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 Diz-se jacente a herança aberta mas ainda não aceite nem

declarada vaga para o Estado — 2046.º

 O sucessível chamado que ainda não tenha aceite ou repudiado


pode tomar as providências necessárias à administração dos bens
da herança, quer sejam atos de reparação urgente (necessária)
quer sejam, no máximo, os atos necessários à frutificação normal
(2047.º) e mesmo que haja cabeça de casal ou curador à herança
jacente

 O MP, qualquer sucessível chamado e os credores da herança


podem requerer ao tribunal a nomeação de um curador especial à
herança jacente — 2048.º

 É possível forçar os herdeiros a dizer se aceitam ou não a herança


2046.º a 2049.º
 Qualquer herdeiro pode pedir judicialmente,
através de ação declarativa comum de condenação,
o reconhecimento da sua qualidade de herdeiro
e, consequentemente, a restituição de bens da
herança contra quem os possua, como herdeiro ou
não, ou contra o novel adquirente — 2075.º, 2076.º

Petição da herança ≠ Reivindicação de bem


hereditário

2075.º a 2078.º
 Sendo vários os herdeiros, qualquer deles tem
legitimidade para, desacompanhado dos
restantes, pedir a totalidade ou parte dos
bens — 2078.º

 A ação pode ser intentada a todo o tempo,


sem prejuízo das regras da usucapião e do
decurso do prazo para aceitar a herança —
2075.º n.ºs 2 e 2059.º
2075.º a 2078.º
 A ação de petição da herança não procederá contra

 terceiro de boa fé

 que haja adquirido a título oneroso,

 do herdeiro aparente,

 bens determinados ou direitos sobre eles

2076.º n.ºs 2 e 3

Herdeiro aparente é a pessoa que é UDIOutada como herdeiro


por força de erro geral ou comum

2075.º a 2078.º
 Se, uma vez cumpridos, de boa fé, os legados de
testamento que venha posteriormente a ser
declarado inválido (nulo ou anulado), o suposto
herdeiro de boa fé que cumpriu os legados fica
responsável perante o verdadeiro herdeiro
entregando-lhe tão só o remanescente da
herança, sem prejuízo dos direitos a exercer
pelo herdeiro real contra o legatário, tenha ou
não encargos o legado — 2077.º
2077.º
 Após a aceitação do legado e a sua entrega pelo
herdeiro ao legatário, este é proprietário e
possuidor do bem — 2270.º, 1317.º b), 1255.º
 Tratando-se de coisa certa e determinada, o
legatário pode reivindicar de terceiros a coisa
legada, mesmo que ainda não lhe tenha sido
entregue pelo herdeiro — 2279.º
 Tal possibilidade de reivindicar permite defender
por ação direta o bem legado — 2279.º
2270.º, 1317.º b), 1255.º, 2279.º
 Se a herança for insuficiente para cumprir
todos os legados, são estes pagos pro rata,
ou seja, rateadamente — 2278.º, 1.ª parte
 Tratando-se de legado remuneratório, este
será considerado como dívida da herança,
pelo que este será pago primeiramente face
aos demais legados — 2278.º, 2.ª parte,
2070.º n.º 2 e n.º 1, 2068.º
2278.º, 2068.º, 2070.º
A administração da herança, até à sua
liquidação e partilha, pertence ao cabeça
de casal — 2079.º

A administração da herança inicia-se com


a abertura da sucessão e termina com a
sua liquidação e partilha — 2079.º
2079.º a 2096.º
 O término da administração dá-se, assim, normalmente,

 com o trânsito em julgado da sentença homologatória da


partilha no processo de inventário — 2102.º n.º 1 e 1122.º
CCivil e 5.º do Regime do Inventário Notarial (L 117/2019, de
13.09)

 com a partilha notarial ou nas conservatórias, por acordo das


partes — 2102.º CCivil, 89.º p) CNot e 210-A.º CRCivil

 com a integral liquidação da herança, nos casos


* em que só haja um único herdeiro
* em que os bens tenham sido partilhados antes da liquidação
2079.º a 2096.º, 2102.º CC, 66.º Lei 23/2013, 89.º p) Cnot, 210.º-A CRC
A QUEM COMPETE O CARGO DE CABEÇA DE CASAL

