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DICAS PARA OAB

CARTA DE APRESENTAÇÃO

Querido(a) aluno(a),

Eu e os professores do Gran OAB colacionamos aqui algumas dicas de leitura final


para que recorde alguns temas importantes para sua prova.
Esperamos que você possa se sentir mais seguro no dia da prova e que seu coração
se encha de esperança e força. Não perca o foco e não perca a fé.
Eu sei que este momento é delicado e que o medo é algo que não parece ter fim,
mas saiba que há algo muito maior que move todo o Universo e conspira sempre a nos-
so favor. Não esqueça que estamos diante, apenas, de uma fase da vida e, certamente,
sairemos vencedores. Eu creio!
Estamos juntos, e o combinado é que ninguém larga a mão de ninguém.
Sigamos, doutores, juntos somos imparáveis, pois #eusougran, #vocêégran e, aqui,
#todomundopode – nós podemos!!!
Beijo enorme da professora.

Roberta Queiroz

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ÉTICA PROFISSIONAL – MARIA CHRISTINA

DICA 1

O artigo 7º-B do EOAB tornou crime a violação das prerrogativas dos advogados
previstas no artigo 7°, II (inviolabilidade do local de trabalho), III (comunicar-se com o
cliente, em qualquer estabelecimento prisional, mesmo sem procuração), IV (prisão em
flagrante delito) e V (prisão antes do trânsito em julgado) do EOAB.

DICA 2

Art. 3º-A do EOAB: Os serviços advocatícios podem ser considerados como técnicos
e singulares, tornando-se inexigível a realização de licitação por parte do poder pú-
blico, quando comprovado sua atuação por estudos, publicações, atuações anteriores
dentro do campo de sua especialidade.

DICA 3

O artigo 37, § 2°, do EOAB prevê que, caso o advogado esteja inadimplente com a
OAB (anuidades em atraso), será suspenso do exercício profissional até que satisfaça
integralmente a dívida, inclusive com correção monetária. No entanto, o STF julgou,
em 2020, ser inconstitucional a suspensão do exercício da advocacia por inadimplência
com os órgãos da OAB por violação ao princípio do livre exercício profissional.

DICA 4

É vedado ao advogado em exercício o patrocínio simultâneo de causas para clien-


tes com interesses opostos sob pena de tergiversação.

DICA 5

O advogado empregado possui uma jornada de trabalho de 4 horas diárias salvo


se houver acordo coletivo ou convenção coletiva de trabalho ou em caso de dedicação
exclusiva. Nesta última hipótese, o regime deve estar expresso no contrato de trabalho,
devendo o advogado trabalhar 8 horas por dia.

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DICA 6

A advogada gestante tem direito a não se submeter ao detector de metais e a vagas


prioritárias nos tribunais. A lactante, quem tenha dado à luz ou adotado, tem direito a
creches nos tribunais. Todas elas têm direito à preferência na ordem das audiências e
sustentações orais. Apenas quem deu à luz ou adotou um filho terá direito à suspensão
dos prazos processuais por 30 dias, desde que seja a única advogada do processo e
notifique o cliente.

DICA 7

A Ordem dos Advogados do Brasil é composta pelo Conselho Federal da OAB, Sec-
cionais, Caixa de Assistência e Subseções (único órgão que não possui personalidade
jurídica).

DICA 8

São penalidades aplicadas aos advogados: Censura, Suspensão (regra: 30 dias a 12


meses), Exclusão (inidôneo, crime infame, cancelamento da OAB por falsa prova) e mul-
ta (variação de 1 a 10 anuidades).

DICA 9

A incompatibilidade é uma proibição total ao exercício da advocacia. Pode ser di-


vindade em incompatibilidade definitiva gerando cancelamento da inscrição ou in-
compatibilidade provisória gerando a licença do exercício da profissão. O impedimen-
to, por sua vez, é uma proibição parcial ao exercício da advocacia.

DICA 10

Os atos e contratos de pessoas jurídicas, para serem levados a registro perante a


Junta Comercial, devem ter um visto de um advogado, salvo se for uma Microempresa
ou uma empresa de pequeno porte.

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DIREITO CIVIL – ROBERTA QUEIROZ

DICA 1

ESTADO DE PERIGO – Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando alguém,


premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhe-
cido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa.
LESÃO – Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade,
ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor
da prestação oposta.

DICA 2

Art. 275. O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores,
parcial ou totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido parcial, todos os de-
mais devedores continuam obrigados solidariamente pelo resto.
Parágrafo único. Não importará renúncia da solidariedade a propositura de ação
pelo credor contra um ou alguns dos devedores.
Art. 282. O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns ou de
todos os devedores.
Parágrafo único. Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais devedores, sub-
sistirá a dos demais.
Art. 284. No caso de rateio entre os co-devedores, contribuirão também os exonera-
dos da solidariedade pelo credor, pela parte que na obrigação incumbia ao insolvente.

DICA 3

Art. 496. É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros des-


cendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido.
Parágrafo único. Em ambos os casos, dispensa-se o consentimento do cônjuge se o
regime de bens for o da separação obrigatória.

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Art. 544. A doação de ascendentes a descendentes, ou de um cônjuge a outro, im-
porta adiantamento do que lhes cabe por herança.
Art. 735. A responsabilidade contratual do transportador por acidente com o passa-
geiro não é elidida por culpa de terceiro, contra o qual tem ação regressiva.
Art. 827. O fiador demandado pelo pagamento da dívida tem direito a exigir, até a
contestação da lide, que sejam primeiro executados os bens do devedor.

DICA 4

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obri-
gado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de cul-
pa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida
pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
Art. 937. O dono de edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de
sua ruína, se esta provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta.
Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente
das coisas que dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido.

DICA 5

Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como
não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de ces-
sar a violência ou a clandestinidade.
Art. 1.218. O possuidor de má-fé responde pela perda, ou deterioração da coisa,
ainda que acidentais, salvo se provar que de igual modo se teriam dado, estando ela
na posse do reivindicante.
Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias neces-
sárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las,
quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo
valor das benfeitorias necessárias e úteis.

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DICA 6

Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir
como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-
-fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título
para o registro no Cartório de Registro de Imóveis.
Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos se o pos-
suidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras
ou serviços de caráter produtivo.
Art. 1.240-A. Aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente e sem opo-
sição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m² (duzentos
e cinquenta metros quadrados) cuja propriedade divida com ex-cônjuge ou ex-com-
panheiro que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família, ad-
quirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja proprietário de outro imóvel urba-
no ou rural.

DICA 7

Art. 1.285. O dono do prédio que não tiver acesso a via pública, nascente ou porto,
pode, mediante pagamento de indenização cabal, constranger o vizinho a lhe dar pas-
sagem, cujo rumo será judicialmente fixado, se necessário.
§ 1º Sofrerá o constrangimento o vizinho cujo imóvel mais natural e facilmente se
prestar à passagem.
§ 2º Se ocorrer alienação parcial do prédio, de modo que uma das partes perca o
acesso a via pública, nascente ou porto, o proprietário da outra deve tolerar a passagem.
§ 3º Aplica-se o disposto no parágrafo antecedente ainda quando, antes da alie-
nação, existia passagem através de imóvel vizinho, não estando o proprietário deste
constrangido, depois, a dar uma outra.

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DICA 8

Art. 1.378. A servidão proporciona utilidade para o prédio dominante, e grava o


prédio serviente, que pertence a diverso dono, e constitui-se mediante declaração ex-
pressa dos proprietários, ou por testamento, e subseqüente registro no Cartório de
Registro de Imóveis.

DICA 9

Art. 1.520. Não será permitido, em qualquer caso, o casamento de quem não atingiu
a idade núbil, observado o disposto no art. 1.517 deste Código.
Art. 1.581. O divórcio pode ser concedido sem que haja prévia partilha de bens.
Art. 1.638. Perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou a mãe que:
Parágrafo único. Perderá também por ato judicial o poder familiar aquele que: (In-
cluído pela Lei n. 13.715, de 2018)
I – praticar contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar: (Incluído
pela Lei n. 13.715, de 2018)
a) homicídio, feminicídio ou lesão corporal de natureza grave ou seguida de morte,
quando se tratar de crime doloso envolvendo violência doméstica e familiar ou menos-
prezo ou discriminação à condição de mulher;
b) estupro ou outro crime contra a dignidade sexual sujeito à pena de reclusão;
II – praticar contra filho, filha ou outro descendente:
a) homicídio, feminicídio ou lesão corporal de natureza grave ou seguida de morte,
quando se tratar de crime doloso envolvendo violência doméstica e familiar ou menos-
prezo ou discriminação à condição de mulher;
b) estupro, estupro de vulnerável ou outro crime contra a dignidade sexual sujeito
à pena de reclusão.
Art. 1.653. É nulo o pacto antenupcial se não for feito por escritura pública, e inefi-
caz se não lhe seguir o casamento.
Art. 1.696. O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e ex-
tensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns
em falta de outros.

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DICA 10

Art. 1.813. Quando o herdeiro prejudicar os seus credores, renunciando à herança,


poderão eles, com autorização do juiz, aceitá-la em nome do renunciante.
§ 1º A habilitação dos credores se fará no prazo de trinta dias seguintes ao conhe-
cimento do fato.
§ 2º Pagas as dívidas do renunciante, prevalece a renúncia quanto ao remanescen-
te, que será devolvido aos demais herdeiros.

Art. 1.966. O remanescente pertencerá aos herdeiros legítimos, quando o testador


só em parte dispuser da quota hereditária disponível.
Art. 1.967. As disposições que excederem a parte disponível reduzir-se-ão aos limi-
tes dela, de conformidade com o disposto nos parágrafos seguintes.
§ 1º Em se verificando excederem as disposições testamentárias a porção disponí-
vel, serão proporcionalmente reduzidas as quotas do herdeiro ou herdeiros instituídos,
até onde baste, e, não bastando, também os legados, na proporção do seu valor.
§ 2º Se o testador, prevenindo o caso, dispuser que se inteirem, de preferência, cer-
tos herdeiros e legatários, a redução far-se-á nos outros quinhões ou legados, obser-
vando-se a seu respeito a ordem estabelecida no parágrafo antecedente.
Art. 1.973. Sobrevindo descendente sucessível ao testador, que não o tinha ou não
o conhecia quando testou, rompe-se o testamento em todas as suas disposições, se
esse descendente sobreviver ao testador.
Art. 1.974. Rompe-se também o testamento feito na ignorância de existirem outros
herdeiros necessários.
Art. 1.975. Não se rompe o testamento, se o testador dispuser da sua metade, não
contemplando os herdeiros necessários de cuja existência saiba, ou quando os exclua
dessa parte.

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PROCESSO CIVIL – RAQUEL BUENO

DICA 1

No prazo de resposta (15 dias), o réu pode apresentar contestação e/ou reconven-
ção, além de poder apresentar arguição de impedimento (CPC, 144) ou suspeição (CPC,
145) do juiz, esta última em petição própria, viu? Na contestação, deverão ser apre-
sentadas primeiramente as preliminares, como incompetência absoluta e relativa do
juízo, impugnação ao valor da causa, impugnação à gratuidade de justiça, ausência de
condições da ação (se houver), conforme artigo 337 do CPC, mais a defesa de mérito.
Caso o réu também queira formular sua pretensão em face do autor, poderá fazer o
pedido reconvencional no corpo da própria contestação, mas o réu pode optar por não
contestar e apresentar apenas reconvenção, oportunidade na qual apresentará uma
petição própria de reconvenção. Atenção! Por ocasião da reconvenção, poderá haver
ampliação subjetiva. Como assim? O réu pode se juntar a um terceiro para reconvir em
face do autor, ou reconvir em face do autor e terceira pessoa. Atenção também para os
detalhes da alegação de ilegitimidade passiva prevista nos artigos 338 e 339 do CPC
(incidente de retificação do polo passivo).

