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NATAL/RN
JANEIRO DE 2014
JOÃO PAULO COSTA DE MEDEIROS
NATAL/RN
JANEIRO DE 2014
Catalogação da Publicação na Fonte.
UFRN / Biblioteca Setorial do CCSA
NATAL/RN
JANEIRO DE 2014
À minha tríade:
Maria, Elma e Elba
AGRADECIMENTOS
À minha tríade: Maria, Elma e Elba. Sem vocês o acorde fica incompleto. Obrigado
por possibilitarem que eu conseguisse tudo isso.
Aos meus amigos, que têm uma boa parcela de culpa nisso também, obrigado por
tornarem a caminhada mais amena e lembrarem que eu existo na sexta à noite e nos fins
de semana, mas entenderem minha ausência.
Aos meus colegas dessa jornada, que me ensinaram tanto quanto os livros, artigos
e professores.
Ao professor Cláudio Márcio, que me ensinou o caminho das pedras para ingressar
nessa jornada.
Aos professores Anderson Mól e Felipe Pimenta pela atenção dispensada ao meu
trabalho, bem como pelas suas valiosas contribuições que, sem dúvida, melhoraram subs-
tancialmente esse estudo.
A fonte de energia eólica offshore emite baixas quantidades de gases causadores do efeito estufa,
é renovável e apresenta melhor desempenho do que a fonte onshore em quesitos como maior
estabilidade e densidade de potência dos ventos, menor impacto visual e sonoro, dentre ou-
tros. O Brasil possui uma capacidade de geração offshore substancialmente elevada, mas ainda
não desenvolveu nenhum projeto nessa modalidade. Os custos elevados são um forte empecilho.
Esse estudo é um esforço em direção à exploração desse campo, precificando a fonte offshore
através do Livelized Cost of Energy – LCOE, que representa o retorno mínimo para cobrir os
custos de desenvolvimento, produção e manutenção de um projeto eólico. O LCOE foi primei-
ramente calculado para todos os parques eólicos onshore brasileiros listados no Bloomberg New
Energy Finance○,
R contabilizando 71 parques. Em seguida foram criados parques eólicos offshore
hipotéticos a partir dos parques onshore, triplicando os custos de geração, o que está em con-
formidade com a literatura especializada, e estimando-se a energia offshore para dois pontos
da costa brasileira através de dados de satélite extraídos do National Oceanic and Atmosphe-
ric Administration. Os resultados demonstram que a fonte offshore tem o potencial de reduzir
significativamente o preço da energia devido à melhor performance do vento no mar.
Offshore wind power emits low amounts of gases, is renewable and has better performance than
onshore due to its greater stability and higher wind power density, less visual and noise impact,
among others. Brazil has a high capacity of generation, but has not yet developed any offshore
projects. High costs are a strong impediment. This study is an effort towards pricing offshore
resources through Livelized Cost of Energy - LCOE, which represents the minimum return
to cover the costs of development, production and maintenance of a wind project. Initially
LCOE was calculated for all Brazilian onshore wind farms listed at Bloomberg New Energy
Finance○,
R accounting for 71 farms. Then hypothetical offshore wind farms were created from
the onshore farms, tripling the cost of generation, which is consistent with the literature, and
estimating the offshore energy for two locations off the Brazilian coast using satellite data
extracted from National Oceanic and Atmospheric Administration. The results demonstrate
that offshore resources have the potential to significantly reduce the energy price due to the
better performance of the wind at sea.