O exercício do cargo de cabeça de casal é obrigatório,


gratuito, e não carece de aceitação, podendo todavia a pessoa
a quem o cargo foi deferido pedir a escusa.
A lei distingue consoante à herança concorram herdeiros [só
herdeiros ou herdeiros e legatários] ou só legatários — 2080.º e
2081.º
O cabeça de casal pode, posteriormente, vir a ser designado
por acordo de todos os interessados — 2084.º
2080.º a 2083.º, 2094.º, 2084.º
A QUEM COMPETE O CARGO DE CABEÇA DE CASAL

HAVENDO HERDEIRO(S) NA SUCESSÃO

2080.º

HAVENDO SÓ LEGATÁRIOS NA SUCESSÃO

2081.º
A QUEM COMPETE O CARGO DE CABEÇA DE CASAL

Quer para a situação do artigo 2080.º quer para a do


artigo 2081.º, o cabeça de casal incapaz será
representado pelo seu representante legal

A escusa ou a remoção de todas as pessoas a quem


compete o cabeçalato acarretará a designação, por
tribunal, de novo cabeça de casal, oficiosamente ou a
requerimento de qualquer interessado.
2082.º, 2083.º
ESCUSA DO CARGO DE CABEÇA DE CASAL

Se tiver mais de 70 anos de idade


Se, por doença, estiver impossibilitado de
exercer convenientemente as funções
Se o exercício do cabeçalato for
incompatível com o desempenho de cargo
público que exerça
2085.º
REMOÇÃO DO CABEÇA DE CASAL
Verificados certos circunstancialismos, qualquer
interessado pode pedir a remoção do cabeça de
casal
Tais circunstancialismos são os que se encontram
identificados no n.º 1 do artigo 2086.º
A remoção dará azo a nova designação, sem
prejuízo de outras sanções (v.g. 2096.º)
2086.º, 2096.º
BENS NA ADMINISTRAÇÃO DO CABEÇA DE CASAL

O cabeça de casal administra os bens próprios


do autor da sucessão e os bens comuns do casal,
havendo-os
É possível, pois, que o cabeça de casal
administre os bens da própria meação do cônjuge
meeiro que se divorciou, se escusou ou foi
removido de cabeça de casal
2087.º, n.º 1
BENS NÃO ADMINISTRADOS PELO CABEÇA DE CASAL

Os bens doados em vida pelo autor da


sucessão

Os bens certos e determinados que


foram legados e estejam já na posse dos
legatários
2087.º n.º 2, 2088.º n.º 1 a contrario
BENS NA ADMINISTRAÇÃO DO CABEÇA DE CASAL
O cabeça de casal, nas suas funções, pode demandar os bens da
herança em posse de herdeiro ou de terceiro.

Tal não impede o herdeiro, todavia, face à inércia do cabeça de


casal, de demandar os bens da herança na detenção ou posse de
terceiro

Nesse caso, está o herdeiro sujeito a posteriormente ter que entregar


tais bens ao cabeça de casal, se este lhos pedir

É possível que um herdeiro ou até um terceiro demandem o cabeça-


de-casal, sozinho, através de ação possessória — exceção ao 2091.º
2088.º n.º 1
PODERES DO CABEÇA DE CASAL

O cabeça de casal pode


Receber o pagamento espontâneo de dívidas ativas
Cobrar coercivamente as dívidas ativas da herança cuja
cobrança possa perigar com a demora

Alienar frutos e outros bens deterioráveis


Alienar frutos não deterioráveis cuja venda se mostre necessária
ao pagamento do funeral e sufrágios ou despesas com a
administração da herança
2089.º, 2090.º
PODERES DO CABEÇA DE CASAL
O cabeça de casal não pode
proceder à cobrança coerciva de dívidas ativas, a não ser que
haja perigo com a demora

alienar bens da herança, salvo nos casos previstos na lei


proceder ao cumprimento dos legados ou satisfazer o passivo
hereditário, à exceção do pagamento das

•Despesas do funeral e sufrágios


•Dos encargos da administração da própria herança
2090.º, 2089.º
PODERES DO CABEÇA DE CASAL

Todos os direitos relativos à herança só podem


ser exercidos por, ou demandados contra, todos
os herdeiros

Estamos perante um litisconsórcio necessário,


passivo ou ativo

Há, todavia, exceções !

