Você está na página 1de 16

Motores Térmicos

Sistemas biodiesel

Autor
David F. R. Alves
E10983 ELM

Professor: Francisco Brójo


2022/2023
Contents
1 Símbolos 1

2 Introdução 2

3 Produção de Biodiesel 2
3.1 Preparação da matéria-prima . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
3.1.1 Óleos comestíveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
3.1.2 Óleos não comestíveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
3.1.3 Tratamento com ácido para redução de FFAs . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
3.1.4 Tratamento com glicerólise para redução de FFAs . . . . . . . . . . . . . . . . 6
3.1.5 Purificação de glicerol bruto para reação da glicerólise . . . . . . . . . . . . . 7
3.2 Transesterificação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
3.2.1 Transesterificação com um catalisador básico . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
3.2.2 Transesterificação com um catalisador básico . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
3.2.3 Transesterificação com um catalisador heterogêneo . . . . . . . . . . . . . . . 9
3.2.4 Transesterificação com metanol supercrítico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
3.2.5 Transesterificação enzimática . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
3.3 Separação do Biodiesel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
3.4 Acabamento do biodiesel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

4 Infrastruturas e distribuição de Biodiesel 12


4.1 Distribuição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
4.2 Armazenamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

5 Aplicações do Biodiesel 13

6 Conclusão 14
Sistemas biodisel

1 Símbolos
1. FAMEs:
Derivados de óleos e gorduras-ésteres metílicos de ácidos gordos.

2. FFA:
Ácido gordo livre.

3. Wt:
Percentagem do peso.

4. FAEE:
Derivados de óleos e gorduras-ésteres etílicos de ácidos gordos.

5. CHP:
Combined Heat and Power Basics.

1
Sistemas biodisel

2 Introdução
Os sistemas de biodiesel são processos envolvidos na produção, distribuição e uso de biodiesel.
O biodiesel é um combustível renovável e sustentável derivado de fontes naturais como óleo vegetal,
gordura animal ou óleo de cozinha reciclado. É uma alternativa de queima mais limpa ao diesel
convencional que pode ser usado em motores diesel com pouca ou nenhuma modificação.
Para produzir biodiesel, é utilizado um processo conhecido como transesterificação, no qual um
óleo ou gordura é combinado com um álcool, geralmente metanol ou etanol, e um catalisador como
hidróxido de sódio ou hidróxido de potássio para formar biodiesel e glicerina como subproduto. Após
a purificação, o biodiesel resultante está pronto para uso como combustível ou pode ser misturado
com o diesel comum.
As infraestruturas de distribuição e armazenamento de combustíveis também fazem parte dos
sistemas de biodiesel, isso geralmente consiste em estações de mistura, contentores de armazena-
mento e tubos para transporte de combustível. Transporte, aquecimento e geração de eletricidade
são apenas alguns dos usos para o biodiesel.

Em suma os sistemas que utilizam biodiesel têm vários efeitos positivos no ambiente e na econo-
mia, nomeadamente o aproveitamento de matérias orgânicas de plantações, a diminuição das emis-
sões de gases com efeito de estufa, a melhoria da qualidade do ar e o aumento da segurança en-
ergética. Ao cultivarem matérias-primas renováveis como plantas ricas em hidratos de carbono e
ligno-celulose e ao estabelecerem instalações de produção de biodiesel em pequena escala, oferecem
também oportunidades de desenvolvimento rural e de criação de emprego.

3 Produção de Biodiesel
A produção de biodiesel compreende inúmeras fases, incluindo preparação de matérias-primas,
transesterificação, separação e acabamento. Aqui está uma apresentação mais extensa de cada
etapa:

1. Preparação da matéria-prima:
A matéria-prima, que pode ser óleo vegetal, gordura animal ou óleo de cozinha reciclado, é
primeiro filtrada para eliminar contaminantes e, em seguida, seca para remover a humidade.

2. transesterificação:
Nesta fase, a matéria-prima é misturada com um álcool, geralmente metanol ou etanol, e um
catalisador, geralmente hidróxido de sódio ou potássio, num reator. O processo transforma
os triglicerídeos presentes na matéria-prima em óleos e gorduras-ésteres metílicos de ácidos
gordos (FAMEs), que são o principal componente do biodiesel.

