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RELATÓRIO

TEMA: BIODIESEL

POR: MÁRCIA SILVA

COLABORAÇÃO: ANABELA FERNANDES

04 DE AGOSTO DE 2006
RELATÓRIO SOBRE BIODIESEL

BIODIESEL
Biodiesel é o nome de um combustível alternativo de queima limpa, produzido de recursos domésticos, renováveis. O Biodiesel
apesar de não conter petróleo, pode ser adicionado ao mesmo formando uma mistura. Pode ser usado em motores de ignição a
compressão (diesel) sem necessidade de modificação. O Biodiesel é simples de ser usado, biodegradável, não tóxico e,
essencialmente, livre de compostos sulfurados e aromáticos.

O Biodiesel é fabricado através de um processo químico chamado transesterificação, onde a glicerina é separada da gordura ou
do óleo vegetal. O processo gera dois produtos, ésteres (o nome químico do Biodiesel) e glicerina (produto valorizado no
mercado de sabões).

O Biodiesel de qualidade deve ser produzido seguindo especificações indústrias restritas, a nível internacional temos a ASTM
D6751. Nos EUA, o Biodiesel é o único combustível alternativo a obter completa aprovação no Clean Air Act de 1990 e
autorizado pela Agência Ambiental Americana (EPA) para venda e distribuição. Os óleos vegetais puros não estão autorizados a
serem utilizados como óleo combustível.

O Biodiesel pode ser usado puro ou em mistura com o óleo diesel em qualquer proporção. Tem aplicação singular quando
utilizado em mistura com o óleo diesel de ultra baixo teor de enxofre, porque confere a este, melhores características de
lubricidade. O uso dos ésteres em adição de 5 a 8% é visto como uma alternativa excelente para reconstituir essa mesma
lubricidade.

Mundialmente passou-se a adoptar uma nomenclatura bastante apropriada para identificar a concentração do Biodiesel na
mistura. É o Biodiesel BXX, onde XX é a percentagem em volume do Biodiesel à mistura. Por exemplo, o B2, B5, B20 e B100
são combustíveis com uma concentração de 2%, 5%, 20% e 100% de Biodiesel, respectivamente.

A experiência de utilização do Biodiesel no mercado de combustíveis tem sido feita em quatro níveis de concentração:
· Puro (B100)
· Misturas (B20 – B30)
· Aditivo (B5)
· Aditivo de lubricidade (B2)

As misturas em proporções volumétricas entre 5% e 20% são as mais usuais, sendo que para a mistura B5, não é necessário
nenhuma adaptação dos motores.

O Biodiesel é quimicamente semelhante ao óleo diesel mineral, podendo ser usado em motores do ciclo diesel sem a necessidade
de adaptações.

Por ser biodegradável, não-tóxico e praticamente livre de enxofre e aromáticos, é considerado um combustível ecológico.

Como se trata de uma energia limpa, não poluente, o seu uso num motor diesel convencional resulta, quando comparado com a
queima do diesel mineral, numa redução substancial de monóxido de carbono e de hidrocarbonetos não queimados

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RELATÓRIO SOBRE BIODIESEL
PORQUE SE DEVE USAR BIODIESEL?

Cada vez mais o preço da gasolina, diesel e derivados de petróleo tendem a subir. A cada ano o consumo aumenta e as reservas
diminuem. Além do problema físico, há o problema político: a cada ameaça de guerra ou crise internacional, o preço do barril de
petróleo dispara.

O efeito estufa, que deixa o nosso planeta mais quente, devido ao aumento de dióxido de carbono na atmosfera (para cada 3,8
litros de gasolina que um automóvel queima, são liberados 10 kg de CO2 na atmosfera). A queima de derivados de petróleo
contribui consequentemente para o aquecimento do clima global devido ao aumento dos níveis de CO2 na atmosfera.

VANTAGENS NA UTILIZAÇÃO DO BIODIESEL

• É uma energia renovável.


• O Biodiesel é um óptimo lubrificante e pode aumentar a vida útil do motor.
• O Biodiesel tem um risco baixo de explosão. Necessita de uma fonte de calor superior a 150 graus celcius para
explodir.
• É de fácil transporte e tem fácil armazenamento, devido ao seu menor risco de explosão.
• O uso como combustível proporciona ganhos ambientais para todo o planeta, pois colabora para diminuir a poluição e
o efeito estufa.
• A viabilidade do uso directo foi comprovada na avaliação dos componentes do motor, que não apresentaram qualquer
tipo de resíduo que comprometesse o desempenho.
• Para a utilização do bio combustível, não é necessária fazer nenhuma adaptação em camiões, tractores ou máquinas.
• O diesel do petróleo é um combustível não-renovável. O petróleo leva milhões de anos para se formar.
• Substitui o diesel nos motores sem necessidade de ajustes.
• Diminuição da poluição atmosférica.
• O calor produzido por litro é quase igual ao do diesel.