Figura 2 – Divisão em cenários por preço para os LCOE’s dos parques eólicos
onshore . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
Figura 3 – Série representativa dos dados de vento dos pontos P1 e P2 . . . . . . . 27
Figura 4 – Curva de potência da turbina REpower de 6.15 MW e fotografia da
mesma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
Figura 5 – Comparação entre LCOE’s das fontes onshore e offshore (custos 3X
maiores) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
MW Megawatt
MWh Megawatt-hora
RI Renewables International
∑︀
Letra grega Sigma (somatório)
1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
3 JUSTIFICATIVA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
4 OBJETIVOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
4.1 GERAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
4.2 ESPECÍFICOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
5 REVISÃO DA LITERATURA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
5.1 ENERGIA EÓLICA: PANORAMA MUNDIAL E BRASILEIRO . . . . . 18
5.2 VANTAGENS E DESVANTAGENS DA FONTE OFFSHORE . . . . . . 20
6 METODOLOGIA DA PESQUISA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
8 DISCUSSÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
9 CONCLUSÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
1 INTRODUÇÃO
hipotéticos a partir dos parques onshore, pois não há parques offshore no Brasil. Para criar
esses parques hipotéticos os custos dos parques onshore são triplicados, o que está em con-
formidade com a literatura (MUSIAL; RAM, 2010), em seguida é estimada a produção de
energia para dois pontos da costa brasileira utilizando a lei logarítmica para extrapolar
os ventos a 100 metros de altura e então calcular a produção de uma turbina REpower de
6.15 MW (MANWELL; McGOWAN; ROGERS, 2010). Integrando a série de potência no
tempo obtém-se a produção de energia em MWh. Os LCOE’s calculados para os parques
offshore fornecem evidências preliminares de que o país deveria olhar melhor para essa
fonte, pois apresenta um grande potencial para produção de energia e possibilidade da
redução do custo final da energia devido à sua maior potência eólica.
16
2 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA
O Brasil ainda não possui empreendimentos eólicos offshore. Enquanto isso a ener-
gia eólica na modalidade onshore têm aproximado cada vez mais seu preço ao das fontes
convencionais, fato que ainda é incipiente para offshore mesmo em termos globais (ESTE-
BAN et al., 2011). Dentre os motivos que justificam essa diferença estão os elevados preços
dos materiais das turbinas que precisam ser resistentes à corrosão marinha (GREEN; VA-
SILAKOS, 2011), à complexidade de instalação no mar (ESTEBAN et al., 2011), aos
maiores custos de manutenção em mar (MARKARD; PETERSEN, 2009), dentre outros.
Em contrapartida, alguns estudos apontam para a tendência de diminuição de tais
custos (ESTEBAN et al., 2011; HEPTONSTALL et al., 2012). Além do mais, vários tra-
balhos destacam as vantagens da fonte offshore em detrimento da onshore (ADELAJA
et al., 2012; MARKARD; PETERSEN, 2009; SNYDER; KAISER, 2009b). Congruente
a isso, o papel do Estado é essencial para fomentar o desenvolvimento de projetos eóli-
cos offshore, não somente atuando na regulação do setor, mas fomentando investimentos
(GREEN; VASILAKOS, 2011). É essencial elencar políticas de incentivo, mas antes se
faz necessário estudos que norteiem o investimento no setor e tentem responder ao ques-
tionamento básico sobre: quanto custa a energia eólica offshore?
3 JUSTIFICATIVA
chinesa Three Gorges fechada com a empresa brasileira Eletrobrás Furnas para construir
o maior parque eólico offshore do mundo poderá ser uma ótima oportunidade para que o
país eleve seu know-how no desenvolvimento desse tipo de empreendimento (SECRETA-
RIA DA INDÚSTRIA, COMÉRCIO E MINERAÇÃO DO ESTADO DA BAHIA, 2012).
No que concerne aos estudos científicos nesse campo, é possível citar, por exemplo, tra-
balhos acerca da energia eólica offshore para os Estados Unidos, Dinamarca, Alemanha,
Reino Unido e China (LEVITT et al., 2011; MARKARD; PETERSEN, 2009; SNYDER;
KAISER, 2009a; ZHIXIN et al., 2009), enquanto que no Brasil encontra-se pouquíssimos
estudos para essa modalidade, a saber, um estudo sobre a viabilidade técnica de um pe-
queno parque eólico com três turbinas na Ilha de Itamaracá no estado de Pernambuco
(OLIVEIRA FILHO et al., 2013a), outro apresentando uma abordagem preliminar de
viabilidade técnica de parques eólicos offshore para a costa brasileira (OLIVEIRA FI-
LHO et al., 2013b), um estudo que utiliza dados de satélites para mapear o potencial
eólico offshore da costa sul e sudeste brasileira, encontrando, somente nessa área, uma
capacidade de geração de energia de 102 GW, quantidade capaz de suprir a demanda
do país inteiro (PIMENTA; KEMPTON; GARVINE, 2008) e, por fim, o primeiro estudo
a mapear o potencial da energia eólica offshore para toda margem do Brasil, utilizando
dados de satélite, encontrando um potencial eólico na Zona Econômica Exclusiva - ZEE
brasileira doze vezes maior que na área continental (ORTIZ; KAMPEL, 2011). Portanto,
este trabalho é uma forma de preencher essa lacuna científica para estudos brasileiros.
