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Hirani-1.7.

1 Solid lubricants (lubrificantes sólidos)


Batchelor-Cap.9 (Lubrificação sólida)
Da Lubrificação SECA À HIDRODINÂMICA !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Lubrificação Seca [R ≈ 0] (lubrificantes sólidos)

A lubrificação seca passa pela utilização de lubrificantes sólidos


ou materiais auto-lubrificantes quando o uso de lubrificantes líquidos
é indesejável.
São utilizados materiais:
•de estrutura lamelar (Exemplo: grafite e bissulfureto de magnésio);
•termoplásticos (Exemplo: poliamidas/nylons, acetálicos, PTFE, polietileno).

A baixa resistência a tensões tangenciais faz com que a interação superficial ocorra no
seio do próprio material de interposição, isto é, entre partículas de lubrificante. Funções da chumaceira
-transportar cargas entre o rotor e a estrutura da
Não há qualquer lubrificante presente e as características de atrito e desgaste apenas máquina com o menor desgaste possível
dependem da combinação de materiais selecionada.

Todos os termoplásticos têm baixa condutividade térmica, logo não devem ser utilizados
quando há velocidades elevadas (não conseguem dissipar o calor suficientemente rápido).

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Ex: Chumaceira de deslizamento lisa
ou de casquilho
Chumaceiras Não-Lubrificadas
A principal característica destas chumaceiras é a existência de
rolamento e/ou escorregamento diretamente entre as
superfícies.
Vantagens da lubrificação seca são: Exemplo: Casquilhos poliméricos, casquilhos de grafite.
• substituir lubrificantes líquidos quando a sua utilização é indesejável,
pouco económica ou impossível e a acessibilidade seja difícil ou impossível;
• não necessitam de vedantes e passagens de alimentação, tornando
o projeto mais simples, económico e fiável em termos de manutenção;
• poder operar numa gama de temperaturas mais alargada;
• separar mais efetivamente as superfícies a altas cargas e baixas velocidades;
• ser quimicamente mais estáveis (na presença de ácidos, solventes, etc.).
Das desvantagens da lubrificação seca, destacam-se: Existem duas linhas que definem os limites de funcionamento:
• o desgaste contínuo no funcionamento, impondo vida limite para o componente; a) Representa o limite imposto pela pressão de contacto admissível,
• ter baixa capacidade de dissipação do calor gerado; isto é, o limite elástico do material menos resistente;
• possuir um coeficiente de atrito mais elevado do que um lubrificante líquido. b) Demonstra o limite imposto pelo fator pv, ou seja, o produto da
carga pela velocidade de escorregamento (i.e. a taxa de desgaste
A utilização de lubrificantes sólidos ou materiais auto-lubrificantes é limitada pela: admissível).
• taxa de desgaste;
• velocidade de escorregamento.

Estes materiais têm uma elevada taxa de desgaste.


Para pressões de contacto baixas (< 7 MPa), o desgaste é predominantemente do tipo
adesivo.
Para pressões de contacto elevadas (> 7 MPa), a espessura de película não deve
exceder 8 µm.
Nos 2, são necessárias folgas significativas para evacuar as partículas de desgaste.
A velocidade de escorregamento é também limitativa do seu funcionamento.
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Hirani-1.7.1 Solid lubricants (lubrificantes sólidos)
Batchelor-Cap.9 (Lubrificação sólida)
Exemplo real de
catálogo GLYCODUR®
EXEMPLO – Chumaceiras não lubrificadas
Objetivo: Estudo do projeto de chumaceiras (casquilhos e anéis)
em materiais autolubrificantes
Nota: Casquilho → Chumaceira radial; Anel → Chumaceira axial.
Materiais considerados
• Termoplásticos;
– Puros
– Com carga (Grafite, Fibra de Vidro, MoS2-Dissulfeto de
molibdénio, também em spray);
– Montados em base metálica (PTFE, Nylon, POM);
• Grafite;
• Compósitos
– Metal impregnado com grafite;
– Para sinterização (Bronze, Ferro Fundido...).

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Hirani-1.7.1 Solid lubricants (lubrificantes sólidos)
Batchelor-Cap.9 (Lubrificação sólida)
ESDU 87007. Design and material selection for dry
rubbing bearings.

Chumaceira radial

Chumaceira axial
Note-se que se utiliza o diâmetro médio (Dmed),
que corresponde ao eixo para imobilização
do anel (pinos, por exemplo).