• Pouca emissão de partículas de carvão. O Biodiesel é um éster e, por isso, já tem dois átomos de oxigénio na
molécula.
• Na queima do Biodiesel, ocorre a combustão completa.
• É necessária uma quantidade de oxigénio inferior à do diesel.
• Os óleos vegetais usados na produção do Biodiesel podem ser obtidos do girassol, algodão, soja,... Qualquer
oleaginosa.
• É constituído de carbono neutro. As plantas capturam todo o CO2 emitido pela queima do Biodiesel e separam o CO2
em Carbono e Oxigénio, neutralizando suas emissões.
• Proteger os interesses do consumidor quanto a preço, qualidade e oferta dos produtos;
• Proteger o meio ambiente e promover a conservação de energia;

BIODIESEL A NÍVEL MUNDIAL

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RELATÓRIO SOBRE BIODIESEL

O Biodiesel surgiu mundialmente como uma alternativa promissora aos combustíveis minerais, derivados do petróleo. O carácter
renovável torna o produto numa fonte importante de energia a longo prazo.

Os bio combustíveis vêm sendo testados em várias partes do mundo. Países como Argentina, Estados Unidos, Malásia,
Alemanha, França e Itália já produzem Biodiesel comercialmente, estimulando o desenvolvimento da escala industrial.

No início dos anos 90, o processo de industrialização do Biodiesel foi iniciado na Europa. Portanto, apesar de ter sido
desenvolvido no Brasil, o principal mercado produtor e consumidor de Biodiesel, em grande escala, é a Europa.

A União Europeia produz anualmente mais de 1,35 milhões de toneladas de Biodiesel, em cerca de 40 unidades de produção.
Isso corresponde a 90% da produção mundial de Biodiesel. O governo garante incentivos fiscais aos produtores, para além de
promover leis específicas para o produto, visando a melhoria das condições ambientais, através da utilização de fontes de
energia mais limpas. A tributação dos combustíveis de petróleo na Europa, inclusive do óleo diesel mineral, é extremamente
alta, garantindo a competitividade do Biodiesel no mercado.

BIODIESEL NA EUROPA

As refinarias de petróleo da Europa têm procurado eliminar o enxofre do óleo diesel. Como a lubricidade do óleo diesel mineral
dessulfurado diminui muito, a correcção tem sido feita pela adição do Biodiesel, já que a sua lubricidade é extremamente
elevada. Esse combustível tem sido designado, por alguns distribuidores europeus, de “Super Diesel”

No mercado internacional, a utilização de Biodiesel tem sido direccionada para veículos de transportes e passageiros,
geradores, caldeiras, etc.O maior produtor e consumidor mundial de Biodiesel é a Alemanha. Responsável por cerca de 42% da
produção mundial, a sua produção é feita a partir da colza, produto utilizado principalmente para nitrogenização do solo. A
extracção do óleo gera farelo proteico, à ração animal. O óleo é distribuído de forma pura, isento de mistura ou aditivos, para a
rede de abastecimento de combustíveis compostas por cerca de 1700 postos.

Na Europa foi assinado, em Maio de 2003, uma Directiva pelo Parlamento Europeu, visando a substituição de combustíveis
fósseis por combustíveis renováveis. A proposta é alcançar 5,75% em 2010.

O uso do Biodiesel na União Europeia – EU, recebe incentivos à produção através de uma forte desagravação tributária e
alterações importantes na legislação do meio ambiente. Em 2010, 5,75% dos combustíveis consumidos na UE terão de ser
renováveis.

Os fabricantes europeus de motores apoiam a mistura de 5% de Biodiesel. Na mistura até 30% ou Biodiesel puro (Alemanha)
muitos fabricantes dão garantia:
VW, Audi, Seat, Skoda, PSA, Mercedes, Caterpillar e Man garantem alguns modelos. Na Alemanha, mais de 800 postos de
combustíveis vendem Biodiesel puro.

Durante a década passada, a Comunidade Europeia aplicou cerca de 100 milhões de euros no Projecto de Demonstração de
Biodiesel, considerado o mais relevante entre todos os programas europeus de bioenergia. O programa americano de Biodiesel,
de menor dimensão, também tem recebido expressivos apoios. No curto período 1992 a 1997 foram desenvolvidos cerca de
350 projectos de pesquisa sobre Biodiesel nos Estados Unidos, num impressionante conjunto de estudos sobre produção,
comercialização, uso e implicações.

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RELATÓRIO SOBRE BIODIESEL
Segundo a União Europeia, em 1998 foram produzidos 500 mil toneladas de Biodiesel. Já em 2002 foram produzidos 1,06
milhões de toneladas de Biodiesel, principalmente na Alemanha, França, Itália, Áustria, Dinamarca e Reino Unido.

No final de 2003, a capacidade instalada na Europa ocidental e oriental era de cerca de 2,5 – 2,7 milhões de toneladas, com
expectativas de atingir 3,3 milhões de toneladas no final de 2004. O direccionamento do programa de Biodiesel da União
Europeia objectiva a substituição de 2% do diesel usado para transportes em 2005; 5,75% em 2010, e 20% em 2020.

A maior parte do óleo vegetal utilizado neste programa vem do cultivo da colza.

No momento, os custos de produção de óleo vegetal são, em média, cerca de duas vezes superiores ao do diesel mineral. Para
atingir a meta de 2010 nas condições actuais, o nível de subsídios em forma de isenção de impostos seria de aproximadamente
2,5 biliões/ ano

BIODIESEL NA ALEMANHA

A Alemanha possui 82 milhões de habitantes que consomem cerca de 27 milhões de toneladas de diesel.

