4,5 cSt (a 40°C). O teor de enxofre é geralmente em torno de 10 a 500 ppm, enquanto o poder
calorífico é de cerca de 42 MJ/kg.

Já o biodiesel, apresenta propriedades diferentes: seu ponto de fulgor é acima de 130°C


e o ponto de névoa é abaixo de -5°C. A densidade fica entre 0,86 e 0,9 g/cm³ e a viscosidade
entre 1,9 e 6,0 cSt (a 40°C). O teor de enxofre é praticamente nulo e o poder calorífico fica em
torno de 37 MJ/kg.

Por sua vez, o bio-óleo tem suas peculiaridades: seu ponto de fulgor é variável, mas
geralmente abaixo de 100°C, enquanto o ponto de névoa é abaixo de -20°C. A densidade fica
em torno de 1,2 g/cm³ e a viscosidade varia entre 500 e 10.000 cSt (a 40°C). O teor de enxofre
é praticamente nulo, mas o teor de oxigênio é alto, entre 30 e 40%, e o índice de acidez fica
entre 10 e 200 mg KOH/g. Seu poder calorífico é menor, cerca de 16-19 MJ/kg.

Todas essas propriedades físico-químicas são fundamentais para determinar a


estabilidade, a fluidez, a combustibilidade e as emissões dos combustíveis, bem como sua
compatibilidade com os motores e os sistemas de armazenamento e transporte. Assim, a escolha
e o uso adequado de cada combustível devem levar em consideração essas propriedades, que
podem ser a chave para a eficiência energética e para um ambiente mais limpo.

2.5 Vantagens x desvantagens econômicas, ambientais e sociais

No mundo atual, a busca por fontes de energia mais limpas e sustentáveis é uma
necessidade cada vez mais urgente. Nesse sentido, os biocombustíveis, como o diesel, o
biodiesel e o bio-óleo, têm sido considerados alternativas viáveis para substituir os
combustíveis fósseis e reduzir os impactos ambientais causados pela sua utilização.

No entanto, apesar das vantagens que esses combustíveis apresentam, tanto do ponto de
vista econômico quanto ambiental, há ainda desafios a serem enfrentados. No caso do diesel,
por exemplo, embora seu baixo custo de produção e alta eficiência energética sejam fatores
positivos, a dependência de combustíveis fósseis e a emissão de gases do efeito estufa são
pontos negativos.

O óleo diesel possui uma forma líquida, isso garante uma facilidade no transporte e
armazenamento. Possui uma alta densidade de energia e é constante, ou seja, não depende de
fatores climáticos como, energia solar ou eólica (CARVALHO, 2012). O motor a diesel possui
uma ampla aplicação, pois pode ser empregado em diversos setores da indústria e também em
diversos transportes (CARVALHO,2012).

Por outro lado, o óleo diesel é derivado do petróleo, que é uma substância que quando
entra em combustão libera dióxido de carbono, óxido de nitrogênio e monóxido de carbono que
somado ao longo dos anos prejudicam a camada de ozônio, assim, favorecendo o efeito do
aquecimento global. Essas substâncias também podem gerar as chamadas chuvas ácidas
(CARVALHO, 2012). O petróleo é um recurso não renovável, ou seja, não se sabe quanto
tempo resta para acabar. No período de extração do petróleo podem ocorrer os derramamentos
de óleo que podem causar poluição maciça na água e no solo. Isso acarreta a morte de milhares
de animais a cada ano (CARVALHO, 2012).

Já o biodiesel, produzido a partir de fontes renováveis, como plantas oleaginosas,


apresenta vantagens ambientais significativas, vários estudos têm demonstrado que a
substituição do diesel de petróleo por óleos vegetais transesterificados reduziria a quantidade
de CO2 introduzida na atmosfera. diferentemente do combustível fóssil, o CO2 proveniente do
biodiesel é reciclado nas áreas agricultáveis, que geram uma nova partida de óleo vegetal para
um novo ciclo de produção. Isso acaba proporcionando um balanço muito mais equilibrado
entre a massa de carbono fixada e aquela presente na atmosfera que, por sua vez, atua no
chamado efeito estufa. Foi estimado que a redução máxima na produção de CO2, devido ao uso
global de biodiesel, será de, aproximadamente, 113-136 bilhões de kg por ano (Peterson e
Hustrulid, 1998).