DICA 2

Você lembra a diferença entre indeferimento da petição inicial (CPC, 330) e julga-
mento de improcedência liminar do pedido (CPC, 332)? Vamos lá: no caso de indefe-
rimento da petição inicial, haverá sentença terminativa (CPC, artigo 485), sem citação
do réu. Caso haja recurso de apelação do autor, o juiz pode se retratar em cinco (05)
dias, denominado efeito regressivo do recurso ou juízo de retratação. Não havendo re-
tratação, o réu é citado para apresentar contrarrazões à apelação, seguindo o processo
para o tribunal. Caso não haja recurso, haverá a formação da coisa julgada formal, in-
timando-se o réu do trânsito em julgado da sentença. Já na improcedência liminar do
pedido, admitida nas hipóteses do artigo 332 do CPC (exemplos: reconhecimento de
prescrição/decadência, pretensão do autor em conflito com precedentes obrigatórios),

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haverá sentença com resolução de mérito (CPC, artigo 487), sem citação do réu. Caso o
autor apele, o juiz poderá se retratar em (05) dias. Caso não haja retratação, o réu é cita-
do para apresentar contrarrazões à apelação, seguindo o processo para o tribunal. Caso
não haja recurso, haverá a formação da coisa julgada formal e material, intimando-se o
réu do trânsito em julgado da sentença.

DICA 3

Vamos falar de apelação? Este recurso teve mudança significativa com o advento do
CPC/2015. Então, agora a apelação combate sentenças e decisões interlocutórias não
agraváveis. Mas o recorrente pode utilizar a apelação para impugnar somente decisões
interlocutórias não agraváveis? SIM! As interlocutórias serão alegadas em preliminar
de apelação ou nas contrarrazões da apelação. O prazo da apelação é de (15) dias, há
necessidade de preparo e é um recurso que admite a modalidade adesiva (CPC, 997). A
apelação é recebida, em regra, no efeito devolutivo e suspensivo, com algumas exce-
ções (CPC, 1012, § 1º). É um recurso interposto no juízo a quo, mas cuja admissibilidade
e julgamento de mérito é feito pelo juízo ad quem. Mesmo nas hipóteses nas quais a
apelação não tem o efeito suspensivo, este pode ser requerido? SIM! (CPC, artigo 1012,
§ 3º e § 4º). E lembre-se: recurso de apelação é diferente de recurso inominado (Lei n.
9.099/1995, artigos 41-43) e do recurso ordinário das causas internacionais do STJ (CPC,
1027, II, b).

DICA 4

O autor pode se beneficiar de uma testemunha arrolada pelo réu? Sim! A prova
pertence ao processo, segundo o Princípio da Comunhão da Prova ou da Aquisição
Processual da Prova (CPC, artigo 371). Este artigo também contempla o princípio do
Convencimento Motivado do julgador, que valorará as provas apresentadas, com
a consequente fundamentação da decisão. Neste estudo das provas, não esqueça a
possibilidade de uso da prova emprestada (CPC, artigo 372), da ata notarial, além da
possibilidade de uma ação de produção antecipada de prova e o mais importante: a
distribuição estática (autor prova o fato constitutivo de seu direito, e réu prova os fa-

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tos impeditivos, modificativos e extintivos do direito do autor) e dinâmica do ônus da
prova (inversão do ônus da prova judicial e consensual), prevista no artigo 373 do CPC.
Outro ponto importante são os meios de prova típicos previstos no CPC (prova teste-
munhal, perícia, depoimento pessoal, entre outros).

DICA 5

O que fazer quando o recurso especial ou extraordinário for “trancado” pelo presi-
dente ou vice-presidente do tribunal recorrido? Primeiramente, quero te lembrar que o
recurso especial e o recurso extraordinário são os únicos recursos do CPC que passam
por um duplo juízo de admissibilidade, feito no juízo a quo (provisório) e no juízo ad
quem (definitivo). Caso o presidente ou vice-presidente do tribunal recorrido negue
seguimento a um desses recursos, dois caminhos são possíveis: se a negativa se deu
em virtude da aplicação de tese jurídica firmada em sede de repercussão geral ou jul-
gamento de recurso repetitivo, caberá o agravo interno, para o próprio tribunal recor-
rido, em 15 dias. Caso a negativa ocorra por outro motivo, como intempestividade e
ausência de prequestionamento, o recurso cabível é o agravo do artigo 1042 do CPC
(15 dias), que, apesar de ser interposto perante o presidente ou vice-presidente do tri-
bunal recorrido, terá sua admissibilidade e seu julgamento feitos pelo tribunal superior
respectivo.

DICA 6

O que dizer da execução pelo rito da prisão, envolvendo título executivo judicial?
(CPC, artigo 528) Primeiro ponto: tal caminho processual só pode ser utilizado para a co-
brança de até três parcelas vencidas, mais aquelas que se vencerem no curso do proces-
so. O procedimento se inicia por meio de um requerimento simples, nos mesmos autos
em que houve a formação do título (EXCEÇÃO: artigo 531, parágrafo único). Após análi-
se do juiz, o executado é intimado PESSOALMENTE, para pagar seu débito em três dias,
provar que já pagou ou apresentar justificativa da impossibilidade de pagamento. Caso
não efetuado o pagamento ou não acolhida a justificativa, o juiz determina o protesto

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do título e a prisão civil do devedor, de 1 a 3 meses, em regime fechado (na pandemia
tem-se aplicado o regime domiciliar). Atenção! A prisão civil não quita a dívida!

DICA 7

O que dizer sobre a audiência de conciliação/mediação, prevista no artigo 334 do


CPC? Trata-se de uma audiência que busca a autocomposição e que só não ocorrerá
nas seguintes hipóteses: “I – se ambas as partes manifestarem, expressamente, desin-
teresse na composição consensual; II – quando não se admitir a autocomposição”. Nes-
ta audiência, as partes devem estar acompanhadas de seus advogados ou Defensor
Público. Mas e se a parte não puder ir? Poderá nomear um preposto (representante
com procuração específica), com poderes para transigir e negociar. E o ponto mais im-
portante: o que acontece com a parte que não comparece injustificadamente a esta
audiência? Neste caso, há a configuração de ato atentatório à dignidade da justiça,
passível de multa de até 2% da vantagem econômica pretendida ou do valor da causa,
revertida em favor da União ou do Estado. Lembre-se de que, no juizado especial cível
(Lei n. 9.099/1995), é diferente: se o autor não comparece na audiência de conciliação,
o processo é extinto; caso a ausência seja do réu, configura-se a revelia.

DICA 8

Você consegue entender a diferença entre a impugnação e os embargos à execu-


ção? A impugnação (CPC, artigo 525) é utilizada no cumprimento de sentença, envol-
vendo título executivo judicial. Neste modelo, o executado é intimado para efetuar
o pagamento (quando se tratar de obrigação pecuniária) em 15 dias, ou apresentar
impugnação em 15 dias, após o prazo para pagamento voluntário. Assim, a impugna-
ção é um incidente do processo, petição simples apresentada nos próprios autos, que
não possui efeito suspensivo automático, e cujo julgamento se dá, em regra, por meio
de decisão interlocutória agravável. Já os embargos à execução (CPC, artigos 914, 915,
917-920) são utilizados na execução autônoma, envolvendo título executivo extrajudi-
cial. Neste modelo de execução, o executado é citado para pagar em três dias (quando
se tratar de obrigação pecuniária), mas pode parcelar seu débito (916 do CPC = 30%

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+ 6 vezes), ou opor embargos à execução em 15 dias, a contar da juntada do manda-
do de citação cumprido. Neste caso, forma-se um processo incidente (distribuição por
dependência), julgado por sentença apelável, não possuindo os embargos à execução
efeito suspensivo automático.

DICA 9

E o que dizer das modalidades de intervenção de terceiros? Assunto que sempre


cai na primeira fase, não é mesmo? Então vamos lá: será utilizado o chamamento ao
processo quando o caso envolver obrigação solidária (relação fiador x afiançado; fiador
e demais fiadores; devedor solidário x outros devedores solidários). Já na denunciação
da lide, seu cabimento ocorrerá nas hipóteses de evicção ou direito de regresso pre-
visto na lei ou no contrato (caso típico de colisão de veículos e existência de contrato
de seguro facultativo). Lembre-se: nenhuma modalidade de intervenção de terceiros é
obrigatória. Além disso, não se admite denunciação da lide per saltum e só é permitida
uma denunciação da lide sucessiva. Atenção! Caso a lide eventual não seja acolhida e
não haja, portanto, a condenação do denunciante, ficará prejudicada a lide eventual,
mas o denunciante deverá pagar honorários advocatícios de sucumbência ao advoga-
do do denunciado.

DICA 10

Pensou que eu ia me esquecer das tutelas provisórias? Jamais! As tutelas provisórias


são concedidas, em regra, por meio de cognição sumária e implicam responsabilidade
objetiva do requerente, por eventuais danos ocasionados pela efetivação da medida
pleiteada, na hipótese de sua revogação, cessação de sua eficácia, sentença desfavorá-
vel etc. As tutelas provisórias podem ser de urgência ou evidência. A tutela provisória
de urgência divide-se em antecipada e cautelar, e ambas podem ser concedidas em ca-
ráter antecedente ou incidental. Seus requisitos comuns são: probabilidade do direito
invocado e perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo. Já a tutela provisória
de urgência antecipada possui também o requisito negativo, qual seja, ausência de ris-
co de irreversibilidade do provimento jurisdicional antecipado. Outro ponto importan-

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te é o mantra: “TPU-AA é a única que pode estabilizar se o réu não agravar”, em referên-
cia aos artigos 303 e 304 do CPC. Já a tutela de evidência (CPC, artigo 311) será sempre
satisfativa e incidental (tutela de evidência punitiva; tutela de evidência documental e
baseada em precedentes obrigatórios; tutela de evidência envolvendo pedido reiper-
secutório fundado em contrato de depósito e tutela de evidência baseada na conduta
desequilibrada de autor e réu no cumprimento do ônus probatório, não conseguindo
o réu gerar sequer dúvida razoável acerca da pretensão do autor).

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DIREITO CONSTITUCIONAL – ANA PAULA BLAZUTE

DICA 1

Desconstitucionalização: a desconstitucionalização é quando uma nova Consti-


tuição revoga a Constituição anterior e transforma parte dela em lei infraconstitucional.
Como regra, não é adotada no Brasil, salvo se a Constituição previr.

DICA 2

Legitimados do Controle Concentrado: CF, art. 103.


• Legitimados Universais (U)
• Legitimados Especiais (E) – devem demonstrar pertinência temática

3 pessoas 3 mesas 3 entidades

Presidente da Mesa do Senado Conselho Federal da OAB


República (U) Federal (U) (U)

Partido político com


Procurador-Geral da Mesa da Câmara dos
representação no
República (U) Deputados (U)
Congresso Nacional (U)

Mesa das
Confederação Sindical
Assembleias
Governador (E) ou entidade de classe de
Legislativas ou
âmbito nacional (E)
Câmara Distrital (E)

DICA 3

Poder Executivo: impedimento simultâneo do Presidente e do Vice-Presiden-


te. Como será a linha de substituição presidencial? CF, Art. 80.
Memorizar nesta ordem:

1º Presidente da Câmara dos Deputados;


2º Presidente do Senado Federal;
3º Ministro Presidente do Supremo Tribunal Federal.

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DICA 4

SÚMULA VINCULANTE 46: A definição dos crimes de responsabilidade e o estabele-


cimento das respectivas normas de processo e julgamento são da competência legis-
lativa privativa da União.

DICA 5

SÚMULA VINCULANTE 38: É competente o município para fixar o horário de funcio-


namento de estabelecimento comercial.
Exceção: o horário de funcionamento dos bancos. (Súmula 19/STJ: A fixação do
horário bancário, para atendimento ao público, é da competência da União).

 Obs. Medidas de conforto e segurança dos usuários dos serviços bancários é


de competência municipal. Exemplo: instalação de cadeiras, bebedou-
ros, fixação de tempo máximo de espera na fila do banco.

DICA 6

SÚMULA VINCULANTE 49: Ofende o princípio da livre concorrência lei municipal


que impede a instalação de estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em deter-
minada área.