3. Separação:
A mistura é deixada assentar após a reação de transesterificação. O subproduto glicerina é
retirado do fundo do reator, e o líquido restante é lavado com água para remover qualquer
catalisador e impurezas que sobrem.

4. Acabamento:
Após a lavagem, o biodiesel é seco e filtrado para eliminar qualquer água remanescente e
contágio.

2
3.1 Preparação da matéria-prima Sistemas biodisel

3.1 Preparação da matéria-prima


As especificações desejadas para o biodiesel, permitem que este seja produzido a partir de uma
grande variedade de óleos e gorduras como óleo vegetal, gordura animal ou óleo de cozinha re-
ciclado, podendo separar-se em óleos comestíveis e não comestíveis, sendo que a maioria destas
fontes permitem uma grande produtividade de biodiesel devido a serem altamente concentradas em
triglicerídeos.

Figure 1: Triglicerídeos como produto da condensação entre glicerol e três ácidos gordos.

Além dos triglicerídeos, os óleos e gorduras contêm uma pequena quantidade de outros com-
postos, como ácidos gordos (FAMEs), mono e diglicerídeos, fosfatídeos, álcoois, hidrocarbonetos e
vitaminas. Comparado com a química do diesel comum, que contém centenas de compostos, as
químicas das diferentes gorduras e óleos normalmente usados para produzir o biodiesel são muito
parecidas. Cada molécula de gordura ou óleo é composta por um esqueleto de glicerina de três car-
bonos, e cada carbono encontras-se ligado um ácido gordo de cadeia longa que reage com metanol
para fazer o éster metílico, ou biodiesel. A espinha dorsal da glicerina é transformado em glicerina
e vendido como subproduto da fabricação de biodiesel.

3.1.1 Óleos comestíveis


Óleos comestíveis são feitos a partir de fontes vegetais e são mais comummente utilizados para
consumo humano como fonte de alimentação. Contêm uma variedade de elementos nutricionais,
fazendo destes uma fonte saudavél. Tipicamente não requer nenhum processo químico para retirar
o óleo comestível da sua fonte. Por causa da quantidade limitada e forte demanda, é mais caro do
que o não comestível. Os óleos de palma, soja, girassol, canola (couve-nabiça), amendoim e milho
são as matérias-primas de óleo comestível mais utilizadas para a produção de biodiesel.

1. óleo de palma:
O óleo de palma é um importante óleo comestível, retirado das sementes da palma, cerca de
70% a 90% é utilizado na indústria alimentar e o restante em aplicações industriais. O óleo
de palma tem uma forte produtividade de biodiesel, sendo que 1.25 litros têm a capacidade de
produzir 1 litro de biodiesel. Existe a necessidade de ter de ser tratado antes de ser submetido
ao processo de transesterificação, para remover as partículas sólidas, água, cor e odor. Após
tratamente o óleo de palma fica com um percentual ácido aproximadamente de 0.1% (FFA).
A Malásia e a Indonésia são dos principais produtores.

3
3.1 Preparação da matéria-prima Sistemas biodisel

2. óleo de soja:
O óleo de soja é um óleo comestível essencial devido às suas muitas vantagens a nível da saúde.
A sua produção está distribuída principalmente pelos EUA, Brasil e este da Ásia. No entanto,
é nos EUA que a produção de biodiesel com esta matéria prima é feita maioritariamente,
sendo que 1.3 litros de óleo de soja permite a produção de 1 litro de biodiesel.

3. óleo de canola:
A canola, também conhecida como couve-nabiça, é uma flor amarela plantada frequentemente
na Europa e Canadá, é usada na industria alimentar para gado. Tem um produtividade
característica de 1.1 litros produzir 1 litro de biodiesel.

3.1.2 Óleos não comestíveis


O óleo não comestível é, nomeadamente, o óleo que não é adequado para consumo humano
devido a não ser saudável. É utilizado principalmente em aplicações industriais, como a indústria
dos biocombustíveis, sabões, detergentes e pinturas, sendo que são necessárias várias etapas e/ou
processos químicos para tornar o óleo não comestível aceitável para uma aplicação específica. Assim
sendo é mais barato utilizá-lo como matéria-prima do biodiesel. Dentro desta categoria estão inclusos
o Sebo animal, óleo de ricinío, jatrofa, jojoba e restos de óleos de cozinha são as matérias-primas
mais frequentemente utilizadas na produção de biodiesel.