A Alemanha estabeleceu um expressivo programa de produção de Biodiesel a partir da canola, sendo hoje o maior produtor e
consumidor europeu de Biodiesel, com capacidade de gerar 1 milhão de toneladas anuais.

E a expectativa para este ano é uma produção até 2 milhões de toneladas. No modelo de produção alemão, os agricultores
plantam a canola para nitrogenar naturalmente os solos. Dessa planta extraem óleo, que é a principal matéria-prima para a
produção do Biodiesel.

O sistema produtivo da Alemanha, de Biodiesel, bem como dos demais países europeus, tem a seguinte configuração:
- o óleo é extraído da canola (rape seed). O farelo proteico produzido nesta etapa é direcionado para ração de animais;
- o óleo de canola é transformado em óleo diesel vegetal, agora caracterizado como Biodiesel;
- o Biodiesel é distribuído de forma pura (B100), isento de qualquer mistura ou aditivação, para uma enorme rede de
abastecimento de combustíveis composta de mais de 1.000 postos.

Uma estratégia interessante na comercialização, adoptada pelos alemães, foi a disponibilização de dois bicos numa mesma
bomba de combustível, sendo um para o óleo diesel de petróleo, e o outro, com selo verde, para o Biodiesel.

Grande parte dos usuários misturava, nas mais diversas proporções, o Biodiesel com o diesel comum, até ganhar confiança no
novo combustível, cerca de 12% mais barato e com várias vantagens ambientais.

A prática de um menor preço para o Biodiesel na Alemanha é explicável pela completa isenção dos impostos em toda a cadeia
produtiva. Hoje, o Biodiesel representa 2% do total do diesel que é consumido neste país. Até 2010, a Alemanha pretende
substituir 10% do diesel fóssil pelo Biodiesel.

O uso comum de Biodiesel como combustível tem sido substancialmente desenvolvido desde 1991, com a
montagem da primeira planta industrial em Aschach/Áustria.

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RELATÓRIO SOBRE BIODIESEL
BIODIESEL EM FRANÇA

O Biodiesel na França é conhecido como diester.

Com capacidade de 460 mil toneladas por ano, a França foi até 2003 o segundo maior produtor europeu de Biodiesel. As
motivações e os sistemas produtivos são semelhantes aos adoptados na Alemanha, porém o combustível é fornecido no posto
já misturado com o óleo diesel de petróleo na proporção actual de 5%. Contudo, esse percentual deverá ser elevado para 8%.
Actualmente, os transportes publicos franceses consomem uma mistura até 30% de Biodiesel.

Na França, o uso do Biodiesel misturado com o diesel mineral visa melhorar as emissões dos motores, em especial através da
eliminação das mercaptanas, substâncias ricas em enxofre, extremamente danosas à saúde dos animais e das plantas

A evolução dos conceitos de um Biodiesel para uso urbano deu-se através da criação do “Partenaires Diester” (“Parceiros do
Biodiesel”). Trata-se de uma associação de entidades francesas que congregam grandes produtores e consumidores do
combustível e que tem como finalidade disseminar e avaliar os efeitos positivos da mistura de Biodiesel e diesel de petróleo nos
centros urbanos, especialmente nos transportes colectivos.

BIODIESEL EM PORTUGAL

O Governo aprovou no passado dia 16 de Fevereiro de 2005, a isenção dos impostos dos produtos petrolíferos (ISP) para
biocombustiveis, como medida de desenvolver este combustível verde e reduzir a dependência de Portugal face ao petróleo.

A directiva comunitária sobre os biocombustiveis estabelecia que cada Estado membro da União Europeia deve assegurar que,
até 31 de Dezembro de 2005, toda a gasolina e gasóleo utilizados nos transportes públicos incorpore dois por cento de
biocombustível.

Essa percentagem deverá atingir os 5,75 por cento em 2010, sendo objectivo da Comissão Europeia não só reduzir a emissão
de gases poluentes, tendo em vista o cumprimento do Protocolo de Quioto, mas também reduzir a dependência do sector dos
transportes em relação ao petróleo.
A isenção de ISP era um dos principais incentivos aguardados pelos agentes económicos interessados em desenvolver a fileira
dos biocombustiveis em Portugal, uma vez que têm um custo adicional de produção mais elevado do que os combustíveis
fósseis que os torna menos competitivos.
A criação de uma fileira de biocombustiveis em Portugal permitirá instalar fábricas de biodiesel e bioetanol, potenciar a
produção de culturas energéticas, nomeadamente do Alqueva, diminuir a dependência das importações de petróleo e reduzir as
emissões de dióxido de carbono (C02).

O biodiesel é refinado a partir de óleos extraídos de plantas, (girassol, palma, soja e colza), sendo usado actualmente sobretudo
em veículos de transporte público.

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RELATÓRIO SOBRE BIODIESEL
De acordo com a Associação Portuguesa de Empresas Petrolíferas, o mercado português já conta com gasóleo com
biodiesel, através da incorporação de até 5 por cento deste componente renovável, em todo o gasóleo distribuído pelo aparelho
nacional de refinação e logística.

