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Sistemas biodiesel
Autor
David F. R. Alves
E10983 ELM
2 Introdução 2
3 Produção de Biodiesel 2
3.1 Preparação da matéria-prima . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
3.1.1 Óleos comestíveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
3.1.2 Óleos não comestíveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
3.1.3 Tratamento com ácido para redução de FFAs . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
3.1.4 Tratamento com glicerólise para redução de FFAs . . . . . . . . . . . . . . . . 6
3.1.5 Purificação de glicerol bruto para reação da glicerólise . . . . . . . . . . . . . 7
3.2 Transesterificação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
3.2.1 Transesterificação com um catalisador básico . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
3.2.2 Transesterificação com um catalisador básico . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
3.2.3 Transesterificação com um catalisador heterogêneo . . . . . . . . . . . . . . . 9
3.2.4 Transesterificação com metanol supercrítico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
3.2.5 Transesterificação enzimática . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
3.3 Separação do Biodiesel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
3.4 Acabamento do biodiesel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
5 Aplicações do Biodiesel 13
6 Conclusão 14
Sistemas biodisel
1 Símbolos
1. FAMEs:
Derivados de óleos e gorduras-ésteres metílicos de ácidos gordos.
2. FFA:
Ácido gordo livre.
3. Wt:
Percentagem do peso.
4. FAEE:
Derivados de óleos e gorduras-ésteres etílicos de ácidos gordos.
5. CHP:
Combined Heat and Power Basics.
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Sistemas biodisel
2 Introdução
Os sistemas de biodiesel são processos envolvidos na produção, distribuição e uso de biodiesel.
O biodiesel é um combustível renovável e sustentável derivado de fontes naturais como óleo vegetal,
gordura animal ou óleo de cozinha reciclado. É uma alternativa de queima mais limpa ao diesel
convencional que pode ser usado em motores diesel com pouca ou nenhuma modificação.
Para produzir biodiesel, é utilizado um processo conhecido como transesterificação, no qual um
óleo ou gordura é combinado com um álcool, geralmente metanol ou etanol, e um catalisador como
hidróxido de sódio ou hidróxido de potássio para formar biodiesel e glicerina como subproduto. Após
a purificação, o biodiesel resultante está pronto para uso como combustível ou pode ser misturado
com o diesel comum.
As infraestruturas de distribuição e armazenamento de combustíveis também fazem parte dos
sistemas de biodiesel, isso geralmente consiste em estações de mistura, contentores de armazena-
mento e tubos para transporte de combustível. Transporte, aquecimento e geração de eletricidade
são apenas alguns dos usos para o biodiesel.
Em suma os sistemas que utilizam biodiesel têm vários efeitos positivos no ambiente e na econo-
mia, nomeadamente o aproveitamento de matérias orgânicas de plantações, a diminuição das emis-
sões de gases com efeito de estufa, a melhoria da qualidade do ar e o aumento da segurança en-
ergética. Ao cultivarem matérias-primas renováveis como plantas ricas em hidratos de carbono e
ligno-celulose e ao estabelecerem instalações de produção de biodiesel em pequena escala, oferecem
também oportunidades de desenvolvimento rural e de criação de emprego.
3 Produção de Biodiesel
A produção de biodiesel compreende inúmeras fases, incluindo preparação de matérias-primas,
transesterificação, separação e acabamento. Aqui está uma apresentação mais extensa de cada
etapa:
1. Preparação da matéria-prima:
A matéria-prima, que pode ser óleo vegetal, gordura animal ou óleo de cozinha reciclado, é
primeiro filtrada para eliminar contaminantes e, em seguida, seca para remover a humidade.
2. transesterificação:
Nesta fase, a matéria-prima é misturada com um álcool, geralmente metanol ou etanol, e um
catalisador, geralmente hidróxido de sódio ou potássio, num reator. O processo transforma
os triglicerídeos presentes na matéria-prima em óleos e gorduras-ésteres metílicos de ácidos
gordos (FAMEs), que são o principal componente do biodiesel.
3. Separação:
A mistura é deixada assentar após a reação de transesterificação. O subproduto glicerina é
retirado do fundo do reator, e o líquido restante é lavado com água para remover qualquer
catalisador e impurezas que sobrem.
4. Acabamento:
Após a lavagem, o biodiesel é seco e filtrado para eliminar qualquer água remanescente e
contágio.