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DICA 7

Poder Judiciário: Litígios – Competência para julgar:

STF: Art. 102,I,e STJ: Art. 105, II,b Juiz Federal: Art. 109,II

Julgar, em recurso
ordinário: as causas
O litígio entre em que forem partes
Estado estrangeiro As causas entre Estado
Estado estrangeiro
ou organismo estrangeiro ou organismo
ou organismo
internacional X internacional e Município
internacional, de um
União, o Estado, o ou pessoa domiciliada ou
lado, e, do outro,
Distrito Federal ou o residente no País;
Município ou
Território; pessoa residente ou
domiciliada no País;

DICA 8

Direitos Políticos: Qual é a idade mínima para se candidatar? Art. 14, § 6º, VI, CRFB:
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador;
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito
Federal;
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital,
Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;
d) dezoito anos para Vereador.

DICA 9

Direitos Políticos:
Inelegibilidade Reflexa: previsão no art. 14, § 7º, CRFB:
§ 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes
consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da Repúbli-
ca, de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem

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os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de
mandato eletivo e candidato à reeleição.

DICA 10

Sobre a Proposta de Emenda à Constituição:

a) Legitimados:
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:
I – de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Se-
nado Federal;
II – do Presidente da República;
III – de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação,
manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.

b) Aprovação:
Art. 60, § 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacio-
nal, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos
votos dos respectivos membros. (2 Casas + 2 Turnos + 3/5)

c) Quem promulga a Emenda à Constituição?


Art. 60, § 3º, CF – A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara
dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem.

d) Quais são as três situações que a Constituição não poderá ser emendada?
Art. 60, § 1º A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção
federal, de estado de defesa ou de estado de sítio.

19
DIREITO ADMINISTRATIVO – GUSTAVO BRÍGIDO

DICA 1

Desapropriação Tipo Indenização

Necessidade ou
Art. 5º, XXIV, Justa, prévia e em
utilidade pública/
CRFB/88 dinheiro
interesse social

Títulos da Dívida
Art. 182, CRFB/88 Política Urbana
Pública

Títulos da Dívida
Art. 184, CRFB/88 Reforma Agrária
Agrária

Art. 243, CRFB/88 Expropriação Sem indenização

DICA 2

Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o
auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:
I – apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, me-
diante parecer prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu
recebimento;
II – julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros,
bens e valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e
sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que
derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erá-
rio público;

20
DICA 3

Remédios Previsão Depende de Gratuito ou


Previsão Legal
Constitucionais Constitucional Advogado Oneroso

Administrativos Art. 5º, XXXIV Não NÃO Gratuito

Habeas Corpus Art. 5º, LXVIII Não NÃO Gratuito

Habeas Data Art. 5º, LXXII Lei n. 9.507/1997 SIM Gratuito

Ação Popular Art. 5º, LXXIII Lei n. 4.717/1965 SIM Gratuito

Mandado de Art. 5º, LXXI Lei n. 13.300/2016 SIM Oneroso


Injunção
Mandado de Art. 5º, LXIX/
Lei n. 12.016/2009 SIM Oneroso
Segurança LXX

DICA 4

“Nos termos do artigo 37, § 6º, da Constituição Federal, não se caracteriza a


responsabilidade civil objetiva do Estado por danos decorrentes de crime prati-
cado por pessoa foragida do sistema prisional, quando não demonstrado o nexo
causal direto entre o momento da fuga e a conduta praticada.”

DICA 5

CICLOS DE POLÍCIA DELEGABILIDADE

1º – ORDEM DE POLÍCIA NÃO

2º – CONSENTIMENTO DE POLÍCIA SIM

3º – FISCALIZAÇÃO ADMINISTRATIVA SIM

4º – SANÇÃO DE POLÍCIA NÃO

21
DICA 6

DELEGAÇÃO FORMALIZAÇÃO

CONCESSÃO COMUM CONTRATO ADMINISTRATIVO /


LEI N. 8987/1995 CONCORRÊNCIA

CONCESSÃO ESPECIAL CONTRATO ADMINISTRATIVO /


LEI N. 11.079/2004 CONCORRÊNCIA

PERMISSÃO CONTRATO DE ADESÃO/LICITAÇÃO


LEI N. 8987/1995
AUTORIZAÇÃO ATO ADMINISTRATIVO

DICA 7

LEI Nº 11.079, DE 30 DE DEZEMBRO DE 2004


Art. 2º Parceria público-privada é o contrato administrativo de concessão, na moda-
lidade patrocinada ou administrativa.
§ 1º Concessão patrocinada é a concessão de serviços públicos ou de obras públi-
cas de que trata a Lei n. 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, quando envolver, adicional-
mente à tarifa cobrada dos usuários contraprestação pecuniária do parceiro público ao
parceiro privado.
§ 2º Concessão administrativa é o contrato de prestação de serviços de que a Admi-
nistração Pública seja a usuária direta ou indireta, ainda que envolva execução de obra
ou fornecimento e instalação de bens.
§ 4º É vedada a celebração de contrato de parceria público-privada:
I – cujo valor do contrato seja inferior a R$ 20.000.000,00 (vinte milhões de reais);
I – cujo valor do contrato seja inferior a R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais);
(Redação dada pela Lei n. 13.529, de 2017)
II – cujo período de prestação do serviço seja inferior a 5 (cinco) anos; ou
III – que tenha como objeto único o fornecimento de mão de obra, o fornecimen-
to e instalação de equipamentos ou a execução de obra pública.

22
DICA 8

Improbidade Administrativa
Apenas no prejuízo ao Erário se admite a conduta culposa na atuação do agen-
te público.

DICA 9

Licitações
Art. 24. É dispensável a licitação:
I – para obras e serviços de engenharia de valor até 10% (dez por cento) do limite
previsto na alínea “a”, do inciso I do artigo anterior, desde que não se refiram a
parcelas de uma mesma obra ou serviço ou ainda para obras e serviços da mes-
ma natureza e no mesmo local que possam ser realizadas conjunta e concomi-
tantemente;
II – para outros serviços e compras de valor até 10% (dez por cento) do limite previsto
na alínea “a”, do inciso II do artigo anterior e para alienações, nos casos previstos
nesta Lei, desde que não se refiram a parcelas de um mesmo serviço, compra ou
alienação de maior vulto que possa ser realizada de uma só vez;
III – nos casos de guerra ou grave perturbação da ordem;
IV – nos casos de emergência ou de calamidade pública, quando caracterizada urgên-
cia de atendimento de situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer
a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos
ou particulares, e somente para os bens necessários ao atendimento da situação
emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras e serviços que possam ser
concluídas no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias consecutivos e ininter-
ruptos, contados da ocorrência da emergência ou calamidade, vedada a prorro-
gação dos respectivos contratos;

23
V – quando não acudirem interessados à licitação anterior e esta, justificadamente,
não puder ser repetida sem prejuízo para a Administração, mantidas, neste caso,
todas as condições preestabelecidas;

DICA 10

PODERES
DICA 1 DICA 2
ADMINISTRATIVOS

VINCULADO IRREVOGÁVEL ALVARÁ DE LICENÇA

ALVARÁ DE
DISCRICIONÁRIO REVOGÁVEL
AUTORIZAÇÃO

HIERÁRQUICO SUBORDINAÇÃO CONTROLE INTERNO

DECRETOS
NORMATIVO ATOS SECUNDÁRIOS
REGULAMENTARES

DISCIPLINAR PUNITIVO EM REGRA, VINCULADO

POLÍCIA ADMINISTRATIVA TAXAS DAC

24
DIREITO PENAL – MICHELLE TONON

DICA 1

Lei Penal no tempo


CP, Art. 2º. Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de con-
siderar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença
condenatória.
Parágrafo único. A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, apli-
ca-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada
em julgado

DICA 2

Lei excepcional e lei temporária


CP, Art. 3º. A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua
duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado
durante sua vigência.
Lei temporária: vigência preestabelecida no tempo. Termo final explícito. Exemplo:
Lei Geral da Copa do Mundo de 2014 (vigência até 31 de dezembro de 2014)
Lei excepcional: relacionada a situações de anormalidade institucional, a um even-
to transitório, calamidade (leis editadas durante a pandemia por coronavírus).

DICA 3

Relação de causalidade (nexo causal)


CP, Art. 13. O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável
a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado
não teria ocorrido.

25
DICA 4

Concausas
Mais de uma causa convergindo para o resultado. Causa externa à vontade do autor
e que contribui para o resultado.
Concausas relativamente independentes supervenientes:
Art. 13, § 1º, CP. A superveniência de causa relativamente independente exclui a
imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, im-
putam-se a quem os praticou.
Adoção da teoria da causalidade adequada. Conduta idônea a gerar o resultado. A
contribuição deve ser eficaz. Regularidade estatística, com a exclusão de acontecimen-
tos extraordinários, fortuitos.

DICA 5

Classificação dos crimes


Crimes materiais: a consumação ocorre com a produção do resultado naturalístico
(modificação no mundo dos fatos). Exemplo: homicídio (CP, art. 121).
Crimes omissivos próprios: a consumação ocorre com a abstenção do comporta-
mento imposto ao agente. Exemplo: omissão de socorro (CP, art. 135).
Crimes de mera conduta: consumam-se com o simples comportamento previsto no
tipo, não se exigindo qualquer resultado naturalístico. Exemplo: violação de domicílio
(art. 150 do CP).
Crimes formais: consumam-se com a prática da conduta descrita no núcleo do tipo,
independentemente do resultado. Caso o resultado seja alcançado, será considerado
mero exaurimento. Exemplo: extorsão mediante sequestro (art. 159 do CP).
Crimes qualificados pelo resultado: consumam-se com a ocorrência do resultado
agravador. Exemplo: lesão corporal qualificada pelo resultado aborto (art. 129, § 2º, V –
lesão gravíssima).
Crimes permanentes: consumam-se enquanto durar a permanência, perpetuam-se
no tempo. Exemplo: sequestro e cárcere privado (art. 148 do CP).

26
DICA 6

Desistência voluntária e arrependimento eficaz


CP, Art. 15. O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou
impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.
Na desistência voluntária, o indivíduo não termina os atos executórios, podendo
prosseguir, mas não quer.
No arrependimento eficaz, após esgotados os atos executórios, o agente se arre-
pende, buscando o impedimento do resultado (exemplo: socorro eficaz após a agres-
são que objetivava a morte).

DICA 7

Arrependimento posterior
CP, Art. 16. Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, repara-
do o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato
voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços.
• Pressupõe um crime consumado.
• Não há alteração da tipicidade.
• Trata-se de causa geral e obrigatória de diminuição de pena (terceira fase da
dosimetria) ou minorante.

DICA 8

Crime impossível
CP, Art. 17. Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por
absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.
• O agente se vale de meios absolutamente ineficazes ou volta-se contra objetos
absolutamente impróprios, tornando irrealizável a consumação do crime.
• A ineficácia ou impropriedade devem ser absolutas. Se relativas, haverá tentati-
va. Adoção da teoria objetiva temperada ou moderada.
• Causa de exclusão da tipicidade.

27
DICA 9

Erro de tipo
CP, Art. 20. O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo,
mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.
• Erro: falsa percepção da realidade ou falso conhecimento de algum objeto. É um
estado positivo.
• Exemplos de erro de tipo: agente que toma coisa alheia como própria; caçador
que atira em outra pessoa atrás de um arbusto imaginando se tratar de um ani-
mal; ter relações sexuais com alguém menor de 14 anos supondo maior.
• O erro de tipo, ao afastar a vontade e a consciência do agente, exclui sem-
pre o dolo.
• Todavia, há situações em que se permite a punição da conduta culposa, se hou-
ver previsão legal, nos casos do erro de tipo vencível, evitável ou inescusável.
• No erro de tipo, o agente não sabe exatamente o que faz. Já no erro de proibição,
o agente sabe exatamente o que faz, porém ignora o caráter ilícito de seu ato.