Esta medida, enquadrada na directiva europeia 2003/30/CE de 2003, implantada desde o final de Junho do corrente ano,
traduziu-se numa iniciativa efectiva de redução de emissões através da introdução de energias renováveis.

O impacto positivo desta medida a nível ambiental é expressivo, permitindo a redução de emissões de dióxido de carbono (CO2)
em cerca de 400 mil toneladas por ano.

Da mesma maneira, a incorporação de Biodiesel no gasóleo garante menores emissões de partículas, de hidrocarbonetos e de
enxofre. O Biodiesel contém 11 por cento de oxigénio, o que torna a combustão mais limpa. O desempenho e o consumo dos
motores não sofrem alterações.

A implementação da distribuição de gasóleos com Biodiesel representa uma redução de 15 a 20 por cento nas importações
portuguesas no que se refere a gasóleo, contribuindo simultaneamente para a diversificação das fontes e para a redução da
dependência energética.

O Biodiesel é um combustível renovável, produzido a partir da colza, soja e palma. A sua mistura com o gasóleo cumpre um
processo com controlo rigoroso de qualidade em toda a cadeia, desde o produtor até à sua incorporação no gasóleo.

O Biodiesel que vai ser integrado no gasóleo português provém de duas fábricas – Torrejana (Torres Novas) e Iberol (Alhandra)
– que empregam 107 pessoas e produzem um total de 160.000 toneladas de Biodiesel por ano.

Apesar de os custos de produção serem mais elevados, o preço final do gasóleo ao consumidor não sofre qualquer alteração,
visto, como referimos anteriormente, o Governo concedeu isenção fiscal a nível do ISP.

COMBUSTÍVEL DE ACORDO COM AS NORMAS EUROPEIAS

O Biodiesel é um éster de óleos vegetais, designadamente de FAME (Fatty Acid Methyl Ester), produzido a partir da colza, soja
e palma.

A norma que rege a qualidade do gasóleo a nível europeu (EN 590) estipula que o gasóleo pode incorporar até 5 por cento de
Biodiesel, desde que cumpra as especificações constantes da norma a que está sujeito (EN 14214).

Assim, os gasóleos sem ou com biodiesel (até 5 por cento) estão incluídos na mesma norma, sendo ambos referenciados como o
mesmo produto – gasóleo – para todos
os efeitos de qualidade e de operacionalidade. Isto permite que a generalização da distribuição possa ser efectuada.

Esta prática é sustentada pelos construtores de automóveis no documento “Worl-Wide Fuel Charter”, que recomenda os
padrões globais de qualidade para o gasóleo.

Os standards enumerados foram estabelecidos por acordo dos seus associados, compostos pelos construtores de automóveis
membros da ACEA (European Automobile Manufacturers Association), da JAMA (Japan Automobile Manufacturers
Association), e do EMA (United States Engine Manufacturers Association), num total de 53 construtores, e de outras
associações de todo o mundo.

As principais conclusões do documento dos construtores demonstram que os gasóleos das categorias 1 a 3 (nas quais se
inserem os gasóleos comercializados na Europa) podem incorporar até 5 por cento de biodiesel certificado.

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RELATÓRIO SOBRE BIODIESEL
O gasóleo disponibilizado passará a incorporar até 5 por cento de biodiesel. O éster utilizado possui as características
específicas que estão devidamente regulamentadas pela norma europeia EN 14214.

O controlo de qualidade de todo o processo de produção de gasóleo com biodiesel, desde a recepção à distribuição, passando
pela mistura do FAME no gasóleo, cumpre com procedimentos rigorosos assegurados pelo aparelho refinador e logístico
nacional, o que abastece os principais operadores do mercado.

A conformidade do FAME com as exigentes normas europeias é certificada por laboratórios acreditados (o INETI, em Portugal,
ou o SGS, na Alemanha, entre outras).

FÁBRICA TORREJANA DE COMBUSTIVEIS SA

(Informação retirada de “O Ribatejo”)

A Fábrica Torrejana de Biocombustiveis, com sede em Riachos (Torres Novas), é a primeira empresa portuguesa a produzir
biodiesel. Esta unidade industrial, que foi outrora a Fábrica Torrejana de Azeites, está a produzir biodiesel desde o passado mês
de Março, mas há mais de dois anos que o projecto se encontra em construção, tendo sido já visitado por industriais,
engenheiros e académicos de todo o mundo, interessados em conhecer o modelo industrial desta unidade, que é considerada
uma fábrica-modelo.

Este projecto, da responsabilidade do empresário João Cardoso, do Entroncamento, e dos projectistas italianos da Desmet
Balestra, representou um investimento de 12 milhões de euros, que permitiu reconverter a antiga fábrica de azeites, que era
responsável pela produção do azeite Oliveira da Serra para o Grupo Nutrinveste. A nova Fábrica Torrejana de Biocombustíveis é
detida maioritariamente pela Tracopol, a maior empresa nacional de transportes de óleos, também propriedade de João
Cardoso.

Em 2006, a empresa conta facturar cerca de 25 milhões de euros, produzindo cerca de 40 mil toneladas de biodiesel. O
objectivo para 2007 é a construção da segunda fase deste projecto, o que vai permitir duplicar a produção da fábrica até 100
mil toneladas. Refira-se que em Portugal são produzidas cerca de 140 mil toneladas de biodiesel, repartidas entre a Torrejana e
aIberol.