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3.1 Preparação da matéria-prima Sistemas biodisel
Figure 1: Triglicerídeos como produto da condensação entre glicerol e três ácidos gordos.
Além dos triglicerídeos, os óleos e gorduras contêm uma pequena quantidade de outros com-
postos, como ácidos gordos (FAMEs), mono e diglicerídeos, fosfatídeos, álcoois, hidrocarbonetos e
vitaminas. Comparado com a química do diesel comum, que contém centenas de compostos, as
químicas das diferentes gorduras e óleos normalmente usados para produzir o biodiesel são muito
parecidas. Cada molécula de gordura ou óleo é composta por um esqueleto de glicerina de três car-
bonos, e cada carbono encontras-se ligado um ácido gordo de cadeia longa que reage com metanol
para fazer o éster metílico, ou biodiesel. A espinha dorsal da glicerina é transformado em glicerina
e vendido como subproduto da fabricação de biodiesel.
1. óleo de palma:
O óleo de palma é um importante óleo comestível, retirado das sementes da palma, cerca de
70% a 90% é utilizado na indústria alimentar e o restante em aplicações industriais. O óleo
de palma tem uma forte produtividade de biodiesel, sendo que 1.25 litros têm a capacidade de
produzir 1 litro de biodiesel. Existe a necessidade de ter de ser tratado antes de ser submetido
ao processo de transesterificação, para remover as partículas sólidas, água, cor e odor. Após
tratamente o óleo de palma fica com um percentual ácido aproximadamente de 0.1% (FFA).
A Malásia e a Indonésia são dos principais produtores.
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3.1 Preparação da matéria-prima Sistemas biodisel
2. óleo de soja:
O óleo de soja é um óleo comestível essencial devido às suas muitas vantagens a nível da saúde.
A sua produção está distribuída principalmente pelos EUA, Brasil e este da Ásia. No entanto,
é nos EUA que a produção de biodiesel com esta matéria prima é feita maioritariamente,
sendo que 1.3 litros de óleo de soja permite a produção de 1 litro de biodiesel.
3. óleo de canola:
A canola, também conhecida como couve-nabiça, é uma flor amarela plantada frequentemente
na Europa e Canadá, é usada na industria alimentar para gado. Tem um produtividade
característica de 1.1 litros produzir 1 litro de biodiesel.
1. óleo de jatrofa:
Jatrofa é uma planta cultivada num clima de temperatura elevada e regada com água prove-
niente de esgotos, devido a isso é um recurso de biodiesel promissor no Egito que ainda se
encontra com os níveis de saneamento básico e tratamento de águas retrogrados, é também
um dos principais recursos de produção de biodiesel na Ásia e África. O óleo desta planta é
extraído das suas sementes com 30% a 35% wt.
2. Óleo de ricinío:
Este óleo em específico destaca-se por ter uma viscosidade 7x superior a outros óleos vegetais
e tem um ponto de fluidez extremamente baixo o que o torna as suas propriedades não aceites
nos padrões internacionais de biodiesel.
3. Óleo reciclado:
O óleo reciclado é uma fonte promissora na produção de biodiesel, devido ao seu baixo preço,
acessibilidade de recolha e renovação. Além disso, tem como aspecto positivo a minimização
da necessidade de uso de terrenos agrícolas com a finalidade de produção de matérias-primas.
Tem a necessidade de ser tratado previamente à fase de transesterificação.
4. Gordura animal:
O uso da gordura animal para produção de biodisel nos EUA e na Europa veio facilitar a
gestão deste recurso devido à proibição do uso do mesmo na industria alimentar para gado.
Acrescentando ainda as vantagens de ser um recurso que à temperatura ambiente é sólido,
tornando assim o seu armazenamento prático, tem um ponto de vaporização baixo, facilitando
o processo de obtenção dos triglicerídeos presente na Fig.1, e como é um recurso sem valor
para outras aplicações o seu valor é baixo.
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3.1 Preparação da matéria-prima Sistemas biodisel
Figure 2: A maioria do biodiesel é produzida a partir de óleos vegetais, o gráfico mostra os óleos e
gorduras usados para produzir biodiesel nos EUA em 2015 (Fonte: EIA Monthly Biodisel
Production Report).