2091.º
PODERES DO CABEÇA DE CASAL
Exceções ao litisconsórcio necessário, passivo ou
ativo, de todos os herdeiros
o previsto no artigo 2078.º n.º 1 e n.º 2
o previsto no artigo 2088.º n.º 1 e n.º 2
o previsto no artigo 2089.º
o previsto no artigo 2090.º n.º 1 e n.º 2
o previsto no artigo 2091.º n.º 2 e aos poderes
do cabeça de casal
2078.º, 2088.º, 2089.º, 2090.º, 2091.º
PODERES DO CABEÇA DE CASAL
Resulta do exposto que só os herdeiros, no seu conjunto,
podem
dispor dos bens da herança
pagar o passivo hereditário
proceder à defesa judicial dos direitos contestados,
defendendo-se de ações e cobrando coercivamente créditos não
pagos voluntariamente
cumprir os legados (se não recair sobre apenas um ou alguns dos herdeiros,
sobre o testamenteiro ou ainda sobre o legatário, nos termos dos artigos 2265.º e
2327.º)

2089.º, 2090.º, 2091.º


PODERES DO CABEÇA DE CASAL

Resulta ainda do exposto que


Não pode exigir-se a um co-herdeiro, ou a apenas alguns
deles, o pagamento da totalidade da dívida da herança

Não pode exigir-se a um co-herdeiro o pagamento da


sua quota parte de responsabilidade na dívida comum

Os direitos só podem ser exercidos contra todos os


herdeiros 2091.º
OBRIGAÇÃO DE DISTRIBUIÇÃO DE RENDIMENTOS
PELO CABEÇA DE CASAL
O cônjuge meeiro ou qualquer herdeiro pode exigir do
cabeça de casal
A distribuição de, no máximo, metade dos rendimentos da
herança que a cada um caiba
O cabeça de casal pode
Não proceder à distribuição de tais rendimentos na medida
do necessário à satisfação de encargos com a administração da
herança
2092.º
OBRIGAÇÃO DE PRESTAÇÃO DE CONTAS
PELO CABEÇA DE CASAL
O cabeça de casal deve prestar contas anualmente
São despesas, entre outras,
A distribuição dos rendimentos da herança que a cada um coube
O juro do que haja gasto, à sua custa, na satisfação de encargos da
administração

Existindo saldo positivo, o cabeça de casal deve


Deduzir a quantia previsivelmente necessária à satisfação de encargos da
herança no novo ano

Proceder à distribuição do restante


2093.º
O CABEÇA DE CASAL E O
CURADOR DA HERANÇA JACENTE

Só e enquanto não houver cabeça de casal


Por escusa
Por remoção
Ou sendo o cabeça de casal um herdeiro ou legatário,
antes da aceitação da herança
poderá ter lugar a nomeação de curador à herança
jacente
O testador pode, em testamento, nomear pessoa(s) (podendo
ser herdeiro ou legatário) que fiquem com o encargo de

Executar o seu testamento, no todo ou em parte; ou


Vigiar o cumprimento do mesmo
O testamenteiro necessita de aceitar, expressa ou
tacitamente, a testamentaria, podendo recusá-la mediante
declaração em notário
O testamenteiro tem as funções que lhe forem conferidas pelo
testador, valendo supletivamente o disposto no artigo 2326.º
2320.º a 2334.º
O herdeiro pode transmitir, onerosa ou gratuitamente, a herança ou
o quinhão hereditário. Tal alienação, da herança na totalidade ou
apenas de quinhão, só pode ter lugar

Após a aceitação de herança aberta


Até ao momento em que deixe de haver herança, quinhão ou quota,
como unidades jurídicas