DICA 10

Ilicitude. Legítima defesa.


Art. 25. Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios
necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.”
Parágrafo único. Observados os requisitos previstos no caput deste artigo, conside-
ra-se também em legítima defesa o agente de segurança pública que repele agressão
ou risco de agressão a vítima mantida refém durante a prática de crimes.

28
Principais crimes da parte especial do Código Penal

1. Art. 121 6. Art. 213


2. Art. 129 7. Art. 217-A
3. Art. 155 8. Art. 312
4. Art. 157 9. Art. 316
5. Art. 171 10. Art. 317

29
PROCESSO PENAL – CAROLINA CARVALHAL

DICA 1

A norma puramente processual tem eficácia a partir da data de sua vigência, con-
servando-se os efeitos dos atos já praticados. Entende-se por norma puramente pro-
cessual aquela que regulamente procedimento sem interferir na pretensão punitiva
do Estado. A norma procedimental que modifica a pretensão punitiva do Estado deve
ser considerada norma de direito material, que pode retroagir se for mais benéfica
ao acusado.

DICA 2

Para a aplicação do artigo 40, inciso VI, da Lei n. 11.343/2006, é necessária a prova
de que a criança ou adolescente atua ou é utilizada, de qualquer forma, para a prática
do crime, ou figura como vítima, não sendo a mera presença da criança ou adolescente
no contexto delitivo causa suficiente para a incidência da majorante.

DICA 3

A inexistência de confissão do investigado antes da formação da opinião delicti do


Ministério Público não pode ser interpretada como desinteresse em entabular eventu-
al acordo de não persecução penal.

DICA 4

Nos casos de Estelionato (CP, art. 171) cometido por meio virtual, a competência
para processo e julgamento da ação será do local da agência bancária da conta deposi-
tária, se a vítima realizou depósito bancário em dinheiro, ou o local da agência bancária
da vítima, se ela realizou transferência bancária (TED).

30
DICA 5

Para a decretação da Prisão Temporária, é necessária a aplicação cumulativa do inc.


III com o inc. I do artigo 1º da Lei n. 7.960/1989.

DICA 6

A decretação ou a manutenção da prisão preventiva, para a garantia da ordem pú-


blica, pode ser fundamentada com base no risco de reiteração delitiva do agente em
crimes com gravidade concreta, justificada por meio da existência de processos crimi-
nais em andamento.

DICA 7

Na execução penal, o não pagamento da multa pecuniária ou a ausência do seu


parcelamento não impedem a progressão de regime, desde que os demais requisitos
a tanto estejam preenchidos e que se demonstre a impossibilidade econômica de o
apenado adimpli-la.

DICA 8

As obrigações pecuniárias (pena de multa, custas processuais e obrigação de re-


parar os danos) advindas da sentença penal condenatória recorrível não podem ser
executadas antes do trânsito em julgado.

DICA 9

A decisão de revisão periódica da prisão preventiva deve analisar de modo motiva-


do, ainda que sucinto, se as razões que a fundamentaram se mantêm e se não há ex-
cesso de prazo, sendo vedada a mera alusão genérica à não alteração do quadro fático.

DICA 10

Excepcionalmente e de forma fundamentada, nos casos em que se faça inviável a


realização presencial do ato, é possível a realização de audiência de custódia por siste-
ma de videoconferência.

31
DIREITO DO TRABALHO – RAFAEL TONASSI

DICA 1

Abandono de emprego é a ausência injustificada por mais de 30 dias ao serviço


(art. 482, i, da CLT e Súmula 32 do TST). Tem como elemento essencial o animus aban-
donandi, sendo necessária a comprovação de que o empregador estava aguardando o
empregado, e este se recusou a comparecer para trabalhar.

DICA 2

A rescisão indireta ocorre quando o empregado entender como impossível a ma-


nutenção do contrato de trabalho por força de falta grave cometida pelo empregador
(art. 483 da CLT). Nesse caso, o empregado terá direito à percepção de todas as verbas
rescisórias a que teria direito em caso de uma dispensa sem justa causa.

DICA 3

O intervalo interjornada é aquele que ocorre entre uma jornada e outra de traba-
lho, sendo de no mínimo onze horas consecutivas, devendo-se computar também o
repouso semanal remunerado de 24 horas, como dispõe o art. 66 da CLT e a Súmula
110 do TST.

DICA 4

Havendo alteração do regulamento interno da empresa, somente os trabalhadores


admitidos após a revogação ou alteração do regulamento da empresa serão atingidos
pelas cláusulas regulamentares que revoguem ou alterem vantagens deferidas ante-
riormente – Súmula 51 do TST.

32
DICA 5

Se um contrato por prazo determinado for extinto antes do prazo estipulado pelas
partes, o empregador que promoveu a ruptura terá que indenizar o empregado com o
valor equivalente à metade dos dias restantes para o término do contrato. O mesmo se
aplica para o empregado caso o empregador tenha prejuízo com a ruptura (arts. 479 e
480 da CLT).

DICA 6

Enquanto o contrato de trabalho estiver interrompido, não ocorrerá prestação de


serviços, sendo mantidas todas as demais cláusulas contratuais, preservando-se, assim,
a obrigatoriedade do pagamento de salários pelo empregador e computando-se, para
todos os efeitos, o tempo de serviço. Exemplos: descansos semanais remunerados e
em feriados; o afastamento do empregado por motivo de doença ou acidente de tra-
balho, por prazo não superior a 15 dias, dentre outros.

DICA 7

A responsabilidade, em relação às obrigações trabalhistas, entre as empresas que


compõem um grupo econômico, é solidária, podendo o empregado exigir o pagamen-
to integral do que lhe é devido de qualquer componente do grupo (art. 2º, § 2º, da CLT).

DICA 8

O contrato de trabalho por prazo determinado só é válido quando a natureza ou


transitoriedade do serviço justifique a predeterminação de prazo; quando as ativida-
des empresariais tiverem caráter transitório; ou no caso de um contrato de experiência,
tal contrato não pode ultrapassar dois anos, salvo o contrato de experiência cujo prazo
máximo é de 90 dias, sob pena de passar a vigorar por prazo indeterminado (arts. 443
e 445 da CLT).

33
DICA 9

A substituição não eventual gera ao substituto o direito de perceber o mesmo


salário do substituído enquanto perdurar a substituição (Súmula 159/TST ). Se a substi-
tuição, entretanto, ocorrer em caráter definitivo, o substituto não tem direito a salário
igual ao do antecessor.

DICA 10

É vedada a dispensa ou transferência do empregado sindicalizado a partir do regis-


tro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que
suplente, até um ano após o fim do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos
da lei (art. 8º, VIII, da CRFB/88 e art. 543, §3o, da CLT). O número máximo de dirigentes
portadores de garantia de emprego, entretanto, limita-se a 7 titulares e 7 suplentes
(Súmula 369, II, do TST e art. 522 da CLT).

34
PROCESSO DO TRABALHO – ARYANNA LINHARES

DICA 1

A responsabilidade pelo pagamento dos honorários periciais é da parte sucum-


bente na pretensão objeto da perícia, ainda que beneficiária da justiça gratuita (CLT,
art. 790-B).

DICA 2

Em caso de recolhimento insuficiente das custas processuais ou do depósito recur-


sal, somente haverá deserção do recurso se, concedido o prazo de 5 dias, o recorrente
não complementar e comprovar o valor devido (OJ 140, SDI-1, TST).

DICA 3

A exceção de incompetência territorial poderá ser apresentada no prazo de 5 dias


contados da notificação da reclamada, antes da audiência (art. 800 da CLT). Decidida
a exceção de incompetência territorial, o processo retomará seu curso, com a desig-
nação de audiência, a apresentação de defesa e a instrução processual perante o juízo
competente (art. 800, § 4º, CLT).

DICA 4

Sendo ilíquida a sentença exequenda, ordenar-se-á, previamente, a sua liquidação,


que poderá ser feita por cálculo, por arbitramento ou por artigos (art. 879 da CLT). Ela-
borada a conta e tornada líquida, o juízo deverá abrir às partes prazo comum de 8 dias
para impugnação fundamentada com a indicação dos itens e valores objeto da discor-
dância, sob pena de preclusão (art. 879, § 2º, CLT).

35
DICA 5

Para a propositura da ação rescisória, é necessário o depósito prévio de 20% do va-


lor da causa, salvo prova de miserabilidade jurídica do autor (art. 836 da CLT).

DICA 6

Estão excluídas do procedimento sumaríssimo as demandas em que é parte a Admi-


nistração Pública direta, autárquica e fundacional (art. 852-A, parágrafo único, da CLT).

DICA 7

O processo de homologação de acordo extrajudicial terá início por petição conjun-


ta, sendo obrigatória a representação das partes por advogados distintos (art. 855-B,
caput e § 1º, da CLT). A sentença que não homologar o acordo desafia recurso ordinário.

DICA 8

O não comparecimento do reclamante à audiência importa o arquivamento da re-


clamação, e o não comparecimento do reclamado importa revelia, além de confissão
quanto à matéria de fato (art. 844 do CLT). Ainda que ausente o reclamado, presente o
advogado na audiência, serão aceitos a contestação e os documentos eventualmente
apresentados (art. 844, § 5º, CLT).

DICA 9

Litisconsortes com procuradores diferentes não têm prazo em dobro no Processo


do Trabalho, sendo inaplicável o art. 229, caput e §§ 1º e 2º, do CPC (OJ 310, SDI-1, TST).

DICA 10

A competência da Justiça do Trabalho em relação às contribuições previdenciárias


limita-se às sentenças condenatórias em pecúnia e homologatórias de acordo (art. 876,
§ único, da CLT; Súmula 368, I, TST; e Súmula Vinculante 53/STF).

36
DIREITO TRIBUTÁRIO – MARIA CHRISTINA

DICA 1

PRINCÍPIO DA LEGALIDADE – Como regra, os institutos em Direito Tributário


devem ser legislados por meio de Lei Ordinária. No entanto, existem 4 matérias de Lei
Complementar: Normas Gerais, Empréstimo Compulsório, IGF e Competência Tributá-
ria Residual.

DICA 2

São causas de suspensão da exigibilidade do crédito: Parcelamento, Moratória,


Depósito, Reclamações e Recursos Administrativos, Liminar em Mandado de Seguran-
ça e as Tutelas – art. 151 do CTN.

DICA 3

Súmula 585 do STJ: “A responsabilidade solidária do ex-proprietário, prevista no art.


134 do Código de Trânsito Brasileiro – CTB, não abrange o IPVA incidente sobre o veí-
culo automotor, no que se refere ao período posterior à sua alienação”.

DICA 4

Súmula 555 do STJ: “Quando não houver declaração do débito, o prazo decaden-
cial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário conta-se exclusivamente na
forma do art. 173, I, do CTN, nos casos em que a legislação atribui ao sujeito passivo o
dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa”.

DICA 5

Súmula 622 do STJ: “A notificação do auto de infração faz cessar a contagem da de-
cadência para a constituição do crédito tributário; exaurida a instância administrativa
com o decurso do prazo para a impugnação ou com a notificação de seu julgamento

37
definitivo e esgotado o prazo concedido pela Administração para o pagamento volun-
tário, inicia-se o prazo prescricional para a cobrança judicial”.

DICA 6

Súmula 614 do STJ: “O locatário não possui legitimidade ativa para discutir a relação
jurídico-tributária de IPTU e de taxas referentes ao imóvel alugado nem para repetir
indébito desses tributos”.

DICA 7

Súmula 626 do STJ: “A incidência do IPTU sobre imóvel situado em área considerada
pela lei local como urbanizável ou de expansão urbana não está condicionada à exis-
tência dos melhoramentos elencados no art. 32, § 1º, do CTN”.

DICA 8

Súmula 598 do STJ: “É desnecessária a apresentação de laudo médico oficial para


o reconhecimento judicial da isenção do Imposto de Renda, desde que o magistrado
entenda suficientemente demonstrada a doença grave por outros meios de prova”.