Em suma, o óleo vegetal responde por mais de 80% da produção de biodiesel (o resto é princi-
palmente gordura animal). A maior parte do biodiesel é composta de óleo de soja e canola, que é
semelhante ao óleo de cozinha comum, enquanto milho e óleos de cozinha descartados são variantes
não comestíveis usadas para ração animal e outros usos. Aumentar o uso de óleos e gorduras como
combustível, em vez de alimentos e ração animal, tem implicações para os usuários concorrentes
desses bens, bem como para o sistema agrícola global. A relação entre a expansão do uso de biodiesel
nos Estados Unidos e a expansão do óleo de palma no Sudeste Asiático, que é uma causa significa-
tiva de desmatamento, poluição e do aquecimento global, é particularmente importante do ponto
de vista climático. A Figura 2 ilustra que o óleo de palma não é uma fonte direta substancial de
produção de biodiesel nos Estados Unidos. Porém, existem relações indiretas significativas entre a
quantidade de biodiesel que é consumida nos Estados Unidos e a taxa de crescimento das plantações
de palma na Indonésia e na Malásia.
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3.1 Preparação da matéria-prima Sistemas biodisel
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3.1 Preparação da matéria-prima Sistemas biodisel
1. Filtração:
Remove quaisquer partículas ou contaminantes significativos, o glicerol bruto é facilmente
filtrado.
2. Destilação:
A destilação pode ser usada para separar o metanol e a água do glicerol bruto. Como o
metanol tem um ponto de ebulição mais baixo que o glicerol, é destilado primeiro. A água é
então removida por ter o ponto de ebulição maior que o do glicerol.
3. Neutralização:
Ácidos gordos (FFAs) e outras impurezas ácidas podem estar presentes no glicerol bruto.
Esses contaminantes podem ser removidos por neutralização com uma solução alcalina, como
hidróxido de sódio.
4. Troca iônica:
A troca iônica é uma técnica para remover sais presentes no glicerol bruto. O glicerol é passado
sobre um leito de resina que troca iões com os contaminantes, eliminando-os do glicerol.
Após estas etapas de purificação, o glicerol deve estar puro o suficiente para ser usado nas reações
com glicerólise.
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3.2 Transesterificação Sistemas biodisel
3.2 Transesterificação
A transesterificação é uma reação química que inclui a troca do grupo orgânico de um éster pelo
grupo orgânico de outro álcool. É um tipo de reação de esterificação na qual um éster de ácido
carboxílico reage com um álcool na presença de um catalisador para gerar um novo éster e um
álcool. A transesterificação é uma etapa crítica no processo de produção de biodiesel que envolve
a conversão de óleo vegetal ou gordura animal num combustível adequado para uso em motores a
diesel. Um catalisador ácido ou básico é frequentemente usado para catalisar a reação, que pode
ocorrer numa variedade de condições, incluindo alta temperatura e pressão, bem como temperatura
ambiente e pressão atmosférica.
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3.2 Transesterificação Sistemas biodisel
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3.3 Separação do Biodiesel Sistemas biodisel
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3.4 Acabamento do biodiesel Sistemas biodisel
1. Filtração:
Este processo envolve a passagem do biodiesel por um filtro para remover quaisquer contam-
inantes residuais, como sujeira, ferrugem ou água. Esta etapa é normalmente realizada após
o processo de separação para garantir que o biodiesel esteja livre de quaisqueres partículas.
2. Esterificação ácida:
Envolve a adição de uma pequena quantidade de ácido ao biodiesel para remover quaisquer
FFAs que possam estar presentes. Os FFAss podem reagir com o álcool usado no processo de
transesterificação e formar sabão, o que pode levar ao depósito do mesmo no motor e reduzir
a eficiência do combustível.
3. Neutralização:
Consiste na adição de uma base, como hidróxido de sódio ou hidróxido de potássio, ao biodiesel
para neutralizar qualquer ácido remanescente. Esta etapa é necessária para garantir que o
combustível atenda às especificações exigidas para a acidez.
4. Desidratação:
Remoção de qualquer água residual do biodiesel. A água pode promover o crescimento micro-
biano e causar corrosão no sistema de combustível.
5. Estabilidade à oxidação:
Este processo envolve testar o biodiesel quanto à sua resistência à oxidação, que pode fazer com
que o combustível se decomponha e forme compostos nocivos. Aditivos podem ser adicionados
para melhorar a resistência do combustível à oxidação.
O acabamento do biodiesel é uma etapa crítica na produção de biodiesel de alta qualidade que
atende às especificações exigidas para desempenho e impacto ambiental. O processo de acabamento
garante que o combustível esteja estável, limpo e livre de impurezas que pudessem reduzir o seu
desempenho e vida útil.