A alienação da herança ou de sua quota pode ter como causa diversos


negócios jurídicos, desde que aptos a transferir a propriedade dos
respetivos direitos — a compra e venda, a dação em cumprimento, a
cessão de créditos, a doação, o testamento, entre outros
2028.º a contrario senso, 2124.º
OBJETO DA ALIENAÇÃO
Presume-se transmitido com o direito à herança ou ao quinhão
hereditário:
O benefício resultante da caducidade de um legado
O benefício resultante da caducidade de um encargo
O benefício resultante da caducidade de um fideicomisso
Presume-se excluído da transmissão do direito à herança ou ao
quinhão hereditário:
A parte hereditária devolvida ao alienante, depois da alienação, em
consequência de fideicomisso ou acrescer
Os diplomas e a correspondência do falecido
As recordações de família de diminuto valor económico
2125.º, 2317.º, 1703.º
FORMA DA ALIENAÇÃO
A alienação da herança ou de seu quinhão
hereditário faz-se

Em regra, por escrito particular


Por escritura pública ou documento particular
autenticado, existindo bens cuja alienação a
tanto obriguem
2126.º e 875.º
EFEITOS DA ALIENAÇÃO

A alienação da herança total ou de quota de


herança partilhada
Transmite os direitos às respetivas universalidades e, em
consequência, os direitos a cada uma das coisas que as
constituem

A alienação de quinhão hereditário indiviso


Transfere para o adquirente os direitos do quinhão em causa
2126.º
EFEITOS DA ALIENAÇÃO

O herdeiro que tiver alienado a herança ou o quinhão


hereditário sem especificar os bens
Só responde pela alienação de coisa alheia se não vier a ser
reconhecido como herdeiro

A alienação onerosa pelo herdeiro de bens


determinados da herança
obriga-o a entregar o respetivo valor ao adquirente, a título de
indemnização
2127.º, 2129.º
EFEITOS DA ALIENAÇÃO

Transmitem-se igualmente para o adquirente


Os encargos da herança ou do quinhão hereditário
O alienante responde solidariamente pela
satisfação desses encargos perante terceiro
Mas, se os satisfizer, tem direito de regresso contra o
adquirente
2128.º e 2129.º n.º 2
DIREITO DE PREFERÊNCIA NA ALIENAÇÃO
Há direito de preferência a favor dos demais co-herdeiros
Na venda ou dação em cumprimento a terceiros de quinhão
hereditário
Se a venda ou dação em cumprimento for feita a co-
herdeiro
Não há lugar ao direito de preferência
A preferência é exercida nos termos da preferência que
assiste aos comproprietários
Com exceção do prazo para o exercício do direito, que é de
dois meses, tendo havido comunicação para a preferência
2130.º
TIPOS DE ENCARGOS E SUA PREFERÊNCIA

São os seguintes os encargos da herança, devendo ser por esta


ordem pagos com prioridade sobre os restantes
1.Despesas com o funeral e sufrágios do autor da sucessão
Nas despesas de funeral incluem-se as dos ritos funerários,
preparação e conservação do cadáver, participações e
agradecimentos, enterro, trasladação, etc., tudo consoante a
condição do defunto e os costumes da terra
Nas despesas com os sufrágios englobam-se as missas,
esmolas, obras de caridade, etc.
2068.º, 2070.º n.º 2, 737.º n.º 1 a)
TIPOS DE ENCARGOS E SUA PREFERÊNCIA
2.Encargos com a testamentaria, administração e liquidação do
património hereditário
Abrange as despesas de transporte, certidões, custos notariais,
etc., efetuadas pelo cabeça de casal e/ou pelos herdeiros — 2090.º,
2091.º, 2265.º
Abrange a eventual retribuição do testamenteiro — 2333.º e 2094.º
3.As dívidas do falecido
São as dívidas que o falecido contraiu em vida e não foram pagas
antes do seu falecimento

2068.º, 2070.º
TIPOS DE ENCARGOS E SUA PREFERÊNCIA
4.O cumprimento dos legados
Não pode prejudicar a legítima — 2168.º, 2169.º
Se os bens da herança não forem suficientes para cumprir
todos os legados, estes serão pagos proporcionalmente,
tendo apenas em linha de conta o valor de cada um —
2172.º n.º 1 e 2278.º, 1.ª parte
Excetua-se desse pagamento proporcional os legados
remuneratórios, que se têm por dívida da herança e, assim,
devem ser pagos antes de cumpridos os demais legados —
2172.º n.º 3, 2278.º, 2.ª parte