Estima-se que dentro de quatro anos, o país irá precisar de produzir 300 mil toneladas para satisfazer as necessidades
energéticas. Actualmente, a quota de incorporação de biodiesel é de apenas 5%, mas prevê-se a entrada de novas empresas
neste sector, estando já anunciadas a criação de mais quatro unidades em todo o país.

A produção actual da Torrejana é integralmente vendida à Petrogal, empresa com a qual mantém um contrato de fornecimento
de 6 anos. João Cardoso explica que resolveu apostar neste sector porque acredita nas potencialidades de crescimento deste
negócio e porque defende que a indústria do biocombustível pode gerar “uma verdadeira revolução agrícola”. Até agora, a
competitividade do sector é conseguida porque existe uma isenção especial do imposto sobre os produtos petrolíferos, ainda
que seja uma vantagem temporária.

Para assegurar a competitividade do negócio no futuro, João Cardoso quer avançar já com um projecto igualmente pioneiro, que
descobriu através de uns especialistas brasileiros que visitaram a fábrica: o empresário quer introduzir em Portugal uma nova
semente, a do pinhão-manso, que vai permitir cultivar a matéria-prima do biodiesel em pequenas propriedades, que podem ser
exploradas por pequenos agricultores.
“Esta semente precisa de pouca humidade e é a mais indicada para tornar os solos portugueses mais rentáveis”, explica João
Cardoso, que também pretende avançar com a plantação desta semente numa propriedade sua. Para além disso, o aumento de

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RELATÓRIO SOBRE BIODIESEL
produção que se espera alcançar com esta nova semente, vai permitir reduzir a dependência nacional e a escassez de matéria-
prima para produção de biodiesel, que até ao momento é obtido a partir das sementes de soja e de colza.

O empresário está já a negociar com o Ministério da Agricultura a implementação desta nova cultura de sementes. Tem ainda
prevista a criação de uma unidade extractiva de óleo nesta unidade de Riachos que irá recolher as sementes junto dos
agricultores e transformá-la em óleo para depois ser utilizada na produção de biodiesel. Por enquanto, a Torrejana adquire óleo
aos principais produtores de óleo vegetal do país.

No futuro, João Cardoso espera que o mercado do biodiesel possa evoluir, com o aparecimento de novos produtores, a tal ponto
que a produção seja excedentária relativamente às metas já estabelecidas pelo Governo. Ao verificar-se esta situação, o
empresário antevê a possibilidade de serem estabelecidas metas mais ambiciosas ou de então os produtores terem que
orientam a sua produção para a exportação como forma de garantir o escoamento. Para já, João Cardoso quer continuar a
produzir de forma equilibrada e sustentada, e não pretende ainda exportar.

IBEROL – SOCIEDADE IBÉRICA DE OLIAGINOSAS SA

A Iberol – Sociedade de Oleaginosas SA, instalada em Alhandra, está a produzir biodiesel há cerca de um ano.

A unidade de laboratório do grupo Nutasa está a apostar na entrada de funcionamento de uma segunda fábrica até ao final
deste ano, que permitirá a produção, prevendo-se que atinja as 100 mil toneladas (12 milhões de litros) por ano.

O projecto da Iberol representou um investimento de 58 milhões de euros e 85 postos de trabalho directos e centenas de
indirectos. O administrador, João Rodrigues, confirmou em entrevista ao DN, que a Petrogal (Galpenergia) vai comprar toda a
produção da empresa, que fica obrigada a garantir um stock de segurança, para evitar roturas no fornecimento aos clientes
Galp.

O administrador da Iberol, revelou que a fábrica está preparada para receber os óleos alimentares recolhidos em restaurantes,
hotéis e residências, e que actualmente são lançados em esgotos, seguindo o seu trajecto até ao rio, nos concelhos em que não
há qualquer estação de tratamento de águas residuais (ETAR), como é o caso de Vila Franca de Xira.

O projecto em desenvolvimento na fábrica de Alhandra, teve em conta a previsão do aumento de consumo do biodiesel. A
previsão é que dentro de cinco anos, o consumo deste combustível verde atingirá as 300 mil toneladas.

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RELATÓRIO SOBRE BIODIESEL

ENTREVISTAS REALIZADAS:

SUNERGY ENERGIAS RENOVÁVEIS SA


DR. AUGUSTO CÉSAR DE CARVALHO

• QUAL A CAPACIDADE ACTUAL DE PRODUÇÃO E PERSPECTIVAS FUTURAS?

A nossa capacidade produtiva actual é de 5.000 toneladas, que podemos expandir com extrema facilidade e rapidez até 18.000
toneladas por ano. Estamos a contemplar uma segunda unidade de produção noutro ponto do país – acreditamos em produzir de
forma distribuída, perto do cliente final, pois cria emprego local e dá melhor segurança ao cliente, tratando-se de um
combustível novo.
Como perspectivas futuras, tínhamos, inicialmente, apontado para 50.000 toneladas a curto prazo, chegando ao dobro deste
valor a médio prazo. Mas isto pode mudar. Depende sobretudo do enquadramento legal, porque mercado ainda existe.
Actualmente temos um enquadramento menos positivo do que em Espanha, e este é um factor que temos que ter em
consideração ao planear a expansão. Mas este é um sector novo, e a legislação tem estado a evoluir.
Temos tido solicitações de outros países para instalarmos lá unidades, mas gostaríamos de evoluir, no entanto, o máximo
possível em Portugal.