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Hirani-1.7.1 Solid lubricants (lubrificantes sólidos)
Batchelor-Cap.9 (Lubrificação sólida)

Velocidade tangencial do veio em chumaceiras radiais /


Velocidade das chumaceiras axiais no diâmetro médio

NOTA: Flanges são usadas como batentes de encosto.


Dados conhecidos (tipicamente)
• Carga aplicada, W;
• Diâmetro do moente/diâmetro do interior do anel, d;
• Velocidade angular de rotação, n;
• Vida pretendida;
• Desgaste máximo (imposto por condições de funcionamento
aceitáveis);
• Temperatura e outras condições ambientais.

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Dados para seleção da chumaceira
• Largura do casquilho/diâmetro exterior do anel;
• Material a utilizar;
• Folgas;
• Espessura da parede.
-Projeto
(i) Regime de desgaste (comportamento dinâmico ao longo do tempo)
Curva pv para um determinado material (catalogado como vimos slide 3)
Fases:
• I - Rodagem: Adaptação entre superfícies com diferentes rugosidades;
• II - Estacionária: Inicia-se quando há equilíbrio entre rugosidades;
• III - Fim de vida.
NOTA: Curva obtida com p, n e geometria fixos!!!!
Os materiais auto-lubrificantes apresentam um coeficiente de desgaste baixo
para determinadas gamas de pressão de contacto, temperatura e velocidade.
NOTA: O cálculo é realizado com base no regime estacionário. Neste, o desgaste
(uniforme) é proporcional ao produto entre a pressão de contacto e a
velocidade de deslizamento, sendo, portanto, o cálculo baseado nas curvas pv
dos materiais.
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(ii) Rugosidade da superfície móvel (moente ou rotor) A rugosidade deve ser
O moente/rotor é geralmente de aço. elevada ou baixa???
→ ↑ Ra; ↑ coef. desgaste (moente);
Deste modo, ↓↓↓ Ra será melhor. No entanto:
• Se for demasiado baixa → gripagem (seizing);
• Implica custos elevados.
→ Ra ideal (aço): [0,2;0,4] μm – com base na experiência!!!

(iii) Espessura da parede A espessura da parede


→ Espessura elevada: deve ser elevada ou
• Difícil dissipação do calor; pequena???
• Maiores alterações dimensionais.

A espessura deve ser tão pequena quanto possível, desde que suporte as cargas
aplicadas.
NOTA: Espessura base metálica <<< Espessura base polimérica
Chumaceiras axiais: Espessura do anel < d/5;
Chumaceiras radiais: Norma Inglesa BS4480.

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(iv) Temperatura de funcionamento (elevadas ou baixas, como influenciam a operação ??)
As propriedades dos materiais auto-lubrificantes (nomeadamente os poliméricos) são
fortemente afetadas pela temperatura.
Resulta do balanço energético entre:
• Qa: Calor gerado por atrito (α μ pv); expansão térmica, viscosidade, pressão-velocidade
• Qd: Calor dissipado pelo conjunto (f(k)). função da condutividade térmica
NOTA: Em situações próximas do limite pv:
Há que verificar se Tcondições trabalho < Tadm para o material → Estimar ˙Q, taxa de remoção de calor.
(`à custa da perda de propriedades do material)

(v) Casquilhos - Folgas de funcionamento (sua importância??)


a) Materiais poliméricos:
• Alteração dimensional;
• Remoção de partículas de desgaste. Sendo f correspondente à folga diametral e d ao diâmetro do moente.
(ex:verificar Ø nominais em BS 4480)
NOTA1: flub-seca> flubrificados
NOTA2: Mas os casquilhos em base metálica requerem folgas menores.
b) Casquilho à base de grafite:
• Pequenas alterações dimensionais;
• Remoção de partículas de desgaste.
Os materiais à base de grafite/carbono possuem um baixo coeficiente de expansão térmica, α. Os materiais
sintetizados com grafite têm um α----------------------------------TRIBOLOGIA-3-------------------------------
≈ αmetal . 8
(vi) Montagem do casquilho no alojamento
O casquilho está representado a branco, e o alojamento representado a preto.
Fixação: por aperto ou por meios adesivos ou mecânicos.

NOTA: Materiais termoplásticos:


• Sujeitos a fluência → mesmo sob pequenas cargas a
montagem (por aperto) tem de ser feita com precaução;
• ↑ ΔT (20-100 ºC): Casquilho pode ficar solto no alojamento.

Montagem com interferência (por aperto):


• Metais;
• Materiais à base de grafite (α ↓ ,coef. de expansão térmica baixo).
No entanto, para ↑↑ T (risco de perda de fixação ao alojamento).