Por fim, há necessidade de políticas de incentivo governamental para fomentar a
energia eólica offshore (GREEN; VASILAKOS, 2011), e para se tomar decisões adequadas
os agentes governamentais e privados precisam de informações sobre os custos do projeto a
ser avaliado (LEVITT et al., 2011). De modo geral, o Brasil possui enorme potencial para
as energias renováveis, sobretudo a eólica, com o setor se estruturando paulatinamente e
demonstrando políticas exemplares, demandando o investimento em pesquisa, desenvolvi-
mento e inovação para dar continuidade a esse progresso (PEREIRA et al., 2012), sendo
o presente trabalho um esforço nesse sentido.
4 OBJETIVOS
4.1 GERAL
Este trabalho tem como objetivo principal o de precificar a energia eólica offshore no
Brasil.
4.2 ESPECÍFICOS
Para alcançar o objetivo geral deste trabalho algumas etapas precisam ser seguidas,
às quais foram postuladas em forma de objetivos específicos, tais como seguem:
18
5 REVISÃO DA LITERATURA
A energia eólica, nas modalidades onshore e offshore juntas, mais que sextuplica-
ram a capacidade mundial instalada nos últimos 10 anos, com um crescimento de 19%
na capacidade mundial acumulada e crescimento da indústria eólica mundial em 10% so-
mente em 2012 (GLOBAL WIND ENERGY COUNCIL, 2013b). A Figura 1 ilustra a
evolução global da capacidade eólica onshore e offshore no decorrer dos anos, e mostra
também o crescimento líquido anual dessa fonte.
Figura 1 – Capacidade eólica global acumulada e seu crescimento liquido anual entre 1993-
2012
Fonte: EARTH POLICY INSTITUTE (2013) e GLOBAL WIND ENERGY COUNCIL (2013b)
No Brasil, a preocupação com fontes renováveis foi impulsionada pela crise ener-
gética oriunda da vulnerabilidade ao preço do petróleo, o que levou o país a diversificar o
setor energético e diminuir a dependência pelo petróleo e seus derivados, direcionando a
produção de energia para a fonte hídrica, recurso abundante no país (SILVA et al., 2013).
Em 2001 o país foi novamente impulsionado com a crise no fornecimento de eletricidade,
19
A energia eólica, assim como outras fontes, é renovável, conta com baixas emis-
sões de 𝐶𝑂2 , um dos principais gases causadores do efeito estufa, e possui a vantagem
da grande disponibilidade de recurso dos ventos, que junto com a solar sobressaem-se
como as fontes mais abundantes de energia em comparação com a geotérmica, biomassa,
pequenas centrais hidrelétricas, dentre outras (ESTEBAN et al., 2011). Além do mais, a
energia eólica merece atenção especial no Brasil pela sua complementariedade à matriz
energética, pois atua como um reforço para a energia produzida principalmente pela base
hidrelétrica, o que é de grande benefício, dado que os períodos de estiagem, quando os
reservatórios de água estão em baixa e geram menor potência para produção de energia
elétrica, ocorrem nos mesmos períodos em que há maior incidência de ventos, sendo dessa
forma uma importante maneira de contornar o problema na demanda de energia durante
esses períodos (PEREIRA et al., 2012; SILVA et al., 2013).