1. óleo de jatrofa:
Jatrofa é uma planta cultivada num clima de temperatura elevada e regada com água prove-
niente de esgotos, devido a isso é um recurso de biodiesel promissor no Egito que ainda se
encontra com os níveis de saneamento básico e tratamento de águas retrogrados, é também
um dos principais recursos de produção de biodiesel na Ásia e África. O óleo desta planta é
extraído das suas sementes com 30% a 35% wt.

2. Óleo de ricinío:
Este óleo em específico destaca-se por ter uma viscosidade 7x superior a outros óleos vegetais
e tem um ponto de fluidez extremamente baixo o que o torna as suas propriedades não aceites
nos padrões internacionais de biodiesel.

3. Óleo reciclado:
O óleo reciclado é uma fonte promissora na produção de biodiesel, devido ao seu baixo preço,
acessibilidade de recolha e renovação. Além disso, tem como aspecto positivo a minimização
da necessidade de uso de terrenos agrícolas com a finalidade de produção de matérias-primas.
Tem a necessidade de ser tratado previamente à fase de transesterificação.

4. Gordura animal:
O uso da gordura animal para produção de biodisel nos EUA e na Europa veio facilitar a
gestão deste recurso devido à proibição do uso do mesmo na industria alimentar para gado.
Acrescentando ainda as vantagens de ser um recurso que à temperatura ambiente é sólido,
tornando assim o seu armazenamento prático, tem um ponto de vaporização baixo, facilitando
o processo de obtenção dos triglicerídeos presente na Fig.1, e como é um recurso sem valor
para outras aplicações o seu valor é baixo.

4
3.1 Preparação da matéria-prima Sistemas biodisel

Figure 2: A maioria do biodiesel é produzida a partir de óleos vegetais, o gráfico mostra os óleos e
gorduras usados para produzir biodiesel nos EUA em 2015 (Fonte: EIA Monthly Biodisel
Production Report).

Em suma, o óleo vegetal responde por mais de 80% da produção de biodiesel (o resto é princi-
palmente gordura animal). A maior parte do biodiesel é composta de óleo de soja e canola, que é
semelhante ao óleo de cozinha comum, enquanto milho e óleos de cozinha descartados são variantes
não comestíveis usadas para ração animal e outros usos. Aumentar o uso de óleos e gorduras como
combustível, em vez de alimentos e ração animal, tem implicações para os usuários concorrentes
desses bens, bem como para o sistema agrícola global. A relação entre a expansão do uso de biodiesel
nos Estados Unidos e a expansão do óleo de palma no Sudeste Asiático, que é uma causa significa-
tiva de desmatamento, poluição e do aquecimento global, é particularmente importante do ponto
de vista climático. A Figura 2 ilustra que o óleo de palma não é uma fonte direta substancial de
produção de biodiesel nos Estados Unidos. Porém, existem relações indiretas significativas entre a
quantidade de biodiesel que é consumida nos Estados Unidos e a taxa de crescimento das plantações
de palma na Indonésia e na Malásia.

5
3.1 Preparação da matéria-prima Sistemas biodisel

3.1.3 Tratamento com ácido para redução de FFAs


O tratamento com ácido é um método popular para diminuir o teor de ácidos gordos livres
(FFA) de óleos e gorduras. Os FFAs são moléculas indesejáveis em óleos e gorduras porque podem
induzir rancidez, sabores desagradáveis e encurtar a vida útil do produto.
O procedimento de tratamento ácido envolve a adição de um ácido poderoso ao óleo ou gordura,
como o ácido sulfúrico. O ácido combina-se com os FFAs para gerar sabão, que é facilmente separado
do óleo ou gordura por centrifugação ou outros processos. A água é então lavada sobre o sabão para
remover qualquer resíduo de ácido e contaminantes. Embora o tratamento com ácido possa reduzir
eficientemente a concentração de FFA em óleos e gorduras, ele tem algumas desvantagens. Pode
causar a perda de óleo neutro e outros componentes importantes, bem como alterações intensas de
cor e sabor no óleo ou na gordura.
Como resultado, o tratamento com ácido é normalmente usado em conjunto com outros proced-
imentos, como a destilação a vapor, para reduzir os impactos negativos do processo e produzir um
óleo ou gordura de alta qualidade.

