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O que é exceção de pré-executividade?

A exceção de pré-executividade é um instrumento de defesa incidental, que


pode ser utilizado pela parte passiva de uma ação de execução para pedir ao
julgador que reavalie, regularize ou nulifique o processo, pois o mesmo apresenta
algum problema de ordem pública ou mérito.

Dentro da doutrina, a exceção de pré-executividade, que não é tipificada


diretamente no Código de Processo Civil, pode ser encontrada também com os
seguintes nomes: objeção de pré-executividade, impugnação no juízo de
admissibilidade, exceção de direito deficiente, oposição pré-processual ou objeção
de não-executividade.

Quando alguém é alvo de uma ação de execução, parte dos seus bens e
capital podem ser penhorados como garantia do juízo, com o objetivo de garantir à
parte ativa do processo o valor que está cobrando da parte passiva.

Entretanto, a ação de execução pode apresentar vícios, erros ou equívocos


na cobrança, como a prescrição da execução, a cobrança indevida, erro na citação
do executado, cobrança baseada em título extrajudicial que não corresponde à sua
obrigação, entre outros.

Para impedir que uma cobrança seja feita de forma indevida ou que um
processo ocorra contra a parte passiva com erros, a exceção de pré-executividade
se mostra como um instrumento de defesa, onde o executado apresenta uma
petição alegando o equívoco.

Isso quer dizer que, mesmo sem a garantia do juízo e com uma petição
simples juntada aos autos do processo, o executado pode alegar problemas de
mérito, ordem pública ou outros vícios na causa que a tornem nula. E esse
instrumento é chamado de exceção de pré-executividade.

A exceção de pré-executividade, então, tem como objetivo mostrar ao juiz que


há algum erro de ordem jurídica ou material na execução, mostrando que o processo
é nulo ou equivocado por apresentar erros ou vícios de ordem material ou jurídica.

Exceção de pré-executividade no Novo CPC


No Novo Código de Processo Civil (lei nº 13.105/15), a exceção de pré-
executividade não é citada diretamente, mas a sua possibilidade como instrumento
de defesa contra ações de execução está prevista nos artigos 525 e 803.

O artigo 525 do Novo CPC estipula o que o executado pode fazer após o
prazo de pagamento voluntário do montante da ação de execução acabar.

“Art. 525. Transcorrido o prazo previsto no art. 523 sem o pagamento


voluntário, inicia-se o prazo de 15 (quinze) dias para que o executado,
independentemente de penhora ou nova intimação, apresente, nos próprios autos,
sua impugnação.

§ 1º Na impugnação, o executado poderá alegar:

I – falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o processo


correu à revelia;

II – ilegitimidade de parte;

III – inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação;

IV – penhora incorreta ou avaliação errônea;

V – excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;

VI – incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução;

VII – qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento,


novação, compensação, transação ou prescrição, desde que supervenientes à
sentença”.

Nota-se que o artigo 525 apresenta a possibilidade do executado explicar o


porquê de não ter feito o pagamento voluntário ainda nos autos da execução. Antes,
portanto, dos embargos à execução.

Já que a exceção de pré-executividade pode tratar de questões de ordem


pública, isso é, pode lidar com erros e vícios apresentados em uma disputa judicial
(que, por natureza, não podem se manter em um processo), ela pode ser aceita a
qualquer momento de um processo.

Entretanto, o artigo 525 estipula o prazo de quinze dias para as situações


descritas acima.
Já o artigo 803 estipula em quais situações uma execução é considerada
nula:

“Art. 803. É nula a execução se:

I – o título executivo extrajudicial não corresponder a obrigação certa, líquida


e exigível;

II – o executado não for regularmente citado;

III – for instaurada antes de se verificar a condição ou de ocorrer o termo

Parágrafo único. A nulidade de que cuida este artigo será pronunciada pelo
juiz, de ofício ou a requerimento da parte, independentemente de embargos à
execução”.

Embora o Novo CPC não trate diretamente da exceção de pré-executividade,


os artigos citados acima tratam do caso, mesmo que de forma indireta.

A exceção de pré-executividade ainda é um termo presente apenas


na jurisprudência e nas doutrinas, não estando diretamente amparado por lei.

Cabimento da exceção de pré-executividade

A exceção de pré-executividade pode ser utilizada na execução, na fase de


cumprimento da sentença ou em qualquer momento em que se ocorrer um vício de
ordem pública na execução, pois o objetivo do instrumento é extinguir ou anular a
execução.

Embora o artigo 525 do Novo CPC aponte nos itens I a VII do parágrafo 1º
quais são as situações onde a impugnação da execução seja possível, o
entendimento que a jurisprudência e os doutrinadores têm da exceção de pré-
executividade é que a mesma pode ser empregada em qualquer tipo de vício.