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(vii) Critério de dimensionamento
O critério de dimensionamento será baseado nas curvas pv dos materiais.
a) Curvas pv
• h: Profundidade de desgaste;
• A: Capacidade estática limite do material da chumaceira (def. plástica ou fluência);
• B: Velocidade máxima correspondente a Tmax adm CondiçõesTrabalho .
NOTA: Curvas para chumaceiras radiais.
Para chumaceiras axiais: p = plido · 2
(valor lido deveria ter por base h = 12,5 μm/100 horas)

b) Dimensões

Casquilhos

Um valor mais baixo (tubo + curto, b menor) permite:


• ↑ remoção de partículas (menor distância a percorrer para serem removidas);
• ↑ dissipação do Q gerado;
• ↑ comportamento à flexão e desalinhamento do veio.
NOTA: d, n, W fixos → pv varia `a custa de b.

!!!Note-se que p e b são inversamente proporcionais.


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Running-in = rodagem

https://www.ggbearings.com/sites/default/files/2020-
03/GGB-DU-and-DU-B-Metal-Polymer-Self-Lubricating-
Bearings-Brochure-English.pdf

https://thordonbearings.com/docs/default-
source/design/engineering_manual.pdf?sfvrsn=44bf4c4
6_46

Procurar:dry rubbing bearing design catalogue ou plain bearing


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Anéis

Permite:
• ↓ remoção de partículas;
• Evitar o aquecimento excessivo da zona periférica do contacto.
Aumento da vida útil,
porque o produto pv é
NOTA: Vida: 5000 [h]; h = 1 [mm] (aproximação linear)
menor, e portanto o
desgaste é menor para o
mesmo número de horas.

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Hirani-3.1.1 Teoria da Lubrificação hidrodinâmica

A teoria da lubrificação hidrodinâmica refere -se à


geração de pressão no filme fluido devido ao respetivo
movimento dos fluidos. O fluido pode ser líquido ou gás.
No caso de a separação fluida ser um gás o
mecanismo de lubrificação é denominado de
lubrificação aerodinâmica. Para quantificar a geração de
pressão são criados modelos matemáticos realistas para
a física da lubrificação.
O filme lubrificante deve ter espessura suficiente para
garantir que não ocorra contato mecânico (para
impedir que ocorra qualquer tipo de desgaste entre as
superfícies opostas).
Neste mecanismo de lubrificação as superfícies estão
separadas por um filme de fluido relativamente espesso A separação mínima (hmin) entre as superfícies, que é um critério de
projeto crítico, é uma função da velocidade relativa (U), da viscosidade
(Fig. 3.1.1.2) e a influência das asperidades é do lubrificante (η) e da carga aplicada (W). A expressão hmin α (ηU/W) 1/2
desprezada (ou seja, as superfícies podem ser geralmente guia o projeto preliminar de chumaceiras de filme fluido.
assumidas como superfícies lisas). Neste mecanismo, a Vale a pena notar que a viscosidade desempenha um papel importante
na lubrificação hidrodinâmica. Portanto, qualquer líquido (isto é, água,
geometria quasi-convergente do fluido cria uma óleo, álcool, líquido refrigerante, metal fundido, etc.) pode ter uma
pressurização que separa as faces tribológicas. viscosidade desejável para que possa ser usado como lubrificante.
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Hirani-3.1.1 Teoria da Lubrificação hidrodinâmica

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A complexidade pode ser incrementada (Journal Bearing oil whip-whirl)

Animação de um rotor de turbina de impulso Laval. O rotor atinge a sua velocidade


crítica em torno de 22krpm, onde o primeiro modo de flexão é animado pelo
desequilíbrio. A 40krpm, o rotor experimenta um vórtice no fluido gerado por uma
forma de oscilação autoexcitada que é causada pela interação do rotor com os
rolamentos do filme fluido. A velocidades superiores a 40krpm, a rotação trava no
primeiro modo de flexão, provocando oscilações de alta amplitude: e criando um
chicote de fluido – oil whip-whirl.

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Beauchamp Tower - Experiências

First Report on Friction Experiments’ Proc. I. Mech. E. 1883


Pressure distribution curve obtained by Beauchamp Tower for
a 155° partial bearing. After his discovery that the bearing
brass was floating on an oil film, Tower conducted another set
of experiments which showed that the pressure distribution
around the bearing was of the form shown above. (From
‘Second Report’, Proc. I. Mech. E. January 1885 and
reproduced here by permission of the Institution of
Mechanical Engineers.)

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