3.1.4 Tratamento com glicerólise para redução de FFAs


A glicerólise é um método de redução do teor de ácidos gordos livres (FFA) em óleos e gorduras.
Envolve a reação do glicerol com os FFAs no óleo ou gordura para produzir monoglicerídeos e
diglicerídeos, que são menos propensos a oxidar e produzir sabores desagradáveis.
A glicerólise pode ser realizada com vários catalisadores, como lipases ou álcalises, e sob condições
variadas, como temperatura, pressão e tempo. As lipases são enzimas que podem catalisar a reação
do glicerol e FFAs, enquanto os álcalises podem saponificar os FFAs em sabão, que pode então ser
separado do óleo ou gordura. A glicerólise é comumente realizada em temperaturas variando de 50
a 70°C e pressões variando de atmosférica a 5 atm, com durações de reação variando de várias horas
a vários dias. A eficiência do tratamento de glicerólise é determinada pela concentração de FFAs
no óleo ou gordura, o catalisador utilizado e as circunstâncias da reação.
No geral, a glicerólise é uma terapia bem-sucedida para diminuir a concentração de FFA de
óleos e gorduras, o que pode ajudar na sua estabilidade e vida útil. Portanto, é necessário um
gerenciamento cuidadoso das condições de reação para evitar o processamento excessivo e a criação
de subprodutos indesejáveis.

Figure 3: Tratatamento com glicerólise para redução de FFAs

6
3.1 Preparação da matéria-prima Sistemas biodisel

3.1.5 Purificação de glicerol bruto para reação da glicerólise


O glicerol bruto é um subproduto da produção de biodiesel que compreende contaminantes
como ácidos gordos, metanol, sais e água. Antes de empregar glicerol bruto nos procedimentos que
envolvem a glicerólise, ele deve ser purificado.
Existem muitos métodos de purificar o glicerol bruto, incluindo:

1. Filtração:
Remove quaisquer partículas ou contaminantes significativos, o glicerol bruto é facilmente
filtrado.

2. Destilação:
A destilação pode ser usada para separar o metanol e a água do glicerol bruto. Como o
metanol tem um ponto de ebulição mais baixo que o glicerol, é destilado primeiro. A água é
então removida por ter o ponto de ebulição maior que o do glicerol.

3. Neutralização:
Ácidos gordos (FFAs) e outras impurezas ácidas podem estar presentes no glicerol bruto.
Esses contaminantes podem ser removidos por neutralização com uma solução alcalina, como
hidróxido de sódio.

4. Troca iônica:
A troca iônica é uma técnica para remover sais presentes no glicerol bruto. O glicerol é passado
sobre um leito de resina que troca iões com os contaminantes, eliminando-os do glicerol.

5. Tratamento com carvão ativado:


Para eliminar quaisquer contaminantes remanescentes do glicerol purificado, o carvão ativado
pode ser utilizado. As impurezas são adsorvidas na superfície do carbono, deixando para trás
o glicerol puro.

Após estas etapas de purificação, o glicerol deve estar puro o suficiente para ser usado nas reações
com glicerólise.

7
3.2 Transesterificação Sistemas biodisel

3.2 Transesterificação
A transesterificação é uma reação química que inclui a troca do grupo orgânico de um éster pelo
grupo orgânico de outro álcool. É um tipo de reação de esterificação na qual um éster de ácido
carboxílico reage com um álcool na presença de um catalisador para gerar um novo éster e um
álcool. A transesterificação é uma etapa crítica no processo de produção de biodiesel que envolve
a conversão de óleo vegetal ou gordura animal num combustível adequado para uso em motores a
diesel. Um catalisador ácido ou básico é frequentemente usado para catalisar a reação, que pode
ocorrer numa variedade de condições, incluindo alta temperatura e pressão, bem como temperatura
ambiente e pressão atmosférica.

Figure 4: Esquema do processo de produção de biodiesel usando a trasesterificação

3.2.1 Transesterificação com um catalisador básico


A transesterificação com catalisador básico, atua diretamente nos triglicerídeos presentes no óleo
ou gordura convertendo-os em ésteres metílicos ou etílicos, que são os principais componentes do
biodiesel. Ao usar um catalisador básico, geralmente hidróxido de sódio ou potássio, existe uma
reação com os triglicerídeos na presença de metanol ou etanol. Como subproduto desse processo,
são formados assim ésteres metílicos ou etílicos e glicerol. Para obter o biodiesel, os ésteres são
separados do glicerol e refinados. Por causa de sua taxa de reação mais rápida e melhor rendimento
de biodiesel, a transesterificação com catalisador básico é escolhida em vez da transesterificação com
catalisador ácido. No entanto, requer o uso de temperaturas e pressões maiores, bem como maior
produção de sabão, o que pode apresentar problemas na separação e purificação do produto final.