Isso se dá assim porque o objetivo da exceção de pré-executividade, como


vimos anteriormente, é livrar o executado da necessidade de garantir o juízo da
execução por conta de problemas em matéria de ordem pública ou de mérito.
Isso quer dizer que qualquer erro ou vício de ordem jurídica, material ou
processual que não necessite de novas provas para ser atestado pelo julgador é
suficiente para que o executado utilize o instrumento para sua defesa.

Prazo da exceção de pré-executividade

Não há, no Novo Código de Processo Civil, um artigo que determine o prazo
para que a defesa entre com petição pedindo a exceção de pré-executividade.

Entretanto, a exceção de pré-executividade não pode ser pedida quando a


ação se encontra em trânsito em julgado.

Também é importante ressaltar que a exceção de pré-executividade deve ser


idealmente pedida no prazo de cinco dias após a citação do executado na ação,
para evitar que bens sejam penhorados para garantia do juízo, fazendo com que os
embargos à execução sejam o instrumento de defesa mais adequado.

O que pode ser alegado na exceção de pré-executividade?

O executado utiliza a exceção de pré-executividade com o propósito de


mostrar ao julgador que a ação de execução o qual é alvo possui problemas
fundamentais em matéria de ordem pública ou de mérito, fazendo com que a
cobrança seja indevida ou incorreta.

Entre as alegações que o executado pode fazer para fundamentar o uso de


tal instrumento por meio de petição simples, estão:

Créditos suspensos ou extintos: a pessoa que está cobrando o valor ao


executado perdeu o prazo para entrar com uma disputa judicial, fazendo com que a
dívida prescreva, fazendo com que ela não seja mais válida;

Executado foi indevidamente citado: a parte executada na ação não está


devendo para a pessoa que entrou com a execução, tendo sido apontado de má-fé
ou por engano;

A execução é nula: a execução apresenta problemas descritos no artigo 803


de Novo CPC, que estipula que uma execução é nula se o título executivo
extrajudicial apresentar erros ou vícios, se o executado não for devidamente citado
ou se a cobrança for realizada antes da dívida ser concretizada;

Vício em relação a matérias de ordem pública: qualquer outro problema que


faça com que a execução não atenda às suas necessidades judiciais e legais para
que se torne verdadeira e justa, comprometendo a sua regularidade e a sua
possibilidade de tramitar dentro da esfera do direito.

Impugnação a exceção de pré-executividade

Por ser um princípio jurídico firmado em jurisprudência e doutrinação, a


exceção de pré-executividade pode ser utilizada indevidamente pelo executado.

Seja por equívoco de interpretação do instrumento ou de forma protelatória, o


uso indevido do mesmo pode ser impugnado desde que se torne comprovado que a
exceção de pré-executividade foi utilizada fora de seus objetivos, que seriam o de
mostrar para o juiz, sem a fabricação de novas provas, que há vícios em matéria de
ordem pública ou de mérito no processo.

Assim, caso as alegações do executado não se mostrem corretas, pode-se


impugnar a alegação, em prazo geralmente definido pelo juiz, uma vez que não há
respaldo da exceção de pré-executividade no Novo CPC.

Matérias possíveis de serem arguidas

As matérias passíveis de serem arguidas são as de ordem pública em sede


de objeção ou as matérias não conhecíveis pelo Juiz de ofício e lastreada por
prova pré-constituída arguíveis em sede de exceção, não sendo permitido a
dilação probatória, bem como matérias que não deveriam ter sido deixadas de ser
analisadas pelo magistrado, configurando injusta a execução fundam em título
contaminado por esses vícios.

Se tem também a seguinte Jurisprudência a respeito das matérias,

“AGRAVO DE INSTRUMENTO. NATUREZA JURÍDICA DA EXCEÇÃO DE


PRÉ-EXECUTIVIDADE. MATÉRIAS A SEREM ARGUIDAS EM SEDE DE
EMBARGOS.1. Somente é admissível a oposição de Exceção de Pré-
Executividade quando tratar de matérias de ordem pública, conhecíveis de
plano pelo magistrado, possuindo natureza jurídica de mero Incidente
Processual, cuja decisão deve ser combatida por agravo de instrumento
ante ao cunho interlocutório, vez não ter posto fim à execução fiscal.2.
Precedentes do STJ.3. Recurso desprovido.
(85861 SP 2007.03.00.085861-8, Relator: DESEMBARGADOR FEDERAL
BAPTISTA PEREIRA, Data de Julgamento: 27/04/2009, QUINTA
TURMA.)

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