Por envolver a participação de vários segmentos da sociedade, tais como as cadeias


produtivas do etanol e das oleaginosas, a implementação do biodiesel de natureza etílica no
mercado nacional abre oportunidades para grandes benefícios sociais decorrentes do alto índice
de geração de empregos, culminando com a valorização do campo e a promoção do trabalhador
rural. Além disso, há ainda as demandas por mão-de-obra qualificada para o processamento dos
óleos vegetais, permitindo a integração, quando necessária, entre os pequenos produtores e as
grandes empresas (Campos, 2003). No entanto, seu custo de produção mais elevado em relação
ao diesel fóssil e o risco de desmatamento são desvantagens que precisam ser consideradas.

Por fim, o bio-óleo, produzido a partir de resíduos agroindustriais e florestais, existe a


vantagem de ser uma fonte de energia renovável e com menor impacto sobre a biodiversidade
e o uso da terra. Os produtos químicos obtidos a partir de coprodutos e resíduos são os que
possuem o maior potencial em agregar valor nas cadeias produtivas da biomassa, em função da
participação estratégica da indústria química no fornecimento de insumos e produtos finais a
diversos setores da economia, como: petroquímico, farmacêutico, automotivo, da construção
civil, agronegócio, cosméticos, entre outros (VAZ JÚNIOR, 2011).

Na Europa, a aplicação mais promissora do bio-óleo é através da produção de


eletricidade, devido à capacidade prevista para usar bio-óleo cru, tal como são produzidos num
motor ou turbina, sem a necessidade de grande melhoramento (BRIDGWATER, 2012). No
entanto, a tecnologia de produção ainda está em desenvolvimento e seus custos de produção
são mais elevados que os do diesel fóssil e do biodiesel.

3 CONCLUSÃO

O tema dos biocombustíveis está sendo amplamente discutido em reuniões políticas,


científicas e tecnológicas, evidenciando o interesse da sociedade e do setor produtivo em
aproveitar essa nova oportunidade de negócios para o país. Com os estudos referentes as
especificações de cada combustível, dentre sua composição, formas de obtenção, suas
diferenças, vantagens e desvantagens, concluímos uma diversidade nos prós e contras, o mundo
caminha cada vez mais em prol da sustentabilidade socioambiental, combustíveis arcaicos e
com alta emissão de poluentes se negativam nesse fator ambiental, porém sua facilidade de
extração e modificação ainda trazem a vantagem econômica para sua produção.

Os biocombustíveis largam na frente no quesito de menor agressão ao meio ambiente,


mas ainda esbarram na tecla de tecnologia de produção e custo mais elevado, suas composições
físico-químicas e as maneiras de transformação influenciam nesse sentido. O avanço das
tecnologias ao longo dos anos tem sido o outro ponto principal para o crescimento dos mesmos
no mercado, projeções futuras já são realizadas e vistas com bons olhos.

A respeito da temática de sustentabilidade, mas agora no meio socioeconômico, as


formas de extração e produção dos combustíveis listados nesse artigo caracterizam os potenciais
que podem ser gerados. Enquanto o diesel requer uma demanda muito mais industrial com a
necessidade de grandes empresas petrolíferas, o biodiesel e o bio-óleo estão voltados a uma
demanda de menor força industrial, utilizando dos grandes meios de produção ligados a
agricultura, tais meios que se caracterizam por ser de maior predominância em nosso país. O
que gera uma forte oportunidade para a criação de empregos no setor agroindustrial, a geração
de renda, o incentivo ao cooperativismo, a perspectiva de equilibrar a balança comercial e os
comprovados benefícios ambientais, tanto o biodiesel como o bio-óleo têm potencial para se
tornar um dos principais programas sociais do governo brasileiro.

Isso representaria uma forte forma de distribuição de renda, inclusão social e apoio à
agricultura familiar. No entanto, enquanto as bases do programa nacional estão sendo definidas,
é essencial para o país desenvolver projetos científicos e tecnológicos que possam fornecer
maior segurança aos tomadores de decisão.

4 REFERÊNCIAS

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RIBEIRO, Haroldo Jorge.; OLIVEIRA, Rafael Lopes.; SANTOS, Marcelo Costa.;
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10. POCFILTROS.; “Biodiesel no diesel, tudo que você precisa saber”, 2020. Disponível
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11. BIODIESELBR.; “O que é biodisel?”, 2019. Disponível em:
<https://www.biodieselbr.com/biodiesel/definicao/o-que-e-biodiesel>

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