• QUAIS AS MATÉRIAS-PRIMAS QUE UTILIZAM NA PRODUÇÃO DE BIODIESEL?

Estamos preparados para utilizar qualquer tipo de óleo vegetal ou animal. Actualmente utilizamos uma mistura (blend) de óleos
vegetais novos e usados. Temos estado activos no desenvolvimento de alternativas inovadoras para matéria prima – temos
experimentado biodiesel de óleo de semente de algodão e de rícino (mamona), entre outros.
Temos particular interesse em promover activamente o desenvolvimento de um sector de óleos nacionais, de oleaginosas. Neste
momento, este é quase que limitado à azeitona, que é cara de mais para o Biodiesel. Esta mos a aferir o potencial do cardo,
em conjunto com parceiros, assim como de outras espécies. A Agricultura portuguesa tem capacidade de ser competitiva
enquanto agricultura energética, mas é preciso não é produtos mas sim em “sistemas de produção”. Temos estado activos
neste sector e com boa receptividade por parte de agricultores. Para além do cardo estamos a experimentar outras espécies
que pensamos terem potencial, assim como alguns híbridos de espécies como a colza, mas melhor adaptadas ao clima e solo
português. Para além destes óleos “puros”, temos desenvolvido misturas (blends) de óleos com características particulares.
Outra área em que temos estado activos tem sido a de obter produtos de valor acrescentado a partir da glicerina produzida
juntamente com a Biodiesel. É um composto bastante versátil, e é pena que a utilização que lhe seja dada, na maioria das
unidades produtoras, seja a queima. Existem vários produtos de valor acrescentado que podem ser feitos a partir da glicerina, e
temos investido bastante

na investigação de produtos obteníveis assim como a industrialização de alguns processos já validados laboratorialmente. Para
isso temos contado com um inestimável apoio de entidades do Sistema Cientifico Nacional, com quem colaboramos. É um
exemplo de colaboração empresa-universidade que dará frutos brevemente.

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RELATÓRIO SOBRE BIODIESEL

• QUAIS AS ÁREAS DE ACTIVIDADE DOS VOSSOS PRINCIPAIS CLIENTES?

A principal área de actividades dos nossos clientes são os transportes terrestres, seja de mercadorias seja de passageiros.
Estamos a testar, juntamente com parceiros, a utilização de Biodiesel para algumas aplicações de nicho, nomeadamente em
geradores de electricidade, com resultados muito positivos. Estes sectores são grandes consumidores de combustível, e a
qualidade do produto, assim como o serviço de apoio que lhes prestamos, são de uma importância primordial. Questões como
consumos e custos globais são as principais preocupações para este sector, e gostamos de poder contribuir para o tornar mais
competitivo e amigo do ambiente.
É preciso notar que o nosso mercado alvo utiliza Biodiesel não apenas como um aditivo, até 5 por cento, mas sim como um
combustível, puro ou em grande percentagem, 30, 50e 80 por cento, de mistura com diesel. Os resultados têm sido muito
positivos.

• QUAL A NECESSIDADE ACTUAL EM PORTUGAL?

Portugal é o país da EU com maior dependência energética, em particular petrolífera. Nesse sentido a necessidade é grande,
pois a utilização de Biodiesel permite melhorar a segurança de abastecimento, por um lado, e gerar mais valor loca, por outro.
Mesmo sendo Portugal um país que actualmente tem uma produção expressiva de óleos vegetais, sempre há lugar a maior
criação de emprego e de valor do que no caso dos produtos petrolíferos. Por outro lado, a existência da alternativa Biodiesel
tem criado mais consciência, seja a nível de potenciais produtores de oleaginosas, seja a nível do tratamento de óleos usados,
de que há alternativas.
Se olharmos para o nosso principal mercado, frotas de transportes, vemos que este sector da economia nacional necessita
fortemente de factores que lhe permitam ganhar competitividade face a Espanha. O combustível é um importante factor de
custo para este sector, e este é menos oneroso em Espanha, criando desigualdades competitivas.
A isenção de ISP existente em Portugal para o Biodiesel, embora não total, ajuda a nivelar as coisas, permitindo ao sector dos
transportes recuperar alguma competitividade face a Espanha.
Da nossa perspectiva, acreditamos que a utilização de Biodiesel como combustível, para além das claras vantagens ambientais,
pode ser um factor de competitividade acrescida para a economia nacional. É preciso que se encare este sector como uma real
oportunidade para o país, e não apenas como ameaças a receitas de ISP, como por vezes, e incorrectamente, acontece. O
fundamental é que se acredite e se promova efectivamente o sector. É preciso agir rapidamente porque o resto da Europa não
anda à nossa espera.

DIESELBASE ENERGIAS RENOVÁVEIS LDA.