Quando da comparação entre os dois tipos de empreendimentos eólicos, é possível
citar vantagens da fonte offshore em relação à onshore, a saber, que o recurso eólico: é
maior no mar (ADELAJA et al., 2012; ESTEBAN et al., 2011; GLOBAL WIND ENERGY
COUNCIL, 2013a; SNYDER; KAISER, 2009b); possui menos turbulência e mais estabili-
dade, o que diminui a fadiga das turbinas e aumenta seu tempo de vida útil (ESTEBAN et
al., 2011); pode gerar mais energia a partir de menos turbinas (GLOBAL WIND ENERGY
COUNCIL, 2013a); possui grande disponibilidade de área marítima sem que seja neces-
sário arrendamento de terrenos ou compras de faixas de terras que encarecem o custo do
projeto (ADELAJA et al., 2012; GLOBAL WIND ENERGY COUNCIL, 2013a); no mar
há a vantagem de que geralmente as grandes cidades estão situadas em regiões costei-
ras (GLOBAL WIND ENERGY COUNCIL, 2013a; SNYDER; KAISER, 2009b). Além
do que, diferentemente de parques onshore, os parques offshore não possuem problemas
logísticos quanto a estradas que não suportem o tamanho do transporte necessário para
carregar as turbinas até o local de implantação (SNYDER; KAISER, 2009b); contam com
a vantagem de que é possível mitigar o impacto sonoro e visual para as cidades ou comu-
nidades próximas a depender da distância de instalação da costa (ADELAJA et al., 2012;
ESTEBAN et al., 2011; MARKARD; PETERSEN, 2009; SNYDER; KAISER, 2009b).
Em contrapartida, algumas das desvantagens referem-se: à maior complexidade de
instalação no mar, contribuindo para um maior custo de instalação em relação à onshore
(ESTEBAN et al., 2011); aos custos de manutenção que também são maiores (ESTE-
21
6 METODOLOGIA DA PESQUISA
empreendimentos offshore no Brasil que possibilitem realizar esse estudo com mais acu-
rácia para esses dados. Em seguida foi preciso estimar a produção de energia para pontos
da costa brasileira, procedimento explicado detalhadamente no capítulo 6 deste trabalho.
Essa parte atendeu ao segundo objetivo específico do trabalho, vale apenas ressaltar aqui
que o método de estimação não é perfeito, pois não leva em consideração possíveis falhas
das turbinas ou paradas de rotina para manutenção, além do que, os dados coletados
sobre a velocidade do vento abrangem um intervalo de seis horas entre uma observação e
outra, quando o ideal seria medir de hora em hora.
Passa-se então ao terceiro objetivo específico, que é calcular o preço da energia,
procedimento realizado por meio do Levelized Cost of Energy – LCOE. Esse método
representa o preço de venda da energia que iguala a soma de todas as receitas à soma
de todos os custos ao longo do ciclo de vida do projeto, que descontados a uma taxa, 𝑟,
22
𝑇 𝑇
∑︁ 𝑅𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎𝑠𝑡 ∑︁ 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜𝑠𝑡
= (1)
𝑡=0 (1 + 𝑟)𝑡 𝑡=0 (1 + 𝑟)
𝑡
𝑇 𝑇
∑︁ 𝐿𝐶𝑂𝐸𝑡 × 𝐸𝑡 ∑︁ 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜𝑠𝑡
= (2)
𝑡=0 (1 + 𝑟)𝑡 𝑡=0 (1 + 𝑟)
𝑡
financiado somente por capital próprio, com o intuito de verificar qual o preço que um de-
senvolvedor teria que vender a energia para conseguir o retorno necessário para cobrir seus
custos, portanto, sem acréscimo de financiamento ou incentivos governamentais. O custo
de capital próprio foi calculado com o Capital Asset Price Model – CAPM, admitindo-se
13%1 ao ano de retorno de mercado estimado por analistas de mercado em várias agências
especializadas, tendo como base o Índice Bovespa. Para a medida de risco utilizou-se o
beta (𝛽) desalavancado para o mercado de energia elétrica americano, o beta desalavancado
quando multiplicado pelo prêmio de risco do mercado (retorno do mercado menos taxa
livre de risco) equivale ao risco do negócio. Mais considerações sobre essa questão fogem
ao escopo deste trabalho, uma explicação mais detalhada pode ser encontrada na nota
técnica elaborada pela Agência Nacional de Energia Elétrica no 49/2013-SRE/ANEEL2 ,
de onde foi retirada essa medida. Para a taxa livre de risco utilizou-se a mesma média
das curvas de juros utilizadas na estimação do custo de capital de terceiros. Com esses
parâmetros o WACC calculado é de 7,83% ao ano, expresso em termos nominais, ou seja,
sem desconto da inflação, eliminando a dependência por mais uma variável, dado que
taxas reais tendem a ser menores que taxas nominais (considerando um resultado maior
que zero para a inflação).