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Sistemas biodisel
4.1 Distribuição
O biodiesel pode ser transportado por dutos, ferrovias ou caminhões-tanque, no entanto, como
o biodiesel pode absorver água, é importante usar tubagens e tanques de armazenamento dedicados
para evitar a contaminação com água ou outros contaminantes. Outra consideração importante é
que o biodiesel pode gelificar em temperaturas mais altas do que o diesel comum, portanto, pode
ser necessário misturá-lo com um aditivo de inverno para melhorar suas propriedades de fluxo a frio.
Isso é particularmente importante em climas mais frios, onde as temperaturas podem cair abaixo
de zero.
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4.2 Armazenamento Sistemas biodisel
4.2 Armazenamento
O biodiesel é geralmente armazenado em tanques de aço, fibra de vidro ou plástico. No entanto,
pode degradar com o tempo, principalmente na presença de água ou altas temperaturas, por isso
é importante usar tanques projetados especificamente. Para evitar a contaminação, também é
importante manter os tanques limpos. A mistura do biodiesel com diesel convencional pode levar à
contaminação e redução do desempenho, por isso é importante evitar a contaminação cruzada.
Finalmente, é importante rotular todos os tanques e equipamentos para garantir que não sejam
usados acidentalmente para armazenar ou distribuir diesel convencional. Isso ajuda a evitar o risco
de mistura e reduz o risco de danos ou falhas nos equipamento.
Figure 7: Está presente um tanque especificamente preparado para armazenar B100, biodiesel com
as mesmas propriedades que o combustível convencional.
5 Aplicações do Biodiesel
1. Transporte:
O biodiesel pode ser usado em motores a diesel para abastecer carros, caminhões, autocarros
e outros veículos. Pode ser utilizado puro (B100) ou misturado ao convencional em diversas
proporções.
2. Geração de energia:
O biodiesel também pode ser usado para gerar eletricidade. Pode ser queimado num gerador
a diesel para produzir eletricidade ou usado em sistemas combinados de calor e energia (CHP)
para gerar eletricidade e calor.
3. Agricultura:
Pode ser usado para alimentar equipamentos agrícolas, como tratores, reduzindo a dependência
de combustíveis fósseis e diminuindo as emissões de gases de efeito estufa.
4. Aquecimento:
O biodiesel pode ser usado como substituto do óleo de aquecimento em sistemas de aqueci-
mento residencial e comercial. Pode ser misturado com óleo de aquecimento tradicional para
reduzir as emissões e melhorar a qualidade do ar.
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Sistemas biodisel
5. Marinha e aviação:
Pode ser usado como combustível para barcos e aviões, reduzindo as emissões e melhorando
a qualidade do ar nesses setores.
No geral, o biodiesel é uma fonte de combustível versátil e sustentável com uma ampla gama de
aplicações. À medida que a energia renovável se torna cada vez mais importante na luta contra as
mudanças climáticas, é provável que o biodiesel desempenhe um papel cada vez mais importante na
nossa matriz energética.
6 Conclusão
Em conclusão, o biodiesel é uma fonte renovável e sustentável de combustível alternativo feito de
óleos vegetais ou gorduras animais que tem uma ampla gama de aplicações. O seu uso oferece muitos
benefícios ambientais, incluindo menores emissões de gases de efeito estufa e menor dependência de
combustíveis fósseis. O biodiesel também é biodegradável e não tóxico, tornando-o mais seguro de
manusear e transportar do que os combustíveis tradicionais à base de petróleo.
No entanto, a produção e o uso do biodiesel também apresentam alguns desafios. Por exemplo,
o processo de produção pode ser intensivo em energia e pode exigir grandes quantidades de terra,
água e outros recursos. Além disso, há preocupações sobre o impacto do aumento da demanda por
biocombustíveis nos preços dos alimentos e na segurança alimentar.
No geral, o biodiesel tem potencial para desempenhar um papel importante na nossa matriz
energética, especialmente porque a energia renovável se torna cada vez mais importante na luta
contra as mudanças climáticas. No entanto, é importante considerar cuidadosamente as compen-
sações e os impactos da produção e uso de biodiesel para garantir que seja uma fonte de combustível
verdadeiramente sustentável e ecológica.
Figure 8: Esta imagem ilustra o ciclo do biodiesel desde a extração da matéria prima até à sua
queima.
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