FILIPE PAULETTE

• QUAL A CAPACIDADE ACTUAL DE PRODUÇÃO E PERSPECTIVAS FUTURAS?

A nossa capacidade actual situa-se nos 12 000 litros por dia e, esperamos a curto prazo um aumento para o dobro.

• QUAIS AS MATÉRIAS-PRIMAS QUE UTILIZAM NA PRODUÇÃO DE BIODIESEL?

As matérias-primas utilizadas no nosso processo são o óleo vegetal usado e o metanol, que depois de sofrerem um pré-
tratamento são transformados em ésteres metílicos “aka” Biodiesel.

• QUAIS AS ÁREAS DE ACTIVIDADES DOS VOSSOS PRINCIPAIS CLIENTE?

Os nossos clientes são, na sua maioria, empresas de transportes e de serviços com frotas de veículos diesel.

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RELATÓRIO SOBRE BIODIESEL

• QUAL A NECESSIDADE ACTUAL DE PORTUGAL?

O Biodiesel, como combustível, é um óptimo substituto do gasóleo mas, dizer que no futuro todo o gasóleo será substituído por
este combustível é impensável por diversas razões. Penso que será mais correcto questionar quanto à percentagem de gasóleo
a ser substituída por Biodiesel e aí entra a quantidade de terras aráveis dedicadas à cultura de oleaginosas para Biodiesel.

• ONDE FOI PRODUZIDO O EQUIPAMENTO UTILIZADO NA VOSSA EMPRESA?

O equipamento utilizado na nossa empresa foi todo ele projectado pela Dieselbase, o que nos remete para a primeira empresa
em Portugal a desenvolver tecnologia para a produção de Biodiesel, segundo a norma EN 14214.

• ONDE OBTÊM MATÉRIA-PRIMA PARA A PRODUÇÃO DE BIODIESEL?

A matéria-prima é na sua maioria OVU’s recolhidos pelo nosso sistema de reciclagem e por recolhedores privados, que
trabalham em parceria connosco.

• QUANTO É QUE O MERCADO PORTUGUÊS CONSOME, ACTUALMENTE EM BIODIESEL, E QUAIS AS PREVISÕES


PARA 2010?

Actualmente estima-se que o mercado nacional esteja a consumir cerca de 300 000 toneladas por ano. Até 2010 penso que
este valor irá crescer bastante com a entrada de novos produtos e o aumento de capacidades dos produtores já existentes.
• QUAL O PREÇO POR LITRO PRATICADO PELA VOSSA EMPRESA?

O preço por litro de combustível, tem como valor médio 0,75 € + IVA.

• QUE PERCENTAGEM DE BIODIESEL ACONSELHAM?

A Dieselbase aconselha aos seus clientes a misturarem 20 por cento de biodiesel e 80 por cento de gasóleo (B20).

• O FACTO DE ENTRAREM NOVAS EMPRESAS PARA O MERCADO NACIONAL TRAZ RISCOS PARA A DIESELBASE,
EM TERMOS DE CONCORRÊNCIA?

Não sentimos qualquer abrandamento nas vendas desde que entraram novas unidades de produção, antes pelo contrário, penso
que isto se deve ao facto de o mercado ser enorme, conseguindo absorver toda a produção existente.

SPACE, ECO-COMBUSTÍVEIS, GESTÃO DE RESÍDUOS, LDA.


ENG.º RICADO MOTA E ENG.º PEDRO AMORIM

• EMPRESA?

A Space surgiu há três anos com o Eng.º Ricardo Mota, é ele o rosto principal da empresa, foi ele que começou esta luta e que
passou pela tarefa difícil de adquirir licenças e passar os trâmites legais.
Há cerca de três meses entraram novas pessoas, para dar um novo ar à empresa e ajudar nesta batalha. Entrei eu Eng.º Pedro
Amorim, depois entrou o Eng.º Borges e, posteriormente entrou uma empresa ligada a energias alternativas e uma SGPS de
Guimarães, Guiminvest, somos nós os cinco. Quem lida diariamente na empresa sou eu (Pedro) e o Ricardo.

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RELATÓRIO SOBRE BIODIESEL

• COMO SURGIU A IDEIA DE CRIAR UMA EMPRESA DE BIODIESEL?

A ideia na altura surgiu, sobretudo, devido à subida dos combustíveis e surgiu também porque se consegui juntar e muito bem
as universidades, reunindo assim os factores necessários à criação da empresa. Na altura não havia nenhuma e com a Directiva
Comunitária, achamos que era uma boa oportunidade e uma boa ideia.

• COM QUE MATÉRIAS PRODUZEM O BIODIESEL?

Nós trabalhamos com óleos vegetais provenientes da restauração e trabalhamos também com óleos novos. O nosso biodiesel é
feito essencialmente de óleos vegetais.
É muito menos poluente, tem mais lubrificante que o normal, a nível de potência é igual, a nível de consumos é igual. O biodiesel
tem todas as vantagens de uma energia alternativa, de uma energia renovável. Outra das suas grandes vantagens é em termos
de aplicação, ou seja não é necessário fazer nenhum tipo de alteração nos carros. E já há alguns exemplos muito concretos, na
própria cidade de Braga, os TUB já andam com biodiesel e nenhum deles notou nenhum tipo de diferença, nem a nível de
consumo, nem a nível de resistência.