Por fim, o último objetivo de comparação entre as fontes também se encontra no
capítulo 6, onde encontra-se as figuras que sobrepõe os LCOE’s das duas fontes a fim de
verificar qual tem o preço mais elevado para a energia produzida.
1
No início de 2013, previsões para o crescimento do IBOVESPA chegavam ao topo de 23,5%,
e média de 16,15%, segundo estimativas compiladas pelo Portal Infomoney junto a bancos e
corretoras (http://tinyurl.com/kcudk5w), e de 15% segundo analistas ouvidos pelo Valor Investe
(http://tinyurl.com/mteg2vz). Com a queda do índice no decorrer do ano as expectativas foram re-
duzidas para 9,8%, segundo o Bank of America Merrill Lynch (http://tinyurl.com/nsc3hgy), e de 5%
para o Citi Group (http://tinyurl.com/pt8ue3n). Baseado na média (11,6%) das taxas apresentadas e
nas expetativas futuras de crescimento (http://tinyurl.com/kernx2e) o presente trabalho adota a taxa de
13% como medida razoável para o retorno do mercado.
2
http://tinyurl.com/omq26mu
24
Tabela 1 – LCOE em US$/MWh de várias fontes de energia para três cenários distintos
deste trabalho, bem como exemplos dos cálculos no Apêndice B. Os LCOE’s encontrados
foram de R$ 188,19/MWh (US$ 85,54/MWh)3 , R$ 446,68/MWh (US$ 203,04/MWh)
e R$ 876,01/MWh (US$ 398,19/MWh) respectivamente para o menor, médio e maior
valores do LCOE, ressalvando a exclusão do parque de número 68 por apresentar um valor
significativamente mais elevado que o segundo parque de maior valor, sendo considerado
um outlier4 . A Figura 2 apresenta os valores do LCOE para cada parque eólico onshore
brasileiro com a comparação do preço dos últimos leilões de energia elétrica para as fontes
térmica e hidráulica5 .
Os valores encontrados para os LCOE’s dos parques brasileiros são bastante ele-
3
US$ 1,00 = R$ 2,20, previsão do dólar para 2014 publicada pelo Banco Central do Brasil em junho
de 2013 (http://tinyurl.com/kb45w3p). Essa equivalência será mantida para todo o trabalho.
4
Essa ressalva será mantida para todo o trabalho e daqui para frente leia-se nas figuras o número 69
no lugar do 68, o 70 no lugar do 69 e assim sucessivamente.
5
http://tinyurl.com/mwjkmk5
25
Figura 2 – Divisão em cenários por preço para os LCOE’s dos parques eólicos onshore
vados. Isso é um indicativo de que o mercado eólico brasileiro ainda não atingiu grande
maturidade. Além do mais, os dados desse estudo se referem exclusivamente a parques eó-
licos onshore, pois o Brasil ainda não possui empreendimentos eólicos offshore, assim, para
calcular os valores para estes últimos foi preciso fazer estimações a partir de informações
encontradas na literatura.
A energia eólica offshore é cerca de duas vezes mais cara que a energia gerada pela
fonte onshore (RENEWABLES INTERNATIONAL, 2012), em alguns casos, três vezes
mais cara devido à estrutura de suporte, a fundação para fixar as turbinas no mar, a
conexão à rede elétrica, construção e manutenção, dentre outros fatores que encarecem e
tornam a implantação no mar mais dispendiosa (ZHIXIN et al., 2009).
