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Proposta de
Trabalho de Conclusão de Curso
2ª Etapa de avaliação
Campinas – SP
16/06/2023
1. Contextualização do problema proposto
O mercado de biocombustíveis tem sido cada vez mais alavancado como uma alternativa viável
para contribuir com a matriz energética, impulsionado pela preocupação com o ambiente e a redução
dos gases do efeito estufa. O biodiesel, um combustível biodegradável derivado de fontes como óleos
vegetais e gorduras animais, é produzido por meio de uma reação química conhecida como
transesterificação, em que as fontes de lipídios reagem com álcool e são catalisadas. (MME, 2022).
No Brasil, o uso de biodiesel tem aumentado ao longo do tempo, desde a primeira resolução da
ANP em 2003. A resolução estabeleceu especificações técnicas, incluindo parâmetros de qualidade e
pureza. A partir de 2008, a mistura de biodiesel tornou-se obrigatória, inicialmente com uma
porcentagem máxima de 2%. Já em 2014, através da Lei n° 13.033/2014, o Brasil adotou metas
progressivas de adição obrigatória de biodiesel, chegando a uma adição de 15% em 2023. A lei também
determina que o biodiesel deve ser produzido a partir de fontes renováveis, como óleos vegetais e
gorduras animais. (Adaptado da ANP).
Em 2021, segundo o Renewables 2021 Global Status Report, os seis principais produtores de
biodiesel do mundo foram: a Indonésia em primeiro lugar com 17,2% do total global, seguida por
Estados Unidos com 14,4%, Brasil com 13,7%, Alemanha com 7,4%, França e Holanda com 5,0% e
4,6% da produção total global, respectivamente (RENEWABLES NOW, 2021).
Segundo a Abrapalma (Associação Brasileira de Produtores de Óleo de Palma), em 2021 a
produção brasileira se concentrou em 85% no estado do Pará, com 207 mil hectares de dendê e gerando
80 mil empregos diretos e indiretos. Ressalta-se que o Brasil é o único país a ter zoneamento
agroecológico para a cultura (ABRAPALMA, 2021).
Com o aumento da porcentagem de biodiesel no combustível, vem também o aumento da
demanda de matérias-primas, e o óleo de palma surge como uma alternativa vantajosa. Com cerca de 4
toneladas por hectares, o dendezeiro produz mais lipídios por hectares do que qualquer outra
oleaginosa, tornando-o uma matéria-prima barata para a produção de biocombustíveis (GUNSTONE,
2004).
A institucionalização do dendê (ou palma) na Amazônia como matéria-prima para
biodiesel, dentro do Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB), ganhou mais
consistência a partir de três iniciativas do Governo Federal: a publicação do Zoneamento
Agroecológico da Palma, a proposição de um projeto de lei para regulamentar aspectos ambientais
da dendeicultura e um programa de incentivos para a produção de palma –o Programa de
Produção Sustentável de Palma de Óleo. (GLASS, 2012).
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O óleo de dendê está entre os mais rentáveis para a produção do biodiesel, haja vista a sua
alta produtividade com baixo custo, produção distribuída ao longo de todo ano e em áreas distintas do
território nacional, além de não competir com outras culturas destinadas para fins
alimentares. (BARCELOS, 2008).
Existe, também, uma grande oportunidade para recuperação de áreas degradadas na Amazônia
Legal, que possui hoje mais de 11 milhões de hectares de áreas a serem recuperadas. A plantação de
oleaginosas, especialmente o dendê, desempenha um papel importante nesse processo, contribuindo
para a fixação de dióxido de carbono e a redução das emissões de gases de efeito estufa, o que permite
a redução na pressão sobre a floresta nativa, uma vez que direciona a geração de renda para atividades
que não dependem do extrativismo. (CASTRO JÚNIOR, 2012). Porém, a expansão não sustentável do
cultivo de dendê pode causar complicações para a biodiversidade e o desmatamento local devido à
monocultura da palma. A Indonésia - principal produtor mundial de óleo de palma - tem o exemplo da
ilha de Bornéu que entre 2000 e 2018 perdeu cerca de 6,3 milhões de hectares de vegetação, sendo
cerca de 39% de sua cobertura florestal total. (ABRAPALMA, 2021).
Com um ciclo de vida que pode durar entre 20 e 30 anos, o dendezeiro começa a produzir cachos
aos 3,5 anos após o plantio. As condições ideais para o seu crescimento incluem temperatura do ar
moderada, chuvas bem distribuídas (precipitações acima de 2.000 mm/ano) e solos profundos e sem
compactação. O dendezeiro adapta-se bem a solos ácidos, e podem se desenvolver com pH entre 4 e 6.