8
3.2 Transesterificação Sistemas biodisel

3.2.2 Transesterificação com um catalisador básico


A transesterificação com um catalisador ácido envolve a troca de grupos ésteres entre um álcool
e um ácido gordo, resultando na produção de ésteres alquílicos de ácidos gordos e glicerol.
Na transesterificação catalisada por ácido, o catalisador é um ácido forte, como o ácido sulfúrico,
usado para facilitar a reação. O catalisador ácido adiciona protões ao grupo de carbonos do ácido
gordo, tornando-o mais reativo em relação ao álcool. O catalisador ácido também facilita a separação
do subproduto glicerol do biodiesel. No entanto, existem algumas desvantagens na transesterificação
catalisada por ácido, como a alta acidez da mistura de reação, que pode danificar o equipamento
e exigir precauções de segurança adicionais. Além disso, o catalisador ácido pode produzir reações
secundárias, como produção de sabão, que podem prejudicar o rendimento do biodiesel.

3.2.3 Transesterificação com um catalisador heterogêneo


Na catálise heterogênea, o catalisador está presente numa fase diferente (sólida) dos reagentes
(líquido ou gasoso). Nesta transesterificação, os catalisadores heterogêneos mais comummente us-
ados são óxidos ou hidróxidos de metais alcalinos ou ácidos, como hidróxido de sódio, hidróxido
de potássio, óxido de cálcio, óxido de magnésio e óxido de zinco. Os catalisadores funcionam pro-
movendo a reação através da ativação do grupo éster e quebrando a ligação éster. O ião alcóxido
produzido durante a reação reage com o álcool para formar o produto éster desejado.
Os catalisadores heterogêneos oferecem várias vantagens sobre os catalisadores homogêneos,
como fácil separação da mistura de reação, estabilidade sob condições de reação e a capacidade de
serem reutilizados. No entanto, eles também têm algumas desvantagens, incluindo o potencial de
desativação do catalisador, taxas de reação lentas e limitações de transferência de massa.

3.2.4 Transesterificação com metanol supercrítico


A transesterificação com metanol supercrítico é uma variação do processo de transesterificação
usado para a produção de biodiesel. Neste processo, a reação de transesterificação é realizada na
presença de metanol supercrítico como solvente e catalisador. O metanol supercrítico consiste no
metanol aquecido e pressurizado a um ponto em que exibe propriedades líquidas e gasosas. O
processo de transesterificação de metanol supercrítico tem várias vantagens sobre os processos de
transesterificação tradicionais. Essas vantagens incluem taxas de conversão mais altas, tempos de
reação mais curtos e custos de produção reduzidos. O mecanismo da reação de transesterificação
do metanol supercrítico envolve a formação de um ião metóxido a partir da reação entre o metanol
e o éster. Este ião metóxido então reage com o éster para produzir o biodiesel desejado. A transes-
terificação de metanol supercrítico demonstrou produzir biodiesel de alta qualidade que atende ou
excede os padrões dos processos de transesterificação tradicionais. Além disso, este processo tem
o potencial de reduzir o impacto ambiental da produção de biodiesel, reduzindo a quantidade de
resíduos gerados durante o processo.

9
3.3 Separação do Biodiesel Sistemas biodisel

3.2.5 Transesterificação enzimática


A transesterificação enzimática é um processo que utiliza enzimas para catalisar a conversão de
um éster noutro, a enzima atua como um catalisador que facilita a reação entre os triglicerídeos e
o metanol ou etanol, na presença de uma base. A reação produz FAME ou FAEE e glicerol como
subproduto. Em comparação com os métodos tradicionais de transesterificação, a transesterificação
enzimática tem várias vantagens. Por exemplo, opera em condições de reação mais brandas e produz
menos resíduos, tornando-o num processo ecológico. Além disso, pode produzir rendimentos mais
elevados e o biodiesel resultante melhora as propriedades do combustível.
No entanto, a transesterificação enzimática pode ser mais cara e lenta do que os outros métodos,
que usam catalisadores químicos. No entanto, o uso de enzimas está se tornando cada vez mais
popular na produção de biodiesel devido aos seus benefícios ambientais e a sua eficiência.