2068.º, 2070 n.º 2.º, 2168.º, 2169.º, 2172.º, 2278.º


OS ENCARGOS E A HERANÇA

FAZEM AINDA PARTE DA HERANÇA


Os bens subrogados por meio de troca direta
O preço dos bens alienados
Os bens adquiridos com dinheiro ou valores da
herança, desde que a proveniência do dinheiro ou
valores seja indicada no documento de aquisição
Os frutos percebidos até à partilha
2069.º
As prioridades estipuladas pelo artigo 2070.º n.ºs 1 e 2 para a
satisfação dos encargos são válidas nos 5 anos subsequentes

À abertura da sucessão; ou
À constituição da dívida, se esta for posterior
Tal prioridade acontecerá mesmo que
a herança tenha sido partilhada
algum credor preterido do herdeiro tenha adquirido garantia real
sobre os bens hereditários.
Findos esses 5 anos, a responsabilidade da herança pelos encargos
mantém-se, mas agora indiscriminadamente, sem regra de preferência
no cumprimento. 2068.º, 2070.º
RESPONSABILIDADE PELOS ENCARGOS DA HERANÇA

1.Pelo pagamento dos encargos da herança é


responsável a herança (e daí, em princípio, os
herdeiros, como titulares dela — 2071.º)
2.Herança, para este efeito, são não só os bens e
valores indicados no artigo 2069.º como também os
restantes bens deixados pelo autor da sucessão
(relicta) — assim, o elenco do artigo 2069.º não é
exaustivo
2068.º, 2069.º, 2071.º, 2072.º
RESPONSABILIDADE PELOS ENCARGOS DA HERANÇA

3.As forças da herança são o limite máximo do


pagamento desses encargos (2071.º n.ºs 1 e 2)

3.A delimitação dessas forças pode ficar, todavia,


fortemente condicionada pelo tipo de aceitação
efetuada pelos herdeiros (2071.º)

2068.º, 2069.º, 2071.º


Independentemente da espécie de aceitação, apenas os
bens da herança são responsáveis pelo pagamento dos
encargos. Atente-se, todavia, às regras do ónus da prova:

na aceitação a benefício de inventário — compete aos


credores provar a existência de mais bens para além dos
relacionados;

na aceitação pura e simples — compete ao herdeiro


provar que o bem penhorado não faz parte da herança.
2071.º
RESPONSABILIDADE PELOS ENCARGOS DA HERANÇA
5.Responsabilidade dos legatários — 2072.º e 2073.º
Na herança toda distribuída em legados — 2277.º
Na herança em que haja herdeiros e legatários —
O usufrutuário da totalidade ou de uma quota da herança
Pode
•adiantar as somas necessárias para o cumprimento dos encargos da herança
•não adiantar tais somas,
com as consequências, num e noutro caso, do 2072.º
Deve
•cumprir por inteiro, ou proporcionalmente à sua quota, o legado de alimentos
ou pensão vitalícia
O usufrutuário de coisa determinada não está, em princípio,
sujeito a essa obrigação — 2073.º (mas 2277.ª)
2072.º e 2073.º
OS DIREITOS E OBRIGAÇÕES DO HERDEIRO PARA COM A HERANÇA

O herdeiro conserva, à exceção dos que se


extinguem por morte, todos os direitos e
obrigações que tinha para com o falecido

São imputados na quota do herdeiro as


quantias em dinheiro que ele deve à herança
2074.º
MODOS DE LIQUIDAÇÃO DOS ENCARGOS DA HERANÇA

Variam consoante se trata

1.De herança indivisa deferida a vários herdeiros


2.De herança indivisa deferida a um só herdeiro
3.De herança já partilhada
4.De herança deficitária

2097.º
MODOS DE LIQUIDAÇÃO DOS ENCARGOS DA HERANÇA
1.Na herança indivisa deferida a vários herdeiros
A liquidação de herança indivisa pode ser realizada em
processo de inventário ou fora dele
Respondem todos e cada um dos bens da herança, desde
que sejam suscetíveis de penhora
Se os direitos de terceiro sobre determinado(s) bem(ns)
da herança forem de natureza remível e houver na herança
dinheiro suficiente, qualquer co-herdeiro ou o cônjuge
meeiro pode exigir a remição desses direitos antes da
partilha
2097.º, 2099.º, 2100.º
MODOS DE LIQUIDAÇÃO DOS ENCARGOS DA HERANÇA

