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CURSO DE DIREITO
São Luís
2023
BOCKMANN MOREIRA, Egon. Requisição administrativa em tempos de pandemia:
seis desafios e um novo conceito. Revista Colunistas de Direito do Estado, [s. l.], ed.
461, 2020.
O texto ressalta que essa previsão encontra-se no artigo 5º, inciso XXV da
Constituição, imediatamente após o tratamento dado à propriedade privada e antes da
desapropriação. Desta forma, a Constituição conferiu um formato específico a esse
direito fundamental, estabelecendo normas expressas para sua aplicação.
A base universal está no artigo 5º, inciso XXV da Constituição, que permite a
autoridade competente utilizar propriedade particular em caso de iminente perigo público,
assegurando ao proprietário uma indenização posterior caso ocorra algum dano.
O artigo 3º, inciso VII dessa lei prevê a possibilidade de requisição de bens e
serviços de pessoas físicas e jurídicas como uma medida para o enfrentamento da emergência.
Nesse caso, é garantido o pagamento posterior de uma indenização justa.
O autor menciona que fez uma busca no site do Supremo Tribunal Federal (STF)
utilizando a expressão "requisição administrativa" e obteve apenas quatro acórdãos relacionados
a outros temas, que não forneceram muitas informações relevantes.
Essa liminar menciona duas Ações Cíveis Originárias (ACOs) sobre o mesmo
assunto. A primeira é a ACO 3.385/MA, relatada pelo Ministro Celso de Mello, que foi movida
contra a requisição pela União de ventiladores pulmonares adquiridos pelo Estado do Maranhão.
Nesse processo, faz referência ao MS 25.295 para afirmar que o STF entende como
inadmissível a prática da requisição, mesmo quando realizada pela União Federal, em relação a
bens públicos, exceto em situações de estado de defesa ou estado de sítio.
O texto ressalta que, apesar da competência comum para garantir a saúde pública,
organizada em um sistema único regionalizado e hierarquizado, o STF tem decidido em favor
das competências dos estados, do Distrito Federal e dos municípios em relação às competências
federais. Essa precedência foi especialmente destacada em medidas restritivas adotadas por
essas entidades políticas, em uma liminar referendada pelo Pleno do STF na Arguição de
Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 672/DF, relatada pelo Ministro Alexandre
de Moraes.
Quanto ao quê pode ser requisitado, é essencial comprovar o nexo causal entre a
necessidade pública emergencial e a requisição. Ela não é uma escolha adicional, mas a única
opção diante de um perigo iminente. A requisição deve ser restrita ao estritamente necessário,
cumprindo o interesse público e gerando o mínimo de transtorno aos direitos fundamentais
afetados.
Esses seis desafios, aliados ao conceito de requisição como uma tensão entre
direitos fundamentais e competências públicas, demonstram que essa categoria de ato
administrativo renasceu com características diferentes das antigas. Depreende-se, portanto, que
o conceito clássico da requisição precisa ser transformado para se adequar às demandas
contemporâneas.