DICA 9

Súmula 627 do STJ: “O contribuinte faz jus à concessão ou à manutenção da isenção


do imposto de renda, não se lhe exigindo a demonstração da contemporaneidade dos
sintomas da doença nem da recidiva da enfermidade”.

DICA 10

Súmula 612 do STJ: “O certificado de entidade beneficente de assistência social


(CEBAS), no prazo de sua validade, possui natureza declaratória para fins tributários,
retroagindo seus efeitos à data em que demonstrado o cumprimento dos requisitos
estabelecidos por lei complementar para a fruição da imunidade”.

38
DIREITO EMPRESARIAL – EUGÊNIO BRÜGGER

DICA 1

Súmula 620 STJ


“A embriaguez do segurado não exime a seguradora do pagamento da indenização
prevista em contrato de seguro de vida.”

DICA 2

Súmula 616 STJ


“A indenização securitária é devida quando ausente a comunicação prévia do segu-
rado acerca do atraso no pagamento do prêmio, por constituir requisito essencial para
a suspensão ou resolução do contrato de seguro.”

DICA 3

Súmula 610 STJ


“O suicídio não é coberto nos dois primeiros anos de vigência do contrato de se-
guro de vida, ressalvado o direito do beneficiário à devolução do montante da reserva
técnica formada.”

DICA 4

Súmula 609 STJ


“A recusa de cobertura securitária, sob a alegação de doença preexistente, é ilícita
se não houve a exigência de exames médicos prévios à contratação ou a demonstração
de má-fé do segurado.”

39
DICA 5

Artigo 1.052 do CC e a possibilidade de sociedade limitada unipessoal:


Art. 1.052. Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao
valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do ca-
pital social.
§1º A sociedade limitada pode ser constituída por 1 (uma) ou mais pessoas.
§2º Se for unipessoal, aplicar-se-ão ao documento de constituição do sócio único,
no que couber, as disposições sobre o contrato social.

DICA 6

Diferença de patrimônios PJ x Sócios/Associados (artigo 49-A do Código Civil):


Art. 49-A. A pessoa jurídica não se confunde com os seus sócios, associados, institui-
dores ou administradores.
Parágrafo único. A autonomia patrimonial das pessoas jurídicas é um instrumento
lícito de alocação e segregação de riscos, estabelecido pela lei com a finalidade de es-
timular empreendimentos, para a geração de empregos, tributo, renda e inovação em
benefício de todos.

DICA 7

Desconsideração da personalidade jurídica (artigo 50 do CC):


Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de
finalidade ou pela confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do
Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, desconsiderá-la para que
os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens
particulares de administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou
indiretamente pelo abuso.
§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, desvio de finalidade é a utilização da
pessoa jurídica com o propósito de lesar credores e para a prática de atos ilícitos de
qualquer natureza.

40
§ 2º Entende-se por confusão patrimonial a ausência de separação de fato entre os
patrimônios, caracterizada por:
I – cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio ou do admi-
nistrador ou vice-versa;
II – transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contraprestações, exceto
os de valor proporcionalmente insignificante; e
III – outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial.
§ 3º O disposto no caput e nos §§ 1º e 2º deste artigo também se aplica à extensão
das obrigações de sócios ou de administradores à pessoa jurídica.
§ 4º A mera existência de grupo econômico sem a presença dos requisitos de que
trata o caput deste artigo não autoriza a desconsideração da personalidade da pes-
soa jurídica.
§ 5º Não constitui desvio de finalidade a mera expansão ou a alteração da finalidade
original da atividade econômica específica da pessoa jurídica.

DICA 8

Paridade e simetria dos contratos civis e empresariais (artigo 421-A do Código Civil):
Art. 421-A.Os contratos civis e empresariais presumem-se paritários e simétricos até
a presença de elementos concretos que justifiquem o afastamento dessa presunção,
ressalvados os regimes jurídicos previstos em leis especiais, garantido também que:
I – as partes negociantes poderão estabelecer parâmetros objetivos para a inter-
pretação das cláusulas negociais e de seus pressupostos de revisão ou de resolução;
II – a alocação de riscos definida pelas partes deve ser respeitada e observada;
III – a revisão contratual somente ocorrerá de maneira excepcional e limitada.

DICA 9

Fundo de investimento (artigo 1.368-C do Código Civil):


Art. 1.368-C. O fundo de investimento é uma comunhão de recursos, constituído
sob a forma de condomínio de natureza especial, destinado à aplicação em ativos fi-
nanceiros, bens e direitos de qualquer natureza.

41
§ 1º Não se aplicam ao fundo de investimento as disposições constantes dos arts.
1.314 ao 1.358-A deste Código.
§ 2º Competirá à Comissão de Valores Mobiliários disciplinar o disposto no caput
deste artigo.
§ 3º O registro dos regulamentos dos fundos de investimentos na Comissão de Va-
lores Mobiliários é condição suficiente para garantir a sua publicidade e a oponibilida-
de de efeitos em relação a terceiros.

DICA 10

Subscrição de ações (artigo 85 da Lei 6.404/1976):


Art. 85. No ato da subscrição das ações a serem realizadas em dinheiro, o subscritor
pagará a entrada e assinará a lista ou o boletim individual autenticados pela instituição
autorizada a receber as entradas, qualificando-se pelo nome, nacionalidade, residên-
cia, estado civil, profissão e documento de identidade, ou, se pessoa jurídica, pela firma
ou denominação, nacionalidade e sede, devendo especificar o número das ações subs-
critas, a sua espécie e classe, se houver mais de uma, e o total da entrada.
§ 1º A subscrição poderá ser feita, nas condições previstas no prospecto, por carta à
instituição, acompanhada das declarações a que se refere este artigo e do pagamento
da entrada.
§ 2º Será dispensada a assinatura de lista ou de boletim a que se refere o caput deste
artigo na hipótese de oferta pública cuja liquidação ocorra por meio de sistema admi-
nistrado por entidade administradora de mercados organizados de valores mobiliários.

42
DIREITOS HUMANOS E INTERNACIONAL – ALICE ROCHA

Direito Internacional
Temas mais cobrados
Fontes: art. 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça
Nacionalidade
Lei da migração: 13.445/2017
Relações diplomáticas e consulares: imunidades
Elementos de conexão: Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro
Competência internacional (exclusiva e concorrente): Arts. 21, 22 e 23 do CPC

DICA 1

Imunidade Diplomática
• Imunidade real e pessoal de natureza tributária
• Imunidade da missão: prédio, casa do embaixador, correspondência, malas e
veículos oficiais
• Extensão e validade
• IMUNIDADE DE JURISDIÇÃO E DE EXECUÇÃO

DICA 2

Nacionalidade
Art. 12. São brasileiros:
I – natos:
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros,
desde que estes não estejam a serviço de seu país;
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qual-
quer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil;
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que se-
jam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República

43
Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade,
pela nacionalidade brasileira.

DICA 3

Elementos de conexão

Qualificação Elemento de conexão

Começo e fim da personalidade;


nome; capacidade e direitos de Domicílio
família (art. 7º, caput, LINDB)
Qualificar os bens e regular as
relações a eles concernentes (art. Lei do país em que estiverem situados
8º, caput, LINDB)
Qualificar e reger as obrigações País em que se constituírem (locus regit
(art. 9º, caput, LINDB) actum)

Impedimentos dirimentes e
formalidades para casamento no Lei brasileira
Brasil (art. 7°, § 1°, LINDB)
Regime de bens (legal ou
convencional)/invalidade de Domicílio conjugal (primeiro se diverso)
matrimônio (art. 7º, §§ 3° e 4°,
LINDB)
Domiciliado o defunto ou o desaparecido,
qualquer que seja a natureza e a situação
dos bens
* § 1º A sucessão de bens de estrangeiros,
Sucessão por morte ou por situados no País, será regulada pela lei
ausência (art. 10, caput, LINDB) brasileira em benefício do cônjuge ou dos
filhos brasileiros, ou de quem os represente,
sempre que não lhes seja mais favorável a lei
pessoal do de cujus.

44
DICA 4

Competência da justiça brasileira


• Competência concorrente:
◦ o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil;
◦ no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação;
◦ o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil.

• Competência exclusiva:
◦ ações relativas a imóveis situados no Brasil;
◦ em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de testamen-
to particular e ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda
que o autor da herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicí-
lio fora do território nacional;
◦ em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, proceder à
partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalida-
de estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional.

DICA 5

Homologação de Sentença Estrangeira


• Decisão interlocutória: carta rogatória
• Homologação de sentença: carta de sentença
• Não há litispendência com ação na justiça brasileira:
◦ Ação proposta perante tribunal estrangeiro
◦ Ação homologanda

45
1. Sistema Global de Proteção dos Direitos Humanos

Organização das Nações Unidas (ONU)


 Declaração Universal de Direitos Humanos (DUDH)
 Pactos Internacionais de Direitos Humanos

*Estatuto de Roma

2. Sistema Interamericano de Proteção dos Direitos Humanos


 Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de San José da
Costa Rica)
 Comissão e Corte Interamericana de Direitos Humanos
 Direitos acionáveis no Sistema Interamericano
 Requisitos de admissibilidade para petições e comunicações

3. Direitos Humanos na Constituição Federal e a proteção de grupos


vulneráveis
 Fundamentos e princípios de proteção dos Direitos Humanos na CF/88
 Tratamento prioritário das temáticas de direitos humanos
 Status normativo dos tratados em Direitos Humanos
 Ações afirmativas na promoção dos Direitos Humanos
 Intervenção federal
 Federalização dos crimes por violação dos Direitos Humanos
 Tratamento dos quilombolas nos ADCT

46
DICA 6

Quórum de aprovação de Tratados em Direitos Humanos com status


de EC: 2235
Art. 5º, § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que fo-
rem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos
dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.

DICA 7

Possibilidade de acionar Sistema Interamericano


A norma violada deve pertencer aos seguintes tratados do sistema interamericano:
Pacto de São José, Convenção de Belém do Pará e Protocolo de São Salvador (direito à
educação e direitos sindicais).
• A Convenção de Belém do Pará: Convenção Interamericana para Prevenir, Punir
e Erradicar a Violência contra a Mulher
• O Pacto de São José não abarca direitos sociais como a saúde, educação, traba-
lho, moradia, previdência social etc.

DICA 8

Dispensa do esgotamento
(CADH) Artigo 46
1) Para que uma petição ou comunicação apresentada de acordo com os
artigos 44 ou 45 seja admitida pela Comissão, será necessário:
a) QUE HAJAM SIDO INTERPOSTOS E ESGOTADOS OS RECURSOS DA JURISDI-
ÇÃO INTERNA ...;

(...)

47
ESGOTAMENTO DISPENSADO SE:
• inexistir lei que trate da violação;
• negação de acesso a justiça;
• houver demora injustificada na decisão interna.

DICA 9

Capacidade de acionar a Corte Interamericana

SOMENTE:
• ESTADOS-MEMBROS
• COMISSÃO INTERAMERICANA

DICA 10

Convenções específicas
• Convenção Internacional sobre a Proteção dos Direitos de Todos os Trabalhado-
res Migrantes e dos Membros das suas Famílias
– O Brasil não ratificou essa Convenção da ONU.
– O Brasil ratificou a Convenção 97 da OIT, que trata dos Trabalhadores Mi-
grantes, incorporada no Brasil pelo Dec. n. 58819/1966.
• Convenção Interamericana contra o Racismo, a Discriminação Racial e Formas
Correlatas de Intolerância
– O Brasil ratificou no quórum do art. 5º, § 3º, CF.
– Ainda não foi internalizado.