2.Na herança indivisa deferida a um só herdeiro


A liquidação de herança indivisa pode ser realizada em
processo de inventário ou fora dele
Respondem todos e cada um dos bens da herança, desde
que sejam suscetíveis de penhora
O herdeiro é o único responsável subjetivo pelo
cumprimento dos encargos, embora continue a haver
separação entre o seu património e o da herança

2097.º, 2103.º
MODOS DE LIQUIDAÇÃO DOS ENCARGOS DA HERANÇA
3.Na herança partilhada
Cada herdeiro (legal ou voluntário) responde pelos encargos apenas
na proporção da quota que lhe coube na herança
Os herdeiros podem deliberar
 Que o pagamento ou cumprimento do(s) encargos(s) se faça
à custa de dinheiro ou bens separados para esse efeito; ou
 Que o pagamento ou cumprimento do(s) encargos(s) fique a
cargo de um ou mais herdeiros determinados
O credor ou legatário não integralmente satisfeito no seu crédito
pode pagar-se dos demais bens ou dos demais herdeiros
Atenção às regras do 2099.º e 2100.º
2098.º, 2099.º, 2100.º
MODOS DE LIQUIDAÇÃO DOS ENCARGOS DA HERANÇA

4.Na herança deficitária


Quando a herança for deficitária (verificada em
processo de inventário ou em ação judicial com esse
desiderato), recorrer-se-á ao processo de insolvência
Embora a herança seja deficitária, há ainda vocação
e devolução sucessória
No caso de os herdeiros pagarem dívidas da herança
com bens seus considera-se estarem a cumprir uma
obrigação natural — 402.º a 404.º
1.Quem tem o direito de exigir partilha
Qualquer co-herdeiro
O cônjuge meeiro
Os legatários não gozam, em princípio, do direito de
exigir a partilha
Equiparam-se aos herdeiros, porém, para efeitos de exigir
a partilha
O usufrutuário de quota da herança
O cônjuge de herdeiro casado no regime da comunhão
geral de bens
2101.º
1.O direito de exigir partilha
É irrenunciável
É imprescritível
MAS
pode convencionar-se a indivisão por prazo não
superior a cinco anos
tal convenção pode ser renovada uma ou mais
vezes

2101.º
MODALIDADES DA PARTILHA

1.Partilha por meio do processo de inventário


a)Quando não há acordo de todos os interessados
b)Quando o MP entenda que o interesse do herdeiro incapaz
implica a aceitação a benefício de inventário
c)Quando, por ausência em parte incerta ou incapacidade de
facto permanente de um herdeiro, não seja possível realizar a
partilha por acordo

2.partilha por via notarial ou nas conservatórias


*Pressupõe o acordo de todos os interessados
2102.º
PARTILHA POR MEIO DO PROCESSO DE INVENTÁRIO
1.processo de inventário pode correr por inventário judicial ou por
inventário notarial, à escolha do requerente
2.É, todavia, sempre obrigatório o recurso ao inventário judicial
a)Quando o MP entenda que o interesse do herdeiro incapaz implica a
aceitação a benefício de inventário
b)Quando, por ausência em parte incerta ou incapacidade de facto
permanente de um herdeiro, não seja possível realizar a partilha por
acordo
c)Quando o inventário seja requerido pelo MP
d)Sempre que o inventário seja dependência de outro processo judicial

1083.º CPCivil e 2102.º CCivil


OPERAÇÕES DE PARTILHA DA HERANÇA
OPERAÇÕES PREPARATÓRIAS DA PARTILHA
A determinação, descrição e avaliação dos bens hereditários
A liquidação dos encargos da herança (pode ser posterior à partilha)
A remição dos direitos de terceiro
OPERAÇÕES DA PARTILHA PROPRIAMENTE DITA
Cálculo do valor da herança partilhável
Separação de meações
Determinação jurídica e em valor abstrato das quotas dos herdeiros
Colação
Preenchimento dos quinhões hereditários (neles incluídas as
atribuições preferenciais)
1.Operações de partilha da herança