• COMO FUNCIONA O SISTEMA DE SISTEMA DE RECOLHA DOS ÓLEOS?

A recolha em Portugal já está instituída e nós temos serviço de recolha, embora também tenhamos contratos com recolhedores
próprios e restauração. Tudo isso faz com que consigamos as matérias-primas.

• QUEM SÃO OS VOSSOS PRINCIPAIS CLIENTES?

Nós fornecemos biodiesel para todo o tipo de aplicações, desde geradores que se entram em cima de montes, a caldeiras,
transportes pesados e ligeiros, até particulares.
O biodiesel já não é algo experimental, já está implantado em muitos países e, em Portugal, também já não é propriamente uma
novidade. Os primeiros testes de biodiesel em França começaram a surgir em 1985, já lá vão 21 anos. A Alemanha já produz em
grande escala desde 1995.
Em Portugal, esta questão já começa a deixar de ser novidade e a prova, para nós, está no facto de já não procurarmos
clientes, os clientes é que nos procuram a nós. Todos os dias nos aparecem novas pessoas a perguntar pelo biodiesel e a
quererem consumir o biodiesel. Se há poucos anos, uma frota queria mil litros para experimentar, hoje em dia querem grandes
quantidades para utilizar.

• QUE TIPO DE BIODIESEL VENDEM?

Nós vendemos mistura B30, 30% de biodiesel e 70% de gasóleo. Não vendemos B100 por razões de ordens técnicas, que está
relacionada com a questão das garantias, das marcas. A maior parte das marcas estão feitas para B30 e não para B100

• QUAL A VOSSA PRODUÇÃO DIÁRIA?

A nossa produção diária varia entre as 2,4 e as 5 toneladas. Vamos aumentar no mês de Setembro para cerca de 12,5 a 14
toneladas.

• PODEMOS CONSIDERAR QUE O BIODISEL É UM COMBUSTÍVEL SEGURO?

Sem dúvida. Primeiro não é tóxico, é biodegradável, no caso de haver um derrame, em cerca de um mês desaparece por
completo, tem um ponto de inflamação muito superior ao gasóleo. A nível do código de transportes, o biodiesel não é
considerado uma matéria perigosa.

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RELATÓRIO SOBRE BIODIESEL
• É UM COMBUSTIVEL CONGELÁVEL?

Isso é uma das razões pela qual também vendemos mistura, apesar de ser uma falsa questão. Essa questão levanta-se mais na
Alemanha, porque tem temperaturas inferiores médias, bastante superiores às que temos em Portugal.

• ONDE ADQUIRIRAM O MATERIAL DE PRODUÇÃO?

As nossas máquinas são tecnologia própria, foram todas desenvolvidas pelo Eng.º Ricardo. Actualmente já não comercializamos
essa tecnologia. A única coisa que comercializamos é o biodiesel.
Não tem lógica comercializar o equipamento, porque existe um sistema de quotas, as quotas estão formadas e o equipamento
que fosse vendido agora iria trabalhar

ilegalmente, uma vez que já não quotas para produção. O mercado nesta altura está saturado. Primeiro porque o óleo existente
já é pouco para pôr a trabalhar as unidades implementadas. Não estamos saturados nas vendas, o problema é que a capacidade
de produção é muitíssimo superior aos resíduos existentes em Portugal. Por exemplo, uma única unidade teria capacidade de
produção para todos os resíduos existentes em Portugal e, actualmente somos 5 empresas deste género.
A matéria-prima é escassa em Portugal, os números que aparecem nos estudos não são reais. Se fizerem um teste e
percorrerem a distância entre Porto e Braga, saindo em todas as estradas secundárias e parando em todos os restaurantes,
verificam que em cerca de 90% deles, é feita recolha do óleo. O mesmo acontece entre Braga e Chaves, 80% dos restaurantes
vêem os seus óleos usados serem recolhidos.
Já não existe muito mais por onde recolher.

• E EM RELAÇÃO À UTILIZAÇÃO DE ÓLEOS VIRGENS?

Utilizamos óleos virgens só pela questão das matérias-primas às vezes não estarem disponíveis. Os custos com a produção de
óleos virgens são bastante elevados.
Em termos de qualidade, é sempre a mesma, as normas de produção são cumpridas tanto com uma matéria como com outra.
Em Portugal o mercado de extracção à 10 anos atrás, não tem nada a ver com o que é actualmente. Hoje em dia apenas
existem 3 grandes grupos. As pequenas extracções desapareceram, porque é mais economicamente viável comprar a uma
extractora grande do que ter a própria extracção.
Não tem muita lógica, nesta altura aumentarem as quotas porque o pressuposto das pequenas unidades é o tratamento de
resíduos.

• QUAIS OS PREÇOS QUE PRATICAM?

Há vários considerações a tomar a quando a definição de preços, como por exemplo os custos de transportes, etc. Mas por
norma, nós temos os 0,15€ de desconto nos preços referência Galp.

• ISENÇÃO DE ISP, É VANTAJOSA?

Temos que beneficiar dessa isenção, porque se não houvesse a isenção de ISP o biodiesel ficaria mais caro que o gasóleo.

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