48
ECA – PATRÍCIA DREYER

DICA 1

Conceito de criança e de adolescente


O ECA reza que se considera criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos
de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade e que, nos
casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito
e vinte e um anos de idade. De toda sorte, o STJ assevera que a maioridade penal não
implica a liberação compulsória do menor infrator, fato que somente se dá aos 21 anos nos
termos do art. 121, § 5°, do ECA. (Edição 54 de Jurisprudência em Teses do STJ)

DICA 2

Direitos fundamentais
Dentro do direto à convivência familiar e comunitária das crianças e adolescentes,
está a hipótese do apadrinhamento, prevista no artigo 19-B do ECA, em que a criança
e o adolescente em programa de acolhimento institucional ou familiar poderão participar
de programa de apadrinhamento que consiste em estabelecer e proporcionar à criança e
ao adolescente vínculos externos à instituição para fins de convivência familiar e comuni-
tária e colaboração com o seu desenvolvimento nos aspectos social, moral, físico, cogniti-
vo, educacional e financeiro.
Quem pode ser padrinho? Pessoas maiores de 18 (dezoito) anos não inscritas nos ca-
dastros de adoção, desde que cumpram os requisitos exigidos pelo programa de apadri-
nhamento de que fazem parte, bem como pessoas jurídicas, a fim de colaborar para o seu
desenvolvimento.
Quem pode ser apadrinhado? O perfil da criança ou do adolescente a ser apadrinha-
do será definido no âmbito de cada programa de apadrinhamento, com prioridade para
crianças ou adolescentes com remota possibilidade de reinserção familiar ou colocação
em família adotiva.

49
DICA 3

Guarda
Nos termos do artigo 33 do ECA, a guarda obriga a prestação de assistência mate-
rial, moral e educacional à criança ou adolescente, conferindo a seu detentor o direito de
opor-se a terceiros, inclusive aos pais, concedendo à criança ou adolescente a condição de
dependente, para todos os fins e efeitos de direito, inclusive previdenciários. Ela se destina
a regularizar a posse de fato, podendo ser deferida, liminar ou incidentalmente, nos proce-
dimentos de tutela e adoção, exceto no de adoção por estrangeiros.
Em situações peculiares, a guarda será deferida, fora dos casos de tutela e adoção,
para atender a situações peculiares ou suprir a falta eventual dos pais ou responsável, po-
dendo ser deferido o direito de representação para a prática de atos determinados, como,
por exemplo, para representar ou assistir o menor em contratos de trabalho.
Diante da sua precariedade, a guarda poderá ser revogada a qualquer tempo, me-
diante ato judicial fundamentado, ouvido o Ministério Público.
Mas é importante lembrar que definiu o STJ que, a despeito da guarda não romper
o poder familiar, a existência ou não de vínculo familiar ou de parentesco não constitui
requisito para a legitimidade ativa do interessado na requisição da medida de perda ou
suspensão do poder familiar. (Informativo STJ n. 0659 – REsp 1.203.968-MG)

DICA 4

Tutela
Conforme artigo 36 do ECA, a tutela será deferida, nos termos da lei civil, a pessoa de
até 18 (dezoito) anos incompletos, e isso significa que o deferimento da tutela pressupõe a
prévia decretação da perda ou suspensão do poder familiar e implica necessariamente o
dever de guarda.
Tudo que for estudado no instituto da guarda poderá ser aplicado para a tutela,
conforme ensina o artigo 38, mas a perda e a suspensão do poder familiar serão decreta-
das judicialmente, em procedimento contraditório, nos casos previstos na legislação civil,
bem como na hipótese de descumprimento injustificado dos deveres e obrigações a que

50
alude o art. 22, quais sejam de sustento, guarda e educação dos filhos menores, caben-
do-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as determi-
nações judiciais. Impende salientar que a mãe e o pai, ou os responsáveis, têm direitos
iguais e deveres e responsabilidades compartilhados no cuidado e na educação da criança,
devendo ser resguardado o direito de transmissão familiar de suas crenças e culturas.

DICA 5

Adoção
Dentre tantos aspectos relacionados à adoção, importante tema para o exame de
Ordem, previsto nos artigos 39 a 52-D do ECA, está posto que a adoção é medida ex-
cepcional e irrevogável, à qual se deve recorrer apenas quando esgotados os recursos de
manutenção da criança ou adolescente na família natural ou extensa e que, em caso de
conflito entre direitos e interesses do adotando e de outras pessoas, inclusive seus pais bio-
lógicos, devem prevalecer os direitos e os interesses do adotando, pois a adoção atribui a
condição de filho ao adotado, com os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios, des-
ligando-o de qualquer vínculo com pais e parentes, salvo os impedimentos matrimoniais.
É sabido, ainda, que o adotante há de ser, pelo menos, dezesseis anos mais velho do
que o adotando, mas o STJ já flexibilizou a diferença etária mínima à luz do princípio
da socioafetividade (Informativo 658 STJ – REsp 1.785.754-RS). Assim também, dentre
tantas exigências do procedimento de adoção, o STJ entende que eventuais irregula-
ridades na adoção podem ser superadas em virtude da situação de fato consolidada no
tempo, desde que favoráveis ao adotando. Tanto assim é que, há muito, desde 2010, no
mínimo, esse Tribunal decide no sentido de que não há óbice à adoção feita por casal
homoafetivo desde que a medida represente reais vantagens ao adotando (Edição n. 27
de Jurisprudência em Teses).

51
DICA 6

Conselho Tutelar
O ECA trata da proteção integral à criança e ao adolescente e dispõe que estes go-
zam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da prote-
ção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as
oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral,
espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.
Assim, entre as funções do Conselho Tutelar, está, por exemplo, a de zelar por crian-
ças e adolescentes, podendo, nos casos de suspeita ou confirmação de castigo físico,
de tratamento cruel ou degradante e de maus-tratos contra criança ou adolescente,
aplicar medidas protetivas que não envolvam contraditório e ampla defesa, sem preju-
ízo de outras providências legais.

DICA 7

Ato infracional
Nos termos dos artigos 103 e 104 do ECA, considera-se ato infracional a conduta descri-
ta como crime ou contravenção penal e, ainda, são penalmente inimputáveis os menores
de dezoito anos, sujeitos às medidas previstas nesta Lei. Para os efeitos do ECA, deve ser
considerada a idade do adolescente à data do fato.
De toda sorte, na apuração do ato infracional, segundo entendimento do STJ, é pos-
sível a incidência do princípio da insignificância nos procedimentos que apuram a prática
de ato infracional (Edição 54 de Jurisprudência em Teses do STJ). Tanto assim que o ato
infracional análogo ao tráfico de drogas, por si só, não conduz obrigatoriamente à impo-
sição de medida socioeducativa de internação do adolescente, por não haver necessaria-
mente uma violência que justifique a aplicação da medida mais gravosa (Súmula n. 492/
STJ). Lembre-se de que em nenhuma hipótese será aplicada a internação, havendo outra
medida adequada (art. 122, § 2º, do ECA).

52
DICA 8

Medidas socioeducativas
O rol de medidas socioeducativas a serem aplicadas ao adolescente que cometeu
ato infracional está previsto no artigo 112 do ECA, que traz, dentre essas, a medida
de internação, no inciso VI do referido artigo. Para o juízo da infância e da juventude
aplicar a medida de internação, conforme previsto no artigo 122, deve se tratar de ato
infracional cometido mediante grave ameaça ou violência a pessoa; reiteração no co-
metimento de outras infrações graves; e descumprimento reiterado e injustificável da
medida anteriormente imposta. Entretanto, é importante ter em mente que a gravi-
dade do ato infracional equiparado ao crime de ameaça (art. 147 do CP) não se subsume
à grave ameaça exigida para a aplicação da medida de internação (art. 122, I, do ECA)
(Edição 54 de Jurisprudência em Teses do STJ) e que o Estatuto da Criança e do Adolescente
não estipulou um número mínimo de atos infracionais graves para justificar a internação
com base na reiteração (art. 122, II, do ECA), não havendo que se falar, portanto, no núme-
ro mínimo de três atos infracionais. A reiteração capaz de ensejar a incidência da medida
socioeducativa de internação (art. 122, II, do ECA) só ocorre quando praticados, no mínimo,
dois atos infracionais graves anteriores. (Edição 54 de Jurisprudência em Teses do STJ)

DICA 9

Acesso à Justiça
Lembremo-nos do que está posto nos artigos 146 a 178 do ECA, que trata da com-
petência da Justiça da Infância e da Juventude. Assim, a competência para procedi-
mentos que envolvam criança ou adolescente será determinada pelo domicílio dos
pais ou responsável ou pelo lugar onde se encontre a criança ou adolescente, à falta
dos pais ou responsável. Se for caso de ato infracional, será competente a autoridade
do lugar da ação ou omissão, observadas as regras de conexão, continência e preven-
ção, mas a execução das medidas poderá ser delegada à autoridade competente da
residência dos pais ou responsável, ou do local onde sediar-se a entidade que abrigar
a criança ou adolescente.

53
Assim, se Maria comete ato infracional na Comarca de Belo Horizonte e foge para
Betim, como já caiu em prova, a competência para apuração do fato será do Juízo da
Infância e Juventude em Belo Horizonte.
Assim também, em caso de infração cometida através de transmissão simultânea
de rádio ou televisão, que atinja mais de uma comarca, será competente, para aplica-
ção da penalidade, a autoridade judiciária do local da sede estadual da emissora ou
rede, tendo a sentença eficácia para todas as transmissoras ou retransmissoras do res-
pectivo estado.

DICA 10

Procedimento de perda e suspensão do poder familiar


Os artigos 155 a 163 do ECA nos ensinam como se dá o procedimento judicial para
perda e suspensão do poder familiar, asseverando que o procedimento para a perda ou
a suspensão do poder familiar terá início por provocação do Ministério Público ou de quem
tenha legítimo interesse e que, havendo motivo grave, poderá a autoridade judiciária, ou-
vido o Ministério Público, decretar a suspensão do poder familiar, liminar ou incidental-
mente, até o julgamento definitivo da causa, ficando a criança ou adolescente confiado a
pessoa idônea, mediante termo de responsabilidade. Ato contínuo, a autoridade judiciária
determinará, concomitantemente ao despacho de citação e independentemente de reque-
rimento do interessado, a realização de estudo social ou perícia por equipe interprofissio-
nal ou multidisciplinar para comprovar a presença de uma das causas de suspensão ou
destituição do poder familiar. O requerido, então, será pessoalmente citado para, no prazo
de dez dias, oferecer resposta escrita, indicando as provas a serem produzidas e oferecendo
desde logo o rol de testemunhas e documentos. (...) Se não for contestado o pedido e tiver
sido concluído o estudo social ou a perícia realizada por equipe interprofissional ou multi-
disciplinar, a autoridade judiciária dará vista dos autos ao Ministério Público, por 5 (cinco)
dias, salvo quando este for o requerente, e decidirá em igual prazo podendo determinar
a oitiva de testemunhas que comprovem a presença de uma das causas de suspensão ou
destituição do poder familiar. Se o pedido importar em modificação de guarda, será obri-
gatória, desde que possível e razoável, a oitiva da criança ou adolescente, respeitado seu

54
estágio de desenvolvimento e grau de compreensão sobre as implicações da medida. Ob-
serve que é obrigatória a oitiva dos pais sempre que eles forem identificados e estiverem em
local conhecido, ressalvados os casos de não comparecimento perante a Justiça quando
devidamente citados. Apresentada a resposta, a autoridade judiciária dará vista dos autos
ao Ministério Público, por cinco dias, salvo quando este for o requerente, designando, des-
de logo, audiência de instrução e julgamento.
Na audiência, presentes as partes e o Ministério Público, serão ouvidas as testemunhas,
colhendo-se oralmente o parecer técnico, salvo quando apresentado por escrito, manifes-
tando-se sucessivamente o requerente, o requerido e o Ministério Público, pelo tempo de 20
(vinte) minutos cada um, prorrogável por mais 10 (dez) minutos, e a decisão será proferida
na audiência, podendo a autoridade judiciária, excepcionalmente, designar data para sua
leitura no prazo máximo de 5 (cinco) dias. Por fim, a sentença que decretar a perda ou a
suspensão do poder familiar será averbada à margem do registro de nascimento da crian-
ça ou do adolescente.
Todavia, o STJ, em 19 de dezembro de 2019, publicou o informativo 661, para deci-
dir que a mãe biológica detém legitimidade para recorrer da sentença que julgou proce-
dente o pedido de guarda formulado por casal que exercia a guarda provisória da criança,
mesmo se já destituída do poder familiar em outra ação proposta pelo Ministério Público
e já transitada em julgado (REsp 1.845.146-ES, Rel. Min. Raul Araújo, Quarta Turma, por
unanimidade, julgado em 19/11/2019, DJe 29/11/2019). O fundamento está no fato de que
a circunstância de a mãe biológica ter sido destituída, em outra ação, do poder familiar
em relação a seu filho não autoriza concluir pela falta de legitimidade recursal na ação de
guarda, sobretudo porque permanece, para a mãe, devido aos laços naturais, o interesse
fático e jurídico sobre a criação e destinação da criança, mesmo após destituída do poder
familiar. Assim, enquanto não cessado o vínculo de parentesco com o filho, através da ado-
ção, que extingue definitivamente o poder familiar dos pais biológicos, é possível a ação
de restituição do poder familiar, a ser proposta pelo legítimo interessado, no caso, os pais
destituídos do poder familiar. Dessa forma, a ação de destituição do poder familiar ajuiza-
da contra a genitora não eliminou o seu laço de parentesco natural com a criança. Assim,
a despeito de a sentença ter feito cessar, juridicamente, suas prerrogativas parentais, fa-
ticamente subsiste seu laço sanguíneo, que confere a ela legitimidade e interesse próprio
para, em prol da proteção e melhor interesse da menor, discutir o destino da criança, seus
cuidados e criação.