É notável o preço das turbinas como um dos principais custos que contribuem para
o preço elevado da energia eólica offshore, em muito devido ao encarecimento das com-
modities utilizadas na fabricação, sinalizando para os fabricantes investirem em pesquisa
e desenvolvimento (P&D), explorando materiais alternativos que tornem o preço mais
competitivo (VAN DER ZWAAN et al., 2012). Esse detalhe recebeu atenção especial na
primeira fase do PROINFA, que mesmo tratando apenas de parques onshore, especificou
que pelo menos 60% das peças utilizadas na fabricação das turbinas precisariam ser feitas
em território nacional, com o intuito de fomentar a indústria nacional e melhorar a tecno-
logia nesse campo para o país (MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA, 2011), entretanto,
isso acabou retardando o desenvolvimento do setor, já que limitava a participação da in-
dústria internacional e tornava a produção oligopolizada, com o mercado eólico brasileiro
ficando concentrado a apenas quatro companhias até metade de 2011 (OEBELS; PACCA,
2013; SILVA et al., 2013). Na segunda fase do PROINFA, com o ganho de escala de pro-
jetos de longo prazo, esse percentual subiu para 90% (DUTRA; SZKLO, 2008), aguçando
26
𝑙𝑛(𝑧/𝑧0 )
𝑈 (𝑧) = 𝑧𝑟𝑒𝑓 (5)
𝑙𝑛(𝑧𝑟𝑒𝑓 /𝑧0 )
onde 𝑈𝑟𝑒𝑓 é a velocidade do vento na altura 𝑧𝑟𝑒𝑓 = 100 metros, para a qual procurou-
se encontrar a velocidade a 100 metros de altura extrapolando a série da velocidade
do vento a 10 metros. A rugosidade para reservatórios, mares e oceanos é de 𝑧0 = 0,2
mm. A produção da turbina será uma função da velocidade do vento, de tal forma que
27
𝑃𝑤𝑖𝑛𝑑 = 𝑓 (𝑈 ), calculada com a curva da turbina REpower de 6.15 MW, a qual possui um
eixo horizontal que suporta três lâminas com diâmetro de 126 metros e área de cobertura
de 12.469 𝑚2 , possui velocidade de partida e de desligamento da turbina respectivamente
de 3,5 e 30 𝑚 𝑠−1 e velocidade nominal de 14 𝑚 𝑠−1 . Este tipo de turbina pode ser instalada
numa estrutura de monopilar de aço tubular fincada no fundo do mar até 20 metros de
profundidade da água, sendo que a utilização de uma estrutura de treliça pode ampliar
para 50 metros de profundidade a distância de instalação no mar. A Figura 4a, ilustra a
curva de potência da turbina e a A Figura 4 apresenta uma imagem com turbinas desse
modelo.
dução da turbina. Uma pequena amostra dos dados referentes às séries de vento, produção
da turbina e demais dados utilizados para estimação da energia nos pontos 1 e 2 se en-
contram ilustrados no Apêndice D. Para calcular o LCOE da energia eólica offshore
foram criados parques hipotéticos com base nos parques onshore. Primeiro dividiu-se a
capacidade instalada de cada parque onshore pela capacidade da turbina offshore de 6.15
MW a fim de se obter a quantidade equivalente de turbinas offshore que produziriam a
mesma, ou aproximada, capacidade do parque onshore. Arredondou-se os valores das divi-
sões, pois não poderia haver, por exemplo, 2,1 turbinas, sendo definida apenas como duas
turbinas. A visualização do cálculo para essa etapa pode ser encontrada no Apêndice E.
Em seguida, multiplicou-se a produção de energia anual acumulada gerada pela turbina
REpower 6.15 MW (obtida da subtração da energia acumulada até determinado ano, da
energia acumulada do ano seguinte) pela quantidade de turbinas offshore que possui ca-
pacidade aproximada à do parque onshore (procedimento demonstrado no Apêndice E),
retornando o valor da produção de energia gerada por um parque offshore hipotético com
capacidade semelhante ao parque onshore. A produção de energia anual estimada para os
pontos 1 e 2 se encontram no Apêndice F.