E o dendê africano pode apresentar um rendimento entre 3.500 e 6.000 kg/ha/ano. (Mourad).
Segundo a Organização Internacional de Conservação, a demanda por óleos vegetais continuará
crescendo acima do ritmo da economia e da população global. Para suprir essa demanda, seriam
necessários 13 milhões de hectares adicionais de plantações de palma até 2050. Já a soja, principal
fonte de óleo atualmente usado na produção de biodiesel, exigiria mais de 93 milhões de hectares para
a mesma demanda. Logo, o óleo de dendê se faz uma excelente opção econômica para a produção de
biodiesel, dada a produtividade de óleo por hectare elevada em comparação com a maioria das
oleaginosas, além de poder ser cultivada durante todo o ano, o que reduz a necessidade de
armazenamento em grande escala e instalações de grande porte. (PIRES, D. VICTOR, 2022).
A colheita da palma é manual, seguida pela limpeza e corte do cacho maduro. Ao chegar na
usina, o processamento inicia com o cozimento dos frutos a alta temperatura e pressão, e após
esterilização, os frutos passam pelo debulhador para separar os cachos e os frutos. Os frutos são
transferidos para maceração e prensagem até se obter o óleo do mesocarpo, que passa por clarificação e
vai ao tanque de decantação separar óleo e borra. O óleo bruto passa pelo processo de branqueamento e
filtragem. Em seguida, é aquecido e destilado/desodorizado. O óleo refinado recebe antioxidantes e é
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filtrado novamente. (Adaptado de Costa, 2007).
2. Objetivo
2.1. Geral
O presente trabalho tem como objetivo geral avaliar a viabilidade técnica, econômica e
ambiental da expansão da produção do óleo de dendê, com o propósito de promover sua utilização
como matéria-prima relevante na produção de biodiesel, tendo como base o aumento de 2% da adição
de biodiesel no diesel convencional em 2025 redigido pela resolução 16 do CNPE. O estudo visa
impulsionar o uso do óleo de dendê como fonte para o biodiesel, a fim de reduzir a dependência do
óleo de soja, principal insumo utilizado atualmente.
2.2. Específicos
Realizar uma análise de viabilidade técnico e econômica da produção de biodiesel a partir do
óleo de dendê para a produção e distribuição nacional; Identificar os principais impactos ambientais
para o aumento da escala de produção do biodiesel, tanto em relação aos benefícios da fixação de
carbono e revitalização de solos degradados, quanto aos malefícios da monocultura e impacto da
biodiversidade; Comparar o óleo de dendê com outros insumos tradicionais para o biodiesel, como a
soja, a fim de verificar a competitividade do processo via óleo de dendê pela perspectiva econômica e
sustentável do óleo de palma.
3. Metodologia
3.1. Dimensionamento da planta de produção de biodiesel
Determinar a quantidade de óleo de dendê necessária para aumentar a produção de biodiesel no
país, considerando o aumento de 2% na utilização de biodiesel no diesel, que será implementado a
partir de 2025, conforme estabelecido pela Resolução 16 do Conselho Nacional de Política Energética
(CNPE), sendo o óleo de dendê utilizado como principal fonte de suprimento.
O processo produtivo tradicional de biodiesel a partir de um óleo vegetal constitui-se na
esquematização mostrada na seção anexo figura 1. Assim como na figura 2 da mesma seção podemos
encontrar os passos para a obtenção do óleo.
4. Resultados esperados
Este trabalho tem como objetivo analisar os impactos econômicos e ambientais da expansão da
produção de óleo de dendê, especificamente seu uso na produção de biodiesel. Será avaliado o volume
necessário desse óleo para impulsionar a produção de biodiesel, considerando a meta estabelecida pela
CNPE de aumentar a proporção de biodiesel no diesel convencional em até 2% até 2025. Após
dimensionar e avaliar o processo nos aspectos econômicos e ambientais, será realizada uma análise
comparativa com outros insumos tradicionais para a produção de biodiesel. Serão considerados
critérios como produtividade, rendimento e custos de produção, a fim de verificar a competitividade do
óleo de dendê como matéria-prima em relação à demanda atual de aumento na produção nacional de
biodiesel incentivada pelo governo. Essa análise comparativa permitirá verificar a viabilidade do óleo
de dendê como uma opção factível para atender à demanda crescente de biodiesel no país.
5. Cronograma de desenvolvimento
O cronograma de desenvolvimento do TCC pode ser apresentado conforme exemplificado na
Tabela 1.
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Anexos