55
DIREITO AMBIENTAL – NILTON COUTINHO

DICA 1

Súmula 629-STJ: “Quanto ao dano ambiental, é admitida a condenação do réu à


obrigação de fazer ou à de não fazer cumulada com a de indenizar.”

DICA 2

RE 654833: “É imprescritível a pretensão de reparação civil de dano ambiental”.

DICA 3

Súmula 623-STJ: “As obrigações ambientais possuem natureza propter rem, sendo
admissível cobrá-las do proprietário ou possuidor atual e/ou dos anteriores, à escolha
do credor.”

DICA 4

Art. 225, § 2º, da CRFB: “Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recu-
perar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão
público competente, na forma da lei.”

DICA 5

Art. 225, § 3º, da CRFB: “As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio am-
biente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e adminis-
trativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.”

DICA 6

Art. 14, § 1º (Lei n. 6.938/1981): “Sem obstar a aplicação das penalidades previstas
neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a in-

56
denizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua
atividade.”

DICA 7

Ação popular na área ambiental: qualquer cidadão é parte legítima para propor
ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que
o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio
histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais
e do ônus da sucumbência.

DICA 8

Legitimidade para propor ação civil pública na área ambiental: Ministério Público;-
Defensoria Pública; administração direta; administração indireta e associação que este-
ja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil e inclua, entre suas fina-
lidades institucionais, a proteção ao patrimônio público e social, ao meio ambiente etc.

DICA 9

Diferença básica entre unidades de conservação de proteção integral e unidades


de conservação de uso sustentável: as primeiras têm como objetivo a manutenção dos
ecossistemas livres de alterações causadas por interferência humana, admitido apenas
o uso indireto dos seus atributos naturais; já as segundas admitem a exploração do
ambiente de forma sustentável, isto é, admite-se o uso direto desde que de maneira a
garantir a perenidade dos recursos ambientais renováveis e dos processos ecológicos,
mantendo a biodiversidade e os demais atributos ecológicos, de forma socialmente
justa e economicamente viável.

DICA 10

Mudança legislativa: o crime de maus-tratos (art. 32 da Lei n. 9.605/1998: Praticar


ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais) será punido com pena de reclusão,
de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, multa e proibição da guarda quando se tratar de cão ou
gato (Redação dada pela Lei n. 14.064/2020).

57
DIREITO DO CONSUMIDOR – PATRÍCIA DREYER

DICA 1

Princípios gerais do Direito do Consumidor


Nos termos do art. 4º do CDC, a Política Nacional das Relações de Consumo tem por
objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade,
saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade
de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendido, espe-
cialmente, reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo.
Isso significa dizer, à luz do entendimento do Superior Tribunal de Justiça, há muito pa-
cificado que uma interpretação sistemática e teleológica do CDC aponta para a existência
de uma vulnerabilidade presumida do consumidor, inclusive pessoas jurídicas, visto que a
imposição de limites à presunção de vulnerabilidade implicaria restrição excessiva, incom-
patível com o próprio espírito de facilitação da defesa do consumidor e do reconhecimento
de sua hipossuficiência, circunstância que não se coaduna com o princípio constitucional
de defesa do consumidor, previsto nos arts. 5º, XXXII, e 170, V, da CF. [...] Ao encampar a
pessoa jurídica no conceito de consumidor, a intenção do legislador foi conferir proteção
à empresa nas hipóteses em que, participando de uma relação jurídica na qualidade de
consumidora, sua condição ordinária de fornecedora não lhe proporcione uma posição de
igualdade frente à parte contrária. Em outras palavras, a pessoa jurídica deve contar com
o mesmo grau de vulnerabilidade que qualquer pessoa comum se encontraria ao celebrar
aquele negócio, de sorte a manter o desequilíbrio da relação de consumo. A “paridade de
armas” entre a empresa-fornecedora e a empresa-consumidora afasta a presunção de fra-
gilidade desta. Tal consideração se mostra de extrema relevância, pois uma mesma pessoa
jurídica, enquanto consumidora, pode se mostrar vulnerável em determinadas relações
de consumo e em outras não. (STJ – RMS: 27512 BA 2008/0157919-0, Relator: Ministra
NANCY ANDRIGHI, Data de Julgamento: 20/08/2009,T3 – TERCEIRA TURMA, Data de
Publicação: DJe 23/09/2009)

58
DICA 2

Elementos da relação de consumo


Vamos lembrar quais são os 4 dispositivos no CDC que trazem o conceito de
consumidor.
Os arts. 2º, parágrafo único, 17 e 29 dispõem que consumidor é toda pessoa física ou
jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final; e que equipa-
ra-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja inter-
vindo nas relações de consumo (art. 2º CDC). Além disso, quando se trata da responsa-
bilidade pela qualidade do produto ou do serviço, qualquer vítima do evento danoso
será equiparada a consumidor na ordem do artigo 17 do CDC e, ainda, à luz do artigo
29, equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determináveis ou não, expostas
às práticas comerciais previstas no CDC.
Para bem entender quem é o destinatário final, o Superior Tribunal de Justiça (STJ)
adota a teoria finalista, explicitando que consumidor é toda pessoa física não profis-
sional; ou a pessoa profissional ou pessoa jurídica que adquira ou utilize produto para
sua atividade meio. Nesse sentido, o Superior Tribunal de Justiça admite a mitigação da
teoria finalista para autorizar a incidência do Código de Defesa do Consumidor – CDC nas
hipóteses em que a parte (pessoa física ou jurídica), apesar de não ser destinatária final do
produto ou serviço, apresenta-se em situação de vulnerabilidade. Assim, por exemplo, se
Renato adquire um caminhão de Roberta, com sistema de rastreamento, mesmo não
tendo sido ele o contratante junto à empresa rastreadora, qualquer defeito ou falha no
fornecimento do serviço que coloque Renato em situação de risco já é suficiente para
entender Renato como destinatário final do serviço de rastreamento do caminhão.

DICA 3

Direitos básicos do consumidor


Dentre os direitos básicos do consumidor, quero lembrá-los do artigo 6º do CDC,
que, em rol exemplificativo, traz alguns direitos inafastáveis do consumidor. Além de a
vida, a segurança e a saúde serem protegidas pela norma consumerista, também é di-

59
reito do consumidor a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações
desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessi-
vamente onerosas; e a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do
ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil
a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experi-
ências (incisos V e VIII do art. 6º do CDC). Observe que o direito básico não é a inversão
do ônus da prova, e sim a facilitação na defesa dos seus direitos. A inversão do ônus é
aspecto processual que só vai ser deferido pelo juiz, no processo civil, se verificada a
verossimilhança das alegações do autor e sua dificuldade em prová-las, ou seja, a hi-
possuficiência.

DICA 4

Responsabilidade pelo fato do produto


Provavelmente, esse ainda é o tema mais cobrado das provas de Direito do Con-
sumidor, a responsabilidade pelo fato do produto ou serviço que nos revela haver um
fato danoso ao consumidor, ou seja, diante do fato que tem nexo causal com o dano
suportado pelo consumidor, independentemente de dolo ou culpa do fabricante, do
construtor, importador ou do produtor, esse responderá solidária e objetivamente pelo
dano suportado pela vítima, consumidora direta ou não. Aqui há uma possibilidade
excepcional de rompimento do nexo causal desde que o fabricante, fornecedor, impor-
tador ou construtor prove (ônus da prova ope judicis) que não colocou o produto no
mercado; ou que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste; ou
ainda a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro (art. 12 do CDC).

DICA 5

Responsabilidade pelo vício do produto


No que diz respeito aos vícios do produto, lembre-se de que a primeira coisa a se
observar é se o produto é durável ou não durável, pois o primeiro direito do consumi-
dor diante de um defeito é reclamar dentro do prazo decadencial previsto no artigo 26
do CDC: 30 dias para reclamar defeitos de produtos não duráveis e 90 dias para recla-

60
mar defeitos de produtos duráveis. Esse prazo é contado a partir do momento em que
há a entrega efetiva quando o vício é aparente ou de fácil constatação, ou quando o
defeito é descoberto no caso de vício oculto. Reclamado o defeito, os fornecedores de
produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de
qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que
se destinam ou lhes diminuam o valor, (...), podendo o consumidor exigir a substituição
das partes viciadas, no prazo de 30 dias. Se o vício não for sanado nesse prazo, pode o
consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha a substituição do produto por outro
da mesma espécie, em perfeitas condições de uso; a restituição imediata da quantia paga,
monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; ou o abatimento
proporcional do preço. Lembre-se que esse prazo de 30 dias pode ser convencionado,
de modo que pode ser ampliado ou reduzido, mas não pode ser inferior a sete nem
superior a cento e oitenta dias. Nos contratos de adesão, a cláusula de prazo deverá ser
convencionada em separado, por meio de manifestação expressa do consumidor. (art.
12 do CDC)

DICA 6

Prescrição e decadência
Além do prazo decadencial previsto no artigo 26 do CDC, o artigo 27 traz o prazo
prescricional de 5 anos para que o consumidor pleiteie a reparação de dano advindo
das relações de consumo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento
do dano e de sua autoria.
Todavia, há importante julgado do STJ que assevera que o prazo de 5 (cinco) anos
para o ajuizamento da ação popular não se aplica às ações coletivas de consumo. (REsp
1.736.091-PE, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em
14/05/2019, DJe 16/05/2019)
Segundo o STJ, a aplicação analógica do prazo de cinco anos do art. 21 da Lei de Ação
Popular para a ação coletiva de consumo, reconhecida pela jurisprudência desta Corte,
tem como pressuposto o fato de não existir na Lei de Ação Civil Pública expresso prazo para
o exercício dessa modalidade de direito subjetivo público, tampouco a previsão expressa