Os parques hipotéticos offshore 6 se destacaram por produzir significativamente
mais energia devido às melhores condições de vento e com a vantagem de utilizar menos
turbinas. A Figura 5 apresenta a comparação entre os LCOE’s das fontes onshore e
offshore, sendo a parte "a" com a energia estimada para o ponto P1 e a parte "b" para o
ponto P2.
O menor, médio e o maior LCOE’s calculados para offshore no ponto 1 foram res-
pectivamente de R$ 213,50/MWh (U$ 97,05/MWh) R$ 439,97/MWh (U$ 199,99/MWh)
R$ 689,18/MWh (U$313,26/MWh). Para o ponto 2 foram de R$ 225,61/MWh (U$
102,55/MWh) R$ 491,93/MWh (U$ 223,60/MWh) e R$ 770,73/MWh (U$ 350,33). Em
comparação com os LCOE’s dos parques onshore o ponto 1 tem menor preço médio e
máximo, mas o menor valor do LCOE ainda é de um parque em terra. No ponto 2 apenas
o valor máximo se sobressaiu, ficando com um preço abaixo em relação ao maior preço
do LCOE para onshore.
É possível observar na parte "a" da Figura 5, que representa os LCOE’s dos parques
offshore hipotéticos do ponto 1, conseguiram, em sua maioria, se equiparar aos parques
onshore, o que não aconteceu para os parques do ponto 2. Isso se deu devido à menor
produção de energia gerada no ponto 2. Se os custos para offshore fossem apenas o dobro
dos custos para onshore, os parques hipotéticos offshore seriam quase todos superiores,
6
O modelo para o cálculo do LCOE dos parques eólicos offshore, apresentado por Levitt et al. (2011)
e utilizado neste trabalho, não leva em consideração o efeito da distância da costa, profundidade da
água ou o tipo de turbina, mas os valores encontrados são semelhantes a empreendimentos que usam
tecnologia convencional (que inclui monopilar, fundação de base gravitacional e fundações de jaqueta) e
condições meteo-oceanográficas semelhantes, com não mais que 30 metros de profundidade da água e 46
km da costa. Para melhor visualização de como são essas estruturas pode-se consultar o Anexo A, que
apresenta diferentes tipos de fundações para turbinas eólicas offshore.
29
Figura 5 – Comparação entre LCOE’s das fontes onshore e offshore (custos 3X maiores)
tanto para o ponto 1 quanto para o ponto 2, como mostram as partes "a" e "b" da Figura
6.
8 DISCUSSÕES
Figura 6 – Comparação entre LCOE’s das fontes onshore e offshore (custos 2X maiores)
leilões de energia, algo que pode comprometer ainda mais a competitividade das fontes
que demandam um custo maior para seu desenvolvimento e que estão em estágios dife-
rentes de amadurecimento em comparação com outras, pois esse sistema fixa um valor
máximo para venda da energia que na maioria das vezes não é compatível com o custo
de desenvolvimento de determinada fonte (DUTRA; SZKLO, 2008). O uso de feed-in-
tariffs, mecanismo amplamente usado na Europa, consiste numa forma mais eficaz de
incentivo, pois garante, durante determinado tempo, a venda da energia produzida e com
preço baseado no custo de desenvolvimento da fonte (PEREIRA et al., 2012; SILVA et
al., 2013).
Em se tratando da fonte offshore, ela encontra ainda mais dificuldades, pois, para
que ela possa começar a desfrutar da redução gradual do preço, primeiro é preciso iniciar
projetos nessa modalidade, ainda inexistentes no Brasil. A participação do Estado como
regulador das atividades é essencial para o desenvolvimento do setor, e não somente, mas
também como fomentador de empreendimentos, dados seus altos custos de implantação
e manutenção (GREEN; VASILAKOS, 2011).