3.3 Separação do Biodiesel


A separação do biodiesel é um processo que consiste na separação entre o biodiesel e dos outros
componentes da matéria-prima, como glicerol e óleo ou gordura que não sofreu reação. O processo
de separação é uma etapa crítica na produção de biodiesel, pois determina a qualidade e a pureza
do produto final. O método mais comum de separação de biodiesel é chamado de lavagem. Nesse
processo, o biodiesel bruto é misturado com água num tanque de separação e deixado em repouso.
A água dissolve as impurezas, como o glicerol, que se depositam no fundo do tanque. O biodiesel
limpo é então drenado da parte superior do tanque. Outro método de separação de biodiesel é
chamado de centrifugação. Nesse processo, o biodiesel bruto é centrifugado a alta velocidade numa
máquina centrífuga. As impurezas, como o glicerol, são forçadas pela força centrífuga para fora
e podem ser facilmente removidas, deixando o biodiesel limpo no centro. Um terceiro método de
separação é chamado de destilação a vácuo, consistindo no aquecimento a vácuo do biodiesel bruto,
fazendo com que as impurezas evaporem. O biodiesel limpo é então recolhido posteriormente. Cada
um desses métodos tem suas vantagens e desvantagens. A lavagem com água é o método mais
comummente usado, mas pode ser demorado e exigir várias lavagens para atingir a pureza desejada.
A centrifugação é mais rápida e eficiente, mas requer equipamento especializado. A destilação a
vácuo é cara e requer um controle cuidadoso da temperatura e da pressão. Independentemente do
método utilizado, a separação do biodiesel é uma etapa importante na produção do biodiesel de alta
qualidade que atenda aos padrões exigidos.

Figure 5: As várias etapas incluindo a separação entre a o glicerol e o biodiesel

10
3.4 Acabamento do biodiesel Sistemas biodisel

3.4 Acabamento do biodiesel


O acabamento do biodiesel é um processo que envolve o refinamento e a melhoria da qualidade
do biodiesel antes que ele esteja pronto para uso como combustível. O processo normalmente
envolve a remoção de impurezas e contaminantes que podem afetar o desempenho e a estabilidade
do combustível.
Os métodos mais comuns de acabamento de biodiesel incluem:

1. Filtração:
Este processo envolve a passagem do biodiesel por um filtro para remover quaisquer contam-
inantes residuais, como sujeira, ferrugem ou água. Esta etapa é normalmente realizada após
o processo de separação para garantir que o biodiesel esteja livre de quaisqueres partículas.

2. Esterificação ácida:
Envolve a adição de uma pequena quantidade de ácido ao biodiesel para remover quaisquer
FFAs que possam estar presentes. Os FFAss podem reagir com o álcool usado no processo de
transesterificação e formar sabão, o que pode levar ao depósito do mesmo no motor e reduzir
a eficiência do combustível.

3. Neutralização:
Consiste na adição de uma base, como hidróxido de sódio ou hidróxido de potássio, ao biodiesel
para neutralizar qualquer ácido remanescente. Esta etapa é necessária para garantir que o
combustível atenda às especificações exigidas para a acidez.

4. Desidratação:
Remoção de qualquer água residual do biodiesel. A água pode promover o crescimento micro-
biano e causar corrosão no sistema de combustível.

5. Estabilidade à oxidação:
Este processo envolve testar o biodiesel quanto à sua resistência à oxidação, que pode fazer com
que o combustível se decomponha e forme compostos nocivos. Aditivos podem ser adicionados
para melhorar a resistência do combustível à oxidação.

O acabamento do biodiesel é uma etapa crítica na produção de biodiesel de alta qualidade que
atende às especificações exigidas para desempenho e impacto ambiental. O processo de acabamento
garante que o combustível esteja estável, limpo e livre de impurezas que pudessem reduzir o seu
desempenho e vida útil.

11
Sistemas biodisel

4 Infrastruturas e distribuição de Biodiesel


O biodiesel é um combustível renovável que pode ser utilizado em motores a diesel, e sua in-
fraestrutura de distribuição e armazenamento é semelhante à do diesel proveniente do petróleo, mas
com algumas diferenças que precisam ser consideradas.