61
de perda da possibilidade de uso desse específico rito processual pela mera passagem do
tempo. Todavia, conforme consigna a doutrina especializada e ao contrário do entendi-
mento prevalente, esse “silêncio do ordenamento é eloquente, ao não estabelecer direta
e claramente prazos para o exercício dos interesses metaindividuais e para o ajuizamento
das respectivas ações, permitindo o reconhecimento da não ocorrência da prescrição”. O
silêncio do ordenamento deve ser considerado intencional, pois o prazo de 5 anos para
o ajuizamento da ação popular, contido no art. 21 da Lei n. 4.717/1965, foi previsto com
vistas à concretização de uma única e específica prestação jurisdicional, qual seja a anula-
ção ou declaração de nulidade de atos lesivos ao patrimônio público em sentido amplo. As
ações coletivas de consumo, por sua vez, atendem a um espectro de prestações de direito
material muito mais amplo, podendo não só anular ou declarar a nulidade de atos, como
também quaisquer outras providências ou ações capazes de propiciar a adequada e efeti-
va tutela dos consumidores, nos termos do art. 83 do CDC. É, assim, necessária a superação
(overruling) da atual orientação jurisprudencial desta Corte, pois não há razão para se
limitar o uso da ação coletiva ou desse especial procedimento coletivo de enfrentamen-
to de interesses individuais homogêneos, coletivos em sentido estrito e difusos, sobretudo
porque o escopo desse instrumento processual é o tratamento isonômico e concentrado de
lides de massa relacionadas a questões de direito material que afetem uma coletividade de
consumidores, tendo como resultado imediato beneficiar a economia processual. De fato,
submeter a ação coletiva de consumo a prazo determinado tem como única consequência
impor aos consumidores os pesados ônus do ajuizamento de ações individuais, em pre-
juízo da razoável duração do processo e da primazia do julgamento de mérito, princípios
expressamente previstos no atual CPC em seus arts. 4º e 6º, respectivamente, além de preju-
dicar a isonomia, ante a possibilidade de julgamentos discrepantes. (Informativo 648 STJ)

DICA 7

Práticas comerciais
É bem importante conhecer o rol exemplificativo do artigo 39 do CDC, que indica
alguns exemplos de práticas abusivas, tais como enviar ou entregar ao consumidor,
sem solicitação prévia, qualquer produto, ou fornecer qualquer serviço. De toda sorte,

62
é sabido que constitui prática comercial abusiva o envio de cartão de crédito sem pré-
via e expressa solicitação do consumidor, configurando-se ato ilícito indenizável e su-
jeito à aplicação de multa administrativa (Súmula 532 do STJ). Assim também, segundo
entendimento do STJ, é ilícita a conduta da casa bancária que transfere, sem autorização
expressa, recursos do correntista para modalidade de investimento incompatível com o
perfil do investidor (inf. 653 do STJ – REsp 1.326.592-GO) e é abusiva a venda de ingressos
em meio virtual (internet) vinculada a uma única intermediadora e mediante o pagamen-
to de taxa de conveniência (inf. 644 do STJ – REsp 1.737.428-RS), bem como considera-se
prática abusiva tanto o cancelamento de voos sem razões técnicas ou de segurança inequí-
vocas como o descumprimento do dever de informar o consumidor, por escrito e justifica-
damente, quando tais cancelamentos vierem a ocorrer (inf. 593 STJ – REsp 1.469.087-AC)

DICA 8

Proteção contratual
Conforme o artigo 43 do CDC, o consumidor terá acesso às informações existentes em
cadastros, fichas, registros e dados pessoais e de consumo arquivados sobre ele, bem como
sobre as suas respectivas fontes e tais cadastros e dados de consumidores devem ser obje-
tivos, claros, verdadeiros e em linguagem de fácil compreensão, não podendo conter infor-
mações negativas referentes a período superior a cinco anos. Nesse sentido, o STJ afirma
que o termo inicial do prazo máximo de cinco anos que o nome de devedor pode ficar
inscrito em órgão de proteção ao crédito é o dia seguinte à data de vencimento da dívida.
A jurisprudência em relação ao termo inicial do prazo máximo de duração da anotação em
cadastro de inadimplentes ainda não foi consolidada pelas Turmas de Direito Privado des-
ta Corte. Entretanto, tendo em vista os princípios da veracidade e da finalidade, a orienta-
ção que mais se coaduna ao espírito do CDC é de que o termo a quo do quinquênio do art.
43, § 1º, do CDC deve tomar por base a data do fato gerador da informação depreciadora.
Com efeito, a inscrição de dado negativo de consumo do devedor nos bancos de dados de
proteção ao crédito não é imprescindível para a cobrança da dívida, consistindo, portanto,
em direito potestativo do credor. Ademais, esta Corte consignou, em julgamento de recurso
especial repetitivo, que “qualquer dívida resultante de documento público ou particular,

63
tenha ou não força executiva, submete-se à prescrição quinquenal, contando-se do respec-
tivo vencimento” (REsp 1.101.412-SP, Segunda Seção, DJe 3/2/2014). Nesse sentido, o termo
inicial do prazo de cinco anos previsto no § 1º do art. 43 do CDC deve corresponder ao pri-
meiro dia seguinte à data de vencimento da dívida, por ser esse o entendimento que mais
se coaduna com a função dos bancos de dados de inadimplentes de refletir com fidelidade
a situação financeira dos devedores. Inf. 0633 do STJ – REsp 1.630.889-DF, Rel. Min. Nancy
Andrighi, por maioria, julgado em 11/09/2018, DJe 21/09/2018

DICA 9

Defesa do consumidor em juízo


O CDC traz, dos artigos 82 a 104, o que chamamos de Microssistema Processual
Coletivo e, ao lado da Lei n. 7.347, de 1985, a Lei da Ação Civil Pública (LACP), faz com
que qualquer direito coletivo violado possa ser protegido ou defendido com base nes-
ses dispositivos, especialmente no que tange às regras processuais. Tanto é assim que,
se um direito difuso, ou coletivo, ou individual homogêneo for violado, com a água
tratada para consumo, um veículo que não obedece os limites de emissão de gás, ou
uma indenização que muitos consumidores tenham o direito de receber, qualquer um
dos legitimados do artigo 82 do CDC ou do artigo 5º da LACP – ou seja, o Ministério
Público, a Defensoria Pública, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, a
autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista e a associação
que, concomitantemente esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da
lei civil e inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao patrimônio público
e social, ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência,
aos direitos de grupos raciais, étnicos ou religiosos ou ao patrimônio artístico, estéti-
co, histórico, turístico e paisagístico – pode ajuizar uma ação para defesa coletiva do
direito do consumidor. Nessa hipótese, nos termos dos artigos 94, 95 e 97 do CDC, pro-
posta a ação, será publicado edital no órgão oficial, a fim de que os interessados possam
intervir no processo como litisconsortes, sem prejuízo de ampla divulgação pelos meios
de comunicação social por parte dos órgãos de defesa do consumidor. Assim, em caso de
procedência do pedido, a condenação será genérica, fixando a responsabilidade do réu pe-

64
los danos causados e a liquidação e a execução de sentença poderão ser promovidas pela
vítima e seus sucessores, assim como pelos legitimados de que trata o art. 82.

DICA 10

Ações coletivas
Outro ponto com que devemos nos preocupar é como se dá o efeito da coisa jul-
gada no caso do ajuizamento das ações coletivas. Nos termos do artigo 103 do CDC,
funciona assim: Nas ações coletivas de que trata este código, a sentença fará coisa julgada
erga omnes, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, hi-
pótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação, com idêntico fundamento
valendo-se de nova prova, se discutir direitos difusos. Se a discussão disser respeito a
direitos coletivos, a sentença fará coisa julgada ultra partes, mas limitadamente ao gru-
po, categoria ou classe, salvo improcedência por insuficiência de provas. Por fim, se a lide
disser respeito a direitos individuais homogêneos, a sentença fará coisa julgada erga
omnes, apenas no caso de procedência do pedido, para beneficiar todas as vítimas e seus
sucessores.
Lembre-se de que os efeitos da coisa julgada no caso dos direitos difusos e coletivos
não prejudicarão interesses e direitos individuais dos integrantes da coletividade, do grupo,
categoria ou classe; e, no caso de os direitos serem individuais homogêneos, em caso de
improcedência do pedido, os interessados que não tiverem intervindo no processo como
litisconsortes poderão propor ação de indenização a título individual.
Ainda, os efeitos da coisa julgada na ação civil pública não prejudicarão as ações de
indenização por danos pessoalmente sofridos, propostas individualmente ou na forma pre-
vista neste código, mas, se procedente o pedido, beneficiarão as vítimas e seus sucessores,
que poderão proceder à liquidação e à execução, nos termos dos arts. 96 a 99 supracitados.
Por fim, incumbe lembrar que os autores de ações individuais em cujos autos não
foi dada ciência do ajuizamento de ação coletiva e que não requereram a suspensão das
demandas individuais podem se beneficiar dos efeitos da coisa julgada formada na ação
coletiva. STJ. 1ª Turma. (REsp 1.593.142-DF, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julga-
do em 7/6/2016 – Info 585).

65
FILOSOFIA DO DIREITO – ODAIR JOSÉ

DICA 1

Filosofia Clássica
A justiça se encontra no campo da ética, diz respeito à práxis humana (razão práti-
ca). É tida como uma virtude que se realiza na pólis, corpo cívico composto por homens
para realização do bem comum.

DICA 2

Filosofia Aristotélica
Trabalha com duas acepções de justiça: (1) justiça distributiva, que cuida da igual-
dade material e se refere à distribuição proporcional dos recursos realizada pelo Estado
aos particulares; (2) justiça corretiva, que se refere à igualdade formal, e divide-se em
reparativa, quando resultante de relações involuntárias, e comutativa, quando resul-
tante de relações voluntárias.

DICA 3

Contratualismo
Teoria que pretende justificar as razões de existência do Estado. Parte da concep-
ção segundo a qual, sem o Estado, os indivíduos se encontrariam numa condição de
igualdade e de liberdade, cujas ações se guiariam pelos próprios instintos, tendo como
limitações a própria natureza.

DICA 4

Objetivos do pacto social para o contratualismo


O Estado é constituído por meio de um pacto social, o que torna esse Estado le-
gítimo; seu objetivo será cuidar dos bens que levaram os indivíduos a abrir mão da
liberdade natural para se submeterem à égide estatal. Esses bens são: vida (Hobbes);
propriedade (Locke); e liberdade (Rousseau).

66
DICA 5

Utilitarismo
Teoria política que parte do pressuposto de que os homens buscam maximizar o
prazer e evitar a dor. A teoria se pretende orientadora da gestão política e, como os
recursos são escassos, defende que sejam aplicados com vistas ao bem-estar geral,
a sua otimização, análise prévia das consequências (consequencialismo) na aplicação
desses recursos e a tentativa de se atender o maior número possível de pessoas (uni-
versalismo).

DICA 6

Filosofia moral kantiana


• Direito e moral, embora distintos, não se encontram completamente separados.
A conduta moral refere-se à vontade interna do sujeito, enquanto o direito é
imposto por uma ação exterior e se concretiza no seu cumprimento, ainda que
as razões da obediência do sujeito não sejam morais.
• Do imperativo categórico se extrai a concepção de dignidade humana, ou seja,
um valor que se coloca acima de qualquer outro, que coloca a humanidade
como um fim em si mesmo.

DICA 7

Positivismo jurídico
Corrente doutrinária que defende a necessária separação entre direito e moral,
centra sua análise no direito enquanto norma e na noção de sistema jurídico. O direi-
to pensado cientificamente como sistema deve ser compreendido como dotado de
logicidade.

67
DICA 8

Positivismo lógico (Bobbio)


Estabelece a distinção entre antinomias reais e aparentes. Quando ocorrem as anti-
nomias aparentes, é possível solucioná-las pelos critérios cronológico, especialidade e
hierárquico. Já as antinomias reais não possuem critérios de solução, daí o intérprete é
abandonado a si mesmo.

DICA 9

Pós-positivismo
Direito e moral não se separam necessariamente. Uma norma jurídica deve ser do-
tada de validade formal, mas também de eficácia social e de validade moral.

DICA 10

Concepção principiológica do direito


As normas se dividem em regras e princípios. As regras regulam a conduta em abs-
trato, permitem a subsunção do fato à norma de maneira direta pela especificidade da
conduta regulada; os princípios têm caráter genérico, servem a casos variados e não
somente a uma conduta específica. Enquanto as regras são dispostas hierarquicamen-
te no ordenamento jurídico, os princípios não se relacionam hierarquicamente, daí o
motivo pelo qual, havendo conflito entre princípios, exige-se a ponderação entre eles,
e não a exclusão de um em detrimento do outro.

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