Para que o país possa aproveitar o seu enorme potencial eólico, sobretudo offshore,
estudos sobre os diversos aspectos da energia eólica precisam ser desenvolvidos. Há pouco
esforço no país voltado para essa área, fato comprovado pela pouquíssima quantidade
de estudos desenvolvidos sobre o tema. Há grandes limitações na área, por exemplo, a
31
estimação da produção de energia teria sido mais precisa caso fosse realizada de hora em
hora e não a cada seis horas, como foi o caso dos dados coletados para esse trabalho. As
limitações podem ser uma das causas para o pouco interesse em se desenvolver estudos
nessa área, pois muitas vezes acaba por afugentar pesquisadores desse tema. De toda
forma, cada contribuição, ainda que dedicada a verificar uma pequena especificidade da
energia eólica é um ponto a mais em direção ao amadurecimento do setor e que precisa
ser incentivado.
Todavia, há fatores positivos na fonte offshore. Nesse estudo foi possível observar
que uma maior produção de energia possibilitada pelo potencial eólico do mar pode fazer
com que o valor do LCOE seja reduzido. É importante ressaltar que o que se está reduzindo
é o preço final da energia e não os custos para produção, que somente são reduzidos
com o melhoramento tecnológico, ganho de escala e amadurecimento da fonte offshore
(ESTEBAN et al., 2011). Nesse sentido, há previsões otimistas para a redução gradual
nos custos no período que se estende até 2020 (HEPTONSTALL et al., 2012).
9 CONCLUSÕES
O alto custo de desenvolvimento não é fator decisivo para descartar a fonte offshore,
pois como foi demonstrado, a possibilidade de redução dos custos para offshore e futura
equiparação de preço com a fonte onshore, espera-se que a escolha por uma das duas
fontes aponte mais fortemente para a primeira opção por ser melhor em quesitos como
maior incidência de ventos, menor impacto visual, sonoro, dentre outros.
É preciso investir em medições acerca do potencial eólico para vários locais, pois
como se viu nesse estudo, na comparação entre dois pontos distintos, um acabou levando
vantagem sobre outro. Quanto melhor a precisão da medição, mais precisa será a infor-
mação do custo para os investidores.
Como sugestão para trabalhos futuros, pode-se citar uma investigação mais acu-
rada a respeito dos custos da fonte offshore, no sentido de destrinchar cada componente
e como ele afeta o preço final da energia. Outra sugestão seria avaliar a integração dos
parques em várias localidades, com o intuito de diminuir o risco no fornecimento de ener-
gia por essa fonte, ou mesmo a complementariedade com a fonte hidrelétrica, dado que
o período em que uma está debilitada é justamente o período de maior potência para a
outra.
32
REFERÊNCIAS
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potential. Energy Policy, v. 42, p. 191–200, 2012.
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Disponível em: <http://tinyurl.com/lo27zm2>. Acesso em: 11 out. 2013.
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35
Fonte: Planilha elaborada pelo autor com dados extraídos do Bloomberg New Energy Finance○
R
37
Fonte: National Oceanic and Atmospheric Administration - NOAA, Zhang, Bates e Reynolds (2006)
41
Fonte: National Oceanic and Atmospheric Administration - NOAA, Zhang, Bates e Reynolds (2006)
42
𝑘𝑠 = 𝐶𝐴𝑃 𝑀 = 𝑟𝑓 + 𝛽 · (𝑟𝑚 − 𝑟𝑓 )
onde:
𝑘𝑠 = custo de capital próprio;
𝐶𝐴𝑃 𝑀 = Capital Asset Price Model (Modelo de Precificação de Ativos);
𝑟𝑓 = taxa livre de risco;
𝛽 = coeficiente beta;
𝑟𝑚 = retorno do mercado.
𝐵 𝑆
𝑊 𝐴𝐶𝐶 = · 𝑘𝑏 · (1 − 𝑇𝑐 ) + · 𝑘𝑠
𝐵+𝑆 𝐵+𝑆
onde:
𝑊 𝐴𝐶𝐶 = Weighted Average Cost Of Capital (Custo Médio Ponderado de Capital);
𝐵
= participação de capital de terceiros na empresa;
𝐵+𝑆
𝑆
= participação de capital próprio na empresa;
𝐵+𝑆
𝑘𝑏 = custo de capital de terceiros;
𝑇𝑐 = impostos.