CÁLCULO DO VALOR DA HERANÇA

A/ autor da sucessão solteiro, viúvo, divorciado ou separado


de pessoas e bens com partilha dos bens comuns já feita ou
casado no regime da separação de bens
Todos os seus bens, como bens próprios, constituem o
ativo da herança
Todas as suas dívidas são dívidas da herança, são passivo
da herança
CÁLCULO DO VALOR DA HERANÇA
B/ autor da sucessão casado no regime da comunhão geral de bens, da
comunhão de adquiridos, viúvo, divorciado ou separado judicialmente
de pessoas e bens mas com partilha dos bens comuns ainda não feita ou
havendo convenção antenupcial que estipule regime de comunhão de
bens em caso de dissolução do casamento por morte, havendo
descendentes comuns (1719.º n.º 1)
ATIVO
Bens próprios
Direito à meação nos bens comuns do casal
PASSIVO
Encargos próprios do de cujus
A sua metade nos encargos comuns
1719.º n.º 1, 1730.º, 1734.º, 1688.º, 1689.º n.º 1
CÁLCULO DO VALOR DA HERANÇA
ATIVO
Bens próprios deixados
Eventual direito à meação nos bens comuns do casal
Bens previstos no 2069.º

PASSIVO
Encargos da herança previstos no 2068.º (incluindo os encargos
próprios do de cujus e a sua metade nos encargos comuns)

sucessão legitimária
para efeitos de cálculo da legítima, colação e redução de liberalidades
2162.º

1719.º n.º 1, 1730.º, 1734.º, 1688.º, 1689.º n.º 1, 2162.º


ATRIBUIÇÕES PREFERENCIAIS
O cônjuge supérstite tem o direito a ser encabeçado, aquando da
partilha, no
Direito de habitação da casa de morada da família
Direito de uso do recheio da mesma casa
Tal direito não acresce ao seu quinhão: integra-se nele e na sua
meação, havendo-a, pelo que poderá ter que dar tornas, se excedê-
los
Tais direitos podem caducar se, tendo sido exercidos, não forem
gozados por mais de 1 ano
Os proprietários desses bens podem requerer, quando justificada,
caução. 2103.º-A, 2103-C 1093.º n.º 2
ATRIBUIÇÕES PREFERENCIAIS
Em caso de não existir casa de morada da família
ou existir, mas não como bem da herança, é possível
ser o cônjuge encabeçado apenas no direito de uso
do recheio, nos mesmos termos.
RECHEIO, para este efeito, é o mobiliário e todos
os demais objetos e utensílios destinados ao
cómodo, ao serviço e à ornamentação da casa.
2103.º-B, 2103-C
ATRIBUIÇÕES PREFERENCIAIS
cônjuge supérstite que renunciou à qualidade de
herdeiro legitimário
Os direitos são exercidos pelo prazo de 5 anos, a não ser que o requerente tenha
mais de 65 anos, caso em que é vitalício
O prazo pode ser prorrogado em caso de especial carência do beneficiário
Tais direitos caducam se não forem exercidos por mais de 1 ano, salvo sem culpa
Findo o prazo da ocupação, o beneficiário pode obter, mesmo que
judicialmente, contrato de arrendamento nos termos de mercado
O beneficiário, enquanto ocupar o imóvel a qualquer destes títulos, goza de
direito de preferência em caso de alienação do imóvel