4.1 Distribuição
O biodiesel pode ser transportado por dutos, ferrovias ou caminhões-tanque, no entanto, como
o biodiesel pode absorver água, é importante usar tubagens e tanques de armazenamento dedicados
para evitar a contaminação com água ou outros contaminantes. Outra consideração importante é
que o biodiesel pode gelificar em temperaturas mais altas do que o diesel comum, portanto, pode
ser necessário misturá-lo com um aditivo de inverno para melhorar suas propriedades de fluxo a frio.
Isso é particularmente importante em climas mais frios, onde as temperaturas podem cair abaixo
de zero.

Figure 6: Pode-se observar as semelhanças no sistema de distribuição entre o biodiesel e o diesel


convencional.

12
4.2 Armazenamento Sistemas biodisel

4.2 Armazenamento
O biodiesel é geralmente armazenado em tanques de aço, fibra de vidro ou plástico. No entanto,
pode degradar com o tempo, principalmente na presença de água ou altas temperaturas, por isso
é importante usar tanques projetados especificamente. Para evitar a contaminação, também é
importante manter os tanques limpos. A mistura do biodiesel com diesel convencional pode levar à
contaminação e redução do desempenho, por isso é importante evitar a contaminação cruzada.
Finalmente, é importante rotular todos os tanques e equipamentos para garantir que não sejam
usados acidentalmente para armazenar ou distribuir diesel convencional. Isso ajuda a evitar o risco
de mistura e reduz o risco de danos ou falhas nos equipamento.

Figure 7: Está presente um tanque especificamente preparado para armazenar B100, biodiesel com
as mesmas propriedades que o combustível convencional.

5 Aplicações do Biodiesel
1. Transporte:
O biodiesel pode ser usado em motores a diesel para abastecer carros, caminhões, autocarros
e outros veículos. Pode ser utilizado puro (B100) ou misturado ao convencional em diversas
proporções.

2. Geração de energia:
O biodiesel também pode ser usado para gerar eletricidade. Pode ser queimado num gerador
a diesel para produzir eletricidade ou usado em sistemas combinados de calor e energia (CHP)
para gerar eletricidade e calor.

3. Agricultura:
Pode ser usado para alimentar equipamentos agrícolas, como tratores, reduzindo a dependência
de combustíveis fósseis e diminuindo as emissões de gases de efeito estufa.

4. Aquecimento:
O biodiesel pode ser usado como substituto do óleo de aquecimento em sistemas de aqueci-
mento residencial e comercial. Pode ser misturado com óleo de aquecimento tradicional para
reduzir as emissões e melhorar a qualidade do ar.

13
Sistemas biodisel

5. Marinha e aviação:
Pode ser usado como combustível para barcos e aviões, reduzindo as emissões e melhorando
a qualidade do ar nesses setores.
No geral, o biodiesel é uma fonte de combustível versátil e sustentável com uma ampla gama de
aplicações. À medida que a energia renovável se torna cada vez mais importante na luta contra as
mudanças climáticas, é provável que o biodiesel desempenhe um papel cada vez mais importante na
nossa matriz energética.

6 Conclusão
Em conclusão, o biodiesel é uma fonte renovável e sustentável de combustível alternativo feito de
óleos vegetais ou gorduras animais que tem uma ampla gama de aplicações. O seu uso oferece muitos
benefícios ambientais, incluindo menores emissões de gases de efeito estufa e menor dependência de
combustíveis fósseis. O biodiesel também é biodegradável e não tóxico, tornando-o mais seguro de
manusear e transportar do que os combustíveis tradicionais à base de petróleo.
No entanto, a produção e o uso do biodiesel também apresentam alguns desafios. Por exemplo,
o processo de produção pode ser intensivo em energia e pode exigir grandes quantidades de terra,
água e outros recursos. Além disso, há preocupações sobre o impacto do aumento da demanda por
biocombustíveis nos preços dos alimentos e na segurança alimentar.
No geral, o biodiesel tem potencial para desempenhar um papel importante na nossa matriz
energética, especialmente porque a energia renovável se torna cada vez mais importante na luta
contra as mudanças climáticas. No entanto, é importante considerar cuidadosamente as compen-
sações e os impactos da produção e uso de biodiesel para garantir que seja uma fonte de combustível
verdadeiramente sustentável e ecológica.

Figure 8: Esta imagem ilustra o ciclo do biodiesel desde a extração da matéria prima até à sua
queima.

14

Você também pode gostar