1700.º n.º 1 c), 1707.º-A


IMPUTAÇÃO DE LIBERALIDADES
Existindo sucessão legitimária e liberalidades
efetuadas pelo autor da sucessão (sejam doações,
sejam legados), importa determinar a que quota da
herança (disponível ou indisponível) serão afetadas
tais liberalidades.
Essa imputação faz-se mediante a determinação
das liberalidades que devem ser conferidas na quota
indisponível e as que devem sê-lo na quota disponível
2108.º, 2114.º, 2165.º
IMPUTAÇÃO DE LIBERALIDADES
Não existe um regime dedicado especialmente
na lei para a imputação de liberalidades mas a sua
existência aflora, por exemplo, nos artigos 2108.º,
2114.º e 2165.º n.º 4
A imputação das liberalidades é essencial para
vários efeitos sucessórios, a saber, a colação, o
preenchimento de quinhões e o apuramento de
liberalidades inoficiosas
2108.º, 2114.º, 2165.º
IMPUTAÇÃO DE LIBERALIDADES
São imputadas e conferidas na QUOTA INDISPONÍVEL
Doações e legados imputados nessa quota por vontade expressa do
doador ou testador
Legado em substituição da legítima ou por conta da legítima, salvo na
parte em que excederem o valor da legítima subjetiva (2165.º n.º 4)
Doações sujeitas à colação, salvo na parte que excedem a legítima
subjetiva do donatário (2108.º n.º 1)
Doações sujeitas à colação no caso de repúdio pelo sucessor que não
tenha descendentes que o representem (2114.º n.º 2)
Doações feitas a legitimários não sujeitos a colação (?)
Legados feitos a herdeiros legitimários, salvo na parte em que
excederem o valor da legítima subjetiva (?)
IMPUTAÇÃO DE LIBERALIDADES
São imputadas e conferidas na QUOTA DISPONÍVEL
Doações ou legados imputados nessa quota por vontade expressa do
doador ou testador
Liberalidades feitas a terceiros, em vida ou por morte (2114.º n.º 1)
Legado em substituição da legítima, na parte em que exceda o valor da
legítima subjetiva (2165.º n.º 4)
Pré-legado (2264.º)
Doações feitas a descendentes não sujeitas a colação (2114.º n.º 1)
Doações sujeitas à colação no RSL, na parte em que excedem a legítima
subjetiva do legitimário (2108.º n.º 2, a contrario)
Doações feitas a legitimários não sujeitos a colação (?)
Legados feitos a legitimários na parte que exceda a legítima (?)
O PRINCÍPIO DA
INTANGIBILIDADE (QUANTITATIVA E QUALITATIVA) DA LEGÍTIMA

O testador não pode, contra a vontade do


herdeiro,
Impor encargos sobre a legítima
Designar os bens que a devem preencher

Por maioria de razão, a intangibilidade afetará


quaisquer substituições, incluindo fideicomissárias,
que o testador pretenda fazer ao herdeiro legitimário
2163.º
A INTANGIBILIDADE (QUANTITATIVA E QUALITATIVA) DA
LEGÍTIMA

Se o testador instituir cláusulas testamentárias


que atinjam a legítima, o interessado pode requerer

Que tais cláusulas testamentárias se


considerem como não escritas até ao
preenchimento da sua porção legitimária

cláusulas testamentárias violadoras ≠ liberalidades inoficiosas

2163.º
A INTANGIBILIDADE (QUANTITATIVA E QUALITATIVA) DA LEGÍTIMA

O princípio da intangibilidade não implica,


todavia, que o autor da sucessão, por testamento,
não possa interferir na integração da legítima em
algumas situações

1.Na deixa de usufruto ou pensão vitalícia


que possa atingir a legítima
2.No legado em substituição da legítima
2163.º, 2164.º, 2165.º
A INTANGIBILIDADE (QUANTITATIVA E QUALITATIVA) DA LEGÍTIMA

A CAUTELA SOCINIANA

1.Se o testador deixar usufruto ou constituir


pensão vitalícia que atinja a legítima, podem os
herdeiros legitimários

Cumprir o legado; ou
Entregar ao legatário tão somente a quota
disponível (cautela sociniana)
2163.º, 2164.º
LEGADO EM SUBSTITUIÇÃO DA LEGÍTIMA

2.O testador pode deixar um legado ao herdeiro


legitimário em substituição da legítima
 A aceitação do legado implica a perda do direito à legítima
 A aceitação da legítima implica a perda do direito ao legado
 Se o herdeiro, notificado para aceitar ou repudiar o legado
(2049.º n.º 1), nada disser, tem-se o legado por aceite
 O legado em substituição da legítima é imputado na quota
indisponível do autor da sucessão e o excesso, havendo-o,
na quota disponível deste 2165.º

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